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ESPAÇOS EDUCACIONAIS DO NEGRO NO BRASIL: A QUESTÃO DA AFRODESCENDÊNCIA ADOTADA NAS POLITICAS AFIRMATIVAS DE COTAS DA UNIVERSIDADES ESTADUAL DE MONTES CLAROS- UNIMONTES Tharcisio Barbosa de Souza Prates 1 Tathiane Paraiso da Silva 2 RESUMO Entende-se que as ações afirmativas para a raça negra, especificamente neste trabalho, a política de cotas, surge como uma forma de beneficiar grupos historicamente excluídos da sociedade. Assim sendo, essas ações têm por objetivo ofertar oportunidades aos negros que durante séculos lhe foi negada. Contudo, percebe-se que há uma diferenciação entre politicas para negros e afrodescendentes, tendo em vista que pelas abordagens conceituais adotadas no trabalho todo brasileiro pode se declarar como tal. A metodologia de análise perpassa pelo âmbito qualitativo, pesquisas bibliográficas e de campo através de entrevistas semiestruturadas aplicadas aos cotistas da modalidade afrodescendente/carente do curso de Serviço Social e ao pró-reitor de ensino da referida instituição. Diante disso, considera-se que o sistema de cotas para afrodescendentes, estaria na verdade beneficiando todo brasileiro independentemente da cor, desde que seja carente, já que esta é uma especificidade da modalidade em questão. PALAVRAS CHAVE: Negro, Afrodescendente, Ações Afirmativas, Políticas de Cotas 1 Graduado em Serviço Social pela Universidade Estadual de Montes Claros- UNIMONTES; Residente do Programa de Residência Multiprofissional em Saúde Mental UNIMONTES. E-mail [email protected] 2 Graduada em Serviço Social pela Universidade Estadual de Montes Claros- UNIMONTES; Mestre em Desenvolvimento Social PPGDS/ UNIMONTES; Professora do Curso de Serviço Social da Universidade Estadual de Montes Claros UNIMONTES. E-mail [email protected]

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ESPAÇOS EDUCACIONAIS DO NEGRO NO BRASIL: A QUESTÃO DA

AFRODESCENDÊNCIA ADOTADA NAS POLITICAS AFIRMATIVAS DE

COTAS DA UNIVERSIDADES ESTADUAL DE MONTES CLAROS-

UNIMONTES

Tharcisio Barbosa de Souza Prates1

Tathiane Paraiso da Silva2

RESUMO

Entende-se que as ações afirmativas para a raça negra, especificamente neste trabalho, a

política de cotas, surge como uma forma de beneficiar grupos historicamente excluídos

da sociedade. Assim sendo, essas ações têm por objetivo ofertar oportunidades aos

negros que durante séculos lhe foi negada. Contudo, percebe-se que há uma

diferenciação entre politicas para negros e afrodescendentes, tendo em vista que pelas

abordagens conceituais adotadas no trabalho todo brasileiro pode se declarar como tal.

A metodologia de análise perpassa pelo âmbito qualitativo, pesquisas bibliográficas e

de campo através de entrevistas semiestruturadas aplicadas aos cotistas da modalidade

afrodescendente/carente do curso de Serviço Social e ao pró-reitor de ensino da referida

instituição. Diante disso, considera-se que o sistema de cotas para afrodescendentes,

estaria na verdade beneficiando todo brasileiro independentemente da cor, desde que

seja carente, já que esta é uma especificidade da modalidade em questão.

PALAVRAS CHAVE: Negro, Afrodescendente, Ações Afirmativas, Políticas de Cotas

1 Graduado em Serviço Social pela Universidade Estadual de Montes Claros- UNIMONTES; Residente do Programa

de Residência Multiprofissional em Saúde Mental – UNIMONTES. E-mail – [email protected]

2 Graduada em Serviço Social pela Universidade Estadual de Montes Claros- UNIMONTES; Mestre em

Desenvolvimento Social PPGDS/ UNIMONTES; Professora do Curso de Serviço Social da Universidade Estadual de

Montes Claros – UNIMONTES. E-mail – [email protected]

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I- Introdução

O sistema de cotas raciais é uma medida implantada com o propósito de

reduzir as desigualdades sociais entre raças, criando oportunidades para aumentar a

diversidade racial no âmbito universitário. Ao longo dos séculos, tem predominado na

história da nossa sociedade a discriminação contra os negros, assim as ações afirmativas

surgem para favorecer um segmento historicamente discriminado e desfavorecido em

consequências de políticas e formas de dominação existentes no passado. Dessa

maneira, essas ações são inseridas na sociedade com o intuito de igualar as

oportunidades e inseri-los num contexto onde tenham seus direitos efetivados.

Essa é uma discussão que fortaleceu no Brasil após a participação na 3ª

conferência mundial de combate ao racismo, discriminação racial, xenofobia e

intolerância correlata que aconteceu em 2001 na cidade de Durban na África do Sul. A

partir deste momento, alguns estados brasileiros começaram a implantar o sistema de

reserva de vagas raciais e sociais, visto que apesar das melhorias de condições de vida e

da ampliação das oportunidades, os negros ainda continuam sendo minoria nos espaços

de ensino superior.

Mediante essas discussões, vários sistemas educacionais de nível superior

adotaram por meio de leis, reserva de vagas para negros e afrodescendentes. Segundo o

Supremo Tribunal Federal (STF), 42,3% das universidades federais do país têm cotas

para negros e índios. O STF considerou constitucional a adoção de políticas de reserva

de vagas para garantir o acesso de negros e índios a instituições de ensino superior em

todo o país.

O estado de Minas Gerais em 2004, sancionou a lei 15.259/2004 que institui

o sistema de reserva de vagas na Universidade do Estado de Minas Gerais – UEMG e

na Universidade Estadual de Montes Claros – UNIMONTES. Seguindo essa lei, a

Unimontes dispõe de 20% do total de vagas destinadas para quem se declarar

afrodescendentes, desde que seja carente (Art. 3° § 1, lei 15.259/2004). Portanto, o

candidato não precisará necessariamente ser negro para se inserir nesse sistema de

reserva de vagas, fazendo com que haja questionamentos sobre o principal motivo da

implementação desta na Unimontes, tendo em vista que a referida universidade não

apresentou mudança significativa entre brancos e negros mesmo após a efetivação da

lei.

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Diante dessas duas circunstâncias, o presente trabalho justifica-se através de

analises ocorrida em estágio na Comissão Técnica de Concursos - COTEC, onde foi

possível perceber a contradição entre o ideal do sistema de reserva de vagas para negro

e o sistema de reserva de vagas para afrodescendentes/carente no qual é aderido pela

Unimontes, tendo em vista que o foco principal nas análises documentais para egresso

por cotas afrodescente/carente é a questão da renda e não da cor do candidato, uma vez

que basta somente a auto declaração. Tais análises também são importantes para melhor

compreensão sobre a diversidade racial no âmbito acadêmico e assim entender melhor

os benefícios do sistema de cotas raciais.

Portanto, o objetivo principal do trabalho é analisar a finalidade do sistema

de cotas raciais para afrodescendentes implantado na Universidade Estadual de Montes

Claros - UNIMONTES a partir da lei estadual 15.259/2004, fazendo uma contraposição

com as cotas destinadas a negros, visto que segundo o artigo 6 da lei 1.228/2010 que

institui o estatuto da igualdade racial onde prega que ações afirmativas são os

programas e medidas adotadas pelo estado e pela iniciativa privada para correção das

desigualdades raciais e para a promoção da igualdade de oportunidades (SILVA, 2004).

Perceber e diferenciar tais politicas é essencial para o trabalho.

A partir do levantamento e análise dos dados colhidos juntamente com o

referencial teórico utilizado, o trabalho contribuiu com essa discussão no sentido de

mostrar a deficiência da política afirmativa para afrodescendente na Universidade, tendo

em vista que não atende às demandas do movimento negro ao reivindicar maior

diversidade racial nas universidades. Percebe-se que o sistema para afrodescendente não

surte o mesmo efeito que as cotas específicas para negros, pois o público alvo de tais

políticas é diferenciado.

II- Espaços Educacionais do Negro no Brasil: Breve Retrospecto

As desigualdades de oportunidades referentes às raças e etnias existente em

nossa sociedade estão ligadas a um longo processo histórico. Para melhor compreensão

desse processo, faz-se necessário uma mínima compreensão sobre conceitos de raça.

Segundo Carneiro (1998) a definição de raça é:

a subdivisão de uma espécie, formada pelo conjunto de indivíduos com

caracteres físicos semelhantes, transmitidos por hereditariedade: cor da

pele, forma do crânio e do rosto, tipo de cabelo etc. Raça é um conceito

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apenas biológico, relacionado somente a fatores hereditários, não

incluindo condições culturais, sociais ou psicológicas. Para a espécie

humana, a classificação mais comum distingue três raças: branca, negra e

amarela. (CARNEIRO, 1998, p.5).

De acordo com a autora, a raça está ligada a biologia do ser humano, não

incluindo fatores culturais, sociais, ou psicológicos. Assim, ela destaca três raças –

branca negra e amarela. Sabendo disso, é importante analisar a influência que esse

conceito interfere na sociedade, pois determinadas características físicas, como cor da

pele, tipo de cabelo, entre outras, influenciam e até mesmo determina o destino e o lugar

social dos sujeitos no interior da sociedade brasileira.

Segundo Silva (2004) o conceito de raça tem uma conotação política e é

utilizado com frequência nas relações sociais brasileiras. Silva (2004) corrobora a ideia

da autora citada acima, de que a raça está inteiramente ligada à parte biológica, porém é

utilizada politicamente para determinar a inferioridade de uma raça em relação à outra.

Nunca é demais lembrar o peso e o significado destes problemas para o negro no Brasil,

tendo em vistas que as demais raças, branca e amarela, tiveram um contexto histórico

bastante diferenciado, uma vez que o início da atividade geral de formação de atitudes

oferece uma interessante oportunidade para verificação das diversas formas de ação que

colaboram para a determinação desses sujeitos na sociedade.

Essa compreensão de raça citado por Silva (2004) e Carneiro (1998),

fundamenta a concepção de racismo, onde características biológicas determinam a

hierarquia entre os homens. Assim surge como forma de “eliminar” a raça negra a

política do branqueamento, que para Schwarcz (2010) surge como um ideal político, e é

base para um racismo científico. Segundo JACCOUD (2008), essa política surgiu no

Brasil para concretizar a superioridade branca.

É sabido que os conceitos sobre raças e até mesmo etnia e cor não se esgotam

apenas nesses conceitos apresentados, pois existem uma infinidade de bases teóricas que

nos ajudam a elucidar melhor essa discussão, mas para esse trabalho tornam-se

suficientes pois tem-se como objetivo proposto a perspectiva dos espaços educacionais

a partir da politica de cotas adotadas por algumas universidades públicas brasileiras.

O negro desde sua chegada ao Brasil sofre com discriminações e exclusões

da sociedade. Com relação à educação não foi diferente, já que no período escravocrata

a educação era voltada para uma elite, onde principalmente os negros eram excluídos.

De acordo com Silva e Silva (2005):

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referir-nos à educação no Brasil, sob a ótica étnico-racial, somos levados

a tratar da desigualdade e da exclusão, no que tange ao acesso aos bancos

escolares, vividas pela população não-branca. Por mais de duzentos anos,

os africanos escravizados não tiveram nenhum tipo de oportunidade de

estudo (SILVA; SILVA, 2005, p.195).

Conforme a citação acima, quando se refere à educação brasileira no

período colonial, lembra-se de uma desigualdade ético-racial onde os negros

escravizados não tiveram nenhuma oportunidade de acesso ao estudo. Ainda de acordo

com Silva e Silva (2005) a escolarização neste período escravocrata era de privilégio e

responsabilidade de senhores e seus filhos homens.

A partir da lei do ventre livre sancionada em 1871, onde os filhos de

escravos nascidos a partir daquela data estavam livres da escravidão, surge uma

discussão do historiador da época Perdigão Malheiro3, onde apresenta a seguinte

questão: “que educação deve receber essas crianças que se tornarão os futuros cidadãos

do Império?”. Esse foi um dos primeiros momentos onde houve uma preocupação real,

no que diz respeito à educação do negro.

Se para os escravos era vedado à educação e o acesso às instituições

públicas de ensino, para seus filhos nascidos livres eram propiciado educação em

espaços compulsórios de formação para o trabalho, fossem orfanatos, fossem

Companhias de Aprendizes do Exército ou Armada (MENEZES e FILHO, 2007 apud

SANTANA E MORAIS, 2009). Dessa maneira, é visto que o ingresso do negro na

educação brasileira da época se deu não para a sua integração na sociedade, mas sim

para fortalecer interesses voltados a produção.

De Acordo com Santana e Morais (2009) por mais que no final do império

alguns negros conseguiram ter acesso às instituições escolares, mesmo que de forma

precária, o estado ainda era omisso no sentido de promover de forma efetiva a educação

das crianças negras nascidas pós à lei do ventre livre ou de ex-escravas, no entanto,

possibilitou que o déficit educacional se instituísse enquanto legado para os

descendentes de escravos, demostrando dessa forma uma desigualdade histórica entre o

acesso de negros e brancos na educação escolar.

Qualquer que seja o âmbito e a dimensão observados, negros e brancos

está desigualmente situado com relação ao acesso às oportunidades. É

3 Antônio Marques Perdigão Malheiros. Viveu entre 1788 e 1960. Jurídico brasileiro e ministro do

supremo tribunal de justiça durante o império brasileiro. Historiador.

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assim no mercado de trabalho, na educação e em qualquer outro espaço

da vida brasileira. A herança da escravidão tem sido invocada como

argumento para justificar a situação presente de desvantagem da

população negra. No entanto, este argumento revela-se frágil diante do

longo tempo decorrido desde a extinção do trabalho escravo. A

fragilidade dessa explicação se evidencia quando se observa que as

precárias condições econômicas dos negros, no pós-abolição, não

diferiam muito daquela dos grupos de trabalhadores estrangeiros brancos

que chegaram ao Brasil. Hoje, boa parte da elite econômica, política e

intelectual do país é oriunda desses grupos de imigrante pobres, enquanto

que a situação da maioria da população negra manteve-se quase que

inalterada. Assim, não há como explicar as precárias condições de

existência dos negros hoje, a não ser pelo efeito devastador do racismo

(QUEIROZ, 2002, p.15 apud SANTANA E MORAIS 2009, p.54).

A citação de Queiroz (2002) comprova a desigualdade de oportunidade

entre brancos e negros no decorrer da história da sociedade brasileira. Para Queiroz, não

foi só a herança da escravidão que gerou e ainda gera essa desigualdade, já que mesmo

passando muito tempo desse período, hoje ainda há diferença de oportunidade do

acesso, o mais provável é que esse problema é causado pelo racismo tendo em vista que

os imigrantes europeus se encontravam na mesma condição de pobreza dos negros e

mesmo assim as oportunidades para essa classe se distanciou da condição do negro, pois

muitos desses grupos de imigrantes atualmente faz parte da elite brasileira, situação bem

contrária do negro dessa mesma época.

No século XX, mas precisamente na década de 30, o movimento negro

mobiliza um processo político e educacional entre os negros, já que as ações deste

movimento nesse período eram no sentido de incentivo à população afrodescendente

para a educação. Para Santana e Morais (2009), o movimento negro tinha a preocupação

em prolongar a questão educacional, para isso às ações eram divulgadas em jornais da

imprensa negra, com o objetivo de demonstrar ao negro o caráter emancipatório que a

educação teria nas suas vidas.

É inquestionável a importância da educação tanto para as elites quanto para

as massas (sejam em escolas públicas ou privadas), para tanto a mobilização do

movimento negro foi importantíssima para a sua inclusão nesses espaços de

socialização e aquisição de conhecimento. Além das mobilizações, boa parte dessas

conquistas se deve ao novo entendimento do Estado quanto à necessidade de investir

nesse setor como também um imperativo para o desenvolvimento econômico.

Apesar dos avanços quanto ao acesso e educação do negro, é certo que

muito ainda precisa mudar quanto ao ensino ofertado e ao racismo que ainda persiste

nas instituições escolares. Mesmo que o discurso do Estado seja de alcançar um nível de

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educação democrática que respeite as diferenças e realmente inclua todos os cidadãos,

na prática muito tem-se que avançar quanto as práticas pedagógicas e educacionais.

III- O Sistema de Reserva de Vagas “Raciais” na Universidade Estadual de

Montes Claros – UNIMONTES

É possível afirmar que alguns avanços no que se refere à educação do negro

no Brasil, são resultados de luta travada pelo movimento negro brasileiro na busca de

direitos dessa população no país. Diante de um histórico cenário de exclusão do negro e

de outros grupos historicamente excluídos, surge a necessidade de se pensar politicas

que garantisse o mínimo de direitos a esses segmentos.

De Acordo com Gomes (2007), as ações afirmativas são políticas voltadas

para grupos historicamente excluídos da sociedade, são ações sugeridas ou imposta pelo

estado que visa combater as discriminações, minimizando as “diferenças” na qual o

processo histórico culminou. Ainda segundo Gomes (2007), é indispensável que haja

uma conscientização da sociedade acerca da necessidade de eliminar ou minimizar as

desigualdades sociais em detrimento das minorias. As ações afirmativas funcionam,

portanto, como um antídoto razoavelmente eficaz para combater esse mal, tendo em

vista que essas ações não conseguem eliminar por completo as desigualdades sociais.

Segundo Moehlecke (2002) As ações afirmativas destinadas aos negros no

Brasil, surgem como uma ação compensatória, como exemplo a política de cotas, na

qual se destina um percentual de vagas em universidades publicas para negros e

afrodescendentes como uma espécie de compensação a tudo que o negro viveu na

história do país. Ações compensatórias como essas das cotas surgiu ainda de acordo

com essa autora na década de 1980, quando o deputado federal Abdias do Nascimento

“formulou o primeiro projeto de lei propondo uma “ação compensatória” ao afro-

brasileiro em diversas áreas da vida social como reparação pelos séculos de

discriminação sofrida” (MOEHLECKE, 2004, p.758).

A política de cotas raciais para ingresso no ensino superior surgiu no Brasil

como efeito imediato da conferência de Durban. De acordo com Moehlecke (2002), o

governo brasileiro estava atento a demonstrar internacionalmente o seu interesse em

cumprir o que foi elaborado na conferência, em nome do principio de igualdade,

principalmente racial. Dessa maneira, algumas universidades públicas do país, tanto

estaduais quanto federais, instituem leis de reserva de vagas, com especificações a

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critério das próprias universidades, onde se destinam vagas para negros e

afrodescendentes.

Essa ação afirmativa busca acelerar o processo de igualdade e diversificação nas

universidades públicas brasileiras, buscando assim, inserir cada vez mais os negros que

historicamente não teve a mesma oportunidade educacional. É importante ressaltar que

no Brasil, a raça negra é maioria na população, e o acesso à educação superior são para

poucos.

O sistema de cotas nas universidades públicas foi um grande avanço no

combate a desigualdade racial no Brasil, visto que essa conquista é decorrente de uma

ardente luta dos movimentos negros que durante anos agiu em defesa da população

negra, buscando combater o racismo que perdura até os dias de hoje.

A Unimontes aderiu ao sistema de reserva de vagas no ano de 2005 através

da lei 15259/2004 de 27/07/2004 na qual reserva no mínimo 45% das vagas para

afrodescendentes desde que sejam carentes, indígenas, portadores de deficiência e

estudantes que tenham estudado integralmente o ensino médio em escolas da rede

pública desde que sejam carentes. Desses 45%, 25% são destinados ao

afrodescendente/carente que de acordo com a lei carente aquele que possuir, no seu

âmbito familiar, renda per-capta inferior a um salário mínimo e o afrodescendente

aquele que se autodeclarar como tal.

Pode-se afirmar que a Unimontes tem uma importância significativa para a

região, já que, juntamente com a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG),

compõe as únicas duas instituições a oferecerem cursos gratuitos em Montes Claros-

MG.

A discussão proposta nesse trabalho, em torno dos modos pelos quais tem se

dado a política de cotas na Universidade em questão, justifica-se pela relevância de seu

papel na sociedade em que se vê inserida, lembrando o potencial trazido por tal política,

de aumento das oportunidades de acesso ao ensino superior à população negra, de

resgate da cidadania e conquista de uma vida mais digna.

É visto que há uma grande diferença na relação entre as universidades

citadas na questão da reserva de vagas raciais, enquanto uma reserva exclusivamente

para a população negra, considerando a cor, a outra cobra apenas a autodeclaração como

sendo afrodescendente. Mas como diferenciar os negros dos afrodescendentes?

A diferenciação entre negros e afrodescendentes parte principalmente da

miscigenação que é fator importante da formação da sociedade brasileira, já que ela se

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formou através da composição de três raças principais, brancos, negros e índios fazendo

com que a população brasileira se tornasse um povo de várias cores.

Todo brasileiro, mesmo o alvo, de cabelo louro, traz na alma, quando não

na alma e no corpo – há muita gente de jenipapo ou mancha mongólica

pelo Brasil – a sombra, ou pelo menos a pinta, do indígena ou do negro.

[...] A influência direta, ou vaga e remota, do africano (FREYRE, 1990,

p.307 apud SANTOS, 2002, p.155).

De acordo com Freyre (1990), a miscigenação fez com que todo brasileiro,

independentemente da sua cor da pele ou cor do cabelo, carregasse um pouco da

descendência africana, com isso todo brasileiro pode ser considerado afrodescendente,

porém nem todos são negros.

Diferentemente do afrodescendente, o individuo para ser negro precisa

necessariamente ter a cor preta ou parda, conforme dito por Gomes (2007):

A discussão sobre relações raciais no Brasil é permeada por uma

diversidade de termos e conceitos (...) negros são denominados aqui as

pessoas classificadas como pretas e pardas nos censos demográficos

realizados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)

(GOMES, 2007, p. 39 apud Rocha, 2010 p. 900).

O sistema da Unimontes ao reservar vagas para afrodescendentes permite

que pessoas “não negras” adentrem a Universidade fazendo que haja contrariedade

entre esses sistemas e a política de cotas criada inicialmente onde surge como uma

política compensatória.

O que é levado em consideração aqui é o pensamento de Oracy Nogueira,

onde percebe-se uma contradição em algumas políticas de reserva de vagas em

universidades públicas no Brasil, como por exemplo, o sistema implantado na

Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes), que leva em consideração à

autodeclaração do candidato que queira concorrer à reserva de vagas racial da

instituição. Com isso, de acordo com toda a discussão, o sistema adotado na Unimontes

não favorece ao negro, mas sim, todo brasileiro que seja carente e se declare

afrodescendente. Sendo assim, percebe-se que a política de cotas “diversidade na

universidade” criada a partir da lei federal 10.558/2002 não funciona em plena forma

nesta universidade.

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A fala do pró-reitor da universidade fortalece o que foi explicitado acima

quando perguntado se qualquer brasileiro independente da cor poderá concorrer à vaga

na categoria afrodescendente/carente:

Sim, por que afrodescendente como falamos inicialmente é o descendente

da África. A cor da pele é um indicativo, porém não o único. Mas é auto

relatada (Pró-Reitor de Ensino da Unimontes).

A questão entre a diferenciação do afrodescendente e do negro perpassa por

uma longa discussão, visto que são termos que se confundem. Percebe-se através das

entrevistas com os cotistas, que há divergências nas respostas quando perguntado o que

seria o afrodescendente, já que alguns disseram que estava ligado à raça negra, e outros

ao dizer que todo brasileiro é afrodescendente devido à mistura de raças,

compartilhando com a ideia de Freyre (1990).

Diante da discussão apresentada, através das entrevistas e embasado

principalmente na discussão de Gilberto Freyre (1990), é entendido que o sistema de

reserva de vagas afrodescendente/carente da Unimontes pode beneficiar qualquer

brasileiro que seja carente, contradizendo a diversidade racial prevista no sistema de

cotas para negros.

Tendo em vista a questão da reserva de vagas para afrodescendente da

Unimontes, foi questionado para o pró-reitor o motivo pelo qual a universidade não

adotou o sistema de cotas para negros, observando que dessa forma contemplaria o

objetivo principal deste sistema diversificando o ambiente acadêmico entre raças.

Surpreende-se pela resposta dada pelo entrevistado ao afirmar que:

na verdade no Brasil não tem negro. [...] por que ele atenderia a quem? É

pra atender qual público? Uma vez que o estado de Minas Gerais, tirando

as comunidades quilombolas que ai seria exclusivo pra ele, talvez seriam

um sistema de reserva de vagas para os quilombolas, mas tirando as

comunidades quilombolas onde eu acharia esses negros? (Pró-Reitor de

Ensino da Unimontes).

A ideia de que não existe negro no Brasil, como foi falado pelo pró-reitor

de ensino da Unimontes, perpassa para a discussão do mito da democracia racial, onde

afirma que não há mais raças puras em nossa sociedade devido o processo de

miscigenação que tivemos durante todo nosso processo histórico. Contudo, mesmo o

povo brasileiro sendo miscigenado, no qual teria deixado nossa população

“homogênea”, não é possível afirmar que tal mistura racial acabasse com a desigualdade

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e discriminação que essa população sofreu e ainda sofre nos dias atuais. O combate

desta ideia “democracia racial” ganha força principalmente partir da década de 1970,

quando o movimento negro começa a enfrentar esse conceito, buscando desmitificar a

existência do racismo em nossa sociedade. Sendo assim, as ações afirmativas surge

como forma importante para que sejam superadas as desigualdades existentes entre

negros e brancos no país.

Diante dessa discussão, percebe-se que o sistema de reserva de vagas para

afrodescendente/carente da Unimontes não é uma cota racial, e sim uma cota social, já

que o candidato precisa comprovar apenas sua carência.

A Unimontes ao reservar vagas aos afrodescendentes que sejam carentes,

faz com que haja uma espécie de enegrecimento (oportunismo) da população invertendo

a situação apresentada por Ferreira (2012), onde a população negra para fugir do

racismo e preconceito se escondia atrás de termos como moreno. Como o sistema

obriga o candidato a se declarar como afrodescendente para concorrer a vaga, pessoas

de cor clara, que talvez em uma outra ocasião não se declararia como tal, passa a alegar

tal conceito para que possa se beneficiar desses sistema.

Esse oportunismo dificulta o processo de entrada dos estudantes que

realmente eram para ser beneficiados com as cotas nessa categoria, tendo em vista que

facilita a entrada de pessoas que não se enquadram em outra modalidade, como por

exemplo, os alunos que sempre estudaram em escola particular - que mesmo sendo

carente, tiveram a oportunidade de ter uma educação melhor que a ofertada pelo ensino

público - por não poderem concorrer a vagas na categoria de egressos de escola

pública/carente encontram na modalidade afrodescendente/carente uma brecha para sua

inserção na universidade.

As entrevistas com os cotistas do curso de serviço social da Unimontes

deixa isso explicito, já que quando perguntado aos entrevistados qual cor eles se

declaram, percebe-se que dois deles, visivelmente de pele clara, se declara como parda e

outra como negra, deixando claro que as pessoas mudam de opinião dependendo do

benefício individual que vão obter.

IV- Considerações Finais

De forma geral, o objetivo do trabalho era fazer uma analise crítica ao

sistema de reserva de vagas destinado para afrodescendente em boa parte das

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universidades públicas desse pais, nesse caso especificamente da Universidade Estadual

de Montes Claros – UNIMONTES, tendo em vista que tal política se confunde com as

cotas raciais destinada especificamente para negros, que gera constrangimento aos

alunos, que não são negros, no qual se inseriram nesse sistema, pois a falta de

conhecimento da maioria faz com que surgem questionamentos sobre tal modalidade,

criticando o indivíduo de cor clara que ingressou por essa categoria.

As análises postas em todo trabalho, demonstrou que afrodescendente é todo

aquele originário da África, portando, todo processo histórico de colonização e

miscigenação ocorrido na sociedade brasileira, fez com que fosse impossível afirmar

que alguém, mesmo de cor clara, não tenha nenhuma descendência de africanos.

O que se buscou nessa pesquisa foi analisar a finalidade do sistema de

reserva de vagas afrodescendente/carente da Unimontes, tendo em vista que a grande

discussão no país é a eliminação da exclusão de uma raça do espaço acadêmico.

Portanto deve-se considerar que esses sempre estiveram em um patamar de

inferioridade imposta pela sociedade branca delegando sempre funções de pouco

prestígio e valor social. A inserção do negro no âmbito acadêmico possibilitaria,

portanto, maiores oportunidades, que sempre foram escassas ou nulas, a uma maior

ascensão social.

As políticas afirmativas vêm de encontro às demandas do movimento negro

que sempre reivindicou por uma igualdade de oportunidade entre raças, buscando

garantir direitos que sempre foi negado para essa população. As cotas raciais surgem

nesse contexto como uma vitória do movimento negro, pois pela primeira vez, a

discussão pautada em torno do negro, ultrapassou as barreiras do racismo.

Sabe-se que as cotas raciais é um assunto bastante debatido, tendo em vista

que existem numerosas discussões contra tal política, pois o principal questionamento

desses é que todos são iguais e possuem a mesma capacidade inserção na universidade.

Contudo percebe-se que, os negros sempre fizeram parte de um processo excludente,

onde as oportunidades não eram iguais entre brancos e negros e isso perpetua até os dias

atuais com varias manifestações e racismo com esses sujeitos.

A defesa desse posicionamento é justamente por considerar que o processo

de exclusão do negro em nossa sociedade, atenuou as oportunidades deste segmento,

por isso, as ações afirmativas surgem de forma compensatória a esse processo

discriminatório pelo qual foi imposta ao negro.

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Considerando esses aspectos, surge a indagação sobre as cotas para

afrodescendente e não para negros, qual a finalidade? Uma vez que, tal política adotada

na Unimontes, ocorrida através da lei estadual 15.259/2004, beneficia somente o

candidato carente, dando brechas assim, àqueles que não sofrem preconceito devido sua

cor ratificando o que é explicitado por Oracy Nogueira (2006) como preconceito de

marca, ou seja, sofre discriminação os sujeito pertencentes a raça negra.

A própria instituição por considerar a demanda de negros insuficiente para a

universidade, segundo o pró-reitor de ensino, pois para ele só existe negros em

quilombos, revela a problemática gerada em torno dos termos utilizados para a reserva

de vagas, sem levar em consideração de fato os conceitos de tais elementos – negro e

afrodescendente, pois se o alvo é o público carente porque utilizar o termo

afrodescendente para nomear a categoria? A utilização desse termo só gera dúvidas e

questionamentos a respeito do sistema adotado pela instituição analisada.

Por fim, através das observações realizadas no presente trabalho, propõe-se

que a Unimontes insira o sistema de reserva de vagas para negro e não para

afrodescendente como está presente atualmente na universidade, visto que o atual

sistema não destina especificamente vagas para negros, já que todo brasileiro pode se

autodeclarar como tal, sendo assim pode-se afirma que a Unimontes reserva vagas para

o candidato carente, onde ser carente é a única especificidade deste sistema.

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