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Entre a cruz e a espada 15

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"Entre a Cruz e a Espada” retrata a história de um menino que tinha uma grande vocação pelo clero. Apesar da sua beleza física, nunca se deixou levar pela vaidade, ignorando as sucessivas cantadas das garotas do seu meio. Danilo, quando adolescente gostava de namorar, mas nada de compromisso sério, com exceção de Gabriela, que segundo ele, seria a mulher dos seus sonhos, caso não aderisse ao celibato.

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EntrE a cruz E a Espada

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nesinho avelino

EntrE a cruz E a Espada

São Paulo - 2016

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Copyright © 2016 by Editora Baraúna SE Ltda.

Criação de capa Jacilene Moraes

Imagem da capa Felippe Scagion

Diagramação Felippe Scagion

Revisão textual Alessandra Angelo Primavera

CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO-NA-FONTESINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ

________________________________________________________________A967e

Avelino, Nesinho Entre a cruz e a espada / Nesinho Avelino. - 1. ed. - São Paulo : Baraúna, 2016.

ISBN 978-85-437-0526-2

1. Romance brasileiro. I. Título.

16-29563 CDD: 869.93 CDU: 821.134.3(81)-3________________________________________________________________05/01/2016 05/01/2016

Impresso no BrasilPrinted in Brazil

DIREITOS CEDIDOS PARA ESTAEDIÇÃO À EDITORA BARAÚNA www.EditoraBarauna.com.br

Rua da Quitanda, 139 – 3º andarCEP 01012-010 – Centro – São Paulo – SPTel.: 11 3167.4261www.EditoraBarauna.com.br

Todos os direitos reservados.Proibida a reprodução total ou parcial, por qualquer meio, sem a expressa autorização da Editora e do autor. Caso deseje utilizar esta obra para outros fins, entre em contato com a Editora.

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PREFÁCIO

O romance espírita vem desempenhando importante papel na divulgação da doutrina codificada por Allan Kardec, sendo responsá-vel, em parte, pelo grande afluxo de pessoas às casas espíritas em busca de novos caminhos e alternativas, à procura de respostas aos seus anseios e questionamentos existenciais.

Neste intuito, nosso amigo e valoroso mili-tante da causa espírita, Manoel Avelino Neto, o Nesinho, nos brinda com uma obra que, com certeza, em sua aparente simplicidade, tocará o coração de seus leitores e fará com que estes tenham despertado o seu interesse por melhor conhecer e entender a Doutrina Espírita.

Abordando a questão das paixões, fra-quezas e dúvidas, recorrentes em grande con-

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tingente de seres em luta com seus próprios sentimentos, este romance nos remete ao Evangelho Segundo o Espiritismo, que nos esclarece, em seu capítulo 19 “A Fé Trans-porta Montanhas”, que “os preconceitos ro-tineiros, o interesse material, o egoísmo, a cegueira do fanatismo, as paixões orgulhosas são também montanhas que barram o cami-nho de todo aquele que trabalha pelo pro-gresso da humanidade”.

As dúvidas, angústias e indecisões do per-sonagem central do romance merecem ser melhor analisadas e podem ser entendidas como ainda inerentes ao nosso atual estágio de despertamento consciencial e decorrentes da fé vacilante que ainda caracteriza muitos de nós. Urge, assim, conscientizarmo-nos de que “a fé necessita de uma base, e essa base é a compreensão perfeita daquilo em que se deve acreditar. Para se acreditar não basta ver; é preciso, sobretudo, compreender”. Diz José, Espírito Protetor (Bordeaux – 1862) em ESE (cap. 19 – A Fé Transporta Montanhas): “A fé, inspiração divina, desperta todos os nobres sentimentos que conduzem o homem para o bem e é a base da sua renovação. É preciso que esta base seja forte e durável, pois, se a menor

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dúvida vier abalá-la, que será do edifício que construístes sobre ela?”.

Constata-se, ao mesmo tempo, a predo-minância no personagem do padre Danilo das características que o distinguem como um ser dotado de amor, compreensão, indulgên-cia e empatia. Nele já percebemos algumas das qualidades que distinguem o verdadeiro homem de bem, pois, como nos esclarece O Evangelho Segundo o Espiritismo (cap. 17 “Sede Perfeitos”), “o homem de bem é bom, humano e benevolente para com todos, sem distinção de raças nem de crenças, pois vê irmãos em todos os homens”, “[...] respei-ta nos outros todas as convicções sinceras e não amaldiçoa quem não pensa como ele”, “[...] é indulgente para com as fraquezas dos outros, porque sabe que ele mesmo precisa de indulgência, e se recorda das palavras do Cristo: Que aquele que estiver sem pecado lhe atire a primeira pedra”, “[...] não se sa-tisfaz em procurar defeitos nos outros, nem colocá-los em evidência. Se a necessidade o obriga a fazer isso, procura sempre o bem que possa atenuar o mal”.

Apego excessivo a bens e a entes queridos, dúvidas existenciais, abnegação, impulso ao

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bem, apelo dos sentidos às paixões, tolerância, renúncia... inúmeros são os sentimentos que nos assolam, caracterizando o nosso estágio consciencial. Tais sentimentos são frequente-mente concorrentes e simultâneos, visto ser-mos seres complexos, tendentes ora à luz da compreensão, ora à penumbra dos sentidos enganosos, situando-nos entre a cruz e a espa-da, num ciclo de alternância entre certeza e in-decisões, determinação e crença e fé vacilante... Este universo de sentimentos contraditórios definindo comportamentos e personalidades faz-se presente nesta significativa obra.

Desfrutemos, assim, a leitura agradável e esclarecedora que Manoel Avelino Neto nos proporciona com este livro tocado de singeleza, ao mesmo tempo transmissor de tantos ensina-mentos e veículo de uma mensagem de espe-rança, incitando-nos ao fortalecimento e ilu-minação de nossa fé e à perseverança no bem, caminho a nos conduzir à nossa redenção.

13 de setembro de 2015.ANDRÉ LOPES BELA

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ENTRE A CRUZ E A ESPADA

Ivone Medeiros levava uma vida normal como qualquer pessoa de classe média. Casou muito nova. Aos 20 anos já era mãe de dois filhos lindos, Danilo e Alessandra. Humber-to, seu marido, influente empreendedor no campo imobiliário, não teve a mesma sorte que a Ivone, sendo surpreendido com uma doença rara que o levou à morte muito cedo. Mesmo tendo passado pelos melhores médi-cos do país, não foi o suficiente para que o influente empresário continuasse desfrutan-do daquilo que ele mais gostava, trabalhar e educar seus filhos. Não obstante, responsável pelos deveres do lar, tinha um envolvimento extraconjugal, cujo relacionamento abalou a

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confiança que o seu filho lhe atribuía, cuja de-cepção aconteceu no confessionário por uma suposta religiosa, sendo este um dos motivos a deixar o jovem padre em crise de depressão. Dona Ivone continuou administrando seus negócios, cuidando dos filhos, colocando-os em bons colégios, na esperança de dar conti-nuidade aos anseios do marido.

Educada também em colégio de freira, Ivo-ne mantinha sua fidelidade religiosa, frequen-tando a missa aos domingos e auxiliando nas obras sociais da paróquia em que frequentava.

Danilo e Alessandra eram dotados de uma inteligência sem igual. Ivone, como toda mãe coruja, ficava feliz ao receber elogios por parte da diretoria do Colégio Jesus Menino. Alessandra, aos 15 anos, além do curso médio já estudava piano e balé; Danilo, apesar de na-morador, tinha uma sutil vocação pelo clero. Desde os 7 anos já ajudava na missa como coroinha. Apesar de sua tendência para o celi-bato, as garotas faziam questão de correr atrás não o deixando sossegado. Também pudera, Danilo além de bonito era muito elegante atraente e aparentemente sedutor, talvez pela sua beleza física. Aos 18 anos, o Bispo Don José Delgado foi comtemplado com uma bol-

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sa de estudos para o jovem Danilo, subven-cionada pela Cúpula do Vaticano, graças ao seu comportamento exemplar.

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OS CIÚMES DE UMA MÃE CORUJA

Dona Ivone tinha um carinho especial pelo seu filho, provocando mal-estar nas pes-soas do seu relacionamento, devido aos ci-úmes doentios. Quando via seu filho sendo assediado pelas garotas, usava desses argu-mentos: “Essas meninas de hoje não respei-tam mais as pessoas. Todas elas sem exceção, mesmo sabendo que o Danilo não quer assu-mir compromisso sério, essas meninas ficam tão assanhadas, que agarram e beijam o garo-to na nossa frente”, e ironizava: “Nem sabem elas que meu filho só quer fazer hora com es-sas periféricas”, e concluía: “Na minha época as coisas eram bem diferentes de hoje. Tenho certeza de que se Humberto estivesse vivo,

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não aconteceria esse tipo de assédio em nossa frente”. Mal acaba de falar, o telefone toca:

– Quem é? – perguntou dona Ivone. – Sou Fabrícia – respondeu.– Fabrícia, você não acha que está muito

cedo? Ainda não deu nem 7 horas ainda... mi-nha filha, ligue mais tarde ou deixe o seu reca-do; Danilo ainda está dormindo, quer deixar algum recado comigo? Sou a mãe dele.

– Não senhora, muito obrigada. Só diga a ele que o meu convite continua de pé. Ele sabe do que se trata. Fale também, se não for incômodo, que estou lhe esperando no mes-mo lugar de ontem. Ele sabe onde é. Obriga-da, senhora – e desliga.

– Que falta de pudor dessa sirigaita. Come-çou muito cedo. Alguma coisa me diz que aque-le menino vai me dar muita dor de cabeça. Que falta está fazendo o meu marido Humberto. Duvido, se ele estivesse vivo, que acontecesse es-sas constantes ligações. Minha casa está parecen-do um posto telefônico ou serviço de call center.

Quando menos se espera o telefone toca novamente:

– Pois não! – atendeu dona Ivone.– Bom dia, senhora, é da casa do Dr.

Humberto?

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– É sim. Seria só com ele?– Não, pode ser com a senhora mesmo.– Então fale, eu sou a viúva do Dr.

Humberto.– Quer dizer que a senhora é a mãe do

Danilo?– E da Alessandra também. Afinal você

quer falar com quem, minha filha?– Eu queria falar com o Danilo.– E para falar com Danilo precisa dessa la-

dainha toda? Minha filha, o Danilo ainda está dormindo e pediu para não ser perturbado.

– Desculpe, minha senhora, mas há de convir que o seu adorável filho me pediu para eu ligar hoje cedo. É o seguinte: Só fale para ele que eu tinha combinado para neste final de semana levá-lo até minha casa para apre-sentá-lo à minha família, mas mudei de ideia, ou seja vou transferir para a próxima semana. Outra hora eu volto a ligar. Espero que ele mesmo atenda para não lhe incomodar.

– Imagina. Como é mesmo seu nome?– Meu nome é Cris, ele sabe quem é. Es-

tudamos juntos no Colégio Jesus Menino.– Seu nome deve ser Cristina, não im-

porta. Ou Cris, você sabe que o Danilo ain-da é menor, não? Além disso, tem uma outra

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questão que você precisa colocar em pau-ta. O compromisso do Danilo com o Co-légio Jesus Menino é primordial, sem falar de um outro compromisso com o celibato. Tem mais: suas notas estão péssimas este mês. Além dos deveres do colégio, ele está cursando inglês e teologia. Por isso, minha filha, não me leve a mal, mas vamos deixar essa visita para depois? Caso isso venha a acontecer, eu faço questão de acompanhá-lo, como já falei, o Danilo enquanto não atin-gir a maior idade não pode sair assim como um cão sem dono. Acredito que seus pais te-nham lhe dado o mesmo tipo de educação, não é verdade, querida? Antes que eu esque-ça meu bem, procure ligar num horário que seja mais conveniente para ambas as partes.

– É verdade, a senhora tem razão. Hoje ainda vou falar com meus pais, para fazer esta reclamação. Eles não me educaram assim como a senhora falou. Deixa pra lá, nem todo mundo é igual, não é mesmo, senhora? Vou falar também com meus pais, para me colocar no mesmo curso de inglês do Danilo, quem sabe eu possa lhe dar uma forcinha. Pelo que a senhora falou, ele está precisando muito de uma companhia feminina, não é mesmo? Não