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03/09/2009 Espaço e composição unidade 1: tamanho, medida e escala O espaço é definido por três eixos, se limitados por planos perpendiculares, forma uma “caixa” retangular onde o indivíduo toma consciência de sua posição: Eixo frente x trás: é o eixo da nossa marcha e é reforçado por nossa visão frontal. Pode ser associado a “passado” e “futuro”, “conhecido”e “desconhecido” . Eixo alto x baixo: a gravidade nos dá consciência de um eixo vertical, de um alto e um baixo, de uma direção paralela à principal direção do nosso corpo e oposta a linha do horizonte. Eixo esquerdo x direito: é paralelo à linha do horizonte e é importante em função da simetria e do equilíbrio (o eixo estabilizador). Esta “caixa” reflete a estrutura física e mental do ser humano e constitui uma espécie de arquétipo. A partir dessas referências se formam alguns padrões de demarcação territorial, que tendem a definir comportamentos e limites necessários ao pleno convívio social, porque procuramos medir e organizar o mundo a partir da compreensão de nosso próprio corpo.

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unidade 1: tamanho, medida e escala

O espaço é definido por três eixos, se limitados por planos perpendiculares,forma uma “caixa” retangular onde o indivíduo toma consciência de suaposição:Eixo frente x trás: é o eixo da nossa marcha e é reforçado por nossa visãofrontal. Pode ser associado a “passado” e “futuro”, “conhecido”e“desconhecido”.Eixo alto x baixo: a gravidade nos dá consciência de um eixo vertical, de umalto e um baixo, de uma direção paralela à principal direção do nosso corpoe oposta a linha do horizonte.Eixo esquerdo x direito: é paralelo à linha do horizonte e é importante emfunção da simetria e do equilíbrio (o eixo estabilizador).

Esta “caixa” reflete a estrutura física e mental do ser humano e constituiuma espécie de arquétipo. A partir dessas referências se formam algunspadrões de demarcação territorial, que tendem a definir comportamentose limites necessários ao pleno convívio social, porque procuramos medir eorganizar o mundo a partir da compreensão de nosso próprio corpo.

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O processo civilizatório é um processo contínuo de transformação queconduz a construção de uma espécie de “segunda natureza”. Em tese, tudoque o homem cria é para adaptar o mundo às suas necessidades e à suaprópria “imagem”. O tamanho de tudo o que fabrica está intimamenteligado ao tamanho de seu próprio corpo. Assim, adotou durante muitotempo medidas de partes de seu próprio corpo como unidade de medida.

MEDIDASe o conceito de tamanho vai necessariamente implicar em uma relação oucomparação subjetiva com o nosso próprio corpo, devemos compreender oconceito de medida (ou dimensão) como uma variável independente, nãonecessariamente geométrica, que se relaciona objetiva e concretamentecom alguma referência abstrata inventada pelos homens para não sócompreender, mas para melhor dominar o mundo que o cerca. A idéia demedida ou dimensão, no seu sentido estrito, diz respeito a uma grandezafísica mensurável de uma extensão (comprimento, altura, largura,temperatura, massa, etc.) de um corpo ou objeto.

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Em 1799, os revolucionários franceses estabeleceram o metro padrão.Convencionou-se que seria igual a um décimo - milionésimo da distânciado Pólo Norte ao Equador. Apesar desta definição um tanto abstrata, ometro, dentre as muitas formas de medida inventadas pelosrevolucionários que caíram em desuso, talvez tenha se difundido comopadrão universalde medida devido ao fato de corresponder aproximadamente aocomprimento do braço esticado e ombro, uma referência de dimensão quefoi sempre muito usada para medir tecidos.Devido a sua ampla utilização, o metro é normatizado como unidademundial, ou seja, é considerado um padrão do sistema internacional demedidas. No entanto, em países de língua inglesa não é habitualmenteutilizado.As primeiras unidades de medidas, em geral, se referenciavam inicialmenteàs ações humanas ou às medidas reais. Mediam-se exageradas áreas eextensões que indivíduos cobriam ou percorriam em uma dada relação detempo, com a utilização de unidades, como acre e légua, e extensões deobjetos em função de partes dos corpos da realeza, como, palmo, pé epolegada.

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Acre: Superfície de terra que se pode ceifar em um dia de trabalho. O acreinglês e americano equivale a 40,47 ares.Are: Unidade de medida agrária equivalente a 100 m2.Braça: Unidade de medida de comprimento equivalente a 10 palmos, ou2,2 metros.Cúbito: Comprimento do braço, medido da articulação do cotovelo até ofinal do dedo médio da mão correspondente. Unidade de medida decomprimento equivalente a aproximadamente 524 mm.Légua: Originalmente, comprimento itinerário que se pode caminhar“normalmente” em 1 hora, continuamente. Unidade itinerária de percursoequivalente a 3.000 braças, ou 6.600 metros.Palmo: Originalmente, comprimento aproximado do palmo do nobre (rei,imperador etc.) em gestão. Unidade de medida de comprimentoequivalente a 8 polegadas, ou 22 cm.Pé: Originalmente, comprimento aproximado do pé do nobre (rei,imperador etc.) em gestão. Unidade de medida de comprimentoequivalente a 12 polegadas, ou 30,48 cm.Polegada: Originalmente, comprimento aproximado da 2a falange dopolegar do nobre (rei, imperador etc.) em gestão. Unidade de medida decomprimento equivalente a 2,75 cm.

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ESCALAA capacidade de apreensão espacial compreende algumas limitaçõesinerentes ao próprio ser humano. O que significa que dentro de uma certarelação “distância-velocidade”, cuja referência é obviamente, a escalahumana, desenvolvemos comportamentos, avaliamos situações eprevemos atitudes. Em linhas gerais, nos espaços urbanos conseguimos teruma certa sensação de intimidade, dentro de limites em quereconhecemos rostos e percebemos gestos. Dificilmente os espaçosurbanos excedem o limite de reconhecimento das ações humanas. Emborasuas medidas variem de indivíduo para indivíduo, o ser humanosobretudo, sua altura — é compreendido como uma referência de escala.Proporção, num sentido estritamente matemático, é uma relação deigualdade entre razões.Em arquitetura, como veremos mais detalhadamente num outro capítulo,proporção é a relação entre as medidas de um edifício ou de uma partedele com outras medidas do mesmo edifício. Neste caso, a medida seefetua através do transporte do elemento de um espaço a outro elementodo mesmo espaço, sendo o conjunto considerado como um sistemafechado.

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As proporções de uma caixa de fósforos, sozinhas, não nos permitemconhecer o tamanho de tal caixa. Para medir, é necessário o transporte deum elemento da caixa a um elemento exterior a ela, cujo tamanho sejaconhecido.Escala, para os arquitetos, vai implicar numa relação entre as medidas deuma edificação ou espaço construído com alguma referência dimensionalexterna àqueles objetos que necessariamente também vão reconhecer otamanho de uma figura humana e de suas possibilidades de ação.Enquanto uma proporção se refere a uma relação de equivalênciapuramente matemática, o conceito de escala deve ser compreendido comoum recurso que pode nos dar noções razoavelmente precisas de condiçõesrelacionais e comparativas de tamanho (pequeno x grande) e de distância(perto x longe).A necessidade de se fazer uso de uma escala surge quando os arquitetospassam a elaborar o projeto de suas obras longe dos canteiros deconstrução. Ou seja, quando a concepção arquitetônica precede a obraconstruída. Na elaboração do projeto da futura edificação o arquiteto teráque necessariamente representar esta edificação. Em geral, asrepresentações de que os arquitetos fazem uso se relacionam àquelas fasesreconhecidas como fundamentais para a operação projetual: formação daimagem da edificação (croquis, esboços, gráficos, modelos e maquetes);comunicação codificada (desenhos técnicos de precisão) visando umacorreta execução.

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De alguma maneira para os arquitetos, o conceito de escala também terárelação com a percepção, pois é através desta ferramenta conceitual que oarquiteto encontra os meios para lidar com o modo pelo qual as pessoasfarão uso e se aproprirão dos espaços construídos.Provavelmente os dois tipos de escala que mais ajudam na compreensão ecaracterização dos espaços arquitetônicos e urbanos são: a escalavinculada à circulação, ou seja a distância relacionada ao fluxo domovimento e a escala vinculada à visão, ou seja o tamanho das coisas e decomo essas coisas são relativamente percebidas.O máximo de contato comum lugar é necessariamente atingido através do andar. As limitações doandar são: a distância e velocidade.Os espaços urbanos e arquitetônicos formam uma hierarquia de tiposespaciais, baseados em seus tamanhos. Esta hierarquia estende-se desde opequeno pátio íntimo ao grande espaço urbano. Estas categorias de espaçourbano acabam por se estabelecer em função não só da capacidade dedeslocamento como também das possibilidades e limitações de alcance davisão humana. Assim, um espaço urbano de até 30 metros pode transmitiruma sensação de intimidade. Nessa distância um rosto humano ainda éreconhecível. Os grandes espaços urbanos não podem exceder 180 metrossem parecerem grandes demais, a não ser que um elemento intermediárioseja introduzido para sustentar a característica do espaço. Esta é a distânciaque limita o reconhecimento das ações das pessoas. Algumas poucasgrandes avenidas e praças urbanas excedem essa distância.

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A FIGURA HUMANA REFERENCIALA fascinação de filósofos, artistas, teóricos e arquitetos pelas relações demedida no corpo humano datam de muitos séculos. No único tratadocompleto de arquitetura que sobreviveu da Antiguidade, Vitruvio, queviveu em Roma no século I A.C., definiu as primeiras relações de medida docorpo humano e de suas implicações na construção. Séculos mais tarde, naRenascença, quando este tratado foi redescoberto, Leonardo Da Vincirealizou um famoso desenho que reproduz estas relações de medida.

Referências:ARHEIM, R. Arte e Percepção Visual: Uma Psicologia da Visão Criadora. SãoPaulo: Livraria Pioneira/Ed. USP, 1980.CHING, Francis D. K. Arquitetura: Forma, Espaço e Ordem. São Paulo:Martins Fontes, 1987.

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Trabalho 11 – A planta de Piet Mondrian.Material: papel A4, papel duplex, cola, tesoura.Procedimentos: Realizar uma colagem inspirada em alguma obra de PietMondrian, utilizando regras de proporcionalidade (a unidade da mão).Produto: 1 colagem em folha A4.Trabalho 12 – Confecção de pilares, planos e sólidos.Material: papel A4, papel duplex, cola, tesoura.Procedimentos: confeccionar alguns elementos para a experimentaçãotridimensional.Produto: pilares, planos e sólidos.Trabalho 13 – A casa de Mondrian.Material: papel A4, papel duplex, cola, tesoura. Trabalho 11/12.Procedimentos: experimentar montagens e fotografar de diversos ângulos,3d/2d. Mínimo de 3 montagens.Produto: imagens fotográficas, impressas em papel A4.

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Piet Mondrian (1872-1944)Artista holandês, fundador do neoplasticismo.Depois de visitar uma exposição cubista mudou radicalmente sua produçãoque até então primava pelo simbolismo, passando para um mergulho naabstração.Essa fase de sua obra, a mais popularmente difundida, se caracteriza porpinturas cujas estruturas são definidas por linhas pretas ortogonais. Essaslinhas definem espaços que se relacionam de diferentes modos com oslimites da pintura, e que podem ou não serem preenchidos com uma corprimária: amarelo, azul e vermelho, decisão que mostra sua estreitarelação com as teorias estéticas da Bauhaus e da Escola de Ulm, e quedefinem pesos visuais diferentes para esses espaços.Sua obra, muitas vezes copiada, continua a inspirar a arte, o design, a modae a publicidade que a apropriam como design, sem necessariamente levarem conta sua fundamental e filosófica recusa à imagem.Acreditava que tudo poderia ser representado por figuras geométricas.http://www.mondrian.kit.nethttp://www.mondriantrust.comhttp://www.artmuseums.harvard.edu/mondrian/

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MATERIAL PARA PRÓXIMA AULA:-Plástico LISOLENE (15 m cor/15 m cor/5 m transp.);- 05 folhas de papel manteiga culinário;- 02 ferros de passar-roupa;- Extensão;- Máquina fotográfica digital/cabo.

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