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ENTRE AS VILAS E A CORTE: O PRESIDENTE DA PROVÍNCIA DO
MARANHÃO E SEU CONSELHO PRESIDIAL (1825-1831)
Raissa Gabrielle Vieira Cirino (UFMA)
Resumo:
Na esteira de estudos sobre as diferentes dinâmicas políticas regionais e de suas contribuições
para a compreensão sobre o processo Independência e a construção do Estado e da nação,
iremos analisar a organização da administração da província do Maranhão através da atuação
do seu Conselho de Presidência (ou de Governo, ou Administrativo, ou Presidial, como foi
denominado no Maranhão). Seguindo as diretrizes do documento que lhe servia de regimento, a
Carta de 20 de Outubro de 1823, essa instituição teve importante papel no processo de
estruturação das bases do Estado monárquico. Destarte, abordaremos a atuação do Conselho
Presidial junto às instâncias municipais para assegurar o cumprimento das ordens advindas da
Corte, além de buscar a resolução de necessidades locais.
Palavras-chave: Império do Brasil; Conselho Presidial; província do Maranhão; administração
municipal.
Abstract:
According to several studies about political dynamics at imperial provinces and their
contributions for comprehension about the Independence process and construction of State and
nation, this paper intends to analyze Maranhão administrative organization through the
performance of its Presidency Council (called as Government Council, Administrative Council
or “Conselho Presidial”). Following instructions from its guide, the edict dated of October, 20,
1823, this regional institution have important role in structure process of local power
administration. Therefore, this paper will broach the communication between Conselho
Presidial and municipal administration. The consequential deliberations have intended, mainly,
affirm the execution of central power’s rules and to look for resolutions for local needs.
Keywords: Brazilian Empire; Conselho Presidial; Province of Maranhão; municipal
administration.
2
Introdução
O desafio de delinear novos parâmetros para o Estado recém-instituído foi
primeiramente enfrentado pelos deputados da Assembleia Constituinte, em 1823.
Influenciados diretamente pelas experiências e discussões políticas possibilitadas pelas
transformações que ocorriam no mundo Atlântico desde o século XVIII1, esses primeiros
legisladores estabeleceram como base um projeto de monarquia constitucional.
Representações das Juntas de Governo instituídas nas províncias, unidades que
substituíram as capitanias, indicaram a carência de leis que pautassem a ação da
administração que se inaugurava junto com o Estado. Da mesma maneira, os documentos
assinalavam a participação de representantes da elite política regional 2 na condução das
províncias às quais pertenciam, aspecto que não poderia ser desconsiderado na busca de
condições efetivas de governabilidade, de conservação da “ordem” e de manutenção do
território visado para compor o Império.
Assim, a organização do governo das províncias foi considerada temática urgente.
Após algumas discussões e modificações3 , o projeto apresentado pelo deputado Antônio
Carlos de Andrada Machado4 foi o escolhido para embasar a criação do Decreto de 20 de
Outubro de 18235, que deu “nova forma aos governos das províncias, criando para cada uma
delas um Presidente e um Conselho”.
1 Consideramos como principais acontecimentos que marcaram a emergência de novos valores constitucionais
no Ocidente a Independência dos Estados Unidos (1783) e a Revolução Francesa (1789). 2 Para esse conceito, tomamos como base Miriam Dolhnikoff (2005, p. 78). Segundo essa historiadora, ao
assumir a direção de suas províncias a partir da eleição das Juntas Provisórias em 1820, ao enviar deputados para
as Cortes portuguesas, ao articular a Independência, ao enviar deputados para a Assembleia Constituinte (1823) e
depois para a Assembleia Geral, os grupos provinciais se engajaram no processo de construção da nação e se
constituíram como elite política, já que assumiram tarefas não só em nível provincial, mas também nacional. 3 Para as discussões que marcaram a escolha do projeto que deu nova forma ao governo das províncias, ver
Renata Silva Fernandes (2012). 4 Magistrado e político de São Paulo, foi eleito para as Cortes de Lisboa (1821), para a Assembleia Constituinte
(1823) e para a Assembleia Geral (1838-1841). Finalizou sua carreira política como senador pela província de
Pernambuco, quando faleceu em 1845 (SLEMIAN, 2006, p. 61). 5 Segundo Andrea Slemian (2006, p. 73), a Assembleia Constituinte aprovou seis decretos, que versaram sobre a
vigência da legislação que regia o Brasil até abril de 1821; a revogação do decreto de 16 de fevereiro de 1822,
que criara o Conselho de Procuradores; o estabelecimento da forma como deveria ser observada a promulgação
dos decretos da Assembleia; a proibição aos deputados de exercerem qualquer outro emprego durante sua
3
Esse Decreto estabeleceu que as províncias seriam administradas por um presidente,
nomeado pelo Imperador, que repartiria suas atribuições com um Conselho, composto por seis
conselheiros eleitos dentre os políticos do âmbito regional. Segundo Andrada Machado, esse
sistema garantia a separação de poderes e uma melhor organização das instâncias
administrativas, bem aos moldes do modelo liberal vigente no período, que pregava uma
racionalização do funcionamento do governo para atender aos anseios populares (SLEMIAN,
2007).
O presidente era o “executor” e “administrador”, ficando estritamente responsável pelo
governo da província. Também tinha poder de decidir e despachar sozinho sobre alguns
assuntos que não exigiam especificamente a cooperação do seu Conselho. Em sessão, o
presidente deveria ser chamado de “Excelência” e ser tratado com a continência militar,
práticas ritualísticas que denotam tanto o alcance de execução do “delegado do Imperador”
quanto as reminiscências do Antigo Regime e sua mentalidade hierarquizante e distintiva.
Sobre o Conselho, interessante notar que o Decreto de 20 de Outubro não o nomeou de
maneira específica, designando-o apenas por esse título genérico. No Maranhão, o órgão foi
chamado algumas vezes como Conselho Administrativo, Conselho de Governo ou Conselho
de Presidência. Porém, o vocativo recorrente foi o de Conselho Presidial, que interpretamos
como uma possível referência ao seu líder em sessão, o presidente. Esse termo também foi
usado no projeto de Constituição elaborado pela Assembleia Constituinte (LEME, 2006, p.
61).
Além de sua função de apoio ao presidente para tratar de assuntos que requisitassem
“exame e juízo administrativo” 6 , o Conselho tinha poder deliberativo sobre questões
referentes: a) ao desenvolvimento econômico da província, com o incentivo da agricultura,
comércio e indústria, bem como a conservação de uma boa infra-estrutura, com a conservação
e abertura de estradas e pontes; b) à segurança, com a vigilância sobre prisões, casas de
correção e de caridade; c) ao conhecimento sobre a província, com a organização de censos e
deputação (ou de aceitar qualquer outro tipo de gratificação); a revogação do alvará de 30 de março de 1818, que
proibia o funcionamento das Sociedades Secretas e a lei sobre a organização dos governos provinciais. Todos
foram aprovados como Decreto de 20 de Outubro de 1823. 6 Segundo Fernandes (2012, p. 32-33), essa expressão foi sugerida por Andrada Machado para enfatizar que o
órgão tinha somente caráter executivo, e não legislativo.
4
estatísticas; d) à “educação da mocidade” e à catequização de indígenas; e) à fiscalização de
possíveis abusos na arrecadação de impostos, das contas das Câmaras Municipais, das receitas
do próprio Conselho e as da presidência; f) às reclamações contra funcionários públicos e ao
trato de conflitos de jurisdição entre autoridades, com a possibilidade de suspensão de
magistrados; g) à proposição de medidas para garantir bons tratos aos escravos e sua gradativa
emancipação; e, h) à determinação de despesas extraordinárias, sendo que o presidente só
poderia executar medidas sobre esse assunto quando obtivesse a aprovação imperial
(BRASIL, Decreto de 20 de Outubro de 1823, art. 24, p. 12-13).
Grosso modo, essas temáticas denotam, por um lado, o papel do Conselho como locus
de resolução de necessidades e de atritos que ocorriam em nível local, pois o presidente e seu
Conselho privativo eram procurados por diferentes indivíduos, através de requerimentos, para
garantir o atendimento de seus direitos. A prerrogativa de participação desses cidadãos nos
“negócios públicos” de suas províncias era fundamentada na “crença coeva de que o
ordenamento geral da sociedade poderia, de fato, ser mediado pelo poder público”
(SLEMIAN, 2006, p. 31), que foi reforçada pela criação de instituições de caráter
representativo como os Conselhos de Presidência.
Por outro lado, o estabelecimento dos Conselhos, a partir da organização da esfera de
poder regional, também pretendia conectar as províncias mais distantes ao governo central
para assegurar sua hegemonia nas localidades do vasto território. As províncias do Norte
deveriam receber atenção específica, pois era evidente seu ressentimento com o pouco acesso
que tinham às decisões políticas, centralizadas nas mãos de um governo distante
(DOLHNIKOFF, 2005, p. 87-88). O Maranhão encontrava-se nesse caso, sendo uma das
principais reclamações o pagamento de impostos. Sobre esse assunto, Mathias Assunção
(2000, p. 63) destacou que “[...] metade - ou, às vezes, três quartos - da renda maranhense
contribuía com as despesas da Corte no Rio de Janeiro”.
Destarte, a comunicação entre o governo central e as províncias foi feita
principalmente por vias institucionais. O presidente recebia portarias das secretarias
ministeriais e apresentava-as ao seu Conselho, que despachava as deliberações necessárias
para as instâncias locais/provinciais. Em seguida, cabia ao Conselho verificar se as diretrizes
5
estavam sendo devidamente seguidas e executadas. Esse trâmite ressalta o papel do Conselho
como “inspetor dos negócios públicos”.
À vista da importância dessa perspectiva para a estruturação das bases do Estado
imperial, trataremos sobre os trabalhos do Conselho Presidial do Maranhão junto a algumas
instâncias municipais, certificando-se de suas carências, dúvidas e contribuições que
marcaram a adaptação da administração provincial aos novos padrões do regime político
vigente. Para tanto, enfocaremos o registro das atas e despachos do Conselho Presidial, as
portarias advindas das secretarias ministeriais e os ofícios trocados com a municipalidade.
A fiscalização das receitas municipais
Devido a atrasos na finalização de seu processo eleitoral7, o Conselho Presidial do
Maranhão foi instalado em 7 de julho de 1825.
Sem a presença do presidente nomeado para o período, o vice-presidente Patrício José
de Almeida e Silva assumiu os trabalhos do Conselho e o governo provincial, por ter sido o
conselheiro mais votado 8 . Em meio às preocupações com a manutenção da ordem
estabelecida e com a ameaça de fome propagada pela seca, Almeida e Silva propôs em
Conselho que as Câmaras Municipais remetessem informações sobre seu rendimento, suas
despesas, além de detalhes sobre a qualidade e a quantidade de seus patrimônios. Também foi
requerido que os órgãos municipais informassem sobre suas “precisões públicas”, entendidas
aqui como as necessidades observadas nas vilas9.
Até meados de 1827, as atas apresentam certas dificuldades para a fiscalização das
contas municipais, exigindo que o Conselho Presidial constantemente corroborasse suas
ordens às Câmaras. Com a aprovação do Decreto de 1 de Outubro de 1828, esse quadro se
modificou. Também conhecida como Lei Orgânica dos Municípios, ela reformulou a política
7 Para mais informações sobre o quadro pós-Independência no Maranhão, ver Marcelo Galves (2010). 8 Em falta do vice-presidente, o conselheiro mais votado após este assumiria as sessões. Já em falta do
presidente, do vice, e dos conselheiros, o suplente com maior número de votos assumiria, de acordo com o artigo
18 da Carta. Na ausência de presidente, vice, conselheiros e suplentes, assumiria a presidência o presidente da
Câmara da capital (BRASIL, Carta de 20 de Outubro de 1823, art. 19, p. 12). 9 MARANHÃO, Conselho Presidial. Livro de Atas. Sessão de 9 de julho de 1825, fl. 2.
6
em nível local, diminuindo o poder dos colegiados municipais e submetendo-os ao poder
provincial, exercido até aquele momento pelos Conselhos de Presidência. No caso do
Maranhão, pelo Conselho Presidial.
Em suma, o Decreto de 1 de Outubro demarcou: a organização das eleições para
vereadores e juízes de paz; o envio das atas das eleições dos distritos eleitorais para suas
Câmaras e o pagamento de multas por atraso no envio delas; a obrigação das Câmaras em
reportar ao presidente de província sobre assuntos como o resultado do processo eleitoral e as
prevaricações de vereadores. No mais, a Lei Orgânica é considerada uma confirmação de que
as Câmaras passavam a ser órgãos com encargos meramente administrativos, o que foi
salientado no seguinte artigo:
Art. 89. Em todos os casos em que esta lei manda às Câmaras, que se dirijam
aos presidentes, devem elas, na província, onde estiver a Corte, dirigir-se ao
ministro do império; nela também se dirigirão à Assembleia Geral nos casos
em que nas demais províncias houverem de dirigir-se aos Conselhos Gerais;
e enquanto estes se não instalarem farão suas vezes os da Presidência
(BRASIL, Decreto de 1 de Outubro de 1828, art. 89, grifo nosso).
Os Conselhos Gerais, órgãos provinciais criados pela Constituição de 1824, ficaram
responsáveis pela fiscalização das contas das Câmaras. Porém, enquanto aqueles não fossem
instalados, os potentados locais estavam sob a jurisdição dos Conselhos de Presidência.
Imbuídos desse poder, e liderados pelo presidente de província Cândido José de Araujo Viana
a partir de 1829, o Conselho Presidial passou a exercer forte pressão sobre as Câmaras
Municipais e suas receitas.
A fiscalização sobre os recursos das Câmaras era assunto muito delicado por
possibilitar o apontamento de possíveis desleixos ou prevaricações dos funcionários
municipais. Vários desses casos foram analisados pelo conselheiro Manoel Gomes da Silva
Belfort.
Em 6 de junho de 1829, por exemplo, Belfort apontou que, na receita da Câmara da
vila do Paço, fora registrada uma entrada de 2 mil-réis em “cobre” falso, ou seja, uma moeda
falsificada que, segundo os registros do Conselho Presidial, tinha aumentado sua circulação
na província desde o ano anterior. O Conselho, então, deliberou que esse dinheiro deveria
7
retornar aos cofres públicos10, uma vez que a propagação de uma moeda falsa por instâncias
do governo era ato a ser evitado, instrução explicitada em uma portaria da Secretaria de
Estado dos Negócios do Império de 182811.
Em seguida, analisando a receita da Câmara de São Luís, Belfort solicitou o retorno da
documentação ao órgão, com a exigência de explicações sobre a diferença de saldo que
aparecia no auto de exame das contas feito pelo ouvidor geral em 1827 e o saldo da conta
daquele ano feito pelo tesoureiro municipal. Ademais, faltavam documentos que
comprovassem os gastos da mesma Câmara12.
Outras vezes, a desorganização e a falta de comprometimento dos funcionários eram
usadas como justificativa para postergar a entrega das contas. A Câmara de Icatu, por
exemplo, comunicou no final de maio de 1829 a impossibilidade de prestar contas no devido
prazo devido o “desarranjo” de seus livros de registros13. No entanto, Belfort não aceitou essa
justificativa e ordenou que as contas fossem enviadas14. Ao que parece, o peso de autoridade
do Conselho foi determinante, pois em meados de setembro as receitas de Icatu foram
analisadas pelo conselheiro. Belfort constatou certa desorganização na documentação,
assinalada pela falta de registros das contas dos anos anteriores. Como no caso da Câmara de
São Luís, o conselheiro propôs que os documentos de Icatu retornassem à sua Câmara
Municipal, mas, dessa vez, eles deveriam ser remetidos posteriormente ao Conselho Geral,
que seria instalado na província em dezembro daquele ano15.
Deste modo, a fiscalização das receitas financeiras das Câmaras Municipais era um
tipo de mecanismo para manter esses órgãos sob a jurisdição da esfera regional. Nesse
sentido, a Lei Orgânica dos Municípios foi de extrema importância, pois a normatização
desses antigos potentados locais era ponto nevrálgico para garantir a construção de um Estado
nacional viável em acordo com os ideais dos “novos tempos” (DOLHNIKOFF, 2008, p. 64).
10 Id., ibid., Sessão de 6 de junho de 1829, fl. 78. 11 BRASIL, Ministério e Secretaria de Estado dos Negócios do Império. Ofícios e avisos ao presidente de
província do Maranhão (1828). Secretaria do Governo. Setor de Avulsos. Arquivo Público do Estado do
Maranhão. 12 MARANHÃO, Conselho Presidial. Livro de Atas. Sessão de 8 de julho de 1829, fl. 88v. 13 Id., ibid., Sessão de 30 de maio de 1829, fl. 77. 14 Id., ibid., Sessão de 10 de junho de 1829, fl. 79v. 15 Id., ibid., Sessão de 16 de setembro de 1829, fl. 91.
8
“A educação da mocidade”
Desde 1825, a educação pública foi assunto apreciado no Conselho Presidial. A
preocupação com essa área relacionava-se à necessidade de ensinar aos cidadãos o
comportamento no novo regime político que estava para ser implantado: a monarquia
constitucional. A educação era vista como forma de “civilizar”, “dar luzes” a um povo que
antes só conhecia a “escuridão da ignorância” preconizada pelo Absolutismo, e agora iria ser
enquadrado aos ditames de um Estado moderno (SALES, 2005, p. 15).
Era por meio da observação e apontamento de várias autoridades municipais, como as
Câmaras Municipais, o ouvidor geral e os mestres de ensino que o Conselho Presidial
deliberava as devidas medidas para implementar o ensino público nas diversas povoações
enquanto não se tinha legislação específica sobre a área.
Em 1825, os conselheiros ordenaram que a Câmara Municipal de Alcântara obrigasse
os frades carmelitas de sua vila a servirem como mestres de Primeiras letras, uma das
principais cadeiras de ensino básico. Ainda ordenaram a compra de mil exemplares, em
português, das Odes de Diniz e Jacinto Freire de Andrade, além de exemplares da Vida de
Dom João de Castro para serem distribuídos nas vilas16.
Em 1826, o Conselho solicitou que o ouvidor geral da comarca informasse com a
maior brevidade sobre o estado de saúde do mestre de Filosofia de São Luís, indicando se ele
tinha condições de continuar a reger a disciplina ou entregaria seu cargo. Nesse caso, seria
aberto novo concurso para prover a cadeira17.
A fim de determinar providências gerais e efetivas sobre a educação, o Imperador
solicitou que os presidentes de província levantassem informações sobre as necessidades
escolares de cada povoação e a distribuição de cadeiras de ensino de Primeiras letras,
16 Id., ibid., Sessão de 17 de setembro de 1825, fl. 5. 17 Id., ibid., Sessão de 5 de julho de 1826, fl. 12v.
9
Gramática latina, Retórica, Lógica, Geometria e Línguas estrangeiras, além de indicar os
mestres encarregados dessas18.
Liderados pelo presidente Pedro José da Costa Barros, o Conselho ordenou que as
edilidades remetessem os dados sobre o ensino que ocorria em seus distritos. Após a análise
desse levantamento, foi deliberada a criação de cadeiras de ensino em várias vilas e
organizado um concurso para a escolha dos seus mestres19.
A partir das informações remetidas à Corte, a Assembleia Geral estabeleceu os
Decretos de 15 de Outubro e de 15 de Novembro, ambos de 1827. Essas são consideradas
regulamentações basilares para a educação pública durante o Império. Além de trazer
orientações e algumas novidades para o período, essas leis incumbiram os presidentes de
província, em seus Conselhos, a determinar: a criação de cadeiras de ensino, de escolas mistas
e de aulas exclusivas para meninas nas vilas mais populosas; a regulamentação dos salários e
a padronização dos concursos dos mestres e das mestras, bem como a instituição de escolas
em edifícios públicos.
A delegação de novos poderes para decidir sobre a área educacional veio em bom
momento, pois algumas dificuldades de fiscalização apareciam ocasionalmente. Em agosto de
1827, por exemplo, o Conselho repreendeu o professor de Retórica da capital, que havia
concedido três meses de férias aos seus alunos, ao invés de dois20.
A partir de 1828, observando as informações atestadas pelas Câmaras Municipais e
pelos mestres, e em consonância com as diretrizes dos Decretos de 15 de Outubro e 15 de
Novembro de 1827, concursos públicos passaram a ser abertos anualmente até o fim do
Primeiro Reinado.
As discussões que pautavam a escolha das cadeiras de ensino que deveriam ser
instituídas também chamam a atenção. A mais comum era a de Primeiras letras, que abrangia
conteúdos que atualmente são dados no ensino fundamental. No entanto, havia evidente
distinção a partir do gênero dos alunos. Para os meninos eram ensinadas noções básicas de
18 BRASIL, Ministério e Secretaria de Estado dos Negócios do Império. Ofícios e avisos ao presidente de
província do Maranhão (1825). Secretaria do Governo. Setor de Avulsos. Arquivo Público do Estado do
Maranhão. 19 MARANHÃO, Conselho Presidial. Livro de Atas. Sessão de 5 de julho de 1826, fl. 12v. 20 Id., ibid., Sessão de 30 de agosto de 1827, fl. 49v.
10
leitura, escrita, as quatro operações de cálculo e princípios gerais de geometria prática. A
inclusão das meninas no ensino básico pode ser considerada como um avanço para o período.
Porém, na prática, reforçava a visão da época sobre o papel que elas deveriam ter na
sociedade. Era-lhes permitido aprender apenas a ler e escrever. Ao invés de tomar
conhecimento sobre noções aritméticas, elas estudavam “prendas úteis” que as auxiliariam a
lidar com o cotidiano doméstico, como costura, bordado e trato na cozinha (MARTINS,
2001).
Aulas referentes ao âmbito das Humanidades eram constantemente instituídas,
havendo algumas preferências. Cadeiras de Retórica, Latim e Filosofia eram as mais
solicitadas pelas Câmaras Municipais, caso que não ocorria com a de Grego. Essa informação
é corroborada ao observarmos, por exemplo, a proposta que foi discutida em 1826, quando o
Conselho Presidial cogitou substituir a cadeira de Grego, oficializada pela Carta Régia de 1º
de Agosto de 1799, por uma de Geografia e outra de Francês. Embora alguns conselheiros
tenham declarado que tal medida extrapolava o poder da instituição provincial21, Thiago
Carlos de La Rocca foi nomeado para reger aquelas cadeiras alguns dias depois22.
Por esse caso também podemos constatar as predileções sobre as aulas de línguas
estrangeiras. O francês se sobressaía, mas a Câmara de São Luís também se preocupou em
solicitar a criação de uma cadeira de Língua inglesa 23 pela importância das relações
comerciais que a província tinha com a nação britânica24.
Em 1829, a mesma Câmara indicou a necessidade da reabertura da Aula de Comércio
da capital. Criada sob o contexto das reformas pombalina pelo Decreto de 30 de Setembro de
1755, e instituídas em 1759, a aula de Comércio visava a formação de negociantes versados
nas técnicas contábeis do período. O incentivo a um curso específico de especialização para
os “homens de negócio” inseria-se no projeto mais amplo de equiparar Portugal às demais
nações européias, via formalização da prática mercantil (TELES; SANTOS, 2013, p. 1-14).
21 Id., ibid., Sessão de 5 de agosto de 1826, fl. 15. 22 Id., ibid., Sessão de 12 de agosto de 1826, fl. 16 23 Id., ibid., Sessão de 20 de junho de 1829, fl. 81. 24 Firmas britânicas exerciam importante papel no comércio no Maranhão. As transações dessas associações
influenciavam diretamente nos preços do algodão e na queda das receitas de exportação. Para saber mais sobre a
pressão exercida pelos ingleses na economia do Maranhão, ver Mathias Assunção (2000).
11
Os conhecimentos difundidos pela Aula de Comércio também tiveram relativa
importância no processo de capacitação de funcionários públicos das burocracias portuguesa e
brasileira. A exigência do licenciamento nessa aula como pré-requisito para a inserção em
empregos públicos ou privados relacionados à área contábil foi um critério determinado ainda
no período pombalino. Com a independência do Brasil, passou-se a exigir dos funcionários
fluência no idioma nacional e competência nas áreas de cálculo mercantil, de contabilidade e
de partidas dobradas25. Além disso, era imprescindível ter uma boa caligrafia, aspecto que
contribuiria com a boa disposição e compreensão dos registros (LOPES, 2012, p. 34).
A Aula de Comércio do Maranhão foi instituída em 1811, mas ficou suspensa a partir
de 1820 pela falta de alunos. Segundo consta, essa interrupção foi motivada pela incapacidade
de seu mestre, ou lente, Francisco Justino da Cunha. Após o pedido feito pela Câmara de São
Luís, a aula voltou a funcionar em 1831, em acordo com o Decreto de 2 Agosto desse ano,
sob o comando do lente Estevão Rafael de Carvalho (CABRAL, 2012).
Medidas de “suma utilidade” para a província
Medidas referentes ao âmbito socioeconômico eram constantemente apreciadas, em
especial para a capital e seus arredores. A boa conservação dos caminhos, formados por
pontes e estradas, era essencial para manter a interlocução com a municipalidade, bem como o
abastecimento de alimentos na capital, São Luís, que por vezes sofria ameaças. Em 1825, por
exemplo, a fome assolava a província devido à esterilidade da terra. Reunidos em sessão
extraordinária, o Conselho Presidial discutiu, junto com os “lavradores mais abastados”,
medidas paliativas para essa situação crítica. Em vista das representações recebidas dos
comandantes gerais das vilas de Caxias, Itapecuru-mirim, Parnaíba e São Bernardo, e uma da
Câmara de São Luís, decidiu-se proibir a saída de qualquer cereal da província, inclusive o
25 Antigo sistema-padrão contábil, cujas origens remontam ao norte da Itália, quando em 1494, o frei Luca
Paccioli consagrou-se ao escrever um tratado sobre Contabilidade, no qual apresentava esse método. Consiste no
registro das transições financeiras de uma empresa, nas quais cada entrada de débito corresponde a um crédito de
mesmo valor. Para mais informações sobre as partidas dobradas, ver Sônia Maria de Araújo (2010).
12
arroz, com exceção daquele que já estivesse embarcado. A importação estava liberada, sendo
os navios nacionais e estrangeiros autorizados a trazer, especialmente, arroz e milho26.
Pelo clima da região e pela proeminência das atividades agrícolas, a estiagem pode ser
considerada um entrave atípico. As ações de saqueadores ao longo das estradas eram
impedimentos mais comuns ao bom andamento da vida socioeconômica da província e de sua
capital. Em 1827, o conselheiro Felipe Antônio de Sá expôs que os constantes roubos de gado
no interior provincial poderiam prejudicar o comércio de carne verde (fresca) em São Luís.
Por isso, Sá requereu medidas para evitar “tão grande mal”. O Conselho Presidial, então,
solicitou que o governador das armas comunicasse aos comandantes gerais da vila a execução
de portaria anterior sobre esse tipo de roubo27.
Para manterem-se informados sobre a conservação dos caminhos da província, as
Câmaras Municipais eram constantemente arguidas ou tomavam a iniciativa de informar ao
Conselho Presidial sobre o assunto. Em 1827, as Câmaras de Guimarães e de Alcântara foram
ordenadas a consertar e limpar as pontes e estradas de seus distritos, sendo obrigadas a
informar, posteriormente, sobre o cumprimento dessas ordens.28
Em 1829, a Câmara Municipal de São Luís foi repreendida pelo Conselho Presidial,
pois foi observado o péssimo estado das estradas do termo, especialmente a chamada
“Caminho Grande”, que estava arruinada em lugares bem próximos à cidade. Assim, o
Conselho resolveu que o colegiado deveria providenciar o conserto dessas estradas com a
maior brevidade29.
Na maioria dos casos, as medidas eram bem pragmáticas e atentas às necessidades
mais urgentes. No entanto, também encontramos registros de propostas que podem ser
consideradas, no mínimo, singulares. Em 1829, por exemplo, a edilidade de São Luís,
comunicou a intenção de disseminar a criação de camelos na província, argumentando ser de
proposta “suma utilidade” para a província. Para tanto, planejava mandar vir da África cinco
ou seis casais desses animais30. Aparentemente, os conselheiros e o presidente Araujo Viana
26 MARANHÃO, Conselho Presidial. Livro de Atas. Sessão de 19 de agosto de 1825, fl. 4-4v 27 Id., ibid., Sessão de 8 de agosto de 1828, fl. 42-42v. 28 Id., Livro de Ordens, Despachos nº36 e 37 de 22 de agosto de 1827,fl. 7v. 29 Id., Ibid., Despacho nº 13 de 14 de maio de 1829, fl. 18v. 30 Id., Conselho Presidial. Livro de Atas. Sessão de 8 de julho de 1829, fl. 87.
13
não se opuseram à proposta, apenas respondendo que a matéria seria considerada assim que a
Câmara apresentasse sua receita e despesa anual31. Apesar dessa resposta, nada mais foi
registrado sobre o assunto nas atas do Conselho.
Novos aliados locais: os juízes de paz
O projeto de ordenamento jurídico do Estado prosseguiu ao longo do Primeiro
Reinado (1822-1831), inspirando-se, em tese, nos modelos liberais da França e da Inglaterra
(DOLHNIKOFF, 2011). Visando uma melhor ingerência na administração da Justiça e o
incentivo a uma maior mobilização popular no processo eleitoral – por conseguinte,
interferência dos cidadãos nos “negócios públicos” de seu interesse –, foi promulgada a Lei de
15 de Outubro de 1827, criando um juiz de paz eletivo para cada freguesia ou paróquia.
O juizado de paz pode ser considerado uma importante novidade para o período, tanto
pelo peso de suas atribuições quanto por sua representação eletiva. Em 1827, as funções do
juiz de paz eram relacionadas, basicamente, ao policiamento das vilas, à imposição da
disciplina social local e à prescrição de multas por infrações às regulamentações ou posturas
municipais32. Essas atribuições minaram os poderes das Câmaras Municipais que, até então,
exerciam funções administrativas, judiciárias e legislativas, tendo grande influência no
cotidiano das vilas.
Além de ser uma magistratura leiga33, o juiz de paz era escolhido diretamente pelos
votantes passivos ou eleitores de paróquia34, grupo que, na interpretação de Ivan de Andrade
Vellasco (2011, p. 288-291), representava “a figura do homem comum capaz de se contrapor
ao predomínio do poder dos proprietários”. Também sobre essa distinção no processo eleitoral
do juizado de paz, Adriana Pereira Campos (2011, p. 260) comenta que a possibilidade de
31 Id., Livro de Ordens, Despacho nº 108 de 11 de julho de 1829, fl. 42v. 32 Essas funções estão descritas na Lei de 15 de Outubro de 1827. Posteriormente, os Decretos de 1º de Outubro
de 1828, de 6 de Junho de 1831 e os Códigos Criminal (1831) e o do Processo (1832) delegaram mais funções ao
juizado de paz. 33 O candidato não precisava ter formação em Direito para concorrer ao cargo. 34 Os eleitores de paróquia também escolhiam os eleitores ativos e os vereadores das Câmaras Municipais.
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voto desses eleitores de paróquia inverteu o processo de gestão dos colegiados municipais,
pois entregava àqueles a eleição do órgão de controle, e não ao Estado.
Nessa perspectiva, percebemos que o juizado de paz contribuiu com o
enfraquecimento do poder das Câmaras Municipais e o fortalecimento da esfera de poder
regional. No Maranhão, esse processo tomou corpo, principalmente, após as eleições de 1829,
quando os juízes de paz foram se estabelecendo nas freguesias. Todavia, a novidade desse
cargo ainda surtia dúvidas. Os conselheiros e o presidente de província Araujo Viana tiveram
que esclarecer as incertezas e as hesitações expostas por alguns magistrados.
Em 7 de maio de 1830, por exemplo, foi analisado o ofício enviado pelo juiz de paz
suplente da freguesia de Santo Antônio de Almas, que expunha dois casos de violência: um
senhor havia pressionado um ferro de marcar gado na testa de seu escravo; outro escravizado,
do mesmo proprietário, havia cometido um homicídio. Por se tratar de casos que envolviam
um bem privado (escravos), o juiz de paz questionou como deveria proceder. O Conselho
respondeu que, no primeiro caso, o juiz deveria ouvir as testemunhas oculares, inspecionar o
ferimento e arguir o proprietário sobre o ocorrido para certificar-se da verdade. Quanto ao
segundo, era necessário fazer um corpo de delito e remetê-lo ao juiz criminal do distrito35.
O auxílio era uma via de mão dupla, pois os juízes de paz tornaram-se aliados locais
essenciais para o Conselho Presidial. Em 10 de maio de 1830, o presidente de província
apontou que, a despeito das ordens expedidas pela instituição para a organização de censo e
estatística para a província, poucos relatórios populacionais haviam sido enviados por
párocos, capitães-mores e juízes de paz. Por isso, procuraram o principal encarregado de
administrar essa importante tarefa, o segundo-tenente engenheiro José Joaquim Rodrigues
Lopes, que se justificou alegando que não poderia, por enquanto, viajar para cobrar e
fiscalizar a produção dos relatórios junto àquelas autoridades locais devido à falta de
instrumentos necessários, que foram solicitados à Secretaria de Estado dos Negócios da
Guerra36.
35 MARANHÃO, Conselho Presidial. Livro de Atas. Sessão de 7 de maio de 1830, fl. 96. 36 Id., ibid., Sessão de 10 de maio de 1830, fl. 96-96v.
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Carências locais eram constantemente apontadas pelos juízes de paz com o intuito de
aprimorar a segurança e a vigilância sobre seus distritos. O juiz de Mearim apontou a
necessidade de providenciar algum edifício para abrigar a cadeia do local, ao que o Conselho
respondeu que iria notificar à Câmara Municipal para dar as devidas ações37. Esse tipo de
observação era muito comum, e possivelmente atendia a uma solicitação do poder central,
feita em 1828, para que o governo provincial apresentasse informações sobre as cadeias
públicas da sua província, detalhando se necessitavam de reformas, se eram bem arejadas e se
tinham espaço suficiente para os presos38.
Além de observar a situação dos estabelecimentos carcerários, os juízes de paz tinham
que estar atentos à movimentação em seus distritos, evitando a entrada e permanência de
indivíduos mal vistos pela “moral pública” – como “mendigos”, “vadios”, “bêbados” e
“meretrizes” – e desfazer “ajuntamentos” ou reuniões “suspeitas”. Entre esses, podemos
apontar as reuniões de “povo e tropa” que passaram a ocorrer nas praças de várias vilas do
Maranhão após a divulgação da notícia da abdicação de D. Pedro I (1831). Como o
movimento que ocorreu em São Luís, conhecido como Setembrada39, essas manifestações nas
praças exigiam a expulsão de portugueses das vilas e dos cargos públicos judiciais e militares,
evidenciando a insatisfação com a retomada de privilégios que os estrangeiros haviam
conseguido no pós-Independência, aspecto corriqueiro em várias cidades nos primeiros anos
do Império.
Considerações finais
Conquanto estudos sobre as instituições do Império ainda sejam dispersos, eles vêm
chamando a atenção, pois “novos olhares” sobre sua documentação estão apresentando
detalhes sobre o estabelecimento das bases do Estado imperial e seu impacto na vida cotidiana
das vilas e cidades.
37 Id., ibid., Sessão de 21 de maio de 1830, fl. 97v 38 BRASIL, Ministério e Secretaria de Estado dos Negócios da Justiça. Ofícios e avisos ao presidente de
província do Maranhão (1828). Secretaria do Governo. Setor de Avulsos. Arquivo Público do Estado do
Maranhão. 39 Movimento que ocorreu em 13 de setembro de 1831.
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A atuação dessas instituições também evidencia a importância do Poder Executivo
para esse momento de reestruturação da administração municipal/provincial, demonstrando
que os novos preceitos do liberalismo em voga no Oitocentos conviveram diretamente com
reminiscências do Antigo Regime. Dessa mistura, houve a formatação de um regime
monárquico-constitucional com referenciais externos (principalmente advindos do liberalismo
inglês e francês), mas que se adaptou às particularidades do contexto brasileiro
(DOLHNIKOFF, 2011, p. 3)
No Maranhão, o Conselho Presidial foi locus de articulação e de representação dos
interesses das elites locais/regionais com o distante governo central. Tais negociações
denotam que o processo de instituição do Estado imperial foi gradativo, moroso e nem sempre
cadenciado com as diretrizes da Corte, uma vez que a elite local e os agentes da
municipalidade impunham velada resistência aos novos ditames em prol de seus interesses.
Juízes de paz, Câmaras Municipais, ouvidores gerais, comandantes militares e mestres de
ensino são apenas alguns exemplos de instâncias e autoridades que estavam sob a jurisdição
do Conselho Presidial, que arbitrava suas ações a partir das portarias ministeriais endereçadas
ao chefe do governo regional (presidente ou vice).
No mais, nossa pesquisa sobre a província do Maranhão durante o Primeiro Reinado
prossegue com o intuito de esmiuçar os esforços de sua elite para integrar-se ao Império do
Brasil. Observamos que esse processo ocorreu pari passu à estruturação burocrática de seu
governo regional, esfera de poder que teve relevância no período pela participação de seus
atores e por seu papel de interlocução com o poder central. Gradativamente, os estudiosos
vêm salientando o protagonismo das dinâmicas políticas regionais, desenvolvendo profícuas
análises que auxiliam na compreensão sobre as estratégias de consolidação de um poder
central que se esforçava para ser reconhecido como legítimo.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Documentos
a) Manuscritos
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BRASIL. Ministério e Secretaria de Estado dos Negócios da Justiça. Ofícios e avisos ao
presidente de província do Maranhão (1825-1828). Secretaria do Governo. Setor de Avulsos.
Arquivo Público do Estado do Maranhão.
__________. Ministério e Secretaria de Estado dos Negócios do Império. Ofícios e avisos ao
presidente de província do Maranhão (1825-1828). Secretaria do Governo. Setor de Avulsos.
Arquivo Público do Estado do Maranhão.
MARANHÃO. Conselho Presidial. Livro de Atas. Códice 1337. Setor de Códices. Arquivo
Público do Estado do Maranhão.
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