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Estudo Sistematizado de Informativos
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É permitida a divulgação gratuita desse material desde que citados os seus autores e patrocinadores.
ESQUEMA DE DIREITO AGRÁRIO
Conforme Edital do 55º Concurso de Juiz Substituto de Goiás – 2012
Atualizado em junho/2012
Apresentação:
É com grande satisfação que distribuímos mais uma obra da parceria dos sites ESINF – Estudo
Sistematizado de Informativos, Blog do MOCAM e Fórum do MOCAM.
Não se trata o presente trabalho de um simples resumo dos livros abaixo indicados. Em verdade,
buscamos inspiração na obra dos autores citados para compilar os principais pontos da matéria de
forma a facilitar o estudo dos candidatos a concursos públicos, sobretudo da magistratura, em vésperas
de provas.
Sendo assim, a leitura do presente trabalho não dispensa, obviamente, o estudo dos livros em destaque.
Muito pelo contrário. Sugere-se aos leitores que, primeiramente, leiam os livros indicados na
bibliografia e utilizem esse esquema apenas como fonte de estudo rápido em vésperas de provas.
Também alertamos que, por vezes, foram inseridos comentários, opiniões, exemplos, tabelas e mapas
mentais de nossa autoria, sem qualquer vinculação com os ensinamentos dos autores citados.
Além disso, esquematizamos apenas o que, em nossa opinião, tem maior probabilidade de ser cobrado
em provas de concursos. Observa-se que, em Direito Agrário, é muito corriqueiro serem cobrados textos
de lei seca e jurisprudência. Portanto, sugerimos aos leitores que sempre acompanhem o estudo desse
esquema com as respectivas legislações citadas e não deixem de lê-las nas vésperas de prova.
Ao final, como apêndice desse trabalho, relacionamos as questões de Direito Agrário do 54º e 55º
Concurso para Juiz de Direito Substituto do Estado de Goiás, pois é muito importante como fase de
preparação a resolução de questões de prova.
Lembramos que esta obra é de distribuição gratuita, sendo vedada a sua comercialização, pois não há
qualquer intuito lucrativo, mas tão somente de disseminar a cultura jurídica e facilitar a vida dos amigos
“concurseiros” como nós.
Bons estudos e boa sorte!
Marcos Boechat e Bruno “MOCAM”
Estudo Sistematizado de Informativos
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Bibliografia:
• Benedito Ferreira Marques – Direito Agrário Brasileiro. Ed. Atlas. 8ª Edição. 2009.
• Artigos diversos
Legislação Básica:
• Lei nº 4.504 de 1964 (Estatuto da Terra)
• Lei nº 6.969 de 1981 (Usucapião Especial Rural)
• Lei nº 12.651 de 2012 (novo Código Florestal)
Conteúdo programático:
1 - Direito Agrário: conceito e objeto.
2 - Imóvel rural: definição legal e seus elementos caracterizadores.
3 - Função social do imóvel rural.
4 - Dimensionamento do imóvel rural.
5 - Contratos agrários nominados e inominados. Procedimento judicial em casos de despejo.
6 - Terras devolutas e o instituto da Discriminação.
7 - O procedimento discriminatório administrativo e o usucapião agrário.
8 - Reforma Agrária - Fundamentos - Conceituação e Métodos.
9 - A Adjudicação Compulsória no Direito Agrário.
10 - Posse agrária sobre bem imóvel.
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ESQUEMATIZAÇÃO DA MATÉRIA:
1 - DIREITO AGRÁRIO: CONCEITO E OBJETO:
Breve histórico:
O Direito Agrário brasileiro teve origem com o Tratado de Tordesilhas em 1494, firmado entre os reis de
Portugal e da Espanha. Assim, o direito de propriedade decorreu deste tratado que lhe deu juridicidade.
A ocupação dessas terras pela Coroa portuguesa, porém, só iniciou-se em 1531. Para tanto, fez-se uso
do instituto da sesmarias.
Originalmente, por meio das sesmarias, o governo português passou a tomar as terras de quem não
queria explorá-las, e as entregava a quem as quisesse fazer produzir lá em Portugal. Essa sistemática,
por falta de outro instituto mais adequado, foi adotada inicialmente para a colonização do território
brasileiro. Aqui, porém, não teve caráter confiscatório, mas teve características de enfiteuse, haja vista
que Martin Afonso de Sousa, delegado do rei D. João III, concedia terras aos sesmeiros (beneficiários das
sesmarias), pessoas que com ele viessem e quisessem aqui viver e povoar, passando-lhes, porém,
apenas o domínio útil. No entanto, era inserida uma cláusula resolutiva, pela qual as terras concedidas
poderiam ser retomadas e dadas a outras pessoas no caso de não exploração racional da área num
prazo de dois anos.
Com efeito, os sesmeiros assumiam algumas obrigações, tais como: colonizar a terra, ter nela sua
moradia habitual e cultura permanente, demarcar os limites das respectivas áreas e, claro, pagar os
respectivos tributos. Outra característica típica das enfiteuses era o direito de transmissão causa mortis
do domínio útil da terra, concedido por meio da sesmaria.
Coroa Portuguesa(Terra) > Capitães
Donatários
Sesmeiros (dom.
útil da terra)
Desenvolvimento
da "Plantatio açucareira"
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ENFITEUSE:
Deriva da alienação do domínio útil e do pleno gozo do bem, por
prazo longo ou perpétuo, de terras públicas ou particulares,
mediante a obrigação, por parte do adquirente (enfiteuta), de
manter em bom estado o imóvel e efetuar o pagamento de uma
pensão ou foro anual, certo e invariável, em numerário ou espécie,
ao senhorio direto (proprietário). Trata-se, portanto, de um direito
real - alienável e transmissível a herdeiros – de posse, uso, gozo e
disposição sobre coisa imóvel alheia, que autoriza o enfiteuta a
exercer todos os poderes do domínio mediante pagamento do foro
anual. O não pagamento do foro anual implica na pena de comisso
e, por conseguinte, na extinção da enfiteuse. Além disso, o
proprietário tem direito ao recebimento do laudêmio no caso de
alienação do imóvel pelo enfiteuta, que corresponde a 2,5% do
preço de alienação. A instituição de enfiteuse não é mais permitida
no Direito brasileiro, sendo que aquelas já existentes à época de
sua edição continuam sendo regidas pelas normas do CC/1916,
conforme art. 2.038, CC/2002.
Também era aplicado ao regime das sesmarias o instituto do comisso, que era uma pena própria da
enfiteuse para o enfiteuta que não pagava o foro devido, o que, mais tarde, acabou gerando as terras
devolutas. Por efeito, o imóvel devia voltar ao patrimônio da Coroa, para ser redistribuído a outrem.
O professor FLÁVIO TARTUCE explica que:
Pelas sesmarias os capitães donatários, titulares das capitanias
hereditárias, passam a distribuir terras aos sesmeiros que devem
produzir no sistema da plantation açucareira (monocultura, no caso do
Brasil, de cana de açúcar; grandes extensões de terra e mão de obra
escrava). Nas sesmarias, quem recebe a terra tem o domínio útil, ficando
a propriedade das terras para a Coroa (regime próximo à enfiteuse).
Cabia ao titular do domínio útil pagar tributos e se não pagassem caía
em pena de comisso, isto é, as terras lhe eram tomadas e redistribuídas
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a outras pessoas.
Esse regime, embora não muito satisfatório, vigorou até 1822, extinguindo-se poucos meses antes da
proclamação da independência do Brasil. Não foi satisfatório principalmente porque as concessões eram
dadas a poucas pessoas economicamente privilegiadas, mas que, não obstante, devido as grandes
extensões de terra, não conseguiam cumprir todas as obrigações assumidas. Daí a origem dos grandes
latifúndios improdutivos.
REGIME DE SESMARIAS:
▫ Vantagem: colonização continental do país.
▫ Desvantagem: clientelismo na distribuição de terras.
Por outro lado, trabalhadores vindos de Portugal conseguiam ocupar “sobras” das sesmarias não
aproveitadas ou ainda não concedidas exercendo sobre elas mera posse, formando, assim, incontáveis
minifúndios.
O regime das posses:
Em 17 de julho de 1822, a Coroa portuguesa decidiu extinguir o regime sesmarial com a edição da
Resolução 76 de José Bonifácio. No entanto, não regulamentou imediatamente o acesso à terra por
título hábil. Somente com a Lei nº 601, de 1850, é que foi regulado tal direito. Essa lei é um marco
histórico na legislação agrária brasileira.
Durante esse hiato legislativo (de 17.07.1822 a 18.09.1850), vigorou o chamado período extralegal ou
período das posses, caracterizado pela ocupação desordenada do vasto território, época em que
imperou o apossamento indiscriminado de áreas, grandes e pequenas, que resultou nas seguintes
situações:
a) proprietários legítimos, amparados por títulos de sesmarias concedidas e confirmadas, com as
respectivas obrigações adimplidas;
b) possuidores de terras originárias de sesmarias, mas sem confirmação, por inadimplência das
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obrigações assumidas;
c) possuidores sem nenhum título hábil subjacente;
d) terras devolutas (aquelas que, dadas em sesmarias, foram devolvidas em decorrência do comisso).
Assim, a Lei nº 601, chamada de Lei de Terras – LT, teve como principais objetivos: i) proibir a
investidura de qualquer súdito, ou estrangeiro, no domínio de terras devolutas, excetuando-se os casos
de compra e venda; ii) outorgar títulos de domínio aos detentores de sesmarias não confirmadas; iii)
outorgar títulos de domínio aos portadores de quaisquer outros tipos de concessões de terras feitas
anteriormente, desde que comprovassem o cumprimento das obrigações assumidas nos respectivos
instrumentos; e iv) assegurar a aquisição do domínio de terras devolutas através da legitimação de
posse, desde que fosse mansa e pacífica, anterior e até a vigência da lei. Tudo isso se tornou possível
com a regulamentação da LT pelo Decreto nº 1.318, de 30.01.1854.
Outra virtude da LT foi criar o instituto das terras devolutas, eminentemente brasileiro, e mecanismos
para a sua discriminação (demarcação), ou seja, separando-as das terras particulares. Registre-se,
também, o chamado Registro do Vigário (ou Registro Paroquial), criado pela LT.
A institucionalização do Direito Agrário no Brasil:
No art. 64 da primeira constituição republicana, em 1891, foi regulada, a transferência das terras
devolutas para os Estados federados, ficando reservadas à União apenas as áreas destinadas à defesa
das fronteiras, fortificações, construções militares e estradas de ferro, além dos terrenos de marinha.
Art. 64 (CR/1891): Pertencem aos Estados as minas e terras
devolutas situadas nos seus respectivos territórios, cabendo à
União somente a porção do território que for indispensável para a
defesa das fronteiras, fortificações, construções militares e estradas
de ferro federais.
Parágrafo único - Os próprios nacionais, que não forem necessários
para o serviço da União, passarão ao domínio dos Estados, em cujo
território estiverem situados.
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A matéria foi mais minuciosamente regulada com o CC de 1916 que, embora visivelmente individualista
e patrimonialista, disciplinou os contratos agrários e os direitos reais sobre coisas alheias, entre outros.
A Constituição de 1934, criou a usucapião pro-labore, hoje chamada de usucapião agrário (ou rural),
disciplinado pela Lei nº 6.969 de 1981. Além disso, contemplou normas sobre colonização e
dimensionou a proteção aos silvícolas e ao trabalhador rural.
Por outro lado, foi a Constituição de 1946 que trouxe avanços mais significativos ao Direito Agrário
doméstico, porque manteve as normas de conteúdo agrarista da Constituição anterior e ampliou o raio
de abrangência de situações ligadas diretamente ao setor rural, como, por exemplo, a desapropriação
por interesse social, que mais tarde daria origem a reforma agrária. Atualmente, é competência da
União legislar sobre Direito Agrário (art. 22, I da CR de 1988). Outro marco legislativo foi a edição da Lei
nº 4.504 de 1964, apelidada de Estatuto da Terra – ET.
Esquematizando:
1912 Projeto de Código Rural (não vingou)
1916 1º Código Civil brasileiro. Regulamento de forma eficiente a posse e a propriedade
rural, mas não protegeu o produtor.
1934 A Constituição de 1934 consagração de alguns institutos, como a usucapião rural e
a função social da propriedade
1946 A Constituição de 1946 tratou da desapropriação, inclusive agrária
1954 Criação do Instituto Nacional de Imigração e Colonização – INIC (atual INCRA)
1964 A EC nº 10 acrescenta o Direito Agrário à Constituição e é editado o Estatuto da
Terra
1988 A Constituição de 1988 condicionou a propriedade à sua função social, além de
prever diversos institutos do Direito Agrário, tais como a usucapião rural e a
desapropriação, inclusive para fins de reforma agrária.
2002 O Código Civil de 2002 regulamentou a função social da propriedade no seu art.
1228, § 1º. Recentemente, foi incluído o art. 1.240-A no CC/20021 que, não
obstante, não abrangeu os imóveis rurais, mas tão somente os urbanos, o que vem
sendo criticado pela doutrina.
1 Art. 1.240-A: Aquele que exercer, por 2 (dois) anos ininterruptamente e sem oposição, posse direta, com exclusividade, sobre imóvel urbano de até 250m² (duzentos e cinquenta metros quadrados) cuja propriedade divida com ex-cônjuge ou ex-companheiro que abandonou o lar, utilizando-o para sua moradia ou de sua família, adquirir-lhe-á o domínio integral, desde que não seja proprietário de outro imóvel urbano ou rural. § 1o O direito previsto no caput não será reconhecido ao mesmo possuidor mais de uma vez. (Incluído pela Lei nº 12.424, de 2011)
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Direito Agrário na Constituição de 1988:
CAPÍTULO III DA POLÍTICA AGRÍCOLA E FUNDIÁRIA E DA REFORMA AGRÁRIA
Regulamento Art. 184. Compete à União desapropriar por interesse social, para fins de reforma agrária, o imóvel
rural que não esteja cumprindo sua função social, mediante prévia e justa indenização em títulos da dívida agrária, com cláusula de preservação do valor real, resgatáveis no prazo de até vinte anos, a partir do segundo ano de sua emissão, e cuja utilização será definida em lei.
§ 1º - As benfeitorias úteis e necessárias serão indenizadas em dinheiro. § 2º - O decreto que declarar o imóvel como de interesse social, para fins de reforma agrária, autoriza
a União a propor a ação de desapropriação. § 3º - Cabe à lei complementar estabelecer procedimento contraditório especial, de rito sumário,
para o processo judicial de desapropriação. § 4º - O orçamento fixará anualmente o volume total de títulos da dívida agrária, assim como o
montante de recursos para atender ao programa de reforma agrária no exercício. § 5º - São isentas de impostos federais, estaduais e municipais as operações de transferência de
imóveis desapropriados para fins de reforma agrária. Art. 185. São insuscetíveis de desapropriação para fins de reforma agrária: I - a pequena e média propriedade rural, assim definida em lei, desde que seu proprietário não possua
outra; II - a propriedade produtiva. Parágrafo único. A lei garantirá tratamento especial à propriedade produtiva e fixará normas para o
cumprimento dos requisitos relativos a sua função social. Art. 186. A função social é cumprida quando a propriedade rural atende, simultaneamente, segundo
critérios e graus de exigência estabelecidos em lei, aos seguintes requisitos: I - aproveitamento racional e adequado; II - utilização adequada dos recursos naturais disponíveis e preservação do meio ambiente; III - observância das disposições que regulam as relações de trabalho; IV - exploração que favoreça o bem-estar dos proprietários e dos trabalhadores. Art. 187. A política agrícola será planejada e executada na forma da lei, com a participação efetiva do
setor de produção, envolvendo produtores e trabalhadores rurais, bem como dos setores de comercialização, de armazenamento e de transportes, levando em conta, especialmente:
I - os instrumentos creditícios e fiscais; II - os preços compatíveis com os custos de produção e a garantia de comercialização; III - o incentivo à pesquisa e à tecnologia; IV - a assistência técnica e extensão rural; V - o seguro agrícola; VI - o cooperativismo; VII - a eletrificação rural e irrigação; VIII - a habitação para o trabalhador rural. § 1º - Incluem-se no planejamento agrícola as atividades agro-industriais, agropecuárias, pesqueiras e
florestais. § 2º - Serão compatibilizadas as ações de política agrícola e de reforma agrária. Art. 188. A destinação de terras públicas e devolutas será compatibilizada com a política agrícola e
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com o plano nacional de reforma agrária. § 1º - A alienação ou a concessão, a qualquer título, de terras públicas com área superior a dois mil e
quinhentos hectares a pessoa física ou jurídica, ainda que por interposta pessoa, dependerá de prévia aprovação do Congresso Nacional.
§ 2º - Excetuam-se do disposto no parágrafo anterior as alienações ou as concessões de terras públicas para fins de reforma agrária.
Art. 189. Os beneficiários da distribuição de imóveis rurais pela reforma agrária receberão títulos de domínio ou de concessão de uso, inegociáveis pelo prazo de dez anos.
Parágrafo único. O título de domínio e a concessão de uso serão conferidos ao homem ou à mulher, ou a ambos, independentemente do estado civil, nos termos e condições previstos em lei.
Art. 190. A lei regulará e limitará a aquisição ou o arrendamento de propriedade rural por pessoa física ou jurídica estrangeira e estabelecerá os casos que dependerão de autorização do Congresso Nacional.
Art. 191. Aquele que, não sendo proprietário de imóvel rural ou urbano, possua como seu, por cinco anos ininterruptos, sem oposição, área de terra, em zona rural, não superior a cinqüenta hectares, tornando-a produtiva por seu trabalho ou de sua família, tendo nela sua moradia, adquirir-lhe-á a propriedade.
Parágrafo único. Os imóveis públicos não serão adquiridos por usucapião.
Conceitos doutrinários:
O primeiro conceito de Direito Agrário foi de FERNANDO PEREIRA SODERO:
Direito Agrário é o conjunto de princípios e normas, de Direito Público e
de Direito Privado, que visa a disciplinar as relações emergentes da
atividade rural, com base na função social da terra.
Noutro enfoque, o professor PAULO TORMINN BORGES, pioneiro na disseminação do Direito Agrário em
Goiás, o conceituava assim:
Direito Agrário é o conjunto sistemático de normas jurídicas que visa
disciplinar as relações do homem com a terra, tendo em vista o
progresso social e econômico do rurícola e o enriquecimento da
comunidade.
Extrai-se dos conceitos a preocupação com a atividade agrária e a função social da terra, da qual advém
a produção de alimentos. Por outro lado, observa-se que SODERO deu ênfase aos princípios, ao passo
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que TORMINN BORGES realçou as normas.
Por fim, OCTÁVIO MELO ALVARENGA pôs termo ao debate, apresentando o seguinte conceito:
Direito Agrário é o ramo da ciência jurídica composto de normas
imperativas e supletivas, que rege as relações emergentes da atividade
do homem sobre a terra, observados os princípios de produtividade e
justiça social.
Assim é que FLÁVIO TARTUCE sintetiza asseverando que
O Direito Agrário pode ser tido como o conjunto de princípios e normas
que regula a relação jurídica emergente das atividades agrárias com
base na função social da propriedade. A função social da propriedade é
o núcleo do direito agrário.
CURIOSIDADE:
A palavra ruris /rus (campo) é diferente urbes (cidade): nesses dois
casos leva-se em conta a localização. Todavia a palavra ager/agr
(atividade agrária ou cultivo) não leva em conta a localização. Por isso
o termo “Agrariedade” leva em consideração a atuação específica ou
destinação, e não a localização do bem. Assim sendo, uma plantação
de tomate em lote na avenida paulista será contrato agrário e não de
aluguel, por exemplo.
Atividades agrárias como objeto do Direito Agrário:
Para OCTÁVIO MELO ALVARENGA, o objeto do direito agrário resulta de toda ação humana orientada no
sentido da produção, contando com a participação ativa da natureza, sem descurar da conservação das
fontes produtivas naturais.
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Por outro lado, GISELDA HIRONAKA sintetiza o objeto do Direito Agrário asseverando que: é fato
verdadeiro que o elemento constitutivo essencial do direito agrário é a atividade agrária. E, para EMÍLIO
ALBERTO MAYA GISCHKOW, atividade agrária é o resultado da atividade humana sobre a natureza, em
participação funcional, condicionante do processo produtivo.
Este autor ainda complementa sua lição aduzindo que a atividade agrária pode ser considerada sob os
seguintes aspectos:
a) Atividade imediata: tem por objeto a terra, em sentido lato, abrangendo a atuação humana em
relação a todos os recursos da natureza;
b) Os objetivos e instrumentos dessa atividade: compreende a preservação dos recursos naturais, a
atividade extrativa de produtos inorgânicos e orgânicos, a captura de seres orgânicos (caça e pesca) e a
atividade produtiva (agricultura e pecuária);
c) Atividades conexas: como o transporte de produtos agrícolas, os processos industriais e as atividades
lucrativas, ou seja, o comércio propriamente dito.
Sob prisma diverso, RAYMUNDO LARANJEIRA classifica, de forma mais didática, as atividades agrícolas
em:
a) Explorações rurais típicas: lavoura, pecuária, extrativismo vegetal e animal, hortigranjearia;
b) Exploração rural atípica: agroindústria;
c) Atividade complementar da exploração rural: transporte e comercialização de produtos.
Insta salientar que a lavoura pode ser temporária (ex: arroz e milho) ou permanente (ex: café, cacau e
laranja). A pecuária pode ser de pequeno, médio ou grande porte (ex: aves domésticas, suínos e
bovinos, respectivamente). O extrativismo pode ser, como já dito, vegetal (ex: palmito) ou animal (ex:
peixes). A atividade hortigranjeira é a que se desenvolve em pequenas glebas (ex: hortaliças, frutas,
verduras etc.).
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A agroindústria refere-se ao processo de transformação ou beneficiamento desenvolvido nos mesmos
limites territoriais em que são obtidos os produtos primários, que podem ser colocados para o consumo
no mercado pelo próprio produtor, tais como o beneficiamento de arroz, a produção de rapaduras, da
farinha de mandioca, do polvilho, do queijo etc. A própria legislação brasileira coloca a agroindústria
como atividade agrária, porquanto não há de se considerá-la industrial pelo simples uso de um motor ou
mecanismo para beneficiamento do produto (ex: moenda para fabricação de rapaduras, desnatadeira
para a fabricação de queijos etc.).
Essa classificação de atividades atípicas não é aceita de forma pacífica, especialmente as atividades
complementares que, para alguns, não são agrárias (o transporte seria mera prestação de serviço e a
comercialização é atividade tipicamente mercantil). LARANJEIRA observa, porém, que essa é a vazão
natural que o produtor procura dar aos frutos obtidos, não só para atender às necessidades de consumo
de terceiros, como para haurir os benefícios da sua atividade mesma.
Na verdade, não se pode considerar o produtor rural que, por si, transporta e comercializa seus
produtos, sem intermediários, como prestador de serviços ou comerciante, porque não se sujeita às
regras do direito empresarial (ex: possibilidade de falir).
NOTA: de acordo com os art. 971 e 984, ambos do CC/2002, o produtor rural só passa a ser considerado
“empresário rural”, e, portanto, submeter-se às regras do direito empresarial, a partir do momento que
efetua seu registro (ou de sua empresa) na Junta Comercial, ficando equiparado, para todos os efeitos,
ao empresário sujeito a registro.
Autonomia do Direito Agrário:
A autonomia legislativa do Direito Agrário deu-se com a edição da EC 10/64 à CR de 1946, que outorgou
à União a competência para legislar sobre a matéria. Com isso, foi editado o ET, considerado verdadeiro
código agrário, que, aliado aos princípios, conteúdo e objeto próprios, identificam a autonomia deste
ramo do direito.
A autonomia jurisdicional, ainda não foi implantada no Brasil, pois não há Justiça Agrária. Porém, o art.
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126 da CR de 1988 prevê a criação de varas especializadas com competência exclusiva para as questões
agrárias (redação dada pela EC 45/2004). Mas isso não basta, pois, segundo o Professor TORMINN
BORGES é preciso que os juízes sejam especializados, ou seja, que tenham “mentalidade agrarista”, já
que a mentalidade civilista prima pelo individualismo, enquanto os agraristas primam pelo conteúdo
social.
A autonomia científica é identificada na existência de princípios e normas que são próprias do Direito
Agrário, diferenciados dos demais ramos do Direito, os quais se encontram disseminados na vasta
legislação agrária brasileira, notadamente no Estatuto da Terra.
A autonomia didática é representada pela Disciplina de Direito Agrário que hoje é ministrada em
praticamente todas as Faculdades de Direito, seja em graduação ou pós-graduação.
Princípios do Direito Agrário:
Podem ser elencados os seguintes princípios, que não se esgotam na enumeração a ser feita:
i) O monopólio legislativo é da União (at. 22, I, da CR/88). Obs: No Direito Ambiental há crítica
dizendo que todos os entes políticos deveriam legislar sobre Direito Agrário.
ii) A utilização da terra se sobrepõe à titulação dominial. Obs: A utilização da terra (critério
substancial) se sobrepõe sobre a titulação dominial (critério formal). Ou seja, vale mais a função
social do que o nome que consta como dono no registro.
iii) A propriedade da terra é garantida, mas condicionada ao cumprimento da função social. Obs:
vide art. 5º, XXII e XXIII; art. 170 e art. 186, todos da CR/1988.
iv) O Direito Agrário é dicotômico, porque compreende política de reforma (reforma agrária) e a
chamada política agrícola (política de desenvolvimento rural). Obs: Política de reforma (reforma
agrária – transformação) X Política agrícola (manutenção – nome melhor seria “Política agrária”).
Ver art. 187, § 2º, da CR/88.
v) As normas jurídicas primam pela prevalência do interesse público sobre o privado. Obs: justifica
a existência de normas de ordem pública. É o sentido da palavra “função social”. Função =
finalidade; Social = coletiva (Orlando Gomes).
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vi) A reformulação da estrutura fundiária é uma necessidade constante. Obs: trata-se de um
fenômeno episódico até que ocorra a justa distribuição de terra.
vii) O fortalecimento do espírito comunitário, através de cooperativas e associações.
viii) O combate ao latifúndio, ao minifúndio, ao êxodo rural, à exploração predatória e aos
mercenários da terra. Obs: minifúndio é imóvel menor que a “pequena propriedade rural”.
Mercenários ou especuladores da terra são os “posseiros” e “grileiros”.
ix) A privatização dos imóveis rurais públicos. Exemplo: terras devolutas.
x) A proteção à propriedade familiar, às penas e às médias propriedades;
xi) O fortalecimento da empresa agrária;
xii) A proteção da propriedade consorcial indígena. Obs: há autores que chamam esse princípio de
“indigenato” (CF, 231), considerado Direito Congênito, inato aos índios.
xiii) O dimensionamento eficaz das áreas exploráveis. Exemplo: módulo rural.
xiv) A proteção do trabalhador rural. Vide art. 7º, da CR/1988.
xv) A conservação e preservação dos recursos naturais e a proteção ao meio-ambiente. Obs:
Proteção do bem ambiental (Rui Carvalho). Vide art. 225, CR/1988. É bem difuso (público e
privado ao mesmo tempo). Amparo de direitos transgeracionais (presentes e futuras gerações).
Consequência: responsabilidade objetiva, obrigação propter rem (STJ), função social da
propriedade.
Natureza Jurídica:
Muito se discute na doutrina se o Direito Agrário seria um ramo do Direito Público ou do Direito Privado.
BENEDITO F. MARQUES, no entanto, assevera que há um predomínio de normas de ordem pública sobre
as de direito privado, porquanto, até mesmo nos contratos agrários, onde a vontade das partes tem
maior espaço, a autonomia privada é quase nenhuma, em face das normas imperativas do Decreto nº
59.566/1966. Diz o professor: “o princípio maior da função social, que constitui até uma exigência
constitucional a subordinar a garantia do direito de propriedade, é o principal preceito de ordem pública
impregnado no ordenamento jurídico agrário”.
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2 - IMÓVEL RURAL: DEFINIÇÃO LEGAL E SEUS ELEMENTOS CARACTERIZADORES:
Segundo o Estatuto da Terra (art. 4ª, I), imóvel rural é o prédio rústico, de área contínua, qualquer que
seja a sua localização, que se destine a exploração extrativa agrícola, pecuária ou agro-industrial, quer
através de planos públicos de valorização, quer através da iniciativa privada. Obs: este dispositivo foi
recepcionado pela CR/1988.
Também a Lei nº 8.629/93, que regulamenta os arts. 185 e 186, da CR/1988, dispõe em seu art. 4º que:
para efeitos desta lei, consideram-se: I – Imóvel rural, o prédio rústico de área contínua, qualquer que
seja a sua localização, que se destine ou possa se destinar à exploração agrícola, pecuária, extrativa,
vegetal, florestal ou agro-industrial.
OSVALDO OPTIZ e SILVIA OPTIZ esclarecem que: prédio rústico é todo aquele edifício que é construído e
destinado as coisas rústicas, tais como todas as propriedades rurais com suas benfeitorias, e os edifícios
destinados para recolhimento de gados, reclusão de feras e depósito de frutos, ou sejam construídos nas
cidades e vilas, ou não campo.
ATENÇÃO:
Embora na legislação e na própria constituição ora se fale em “imóvel
rural”, ora em “imóvel agrário”, esta última é a expressão mais
tecnicamente correta segundo a doutrina.
Pelo exposto, vê-se que a opção do legislador foi pelo critério da destinação e não pelo da localização
para identificação do imóvel rural. Antes dessas leis, o critério diferenciador era a localização (era rural o
imóvel que não era urbano, ou seja, situava-se fora do perímetro urbano).
Por outro lado, quando o ET optou pelo critério da destinação, certamente considerou a incorporação
do princípio da função social na CR. Se, todavia, a análise da questão é feita sob a ótica do Direito
Tributário, o critério diferenciador passa a ser o da localização. É o que se utiliza para fins do ITR (art.
29, CTN). Ressalte-se, porém, que este critério é adotado apenas para fins tributários. Para qualquer
outra situação, aplica-se o ET e, portanto, o critério da destinação, salvo para os chamados sítios de
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recreio que, por força dos arts. 13 e 14, do Decreto nº 59.900, de 1966, não são considerados imóveis
rurais. Logo, sobre eles incide IPTU e não ITR.
CARACTERÍSTICAS DO IMÓVEL RURAL:
i. Prédio rústico;
ii. Área contínua;
iii. Qualquer localização;
iv. Destinação voltada para as atividades agrárias (típicas ou atípicas).
Prédio Rústico: o termo prédio não se limita às construções feitas pelo homem, mas se refere, em
verdade, a todo e qualquer imóvel. O adjetivo rústico, sim, limita o imóvel à atividade de cultivo.
Área Contínua: o que importa e a exploração econômica da área (continuidade econômica) e não física.
O imóvel pode ser dividido até mesmo por acidentes geográficos, mas, desde que a atividade econômica
nele desenvolvida seja contínua, poderá ser considerado imóvel rural.
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3 - A FUNÇÃO SOCIAL DO IMÓVEL RURAL:
Atualmente, não se concebe o estudo do Direito Agrário sem a compreensão do verdadeiro sentido da
função social que o imóvel rural deve desempenhar. Isso se deve ao fato de que dele se ocupou a
legislação agrária em diferentes textos, reafirmando o entendimento de que ele constitui, realmente, o
cerne do jus-agrarismo.
De fato, o direito de propriedade que a ordem jurídica garante condiciona-se ao cumprimento da função
social, de modo que, não havendo esta, aquele seria nenhum. Em tal hipótese, o pagamento de
indenização ao expropriado em eventual ação de desapropriação consubstanciaria verdadeiro
enriquecimento sem causa.
Por isso a própria CR/1988, ao garantir o direito de propriedade (art. 5º, XXII) logo em seguida o
condiciona ao cumprimento da sua função social (art. 5º, XXIII). Aliás, o instituto da desapropriação
agrária, principal instrumento para a realização da Reforma Agrária em nosso país, tem, nesse
postulado, a sua principal inspiração e a sua própria razão de ser.
Nesse passo, FLÁVIO TARTUCE esclarece que: “na medida em que a função social passa a ser elemento
constitutivo do próprio direito de propriedade, o Poder Público fica autorizado a privá-la de proteção
caso não haja cumprimento à função social (desapropriação agrária)”.
Na verdade, é preciso antes distinguir os termos “propriedade” e “domínio”. A propriedade vincula-se à
relação jurídica entre pessoas, de maneira que o seu titular tem o direito absoluto (oponível erga
omnes) de que todos se abstenham em relação à coisa que lhe é objeto. Por outro lado, o domínio
representa a vinculação que existe entre uma pessoa e um determinado bem (objeto do direito de
propriedade).
Assim é que o direito de propriedade não se assegura somente pela possibilidade de exercício do
domínio, senão pelo exercício efetivo das faculdades que lhe são inerentes (usar, fruir e dispor). É o
domínio que funcionaliza a propriedade, conferindo ao seu titular o arbítrio de decidir sobre a forma de
exercitá-lo, o que, porém, implica no dever de cumprir a função social perante o Estado e a coletividade.
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BENEDITO F. MARQUES leciona que “para o estudo do Direito Agrário essa diferenciação tem
importância fundamental, na medida em que já está sedimentada a compreensão de que o domínio
funcionaliza a propriedade, pelo exercício das faculdades a ele inerentes, o que, em última análise,
consubstancia a posse agrária, uma vez que esta tem por pressuposto básico o exercício de atividades
agrárias”. A posse agrária, portanto, se faz indispensável no cenário da função social do imóvel rural.
Explica BENEDITO F. MARQUES que “é consensual, entre os jusagraristas, o entendimento de que um dos
princípios básicos do Direito Agrário é a supremacia da posse sobre o título de propriedade, justamente
porque somente com a posse se viabilizam as atividades agrárias, e somente estas dão efetividade ao
cumprimento da função social da propriedade. Não é sem propósito que se diz que a posse agrária é
sempre direta. Inexiste posse agrária indireta, diferentemente do que ocorre com a posse civil”.
Por outro lado, a CR/1988 e o ET não se preocuparam em trazer uma definição do que é função social da
propriedade da terra, embora o art. 2º, § 1º, do ET, enumere os requisitos caracterizadores dela, a
saber:
§ 1º - A propriedade da terra desempenha integralmente a sua função
social quando, simultaneamente:
a) Favorece o bem-estar dos proprietários e dos trabalhadores que nela
labutam, assim como de suas famílias;
b) Mantém níveis satisfatórios de produtividade;
c) Assegura a conservação dos recursos naturais;
d) Observa as disposições legais que regulam as justas relações de
trabalho entre os que a possuem e a cultivam
A CR de 1988, em seu art. 186, praticamente repetiu o texto acima. Veja:
Art. 186. A função social é cumprida quando a propriedade rural
atende, simultaneamente, segundo critérios e graus de exigência
estabelecida em lei, os seguintes requisitos:
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I – aproveitamento racional e adequado;
II – utilização adequada dos recursos naturais disponíveis e preservação
do meio ambiente;
III – observância das disposições que regulam as relações de trabalho;
IV – exploração que favoreça o bem-estar dos proprietários e dos
trabalhadores.
FLÁVIO TARTUCE, no entanto, adverte que a diferença de redação entre o ET e a CR/88 está na
produtividade. Salienta o autor que “os agraristas entendem que o texto não foi recepcionado, uma vez
que é possível que uma propriedade produtiva não atenda à função social”. E complementa: “nessa
linha, há certo conflito entre os arts. 186 e 185 da CF/1988, pois o último comando prevê que não pode
ser objeto de desapropriação agrária o imóvel produtivo. O último dispositivo é criticado pelos
doutrinadores agraristas de forma contundente, pela menção à propriedade produtiva, conceito que
sempre suscita debates”.
De maneira bastante elucidativa, GUSTAVO TEPEDINO afasta a aparente antinomia lecionando que: “a
produtividade, para impedir a desapropriação, deve ser associada à realização de sua função social. O
conceito de produtividade vem definido pela Constituição de maneira essencialmente solidarista,
vinculado ao pressuposto da tutela da propriedade. Dito diversamente, a propriedade, para ser imune à
desapropriação, não basta ser produtiva no sentido econômico do termo, mas deve também realizar a
sua função social”.
QUESTÃO DE PROVA:
É possível que uma propriedade produtiva não atenda a função
social? R: Em tese, sim. Exemplos: usina que queima palha da cana (é
produtiva, mas viola sua função social, na medida em que não preserva
o meio ambiente); propriedade agrária que se vale de mão de obra
análoga a de escravo (é produtiva, mas viola sua função social, ao
passo que não favorece o bem-estar dos trabalhadores).
O atual Código Civil também trouxe o princípio da função social da propriedade em seu art. 1228, § 1º,
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nos seguintes termos: o direito de propriedade deve ser exercido em consonância com as suas
finalidades econômicas e sociais e de modo que sejam preservados de conformidade com o estabelecido
em lei especial, a flora, a fauna, as belezas naturais, o equilíbrio ecológico e o patrimônio histórico e
artístico, bem como evitada a poluição do ar e das águas.
A Lei 8.629/93 regulamentou os arts. 184 a 186 da CR, tecendo em minúcias os requisitos previstos no
texto constitucional, da seguinte forma:
a) Aproveitamento racional e adequado: corresponde aos “níveis satisfatórios de produtividade” do ET.
É aferido pelos graus de utilização e de eficiência na exploração, fixados em 80% para o aproveitamento
racional e em 100% para o aproveitamento adequado2. Segundo FLÁVIO TARTUCE, “é a consagração
constitucional do chamado desenvolvimento sustentável”.
b) Adequada utilização dos recursos naturais e preservação do meio ambiente: trata-se do respeito à
vocação natural da terra, de modo a manter o potencial produtivo do imóvel e da manutenção das
características próprias do meio natural e da qualidade dos recursos ambientais, visando ao equilíbrio
ecológico da propriedade e da saúde e à qualidade de vida das comunidades vizinhas, respectivamente3.
Tamanha é a importância da preservação do meio ambiente que a matéria já ganhou autonomia
didática como novo ramo da ciência jurídica, o chamado Direito Ambiental. Para FLÁVIO TARTUCE,
“significa que aquele que está explorando imóvel agrário há de ter consciência de que tem em mãos um
bem de natureza transgeracional, isto é, que deve ser preservado para as presentes e futuras gerações”.
2 Art. 6º Considera-se propriedade produtiva aquela que, explorada econômica e racionalmente, atinge, simultaneamente, graus de utilização da terra e de eficiência na exploração, segundo índices fixados pelo órgão federal competente. § 1º O grau de utilização da terra, para efeito do caput deste artigo, deverá ser igual ou superior a 80% (oitenta por cento), calculado pela relação percentual entre a área efetivamente utilizada e a área aproveitável total do imóvel. § 2º O grau de eficiência na exploração da terra deverá ser igual ou superior a 100% (cem por cento), e será obtido de acordo com a seguinte sistemática: I - para os produtos vegetais, divide-se a quantidade colhida de cada produto pelos respectivos índices de rendimento estabelecidos pelo órgão competente do Poder Executivo, para cada Microrregião Homogênea; II - para a exploração pecuária, divide-se o número total de Unidades Animais (UA) do rebanho, pelo índice de lotação estabelecido pelo órgão competente do Poder Executivo, para cada Microrregião Homogênea; III - a soma dos resultados obtidos na forma dos incisos I e II deste artigo, dividida pela área efetivamente utilizada e multiplicada por 100 (cem), determina o grau de eficiência na exploração. 3 Art. 8º Ter-se-á como racional e adequado o aproveitamento de imóvel rural, quando esteja oficialmente destinado à execução de atividades de pesquisa e experimentação que objetivem o avanço tecnológico da agricultura. Parágrafo único. Para os fins deste artigo só serão consideradas as propriedades que tenham destinados às atividades de pesquisa, no mínimo, 80% (oitenta por cento) da área total aproveitável do imóvel, sendo consubstanciadas tais atividades em projeto: I - adotado pelo Poder Público, se pertencente a entidade de administração direta ou indireta, ou a empresa sob seu controle; II - aprovado pelo Poder Público, se particular o imóvel.
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c) Observância das disposições que regulam as relações de trabalho: verifica-se uma abrangência mais
elástica do que a prevista no ET, porquanto o requisito constitucional não se limita às relações
decorrentes de contratos de trabalho individuais e coletivos, mas também aos contratos agrários de
arrendamento e de parceria (art. 9º, § 4º: A observância das disposições que regulam as relações de
trabalho implica tanto o respeito às leis trabalhistas e aos contratos coletivos de trabalho, como às
disposições que disciplinam os contratos de arrendamento e parceria rurais).
d) Bem-estar dos proprietários e trabalhadores rurais: objetiva o atendimento das necessidades básicas
dos que trabalham a terra, observa as normas de segurança do trabalho e evita conflitos e tensões
sociais no imóvel. Deve ser interpretado de forma a envolver todos os que participam do processo
produtivo (art. 9º, § 5º: A exploração que favorece o bem-estar dos proprietários e trabalhadores rurais
é a que objetiva o atendimento das necessidades básicas dos que trabalham a terra, observa as normas
de segurança do trabalho e não provoca conflitos e tensões sociais no imóvel).
ROSALINA PINTO DA COSTA RODRIGUES PEREIRA sintetiza esses quatro requisitos constitucionais em
três óticas: i. Econômica (aproveitamento racional e adequado); ii. Social (observância das disposições
que regulam as relações de trabalho e o favorecimento do bem-estar dos proprietários e trabalhadores
rurais); iii. Ecológica (utilização dos recursos naturais e preservação do meio ambiente).
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4 – O DIMENSIONAMENTO DO IMÓVEL RURAL:
O princípio do dimensionamento do imóvel rural foi consagrado no art. 65 do ET. O fracionamento do
imóvel rural em área mínima, sem retirar-lhe o potencial produtivo compatível com o cumprimento da
função social, encontra explicação nos arts. 87/88 do Código Civil pátrio, que proíbe a divisão de coisas
que provoque alteração em sua substância ou que, embora naturalmente divisíveis, se consideram
indivisíveis por força de lei ou pela vontade das partes.
Explica BENEDITO F. MARQUES que “a indivisibilidade do imóvel rural no Brasil é determinada tanto por
lei expressa (art. 65, ET), como pela redução que se verifica na substância do imóvel, na ‘substância da
coisa’, como diz a lei civil, exatamente porque lhe retira o fator de produção”.
Não se pode conceber que pequenas áreas de terras, que mal produzem para a subsistência da família
que as cultiva, continuem a embaraçar o desenvolvimento rural. É por isso que se combate o
minifúndio, porque essa divisão ilimitada pode provocar o surgimento de unidades muitas vezes tão
pequenas que se tornam impotentes para propiciar aproveitamento econômico, justificando que o
ordenamento jurídico proíba esse fracionamento, ainda que o imóvel seja fisicamente divisível, em
homenagem ao princípio da função social da propriedade.
Nessa senda, a legislação estimula a divisão do imóvel possuído em condomínio, regra que se explica
pelo que se convencionou chamar de estado anormal da propriedade.
Mas existem algumas exceções à regra da indivisibilidade. São elas:
i. Desmembramento decorrente de desapropriação por necessidade ou utilidade pública, na
forma prevista no art. 3904 do CC e em legislação complementar (art. 1º, do Dec. 62.504/685);
ii. Desmembramentos de iniciativa particular que visem a atender interesse de ordem pública na
zona rural (art. 1º, do Dec. 62.504/68). Ex: instalação de estabelecimento comercial, como um
posto de gasolina ou uma borracharia;
iii. A proibição da divisão em área inferior ao módulo ou à fração mínima de parcelamento (art. 8º
4 A referência utilizada pelo autor é o CC de 1916, mas creio que a indicação está errada no livro, pois o art. 390 trata de exceções ao direito de usufruto dos pais em relação aos bens dos filhos ainda sujeitos ao pátrio poder. Veja: Art. 389. O usufruto dos bens dos filhos é inerente ao exercício do pátrio poder salvo a disposição do art. 225. Art. 390. Excetuam-se: I - os bens deixados ou doados ao filho com a exclusão do usufruto paterno; II - os bens deixados ao filho, para fim certo e determinado. 5 Art. 1º Os desmembramentos disciplinados pelo Art. 65 Lei número 4.504, de 30 de novembro de 1968, e pelo Art. 11 de Decreto-lei nº 57, de 18 de novembro de 1966, são aqueles que implicam na formação de novos imóveis rurais.
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da Lei nº 5.868/72) não se aplica aos casos em que a alienação da área se destine,
comprovadamente, à sua anexação ao prédio rústico confrontante, desde que o imóvel do qual
se desmembre permaneça com área igual ou superior à fração mínima do parcelamento6.
iv. Parcelamento em área inferior ao módulo nos programas de apoio à atividade agrícola familiar
(art. 65, § 5º, do ET), embora nenhum imóvel adquirido dessa forma possa ser desmembrado ou
dividido (art. 65, § 6º, do ET)7.
O módulo rural:
Para RAYMUNDO LARANJEIRA, o módulo é u’a medida de área, diretamente afeita à eficácia desta, no
meio rurígena. A sua finalidade precípua está em evitar a existência de glebas cujo tamanho, em regra,
não se ache suscetível de render o suficiente para o progresso econômico-social do agricultor brasileiro.
PAULO TORMINN BORGES ensina que módulo rural é a área de terra que, trabalhada direta e
pessoalmente por uma família de composição média, com auxílio apenas eventual de terceiros se revela
necessária para a subsistência e ao mesmo tempo suficiente como sustentáculo ao progresso social e
econômico da referida família.
DEFINIÇÃO LEGAL DE MÓDULO RURAL:
É encontrada no art. 4º, III, do ET: imóvel rural que, direta e
pessoalmente explorado pelo agricultor e sua família, lhes absorva
toda a força de trabalho, garantindo-lhes a subsistência e o progresso
social e econômico, com área máxima fixada para cada região e tipo de
exploração, e eventualmente trabalhado com a ajuda de terceiros.
Na verdade, essa é a mesma definição dada pela lei à propriedade familiar, ou seja, o ET considera como
módulo rural a mesma área fixada para fins de propriedade familiar.
O Dec. 55.891/65, em seu art. 11, assevera que: o módulo rural, definido no inciso III do art. 4º do
Estatuto da Terra, tem como finalidade primordial estabelecer uma unidade de medida que exprima a
6 Art. 8º, § 4º - O disposto neste artigo não se aplica aos casos em que a alienação da área se destine comprovadamente a sua anexação ao prédio rústico, confrontante, desde que o imóvel do qual se desmembre permaneça com área igual ou superior à fração mínima do parcelamento. 7 Os parágrafos 5º e 6º foram introduzidos pela Lei nº 11.446/2007.
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interdependência entre a dimensão, a situação geográfica dos imóveis rurais e a forma e condições do
seu aproveitamento econômico. A doutrina tem entendido que o termo módulo aqui empregado tem
sentido de regional, daí ser também chamado de módulo de região.
A fixação do módulo rural é feita pelo INCRA que leva em conta diversos fatores, como o tipo de
exploração a que se destina o imóvel, a qualidade da terra, a proximidade do centro consumidor, entre
outros, variando, pois, para cada região do país. A depender da atividade explorada, o módulo rural
pode ser classificado em:
i. De exploração hortigranjeira;
ii. De lavoura permanente;
iii. De lavoura temporária;
iv. De exploração pecuária (de médio ou grande porte);
v. De exploração florestal;
vi. De exploração indefinida8;
vii. Módulo da Propriedade9;
viii. Módulo do Proprietário10.
FERNANDO PEREIRA SODERO esquematiza o módulo rural demonstrando suas principais características:
a) é uma medida de área; b) a área fixada para a propriedade familiar constitui o módulo rural; c) varia
de acordo com a região do país onde se situe o imóvel rural; d) varia de acordo com o tipo de
exploração; e) implica um mínimo de renda a ser obtido, ou seja, o salário mínimo; f) a renda deve
proporcionar ao agricultor e sua família não apenas a sua subsistência, mas ainda o progresso
econômico e social.
Classificação dos imóveis agrários:
a) Quanto à Extensão:
i. Pequena Propriedade: 01 a 04 módulos fiscais
ii. Média Propriedade: 04 a 15 módulos fiscais
iii. Grande Propriedade: acima de 15 módulos fiscais
8 Módulo de exploração indefinida é aquele não especificado quanto à natureza da exploração. 9 É o número de módulos obtidos pela soma de módulos de exploração indefinida, quando, num mesmo imóvel rural, se desenvolvem várias explorações. 10 Corresponde à soma total das áreas possuídas pelo mesmo proprietário e dividida pela soma dos índices obtidos e correspondentes a cada área.
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b) Quanto à Produtividade:
i. Produtiva: alcança índices de produtividade fixados pelo Poder Executivo
ii. Improdutiva: não atinge tais índices
Não se confunde o módulo rural com o módulo fiscal (previsto na Lei nº 6.746 de 1979, para viabilizar o
cálculo do ITR). O módulo rural é regional, mas o fiscal foi concebido como municipal (é a principal
diferença). A atual Lei nº 9.393/96, que dispôs sobre o novo ITR, não contemplou a figura do módulo
fiscal como fator de cálculo do imposto, pelo que seu conceito original perdeu o sentido, embora
permaneça incorporado à legislação agrária.
No entanto, o Dec. 84.685/80, ao regulamentar a Lei nº 6.746, nada dispôs sobre a classificação do
imóvel rural, substituindo módulo rural por módulo fiscal e redefinindo propriedade familiar, minifúndio
e latifúndio. O módulo fiscal, não obstante, acabou sendo utilizado pelo Constituinte para a definição de
pequena e média propriedade.
A fração mínima de parcelamento:
A fração mínima de parcelamento foi criada no art. 8º, § 1º, da Lei nº 5.868/1972 para fins de
transmissão, a qualquer título, do imóvel rural, o qual não poderá ser desmembrado ou dividido em
área inferior à do módulo ou da fração mínima de parcelamento, que será: a) o módulo correspondente
à exploração hortigranjeira das respectivas zonas típicas, para os Municípios das capitais dos Estados; b)
o módulo correspondente às culturas permanentes para os demais Municípios situados nas zonas típicas
A, B e C; c) o módulo correspondente à pecuária para os demais municípios situados na zona típica D.
Vale lembrar que o disposto neste artigo não se aplica aos casos em que a alienação da área se destine
comprovadamente a sua anexação ao prédio rústico confrontante, desde que o imóvel do qual se
desmembre permaneça com área igual ou superior à fração mínima do parcelamento (art. 8º, § 4º).
CONCLUSÃO:
Dessume-se do dispositivo em apreço que a divisão do imóvel rural
obedece a duas medidas alternativas, prevalecendo sempre a que for
menor entre o módulo rural e a fração mínima de parcelamento.
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PAULO GUILHERME DE ALMEIDA leciona que: o instituto do módulo rural, como originalmente
formulado, foi quase totalmente substituído por dois outros, o da fração mínima de parcelamento
(medida fixada para cada município) e o módulo fiscal (...) Temos o seguinte quadro: módulo rural
transformado no instituto da fração mínima de parcelamento (FMP). Justamente para permitir a
aplicação do princípio da função social, o legislador instituiu o módulo rural. Paralelamente estabeleceu
a regra que proíbe o desmembramento do imóvel rural em áreas de dimensão inferior à constitutiva do
módulo da propriedade, visando com isto evitar a proliferação de áreas tidas como antieconômicas para
efeito de exploração agropecuária, o que acarreta problemas graves de distorção fundiária.
Classificações:
a) Minifúndio: é o imóvel rural de área e possibilidades inferiores às da propriedade familiar, conforme
art. 4º, IV do ET, regulamentado pelo art. 6º do Dec. 55.891/65 (minifúndio, quando tiver área
agricultável inferior à do módulo fixado para a respectiva região e tipo de exploração). É combatido e
desestimulado porque não reúne os pressupostos para o cumprimento da função social, já que sua área
ínfima não permite produtividade suficiente para o progresso social e econômico de seu proprietário ou
possuidor. Além disso, não gera tributos (há imunidade tributária de ITR) e não tem acesso ao crédito
rural, em função do caráter deficitário das atividades nele desenvolvidas. Também não gera empregos.
Para LUÍS LIMA STEFANINI, o minifúndio é o câncer da terra. Inúmeras são as causas que geram os
minifúndios (ex: sucessão causa mortis com muitos herdeiros), mas variadas são também as formas de
combatê-los. Exemplo disso são: a) desapropriação (art. 20, I, do ET); b) proibição de alienação de áreas
inferiores ao módulo rural ou à fração mínima de parcelamento (art. 8º, Lei 5.868/72); c)
remembramento das áreas minifundiárias (art. 21, ET).
DIREITO COMPARADO:
No Direito argentino o minifúndio é chamado de parvifúndio, que se
caracteriza por ser imóvel deficitário.
b) Propriedade Familiar: é definida, como visto, pelo art. 4º, II do ET (o imóvel rural que, direta e
pessoalmente explorado pelo agricultor e sua família, lhes absorva toda a força de trabalho, garantindo-
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lhes a subsistência e o progresso social e econômico, com área máxima fixada para cada região e tipo de
exploração, e eventualmente trabalho com a ajuda de terceiros), e regulamentado pelo art. 6º, I, do Dec.
55.891/65. Caracteriza-se pelos seguintes elementos: i) exploração direta e pessoal por uma família,
absorvendo-lhe toda a força de trabalho; ii) área de um módulo rural, vale dizer, compatível com o tipo
de exploração, conforme a região; iii) possibilidade de eventual ajuda de terceiros. É de suma
importância para o processo de democratização da terra, pois viabiliza o acesso ao imóvel rural para o
maior número de pessoas ou famílias. É o objetivo da reforma agrária, já que permite a subsistência e o
progresso social e econômico de seus titulares.
c) Latifúndio: é caracterizado pelos elementos dispostos no art. 4º, V do ET, o qual é regulamentado pelo
Dec. 55.891/65 (art. 6º, IV). Posteriormente, o Dec. 84.685/80, que regulamentou a Lei nº 6.746/79, deu
nova conceituação ao latifúndio. Assim, latifúndio é o imóvel rural que tem área igual ou superior ao
módulo rural e é mantido inexplorado ou com exploração inadequada ou insuficiente às suas
potencialidades. Ou seja, é o imóvel rural que, não sendo propriedade familiar, pode ter área igual ou
superior ao módulo rural, mas não cumpre a sua função social, quer dizer, basta que não seja explorado
ou que o seja de forma inadequada, em relação às suas possibilidades físicas, econômicas e sociais.
Infere-se, pois, que o latifúndio pode ser classificado em duas categorias: por extensão (acima de 600
vezes o módulo fiscal) e por exploração (inutilização ou subutilização).
ATENÇÃO:
Latifúndio não é apenas uma grande propriedade rural. O Conceito se
preocupa mais com o descumprimento de sua função social,
independentemente de ser um imóvel de grande extensão ou do
tamanho de um módulo rural, embora o art. 22, II, “a”, do Decreto nº
84.685/80 diga que é latifúndio o imóvel que exceda seiscentas vezes o
valor do módulo fiscal, sem se preocupar com a função social.
Em razão dessa discrepância, FLÁVIO TARTUCE aponta duas espécies de latifúndio:
a) Latifúndio por dimensão (imóvel que apenas excede 600 vezes o módulo médio de área definida
pelo INCRA para certa região ou a área média dos imóveis rurais de certa região, tendo-se em
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vista os sistemas produtivos e ecológicos regionais);
b) Latifúndio por exploração (imóvel rural que, não excedendo a área do latifúndio por dimensão e
tendo área agricultável igual ou superior à definida para o módulo da respectiva zona, seja
mantido inexplorado ou subutilizado).
Portanto, há exceções em que o imóvel de grande extensão não será considerado latifúndio:
i. Imóvel rural de qualquer dimensão cujas características recomendem, do ponto de vista técnico
e econômico, a exploração florestal racionalizada mediante planejamento adequado;
ii. Imóvel rural, ainda que particular, cujo objetivo de preservação florestal ou de outros recursos
naturais haja sido reconhecido para fins de tombamento;
iii. Imóvel rural com área igual à do módulo fiscal, não caracterizado como propriedade familiar,
mas adequadamente utilizado e explorado;
iv. imóvel rural com área superior ao módulo fiscal, mas não excedente a ele 600 vezes, utilizado
com adequados e racionais critérios econômicos:
v. imóvel rural que satisfizer os requisitos de empresa rural;
vi. imóvel rural que, embora não seja empresa rural e situado fora de área prioritária de reforma
agrária, tiver projeto que, aprovado pelo INCRA e em execução, em prazo determinado, o eleve
àquela categoria;
vii. imóvel rural classificado como pequena propriedade, média propriedade ou propriedade
produtiva.
ATENÇÃO:
Assim como os minifúndios, os latifúndios devem ser evitados, pois
aumentam os índices de concentração de terras. Daí a razão da
tributação progressiva e regressiva, bem como da desapropriação,
como forma de desestimulá-los.
d) Empresa Rural: é definida pelo art. 4º, VI11 do ET, que é regulado pelo art. 6º, III, do Dec. 55.891/65.
Posteriormente, também foi redefinida pelo Dec. 84.685/80. São, assim, suas principais características:
11 VI - é o empreendimento de pessoa física ou jurídica, pública ou privada, que explore econômica e racionalmente imóvel rural, dentro de condição de rendimento econômico ...Vetado... da região em que se situe e que explore área mínima agricultável do imóvel segundo padrões fixados, pública e previamente, pelo Poder Executivo. Para esse fim, equiparam-se às áreas cultivadas, as pastagens, as matas naturais e artificiais e as áreas ocupadas com benfeitorias.
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i) exploração de atividades agrárias; ii) estabelecimento composto de uma área de imóvel rural,
pertencente ou não ao empresário; iii) finalidade lucrativa; iv) natureza civil, portanto, não é comercial,
nem industrial. Considerando-se que é uma empresa, é natural que seja registrada. Se for explorada por
pessoa física, basta o registro no INCRA; se por pessoa jurídica, além do registro no INCRA, seus atos
constitutivos devem ser arquivados no cartório de Registro de Pessoas Jurídicas da circunscrição de sua
sede para aquisição de personalidade jurídica. São requisitos da empresa rural: i) grau de utilização da
terra (GUT) igual ou superior a 80%; ii) grau de eficiência (GE) na exploração igual ou superior a 100%;
iii) adoção de práticas conservacionistas; iv) emprego mínimo de tecnologia corrente na zona de
situação da empresa; v) manutenção de condições mínimas de administração; vi) cumprimento dos
demais requisitos da função social.
e) Pequena Propriedade: definida no art. 4º, II da Lei nº 8.629 de 1993 (imóvel rural de área
compreendida entre 1 (um) e 4 (quatro) módulos fiscais);
f) Média Propriedade: definida no art. 4º, III da Lei nº 8.629 de 1993 (o imóvel rural de área superior a 4
(quatro) e até 15 (quinze) módulos fiscais);
g) Propriedade Produtiva: considera-se aquela que, explorada econômica e racionalmente, atinge,
simultaneamente, graus de utilização da terra e de eficiência na exploração, segundo índices fixados
pelo órgão federal competente. Tais índices já foram vistos: GUT igual ou superior a 80% e GE igual ou
superior a 100%.
h) Pequenas Glebas Rurais: é categoria adotada pela Lei nº 9.393/96 que regulamenta o ITR, não se
confundindo com pequena propriedade ou com propriedade familiar. Para tanto, são consideradas
pequenas glebas rurais os imóveis com área igual ou inferior a: I – 100 hectares, se localizado em
município na Amazônia ocidental ou no Pantanal mato-grossense e sul-mato-grossense; II – 50 hectares,
se localizado em município compreendido no Polígono das Secas ou na Amazônia oriental; III – 30
hectares, se localizado em qualquer outro município. Essa categoria tem importância apenas para o
Direito Tributário.
i) Cooperativa Integral de Reforma Agrária – CIRA: segundo FLÁVIO TARTUCE, é toda sociedade
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cooperativa mista, de natureza civil, criada nas áreas prioritárias de Reforma Agrária, contando
temporariamente com a contribuição financeira e técnica do Poder Público, através do Instituto
Brasileiro de Reforma Agrária, com a finalidade de industrializar, beneficiar, preparar e padronizar a
produção agropecuária, bem como realizar os demais objetivos previstos na legislação vigente.
Colonização:
É um instrumento de política agrária que visa a ocupação e exploração econômico-social de imóveis
rurais desabitados, pouco povoados ou ociosos, inclusive com a introdução de serviços públicos e
provados adequados para assentamento da população rural.
O art. 4º, IX, do ET traz a definição legal: toda a atividade oficial ou particular, que se destine a promover
o aproveitamento econômico da terra, pela sua divisão em propriedade familiar ou através de
Cooperativas.
BENEDITO F. MARQUES explica que “modernamente, colonizar significa povoar, mas com preocupação
de dar sentido econômico às áreas cedidas, exigindo-se do colono a exploração de atividades agrárias”.
É de se ressaltar que a colonização não importa em mudança de estrutura no plano institucional, como
acontece na reforma agrária. Aliás, esse é o traço diferencial mais significativo entre colonização e
reforma agrária. Não obstante, a colonização pode ser feita como medida complementar à reforma
agrária.
O art. 15, do Decreto 59.428/66 define os objetivos da colonização: i) exploração da terra sob as formas
de propriedade familiar, de empresa rural e de cooperativas; ii) integração e progresso econômico-social
do parceleiro; iii) conservação dos recursos naturais; iv) recuperação social e econômica de
determinadas áreas; v) racionalização do trabalho agrícola. Em suma, BENEDITO F. MARQUES assevera:
“as finalidades precípuas da colonização se resumem numa ação política que viabilize o acesso à terra
para o maior número de pessoas, promovendo o povoamento de áreas ociosas com aproveitamento
econômico”.
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A colonização pode ser: a) oficial (promovida pelo Poder Público sobre terras que já se incorporaram ao
seu patrimônio ou que venham a sê-lo, inclusive com prioridade a pessoas físicas estrangeiras como
forma de facilitar o intercâmbio cultural); b) particular (dependem de autorização do Poder Público e
tem como colonizador empresas particulares (art. 60, ET), podendo ocorrer em terras de sua
propriedade ou de terceiros, desde que com autorização destes).
PARCELEIRO:
Nesse cenário de colonização vislumbra-se, também, a figura do
parceleiro que é o adquirente de lotes ou parcelas de áreas
destinada à reforma agrária ou à colonização pública ou particular,
conforme art. 4º, do ET.
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5 - CONTRATOS AGRÁRIOS NOMINADOS E INOMINADOS. PROCEDIMENTO JUDICIAL EM CASOS DE
DESPEJO:
O ET classifica os contratos agrários em: i. Arrendamento rural; ii. Parceria. Conceitua-os como sendo os
negócios jurídicos que têm por objeto o exercício da posse ou do uso temporário de imóveis rurais.
Segundo o Decreto nº 59.566/6612, são contratos agrários típicos apenas o arrendamento rural e a
parceria, ao tempo que também afirma que assim os proprietários como os possuidores podem celebrá-
los. As definições de tal Decreto são:
i. Arrendamento Rural: é o contrato agrário pelo qual uma pessoa se obriga a ceder a outra, por
tempo determinado ou não, o uso e gozo de imóvel rural, parte ou partes do mesmo, incluindo,
ou não, outros bens, benfeitorias e/ou facilidades, com o objetivo de nele ser exercida atividade
de exploração agrícola, pecuária, agro-industrial, extrativa ou mista, mediante certa retribuição
ou aluguel, observados os limites percentuais da Lei. Subarrendamento é o contrato pelo qual o
arrendatário transfere a outrem, no todo ou em parte, os direitos e obrigações do seu contrato
de arrendamento.
ii. Parceria Rural: é o contrato agrário pelo qual uma pessoa se obriga a ceder a outra, por tempo
determinado ou não, o uso específico de imóvel rural, de parte ou partes do mesmo, incluindo,
ou não, benfeitorias, outros bens e/ou facilidades, com o objetivo de nele ser exercida atividade
de exploração agrícola, pecuária, agroindustrial, extrativa vegetal ou mista; e ou lhe entregue
animais para cria, recria, invernagem, engorda ou extração de matérias-primas de origem
animal, mediante partilha de riscos de caso fortuito e de força maior do empreendimento rural,
e dos frutos, produtos ou lucros havidos nas proporções que estipularem, observados os limites
percentuais da lei.
A definição legal de parceria rural, no entanto, foi modificada pela Lei nº 11.443/07, que alterou o art
96, do Estatuto da Terra, nos seguintes termos:
12 Art 1º O arrendamento e a parceria são contratos agrários que a lei reconhece, para o fim de posse ou uso temporário da terra, entre o proprietário, quem detenha a posse ou tenha a livre administração de um imóvel rural, e aquele que nela exerça qualquer atividade agrícola, pecuária, agro-industrial, extrativa ou mista (art. 92 da Lei nº 4.504 de 30 de novembro de 1964 - Estatuto da Terra - e art. 13 da Lei nº 4.947 de 6 de abril de 1966).
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“Parceria rural é o contrato pelo qual uma pessoa se obriga a ceder à outra, por tempo determinado ou
não, o uso específico do imóvel rural, de parte ou partes dele, incluindo, ou não, benfeitorias, outros bens
e/ou facilidades, com o objetivo de nele ser exercida atividade de exploração agrícola, pecuária,
agroindustrial, extrativa vegetal ou mista, e/ou lhe entrega animais para cria, recria, invernagem,
engorda ou extração de matérias-primas de origem animal, mediante partilha, isolada ou
cumulativamente, dos seguintes riscos: I) caso fortuito e de força maior do empreendimento; II) dos
frutos, produtos ou lucros havidos nas proporções que estipularem, observados os limites percentuais
estabelecidos no inciso VI, ‘caput’, desse artigo; III) variações de preços dos frutos obtidos na exploração
do empreendimento rural”.
O mesmo Decreto, em seu art. 3913, abriga a previsão de outros contratos cujo objeto seja o usos ou a
posse temporária de imóvel rural, os quais devem observar, no que couber, as regras do arrendamento
e da parceria. São os chamados contratos agrários atípicos ou inominados, como, por exemplo, o
comodato, empreitada, concessão de uso real (art. 7º, do Dec.-Lei nº 271/6714).
OCTÁVIO MELLO ALVARENGA, genericamente, conceitua: por contrato agrário devem ser entendidas
todas as formas de acordo de vontade que se celebrem, segundo a lei, para o fim de adquirir,
resguardar, modificar ou extinguir direitos vinculados à produtividade da terra.
Elementos:
i. Partes: arrendante e arrendatário; parceiro-outorgante e parceiro-outorgado;
13 Art 39. Quando o uso ou posse temporária da terra for exercido por qualquer outra modalidade contratual, diversa dos contratos de Arrendamento e Parceria, serão observadas pelo proprietário do imóvel as mesmas regras aplicáveis à arrendatários e parceiros, e, em especial a condição estabelecida no art. 38 supra.
14 Art. 7o É instituída a concessão de uso de terrenos públicos ou particulares remunerada ou gratuita, por tempo certo ou indeterminado, como direito real resolúvel, para fins específicos de regularização fundiária de interesse social, urbanização, industrialização, edificação, cultivo da terra, aproveitamento sustentável das várzeas, preservação das comunidades tradicionais e seus meios de subsistência ou outras modalidades de interesse social em áreas urbanas. (Redação dada pela Lei nº 11.481, de 2007) § 1º A concessão de uso poderá ser contratada, por instrumento público ou particular, ou por simples termo administrativo, e será inscrita e
cancelada em livro especial. § 2º Desde a inscrição da concessão de uso, o concessionário fruirá plenamente do terreno para os fins estabelecidos no contrato e responderá por todos os encargos civis, administrativos e tributários que venham a incidir sobre o imóvel e suas rendas. § 3º Resolve-se a concessão antes de seu termo, desde que o concessionário dê ao imóvel destinação diversa da estabelecida no contrato ou termo, ou descumpra cláusula resolutória do ajuste, perdendo, neste caso, as benfeitorias de qualquer natureza. § 4º A concessão de uso, salvo disposição contratual em contrário, transfere-se por ato inter vivos , ou por sucessão legítima ou testamentária, como os demais direitos reais sobre coisas alheias, registrando-se a transferência. § 5º Para efeito de aplicação do disposto no caput deste artigo, deverá ser observada a anuência prévia: (Incluído pela Lei nº 11.481, de 2007) I - do Ministério da Defesa e dos Comandos da Marinha, do Exército ou da Aeronáutica, quando se tratar de imóveis que estejam sob sua administração; e (Incluído pela Lei nº 11.481, de 2007)
II - do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência de República, observados os termos do inciso III do § 1o do art. 91 da Constituição
Federal. (Incluído pela Lei nº 11.481, de 2007).
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ii. Objeto: uso e gozo pelo arrendatário mediante pagamento de aluguel (no arrendamento) e
apenas o uso específico pelo parceiro-outorgado, mediante partilha dos frutos (na parceria);
iii. Conteúdo: independentemente da forma do contrato, são cláusulas ínsitas: a) obrigação de
ambas as partes conservarem os recursos naturais; b) dever de proteção ao mais fraco
(arrendatário e parceiro-outorgado)15; c) observância dos prazos mínimos estabelecidos; d)
fixação do preço do aluguel; e) indenização, com direito de retenção, das benfeitorias úteis e
necessárias; f) proibição de prestação de serviços gratuitos pelo arrendatário ou parceiro-
outorgado; g) proibição de exclusividade da venda dos produtos colhidos ao arrendador; h)
proibição da obrigatoriedade de beneficiamento desses produtos nas usinas do arrendador; i)
proibição da obrigatoriedade de o arrendatário comprar do arrendador gêneros e utilidades em
seus armazéns ou barracões; j) proibição de aceitação, pelo parceiro-outorgado, de pagamento
dos seus frutos, através de ordens, vales, borós etc.; l) impossibilidade de subarrendamento,
senão mediante expresso consentimento do arrendador (art. 95, VI, do Dec. Nº 59.566/66).
iv. Analogia: no caso de ser necessária a analogia, aplicam-se as normas do contrato de locação ao
arrendamento e as normas do contrato de sociedade à parceria rural.
v. Características: os contratos agrários, em regra, são bilaterais, onerosos, consensuais e não
solenes.
Os prazos mínimos16 dos contratos são:
i. 03 anos (lavoura temporária e pecuária de pequeno ou médio porte; ou em todos os casos de
parceria);
ii. 05 anos (lavoura permanente e pecuária de grande porte ou extração de matérias-primas de
origem animal);
iii. 07 anos (exploração florestal);
Deve-se presumir o prazo mínimo de 03 anos para os contratos de arrendamento firmados por prazo
indeterminado.
Os percentuais de participação na partilha, nos contratos de parceria, variam de acordo com a
participação do parceiro-outorgante, em consonância com o art. 35 do Regulamento (Dec. 59.566/66):
15 Cremos que nem sempre serão estas as partes mais fracas. Pense-se no caso de uma grande empresa contratar arrendamentos ou parcerias com pequenos proprietários. Ex: uma grande empresa multinacional de celulose firma contrato de parceria com um pequeno proprietário para a plantação de eucaliptos em seu imóvel almejando, futuramente, a divisão dos lucros da respectiva extração. A parte mais fraca, neste exemplo, será o parceiro-outorgante (pequeno proprietário rural). 16 ATENÇÃO: uma boa questão de prova é trocar “prazo mínimo” por “prazo máximo”.
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i. 10%, quando concorrer apenas com a terra nua;
ii. 20%, quando concorrer com a terra preparada e moradia;
iii. 30%, caso concorra com o conjunto básico de benfeitorias, constituído especialmente de casa
de moradia, galpões, banheiro para gado, cercas, valas ou currais, conforme o caso;
iv. 50%, caso concorra com a terra preparada, e o conjunto básico de benfeitorias enumeradas no
inciso III, e mais o fornecimento de máquinas e implementos agrícolas, para atender aos tratos
culturais, bem como as sementes e animais de tração e, no caso de parceria pecuária, com
animais de cria em proporção.
v. 75%, nas zonas de pecuária ultra-extensiva, em que forem os animais de cria em proporção
superior a 25% do rebanho onde se adotem a meação do leite e a comissão mínima de 5% por
animal vendido.
NOTA: aplicam-se à parceria agrícola, pecuária, agropecuária, agroindustrial ou extrativa as normas
pertinentes ao arrendamento rural, no que couber, bem como as regras do contrato de sociedade, no
que não estiver regulado pelo ET.
Princípios contratuais:
Os contratos agrários obedecem a princípios peculiares e também àqueles que norteiam os contratos
em geral, preocupando-se com o homem que trabalha na terra e com a conservação dos recursos
naturais. Tais princípios são:
i. Autonomia da vontade;
ii. Força vinculante (pacta sunt servanda);
iii. Relatividade das convenções;
iv. Proteção de quem trabalha na terra;
v. Conservação dos recursos naturais e proteção do meio ambiente;
vi. Função Social e Boa-fé Objetiva17.
Vê-se que são de conteúdo imperativo as regras relativas à obrigatoriedade de cláusulas irrevogáveis
17 Além desses, é importante fazer menção aos artigos 421 e 422 do CC de 2002, que positivaram os princípios da função social dos contratos e da probidade e boa-fé objetiva, os quais, por certo, também se aplicam aos contratos agrários, inclusive quanto aos deveres anexos.
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que visam à conservação dos recursos naturais e que proíbem a renúncia, por parte do arrendatário ou
do parceiro-outorgado, de quaisquer vantagens ou direitos estabelecidos em leis ou regulamentos, tudo
com vistas à proteção social e econômica dos arrendatários cultivadores diretos e pessoais.
Tais regras devem ser assim observadas em todos os contratos agrários, sejam típicos ou atípicos.
QUESTÃO DE PROVA:
Nota-se que no arrendamento as vantagens e os riscos são assumidos
exclusivamente pelo arrendatário, que deverá pagar o aluguel ao
arrendante em qualquer situação. Já na parceria, as vantagens e os
riscos são divididos entre os contratantes, já que os resultados (lucros
ou prejuízos) são partilhados.
Direito de preferência:
O arrendatário terá direito de preferência no caso de o arrendante resolver alienar o imóvel ou no
momento de renovação do contrato. No caso de alienação, o arrendatário poderá exercer tal direito em
igualdade de condições com terceiros interessados, devendo o proprietário dar-lhe conhecimento da
venda, a fim de que possa exercitar o direito de preempção dentro de 30 dias. Se não for feita a
notificação e, ainda assim, o arrendante alienar o imóvel, o arrendatário poderá haver para si o bem se
o requerer no prazo de 6 meses a contar da transcrição da alienação no RGI. Se o arrendatário não
quiser exercer o direito de preempção, ainda assim, a execução de seu contrato restará garantida até o
termo final ou até a ultimação da colheita. A notificação pode ser feita por carta registrada no Cartório
de Registro de Títulos e Documentos da comarca da circunscrição do imóvel, por notificação judicial ou
por qualquer outro meio comprovável (ex: carta registrada nos correios com A.R.).
No caso de renovação, para o exercício do direito de preferência, é preciso que se proceda à notificação
premonitória, que nada mais é do que o procedimento notificatório, previsto no art. 22 do Regulamento
(até seis meses antes do vencimento do contrato o arrendador deverá notificar o arrendatário com as
propostas recebidas, por meio de carta registrada no Cartório de Registro de Títulos e Documentos da
comarca da circunscrição do imóvel ou por notificação judicial). Na ausência de notificação, o contrato
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considera-se automaticamente renovado, salvo se o arrendatário, nos 30 dias seguintes ao término do
prazo para a notificação, manifestar sua desistência ou formular nova proposta. O direito à renovação,
porém, não será garantido se o arrendante notificar o arrendatário até seis meses antes do término do
arrendamento no sentido de retomar o imóvel para explorá-lo diretamente ou para cultivo direto e
pessoal. Além disso, a insinceridade do arrendador, que poderá ser provada por qualquer meio em
direito permitido, importará na obrigação de responder pelas perdas e danos causados ao arrendatário.
Benfeitorias e direito de retenção:
O ET e seu regulamento18 asseguram ao arrendatário o direito à indenização por benfeitorias úteis e
necessárias feitas de boa-fé, garantindo-lhe o direito de retenção até que seja pago. Porém, no Direito
Agrário há algumas peculiaridades, tais como:
i. O arrendatário não precisa provar a boa-fé, porque esta é presumida, já que sua posse decorre
de um contrato;
ii. A retenção do imóvel será para o uso e gozo das mesmas vantagens do contrato, inclusive o
direito de prorrogação do prazo para a colheita (art. 25, § 1º, do Decreto 59.566/66);
iii. O conceito de benfeitoria é mais amplo do que o do Direito Civil, pois abarca obras consideradas
verdadeiras acessões, que, à luz da Lei Civil, não asseguram direito de retenção (consideram
benfeitorias as casas de moradia, galpões, banheiros para gado, valas, silos, currais, açudes,
estradas de acesso e quaisquer edificações para instalações do beneficiamento, industrialização,
educação ou lazer);
iv. Se a benfeitoria útil ou necessária for realizada pelo arrendador e gerar mais lucro para o
arrendatário, aquele terá direito a um aumento proporcional do aluguel e este não terá direito a
qualquer indenização, salvo estipulação em contrário no contrato.
Causas de Extinção:
São causas extintivas dos contratos agrários:
18 Art 25. O arrendatário, no término do contrato, terá direito à indenização das benfeitorias necessárias e úteis. Quanto às voluptuárias, somente será indenizado se sua construção for expressamente autorizada pelo arrendador (art. 95, VIII, do Estatuto da Terra e 516 do Cód. Civil). § 1º Enquanto o arrendatário não for indenizado das benfeitorias necessárias e úteis, poderá reter o imóvel em seu poder, no uso e gozo das
vantagens por ele oferecidas, nos termos do contrato de arrendamento (arts. 95, VIII do Estatuto da Terra e 516 do Código Civil). § 2º Quando as benfeitorias necessárias ou úteis forem feitas às expensas do arrendador dando lugar a aumento nos rendimentos da gleba, terá ele direito a uma elevação proporcional da renda, e não serão indenizáveis ao fim do contrato, salvo estipulação em contrário.
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i. Término do prazo contratual ou de sua renovação;
ii. Retomada pelo arrendador para explorar o imóvel diretamente por descendente seu;
iii. Aquisição do imóvel pelo arrendatário;
iv. Rescisão, resilição bilateral (distrato) ou resolução do contrato;
v. Extinção do direito do arrendador por força maior, sentença judicial irrecorrível, perda do imóvel
ou por desapropriação.
Causas de Despejo:
As causas de despejo estão arroladas no art. 32, do Regulamento
i. Término do prazo contratual ou de sua renovação;
ii. Subarrendamento, cessão ou empréstimo do imóvel, no todo ou em parte, sem prévio e
expresso consentimento do arrendador;
iii. Não pagamento do aluguel no prazo de vencimento;
iv. Se o arrendatário causar dano à gleba arrendada, mudar sua destinação ou abandonar total ou
parcialmente o cultivo;
v. Direito de retomada pelo arrendante, comprovada a sinceridade do pedido;
vi. Infração a obrigação legal ou contratual pelo arrendatário.
O procedimento judicial para rescisão do contrato e o respectivo despejo é o sumário, nos termos do
art. 275, II, “a” do CPC. Atente-se que é assegurado pelo Regulamento ao arrendatário o direito de
purgação da mora19, embora de forma diferente daquele previsto na Lei de Locações de Imóveis
Urbanos, em razão do rito sumário. Com efeito, na audiência de conciliação, oportunidade em que o réu
tem para contestar no rito sumário, poderá o arrendatário pleitear a purgação da mora, devendo o juiz
conceder-lhe um prazo de até 30 dias para efetuar o pagamento.
Jurisprudência:
Exemplos de diálogos entre o CC e o Estatuto da Terra:
19 Art. 32. Parágrafo único: No caso do inciso III, poderá o arrendatário devedor evitar a rescisão do contrato e o conseqüente despejo, requerendo no prazo da contestação da ação de despejo, seja-lhe admitido o pagamento do aluguel ou renda e encargos devidos, as custas do processo e os honorários do advogado do arrendador, fixados de plano pelo Juiz. O pagamento deverá ser realizado no prazo que o Juiz determinar, não excedente de 30 (trinta) dias, contados da data da entrega em cartório do mandado de citação devidamente cumprido, procedendo-se a depósito, em caso de recusa.
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Ex1. Julgados sobre contratos de “vaca-papel” (REsp. 441.903, 3ª Turma, Rel. Min. Nancy Andrighi).
Trata-se de contrato de parceria pecuária simulado para esconder empréstimo de dinheiro (usura). É
nulo para o STJ, com base no CC/02 (art. 167 e também objeto ilícito > CC, 166, II). Há duplo
fundamento para a nulidade.
Ex2. Informativo 492 STJ: revisão ou resolução de contratos agrários por onerosidade excessiva (CC, art.
478). Veja o julgado no site do ESINF:
http://www.esinf.com/informativos/657-do-stf-e-492-do-stj#semanal
QUESTÃO DE PROVA:
DA SILVA pleiteia a resolução de contrato de venda futura de soja
celebrado com AGRÍCOLA S.A., sob a alegação de que variação
significativa da cotação do produto vendido tornou o contrato
excessivamente oneroso. Neste caso, é correto afirmar:
(A) O fato do comprador obter lucro na revenda da soja, decorrente da
majoração do preço do produto no mercado após a celebração do
negócio, comprova existência de onerosidade excessiva, apta a
determinar a rescisão do contrato ou má resolução.
(B) A oscilação do preço do produto vendido por si caracteriza a
onerosidade excessiva.
(C) A simples variação de preço do produto comercializado pelo vendedor
não configura um acontecimento imprevisto e extraordinário.
(D) A onerosidade excessiva deve ser aferida no momento da conclusão
do contrato e se comprovada outorga a resolução.
(E) A relação jurídica descrita acima se subsume à lei consumerista20.
20 Essa questão foi cobrada na prova do 55º Concurso de Juiz Substituto de Goiás, aplicada pela FCC, em 03/04/2012. Gabarito: letra C.
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6 - TERRAS DEVOLUTAS E O INSTITUTO DA DISCRIMINAÇÃO:
MESSIAS JUNQUEIRA define as terras devolutas com aquelas terras que não verteram para o domínio
privado, deste excluído, evidentemente, o que estiver aplicado a qualquer uso público. ALTIR DE SOUZA
MAIA, por outro lado, assevera que, primeiramente, elas eram entendidas como terras ermas, sem
aproveitamento, desocupadas, ou, ainda, devolvidas à Coroa portuguesa, pelo descumprimento total ou
parcial das obrigações assumidas pelo beneficiário da sesmaria. Configurava-se a ocorrência do comisso,
como já abordado.
No período republicano, a ideia de terra abandonada deu lugar à concepção de que, mesmo ocupadas,
podiam ser consideradas devolutas desde que não pertencessem a particulares.
A Lei de Terras (Lei nº 601/1850) também definiu as terras devolutas em seu art. 3º, com o objetivo de
conferir titulação a todos aqueles que não a tinham, embora ocupassem terras consideradas devolutas,
e, assim, evitar a perpetuação do regime de posses ilegítimas instalado desde a suspensão das
sesmarias. Daí a figura do posseiro que era o sesmeiro em comisso ou o pequeno possuidor sem título
legítimo. Uma vez regularizadas as posses, as terras não pertencentes ao domínio privado seriam
consideradas devolutas por exclusão.
Com a CR de 1891, como já dito, as terras devolutas foram transferidas aos estados-membros, ficando
para a União apenas aquelas indispensáveis à defesa das fronteiras, fortificações, construções militares
e estradas de ferro federais.
De acordo com os civilistas, as terras devolutas têm natureza jurídica de bens dominicais e, como tal,
não estão sujeitas à usucapião. Nesse sentido, é bom lembrar o teor da Súmula 340, do STF: “Desde a
vigência do Código Civil, os bens dominicais, como os demais bens públicos, não podem ser adquiridos
por usucapião”.
Advirta-se, porém, que o Código Civil mencionado no enunciado do STF é o de 1916. No entanto, seu
conteúdo foi corroborado expressamente pelo art. 102, do Código Civil de 2002: “Os bens públicos não
estão sujeitos à usucapião”. Não obstante, os bens públicos dominicais (como as terras devolutas)
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podem ser alienados, observadas as exigências da lei (art. 101, do CC/2002).
Importante destacar, também, que são terras devolutas da União aquelas indispensáveis à defesa das
fronteiras, das fortificações e construções militares, das vias férreas de comunicação e à preservação
ambiental, definidas em lei (art. 20, II, CR/88). Inclusive, é relevante rememorar o teor da Súmula 477
do STF: “As concessões de terras devolutas situadas na faixa de fronteira, feitas pelos estados, autorizam
apenas o uso, permanecendo o domínio com a União, ainda que se mantenha inerte ou tolerante, em
relação aos possuidores”.
OBS: sobre este tema, destacamos a inédita decisão do STF ao julgar a ACO 79/MT, em 15/03/2012, na
qual se deu preferência ao postulado da segurança jurídica sobre o princípio da legalidade, destacando-
se os valores da boa-fé e confiança legítima, em detrimento do teor da Súmula nº 477 em comento. Vale
a pena conferir o inteiro teor do julgado. Acesse: http://www.esinf.com/informativos/658-do-
stf#semanal.
Por conseguinte, em vista da dificuldade de se saber onde se encontravam as terras devolutas, foi
preciso regulamentar o instituto da discriminação, previsto na Lei de Terras. Tal procedimento
discriminatório, foi regulamentado com maior minúcia somente por meio do Dec.-Lei nº 9.760/46,
podendo ser realizado administrativa ou judicialmente (ação discriminatória). Esses procedimentos
estão até hoje disciplinados pela Lei nº 6.383/76.
Procedimento administrativo:
A instauração do processo compete a uma Comissão Especial composta de 3 membros: um bacharel em
direito (seu presidente), um engenheiro-agrônomo e um funcionário do órgão competente para
promover a discriminação (federal ou estadual). O procedimento inicia-se com a abertura de um
processo administrativo autuando-se um memorial descritivo da área a ser discriminada (art. 3º). A
segunda fase consiste no chamamento de todos os interessados para se apresentarem no prazo de 60
dias, com seus títulos, documentos, informações e, se for o caso, com rol de testemunhas. Além disso,
devem apresentar a cadeia dominial dos seus imóveis para comprovar que não há vícios. Devem estimar
o valor das áreas, inclusive das benfeitorias, indicar as confrontações, as atividades nelas exercidas e a
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existência ou não de financiamentos ou direitos reais de garantia sobre elas, bem como a prova de
quitação dos tributos.
A convocação é feita por edital, que deverá ter a mais ampla divulgação na sede do município da
situação do imóvel discriminado, inclusive com duas publicações no D.O.U. ou D.O.E. e na imprensa local
com intervalo de 8 a 15 dias entre as publicações. O não-atendimento ao edital de convocação ou à
notificação (artigos 4º e 10) estabelece a presunção de discordância e acarretará imediata propositura
da ação judicial prevista no art. 19, II, conforme art. 14.
Após a autuação dos documentos, a comissão fará vistoria nos imóveis. Em seguida, o presidente da
comissão pronuncia-se sobre as alegações, os títulos de domínio e demais documentos, mandando
lavrar os respectivos termos. Os interessados serão, então, intimados para assiná-los em prazo de 8 a 30
dias.
A terceira fase é a da demarcação, com a designação de um agrimensor para iniciar o levantamento
geodésico e topográfico das terras discriminadas. Após, o presidente da comissão mandará lavrar o
Termo de Encerramento (art. 12), providenciando o respectivo registro em nome da União ou do Estado
membro que houver promovido a discriminação.
Procedimento Judicial:
É adotado em quatro hipóteses:
i. Quando a comissão especial administrativa verificar que os títulos apresentados são de
legitimidade duvidosa;
ii. Quando os interessados não atenderem à convocação feita por edital no procedimento
administrativo (presunção de discordância do procedimento);
iii. Quando o procedimento discriminatório administrativo for dispensado ou interrompido por
presumida ineficácia;
iv. Quando os notificados, no procedimento administrativo, praticarem atentado (alteração das
divisas da área discriminada, derrubarem a cobertura vegetal, construírem cercas ou
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transferirem benfeitorias a qualquer título, sem assentimento do representante do órgão
promotor da discriminação).
A competência para processar e julgar a ação discriminatória é da Justiça Federal, se as terras
pertencerem à União, ou da Justiça Estadual, se elas forem estaduais. O rito adotado é o sumário,
embora não seja o discriminado no art. 275, do CPC, por força da Lei nº 9.245/96.
A petição inicial, que deve ser protocolizada no juízo da comarca da situação do imóvel, deverá vir
acompanhada de memorial descritivo da área. Em seguida, procede-se à citação dos interessados,
conhecidos e desconhecidos, necessariamente por meio de edital, publicado simultaneamente, por duas
vezes, no D.O.U. ou D.O.E. e na imprensa local, com intervalo de 8 a 15 dias entre as publicações. O
procedimento tem caráter preferencial e prejudicial em relação a outras ações cujo objeto seja o
domínio ou a posse dos imóveis situados, no todo ou em parte, na área a ser discriminada, operando-se
a prorrogação da competência.
Proferida a sentença, impugnável por apelação sem efeito suspensivo, inicia-se a fase de demarcação,
cuja sentença homologatória servirá de título de propriedade para o registro imobiliário.
Inalienabilidade:
É bom lembrar que a CR/88 proíbe a alienação de terras devolutas necessárias à proteção dos
ecossistemas naturais. Esse preceito confirma a necessidade de subsistência das ações discriminatórias
no ordenamento jurídico pátrio atual.
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7 - O PROCEDIMENTO DISCRIMINATÓRIO ADMINISTRATIVO E O USUCAPIÃO AGRÁRIO:
NOTA: O procedimento discriminatório administrativo foi visto no tópico anterior. Resta, agora, analisar
a usucapião agrário. Não obstante, a ordem prevista no edital do concurso de Juiz de Goiás não é muito
didática. Por isso, sugere-se que seja lido, antes, o tópico número 10 que trata da posse agrária,
requisito para a aquisição imobiliária por usucapião agrário.
Tendo por base a posse agrária, o direito brasileiro redimensionou a usucapião de imóveis rurais por
meio da Lei nº 6.969/81, complementada pelo Dec. 87.040/82. A lei, segundo a doutrina, tratou da
antiga usucapião pro labore previsto inicialmente no art. 98 do ET, que tinha sua origem na CR/37, e foi
repetido nas Constituições seguintes, exceto na de 1967.
MASCULINO OU FEMININO?
O CC/2002 adotou a forma feminina, portanto, em provas de
concursos é preferível empregar o artigo feminino. Portanto, diz-se “a”
usucapião, embora no edital do TJGO esteja empregado o artigo
masculino (“o” usucapião).
Assim, é possível afirmar que a usucapião agrária funda-se na posse-trabalho, ou seja, aquela
caracterizada pela utilização econômica do bem possuído através do trabalho, que é o fator de maior
influência no reconhecimento da posse pelo Estado.
De acordo com o art. 1º, da Lei nº 6.969/8121, os requisitos da usucapião agrária são:
i. Ser o produtor rural pessoa física;
ii. Não ser proprietário de outro imóvel, rural ou urbano;
iii. Possuir o imóvel, direta e pessoalmente, como se fosse seu (animus domini);
iv. Posse por prazo não inferior a 05 anos;
v. Posse sem oposição;
21 Art. 1º - Todo aquele que, não sendo proprietário rural nem urbano, possuir como sua, por 5 (cinco) anos ininterruptos, sem oposição, área rural contínua, não excedente de 25 (vinte e cinco) hectares, e a houver tornado produtiva com seu trabalho e nela tiver sua morada, adquirir-lhe-á o domínio, independentemente de justo título e boa-fé, podendo requerer ao juiz que assim o declare por sentença, a qual servirá de título para transcrição no Registro de Imóveis.
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vi. Área contínua de até 25 hectares ou do tamanho do módulo regional;
vii. Produtividade da terra pelo trabalho do possuidor e de sua família;
viii. Moradia permanente na área possuída;
Além dos requisitos gerais vistos acima, é preciso lembrar que o art. 3º, da Lei nº 6.969/81 veda a
usucapião nas: a) áreas indispensáveis à segurança nacional; b) terras habitadas pelos índios (salvo a
chamada “usucapião indígena); c) áreas de interesse ecológico, tais como as reservas biológicas ou
florestais e os parques nacionais, estaduais ou municipais assim declarados pelo Poder Executivo.
Também é relevante mencionar os enunciados 312 e 313 do Conselho da Justiça Federal – CJF firmados
na IV Jornada de Direito Civil no STJ:
Enunciado 312 do CJF: “observado o teto constitucional, a fixação da
área máxima para fins de usucapião especial rural levará em
consideração o módulo rural e a atividade agrária regionalizada”.
Enunciado 313 do CJF: “quando a posse ocorre sobre área superior aos
limites legais, não é possível a aquisição pela via da usucapião especial,
ainda que o pedido restrinja a dimensão do que se quer usucapir”.
Dentre os agraristas há ríspida crítica ao Enunciado 313 visto acima. BENEDITO F. MARQUES, inclusive,
defende a relativização desta regra em casos excepcionais, pois o que interessa é a posse-trabalho que
assegura a função social do imóvel agrário.
Noutro enfoque, FLÁVIO TARTUCE adverte que “não há qualquer previsão quanto ao justo título e à boa-
fé, pois tais elementos se presumem de forma absoluta (presunção iure et de iure) pela destinação que
foi dada ao imóvel, atendendo à sua função social”.
Vale ressaltar que é pacífico na doutrina que a posse para a usucapião agrária deve ser direta, pessoal
e ininterrupta, não se admitindo a figura do preposto, nem que a posse do antecessor se some à do
atual para atingir o requisito temporal (accessio possessionis). No máximo reconhece-se a sucessio
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possessionis em caso de morte do possuidor já que a norma visa a proteção da família, ante a chamada
propriedade familiar, postulado típico do direito agrário.
Acessio Possessionis:
É prevista no art. 1.243, CC/2002, quando permite ao possuidor
acrescentar à sua posse a dos seus antecessores, para fins de
contagem do tempo para a usucapião.
Em relação à acessio possessionis, o CJF sedimentou o seguinte enunciado:
Enunciado 317, do CJF: “a acessio possessionis, de que trata o art.
1.243, primeira parte, do Código Civil, não encontra aplicabilidade
relativamente aos artigos 1.239 e 1.240 do mesmo diploma legal, em
face da normatividade do usucapião constitucional urbano e rural, arts.
183 e 191, respectivamente”.
A área a ser usucapida tanto podia ser particular quanto pública (terras devolutas), retirando-se o
sentido do enunciado nº 340 da súmula do STF (desde a vigência do Código Civil22, os bens dominicais,
como os demais bens públicos, não podem ser adquiridos por usucapião). No entanto, a CR/1988 vedou
qualquer tipo de usucapião de bens públicos, limitando a usucapião agrária às terras particulares, na
forma do art. 191: aquele que, não sendo proprietário de imóvel rural ou urbano, possua como seu, por
cinco anos ininterruptos, sem oposição área de terras, em zona rural, não superior a cinquenta hectares,
tornando-a produtiva por seu trabalho ou de sua família, tem nela moradia, adquirir-lhe-á a
propriedade. Parágrafo único: os imóveis públicos não serão adquiridos por usucapião23.
Por isso a doutrina tem considerado como não recepcionado o art. 2º, da Lei nº 6.969/81, que permitia
a usucapião de terras devolutas. Por outro lado, parte da doutrina, como BENEDITO F. MARQUES,
NELSON ROSENVALD e CRISTIANO CHAVES, critica a impossibilidade absoluta de usucapião de terras
públicas, na medida em que esta deveria ser excepcionada no caso de o imóvel público não estar
cumprindo a sua função social.
22 Trata-se do CC/1916. 23 Também o art. 102 do CC/02 assim determina: os bens públicos não estão sujeito a usucapião.
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Nessa senda, devem ser observadas as seguintes diretrizes para a usucapião agrária, conforme a Lei nº
6.969/81.
i. Competência do Juízo da comarca da situação do imóvel:
ii. Rito sumário (art. 275 e seguintes do CPC), assegurada a sua preferência sobre qualquer outra
ação que envolva o imóvel;
iii. É admissível audiência de justificação prévia da posse, com vistas à concessão de medida
liminar de sua manutenção;
iv. Deve ser citado pessoalmente aquele em cujo nome estiver registrado o imóvel, bem como dos
réus ausentes, incertos e desconhecidos, de acordo com o art. 232, do CPC;
v. O prazo para contestar tem início com a intimação da decisão que declara justificada a posse;
vi. A concessão do benefício de assistência judiciária gratuita abrange os emolumentos para o
registro da sentença no RGI;
vii. O usucapiente poderá invocar como defesa em eventual ação reivindicatória o direito ao
usucapião agrário, valendo a sentença que o reconhecer como título para registro no RGI24
NOTA: esta última regra é excepcional, pois, em princípio, a exceção de usucapião em ações
possessórias ou petitórias é analisada incindenter tantum, ou seja, não faz coisa julgada material, não
sendo possível burlar essa regra por meio de reconvenção ou de ação declaratória incidental – se o
interessado desejar a transferência da propriedade pela usucapião deverá ajuizar ação autônoma de rito
especial.
Nota-se que a audiência de justificação só deverá ser designada se o autor assim o requerer a fim de ser
deferida medida liminar de manutenção na posse até decisão final. Neste caso, o prazo para o réu
contestar iniciará da sua intimação desta decisão, caso contrário, não havendo audiência de justificação
de posse, o prazo de contestação será o previsto no art. 278 do CPC (deve apresentá-la na audiência de
conciliação se esta não for obtida).
Conduto, BENEDITO F. MARQUES critica essa regra dúplice de contagem do prazo para resposta do réu,
primeiro porque não se indica o prazo para tanto (diz-se apenas o termo inicial); segundo, porque se for
considerado o prazo comum de 15 dias do procedimento ordinário (art. 297, CPC), desfigura-se o
24 Art. 7º, Lei nº 6.969/81: A usucapião especial poderá ser invocada como matéria de defesa, valendo a sentença que a reconhecer como título para transcrição no Registro de Imóveis.
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procedimento sumário que se rege por disposições próprias, inclusive quanto ao prazo para
oferecimento de contestação (o réu deve apresentar a contestação na audiência de conciliação, se
frustradas o acordo). Essa questão ainda é tormentosa na jurisprudência e na doutrina.
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8 - REFORMA AGRÁRIA - FUNDAMENTOS - CONCEITUAÇÃO E MÉTODOS:
Fundamentos:
Não se pode analisar a Reforma Agrária sem incursões nos mais diversos ramos de conhecimento,
porque envolve mudanças estruturais não apenas no sistema fundiário brasileiro, que ainda carrega
vícios do sistema de sesmarias que contribuiu para a formação de latifúndios, mas também porque
qualquer plano de Reforma Agrária reclama a implementação de políticas públicas, sem as quais não se
viabiliza. Não é fácil incutir na cabeça de um latifundiário que a terra não é mais um bem de
especulação, mas um bem de produção sujeito ao cumprimento de uma função social.
Não obstante, os resultados obtidos pelo Governo Federal nos últimos anos não é satisfatório, na
medida em que persiste o crescimento da concentração de terras nas mãos de poucos e se mantém o
número de trabalhadores rurais sem acesso à terra, que se somam aos desempregados urbanos,
acirrando as tensões sociais.
Conceituação:
A Reforma Agrária não se resume apenas à redistribuição de terras, mas também à adoção de medidas
que permitam aos beneficiários do processo de distribuição de lotes desenvolver atividades agrárias que
são o seu mister. Nesse passo, o art. 1º, § 1º, do ET, assevera: considera-se Reforma Agrária o conjunto
de medidas que visem a promover melhor distribuição da terra, mediante modificações no regime de sua
posse e uso, a fim de atender aos princípios de justiça social e ao aumento de produtividade.
Este conceito é complementado pelo § 2º do mesmo dispositivo que dispõe sobre as medias de amparo
ao beneficiário da distribuição de lotes (política agrícola): entende-se por Política Agrícola o conjunto de
providências de amparo à propriedade da terra, que se destinem a orientar, no interesse da economia
rural, as atividades agropecuárias, seja no sentido de garantir-lhes o pleno emprego, seja no de
harmonizá-las com o processo de industrialização do País.
Também a CR/88, em seu art. 187, § 2º, normatizou que serão compatibilizadas as ações de política
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agrícola e de reforma agrária.
RAYMUNDO LARANJEIRA conceitua Reforma Agrária como sendo o processo pelo qual o Estado modifica
os direitos sobre a propriedade e a posse dos bens agrícolas, a partir da transformação fundiária e da
reformulação das medidas de assistência em todo o país, com vista a obter maior oferta de gêneros e a
eliminar as desigualdades sociais no campo.
No Brasil, a Reforma Agrária preconizada se propõe a extinguir os latifúndios e minifúndios, fazendo-se
a distribuição em parcelas do tamanho da propriedade familiar, em homenagem ao princípio da função
social da propriedade agrária.
Métodos:
De acordo com a doutrina, há dois métodos para se efetivar a reforma agrária:
a) Coletivista: consiste na nacionalização da terra, passando a propriedade para o Estado,
fundamentando-se, basicamente, na doutrina socialista, cabendo ao campesino apenas o direito
de uso.
b) Privatista: admite-se a propriedade privada, baseando-se na ideia de que os bens existem e são
reconhecidos pelo Direito para que o homem deles possa se apropriar, embora não seja um
direito absoluto, pois que é condicionado ao bem comum. Nesse cenário, surgem as figuras do
pequeno, médio e grande produtor que convivem harmoniosamente.
Características da Reforma Agrária:
i. É forma de intervenção do Estado na propriedade privada;
ii. Tem como principais instrumentos a desapropriação e a tributação25;
iii. É peculiar a cada país;
iv. É transitória (episódica);
v. Passa por um redimensionamento das áreas mínimas e máximas (de um a 600 módulos);
vi. Depende de uma Política Agrária eficiente, que propicie condições mínimas para que seus
beneficiários desenvolvam atividades agrárias com vistas a alcançar seus objetivos;
25 De acordo com o art. 184, § 5º da CR, são isentas de impostos federais, estaduais e municipais as operações de transferência de imóveis desapropriados para fins de reforma agrária. NOTA: o dispositivo restringe-se aos impostos!!!
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vii. Tem natureza constitucional;
viii. É medida penalizadora (caráter sancionatório), ao passo que a forma de indenização pela perda
da propriedade é diferenciada (pagamento em TDA's resgatáveis em até 20 anos).
Objetivos:
Ante o exposto, o objetivo da Reforma Agrária é promover a justiça social e o aumento da produtividade
com a gradual extinção dos latifúndios e dos minifúndios, de acordo com o art. 16 do ET: a Reforma
Agrária visa a estabelecer um sistema de relações entre o homem, a propriedade rural e o uso da terra,
capaz de promover a justiça social, o progresso e o bem-estar do trabalhador rural e o desenvolvimento
econômico do país, com a gradual extinção do minifúndio e do latifúndio. Parágrafo único. O Instituto
Brasileiro de Reforma Agrária será o órgão competente para promover e coordenar a execução dessa
reforma, observadas as normas gerais da presente Lei e do seu regulamento.
De igual forma, prevê o art. 18 do ET que a desapropriação por interesse social tem por fim: a)
condicionar o uso da terra a sua função social; b) promover a justa e adequada distribuição da
propriedade; c) obrigar a exploração racional da terra; d) permitir a recuperação social e econômica da
região; e) estimular pesquisas pioneiras, experimentação, demonstração e assistência técnica; f) efetuar
obras de renovação, melhoria e valorização dos recursos naturais; g) incrementar a eletrificação e a
industrialização no meio rural; h) facultar a criação de áreas de proteção à fauna, à flora ou a outros
recursos naturais, a fim de preservá-los de atividades predatórias.
Vale ressaltar que a enumeração acima não é exaustiva, mas meramente exemplificativa, pois não se
pode olvidar que a Reforma Agrária se presta também a aumentar o número de proprietários rurais,
reduzindo o nível de concentração de terras hoje existente, a estancar ou inibir o êxodo rural, a
aumentar o nível de emprego, a minimizar a fome dos que vivem na mais completa miséria e
marginalização etc.
Desapropriação agrária:
A desapropriação configura com um dos mais importantes métodos para a concretização da Reforma
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Agrária. Para CELSO ANTÔNIO BANDEIRA DE MELO, desapropriação é um procedimento administrativo
mediante o qual o poder público compulsoriamente e por ato unilateral, despoja alguém de um bem,
adquirindo-o originalmente, mediante indenização prévia e justa.
Portanto, pode-se concluir que a desapropriação é uma transferência forçada da propriedade, do
particular para o poder público, visando ao atendimento de um interesse coletivo, que se sobrepõe ao
interesse individual, mediante o pagamento de uma indenização. Tem como característica principal a
posição de desvantagem do desapropriado em relação ao poder público, pois não pode discutir a
conveniência e oportunidade do ato expropriatório.
A desapropriação tem natureza jurídica de meio de perda da propriedade imóvel, porque resulta da
transferência forçada da propriedade para o poder público.
São, assim, modalidades de desapropriação existentes no ordenamento jurídico:
i. Desapropriação por Utilidade Pública: abrange utilidade e necessidade pública. Regulada pelo
Decreto-Lei nº 3.365/41;
ii. Desapropriação por Interesse Social: regulada pela Lei nº 4.132/62;
iii. Desapropriação por Interesse Social para fins de Reforma Agrária (Desapropriação Agrária):
regulada pela LC nº 76/93, modificada pela LC nº 88/96, e pela Lei nº 8.629/93.
As duas primeiras podem ser promovidas pela União, Estados ou Municípios, abrangendo bens
corpóreos ou incorpóreos, rurais, urbanos, públicos ou privados, embora quanto aos bens públicos deva
ser observado o princípio da hierarquia dos entes federados (somente o ente “maior” pode
desapropriar bens do ente “menor”). Interessa ao Direito Agrário apenas a terceira modalidade, que se
distingue das demais quanto à competência, objeto, fins, procedimento e forma de pagamento da
indenização, como veremos doravante.
i. Competência: é exclusiva da União. Isso porque seu objeto é um imóvel rural que não esteja
cumprindo sua função social e que esteja situado em zona prioritária para fins de reforma
agrária, cuja definição é exclusiva do Poder Executivo Federal (art. 2026 do ET);
26 Art. 20. As desapropriações a serem realizadas pelo Poder Público, nas áreas prioritárias, recairão sobre: I - os minifúndios e latifúndios;
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ii. Objeto: imóvel rural que não esteja cumprindo sua função social, desde que não seja pequena e
média propriedade e de que seu proprietário não possua outra (art. 185, I, da CR). Também não
será objeto de desapropriação agrária a propriedade produtiva, independentemente do seu
tamanho (art. 185, II da CR). Ainda: a Lei nº 8.629 de 1993 (art. 7º) excepciona da
desapropriação agrária o imóvel que comprove estar sendo objeto de implantação de projeto
técnico que atenda a certos requisitos nela estabelecidos27;
iii. Indenização: em regra, a indenização da desapropriação é prévia e em dinheiro, mas no caso de
desapropriação agrária será ela paga em Títulos da Dívida Agrária – TDA resgatáveis em até 20
anos para a terra nua (as benfeitorias úteis e necessárias devem ser indenizadas em dinheiro, na
forma do art. 184, § 1º da CR).
iv. Procedimento: é previsto na LC nº 76/93, em obediência ao previsto no § 3º do art. 184 da CR,
que será retratado doravante.
O procedimento da desapropriação agrária pode ser administrativo ou judicial. Embora não se possa
descartar a possibilidade de uma desapropriação amigável, de acordo com o Dec.-Lei nº 3.365/41, o
sistema vigorante prevê que a desapropriação será promovida por ação judicial que, no entanto, é
precedida de um procedimento administrativo, o qual também deve obedecer ao contraditório e à
ampla defesa.
Assim, o Presidente da República deve baixar um decreto iniciando o procedimento expropriatório, no
qual declara que determinado imóvel rural é de interesse social para fins de reforma agrária e manifesta
sua intenção de adquiri-lo compulsoriamente. Este decreto deve individualizar pormenorizadamente o
imóvel, já que deverá ser registrado no cartório imobiliário respectivo.
II - as áreas já beneficiadas ou a serem por obras públicas de vulto; III - as áreas cujos proprietários desenvolverem atividades predatórias, recusando-se a pôr em prática normas de conservação dos recursos naturais; IV - as áreas destinadas a empreendimentos de colonização, quando estes não tiverem logrado atingir seus objetivos; V - as áreas que apresentem elevada incidência de arrendatários, parceiros e posseiros; VI - as terras cujo uso atual, estudos levados a efeito pelo Instituto Brasileiro de Reforma Agrária comprovem não ser o adequado à sua vocação de uso econômico. 27 Art. 7º Não será passível de desapropriação, para fins de reforma agrária, o imóvel que comprove estar sendo objeto de implantação de projeto técnico que atenda aos seguintes requisitos: I - seja elaborado por profissional legalmente habilitado e identificado; II - esteja cumprindo o cronograma físico-financeiro originalmente previsto, não admitidas prorrogações dos prazos; III - preveja que, no mínimo, 80% (oitenta por cento) da área total aproveitável do imóvel seja efetivamente utilizada em, no máximo, 3 (três) anos para as culturas anuais e 5 (cinco) anos para as culturas permanentes; IV - haja sido aprovado pelo órgão federal competente, na forma estabelecida em regulamento, no mínimo seis meses antes da comunicação de que tratam os §§ 2º e 3º do art. 2º. (Redação dada pela Medida Provisória nº 2.183-56, de 2001) Parágrafo único. Os prazos previstos no inciso III deste artigo poderão ser prorrogados em até 50% (cinqüenta por cento), desde que o projeto receba, anualmente, a aprovação do órgão competente para fiscalização e tenha sua implantação iniciada no prazo de 6 (seis) meses, contado de sua aprovação.
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Declarado o interesse social pelo decreto, o órgão executor (atualmente o INCRA) fica legitimado a
promover a vistoria e avaliação do imóvel, com utilização de força policial (se necessário), mediante
autorização do juiz, em caso de resistência do proprietário. Mas, para tanto, deve o INCRA comunicar,
previamente e por escrito, o proprietário, seu preposto ou representante, em homenagem ao
contraditório e à ampla defesa.
Importante ressaltar que se o imóvel tiver sido invadido por “sem terras”, não será vistoriado e avaliado
no período de 2 anos a contar da sua desocupação. Esta medida visa inibir os conflitos fundiários,
desestimulando os esbulhos possessórios promovidos pelos movimentos de trabalhadores rurais28.
O prazo para a ação expropriatória é de 2 anos, a contar do mencionado decreto. A competência para
processar e julgar será da Justiça Federal. A ação tem caráter preferencial e prejudicial em relação a
outras ações que envolvam o mesmo imóvel, intervindo obrigatoriamente o MPF. O Laudo de Vistoria e
Avaliação deve acompanhar a petição inicial da ação de desapropriação, bem como o decreto que
declara o interesse social para fins de reforma agrária, além de certidões atualizadas de domínio e de
existência de ônus reais sobre o imóvel. Também deve ser juntado o comprovante do lançamento dos
TDA correspondente ao valor ofertado para pagamento da indenização da terra nua e o comprovante de
pagamento, em estabelecimento bancário, referente à indenização das benfeitorias úteis e necessárias.
Ao receber a exordial, o juiz a despachará de plano ou no prazo de 48 horas mandando imitir na posse o
INCRA, determinando a citação do expropriado para contestar e, se quiser, indicar assistente técnico, no
prazo de 15 dias. Também deve o magistrado determinar que seja expedido mandado de averbação do
ajuizamento da ação junto à matrícula do imóvel, para eficácia erga omnes.
A citação será pessoal ou na pessoa do representante legal do expropriado, podendo ser via postal com
A.R., sendo que se o imóvel for objeto de enfiteuse, deverão também ser citados os titulares do domínio
útil e do domínio direto, salvo se este for a União. Também devem ser citados os confrontantes do
imóvel, caso estes tenham questionado as divisas durante o procedimento administrativo prévio.
28 Art. 2º, § 6º da Lei 8.629: O imóvel rural de domínio público ou particular objeto de esbulho possessório ou invasão motivada por conflito agrário ou fundiário de caráter coletivo não será vistoriado, avaliado ou desapropriado nos dois anos seguintes à sua desocupação, ou no dobro
desse prazo, em caso de reincidência; e deverá ser apurada a responsabilidade civil e administrativa de quem concorra com qualquer ato omissivo ou comissivo que propicie o descumprimento dessas vedações. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.183-56, de 2001).
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Eventualmente, havendo titulares de direitos reais sobre o imóvel desapropriado, estes também devem
ser citados, sendo que o credor hipotecário terá o direito de se sub-rogar no direito de receber a
indenização até o limite do valor de seu crédito. Inexistindo dúvida sobre o domínio ou sobre outros
direitos reais e ações divisórias, o expropriando poderá requerer o levantamento de até 80% da
indenização depositada, se quitados todos os tributos incidentes sobre o imóvel, condicionado à
publicação de editais para conhecimento de eventuais terceiros interessados, duas vezes na imprensa
local e uma na oficial, decorrido o prazo de 30 dias.
Se o expropriado concordar com o valor de indenização oferecido, este será homologado por
sentença29. Havendo contestação, esta só poderá versar sobre matéria de defesa (art. 9º da LC 76 /93),
excluída a apreciação quanto ao interesse social declarado no decreto presidencial. No entanto, nova
perícia poderá ser designada, mas ficará restrita aos pontos impugnados do laudo de vistoria. Quando a
desapropriação for parcial, também pode o expropriado na contestação pleitear a desapropriação total
do imóvel nas hipóteses previstas nos incisos I e II, do art. 4º, da LC 76/199330.
Inexistindo dúvida acerca do domínio, ou de algum direito real sobre o bem, ou sobre os direitos dos
titulares do domínio útil, e do domínio direto, em caso de enfiteuse ou aforamento, ou, ainda,
inexistindo divisão, hipótese em que o valor da indenização ficará depositado à disposição do juízo
enquanto os interessados não resolverem seus conflitos em ações próprias, poderá o expropriando
requerer o levantamento de oitenta por cento da indenização depositada, quitados os tributos e
publicados os editais, para conhecimento de terceiros, a expensas do expropriante, duas vezes na
imprensa local e uma na oficial, decorrido o prazo de trinta dias (art. 6º, § 1º da LC 76/93).
Durante o processo, também poderá o juiz designar uma audiência de conciliação almejando um acordo
entre as partes no tocante ao valor da indenização. Obtido este, será lavrado o respectivo termo,
expedindo-se mandado de averbação ao cartório imobiliário, proibindo-se qualquer questionamento
pelo expropriado em ação reivindicatória.
29 Art. 10. Havendo acordo sobre o preço, este será homologado por sentença. Parágrafo único. Não havendo acordo, o valor que vier a ser acrescido ao depósito inicial por força de laudo pericial acolhido pelo Juiz será depositado em espécie para as benfeitorias, juntado aos autos o comprovante de lançamento de Títulos da Dívida Agrária para terra nua, como integralização dos valores ofertados. 30 Art. 4º Intentada a desapropriação parcial, o proprietário poderá requerer, na contestação, a desapropriação de todo o imóvel, quando a área remanescente ficar: I - reduzida a superfície inferior à da pequena propriedade rural; ou II - prejudicada substancialmente em suas condições de exploração econômica, caso seja o seu valor inferior ao da parte desapropriada.
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Da sentença caberá apelação sem efeito suspensivo quando interposta pelo expropriado, ou em ambos
os efeitos quando interposta pelo expropriante31. Transitada em julgado a sentença, o expropriado
poderá requerer o levantamento do valor total da indenização, feitas as deduções dos tributos e multas
incidentes sobre o imóvel até a data de imissão na posse pelo expropriante. O valor da indenização,
estabelecido por sentença, deverá ser depositado pelo expropriante à ordem do juízo, em dinheiro, para
as benfeitorias úteis e necessárias, inclusive culturas e pastagens artificiais e em títulos da Dívida Agrária
para a terra nua.
31 Art. 13. Da sentença que fixar o preço da indenização caberá apelação com efeito simplesmente devolutivo, quando interposta pelo expropriado e, em ambos os efeitos, quando interposta pelo expropriante. § 1º A sentença que condenar o expropriante, em quantia superior a cinqüenta por cento sobre o valor oferecido na inicial, fica sujeita a
duplo grau de jurisdição.
§ 2º No julgamento dos recursos decorrentes da ação desapropriatória não haverá revisor.
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9 - A ADJUDICAÇÃO COMPULSÓRIA NO DIREITO AGRÁRIO:
A adjudicação compulsória decorre de uma sentença prolatada em processo judicial instaurado pelo
comprador de um imóvel, em face da relutância do vendedor em outorgar-lhe a escritura definitiva de
venda, embora haja recebido o preço. A ação de adjudicação compulsória é disciplinada pelos arts. 16 a
22 do Dec.-Lei n 58/37, aplicando-se-lhe, subsidiariamente, o CPC, pressupondo a existência de um pré-
contrato, chamado de promessa de compra e venda32, que pode ter por objeto imóvel rural ou urbano,
loteado ou não.
Com efeito, os contratos preliminares que tenham por objeto a compra e venda de imóveis, loteados ou
não, uma vez revestidos das formalidades legais e estando registrados no cartório imobiliário
competente, adquirem eficácia real oponível a terceiros, desde que não contenham cláusula de
arrependimento, pois, nesse caso, havendo inadimplemento por parte do vendedor, o comprador terá
direito apenas à devolução do preço pago e de eventual indenização por perdas e danos, mas não o
direito à adjudicação compulsória. Neste sentido, é cogente a disciplina dos arts. 1417 e 1418 do CC:
Art. 1.417. Mediante promessa de compra e venda, em que não se
pactuou arrependimento, celebrada por instrumento público ou
particular, e registrada no Cartório de Registro de Imóveis, adquire o
promitente comprador direito real à aquisição do imóvel.
Art. 1.418. O promitente comprador, titular de direito real, pode exigir
do promitente vendedor, ou de terceiros, a quem os direitos deste forem
cedidos, a outorga da escritura definitiva de compra e venda, conforme
o disposto no instrumento preliminar; e, se houver recusa, requerer ao
juiz a adjudicação compulsória do imóvel.
Também pode ocorrer a hipótese em que o objeto da promessa de compra e venda seja imóvel não
loteado, para pagamento do preço no ato ou em prestação sem que as partes tenham convencionado o
arrependimento. Aqui também pode ser viabilizada a adjudicação compulsória, mercê do caráter
irrevogável que toma o contrato.
32 O contrato de promessa de compra e venda atualmente é regulado pelos arts. 1417 e 1418 do CC/2002.
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Insta salientar que o direito à adjudicação compulsória pressupõe o pagamento integral do preço e que
o promitente vendedor, ainda assim, se recuse a outorgar a escritura definitiva do imóvel, na forma dos
arts. 15 e 16 do Decreto-Lei nº 58/37. Não obstante, ainda que se trate de imóvel não loteado cujo
pagamento seja feito em prestações, desde que o contrato encontre-se averbado junto à matrícula do
imóvel no RGI, o promitente comprador terá direito real à adjudicação compulsória em face de
terceiros, quando quitar o pagamento do preço (oponibilidade erga omnes), de acordo com o art. 2233
do referido Dec.-Lei.
O procedimento da ação de adjudicação compulsória seguirá o rito sumário (art. 275 e seguintes do
CPC), apesar da redação ultrapassada do art. 16 do Dec.-Lei (refere-se ao rito sumaríssimo). A sentença
produzirá os efeitos da escritura de venda, podendo ser registrada na circunscrição imobiliária após o
trânsito em julgado.
33 Art. 22. Os contratos, sem cláusula de arrependimento, de compromisso de compra e venda e cessão de direitos de imóveis não loteados, cujo preço tenha sido pago no ato de sua constituição ou deva sê-lo em uma, ou mais prestações, desde que, inscritos a qualquer tempo, atribuem aos compromissos direito real oponível a terceiros, e lhes conferem o direito de adjudicação compulsória nos termos dos artigos 16 desta lei, 640 e 641 do Código de Processo Civil. Obs: os artigos do CPC em referência forma revogados pela Lei nº 11.232 de 2005, que os transferiu para os artigos 466-B e 466-C do próprio CPC.
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10 - POSSE AGRÁRIA SOBRE BEM IMÓVEL:
Para ANTÔNIO JOSÉ DE MATTOS NETO, posse agrária é o exercício direto, contínuo, racional e pacífico
de atividades agrárias (propriamente ditas, vinculadas ou complementares, e conexas) desempenhadas
em gleba de terra rural capaz de dar condições suficientes e necessárias ao seu uso econômico, gerando
ao possuidor um poder jurídico de natureza real definitiva com amplas repercussões no Direito, tendo em
vista o seu progresso e bem-estar econômico e social.
De forma mais simples, ALCIR GURSEN DE MIRANDA sintetiza: posse agrária é o exercício de atividade
agrária, que garante o direito de manter-se no imóvel rural.
POSSE AGRÁRIA = Sujeito + Atividades Agrárias + Bens Agrários
Pelo exposto, não há lugar na posse agrária para a posse indireta, como sói acontecer na posse regulada
pelo Direito Civil, sendo este o principal ponto diferenciador entre elas. A posse agrária é sempre
direta, pessoal e imediata. Com efeito, pode-se intuir que o exercício desse direito gera os mais
variados efeitos, inclusive o de aquisição do imóvel pelo possuidor (usucapião agrário).
Por outro lado, FLÁVIO TARTUCE alerta que “os agraristas defendem a existência de um direito real
especial, que supera o rol do art. 1.225 do CC. Assim, reafirma-se a tese de que o rol dos direitos reais é
meramente exemplificativo (numerus apertus) e não taxativo (numerus clausus)”34.
O mesmo autor elenca, ainda, os principais efeitos da posse agrária:
i. Aquisição do imóvel rural, público ou particular35;
ii. Direito à indenização por benfeitorias;
iii. Direito de retenção da coisa;
iv. Defesa possessória.
Legitimação da posse:
34 ATENÇÃO: prevalece na doutrina, sobretudo civilista, de que o rol de direitos reais é taxativo. Portanto, só têm tal natureza jurídica os direitos arrolados expressamente no art. 1.225, do CC/2002. 35 FLÁVIO TARTUCE salienta que os efeitos são, em parte, similares à posse comum, com a diferença da aquisição restritiva do imóvel público. Essa aquisição se dá por meio da legitimação da posse ou regularização da posse, institutos a ser estudados.
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A legitimação da posse remonta à Lei de Terras de 1850, decorrente da situação de posses ilegítimas
criadas com a extinção do regime das sesmarias em 1822 (são legitimadas as posses mansas e pacíficas
adquiridas por ocupação primária, ou havidas de primeiro ocupante, que se acharem cultivadas ou com
princípio de culturas, e morada habitual do respectivo posseiro, ou de quem o represente...).
Na verdade, quando assim age o Poder Público, está cumprindo um dos mais salutares princípios
norteadores do Direito Agrário, que é o da despublicização de suas terras, transferindo-as para
particulares, a fim de que nelas trabalhem e produzam. Atualmente, como já vimos, a legitimação da
posse encontra-se regulada pela Lei nº 6.383/76 que dispõe dos procedimentos discriminatórios,
administrativo e judicial, das terras devolutas.
JACY DE ASSIS ensina que: ao propor uma ação de discriminação de terras, o Poder Público não está
animado do espírito privatista de adquirente de terras. O Estado não propõe discriminação de terras
devolutas para enriquecer seu próprio patrimônio, mas principalmente para regulamentar a situação
dos posseiros aí localizados. Somente as terras devolutas vagas, desocupadas, desqueridas ou
ilegalmente ocupadas é que serão incorporadas ao patrimônio público para serem aplicadas nas
diversas finalidades de interesse social.
A nova sistemática para a expedição do título de domínio estabeleceu um requisito a mais: a concessão
de um documento provisório a que a lei denominou Licença de Ocupação. Para obtê-la, o posseiro
deverá congregar os seguintes requisitos:
i. As terras legitimáveis devem ser públicas devolutas;
ii. A área não pode ultrapassar 100 hectares;
iii. Provar a moradia permanente e cultura efetiva pelo prazo mínimo de 01 ano;
iv. O posseiro não pode ser proprietário de imóvel rural;
v. Exploração de atividade agrária com seu trabalho direto e o de sua família;
A Licença de Ocupação terá validade de 04 anos para se evitar a especulação imobiliária. Melhor teria
sido, porém, que a Lei nº 6.383/76 introduzisse cláusula de inalienabilidade por certo prazo.
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Mais recentemente, a legitimação da posse é retratada na Lei nº 11.977/2009 (Programa Minha Casa
Minha Vida).
A regularização de posse:
A regularização de posse não se confunde com a legitimação de posse. Esta decorreu da Lei de Terras
como consequência das posses ilegítimas advindas da extinção do regime das sesmarias, como já
estudado. Aquela, para alguns, é uma forma derivada de reconhecimento de posse pelo Poder Público,
como sucede com a legitimação de posse, só que de caráter oneroso. Resulta da preferência para
aquisição do imóvel em função da posse agrária.
A regularização de posse foi prevista inicialmente no art. 156, § 1º, da CR/46 (os Estados assegurarão
aos posseiros de terras devolutas, que nelas tenham morada habitual, preferência para a aquisição até
vinte e cinco hectares). Na CR/67, o art. 171 consagrava os dois institutos: a legitimação e a
regularização de posse, ambos apoiados na posse agrária, sendo a única diferença o caráter oneroso
desta última.
Embora não tenha sido prevista expressamente na CR/88 não foi banida do ordenamento jurídico
nacional, já que seu art. 188, § 1º fala em alienação ou concessão a qualquer título de terras públicas
com área superior a 2,5 mil hectares a pessoa física ou jurídica, mediante autorização do Congresso
Nacional.
No ET a regularização de posse foi prevista nos arts. 97 e 10236, sendo os seguintes os seus requisitos:
i. Morada habitual e cultura efetiva;
ii. Área compatível com a capacidade de exploração do interessado, que podia atingir o limite de
2.000 ou 3.000 hectares, conforme estivesse ou não em faixa de fronteira;
iii. Tempo mínimo de ocupação de 10 anos;
iv. O interessado não podia ser proprietário de outro imóvel rural.
36 Art. 98. Todo aquele que, não sendo proprietário rural nem urbano, ocupar por dez anos ininterruptos, sem oposição nem reconhecimento de domínio alheio, tornando-o produtivo por seu trabalho, e tendo nele sua morada, trecho de terra com área caracterizada como suficiente para, por seu cultivo direto pelo lavrador e sua família, garantir-lhes a subsistência, o progresso social e econômico, nas dimensões fixadas por esta Lei, para o módulo de propriedade, adquirir-lhe-á o domínio, mediante sentença declaratória devidamente transcrita.
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A partir disto, LIMA STEFANINI conceituou o instituto como sendo um modo derivado, oneroso e
preferencial de aquisição de terras públicas, mediante procedimento típico do órgão executivo, em
benefício daqueles que, achando-se na posse destas terras nas formas e sujeições da lei, fazem por
provocar a liberalidade do poder público de alienar-lhes as terras apossadas, independentemente de
concorrência pública.
É modo derivado de aquisição, porque a relação jurídica de que passa a ser titular o posseiro não surge
com um direito novo, sem vinculação com qualquer predecessor, mas configura-se diretamente ligado
ao Estado, proprietário anterior, donde se dá início à cadeia dominial. É oneroso porque o beneficiário
deve pagar o valor da terra nua (VTN), as custas e os emolumentos, configurando-se verdadeira compra
e venda. É preferencial na medida em que o posseiro tem direito de preempção, por isso não se exige
procedimento licitatório.
Trata-se de procedimento administrativo, não ensejando ao interessado a possibilidade de recorrer à via
judicial, já que constitui mera liberalidade do Poder Público (este pode alienar ou não). Não obstante, o
procedimento assume caracteres peculiares ao contrato de compra e venda, negócio jurídico bilateral e
oneroso.
INDIGENATO:
É termo criado por JOSÉ AFONSO DA SILVA para identificar a proteção
dominial e possessória dos indígenas retratada pelo art. 231, da
CR/1988. Reconhece-se, pois, aos silvícolas os direitos originários sobre
as terras que tradicionalmente ocupam, competindo à União demarcá-
las, protegê-las e fazer respeitar todos os seus bens. É, assim, um
direito congênito dos índios. Saliente-se que tais terras destinam-se a
posse permanente dos indígenas, cabendo-lhes o usufruto exclusivo
das riquezas do solo, dos rios e dos lagos nela existentes. São,
portanto, inalienáveis, impenhoráveis e imprescritíveis.
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APÊNDICE:
Apresentamos as questões de prova dos dois últimos concursos para Juiz de Direito Substituto do
Estado de Goiás, cuja elaboração ficou a cargo da Fundação Carlos Chagas – FCC.
1. (TJGO/2012) A definição legal de imóvel rural é:
(A) Prédio rústico de área contínua que se destine ou possa se destinar à exploração agrícola, pecuária, extrativa vegetal, florestal ou agroindustrial.
(B) Prédio rústico de área contínua, qualquer que seja a sua localização, que se destine ou possa se destinar à exploração agrícola, pecuária, extrativa vegetal, florestal ou agroindustrial.
(C) Propriedade rústica de área contínua, qualquer que seja a sua localização, desde que se destine à exploração extrativa agrícola, pecuária ou agroindustrial, e seja executada, direta e pessoalmente, pelo agricultor e sua família, absorvendo-lhes toda a força de trabalho, garantindo-lhes a subsistência e o progresso social e econômico.
(D) Propriedade rústica de área contínua superior a um módulo fiscal.
(E) Propriedade rústica de área contínua superior a um módulo rural.
2. (TJGO/2012) Terras devolutas são terras
(A) Sem a presença física do homem, que, em razão do processo de colonização do país, são reincorporadas ao patrimônio da União ou dos Estados, dependendo de sua localização.
(B) Que em 1850 foram reincorporadas ao patrimônio da União em decorrência do exercício ilegal da posse agrária.
(C) Que em 1850 ainda não haviam sido aplicadas a algum uso público, não haviam sido incorporadas legitimamente ao domínio privado, tinham sido concedidas anteriormente a uso de particulares, mas estes não lograram incorporá-la em seu patrimônio pelo descumprimento dos requisitos legais ou, por fim, não eram objeto de posse.
(D) Que em 1850 foram reincorporadas ao patrimônio da União ou dos Estados, dependendo da sua localização, em decorrência do exercício ilegal da posse agrária.
(E) Sem a presença física do homem, que, em razão do processo de colonização do país, são reincorporadas ao patrimônio da União.
3. (TJGO/2012) O Princípio da Função Social da Propriedade Rural
(A) Foi idealizado enquanto princípio jurídico na extinta União Soviética.
(B) Ingressou no ordenamento jurídico brasileiro por meio da Lei Federal nº 10.406, de 10 de
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janeiro de 2002 (Código Civil).
(C) Tem como único objetivo impor o aproveitamento econômico da propriedade rural.
(D) Impõe a socialização da propriedade rural, aniquilando o conceito de propriedade privada.
(E) Determina que a propriedade rural seja economicamente produtiva, respeite o meio ambiente e os direitos trabalhistas daqueles que nela exerçam sua atividade.
4. (TJGO/2012) Analise as afirmações abaixo
I. Compete à União e aos Estados promover a desapropriação por interesse social para fins de reforma agrária.
II. A propriedade produtiva pode ser desapropriada por interesse social, para fins de reforma agrária, desde que não esteja respeitando as normas ambientais.
III. Considera-se reforma agrária o conjunto de medidas que visem a promover melhor distribuição da terra, mediante modificações no regime de sua posse e uso, a fim de atender aos princípios de justiça social e ao aumento de produtividade.
IV. São insuscetíveis de desapropriação para fins de reforma agrária a pequena e média propriedade rural, assim definida em lei, desde que seu proprietário não possua outra.
Está correto o que se afirma em
(A) I, II, III e IV
(B) IV, apenas
(C) III e IV, apenas
(D) II e III, apenas
(E) I e II, apenas
5. (TJGO/2012) Analise as afirmações abaixo
I. Os contratos agrários nominados são regidos pelo princípio da autonomia da vontade, não cabendo ao Estado intervir nas relações neles disciplinadas.
II. Arrendamento rural é o contrato agrário pelo qual uma pessoa se obriga a ceder à outra, por tempo determinado ou não, o uso e gozo de imóvel rural, parte ou partes do mesmo, incluindo, ou não, outros bens, benfeitorias e/ou facilidades, com o objetivo de nele ser exercida atividade de exploração agrícola, pecuária, agroindustrial, extrativa ou mista, mediante certa retribuição ou aluguel, observados os limites percentuais da Lei.
III. É vedado o subarrendamento no contrato de arrendamento rural.
IV. Pessoa Jurídica não pode ser arrendatária no contrato de arrendamento rural.
Está correto APENAS o que se afirma em
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(A) IV
(B) II e III
(C) II
(D) III e IV
(E) I
6. (TJGO/2012) Assinale a alternativa correta.
(A) O procedimento da ação de usucapião especial rural é o ordinário.
(B) A apelação na ação de usucapião especial rural será recebida apenas no efeito devolutivo.
(C) A procedência do pedido na ação de usucapião especial rural ocorrerá quando: não for o autor proprietário de imóvel rural ou urbano, for a posse quinquenária, ininterrupta e sem oposição, estiver o imóvel em zona rural, não for a área superior a 50 hectares, tiver o autor tornado o imóvel produtivo com seu trabalhou ou de sua família, for o imóvel sua morada e, por fim, não se tratar de imóvel público.
(D) No caso de terras devolutas, a usucapião especial rural, prevista no art. 191 da Constituição Federal, poderá ser reconhecida administrativamente, com a consequente expedição do título definitivo de domínio para transcrição no Cartório de Registro de Imóveis.
(E) O idoso terá preferência no procedimento administrativo de reconhecimento de usucapião rural em terras devolutas.
7. (TJGO/2009) A observância das normas de segurança do trabalho pelo proprietário de imóvel rural
(A) É requisito para a caracterização do seu aproveitamento racional e adequado.
(B) É requisito para o cumprimento da função social da propriedade, pois constitui um aspecto para caracterização de exploração que favoreça o bem-estar de trabalhadores.
(C) Não é requisito para o cumprimento da função social da propriedade, porque embora seja matéria de ordem pública, seu descumprimento constitui infração de cunho trabalhista.
(D) Não é requisito para o cumprimento da função social da propriedade, porque a Constituição refere-se apenas ao meio ambiente natural e não ao meio ambiente do trabalho.
(E) Não é requisito para o cumprimento da função social da propriedade, a qual se alcança com a observância dos índices de produtividade rural fixados pelo INCRA tão somente.
8. (TJGO/2009) De acordo com a Lei nº 8.629/93, as áreas de efetiva preservação permanente são
consideradas, para fins de reforma agrária,
(A) Prioritárias à execução de planos respectivos.
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(B) Efetivamente utilizáveis, de acordo com o plano de exploração.
(C) Excluídas.
(D) Não aproveitáveis.
(E) Prioritárias para fins de assentamento de trabalhadores rurais.
9. (TJGO/2009) De acordo com o Estatuto da Terra (Lei nº4.504/64), é imóvel rural o prédio rústico
(A) De área contínua, qualquer que seja a sua localização, que se destine ou possa se destinar a exploração agrícola, pecuária, extrativa, florestal ou agroindustrial.
(B) De área contínua superior a 1 (um) hectare, de propriedade de pessoa física.
(C) De área contínua, situado fora da zona urbana do município.
(D) Que, explorado direta e pessoalmente pelo agricultor e sua família, lhe absorva toda a força de trabalho, garantindo-lhe a subsistência e o progresso social e econômico.
(E) De domínio privado e área contínua superior a 1 (um) hectare, sujeito ao pagamento do Imposto Territorial Rural.
10. (TJGO/2009) No caso de contrato de arrendamento rural em que haja pluralidade de arrendatários
o direito de preempção que cabe a estes
(A) Apenas pode ser exercido por aquele que for possuidor de mais de metade do imóvel.
(B) Não pode ser exercido.
(C) Pode ser exercido por qualquer um relativamente à totalidade do imóvel, se os demais arrendatários não exercerem esse direito.
(D) Deve ser exercido conjuntamente por todos, necessariamente.
(E) Pode ser exercido por qualquer um relativamente a sua fração ideal, independentemente do exercício desse direito pelos demais arrendatários.
NOTA: Observa-se grande semelhança entre a questão 01 (da prova de 2012), e a questão 09 (da prova
de 2009). Daí a extrema relevância de se fazer muitas prova objetivas como preparação. Essa etapa deve
fazer parte do cronograma de estudos dos candidatos. Por isso, sugerimos que, uma vez por semana,
o(a) candidato(a) faça um simulado resolvendo, de uma vez só, todas as questões de uma prova de
concurso público, pois muitas questões são repetidas ou, ao menos, têm conteúdo bastante semelhante
a outras já cobradas em provas. Boa sorte!
Estudo Sistematizado de Informativos
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Gabarito:
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
B C E C C C B D A C