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  • A era Vargas

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  • Resultado da disputa pelo poder entre as

    elites de alguns estados brasileiros, a Revoluo

    de 1930 marcou o fim da Primeira Repblica.

    A Revoluo de 1930 e o Governo Provisrio

    Fim da poltica do caf-com-leite Na Primeira Repblica alternavam-se na presidncia os representantes

    dos estados de So Paulo e Minas Gerais, num arranjo poltico que ficou conhecido como poltica do caf-com-leite.

    A hegemonia de paulistas e mineiros na poltica nacional comeou a sofrer fortes presses em 1929. Alm da crescente insatisfao das elites dos outros estados que se sentiam alijadas do poder, o presidente Washington Lus, que representava So Paulo, resolveu lanar nesse ano a candidatura de um pau-lista, Jlio Prestes, quando caberia a Minas Gerais indicar seu sucessor.

    Sentindo-se excludos pela atitude de Washington Lus, mineiros e g gachos fizeram um acordo: reuniram oposies de outros estados a. ~ poltica federal e formaram a Aliana Liberal. ;; Por sua vez, a sustentao econmica do governo tambm entrou ~11~~~m~!lllii~ ~ em crise no final dos anos 1920. Devido quebra da Bolsa de Valores ~ --~iiilg de Nova York, os Estados Unidos reduziram as importaes de caf do

    '"

    Manifestao popular no incio da campanha da Aliana Liberal em frente ao Teatro Municipal, na cidade do Rio de Janeiro, em 1929.

    i Brasil, provocando a queda dos preos internacionais desse produto. z ~ Os produtores que contraram emprstimos bancrios para ampliar as

    plantaes de caf ficaram em uma situao difcil. Esses sinais demonstravam que a poltica do caf-com-leite se aproxi-

    mava do final. A partir da, os brasileiros assistiriam a uma reorganizao poltica das elites no poder.

    ro;retexto para a tomada do poder Nas eleies de 1930, a Aliana Liberal lanou as candidaturas de Get-

    lio Vargas, governador do Rio Grande do Sul, e de Joo Pessoa, governador da Paraba, aos cargos de presidente e vice-presidente do Brasil.

    O programa da Aliana Liberal defendia o incentivo ao conjunto da produo agrcola nacional e no apenas ao caf. Alm disso, apresentava leis de proteo aos trabalhadores e de incentivo indstria. O programa liberal tambm insistia na necessidade de uma reforma poltica, com a instituio do voto secreto, porque as fraudes nas eleies eram comuns na Primeira Repblica.

    Como era previsto, Jlio Prestes venceu as eleies. Por essa vitria ser considerada inevitvel, a oposio resolveu reconhecer a eleio do candidato oficial. O resultado eleitoral parecia acalmar as disputas entre as elites dos estados.

    Um acontecimento imprevisto, porm, mudou novamente o quadro poltico. Por motivos ligados poltica da Paraba, Joo Pessoa, candidato derrotado vice-presidncia, foi assassinado por um adversrio poltico local. O grupo ligado a Getlio Vargas resolveu utilizar esse fato a seu favor e ornanizou uma aco armada contra Washirn!ton Lus.

  • '. '.:-&;.; '

    A Revoluo de 1930 O movimento teve incio em Minas Gerais e no Rio Grande do Sul,

    em outubro de 1930. Rapidamente ganhou adeptos tambm nos estados do Nordeste, tornando insustentvel a situao de Washington Lus. O presidente da repblica foi obrigado a renunciar por causa da forte presso, e um grupo de militares ocupou provisoriamente a direo do governo.

    Em 3 de novembro de 1930, apoiado por setores populares e pela maioria dos participantes do movimento, Getlio Vargas tornou-se presidente, inaugu-rando wn perodo de quinze anos que ficou conhecido como era Vargas.

    O movimento que conduziu Getlio Vargas presidncia do Brasil foi tradicionalmente chamado de Revoluo de 1930, mas o uso desse conceito muito controverso entre os historiadores.

    O movimento de 1930: revoluo ou golpe? Para alguns historiadores, o movimento de 1930 foi uma revoluo,

    pois mudou profundamente o panorama socioeconmico brasileiro. Para outros autores, em 1930 ocorreu apenas um golpe de Estado, que se apresentou como revoluo para ocultar a existncia de projetos re-volucionrios em gestao no Brasil.

    Texto 1 "A Revoluo de 1930 pe fim hegemonia da burguesia do caf,

    desenlace escrito na prpria forma de insero do Brasil no sistema ca-pitalista internacional. Sem ser um produto mecnico da dependncia externa, o episdio revolucionrio expressa a necessidade de reajustar a estrutura do pas, cujo funcionamento, voltado essencialmente para um nico gnero de exportao, se torna cada vez mais precrio:'

    Texto 2

    FAUSTO, Boris. A Revoluo de 1930: historiografia e histria. 11 ed. So Paulo: Brasiliense, 1987. p. 112.

    "Como discurso do exerccio de poder, revoluo de trinta oculta o percurso das classes sociais em conflito, no apenas anulando a existncia de determinados agentes, mas, principalmente, definindo enfaticamen-te o lugar de todos os agentes sociais. [Nessa operao] sobrelevam-se apenas alguns agentes sociais ao passo que outros so de uma vez por todas suprimidos, no se tornando estranha, tanto para a tica do poder constitudo nos anos trinta como para a historiografia, a inexistncia da ao poltica dos dominados durante esse perodo histrico:'

    DECCA, Edgar Salvadori de. 1930: o silncio dos vencidos. 4. ed. So Paulo: Brasiliense, 1988. p. 75-76.

    Questes

    1. Qual ideia sobre a Revoluo de 1930 defendida pelo autor do texto 1? E o autor do texto 2, que ideia ele defende?

    2. A consagrao do termo "Revoluo de 1930" na historio-grafia refletiria qual viso sobre esse acontecimento?

    Getlio Vargas recepcionado por uma multido em Itarar, no estado de So Paulo, divisa com o Paran, em 24 de outubro de 1930.

    As iniciativas de valorizao do caf O governo, mesmo depois da

    crise de 1929, provocada pela quebra da Bolsa de Valores de Nova York, no deixou de re-presentar os interesses dos ca-feicultores paulistas. Por meio da "poltica de valorizao do caf", o governo federal no hesitava em comprar e queimar a produo quando as vendas eram baixas. A medida, inicia-da em 1931, visava manter o preo do produto no mercado internacional por meio da redu-o da oferta.

  • Glossrio Interventor Pessoa de confiana do presiden-te nomeada para o governo de cada estado.

    Cartaz convocando os paulistas a participar da Revoluo Constituciona lista de 1932.

    Meninos pau listas durante a Revoluo Constituciona lista de 1932. Apesar de

    derrotados, os paulistas se julgaram como "vencedores morais" da luta pelo

    fato de Getlio Vargas ter convocado, meses depois, a Constit uinte de 1933.

    O Governo Provisrio O Governo Provisrio, institudo aps o movimento de 1930, era

    composto por representantes das elites estaduais vitoriosas e por milita-res que apoiaram a queda de Washington Lus. Getlio Vargas procurou governar mantendo um certo equilbrio entre esses dois setores. Um dos instrumentos utilizados para isso foi a nomeao de 'nterventores nos estados, vrios deles militares. O interventor de cada estado, por sua vez, nomeava os prefeitos dos municpios.

    Boa parte da oposio a Vargas se desarticulou depois da derrota militar, e a maioria dos interventores recebeu apoio das elites locais, facilitando a consolidao do novo governo. Parecia haver, em um pri-meiro momento, uma unio poltica entre o governo federal e os estados. Nos estados em que os antigos partidos persistiam, a reao aos novos governantes nacionais comeava a ser tramada.

    A revolta dos paulistas A poltica federal de interveno despertou resistncia, principalmente

    nos estados economicamente mais ricos, como So Paulo. A elite paulista, colocada margem do poder central, lutava pelo fim

    do Governo Provisrio, por novas eleies para a presidncia da repbli-ca, pela autonomia estadual e contra o interventor nomeado por Vargas para So Paulo, que no era paulista. A mais importante exigncia do movimento era a elaborao de uma nova Constituio para o pas.

    Em 9 de julho de 1932, comeou em So Paulo uma reao militar contra o governo federal. Isolados, os paulistas esperavam contar com o apoio de Minas Gerais e do Rio Grande do Sul, o que no ocorreu.

    Apesar da enorme superioridade militar do governo federal, a guerra civil ainda durou aproximadamente trs meses. No incio de outubro, a Fora Pblica Paulista rendeu-se. Era o fim do movimento que ficou conhecido por Revoluo Constitucionalista de 1932. Embora os pau-listas tenham sido derrotados, a nomeao do paulista Armando de Sales Oliveira como interventor de So Paulo evidenciou a importncia da elite desse estado no panorama poltico e econmico do pas.

    .g ; t:

  • Um dos principais acontecimentos dessa

    fase do governo Vargas foi a promulgao da Constituio de 1934.

    L no Palcio das Aguias, charge de J. Carlos representando Getlio Vargas espalhando cascas de banana em frente ao Palcio do Catete. Revista Careta, n. 1.493, de 30 de janeiro de 1937.

    Getlio Vargas e outros polticos, no Palcio Tiradentes, no Rio de

    Janeiro, em foto de 15 de novembro de 1933, durante a instalao da

    Assembleia Nacional Constituinte.

    Entre a ditadura e o governo constitucional fussembleia Constituinte

    Aps o movimento constitucionalista de 1932, Vargas tomou uma srie de iniciativas buscando amenizar o confronto com as elites regionais que resistiam sua poltica, em especial a elite de So Paulo.

    Cedendo s presses que se iniciaram no movimento de 1932, Vargas convocou eleies para a Assembleia Nacional Constituinte, em maio de 1933. Na ocasio, vrios partidos polticos se formaram e, no ano seguinte, depois de longos debates entre os constituintes, a Constituio foi finalmente promulgada.

    A Constituio de 1934 Alm de instituir o voto secreto e extensivo mulher, a Constituio

    de 1934 apresentou muitos aspectos novos, em comparao com a Cons-tituio anterior. Veja alguns deles.

    Legislao trabalhista: proibio de diferena de salrio para um mesmo trabalho; regulamentao do trabalho das mulheres e dos menores, do descanso semanal e das frias remuneradas.

    Organizao sindical: instituio da pluralidade (permisso para organizao de mais de um sindicato por setor ou ramo de atividade) e da autonomia sindical.

    Educao: ensino primrio gratuito e obrigatrio, regulamentao do ensino religioso como facultativo nas escolas pblicas.

    Por voto indireto, a Assembleia Nacional Constituinte elegeu Getlio Vargas presidente da repblica, com mandato at maio de 1938. A partir dessa data, as eleies para presidente da repblica seriam por via direta.

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    1 FOLHA DA MANHA

    A-FEIRA, 26 DE NOVEMBRO DE 1935 CAJXA POITA.L. 1 .... EHD . TELl!lCR. "'J'OLRA.8 N. 3.583 -i Movimento subversivo em Pernambuco e no Rio 6rande do Norte ~ i

    Foi appronda pelo Conrresao a decreta~o do e1tado de sitio, por trinta diu. em lodo o lerrilorio nacional - O rovtrno ledenl enm aria e nario1 de ruern para com'baler oo ,.,beld .. -Matai acha-se em poder dos aiblnados - 01 aeclicioso1 de Recife concenlrara111-1e 111 Villa Militar de Soccorro, onde so aco11&do1 pelu loru leduaea - Reina alma no1 demaia Eatado1

    O Rio Grande do Norte agitado por um movi- DECRETADO o ESTADO DE s1Tm, PARA mento subversivo de caracter extremista ToDo 0 PAiz. POR ao mAs

    REUNE.SE O MINISTERIO -A MENSAGEM DO PRESIDENTE DA REPUBUCA 11. ttdio te" o apoio do 21: B. C. aquartelado em Natal- Foi depollo o 10>unador Raphael Fernand,. A' CAMARA DOS DEPUTADOS - APS LONGOS DEBATES, A MAIORIA

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    Represso poltica, mudanas na economia

    brasileira e conquistas dos trabalhadores

    marcaram esse perodo.

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    G8TU LI O Vl RGlS O QffilGO DQ S CRIQlCQS

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    Capa do folheto Getlio Vargas, o amigo das crianas, publicado pelo DIP em novembro de 1940. O culto personalidade uma caracterstica dos governos autoritrios.

    A ditadura do Estado Novo

    espera das eleies De acordo com a Constituio de 1934, as eleies para a presidncia

    da repblica e para o governo dos estados ocorreriam em janeiro de 1938. A campanha eleitoral j tinha se iniciado, em abril de 1937, quando o pau-lista Armando de Sales Oliveira se lanou candidato presidncia. Apoiado pelo governo, disputava o escritor paraibano Jos Amrico de Almeida.

    Getlio Vargas tinha uma postura dbia. Publicamente defendia a rea-lizao das eleies. Nos bastidores, preparava um golpe para permanecer no poder. Apoiado pelos militares, s faltava o pretexto para suspender as eleies e anunciar a continuidade do seu governo.

    O golpe que instituiu o Estado Novo O motivo alegado pelo governo de Getlio Vargas para manter-se no

    poder foi a existncia do Plano Cohen, um suposto plano comunista para a tomada do poder. Porm, tudo no passava de uma farsa: o plano foi elaborado por integralistas e aproveitado por chefes militares vinculados ao governo de Vargas.

    Em 1 O de novembro de 1937, tropas federais fecha-ram o Congresso Nacional. No mesmo dia, Getlio Vargas, em transmisso pelo rdio, infor-mou a toda a nao a institui-o do Estado Novo. Pouco tempo depois, as eleies de 1938 foram suspensas, os parti-dos polticos foram dissolvidos e os governadores dos estados novamente substitudos por interventores. Nos anos se-guintes, at 1945, o Brasil viveu sob uma ditadura comandada por Getlio Vargas.

    Getlio Vargas anuncia a implantao do Estado Novo, em 1937. Ao instituir

    a ditadura, Vargas rompeu com os integralistas e se desentendeu com

    setores liberais, organizando um estilo de governo centrado na sua figura .

  • .......... ....., g o a. O crescimento da economia brasileira ~ ~ Na poltica externa, o governo de Vargas adotou uma posio pragm-

    ~ tica, procurando ampliar as relaes comerciais com as grandes potncias .~ e tirar proveito das rivalidades entre elas. Assinou acordos de comrcio

    ~ com a Alemanha, que se tornou, na dcada de 1930, o segundo maior 2 parceiro comercial do Brasil, atrs apenas dos Estados Unidos.

    Operrio em fbrica de canos e sabres em ltajub, Minas Gerais, entre 1938 e 1945.

    CRESCIMENTO ANUAL DA AGRICULTURA E INDSTRIA NO BRASIL

    (em %)

    0% 20% 40% 60% 80%

    D Agricultura = Indstria 100%

    Fonte: D'ARAUJO, Maria Cetina. A era Vargas. 2. ed. So Paulo: Moderna, 2004. p. 52. (Coleo Polmica)

    Usina hi.dreltrica de Paulo Afonso, Bahia, em 1999. Construda pela Companhia

    Hidreltrica do So Francisco, fundada porVargas, a primeira usina do Complexo de Paulo Afonso foi inaugurada em 1954.

    Mesmo antes do incio da Segunda Guerra, o governo dos Estados Unidos adotou uma poltica de aproximao com o Brasil, interessado em ter um aliado estratgico na Amrica do Sul caso estourasse um conflito mundial. O governo brasileiro, percebendo isso, conseguiu maior crdito junto aos Estados Unidos e assinou acordos comerciais que favoreciam o pas.

    A economia brasileira tambm foi beneficiada pela Segunda Guerra Mundial. Nos primeiros anos do conflito, o preo das matrias-primas e produtos agrcolas, que eram a base das exportaes do Brasil, subiu no mercado internacional, melhorando a balana comercial brasileira. A queda na produo de artigos industrializados voltados para a ex-portao tambm estimulou o Brasil a produzir bens e mercadorias at ento importados.

    Estatizao da economia Durante o Estado Novo, a economia brasileira caracterizou-se por

    uma forte interveno estatal. Em 1938, foi criado o Conselho Nacional do Petrleo (CNP), que originalmente respondia pela administrao das jazidas de petrleo encontradas na Bahia e pelo abastecimento de combustveis no pas.

    Nos primeiros anos da dcada de 1940, foram criadas importantes companhias estatais, como a mineradora Companhia Vale do Rio Doce, encarregada de extrair e exportar minrio de ferro de Minas Gerais, e a Companhia Hidreltrica do So Francisco. Em 1941, foi instalada, com apoio dos Estados Unidos, a produtora de ao Companhia Siderrgica Nacional (CSN), em Volta Redonda, Rio de Janeiro.

    Esses setores de base foram fundamentais para o processo de desenvol-vimento industrial pelo qual o Brasil passava. Em 1940, 70% dos estabele-cimentos industriais brasileiros tinham sido criados a partir de 1930.

  • g Nacionalizao do petrleo ~>: A criao do Conselho Nacional do Petrleo, em 1938, foi a primeira

    Cl

    medida de peso para regulamentar a explorao do petrleo no pas. Esse ~ assunto despertou grandes discusses em torno da explorao e da comer- g

    1 d e d ~ eia izao essa importante e estratgica ionte e energia e matria-prima. z De um lado, estavam os nacionalistas, que desejavam que a explorao do 2 petrleo fosse feita somente por companhias brasileiras; de outro, aqueles que defendiam a abertura para as empresas estrangeiras.

    A campanha "O petroleo nosso" tomou corpo a partir de 1947, inicialmente apoiada por pequenos grupos de militares nacionalistas, jornalistas e estudantes.

    Uma das lideranas do movimento foi o escritor brasileiro Monteiro Lobato, criador do personagem Jeca Tatu, um "caipir' do Vale do Paraba, surgido no livro Urups, que se transformou em cone nacional. Lobato engajou-se na luta depois de ter retornado dos Estados Unidos, onde viveu por quatro anos. Ele acreditava que o petrleo tinha uma importncia estratgica fundamental para o desenvolvimento nacional. Por suas po-sies, Lobato foi preso duas vezes durante a ditadura Vargas.

    A linha nacionalista venceu e, em 1953, foi criada a Petrobras, empresa estatal que tinha o monoplio sobre as atividades petrolferas, menos sobre a distribuio dos derivados de petrleo, em todo o territrio nacional.

    O fim do monoplio da Petrobras Em junho de 1995, a Cmara dos Deputados aprovou a quebra do mo-

    noplio da Petrobras nas atividades ligadas ao petrleo. Dois anos depois, em 1997, a Lei do Petrleo aboliu definitivamente a exclusividade que a estatal detinha desde 1953 e criou a Agncia Nacional do Petrleo (ANP) para regular o setor petrolfero.

    A mudana enfrentou a oposio de setores nacionalistas e foi defendi-da por aqueles que acreditavam que a quebra do monoplio traria muitas empresas estrangeiras para concorrer com a Petrobras.

    O balano da quebra do monoplio da Petrobras bastante positivo para a empresa. A Petrobras se modernizou e tem o domnio absoluto do mercado brasileiro, alm de atuar, por meio de suas unidades e de empre-sas subsidirias, em 27 pases do mundo. O lucro lquido da companhia saltou de 640 milhes de dlares, em 1996, para aproximadamente 14 bilhes de dlares, em 2008.

    Questes 1. O que mudou na atuao da Petrobras no Brasil da poca de Vargas

    para os dias atuais? O que permaneceu? 2. O temor dos setores que se opunham quebra do monoplio da

    Petrobras se confirmou? Justifique.

    Primeiro poo de petrleo explorado no Brasil. Municpio de Lobato, na Bahia, em foto de 1938.

    Plataforma de petrleo da Petrobras, no estado do Rio de Janeiro, em 2004.

  • Direitos previstos pela CLT (1943)

    ""

    1

    Jornada diria de 8 horas de trabalho

    Proibio do trabalho para os menores de 14 anos e do trabalho noturno

    aos menores de 18 anos ...

    Igualdade salarial entre homens e mulheres

    Proibio do trabalho da mulher 6 semanas

    antes e 6 semanas depois do parto

    '= """"

    Adicional salarial para o exerccio de

    atividades insalubres

    Frias remuneradas '

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    Organizao sindical e leis trabalhistas Com a acelerao do processo industrial, os trabalhadores urba-

    nos passaram a ser uma das preocupaes centrais do Estado Novo. Novas leis disciplinaram o movimento sindical e regulamentaram as condies de trabalho.

    Os sindicatos foram organizados por categoria profissional e pas-saram a ser totalmente controlados pelo Estado.

    Instituiu-se a Justia do Trabalho para conciliar os conflitos entre patres e empregados. Foi tambm criado o imposto sindical, que vi-gora at hoje, e equivale ao valor de um dia de trabalho descontado do salrio, geralmente no ms de maro, para ser repassado aos sindicatos e ao Ministrio do Trabalho.

    Criou-se o salrio mnimo e foi elaborada a Consolidao das Leis do Trabalho (CLT), um conjunto de normas que reuniu conquistas dos trabalhadores, como a proibio do trabalho para menores de 14 anos, a garantia da igualdade salarial entre homens e mulheres e a jornada diria de 8 horas de trabalho.

    O controle exercido sobre os sindicatos e a ampliao da legislao trabalhista serviram de instrumentos da propaganda oficial. Perante a classe trabalhadora, Getlio conquistou grande popularidade.

    O Brasil na Segunda Guerra Mundial A Segunda Guerra Mundial foi deflagrada em 1939, e o Brasil aderiu

    ao bloco dos aliados em 1942. Em troca de financiamentos para construir a Companhia Siderrgica

    Nacional e para modernizar as Foras Armadas, o Brasil permitiu que tro-pas norte-americanas se instalassem no Nordeste brasileiro e passassem a fornecer borracha e minrios para a indstria blica dos pases aliados.

    A Alemanha, contrariada pela adeso brasileira ao bloco dos aliados, afundou, com os seus submarinos, navios mercantes brasileiros, matando por volta de 600 pessoas. Diante dos acontecimentos, em 1942 o Brasil declarou guerra aos pases do Eixo (Alemanha, Itlia e Japo) .

    Dois anos depois, foram enviadas tropas para combater os nazistas na Itlia, conhecidas como Fora Expedicionria Brasileira (FEB).

    (ERA VARGAS (1930-1945) l~--------------------------

    Revoluo de 1930 -Getlio Vargas assume o poder.

    1932

    1 Revoluo

    Const itucionalista em So Paulo.

    1 Constitu io

    de 1934.

    1935

    l 1ntentona Comunista.

  • Repercusses da guerra no Brasil Durante a guerra, o Brasil passou por problemas de abastecimento de

    artigos de primeira necessidade, como combustveis, remdios, tecidos e tri-go. Alm disso, os estrangeiros oriundos de pases do Eixo sofreram intensa vigilncia por parte do governo brasileiro. As atividades e as associaes de imigrantes italianos, alemes e japoneses passaram a ser controladas.

    Os estados sulistas, onde era forte a presena de pessoas de origem italiana e alem, foram bastante vigiados, e proibiu-se o ensino de lngua estrangeira nas escolas. Naquele perodo, muitas populaes de origem germnica em Santa Catarina e no Rio Grande do Sul falavam e eram alfabetizadas em alemo.

    A guerra interferiu at no futebol. Em 1942, o governo proibiu o uso de nomes dos pases do Eixo em entidades, instituies etc. Em Belo Horizonte, a Societ Sportiva Palestra Italia passou a se chamar Cruzeiro Esporte Clube, em homenagem constelao do Cruzeiro do Sul (veja escudos ao lado). Em So Paulo, o Palestra Italia aproveitou a letra P estampada no uniforme e adotou o nome Palmeiras.

    A renncia de Vargas Ao final da guerra, quando vrias ditaduras, como o regime fascista

    na Itlia e o nazista na Alemanha, foram derrotadas, a situao de Vargas tornou-se insustentvel.

    No poder desde 1930, ficava cada vez mais difcil para Vargas explicar como a ditadura brasileira tinha lutado, junto com os pases aliados, contra as ditaduras na Europa. No campo interno, a oposio exigia mudanas. Manifestaes estudantis lideradas pela Unio Nacional dos Estudantes (UNE) contra o nazifascismo passaram a agitar o pas. Em outubro de 1943, a elite liberal de Minas Gerais lanou um manifesto pblico pedin-do o fim da ditadura. Esse documento ficou conhecido como Manifesto dos Mineiros e foi a primeira manifestao pblica de expresso contra o Estado Novo. Depois dessa, outras manifestaes surgiram.

    Pressionado pelos militares (o mesmo grupo que o conduziu ao poder, em 1930), Vargas foi obrigado a ceder e renunciou, em 1945.

    Escudo da Societ Sportiva Palestra ltalia, antigo nome do Cruzeiro Esporte Clube, de Belo Horizonte.

    Escudo atual do Cruzeiro Esporte Clube, de Belo Horizonte.

    1 - Getlio Vargas chega ao Palcio do Catete em 31 de outubro de 1930; 2 - Rebeldes paulis-tas no campo de Lorena, em So Paulo, durante a Revoluo Constitucionalista de 1932; 3 -An-tnio Carlos Ribeiro de Andrada. presidente da Assembleia Constituinte, assina a Constituio, em 1934; 4 - l us Carlos Prestes. lder da ANL. interrogado na Polcia Especial, no Rio de Janeiro; 5 - Getlio Vargas anuncia o incio do Estado Novo, em 1937; 6- Companhia Siderr-gica Nacional, em Volta Redonda (RJ), incio da dcada de 1940; 7 - Getlio Vargas em frente ao Ministrio da Fazenda, em 1 O de novembro de 1943, dia em que a CLT entrou em vigor; 8 - Estudantes da Faculdade de Direito da Uni-versidade de So Paulo comemoram a queda de Getlio Vargas, em So Paulo, em 1945.

    Criao da Companhia

  • Educao e cultura na era Vargas ~ue significa ser brasileiro?

    Desde as primeiras dcadas do sculo XX, a identidade nacional teve a ateno de setores importantes da intelectualidade do pas. A preocu-pao com as caractersticas peculiares dos brasileiros e com os traos fundamentais da nossa sociedade esteve presente, por exemplo, na Semana da Arte Moderna de 1922.

    A ideia de um projeto cultural prprio do Brasil foi buscada por muito tempo. A partir de 1930, e em especial durante o Estado Novo, iniciativas de carter nacional foram desenvolvidas em diversas reas culturais.

    por isso que muitos intelectuais atuaram direta ou indiretamente em vrias iniciativas culturais na era Vargas e, principalmente, no Estado Novo. Entre eles, podem ser citados os poetas Carlos Drummond de Andrade e Manuel Bandeira, os educadores Ansio Teixeira e Gustavo Capanema, o escritor Mrio de Andrade e o compositor Heitor Villa-Lobos.

    Nacionalismo e propaganda A exaltao de um ideal nacionalista, por parte do governo de Getlio,

    teve o propsito de auxiliar sua poltica centralizadora que, muitas vezes, contrariava os interesses das elites regionais.

    Com o objetivo de difundir a ideologia do Estado Novo junto s ca-madas populares, foi criado, em 1939, o Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP), com a tarefa de coordenar, orientar e centralizar as propagandas interna e externa, controlar produes artsticas, dirigir o programa de radiodifuso oficial do governo e organizar manifestaes cvicas, festas patriticas, exposies e concertos, acumulando tambm funes diretas e indiretas de represso poltica.

  • Conceitos histricos

    O populismo brasileiro O populismo foi um dos mais importantes fenmenos polticos da Amrica Latina

    do sculo XX. Os projetos e governos populistas tinham amplo apoio popular. Em alguns casos

    (Argentina, Brasil) assumiam feio urbana e buscavam o apoio do operariado. Em outros (Mxico, Bolvia), a base de sustentao era o campesinato. Com uma retrica nacionalista, conduziam projetos de reforma social afirmando conciliar os interesses capitalistas com as reivindicaes dos trabalhadores.

    As constantes aparies pblicas dos lderes, a sua exaltao no rdio, nas escolas, no cinema eram meios utilizados pelos governos populistas para desenvolver sua poltica de massas, obter voto, endosso poltico e, muitas vezes, devoo popu lar ao lder. Juan Domingo Pern, na Argentina, e Getlio Vargas, no Brasil, so dois exemplos de lderes populistas.

    Getlio Vargas chegou ao poder em um perodo de transi- g o entre o regime dominado pelas elites agrrias regionais i e a constituio de um novo pas, marcado pela centralizao ~ poltica e pela emergncia da classe operria no cenrio po- 0 ltico nacional. ~

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    No governo, construiu uma imagem de lder preocupado 'i com a nao e as questes sociais. Quando necessrio, soube 2 se apoiar nos trabalhadores urbanos, exaltando suas quali-dades, a dignidade do trabalho, despertando sentimentos de participao e identificao nacionais, ao mesmo tempo que controlava com mos de ferro as organizaes sindicais, submetidas ao aparato de governo e legislao trabalhista.

    Passados mais de cinquenta anos de sua morte, Vargas con-tinua lembrado, por muitos, como defensor das causas sociais e dos interesses nacionais.

    Vargas desfila em carro aberto durante comemoraes do dia 12 de maio, no estdio

    do Pacaembu, em So Paulo, em 1944. -~-

    1. Identifique as principais caractersticas da poltica populista.

    2. Que meios eram utilizados por Vargas para desenvolver sua poltica populista?

    3. As imagens desta pgina expressam a poltica populista de Vargas? Explique.

    4. E hoje, voc identifica traos de populismo em algum poltico de sua cidade, seu estado, ou mesmo de projeo nacional? Pense nisso e escreva um texto sobre o assunto.

    Cabea de Getlio Vargas sendo esculpida, em foto de 1941.

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  • Educao e cultura na era Vargas ~ue significa ser brasileiro?

    Desde as primeiras dcadas do sculo XX, a identidade nacional teve a ateno de setores importantes da intelectualidade do pas. A preocu-pao com as caractersticas peculiares dos brasileiros e com os traos fundamentais da nossa sociedade esteve presente, por exemplo, na Semana da Arte Moderna de 1922.

    A ideia de um projeto cultural prprio do Brasil foi buscada por muito tempo. A partir de 1930, e em especial durante o Estado Novo, iniciativas de carter nacional foram desenvolvidas em diversas reas culturais.

    por isso que muitos intelectuais atuaram direta ou indiretamente em vrias iniciativas culturais na era Vargas e, principalmente, no Estado Novo. Entre eles, podem ser citados os poetas Carlos Drummond de Andrade e Manuel Bandeira, os educadores Ansio Teixeira e Gustavo Capanema, o escritor Mrio de Andrade e o compositor Heitor Villa-Lobos.

    Nacionalismo e propaganda A exaltao de um ideal nacionalista, por parte do governo de Getlio,

    teve o propsito de auxiliar sua poltica centralizadora que, muitas vezes, contrariava os interesses das elites regionais.

    Com o objetivo de difundir a ideologia do Estado Novo junto s ca-madas populares, foi criado, em 1939, o Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP), com a tarefa de coordenar, orientar e centralizar as propagandas interna e externa, controlar produes artsticas, dirigir o programa de radiodifuso oficial do governo e organizar manifestaes cvicas, festas patriticas, exposies e concertos, acumulando tambm funes diretas e indiretas de represso poltica.

  • Instrumentos de propaganda poltica A propaganda governamental era feita, principalmente, por meio de

    cartilhas voltadas para crianas e jovens e pelo controle dos grandes jornais. Na Rdio Nacional, verbas oficiais permitiam que um elenco de gran-des estrelas reproduzisse nos programas os valores e comportamentos considerados adequados naquela poca. O DIP interferia tambm na produo musical, incentivando as canes que exaltavam o trabalho e combatiam a boemia.

    Cerimnias pblicas, voltadas principalmente para os jovens e ostra-balhadores, procuravam estimular sentimentos cvicos. Essas cerimnias, comuns no Estado Novo, realizavam-se em estdios de futebol ou em outros locais que permitiam grandes concentraes populares.

    Nos comcios e nas manifestaes cvicas em estdios, como o do Clube de Regatas Vasco da Gama, no Rio de Janeiro, eram executados grandes cantos orfenicos de obras do compositor Heitor Villa-Lobos.

    Como comum nos governos autoritrios, o nacionalismo de Vargas insistia num tom ufanista, de exaltao patritica, que projetava a ima-gem de uma nao nica e homognea, afinada com o projeto poltico do governo. Colocar-se no terreno de oposio significava ser inimigo da ptria e dos interesses da nao.

    A educao na era Vargas At 1930, as principais iniciativas e aes na rea da educao eram

    responsabilidade dos estados. O governo Vargas, seguindo sua orientao centralizadora e buscando formar uma nova elite intelectual, tratou de organizar tambm a educao em nvel nacional, tomando uma srie de medidas ao longo de seus quinze anos de governo.

    A primeira medida visando implementar um sistema nacional de ensino foi a criao do Ministrio da Educao e Sade, em 1930, tendo como ministro o mineiro Francisco Campos.

    No ministrio de Francisco Campos e especialmente no de Gustavo Capanema, chefe da pasta da Educao durante o Estado Novo, vrias reformas educacionais foram realizadas.

    Nos nveis de ensino hoje conhecidos por ensino fundamental e m-dio realizaram-se reformas que estabeleceram um currculo seriado, a frequncia obrigatria e a exigncia do diploma de nvel mdio, chamado na poca de secundrio, para o ingresso no ensino superior.

    Tambm se incentivou o ensino profissionalizante. No nvel superior, procurou-se estabelecer a base de um sistema universitrio nacional e deu-se preferncia criao de universidades em vez de um conjunto de escolas superiores isoladas.

    O Servio do Patrimnio Histrico e Artstico Nacional (SPHAN), que tinha como funo representar simbolicamente a identidade e a memria da nao, e o Instituto Nacional do Livro, organizao voltada para a expanso do nmero de bibliotecas pblicas em todo o territrio nacional, so outras medidas tomadas pelo Ministrio da Educao du-rante o Estado Novo.

    Na rbita dos Estados Unidos Contrariando o discurso na-

    cionalista, no Estado Novo a influncia cultural dos Esta-dos Unidos se tornou mais ex-pressiva.

    Foi nesse perodo que os Es-tdios Disney criaram o perso-nagem brasileiro Z Carioca.

    Tambm nesse perodo Car-mem Miranda se transfor-mou em uma artista famosa, cantando sambas, chorinhas, rumbas e boleros em filmes de Hollywood. Trata-va-se da "poltica de boa vizinhan-a" do governo Ro osevelt , que pretendi a esti-mu lar o bom re-1 ac ion a me nto entre Brasil e Es-tados Unidos .

    Cana-de-acar, um dos doze painis da obra Ciclos econmicos do Brasil, de Cand ido Port inari, 1938. Os pa inis, afinados com o nacionalismo de Vargas, exa ltam o povo brasileiro, o traba lho e as riquezas do pas.

  • Oscarit o imit ando Getl io Vargas na dcada de 1930. Oscarito estreou em 1 932 no teatro de rev ista Calma, Geg, que satirizava Vargas.

    Canta Brasil, teatro de revista de Walter Pi nto representado

    no Teatro Recreio, no Rio de Janeiro, em 1945.

    Erudito ou popular? Os meios de comunicao da poca (imprensa escrita, rdio e cine-

    ma) foram muitas vezes usados para transformar o gosto popular em um padro considerado culto. O rdio difundiu a msica erudita e os programas de leitura de clssicos literrios; o cinema nacional contou com iniciativas de produo esteticamente corretas para o padro inter-nacional. As tentativas, no entanto, fracassaram.

    A populao no se reconhecia nessas produes nem estava familia-rizada com a linguagem da cultura erudita. Atraes populares, como o teatro de revista, que atraam o pblico e faziam grande sucesso.

    O teatro de revista O teatro de revista uma pea de teatro com dana, msica e dilogos

    irnicos, que procura comentar acontecimentos da realidade cotidiana, da vida social e poltica do pas e divertir o pblico. Como seu prprio nome diz, o teatro de revista uma reviso dos fatos. Mas uma reviso feita com muita ironia, que ridiculariza situaes, pessoas ou mesmo a sociedade.

    Durante o Segundo Reinado e a Primeira Repblica, o Rio de Janeiro, capital do pas, pde presenciar um grande nmero de apresentaes. A proximidade com os rgos pblicos e com os polticos e o cotidiano da cidade forneciam material abundante para piadas e crnicas dos cos-tumes. Tudo em linguagem muito popular.

    Esse tipo de manifestao artstica contribuiu para orientar usos e costumes da sociedade. A sensualidade feminina, por exemplo, encontrava nas vedetes do teatro de revista um modelo de graa e beleza.

    Muitos comediantes, como Oscarito, tambm se destacaram pela criao de caricaturas de polticos importantes. Getlio Vargas foi provavelmente o chefe de governo mais satirizado nos palcos teatrais, principalmente antes da ditadura do Estado Novo.

  • O cinema nacional O perodo Vargas tambm marcado pelas primeiras tentativas de

    industrializao do cinema no Brasil. Na dcada de 1930, importantes realizaes cinematogrficas foram feitas, como O caador de diamantes (1932),Al, al, carnaval (1936) e Banana da terra (1939). Mas as produes s foram logo superadas pelo desenvolvimento do filme falado no exterior e il pelas dificuldades em acompanhar o ritmo de renovao tecnolgica das ~ pelculas estrangeiras. ~

    o Sem oferecer grandes atrativos para o pblico, a distribuio dos filmes

    ficou cada vez mais difcil e os investimentos decaram. Isso explica por que as produes brasileiras dessa fase foram poucas e irregulares.

    O rdio e a poltica O radiojornalismo comeou a se difundir a partir de 1935. O grande

    marco foi o Reprter Essa, lanado pela Rdio Nacional em 1941, con-siderado o precursor dos programas jornalsticos. O Reprter Essa foi um dos pioneiros em enfatizar critrios usados no jornalismo at hoje: iseno diante da notcia, objetividade e preciso para conquistar credi-bilidade. Contudo, como a base do noticirio era preparada pela agncia de notcias UPI (United Press International) , a viso norte-americana foi predominante em suas coberturas.

    O rdio tambm foi um importante instrumento de divulgao da poltica de Getlio Vargas. Em 1938, o governo lanou A Hora do Brasil, programa obrigatrio que transmitia diariamente os principais atos do presidente, msica brasileira, informaes culturais e artsticas de diversas regies e orientaes sobre turismo brasileiro. A Hora do Brasil tinha um claro tom nacionalista e de exaltao da figura presidencial. Em 1962, A Hora do Brasil passou a se chamar Voz do Brasil. Atualmente, o programa, na maioria das vezes, inicia-se s 19 horas (horrio de Braslia) e tem durao de uma hora.

    Getlio Vargas usou o rdio com eficincia para difundir a poltica do Estado Novo e a sua prpria imagem. Ao mesmo tempo, por meio da censura, exerceu forte controle sobre os meios de comunicao.

    Heron Domingues, o Reprter Essa, da Rdio Nacional, em foto da dcada de 1940. Esse programa fez histria no rdio brasileiro.

    Livro

    D'ARAUJO, Maria Celina. A era Vargas . 2. ed . So Paulo: Moderna, 2004. (Coleo Polmica)

    Rubens Roca (centro), Srg io Montemor (esquerda) e Francisco Scollamieri (direita), em cena do filme O caador de diamantes, de 1932.