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ESPAÇO ESCOLAR E SEUS OBJETOS: COLÉGIO INTERNO MASCULINO SOB A COORDENAÇÃO DE FRADES FRANCISCANOS NO INTERIOR DO ESTADO DE SANTA CATARINA (1940) KLEIN, Roseli Bilobran 1 - FAFIUV / UNESPAR Grupo de Trabalho – História da Educação Agência Financiadora: não contou com financiamento Resumo O espaço escolar contempla, por um lado, objetos, materiais educativos e a própria arquitetura escolar e sua divisão interna, e, por outro lado, vai além dessa materialidade quando há indicadores de significados sobre a concepção que se tem a cerca da natureza e das funções destes. As representações mentais, valores simbólicos, manifestações não verbais que representam o espaço escolar constituem um marco para a aprendizagem cuja função educativa oferece elementos para a formação de uma cultura escolar. O presente artigo é parte de uma pesquisa histórica de um educandário religioso, que funcionou como colégio interno desde o ano de 1932 até meados da década de 1960, sob a coordenação dos frades franciscanos: o Colégio São José, em Porto União, Santa Catarina. Justifica-se a pesquisa pelo rigor com que as inspeções escolares aconteciam sob a supervisão de um inspetor de ensino diretamente vinculado ao Departamento Nacional de Educação no Rio de Janeiro, sendo o mesmo Departamento responsável em aprovar ou não o espaço escolar destinado ao funcionamento do estabelecimento na época. O objetivo deste estudo é desvendar o espaço escolar, sua materialidade através de objetos, materiais escolares, arquitetura, contidos no interior da escola na década de 1940, sob a então denominação de Ginásio São José, com o intuito de verificar as finalidades a que se destinavam. A metodologia utilizada se concentra numa pesquisa de campo através da catalogação de documentos históricos, atrelada a uma pesquisa bibliográfica com base em Frago e Escolano. Como resultado do estudo apresenta-se fragmentos de documentos históricos revelando os espaços escolares existentes e os discursos implícitos referentes à aprendizagem de valores, disciplina, ordem e conteúdos escolares específicos. Palavras-chave: Espaço. Materiais. Arquitetura. 1 Professora Doutoranda do Programa de Pós- Graduação Strictu Sensu em Educação pela Universidade TUIUTI do Paraná; e, professora do Colegiado de Pedagogia da Faculdade Estadual de Filosofia, Ciências e Letras de União da Vitória – PR (FAFIUV-PR), Campus da Universidade Estadual do Paraná (UNESPAR). Membro do NUCATHE (Núcleo de Catalogação, Estudos e Pesquisas em História da Educação do HISTEDBR em União da Vitória- PR).

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ESPAÇO ESCOLAR E SEUS OBJETOS: COLÉGIO INTERNO

MASCULINO SOB A COORDENAÇÃO DE FRADES FRANCISCANOS

NO INTERIOR DO ESTADO DE SANTA CATARINA (1940)

KLEIN, Roseli Bilobran1 - FAFIUV / UNESPAR

Grupo de Trabalho – História da Educação

Agência Financiadora: não contou com financiamento Resumo O espaço escolar contempla, por um lado, objetos, materiais educativos e a própria arquitetura escolar e sua divisão interna, e, por outro lado, vai além dessa materialidade quando há indicadores de significados sobre a concepção que se tem a cerca da natureza e das funções destes. As representações mentais, valores simbólicos, manifestações não verbais que representam o espaço escolar constituem um marco para a aprendizagem cuja função educativa oferece elementos para a formação de uma cultura escolar. O presente artigo é parte de uma pesquisa histórica de um educandário religioso, que funcionou como colégio interno desde o ano de 1932 até meados da década de 1960, sob a coordenação dos frades franciscanos: o Colégio São José, em Porto União, Santa Catarina. Justifica-se a pesquisa pelo rigor com que as inspeções escolares aconteciam sob a supervisão de um inspetor de ensino diretamente vinculado ao Departamento Nacional de Educação no Rio de Janeiro, sendo o mesmo Departamento responsável em aprovar ou não o espaço escolar destinado ao funcionamento do estabelecimento na época. O objetivo deste estudo é desvendar o espaço escolar, sua materialidade através de objetos, materiais escolares, arquitetura, contidos no interior da escola na década de 1940, sob a então denominação de Ginásio São José, com o intuito de verificar as finalidades a que se destinavam. A metodologia utilizada se concentra numa pesquisa de campo através da catalogação de documentos históricos, atrelada a uma pesquisa bibliográfica com base em Frago e Escolano. Como resultado do estudo apresenta-se fragmentos de documentos históricos revelando os espaços escolares existentes e os discursos implícitos referentes à aprendizagem de valores, disciplina, ordem e conteúdos escolares específicos. Palavras-chave: Espaço. Materiais. Arquitetura.

1 Professora Doutoranda do Programa de Pós- Graduação Strictu Sensu em Educação pela Universidade TUIUTI do Paraná; e, professora do Colegiado de Pedagogia da Faculdade Estadual de Filosofia, Ciências e Letras de União da Vitória – PR (FAFIUV-PR), Campus da Universidade Estadual do Paraná (UNESPAR). Membro do NUCATHE (Núcleo de Catalogação, Estudos e Pesquisas em História da Educação do HISTEDBR em União da Vitória- PR).

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Introdução

A partir de 1930, passada a crise econômica no país, houve um desenvolvimento

industrial, onde as importações foram substituídas, fazendo com que o Brasil requisitasse um

processo de modernização. Isto fez com que novas exigências educativas surgissem. A

burguesia apoiou a política do Estado Novo e “precisamente como aconteceu com os padrões

de consumo, os padrões de educação foram determinados pelo fator demanda. A estratificação

social e a herança cultural pesaram como elementos predominantes na escolha do tipo de

educação escolar a prevalecer” (ROMANELLI, 1999, p. 56). As exigências da sociedade

industrial impuseram modificações significativas na forma de perceber a educação. A escola

expandiu-se para atender as necessidades de formação da população brasileira que participava

de um aumento de frentes de trabalho assalariado. Coincide com este período a forte

influência da Escola Nova no Brasil, implantando novas formas de ensinar com recursos

diferenciados e expandindo a escola pública, favorecendo o processo de democratização do

ensino. A elite percebendo a aplicação de métodos modernos na escola pública requisita-os

também para os seus, entretanto desejava que fossem atrelados ainda à formação de valores

tão aspirada por esta classe social, a qual não os via de forma favorável no interior do ensino

público. Para tal, as escolas confessionais religiosas, foram cobiçadas pela burguesia, porque,

na década de 1940, passavam por um momento de reestruturação devido às reformas de

ensino como as Leis Orgânicas do Ensino Secundário e garantiam uma formação moral e

religiosa que perpetuaria o status das classes sociais mais privilegiadas (ROMANELLI,

1999).

Este fato forçou as escolas particulares a se adequarem às demandas sociais se

adaptando a esta nova realidade. Além disso, havia a sugestão do Departamento Nacional de

Educação no Rio de Janeiro de que as escolas a serem construídas, deveriam se igualar aos

padrões do Colégio Pedro II, na capital do país (VECHIA; CAVAZOTTI, 2003).

Diante desta realidade surgiu o Colégio São José que iniciou suas atividades ainda

como Escola Paroquial, em 1932, sob a coordenação dos frades pertencentes à Congregação

dos Irmãos Pobres de São Francisco Seráfico oriundos da Alemanha. Este pequeno colégio

interno ampliou sua estrutura física e tornou-se o Ginásio São José, no ano de 1940,

funcionando como colégio interno e atendendo aos alunos da comunidade. Foi criado no

Município de Porto União, no Estado de Santa Catarina. No dia 17 de maio de 1940 foi

concedida a inspeção preliminar ao Curso Secundário Fundamental do Ginásio São José pela

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Portaria Ministerial no 91, do Ministério da Educação e Saúde Pública, assinada pelo Ministro

Gustavo Capanema, nos termos do Art. 52 do Decreto 21.241 de 4 de abril de 1932 (BRASIL,

1932 apud ROMANELLI, 1999).

Este trabalho tem como objetivo provocar uma reflexão sobre os espaços escolares

desvendados no Colégio São José através de inventário realizado em documentos históricos

da instituição, e, ainda muito bem preservados através de um arquivo exemplarmente

organizado. A investigação parte de uma pesquisa de campo através da catalogação de

documentos históricos atrelada a um estudo bibliográfico. A pesquisa de campo realizou-se

fundamentalmente com base em relatórios de inspeção escolar nos quais o Inspetor Federal

emitia pareceres sobre o educandário e as atividades pedagógicas enviando os dados

diretamente ao Departamento Nacional de Educação, na cidade do Rio de Janeiro, então

capital do Brasil.

De Escola Paroquial a Ginásio: um novo espaço escolar

Da pequena Escola Paroquial criada em 1932 em instalações improvisadas, passou a

um moderno espaço físico na década de 1940 (Figura 1). A escola paroquial continuou a

oferecer o Curso Primário e o Curso Complementar, e, o novo espaço acolheu alunos do

Curso Ginasial.

Figura 1 – Ginásio São José, construção de 1940. Fonte: Acervo do Colégio São José.

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O espaço escolhido foi cedido pela Paróquia de Porto União, na Rua José Boiteux, em

frente à Igreja Matriz, próximo ao Hospital de Caridade da cidade, e a Praça principal. A

construção segue o mesmo estilo arquitetônico que formam o Hospital, a Casa Paroquial e o

Salão Paroquial, compondo um conjunto de construções germânicas.

A planta original distribui-se em três pavimentos distribuindo-se em salas de aulas e

áreas reservadas aos alunos internos e aos frades. Uma parte anexa foi construída

posteriormente abrigando a capela na parte térrea e no primeiro pavimento a residência dos

freis.

Uma descrição detalhada do espaço físico consta no Relatório de Atividades Finais do

colégio, no ano de 1946, quando o Inspetor Federal, Elpídio Caetano da Silva assim o

descreve (COLÉGIO SÃO JOSÉ, 1946, p. 08 - 13):

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1ª PARTE - O prédio destinado ao internato compõe-se de dois pavimentos, os quais se comunicam por uma escada de imbuia envernizada, composta de dois lances, sendo que, o primeiro dos lances tem 10 (dez) degraus e o segundo 12 (doze). No pavimento superior está instalado o dormitório, em amplo e confortável salão, o qual mede 19 X 12,65 e mais uma reentrância medindo 5,20 X 3,70, ou seja, 259,59 m2 com 14 amplas janelas, medindo 1,23 X 1,84 cada uma e mais duas portas, sendo que uma mede 1,40 X 2,60 e a outra 3,32 X 2,95, e que dá uma área de iluminação de 5,77m2, o que corresponde a nota 8 (oito). Ao fundo do dormitório está instalado o vestiário, numa sala medindo 6,30 X 4,60 e mais uma reentrância com a metragem de 2,05 X 12,65, e que perfaz um total de 54,90 m2 com três janelas e uma porta, sendo que duas das referidas janelas medem 1,13 X 1,65 e a outra 0,80 X 1,65 e a porta 2,60 X 0,90, o que dá uma área de iluminação de 7,42 m2, e corresponde a nota 5 (cinco). A porta que se acha no vestiário dá saída para uma escada de segurança, toda ela de cimento armado. No dormitório existem 61 camas tipo PATENTE PAULISTA. Cada cama tem obrigatoriamente um colchão, um travesseiro, quatro lençóis, quatro fronhas, duas colchas, um cobertor de lã, e um acolchoado com capa (este enxoval é de propriedade do aluno). No dormitório, à direita de quem entra, se acha instalado um belíssimo lavatório, todo ele de marmorina, com 16 bacias e respectivas torneiras, sendo o piso de ladrilhos. No mesmo pavimento está instalado um gabinete noturno, cujo piso é todo ele de ladrilhos, com dois WCs e três mictórios. Há também nove bacias de marmorina para a lavagem das mãos, tudo com água encanada. Ainda no mesmo pavimento, está instalada a FARMÁCIA, a ENFERMARIA com seis camas, a SALA DO SUPERIOR, a CAPELA, e a TESOURARIA. A pintura do dormitório é de cor amarela clara, a altura do pé direito é de 3 metros. A altura de parapeito das janelas é de 1,05 m. Aproveitando o comprimento do corredor, nele foram instalados 81 armários individuais, devidamente numerados. 2ª PARTE – ELUCIDÁRIO DA FICHA DE CLASSIFICAÇÃO – 1º situação – O edifício está situado na zona urbana, numa colina, parte Leste da cidade, em terreno amplo e em condições recomendáveis pela sua natureza, topografia e vizinhança. Pela sua altura oferece a ventilação e a insolação, um acesso franco; pela sua área de 18.660 m2, facilidade de isolamento às futuras construções e uma perfeita situação dos edifícios atuais. Pela quadra urbana que ocupa, cujo acesso é dado por uma ampla avenida, tem privilégio pela distância dos cruzamentos e ruas movimentadas, dando livre trânsito aos alunos, abrigando-os dos ruídos e dos motivos que possam desviar ou perturbar a sua atenção. O terreno cuja permeabilidade e regularidade lhe dão qualidades não suscetíveis de fácil contaminação, permissão livre ao escoamento e absorção natural das águas, e uma disposição plana, sem obstáculos e protegido contra erosões e com área suficiente para futuros acréscimos. 2º Edifício – construído especialmente para ginásio, foi inaugurado em 8 de dezembro de 1939. A sua construção é toda ela de alvenaria de tijolos, revestido de argamassa de cal e areia, coberto com telhas de barro, tipo FRANCESA, armações de tesouras e vigamentos reforçados de pinho. Tem a forma de um I, tendo dois pavimentos e mais a parte térrea. Duas escadas de imbuia envernizada dão acesso ao segundo pavimento. Os pisos são de madeira de pinho, exceto o corredor do primeiro pavimento, o qual é de ladrilhos. No primeiro pavimento acham-se instaladas as salas de aula da 1ª série A e B, da 2ª série, da 3ª série, da 4ª série, gabinete de física e química, gabinete de história natural, sala de geografia e desenho, secretaria, sala do diretor, gabinete médico-biométrico, sala de visitas, biblioteca e sala dos professores. No andar térreo estão instalados o refeitório, a cozinha, dispensa, depósito de sapatos, salas de banho, mictórios e WCs. Existe ainda um prédio de alvenaria onde funciona o Curso Primário e residência dos membros da Congregação. 3º Instalações – existem quatro extintores de incêndio devidamente instalados, um em cada corredor dos pavimentos do prédio, um no gabinete de química e física e outro no dormitório. A iluminação natural pelas janelas e portas rasgadas, em número, áreas e situação convenientes, supera as exigências prescritas pela higiene escolar. A iluminação artificial é feita por meio de eletricidade, cuja rede é convenientemente distribuída por todo o prédio por meio de fios completamente isolados e ainda colocados em canos de chumbo. A

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água potável é canalizada, existindo um reservatório para quatro mil litros (4000). A limpeza diária é feita por meio de varredura a húmido, lavagem bi-semanal e passagem de óleo de linhaça. As instalações sanitárias compõem-se de 10 (dez) WCs e 9 (nove) mictórios para os alunos. Ao centro do gabinete das instalações sanitárias para os alunos, existe um grande lavatório de marmorina, com água corrente para a lavagem das mãos. Todo o despejo é feito para uma fossa céptica geral, com capacidade para 500 (quinhentos) alunos. As lavagens gerais são feitas na sala de banhos, a qual é provida de 10 quartos (dez) cada um com ótimo chuveiro. Existe também, na mesma sala, um lava pés com água corrente. O piso da referida sala é todo de cimento e a divisão dos quartos é de marmorina. Os bebedouros automáticos são em número de 2 (dois). No primeiro pavimento está instalado um WC e um mictório para os senhores professores. 4º Salas de aula – a sala da 1ª série A, tem uma área de 5 X 7, ou seja, 35 m2 e tem a forma retangular, dispondo de três amplas janelas basculantes e uma porta. A área de iluminação para esta sala dá um coeficiente menor que 5 (cinco). A sala da 1ª série B - tem uma área de 5 X 7, ou seja, 35 m2 e tem a forma retangular, dispondo de três amplas janelas basculantes e uma porta. A área de iluminação para esta sala dá um coeficiente menor que 5 (cinco). A sala da 2ª série, antiga 2ª série A, tem uma área de 5 X 8, ou seja, 40 m2 e tem a forma retangular, dispondo de três amplas janelas basculantes e uma porta. A sala de línguas vivas, antiga 2ª série B, tem uma área de 5 X 7, ou seja, 35 m2, e tem a forma retangular, dispondo de três amplas janelas basculantes e uma porta. A área de iluminação para esta sala dá um coeficiente menor que 5 (cinco). A sala da 3ª série tem uma área de 5 X 7, ou seja, 35 m2 e tem a forma retangular, dispondo de três amplas janelas basculantes e uma porta. A área de iluminação para esta sala dá um coeficiente menor que 5 (cinco). A sala da 4ª série tem uma área de 5 X 7, ou seja, 35 m2 e tem a forma retangular, dispondo de três amplas janelas basculantes e uma porta. A área de iluminação para esta sala dá um coeficiente menor que 5 (cinco). As salas são todas pintadas a claro com uma barra à óleo de cor cinza, até a altura do peitoril. As carteiras são todas individuais. Na 1ª série A, existem 28 carteiras individuais. Na 1ª série B, existem 27 carteiras individuais. Na 2ª série existem 43 carteiras individuais. Na 3ª série existem 18 carteiras individuais. Na 4ª série existem 17 carteiras individuais. Na Sala de Línguas existem 22 carteiras individuais. As mesas dos Snrs. Professores são de pinho envernizado, medindo 1 X 1,5. Os quadros negros são fixos na parede, medindo 1 X 4,80, ou seja, 4,80 m2. 5º Salas Especiais – AUDITÓRIO – tem uma área de 26,50 x 10, ou seja, 265 m2, e tem a forma retangular, dispondo de 8 janelas e 5 portas. A área de iluminação para esta sala dá um coeficiente de 5,24. A altura do pé direito é de 4,75. O referido auditório possui um ótimo palco, o qual se acha aparelhado de diversos cenários. BIBLIOTECA tem uma área de 4,80 X 3,20, ou seja, 15, 36 m2, e tem a forma retangular dispondo de duas amplas janelas basculantes e uma porta. A biblioteca já se recomenda pela qualidade dos livros didáticos, dicionários, enciclopédias, livros de literatura e de preparação profissional. A referida sala se acha ornada com móveis de imbuia envernizada, tais como sejam: um belíssimo armário todo envidraçado para livros, mesa, cadeira e porta chapéus. GINASIUM – tem uma área de 26 X 10, ou seja, 260 m2, dispondo de 6 chuveiros e um quarto para guardar o material de desporto. O Ginasium está provido de todo o material indispensável à prática dos desportos. ÁREA LIVRE – tem uma área de 4.840 m2, onde vbse acha instalado o campo de futebol. A referida área é plana, contínua e regular, porém não é gramada nem circundada de arborização. PISTA – tem uma área de 1.310 m2, toda gramada ao centro onde se acha instalado o pórtico de Educação Física, e serve para as corridas de velocidade para uma extensão de 100 m. SALA DE GEOGRAFIA e DESENHO tem uma área de 6 X 12,50, ou seja, 75 m2, e tem a forma retangular, dispondo de quatro amplas janelas basculantes e uma porta. Na referida sala existe todo o material necessário para as referidas cadeiras, tais como sejam: termômetro, barômetro, um globo terrestre, um telúrio, dois atlas de consulta, bússola, tabuleiro de areia, cartas murais do Brasil e dos continentes, amostras de produtos nacionais. Para o ensino de Desenho existe o seguinte material: sólidos geométricos de madeira, réguas, compassos, transferidores, esquadros, pranchetas, uma coleção de

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doze vasos, 6 modelos de desenho e 6 modelos de frutas diversas. A área de iluminação para esta sala dá um coeficiente menor que cinco. SALA de FÍSICA e QUÍMICA tem uma área de 5 X 11,60, ou seja, 58 m2, e tem a forma retangular, dispondo de 5 amplas janelas e 2 portas. A área de iluminação para esta sala dá um coeficiente menor que cinco. Nesta sala se acha instalado o anfiteatro contendo armários, mesa grande com mármore, pia com água corrente, quadro negro, extintor de incêndio e todo material necessário para o ensino de física e química. O anfiteatro comporta 4º alunos. SALA DE CIÊNCIAS FÍSICAS E NATURAIS – o ensino desta cadeira é ministrado no gabinete de física e química onde existe o material e as instalações necessárias. SALA DE HISTÓRIA NATURAL – tem uma área de 10,50 X 5, ou seja, 52,50 m2, e tem a forma retangular dispondo de duas amplas janelas basculantes e uma porta. A área de iluminação para esta sala dá um coeficiente menor que 5 (cinco). Na referida sala há mesa para microscópio e para ensaios prognósticos. SALA DO DIRETOR – tem uma área de 3,70 X 4,80, ou seja, 17,76 m2 , dispende de uma ampla janela basculante e uma porta. GABINETE DO INSPETOR E SECRETARIA – tem uma área de 4,70 X 4,80, ou seja, 22,56 m2, dispondo de duas amplas janelas basculantes e duas portas, sendo que uma de comunicação com o gabinete do diretor. A referida sala se acha ornada com móveis de imbuia envernizada, tais como sejam: uma ampla mesa, cadeiras, tipo poltrona, armário, máquina de escrever marca CONTINENTAL com carro grande e respectiva mesa, arquivo, armário fichário, quadros históricos, e um aparelho de rádio marca RCA VITOR, 9 válvulas com instalação completa de auto-falantes para o pátio. REFEITÓRIO – tem uma área de 14,20 X 5, ou seja, 71 m2, dispondo de quatro janelas e duas portas. As pias da referida sala são todas de cimento e as paredes até a altura de 1,75 m, são revestidas de marmorina. O refeitório é provido de 12 mesas de 1,10 X 0,75, com lugares para seis alunos cada uma, e devidamente esmaltadas de branco. O lavatório está situado em área coberta, logo à saída do refeitório. COZINHA – está situada em uma ampla sala, tendo o piso revestido de cimento e as paredes até a altura de 1,75 m são revestidas de marmorina. Instalação de água quente e fria, duas pias para lavagem de alimentos. Fogão à lenha, provido de chaminé de exaustão. Armários com tela, latas de lixo, máquinas para cortar carne, legumes, batatas e fabricar massas. GABINETE MÉDICO – BIOMÉTRICO – tem uma área de 3,90 X 4,80 m, ou seja, 18,72 m2, dispondo de uma ampla janela basculante e uma porta. A referida sala está ornada com móveis de pinho laqueado a branco tais como sejam: mesa para o médico, armário todo envidraçado para a guarda dos aparelhos, cadeiras e mesa para exame clínico. Possui todo o material exigido, conforme relação anexa a este relatório. SALA DE VISITAS – tem uma área de 3,70 X 4,80m, ou seja, 17,76 m2, dispondo de ampla janela basculante e uma porta. A referida sala se acha ornada com móveis de vime, porta- chapéus, mesa de centro, quadros de formaturas e outros. ÁREA COBERTA – tem uma área de 366 m2, e computada a área de ginasium que é de 260 m2, temos um total de abrigo para os alunos de uma área de 626 m2. PISCINA – tem uma área de 14,00 X 8,50 m, ou seja, 119 m2, com água corrente. A sua profundidade máxima é de 1,60 m. é servida por uma casa de madeira medindo 8 X 3 m a qual serve de vestiário. DESPENSA – está instalada em uma ampla sala, tendo o piso revestido de cimento. É provida de depósito de madeira para gêneros alimentícios, armários com telas, prateleiras, etc. CONCLUSÃO – pelo presente relatório fielmente organizado conforme os dados por mim colhidos pessoalmente, concluo que o Ginásio São José, está à altura dos bons estabelecimentos secundários do país. Porto União, 27 de julho de 1946. Elpídio Caetano da Silva, Inspetor Federal junto ao Ginásio São José.

Nesta descrição do prédio verifica-se uma constante preocupação com as questões

higiênicas e de saúde: ventilação, lavatórios, chuveiros, farmácia, enfermaria, permeabilidade

do terreno, isolação de ruídos, iluminação, ginásio para a prática de educação física, pórtico

para as atividades esportivas, cozinha higienizada, dispensa para a conservação de alimentos,

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piscina para a prática da natação. Segundo Frago; Escolano (2001, p. 19) “o discurso médico

higienista configura o espaço educacional e sua distribuição e usos em função da classe social

ou gênero”. A ênfase na construção de uma identidade nacional se intensificou no período

republicano, onde educação e saúde interligaram-se como centro de atenção e preocupação

dos intelectuais tornando-se objetos de intervenção do Estado. A elite aspirava a construção

de uma nação através da modernização, e as reformas sanitárias e educacionais constituíam-se

em estratégias de salvação. Esta preocupação se prolongou ainda durante o período do Estado

Novo.

Quanto às salas laboratórios: Física e Química (Figura 2); Geografia e Desenho, é

possível observar conforme Lourenço Filho (1978) que os conhecimentos de biologia e

psicologia abrangendo os princípios de explicação evolutiva que se ampliavam, foram de

grande importância na organização dos métodos de investigação resultando na substituição de

normas empíricas por outros de maior validade técnica, na organização escolar; na análise dos

fins da escola e toda a sua problemática; bem como, na elaboração dos métodos e técnicas que

favoreciam a aprendizagem inseridos numa escola ativa. Segundo Lourenço Filho (1978, p.

151):

Os alunos são levados a aprender observando, pesquisando, perguntado, trabalhando, construindo, pensando e resolvendo situações problemáticas que lhes sejam apresentadas, quer em relação a um ambiente de coisas, de objetos e ações práticas, quer em situações de sentido social e moral, reais ou simbólicas.

Estas alterações puderam ser observadas com a construção do novo espaço físico,

moderno para o contexto da época, onde a estrutura contava com salas laboratórios

aparelhadas com instrumentos atualizados para aquele período histórico.

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Figura 2 - Laboratório de Física e Química do Colégio São José, na década de 1940. Fonte: Acervo do Colégio São José.

Nos documentos do ano de 1940 (COLÉGIO SÃO JOSÉ, 1940, p. 8), quando

iniciaram as atividades do Ginásio do Colégio São José, encontra-se uma lista do material

adquirido para o laboratório (Quadro 1):

MATERIAL DIDÁTICO 1 bico de bunsem a álcool, pequeno 1000.0 rolhas de cortiça 1000.0 rolhas de borracha 1 tela de arame com amianto, 16x16 cms 1 suporte de ferro 10 x18 cms 1 pinça de metal para cadinhos 1 metro tubo de borracha para gás 1 caderno papel tronesol azul 1 caderno papel tronesol vermelho 1 balão f/ chato jena, de 750 cc 1 frasco para reativo, de 250 cc. Branco 1 frasco c/ 2 tubuladuras, de 500 cc. 1 regulador de watt, nacional. 1 pendulo reversível 1 metrônomo seg. Malz Tubos capilares 1 barômetro aneroide 1baroscópio (densimetro) 1 cilindro para estudo da ressonância nac. 1 harmonica chimica, c. três tubos diversos 1 sereia savart 1 sonômetro c. 2 cordas e dinamômetro 1 placa vibrante 1 jogo. de 3 espelhos: plano, côncavo e convexo 1 apar. para demonstração de dilatação de líquidos

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1 apar. para demonstração de dilatação de sólidos 1 pirômetro de quadrante nac. 1 termômetro de 150 C. americano nitrogênio 1 marmita de painpim 1 funil de vidro de 12 cms. 1 crystalisador de 10x10cms. 1000 tubos de vidro em varas nac. 100 tubos de ensaio 160 x 16 mms 1furador de rolhas 1 retorta com tubuladoras, jena, de 250 cc. 1 balão de dist. Fracionada Jena, de 100 cc 1 refrigerante de bolas, de 25 cms. 1 pipeta grad. de 10: 1/10cc ncal. 1 balança de precisão, cap. 100 grs. sensib. 2–3 mgr. Sem pesos 1 jogo de pesos nickelados, até 100 grs. 1 balança hydrostática, com jogo de pesos de 200 grs 1 monômetro de mercúrio nac. 1 higrômetro 1 lâmpada de mineiros 1 bastão de vidros 1 bastão de ebonite 1 voltâmetro de peso e volume 1 coleção de 66 mineraes 1 Machina Atwood 1 giroscópio c. pé, modelo de precisão 1 Buba de Leslie, c. 2 termômetros 1 pluviômetro seg. Maurer 1 pendulo elétrico 1 torniquete elétrico 1 condensador de disco 1 garrafa de Leyde desmontável 1 Machina de Whimhurst, de 21 cms.[(?)] 1 pilha de volta pequena 1 acumulador de plante 1 ponte de resistência 1 par. de galvanoplastia 1 ímã girante 1 modelo de dínamo grande 1 microfone 1 telúrio de Lange, estrangeiro 1 esqueleto humano articulado

Quadro 1 – Lista de materiais adquiridos para o laboratório, no ano de 1940.

Fonte: Colégio São José. Caixa Arquivo 001. Documentos Diversos. Porto União; Santa Catarina,

1940.

A descrição dos materiais contidos na referida sala laboratório demonstra a

modernização dos espaços escolares mediante influência das novas idéias pedagógicas

inseridas no contexto educacional brasileiro. Nesta perspectiva a compreensão destes espaços

traz à tona o processo de ensino no cotidiano, levando à compreensão de que, à medida que,

ocorrem mudanças nos espaços, também ocorrem alterações na maneira de ensinar.

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A descrição do espaço que acolheria os alunos internos revela a ordem: disposição das

camas, o enxoval que cada educando deveria possuir; revela a disciplina: implícita na

arrumação, na conservação da limpeza. Observa-se, ainda, a vigilância: a sala do superior

próxima a dos alunos e à capela, o que pressupõe a vigilância divina. Frago e Escolano (2001,

p. 26) ressaltam a relação entre a materialidade e a corporeidade dos sujeitos:

A arquitetura escolar é também por si mesmo, um programa, uma espécie de discurso que institui na sua materialidade um sistema de valores, como os de ordem, disciplina e vigilância, marcos para uma aprendizagem sensorial e motora e toda uma semiologia que cobre diferentes símbolos estéticos, culturais e também ideológicos.

Quanto a localização o inspetor salienta que a escola situa-se em amplo terreno, numa

colina, oferece ventilação, está livre de ruídos, etc. Este fato segundo Frago e Escolano (2001)

diz respeito à localização da escola e suas relações com a ordem urbana das populações as

quais respondem a padrões culturais e pedagógicos que a criança internaliza e aprende. E,

reforça dizendo que “a arquitetura escolar pode ser considerada inclusive como uma forma

silenciosa de ensino” (FRAGO; ESCOLANO, 2001, p. 27)

A sala de visitas, o gabinete médico, a farmácia, a piscina são espaços que pressupõe-

se destinados a elite. Santos (2008, p. 44-45) aponta que:

Os espaços construídos pelo homem são expressões das formas como produzem sua própria história e das relações que estabelecem com o meio. As moradias nos falam sobre aspectos da vida individual, familiar e coletiva; as edificações para cultos religiosos desvelam formas de vinculação dos indivíduos com elementos que são situados num plano de não materialidade, metafísico; construções com finalidade de produções de bens ou de sua comercialização revelam dados das estruturas econômicas e das formas de trabalho. Casa, Igreja, Indústria, armazém, cada lugar revela elementos da história humana, das existências dos sujeitos.

A preocupação com a ventilação, orientação, iluminação, corredores, pisos, escadas,

posição do mobiliário, instalações sanitárias, dimensões das salas de aula entre outras

constituíam um ambiente privilegiado. Estes elementos que pertenceram à escolarização

configuraram como um tipo específico de formação/organização cultural. Para Frago e

Escolano (2001, p. 26), o espaço escolar não é uma dimensão neutra do ensino, tampouco um

simples esquema formal ou estruturas vazias da educação. Ao contrário, “os espaços operam

como uma espécie de discurso que instituiu, em sua materialidade, um sistema de valores, um

conjunto de aprendizagens sensoriais e motoras e uma semiologia que recobre símbolos

estéticos, culturais e ideológicos”. No caso, esta escola e muitas outras, construídas neste

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período histórico se apropriaram de um conjunto de práticas rituais e simbólicas que se

disseminaram, exibindo um monumento arquitetônico imponente, que no seu interior regulou

o comportamento, estabeleceu valores e normas sociais e educacionais a uma parcela da

sociedade garantindo o status social (VIDAL, 2005).

Espaço Escolar, um território não neutro

Julia (2001, p. 10) define a cultura escolar como: “um conjunto de normas que

definem conhecimentos a ensinar e condutas a inculcar, e um conjunto de práticas que

permitem a transmissão desses conhecimentos e a incorporação desses comportamentos”.

Estas práticas que geram a transmissão do conhecimento estão inseridas num determinado

espaço escolar.

Quando se trabalha com estas novas fontes, espaços escolares, desvendados através da

catalogação de documentos, torna-se possível reconstruir a história da educação por diferentes

caminhos. Em relatórios de inspeção escolar, é comum encontrar descrições minuciosas do

espaço escolar. Esta fonte irá retratar toda uma cultura material envolvida quando descreve as

delimitações da sala de aula, o coeficiente de iluminação, o número de janelas, a altura do pé

direito, as dimensões das áreas de lazer, etc. Frago e Escolano (2001, p. 69) afirma que o

“espaço físico para o ser humano é uma das suas modalidades de sua conversão em território

e lugar. O espaço não será neutro [...] o espaço educa”. No espaço ocupado pelo colégio São

José é possível verificar a importância das salas laboratórios, atentando-se às suas dimensões

que são superiores as salas de aula; isto pressupõe um ensino experimental. Quando o inspetor

descreve a sala do diretor, por exemplo, utiliza a seguinte descrição “ornada com móveis de

imbuia” (COLÉGIO SÃO JOSÉ, 1946, p. 11), nota-se uma decoração requintada. Com isso

verifica-se que os alunos que freqüentavam a instituição estavam à altura de tal decoração, e

este espaço escolar simbolizava a extensão de suas casas. A existência da capela implica na

freqüência às orações, celebrações, sacramentos, na presença da ideologia católica cristã

transmitida no interior da escola, na família e exigida pela sociedade naquele contexto. Ainda,

ao descrever a sala do diretor, apresenta “quadros históricos, e um aparelho de rádio marca

RCA VITOR, 9 válvulas com instalação completa de auto-falantes para o pátio” (COLÉGIO

SÃO JOSÉ, 1946, p. 11). O rádio e os quadros históricos revelam o nível cultural dos

educandos. Na década de 1940 as famílias que possuíam um rádio ou que valorizavam

quadros históricos certamente tinham um nível social econômico mais elevado e primavam

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pela cultura de seus filhos. É, portanto, por isso que se concorda com Frago e Escolano (2001)

quando diz que os espaços não são neutros. Os espaços, além de conhecimentos científicos,

transmitem elementos de uma cultura, transmitem ideologias, interferem no modo de pensar e

agir na sociedade.

Considerações Finais

Pesquisar o espaço escolar pressupõe um diálogo com a história das instituições

escolares. O colégio interno sob a denominação de Ginásio São José teve origem quando em

todo o Brasil, neste período, surgiram os ginásios, ensino secundário público. Esta experiência

pode ser notada no Estado do Paraná, São Paulo e outros. Entretanto, as fundações dos

ginásios de origem confessional e religiosa se contrapunham às ideologias do governo, no

sentido de que além da educação, transmitiam valores, formavam o caráter e uma vivência

religiosa tão almejada pela classe burguesa. Esta foi a tática utilizada pelas congregações

religiosas para atrair os estudantes, não sendo diferente com os franciscanos. Deste modo, o

Ginásio São José introduziu, de forma permanente e sistemática, a cultura escolar burguesa no

ensino secundário, no Município de Porto União, em Santa Catarina. Sua edificação veio

confirmar o estigma de cidade próspera, resultante do forte pólo econômico que se solidificou

na região; também, foi um grande centro educacional que trouxe estudantes de todas as

localidades, abrangendo o Estado de Santa Catarina e do Paraná. Seus espaços escolares e

objetos/materiais nele contido confirmam este caráter religioso educativo que influenciou

muitos educandos.

REFERÊNCIAS

BRASIL. Ministério da Educação e Saúde Pública. Decreto no 21.241, de 4 de abril de 1932, que consolida as disposições sobre a organização do Ensino Secundário e dá outras providências. Rio de Janeiro, 1932. In: ROMANELLI, Otaíza de Oliveira. História da Educação no Brasil. 23 ed. Petrópolis; Rio de Janeiro: Vozes, 1999.

FRAGO, Antonio Viñao; ESCOLANO, Augustin. Currículo, Espaço e subjetividade. A Arquitetura como programa. 2 ed. Rio de Janeiro: DP&A, 2001.

JULIA, Antonio Viñao; ESCOLANO, Augustin. Currículo, Espaço e subjetividade. A Arquitetura como programa. 2 ed. Rio de Janeiro: DP&A, 2001.

LOURENÇO FILHO, Manuel B. Introdução ao Estudo da Escola Nova. 12 ed. São Paulo: Melhoramentos, 1978.

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ROMANELLI, Otaíza de Oliveira. História da Educação no Brasil. 23 ed. Petrópolis; Rio de Janeiro: Vozes, 1999.

SANTOS, Ademir Valdir dos. Espaço Educativo da Escola primária Teuto- Brasileira Rural. In: SANTOS, Ademir Valdir dos; VECHIA, Ariclê (Orgs.). Cultura Escolar e História das Práticas Pedagógicas. Curitiba: UTP, 2008, p. 43-59.

VECHIA, Ariclê; CAVAZOTTI, Maria Auxiliadora (Orgs.). A Escola Secundária. L’Enseigment Secondaire. São Paulo: Annablume, 2003.

VIDAL, Diana Gonçalves. Culturas Escolares. Campinas; São Paulo: Autores Associados, 2005.

Fontes Primárias COLÉGIO SÃO JOSÉ. Caixa Arquivo 001. Documentos Diversos. Porto União; Santa Catarina, 1940. COLÉGIO SÃO JOSÉ. Caixa Arquivo 007. Documentos Diversos. Porto União; Santa Catarina, 1946.