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Entrevista a Rhea Volij / Entrevista com Rhea Volij Notaciones Abisales Español/Portugués

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Notaciones Abisales

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Escuchar. Entrevista a Rhea Volij.

Entrevista realizada a Rhea Volij y Grupo de Experimentación de UNA (Universidad Nacional de Arte) en octubre de 2013

Buenos Aires: Notaciones Abisales, 2014

Traducido por: Verónica Cohen

Corrección: Florencia Carrizo

Fotografías: Eli Taylor / Vek

Bailan: “Cosmos Res” Grupo de Experimentación de Artes del Movimiento del UNA (GEAM), Luciana Graso y Laura Sotelo

Escutar. Entrevista com Rhea Volij

Entrevista realizada a Rhea Volij e o Grupo de Experimentaciòn da UNA (Universidad Nacional del Arte) em outubro de 2013

Buenos Aires: Notaciones Abisales, 2014

Traduzido por: Verónica Cohen

Tradução para o português: Florencia Carrizo

Fotografias: Eli Taylor / Vek

Dançam: “Cosmos Res” Grupo de Experimentaciòn da UNA (GEAM), Luciana Graso e Laura Sotelo

Notaciones Abisales, Plataforma Corporal Virtual

[email protected] / http://notacionesabisales.tumblr.com

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Em outubro de 2013 entrevistamos a Rhea Volij. Rhea é bailarina,

coreógrafa e referente da dança butô na Argentina. Neste encontro

também participaram os membros do Grupo de Experimentación

de Artes del Movimiento (GEAM) da UNA, que tinha sido dirigido

por ela no ano 2012 e 2013. Da conversa surgiram estes fragmentos

que vamos chamar de ”aforismos tentativos”, já que contem

paradoxalmente a sentença de um aforismo junto com a possibilidade

da dúvida que se suscita enquanto a bailarina reflexiona. Então,

cada afirmação é forte e, ao mesmo tempo, momentânea, submetida

à prova e erro.

En octubre del 2013 entrevistamos a Rhea Volij. Rhea es baila-

rina, coreógrafa y un referente de la danza butoh en Argentina. A

este encuentro también asistieron miembros del Grupo de Experi-

mentación de Artes del Movimiento (GEAM) del UNA, a quienes

ella había dirigido en el año 2012 y 2013. De la conversación sur-

gieron estos fragmentos que llamaremos “aforismos tentativos”, ya

que contienen, paradójicamente, la sentencia de un aforismo junto

con la posibilidad de la duda que aparece en la bailarina mientras

reflexiona. Entonces, cada afirmación es fuerte y, al mismo tiempo,

momentánea, sometida a prueba y réplica.

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1.Agora tem muito teatro que não é representativo, dança que não é

representativa. Acredito que tem paradigmas que já estão velhos e

que o mundo vai mudando mas os corpos não mudam tão rápido

quanto tudo aquilo que nos atravessa. A gente acredita que continua

no compôr da representação enquanto a representação já é entregue

quase completamente à mídia e a arte está ficando sem esse campo.

Felizmente, porque já o teve, mas a gente continua supondo que está

representando. É uma palavra de duplo filo, nós estamos por uma

1.

Ahora hay mucho teatro que no es representativo, danza que no es

representativa. Creo que hay paradigmas que ya son viejos y que el

mundo va cambiando pero los cuerpos no cambian tan rápido como todo

lo que nos atraviesa. Uno cree que sigue en el campo de la representación

cuando la representación ya está otorgada casi completamente al medio

y el arte se está quedando sin ese campo. Felizmente, porque ya lo tuvo,

pero uno sigue suponiendo que está representando. Es una palabra de

doble filo, nosotros estamos por una danza de no representación, o el

butoh, yo entiendo, entra en un campo de arte que no es representativo,

pero se usa la palabra representación para mostrar algo. ¿Qué es lo no

representativo en el butoh?, ¿por qué el butoh no es representativo?

Me parece que parte de eso tiene que ver con los devenires. El butoh

no es representativo porque entra dentro del campo del devenir, de la

transformación; el material de la danza es la materia misma que trae el

cuerpo en su composición, más que la necesidad de un orden del relato

y de la anécdota. Más que las ideas que queremos bailar, es lo que se

está componiendo en el mismo cuerpo: el cuerpo entendido como una

multiplicidad de sentidos, como un campo del deseo sin organización,

como un lugar a crear. Y entonces, desde ahí la representación se hace

mucho más sutil. De hecho en el butoh cuando uno está bailando, no

aparece la premisa: “le quiero transmitir a la gente determinada cosa”.

“El cuerpo habla por sí mismo” como decía Hijikata. Y para dejar

hablar al cuerpo por sí mismo lo entrenamos. Ni magia, ni catarsis.

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dança da não-representação, ou o butô, entendo eu, entra num campo

da arte que não é representativo, mas se usa a palavra representação

para mostrar algo. O que é o não-representativo no butô? Por que o

butô não é representativo? Parece-me que parte disso tem a ver com

os devires. O butô não é representativo porque entra dentro do campo

do devir, da transformação; o material da dança é a matéria mesma

que traz o corpo na sua composição, mais do que a necessidade de

uma ordem do relato e da anedota. Mais do que as idéias que quere-

mos dançar, é aquilo que está se compondo no mesmo corpo: o corpo

entendido como uma multiplicidade de sentidos, como um campo do

desejo sem organização, como um lugar a ser criado. E então, a partir

daí a representação se faz muito mais sutil. De fato no butô quando

a gente está dançando, não esta querendo transmitir as pessoas de-

terminada coisa. “O corpo fala por si mesmo” como Hijikata dizia.

E para deixar falar ao corpo por si mesmo o treinamos. Nem magia,

nem catarse. Para compor, então, fazer uma representação e mostrar

algo, para mim pelo menos, gosto de trabalhar muito para chegar a

um lugar muito afinado aonde tenha a maior síntese possível no en-

contro com esse espírito que vai me habitar ou que vai me dançar.

Para componer, entonces, hacer una representación y mostrar algo,

a mí por lo menos, me gusta trabajar mucho, para llegar a un lugar

muy afinado donde haya la mayor síntesis posible en el encuentro

con ese espíritu que me va a habitar o que me va a bailar.

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2.O devir é muito claro, o campo do devir e aquilo que são as transfor-

mações e o material mesmo que traz o devir. O fazer silêncio com-

pletamente de qualquer pressuposto e acredito que, isso é o mais

difícil, é um risco. Eu acredito que as palavras justamente, e para-

doxalmente também, são muito enganosas. Então no “eu vou me ou-

vir a mim mesma”, “vou ser profunda com o que eu sinto, honesta”,

[o que acontece é que] estou completamente identificada com uma

Rhea que eu acredito que sou e aí já começo a estar fechada dentro

de uma representação. Então é infinito o butô para a deconstrução

da identidade. É assim até que a gente morra. Si eu for dançar até

que eu morrer, eu vou ter que estar constantemente quebrando uma

suposta crença de mim mesma. Para dançar, honestamente, essa

crença tem que se desarticular para devir profundamente e então,

o devir é muito amplo. Si a gente faz, por exemplo, uma coisa que

assinalei para o pessoal [do GEAM]: “desde um corpo totalmente

frágil arrancar uma planta e se encravá-la, e entender que isso é

memória”. Isto pode se dançar e for uma representação e até quase

que é metafórico porque eu lhes digo que é memória. Para mim é o

tempo todo um jogo de paradoxos. Eles se arrancam e se encravam a

plantinha, mas estão fazendo isso para terem memória, para recuper-

ar alguma memória. O que eles fazem não é a metáfora da memória e

por sua vez o que eles fazem por terem uma relação com a memória,

não é exatamente pegar uma plantinha e se pôr-la. Neste cruze é

onde, acredito, aparece o devir e o misterioso do butô. Nem é que

eu quero que todos entendam: “estão pegando plantas e estão se as

pondo”, nem também quero que todos entendam: “ estão lembrando

2.El devenir es muy claro, el campo del devenir y lo que son las

transformaciones y el material mismo que trae el devenir. El hacer

silencio completamente de cualquier presupuesto y creo que, eso es

lo más difícil, es un riesgo. Yo creo que las palabras justamente, y

paradójicamente también, son muy engañosas. Entonces en el “yo

voy a escucharme a mí misma”, “voy a ser profunda con lo que sien-

to, honesta”, [lo que pasa es que] estoy completamente identificada

con una Rhea que yo creo que soy y ahí ya empiezo a estar encerra-

da dentro de una representación. Entonces es infinito el butoh para

la deconstrucción de la identidad. Es así hasta que nos muramos.

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algo no momento que se o encravam vem a memória”. Porque nada

disso acontece com eles, eu lhes pedia que fossem concretos. Se

encravarem a plantinha, se põem a planta, mas eles nos seus corpos

com essa composição do corpo, eles sabem que cada planta é algo

que tem a ver com a memória. Nem é memória desde um campo da

evocação e da lembrança, nem também é uma representação, nem

uma metáfora. O butô sempre são imagens precisas, não são metá-

foras. Alguns mestres dizem metáfora, mas eu entendo também que

eles estão traduzindo do japonês para o inglês. E se a gente lê Haic-

ais, vê que não são metáforas. Como diz Susuki, são imagens que re-

fletem intuições. O butô também são imagens que refletem intuições

que não estão querendo representar algo.

Si yo voy a bailar hasta que me muera, voy a estar teniendo constan-

temente que romper una supuesta creencia de mí misma. Para bailar,

honestamente, esa creencia se tiene que desarticular para devenir

profundamente y entonces, el devenir es muy amplio. Si nosotros

hacemos, por ejemplo, algo que les marqué a los chicos [del GEAM]:

“desde un cuerpo totalmente frágil arrancar una planta y clavársela,

y entender que eso es memoria”. Esto se puede bailar y ser una rep-

resentación y hasta casi que es metafórico porque yo les digo que es

memoria. Para mí es todo el tiempo un juego de paradojas. Ellos se

arrancan y se clavan la plantita, pero lo están haciendo para tener

memoria, para recuperar alguna memoria. Lo que ellos hacen no es

la metáfora de la memoria y a la vez lo que ellos hacen por ser una

relación con la memoria, no es exactamente agarrar una plantita y

ponérsela. En este cruce es donde, creo, aparece el devenir y lo

misterioso del butoh. Ni es que quiero que todos entiendan: “están

agarrando plantas y se las están poniendo”, ni tampoco quiero que

todos entiendan: “están recordando algo en el momento que se lo

clavan viene la memoria”. Porque nada de esto les pasaba, yo les

pedía que fueran concretos. Se clavan la planta, se ponen la planta,

pero ellos en sus cuerpos con esa composición del cuerpo, saben que

cada planta es algo que tiene que ver con la memoria. Ni es memo-

ria desde un campo de la evocación y del recuerdo, ni tampoco es

una representación, ni una metáfora. El butoh siempre son imágenes

precisas, no son metáforas. Algunos maestros dicen metáfora, pero

yo entiendo también que están traduciendo el japonés al inglés. Y

si uno lee Haikus, ve que no son metáforas. Como dice Susuki, son

imágenes que reflejan intuiciones. El butoh también son imágenes

que reflejan intuiciones que no están queriendo representar algo.

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3.As composições poéticas que fazem o butô se chamam katay. Assim

como na dança clássica é “primeira, segunda, terceira, quinta”; no

butô tem, por exemplo: “entra numa porta e você é atravessado por um

cavalinho de carne que te esmaga o dedão e depois vêm cinco anões

e te levam até que você se come uma flor e desaparece”. Esse pode

ser um kata de Hijikata. Então [para a peça com o GEAM] trabalhei

com alguns katay. São tão precisos que funcionam. Outras questões

apareceram como parte dos treinamentos porque justamente no butô

o treinamento está muito aderido à criação, à composição.

3.Las composiciones poéticas que hacen al butoh se llaman katay. Así como

en danza clásica es “primera, segunda, tercera, quinta”; en butoh hay,

por ejemplo: “entrás en una puerta y sos atravesado por un caballito de

carne que te aplasta el dedo gordo y después vienen 5 enanos y te llevan

hasta que te comes una flor y desapareces”. Ese puede ser un kata de

Hijikata. Entonces [para la obra con el GEAM] trabajé con algunos katay.

Son tan precisos que funcionan. Otras cuestiones aparecían como parte

de los entrenamientos porque justamente en el butoh el entrenamiento

está muy adherido a la creación, a la composición.

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4.En butoh hablamos de fuerzas y no de sentimientos, pero, por ejemplo,

el miedo es una fuerza muy ligada justamente a los sentimientos, se la

puede precisar psicológicamente. Salirse de eso es una tarea enorme

5. Ellos [el grupo del GEAM del UNA] hacen chistes: “¿me puedo volver

loca?”, esa pregunta está. Pero justamente, el butoh es totalmente con-

creto, yo insisto, es japonés, es otra cabeza, nada es ingenuo. En el bu-

toh, que es tan oriental entiendo que, como también pasa en América, no

hay interioridad y exterioridad. No hay esa enorme diferenciación entre

la naturaleza y el hombre. Entonces, no es posible volverse loco porque

yo estoy siempre contenida en mi cuerpo, estoy siempre contenida en

un devenir, el devenir me baila, y yo no estoy desbordándome, no es

una catarsis que no sé donde voy. Es muy consciente. La danza butoh es

una danza sumamente consciente. Pero como yo, últimamente digo, ser

consciente no es controlar. No es una danza que controla, es una danza

consciente. Y donde el inconsciente tiene todo un campo de exploración,

completamente consciente, gracias a que el cuerpo está presente. Si yo

estoy moviendo una mano y yo ya sé que acá dentro está todavía la memo-

ria cósmica, está funcionando la memoria cósmica, la de la mis abuelos,

y también hay un poco vegetal y animal, no es lo mismo que mover mi

mano… ¿mi mano?

4.No butô falamos de forças e não de sentimentos, mas, por exemplo, o medo é

uma força muito ligada justamente aos sentimentos, se pode defini-la psico-

logicamente. Se sair disso é uma tarefa enorme.

5. Eles [o grupo do GEAM da UNA] fazem piadas: “posso me tornar

louca?”, essa pergunta está. Mas justamente, o butô é totalmente

concreto, eu insisto, é japonês, é outra cabeça, nada é ingênuo. No butô,

que é tão oriental entendo que, como também passa na América, não

há interioridade nem exterioridade. Não há essa diferenciação enorme

entre a natureza e o homem. Então, não é possível se tornar louco porque

eu estou sempre contida no meu corpo, estou sempre contida num devir,

o devir me dança, e eu não estou me desbordando, não é uma catarse

que não sei para onde eu vou. É muito consciente. A dança butô é

uma dança sumamente consciente. Mas como eu digo ultimamente, ser

consciente não é controlar. Não é uma dança que controla, é uma dança

consciente. E onde o inconsciente tem todo um campo de exploração,

completamente consciente, graças a que o corpo está presente. Se eu

estou movendo uma mão e eu já sei que aqui dentro esta a memória

cósmica, está funcionando a memória cósmica, a dos meus avôs, e

também tem um pouco vegetal e animal, não é o mesmo que mover

minha mão... Minha mão?

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6.

Para dançar butô primeiro temos de criar um corpo, porque se não

continua sendo tudo mentira. E para pudermos entender o que é

um devir, estou pensando que eu digo “os povos originários” ou

“os japoneses”, somos todos os mesmos, o que acontece é que eles

lembram algo que a gente se esqueceu. Mas não demoramos muito em

lembrá-lo, com algumas aulas nos lembramos de tudo. “Você é uma

alga” “um corpo morto, um esqueleto”. Isso tudo é possível, mas não

temos de ser ingênuos, precisamos limpar muito para chegar nesses

estados, e talvez isso seja o que faz tão difícil ao butô e o que faz com

que a gente possa ver butô ou semi-butô, ou a gente acredita que está

dançando butô e está fazendo gestos, não é? Porque a gente pode

estar dançando, mas são muitos anos de limpeza e despojamento.

6.

Para bailar butoh primero tenemos que crear un cuerpo, porque si no

sigue siendo todo mentira. Y para poder entender lo que es un devenir,

estoy pensando que yo digo “los pueblos originarios” o “los japoneses”,

somos todos los mismos, lo que pasa es que ellos recuerdan algo que

nosotros nos olvidamos. Pero no tardamos mucho en recordarlo, en un

par de clases nos acordamos todo. “Sos un alga” “un cuerpo muerto,

“un esqueleto”. Todo eso es posible, pero no hay que ser ingenuos,

necesitamos limpiar mucho para llegar a esos estados, y quizás eso es

lo que hace tan difícil al butoh y lo que hace que uno pueda ver butoh o

semi-butoh, o uno cree que está bailando butoh y está haciendo gestos

¿no? Porque uno puede estar bailando pero son muchos años de limpieza

y despojamiento.

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7.El butoh tenía todo eso junto, tenía la poesía, tenía la filosofía y tenía un

cuerpo, entonces para mí fue perfecto. Juntó mis tres amores. El campo

de conocimiento, la poesía y el cuerpo, eso.

7.O butô tinha tudo isso junto, tinha a poesia, tinha a filosofia e tinha

um corpo, então para mim foi perfeito. Juntou os meus três amores. O

campo do conhecimento, a poesia e o corpo, isso.

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