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Espaços Fotográficos

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Catálogo do projeto Espaços Fotográficos 1ª edição. Trabalhos realizados no Centro Municipal de Cultura, RS.

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Percurso Digital por Espaços Fotográficos

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Percurso Digital por Espaços FotográficosRosana Almendares1

Silvia Giordani2

No segundo semestre de 2011 uma parcela dos artistas participantes do Grupo de Estudos Fotográficos (GEF) orientado pela Ms Niu-

ra Legramante Ribeiro, empenhou-se na prática da fotografia digital, desde a concepção até sua finalização. A este grupo somaram-se

dois artistas com pesquisa plástica em fotografia e formou-se o Percurso Digital por Espaços Fotográficos, orientado por Silvia Giordani

com colaboração de Rosana Almendares.

A partir da leitura do texto O Aleph e do estudo de alguns artistas que abordam o espaço em suas produções fotográficas, os partici-

pantes foram incitados a se colocarem no lugar do personagem de Jorge Luis Borges (2008) e buscarem um ângulo do qual pudessem

enxergar, através da câmera fotográfica, aquele “ponto do espaço que contém todos os pontos”. A área delimitada para tal foi o Centro

Municipal de Cultura, já bastante conhecido por todos, tornando ainda maior o desafio de olhar através da objetiva em busca de algum

ponto “com infinitas coisas”.

Os trabalhos foram desenvolvidos permeados por esta busca e pela iconografia de artistas, como Georges Rousse e seu ponto de

vista delimitado pela câmera, Lucia Koch e a ilusão espacial das Amostras de Arquitetura, as convenções fotográficas nos espaços expo-

sitivos representados na série Em Abyme de Marilice Corona, o rastro de ação nos trabalhos de 2005-2006 de Moshekwa Langa, a visão

grande-angular de espaços privados em Interiores de Eneida Serrano, os rearranjos arquitetônicos de Casabu e os enquadramentos do

atelier de Rufino Mesa, ambos de Vera Chaves Barcellos.

Conforme Jacques Amont em A Imagem (1993), o olhar é o que define a intencionalidade e a finalidade da visão. É a dimensão

propriamente humana da visão. E cada indivíduo terá sua busca visual norteada por focos de interesse pessoal de diferentes origens.

Sonaglio (2004) aponta que o olhar é um dos elementos instauradores da fotografia, pois a foto é resultado de uma seleção feita pelo olho,

através do visor da máquina, somado às possibilidades da câmera. O ato fotográfico foi o momento em que os artistas delimitaram aquilo

que, dentro das muitas possibilidades do Aleph, era o seu foco de interesse.

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“A fotografia ao ter como ponto de partida o concreto, a realidade, implica um olhar que percebe o mundo e está vinculado ao au-

tor. O olhar que molda, que testemunha a fotografia antes da sua materialização.” (SONAGLIO, 2004, p. 170). Além disto, a escolha do

equipamento, os recursos ópticos, o controle da exposição e o foco também definiram a forma como a imagem e a luz foram registradas.

“O fotógrafo, pois, em função de seu repertório pessoal e de seus filtros individuais e, apoiado nos recursos oferecidos pela tecno-

logia, produz a imagem a partir de um assunto determinado. A interpretação final, entretanto, ainda sofrerá interferências ao longo do

processamento e elaboração final da imagem.” (KOSSOY, 1999, p. 30).

A etapa seguinte do percurso foi o tratamento da imagem, visto que a natureza numérica da fotografia digital, já apontada por Couchot

(1996), requer obrigatoriamente uma pós-produção do arquivo raw. O espaço ocupado pelo artista passou a ser a tela do computador.

Alguns optaram por interferir em suas imagens, utilizando para tal mais de um software.

Rouillé (p. 342) observa que “... com a fotografia, o artista procura menos representar o real do que problematizá-lo.” Isto fica evidente

na escolha e diversidade dos processos. O trabalho de Neusa Thomé nos faz pensar no conceito de “fora de campo” de Gombrich (1995):

ao escolher o enquadramento de um detalhe de uma parede, com vestígios de inúmeras pinturas que por lá passaram, a artista deixa

em aberto e ao encargo do espectador a possibilidade de imaginar e completar a imagem. Nos trabalhos de Neide Cunha Pinto, Sergio

Bohrer, Neca Sparta e Clara Figueira, localizamos o conceito de “reconhecimento” apresentado por Gombrich (1995), no sentido de iden-

tificar alguma coisa na imagem que pode ser encontrado no real e que, através da memória e da forma como a imagem é apresentada,

gera no espectador uma nova possibilidade de ver a realidade: Neide da Cunha Pinto traz à tona, através de uma imagem espectral, as

cores quentes que via no Atelier Livre nos anos 80; Sérgio Bohrer utiliza a progressão geométrica para o cálculo da repetição e da trans-

parência, matematizando ainda mais o que já é da ordem numérica; Neca Sparta justapõe pontos de luz, guiando o olhar para janelas

muitas vezes esquecidas no alto das paredes; Clara Figueira lida com imagens que contrapõem o interior e o exterior, mostrando estes

pontos de vista em uma mesa de luz, numa referência à antiga forma de olhar cromos. Outros artistas descolam mais do referente, seja

pela montagem, seja pela intervenção que fazem na imagem: Mara Radé busca na associação de cores e formas as referências para

nos colocar diante do ritmo acelerado de nossa sociedade; Bragança e Lívia Martins, através de sucessivas colagens, trabalham com a

ideia de mapas; Cinthia Sfoggia utiliza-se de um artifício para isolar o espaço escolhido, deixando não mais que “o vestígio deixado pela

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desaparição de todo o resto” (BAUDRILLARD, 1997, p. 35).

Cada fotografia tem uma realidade própria, que não corresponde necessariamente à realidade que envolveu o assunto. Trata-se de

uma “segunda realidade, construída, codificada, sedutora em sua montagem, em sua estética, de forma alguma ingênua, inocente, mas

que é, todavia, o elo material do tempo e espaço representado”. (KOSSOY, 1999, p. 22). O percurso foi um estímulo ao desenvolvimento

e à pesquisa em fotografia, uma experiência de intervenção na imagem e um ensaio sobre como conciliar o processo de criação artística

com o fluxo de trabalho digital.

BIBLIOGRAFIA:

AMONT, Jacques. A Imagem. São Paulo: Papirus, 1993.

BAUDRILLARD, Jean. A arte da desaparição. Rio de Janeiro: UFRJ, 1997.

BORGES, Jorge Luis. O Aleph. São Paulo: Cia das Letras, 2008.

COUCHOT, Edmond. Tecnologia na arte, da fotografia a realidade virtual. Porto Alegre: Editora da UFRGS, 2003.

GOMBRICH, Ernst H. Arte e Ilusão. São Paulo: Martins Fontes, 1986.

KOSSOY, Boris. Realidades e ficções na trama fotográfica. São Paulo: Ateliê Editorial, 1999.

ROUILLÉ, André. A fotografia: entre documento e arte contemporânea. São Paulo: Editora Senac, 2009.

SONAGLIO, Vilma. Tangenciando o processo de criação. In: SANTOS, Alexandre; SANTOS, Maria Ivone. A fotografia nos processos

artísticos contemporâneos. Porto Alegre: Editora da UFRGS, 2004. pp. 168-175.

___________________________________________________1 Artista visual, designer, professora do Atelier Livre, Porto Alegre, RS.

2 Artista visual, fotógrafa, professora do Atelier Livre, Porto Alegre, RS.

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Título: Vestígios Múltiplos

Ano: 2012

Técnica: Fotografia, intervenção digital e colagem

Dimensões: 45cm x 115cm

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Cinthia Sfoggia

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Título: De dentro e de fora

Ano: 2011

Técnica: Fotografia impressa em transparência sob backlight

Dimensões: 47cm X 102cm

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Clara Figueira

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Título: Mapa Virtual

Ano: 2011

Técnica: Fotografia com intervenção digital

Dimensões: 64cm x 120cm

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Jorge Bragança

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Título: Na pele de Lupicínio

Ano: 2012

Técnica: Fotografia, intervenção digital e espelho

Dimensões: 26cm x 288cm

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Lívia Martins

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Título: Sinaleira

Ano: 2011

Técnica: Fotografia, intervenção digital e plotagem

Dimensões: 50cm x100 cm

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Mara Radé

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Título: Pontos de Luz

Ano: 2011

Técnica: Fotografia com intervenção digital

Dimensões: 15cm x 134cm

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Neca Sparta

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Título: Memória

Ano: 2011

Técnica: Fotografia

Dimensões: 60cm x 90cm

Detalhe

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Neide CPinto

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Título: Rastros de passagem

Ano: 2012

Técnica: Fotografia com intervenção digital

Dimensões: 86cm X 45cm.

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Neusa Thomé

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Título: Prensa Litográfica

Ano: 2012

Técnica: Fotografia com intervenção digital

Dimensões: 30cm x 127cm

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Sérgio Bohrer

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CURRÍCULOS

CINTHIA SFOGGIA

Graduada em Artes Visuais/bacharelado em cerâmica pelo Instituto de Artes da UFRGS. Pertence ao GEF, Coletivo Sinapses e Bando

de Barro. Diversas exposições coletivas, individuais e salões no RS, SC e SP. Destaque do Júri no XIV Salão de Mini Cerâmica do RS e 2º

lugar no II Salão de Mini Cerâmica do RS.

CLARA FIGUEIRA

Pós Graduada em Poéticas Visuais - Pintura, Desenho e Instalação: Processos Híbridos e em Poéticas Visuais - Gravura, Fotografia

e Imagem Digital, ambos na FEEVALE, Novo Hamburgo, RS. Menção Honrosa no Concurso Fotográfico Fenabb, Brasília, DF. Diversas

exposições coletivas e uma individual no Paço Municipal, em Porto Alegre.

JORGE BRAGANÇA

Artista plástico, natural de MG, radicado no RS. Curso de desenho, pintura, fotografia, e história da arte no Atelier Livre da Prefeitura

de Porto Alegre. Pertence ao GEF e ao Coletivo Sinapses. Realizou exposições coletivas e possui obras em acervo no Museu Histórico

do Butantan em SP.

LÍVIA MARTINS

Fotógrafa, pós-graduada em Artes Visuais - Cultura e Criação pelo SENAC-RS. Frequentou cursos de desenho, tridimensional, pintura

e fotografia no Atelier Livre da Prefeitura de Porto Alegre, RS. Participou de exposições coletivas e concursos de fotografia.

MARA RADÉ

Pós-Graduada em Poéticas Visuais - Gravura, Fotografia e Imagem Digital pela FEEVALE, Novo Hamburgo, RS. Licenciada em Edu-

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cação Artística - Habilitação: Desenho e Artes Plásticas pela ULBRA, Canoas, RS. Pertence ao GEF e ao Coletivo Sinapses e participou

de diversas exposições no Brasil e no exterior.

NECA SPARTA

Pós-graduada em Poéticas Visuais - Gravura, Fotografia e Imagem Digital pela FEEVALE. Participação em diversas exposições no

Brasil e no exterior. Indicada ao I Prêmio Açorianos de Artes Plásticas, Categoria Exposição Coletiva. Possui obras em acervo na Pinaco-

teca Barão de Santo Ângelo, Instituto Artes, UFGRS, Porto Alegre, RS; Museu de Arte Contemporânea, MACRS, Porto Alegre, RS.

NEIDE CPINTO

Graduada em Educação Artística pela Faculdade Palestrina/RS. Participação em exposições coletivas no Brasil e no exterior. Duas

exposições individuais em Porto Alegre e uma em Novo Hamburgo, com a série de fotografias “Encarnadas”. Possui uma obra em acervo

no Museu Histórico do Instituto Butantan, SP e 3 fotografias no AELLA-Cine e Foto Latinoamericana, Paris, FR.

NEUSA THOMÉ

Artista plástica, Estudou Semiótica da Imagem com Victor Burgin (Politecnic of Central London) e com Rosalind Coward (Reading

University/Inglaterra). Frequenta cursos de Arte e Fotografia no Atelier Livre da Prefeitura de Porto Alegre. Diversas coletivas no Brasil e no

exterior e individual na Sala de Fotografia E. F. Scalco da Assembléia Legislativa, RS. Pertence ao GEF e ao Coletivo Sinapses.

SÉRGIO BOHRER

Fotógrafo e artista plástico, fez vários cursos e oficinas de fotografia, cinema e vídeo. No Atelier Livre da Prefeitura de Porto Alegre,

fez cursos de história da arte, desenho, pintura e gravura. Faz parte do GEF e do Coletivo Sinapses. Diversas exposições coletivas, com

fotografia e gravura.

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ROSANA ALMENDARES

Pós-graduada em Cinema e pós-graduada em Design Gráfico para a Comunicação. As duas especializações pela UNISINOS - São

Leopoldo – RS. Atua na área das artes visuais desde os anos ’80 participando de mostras no Brasil, Itália, Espanha, Canadá, Suíça,

Irlanda do Norte e Cuba.

SILVIA GIORDANI

Artista plástica e fotógrafa pela ESPM/RS. Participa do GEF e do Coletivo Sinapses. Diversas exposições coletivas no Brasil e no

exterior. Prêmio Maria Conceição Menegassi no Salão de Arte do Atelier Livre.

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