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en t rev i s t a Maria Elena Johannpeter e a Parceiros Voluntários
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ioSERVIÇOSBENS&
Revista da Federação do Comércio de Bens e de Serviços do Estado do Rio Grande do Sul
e d u c a ç ã o
Ajudando a formaradultos responsáveis
A G O S T O
e c o n o m i a
A nota fiscaleletrônica
g u i a d e g e s t ã o
Segmentaçãocomo aposta
162 0 0 6
s umá r i oexpediente
Publicação mensal do Sistema Fecomércio-RS
Federação do Comércio de Bens e Serviços
do Rio Grande do Sul
Rua Alberto Bins, 665 – 11º andarCentro – CEP 90030-142Porto Alegre/RS – BrasilFone: (51) 3286-5677Fax: (51) [email protected]
Presidência: Flávio Roberto Sabbadini
Vice-presidência: Antônio Trevisan, Ary Costa de Souza, DarciAlves Pereira, Flávio José Gomes, Ivo José Zaffari, Jorge LudwigWagner, José Alceu Marconato, José Vilásio Figueiredo, JulioRicardo Mottin, Luiz Caldas Milano, Luiz Carlos Bohn, ManuelSuarez, Moacyr Schukster, Olmiro Lautert Walendorff, Renato TurkFaria, Valcir Scortegagna, Zildo De Marchi
Diretoria: Adelmir Freitas Sciessere, Airto José Chiesa, AlbinoArthur Brendler, Alécio Lângaro Ughini, Arnildo Eckhardt, ArnoGleisner, Carlos Raimundo Calcagnotto, Celso Ladislau Kassick,Dagoberto de Oliveira Machado, Derli Neckel, Edson Luis daCunha, Eroci Alves dos Santos, Eugênio Arend, Francisco Amaral,Francisco de Paula Cantaluppi, Francisco José Franceschi,Gilberto Antônio Klein, Gilberto José Cremonese, GiseleMachado de Oliveira, Hans Georg Schreiber, Hélio Berneira,Hélio José Boeck, Henrique Gerchmann, Ibrahim Muhud AhmadMahmud, Ildoíno Pauletto, Itamar José Oliveira, Ivar AnélioUllrich, João Francisco Micelli Vieira, João Oscar Aurélio, JoarezMiguel Venço, Joel Carlos Köbe, Joel Vieira Dadda, Jorge AlbertoMacchi, Jovir Pedro Zambenedetti, Julio Roberto Lopes Martins,Lauro Fröhlich, Leonardo Ely Schreiner, Leonides Freddi, LevinoLuiz Crestani, Liones Bittencourt, Lucio Flávio Bopp Gaiger, LuisAntônio Baptistella, Luis Fernando de Mello Dalé, Luis Zampieri,Luiz Alberto Rigo, Luiz Henrique Hartmann, Marcos Rodrigues,Marice Fronchetti Guidugli, Maurício Eduardo Keller, Nelson LídioNunes, Nilton Luiz Bozzetti, Níssio Eskenazi, Olemar Antônio F.Teixeira, Pascoal Bavaresco, Paulo Roberto Käfer, Paulo RobertoKopschina, Paulo Saul Trindade de Souza, Regis Luiz Feldmann,Renzo Antonioli, Ricardo Machado Murillo, Ricardo Pedro Klein,Ricardo Tapia da Silva, Roberto Simon, Robson AthaydesMedeiros, Rodrigo Selbach da Silva, Rogério Fonseca, RudolfoJosé Mussnich, Rui Antônio dos Santos, Sergio José Abreu Neves,Sérgio Luiz Rossi, Sérgio Roberto H. Corrêa, Sírio Sandri,Susana Gladys C. Fogliatto, Valdo Dutra Alves Nunes, VilmarAlves Vieira, Walter Seewald
Conselho Editorial: Antonio Trevisan, Derly Cunha Fialho,Everton Dalla Vecchia, Flávio Roberto Sabbadini, Ivo José Zaffari,José Paulo da Rosa, Luiz Carlos Bohn, Manuel Suarez, MoacyrSchukster e Zildo De Marchi
Assessoria de Comunicação: Catiúcia Ruas, Fernanda Romagnoli,Simone Barañano, Aline Guterres e Everton Ataídes.Juliana Maiesky (estagiária)
Produção e Execução:
Edição: Fernanda Reche (MTb 9474) e Svendla Chaves (MTb 9698)
Chefia de reportagem: Marianna Senderowicz
Reportagem: Marianna Senderowicz, Mimi Aragón, RenataGiacobone, Svendla Chaves
Colaboração: Edgar Vasques, Francine de Souza, Mariana S.Thiago,Moacyr Scliar, Valeria F. Santoro
Revisão: Flávio Dotti Cesa
Edição de Arte: Silvio Ribeiro
Tiragem: 25 mil exemplares,É permitida a reprodução de matérias, desde que citada a fonte.
Os artigos assinados não refletem, necessariamente, a opinião do veículo.
Fone: (51) 3346-1194www.tematica-rs.com.br
FecomércioSERVIÇOSBENS &
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Foco no clienteTrabalhar em segmentos de públicos específicos
tende a gerar resultados surpreendentes, desde
que o empresário esteja atento às necessidades
dos consumidores aos quais se dirige
Juventude responsávelEnsinar crianças e adolescentes a desenvolverem suas
habilidades financeiras e empreendedoras pode ser
uma excelente alternativa para o crescimento
econômico do Brasil
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Adeus, nota impressaJá está em funcionamento o projeto-piloto da Nota Fiscal
Eletrônica, que deve substituir o documento tradicional
emitido em papel por transações on-line
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34Uma tendência universalPara atingir o sucesso no ramo da moda, é
preciso adequação a algumas mudanças
exigidas pelo mercado moderno
40m ú s i c a
De volta às origensSão inúmeros os gêneros
tipicamente brasileiros, em
seus formatos originais ou
adaptados aos dias de hoje
e n t r e v i s t a
Fomentando a solidariedadeA presidente da ONG Parceiros
Voluntários, Maria Elena Johannpeter,
fala sobre os rumos do voluntariado
no Rio Grande do Sul
t r a b a l h o
Informação e acessoEmbora a informatização já esteja presente em quase todos
os processos, a população, algumas empresas e até mesmo
os governos ainda precisam de qualificação na área
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m o d a
247 p a l a v r a d o p r e s i d e n t e
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Mensagens podem ser
enviadas para o e-mail
fone (51) 3284-2143, fax (51)
3346-1194 ou para Rua
Alberto Bins, 665/11° andar –
Centro – CEP 90030-142 –
Porto Alegre/RS, com o assunto
“Revista Bens & Serviços”.
Acrescente à sua carta nome
completo, formação ou
atividade que exerce e cidade
em que reside. Por motivo de
espaço, os textos poderão
sofrer cortes.
“Em nome do MDCC-RS, agradeço o envio da revista, sempre
com assuntos atuantes e esclarecedores. Gostaria de ampliar a
matéria ‘Portas abertas’ (B&S 15), sobre a troca de produtos em
caso de defeito. Conforme o CDC, se a substituição de peças
defeituosas afetar o valor ou a qualidade do produto, ou se este
tiver caráter essencial, o consumidor pode solicitar a troca imediata, a devolução
do dinheiro ou desconto no preço, sem ter de esperar 30 dias pelo conserto.
Nosso objetivo é sempre harmonizar as relações entre fornecedor e consumidor.”
Edy Maria Mussoi
Presidente do Movimento de Donas de Casa e Consumidores do Rio Grande do Sul
“Nossa empresa ficaria imensamente lisonjeada se inserida no rol
de empresas que têm acesso à informação ética, moderna e
dinâmica que a Bens & Serviços proporciona. A revista conta com
assuntos interessantes e pertinentes ao nosso ramo de negócios.”
Carla Rosane Fonseca da Rosa
Empresária – Esteio
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ão podemos esperar que a
educação – essencial para o
desenvolvimento do Brasil –
caia do céu. Ela pode e deve come-
çar agora, inclusive dentro de casa,
por meio dos pais e familiares. Cabe
à família e, na medida do possível, à
escola apresentar nossas crianças aos
assuntos que fazem parte da vida,
pois eles serão decisivos na hora de
definir o nosso futuro como pesso-
as, sociedade e nação.
Devemos criar nossos jovens de
modo empreendedor, impedindo
que a próxima geração siga espe-
rando que alguém, seja o governo,
o pai ou o chefe, faça por ela. Nesse
contexto, a educação financeira e
tributária é fundamental para ajudar
a desenvolver pessoas mais aptas ao
planejamento de suas vidas e mais
inteligentes economicamente. Quan-
to antes aprendermos a diferença en-
tre o querer e o precisar, entre o de-
ver e o poder e entre o previsto e o
surpreendente, mais prováveis as
chances de nos tornarmos uma so-
ciedade economicamente sustentá-
vel. Quem lida bem com o dinheiro consegue ter uma ro-
tina mais saudável e evoluída, o que, por sua vez, contribui
para uma economia estável e de oportunidades. Da mesma
forma, aqueles que sempre foram estimulados a pensar e a
superar desafios tendem a ir além do que se espera.
Nossa cultura não está acostumada ao fazer, e sim ao
pedir e ao reclamar. Falta aprendermos a ter criatividade e
capacidade de planejar e administrar nossas vidas, o que
deve ser iniciado desde cedo se visamos ao sucesso finan-
ceiro, profissional, familiar ou emocional. É preciso que
trabalhemos em nossos jovens o senso de responsabilida-
de, para, a partir daí, colhermos uma postura empreende-
dora não apenas para abrir empresas, mas para aceitar de-
safios e fazer deles a melhor escolha. O Brasil precisa de
cidadãos que tenham responsabilidade e habilidade para
gerar e potencializar recursos, o que só se consegue com
treino, força de vontade e, claro, incentivo. Chega de es-
perarmos por algo que nem sabemos o que é. Está na hora
da atitude como diferencial.
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Flávio Roberto Sabbadini
Presidente do Sistema Fecomércio-RS
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E d g a r V a s q u e s
Senac rumo ao PanJá podem ser conferidos, na RBS TV, os novos
comerciais do Senac-RS. A entidade, patrocina-
dora do projeto Rumo ao Pan 2007, terá desta-
que na divulgação de informações sobre o even-
to. A parceria resultará em aparições no ar entre
julho deste ano e março de 2007, via comerciais,
vinhetas e na cobertu-
ra de eventos relacio-
nados. Para a coorde-
nadora de marketing
da entidade, Cláudia
Beretta, esta oportuni-
dade trará mais visibi-
lidade à instituição.
Câmara homenageia entidadesOs 60 anos da Con-
federação Nacional
do Comércio (CNC),
do Sesc e do Senac
vêm sendo comemo-
rados em grande esti-
lo. No dia 11 de julho,
a Câmara dos Depu-
tados realizou sessão solene, em referência ao aniversário das
entidades, reunindo alguns de seus representantes em todo o
Brasil, parlamentares e público. Na ocasião, foi ressaltada a im-
portância das instituições no desenvolvimento do país.
O diretor regional do Sesc-RS, Everton Dalla Vecchia, estava
presente à sessão. Além do evento, estão sendo promovidas uma
mostra sobre a história das entidades e apresentações de projetos.
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Dia do Comerciante mobiliza estado
Senac-RS chega a IjuíNo dia 7 de julho, o Senac-RS apresentou à co-
munidade de Ijuí sua nova sede (rua 24 de Feve-
reiro, 315). Com um investimento de R$ 600 mil,
a escola passa a ter capacidade para atender 600
alunos por dia, com cursos nas áreas de Informá-
tica, Saúde, Gestão e Comércio.
As novas instalações contam com oito salas de
aula, dois laboratórios de informática, uma biblio-
teca e um ambiente especial para cursos de Mas-
soterapia, além de uma área de convivência. A
idéia é atender melhor os 40 municípios da re-
gião que utilizam os serviços da entidade.
O Dia do Comerciante, comemora-
do em 16 de julho, rendeu celebra-
ções por todo o estado. Em Santa
Rosa, o Sindilojas local promoveu, no
dia 17, uma transmissão especial pela
Rádio Noroeste que contou com en-
trevistas de empresários, lideranças e
autoridades locais. Após o término do
programa, foi realizado um almoço de
confraternização na unidade do Sesc
(foto). A comemoração se estendeu até
o dia 25, quando ocorreu o Jantar do
Varejo, com a entrega dos troféus aos
destaques empresariais.
Em Cachoeira do Sul, houve entrega
dos prêmios Troféu Mercador 2006,
Personalidades Sindilojas e Sindilojas
Entidade, além da nona edição do Jan-
tar do Comerciante, que foi realizada
no dia 14. O diretor regional do Sesc-
RS, Everton Dalla Vecchia, e o dire-
tor-superintendente do Sebrae-RS,
Derly Fialho, receberam o Troféu Per-
sonalidades 2006.
Já em Gravataí, o Sindilojas do muni-
cípio realizou, no dia 29, um jantar
baile. O evento, ocorrido no Paladi-
no Tênis Clube, teve a animação de
uma banda e sorteio de brindes para
os convidados.
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Feira do EmpreendedorEntre os dias 31 de
agosto e 3 de setem-
bro, ocorre, na sede da
Fiergs, em Porto Ale-
gre, a Feira do Empre-
endedor. Durante os
quatro dias do evento,
110 expositores estarão reunidos no local, apresentando as
novidades nos setores de maquinário, licenciamento de mar-
cas e franquias. Também haverá palestras e encontros que abor-
darão temas relacionados a abertura e manutenção de uma
empresa, incluindo motivação, qualidade, fluxo de caixa e no-
ções de comércio exterior.
A feira é uma iniciativa do Sebrae-RS e tem apoio do Banco
do Brasil e do Banco de Alimentos. O Senac-RS também es-
tará presente, com oficinas e de um estande institucional. O
ingresso será um quilo de alimento não-perecível, que pode-
rá ser adquirido no local. A programação completa está dis-
ponível no site www.sebrae-rs.com.br/feiradoempreendedor.
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Fecomércio-RS eprêmio de gestãoEm parceria com a Associação dos Diá-
rios do Interior do Rio Grande do Sul
(Adi), a Fecomércio-RS está promovendo
o IV Prêmio de Excelência em Gestão.
Criada para destacar ações inovadoras de-
senvolvidas por empresas jornalísticas e
seus colaboradores, a premiação tem como
tema neste ano Responsabilidade Social e
Cidadania. Segundo a presidente da ADI,
Maria Luiza Szulczewski, o número de con-
correntes aumentou 100% em relação ao ano
passado. A categoria Gestão de Processos
premiará iniciativas voltadas a gerencia-
mento e otimização de processos das em-
presas jornalísticas ou ações mercadológi-
cas que apresentaram melhorias ou resulta-
dos. As inscrições estão abertas. Outras in-
formações pelo telefone (51) 3224-0578.
Mostra histórica de violões
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Fórum de Gestão Públicaorganiza nova ediçãoCriado para ajudar administradores municipais a qualificar suas
performances, melhorando suas ações, o Fórum Permanente de
Gestão Pública já está preparando sua terceira edição. Ela deve
acontecer no dia 28 de novembro, no Centro de Eventos do Pla-
za São Rafael, em Porto Alegre. A organização ainda está fechan-
do o programa, que, no ano passado, teve como tema Desenvolven-
do competências por um município empreendedor, e contou com a partici-
pação do jornalista Arnaldo Jabor e de especialistas do assunto.
O Fórum tem apoio do Sistema Fecomércio-RS, do Sebrae-
RS, da Famurs e do Programa Qualidade RS. Outras informa-
ções sobre programação e também sobre ações do Fórum po-
dem ser obtidas através do site www.gestaopublica-rs.com.br
ou pelo telefone (51) 3216-5006.
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Até meados de agosto, os gaúchos
poderão conferir a história do vio-
lão na Mostra de Instrumentos Musicais
– A História do Violão. A exposição, que
já passou por Porto Alegre e Monte-
negro, apresenta 24 instrumentos his-
tóricos, réplicas de acervos particu-
lares da França, Alemanha, Espanha,
Áustria, Inglaterra, Itália, Estados
Unidos e Brasil. As peças abrangem
um período que vai da Idade Média
ao século XIX.
A mostra, que é itinerante, estará em
Santo Ângelo entre os dias 1º e 6 de
agosto, e na cidade de Uruguaiana, de
9 a 15 do mesmo mês, sempre nas
unidades do Sesc de cada município.
Depois, segue para Santa Catarina.
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ProfissõesregulamentadasA regulamentação de profissões se-
gue em pauta na Câmara Federal,
onde dezenas de projetos propõem
a definição de requisitos e padrões a
serem cumpridos pelos profissionais
de determinadas categorias.
Duas profissões ainda sem regula-
mentação são o alvo de recentes pro-
jetos de lei na Câmara. O PL 6826/
06, dirigido aos cabeleireiros, define
atribuições privativas de quem atua
no setor. De acordo com a proposta
do texto, somente quem tem forma-
ção e treinamento específicos pode-
ria exercer a profissão, com exceção
dos trabalhadores que estejam, com-
provadamente, atuando há mais de
um ano no segmento, os quais fica-
riam resguardados.
Já o PL 6815/06 regulamenta a pro-
fissão de mototaxista, definido, no
projeto, como o profissional condu-
tor de passageiros e entregador de
mercadorias por meio de motocicle-
tas. O texto sugere que o exercício
da profissão fique condicionado a
uma autorização oficial. Ambas as
propostas serão analisadas em cará-
ter conclusivo por duas comissões:
de Trabalho, de Administração e Ser-
viço Público e de Constituição e Jus-
tiça e de Cidadania.
Distinção em marketing e vendasA Associação dos Dirigentes de Marketing e Vendas do
Rio Grande do Sul (ADVB) acaba de lançar a 24ª edição
do seu Top de Marketing. Novos critérios foram adicio-
nados à avaliação dos cases por segmentação, como com-
plexidade do cenário, resultados obtidos e qualidade da
estratégia utilizada. Também ocorrerá a eleição da Perso-
nalidade de Marketing e Vendas, que passa a ter votação
popular pelo site da entidade. As inscrições e o regulamento podem ser aces-
sados em www.advb.com.br. No dia 25 de julho, a entidade retomou suas reu-
niões-almoço, o Cardápio de Negócios, com palestra do presidente do Con-
selho Nacional de Propaganda, Hiran Castello Branco (foto).
Maturidade Ativa em doisnovos municípiosDesenvolvido pelo Sesc-RS, o projeto Maturidade Ativa acaba de chegar a
mais duas cidades gaúchas. Agora, Camaquã e Farroupilha contam com o clu-
be, totalizando 24 municípios integrantes do projeto. As ações com a terceira
idade iniciaram-se no Rio Grande do Sul durante a década de 80, quando começa-
ram a ser realizadas atividades
como passeios, bailes, palestras e
reuniões. Hoje, o Maturidade Ati-
va também promove eventos cul-
turais e viagens de turismo na bus-
ca pela qualidade de vida das pes-
soas com mais de 50 anos.
Congresso sobre gestão de pessoasEntre 22 e 25 de agosto, a Transamérica Expo Center, em São Paulo, irá
abrigar o maior evento do setor de gestão de pessoas do país. O 32º Co-
narh, promovido pelo Sistema Nacional ABRH, trará palestras, salas de
discussão e uma exposição que congrega oportunidades, tecnologias e ino-
vações na gestão de recursos humanos, a Expo ABRH. Entre os palestrantes
estarão o ex-ministro Rubens Ricupero e a proprietária do Magazine Lui-
za, Luiza Helena Trajano. As inscrições podem ser efetuadas até dia 18 de
agosto. Outras informações pelo site www.conarh.com.br.
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o final da década de 80, a integração
dos mercados de consumo começou a
ganhar força, motivando alguns a de-
cretar o fim dos pequenos varejistas. Eram os
tempos do boom do marketing de massa, que
prega a ampliação do volume de consumido-
res e da participação das empresas no merca-
do a partir do deslocamento do foco estraté-
gico para o desenvolvimento do produto e sua
publicidade em grande escala. Felizmente, a
previsão não se confirmou: hoje, diante de um
consumidor bem mais exigente e sofisticado,
que tem à disposição uma enorme gama de
opções, tal filosofia dá mostras de que está
perdendo fôlego, pelo menos nos contextos
regional e local, e cede espaço para a segmen-
tação do mercado consumidor, cujas estrelas
são o cliente e suas necessidades específicas.
“Conhecer o consumidor é a única maneira
de oferecer o que ele deseja. Por isso, a seg-
mentação por nichos desempenha um papel
Foco no
clienteN
fundamental no desenvolvimento do planejamento estra-
tégico”, avalia Marislei Ribeiro, coordenadora do curso
de Marketing de Varejo da Faculdade Senac-RS, em Pe-
lotas. Mas como identificar, estudar e satisfazer os hábi-
tos desse cliente que já não se contenta mais com a quan-
tidade e passa a privilegiar a qualidade, tanto nos produ-
tos e serviços como no atendimento? De acordo com a
professora, o primeiro passo é definir cuidadosamente o
segmento no qual a empresa atua ou pretende atuar, por-
que isso permitirá descobrir quem é seu público poten-
cial e como ele se comporta. Marislei lembra que sempre
será exigida do empreendedor a capacidade de compre-
ender seu mercado para saber atuar adequadamente nele.
Uma das ferramentas mais utilizadas nessa incursão é
o que os especialistas chamam de Análise Swot, que consis-
te no mapeamento dos ambientes externo e interno do
negócio a fim de localizar e dimensionar seus pontos for-
tes e fracos, bem como as principais oportunidades e
ameaças do mercado em questão. O processo, que serve
de lastro para o planejamento de toda e qualquer ativida-
de estratégica em empreendimentos de portes variados,
A principal
vantagem da
segmentação é a
aproximação que
ela proporciona
entre as empresas
de seu público-
alvo. Ela também
pode ser a
melhor opção
para empresas
de micro e
pequeno portes
Por Mimi Aragón
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FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS
costuma ser empregado na definição de metas de lança-
mento e aprimoramento de produtos e serviços. Tudo para
não cair na armadilha de selecionar um mercado desfavo-
rável e perder as melhores chances de venda, crescimento e
lucratividade. O mecanismo, que possibilita ao varejista con-
siderar uma série de alternativas de ação, permite que ele
ofereça um mix diferente de mercadorias ou estabeleça pre-
ços competitivos a produtos e serviços, de maneira a atrair
e fixar determinados segmentos de consumidores.
De olho no consumidorPara identificar o nicho ideal é necessário verificar suas
peculiaridades. Como ele, por definição, representa um
mercado consumidor cujas necessidades não estão sendo
integralmente satisfeitas pelas empresas em operação, a
concorrência deve ser praticamente inexistente, a ponto
de revelar um grande potencial de expansão e lucros. O
segredo, segundo Marislei, é estudar a fundo o poder de
compra, as preferências e os hábitos de consumo do pú-
blico que se pretende atender e cativar. Conforme a es-
pecialista, a opção pelo melhor território de atuação de-
pende basicamente dessa observação e, também, do pro-
duto a ser lançado, que tanto pode ser definido em função
de atributos como idade (fraldas para idosos, por exemplo)
ou demandas específicas (como artigos para diabéticos).
Por outro lado, não se pode esquecer de estudar as
variáveis geográficas, demográficas e psicográficas do
público-alvo, pois somente elas podem fornecer indica-
dores precisos da localização, da distribuição e do com-
portamento de consumo dos clientes. Quem quiser seg-
mentar uma área de atuação precisa ter sempre à mão,
portanto, dados confiáveis sobre faixa etária, sexo, esta-
do civil, estrutura familiar, moradia, escolaridade, profis-
são, renda e lazer dos consumidores, além, é claro, de
informações sobre suas necessidades e expectativas. De-
pois de dominado esse manancial de referências é que surge
o sinal verde para que o pequeno varejista possa planejar e
executar os demais aspectos do negócio, como estrutura
física, fornecedores, atendimento e ações de divulgação.
Ainda que a aplicação de alguns procedimentos de-
penda de acompanhamento especializado, Marislei explica
que a segmentação de mercado é uma estratégia acessível
a todo empreendedor interessado em estrei-
tar laços com o consumidor para assegurar a
longevidade dessa relação. “Um movimento
nesse sentido deve estar sintonizado com os
objetivos, a filosofia e as políticas da empre-
sa. Se houver uma missão e metas bem defi-
nidas, todo negócio pode contar com um pla-
no de segmentação eficiente”, conclui.
Sofisticação no bairroQuando abriu a Sabra em Porto Alegre, o
imigrante polonês Mordehai Brodacz não
imaginava que a delicatessen especializada em
produtos europeus e israelenses viraria uma
das mais tradicionais lojas do bairro Bom Fim.
O engenheiro não previa também que, mes-
mo que quisesse apenas atender a um pedido
de sua segunda esposa, que reclamava de fi-
car em casa sem trabalhar, fisgaria um nicho
de mercado sedento pelas iguarias importa-
das. Então, em 1988, elegeu um pequeno imó-
vel que mantinha na rua Fernandes Vieira e
aventurou-se no ramo do comércio.
Na época era comum estabelecimentos
daquele tipo não darem certo: com o merca-
do nacional praticamente fechado para a im-
portação, produtos finos procedentes do ex-
terior, como vinhos, carnes e conservas, eram
caros demais e consumidos por poucos.
Precavido e decidido a correr o mínimo
de riscos, o novo empresário resolveu ampliarRosi Boninsegna/Fecomércio-RS
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FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS
o mix de produtos instalando uma pequena
cozinha para preparar lanches típicos de ou-
tras nações, devidamente adaptados ao pala-
dar brasileiro, e as gostosuras que ele costu-
mava consumir em suas viagens. Assim, além
das iguarias européias e da comida kosher (pre-
parada conforme preceitos judaicos), na Sa-
bra era possível saborear sanduíches de pas-
trami (carne em conserva) e arenque, varenikis
(pastéis de massa cozida) e uma considerável
variedade de salgados e doces feitos na loja.
Deu tão certo que Brodacz, atualmente
com 70 anos, nem quis o descanso da aposen-
tadoria: mal largou as réguas e os cálculos e já
foi trabalhar na loja, ajudando a atender o se-
leto – mas fiel e numeroso – público que fre-
qüenta a Sabra de segunda a sábado. “Meus
clientes são, fundamentalmente, das classes
alta e média e europeus ou descendentes que vivem aqui.
Muitos filhos dos primeiros fregueses também vêm co-
mer e comprar”, conta o comerciante.
Para agradar ainda mais a seu exigente público, o po-
lonês passou a oferecer também outras opções, como as
cestas de produtos para ocasiões especiais, e comodida-
des como telentrega para a cidade inteira. “Atendo pedi-
dos de todas as regiões de Porto Alegre. Neste ramo, nin-
guém sobrevive sem oferecer um serviço assim”, afirma.
Além dele e da esposa, trabalham na Sabra três fun-
cionários (um no balcão e os demais na cozinha). Bro-
dacz explica que prefere investir no atendimento e na pro-
dução a fazer marketing. “A qualidade do que produzi-
mos e vendemos é a melhor propaganda da loja”, justi-
fica. O empresário não revela o faturamento do negócio.
Rindo, ele só deixa escapar que é o suficiente para sus-
tentar o padrão de vida do casal e manter a Sabra sempre
aberta ao sofisticado paladar da clientela. Há 18 anos.
opinião
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crise no nosso Estado não é novidade.
É necessário analisar, no entanto, as suas
reais causas, a fim de superar a crise eco-
nômico-financeira que o assola e que tem sido
objeto de estudos e discussões.
A reforma tributária, que englo-
ba diversos aspectos, tais como a
evidente majoração da carga tribu-
tária, tornou-se um verdadeiro
entrave às exportações gaúchas.
O Decreto nº 43.533, de 2004, res-
tringiu o uso dos créditos de ICMS
decorrentes da aquisição de insu-
mos para produtos destinados ao
comércio internacional. Isso, aliado à crescen-
te valorização do real frente ao dólar, torna os
produtos das empresas gaúchas menos com-
petitivos no mercado internacional. Dado
interessante foi a diminuição de, aproximada-
mente, 18% das exportações, medidas em re-
ais, no primeiro quadrimestre, comparada
ao mesmo período de 2005.
De outro lado, não significa dizer que o
governo esteja indiferente na busca de solu-
A
* Advogada e pesquisadora de Direito Internacional
ções para as dificuldades que o Estado tem enfrenta-
do para honrar seus compromissos. Contudo, um enor-
me problema foi criado para os exportadores: o aumen-
to nos seus custos devido ao ajuste fiscal.
Não querendo comparar, mas vamos olhar o que
acontece na China, destino de muitas empresas que
operavam no Brasil e em nosso Estado. Lá os empre-
sários têm grande apoio do governo, especialmente
na política tributária sendo con-
siderado parceiro das empresas.
Não adianta apenas falarmos que
tudo o que acontece com o Rio
Grande do Sul é resultado da não-
observância, pelo governo fede-
ral, da Lei Kandir. É claro que isso
pesa, porém não é tudo.
Ainda é importante lembrar
que abordamos apenas uma das
questões já levantadas na agenda mínima para a gover-
nabilidade proposta por vários órgãos do setor pro-
dutivo. No entanto, o trabalho não fica nisto: passa
ainda por uma reforma estrutural, pela criação de um
ambiente regulatório que atraia investimentos de longa
duração no setor produtivo e, em especial, por uma refor-
ma política e de gestão. Só a partir disso é que podere-
mos acreditar na construção de um novo Rio Grande.
Entraves ao desenvolvimento
do Rio GrandeValeria F. Santoro*
Dan
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Um enorme problema
foi criado para os
exportadores: o
aumento nos custos
devido ao ajuste fiscal
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Maria Elena Johannpeter
Apesar de não falar em política, Maria Elena Johannpeter deveria ser exemplo para
grande parte dos governantes e candidatos brasileiros. Presidente da Parceiros Voluntários
há quase dez anos, a idealizadora da ONG conseguiu instituir e solidificar a cultura do
voluntariado no estado, provando que todos podem contribuir para uma sociedade mais
harmônica e para o desenvolvimento social.
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en t r e v i s t a
B & S O que é voluntariado organizado? Qual a
diferença entre este e o voluntarismo?
M a r i a E l e n a A Parceiros Voluntários não inventou o
voluntariado, que existe no Brasil há 506 anos. O que a
ONG vem trabalhando é a necessidade das organiza-
ções sociais ou de projetos sociais que existem e do que
precisam enquanto recursos humanos voluntários. O foco
não está em cima do que a pessoa quer fazer, quando,
como e onde quer fazer, porque isso seria um volunta-
rismo. O foco passa para projetos ou organizações já exis-
tentes e que se sirvam desse recurso humano voluntário.
Trata-se de um voluntariado comprometido com respon-
sabilidade e que procura resultados para determinada or-
ganização e projeto para o qual o voluntário se encaixa.
Essa é a diferença: no voluntarismo existe uma vontade
e ele é trabalhado em cima do desejo da pessoa, corren-
do o risco de um descompromisso com a causa. Já o vo-
luntariado organizado é o inverso: compromisso com a
causa, com o projeto e com os resultados.
B & S Como surgiu a idéia de criar uma ONG como
a Parceiros?
M a r i a E l e n a Foi em meados de 96, quando
tínhamos um outro projeto chamado Funda-
ção Criança. O presidente da Federasul da
época, Mauro Knijnick, trouxe a idéia de cri-
ar um departamento que a federação ainda
não tinha. Ele me convidou para ser diretora
desse setor, que se chamaria Departamento
do Desenvolvimento Social, e eu trouxe a
idéia, que acabei ampliando. A Fundação Cri-
ança trabalharia com um voluntariado para or-
ganizações que cuidassem de crianças de zero
a seis anos, mas foi ampliada para atuar no
desenvolvimento de uma cultura do volunta-
riado que atingiria todas as organizações, além
de permitir que as pessoas pudessem esco-
lher com que público gostariam de lidar e que
ações gostariam de realizar como voluntários.
B & S Mais de um terço dos voluntários
da Parceiros são jovens. Qual o segredo
para motivá-los?
M a r i a E l e n a Não existe segredo, existe
respeito pelo jovem. Não dizemos ao jovem
o que ele deve fazer, apenas sugerimos três
trilhas (educação pela paz, meio ambiente e
Fomentando a
solidariedade
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cultura, cujo regulamento está no site
www.parceirosvoluntarios.org.br) e ele esco-
lhe que ação quer realizar. Para isso, ele faz
um diagnóstico prévio na sua cidade, através
de uma tribo com seus amigos ou colegas, e
elege uma das trilhas para seguir, deter-
minando também as ações que vão ser pro-
movidas. Se quiserem dizer que isso é um se-
gredo, então é esse: saber que o jovem é pre-
sente, e não apenas futuro, e que ele é solu-
ção, e não problema. Isso chama qualquer
pessoa para a causa.
B & S A senhora já declarou que as pes-
soas não devem ficar esperando por go-
vernos, igrejas ou empresas para mudar
a situação do país. Como fazer para tirá-
las da passividade?
M a r i a E l e n a Acho que o brasileiro em geral é muito
solidário, sendo que o voluntariado é um passo além dessa
solidariedade. De qualquer forma, falemos sobre os gaú-
chos em especial, porque o comprometimento da Par-
ceiros Voluntários é com o Rio Grande do Sul... Quan-
do se trabalham conceitos com a comunidade e quando
a organização tem uma proposta séria, sem segundas in-
tenções, as pessoas aderem. É preciso trabalhar a cultura
do voluntariado visando a uma qualidade de vida para
todos da comunidade. Quase todas as pessoas que che-
gam à Parceiros – e eu diria 99% delas – trazem a frase
“eu sempre quis fazer mas não sabia como”, e a Parcei-
ros Voluntários, nesses anos em que vem trabalhando,
conseguiu colocar em evidência a vontade delas e orien-
tar as organizações sociais que necessitam de recursos
humanos voluntários. Essas organizações entenderam
a proposta e aceitaram os recursos oferecidos pela
comunidade, que são o conhecimento, a articulação
e as propostas. Essa disponibilidade foi entendida e
acolhida pelas organizações sociais, que trabalham mui-
to bem com os voluntários.
B & S Como está o comprometimento das empre-
sas com as atividades sociais?
M a r i a E l e n a Responsabilidade social nas empresas é
um assunto novo, assim como o envolvimento da comu-
nidade em um terceiro setor mais forte. Isso começou
há 14 anos, na Eco 92. Até ali não existia nem o nome
terceiro setor, eram apenas pessoas ajudando outras.
A partir dessa data, então, as pessoas começaram a se
organizar e constituir-se juridicamente trabalhando por
causas. Passou a se trabalhar não mais de forma isolada,
aumentando o engajamento das pessoas a causas, e não
“Se quiserem dizer que existe um segredo, é esse:
saber que o jovem é presente, e não apenas futuro,
e que ele é solução, e não problema.”
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en t r e v i s t a
apenas conforme sua vontade e interesse. Nesse senti-
do, vieram também as empresas e, como toda a comuni-
dade, elas estão aderindo paulatinamente. Posso dizer
que elas estão bem.
B & S Qual o papel do segundo setor na responsa-
bilidade social?
M a r i a E l e n a Existem três tipos de empresas: as doa-
doras, que são o maior grupo e não se envolvem com a
causa, as patrocinadoras, que analisam o projeto e a cau-
sa para, só depois, efetivarem o patrocínio, e o terceiro
grupo, que deverá ser o mais forte no futuro por ser o
que mais traz transformação de realidade. Essas últimas
são verdadeiras empreendedoras sociais, que sentam com
as organizações sociais e constroem juntas os projetos.
A empreendedora social traz para o terceiro setor toda a
sua experiência de gestão e liderança e, com isso, ajuda a
desenvolver nele uma cabeça empresarial. Mas isso é uma
coisa que tem que ser trabalhada e não é de uma década
para outra que vai acontecer. O papel do segundo setor
continua sendo o de maior empregador e único agente
que pode disponibilizar e criar empregos, podendo ge-
rar um retorno do capital investido. Paralelo a isso, o
próprio mercado e a globalização estão exigindo das
empresas que elas se abram mais e se envolvam com a
comunidade, até porque as certificações, externas ou
internas, nacionais ou internacionais, obrigam que o se-
gundo setor atenda todos os públicos, incluindo a co-
munidade. Então, por um lado elas mantêm seu papel
formal de grandes empregadoras e, por outro, aderem
mais à responsabilidade social.
B & S Outros países têm cultura de mobilização po-
pular muito mais presente do que o Brasil. No en-
tanto, pelo exemplo da sua ONG, vê-se que o Rio
Grande do Sul está mais aberto a este tipo de com-
portamento. Como a senhora avalia isso?
“Quando se trabalham conceitos com a
comunidade e a organização tem uma proposta
séria, as pessoas aderem.”
M a r i a E l e n a O Brasil, assim como um todo,
está trabalhando fortemente e tem ótimos
centros de voluntariado, como em São Paulo,
no Rio de Janeiro, em Curitiba e em Belo
Horizonte. Acho que o brasileiro é muito so-
lidário, só que tem que passar da solidarieda-
de para o voluntariado. A solidariedade é mais
vista quando nos engajamos em campanhas
arrecadatórias, mas enquanto se está partici-
pando somente desse tipo de ação não
se está colocando à disposição da comunida-
de coisas que são mais importantes e mais
caras, como tempo e conhecimento. Eu cos-
tumo dizer que uma doação de R$ 50 não
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equivale a uma hora que custa o mesmo va-
lor, porque a hora tem muito mais aproveita-
mento. Uma nota de R$ 50 pode ser gasta
em comida e logo acaba, enquanto uma hora
que valha isso vai passar esse conhecimento
adiante, podendo se transformar em muitas
vezes R$ 50. O dinheiro e a comida são in-
dispensáveis e em alguns momentos realmente
têm que ser dados, mas eles não são os úni-
cos e não podem ser permanentes. Tem que
ser trazido algo que mude aquela realidade, e
esse algo é o conhecimento novo. Só se con-
segue mudar uma realidade com uma solução
diferente, que é o conhecimento novo.
B & S A conquista de prêmios como o Top
Ser Humano, o Troféu Cidadania e Soli-
dariedade e a Medalha Cidade de Porto
Alegre é uma forte indicação do reconhecimento
da sociedade. Como a senhora encara isso?
M a r i a E l e n a É uma conquista da equipe da Parceiros
Voluntários, mas não apenas dela, porque quando se tra-
balha em um projeto social é a causa que é reconhecida.
A Parceiros pode ter um projeto superinteressante e bem
elaborado que, se a comunidade não aderir, não vai adi-
antar nada. Por isso, todo e qualquer reconhecimento
que a ONG venha a receber tem que ser e é vinculado à
causa do voluntariado, e todas as pessoas que tenham uma
atitude voluntária também estão sendo reconhecidas.
B & S Como a instituição se sustenta?
M a r i a E l e n a A Parceiros Voluntárias foi fundada por
empresas de entidades de classe e continua sendo man-
tida por esses fundadores e mantenedores, que contri-
buem com cotas mensais. Vale lembrar que a ONG não
é somente um centro de voluntariado que encaminha
pessoas. Ela tem um importante papel na área da educa-
ção e de capacitação. Além de contarmos com cursos
para as organizações sociais, somos uma organização mo-
bilizadora, articuladora, formadora de rede e medidora
de impacto. E cada passo desse processo tem ações mui-
to profundas.
B & S Como são medidos os impactos?
M a r i a E l e n a Na administração, qualquer ação que não
é medida ou mensurada não existe. Assim, todos os nos-
sos programas contam com indicadores qualitativos e
quantitativos, já que, para transformar a realidade e lidar
com seres humanos, não se pode acompanhar apenas de
“O próprio mercado e a globalização estão
exigindo das empresas que elas se abram mais e se
envolvam com a comunidade.”
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en t r e v i s t a
forma quantitativa. Em cada programa temos passos es-
pecíficos, objetivos, metas e indicadores, para os quais
usamos as ferramentas da Qualidade. Fazemos rodar o
PDCA para ver onde tem gargalos, e trabalhamos em
cima deles. Um dos problemas detectados, por exem-
plo, é que as empresas ficavam pouco tempo nas organi-
zações sociais, não conseguindo ter um diálogo forte e
aberto. Fomos investigar os motivos e verificamos que,
mesmo que determinada organização social precisasse
da empresa, não sabia como trabalhar com ela e vice-
versa, o que motivou a criação do curso de Capacitação
Gerencial – Desenvolvimento de Lideranças e Gestão,
com cem horas e que capacitou quase duas mil organiza-
ções em 2005. Com isso, elas ficaram alinhadas e as em-
presas conseguem trabalhar melhor, porque já existe um
vocabulário comum entre todos.
B & S Existem planos de expandir a
ONG para outros estados?
M a r i a E l e n a A visão e a missão da Parcei-
ros Voluntários são no sentido de desenvol-
ver uma cultura de voluntariado organizado
no Rio Grande do Sul. Nós temos 496 muni-
cípios no estado, e estamos presentes nos 71
maiores, que reúnem 60% da população. Mas
o futuro da Parceiros é atingir os 496 municí-
pios, fazendo um Rio Grande do Sul voluntá-
rio. Esse é nosso sonho maior.
ag
en
da
es
tra
tég
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stá chegando a hora. Até o final do mês,
os resultados do projeto O Rio Grande
Que Queremos – Agenda Estratégica RS 2006/
2020 serão apresentados à sociedade gaúcha e
aos candidatos a governador. Em julho, um
evento aparou as últimas arestas: 92 represen-
tantes discutiram sugestões para a implemen-
tação dos 90 projetos da Agenda (veja quadro),
além de começarem a definir como serão ge-
ridas as atividades até 2020. Deputados repre-
sentantes do Pacto pelo Rio Grande também esti-
E
Apenas o
começoApós quatro meses de discussão, propostas e
alianças, a sociedade gaúcha se prepara para
entregar o projeto que pretende mudar a cara
do Rio Grande nos próximos 15 anos
veram presentes no encontro, no qual foram sugeridas
maneiras de supervisionar o andamento da Agenda con-
tando com a participação de toda a sociedade por meio de
uma ONG, pela criação de uma Organização da Socieda-
de Civil de Interesse Público (Oscip) ou, ainda, pelo esta-
belecimento de um conselho administrativo.
No final de agosto, os coordenadores devem apre-
sentar a versão final do projeto em um grande evento
com as cerca de 800 pessoas que deram a largada da
Agenda, em março. Apesar da conclusão da primeira
parte, a sensação de dever cumprido não será a tônica
do grupo. A implantação dos projetos recém começou,
e as áreas de cidadania e responsabilidade social já estão
adiantadas, podendo começar a apresentar resultados até
o final do ano. Ainda há muito trabalho pela frente para
que o Rio Grande do Sul chegue a 2020 preparado para
retomar o crescimento.
Ros
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segn
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O Rio Grande que queremosOs projetos que colocarão o Rio Grande do Sul no rumo do desenvolvimento
Ambienteinstitucional eregulatório
Cidadania eresponsabilidadesocial
Desenvolvimentode mercado
Desenvolvimentoregional
Disponibilidadede recursosfinanceiros
Educação
Gestão pública
Infra-estrutura
Inovação etecnologia
Meio ambiente
Saúde
–Programa de Ações Integradas de Segurança Pública–Desburocratização do sistema de registros–Conscientização/Penalização Relativa à Pirataria e à Sonegação–Previsibilidade e Clareza das Leis e Decisões Judiciais
–Mapa do Capital Social–Projeto de Capacitação
–Fortalecimento das Cadeias produtivas (Implementação deações de fortalecimento e resolução dos problemas relativosaos elos faltantes e emergentes)
–Projeto de Inteligência Comercial Competitiva (prospecçãoestratégica de mercados, consolidação de estudos – agro,indústria e serviços)
–Redes de cooperação empresarial–Despertar para o empreendedorismo (Inserir como matéria
regular nas escolas)
–Governança regional–Capacitação das estruturas de pessoal
–Fundo Garantidor–Estímulo à Criação de Empresas de Participação/Bancode Projetos
–Educação continuada (EAD e Presencial)–Oferta e qualificação da educação profissional–Escola básica em tempo integral
–Reforma da Previdência• Regime de capitalização• Previdência complementar
–Privatização de serviços de mercado–Publicização de serviços não-exclusivos de Estado–Fixação de Teto Salarial e redução de privilégios–Transparência na Gestão Pública–Desvinculação das Receitas Orçamentárias–Implementação das PPPs–Fortalecimento da Secretaria da Fazenda–Reforma Administrativa
–Porto de Rio Grande–Aeroporto Salgado Filho–BR-116 Norte–Plano Estadual de Eficiência Energética–Geração térmica a carvão–Suprimento de Gás Natural
–Fortalecimento de uma plataforma de comunicaçãoentre os agentes públicos e privados (Fórum Estadual deCiência e Tecnologia)
–Programa Gaúcho de Inovação e Tecnologia (PGIT)–Ampliação de uma Rede / Estrutura para organizar a
demanda com a oferta no Estado (REDCOMP)
–Novo Modelo de Gestão da Secretaria Estadual deMeio Ambiente (SEMA)• Zoneamento
–Educação Ambiental
–Município Resolve (municipalização da saúde)–Ações Integradas de prevenção de doenças–Parcerias Público-Privadas com Foco na Prevenção de Doenças
–Adequação da Estrutura de Fiscalização (eficácia e eficiência)–Conscientização do Consumidor com relação à
Pirataria e à Sonegação–Tolerância Zero em Segurança Pública–Estado Como Exemplo
–Redes de Cooperação Social–Programas Estratégicos–Governo Eletrônico
–Apoio tecnológico às exportações (PROGEX)–PGQP–Capacitação empresarial em gestão e qualidade–Projetos de desenvolvimento setorial e APLs
–Ordenamento da Administração Estadual
–Estímulo às Cooperativas de Crédito Regionais–Estímulo à Previdência Privada
–Ensino médio obrigatório–Incentivar organizações a apoiarem efetivamente as
escolas em tempo integral–Articulação entre os demais segmentos
–Desoneração do ICMS da cesta básica de produtos básicos–Reforma Tributária–Municipalização da Educação Básica
–Plataforma Logística – Região POA–Duplicação da BR-392 Pelotas–Rio Grande–Hidrovia Estrela – Rio Grande–BR-386 Tabaí – Estrela–Melhoria das condições operacionais de fornecimento de
energia elétrica–BR-116 Sul Guaíba – Tapes–BR-471 Barros Cassal – Herveras–BR-290 Eldorado – Butiá–Superação de Gargalos em linhas de transmissão–PPPs para conservação da malha não concedida–Duplicação das travessias urbanas
–Despertar para a Ciência e Tecnologia (educação básica)–Plano estadual integrado de Inovação e Tecnologia
(a ser definido pelo Fórum Estadual de C&T)–Atração ativa de Grandes Players–Valorização e retenção dos talentos
–Implantação da Escola SPH (Superintendência de Portose Hidrovias - Estadual)
– Incentivo Fiscal Ambiental• Compras Verdes
–Estações Integradas de Monitoramento Ambiental– Implantação do Sistema de Recursos Hídricos SRH
–Programa Saúde Para Todos (ampliação do Programade Saúde Familiar)
–Sem saúde não há vida–Projeto Criação–Capacitação de Profissionais e Gestores de Saúde–Programa de Saneamento Básico
Programa dedesenvolvimentomunicipal sustentado
Criar sistemapermanente deacompanhamentode egressos por nívelde educação
Fim do substitutotributário
Novo Terminal doaeroporto SalgadoFilho para cargas
Incorporação dasDiretrizes, Objetivos eMetas da Agenda 21e das Metas doMilênio da ONU nosProgramas de Governo
Estímulo à Geraçãodo Conhecimento emSaúde (Pesquisa)
Projetos
Área Primeira onda (2007) Segunda onda (2008-2010) Terceira onda (2011)
d e f i n i ç õ e s
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om
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idéia do projeto é simples: implantar um
modelo nacional de documento fiscal
eletrônico que substitua a sistemática
atual de emissão da nota fiscal em papel, com
validade jurídica garantida pela assinatura digi-
tal do remetente. Trocando em miúdos, o ob-
jetivo da medida é compartilhar, em tempo
real, informações entre o Fisco estadual e os
contribuintes, garantindo maior controle da
arrecadação e reduzindo custos para os usuá-
rios do documento.
Para isso, a intenção é que se deixe de usar
a nota fiscal em papel, unificando todas as in-
A
Adeus, nota
impressa
Com o objetivo de agilizar
processos e de aumentar a
fiscalização, algumas
empresas brasileiras já estão
testando a Nota Fiscal
Eletrônica, que deve
substituir a atual emissão do
documento em papel
formações em um software capaz de transmitir pela in-
ternet à Receita todas as informações que antes eram
especificadas no documento e, na mesma hora, rece-
ber a resposta e a autorização do Fisco. Por enquanto,
a mudança, cujo projeto-piloto foi lançado em maio,
ainda está em testes, e a nota eletrônica está sendo uti-
lizada apenas em transações internas de grandes con-
tribuintes e sem validade tributária. No estado, dez or-
ganizações já aderiram ao sistema, que ainda não é obri-
gatório e que, em dois anos, deve estar consolidado.
Para Ricardo Neves Pereira, chefe adjunto da Divi-
são de Tecnologia e Informações Fiscais da Secretaria
da Fazenda do Estado (DTIF), a novidade é uma ten-
Baz
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ketin
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dência do mercado, que vem migrando cada vez mais
para transações on-line. “Os benefícios são incontestá-
veis, atingindo desde as próprias empresas até a socieda-
de de uma forma geral, que terá a segurança de lidar com
empresas sérias e confiáveis”, explica.
A primeira fase do projeto, que inclui a Nota Fiscal
Eletrônica (NF-e) e os respectivos Documentos Auxili-
ares da Nota Fiscal Eletrônica (Danfes), englobará ape-
nas os modelo 1 e 1A da nota fiscal. Assim, pelo menos
por enquanto, a economia não deve ser estendida ao
consumidor final, se restringindo aos gastos internos.
Pequenas e médias empresas só devem ser engloba-
das na segunda fase do projeto, mas, conforme Perei-
ra, vários empresários têm entrado em contato com a
Secretaria para se informar sobre a iniciativa. “De 500
empresas brasileiras contatadas, 80% demonstraram in-
teresse em aderir à tecnologia em médio ou curto pra-
zo”, assegura.
Economia na telaNa prática, a transação eletrônica elimina quase todo
o custo de papel (ainda é preciso imprimir o Danfe), oti-
miza os processos e acaba com a necessidade de arqui-
var fisicamente os documentos. O investimento estima-
do para aderir ao sistema varia entre R$ 300 mil e R$ 3
milhões, dependendo da estratégia escolhida. De qual-
quer forma, o representante da DTIF garante que é pos-
sível recuperar esse valor em poucos meses de aplicação
da tecnologia. “À medida que os programas forem se
popularizando, a aplicação será barateada”, acrescenta.
No Grupo Dimed Panvel, que faz parte do projeto-
piloto da NF-e, o custo de equipamentos e software deve
ser recuperado em um ano, mas a mudança já anima a
equipe. Para se ter uma idéia, a empresa, que emite 2%
do total de notas do estado, gastou no ano passado R$
252 mil em impressão de notas fiscais. Se a NF-e já esti-
vesse operando, este gasto teria sido de R$ 53 mil no mes-
mo período, o que significa uma economia de quase 80%.
Adaptações do mercadopesar de afetar de forma significativa a indústria
gráfica, a consolidação da Nota Fiscal Eletrôni-
ca deverá movimentar mais de R$ 700 milhões em con-
sultoria e serviços nos próximos dois anos, segundo
estimativas da Associação de e-Business do Brasil, sen-
do que cerca de R$ 600 mil serão apenas com licença
de produtos. Além disso, a mudança será um incenti-
vo para o desenvolvimento de empresas especializa-
das na área, desenvolvendo o comércio eletrônico e
impulsionando o uso de novas tecnologias . “Daqui a
pouco tempo, teremos diversos profissionais especi-
alizados nesse serviço, movimentando a economia e
tornando o produto mais acessível”, acredita Ricardo
Neves Pereira.
A
“Emitimos cerca de 400 notas fiscais por
dia e, mesmo que ainda não estejamos subs-
tituindo o papel pelo documento eletrônico
de forma efetiva, já notamos uma economia
significativa”, conta o analista de Desenvol-
vimento Corporativo do Grupo, Carlos Dot-
tori. De acordo com ele, além da redução no
uso de papel, que por si só já proporciona
corte nos gastos (hoje, a nota em papel custa
R$ 0,18, contra R$ 0,038 da versão eletrôni-
ca), a transação eletrônica elimina o gasto de
armazenar quilos de material impresso, que
hoje ocupam um prédio inteiro na empresa.
“Além disso, temos funcionários que traba-
lham exclusivamente destacando, armazenan-
do e arquivando os formulários. Com a auto-
matização, esse pessoal pode ser aproveita-
do em tarefas mais produtivas e que propor-
cionem crescimento pessoal e à empresa”,
prevê o analista.
e s p e c i a l e d u c a ç ã o
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l e
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e s p e c i a l e d u c a ç ã o
á gerações crescemos ouvindo que cui-
dar da saúde é fundamental para se ter
um bom futuro. O que os pais estão
começando a entender é que essa saú-
de vai bem além do físico, englobando
aspectos emocionais, financeiros e até
mesmo relativos ao planejamento da
família. Por isso, adiar a conversa sobre
dinheiro e negócios não é uma boa
alternativa, seja para as crianças, para os pais ou, até, para
a sociedade. Claro que não é recomendável que se fale de
juros ou de porcentagens com uma criança de cinco anos,
e sim que se acostume os filhos, em todas as idades, a
lidar com eles, ensinando que cada coisa tem seu valor e
demonstrando a diferença entre querer e precisar.
HMesada eletrônica, conta universitária,
cartão de loja, caderneta na escola. Tudo aqui-
lo que parece uma maravilha aos olhos juve-
nis pode se transformar em um grande inimi-
go na vida adulta: os problemas econômicos.
A solução? Educação. E mais: financeira.
Aprender, antes de vivenciar, que o sucesso
profissional não depende apenas de se con-
seguir um emprego também é uma forma de
estar mais preparado para a entrada na idade
adulta. Jovens que hoje sabem “fazer” e “ad-
ministrar” podem ser, no futuro, profissionais
com mais proatividade no mercado, ou mes-
mo os responsáveis pela geração de vagas de
trabalho, tão necessária para o país.
Juventude
Todos os caminhos da cidadania, do trabalho e da cultura passam pela educação.
Projetando o Brasil das próximas décadas, é fundamental dar instrumentos às crianças e
jovens para que entendam, no futuro, de finanças, economia e negócios
responsávelPor Marianna Senderowicz
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“Uma criança realmente não consegue li-
dar com dinheiro”, admite a consultora Cás-
sia D’Aquino Filocre, especialista em Educa-
ção Financeira e membro da International
Association for Citizenship, Social and Eco-
nomics Education. “O que precisa ser feito é
um ensinamento para que, no futuro, essa pes-
soa seja capaz de fazer isso.” Segundo Cássia,
tal cuidado é essencial para a boa formação
dos pequenos, que aprendem também a de-
senvolver melhor o senso de responsabilida-
de e o comprometimento, evitando compor-
tamentos compulsivos e impensados quando
mais velhos, diferentemente do que muitos
adultos demonstram.
A idéia é perceber que lidar bem com as
finanças é uma realidade possível de ser apren-
dida e que deve ser trabalhada em longo pra-
zo. Isso porque a cada geração os seres hu-
manos se dão conta mais cedo das relações
de consumo (lê-se antes dos três anos de
idade) e da necessária interdependência
entre desenvolvimento pessoal, profissional e
financeiro, mesmo que seja apenas pedindo
que lhes comprem um doce ou um brinque-
do. Assim, camuflar o assunto para não “inco-
modar” uma criança ou esperar que ela fique
maior para abordar o tema só vai fazer com
que ela siga achando que tudo pode ser obtido facilmen-
te, bastando um simples pedido. E, pior, com que ela ja-
mais aceite um não quando desejar alguma coisa, já que
argumentos como “isso é muito caro” ou “agora não te-
mos condições” não farão sentido em seu mundo. O im-
portante é ajudar as crianças a serem habilmente aptas a
perceber escolhas e conseqüências, já que gastar dinheiro
também é fazer escolhas.
Além dos benefícios para o próprio bolso, uma pes-
soa educada financeiramente desde cedo acaba contribu-
indo para a economia e para sociedade, seja com novos
empreendimentos (e, por conseqüência, mais empregos
e impostos), seja com uma atitude empreendedora no am-
biente de trabalho. “Alguém que cresceu em contato com
o dinheiro acaba se transformando em uma pessoa com
melhor poder de compra e com maior capacidade de ad-
ministrar seu patrimônio de forma planejada, gastando de
forma consciente”, prevê o consultor financeiro Cláudio
Boriola, segundo quem os adultos de hoje já pagam um
preço muito alto por não terem sido orientados financeira-
mente desde a infância. “Assim, acabará pagando menos ju-
ros e reduzindo a taxa de inadimplência no comércio.”
Escolhendo o sucessoAssim como a educação financeira, o empreendedo-
rismo deveria ser estimulado por pais, escolas e até pelos
governantes. Para Jaime Wagner, presidente da Junior
Achievement do Rio Grande do Sul, isso resolveria outro
vício da cultura e do sistema de
ensino nacional, que existem para
formar empregados e funcioná-
rios, prejudicando o desenvolvi-
mento não apenas das pessoas,
como da nação. Segundo ele, a
própria educação é um empreen-
dimento, mesmo que muitos não
encarem desta forma. “O traba-
lho de aprendizado por si só já
envolve superação e força de von-
tade, que são a alma do empre-
endedorismo e fundamentais
para a competição saudável con-
“Os adultos de
hoje já pagam um
preço muito alto
por não terem sido
orientados
financeiramente
desde a infância.”
Cláudio Boriola
Consultor financeiro
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Para a educadora Cássia D’Aquino, responsabilidade e racionalidade de-vem ser desenvolvidas desde cedo para evitar problemas na vida adulta
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Sorte dele, que percebeu logo
seu talento e, mesmo sem ter estu-
dado marketing até então, aceitou o
convite para gerir o departamento
do Núcleo de Ex-Achievers da or-
ganização (Nexa), onde continuou
se destacando até ser apresentado ao
proprietário de uma das maiores in-
dústrias de cartões comemorativos
da Argentina. “Ele me desafiou a
vender algumas unidades e, uma
hora depois, lá estava eu com o di-
nheiro”, conta Lima, que acabou vi-
rando representante da marca no Rio
Grande do Sul. Depois disso, o jo-
vem ainda passou por diversos tra-
balhos de divulgação, até – já atuando no ramo
de eventos – bater sua maior concorrente.
Mostrando que o ditado funciona, a em-
presa, que não pôde vencê-lo, convidou o ri-
val a integrar a sociedade, e hoje o antigo
achiever (como são chamados os jovens que
participam dos programas na Junior) respon-
de por 50% da Guadalajara + Choque Pro-
dutora, uma das principais promotoras de fes-
tas e formaturas de Porto Alegre. “Eu real-
mente não pensei que chegaria até aqui”, con-
fessa o empresário precoce. “Mas acho que
muito do que conquistei foi por sempre ter
sido incentivado.”
A famosa mesadaEla pode ser a mais lembrada quando se
fala em educação financeira, mas não é a úni-
ca ferramenta a ser utilizada com crianças e
adolescentes quando queremos educá-los
para administrar o seu futuro: o que deve
ser ensinado é a maneira de lidar com a eco-
nomia, e, dependendo da idade da criança,
existem muitas possibilidades.
Um exemplo eficaz é chamar a garotada a
participar do planejamento das férias. “Um
tra nossas limitações”, conceitua o empresário. Para ele,
não podemos restringir a habilidade de empreender à ca-
pacidade de abrir empresas, mesmo que essa seja a prin-
cipal característica da competência: “O desenvolvimento
pessoal também depende de uma atitude empreendedora”.
Apesar de tudo isso, a mensagem dada ao jovem ain-
da é de que empreender é uma coisa difícil, só para aque-
les que têm dinheiro. “Nada disso é verdade, porque em-
preender é ter coragem de ir atrás dos próprios sonhos,
acreditando no trabalho das outras pessoas e não desis-
tindo logo de primeira”, enfatiza Wagner. Não é apenas
o caso de formar futuros empresários, mas de desenvol-
ver uma competência fundamental para o sucesso indivi-
dual e coletivo. “Hoje o empreendedorismo é um desafio
ao crescimento pessoal de cada um, e as empresas moder-
nas precisam de um colaborador empreendedor, que crie.”
Com apenas 20 anos de idade, Vinícius Mendes Lima
conseguiu botar em prática o que Wagner tanto defende.
Reunindo um currículo de dar inveja a muito quaren-
tão, o jovem empresário iniciou sua relação profissio-
nal com o dinheiro ainda no colégio, através do pro-
grama Miniempresa da Junior Achievement, e, desde
então, não parou de crescer. “Quando eu tinha 15 anos,
fui eleito melhor vendedor do programa por ter sido res-
ponsável por 80% das vendas do que era produzido pela
miniempresa”, lembra.
Aos 20 anos de idade, o jovem Vinícius Lima tem mais experiência deempreendedorismo do que muitos quarentões
Gabriela Chamis/Divulgação
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filho pode ser encarregado de ver o preço das
passagens, enquanto outro pesquisa valor de
hotéis. Nesse sentido, a família inteira assu-
me a decisão de como desenvolver uma pou-
pança para atingir a meta de viajar no fim
do ano, talvez alugando menos DVDs ou
reduzindo os jantares em restaurantes”,
aponta Cássia D’Aquino. “Isso vira um es-
forço de todos e a criança se dá conta de
um princípio elementar em relação ao dinhei-
ro: a racionalidade.”
A confecção da lista do supermercado
também ensina. Deixar o filho responsável por
algum item, como o sabonete, ajuda a desen-
volver diversas qualidades, como poder de
decisão, capacidade comparativa, responsabi-
lidade e habilidade em se comunicar. “Esse
garotinho irá ao supermercado com uma fun-
ção definida. Ele vai saber que, se não desem-
penhar seu papel de forma correta, a casa in-
teira não vai ter sabonete para tomar banho”,
afirma a especialista, lembrando que a criança passa a en-
tender que as compras não são um ato aleatório e que
foram previamente analisadas em casa.
Bernardo Viterbo de Oliveira ainda não participa da
confecção da lista de compras, mas sabe que nem tudo
pode ser colocado no carrinho. Segundo sua mãe, Lizia-
ne, o garotinho de quatro anos recebe uma mesada sim-
bólica de R$ 1 com o objetivo de criar mais intimidade
com o dinheiro, hábito que já vem rendendo dividendos.
“Ele guarda as notas na carteira, e sempre tem um dinhei-
rinho para comprar o que tiver vontade. Assim, aprende
que às vezes temos que esperar um pouco para conseguir
o que queremos”, conta a mãe. Mesmo ganhando tão
pouco, o gauchinho já consegue até emprestar dinheiro
para a babá quando falta alguma coisa em casa ou quando
ela precisa levá-lo de táxi à escola.
Por enquanto, apesar de ter uma poupança no banco
em seu nome, Bernardo só conhece notas de pouco valor,
até porque não compreenderia o que cada uma represen-
ta. Porém a mãe garante que ele sabe a diferença entre
cada cédula da pequena carteira. “Volta e meia ele conta
o dinheirinho e pergunta o que daria para comprar com
ele”, conta a mãe. Para Liziane, no entanto, a maior con-
quista de ter apresentado o filho ao dinheiro tão cedo é a
noção de valor que ele está adquirindo. “O Bernardo
aprendeu que algumas coisas não valem o que custam, e
por isso sempre questiona se um produto está caro antes
de pedir ou de comprar com o próprio dinheiro. Assim
eu fico mais tranqüila de saber que ele não vai comprar
nada sem pensar antes.”
Amigo ou inimigo?Que o dinheiro ajuda ninguém duvida. Mas, por in-
crível que pareça, caso seja mal administrado, ele pode
virar um verdadeiro tormento. Os jovens brasileiros
confirmam a afirmação, principalmente por correspon-
derem a 16% do total dos consumidores com nomes
nos cadastros de restrição de crédito, conforme pes-
quisa da Telecheque realizada durante o primeiro se-
mestre de 2006. “Praticamente todos os brasileiros re-
clamam que não sabem lidar com o dinheiro. Devido a
isso, a questão deve deixar de ser assunto de adulto para
Bernardo ainda não conhece notas altas, mas já demonstraentender que cada produto tem o seu valor de referência
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Trechos do livro Como criar filhos financeiramente inteligentes – desenvolvendo crianças responsáveis, generosas
e bem sucedidas, de Eileen Gallo e Jon Gallo (editora Landscape)
ser encarada como uma coisa da vida, por-
que, afinal de contas, o dinheiro faz parte da
vida”, avalia Boriola, criador de um abaixo-
assinado para instituir a educação financei-
ra nas escolas brasileiras.
Entretanto, não se pode fingir que uma
disciplina resolveria o problema, até por-
que ainda existem inúmeras prioridades
no sistema educacional do Brasil para se-
rem supridas. A sugestão é que o conteú-
do seja adaptado a matérias já existentes.
“O professor de História pode falar da
evolução do dinheiro, desde a sua cria-
ção até as mudanças de moeda. O de
Geografia, aprimorar a abordagem
analisando o desenvolvimento dos es-
tados e suas diferenças sociais e eco-
nômicas. Já o de Matemática pode en-
sinar a função do planejamento e das
despesas, além de sua influência na eco-
nomia pessoal”, sugere o consultor.
De qualquer forma, mesmo que cai-
ba à família a maior parte dessa educa-
ção, iniciativas que levem os conceitos
básicos de economia e empreendedo-
rismo para dentro da sala de aula, tais
como a da Junior Achievement, já pro-
varam ser uma saída viável e eficaz.
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pós 20 anos de ditadura militar, a
primeira eleição direta do Brasil, em
1989, contou com 24 candidatos, entre
os quais dois foram impedidos de concluir
a disputa. Pelo menos um deles se desta-
cou por peculiaridades na campanha: José
Alcides Marronzinho de Oliveira, o Mar-
ronzinho, do Partido Social Progressista.
O ex-político alcançou os lares brasilei-
ros utilizando um método incomum. Com
o objetivo de criticar o pouco espaço que
possuía na propaganda eleitoral televisio-
nada, passou a usar uma mordaça durante
todo o tempo de que dispunha. Marron-
zinho, condenado por estelionato antes
mesmo do pleito, chegou a receber
238.425 votos. Atualmente é responsável
pelo periódico evangélico “O Jornal” e as-
sumiu o codinome Jamo Little Brown. A
publicação possui circulação nacional e
discute temas políticos e religiosos.
Livre da mordaça
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Domésticos Em meados de julho, foi aprovada a
nova lei que regula as relações trabalhistas para
empregados domésticos. Com a mudança, o contra-
tante precisa ficar atento às seguintes alterações: não
se pode descontar do salário despesas com alimenta-
ção, vestuário, higiene e moradia no local da presta-
ção do serviço, itens que não possuem natureza
salarial. O período de férias aumentou de 20 para 30
dias e, além disso, as mulheres passam a contar com
estabilidade quando gestantes, desde a descoberta
da gravidez até cinco meses depois do parto.
Vendas com cartão Empresas que efetuam vendas no varejo sujeitas ao ICMS
utilizando cartão de crédito ou débito como forma de recebimento têm até 31 de julho
do ano que vem para se adaptarem à nova Instrução Normativa 53/2006, do Departa-
mento da Receita Pública Estadual. A instrução define que todas as operações do
gênero devem ser registradas em equipamento emissor do cupom fiscal do tipo ECF,
vedando “a utilização de equipamento tipo POS (Point of Sale) ou similar”. Durante o
período de adaptação, as informações eletrônicas deverão ser encaminhadas à Secretaria
da Fazenda pelas administradoras. É importante que os equipamentos emissores do
cupom fiscal sejam integrados ao sistema de cobrança do cartão e que os caixas sejam
orientados a emitir a nota mesmo que o cliente não faça questão dela, para evitar a incon-
gruência entre os dados declarados pelas empresas e pelas administradoras de cartões.
Jornada de trabalho Mesmo que os projetos tramitem
com muita lentidão durante o período eleitoral, é bom ficar
atento. Já está em avaliação na Comissão de Constituição e
Justiça do Senado Federal
a Proposta de Emenda
Constitucional (PEC) 75,
que trata da diminuição
da jornada formal de
trabalho no Brasil.
A proposta reduziria a carga horária de 44 para 40 horas
semanais, podendo ainda diminuir outras quatro, atingindo
o limite máximo de 36 horas por semana. A tramitação
pode ser acompanhada pelo site www.senado.gov.br.
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Anúncio de emprego De acordo com a Constituição
Federal e com a CLT, não se pode publicar anúncios de
emprego onde se faça referência a quesitos como sexo,
religião, idade, cor ou situação familiar. Ao divulgar uma
vaga, o empregador deve ter o cuidado de não fazer
menção a questões físicas, como boa aparência, nem
utilizar expressões que exaltem determinadas caracterís-
ticas, sob pena de ser considerado discriminatório. Caso
o concorrente em potencial se sinta ofendido ou deses-
timulado a se inscrever para a vaga, a empresa pode
acabar sendo processada.
Violência em São Paulo Uma pesquisa no sudeste do país pode servir de
alerta ao comércio do Rio Grande do Sul, que vem acompanhando cenas cada vez
mais freqüentes de assaltos e violência. A onda de ataques atribuídos ao PCC à
região metropolitana da capital paulista abalou os moradores locais de diversas
formas, inclusive no que diz respeito à economia. A conclusão é do Índice de
Confiança do Consumidor (ICC), apurado pela Fecomércio de São Paulo.
A pesquisa indica um declínio de 2,9% nos números de junho em relação a maio
deste ano, passando de 138,7 para 134, 7 pontos. A queda no ICC foi mais sentida
entre a classe média paulistana, com renda superior a dez salários mínimos.
Já os homens, geralmente mais otimistas, reagiram negativamente,
formando um índice 4,7% menor em junho.
“Recomendo o livro, que tem
conteúdo também disponível em
DVD, O poder do mito, de Joseph
Campbell, especialista da área de
mitologia que conseguiu contextua-
lizar a importância dos mitos na vida
moderna. A ‘Jornada do Herói’ foi
um sistema que ele criou para
identificar as instâncias da saga de
uma determinada personagem
dentro de uma história. Isso passou
a ser absolutamente aplicável aos
momentos de nossas próprias ‘jorna-
das de vida’. Para mim foi a última
grande descoberta, já que tenho me
dedicado a escrever roteiros para
cinema e para isso procuro descobrir
como me comunicar
com os anseios mais
profundos de cada
ser humano.”
Hique Gómez
Músico
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ec
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do
TV de plasma O que deveria ser uma conquista está
virando dor de cabeça para os consumidores brasileiros.
Isso porque eles estão brigando com o comércio varejista
e com fabricantes de televisores de plasma e LCD (cristal
líquido), já que, na hora da compra, não foram informa-
dos que a tecnologia dos aparelhos não é compatível com
o modelo analógico utilizado pelas emissoras de televisão
aberta nacionais. Assim, a imagem aparece distorcida ou
com pouca nitidez. Algumas lojas e empresas já estão in-
clusive enfrentando processos judiciais por não terem dado
o alerta aos clientes. Fique de olho!
mod a
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á duas décadas, qualquer loja com o
mínimo de infra-estrutura não tinha
dificuldades para vender seus produ-
tos, mesmo no ramo da moda. Com o tempo,
entretanto, esta realidade sofreu modificações.
“Já não basta ter uma porta para vender”, cons-
tata a consultora de moda e jornalista Iesa Ro-
drigues. Para ela, algumas mudanças, ainda que
pouco populares, podem se transformar em
lucros (confira entrevista ao lado).
“Os cuidados mais básicos que um varejista do setor
deve ter são obedecer ao calendário de moda, seguir as
tendências da estação e, principalmente, entender o seu
público-alvo”, destaca Maria Rosa Cesar Carvalho, esti-
lista e professora de História, Produção e Gestão de Moda
do Senac-RS. Ela afirma que também é importante, antes
de iniciar o negócio ou para dar uma guinada nos rumos
daquele que já existe, preocupar-se em desvendar as pe-
culiaridades da região onde está a loja, além de prestar
extrema atenção ao capital disponível para investir. Quan-
Mesmo com
as mudanças
no poder
aquisitivo
da população,
a moda ainda
permanece
como centro
da atenção dos
consumidores
Uma tendência
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moda
to à definição de público-alvo, ela é categórica: “É essen-
cial. As pessoas precisam ‘se encontrar’ para comprar os
seus produtos”. Rosa salienta que, cada vez mais, os con-
sumidores estão atrás de um estilo de vida representado
no produto. “O ponto-de-venda deve ser no mínimo
atraente. Quem vende moda tem que saber disso”, ensina.
A estilista também acredita na necessidade de surpre-
ender o consumidor, apontando que promoções fora de
época, descontos e vendedores com chapéus de Papai Noel
em época de Natal já não cumprem essa função. “Precisa-
mos de criatividade, vitrines sedutoras, eventos, e isso não
está relacionado com muito dinheiro, mas com visão e
espírito empreendedor”, afirma, sugerindo a realização
de parcerias como uma alternativa que funciona de ma-
neira surpreendente.
Da vitrine ao atendimentoOutro cuidado deve estar na compra das mercado-
rias. A estilista alerta para a atenção às proporções, pois
“estoque que não gira é dinheiro jogado fora”. Apostar
em tendências sem esquecer das particularidades do pú-
blico-alvo e da região em que se atua também precisam
estar em mente na hora da compra. “Informações sobre o
tema são acessíveis por meio de revistas especializadas,
canais fechados com programações de moda e profissio-
nais da área. Aposte naquilo que seu cliente pode e vai
comprar”, sugere a especialista, segundo a qual investir
demasiadamente em produtos que devem sair de moda
na próxima coleção e fugir da linha de preço são atitudes
que podem comprometer a venda.
Concluída essa parte do trabalho, é hora de apostar
em elementos dentro da loja para aumentar o fluxo de
clientes e, por conseqüência, os lucros. Como fazer isso?
“Faça o seu cliente experimentar! As pessoas adoram pas-
sar por testes sensoriais. Decoração,vitrine, vendedores,
produtos e até o aroma devem fazer parte da proposta
da loja”, orienta Rosa. Para ela, o importante é investir
em moda, sem pensar em vender somente produtos. Para
os muitos empresários que ainda não ousam por medo,
ela aconselha: “O seu mix de produtos não precisa ser
100% conceitual, mas uma boa dose de inspiração vai ser-
vir de âncora para os produtos que giram facilmente”.
Apostando na tendênciaPara a consultora de moda Iesa Rodrigues,
o trunfo para fazer bons negócios com moda
está na combinação entre qualificar
pessoal e estar de olho no que acontece
ao redor do mundo.
B & S A senhora afirma que, às vezes, é difícil trabalhar
com os lojistas. Por quê?
I R Alguns lojistas parecem ainda estar acomodados. O consumo
vem mudando muito, e não só porque as pessoas estão mais po-
bres. A moda ainda dita os interesses. Hoje, não é aceitável que se
tenha, por exemplo, uma vitrine com luz fria. Isso estraga a roupa
e não cria o menor clima. Se a preocupação com a vitrine é essa,
as chances de se investir em treinamento de vendedores são míni-
mas. Investir em capacitação na ponta da cadeia significa uma venda
mais focada, mais dirigida e múltipla: em vez de levar uma peça, o
consumidor pode levar o look completo.
B & S Portanto, é muito necessário apostar na qualificação.
I R Sim, e até a ponta final. O vitrinista ter uma boa formação é
fundamental, por exemplo. No entanto, são pouquíssimos os cur-
sos de formação deste profissional. Segundo pesquisas, os ho-
mens, em especial, compram pela vitrine. Não é o catálogo nem a
novela; é a vitrine que chama a atenção. A mulher também; se ela
vê um visual bem montado, fica tentada.
B&S Apresentar as tendências antes das coleções chegarem
às lojas se traduz de que forma para os pequenos negócios?
I R Um pequeno empresário do ramo da moda tem que acertar;
não pode errar. Neste caso, a intuição precisa funcionar. Mas não
porque se teve um sonho sobre roupas com estampa de rosas; a
intuição serve para traçar um caminho. Quanto mais gente co-
nhecer as tendências, mais impressionantes elas serão, e o peque-
no acreditará e apostará nisto. O objetivo é criar essas tendências
no Brasil ao mesmo tempo em que são criadas pelos estilistas in-
ternacionais. É importante que o pequeno empresário de moda
saiba que, quando lançar sua coleção, por menor que seja, ela vai
seguir padrões internacionais, valorizando o produto.
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Com 20 anos de história, recheada de aventura,
drama e muita emoção, a TV3 é uma das mais
antigas locadoras de filmes do estado. Feito que
merece um prêmio, dada a dificuldade do mercado
Os dois destemidos irmãos enfrentam algumas difi-
culdades iniciais. “Na época não havia distribuidoras no
Brasil, e as que existiam eram muito pequenas, portanto,
era um sistema de fitas ‘alternativas’. Foi difícil, porque
éramos obrigados a aceitar aquelas condições”, relem-
bra Licks. A falta de referências no segmento também
atrapalha o começo, mas não é páreo para os empreende-
dores. “A existência de locadoras de vídeo nos Estados Uni-
dos nos fez acreditar que o negócio iria se profissionalizar
com o tempo.” Com a ajuda do pai, também empresário, a
dupla encara o desafio e vira sucesso de público.
Pioneira no ramo em Porto Alegre, a TV3 passa a
operar diferentemente dos antigos cineclubes: todos os
clientes pagam pelo que alugam. Com isso, a empresa
vai se firmando e dando margem à contratação de cola-
boradores e à reforma do espaço. O crescimento e o
novo layout da loja, localizada na avenida Venâncio Ai-
res, refletem a preocupação dos empresários com a ima-
ena 1: o ano é 1986. Os irmãos Marla e
Ivar Licks resolvem que é hora de abrir
um novo negócio. Marla, 18 anos,
tem vontade de empreender, e conta com a
experiência do irmão, de 23, para auxiliá-la
na administração. “Tive uma loja de congela-
dos no mesmo ponto onde começamos, cha-
mado Beef Shop Carnes Congeladas, e tam-
bém um bar na praia durante a temporada de
férias”, comenta Ivar Licks. Assim, eles co-
meçam os preparativos para abrir uma das pri-
meiras videolocadoras do estado: a TV3.
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destinoUma família e um
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O que merece o Oscar?
O incrível instinto humano de crescimento.
Fracasso de público e de crítica:
A falta de mudanças que permitam o
desenvolvimento do Brasil.
Uma cena de final feliz:
Cidadãos conscientes e um país mais
justo e desenvolvido.
E o vencedor é...
gem. “Essa reestruturação foi importante até mesmo para
aumentar a nossa satisfação com o trabalho. Foi um mo-
mento de transição, de mudança de padrão.”
Cena 2: o fim dos dias do VHSApós a estabilização do negócio, os irmãos se prepa-
ram para uma nova aventura: o DVD. “A mudança veio na
hora certa , pois o VHS estava envelhecido”, lembra Li-
cks, afirmando que a idéia de que o mercado de locação
acabaria com a popularização dos DVDs é falsa. “Ele teve
um período de renovação com a nova mídia. Isso foi muito
bom, pois o mercado estava caindo.” Para Licks, é difícil
comparar o número de locações de VHS com o de DVD
em função dos muitos momentos que a empresa experien-
ciou. “Tivemos alguns bons e outros nem tanto. Um mo-
mento muito positivo foi há dois anos, quando VHS e
DVDs conviviam.” Atualmente 95% do acervo da empre-
sa é composto por filmes digitais que, segundo ele, mesmo
estando cada vez mais populares, não param de evoluir:
“Nos Estados Unidos, estão sendo lançados novos forma-
tos, como o HD (High Definition) e o BlueRay”.
Cena 3: forças do destinoCom a mesma garra, a empresa parte para um novo
desafio: abrir a segunda loja. Dessa vez, o imóvel é uma
construção própria a um quilômetro da matriz. “O en-
dereço foi questionado pela proximidade mas concluí-
mos que era importante, até para atender outro públi-
co”, enfatiza Licks. Operando no local há dois anos, os
empresários acreditam que a aposta deu certo. Nossos
heróis contam como é o funcionamento da empresa: “Os
finais de semana trazem o pico de movimento. Isso ocorre
devido à disponibilidade de tempo do cliente”. Nas fé-
rias, o número de locações também cresce, especialmente
em julho. “O frio e chuva aumentam a saída de filmes”,
comemora o empresário.
Mesmo comprometidos com o trabalho, os dois ir-
mãos procuram separar a vida profissional da pessoal.
Licks, que é pai de um menino de nove anos
e de uma menina de cinco, diz que as crian-
ças apenas visitam a loja. Ele e a mulher, tam-
bém empresária, pretendem incutir aos pou-
cos nos pequenos o gosto pelo empreende-
dorismo, mas acreditam que ainda é cedo.
“Meu pai sempre foi empresário. Não sei se
ele me convenceu disso, mas se o fez foi de
maneira sutil. A família da minha esposa tam-
bém é de empreendedores, e eu vou tentar
fomentar essa idéia nos meus filhos.” A op-
ção por lojas maiores, em detrimento de di-
versos pequenos estabelecimentos, revela o
cuidado com a qualidade inclusive na vida.
“Tentamos não atrapalhar a vida pessoal. Es-
tou satisfeito com o que posso oferecer para
a minha família. Dinheiro não é tudo”, avalia
o empresário. Agora, eles se adaptam à nova
rotina de administração de duas unidades, e
não têm planos de abrir outra loja tão cedo.
Para o futuro, os irmãos não pensam em pa-
rar: “Se o mercado permitir, temos fôlego para
mais 20 anos”. The End.
tra
ba
lho
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o Brasil, quando se fala em problemas
como desemprego e baixo nível de ren-
da, a primeira resposta a ser menciona-
da é educação. Democratizar o acesso ao co-
nhecimento, à informação e às novas tecno-
logias se apresenta como prioridade para o
desenvolvimento do país. Parece haver, no en-
tanto, um grande caminho a ser percorrido:
N
A hora da inclusão
digitalFazer com que a população tenha acesso e
conhecimento digital é um desafio que precisa
ser superado para que se tenha condições para
o desenvolvimento do país
além das já conhecidas falhas no sistema de ensino, a
população brasileira ainda carece de inclusão digital.
Segundo dados do Comitê Gestor da Internet no
Brasil, a partir de pesquisa realizada pelo Instituto Ip-
sos-Opinion no final do ano passado, 55% da popula-
ção brasileira nunca utilizaram um computador, e ape-
nas 16,6% possuem o equipamento em casa. No que se
refere à internet, os dados são ainda mais reveladores:
68% da população nunca utilizaram a rede. Os núme-
ros não devem ser uma grande surpresa, frente à baixa
renda média dos brasileiros. São, no entanto, preocu-
pantes para o mercado de trabalho, ainda mais quando
se analisa outra informação da pesquisa: 98,76% das
empresas utilizam computadores.
Val
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De acordo com a pesquisa, quase metade dos em-
preendimentos nacionais têm alto grau de substituição
de correio tradicional por e-mail. Rober Leal, diretor do
Senac Informática, em Porto Alegre, conta que aproxi-
madamente 80% dos alunos buscam a escola – a maior
do estado em seu segmento – tendo em vista o mercado
de trabalho: “Hoje, mesmo as pequenas empresas têm
site e vendem pela internet, em lojas virtuais. A deman-
da de profissionais na área é muito grande”.
Experiência e acesso“Hoje o frentista tem que ter conhecimento de in-
formática, porque ele vai operar com cartões magnéti-
cos e os próprios sistemas integrados das bombas de com-
bustível com o caixa da loja de conveniências”, avisa Evan-
dro Behr, diretor-técnico da Fundação Gaúcha do Traba-
lho e Assistência Social (FGTAS), órgão do governo gaú-
cho que coordena o Sistema Nacional de Empregos
(Sine) no Rio Grande do Sul. “Nas funções mais básicas
esse conhecimento ainda não é exigido, principalmente
em empresas menores. Quando o grupo é maior, siste-
mas mais complexos de comunicação entre a equipe exi-
gem que mesmo aqueles que atuam em ní-
veis mais básicos tenham essa habilidade.”
De cada cinco pessoas que procuram
o Sine gaúcho, uma consegue emprego.
“Um índice muito bom quando compara-
do a outros estados”, salienta Behr. No en-
tanto, metade das vagas oferecidas acabam
não sendo preenchidas no período de 30
dias. Por quê? “A resposta mais fácil é a
falta de qualificação. Detectamos, porém,
que a maior parte dos candidatos foi recu-
sada pela falta de experiência.”
A conclusão do Sine abre uma nova
perspectiva: diplomas não bastam para os
trabalhadores que buscam uma vaga. Para
Ariel Berti, coordenador da Formação Ini-
cial e Continuada de Trabalhadores do Se-
nac-RS, é essencial que os alunos de infor-
mática da instituição vivenciem o conhe-
cimento: “O enfoque dos nossos cursos é
na execução. A teoria é necessária e funda-
mental, mas ela deve servir para que o alu-
no possa depois efetivamente fazer algo”.
Oferecendo graduação na área, com o
curso superior de Tecnologia em Sistemas de
Informação, o Senac é um dos grandes for-
madores no que diz respeito ao mundo digi-
tal. Além das faculdades, são oferecidos os
cursos de formação e aperfeiçoamento pro-
fissional. Só no Senac Informática, são feitas
cerca de 1.400 matrículas por mês, utilizan-
do-se 30 laboratórios com mais de 300 com-
putadores. Os cursos mais procurados são de
montagem e manutenção de hardware e sof-
tware, administração de redes e desenvolvi-
mento de sites na web. Mais informações so-
bre os cursos no site www.senacrs.com.br ou
pelo fone (51) 3029-3633.
Uma longa jornadaEm pesquisa realizada pelo Instituto Ipsos-Opinion, nos meses de
agosto e setembro de 2005, para o Comitê Gestor da Internet no Brasil,
detectou-se a falta de intimidade dos brasileiros com computadores:
55% da população brasileira nunca utilizaram um computador
30% da população brasileira utilizaram um computador nos últimos 3 meses
68% da população brasileira nunca utilizaram a internet
24% da população brasileira utilizaram a internet nos últimos 3 meses
A principal atividade de quem utilizou a rede nos últimos 3 meses foi envio e
recebimento de emails (17,21%)
Quem tem habilidades na área as adquiriu principalmente em escolas de
informática (17,83%)
mú
sic
a
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música está ligada ao povo brasileiro
desde suas raízes. Antes mesmo do des-
cobrimento, os índios já celebravam fei-
tos ao som de tambores e flautas, enquanto a
colonização deu espaço à mistura entre ritmos
africanos e europeus. Apesar disso, demorou
quase 400 anos para que aparecesse um ritmo
genuinamente brasileiro.
Segundo o jornalista e músico Arthur de
Faria, o choro, ritmo que considera imortal, apa-
A
De volta às
origens Graças à mistura cultural advinda da colonização,
o Brasil é um país rico em gêneros musicais. Para
evitar que eles se percam, existem duas vias:
a popularização ou o resgate
receu por volta de 1870. “É um caso clássico de mistu-
ra entre a polca, que ficou popular no século 19 no
mundo inteiro, com um estilo diferente. Os violonistas
faziam frases musicais nas cordas graves do violão, que
eram chamadas de chorado, originando o choro.” De
lá para cá, muitas foram as correntes da música brasi-
leira, algumas das quais chamaram a atenção do mundo
inteiro, como a Bossa Nova.
Conforme Wagner Campos, assessor técnico de
música do Departamento Nacional do Sesc e coorde-
nador do projeto Sonora Brasil, ainda nos anos 40 fo-
ram registrados 463 tipos diferentes de músicas feitas
no Brasil, todos considerados genuinamente brasilei-
ros. “Os gêneros assim denominados são aqueles que
fazem parte de tradição oral, da cultura popular. São os
gêneros originários das zonas rurais e que encontram
Div
ulga
ção/
Ses
c-R
S
mús i c a
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uma grande representatividade em uma forma coletiva
de se fazer música, que passa de geração em geração”.
No Rio Grande do Sul a situação não é diferente, e
Arthur de Faria destaca uma peculiaridade: a cultura lo-
cal é metade brasileira, metade argentina. “Somos muito
influenciados pela música da Argentina por sermos um
estado de fronteira e por termos amadurecido tarde. As
cidades, que produzem cultura e editam livros, por exem-
plo, começaram a aparecer por aqui só no século 19”,
discorre, apontando que, até o final dos anos 40, prati-
camente não existia música regional. “Havia o Pezinho,
o Prenda Minha, o Boi Barroso e mais algumas.” Já Cam-
pos destaca como ritmos tradicionais gaúchos a chimarri-
ta e o fandango. “Na região fronteiriça existem manifesta-
ções que identificamos como música gaudéria. O interes-
sante nesse traço é a origem rural do gênero”, avalia.
Parou por quê?Mas por onde andam os ritmos nacionais por exce-
lência? Eles ainda estão presentes, porém diluídos em
estilos mais populares. Para uns, isso pode acarretar o
desaparecimento dos gêneros brasileiros, enquanto para
outros aproxima as pessoas da música de raiz.
Campos acredita que o público não se atenta às ori-
gens da música nacional por um preconceito de classe.
“Quem possui poder aquisitivo para consumir produtos
culturais no Brasil é a classe média, que tende a olhar
para a sua realidade urbana. Como essa produção está na
área rural, o consumidor não vê que um determinado
segmento da população pode expressar um padrão de
cultura”, acredita o pesquisador.
Outro fator seria que o público dos centros urbanos,
de modo geral, não encontra essa produção por ela não
estar na mídia. “Os meios de comunicação homoge-
neízam a produção cultural com uma série de padrões,
favorecendo um tipo de relação perversa com a cultura.”
Em compensação, para Faria estamos no caminho cer-
to, chamando a atenção daqueles que, inicialmente, nunca
se interessariam. “Como artista, sempre pen-
so sobre a minha raiz, de onde venho e o que
posso fazer musicalmente para mostrar a al-
guém de fora do Brasil que aquilo não tem ali
onde ele mora”, comenta. Ele cita nomes
como Chico Science e Nação Zumbi, de Per-
nambuco, e os gaúchos Vitor Ramil e Bebeto
Alves como músicos que, utilizando uma
linguagem regional, projetam nosso ritmo
para fora deste circuito, apresentando uma
mirada mais universal. De um jeito ou de ou-
tro, o Brasil aproveita cada vez mais a diver-
sidade de estilos musicais que possui e con-
tinua a integrar um seleto grupo de países:
aqueles que têm arte e capacidade para influ-
enciar a música mundial.
Fazendo sua partee olho na importância de divulgar a música nacio-
nal, o Sesc lançou o projeto Sonora Brasil, que tem
o objetivo de promover a produção brasileira que não
encontra espaço em grandes mídias, além de criar opor-
tunidades para grupos que se dedicam a difundir ritmos
especificamente de raiz. “Procuramos dar voz para es-
sas expressões que são brasileiras, pois apresentam tra-
ços de diversificação muito grande, além de valorizar
ao máximo a diversidade da nossa produção de hoje”, ex-
plica Wagner Campos.
O projeto, que existe há oito anos, já passou por 20
estados do Brasil. Neste ano, o tema escolhido foi Crioulo,
e trata da música que, apesar de trazer traços bem nacio-
nais, foi influenciada pelas culturas africana e ibérica.
As apresentações no Rio Grande do Sul acontecem em
agosto e outubro. Para outras informações, basta entrar
em contato com o Sesc-RS, pelo telefone (51) 3284-2064.
D
vis
ão
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on
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Marcelo S. Portugal*
xiste para alguns a percepção de que a
sociedade brasileira é racista. Essa per-
cepção parece ser derivada da ausência
de negros nas camadas de renda mais elevadas
e em postos de comando nos setores público e
privado. Esse fato, por si mesmo, não implica
necessariamente racismo, pois o
diferencial de renda entre raças
pode estar sendo causado por
outros fatores não ligados a dis-
criminação racial. Contudo, di-
ferentes trabalhos empíricos
têm mostrado que, quando se-
lecionamos uma amostra de
brancos e negros com iguais
atributos (mesma escolaridade,
mesmo grupo etário, mesma localização geo-
gráfica, etc.), os brancos recebem rendimen-
tos significativamente maiores que os negros.
Vale dizer que grupos de pessoas com vários
atributos semelhantes, mas de raça diferente,
ganham rendimentos desiguais. É esse fato
que indica a discriminação racial no mercado
de trabalho brasileiro.
Tal discriminação não pode ser percebida
no acesso à universidade pública, que é feito
pelo exame vestibular. O candidato não é iden-
tificado em termos de raça. O resultado da clas-
sificação no exame é gerado de forma totalmente merito-
crática. É fato, contudo, que os alunos de raça branca con-
seguem resultados, em média, superiores aos de raça ne-
gra. A explicação para este resultado é a baixa qualidade
do ensino público de primeiro e segundo grau no qual está
matriculada a maioria dos estudantes de raça negra.
Dessa forma, colocar cotas raciais para o acesso às uni-
versidades é uma tentativa de resolver um problema onde
ele não existe. O racismo está no mercado de trabalho, em
que brancos e negros de mesma escolaridade têm rendi-
mentos desiguais. Trata-se, portanto,
de um exemplo claro de violação de
um ditado popular comum em países
de língua inglesa, segundo o qual if it
ain’t broke don’t fix it (se não está que-
brado não conserte). Tentar conser-
tar o que não está quebrado pode que-
brar o que está funcionando. As co-
tas raciais devem reduzir a qualidade
do ensino universitário sem redução
da discriminação racial no mercado de trabalho.
Para democratizar o acesso às boas universidades pú-
blicas é fundamental consertar o que está quebrado: o
ensino básico. Duas medidas são importantes neste sen-
tido: elevar o gasto em educação pública básica, criando
escolas de turno integral para os alunos mais carentes; e
aumentar radicalmente a eficiência na gestão do gasto
público em educação, fazendo com que a remuneração
dos professores e a alocação de investimentos sejam guia-
dos por indicadores de desempenho.
Racismo, cotas e
universidade
* Consultor econômico da Fecomércio-RS
E
Tentar consertar
o que está
quebrado pode
quebrar o que está
funcionando
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Fernando Schüler*
*Consultor político da Fecomércio-RS
Ros
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onin
segn
a/Fe
com
érci
o-R
S
Pacto pelo Rio Grande é uma iniciati-
va positiva para o Estado. Mostra matu-
ridade política e uma certa capacidade
para o diálogo, inexistente em nossa elite po-
lítica até o final dos anos 90. O grande mérito
do Pacto é tornar pública a gravidade da crise
fiscal do governo gaúcho. O próximo gover-
nador irá assumir, em janeiro de 2007, com um
déficit previsto para o exer-
cício da ordem de R$ 2,3 bi-
lhões (contando-se com a
não prorrogação do aumen-
to das alíquotas do ICMS,
aprovado no final de 2004).
O Pacto explicitou o
fato de que a crise é resulta-
do da inércia de uma suces-
são de governos e de legis-
laturas, no parlamento gaúcho, e não pode ser
debitada a este ou àquele partido. Essa é a per-
cepção do eleitor, reforçada pelo fato de que
todos os grandes partidos do Estado já ocupa-
ram posições de ponta no governo gaúcho.
A pergunta que se coloca hoje é: as solu-
ções apresentadas pelo Pacto são viáveis e efi-
cientes? Considerando-se que a fixação do
teto salarial e a criação de um fundo previ-
denciário só terão conseqüências em longo
prazo, restam como deliberações de impacto efetivo
sobre a crise fiscal o congelamento das despesas dos
poderes (com aumentos limitados a 3% dos gastos com
pessoal) e a não prorrogação, para além de 31 de de-
zembro deste ano, do aumento das alíquotas do ICMS.
A primeira dessas medidas terá um impacto apenas de
médio prazo (ao longo de quatro anos), terá que ser re-
validada anualmente a cada votação da LDO e está su-
jeita a contestações judiciais. Resta a segunda, que na
prática reduz a expectativa de arrecadação do Estado,
para 2007, em cerca de R$ 700 milhões.
Isto faz do Pacto pelo Rio Grande uma iniciativa re-
volucionária: em meio a uma aguda cri-
se fiscal, decidimos cortar em 7% a ar-
recadação de ICMS do Estado. A revo-
lução esperada é gerencial e estará a car-
go do próximo governador gaúcho. Em
1996/98, foram privatizados a CRT e
dois terços da CEEE. Foram arrecada-
dos, à época, cerca de R$ 3,4 bilhões.
O recurso não foi utilizado em um pla-
no de longo prazo de correção do défi-
cit estrutural do Estado. Isto ajudou a gerar a fantasma-
goria que hoje envolve o tema das privatizações no Rio
Grande. O próximo governador terá que enfrentar estes
fantasmas, utilizar os recursos arrecadados estruturalmen-
te e, concomitantemente, realizar a revolução gerencial,
que nunca foi tentada no Estado. A alternativa? Aumen-
tar os impostos. Não tenho dúvidas sobre qual será a
escolha dos gaúchos.
O
Rio Grande
O próximo governador
irá assumir, em janeiro
de 2007, com um
déficit previsto
de R$ 2,3 bilhões
O Pacto pelo
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l e g i s l a t i v o
om o objetivo de facilitar o acesso às informações
sobre o processo de criação e aprovação da legisla-
ção brasileira, a Confederação Nacional do Comér-
cio (CNC) desenvolve o Sistema de Informações Parla-
mentares (SIP). O sistema, totalmente informatizado, fa-
cilita o acesso das federações e sindicatos ligados à CNC
às matérias em andamento no legislativo.
A iniciativa consiste em uma base de dados onde são
armazenadas informações sobre a tramitação, análise, pes-
quisa e estratégias relacionadas aos projetos de leis fede-
rais que possam influenciar o empresariado do comércio
nacional. Contém ainda detalhes do processo legislativo
e pareceres da CNC.
Além do SIP nacional, responsável pelas proposições
do Congresso Nacional, projetos experimentais estão sen-
do implantados em quatro estados-piloto: Rio Grande do
Sul, Rio de Janeiro, Roraima e Paraná. O SIP UF, ou SIP
estadual, deve ser montado a partir de dados relativos aos
projetos em tramitação nas assembléias legislativas, e cada
federação ficará responsável pelo armazenamento de in-
formações. A primeira fase estará em funcionamento no
final deste ano. A iniciativa garante que matérias de inte-
resse estadual também sejam acompanhadas pelas entida-
des do setor terciário junto aos deputados de cada região.
Pressão localIdealizado por Roberto Velloso, chefe da assessoria
legislativa da CNC, o sistema teve sua origem na própria
confederação. Em funcionamento desde 2003, atualmen-
te o SIP acompanha cerca de 8 mil projetos, sendo que,
destes 350 são prioritários. O assistente legislativo da
CNC André Luiz Azevedo garante que o SIP é um ponto
de partida: “Apenas o acompanhamento pelo
SIP não basta, ele deve ser complementado”.
O principal objetivo do sistema é proporcio-
nar aos sindicatos e federações o conhecimen-
to do andamento dos projetos de lei, para via-
bilizar a sensibilização dos políticos respon-
sáveis pelas proposições. Segundo Azevedo,
a pesquisa de campo, o contato direto com
assessores e parlamentares e a participação nas
reuniões temáticas do Legislativo represen-
tam um passo importante na busca da apro-
vação ou repúdio de determinado projeto.
Ele salienta ainda que a intervenção da
CNC se dá de forma esclarecedora. “A inter-
venção pode ocorrer, por exemplo, por meio
de encaminhamento dos pareceres ao depu-
tado ou senador que possui autoria do proje-
to ou ao que está relatando, mostrando os
benefícios ou malefícios que determinada pro-
posta pode trazer ao segmento”, assegura
Azevedo. O SIP pode ser acessado por meio
do portal da CNC (www.portalcnc.com.br).
O Sistema de
Informações
Parlamentares,
desenvolvido pela
CNC, permite o
acompanhamento
dos trabalhos
legislativos no que
se refere ao setor
terciário. A
iniciativa está
sendo estendida ao
âmbito estadual
C
De olho
nas leis
p e s q u i s a
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Volume de vendas do comércio varejista
apresenta crescimento de 4,7% no mês de maio,
indicando que o setor já pode começar a
recobrar-se das perdas recentes
enta, mas também alentadora. Assim
pode ser caracterizada a recuperação no
volume de vendas do comércio varejis-
ta gaúcho. Segundo o Índice de Vendas do
Varejo (IVV), o setor registrou em maio um
acréscimo de 4,7% em relação ao mesmo pe-
ríodo de 2005. Embora o número possa, à
Recuperação mais
expressivaprimeira vista, indicar crescimento, na verdade ele aponta
apenas que o comércio está reavendo as perdas de 2005,
quando os índices foram, quase sempre, negativos (gráfi-
cos abaixo). ”Nós tivemos um período muito ruim para a
economia do interior do estado, por isso agora os índi-
ces apontam uma recuperação mais rápida nestas regi-
ões. Na capital, o processo é mais lento”, explica o eco-
nomista Marcelo Portugal.
Elaborado a partir de convênio entre a Fundação de
Economia e Estatística (FEE), a Secretaria da Fazenda
do Estado e a Fecomércio-RS, o IVV tem como objeti-
vo avaliar a evolução das vendas do comércio varejista
do Rio Grande do Sul. Segmentado por atividades e
p e s q u i s a
L
Volume do comércio varejista segundo os índices Mensal* e Acumulado
em 12 meses** (%) – jan./2004 a mai./2006
Região metropolitana de Porto Alegre Região não metropolitana
* Comparação do desempenho em relação ao mesmo mês do ano anterior
** Comparação do desempenho acumulado nos últimos 12 meses com o desempenho dos 12 meses imediatamente anteriores
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pe s qu i s a
por regiões, o índice apresenta um pano-
rama completo do setor no estado, permi-
tindo análises regionais, microrregionais e
até mesmo municipais, no caso de 21 cida-
des gaúchas. As informações são baseadas
nas guias de recolhimento de ICMS de mais
de 67 mil empresas, conforme seu enqua-
dramento na Classificação Nacional de Ati-
vidades Econômicas.
O IVV preenche uma lacuna nos indica-
dores conjunturais existentes para o setor,
pois, além de segmentar o desempenho por
atividades, desagrega os resultados por re-
giões, totalizando 2.430 estatísticas de recei-
ta nominal e de volume de vendas do comér-
cio, que são divulgadas mensalmente, desde
junho deste ano. As diferenças entre os di-
versos pontos do estado podem ser contem-
pladas pela análise específica, e municípios e
microrregiões também ganham subsídios para
avaliar sua economia local. A íntegra dos re-
sultadosdo IVV pode ser verificada no site
www.fecomercio-rs.org.br.
Bom para vários, ruim para algunsEm maio, o índice relativo ao comércio
varejista foi impulsionado no estado pelo vo-
lume de vendas do segmento de Móveis e eletro-
domésticos, que cresceu 15,6% relativamente ao
mesmo período do ano passado. Também os
setores Artigos farmacêuticos, médico, ortopédicos,
perfumaria e cosméticos (10,6%) e Hipermercados,
supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo
(9,2%) contribuíram para o aumento do de-
sempenho. “A Copa trouxe um choque de
demanda, que esperamos ser mantido por
outros fatores como o reajuste do salário mí-
nimo e das aposentadorias e o aumento no
volume de crédito”, avalia Marcelo Portugal.
No aspecto negativo, destacaram-se as vendas de Com-
bustíveis e lubrificantes (-9,2%) e Livros, jornais, revistas e papela-
ria (-4,4%), segmentos que também sofrem, no acumu-
lado dos últimos 12 meses, as maiores perdas: -8% e
- 7,7%, respectivamente. Para o economista, a queda nos
combustíveis ainda é um reflexo da seca enfrentada pelo
estado, que amargou resultados em toda a sua economia.
O índice também confirma uma tendência nacional de
vendas fracas em 2006, conforme dados da Agência Na-
cional de Petróleo (ANP).
Portugal ressalta que maio foi o primeiro mês de 2006
que trouxe resultados positivos para o segmento de Teci-
dos, vestuário e calçados (6,7% na análise mensal): “O de-
sempenho se deve em parte à Copa do Mundo e em par-
te ao período de frio enfrentado naquele mês”. Portugal
acredita que mesmo com as temperaturas mais amenas
de 2006 a tendência de crescimento deve se manter para
o setor, graças ao lançamento de novas coleções.
Volume das vendas segundo grupos de atividade
relativo ao mesmo mês do ano anterior – 2006 (%)
Comércio Varejista (*)
1 – Combustíveis e lubrificantes
2 – Hipermercados, supermercados, produtos
alimentícios, bebidas e fumo
2.1 – Hipermercados e supermercados
3 – Tecidos, vestuário e calçados
4 – Móveis e eletrodomésticos
5 – Artigos farmacêuticos, médico, ortopédicos,
perfumaria e cosméticos
6 – Equipamentos e material para escritório,
informática e comunicação
7 – Livros, jornais, revistas e papelaria
8 – Outros artigos de uso pessoal e doméstico
Comércio Varejista Ampliado (**)
9 – Veículos, motocicletas, partes e peças
10 – Atacado e varejo de material de construção
0,3 1,9 4,7
-10,4 -2,5 -9,2
5,2 11,3 9,2
4,4 10,8 8,8
-2,6 -4,8 6,7
1,1 2,3 15,6
10,4 5,0 10,6
0,2 -13,0 -1,1
-8,2 -13,6 -4,4
4,2 -5,9 4,2
5,9 3,3 8,9
29,1 14,7 27,4
3,3 -7,6 4,8
Atividades
Fonte dos dados brutos: SEFAZ/RS.
(*) O indicador do comércio varejista é composto pelos resultados das atividades numeradas de 1 a 8.
(**) O indicador do comércio varejista é composto pelos resultados das atividades numeradas de 1 a 10.
Mensal
mar abr mai
Rio Grande do Sul
pa
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Julh
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A era das incertezas
Desvendando o economêsIniciantes, estudiosos ou curiosos da econo-
mia já têm um manual de ajuda: no livro The Eco-
nomist – Economia sem mistério, de Matthew Bishop
(Editora Publifolha, 288 páginas), eles encontra-
rão verbetes de A a Z, como um dicionário do economês.
Entre os termos abordados, estão: bens de prestígio, curva
em J, dumping, ilusão monetária, entre outros. A publicação é
editada juntamente com a obra The Economist - Negociação sem
Mistério, de Gavin Kennedy.
prólogo do livro Reimagine! – Ex-
celência nos negócios numa era de desor-
dem dá a tônica das 352 páginas da obra.
Sob o título “Estou furioso”, a apresen-
tação de Tom Peters, impressa em le-
tras pretas sobre um fundo vermelho,
provoca o leitor, avisando que este en-
contrará no livro sermões e visões que
têm como objetivo motivá-lo a sair da
arquibancada e, efetivamente, fazer algu-
ma coisa – na empresa, na carreira, na vida.
Novo negócio, novo contexto, nova
tecnologia, novo valor, novo trabalho,
novas pessoas: os títulos de todos os
capítulos da obra lembram que estamos
em um diferente momento social, em-
presarial ou mesmo geográfico. Para
Peters, os paradigmas estabelecidos
pelas (recentes) gerações passadas no
mundo corporativo já não são mais ga-
rantias para o futuro: investir em plane-
jamento e qualidade é insuficiente para
acompanhar o ritmo das transformações.
O guru norte-americano – classificado no
ano passado como um dos cinco princi-
pais pensadores do mundo dos negócios
– acredita que para adaptar-se aos novos
tempos empresas e profissionais precisam
trabalhar por meio de sistemas, com co-
operação e dinamismo, e também apren-
der a mudar. O tempo todo.
Com frases curtas, Peters metralha
centenas de informações em um ritmo
que faz lembrar os hipertextos da in-
ternet. O livro é recheado de fotos, qua-
l e i a t a m b é m
“Por acaso acredito que todas as
inovações vêm, não da pesquisa de
mercado ou de grupos de foco
criteriosamente formados, mas de
pessoas que estão P da vida. Pessoas
que simplesmente não suportam a
opacidade dos atuais relatórios
financeiros. (...) Pessoas que se deses-
peram em frustração com papeizinhos
caindo de seus hinários (e que então
seguem em frente e inventam o
lembrete adesivo Post-it Notes).”
O
Jogando para vencerHardball: jogando para valer, de Ge-
orge Stalk e Rob Lachenauer (Edi-
tora Campus/Elsevier, 192 pági-
nas), mostra ao leitor um universo
no qual os executivos se assemelham cada vez
mais a jogadores: altamente competitivos e com-
prometidos. Na obra, podem ser entendidas es-
tratégias que levaram à vitória grandes empresas
como GM, Ford e Southwest Airlines.
Tom Peters
Futura
352
Editora:
Autor:
No de páginas:
dros, citações, exemplos e frases que são
apresentadas em muitas, muitas cores e
tamanhos. “Saboreie a bagunça”, defen-
de Peters, lembrando que é preciso le-
vantar mais perguntas que respostas,
pois só quem tem coragem de dizer “Eu
não sei” é capaz de desbravar novos ca-
minhos. Reimagine! não é uma obra a ser
lida do início ao fim, na lógica de um
livro comum. É um livro de cabeceira,
para lembrar-nos, em qualquer instan-
te, que o mundo está em movimento.
Reimagine! – Excelência nos negócios
numa era de desordem
c r ô n i c a
49
Núm
ero
16 –
Ago
sto
2006
FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS
Antídoto contra a
melancolia
Por Moacyr Scliar
odemos dizer que o Brasil nasceu sob
o signo da tristeza. Descoberto e co-
lonizado por navegadores que suspira-
vam de saudade e que só queriam voltar para
sua terra, o Brasil testemunhou o extermínio
indígena e a escravidão negra. “Numa terra
radiosa vive um povo triste”: assim começa
Retrato do Brasil, a clássica obra do paulista Paulo
Prado. Mas os brasileiros reagiram a esta tris-
teza. E reagiram de várias formas. Com o fu-
tebol, por exemplo (que no entanto não foi lá
essas coisas na Copa do Mundo). E, sobretu-
do, com a música.
O samba é um exemplo. O nome vem do
angolano “semba”, que, no entanto, era um
ritmo religioso. O samba tal como o conhe-
cemos surgiu na Bahia, mas, com a transfe-
rência dos escravos para as plantações de café,
migrou para o Rio de Janeiro. Lá, ganhou no-
vos instrumentos e novos ritmos, resultantes
da síntese com outras formas musicais: o lun-
du, surgido a partir dos batuques dos escra-
vos bantos e de uma lascívia manifesta na fa-
mosa umbigada; o maxixe, que chegou até a
ser proibido como imoral; e a mais compor-
tada modinha.
O samba fez escola – aliás, a expressão
escola de samba, originária do Rio de Janeiro,
data do início do século 20. E, fazendo esco-
la, reunindo grupos de pessoas e até multidões, conquis-
tou os morros cariocas, reduto da pobreza da então ca-
pital federal. Ali, a escola de samba dava a pessoas hu-
mildes e marginalizadas um senso de legitimidade e or-
ganização que lhes devolvia um pouco da auto-estima.
O rádio, que então estava surgindo, ajudou a difundir
o samba; com o apoio de Getúlio Vargas, tornou-se pra-
ticamente a música oficial do país. Não é de admirar que
Aquarela do Brasil seja, até hoje, uma espécie de segundo
hino nacional.
A trajetória do samba foi marcada por grandes no-
mes de compositores e intérpretes: Donga, Sinhô, Noel
Rosa, Ari Barroso, Francisco Alves, Orlando Silva, Car-
men Miranda, Dorival Caymmi, Adoniran Barbosa, o nos-
so Lupicínio Rodrigues, João Gilberto, Tom Jobim, Ba-
den Powell, Vinicius, Toquinho, Cartola, Nelson Cava-
quinho, Chico Buarque, Paulinho da Viola, Martinho da
Vila, Jorge Ben, Alcione, Beth Carvalho, Clara Nu-
nes, Zeca Pagodinho... Em suas composições, em sua
voz, o Brasil reencontrou a alegria. E mostrou que é
mesmo um grande país.
P
AGENDA
50
Núm
ero
16 –
Ago
sto
2006
FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS
A g o s t o
18Jovens em Rio GrandePortal do Estudante, nos pavilhões
do Porto Velho, em Rio Grande.
Paralelamente ao evento, acontece
o Seminário de Extensão
Universitária da Região Sul. Mais
informações: (53) 3233-7979.
20MinimaratonaCircuito Sesc de Minimaratona –
Etapa Santa Maria. Mais
informações: (55) 3223-2288.
RuralInício da Expointer, no Parque
de Exposições Assis Brasil,
em Esteio. A feira contará com um
estande institucional do Sistema
Fecomércio. Mais informações: (51)
3590-3060 ou
ww.expointer.rs.gov.br.
27CompetiçãoCircuito Sesc de Minimaratona –
Etapa Santana do Livramento. Mais
informações: (55) 3242-3210.
29MaturidadeLançamento do Clube Sesc Maturi-
dade Ativa de Venâncio Aires. Mais
informações: (51) 3741-5668.
13Esporte em QuaraíOlimpíadas Comerciárias – Fase
Microrregional Quaraí, no Ginásio
Municipal da cidade. Mais informa-
ções: (55) 3422-2129.
15VarejoInício da 25ª ExpoAgas. A feira,
que vai até o dia 17 e tem a partici-
pação do Senac-RS, acontece no
Centro de Eventos da Fiergs,
em Porto Alegre (Av. Assis Brasil,
8.787). Mais informações:
www.expoagas.com.br.
EnsinoColação de grau da primeira
turma do curso Tecnólogo de
Marketing de Varejo do Senac-
RS, no auditório do Hotel Sesc
Campestre (Av. Protásio Alves,
em Porto Alegre). Mais informa-
ções: (51) 3022-1044.
26
4Turismo gaúchoInício do IV Salão Gaúcho do
Turismo, no Cais do Porto de Porto
Alegre. Mais informações:
www.salaodoturismo.rs.gov.br.
6Palco GiratórioEncerramento do Aldeia Sesc
Capilé, no Museu do
Trem de São Leopoldo (Rua
Lindolfo Collor, 61). Mais
informações: (51) 3592-2129.
11InteriorOficina Memória, na Sociedade
de Medicina de Alegrete. Mais
informações: (55) 3422-2129.
Meio AmbienteSeminário Novos Paradigmas na
Gestão Ambiental, no Sesc
Campestre. Mais informações:
(51) 3284-2066
12ComércioMix Bazaar, que contará
com um lounge do Senac-RS.
A feira vai até o dia 13,
no Centro de Eventos do
Shopping DC, em Porto Alegre.
Mais informações:
www.mixbazaar.com.br.