Upload
internet
View
107
Download
3
Embed Size (px)
Citation preview
Espaços livres em megacidades
Espaços Urbanos.Aulas 9 e 10 – junho 2013
CONTEÚDOS DESTA AULA:
Conceitos e temas:
Diferenciação de áreas; Diferenciação socioespacial
Referências Bibliográficas:
CARLOS. A. F. A. Diferenciação Socioespacial. Cidades. Volume 4. número 6. 2007. p. 45-60.GOMES, P. C. da C. A condição urbana. Ensaios de geopolítica da cidade. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2002. p. 169-191.SANTOS, M. Por uma economia política da cidade. São Paulo: HUCITEC, 1994. p. 115-145.Observar as referências complementares ao longo da aula
PRIMEIRA PARTE
Espaços livres em megacidades
CONTEÚDOS DESTA AULA:
Conceitos e temas:
Segregação socioespacial; Fragmentação socioespacial; Exclusão social
Conceitos e Temas
Espaços livres em megacidades
A DIFERENCIAÇÃO COMO PRODUTO E NEGATIVIDADE
Como as diferenças são produzidas?
Quais seus conteúdos?
Escalas diferentes “produzem” fenômenos diferentes, com conteúdos diferentes?
DIFERENCIAÇÃO ESPACIAL;DIFERENCIAÇÃO SOCIOESPACIAL
Espaços livres em megacidades
Três conceitos de grande importância para o estudo e compreensão dos espaços urbanos:
Segregação socioespacial; Fragmentação socioespacial;
Exclusão social
- - Entender a cidade como um Capital Social, apropriado desigualmente e de forma ampla e majoritariamente privada.
- Obs: [há todavia, situações em que o processo de apropriação é público-estatal e algumas poucas e raras, mais recentemente, público-coletiva].
- - Portanto não confundir: [de um lado]; - a coordenação e a gestão do processo de apropriação (e produção) privada do espaço urbano, que em grande medida é realizada pelo Estado ou sob seus auspícios (estrutura, instrumentos, legislação, legitimação), e; [de outro lado]; - os processos de apropriação efetivamente realizados pelo Estado em seu “proveito” próprio e segundo sua “racionalidade” (que é diferente em diversos aspectos da racionalidade do mercado).
DIFERENCIAÇÃO ESPACIAL;DIFERENCIAÇÃO SOCIOESPACIAL
Espaços livres em megacidadesParte 2.1: O espaço público
ESPAÇO PÚBLICO (latu sensu) ≠ ESFERA PÚBLICA VIDA PÚBLICA DOMÍNIO PÚBLICO
O espaço público deve ser analisado como espaço geográfico:É sempre uma extensão fisicamente constituídaEssa ordem espacial possui uma lógica ou coerência
Por que as coisas estão dispostas no espaço dessa maneira?Qual o significado e as consequências de tal ordem espacial?
Ref.:
GOMES, P. C. da C. A condição urbana. Ensaios de geopolítica da cidade. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2002. p. 169-191
Espaços livres em megacidades
O arranjo físico das coisas é um agente ativo na realização de determinadas ações sociaisA ordem espacial é concebida como uma condição para que essas ações se produzam
O espaço geográfico (nesse caso o Espaço urbano como espaço público latu sensu) é, simultaneamente, o terreno onde as práticas sociais se exercem, a condição necessária para que elas existam e o quadro que as delimita e lhes dá sentido
O ESPAÇO GEOGRÁFICO E O ESPAÇO PÚBLICO
Espaços livres em megacidades
Um olhar geográfico sobre o espaço público deve considerar Sua configuração física o tipo de práticas e dinâmicas sociais que aí se desenvolvem
ESPAÇO PÚBLICO: Um conjunto indissociável das formas com as práticas sociais
CONDIÇÃO DE CIDADANIA E O ESPAÇO PÚBLICO: Sua configuração física, seus usos e sua vivência efetiva
CIDADANIA: Pertencimento a um grupo Pertencimento a um territórioA coabitação dos indivíduos ocorre sobre um espaço que é também objeto de um pacto formal: ESPAÇO NORMATIZADO
O ESPAÇO GEOGRÁFICO E O ESPAÇO PÚBLICO
Espaços livres em megacidades
O termo cidadania tem origem etimológica no latim civitas, que significa "cidade". Estabelece um estatuto de pertencimento de um indivíduo a uma comunidade politicamente articulada – um país – e que lhe atribui um conjunto de direitos e obrigações, sob vigência de uma constituição. Ao contrário dos direitos humanos – que tendem à universalidade dos direitos do ser humano na sua dignidade –, a cidadania moderna, embora influenciada por aquelas concepções mais antigas, possui um caráter próprio e possui duas categorias: formal e substantiva.A cidadania formal é, conforme o direito internacional, indicativo de nacionalidade, de pertencimento a um Estado-Nação, por exemplo, uma pessoa portadora da cidadania brasileira. Em segundo lugar, na ciência política e sociologia o termo adquire sentido mais amplo, a cidadania substantiva é definida como a posse de direitos civis, políticos e sociais. Essa última forma de cidadania é a que nos interessa.
Cidadania
Espaços livres em megacidades
Mudanças na imagem da cidade estão associadas, são reflexo e são condicionantes de mudanças na concepção e na vivência dos espaço públicos.
Fragmentação (socioespacial) - Cidade Fragmentada:Soma de parcelas: espaços que são comuns, mas não públicosConfinamento dos terrenos de sociabilidadeMultiplicação de maneiras de se abstrair dos espaços públicos (celulares, tocadores de música, computadores portáteis pessoais)Formas espaciais e locais não públicos e que negam o espaço público (shopping centers, habitats fechados e homogêneos, muros, calçadas sem pedestres)
RECUO DA CIDADANIA
O ESPAÇO GEOGRÁFICO E O ESPAÇO PÚBLICO
Espaços livres em megacidades
FRAGMENTAÇÃO SOCIOESPACIAL:MUDANÇAS NOS SENTIDOS E NA FORMA DA CIDADE
REDEFINIÇÃO DAS IDEIAS QUE NOS ORIENTAM DENTRO DO PROCESSO CIVILIZATÓRIO
RECUO DA CIDADANIA
O ESPAÇO GEOGRÁFICO E O ESPAÇO PÚBLICO
Espaços livres em megacidades
Um recuo da cidadania corresponde a um recuo do espaço público
QUATRO PROCESSOS PRINCIPAIS:A apropriação privada crescente dos espaços comuns;A progressão das identidades territoriais (guetificação/autoguetificação);O emuralhamento da vida social;O crescimento das ilhas utópicas
A ATUAL DINÂMICA DO ESPAÇO PÚBLICO
Espaços livres em megacidades
Ocupação de calçadasFechamento de ruasFechamento de bairros
A apropriação privada:Pode ocorrer com estruturas físicas fixasPode ocorrer por instrumentos sutis e simbólicosTambém possuem relações com o chamado “setor informal” (práticas individuais; privadas, não obstante seu caráter informal e os limites microescalares de sua ação) : camelôs flanelinhas e guardadores
Apropriação privada dos espaços comuns:Exploração de atividades sobre áreas que deveriam ser de livre acesso a todosLivre acesso: pressupõe a não exclusividade de ninguém ou de nenhum uso diferente daqueles que são de interesse comum
2.1.1 A apropriação privada dos espaços comuns
Espaços livres em megacidades
A dimensão do homem público (citadino/cidadão) se estreita, restringindo-se à de um mero passante ou no máximo se limitando à de um eventual consumidor.
A apropriação privada dos espaços comuns:Ocorre uma requalificação do espaço público que resulta em sua degradação física.Também ocorre sua degradação moral: a prática cotidiana da vida pública se esvai.
A ocupação do espaço público não se dá apenas pelo setor informal:Guaritas privadasGuardas privadasCâmeras privadasEstruturas físicas permanentesMarcas simbólicas
A apropriação privada dos espaços comuns
Espaços livres em megacidades
A degradação do espaço nessas invasões é física, mas também, em grande parte, construída pelos usos que são substitutivos à ideia de um espaço público, um espaço de convivência e, sobretudo, um espaço de respeito ao outro.
A apropriação privada dos espaços comuns
Espaços livres em megacidades
Este segundo processo de recuo do espaço público diz respeito à afirmação de (determinadas) identidades sociais na cidade
Expressão territorial de uma identidade coletiva
Essa identidade é assumida como absoluta por um grupo
O espaço é, sob essa dinâmica, sempre objeto de conflitos, pois estabelecer um território de domínio de um grupo significa a afirmação de sua diferença em oposição aos demais
Espaços fragmentados Cidade contemporânea “cidade - mosaico”
Cidade pós-moderna
2.1.2 A progressão das identidades territoriais
Espaços livres em megacidades
A noção de um espaço “identitário” (identitário-fragmentador) é a negação do ideal de mistura e de respeito à diferença no qual se baseia o espaço público
Conceitualmente, o espaço “identitário” é o oposto do espaço público
Concretamente, o aumento de territórios “identitários” (fragmentados) significa a diminuição dos espaços públicos na cidade.
A progressão das identidades territoriais
Espaços livres em megacidades
O individualismo
O homem moderno
O invisível
2.1.3 O emuralhamento da vida social
Espaços livres em megacidades
O confinamento social:
[induzido e potencializado por] serviços telemáticos; serviços de telefonia; televisão;
+ internet;
Equipamentos básicos dos domicílios
LazerNecessidades de abastecimento máquinasComunicação social deslocamento
solitário e virtual
O emuralhamento da vida social
Espaços livres em megacidades
Duas consequências desse processo:
1. Vivência cada vez menor do espaço da cidadeO uso da via pública se restringe progressivamente ao seu valor instrumental primário, a circulação.Deslocamentos por automóvel para pontos precisos da cidade onde reproduz-se a ideia de confinamento e de segurança
CIRCUITOS ESPACIAIS FECHADOS E SELETIVOS
O emuralhamento da vida social
Espaços livres em megacidades
Duas consequências desse processo:
2. Do abandono dos espaços comuns e da recusa em compartilhar um território coletivo de vida social, o espaço público passa a ser o destino dos pobres da cidade
O emuralhamento da vida social
Espaços livres em megacidades
“Apartheid” (socio-territorial) justifica (e ‘valida’):DesigualdadeDesconfiançaAbandonoTerra de ninguém
E o Espaço público?
O emuralhamento da vida social
Espaços livres em megacidades
Habitats homogêneos e isolados
“Cidades dentro da cidade”Simulacros de cidade“Qualidade de vida”, pautada principalmente nos valores associados à segurança, à vigilância em relação ao “externo” e a uma pretensa homogeneidade socialOrdem espacial estrita“Cidadania fragmentada”
Contraste com o entorno e/ou com a cidade como um todoSeparação e distinção social
O crescimento das ilhas utópicas
Espaços livres em megacidades
A CONFIGURAÇÃO E A TRANSFORMAÇÃO DO ESPAÇO PÚBLICO SIGNIFICAM MUDANÇAS ABSOLUTAS NA CIDADANIA
O ENCOLHIMENTO DO ESPAÇO PÚBLICO CORRESPONDE A UM RECUO NA VIVÊNCIA DA CIDADANIA
A fragmentação social crescente é acompanhada de uma fragmentação territorial
As cidades desfazem-se em fragmentos socioespaciaisAs práticas sociais não são independentes de uma certa organização espacialReconstituir uma esfera pública implica redefinir o espaço, em suas dimensões física e simbólica
O RECUO DA CIDADANIA
Espaços livres em megacidades
Segregação socioespacial; Fragmentação socioespacial; Exclusão social
A PARTIR DA APRESENTAÇÃO DESTA AULA, COMO VOCÊS COMPREENDEM A GÊNESE DOS PROCESSOS DE SEGREGAÇÃO, FRAGMENTAÇÃO E EXCLUSÃO?
QUESTÕES