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ESCOLA SUPERIOR DE ENFERMAGEM DE SÃO JOSÉ DE CLUNY
RELATÓRIO DE CONCRETIZAÇÃO DO PROCESSO DE BOLONHA
ANO LECTIVO 2008/2009
CURSO DE ENFERMAGEM 1º CICLO
FUNCHAL
2
Índice
0 – Introdução 3
1 – O processo de mudança 3
2 – Medidas de Apoio à promoção do sucesso escolar e os
Indicadores que evidenciam o Processo de Mudança 10
2. 1 – O Ano de Transição e a reflexão sobre as mudanças operadas 13
3 – Considerações finais 17
ANEXO I – Comparação das Unidades Curriculares do Plano
de Estudos antes e depois da adequação, de acordo com
as Áreas Científicas 18
ANEXO II – Quadro de Equivalências segundo as Unidades
Curriculares do Plano Estudos Bolonha 20
3
0 ‐ Introdução
O presente Relatório de Concretização do Processo de Bolonha pretende dar
cumprimento ao disposto no Decreto‐lei nº 74/2006, de 24 de Março, alterado pelo
Decreto‐lei 107/2008, de 25 de Junho, Artigo 66 – A, reporta‐se ao ano lectivo
2008/2009
Este ano lectivo, foi um ano de transição que deixou o 4º ano do Curso de Enfermagem
1º Ciclo ainda a funcionar no plano de estudos antigo e onde a nossa atenção se
concentrou na adequação dos restantes anos.
Este relatório estrutura‐se em três partes principais: O processo de mudança, as
medidas de apoio à promoção do sucesso escolar e os indicadores que evidenciam o
processo de mudança, o ano de transição e a reflexão sobre as mudanças operadas.
1‐ O processo de mudança
O processo de adequação do 1º ciclo de estudos da Escola Superior de Enfermagem de
São José de Cluny (ESESJC) teve como referências a documentação relativa ao processo
de Bolonha, a legislação nacional relativa ao Ensino Superior e ao Curso de
Enfermagem, as directivas europeias para a formação em Enfermagem, as
recomendações do ICN (International Council of Nurses) e da Ordem dos Enfermeiros,
os pareceres do CCSIP e do grupo de trabalho para a implementação do Processo de
Bolonha e o resultado dos inquéritos feitos a Alunos e Professores da ESESJC.
Concretizando o processo de Bolonha, onde o sistema de ensino se baseia no
desenvolvimento de competências dos seus formandos, o actual plano curricular
apresenta uma estrutura que privilegia a alternância do ensino teórico e teórico
prático com o ensino prático. O aparecimento de novas unidades curriculares, já há
4
muito sentidas como essenciais, veio fortalecer a aprendizagem com relevância para a
Prática Simulada em laboratório.
Com o plano de estudos Bolonha a Escola manteve o seu projecto educativo de
concepção humanista e a filosofia que integra um conjunto de conceitos, princípios e
valores tendentes a proporcionar ao Aluno uma formação científica, técnica, humana e
cultural, condição necessária ao exercício profissional da Enfermagem. Isto pressupõe
um compromisso com o Aluno de enfermagem no sentido de facilitar‐lhe condições
que proporcionem o desenvolvimento pleno das suas capacidades e potencialidades,
quer no domínio técnico‐científico, quer no domínio pessoal e social, tendo por base
algumas linhas orientadoras.
A formação inicial do enfermeiro visa o desenvolvimento de competências científicas,
técnicas, humanas e relacionais, para que o estudante se torne apto a desempenhar as
funções de Enfermeiro de Cuidados Gerais definidas pela Ordem dos Enfermeiros.
O Aluno ao longo do 1º ciclo de estudos do Curso de Enfermagem da ESESJC deverá:
‐ Desenvolver uma parte significativa das competências específicas da profissão de
enfermagem
‐ Desenvolver competências horizontais e gerais, nomeadamente:
‐ Valores e atitudes humanistas, existenciais ou éticas para a concretização do
seu projecto pessoal e profissional;
‐ O auto‐conhecimento, a auto‐estima, a autoconfiança e o autocontrole;
‐ Competências relacionais e de comunicação;
‐ A capacidade de trabalho em equipa;
‐ A criatividade e a capacidade de iniciativa;
‐ A capacidade de reflexão e de sentido de responsabilidade;
‐ A capacidade de liderança, de organização e de planificação;
‐ A capacidade de adaptação à mudança, de abertura às novas ideias, e de
utilização das novas tecnologias;
‐ Hábitos de pesquisa para a auto‐formação contínua;
5
O curso de Enfermagem, 1º ciclo de estudos, manteve‐se nos 4 anos com 240 ECTS
distribuídos por 8 semestres e com 6720 horas, sendo 47% Ensino teórico, 53% Ensino
Prático das quais 6% de Prática Simulada e 47% de Prática Clínica.
O curso inclui 6 áreas científicas. Cada área engloba um conjunto de subáreas, ou de
unidades disciplinares. A área da Saúde engloba um maior percentual (81,3%) do
tempo total do curso, com 5460 horas e 195 créditos ECTS. Destaca-se, dentro da área
Saúde, a sub‐área Enfermagem, com 174 créditos, o que corresponde a 91,5% dos
créditos relativos a essa área científica e a 72,5% do total de créditos do curso.
Para a definição das áreas científicas foi utilizada a Classificação Nacional das Áreas de
Educação e Formação (Portaria nº 256/2005 de 16 de Março)
No quadro nº 1 podemos observar as Áreas científicas e créditos que devem ser reunidos para obtenção do grau ou diploma na ESESJCluny:
QUADRO Nº 1 Áreas científicas e ECTS do 1º ciclo
ÁREA CIENTÍFICA SIGLA ECTS
Obrigatórios Optativos
SAÚDE S 190 ‐
CIÊNCIAS SOCIAIS CS 17,5 ‐
CIÊNCIAS DA VIDA CV 17,5 ‐
MATEMÁTICA E INFORMÁTICA MI 7,5 ‐
HUMANIDADES H 2,5 ‐
EDUCAÇÃO E 5 ‐
TOTAL ‐ 240 ‐
6
Comparando o Curso de Enfermagem 1º ciclo da ESESJCluny com o curso da Universidade de Dublin que é de 240 ECTS e com o curso proposto pela OMS de 180 ECTS (quadro nº 2)
Quadro nº 2 ‐ Comparação da organização dos três curricula escolares de acordo com o número de créditos nas diferentes áreas científicas
ÁREAS CIENTÍFICAS
ECTS
ESESJC DCU
(Dublin) OMS
Saúde Enfermagem 174 150 105 Medicina 13,5 15 C. Farmacêuticas 2,5 5 40
C. da Vida 17,5 10 C. Sociais 17,5 22,5 20 Matemática e Informática 7,5 17,5 15 Educação 5 15 ‐
Humanidades
2,5
5
‐
TOTAL 240 240 180
Verifica‐se pois uma maior semelhança entre o plano de estudo da ESESJC e o da DCU
do que com o curso proposto pela OMS, não só na sua duração total, mas nas áreas
científicas que são desenvolvidas, na forma como são distribuídas ao longo do curso,
assim como no número de créditos atribuídos às mesmas.
O curso da ESESJC assemelha‐se ao curso preconizado pela OMS apenas nas áreas de
formação que engloba, mas diverge na forma como as organiza, no tempo total do
curso, e no número de ECTS de algumas áreas científicas, em especial na área Saúde
(Enfermagem e Medicina), em que a diferença entre os dois cursos é de 82,5 ECTS.
Quanto à carga horária do tempo total do curso da ESESJCluny, 47% (3150 horas e
112,5 ECTS) destina‐se ao ensino teórico e 53% ‐ (3570 horas e 127,5 ECTS) ao ensino
prático (Quadro nº 3).
7
Quadro nº 3 ‐ Carga horária do Ensino Teórico e do Ensino Prático
TIPO DE ENSINO HORAS ECTS
Ensino teórico
Teoria 47%
3150 112,5
Ensino prático (53%)
Prática simulada 6%
420 15
Prática clínica 47%
3150 112,5
TOTAL 100%
6720
240
A atribuição do número de créditos a cada unidade curricular teórica ou prática
fundamentou‐se nos seguintes factores:
‐ Opinião dos estudantes, obtida através do inquérito que lhes foi aplicado sobre o
volume de trabalho em cada uma das unidades disciplinares do plano de estudos em
vigor
‐ Opinião dos professores responsáveis por cada disciplina
‐ Carga horária do plano de estudos em vigor.
‐ Directiva Europeia nº 36/2005/CE que regulamenta o número mínimo de horas do
curso de enfermagem e o número mínimo de horas de ensino clínico
A cada ECTS, foram atribuídas 28 horas de trabalho global do aluno.
Para atribuição de créditos, houve a preocupação de reservar pelo menos 50% para
Ensino Clínico, no sentido de cumprir a Directiva Europeia nº 36/2005/CE. Desta forma,
neste curso dividimos o Ensino Clínico em dois tipos de actividades práticas ‐ a Prática
Clínica com 112,5 ECTS (47% do total do curso) e a Prática Simulada com 15 ECTS
(6%do total do curso) perfazendo um total de 53% de Ensino Clínico.
8
No Ensino Teórico, que corresponde a 47% da carga total do curso, os créditos
atribuídos às disciplinas variaram entre 2,5 e 7,5, e a sua atribuição fundamentou‐se
no volume de trabalho previsto em cada uma das disciplinas, de acordo com os
inquéritos feitos aos alunos, a opinião dos professores responsáveis por cada disciplina
e a experiência do curso em vigor.
Nas actividades teóricas houve a preocupação de aumentar o tempo de trabalho
individual do aluno, de forma a incentivar o espírito de investigação e os hábitos de
pesquisa. Com efeito, nas actividades teóricas, a 11 horas de tempo de contacto
correspondem 17 horas de trabalho individual.
Nas actividades práticas, o tempo de contacto é substancialmente superior ao tempo
de trabalho individual, pelo que, a 35 horas de tempo de contacto correspondem de 5
a 12,5 horas de trabalho individual.
O tempo de contacto, no total do curso é de 148 ECTS, sendo os restantes 92 créditos
destinados a trabalho individual.
No ensino teórico o tempo de contacto é de 43 ECTS e o tempo de trabalho individual
é de 69 ECTS. No ensino prático, constituído pela prática simulada e a prática clínica,
105 ECTS são tempo de contacto e 23 créditos de trabalho individual (Quadro nº4)
Quadro nº 4 ‐ Tempo de contacto e de trabalho individual no ensino teórico e no ensino prático
TIPO ENSINO
Tempo de contacto
Tempo de Trabalho Individual
ECTS
ECTS
Ensino Teórico
43 69
Ensino Prático
105 23
TOTAL
148
92
9
O curso foi desenvolvido de forma que os conceitos se pudessem articular ao longo de
todo o processo educativo, de uma forma progressiva e interligada partindo do
indivíduo para os grupos (Família e Comunidade).
O 1º e 2º semestre com uma carga horária teórica mais elevada englobam unidades
curriculares referentes a diversas áreas científicas essenciais à compreensão global do
ser humano e aos fundamentos essenciais da profissão de enfermagem. Englobam
ainda áreas que procuram desenvolver no aluno o espírito de investigação, os hábitos
de pesquisa e de auto‐formação pessoal e profissional.
O 3º, 4º e 5ºsemestres são dedicados ao estudo do adulto e do idoso saudável e
doente, centrando‐se a atenção nos cuidados globais ao indivíduo em situação de
doença, dependência e sofrimento. Inclui‐se nesta etapa a problemática do doente
crónico e do doente mental.
O 6º semestre foca a criança e o adolescente em situação de saúde e de doença e a
mulher gestante, parturiente e puérpera.
O 7º semestre centra‐se nos grupos Família e Comunidade dando especial ênfase à
promoção da saúde e à intervenção na Família e nos grupos comunitários.
Finalmente, no 8º e último semestre são desenvolvidos os aspectos relacionados com
a Gestão e a Formação em Enfermagem, proporcionando‐se ainda um estágio numa
área escolhida pelo aluno.
O regime é presencial em todas as unidades curriculares e consideram‐se horas
presenciais ou de contacto as correspondentes às sessões lectivas teórico e teórico‐
práticas, práticas simuladas, práticas clínicas e tempos de avaliação. Inclui‐se no tempo
de contacto os seminários, workshops, orientação tutorial individual ou em grupo
10
2 – Medidas de Apoio à promoção do sucesso escolar e os Indicadores
que evidenciam o Processo de Mudança
Considerando que o processo de adequação não poderia limitar‐se ao processo de
atribuição de créditos às diversas actividades escolares dos estudantes e procurando a
concretização dos requisitos dos artigos 5º e 8º (nº 3) do decreto‐lei nº 74/2006, de 24
de Março, a ESESJC implementou várias estratégias no sentido de possibilitar aos seus
alunos o desenvolvimento de um leque de competências fundamentais para obtenção
do grau de licenciado.
Desta forma, o processo de adequação desta Escola englobou três tipos de estratégias
– as relacionadas com a reformulação do Plano de Estudos propriamente dito, as que
estão relacionadas com o desenvolvimento de infra‐estruturas que permitam novas
metodologias de ensino e as que dizem respeito à formação dos professores.
No que diz respeito ao primeiro tipo de estratégias, foram realizadas as seguintes
alterações:
1 ‐ Tendo em atenção os descritores de Dublin e os objectivos inerentes ao 1º ciclo
descritos no DL nº 74/2006 foram redefinidos os objectivos educacionais e os
conteúdos programáticos das unidades curriculares tendo em vista as competências a
desenvolver durante o 1º ciclo de estudos.
2 ‐ Ocorreram algumas alterações na sub‐área Enfermagem pela necessidade de
realçar e aprofundar certos aspectos mais específicos da profissão. Com efeito foram
introduzidas novas unidades curriculares como a Enfermagem e Processos de
Sofrimento, Diversidade Cultural e Enfermagem, a Prática Simulada entre outras.
3 ‐ Houve uma grande alteração na carga horária do curso em geral e nas unidades
curriculares em particular. Esta alteração deve‐se em grande parte ao tempo de
trabalho individual que no plano de estudos pré Bolonha não era contabilizado, e à
redução do tempo de contacto no Ensino Teórico. Comparando o tempo de contacto
11
nos dois planos de estudos verifica‐se que diminui na Teoria e aumenta na Prática.
(Anexo 1)
4 ‐ Foram analisadas, discutidas e definidas as competências a desenvolver em cada
uma das unidades curriculares do curso. Para esse fim foi utilizada a lista de
competências do Enfermeiro de Cuidados Gerais, definida pela Ordem dos Enfermeiros
No que se refere ao segundo tipo de estratégias, foram desenvolvidas na ESESJC novas
infra‐estruturas que permitem a aplicação de metodologias de ensino ‐aprendizagem
mais dinâmicas, nas quais o aluno poderá participar de forma mais activa:
‐ O Laboratório Avançado de Enfermagem, que tem como objectivo proporcionar um
ambiente adequado ao ensino prático a partir do uso de equipamentos modernos que
simulam situações reais e reproduzem o ambiente hospitalar (http://www.esesjcluny.pt).
Através da prática simulada neste laboratório, pretende‐se aumentar as competências
técnico‐científicas e relacionais dos alunos de forma a melhorar a qualidade das suas
intervenções na prática clínica. Este laboratório, equipado com diverso material,
modelos e simuladores que permitem uma prática muito próxima da realidade,
engloba na sua estrutura:
• Uma Unidade Hospitalar constituída por uma enfermaria, duas salas temáticas
(uma de Obstetrícia e uma de Pediatria), uma zona de despejos, um anfiteatro
com uma unidade de demonstração, uma sala de treino de gesto e uma sala de
trabalho.
• Uma Unidade de Auto cuidado que simula o domicílio do doente e que engloba
um quarto de dormir, uma casa de banho e uma cozinha.
• Uma Unidade de Comunicação que engloba duas salas com comunicação de
som e vidro de visão unilateral: uma sala de observação e a uma sala de entrevista ou
consulta de enfermagem.
• Um Ginásio
– O site escolar, que engloba um Portal Público e um Portal Corporativo, permitindo
este último, entre outras coisas, uma maior e melhor comunicação entre docentes e
alunos e o desenvolvimento de novas metodologias de ensino – aprendizagem (fóruns
12
para dúvidas, reflexão e partilha de informação, acesso a documentação, submissão de
trabalhos, etc.) (http://www.esesjcluny.pt).
– O equipamento informático renovado e actualizado, dispondo a Escola actualmente
de um laboratório de Informática e uma sala de estudo equipada com vários
computadores para trabalhos dos estudantes. Foram disponibilizados projectores data,
computadores e sistema wireless para todas as salas de aula.
– O sistema de Vídeo‐conferência.
O terceiro tipo de estratégias, que está relacionada com a Formação dos docentes,
Actualmente 35% dos docentes em tempo integral estão a desenvolver o
Doutoramento, 65% são Mestres, 20% estão a frequentar o mestrado; 90 % são
especialistas em áreas de Enfermagem. Até final de 2010, 15% dos docentes terão
finalizado o Doutoramento.
Plano de Formação contínua para os docentes ‐ A par da formação académica, a ESESJC
inclui no seu plano de formação dos docentes diversas actividades de formação que
têm como finalidade contribuir para o desenvolvimento de competências nos alunos,
em áreas específicas de Enfermagem, algumas delas com maior destaque no plano de
estudos proposto. Durante o ano lectivo 2007/2008 e 2008/2009 foram feitas as
seguintes formações:
– Workshop sobre “Toque Terapêutico” pela Senhora Enfermeira Idalina Vilela ‐
Auditório Florence Nightingale – ESESJC (12horas)
‐ Conferência sobre “Desenvolvimento Pessoal e Profissional do Aluno – Com
promovê‐lo?” pelo Professor Doutor José Tavares Auditório Florence Nightingale –
ESESJCluny (6 horas)
‐ Conferência “Enfermagem e Culturalidade” – Professor Doutor Wilson Abreu
Auditório Florence Nightingale – ESESJCluny (6 horas)
Também foram mais‐valias na formação de Alunos e Professores as conferências
organizadas pela escola nas comemorações do seu sexagésimo aniversário
13
‐ Conferência “Da Formação à Práxis “ (“A Pessoa e a Formação”, Formação na
Enfermagem” e a “Formação na prática”) – pelos Professores Doutores Margarida
Pocinho, Clara Sales Correia, Élvio Jesus
‐ Conferência “Os Valores da Formação na saúde” pelo Professor Doutor Rui Santos
‐ Conferências “Paradigmas do Século XXI e o futuro da Enfermagem” e “Cuidado
Transpessoal e Evolução em Enfermagem” pela Professora Doutora Jean Watson
‐ Conferência “Aspectos Filosóficos do Cuidar” pelo Professor Doutor Tolentino
Mendonça
Investigação – Nesta última década, apesar de a escola, através de alguns dos seus
docentes, ter colaborado e participado activamente em actividades de investigação de
diversa ordem e de ter investido fortemente na formação dos seus alunos nessa área
específica, essas actividades não se encontram integradas numa estratégia escolar de
investigação. Consciente dessa situação, a ESESJC encontra‐se neste momento a
reorganizar os seus departamentos, de forma a englobar o departamento de
investigação, e a desenvolver uma dinâmica de investigação escolar.
2. 1 – O Ano de Transição e a reflexão sobre as mudanças operadas
O ano de transição foi o ano lectivo 2008/2009.
O 1º Ano do Curso iniciou o plano de estudos Bolonha e fez‐se um plano de adequação
para o 2º e 3º ano, com transição automática de todos os alunos. Procedeu‐se à
equivalência das unidades curriculares concluídas do plano de estudos pré Bolonha
para o novo plano de estudos e converteu‐se em ECTS. O 4º ano ficou ainda a
funcionar no plano de estudos antigo pela dificuldade de ajustarmos as equivalências
de modo a que os alunos não fossem prejudicados no tempo de conclusão do Curso
(ANEXO II).
As alterações da estrutura e organização do plano curricular adequado a Bolonha
levou o Conselho cientifico a permitir que os alunos do 2º e 3º ano se inscrevessem,
durante o ano lectivo 2008/2009, em mais de 60 ETCS e a transitar de ano caso não
14
fosse conseguido, em recurso, a aprovação nas disciplinas em atraso. Neste caso foi
dando a possibilidade ao Aluno de concluir todas as disciplinas do plano de estudos
Bolonha até o fim do Curso. Concluído o Ano lectivo 2008/2009 não existem Alunos
com disciplinas em atraso.
Foram organizadas reuniões com os alunos no fim do Ano lectivo 2007/2008 no
sentido de explicar a dinâmica do processo de Bolonha, orientações para a forma de
estar do professor e do Aluno e as alterações e adequações que se previam para o ano
lectivo 2008/2009.
Durante o ano lectivo em análise foi necessário rever, em reuniões com os alunos do
2º e 3º ano, as estratégias a seguir para uma melhor resposta às necessidades de
aprendizagem. Na sequência das dificuldades identificadas foram reforçadas as acções
existentes aumentando as horas de espaço semanal de apoio ao Aluno pelos docentes,
com aulas extraordinárias e/ou orientação individual.
A criação do Laboratório Avançado de Enfermagem (LAE) e do Portal corporativo
foram uma mais‐valia que queremos realçar. Estes recursos vieram revolucionar a
nossa forma de estar na comunidade escolar e dar resposta às exigências actuais do
ensino.
O LAE, como atrás já foi referido, recria e simula a realidade verificada em dois
ambientes diferentes: Unidade Hospitalar e Unidade de Auto‐cuidado numa
aproximação total às condições de trabalho que os alunos irão encontrar no mercado
de trabalho. As duas unidades estão apetrechadas com equipamento e simuladores
modernos desde camas eléctricas e hidráulicas a modelos de utentes idosos, adultos,
crianças, recém‐nascidos, simuladores de parto e modelos para cuidados de
emergência, entre outros. Este espaço permite desenvolver habilidades e práticas de
enfermagem melhorando as competências na prestação dos cuidados. Assim, para
além da possibilidade de treino intensivo de técnicas e de cuidados de enfermagem, a
dinâmica implementada na rentabilização deste espaço contempla a prática simulada
e a remediação.
15
Para além de permitir avaliar e reflectir os diferentes saberes (saber, o saber fazer, o
saber ser e o saber estar), permite, também, dar atenção à resposta do aluno no
contacto com situações inesperadas, à capacidade de iniciativa e criativa e à gestão do
tempo e de prioridades.
Tendo em conta a avaliação feita pelos alunos, em relação á Prática Simulada no LAE,
estes consideraram boas as estratégias utilizadas. Para uns a carga horária foi
considerada adequada mas para outros foi insuficiente e indicaram como factores
favoráveis á aprendizagem o facto de os grupos de trabalho serem de 8 Alunos.
Também verbalizaram satisfação no facto de terem tido a oportunidade de contacto,
em laboratório, com todos os professores responsáveis pelas temáticas trabalhadas
teoricamente.
O Portal Corporativo transformou completamente os serviços académicos e de suporte
da ESESJCluny tornando‐se uma ferramenta indispensável à informação e à gestão dos
seus processos internos. Hoje toda a actividade académica funciona dentro deste
espaço: Serviços administrativos (horários, pautas, requisição de documentos,
informações, etc.) serviço docente (planos de aulas, disponibilidade de apontamentos,
submissão de trabalhos, fóruns de dúvidas e debate, sumários, pautas de notas etc.)
curriculum dos alunos entre outros.
Analisando alguns resultados nos três primeiros anos do curso:
‐ Quanto às taxas de aprovação e reprovação das unidades curriculares e desistências,
verificamos que a aprovação registou índices altos (97.29%) em todas as unidades
curriculares do curso atingindo os 100% na maioria. Os insucessos registam‐se
principalmente nas práticas simuladas e práticas clínicas (0,77%). As taxas de
aprovação mais baixas registaram‐se no 3º ano do curso com 93,10%. Em relação à
taxa de desistência situa‐se em 1,93%.
‐ Quanto ao Contributo dos estudantes na concretização dos objectivos visados, foram
efectuados inquéritos aos 96 alunos, do 1º, 2º e 3º ano, nas diferentes unidades
curriculares. Foi explorado o grau de satisfação em relação aos conteúdos, às
estratégias e metodologia utilizada, aos meios audiovisuais, à participação dos alunos
e à avaliação.
16
No que respeita aos conteúdos os Alunos consideraram interessantes e de utilidade
para a formação com uma taxa de satisfação de 78,59%. Em relação às estratégias e às
metodologias utilizadas, onde se inclui a segurança do professor, a disponibilidade do
professor no esclarecimento de dúvidas dentro e fora da sala de aula, a relação
pedagógica, a taxa de satisfação foi de 75,37%. Os meios auxiliares utilizados foram
satisfatórios com uma taxa de 75,79%. Quanto à participação dos alunos foi sentida de
forma satisfatória com 74,94% e a avaliação com 74,19%.
Podemos ainda afirmar que o grau de satisfação dos alunos do 1º ano foi superior à
dos alunos do 2º e 3º ano com taxas respectivamente de 81,18% e 70,37%.
Os alunos ainda verbalizaram como aspectos positivos das unidades curriculares
teórico e teórico práticas os conteúdos interessantes, as competências dos professores
e nas estratégias de ensino a dinâmica das aulas. Os aspectos negativos, que também
foram apontados, centraram‐se nos conteúdos extensos para poucas horas, o pouco
tempo para trabalho individual, a pouca orientação para as pesquisas e trabalhos e
serem insuficientes os apontamentos fornecidos pelo professor.
Nas unidades curriculares práticas os alunos enalteceram as estratégias utilizadas a
carga horária adequada e o número de alunos por grupo como sendo favorável à
aprendizagem. Como pontos negativos os alunos referiram o pouco tempo de treino
em Laboratório. A principal sugestão prende‐se com a necessidade de mais trabalho
em laboratório.
‐ Embora não se tenha concretizado medidas específicas para a inserção na vida activa,
visto o 4º Ano não ser ainda do plano curricular Bolonha, consideramos que os
contributos dados, nas Unidades Curriculares de Desenvolvimento Pessoal e
Profissional, Enfermagem e Comunicação, Prática Simulada entre outras, assim como o
contacto com as unidades de saúde e a comunidade através do Ensino Clínico,
possibilitaram a cada Aluno um melhor desenvolvimento de competências transversais
e específicas facilitando a proximidade ao mercado de trabalho.
17
3 – Considerações finais
O processo de mudança efectuado e o processo de transição ainda em curso implicou
e implica grande esforço, empenho e envolvimento de toda a comunidade escolar. A
necessidade de continuar a investir na formação dos docentes e a criação do
Departamento de Investigação (em curso) que nos permita desenvolver, organizar e
sistematizar a investigação através de parcerias é um objectivo que urge concretizar.
Este ano de transição, que se caracterizou por um ano de altas mudanças, decorreu de
forma satisfatória e com resultados muito bons de sucesso escolar. No entanto a
experiência adquirida pressupõe a necessidade de reajuste a vários níveis entre eles na
programação dos tempos lectivos.
Inicialmente o sentimento de desconforto prevaleceu nos docentes por situações que
se prendem com a redução de horas de contacto, pela implementação do sistema de
créditos, pela mudança do paradigma formativo, pela adaptação aos novos
instrumentos de trabalho entre outros.
Consideramos que o facto, de ainda não estarmos a funcionar com todos os anos do
curso segundo as orientações da Declaração de Bolonha, foi um impeditivo a uma
avaliação do impacto das mudanças de todos os aspectos relacionados com este
processo. O próximo ano lectivo desenhará uma avaliação com instrumentos que
concretizem com mais clareza os resultados.
Este ano ficou marcado essencialmente pela adaptação e aplicação de novos instrumentos de trabalhos e formas de estar no ensino.
Estamos conscientes que há ainda muito trabalho a fazer. Implementar o processo de
Bolonha continua a ser um desafio. A introdução às novas metodologias com uma
organização da aprendizagem em trono do conceito de desenvolvimento de
competências e a urgente criação de um sistema de garantia da qualidade capaz de
monitorizar as alterações em curso patenteiam o trabalho que nos espera.
18
ANEXO I
Comparação das Unidades Curriculares do Plano de Estudos antes e depois da adequação, de acordo com as Áreas Científicas
Áreas científ.
Sub-áreas
Unidades curriculares Plano estudos actual HC Novo Plano de estudos HC
Saúde Enferm. Fundamentos de Enfermagem 155 Desenvolvimento Humano e saúde
27
História e Epistemologia da Enfermagem
27
Enfermagem I 348 Enfermagem e corporalidade 81
Enfermagem e comunicação 27
Enfermagem e controle da infecção
27
Enfermagem II e III
381
Enfermagem e processos de vida 1
27
Enfermagem e processos de sofrimento
27
Diversidade cultural e enfermagem
27
Enfermagem e comportamento humano
27
Enfermagem e adoecer humano 1
27
Enfermagem IV e V 190 Enfermagem e adoecer humano 2
27
Enfermagem VI 50 Enfermagem da Família 27
Enfermagem VII 150 Enfermagem na Comunidade 27
Enfermagem e Educação para a Saúde
27
--------------- Prática simulada (I a VI) 294
Prática clínica I a IX 2370 Prática clínica (I a XII) 2646
Medicina Anatomia e Fisiologia I e II 95 Anatomia e Fisiologia 81
19
Fisiopatologia e terapêutica I, II e III
Psicopatologia
284
30
Patologia Geral 27
Patologia do Adulto e Idoso 1e 2 54
Fisiopatologia e terapêutica IV 35 Patologia da Mulher e Criança 27
Epidemiologia 30 Epidemiologia 27
C. Farmacol.
Farmacologia 30 Farmacologia 27
Ciências Sociais e Humanas
Psicologia I 80 Psicologia 54
Psicologia II 45
Antropologia e Sociologia 40 Antropologia 54
Sociologia 54
Direito em Enfermagem 30 Direito da Saúde 27
Gestão na Saúde e na Enfermagem 40 Gestão 27
Marketing na saúde e na Enferm. 30
Política de Saúde 27
Matemát. e
Informát.
Investigação 110 Técnicas de pesquisa 27
Estatística 35 Estatística 27
Informática I 30 Informática na Saúde e Enfermagem
27
Informática II 35
Ciências da Vida
Biofísica e Bioquímica 50 Biofísica e Bioquímica e Nutrição 54
Nutrição 30
Microbiologia 35 Microbiologia 27
Educação Pedagogia nas Ciências de Enferm I 35 Formação em Enfermagem 27
Pedagogia nas Ciências de Enferm II 35 Desenvolv. pessoal e prof. 27
Humanid. Ética 30 Ética 27
20
ANEXO II
Quadro de Equivalências segundo as Unidades Curriculares do Plano Estudos Bolonha
Áreas científ.
Sub-áreas
UNIDADES CURRICULARES Ano Curr. Plano estudos antes Plano de estudos Bolonha Antes Bolonha
Saúde Enferm. Fundamentos de Enfermagem Desenvolvimento Humano e saúde
1º
1º
História e Epistemologia da Enfermagem 1º
Enfermagem I Enfermagem e corporalidade
1º
1º
Enfermagem e controle da infecção 1º
Enfermagem e comunicação* N 2º
Enfermagem II
Enfermagem e processos de vida 1
2º
2º
Enfermagem e processos de sofrimento 2º
Diversidade cultural e enfermagem 2º
Enfermagem e adoecer humano 1 2º
Enfermagem e comportamento humano N 3º
Enfermagem III Enfermagem e adoecer humano 2 2º 2º
Enfermagem IV
Enfermagem e processos de vida 2
3º
3º Enfermagem V 3º
Enfermagem VI Enfermagem da Família 3º 4º
Enfermagem VII Enfermagem na Comunidade
4º
4º
Enfermagem e Educação para a Saúde 4º
Prática simulada IV
N
3º
Prática simulada V 3º
Prática simulada VI 4º
Prática clínica I Prática clínica I
1º
2º
Prática simulada I 1º
21
Prática clínica II Prática clínica II
2º
2º
Prática simulada II 2º
Prática clínica III Prática clínica III
2º
3º
Prática simulada III 2º
Prática clínica IV 3º 3º
Prática clínica V 3º 3º
Prática clínica VI 3º 3º
Prática clínica VII 4º 3º
Prática clínica VIII 4º 3º
Prática clínica IX 4º 4º
Prática clínica X N 4º
Prática clínica XI N 4º
Prática clínica XII N 4º
Biologia Anatomia e Fisiologia I e II Anatomia e Fisiologia 1º 1º
Medicina
Fisiopatologia e terapêutica I Patologia Geral
2º
2º
Patologia do Adulto e Idoso 1 2º
Fisiopatologia e terapêutica II Patologia do Adulto e Idoso 2 2º 2º
Psicopatologia 2º N
Fisiopatologia e terapêutica III Patologia da Mulher e Criança 3º
3º Fisiopatologia e terapêutica IV 3º
Epidemiologia Epidemiologia 4º 2º
C. Farmacologia
Farmacologia Farmacologia
1º 2º
Ciências Sociais e Humanas
Psicologia I Psicologia 1º
1º Psicologia II 3º
Antropologia e Sociologia Antropologia 1º
1º
1º
Sociologia 1º
22
* Equivalência dada aos alunos que frequentaram as disciplina Enfermagem II e III N Não existe (1) Sem Equivalência
Direito em Enfermagem Direito da Saúde 4º 4º
Gestão na Saúde e na Enfermagem
Gestão de cuidados e supervisão clínica
1º (1)
4º
Marketing na saúde e na Enferm.
4º N
Política de Saúde N 4º
Matemát. e
Informát.
Investigação Técnicas de pesquisa 3º 1º
Estatística Estatística 3º 1º
Informática I Informática na Saúde e Enfermagem 1º
1º Informática II 3º
Ciências da Vida
Biofísica e Bioquímica Biofísica e Bioquímica 1º 1º
Nutrição Nutrição 1º 1º
Microbiologia Microbiologia 1º 1º
Educação Pedagogia nas Ciências de Enfermagem I
1º N
Formação em Enfermagem N 4º
Pedagogia nas Ciências de Enfermagem II
4º N
Desenvolvimento pessoal e profissional. N 1º
Humanid. Ética Ética 1º 1º