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ERGONOMIA E SEGURANÇA DO TRABALHO EM UMA INDÚSTRIA DE EMBALAGENS PLÁSTICAS Camila Medeiros Neves (UNAMA) [email protected] Allan Pinheiro Monteiro (UNAMA) [email protected] Este artigo tem como objetivo analisar o ambiente de trabalho de uma indústria de embalagens plásticas, buscando melhorar os postos de trabalho, conscientizar os colaboradores da importância do tema para melhorar seu desempenho e garantir aa qualidade de vida tendo como conseqüência a qualidade do produto, reduzindo custos diretos e indiretos referentes à acidentes de trabalho. A pesquisa se configurou em um estudo de caso de natureza analítica, com caráter descritivo e qualitativo e para seu desenvolvimento fez-se uso de pesquisa bibliográfica onde a metodologia aplicada consistiu em observações in loco do ambiente para elaboração de gráficos e do mapa de risco. De posse das informações coletadas através de observações, foram elaborados gráficos demonstrativos das condições ambientais em que os colaboradores estão expostos bem como: Ruídos e Temperatura. Analisou-se ergonomicamente os postos de trabalho traçando o diagnóstico dos mesmos, apresentando os benefícios e vantagens da implantação de programas que visem a qualidade de vida tanto para o empregador como para o empregado. Palavras-chaves: Ergonomia, segurança do trabalho, embalagens plásticas XXIX ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO A Engenharia de Produção e o Desenvolvimento Sustentável: Integrando Tecnologia e Gestão. Salvador, BA, Brasil, 06 a 09 de outubro de 2009

ERGONOMIA E SEGURANÇA DO TRABALHO EM UMA …abepro.org.br/biblioteca/enegep2009_TN_STO_094_637_14225.pdf · A Engenharia de Produção e o Desenvolvimento ERGONOMIA E SEGURANÇA

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ERGONOMIA E SEGURANÇA DO

TRABALHO EM UMA INDÚSTRIA DE

EMBALAGENS PLÁSTICAS

Camila Medeiros Neves (UNAMA)

[email protected]

Allan Pinheiro Monteiro (UNAMA)

[email protected]

Este artigo tem como objetivo analisar o ambiente de trabalho de uma

indústria de embalagens plásticas, buscando melhorar os postos de

trabalho, conscientizar os colaboradores da importância do tema para

melhorar seu desempenho e garantir aa qualidade de vida tendo como

conseqüência a qualidade do produto, reduzindo custos diretos e indiretos

referentes à acidentes de trabalho. A pesquisa se configurou em um

estudo de caso de natureza analítica, com caráter descritivo e qualitativo e

para seu desenvolvimento fez-se uso de pesquisa bibliográfica onde a

metodologia aplicada consistiu em observações in loco do ambiente para

elaboração de gráficos e do mapa de risco. De posse das informações

coletadas através de observações, foram elaborados gráficos

demonstrativos das condições ambientais em que os colaboradores estão

expostos bem como: Ruídos e Temperatura. Analisou-se ergonomicamente

os postos de trabalho traçando o diagnóstico dos mesmos, apresentando

os benefícios e vantagens da implantação de programas que visem a

qualidade de vida tanto para o empregador como para o empregado.

Palavras-chaves: Ergonomia, segurança do trabalho, embalagens

plásticas

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1. Introdução

Este estudo tem como objetivo analisar e diagnosticar aspectos relevantes com relação à

ergonomia, saúde e segurança no trabalho que se encontra em uma indústria de embalagens

plásticas na região metropolitana de Belém.

O Brasil, nas décadas de 70 e 80, ocupava o primeiro lugar no ranking mundial em acidentes de

trabalho. Em 1999 passou para o décimo quinto lugar, segundo dados da Organização

Internacional do Trabalho – OIT.

De acordo com o Anuário Estatístico da Previdência Social, o Pará lidera o ranking de acidentes e

de mortes no trabalho na região Norte. Em 2000 foram notificados 4.254 acidentes o qual

corresponde a 43,5% do total de acidentes registrados na região Norte. Contudo no ano passado

foram 11.422 acidentes. Em 2006 foram 9.347. Houve redução apenas no número de mortos em

acidentes de trabalho no Estado. Em 2007 foram 87 vítimas fatais. No ano anterior foram 106

óbitos.

Mas de acordo com Edna Rocha, chefe do Setor de Saúde e Segurança da SRTE/PA

(Superintendência Regional do Trabalho e Emprego), a estatística não é tão dura com o Pará. 'Em

termos absolutos realmente o Pará é o campeão em acidentes de trabalho, mas

proporcionalmente não', disse. Segundo ela, o Pará possui o maior número de trabalhadores,

cerca de 760 mil de acordo com números do Anuário. 'Então, se analisarmos considerando o

número de trabalhadores, o campeão é o Estado de Roraima, que possui apenas 5% dos

trabalhadores do Pará', explicou Edna. (NOTAPAJÓS 2008)

Segundo o Ministério de Trabalho e Emprego a maior ocorrência dos acidentes notificados no

Brasil é referente aos dedos (ver figura 01). Dentro desta classificação estão as mutilações

intencionais, o qual o funcionário realiza para forçar uma aposentadoria antecipada por

incapacidade produtiva.

Figura 1 – Quantidades de Acidentes por CID

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Acidentes no ambiente de trabalho geram conseqüências e custos, ao empregador e ao

empregado, além das famílias e a sociedade. Para a empresa, os custos envolvem salário dos

quinze primeiros dias após o acidente; transporte e assistência médica de urgência; paralisação de

setor, máquinas e equipamentos; comoção coletiva ou do grupo de trabalho; interrupção da

produção; prejuízos ao conceito e à imagem da empresa; embargo ou interdição fiscal;

responsabilização civil e criminal; entre outras conseqüências. Os trabalhadores que sobrevivem

a esses infortúnios são também atingidos por danos que se materializam em sofrimento físico e

mental; cirurgias e remédios; próteses e assistência médica; fisioterapia e assistência psicológica;

dependência de terceiros para acompanhamento e locomoção; diminuição do poder aquisitivo;

desemprego; marginalização; depressão e traumas, entre diversas outras conseqüências, muitas

delas irreversíveis. (MINISTÉRIO DO TRABALHO, 2008)

Heinrich (1931, apud UNIVERSIDADE ABERTA, 2008) classifica os custos dos acidentes de

trabalho em dois tipos:

Os custos diretos como o nome indica, são aqueles que podem ser diretamente imputados a dado

acidente e por norma podem ser quantificáveis com facilidade. Também se designam por custos

segurados. Por exemplo:

o Salários;

o Indenizações;

o Assistência médica e medicamentosa.

Os custos indiretos, contrariamente aos anteriores, não são facilmente quantificáveis, nem

normalmente cobertos. O fato de não serem quantificáveis não significa que estes custos, embora

mais sutis, não sejam muito reais, e infelizmente muito superiores aos diretos. Por exemplo:

o Tempo perdido pelo acidentado e pelos outros trabalhadores;

o Tempo de investigação da(s) causa(s) do acidente;

o Tempo e gastos com o recrutamento, seleção e formação de um substituto quando necessário;

o Perdas de produção motivadas pela influência causada nos outros trabalhadores;

o Perdas por produtos defeituosos produzidos após o acidente;

o Perdas com o aumento dos desperdícios na produção após o acidente;

o Perdas da eficiência e da produtividade do acidentado após a recuperação;

o Perdas comerciais por não satisfação de prazos de entrega;

o Perdas resultantes da degradação do nome e da imagem da empresa no mercado

H. Heinrich (1931 apud UNIVERSIDADE ABERTA, 2008), após estudos realizados sobre

muitos acidentes, estabeleceu a proporção média de 1:4 entre os custos diretos e os custos

indiretos, na indústria americana do seu tempo.

Desta proporção retirou-se a analogia com um iceberg que se passou a utilizar; a parte visível de

um iceberg, 1/5 do seu volume, representa os custos diretos dos acidentes; a parte submersa e

invisível, 4/5 do volume total, representa os custos indiretos (ver figura 2).

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Figura 2 – Custos Diretos e Indiretos

2. Referencial Teórico

a. Ergonomia

A Norma Regulamentadora 17 visa a estabelecer parâmetros que permitam a adaptação das

condições de trabalho às características psicofisiológicas dos trabalhadores, de modo a

proporcionar um máximo de conforto, segurança e desempenho eficiente Com isso diz-se que a

ergonomia é um estudo científico de adaptação dos instrumentos, condições e ambiente de

trabalho às capacidades psicofisiológicas, antropométricas e biomecânicas do homem.

A Ergonomia é uma ciência multidisciplinar com a base formada por várias outras ciências. A

Antropometria e a Biomecânica fornecem as informações sobre as dimensões e os movimentos

do corpo humano. A Anatomia e a Fisiologia Aplicada fornecem os dados sobre a estrutura e o

funcionamento do corpo humano. A Psicologia, os parâmetros do comportamento humano.

(ÁREASEG, 2008).

A Medicina do Trabalho, os dados de condições de trabalho que podem ser prejudiciais ao

organismo humano. Da mesma forma, a Higiene industrial, a Física, a Estatística e outras

ciências fornecem informações a serem utilizadas pela Ergonomia, de forma a possibilitar o

conhecimento e o estudo completo do sistema homem-máquina-ambiente de trabalho, visando a

uma melhor adequação do trabalho ao homem. (ÁREASEG, 2008)

Dentre os seus principais objetivos, podemos destacar:

o Adequação do trabalho as capacidades naturais do homem, pela organização de métodos e

construção de máquinas e equipamentos que se adaptem as características de cada pessoa

(Exigência Técnica);

o Aumentar a eficiência do trabalhador ao longo do tempo, pois trabalhador doente não gera

lucro, e sim, prejuízo (Exigência Econômica);

o Prevenção de acidentes e doenças profissionais, doenças músculo-esquelético (Exigência

Social);

o Redução da fadiga e desconforto físico e mental do trabalhador.

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Todas estas características têm a função de proporcionar um aumento de produtividade,

procurando não ultrapassar as capacidades do ser humano.(UNIVERSIDADE FEDERAL

SANTA MARIA , 2008)

b. Tipos de ergonomia

De acordo com Iida a ergonomia é uma área de grande abrangência e acaba possuindo vários

tipos tais como:

Ergonomia de Concepção:

Para Iida a ergonomia de concepção se faz desde a elaboração do projeto, da máquina, do

ambiente ou sistema, permitindo que essa seja a melhor situação para se realizar uma implantação

ergonômica possibilitando que se faça uma ampla análise. Porém para tal feito é necessário ter

um maior conhecimento e experiência, já que as decisões são tomadas com base em situações

hipotéticas, sem existência real.

Ergonomia de Correção:

É aplicada em situações já existentes, para solucionar problemas que se refletem na segurança,

fadiga excessiva, doenças do trabalhador ou quantidade e qualidade de produção. Muitas vezes

ela pode exigir um custo elevado de implantação, como por exemplo, a substituição de

maquinário ou, como em o alguns casos as melhorias (mudança de posturas, colocação de

dispositivos de segurança, etc), podem ser feitas com relativa facilidade.

Ergonomia de Conscientização:

Procura capacitar os próprios trabalhadores para realizarem e identificarem os problemas do

cotidiano ou aqueles emergenciais.

Muitas vezes, os problemas ergonômicos não são completamente resolvidos, nem na fase de

concepção e nem na fase de correção, pelo fato de novos problemas surgirem a qualquer

momento devido a dinâmica do processo produtivo (desgaste de maquinário e equipamentos,

modificações introduzidas pelos serviços de manutenção).

É importante conscientizar o operador, através de cursos de treinamento e freqüentes reciclagens,

ensinando-os a trabalhar de forma segura, identificando os fatores de risco que podem vir a surgir

no ambiente de trabalho.

Ergonomia de Participação:

Procura envolver o próprio usuário do sistema na resolução dos problemas ergonômicos, podendo

ser o trabalhador (caso seja o posto de trabalho) ou o consumidor (no caso os produtos de

consumo).

c. Segurança do trabalho

A Segurança do trabalho pode ser entendida como os conjuntos de medidas que são adotadas

visando minimizar os acidentes de trabalho, doenças ocupacionais, bem como proteger a

integridade e a capacidade de trabalho do trabalhador. (SEGURANÇA NO TRABALHO, 2008)

3. Metodologia

O presente estudo utilizou as seguintes estratégias metodológicas:

- Levantamento documental e bibliográfico das informações disponíveis sobre acidentes de

trabalho e ergonomia, principalmente na biblioteca da UNAMA e sites especializados;

- Visita in loco e registro por fotos de postos de trabalho;

- Levantamento das temperaturas de cada setor;

- Estudo analítico das condições de trabalho e das atividades desenvolvidas;

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- Levantamento documental dos riscos de acidente para elaboração do mapa de risco.

4. Resultados

A análise ergonômica do trabalho (AET) visa aplicar os conhecimentos de ergonomia para

analisar, diagnosticar e corrigir uma situação real do trabalho. Ela foi desenvolvida por

pesquisadores franceses e se constitui em exemplo de ergonomia de correção. O método AET

desdobra-se em cinco etapas: análise da demanda; análise da tarefa; diagnóstico e recomendações

(GUÉRIN 2001, apud IIDA 2005, p.60). As três primeiras constituem a fase de análise e

permitem realizar o diagnóstico para formular as recomendações ergonômicas.

Os estudos realizados no decorrer deste trabalho de pesquisa constataram que com relação à

Ergonomia foram encontrados aspectos positivos (iluminação, presença de equipamentos de

movimentação, etc.) e negativos (postura inadequada de colaboradores em algumas atividades,

climatização, etc.) no decorrer do processo produtivo da indústria.

A seguir destacamos alguns exemplos de atividades do processo produtivo da empresa,

analisando a questão ergonômica, destacando as falhas, quando encontradas, e elucidando

possíveis sugestões a serem tomadas com o intuito de obterem-se melhorias para a qualidade de

vida do colaborador, que podem resultar em aumento no seu desempenho e conseqüentemente na

produtividade da empresa.

Imagens Análise Ergonômica Sugestões

O colaborador transporta em sua

cabeça um fardo que pesa em

média 20kg forçando sua coluna,

que poderá trazer sérios

problemas à sua saúde e como

conseqüência seu afastamento, ao

lado esquerdo da figura observa-

se um carrinho, para

movimentação destes fardos,

disponibilizado pela empresa.

Sugere-se um programa de

conscientização por parte da CIPA

sobre a importância da ergonomia

para a saúde do trabalhador.

Devido aos elementos posteriores

da coluna vertebral que formam

uma carga ativa quando em pé

(apud BRITO 2008), observa-se

na imagem que não há

participação destes elementos de

força antigravitacional,

permitindo assim que os discos

intervertebrais recebam uma

carga maior.

Sugere-se a adaptação do assento

com esponja e apoio para as costas,

bem como programas de

conscientização sobre a importância

da ergonomia.

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Seu posto de trabalho obedece

suas medidas antropométricas,

porém o assento duro causa um

desconforto quando sentada por

uma jornada longa de trabalho.

Este desconforto aumenta nos

horários críticos de temperaturas

altas de 11:00 as 15:00, neste

setor a temperatura neste horário

chega até 40°C. Com relação ao

ruído gira em torno dos 80 dB o

que é permitido pela NR15, no

entanto é disponibilizado EPI’s

indicados para atividade.

Sugere-se a adequação do assento

bem como a climatização do setor

uma política de incentivo ao uso

contínuo de proteção auricular torna-

se recomendável.

A figura 03 mostra um posto de

trabalho inadequado ao

desenvolvimento da atividade de

confecção dos vasos no setor de

Sopro, pois o material, tipo e

dimensionamento do assento não

são adequados, podendo causar

desconforto na região lombar

criando problemas de saúde ao

colaborador.

Sugere-se a substituição do assento

coletivo para o assento individual e a

adequação da altura da bancada e

assento para que possa atender a pelo

menos 90% das medidas

antropométricas dos colaboradores.

Neste setor o uso de tintas e

solventes é constante para isso é

disponibilizado máscara com

filtro, luvas de látex e calça

comprida para reduzir o contato

direto com os produtos químicos.

No entanto o uso da camiseta não

é o adequando.

Sugere-se a substituição da camiseta

por uma camisa de manga, para

reduzir o contato dos produtos

químicos coma pele. É

disponibilizado, também, botas com

biqueira de aço para o manuseio de

bobinas que pesam em média 50 kg.

Figura 3 - Análise Ergonômica da empresa

Análise de Ruído

De acordo com a norma regulamentadora 15 (NR-15), em uma jornada de trabalho de 8 horas e

com os devidos equipamentos o individuo pode se expor há um ruído de até 85 dB com os

devidos equipamentos de proteção individual, e pelo estudo realizado na empresa existem dois

setores que ultrapassam este limite máximo, que são o de extrusão e o de corte/solda, como

podemos ver na figura 4.

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Figura 4 – Indicadores de ruídos por setor

Análise de Temperatura

A empresa possui uma temperatura média de 39°C de acordo com o levantamento de

temperatura realizado em três dias mo intervalo de três semanas em todos os setores da fábrica,

ficando fora do estudo o setor administrativo. O processo produtivo exige maquinários de médio

porte que emitem grandes quantidades de calor ao ambiente e isso causa desconforto térmico ao

colaborador. Visando diminuir este desconforto a empresa faz o uso de exaustores instalados no

teto dos galpões da fábrica, mas ainda assim a temperatura ultrapassa a recomendada pela ISO

9241 que determina uma temperatura entre 23° a 26°C para indústrias em geral nos dias de verão.

A figura 5 mostra que a temperatura na maioria dos setores gira em torno dos 39°C, sendo

que os setores que estão acima desta média são os de extrusão (41ºC), embalagem (41ºC),

corte/solda (40ºC), e moinho (40ºC) e o setor que tem a menor temperatura é o de Estoque (34º).

Portanto sugere-se um projeto de climatização nestes setores críticos, como por exemplo, o

aumento da quantidade de exaustores eólicos e a adoção de exaustores axiais nas proximidades

das máquinas responsáveis pela maior incidência de calor na fábrica.

Figura 5- Temperaturas dos setores

i. Segurança do trabalho na empresa

A indústria moderna caracteriza-se pelo alto grau de investimento em capital e pela complexidade

em suas operações, isso significa dizer também que possui muitos pontos vulneráveis onde

podem ocorrer acidentes, com o grande potencial de perdas e danos. (IIDA 2005, p. 438). Iida

considera ainda, que algumas empresas conseguiram resultados significativos na redução dos

acidentes, adotando-se um programa em longo prazo. Isso inclui numa decisão administrativa

superior, como uma política da empresa, o envolvimento de todos os escalões, e a execução

sistemática de diversas atividades.

A figura 12 mostra um colaborador utilizando seus equipamentos de proteção individual. Neste

setor o uso de tintas e solventes é constante para isso é disponibilizado máscara com filtro, luvas

de látex e calça comprida para reduzir o contato direto com os produtos químicos. No entanto o

uso da camiseta não é o adequando para o setor. Sugere-se a substituição da camiseta por uma

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camisa de manga, para reduzir o contato dos produtos químicos coma pele. É disponibilizado,

também, botas com biqueira de aço para o manuseio de bobinas que pesam em média 50 kg

Mapa de Risco

Mapa de Risco é uma representação gráfica de um conjunto de fatores presentes nos locais de

trabalho, capazes de acarretar prejuízos à saúde dos trabalhadores: acidentes e doenças de

trabalho. Tais fatores têm origem nos diversos elementos do processo de trabalho (materiais,

equipamentos, instalações, suprimentos e espaços de trabalho) e a forma de organização do

trabalho (arranjo físico, ritmo de trabalho, método de trabalho, postura de trabalho, jornada de

trabalho, turnos de trabalho, treinamento, etc.

Diante desta situação crescente de acidente de trabalho, que em sua maioria por imprudência por

parte do acidentado, realizou-se um levantamento dos riscos ambientais existentes na empresa, e

que muita das vezes, o próprio colaborador não tem conhecimento destes riscos. A figura 13

mostra uma sugestão de mapa de risco em que a empresa poderá usar para informar os riscos

existentes em cada setor aos colaboradores.

Verificou-se neste mapa que a maioria dos riscos ambientais identificados são os riscos físicos,

onde se destacam o ruído, a vibração e o calor; risco ergonômico, onde se destacam o

levantamento de carga e postura incorreta; risco de acidente, onde se destacam máquinas sem

proteção e risco de queda.

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5. Considerações Finais

Em termos gerais, pode-se dizer que a ergonomia visa à adaptação das tarefas ao homem. Quer se

trate de um produto para consumo público ou de um posto de trabalho, a Ergonomia oferece

vantagens econômicas através da melhoria do bem-estar, da redução de custos e da melhoria da

qualidade e produtividade, bem como a redução de riscos de acidente e doenças ocasionadas pelo

trabalho. Assim, a concepção de qualquer produto ou sistema deve integrar critérios ergonômicos

desde a fase de projeto, de forma a assegurar a sua eficiência.

A conscientização de todos sobre a questão da ergonomia é de fundamental importância para o

desenvolvimento da qualidade de vida do trabalhador, seja ele do chão de fábrica ou do

escritório.

A indústria de embalagens plásticas como em muitas empresas de pequeno e médio porte da

região metropolitana de Belém não apresentam em seus processos produtivos planos de ação

eficazes e eficientes que possam atender de maneira completa as questões ergonômicas, de saúde

e de segurança do trabalho. Mesmo que ela possua um programa de segurança como a CIPA, este

não satisfaz completamente as necessidades ergonômicas analisadas.

O conhecimento ampliado e os resultados encontrados possibilitam juntar informações sobre as

questões de ergonomia, saúde e segurança do trabalho, na indústria de embalagens plásticas,

fazendo com que em estudos futuros a empresa possa vir a implementar um plano de ação,

utilizando os dados obtidos, que satisfaça essas necessidades.

A participação ativa da CIPA contribui para redução e controle de acidentes de trabalho. Esta

comissão é de extrema importância para a conscientização dos colaboradores sobre questões de

segurança. Uma ferramenta importante para seu bom desempenho é o mapa de risco.

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6. Referências

IIDA, Itiro, Ergonomia: projeto e produção, Ed Edgard Blücger, São Pulo, 2ª edição 2005.

ALBERFLEX, Ergonomia, disponível em:

http://www.alberflex.com.br/ergonomia_conceitos_historia.aspx , acessado em 27/11/08

ÁREASEG, Introdução à Segurança do Trabalho em perguntas e Respostas, disponível em:

http://www.areaseg.com/seg/, acessado em 25/11/08

BRITO, et al, Analise da relação entra a postura de trabalho e a incidência de dores na

coluna vertebral, Sebrae, Biblioteca online disponível em:

http://www.herniadedisco.com.br/wp-content/uploads/2008/12/analiseposturadetrabalho.pdf,

acessado em 27/11/08

MINISTÉRIOS DO TRABALHO E EMPREGO E PREVIDÊNCIA SOCIAL, disponível em:

http://www.mte.gov.br/geral/publicacoes.asp acessado em: 18/11/08.

NOTAPAJÓS, noticias, disponível em: http://notapajos.globo.com/lernoticias.asp?id=21973,

acessado em: 19/11/08

PEREIRA, Sandro Eduardo, e SILVA, Rayane Pereira, Fatores Ambientais - Temperatura,

Universidade do Estado de Rio de Janeiro, 2000. disponível em: http://fen-

uerj.net/Civil/Engenharia%20do%20Trabalho%20-%20Producao/Temperatura.doc, acessado em:

19/11/08

UNIVERSIDADE ABERTA, Custos dos acidentes de trabalho, disponível em:

http://www.univ-ab.pt/formacao/sehit/curso/introhsst/uni2/custos2.html acessado em: 29/11/08