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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO Linha de Pesquisa: Educação, Políticas Sociais e Estado. Temática de Investigação: Educação, história e poder nas instituições sociais. Possíveis orientadores: (1) Prof. Dra. Liliam Faria Porto Borges (2) Prof. Dra. Francis Mary Guimarães Nogueira (3) Prof. Dr. Roberto Antônio Deitos ESCOLAS DE ASSENTAMENTOS E ACAMPAMENTOS RURAIS NA TRÍPLICE FRONTEIRA E A RELAÇÃO ENTRE GOVERNOS PROGRESSISTAS E MOVIMENTOS SOCIAIS NA FORMULAÇÃO DAS POLÍTICAS DE EDUCAÇÃO DO CAMPO. FELIPE CORDEIRO DA ROCHA

ESCOLAS DE ASSENTAMENTOS E ACAMPAMENTOS RURAIS NA TRÍPLICE FRONTEIRA E A RELAÇÃO ENTRE GOVERNOS PROGRESSISTAS E MOVIMENTOS SOCIAIS NA FORMULAÇÃO DAS POLÍTICAS DE EDUCAÇÃO DO

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Projeto de mestrado - Mestrado Educação UNIOESTE - Autor Felipe Rocha

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO

Linha de Pesquisa: Educação, Políticas Sociais e Estado.

Temática de Investigação: Educação, história e poder nas instituições sociais.

Possíveis orientadores:

(1) Prof. Dra. Liliam Faria Porto Borges(2) Prof. Dra. Francis Mary Guimarães Nogueira

(3) Prof. Dr. Roberto Antônio Deitos

ESCOLAS DE ASSENTAMENTOS E ACAMPAMENTOS RURAIS NA TRÍPLICE FRONTEIRA E A RELAÇÃO ENTRE GOVERNOS PROGRESSISTAS E MOVIMENTOS SOCIAIS NA FORMULAÇÃO DAS POLÍTICAS DE EDUCAÇÃO DO CAMPO.

FELIPE CORDEIRO DA ROCHA

Cascavel

2015

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ

CENTRO DE EDUCAÇÃO, COMUNICAÇÃO E ARTES

ESCOLAS DE ASSENTAMENTOS E ACAMPAMENTOS RURAIS NA TRÍPLICE FRONTEIRA E A RELAÇÃO ENTRE OS GOVERNOS PROGRESSISTAS E MOVIMENTOS SOCIAIS NA FORMULAÇÃO DAS POLÍTICAS DE EDUCAÇÃO DO CAMPO.

FELIPE CORDEIRO DA ROCHA

Projeto de pesquisa apresentado ao programa de pós-graduação em educação do Centro de Educação, Comunicação e Artes da Universidade Estadual do Oeste do Paraná Campus Cascavel como requisito parcial do processo seletivo do programa nível mestrado.

Cascavel

2015

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1 RESUMO

Este projeto tem como objetivo analisar quais as mudanças na relação entre movimentos

sociais e governo na perspectiva da formulação de políticas de educação do campo na

passagem do governo Fernando de la Rúa para Nestor e Cristina Kirchner na Argentina;

Fernando Henrique Cardoso para os governos Luís Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff

no Brasil, assim como, a passagem do governo Fernando Lugo para o governo provisório

de Frederico Franco e o governo eleito Horácio Cartes no Paraguai a partir da experiência

de três escolas na região da tríplice fronteira.

Através de entrevistas, do estudo das políticas implementadas e da própria experiência de

educandos, professores, pais e lideres dos movimentos sociais e formuladores de

políticas públicas perceber quais foram as mudanças ocorridas na perspectiva destes

distintos atores sociais.

Palavras-chave: Educação do campo, movimentos sociais, políticas públicas, tríplice fronteira.

2 APRESENTAÇÃO DO PROBLEMA DE PESQUISA

Durante os governos chamados progressistas observou-se uma aproximação através da criação de

espaços de participação dos movimentos sociais nas políticas públicas de educação e quais foram os

impactos desta aproximação no acesso e melhoria das escolas rurais na Argentina, Brasil e

Paraguai?

3 JUSTIFICATIVA

Em meio a um modelo agrícola onde há pouco espaço para o pequeno produtor, seja por este não

conseguir competir no mercado com o grande empresário agrícola, seja pela falta de acesso aos

serviços públicos ou mesmo pela profusão pelos meios de comunicação da valorização do urbano,

do consumo e a desvalorização do rural, especialmente quando este não é representado pelo

agronegócio que para muitos representa a modernidade e o progresso, usufruindo assim de maior

prestigio político e econômico e a formulação de políticas públicas se faz essencial para a

transformação da realidade da educação para educação voltada para a população que vive no

campo, em especial para aqueles que dependem da educação pública.

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Justifica-se a realização da pesquisa porque esta pretende analisar qual é a relação entre os

governos chamados progressistas e os movimentos sociais, e aqui cabe destacar, que estes governos

foram eleitos com apoio dos movimentos sociais, tendo como pauta dentre outros temas a reforma

agrária e a superação da pobreza no campo e como estes governos após eleitos se aproximam destas

demandas ao criar espaços para a participação dos movimentos na formulação de políticas públicas,

inclusive através de mecanismos de participação a nível nacional ou regional, como, por exemplo, a

criação da Reunião Especializada em Agricultura Familiar (REAF), criada dentro da estrutura do

MERCOSUL para discutir temas ligados a agricultura familiar, dentre estes o tema educação e qual

tem sido a importância e o alcance destas políticas na melhoria dos níveis educacionais no campo

tomando em conta as tensões entre os interesses políticos entre a agricultura de mercado

representada pelo agronegócio e os interesses dos movimentos sociais e dos pequenos produtores e

espera-se que este trabalho contribua para repensar a relação entre os movimentos sociais e governo

podendo refletir sobre o que efetivamente foi avanço na melhoria das condições das escolas rurais e

o que não foi.

4 OBJETIVOS

OBJETIVO GERAL

Conhecer e analisar as mudanças ocorridas na formulação das políticas educacionais

para a educação do campo com o advento dos chamados governos progressistas na

Argentina, Brasil e Paraguai e os impactos destas políticas nas escolas de acampamentos

e assentamentos rurais na região da tríplice fronteira.

OBJETIVOS ESPECIFICOS

Identificar se houve uma aproximação entre os movimentos sociais e o governo

nos espaços de formulação de políticas de educação do campo com o advento dos

governos chamados progressistas;

Conhecer a experiência da Reunião Especializada Sobre Agricultura Familiar do

MERCOSUL (REAF) como espaço de discursão da temática educação do campo a

nível regional;

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Analisar quais foram as políticas voltadas para educação do campo implementadas

pelo governo Nestor e Cristina Kirchner na Argentina; Luiz Inácio Lula da Silva e

Dilma Rousseff no Brasil e Fernando Lugo no Paraguai e quais foram seus efeitos

nas escolas da tríplice fronteira a partir da realidade de três escolas da região na

perspectiva de seus atores sociais;

Pesquisar como se dá na esfera política nos governos chamados progressistas nos

espaços de formulação de políticas públicas a correlação de forças entre os

interesses dos representantes do agronegócio versos os interesses dos

movimentos sociais na formulação de políticas públicas para o espaço rural.

5 REVISÃO DE LITERATURA

A educação do campo é um termo usado especialmente no Brasil, mas que aqui

usaremos para se referir a políticas públicas de educação voltadas para as populações do

campo e o termo nasce como resultado de uma luta que surge no seio dos movimentos

sociais, ou seja, como uma demanda por uma educação protagonizada pelos povos do

campo, em virtude de seus interesses. Estes interesses são garantidos pela Lei de

Diretrizes e Bases da Educação em seu artigo 28, inciso I que afirma que os currículos

escolares devem estar apropriados as necessidades e interesses dos alunos da zona

rural.

O termo educação do campo se difere do termo educação rural pelos interesses

em jogo, uma vez que de um lado camponeses, sem-terra, indígenas e quilombolas

querem acesso a terra como requisito primordial para sua dignidade.

O porquê de se pensar em uma educação especifica para as populações do

campo, que vá além do simples termo educação rural vem da própria especificidade de

uma política educacional mais abrangente e tomemos como exemplo a preocupação do

sociólogo peruano Mariátegui (2007, p. 33) com a situação do índio em seu país e ao

afirmar ser contrario aqueles que dizem que o problema do índio é um problema resolvido

apenas pelo processo educacional em si mesmo, mas com questões como o acesso a

terra e dignidade o mesmo que os movimentos sociais do campo pregam quanto pedem

reforma agrária.

La pedagogía tiene hoy más en cuenta que nunca los factores sociales y

económicos. El pedagogo moderno sabe perfectamente que la educación no es

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una mera cuestión de escuela y métodos didácticos. El medio económico social

condiciona inexorablemente la labor del maestro El gamonalismo es

fundamentalmente adverso a la educación del indio: su subsistencia tiene en el

mantenimiento de la ignorancia del indio el mismo interés que en el cultivo de su

alcoholismo. La escuela moderna –en el supuesto de que, dentro de las

circunstancias vigentes, fuera posible multiplicarla en proporción a la población

escolar campesina–, es incompatible con el latifundio feudal. (Mariátegui, 2007)

A Educação do campo não se dá sem o acesso a terra, sem dignidade e este é o

ponto que difere educação rural de educação do campo, já que a educação não questiona

o latifúndio que por sua vez representa a concentração de terra e a monocultura que não

é compatível com a educação para a autonomia, pois autonomia requer dignidade.

O campo da Educação do Campo é analisado a partir do conceito de território,

aqui definido como espaço político por excelência, campo de ação e de poder,

onde se realizam determinadas relações sociais. O conceito de território é

fundamental para compreender os enfrentamentos entre a agricultura camponesa

e o agronegócio, já que ambos projetam distintos territórios (FERNANDES &

Molina, 2004)

Se a educação do campo está ligada com a realidade do povo do campo ela não deixa de

ser política, aqui retomamos (Freire, 1992) que diz que o ato de educar é um ato político,

sendo assim, no ato de buscar uma educação para seus filhos tanto no Brasil quanto na

Argentina e no Paraguai o camponês busca uma educação que se identifique a sua

realidade.

Para pensar o camponês e sua inserção na sociedade brasileira. Fabiana Cássia

Rodrigues em seu artigo sobre educação popular e revolução burguesa no Brasil cita Caio

Prado Junior ao dizer que no século XX ainda não havia sido superado o traço constitutivo

do nosso capitalismo, isso é, que o capitalismo está alheio às necessidades da grande

maioria da população (RODRIGUES, 2011).

Aqui, partimos dos retrocessos dos avanços nas políticas educacionais, inclusive

na relação dos movimentos sociais do campo destacamos para só depois pensarmos

quais foram as transformações com a chegada dos governos chamados progressistas e

destacamos dois momentos, só se fala de um momento o primeiro o período das

ditaduras militares. No Paraguai a ditadura militar de Alfredo Strossner (1954-1989) como

destaca Sasiain & Pozzo (2008) foi através de uma pseudo reforma agrária que distribuiu

terras aos seus aliados políticos, perseguiu os movimentos camponeses, fazendo assim,

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aumentar a concentração de terra até o ponto que hoje o país tem a maior concentração

de terra do mundo com índice de Gini de concentração de terra de 0,93 (FAO, 2001) e

cabe destacar como este processo foi a continuação de um processo de radical

transformação, pois antes da guerra da tríplice aliança, conhecida aqui como guerra do

Paraguai como destaca Vázques (2008) apenas 1,6% das terras do país estava nas mãos

da iniciativa privada e que neste período as terras públicas eram de uso coletivo.

No Brasil a década como Shiroma et al. (2007, p. 26) a década de 60 foi um

período de efervescência cultural e política destacando-se as ligas camponesas, o

fortalecimento da União Nacional dos Estudantes (UNE), as reivindicações populares em

torno das reformas de base o que também teve influência na educação com a experiência

dos Movimentos de Cultura Popular, que inauguraram o programa de alfabetização em

ligado ao método Paulo Freire, o Movimento de Educação de Base (MEB) ligado à

Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, a experiência no Recife com o então prefeito

Miguel Arraes de alfabetização em massa e o Plano Nacional de Alfabetização do

governo João Goulart e foi o advento da ditadura militar reprimiu estas experiências que

para além de uma preocupação com a alfabetização tinha um conteúdo critico e libertário

que foi substituído pela ditadura militar por uma educação apenas preocupada com a

formação de mão de obra, sendo assim, fortemente tecnicista.

A política desenvolvimentista articulou-se a uma significativa reorganização do Estado em vista dos objetivos que deveria efetivar para atender aos interesses econômicos vigentes. Assim, não surpreende que houvesse adotado uma perspectiva “economicista” em relação à educação, confirmada no plano de Desenvolvimento Social (1967-1976). [...] No que concerne a legislação educacional, implementou-se uma série de leis, decretos-leis e pareceres referentes à educação, visando a assegurar uma educação orgânica, nacional e abrangente que garantisse o controle político e ideológico sobre a educação escolar em todos os níveis e esferas. (SHIROMA et al, 2007, p. 29).

O segundo momento que representou um retrocesso das políticas educacionais e

ainda mais que isso, repressão aos processos de luta dos movimentos sociais do campo

que tentam se articular no período posterior a ditadura militar com o processo de

democratização foram os governos atrelados às políticas neoliberais aliadas com o da

ideologia econômica que ficou conhecida como neoliberal baseada no consenso de

Washington e nas ideias de Milton Friedman e seus seguidores da chamada escola de

Chicago e que teve impacto tanto na Argentina nos governos Carlos Menem (1989-1999)

e Fernando de la Rúa (1999-2001) que como destaca Repetto (2001) 49% das escolas

estavam na mão do governo nacional e já em 1997 em pleno período liberal somente 65

estabelecimentos estavam nas mãos do governo nacional, o que representava apenas

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0,8% e é importante destacar que o processo de nacionalização de parte das escolas

argentinas surgiu com o objetivo de diminuir as disparidades tanto entre províncias ricas e

pobres como de escolas rurais e urbanas e seu desmantelamento com a passagem da

administração desta escolas para as províncias, ainda mais sem repasse dos recursos

para tal teve como consequência a precarização da educação, especialmente nas escolas

das províncias mais pobres e da zona rural. Cabe também destacar que neste período a

nova lei educacional argentina deixou de exigir a obrigatoriedade da educação

secundária.

Não foi só na Argentina que os efeitos das políticas neoliberais se fizeram sentir,

no Brasil, especialmente no período do governo Fernando Henrique Cardoso (1995-

2003).Os governantes dos anos 90 buscavam desvencilhar-se das crises econômicas os anos 1980, estruturaram nas palavras do pensador britânico Christopher Norris, “uma verdadeira contra-resolução nas esferas social, política e ideológica”. Embora o autor refira-se ao governo Thatcher (1979-1990) o paralelo com a situação nacional é procedente (SHIROMA et al, 2011, p. 45)

Depois de um período onde os movimentos sociais do campo foram reprimidos, tanto

pelas ditaduras militares como pelos governos neoliberais na região que com a promessa

de fazer reforma agrária, de avançar rumo a políticas sociais, como por exemplo, a

educação que os governos de Luiz Inácio Lula da Silva, no Brasil e Fernando Lugo

chegam ao poder com amplo apoio dos movimentos sociais e após o desmantelamento

das políticas sociais na Argentina, altas taxas de desemprego e profunda crise política

que Nestor Kirchner chega ao poder.

Cabe destacar que para os movimentos sociais e para os educadores progressistas este

momento da chegada destes governos ao poder representou uma quebra de paradigma

entre o velho modelo da ditadura militar e dos governos atrelados ao neoliberalismo por

uma lado e de outro os governos chamados progressistas e é a partir desta perspectiva

como destaca Frigotto (2011, p. 237), ao citar Oliveira1 que o que se esperava com a

eleição de Lula era uma espécie de terceira fundação da república e que a tarefa das

classes dominadas neste contexto era de civilizar a dominação e que este governo

assumisse bandeiras históricas como, por exemplo, a reforma agrária o que também não

foi diferente no Paraguai com a chegada de Lugo ao poder.

1 OLIVEIRA, Francisco. Entrevista concedida à Fernando Haddad e Leda Paulani. Revista Reportagem. N. 41 fev. 2003

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6 METODOLOGIA DE PESQUISA

A pesquisa se constitui em estudo bibliográfico e documental levando em conta as leis o

histórico da formulação das políticas de educação rural e as mudanças ocorridas durantes

o período dos governos chamados progressistas da Argentina, Brasil e Paraguai além de

pesquisa de campo realizada em três escolas as quais realizei meu trabalho de conclusão

de curso na graduação e duas que delas conheci antes durante a realização de um

projeto de extensão que incentivava o habito da leitura em escolas de assentamentos

rurais a. Trata-se da escola básica 393 do assentamento Paraje Nueva Argentina na

cidade de Wanda, na província argentina de Misiones ligada ao Movimento Agrário

Missioneiro (MAM), da Escola Básica Augusto Roa Bastos localizada na cidade de Minga

Guazú no departamento Paraguai de Alto Paraná ligada ao Movimento Agrário do

Paraguai (MOAPA) e a Escola Estadual Itinerante Sementes do Amanhã do

acampamento Chico Mendes da cidade brasileira de Matelândia no Estado do Paraná

ligada ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) ambas na região de

fronteira com o propósito de através de entrevistas com educadores, alunos país e lideres

destes movimentos perceber quais foram as transformações que ocorreram neste período

inclusive quanto a participação destes movimentos nos processos de tomada de decisão

nas políticas de melhoria das escolas rurais presentes nestas comunidades, perceber

quais são os problemas enfrentados nestas escolas e como as políticas de educação rural

se aplicam nas escolas destas comunidades. Outro ponto importante na pesquisa é

realizar uma pesquisa bibliográfica com autores que discutem a situação da educação

rural nos países analisados além de conhecer espaços onde as políticas de educação

rural são pensadas a nível regional como a Reunião Especializada Sobre Agricultura

Familiar do Mercosul analisando as atas das reuniões que tratam do tema educação rural

como também na esfera do Mercosul Educacional perceber como o tema da educação

rural ou do campo tem sido tratado além de trabalhar estudar programas de educação

rural como o PRONACAMPO do Brasil.

7 CRONOGRAMA

ETAPAS 2016/1 2016/2 2017/1 2017/2Cumprir créditos das disciplinas X X

Revisão do projeto de pesquisa X

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Qualificação do projeto de pesquisa X

Revisão bibliográfica X X X

Levantamento de campo e entrevistas X X

Sistematização e analise de dados X

Elaboração da defesa da dissertação X

Defesa da dissertação X

8 REFERÊNCIAS

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