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ESPECIAL O IMPACTO DE UM MESTRADO NO EXTERIOR

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Guia sobre mestrado internacional

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ESPECIALO IMPACTO DE UM MESTRADO NO EXTERIOR

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Realizar um mestrado no exterior é uma decisão que precisa ser tomada com cautela, levando em conta seus anseios e momento de carreira. Especialistas ressaltam que, se a motivação for única e exclusivamente financeira — subir de cargo e ter aumento salarial —, não vale a pena. Isso porque,

em geral, você ficará dois anos afastado do mercado de trabalho, tempo em que poderia ser promovido.

Agora, se o seu objetivo é estudar com profundidade alguma área, expandir seus horizontes pessoais e profissionais ou realizar uma transição de carreira, a pós fora é aconselhada. As vantagens de realizar um mestrado no exterior são inúmeras: aprender com grandes referências mundiais, obtendo conhecimento direto da fonte (muitas vezes, os professores não apenas entendem a teoria apresentada, mas a criaram); abrir portas para uma carreira global e, claro, ganhar vantagem competitiva. Neste especial, a opinião dos mestres é unânime: seja para dar uma guinada na carreira ou aprofundar-se em uma paixão, é algo que vale muito a pena.

Conheça nas próximas páginas as experiências desses brasileiros que estudaram em algumas das melhores universidades do mundo e voltaram para colocar em prática o que aprenderam e fazer a diferença no Brasil!

SOBRE A FUNDAÇÃO ESTUDAR A Fundação Estudar, instituição sem fins lucrativos criada em 1991, investe na formação de jovens de alto potencial por meio de oportunidades de estudos e carreira. Ela aposta na transformação por meio do conhecimento, gerando um efeito multiplicador.

Para incentivar o aumento do número de brasileiros nas melhores universidades do mundo, a Estudar apoia o jovem com informação, orientação e preparação. Desde a sua criação, seleciona os jovens mais brilhantes do país, que sonham em deixar um legado, oferecendo bolsa de estudos por mérito para cursarem as melhores escolas do Brasil e do mundo.

SOBRE O ESTUDAR FORA OO Estudar Fora, como o nome já diz, é a fonte de informação e preparação para quem deseja estudar forado Brasil. No site, você encontra rankings das melhores faculdades e curiosidades sobre elas; detalhes sobre o processo de application (candidatura) para graduação e pós; e informações sobre oportunidades de intercâmbio e bolsas de estudos, além de histórias de estudantes que já estão nas melhores universidades do mundo. Tudo isso porque a gente acredita que estudar fora vai te ajudar a chegar mais longe!

No site estudarfora.org.br/especiais você tem acesso a guias exclusivos e gratuitos.

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Meu mestrado aconteceu exatamente no momento em que decidi dar uma guinada na carreira. Eu tinha 29 anos e estava trabalhando em consultorias há sete quando encontrei o que fazia

meus olhos brilharem, que era educação pública e governo. Foi quando comecei meu processo de application (candidatura) a Stanford, uma escola que oferece um MBA excelente e ainda poderia me manter conectada com o Brasil, já que tem um centro de educação brasileira único no mundo. Também foi bom para meu marido, que é empreendedor e atraído pelo Vale do Silício. Demos muita sorte de passarmos na mesma universidade e foram dois anos fantásticos como recém-casados, de junho de 2013 a junho de 2015.

Meu caminho até Stanford não foi tão óbvio. Nunca tinha sonhado em estudar fora até ver que meus colegas estavam indo. Eram pessoas

JOICE TOYOTA, 31 ANOS

→ Joice Toyota foi a Stanford com o sonho de mudar o país. Hoje, dirige o programa de trainees Vetor Brasil e está ainda mais determinada a ajudar a melhorar o setor público do país!

Diretora do Vetor Brasil. Formada em Engenharia pela Escola Politécnica da USP. Fez MBA & Mestrado em Educação em Stanford, entre 2013 e 2015. É bolsista da Fundação Lemann e da Fundação Estudar

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entre um intercâmbio e um MBA. Mas há quem agora esteja mais interessado em ouvir o que eu tenho a dizer e investidores que abrem as portas. Também atrai os jovens ao Vetor Brasil. Como muitos pensam em fazer mestrado fora, é algo que desperta a atenção.

Minha perspectiva do Brasil mudou muito enquanto estive lá. Sou otimista em relação ao país e passar um tempo fora me ajudou a ter um olhar mais crítico, sem perder a vontade de fazer acontecer. Refleti sobre as dificuldades históricas do Brasil, que vão precisar de mais força e mais paciência.

Esse tempo para refletir com qualidade e dedicação mudou minha vida: não adianta pensar no ônibus a caminho de casa. Lá, fui muito desafiada, bombardeada por pessoas, ideias, cursos, e no meio disso encontrei um papel que posso cumprir, que é atuar no setor público para ajudá-los e me ajudar.

Meu sonho é meio piegas, mas não tenho vergonha de falar: quero que o Brasil seja um país menos desigual, em que as pessoas não tenham oportunidades de vida tão diferentes por conta de suas condições financeiras. É uma indignação que surgiu quando eu era pequena e que carrego até hoje."

parecidas comigo, eu pensei, e se eles podem eu também posso! Fui a primeira pessoa da minha família a fazer pós-graduação e, quando eu estava aplicando, meu pai até falou: ‘Que falta de respeito com as outras pessoas, nós somos pobres!’ Esse era o tamanho do problema. Consegui bolsas da Fundação Lemann e da Fundação Estudar, e ele ficou muito orgulhoso quando passei. Na formatura, foi o único a bater palma para todos os 400 formandos. Estava muito feliz.

Logo após sair o resultado, ainda no Brasil, comecei a trabalhar no governo e veio a vontade de continuar nesse caminho. Por ter passado tempo em Stanford, onde fiz um joint degree (diploma conjunto) de MBA e mestrado em Educação, resolvi empreender pela primeira vez na vida com alguns amigos. Entre o primeiro e o segundo ano de estudos, no verão, lançamos uma nova versão do Vetor Brasil, que conecta jovens talentos a projetos inovadores e de alto impacto social no setor público, e o projeto começou a dar certo. Ganhei um prêmio de inovação social em Stanford e voltei há cinco meses ao Brasil para tocar o Vetor.

Um dos grandes desafios do governo é atrair pessoas de qualidade, porque há um estereótipo de que é um lugar corrupto, que não funciona. É fácil xingar na mesa do bar – eu também faço isso! –, mas tem muita gente melhor que eu trabalhando ali e que tem enorme dificuldade em atrair talentos porque não tem um selinho no currículo como o meu mestrado. Agora, consigo chacoalhar mais os outros para provar que há coisas legais e interessantes na área pública.Onde trabalho, muitos não sabem a diferença

JOICE TOYOTA , 31 ANOS

"Fui bombardeada por pessoas, ideias e cursos e voltei mais crítica"

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Escolhi fazer mestrado fora aos 26 anos para suprir uma deficiência minha. Sempre fui apaixonado por economia, mas achava as opções de pós-graduação que via por aqui muito teóricas. Como eu queria uma carreira

mais prática, optei por uma que me oferecesse uma aliança entre conhecimento e impacto – e em Harvard estavam todas as minhas grandes referências acadêmicas. Aproveitei para fazer outros cursos independentes por lá e ao todo fiquei dois anos e meio, de 2012 a 2014, e fui como fellow da Fundação Lemann.

A decisão veio quando vi que existiam em mim limitações genuínas de habilidades e conhecimentos e que eu não poderia crescer assim. Tinha um conhecimento de livro-texto sobre desenvolvimento econômico e muita dificuldade ao conduzir um projeto de cabo a rabo. Havia também a falta de experiência de

TOMÁS LOPES TEIXEIRA, 29 ANOS

→ Formado pela USP, o economista Tomás Lopes Teixeira foi a Harvard para aprender a pensar soluções para o Brasil de maneira independente. Aos 29 anos, acredita que conseguiu!

Economista do Banco Mundial. Formado em Economia pela USP. Fez mestrado em Political and Economic Development pela Harvard Kennedy School, entre 2012 e 2014. É bolsista da Fundação Lemann

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Meu sonho é ajudar na condução da política de desenvolvimento nacional ao profissionalizar a formulação e implementação dessas políticas. É uma missão de toda uma geração: a minha tem a obrigação de transpor a que nos precedeu e colocar a evidência acima do interesse, a técnica acima do senso comum.

A decisão de estudar fora, para mim, tem que ser intrínseca e no momento em que você sente falta de um conhecimento. É preciso chegar em uma universidade como Harvard, com seus recursos ilimitados, sabendo do que você sente falta para poder escolher o que lhe é mais valioso. Dadas as limitações de tempo, se você não sabe do que precisa vai aproveitar muito menos do que poderia."

liderança. Em Harvard, conheci professores e colegas que eram grandes líderes, e em que pude me espelhar bastante.

Um dos maiores aprendizados foi aprender a separar o macro do micro em relação a como vejo o Brasil, em termos de importância. Quando estamos aqui podemos ser cooptados pelo noticiário, pelo desimportante. Quando estamos fora, não nos deixamos levar pelo dia a dia das coisas e vemos o quadro de uma forma mais completa. Hoje, tenho os olhos mais atentos.

Outra coisa tem a ver com como eu me posicionava em meu campo de atuação: sempre em um dado paradigma e com uma forma de pensar fixa. Em Harvard, ao ter contato com grandes mestres, consegui combinar uma forma de pensar minha. É algo vital para alguém que quer pensar sobre problemas e soluções para o Brasil.

Saí de lá muito confiante em mim e no meu poder de impacto. Acabo de cumprir uma missão em Brasilia, na Secretaria de Assuntos Estratégicos, em que conseguimos implementar projetos de desenvolvimento nacional, e retornei à carreira fora do governo.

Hoje, aos 29, atuo como economista do Banco Mundial e não tenho dúvidas que consegui ter acesso a trabalhos assim por conta do mestrado. São postos que eu sempre quis e ter o reconhecimento de uma universidade prestigiada me possibilitou ir ao encontro de sonhos assim.

TOMÁS LOPES TEIXEIRA, 29 ANOS

"Com grandes professores, consegui desenvolver minha própria forma de pensar"

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Na carreira de economista, vejo que é quase uma exigência do mercado obter um mestrado para crescer e, como eu queria esse crescimento rápido, fui para a London School of Economics, em 2008,

praticamente direto da graduação e com uma bolsa da Fundação Estudar.

Além da sinalização que ele representa para o mercado, o mestrado me imergiu numa forma diferente de aprender que acabou transformando minha forma de pensar e trabalhar. Impressionou-me também o acesso a métodos bons e a pessoas boas, de lugares diferentes e com outras formas de fazer as coisas.

Escolhi estudar fora pensando no que um diploma internacional de renome poderia acarretar para mim no Brasil, e acabei retornando a LSE para fazer meu atual doutorado e dar um novo salto na carreira. A escolha da instituição se deu pelo

BERNARDO STUHLBERGER WJUNISKI, 30 ANOS

→ Bernardo Wjuniski investiu na London School of Economics, na Inglaterra, para avançar na carreira. Hoje, aos 30 anos, já é diretor de uma consultoria global e cursa PhD na mesma escola

Diretor para América Latina da Medley Global Advisors. Formado em Economia pela FGV-SPCursou mestrado em Economic History pela London School of Economics, no Reino Unido, em 2008. É bolsista da Fundação Estudar

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desafios podem ter aumentado ainda mais, mas é capaz disso aumentar minha vontade também. É mais legal fazer algo quando se tem algo grande para fazer!

formato de mestrado oferecido, que é mais parecido com o que conhecemos no Brasil e algo originalmente europeu. Por ser um mestrado curto, de um ano, permitiu que eu voltasse logo ao mercado de trabalho.

Voltei no mesmo cargo, mas fui rapidamente posto em uma posição bem mais sênior, que inclusive não era consistente com minha idade. Era uma aposta em mim. Um ano e meio depois, fui para a Medley Global Advisors, a empresa de consultoria global onde estou hoje, aos 30 anos. Acredito que o meu perfil mais internacionalizado, o mestrado e a fluência no inglês fizeram toda a diferença.

Minha ideia sempre foi retornar ao Brasil para contribuir de diversas maneiras. Ainda estou numa fase em que minha maior contribuição se dá no setor privado, mas pretendo contribuir academicamente ao estudar e pensar o Brasil. Também tenho interesse de, em algum momento, trabalhar no governo.

O processo de passar pelo mestrado e pelo doutorado sem dúvida tem a ver com minha preparação para oferecer algo ao desenvolvimento nacional. E isso vai acontecer quando eu estiver preparado, não importa em que ciclo a política ou a economia brasileiras estiverem. Estou me preparando para qualquer alternativa! Até lá os

BERNARDO STUHLBERGER WJUNISKI, 30 ANOS

"Ao voltar do mestrado, o mercado apostou em mim e cresci rapidamente"

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Quando decidi ir para Harvard, aos 27 anos, simplesmente senti que era hora de aplicar. Estava em um momento de ascenção da carreira, tanto como advogado quanto como professor na

Universidade Federal do Ceará (UFC) e, na verdade, precisei parar essa subida. Mas estudar na melhor universidade do mundo era um sonho de criança, então, posso dizer que havia muito de emocional na escolha.

Imagine que você é o filho da Dona Conceição lá do Maranguape, um pé-rapado a vida toda, que começou a aprender inglês no calçadão da Avenida Beira-Mar estudando sozinho, que só tinha começado a ganhar alguma coisa praticamente no ano que ia para fora e não tinha como arcar com os custos de seus estudos. Daí veio a Fundação Estudar, da qual fui bolsista, e me ajudou a realizar esse sonho.

EMANUEL DE ABREU PESSOA, 31 ANOS

→ Filho de família humilde, Emanuel de Abreu Pessoa aprendeu inglês no calçadão de Fortaleza (CE). Hoje, é referência em Direito: "O mestrado me abriu portas que nem imaginava que existiam"

Advogado e sócio da Freddo Advogados. Formado em Direito pela Universidade Federal do Ceará (UFC). Cursou LL.M. na Harvard Law School, entre 2011 e 2012. É bolsista da Fundação Estudar

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Um dos meus sonhos é me tornar uma referência nacional na advocacia. Consegui me tornar referência local, mas quero ir além e expandir minhas áreas de atuação. Quando eu voltei, o mercado me abriu campos que eu nem imaginava que existiam: em um ano lá estava eu, indo para uma cidade do litoral do Ceará ser advogado de um sindicato de servidores e, no outro, debatendo sobre fusões e aquisições com alguns dos melhores especialistas dos EUA. Essa foi uma grande guinada.

Como sempre tive como um dos objetivos voltar mais qualificado para a minha terra natal e trabalhar nela, foi uma satisfação voltar. Quero melhorar o ambiente em que eu cresci.

Conheci em Harvard um a pessoa que disse que não devia nada ao Brasil. Mas será que ele teria ido para Harvard com as dificuldades ainda maiores que muitos outros países, por exemplo, oferecem? Então digo: vá, aproveite a experiência, qualifique-se e, se quiser, trabalhe um tempo fora, mas volte. Precisamos de você! Ah, e nunca se deixe abater pelas dificuldades, principalmente, financeiras. Você vai encontrar um caminho!"

Em Harvard, onde obtive meu LL.M. entre 2011 e 2012, meu senso crítico com a qualidade do meu trabalho se intensificou e as possibilidades profissionais da minha área foram alargadas. Hoje vejo meu trabalho com outras lentes: a de quem viu como pessoas do mundo inteiro se posicionam em relação ao Direito e absorveu um pouco de suas experiências.

Não temos, infelizmente – e espero que isso mude –, um ambiente acadêmico de integração internacional tão vasta como as universidades americanas oferecem. Para mim, por exemplo, foi uma experiência ainda maior, pois acabei sendo eleitor representante dos mestrandos e integrando o Student Government da Law School.

Houve também diversos outros ganhos. Por exemplo: eu tinha um amigo norte-americano, marido de uma colega chinesa de LL.M., e ambos queriam que eu ganhasse o posto de speaker da turma. Pedi então que ele me desse aulas de pronúncia, pois a minha ainda era muito ruim. Ficávamos uma hora lá, eu lendo e ele corrigindo meus erros. Infelizmente não levei o posto, mas aprendi muito.

Ao chegar em Fortaleza, a percepção do mercado foi inexistente. Havia até reações de ceticismo sobre eu ter voltado para cá. Era como se as pessoas não dessem fé pelo fato de eu não ter migrado para São Paulo de imediato. Em São Paulo, porém, a percepção sempre muito boa, abrindo portas e me permitindo conhecer novas áreas de trabalho.

EMANUEL DE ABREU PESSOA, 31 ANOS

"Era advogado de sindicato e hoje sou referência local"

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Éinteressante ver que países têm tradições diferentes. O que me atraía nos Estados Unidos era o foco nos problemas: lá você pode ter discussões bastante abstratas, mas há um compromisso com a construção de

uma agenda de problemas concretos de políticas públicas, seja no desenvolvimento de regras ou na aplicação delas. Esse estilo e essa concepção do papel do pesquisador me empolgavam bastante.

Embora Yale sempre tenha sido minha primeira opção quando apliquei, aos 25 anos, enviei minha candidatura para várias universidades. Enfatizo que, se não tivesse sido aceito em Yale, teria ido para uma das outras porque aquele era o momento certo. Era o tempo para uma reinvenção. Estava na passagem entre o mestrado e o doutorado, que é um compromisso de muitos anos com um tema, e não queria estudar no Rio de Janeiro a vida inteira. Acabei fazendo ambos em Yale – onde estive de 2007 a 2011 e como bolsista

DIEGO WERNECK ARGUELHES, 33 ANOS

→ Professor de Direito da FGV, Diego Werneck foi buscar em Yale jeitos de repensar o direito constitucional brasileiro. "Meu sonho é poder contribuir com ideias que façam a diferença"

Professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV), no RioFormado em Direito pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ). Cursou LL.M. pela Yale Law School, em 2007. É bolsista da Fundação Estudar

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e aproveitando aquelas de que gosto. A carreira acadêmica é uma maratona de duas ou três décadas e estou em busca do meu espaço. Quero mostrar que sou capaz de escrever de maneira criativa e útil sobre os problemas brasileiros.

da Fundação Estudar durante o LL.M. –, sempre escrevendo sobre o Brasil.

Antes de mais nada, Yale mudou o jeito que eu me via. É como se, até aquele momento, eu estava tão imerso em certas ideias e hábitos que nem os reconhecia mais como parte de mim. Quais ideias que eu trouxe eram típicas, quais deveriam ser repensadas, quais eram interessantes? Enraizar-se em um lugar com pessoas e preocupações de diversas partes do mundo me faz repensar tudo, tanto pessoal quanto profissionalmente.

A recepção na volta foi boa. A área do Direito, no entanto, ainda é muito conservadora no Brasil. Alguns segmentos valorizam esse tipo de experiência, mas outros ainda associam estudar fora – seja na Itália, na França, na Alemanha – com ir para lugares onde há 80 anos foram escritos os livros que formaram as gerações de juristas.

Em Yale, por exemplo, estudei com um dos maiores constitucionalistas americanos, mas não foi para isso que eu fui. Fui para aprender a fazer pesquisa de maneiras que me interessavam e aprender um estilo para enfrentar meus desafios.

Meu sonho é o sonho grande do acadêmico: poder contribuir com ideias que façam a diferença. Retornei ao posto de professor na Fundação Getúlio Vargas (FGV) no Rio, e estou aqui, aos 33 anos, tentando mudar as coisas que não gosto

DIEGO WERNECK ARGUELHES, 33 ANOS

"O mestrado mudou o jeito que eu me via"

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Quando meu objetivo tornou-se empreender em educação no Brasil, em meados de 2013, eu trabalhava como investidor de venture capital na área e meus conhecimentos eram

principalmente de mercado e negócios. Logo ficou claro para mim que eu precisava saber mais sobre os fundamentos do campo – metodologia pedagógica, formação de professores, criação de currículos – e que queria fazer meu mestrado fora para obter uma visão global, sem o viés brasileiro.

A Teachers College de Columbia, onde estive de 2014 a 2015 com bolsa da Fundação Lemann, me pareceu o lugar ideal para explorar novos assuntos. É a maior do tipo nos Estados Unidos e seus programas de educação são bastante flexíveis, o que me permitiu conhecer uma diversidade maior de matérias, referências e pessoas.

THIAGO RACHED PEREIRA, 33 ANOS

→ Thiago Rached Pereira deixou a área de venture capital para empreender em educação e foi buscar suas bases em Columbia. Hoje, investe na formação e valorização de gestores escolares!

Fundador do Programa Mestre. Formado em Administração pela FEA-USP e em Propagada e Marketing pela ESPM. Cursou mestrado em Educação pelo Teachers College de Columbia, entre 2014 e 2015. É bolsista da Fundação Lemann

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Para mim, foi ótimo voltar ao Brasil. Por mais que exista a crise, há muitas fundações, instituições e pessoas querendo investir em educação, então, percebo que há oportunidades. O setor como um todo está bastante ativo, e é muito legal ver que tem tanta gente boa tentando fazer a diferença."

Embora para o mercado, onde eu já tinha certa trajetória, o mestrado em si não pareça ter feito tanta diferença, para quem que não me conhecia ou para pessoas ligadas ao meio acadêmico é algo que ressoa. Quando se trata de aprendizado, o valor foi enorme. Adquiri conhecimentos específicos que foram muito ricos, estudei perspectivas de inovação dentro do contexto escolar e consegui colher referências no meu tema principal, que é a gestão escolar.

Também aprendi que, do ponto de vista de desafios educacionais, o Brasil é muito mais parecido com outros países do que imaginamos. Todos sofrem com metodologias antigas e governos que às vezes atrapalham mais que ajudam, por exemplo. Percebi que nossos desafios são em grande parte globais, e isso é bom de certa maneira porque significa que uma solução brasileira talvez possa ser aplicada globalmente.

Comecei meu projeto, o Programa Mestre, ainda em Columbia. A ideia é criar uma rede de desenvolvimento e valorização dos gestores escolares no Brasil. Acredito que diretores e outras lideranças, especialmente de escolas públicas, são os reais transformadores da educação para os estudantes. Meu objetivo é oferecer serviços e experiências que os apoiem nesse desenvolvimento.

THIAGO RACHED PEREIRA, 33 ANOS

"Com o mestrado, adquiri uma visão global e muitas referências"

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Avançar na carreira foi uma das coisas que me levou a buscar um MBA aos 27 anos, mas eu também tinha a ideia de empreender. Já explicar por que escolhi Stanford levaria horas: sou suspeito e

amo a escola no mesmo grau que amo a Fundação Estudar, da qual fui bolsista. Em resumo, no entanto, é porque Stanford te tira da zona de conforto.

É o único lugar que te dá a chance genuína de conviver com o empreendedorismo. Imagine, tive aula com Condoleeza Rice, que foi Secretária de Estado dos EUA; com Eric Schmidt, presidente do Google; com os fundadores do YouTube. São coisas que só acontecem no Vale do Silício. Um dia, eu estava tomando café da manhã e encontrei o Steve Jobs.

Quando ingressei em Stanford, em 2009, estava formado há cinco anos e meio e já tinha uma

JORGE AZER MALUF NETO, 33 ANOS

→ Jorge Maluf Neto estudou na meca do empreendedorismo. De volta ao Brasil, fundou uma companhia de private equit que hoje já tem 750 funcionários

Sócio fundador da JM Growth Equity PartnersFormado em Administração de Empresas pela FGV-SP. Cursou MBA em Stanford, em 2009É bolsista da Fundação Estudar

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investidores avaliaram isso como algo bem positivo na hora de tomar a decisão de investir em mim.

As coisas que aprendi em Stanford me inspiraram a me aprimoram como ser humano e como administrador. Hoje, aos 33 anos, sou sócio-fundador da minha própria companhia de private equity, a JM Growth Equity Partners, que investiu na rede de restaurantes Si Señor e conta com 750 funcionários.

Embora a volta ao Brasil tenha sido dura, sempre quis devolver meus conhecimentos, mais que qualquer outra coisa. Quero contribuir para um país melhor através da gestão de pequenas e médias empresas e transformá-las em negócios maiores, que atraiam talentos e gerem empregos. É o que tentamos fazer nesse Brasil maluco!"

ideia do que eu queria fazer. Lá, consegui refiná-la, mas a implementação veio mesmo três anos depois, quando voltei ao Brasil. Acabei ficando mais dois anos maravilhosos nos Estados Unidos, trabalhando com private equity em Nova York em um dos quatro maiores fundos do mundo, e certamente meu diploma ajudou nisso.

O MBA é uma enorme escola de priorização de tempo. Vai te oferecer inúmeras oportunidades e você não vai dar conta de abraçar todas. Estamos fazendo escolhas o tempo todo: entre uma ótima palestra e uma visita com o clube de finanças, entre estudar para uma prova ou viajar com novos amigos. Minha grande recomendação é sair do Brasil tendo feito uma profunda reflexão do que você quer tirar de lá, seja aprender mais sobre sua área ou mudar de carreira.

Eu sabia que queria empreender e houve dois cursos únicos que me ajudaram muito. O primeiro, Managing Growing Enterprises, era justamente o que eu queria da vida, e meu professor é um dos sócios do fundo que acabou se tornando meu maior investidor no Brasil. O outro, Critical Analytical Thinking, foi uma experiência incrivelmente dura e intensa, que exigia quinze horas de estudo por semana mas que afiou minha mente e me ajudou a pensar melhor.

Com meu MBA, percebi que as pessoas me recebem mais. Stanford me abriu portas como um trator. Tenho certeza que 90% de meus

JORGE AZER MALUF NETO, 33 ANOS

"Meu mestrado me abriu portas como um trator"

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AAo concluir meu primeiro ciclo profissional como administrador público, eu tinha uma trajetória cômoda à disposição. Mas sabia precisava me preparar mais para fazer mais. Então, aos 27 anos, parti para

o mestrado. Pesquisei cursos por mais de um ano, em busca de algum que integrasse design e políticas públicas. O Masters in Public Policy (MPP) de Harvard se destacou fortemente, e o fato de ser lá também foi um grande bônus.

Entre 2009 a 2011, estudei em Harvard como fellow da Fundação Lemann e bolsista da Fundação Estudar. O mestrado foi decisivo para meu crescimento humano e como profissional. Fui focado em me preparar para causar o máximo de impacto possível na volta, e aprendi que a melhor maneira de fazer isso é tendo o Brasil como base. Mas, ao mesmo tempo, tendo acesso ao capital humano e às inovações tecnológicas do mundo.

PEDRO HENRIQUE DE CRISTO, 32 ANOS

→ Depois do mestrado em Harvard, Pedro Henrique diz que aprendeu a "impactar" e morou três anos na favela do Vidigal, no Rio, onde desenvolve uma série de projetos. Ele já foi premiado pela ONU

Co-fundador do estúdio +D e diretor executivo do Parque e Instituto Sitiê. Formado em Administração Pública e Privada pela Universidade Federal da Paraíba (UFPB). Cursou mestrado em Políticas Púlbica na Harvard Kennedy School of Government. É bolsista da Fundação Lemann e da Fundação Estudar

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Aos 32 anos, tenho entre meus principais projetos o +D, estúdio de arquitetura, tecnologia e políticas públicas do qual sou co-fundador, e o Parque e Instituto Sitiê, que fica no Vidigal e em que trabalho pro-bono como diretor executivo e de design. Ambos são desdobramentos do Cidade Unida, um movimento criado e liderado por moradores da favela, pesquisadores e jornalistas do qual tive a honra de fazer parte em 2011, quando voltei de Harvard.

Meu trabalho durante este período foi dedicado à arquitetura e urbanismo, políticas públicas e pesquisas, tanto no Rio quanto na Colômbia, no Haiti, nos EUA e na Europa. O Cidade Unida se transformou em outros projetos que continuam atuantes por todo o Rio de Janeiro, e foi premiado pela ONU. Hoje, o +D atua nas Américas, Europa e na África do Sul, enquanto o Sitiê se tornou um dos principais legados da sociedade civil carioca para seu momento olímpico – e, como primeira agro-floresta da cidade, a inovação urbana latino-americana mais reconhecida desde o Urbanismo Social em Medellín.

Acredito que o Brasil tem tanto ou mais talento do que qualquer outro país, mas não tem o ecossistema necessário para que inovações floresçam. Por isso, meu sonho é fazer do Brasil o país da educação, da sustentabilidade e da inovação. E se antes eu especulava, hoje sei que podemos colaborar e competir com os melhores, porque é o que venho fazendo desde que tive a oportunidade de iniciar meu mestrado."

No início, o frio incomoda, e a questão financeira é um desafio. Mas são coisas menores quando comparadas ao lado bom da experiência. Tive a honra de ser bolsista integral. Não pagava nada de mensalidade, mas tive que me virar para viver lá: fui pesquisador associado, palestrante associado, monitor… Foi puxado, mas sempre pensei que tinha que agarrar minhas oportunidades com todas as forças. Estar lá era um grande privilégio.

Conheci pessoas brilhantes, aproveitei ao máximo a integração de Artes e Ciências que a cooperação entre Harvard e MIT possibilita e aprendi a articular e atrair melhores talentos para fazer propósitos comuns acontecerem. Entre os principais ganhos, estão ver minha tese virar aula na Harvard Graduate School of Design – chamada de Escola do Ano 20130@RJ – e ter conhecido minha esposa.

Meu retorno ao Brasil foi incrível. O diploma me abriu muitas portas, mas quem me valorizou primeiro foi a universidade, que nos deu uma excelente bolsa de pesquisa para continuar o trabalho aqui. A demanda por especialistas em políticas públicas no mercado é imensa, e esse momento pós-mestrado é realmente estratégico para definir que rumo sua carreira vai tomar.

Foi muito especial continuar meu vínculo com Harvard após a formatura enquanto eu “concluía" a segunda parte do meu mestrado, que chamei de estudo independente. Enquanto trabalhava dentro e fora do Brasil, morei por três anos no Vidigal, uma comunidade do Rio de Janeiro. Embora tenha me mudado, subo o morro todos os dias rumo ao meu estúdio no coração da favela.

PEDRO HENRIQUE DE CRISTO, 32 ANOS

"Minha tese de mestrado virou aula em Harvard"

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Meu caminho para estudar fora começou bem antes do mestrado. Sou belga-brasileira, me formei da Escola Americana do Rio de Janeiro e já estava inclinada a estudar no exterior. Soube

desde nova que queria atuar com a promoção dos direitos humanos e a redução de desigualdades.

Minha graduação em Relações Internacionais e Ciências Políticas aconteceu na Tufts University, em Boston, uma referência nas áreas de segurança, diplomacia e resolução de conflitos. E já na faculdade me decidi pelo mestrado duplo em Segurança Internacional oferecido pela Columbia University e pelo Instituto de Ciências Política de Paris, onde fiz um ano de intercâmbio durante a graduação.

Sempre busquei me desafiar intelectualmente. E sabia que em duas universidades tão reconhecidas, que ficam em centros políticos, diplomáticos e acadêmicos como Nova York e Paris, eu teria acesso a perspectivas diversas e experiências engrandecedoras.

SAMANTHA BARTHELEMY, 30 ANOS

→ Samantha Barthelemy trilhou seu caminho em Boston, Nova York e Paris e agora emprega seu conhecimento em segurança, desenvolvimento e educação no Rio de Janeiro.

Coordenadora na Superintendência de Prevenção da Secretaria de Estado de Segurança do Rio de Janeiro. Formada em Relações Internacionais e Ciências Políticas pela Tufts University, nos EUA. Cursou um mestrado duplo em Segurança Internacional pela School of International and Public Affairs de Columbia (SIPA) e pelo Institut de Sciences Politiques de Paris (Sciences Po). É bolsista da Fundação Lemann

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Hoje faço parte da Superintendência de Prevenção da Secretaria de Estado de Segurança do Rio de Janeiro, onde trabalho a agenda de crianças, adolescentes e jovens em situação de vulnerabilidade e a promoção de políticas de segurança cidadã.

Quando retornei ao Brasil e disse que iria para o poder público, alguns ficaram surpresos. ‘Dois mestrados, quatro idiomas e vai trabalhar para o governo?’, perguntavam. Reitero o que afirmei na época: é um investimento no meu desenvolvimento pessoal, intelectual e profissional e uma chance de compartilhar um pouco do que aprendi para ajudar a tornar o Rio uma cidade mais segura, mais justa e mais inclusiva.

Trabalhar na gestão pública é extremamente desafiador, não somente pelas dificuldades cotidianas como pelos temas e realidades com os quais lidamos. Mas é também extremamente gratificante. Embora eu tenha partido para os EUA e para a Europa sem saber quando voltaria, quanto mais estudei – e foram sete anos de desenvolvimento intelectual intenso –, mais entendi que a transformação social da qual eu faria parte se daria no meu país, na minha cidade, no dia a dia, a cada pequeno gesto."

Mudei-me para Nova York em 2008, assim que me formei em Tufts. Trabalhei como jornalista na ONU, onde desenvolvi meu conhecimento da comunicação e do advocacy como ferramentas transformadoras, e me tornei uma Lemann Fellow aos 24 anos, quando minha candidaturafoi aceita.

Durante o mestrado, entre 2009 e 2011, trabalhei muito com o Rio e o Brasil, nas minhas áreas de formação e paixão: a educação, a redução de desigualdade e a prevenção, mediação e resolução de conflitos com foco em crianças, adolescentes e jovens. A vivência no exterior me proporcionou uma visão muito mais crítica e, ao mesmo tempo, construtiva do Brasil, e a convivência com pessoas de culturas, etnias, religiões e opiniões diferentes me permitiu entender que sempre dá para fazer e ser melhor como pessoa e como sociedade.

Retornei em 2011, convidada pela Prefeitura do Rio a participar da gestão do Programa Escolas do Amanhã, voltado à redução da evasão escolar e melhoria da aprendizagem para 100.000 alunos nas áreas mais vulneráveis. Entre 2011 e 2014, coordenei projetos nas áreas de prevenção e resolução de conflito, justiça restaurativa, aprendizagem socioemocional e integração com a comunidade.

Depois dirigi a área de Relações Institucionais do Instituto Municipal Pereira Passos, com foco em articulação de parcerias e no fortalecimento de avanços na segurança pública e no desenvolvimento socioeconômico dos territórios pacificados da cidade.

SAMANTHA BARTHELEMY, 30 ANOS

"Quero ajudar a tornar minha cidade mais justa"

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TextosAna Pinho

EdiçãoLecticia Maggi Design Danilo de Paulo e Renata Monteiro Fundação Estudar, 2015