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ESPIRITUALIDADE
A EXPERIÊNCIA E VIVÊNCIA
DE DEUS.
Quando falamos da
“experiência de Deus”,
apontamos para a
sedimentação que alguém
vai adquirindo; processo
que é pautado pelas
vivências que, para serem
significativas, devem
formar parte da moldura
brindada pela experiência.
A “experiência de
Deus” leva a reler a
vida a partir de
alguma vivência
forte de Sua
presença amorosa
(1Jo. 4,10).
Isto supõe abrir os
olhos ou reconhecer
a presença
permanente de Deus
em nossas vidas, na
história e na criação
inteira
“E o amor consiste no seguinte : não fomos Nós que amamos a Deus, mas foi Ele que nos amou, e nos enviou o seu Filho como vítimaExpiatória por nossos pecados” 1Jo. 4,10
A “experiência de Deus” supõe descobri-
lo escrevendo direito nas linhas que nós
fizemos tortas.
Quem experimentou a Deus O encontra
nos momentos duros e difíceis da vida
abrindo futuro e
sentido.
Quem tem alguma vivência forte de Deus
está habilitado para descobri-Lo escondido
em
suas fissuras.
Estamos diante de alguém que está
convencido de que Deus pode fazer
maravilhas através de suas
debilidades (1Cor. 1,26-29; 2Cor.
12,9).
A “experiência consolidada de
Deus” nos habilita a buscá-Lo e
encontrá-Lo em todas as coisas.
(Santo Inácio de Loyola)
Com efeito, a criação, a história e o
ser humano são sacramentos de Deus
que se fazem transparentes a quem
teve acesso ao sentido radical.
Descobrir ou encontrar Deus
em todas as coisas é encontrar a
verdadeira dinâmica das coisas,
pessoas e a realidade inteira. Desta
forma a experiência de Deus
leva a uma experiência da vida
diferente em
todos os aspectos.
A autêntica
“experiência de
Deus” não só gera
uma
transformação na
pessoa que a vive,
senão que
também
“qualifica”
e “determina” o
modo concreto da
nova vida que se
empreende...
A “experiência de Deus”
estremece (Is. 66,2) e oferece
uma imediata consciência da
própria limitação.
O Deus dos israelitas não é um
Deus que se diverte aparecendo
diante dos homens para
atemorizá-los com sua presença
que pode
ser fulminante; no Êxodo, nos
encontramos com um Deus que
estremece e que suscita
um respeito sem comparação,
enquanto que recorda Quem é e
Quem foi Ele para o povo,
ao mesmo tempo que recorda o
motivo profundo da libertação da
servidão no Egito.
“O chamado de Deus – a vocação – é duplo. Deus chama a cada um dizendo: Vem e segue-me!É um chegar e é um partir. É encontrar e continuar buscando. Porque, como diz S. Gregório de Nissa, ‘encontrar a Deus é buscá-Lo incessantemente’. O chamado de Deus é um chamado constante ao desconhecido, à aventura, a segui-lo na noite, na solidão. É um chamado incessante a ir mais além, mais além. Porque Deus é dinâmico, e não é estático (como sua criação também édinâmica) e chegar a Ele é avançar sempre. O chamado de Deus é comoum chamado a ser explorador, um convite à aventura”. (Ernesto Gardenal)
Sem dúvida, a “experiência de
Deus” se traduz em busca
contínua, em marcha serena,
em sede que
nunca se sente satisfeita. E
essa sede será vivida com mais
intensidade à medida que
passa o tempo.
Talvez a explicação mais
profunda disso se encontre em
que Deus é inabarcável e
imanipulável. A marca maior
que a experiência de Deus
deixa no ser humano é a paz
de espírito
Que Deus se comunica está
claríssimo. Nós é que temos de
preparar o terreno para que o
totalmente Outro possa tocar
nosso coração ou manifestar-se
em nosso ser de forma que a
consciência
possa percebê-Lo. As atitudes
básicas
são a confiança e a
humildade (Is. 66,2 e Miq.
6,8). Estas atitudes a abertura
supõem ao novo, ao
imprevisto, para que realmente
possa acontecer a experiência.
A experiência, como vimos, é sair e peregrinar. Trata-se de percorrer caminhos desconhecidos e deixar que ali ocorra o que se esconde. Devemos ter ânimo e generosidade de espírito para acolher Deus em nossa vida.
É necessário vencer um temor que brota, muitas vezes, de pretender conhecer de antemão a experiência que vamos realizar, como também para arriscar-nos nela. Isto vicia a experiência porque mata sua novidade.
“Alarga a porta Pai, porque não posso
passar, a fizeste para as crianças, eu
cresci a meu pesar.
Se não alargas a porta, faça-me
criança, por piedade, volta-me àquela
idade em que viver é sonhar!” (Miguel
de Unamuno- 1864- 1864)
cultivemos a abertura ao
novo e incomensurável
enquanto seja
possível, assim como estar
sempre em expectativa, à
espera da dimensão
religiosa de nossa
experiência.