Escola de Kabbalah - Parte 6

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    Escola de Kabbalah – Parte 6

    Níveis

    Diz-se que existem três níveis principais de influência espiritual atuando no mundo.O primeiro, e mais inferior, é o da vida comum.

    Aqui, os processos da Criação e da evolução são grosseiramente equilibrados emuma progressão gradual que acontece enquanto o Universo evolui como um todo.Os que vivem dentro dessa esfera — a maior parte da humanidade — progridemvagarosamente em seu desenvolvimento, e passam muitas vidas aprendendoapenas uma ou duas lições, pois evoluem na mesma velocidade das comunidades eda história.Esta forma de desenvolvimento é quase inteiramente externa, com circunstâncias eacontecimentos agindo como um "professor".Milhões de homens e mulheres escolhem crescer desta forma, porque não requernenhum esforço consciente e exige pouca responsabilidade para a sua própriaindividualidade.Esta é a forma de evolução das massas, com seus valores e costumes quase que

    totalmente orientados para a terra.Deve-se apenas observar, em geral, o progresso da humanidade nos últimos trintamil anos para ver que apesar de nossa civilização ser altamente técnica, a maioriadas pessoas ainda está no estágio local e tribal.Guerras ainda estão sendo travadas sobre territórios e domínios, e as pessoas, namaioria das vezes, continuam a ver a religião do mesmo modo que os nossosancestrais, como uma crença social e supersticiosa fundamentada no medo dodesconhecido e na adoração dos costumes.Este é o nível terreno da realidade.O segundo nível de influência espiritual é o do contato indireto com o Trabalho doCéu.Pode assumir a forma de livros sagrados, das artes, e dos edifícios que falam

    desses mundos superiores.Por exemplo, é possível descobrir o conhecimento espiritual presente em certasdanças, como nas varetas voadoras mexicanas, ou em estórias como a deCinderela; e na maneira pela qual determinadas pessoas se vestem, como asperucas e togas dos advogados britânicos, apesar da possibilidade de haveremperdido contato com o significado original.Obras de arte de várias culturas indicam um sentido intuitivo de outra realidade,sob a forma de uma pintura do Paraíso, uma escultura de um anjo ou uma jóia feitapara representar diferentes aspectos do zodíaco.Estes objetos trazem uma carga que nenhum artefato puramente secular possui.Têm um poder simbólico que as pessoas reconhecem vir de uma dimensãodiferente.As duas velas acesas nas casas judaicas na noite de sexta-feira representam ospilares Divinos de Misericórdia e Julgamento, embora poucos saibam disso.O cálice da comunhão cristã traz sua implicação de comunhão com a Divindade,mas quantos fiéis experimentam isso?Estes objetos, e muitos outros que se tornaram símbolos gastos, têm sua origemneste terceiro nível de uma tradição espiritual consciente, que ainda está viva, masnão visível.Talvez apenas um décimo dos sacerdotes e dos rabinos que desempenham o cicloanual de cerimônias religiosas estejam conscientes desses significados secretos.No geral, a maioria das pessoas só está ciente até o nível de seu própriodesenvolvimento.Assim sendo, um indivíduo que é predominantemente uma pessoa de ação podeexperienciar os rituais como reais, mas os aspectos metafísicos e devocionais como

    destituídos de qualquer significado específico.

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    Do mesmo modo, a pessoa sensível será afetada profundamente pela oração, maspoderá não registrar as idéias contidas no texto e não encarar o ritual além doaspecto rotineiro.De maneira semelhante, o tipo contemplativo perceberá a teologia da fé, mas nãose preocupará muito com devoções e rituais, embora estes possam ser executadoscom competência.

    Estar ciente e operar em todas essas áreas ao mesmo tempo significa que a pessoafoi treinada para trabalhar os lados imperfeitos da psique inferior, o que só podeser feito através de esforço persistente sob direção consciente.É impossível fazer isso sozinho, porque é fácil demais enganar a si mesmo, comomuitos fazem, sem a supervisão de outro mentor mais evoluído.Aqui é onde o nível consciente de espiritualidade se torna manifesto diretamenteno mundo inferior, sob a forma de um "superior", que é um amigo e membro deum grupo kabbalístico.Aqui tem início um outro conjunto de níveis.Um superior é qualquer pessoa que sabe mais que você, em nível de consciência.Uma pessoa pode ser brilhante em agir, em despertar emoções ou explorar idéias,mas se não estiver ciente de sua própria condição, tudo não passará, então, de

    funções bem desenvolvidas, do mesmo modo que um cão tem um faro aguçado, oua girafa, um pescoço comprido.Existem muitos pensadores inteligentes cujas vidas interiores são uma confusão, eainda um maior número de realizadores e sensitivos cujo equilíbrio é dominadopelos seus próprios talentos.O primeiro passo, em Kabbalah, é reconhecer a existência de níveis diferentes eque, embora uma pessoa possa ser reconhecida pelo mundo como bem-sucedida, épossível ser, de fato, um imbecil psicológico, ou mesmo um criminoso espiritual.Muitos dos chamados grandes homens são vistos e percebidos posteriormente,como nada mais que imagens projetadas de sua época, como um ídolo da músicapop ou líderes políticos, que desaparecem quando seu momento de fama passa, esão vistos, então, como seres humanos isolados.

    Começar a reconhecer a própria inconsciência, ou a existência de uma realidademaior, é começar a se sentir descontente com a vida tal como ela é.No decorrer da busca de uma solução, o explorador da verdade se desloca doprimeiro nível de evolução geral e trava contato com o segundo.Aqui lê-se, ou percebe-se, traços do conhecimento superior na arte e na literaturaque podem conduzir ao contato direto com uma Tradição viva, a qual seráencontrada inicialmente através de um indivíduo e depois em um grupo.Um grupo pode ser de uma natureza elevada ou não.Pode ser composto por duas ou três pessoas que desejam tentar trabalhar comconsciência, ou ser uma unidade orgânica completa, com todos os sete níveis deconsciência.Este último é raro, e o explorador encontrará com maior facilidade o primeiro, ouestes grupos preparatórios que estão no processo de construção de uma estruturainterna (às vezes chamada de "veículo"), os quais podem, na verdade, receber etransmitir o conhecimento e a Graça que vêm dos mundos superiores.Esses grupos, como pessoas, aparecem em níveis de evolução e de organização.A primeira medida é o número de indivíduos que se reúnem para trabalhar unidoscom consciência.Exige compromisso físico com um horário e com um lugar.Existem muitos desses grupos ao redor do mundo, e embora a intenção estejapresente eles nunca vão além de usar um uniforme de culto, repetindo fórmulasdevocionais e discutindo metafísica, muitas vezes pela falta de um superior.Mesmo assim, se um grupo como este chegar além do estágio ego-orientado deacreditar ser um grupo espiritual, poderá entrar no nível do despertar, no qual setorna ciente de que o estado comum de consciência não conduz a lugar algum, só à

    ilusão.

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    Tal situação acontece apenas se um superior do próximo nível aparecer com aintenção de guiar o grupo para fora do que é chamado de Katnut, ou estadoinferior, até o Gadlut, o estado superior, em direção à autoconsciência.O grupo que diferencia esses níveis começa a perceber o mundo de maneiratotalmente diferente.Atrairá, além disso, ajuda de cima, pois quem quer que esteja sentado no lugar de

    Tiferet, do tutor, (ver o diagrama n.° 4) receberá orientação, caso ele já nãopossua este conhecimento superior que não pode ser obtido dos livros.Tal grupo começa a gerar uma Árvore dentro de seus membros, trazendo o poder,e com ele, a responsabilidade e a tentação.Descreveremos em detalhe este processo mais adiante; no momento aindaestamos delineando o esquema geral dos níveis nos quais se desenrola a história.Começar a desenvolver um indivíduo que se relaciona com todos aqueles que estãoem sua órbita é o próximo nível a ser alcançado por um grupo ao adquirir um tutor,de modo que com o tempo todos os membros do passado e do presente tenham apossibilidade de entrar em contato com a alma do grupo, não importando onde seencontrem.Isso acontece por que as experiências acumuladas do grupo se consolidam em

    mais de um veículo, e qualquer pessoa ciente desse fato estará ligada às almas dasoutras pessoas envolvidas com o grupo.Este nível está relacionado à sina.Na verdade, muitas relações que duram a vida toda são mantidas entre as pessoasque se conhecem no grupo.Desenvolver uma alma coletiva leva muito tempo; desta forma, é estabelecido aosnovos membros do grupo que devem ser capazes de atingir esse mesmo nível dealma em si mesmos, antes que possam experienciar toda a sua presença.Pessoas mais sensitivas que visitam o grupo percebem, às vezes, esse elementomisterioso, embora alguns possam percebê-lo como sendo o mesmo fenômeno queo da mente coletiva de uma torcida esportiva.Mas não é bem assim, pois a alma do grupo não se dispersa depois de cada

    reunião, mas persiste, às vezes, durante vários anos, mesmo após o grupo ter sedissolvido ou abandonado aquele lugar de encontro.O nível acima é o do espírito.Não se ocupa do pessoal, como o da alma, mas está relacionado aos aspectoscósmicos da Existência.Aqui o grupo se relaciona ao quadro mais amplo da escola, da Linha e da Tradição.Em geral, apenas a minoria de um grupo está ciente dessa dimensão, embora cadamembro possa tocá-la de tempos em tempos através dos ofícios do tutor, ou porum ato da Graça Divina que desce sobre alguma reunião.Este nível é o plano do milagroso.Os que percebem este aspecto são com freqüência a essência de um grupo, cujamaioria pode ser composta por visitantes, novos membros, curiosos, e mais os queainda estão nos primeiros estágios de iniciação.A dimensão cósmica do trabalho é real aos que começam a adquirir uma visão dasimplicações maiores do que um grupo está fazendo, atuando sobre ela.Tais pessoas vivem suas vidas na escala transpessoal, e também na pessoal.Aqui é onde se observa o grupo relacionar-se a uma determinada escola e a seinserir em uma Linha específica de alguma Tradição, como, por exemplo, quandopropaga uma técnica de meditação ou dissemina certas idéias.O nível mais elevado do grupo é o Divino.Embora todos os grupos legítimos tenham esta conexão, a maioria de seusmembros estará pouco consciente de sua existência, exceto em teoria ou emmomentânea compreensão que se dá de tempos em tempos.Tais episódios, infelizmente, se desvanecem de forma rápida, apesar doextraordinário brilho posterior da realização.

    Pouco poderá ser dito sobre este tipo de experiência, pois descrevê-la é incorrer emerro.

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    O que pode ser dito é que o Espírito Santo parece estar muito interessado em taisgrupos, pois eles são um ponto de contato entre os indivíduos e o Divino, queprocura se manifestar como consciência em cada nível da Existência.Um grupo kabbalístico serve para treinar e sintonizar a consciência; existe paraauxiliar a integração individual e coletiva.Desta maneira, cada grupo contribui com umas poucas células para a evolução de

    Adão Kadmon, que, como Imagem de Deus, observa o Universo e percebe nele umperfeito reflexo do Santo.Tudo o que precede é uma introdução ao cenário e aos componentes que surgemna criação de uma escola.Tratamos da origem do trabalho esotérico e vislumbramos o seu processo históricose desenvolver através do espaço e do tempo.Agora, começaremos a examinar a situação de nossa própria época e a ver comouma escola se manifesta de acordo com as condições locais e com as leis eternas.Nós traçamos o plano geral e agora vamos aos detalhes.Começaremos pelo indivíduo, que é a peça fundamental.

    Continua