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Esse estudo tem como objetivo geral analisar a dinâmica e a estrutura da cadeia produtiva da borracha natural no Estado do Espírito Santo no período que vai da implantação de seus primeiros plantios até o ano de 2013. Por ser uma atividade que inicia seu sistema agroindustrial de produção no campo e termina com a geração de produtos sofisticados para atender necessidades humanas, é fundamental o estudo e análise de toda a estrutura de mercado de produtos que são gerados a partir da borracha natural. Mas é fundamental também, buscar identificar a característica e dinâmica geográfica e temporal de cada cadeia produtiva em cada região. É o caso dessa pesquisa, que busca estudar o sistema agroindustrial da borracha natural do Estado do Espírito Santo, destacando seus aspectos históricos e sua dinâmica de funcionamento, com análise de seus elos e agentes.

Os AutoresDa Apresentação

ISBN: 978-65-86207-07-1

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Sistema agroindustrial da borracha natural no estado do Espírito Santo

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Copyright © 2020, Taíssa Farias Soffiatti e Roberto Amadeu Fassarella.Copyright © 2020, Editora Milfontes.Av. Adalberto Simão Nader, 1065/ 302, República, Vitória - ES, 29070-053.Compra direta e fale conosco: https://editoramilfontes.com.brDistribuição nacional em: [email protected]

Editor ChefeBruno César Nascimento

Conselho EditorialProf. Dr. Alexandre de Sá Avelar (UFU)

Prof. Dr. Arnaldo Pinto Júnior (UNICAMP) Prof. Dr. Arthur Lima de Ávila (UFRGS)

Prof. Dr. Cristiano P. Alencar Arrais (UFG) Prof. Dr. Diogo da Silva Roiz (UEMS)

Prof. Dr. Eurico José Gomes Dias (Universidade do Porto) Prof. Dr. Fábio Franzini (UNIFESP)

Prof. Dr. Hans Urich Gumbrecht (Stanford University) Profª. Drª. Helena Miranda Mollo (UFOP)

Prof. Dr. Josemar Machado de Oliveira (UFES) Prof. Dr. Júlio Bentivoglio (UFES)

Prof. Dr. Jurandir Malerba (UFRGS) Profª. Drª. Karina Anhezini (UNESP - França)

Profª. Drª. Maria Beatriz Nader (UFES) Prof. Dr. Marcelo de Mello Rangel (UFOP)

Profª. Drª. Rebeca Gontijo (UFRRJ) Prof. Dr. Ricardo Marques de Mello (UNESPAR)

Prof. Dr. Thiago Lima Nicodemo (Unicamp) Prof. Dr. Valdei Lopes de Araujo (UFOP)

Profª. Drª Verónica Tozzi (Univerdidad de Buenos Aires)

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Taíssa Farias SoffiattiRoberto Amadeu Fassarella

Sistema agroindustrial da borracha natural no estado do Espírito Santo

Editora MilfontesVitória, 2020

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Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra poderá ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma e/ou quaisquer meios (eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia e gravação digital) sem a

permissão prévia da editora.

RevisãoDe responsabilidade exclusiva dos autores

CapaImagem da capa:

SeringalAutor: não citado, logo, tenho declarado que não existe intenção de violação

de propriedade intelectualBruno César Nascimento - Aspectos

Projeto Gráfico e EditoraçãoLucas Bispo Fiorezi

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)

S681s SOFFIATTI, Taíssa Farias e FASSARELLA, Roberto Amadeu. Sistema Agroindustrial da borracha natural no estado do Espírito Santo/ Taíssa Farias Soffiatti e Roberto Amadeu Fassarella. Vitória: Editora Milfontes, 2020. 132 p.: 20 cm.

ISBN: 978-65-86207-07-1

Disponível em: editoramilfontes.com.br/publicacoes

1. Borracha 2. Agroindustria 3. Espírito Santo I. Soffiatti, Taíssa Farias II. Fassarella, Roberto Amadeu III. Título.

CDD 338.173895

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SumárioApresentação ........................................................................... 9

Capítulo 1: Evolução histórica da seringueira no Brasil e no estado do Espírito Santo ....................................................... 19

1.1 A evolução histórica da seringueira no Brasil ....................... 191.2. Uma breve história da heveicultura no estado do Espírito Santo .............................................................................................. 371.3. Evolução dos cultivos da seringueira e da produção de látex no estado do Espírito Santo .......................................................... 40

Capítulo 2: Referencial Teórico .............................................492.1. A visão americana para estudos de cadeias produtivas: análise de sistemas .......................................................................522.2. A visão francesa para estudo de cadeia produtiva: análise de filières ............................................................................................572.3. O modelo de análise para o sistema agroindustrial da borracha natural ..........................................................................61

Capítulo 3: Análise do sistema agroindustrial da borracha natural no estado do Espírito Santo ......................................65

3.1. O setor agrícola da produção de látex ................................. 653.1.1. Plantio da seringueira e colheita do látex .................. 653.1.2 A estrutura da produção de látex ................................ 67

3.2. O setor à jusante da produção de látex no estado do Espírito Santo ............................................................................................. 72

3.2.1. O destino da produção do látex do estado do Espírito Santo a partir da produção rural. ......................................... 723.2.2. Cooperativismo na produção de borracha natural no estado do Espírito Santo ........................................................ 733.2.3. As indústrias de processamento no setor de borracha natural do estado do Espírito Santo ..................................... 80

Indústria de artefatos ...................................................... 81Indústria de Pneumáticos ............................................... 83

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Indústria de Centrifugação ............................................. 853.3. O setor à montante da produção agrícola do sistema agroindustrial da borracha natural no estado do Espírito Santo ...86

3.3.1. Fornecimento de Insumos ........................................... 863.3.2 Produção das Mudas .................................................... 87

3.4. Setores de apoio e coordenação do sistema agroindustrial da borracha natural no estado do Espírito Santo ........................... 93

3.4.1. As políticas de apoio ao cultivo da seringueira no estado do Espírito Santo .................................................................... 93

Política de crédito ............................................................ 93Política de subsídio à comercialização de mudas .......... 94Política de garantia dos preços ........................................ 97A política de pesquisa e assistência técnica .................... 99

3.4.2. As organizações coletivas do sistema agroindustrial da borracha natural no estado do Espírito Santo .................... 100

Associação de Seringalistas e Agricultores de São Gabriel da Palha – ASSESG ........................................................ 100As cooperativas como órgãos de apoio e coordenação .. 101

Considerações Finais ............................................................103

Referências ...........................................................................107

Anexos ..................................................................................113

Anexo A – Preço da borracha, 2002-2013 ................................113

Anexo B- Questionário aplicado na coopbores .......................114

Anexo C - Questionário aplicado na Heveacoop .....................116

Anexo D – Questionário aplicado na Coopsing .......................119

Anexo E - Questionário da Viana Agroindustral ....................120

Anexo F – Questionário da usina Michelin .............................121

Anexo G – Questionário aplicado na Multimodos ..................123

Anexo H – questionários aplicados aos viveiristas ..................124

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Anexo I – Questionário Aplicado Ao Incaper ..........................127

Anexo J – mapa do Espírito Santo segundo a divisão das regiões pelo Incaper ................................................................................130

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ApresentaçãoUm tema recorrente a algum tempo no meio acadêmico,

nas mídias e encontros de dirigentes regionais, nacionais e internacionais, é aquele relativo ao problema ambiental. Uma questão relevante com relação aos problemas ambientais, é o da produção ambientalmente limpa, isto é, um processo produtivo que não cause danos ao meio ambiente e se possível, que recupere os recursos ambientais e dê origem a produtos que não poluam e que sejam biodegradáveis.

A produção de látex, a partir do cultivo da Hevea brasiliensis, conhecida como seringueira,1 se insere nesse conceito do ambientalmente limpo. O látex é a matéria prima da produção de borracha natural, que por sua vez é a matéria prima de muitos outros produtos, descritos nos capítulos desse livro. Praticamente todos os produtos produzidos a partir do látex são biodegradáveis. E mais, as florestas de seringueiras protegem nascentes, a flora e a fauna nativas, possibilita o manejo em cultivo consorciado na agricultura e é importante no sequestro de carbono da atmosfera.

Por ser uma atividade que inicia seu sistema agroindustrial de produção no campo e termina com a geração de produtos sofisticados para atender necessidades humanas, é fundamental o estudo e análise de toda a estrutura de mercado de produtos que são gerados a partir da borracha natural. Mas

1 A seringueira é uma planta nativa da Amazônia, e que se adaptou a várias outras regiões do Brasil, como por exemplo nos estados de São Paulo, Bahia, Mato Grosso e Espírito Santo.

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é fundamental também, buscar identificar as características e as dinâmicas geográficas e temporais de cada sistema agroindustrial. É o caso dessa pesquisa, que estuda o sistema agroindustrial da borracha natural no estado do Espírito Santo, destacando seus aspectos históricos e sua dinâmica de funcionamento, com análise de seus elos e agentes.

Esse estudo tem como objetivo geral analisar a dinâmica e a estrutura do sistema agroindustrial da borracha natural no estado do Espírito Santo no período que vai da implantação de seus primeiros plantios até o ano de 2013.2

Para atender ao objetivo especificado, além de uma introdução, considerações finais e referências, esse trabalho é composto de três capítulos: o primeiro se dedica a evolução histórica da cultura da seringueira no Brasil e no estado do Espírito Santo; o segundo capítulo se refere a uma discussão dos aspectos teóricos e metodológicos para estudos de sistemas agroindustriais particulares; o terceiro capítulo trata da descrição e análise do sistema agroindustrial da borracha natural do estado do Espírito Santo.

No primeiro capítulo, por revisão bibliográfica, trata a evolução histórica e importância da borracha natural no Brasil, e com maior enfoque no estado do Espírito Santo até o ano de 2013. Discutiremos mais detalhadamente os aspectos históricos, econômicos e sociais que influenciaram o desenvolvimento da heveicultura capixaba. É abordado também as questões ambientais que envolvem o sistema agroindustrial da borracha natural.

No segundo capítulo, também por revisão bibliográfica, descrevemos o referencial teórico e metodológico, de duas

2 Esse livro foi produzido a partir da monografia de graduação de Taíssa Farias Soffiatti em Ciências Econômicas da Universidade Federal do Espírito Santo, defendida no inicio do ano de 2014.

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vertentes de análise sistemas agroindustriais, especificamente a visão americana e visão francesa, abordando suas principais características, semelhanças e diferenças. Por fim será descrito um modelo de sistema agroindustrial para o setor da borracha que viabilize uma análise da sua dinâmica e organização no estado do Espírito Santo.

O terceiro capítulo, trata da análise do setor de borracha natural do Espírito Santo, tendo como instrumental teórico e metodológico o modelo de sistemas agroindustriais que melhor se adequou às características e estrutura da produção de borracha natural capixaba. Serão analisados os elos e os setores de coordenação e de apoio do sistema que envolve a produção da borracha natural no estado do Espírito Santo.

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IntroduçãoO estudo de cadeias produtivas3 é na atualidade tema

relevante no agronegócio, compondo a área da Escola da Organização Industrial nas pesquisas das Ciências Econômicas. As pesquisas nessa área tendem cada vez mais para aqueles estudos que tratam especificamente de um sistema agroindustrial particular. E esse é o caso desse estudo, que foi o de desenvolver uma pesquisa sobre o sistema agroindustriais do setor de borracha natural no estado do Espírito Santo

A borracha natural é produzida a partir de uma árvore, a Hevea brasiliensis, conhecida vulgarmente por seringueira. Da planta da seringueira, é extraído o látex. A borracha natural é produzida a partir da industrialização do látex. A seringueira é uma planta nativa da floresta amazônica, mas que se adaptou para cultivo em vários outros estados brasileiros, por exemplo, Mato Grosso, Bahia, São Paulo e Espírito Santo.

O Brasil já foi o maior exportador de borracha natural e detinha o monopólio no mercado mundial do produto até o final do século XIX, passando a importador na década de 1970, época do “milagre brasileiro”, quando internamente a produção de borracha natural não acompanhou o crescimento da demanda.4 No ano de 2013 o país gastava mais de USS 1 bilhão na importação de látex.

3 Na literatura econômica, tem se usado com maior freqüência para o agronegócio a concepção de sistemas agroindustriais.

4 Cf. DEAN, W. A luta pela borracha no Brasil: um estudo de história ecológica. São Paulo: Nobel, 1989.

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A importância das seringueiras para o Brasil é devida a uma conjunção de fatores tais como, condições propícias do solo para essa planta, benefícios ambientais e ainda pela diversidade de artefatos produzidos a partir do látex. Seu cultivo tem se mostrado uma alternativa econômica viável para os produtores rurais, por ser rentável e ambientalmente sustentável. O mercado de consumo de produtos derivados da borracha natural é cada vez mais promissor e crescente.5

Além dos fatores econômicos existem duas características relacionadas à questão ambiental que atraem heveicultores: primeiro é o fato da seringueira não desgastar demasiadamente o solo pelo consumo de nutrientes, o que o mantém fértil e, ainda, possibilita cultivo em sistema agroflorestal com outras espécies vegetais, tais como: café, cacau, feijão, mamão, abacaxi, bata doce, banana, pimenta-do-reino e palmito.6O segundo está ligado a questão do sequestro de dióxido de carbono (CO2) do ambiente, que chega a ser “em torno de 0,5 tonelada de CO2eq por planta de 15 anos de idade”,7 que está se tornando um atrativo para o cultivo das seringueiras, principalmente após o Brasil ter assinado o Protocolo de Kyoto, que estabelece um percentual mínimo de poluição nesse sentido. Essas características se tornam importantes por melhorar o meio ambiente, tendo em vista que o sequestro de CO2 melhora a condição do ar que respiramos.

5 Cf. SILVESTRE, L. Plantio de seringueiras cresce e estimula economia agrícola capixaba - Incaper. Vitória, 24 ago. 2012. Disponível em: <http://www.incaper.es.gov.br/noticia_completa.php?id=2388>. Acesso em: 10 ago. 2013.

6 Cf. MARQUES, J. R. Seringueira. Jornal CEPLAC - Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira. Mato Grosso do Sul, 2000. Disponível em: <http://www.ceplac.gov.br/radar/seringueira.htm>. Acesso em: 27 jan. 2014.

7 GALVÊAS, P. A. O. [et. al.]. Programa de Desenvolvimento da Heveicultura Capixaba – PROBORES. Espírito Santo: Incaper, 2009.

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O plantio da seringueira em sistema solteiro ou em sistema agroflorestal, apresenta então a vantagem do sequestro de carbono atmosférico, funcionando dentro dos padrões do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo - MDL, contribuindo para diminuir os efeitos decorrentes da emissão de gases de efeito estufa gerados por outras atividades da economia. O carbono sequestrado pela seringueira também pode passar a ser um componente da receita da atividade, através do crédito de carbono.8

A introdução, expansão do cultivo e consolidação do cultivo de seringueiras no Espírito Santo são devido a sua adaptabilidade natural ao solo capixaba e de outras condições ambientais, como ar e temperatura; e por fim, possibilidade de integrar ciclos de controle biológicos naturais que sustentam a produtividade agrícola em longo prazo.9

A seringueira foi introduzida no estado do Espírito Santo ainda na década de 1940, onde as plantas tiveram uma adaptabilidade às condições edafoclimáticas10 compatível para uma produção econômica. Além dos fatores citados, também incentivos públicos e privados, fizeram do Espírito Santo em 2010 o quarto maior produtor do país, com a produção de 5.945 toneladas de borracha, que representava 4,4% da produção brasileira. Atrás somente de São Paulo, Bahia e Mato Grosso que eram o primeiro, segundo e terceiro colocados respectivamente.11

8 Cf. GALVÊAS, P. A. O. Programa de Desenvolvimento da Heveicultura Capixaba... Op. cit.

9 Ibidem.10 Condições edafoclimáticas se referem a fatores ambientais que podem

influenciar as atividades humanas na natureza. Dentre os vários fatores edafoclimáticos podem ser relacionados: o relevo, a temperatura ambiente, a umidade relativa do ar e o tipo de solo.

11 Cf. SILVESTRE, L. Plantio de seringueiras cresce e estimula economia agrícola capixaba... Op. cit.

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A produção de borracha se tornou importante pela inexistência de um produto que a substituía como matéria-prima natural, essencial para muitas indústrias no mundo inteiro.

Existem em geral no mercado mundial mais de 40 mil artigos formados a partir da borracha natural. Em primeiro lugar, podemos relacionar o uso do látex como fonte de matéria prima em indústria de grande porte como na produção de aeroplanos, que utiliza cerca de 600 quilogramas por aeroplano, de navios usando aproximadamente 68 toneladas por navio, nos para-choques dos vagões de trem, a partir de1830, e nos fios telegráficos, a partir de 1874. Em segundo, temos as indústrias que mais utilizam a borracha natural, como na área de medicina, onde em torno de 400 produtos usam o látex em sua produção, e nas indústrias de pneumáticos, responsáveis pelo consumo de quase três quartos da produção mundial.12 Existem vários outros setores da economia, além dos citados acima, que utilizam o látex em sua linha de produção, como o setor de calçados, construção civil, tecnologia e informática, indústrias de plásticos, indústrias de tecidos, etc.13

Dessas possibilidades de uso citadas acima podemos relacionar uma grande diversidade de artefatos gerados a partir do látex, como por exemplo: brinquedos; rodas das bicicletas; aquários; mamadeiras; chupetas; recipientes para alimentos;

12 Cf. A IMPORTÂNCIA da Borracha Natural - Programa Seringueira. IAC – Instituto Agronômico, São Paulo. Disponível em: <http://www.iac.sp.gov.br/areasdepesquisa/seringueira/importancia.php>. Acesso em: 25 set. 2013; DEAN, W. A luta pela borracha no Brasil... Op. cit; PEREIRA, J. P. [et. al.]. Cadeia Produtiva da borracha natural: análise diagnóstica e demandas atuais no Paraná. Londrina: IAPAR, 2000. Disponível em: <http://www.iapar.br/arquivos/File/zip_pdf/dc23.pdf>. Acesso em: 31 ago. 2013.

13 Idem. Polímeros fundamentos científicos e tecnológicos. Instituto Federal de Pernambuco. Recife, 2009. Disponível em: <http://www.ebah.com.br/content/ABAAAA2jMAA/apostila-introducao-a-polimeros>. Acesso em: 3 jan. 2014.

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garrafas; bandejas; tigelas; fios de pesca; carpetes; remédios; produtos químicos; seringas; luvas cirúrgicas; carcaças para eletrodomésticos; peças para máquinas; roupas; solados; computadores; impressoras; janelas; óculos de segurança; escudos anti-choque da polícia; e autopeças (para-choques, pedais, pastilhas de freio, lanternas, ventoinhas, ventiladores, engrenagens, entre outros). Esses são alguns dos produtos produzidos a partir do látex. A tecnologia usada nessas produções é mais concentrada em empresas de grande porte14 pelo fato de possuírem capital, que possibilita os investimentos necessários a operarem em grandes economias de escala.15

O que se conclui primeiramente, é que a seringueira proporciona diretamente para as regiões que a produz, além de resultados econômicos e sociais favoráveis, benefícios ambientais, como: preservação de nascentes, da flora e da fauna nativas, sequestro de carbono da atmosfera e possibilidade de cultivos em sistemas agroflorestais. Em segundo, os benefícios da produção de borracha natural se estendem para toda a humanidade, porque viabilizam a produção de uma série de produtos que atendem necessidades humanas e não poluentes ao meio ambiente. Por essas razões é tão importante o estudo do sistema agroindustrial da borracha natural.

14 Fazem parte desse conjunto de empresas: Basf, Bayer, Dow, DuPont, EniChem, Exxon, Firestone, Goodyear, Michelin, Shell e Texas Co. PEREIRA, F. S. G. Polímeros fundamentos científicos e tecnológicos. Instituto Federal de Pernambuco. Recife, 2009. Disponível em: <http://www.ebah.com.br/content/ABAAAA2jMAA/apostila-introducao-a-polimeros>. Acesso em: 03 jan. 2014.

15 Ibidem.

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Capítulo 1Evolução histórica da seringueira no Brasil e no estado do Espírito Santo16

1.1 A evolução histórica da seringueira no Brasil

A produção de látex a partir das seringueiras foi no Brasil uma das principais atividades primárias, visando principalmente à exportação, durante os anos de 1870 a 1920, ficando atrás apenas da produção de café.

A árvore que produz o látex, a Hevea brasiliensis, foi descoberta no início do século XIX pelo naturalista francês, Charles Marie La Condamine, que chegando ao Brasil constatou a utilização da mesma pelos índios que habitavam a Amazônia, e percebeu que através desse liquido branco e pegajoso eles conseguiam desenvolver objetos e a partir dessa constatação a borracha foi sendo descoberta e explorada. Entretanto os índios já utilizavam o látex para sua sobrevivência desde século XVIII. Após a descoberta desse francês, o produto extraído dessa planta passou a ser conhecido mundialmente, e com isso em 1803 surgiu a primeira fábrica de produtos de borracha em Paris, na França. No século XIX o Brasil começou, de forma extrativa, a obtenção do látex a partir de seringueiras.17

16 Esse capítulo tem como objetivo descrever a evolução histórica da heveicultura no Brasil e principalmente no estado do Espírito Santo. A descrição será sobre a evolução da produção, da área plantada, da colheita e da produção do látex, desde seu início no Brasil no século XIX até o ano de 2013. Serão também descritas as políticas públicas de incentivos mais importantes para a heveicultura, no Brasil e no Espírito Santo.

17 Cf. DEAN, W. A luta pela borracha no Brasil... Op. cit.

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Nesse mesmo século, na Europa, teve início a Revolução Industrial com um novo padrão de desenvolvimento tecnológico, o que fez surgir também nesse processo o interesse dos europeus pela borracha, que até aquele momento era um produto usado apenas na Amazônia. A demanda pelo látex cresceu cada vez mais, principalmente nas indústrias da Europa e da América do Norte. Isso tornou a borracha um produto muito demandado e valorizado no mercado mundial, alavancando a produção a partir de seringueiras. Desde o aumento da demanda e a busca por aumento da produção brasileira, surgiu a necessidade de mais mão-de-obra nos seringais da Amazônia, levando a grandes migrações para aquela região.

Em 1870, as grandes secas na região nordeste, levou nordestinos a migrarem para várias regiões do Brasil. Na região Amazônica essa migração foi muita intensa, que além do fator expulsão das secas, há também o fator demanda por trabalho nas atividades extrativas dos seringais, o que contribuiu para a expansão das cidades como Belém e Manaus. Essa oferta de trabalho gerou queda no preço da mão-de-obra, o que contribuiu para elevar a produção de borracha naquela região. Mas o fato mais relevante que levou ao contínuo crescimento e aceleração do cultivo de seringueiras foi à invenção do motor a combustão, que equipou os veículos automotores gerando grande demanda por pneus de borracha natural que revolucionaram a indústria automobilística,18 e ao mesmo tempo expandiram a produção de látex para atender essa nova demanda.19

18 Nada disto seria possível se não tivesse o americano Charles Goodyear em 1839 inventado a vulcanização (fogo + enxofre + pressão) que a partir desta invenção é que a borracha ganhou as propriedades físicas que conhecemos. E assim, possibilitou o aumento do consumo da borracha natural na fabricação desses artefatos a partir da borracha. GALVÊAS, P. A. O. [et. al.]. Programa de Desenvolvimento da Heveicultura Capixaba... Op. cit.

19 PEIXOTO, F. Linha do tempo: entenda como ocorreu a ocupação da Amazônia. BBC Brasil. Brasília, 23 jul. 2009. Disponível em: <http://www.bbc.

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O aumento da produção de látex, desencadeou o desenvolvimento das regiões onde se localizavam os seringais, como a cidade de Manaus, que recebeu empresas estrangeiras interessadas na compra da borracha brasileira. Esses investimentos de estrangeiros levaram ao aumento da produção e vendas dessa matéria-prima, bem como da arrecadação pública, tanto do governo estadual como do governo federal. A partir dessa demanda externa foram realizados investimentos, principalmente na cidade de Manaus, como o teatro em 1896, e em 1909 a criação da primeira universidade pública brasileira, hoje Universidade Federal do Amazonas – UFAM, e o Banco da Amazônia – Basa.20

O sucesso da heveicultura na Amazônia, levou já em meados de 1906 a expansão da borracha para outros estados no Brasil, especialmente na Bahia, ficando evidenciada a facilidade de adaptação dessa planta em diferentes solos e ambientes naturais. Mas nessa década a produção enfrentou uma fase de declínio, devido aos plantios e crescimento da produção de borracha na Ásia.21

A economia da borracha no Brasil passou por esse período de declínio mais especificamente, de 1914 a 1940, gerando uma estagnação econômica no setor, devido à perda brasileira do monopólio dessa matéria-prima, a partir da implantação de extensas produções de seringueira no Sudeste Asiático, realizada pelos europeus e norte-americanos. O látex já havia se tornado

co.uk/portuguese/noticias/2009/07/090722_amazonia_timeline_fbdt.shtml>. Acesso em: 10 ago. 2013; ECONOMIA da borracha. Portal São Francisco. Disponível em: <http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/historia-da-borracha/figueira-da-borracha>. Acesso em: 8 jun. 2013.

20 Cf. ECONOMIA da borracha. Portal São Francisco... Op. cit.21 Cf. BRITTO, A. Seringueira, apogeu e declínio de uma era -

Painel florestal. Campo Grande, 19 fev. 2013. Disponível em: <http://www.painelflorestal.com.br/artigos/seringueira-apogeu-e-declinio-de-uma-era>. Acesso em: 13 jul. 2013; PEIXOTO, F. Linha do tempo... Op. cit.

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um produto importante para o desenvolvimento de muitas nações. A Inglaterra que naquela época era a nação mais poderosa do mundo, achou prudente estabelecer plantios de seringueira em suas colônias na Ásia dentro de parâmetros agronômicos modernos. Com isto, as colônias inglesas no sudeste asiático passaram a ofertar uma borracha natural com custo muito inferior à produzida pelo ainda monopólio brasileiro. Esse foi o fator determinante do declínio da borracha natural no Brasil.22

Somente em meados da década de 1940, é que surgiu uma nova possibilidade de expansão da borracha, quando o governo de Getúlio Vargas propôs a “Marcha para o Oeste”, que dentre outros, um dos objetivos era o de expandir a produção e comercialização da borracha, com uma clara defesa da produção nacional.23 Com isso, muitos nordestinos foram incentivados a migrar para a selva amazônica com o objetivo de aumentar a produção de látex para abastecer os países da aliança da Segunda Guerra Mundial, da qual o Brasil fazia parte, quando lutavam contra os alemães, italianos e japoneses. Naquele período da década de 40 o mundo estava em guerra e o Sudeste Asiático, onde se localizavam os plantios de seringais, estava sob o domínio japonês o que contribuiu para redução da oferta do látex por parte dos países daquela região.

Apesar dos fatores econômicos acima citados, entre 1944 e 1945 especificamente na Amazônia, Dean lembra da ocorrência em grande escala do mal-das-folhas,24 doença que

22 Cf. ECONOMIA da borracha. Portal São Francisco... Op. cit.23 Cf. PEIXOTO, F. Linha do tempo... Op. cit.24 A doença “mal-das-folhas” é causada por um fungo, chamado de

Microcyclusulei. Essa doença é a mais conhecida entre as espécies de seringueiras, ela é responsável pela limitação da expansão das produções principalmente na região do Norte, pelo clima quente e úmido. O dano causado é a desfolhagem prematura, que pode facilitar a ocorrência de outras doenças e levar a morte da planta. O controle dessa doença pode ser realizado através de áreas de escape para o cultivo, clones mais resistentes ou com fungicidas. MOTTA, A. P. Viveirista no estado do Espírito Santo. Entrevista concedida a Taíssa Farias

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danifica as folhas e a produção das seringueiras.25 Com isso a produção acabou sendo afetada e o período de declínio se estendeu no tempo, sem contar que algumas espécies que estavam sendo definidas como resistentes, passaram também a serem vulneráveis a essa doença.

Com o objetivo de amenizara queda na produção e a vulnerabilidade desses cultivos ao mal-das-folhas, em 1943 foi realizado um mutirão visando à polinização manual das sementes de seringueiras no solo. Nesse trabalho conjunto foram realizadas em torno de 60.000 polinizações. Entretanto, essas novas sementes polinizadas levariam tempo (em torno de 07 anos) para se transformarem em árvores produtivas e serem exploradas. Dessa forma, foram utilizados os seringais mais antigos para manter a produção da borracha, enquanto esses novos cultivos cresciam até sua idade adulta e produzissem látex para a extração. Assim, mesmo com o preço mais elevado, a produção foi relativamente baixa porque os seringais em produção ainda eram os de cultivos antigos.26

Após a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), segundo dados do governo do Amazonas, a Amazônia entrou nos planos de desenvolvimento do governo brasileiro, a fim de aumentar a demanda por borracha natural e consequentemente expandir sua produção economicamente, conforme consta na citação a seguir:

com a criação da Zona Franca de Manaus, em 1967, e sua consolidação na década de 1990, a economia industrial amazonense se agiganta a cada dia, gerando cerca de 400 mil empregos, diretos e indiretos, além de um faturamento anual que em 2008 ultrapassou os US$ 30 bilhões.O governo amazonense, aproveitando a excepcional fase econômica, que se estende desde 1994, investe em

Soffiatti. 7 fev. 2014.25 Cf. DEAN, W. A luta pela borracha no Brasil... Op. cit.26 Ibidem.

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Sistema agroindustrial da borracha natural no estado do Espírito Santo

24

infraestrutura para dotar o estado com as condições necessárias para manter e expandir o atual crescimento econômico e garantir o bem-estar social de sua gente, com sustentabilidade ambiental e comprometimento com o futuro.27

Nos anos de 1960, a heveicultura definitivamente se expandiu para diversos estados, através do incentivo do governo Castelo Branco que defendia a não internacionalização da Amazônia com o lema “integrar para não entregar”. A partir desse apoio, foram construídas rodovias ligando a Amazônia a vários estados, como por exemplo, a Transamazônica. Essas infra-estruturas foram implantadas para facilitar o comércio da Amazônia com o restante do país, beneficiando também as atividades ligadas às seringueiras em outros estados, o que levou a expansão de seus cultivos em várias regiões do território nacional e consequentemente ao aumento da produção de borracha natural.28

Nos anos de 1968 a 1970, fase do “milagre brasileiro”, de grande crescimento da economia, foi acompanhado também do crescimento da demanda por borracha. Porém a produção brasileira não consegue acompanhar o crescimento da demanda interna da borracha, se tornando cada vez mais dependente da importação de um produto cuja matéria-prima é nativa do Brasil. Com isso em 1973, pela primeira vez, a importação do Brasil supera sua produção de borracha natural.29

No início da década de 1970 com queda na produtividade da borracha, devido ao abandono dos postos de trabalho provocados pela baixa remuneração proporcionada pela atividade, os seringueiros se deslocavam para os centros urbanos em busca de melhores condições de vida ou aceitavam

27 Cf. ECONOMIA da borracha. Portal São Francisco... Op. cit., p. 31.28 Cf. PEIXOTO, F. Linha do tempo... Op. cit.29 Cf. DEAN, W. A luta pela borracha no Brasil... Op. cit.

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participar de algum programa ao longo da Transamazônica, em que transformavam as florestas em sítios e fazendas.30

Em 1972, foi criado, para incentivo ao cultivo das seringueiras o Programa de Incentivo à Produção de Borracha Natural-PROBOR, oferecendo financiamento total ao cultivo de seringueiras a uma taxa de juros de 7% ao ano para plantios de 18.000 hectares de seringais em todo o Brasil. A carência desses financiamentos era de sete anos, devido à primeira extração do látex acontecer sete anos após o plantio. Em 1977, foi lançado o PROBOR II objetivando o plantio de 120.000 hectares com a mesma taxa de juros de 7% ao ano. Em 1982, foi lançado o plano PROBOR III com objetivo de plantar 250.000 hectares, também com planos de financiamentos como principal mecanismo de incentivo. A maior abrangência do PROBOR foi na região Amazônica e em algumas localidades da Bahia. Já o PROBOR II possibilitou a entrada do cultivo da seringueira no Espírito Santo e o PROBOR III ampliou para as regiões de Pernambuco, Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso do Sul, Rio de Janeiro e São Paulo.31

Contudo esses planos fracassaram pelo fato das produções ficarem aquém do planejado em cada um desses estados e devido também ao grande número de cancelamento de contratos por dificuldades em manter o pagamento dos empréstimos. Coincidiu nessa época, o crescimento e oscilações frequentes da inflação, o que dificultava ainda mais os seringueiros a cumprir com as exigências de pagamento dos empréstimos realizados.32

Apesar das dificuldades enfrentadas para manter o cultivo dos seringais, muitos produtores conseguiram dar continuidade à atividade e juntamente com esses foram surgindo novos incentivos, dada a importância que a borracha

30 Cf. DEAN, W. A luta pela borracha no Brasil... Op. cit.31 Ibidem. 32 Ibidem.

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Sistema agroindustrial da borracha natural no estado do Espírito Santo

26

passava a representar para a economia do país. A produção de borracha natural se tornou cada vez mais importante pela inexistência de um produto que a substituísse como matéria-prima, essencial para muitas indústrias brasileiras,33 aliada ainda à sua importância ambiental em um momento histórico do movimento pelo desenvolvimento sustentável.

Além disso, a Heveicultura, é uma das atividades do agronegócio de maior importância ambiental pela elevada captura de carbono atmosférico, contribuindo assim para a redução do aquecimento global e promover a proteção do solo, da água e da fauna.34

Entretanto o setor da borracha passa por oscilações em sua produção, mesmo com a importância ambiental, econômica e social, onde, por exemplo, no Amazonas e no Acre passou por fases de prosperidade e por fases críticas, em meados de 1999. Ano que os preços da comercialização da borracha chegaram a patamares muito baixos, culminando com o fechamento e falência de diversas usinas, abandono de alguns seringais e êxodo rural. Sabe-se que esse êxodo rural levou ao aumento da periferia na cidade de Rio Branco e ao empobrecimento dos povoados da floresta. A partir desse problema, foram realizados programas de incentivos do governo, como a “Lei Chico Mendes” (nº 11.516/2007) sendo essa alterada, a fim de solucionar o problema da queda dos preços e da migração dos povoados da floresta para as periferias das cidades. Esse programa foi bastante eficaz no que diz respeito ao valor pago pelo quilo da borracha, quando atingiu seu maior patamar, chegando a valer R$ 1,67/kg. No entanto, o preço pago pela borracha na região amazônica, por apresentar baixa produtividade dos seringais e benefícios ecológicos relevantes, passou a ser subsidiado e

33 Cf. GALVÊAS, P. A. O. Programa de Desenvolvimento da Heveicultura Capixaba... Op. cit.

34 Ibidem, p. 12

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elevado, chegando a valores que tem variado de R$3,50/Kg a R$5,00/Kg. O incentivo elevou a produção, mas foi insuficiente para manter a sustentabilidade do setor.35

No Quadro1 são descritas as políticas de incentivo e fomento mais importantes à produção da borracha no Brasil no período de 1922 a 2005, que explicam em parte os avanços dessa atividade em todo o território brasileiro.

Quadro 1: Principais programas e legislação criada no setor da heveicultura no período de 1922 a 20055

Programa/Instituição Data Objetivos/Medidas Resultados

Plano Stevenson 1922

Estabelecer a restrição compulsória

da produção de borracha, através do estabelecimento de

quotas de exportação, atribuídas

individualmente como um percentual

do montante produzido por cada unidade, durante o

ano agrícola de 1920.

Sua desativação em 1928 causou

acentuada depressão do

mercado produtor de borracha

vegetal.

Decreto Lei nº 3.359

20 de junho de

1941

Controlar as exportações de

borracha nacional.

Perdeu razão durante a realidade política da II Guerra Mundial.

Decreto nº 23.990 1947

O desenvolvimento da heveicultura ficaria sob

responsabilidade da Superintendência do Plano de Valorização

Econômica da Amazônia (SPVEA)

criada em 1953.

Insuficiência de recursos.

35 Cf. MARINHO, J. T. S. Seringueira: opções de cultivo e geração de renda na Amazônia. Ambiente Brasil. Disponível em: <http://ambientes.ambientebrasil.com.br/florestal/artigos/seringueira%3A_opcoes_de_cultivo_e_geracao_de_renda_na_amazonia.html>. Acesso em: 14 jul. 2013.

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28

Lei 5.227 1967

Impunha aos produtores de borracha um

rigoroso plano de abolir as compras

pelo governo e eliminar o subsídio

em 5 anos.

Revogou um decreto de 1954 que obrigava as pneumáticas a investirem em

seringais.

Superintendência da Borracha

(SUDHEVEA)1967

Subordinada ao Ministério da Indústria e

Comércio, tinha por objetivo cuidar do estoque estratégico

do produto, além de certificar a origem da matéria-prima e realizar estudos de mercado. Assumiu

uma posição de comando na política

da borracha.

Extinta em 1989

Plano Nacional da Borracha 1967

Criado pela SUDHEVEA36,

previa o plantio de 100 mil há, que seria

desenvolvido ao longo de 20 anos. Seria um meio de

enfrentar o aumento do déficit da

produção interna de borracha vegetal.

 

Conselho nacional da Borracha (CNB) 1967   Extinto em 1989

Decreto-Lei nº 1.200

28 de dezembro de 1971

 

Permitiu que o fundo fosse destinado ao

financiamento da borracha silvestre.

36 Superintendência da borracha.

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29

Programa de Incentivo à

Produção de Borracha Vegetal -

PROBOR I

1972

Desenvolvido pela SUDHEVEA, o

programa oferecia financiamento total 7% a.a. para plantio de 18 mil há. Uma parte dos recursos

destinou-se a 5 mil há de seringais

existentes.

Foram plantados 13 mil há e, em 20

anos, menos de 2 mil há estavam

produzindo.

PROBOR II 1977

Plantio de 120 mil há em 5 anos e

recuperação de 10 mil há plantados e

10 mil há silvestres.

Foram plantados 83 mil há.

PROBOR III 1982

Plantio de 250 mil há para gerar excedente

para exportação; empréstimos para o desenvolvimento de viveiros comerciais,

recuperação de seringais e manutenção

dos plantios do PROBOR I.

Foram plantados 20 mil há.

Lei 7.734 1989

Criação do instituto Brasileiro do Meio

Ambiente e Recursos Renováveis (IBAMA).

Absorve as atribuições do SUDHEVEA.

Lei 9.479 Agosto de 1997

Estabeleceu a política de

subvenção ao setor produtor de

borracha natural no país, a fim de apoiar o setor como forma

de compensar as mudanças ocorridas com a nova política;

criou subsídio para as usinas e

produtores rurais de borracha.

Os preços passaram a ser formados por

uma “regra clara”, disposta no

regulamento da Lei e passível de ser

acompanhada pelo público em geral.

Foi extinta em agosto de 2005.

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Sistema agroindustrial da borracha natural no estado do Espírito Santo

30

Plano Safra 2004/05 2004

Incluiu a Política de Garantia do Preço

Mínimo, modalidade Empréstimo do

Governo Federal para a borracha natural.

 

Fonte: DELARMELINA, 2010 Apud GAMEIRO, 2001; GAMEIRO, 2002; PINTO, 1984; DEAN, 1989.

No Quadro 1, observamos a criação de incentivos e subsídios constantes para a produção, implantação e cultivo das seringueiras em todo o Brasil, a fim de garantir a expansão e desenvolvimento do setor.

A partir da ratificação definitiva do Protocolo de Kyoto, que reduz a emissão de gases poluentes na atmosfera, principalmente o CO2 o qual promove o aquecimento da terra, abre-se a perspectiva de obtenção de uma renda extra da seringueira por meio da venda de créditos de carbono, podendo-se, portanto utilizar a árvore para reflorestamento, recuperação de áreas abandonadas ou degradadas e em sistemas agroflorestais, este último viável do ponto de vista da amortização dos custos de implantação e diversificação de renda e de produtos.37

Segundo Rodrigo Souza Santos, biólogo da Embrapa Acre,38 a qualidade da borracha extraída da seringueira é um dos fatores que a torna tão importante no mercado, porque é portadora de atributos inigualáveis como leveza, elasticidade, termoplasticidade, resistência à abrasão e à corrosão, impermeabilidade a líquidos e gases, isolamento elétrico, bem como capacidade de adesão ao tecido e ao aço.39 Com isso a produção deveria ocorrer em todo país, pela grande quantidade de terras e campos livres para o cultivo da seringueira, porém a produção se concentra,

37 Cf. MARINHO, J. T. S. Seringueira... Op. cit., p. 1.38 EMPBRAPA: Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária.39 Cf. SANTOS, R. S. A seringueira e a importância da borracha natural no

Brasil e no mundo. Centro de Divulgação Ciêntífica e Cultural. São Paulo, [201-].

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31

principalmente, nos estados de São Paulo, Mato Grosso, Bahia e Espírito Santo.

Devido à boa qualidade da borracha produzida no Brasil, o mercado tem apresentado melhora nos níveis de preço, mesmo em períodos de instabilidade econômica, como o ocorrido nos anos noventa, quando atingiu o patamar de US$ 1,50/kg. Apesar de uma crise econômica ocorrida na Tailândia, Indonésia e Malásia, maiores produtores de látex, em 1977 houve queda dos preços da borracha que chegou a US$ 0,50/kg.40

O preço da borracha foi um dos fatores responsáveis pela expansão do cultivo da heveicultura em vários estados da federação brasileira, pois rapidamente essa atividade se recuperou apresentando, a partir de 2002, crescimentos significativos. Segundo valores publicados pelo Instituto de Economia Agrícola, o preço do látex em 2008 chegou ao patamar de R$ 2,13/kg.41

Contudo em seguida, especificamente no primeiro semestre de 2009, devido a instabilidades na economia e início de uma nova crise, os preços da borracha caíram para R$ 1,22/kg. Após setembro de 2009, os preços da borracha voltaram a níveis anteriores permanecendo acima de R$ 2,00/kg, conforme se pode observar no Gráfico 1. Apesar dessas oscilações o histórico do preço da borracha se manteve em valores elevados, quando em maio de 2011 o preço foi de R$ 4,05/kg. Assim a tendência é que o cultivo da borracha natural continue crescendo no Brasil.

40 PREÇO de produtos – Produtos não Madeireiros - Borracha Natural (Látex). Instituto de Economia Agrícola. São Paulo, 2013. Disponível em: <http://guardas-florestais/dado.php?id=60>. Acesso em: 25 set. 2013.

41 Ibidem.

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Sistema agroindustrial da borracha natural no estado do Espírito Santo

32

Gráfico 1: variação do preço da borracha natural no Brasil, em R$/ Kg, no período de agosto de 2002 a agosto de 2013

Fonte: IEA, 2013.

O plantio dessa espécie gera renda ao produtor durante todo o ano, pois é um cultivo perene e com grande produtividade de látex. Sua produção é viável para grandes e pequenos produtores, pelo fato de não demandar muita mão-de-obra, necessitando apenas de tempo até que as mudas plantadas cresçam formando a floresta e assim possam ser exploradas. Além disso, há garantia da venda do produto, pois se trata de um mercado em expansão e com preços crescentes.42

Porém, como mencionado anteriormente,poucos estados no Brasil investem nesse produto, que detém um mercado crescente, pelos vários setores da economia que utilizam o látex como matéria-prima em seus processos de produções. No Gráfico 2, verificamos os principais estados produtores de borracha no Brasil e seus níveis de produção.

42 Cf. SILVESTRE, L. Plantio de seringueiras cresce e estimula economia agrícola capixaba... Op. cit.

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33

Gráfico 2: Principais estados brasileiros produtores de borracha natural, em toneladas, no ano de 2012.

São Paulo92.993

Mato Grosso42.492

Bahia22.812Espírito Santo

5.580Demais Estados12.645

Fonte: IAC - Instituto Agronômico de Campinas, 2013 Apud IRSG - International Rubber StudyGroup, 2013.

Em 2012, o principal produtor de borracha foi São Paulo, com uma produção de quase 93.000 toneladas, correspondente a 54,22% em relação à produção nacional. O segundo maior produtor foi Mato Grosso, com uma produção equivalente a 24,78% da produção nacional. Em seguida, Bahia e Espírito Santo contribuindo com 13,30% e 3,20%, respectivamente, da produção nacional. Podemos constatar ainda que poucos são os estados interessados em investir no cultivo da heveicultura mesmo considerando a importância desse setor, que proporciona retornos ambientais, econômicos e sociais ao país, além de possuir um mercado global garantido.

De acordo com Rossmann e conforme consta no Gráfico 3,43 o Brasil importou 172 mil toneladas de borracha natural em 2012, tendo em vista que a produção brasileira, de aproximadamente

43 Cf. ROSSMANN, H. Panorama e Perspectivas do Mercado da Borracha Natural. III Congresso Brasileiro de Heveicultura. Espírito Santo, 2007. Disponível em: <http://www.borrachanatural.agr.br>. Acesso em: 30 set. 2013.

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171 mil toneladas, não conseguiu atender o consumo interno, que nesse ano atingiu 343 mil toneladas. Esse déficit entre demanda e oferta de borracha no país acabou contribuindo para o desequilíbrio da balança comercial do agronegócio.

Segundo dados divulgados pelo Instituto Agronômico de Campinas, o consumo do látex no Brasil é sempre acima da produção, fazendo com que o país além de produzir tenha que importá-lo da Europa e da Ásia. A importação de 1995 a 2011 ultrapassou a produção. No ano de 2012, ambas, importação e exportação, quase se igualaram com 172 mil toneladas. Verificamos que os números do consumo da borracha são crescentes à exceção de 2009, devido à crise econômica mundial ter gerado estagnação em diversos setores industriais, inclusive aqueles ligados a borracha natural. Entretanto, a tendência é de que a melhora da demanda interna seja crescente e que o balanço entre consumo e produção interna seja negativo, necessitando de importação de borracha natural.

Assim, apesar da produção de borracha natural se manter crescente, o Brasil precisa melhorar esses índices, através do aumento dos investimentos, via programas de incentivos no setor. Afinal, a seringueira é planta nativa do Brasil, sendo possível nos tornarmos auto suficientes na extração de látex e produção da borracha natural, a fim de abastecer o próprio país e em seguida nos transformarmos novamente em exportadores.

O Brasil, durante décadas no século XIX, foi praticamente o único produtor de borracha no mundo. Porém, o cultivo era realizado sem nenhuma tecnologia de manejo agronômico. Com a adaptação da seringueira em cultivos tecnificados na região do Sudeste Asiático, houve uma queda acentuada nos preços da borracha natural por aumentar a oferta do produto.44

44 GALVÊAS, 2012 Apud SILVESTRE, L. Plantio de seringueiras cresce e estimula economia agrícola capixaba... Op. cit., p. 1.

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35

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3.

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Sistema agroindustrial da borracha natural no estado do Espírito Santo

36

Essa redução no preço da borracha asiática fez com que aumentasse seu comércio com todo o mundo, inclusive com o Brasil. Com isso a produção asiática em relação ao seu consumo é bastante elevada, fato que torna a maior parte desse cultivo destinado à exportação.

No ano de 2012, a produção mundial de borracha natural atingiu onze milhões e trezentas mil toneladas. Os países asiáticos são os responsáveis por grande parte da produção mundial de borracha. O Gráfico 4 mostra a participação de cada país no total da produção mundial. O principal produtor mundial é a Tailândia com uma produção correspondente a 31,00% do total no mundo, em segundo está à Indonésia com um percentual de 26,61%, em seguida estão a Malásia com 7,63%, a Índia com 8,11% e o Vietnã 7,60%. Em 2012, o Brasil produziu 171,5 mil toneladas, representando aproximadamente 1,51% da produção de borracha mundial. A partir dos dados divulgados pelo Instituto Agronômico de Campinas fica nítida a importância da produção dos países asiáticos para a distribuição da borracha no mundo.Gráfico 4: Principais países produtores de borracha natural, por mil toneladas,

em 2012

Fonte: Adaptado IAC, 2012.

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37

Ainda em 2012, o consumo mundial de borracha natural chegou a onze milhões de toneladas. O Gráfico 5 se refere aos dados dos principais países consumidores no qual podemos constatar que o principal consumidor era China com um consumo correspondente a 32,98% do total mundial. Em seguida, temos a Comunidade Europeia com 11,13% do consumo mundial,os EUA com 9,42% e o Japão com 7,00%.O Brasil, nesse ano, consumiu aproximadamente 373 mil toneladas, o que representou 3,39% do consumo de borracha mundial.

Gráfico 5: Principais países consumidores de borracha natural, por mil toneladas, em 2012

Fonte: Adaptado IAC, 2012.

As políticas brasileiras comentadas anteriormente visaram principalmente reduzir o nível de importação da borracha natural por se tratar de um produto nativo e que o Brasil tem possibilidades de além de atender plenamente a demanda interna, também exportar.

1.2. Uma breve história da heveicultura no estado do Espírito Santo

Historicamente a ocupação do solo capixaba foi de forma predatória, através de desmatamentos sem preocupação com

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Sistema agroindustrial da borracha natural no estado do Espírito Santo

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técnicas de cultivo preservacionista e reposição da cobertura florestal com reflorestamento. Essas práticas normalmente causam degradação do solo, com impactos negativos tanto para a economia rural, quanto para a proteção ambiental. O cultivo das seringueiras permite em seu processo tanto a forma solteira como no sistema de consórcio45.O processo produtivo de cultivo em consórcio é importante na recuperação dos solos degradados.46

A seringueira chegou ao Espírito Santo em meados de 1943 com o propósito de sombrear as produções de cacau em Linhares, trazida pelo cacauicultor Dr. Joaquim de Figueiredo Cortes. Em 1962, foi implantado um cultivo de seringueiras no município de Vila Velha, quando pouco se conhecia da capacidade de adaptação dessa espécie ao solo e clima capixaba. E diante dessas dúvidas, a área plantada foi denominada de “Tira-Teima”. A boa adaptação das seringueiras ao solo capixaba, levou esse cultivo a expansão, ocasionando a inclusão do Espírito Santo no Programa Nacional de Incentivo à Produção de Borracha Natural–PROBOR. Fato que originou a criação do Programa de Expansão da Heveicultura Capixaba - PROBORES, muito semelhante ao original nacional, porém aplicado às características especificas do estado do Espírito Santo.47

Esse programa é implantado, primeiramente, nos municípios de Viana, Guarapari, Iconha e Anchieta. Em 1979, o programa se expandiu aos municípios de Atílio Vivácqua,

45 As seringueiras podem ser plantadas de forma intercalada com outras culturas, como por exemplo, cacau, café, leguminosas entre outras. O benefício do plantio em consórcio é a otimização do uso de uma área já ocupada, resultando em renda extra ao produtor. Cf. MONTHÉ, C. G; SANTOS, G. R. Prospecção e perspectivas da borracha natural, Hevea brasiliensis. Revista Analytica, São Paulo, 2007. Disponível em: <http://www.revistaanalytica.com.br/ed_anteriores/26/art01.pdf>. Acesso em: 12 nov. 2013.

46 Cf. GALVÊAS, P. A. O. Programa de Desenvolvimento da Heveicultura Capixaba... Op. cit.

47 Ibidem.

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Cachoeiro de Itapemirim, Mimoso do Sul, Piúma, Presidente Kennedy, Rio Novo do Sul, Serra e Vila Velha.

Essa expansão inicialmente ocorreu, segundo Galvêas,48 pelo cultivo das seringueiras contribuírem para “conservação do solo e da água, abrigo e alimentação da fauna (mamíferos, aves, insetos)”, pela baixa necessidade de utilização de agrotóxicos, principalmente no ambiente natural do estado do Espírito Santo por serem áreas de escape das doenças mais comuns nos seringais nativos, e por não ter muita necessidade de água durante as estações mais secas. Além dessas características facilitarem o seu cultivo, há outras duas que atraem heveicultores no estado do Espírito Santo. A primeira, se deve ao fato da seringueira não consumir muitos nutrientes do solo o que o mantém fértil e, ainda, possibilita cultivo em Sistema Agroflorestal, ou seja, com outras atividades agrícolas. E a segunda, se refere à questão do sequestro de dióxido de carbono (CO2) do ambiente, chegando “em torno de 0,5 tonelada de CO2eq por planta de 15 anos de idade”.49

Então a expansão do cultivo das seringueiras está relacionada a essas características de melhorar a qualidade do solo e do ar, sua facilidade de adaptação e cultivo no solo capixaba, e por fim, a possibilidade de integrar ciclos de controle biológicos naturais que sustentam a produtividade agrícola em longo prazo. Além dessas características de cunho ambiental citadas, também contam com os incentivos públicos e privados nesse setor,que favorece e facilita os investimentos nas áreas da produção e das inovações tecnológicas, que contribuiu para a expansão do cultivo no estado e atingia em 2013 a quarta como produtor nacional de borracha natural.50

48 Cf. GALVÊAS, P. A. O. Programa de Desenvolvimento da Heveicultura Capixaba... Op. cit., p. 17.

49 Ibidem, p. 18.50 Ibidem.

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No estado os municípios de Anchieta, Guarapari, Linhares, São Gabriel da Palha, São Mateus, Sooretama e Viana, juntos possuíam, em 2013, uma área em produção de aproximadamente 8.600 hectares. Há ainda alguns plantios no sistema de consórcios, e um dos mais utilizados e eficientes é o da seringueira com café conilon.51

Em relação às doenças provocadas por fungos e doenças que atingem as plantações de borracha, o Espírito Santo é privilegiado, pois não possui muitas ocorrências em comparação com os outros estados produtores, pelo fato do ar durante o inverno ser mais seco e essas doenças surgirem e se desenvolverem em ambientes de maior umidade. A partir dessas baixas ocorrências de doenças nos seringais, o estado se transformou em uma das áreas de “escape” do Brasil. Esses fatores favoráveis agregados às características positivas já mencionadas acima aumentaram a busca por investimentos no setor e manteve o crescimento da heveicultura no estado.52

1.3. Evolução dos cultivos da seringueira e da produção de látex no estado do Espírito Santo

Conforme mencionado anteriormente, o Probores é o programa de políticas públicas para o estado do Espírito Santo, elaborado a partir do Programa do Probor II, programa do governo federal. O Probores objetiva a “implantação de 75 mil novos hectares de seringueira” no Espírito Santo com o objetivo de produzir borracha para consumo interno do país, preservar o meio ambiente e elevar os níveis de sustentabilidade ambiental e econômico no agronegócio. A estratégia é a partir do cultivo das seringueiras na forma

51 Cf. GALVÊAS, P. A. O. Proteção e Recuperação de Áreas Degradadas através da Seringueira. Espírito Santo: Incaper/IDAF, 2013.

52 Cf. GALVÊAS, P. A. O. Proteção e Recuperação de Áreas Degradadas através da Seringueira... Op. cit.

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solteira ou em consórcio desenvolver ações, como por exemplo,

da assistência técnica e da profissionalização dos agricultores, tendo como enfoque o aumento da produção e produtividade, como forma de gerar emprego de qualidade e renda.53

Visando a expansão continuado mercado da borracha, essas ações levarão à ampliação da oferta do látex, fazendo com que o estado do Espírito Santo contribua com a diminuição da dependência do Brasil em relação à importação de borracha natural.

Esse programa, em vigor, foi lançado em 2008 pelo Governo do Espírito Santo. Nessa época contávamos com uma área plantada de 8 mil hectares. Segundo Galvêas, “em 2013, o estado contava com uma área estimada de 15 mil hectares já implantados e vem conseguindo cumprir as metas estabelecidas”.54A expansão dos cultivos em 7 mil hectares em 5 anos no estado do Espírito Santo.

No campo da assistência técnica, busca-se a tomada de decisões dos produtores já atuantes ou mesmo dos que pretendem começar a produzir com capacitação de heveicultores, no sentido de levar aos seringais toda a tecnologia disponível, visando uma expansão organizada com otimização dos recursos nesse cultivo. Um entrave importante nessa área é o número de técnicos aptos para a prestação desse serviço, que é reduzido no Espírito Santo principalmente levando em consideração o potencial de expansão do setor.55

53 Cf. GALVÊAS, P. A. O. Programa de Desenvolvimento da Heveicultura Capixaba... Op. cit., p. 56.

54 GALVÊAS, 2012 Apud SILVESTRE, L. Plantio de seringueiras cresce e estimula economia agrícola capixaba... Op. cit., p. 1.

55 Cf. Idem. Programa de Desenvolvimento da Heveicultura Capixaba... Op. cit.

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A importância social e econômica da heveicultura para o país e os efeitos benéficos que poderão advir de uma política de qualificação de profissionais e de transferência de tecnologia para o setor, se constitui numa ação de grande relevância para o desenvolvimento do agronegócio borracha, tanto pelo fomento de novos plantios, como pela exploração eficaz dos plantios existentes.56

Outro mecanismo público relevante para o estímulo do setor é a política de crédito. Essa se encontra disponível em três modalidades de financiamento aos produtores do cultivo de seringueiras. Em primeiro, relacionamos o Programa de Plantio Comercial e Recuperação de Florestas -PROPFLORA do Banco de Desenvolvimento Econômico do Espírito Santo - BANDES, cujo principal entrave no seu uso são as altas taxas de juros. Um segundo formato é o PRONAF Florestal do Programa de Fortalecimento da Agricultura Familiar do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA),57 cuja principal deficiência se refere ao baixo valor liberado não custeando na totalidade a produção. A terceira forma de financiamento é o FCO-Pronatureza (Financiamento das regiões Centro-Oeste) do Ministério da Integração Nacional (MIN), que como o PROPFLORA, é disponibilizado com altas taxas de juros, inviabilizando seu uso.58

Algumas estratégias também são importantes na expansão desse cultivo. Uma delas busca disponibilizar mudas com enxertos de clones superiores, através de viveiros, jardins clonais e tecnologias para o cultivo. Ao disponibilizar para os produtores, mudas produzidas nas mais modernas tecnologias disponíveis, informações sobre plantio e manejo das plantações

56 Cf. GALVÊAS, P. A. O. Programa de Desenvolvimento da Heveicultura Capixaba... Op. cit., p. 61.

57 PRONAF: Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar.

58 Cf. GALVÊAS, P. A. O. Programa de Desenvolvimento da Heveicultura Capixaba... Op. cit.

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levando em consideração as características específicas do desenvolvimento da planta, criam condições para melhorar e expandir de forma competitiva o cultivo das seringueiras em solo capixaba. A disponibilização dessas mudas é através de leilões coordenados pelo Governo do Estado do Espírito Santo, com participação dos viveiristas para a oferta de mudas vencendo aqueles que além de atender os critérios especificados no edital do leilão apresentam o menor preço de oferta. A seguir essas mudas são disponibilizadas aos produtores a um preço menor.

As instituições privadas e públicas são de suma importância para o desenvolvimento do cultivo das seringueiras, onde ambas precisam atuar de forma integrada, em sua áreas de competência, a fim de garantir melhor capacitação no setor, melhorias nos processos de produção e coordenação do sistema agroindustrial da borracha no Espírito Santo. Isso se torna possível com a capacitação dos agentes, inovação tecnológica, programas de incentivos, produção e divulgação de informações.

A heveicultura, mesmo apresentando um histórico de oscilações de preço e oferta, as previsões atuais são de produção e consumo crescentes, principalmente pela necessidade mundial da borracha natural e por todas as qualidades descritas que esse cultivo agrega.

Na Tabela 1, encontramos o histórico das áreas colhidas, da produção e do rendimento do setor da borracha natural do estado do Espírito Santo, no período de 1990 a 2013. Existiram dois períodos impactantes em relação à área colhida. O primeiro foi no período 1991-1992 quando a área colhida passou de 768 ha para 2.579 ha, um aumento 1.800 hectares. Um segundo momento foi no período de 1994 para 1995, quando então a área colhida passou de 2.985 ha para 4.004 ha, um aumento de 1.019 hectares.

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Tabela 1: Quantidade produzida de látex coagulado, rendimento médio e área colhida de seringueira para o estado do Espírito Santo, no período

1990-2012

AnoÁrea Colhida

(Ha)

Produção

(t)

Rendimento Médio

(Kg por Ha)

1990 429 587 1.368

1991 768 2.221 2.891

1992 2.579 3.969 1.538

1993 1.954 1.923 984

1994 2.985 4.127 1.382

1995 4.004 5.628 1.405

1996 4.329 5.841 1.349

1997 4.717 6.071 1.2871998 5.024 6.666 1.326

1999 5.518 6.429 1.165

2000 5.786 6.926 1.197

2001 5.921 7.019 1.185

2002 5.895 7.204 1.222

2003 6.497 7.624 1.173

2004 6.608 8.020 1.213

2005 6.604 8.182 1.238

2006 6.630 8.377 1.263

2007 6.730 8.500 1.263

2008 6.821 8.873 1.300

2009 7.212 9.843 1.364

2010 7.526 9.879 1.312

2011 7.979 10.250 1.285

2012 8.240 11.203 1.360

2013 8.507 11.590 1.362Fonte: Adaptado IBGE - SIDRA, 2013.59

59 Cf. INSTITUTO brasileiro de geografia e estatística (IBGE). Sistema

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Esses dois saltos podem estar relacionados com os programas de incentivo PROBOR I e PROBOR II, pois impulsionaram a plantação de novas florestas nos anos de 1977 e 1982, respectivamente. Quando começaram a produção de látex em maior escala apenas por volta de 1987 e 1992, devido ao período da formação das mudas levar aproximadamente 2 anos e a extração só se iniciar em plantas com 7 anos de idade após o plantio.

Há a criação do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA, em 1989, com objetivo de regulamentar os setores ligados à agricultura dentre eles o da heveicultura, com regras para produção e procedimentos técnicos padronizados que facilitam a fiscalização. No campo da iniciativa do setor, em 1991, é fundada a primeira cooperativa do estado do Espírito Santo, tornando seu mercado mais organizado e dinâmico, o que pode também ter contribuído com o estimulo ao plantio de novos seringais, aumento da produção e da qualidade do produto.

No período de 1990 a 2013, a taxa anual de crescimento na produção foi de 8,35%. Com relação à área colhida à taxa de crescimento anual chegou a 9,86% nesse mesmo período e o rendimento médio se manteve praticamente estável. Fica claro, a relação da expansão das produções de seringais com os incentivos constantes no setor, as pequenas oscilações no preço de mercado da borracha, aos benefícios (econômicos, ambientais e sociais) gerados com esse cultivo e as garantias de mercado.

O Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural - INCAPER, tem atuado buscando o aumento

IBGE de recuperação automática SIDRA. Disponível em: <http://www.sidra.ibge.gov.br>. Acesso em: 27 dez. 2013.

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do cultivo e produção da borracha natural no Espírito Santo. Em 2009, foram distribuídas 375 mil mudas para os produtores rurais do estado. Em 2010, a distribuição foi de 300 mil mudas e em 2011 esse número chegou a 250 mil mudas.60 Além disso, o Incaper realiza ações relacionadas à assistência técnica destinada aos produtores de seringueiras, como palestras, cursos, congressos, entre outros.

A partir dos incentivos concedidos e do benefício que esse cultivo gera em termos ambiental, econômico e social, a procura pelas mudas tem aumentado, sendo comprovada por uma estimativa em que deveriam ser distribuídas 250 mil mudas em 2012 e 2013, porém a demanda já atinge a quantidade de 288 mil mudas. “Estudos demonstram a possibilidade de não deve haver problema de mercado para esse recurso pelos próximos 15 anos.”61

Os incentivos e benefícios com relação a atividade seringalista, estão gerando grande procura dos produtores rurais pelo cultivo da seringueira, pois com esse mercado garantido não correm o risco de desvalorização ou queda da demanda desse produto. Além da possibilidade de cultivar em consórcio a seringueira com outros cultivos agrícolas, como por exemplo, café, cacau, mamão, entre outros.62

Esses produtores agrícolas estão investindo sem receio no cultivo das seringueiras, devido à pouca oscilação do preço da borracha, o que se torna mais uma característica positiva dessa produção. Diferentemente de outros produtos da

60 Cf. SILVESTRE, L. Plantio de seringueiras cresce e estimula economia agrícola capixaba... Op. cit.

61 Cf. SILVESTRE, L. Plantio de seringueiras cresce e estimula economia agrícola capixaba... Op. cit., p. 1.

62 Cf. DELARMELINA, N. Análise econômica da heveicultura no Brasil e no Espírito Santo. Monografia (Graduação em Ciências Econômicas), Universidade Federal do Espírito Santo, Vitória, 2010.

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agricultura, que dependendo da época é mais vantajoso para o produtor estocar a vender seus produtos por preços reduzidos, que muitas vezes não pagam nem o custo da produção.63

A Tabela 2 apresenta as variações do preço médio da borracha, em kg, de 2009 a 2013, com um comparativo entre o preço aplicado no Brasil e no Espírito Santo. Observamos que duas cooperativas atuam no mercado da heveicultura no estado do Espírito Santo, em que os preços praticados pelas mesmas são superiores aos preços médios do Brasil.

Tabela 2: Variação no preço médio em Reais do kg da borracha no Brasil e no estado do Espírito Santo de 2009a 201.

Ano BrasilEspírito Santo

Heveacoop Coopbores

2009 1,40 1,46 1,43

2010 2,65 2,85 2,63

2011 3,63 3,80 3,50

2012 2,87 3,29 3,04

2013* 2,59 - 2,67*A Heveacoop não havia disponibilizado os dados de 2013. Fonte: Adaptado

IEA, 2013; ROCHA [et. al.], 2012; GOMES FILHO, 2013.

O látex capixaba se mantém valorizado por possuir boa qualidade e pela organização estabelecida pelo mercado estadual agregando confiabilidade aos compradores. Em razão disso, a borracha no Espírito Santo era mais bem paga nacionalmente até 2013.64

Nesse contexto, dada a capacidade territorial de produção e cultivo das seringueiras no Brasil, tendo em

63 Cf. SILVESTRE, L. Plantio de seringueiras cresce e estimula economia agrícola capixaba... Op. cit.

64 Cf. ROCHA, G. A Heveacoop no Espírito Santo. Entrevista concedida a Taíssa Farias Soffiatti. 2013.

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vista seus benefícios como utilidades para os consumidores, indústrias e ao meio ambiente, juntamente com a importância dessa atividade para a sociedade. Em especial sua implantação e avanço do cultivo no estado do Espírito Santo, se faz crescente a necessidade de estudar sua estrutura como cadeia produtiva, seus gargalos e fatores de competitividade. É o que se pretende com esse livro, onde será analisado nos capítulos seguintes, o funcionamento da cadeia produtiva da seringueira no estado do Espírito Santo, por meio dos conceitos teóricos de cadeias agroindustriais, aliadas ao contexto histórico dessa cadeia.Ressaltamos que a expansão da seringueira no estado está diretamente ligada às baixas oscilações no preço de mercado da borracha, aos incentivos constantes, aos benefícios gerados com esse cultivo, a valorização cada vez maior desse produto e as garantias de mercado. A discussão sobre a cadeia produtiva da seringueira no estado do Espírito Santo será especificamente no terceiro capítulo desse livro.

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Capítulo 2Referencial Teórico

O principal referencial teórico desse estudo é o de conceito, concepção e metodologia de análise de cadeias produtivas da Escola da Economia Industrial das Ciências Econômicas.

Antes de entrarmos nos aspectos teóricos e metodológicos em análises que envolvem cadeias produtivas ou sistemas agroindustriais, é necessário entendermos alguns conceitos e o processo histórico da evolução da agricultura brasileira.

Até meados do século XX, “dois modelos agrícolas eram dominantes na agricultura brasileira, a plantation e de subsistência”.65 A primeira era baseada na grande propriedade, no monocultivo e na mão-de-obra escrava, com utilização de tecnologias extensivas, cujo objetivo da produção era o mercado externo. A agricultura de subsistência “coexistia com a primeira, sendo caracterizada por pequenas extensões de terra e policultivo”. O objetivo desse modelo de estabelecimento rural era em primeiro lugar, produzir produtos para o abastecimento interno para consumo da família, com venda de excedentes para o mercado. Com o dinheiro da venda desses excedentes,

65 Plantation é um sistema agrícola baseado na monocultura, na grande propriedade e com mão-de-obra escrava, cujo destino da produção geralmente é o mercado externo. O modelo de subsistência é um sistema que tem como principal objetivo a produção de alimentos para garantir a sobrevivência da família, e com venda dos excedentes para o mercado. Nesse modelo a plantação é realizada geralmente em pequenas propriedades, com pouco (ou nenhum) recurso tecnológico.

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comprava nos mercados os bens de consumo que não podia produzir na propriedade. Tanto no modelo plantation como na agricultura de subsistência, predominava uma concepção de autossuficiência, com os estabelecimentos rurais realizando internamente todas as operações relacionadas aos produtos: cultivo ou criação na terra, processamento, armazenamento e comercialização de alimentos e matérias-primas.66

A partir de meados do século XX, a estrutura produtiva da agricultura brasileira já havia se alterado drasticamente. Com a implantação das mudanças tecnológicas na agricultura advindas da Revolução Verde, o crescimento dos setores urbanos industriais, o desenvolvimento econômico e as exigências dos consumidores por produtos mais elaborados com melhores atributos de qualidade e com níveis mais baixos de preços. As relações entre a agricultura e os demais setores da economia alteram suas dinâmicas na economia brasileira. O produtor rural, antes autossuficiente, passa a ser um especialista no interior de seu estabelecimento rural, responsável nessa nova dinâmica da economia agroindustrial, somente pela produção e criações de animais. Se desenvolve então basicamente três setores na economia agroindustrial: um a montante da produção agrícola, responsável pela oferta de recursos para a produção agrícola, como máquinas, equipamentos, defensivos, sementes, adubos, etc.); o setor de produção agrícola e um setor a jusante da produção agrícola, responsável pelo processamento, armazenamento e comercialização dos alimentos e matérias primas advindas da produção agrícola. Forma-se a partir dessa nova dinâmica do setor agrícola o que se convencionou denominar na literatura econômica

66 Cf. JANK, M. S; NEVES, M. F; ROSA, L. R; CHADDAD, F. R. Introdução ao “agribusiness”. In.: JANK, M. S. et. al. Economia e administração agroindustrial. Piracicaba: Departamento de Sociologia e Economia Rural, 2003, p. 141. [Série Didática, 96].

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de cadeias agroindustriais, sistemas agroindustriais ou agribusiness.67

A partir dessas novas relações na economia agroindustrial, novos conceitos e metodologias de análise passam a dominar as pesquisas no setor, conhecidas como análise de cadeias produtivas agroindustriais ou sistemas agroindustriais, que tratam das relações entre os setores ligados à agricultura. Com relação ao cultivo de seringueiras no estado do Espírito Santo, esses por serem implantados principalmente a partir da década de 1970, já em vigor a nova dinâmica da agricultura brasileira, vamos adotar os conceitos e metodologias de análise de cadeias ou sistemas agroindustriais.

Com relação a estudos de cadeias produtivas ou sistemas agroindustriais, duas correntes teóricas e metodológicas dominam o meio acadêmico: a corrente americana e a corrente francesa. Tanto a corrente americana que “teve origem nos Estados Unidos, mais precisamente na Universidade de Harvard”, quanto à francesa, que surgiu na Escola Industrial Francesa, desenvolvem a problemática e o aparecimento de um novo paradigma no sistema agroindustrial, referente à sua estrutura, logística, dinâmica, desenvolvimento e comportamento.68

Os estudos sobre os sistemas agroindustriais surgiram a partir da observação do desenvolvimento e da dinâmica cada

67 Sistemas agroindustriais ou agribusiness é o conceito relacionado a percepção de que as relações verticais de produção ao longo das cadeias produtivas devem servir de balizador para a formulação de estratégias empresariais e políticas públicas. Avaliar as relações entre os agentes através de diferentes setores da economia, repensando a distinção tradicional entre os setores agrícola, industrial e serviço. Dá-se importância as instituições e organizações que são construídas para darem suporte as atividades produtivas. Esse conceito engloba todas as instituições e atores que afetam a coordenação dos estágios sucessivos ao fluxo de produtos.

68 Cf. BATALHA, M. O. Gestão Agroindustrial. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2012.

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vez mais complexa das relações econômicas, que elevam o nível de tecnologia e o fluxo de informações buscando especificar as novas formas teóricas e de gerenciamento, a serem aplicadas na estrutura e dinâmica das cadeias, a fim de alcançar uma maior eficiência das produções.69

Um fator importante que favoreceu o desenvolvimento desses estudos e a aplicabilidade no Brasil, foi à ocorrência do desequilíbrio da balança comercial brasileira que deixou nítida a importância dos produtos agrícolas nas contas do setor público brasileiro, tanto no âmbito interno como no externo, principalmente. Os produtos agrícolas são importantes, também, pelo fato do Brasil ser grande produtor e exportador de commodities, que em sua maioria são matérias-primas e produtos primários para transformação. Assim, essa nova estrutura teórica e conceitual de cadeias produtivas auxilia na explicação das mudanças no setor agroindustrial e também nas ações políticas do poder público, que aplicadas através de incentivos e investimentos influenciam o agronegócio.70

2.1. A visão americana para estudos de cadeias produtivas: análise de sistemas

A corrente americana também é conhecida como Commodity System Approach (CSA) ou agribusiness. Trata-se de uma visão desenvolvidapor Ray Goldberge John Davis da Universidade de Harvard. Segundo esses autores sistema agroindustrial ou agribusiness pode assim ser definido:

A soma total das operações de produção e distribuição de suprimentos agrícolas, das operações de produção nas unidades agrícolas, do armazenamento, processamento dos produtos agrícolas e itens produzidos a partir deles.71

69 Cf. BATALHA, M. O. Gestão Agroindustrial... Op. cit.70 Ibidem.71 Cf. DAVIS, J; GOLDBERG, R. A. A concept of agribusiness. Boston:

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Nessa visão sistêmica os agentes, dos diversos segmentos que formam o sistema de produção de um produto, são analisados nas suas relações numa visão geral das ações e comportamento de todos eles, inclusive as tendências principalmente do consumidor final e a evolução do mercado. Com isso possibilitam um melhor entendimento da estrutura e funcionamento da cadeia produtiva, bem como uma melhor compreensão dessas relações juntamente com a atuação das organizações e instituições, que se relacionam em um mesmo nicho da produção.

O esquema da Figura 1 apresenta a estrutura e as relações entre agentes de cadeia produtiva na visão americana.

Figura 1: Esquema de cadeia produtiva na visão americana

Fonte: SHELMAN, 1991 Apud MACHADO FILHO, 1996, p. 4.

Ao analisar a estrutura da Figura 1 e segundo os trabalhos realizados por Goldberg, pode-se compreender no

Harvard University Press, 1957, p. 135.

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seu dinamismo, a partir do entendimento das mudanças que ocorrem na produção em todos os elos da cadeia no longo prazo. Em sua maioria, essas mudanças então interligadas ao crescente desenvolvimento tecnológico, que por sua vez permitem trazer vantagens competitivas aos produtores, buscando economia de escala e novos mercados.72

O conceito de agribusiness, não se foca prioritariamente na análise institucional, mas também não a exclui. Os principais focos dessa vertente são o da firma, o do consumidor final e o da macroeconomia. As análises não são centralizadas nos preços, como em muitos estudos econômicos, mas as mesmas desenvolvem a questão dos agentes econômicos, levando em consideração os fluxos de bens e serviços, a especialização e a instabilidade da renda do consumidor.73

O sistema de cadeia leva em consideração a questão da instabilidade da renda agrícola, pois esse fator é um dos problemas mais sérios que afetam o agribusiness. A variação da renda agrícola está também ligada a fatores não econômicos, que os produtores têm pouco ou nenhum controle, como os fatores de sazonalidade,74 ambientais (pluviosidade, temperatura, ventos, geadas, etc.), biológicos (ataques de pragas e doenças), bem como da qualidade do solo em que a produção se realiza. Dessa maneira, sua renda pode oscilar drasticamente num período curto de tempo. Nesse sentido os incentivos privados e públicos se tornam importantes para

72 Cf. BATALHA, M. O. Gestão Agroindustrial... Op. cit; MACHADO FILHO, C. A. P. [et. al.]. Agribusiness europeu. São Paulo: Pioneira, 1996.

73 Cf. ZYLBERSZTAJN, D; NEVES, M. F. Economia e gestão dos negócios agroalimentares. São Paulo: Pioneira, 2000.

74 É a ocorrência de eventos, que podem ou não variar, em algumas épocas do ano. Podem ser efeitos climáticos, como chuvas, secas, ventos, germinação, umidade, definidos pelas estações do ano. E pode estar relacionado aos negócios, em que é importante identificar a sazonalidade das vendas, ou seja, os meses em que você irá vender mais e os meses em que venderá menos. KOOGAN, A.; HOUAISS, A. Enciclopédia e Dicionário. 3 ed. Rio de Janeiro: Seifer, 1998.

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manter os níveis ou expandir a produção e estabilizar a renda do produtor rural e também de todos os agentes produtores das cadeias produtivas setoriais.75

A especialização na produção agrícola está relacionada ao maior conhecimento dos produtos a que cada agente está ligado no agronegócio, principalmente no que tange conhecer a procedência das sementes ou das matérias-primas, os melhores defensivos que se pode aplicar com menor quantidade química possível, a fim de não contaminar o solo, e outras tecnologias que buscam maximizar a produção sem a perda da qualidade que a produção necessita. Esse aspecto é crescente nas produções agrícolas devido aos fatores mencionados, que objetivam o aumento e desenvolvimento da produção. Porém, a especialização conflita com a produção diversificada que em alguns setores é muito importante, principalmente quando as produções estão ligadas ao clima ou a estação do ano.76

A especialização mecanizou muitos setores da produção, alguns deles passaram a ser tão complexos e tecnológicos que foram terceirizados, não sendo mais possível o produtor rural fazê-lo, como por exemplo, o armazenamento, o processamento, a distribuição e ainda outros, dependendo do setor em que o produtor atua.77

De acordo com Davis e Goldberg, o agribusiness moderno não pode ser visto como o resultado de um plano preconcebido. Ao invés, ele é o produto de forças complexas e evolutivas que atuam mais ou menos espontaneamente sem uma coordenação central.78

75 Cf. ZYLBERSZTAJN, D; NEVES, M. F. Economia e gestão dos negócios agroalimentares... Op. cit.

76 Ibidem.77 Ibidem.78 DEVIS; GOLDBERG 1968 Apud ZYLBERSZTAJN, D; NEVES, M. F.

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Essa visão demonstra a não centralização do preço como um coordenador sistêmico, mas desenvolve a ideia que as mudanças levam a evolução e seu desenvolvimento, sendo essencial a atuação nos mercados competitivos. Essa metodologia destaca a atuação das cooperativas, que são responsáveis pela organização e estabelecimento das relações comerciais, e desenvolvem a ótica das relações com o estado, sendo assim importantes para obtenção de incentivos e investimentos, principalmente, em maquinário e em pesquisa. Nesse sentido é importante salientar que

Alguns importantes aspectos merecem destaque: primeiro, o estudo de Goldberg é focalizado no sistema de um único produto, o que passou a caracterizar o enfoque de sistemas de agribusiness.

Goldberg trabalha explicitamente o conceito de coordenação, promovendo importante espaço para a análise institucional.

Goldberg reforça as características diferenciais dos sistemas do agribusiness dos outros sistemas industriais, colocando enorme importância nos fatores que influenciam nas flutuações da renda agrícola.79

Os aspectos destacados demonstram as principais características dos sistemas agroindustriais (agribusiness), focando na fase final da produção por sua capacidade de introdução de mudanças e relação com o consumidor final, e dando ênfase no conhecimento sistêmico, que leva ao entendimento do melhor funcionamento da cadeia gerando aumento e otimização da produção.

Economia e gestão dos negócios agroalimentares... Op. cit., p. 26. 79 Cf. ZYLBERSZTAJN, D; NEVES, M. F. Economia e gestão dos

negócios agroalimentares... Op. cit., p. 27.

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2.2. A visão francesa para estudo de cadeia produtiva: análise de filières

A cadeia produtiva francesa é conhecida pelo conceito de Filières (fileiras/ cadeias). Essas cadeias produtivas, à semelhança do conceito americano, são definidas como mecanismos de análise da matriz insumo-produto e considerando também a tecnologia como fator importante para gerarem mudanças no setor agroindustrial.80

Porém as Filières tratam, ainda, da produção de vários produtos que estejam inter-relacionados, onde uma sequência de atividades em diferentes setores da produção resultará no produto final. Diferentemente da análise da ótica americana, a visão de Filières enfocam suas análises na questão da hierarquia, levando em conta as diferentes maneiras de atuação no mercado, a uma análise e reflexão dos conceitos distributivos e estruturais presentes na sociedade.81

Segundo Morvan:

cadeia (Filière) é uma sequência de operações que conduzem à produção de bens. Sua articulação é amplamente influenciada pela fronteira de possibilidades ditadas pela tecnologia e é definida pelas estratégias dos agentes que buscam a maximização dos seus lucros. As relações entre os agentes são de interdependência ou complementaridade e são determinadas por forças hierárquicas. Em diferentes níveis de análise a cadeia é um sistema, mais ou menos capaz de assegurar sua própria transformação.82

80 Cf. MACHADO FILHO, C. A. P. [et. al.]. Agribusiness europeu. São Paulo: Pioneira, 1996; ZYLBERSZTAJN, D; NEVES, M. F. Economia e gestão dos negócios agroalimentares... Op. cit.

81 Cf. MACHADO FILHO, C. A. P. [et. al.]. Agribusiness europeu... Op. cit., p. 30; ZYLBERSZTAJN, D; NEVES, M. F. Economia e gestão dos negócios agroalimentares... Op. cit.

82 MORVAN 1985 Apud ZYLBERSZTAJN, D; NEVES, M. F. Economia e gestão dos negócios agroalimentares... Op. cit., p. 30.

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O conceito de cadeias se utiliza de muitos tópicos da organização industrial para estabelecer sua dinâmica de mercado, onde trabalham com as seguintes definições: barreiras à entrada, para maior otimização e maximização da produção; as associações; as relações entre os agentes, tendo em vista que a boa relação com todos os agentes presentes no processo produtivo facilitam a introdução de mudanças que melhorem qualidade dos produtos; os domínios de nós estratégicos da produção. Todos esses conceitos estão inseridos no modelo teórico das Filières que abrange a cadeia produtiva num todo, ou seja, todos os seus setores.83

A Figura 2 apresenta a estrutura e as relações entre os agentes de uma cadeia produtiva na visão francesa.

As Filières possuem três análises possíveis: “a cadeia em sua totalidade, o estudo de suas estruturas e relações dentro das cadeias e o comportamento estratégico de firmas”.84

O autor, ainda, salienta a característica investigativa das cadeias, como sendo uma vantagem da mesma, pois o leitor pode fazer sua própria análise com os pontos que lhe foram mais atrativos ou mesmo mais adequados.85

83 Cf. ZYLBERSZTAJN, D; NEVES, M. F. Economia e gestão dos negócios agroalimentares... Op. cit; BATALHA, M. O. Gestão Agroindustrial... Op. cit.

84 Cf. MONTIGAUD, 1991 Apud MACHADO FILHO, C. A. P. [et. al.]. Agribusiness europeu. São Paulo: Pioneira, 1996.

85 Ibidem.

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Figura 2: Esquema da cadeia agroindustrial francesa

Fonte: Floriot 1995 Apud MACHADO FILHO, 1996, p. 8.

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Já no estudo de Morvan (1985), são destacados três macrosseguimentos referentes às cadeias, sendo eles:

1) comercialização, em que há um contato com o consumidor final;

2) industrialização, onde ocorre a transformação que resulta no produto final;

3) produção de matérias-primas, são as fornecedoras da matéria para que a mesma se transforme no produto final.86

O autor destaca que esses seguimentos podem variar de acordo com o tipo de produto a ser estudado, mas essas três análises são as mais comuns e mais utilizadas. Dessa maneira, o conceito de cadeias busca especificar cada função do processo produtivo em que o produto irá passar, bem como os setores que realizarão essas funções. Destacando as atividades dentro da própria firma e até mesmo as atividades que ultrapassam seus limites, podendo a analise ocorrer antes da produção, ou mesmo depois da produção agrícola.87 Dessa forma, a análise na ótica francesa enfatiza a importância de coordenação e interação entre os diversos setores da produção.

Existem diversos pontos semelhantes entre as duas metodologias de estudo. Os principais pontos em comum são a importância que ambas dão as tecnologias (para expansão e desenvolvimento da produção), as coordenações (para se estabelecer inter-relação entre os agentes envolvidos no processo produtivo) e as transformações, que o produto passa desde a primeira fase da produção até a última.88

86 Cf. MORVAN, Y. Fondements d’economie industrielle. Paris: Ed Economica, 1985. [Collection Gestion, Série Politique, Generale, Finence et Marketing].

87 Cf. BATALHA, M. O. Gestão Agroindustrial... Op. cit.88 Cf. MACHADO FILHO, C. A. P. [et. al.]. Agribusiness europeu... Op. cit.

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As diferenças do conceito de cadeia (francesa) para o conceito de sistema (americano) estão no foco em que cada uma das análises faz referência aos setores da produção. As Filières abrangem um todo da cadeia, sendo subdivididas em três principais setores (produção, industrialização e comercialização).

Já a CSA tem um foco maior no último setor que está relacionado com o consumidor final e com a dinâmica do mercado, destacando inclusive que o consumidor final é considerado o coordenador do sistema, já que dependendo de suas escolhas haverá ou não o aumento da produção.

A análise da cadeia produtiva das seringueiras no Espírito Santo terá como base o esquema da cadeia produtiva das seringueiras em Londrina, realizado pelo Instituto Agronômico do Paraná, pelas semelhanças existentes nos sistemas de cultivos de seringais entre esses dois estados da Federação.

2.3. O modelo de análise para o sistema agroindustrial da borracha natural

O modelo que melhor se adapta a análise da cadeia produtiva da borracha natural do estado do Espírito Santo é o mesmo aplicado aos estudos no Brasil de forma geral e já aplicado ao estado do Paraná, conforme estrutura da Figura 3.

Esse esquema do sistema agroindustrial da borracha natural mostra a organização e relação entre todos os setores envolvidos nesse mercado.

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Figura 3: Ações governamentais e fluxo de insumos da cadeia produtiva da borracha natural - Brasil

Fonte: PEREIRA [et. al.], 2000, p. 28.

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Resumidamente, o sistema da borracha, como outros sistemas agroindustriais, possui três segmentos bem distintos: o setor agrícola onde se encontram os seringais nativos (produção extrativista) e os seringais de cultivo (tecnificados); o setor à montante, composto pelos fornecedores de insumos (fertilizantes, defensivos, instrumentos de coleta de látex) melhoramento genético e os produtores de mudas; e o setor à jusante da produção agrícola que engloba os intermediários, as usinas e mini usinas de beneficiamento, a indústria pesada (como os pneumáticos), a indústria de artefatos leves e os distribuidores finais.89 Compõem ainda os sistemas agroindustriais, como a da borracha natural, os órgãos de apoio e coordenação, como por exemplo, os responsáveis pelas políticas públicas, assistência técnica, geração de conhecimento, ações de cooperativas, contratos. Todas essas relações estabelecem e determinam o bom funcionamento da cadeia/sistema produtivo. É essa sistematização que servirá de base para a análise do sistema agroindustrial da borracha no estado do Espírito Santo.

89 Cf. PEREIRA, J. P. [et. al.]. Cadeia Produtiva da borracha natural... Op. cit.

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Capítulo 3Análise do sistema agroindustrial da borracha natural no estado do Espírito Santo

3.1. O setor agrícola da produção de látex

Nesse tópico é descrito os agentes da produção de látex no campo. A descrição trata do sistema de plantio e manejo dos seringais nos estabelecimentos rurais, a área plantada e colhida, a quantificação da produção por tamanho de estabelecimento rural. Serão identificados os agentes da produção nas propriedades agrícolas seringueiras.

3.1.1. Plantio da seringueira e colheita do látex

O plantio é realizado em espaçamentos de 2,5m entre plantas e 8m entre linhas ou 3m entre plantas e 7m entre linhas. Em média, cada planta ocupa uma área de 20m² ou 21m², o que corresponde a aproximadamente 500 plantas por hectare. Em relação a técnicas de plantio é importante o cuidado com a profundidade da cova, que deve considerar o porte e a profundidade das raízes das plantas das seringueiras. Assim não é recomendado plantá-las em solos com rochas ou cascalhos, pois poderiam impedir o crescimento adequado das árvores. A profundidade estabelecida deve ser entre 3 e 4 metros de camadas sem impedimentos.90

No manejo das lavouras alguns tratos culturais são importantes, como a irrigação depois dos plantios nos

90 FONTES, J. L. [et. al.]. Casa da Agricultura. Governo do estado de São Paulo. São Paulo, 2010.

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períodos de seca, controle das ervas daninhas através de carpas no primeiro ano e herbicidas no segundo, com controle de formigas, adubação química do solo, adubação foliar e desbrota nos anos seguintes.91

Geralmente sete anos após o plantio se faz a primeira sangria, ou seja, a primeira extração do látex. Esse processo é realizado a partir de um corte no caule da planta, onde escorrerá o látex que será coletado pelo seringueiro e armazenado em tambores, conforme mostra a Figura 4. Depois de armazenado nesses tambores o látex é embalado em fardos para que sejam recolhidos e levados ao seu destino. Essa etapa da produção pode ser assim descrita:

a borracha natural é obtida das partículas contidas no látex, fluído citoplasmático extraído continuamente dos vasos laticíferos situados na casca das árvores por meio de cortes sucessivos de finas fatias de casca, processo denominado de sangria.92

Ao final de 30 a 35 anos de extração mensal do látex, “as árvores são abatidas para reforma da floresta e uso industrial da madeira”. A madeira será utilizada pelas indústrias moveleiras e os galhos para a produção de energia.93 A seringueira assim é de utilidade tanto em sua fase fértil para extração, quanto após essa fase, em que é utilizada como matéria-prima para as indústrias de móveis, o que contribui para a redução de desmatamento,

91 A desbrota consiste na eliminação da brotação indesejável, ocorrendo no porta-enxerto ou na muda enxertada. Toda a brotação além do enxerto deverá ser removida logo que constatada, garantindo maior vigor ao broto. A desbrota deve ser realizada por mão de obra treinada, que percorrerá todas as linhas de plantio pelo menos uma vez por semana. Cf. GONÇALVES, E. C. P. Fatores que determinam o sucesso na implantação da cultura da seringueira. Grupo Hevea Brasil, São Paulo, 2010; FONTES, J. L. [et. al.]. Casa da Agricultura... Op. cit; FONTES, J. L. [et. al.]. Casa da Agricultura... Op. cit.

92 A IMPORTÂNCIA da Borracha Natural... Op. cit., p. 01. 93 Cf. MONTHÉ, C. G; SANTOS, G. R. Prospecção e perspectivas da

borracha natural, Hevea brasiliensis... Op. cit., p. 37.

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tendo em vista que a retirada dessa árvore não provocará danos ao meio ambiente e outras mudas serão plantadas em seu lugar.

Figura 4: Extração de látex por sangria num seringal.

Fonte: Incaper, 2014.

O seringal possui uma infraestrutura organizada, a fim de facilitar toda à logística da produção e transporte do produto, em que contém as acomodações dos seringueiros, instalações físicas para sede do seringal, aparelhagem das estradas para extração e processamento,transporte e recolhimento do produto. As vias de acesso são indispensáveis,com por exemplo, a abertura das estradas de sangria, que são estradas de terra abertas entre os seringais, a fim de facilitar o transporte do látex extraído.94

3.1.2 A estrutura da produção de látex

Na atividade agrícola estão presentes dois agentes: o seringalista e o seringueiro.

O seringueiro é o responsável pelas operações de extração do látex, remunerado proporcionalmente pela quantidade extraída do mesmo. É detentor de sua força de trabalho, e em sua maioria são originados das camadas de menor poder aquisitivo da sociedade e com baixa escolaridade, podendo ser identificado como um trabalhador rural.95

94 Cf. PEREIRA, J. P. [et. al.]. Cadeia Produtiva da borracha natural... Op. cit.95 Cf. MONTEIRO, J. Seringal, seringalista e seringueiro. Centro de

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O seringalista é o proprietário do seringal, possuindo a posse da terra e os meios de produção do processo produtivo no estabelecimento rural. Na Tabela 3, podemos constatar que de acordo com os Censos Agropecuários de 1995-1996 e de 2006, a condição de proprietário dos seringalistas nos estabelecimentos rurais é predominante, representando 95,14% e 86,58% respectivamente. É ele que na condição de proprietário administra as atividades do seringal.

Tabela 3: Número de estabelecimentos rurais em relação à condição do produtor de látex coagulado no estado do Espírito Santo, segundo os

Censos Agropecuários de 1995-1996 e 2006

Condição do produtor em relação

às terras

Estabelecimentos

1995-1996 2006 Taxa de crescimento

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Proprietário 176 95,14 200 86,58 1,29

Arrendatário - - 4 1,73 -

Parceiro 6 3,24 22 9,52 13,87

Ocupante 3 1,62 2 0,87 -3,97

Outros 0 0,00 3 1,30 -

TOTAL 185   231   2,25

Fonte: IBGE – Censo Agropecuário, 2006.

Em relação ao número de estabelecimentos produtores de látex, conforme podemos constatar na Tabela 4, estes no período de 1995-1996 a 2006, passaram de 185 para 231, o que corresponde a uma taxa de crescimento de 2,25%. Com relação ao tamanho dos estabelecimentos produtores de borracha natural, como mostra a tabela 4, predomina os pequenos e médios estabelecimentos, quando em 1995-1996 os estabelecimentos com menos de 100 hectares correspondiam a 68,11% e no ano de 2006 essa tendência se confirma quando esses atingem 89,18% do total dos estabelecimentos produtores de látex.

Cultura dos Povos da Amazônia. Amazonas: [s. n.], 2006.

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De acordo com levantamento realizado pelo Incaper, em 2013 já havia em torno de 750 estabelecimentos produtores de seringueiras no estado do Espírito Santo. As informações desse levantamento confirmam a tendência apontada anteriormente da produção de látex ser realizada em estabelecimentos de pequeno porte, girando em torno 5 hectares. Os produtores de látex participantes do PROBORES em sua maioria são de pequeno porte, pelo programa conceder maiores benefícios a esse público.96

Outra constatação interessante, na tabela 5, é que nos anos de 1995-1996 os estabelecimentos no estrato de área de 10 a menos de 20 hectares produziam, com 24,17%, os maiores percentuais da produção total de látex no estado. Enquanto que no ano de 2006, o maior percentual de produção total de látex estadual, com 37,39%, se encontra no estrato de 20 hectares a 50 hectares. Fato que comprova uma tendência de atividade econômica de pequenos e médios produtores.

O predomínio dos pequenos e médios produtores na quantidade produzida de látex é confirmado na tabela 5, onde os estratos de áreas com menos de 100 hectares foram responsáveis por 62,64% da produção em 1995-1996 e em 2006 esses mesmos estratos de área chegaram a 95,27% do total produzido de látex.

96 Cf. GALVÊAS, P. A. O. A cadeia produtiva da seringueira com ênfase na atuação do Incaper e funcionamento dos pregões. Entrevista concedida a Taíssa Farias Soffiatti, 18 fev. 2014.

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621

20,3

353

,24

1722

37,3

975

,84

10,7

4

De

50 a

men

os d

e 10

028

79,

4062

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895

19,4

395

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100

e m

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00-1

5,25

Sem

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lara

ção

00,

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-0,

00

TOTA

L30

54 

 46

06 

 4,

19Fo

nte:

IBG

E –

Cen

so A

grop

ecuá

rio, 1

995-

1996

; IBG

E –

Cen

so A

grop

ecuá

rio, 2

006.

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Sistema agroindustrial da borracha natural no estado do Espírito Santo

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3.2. O setor à jusante da produção de látex no estado do Espírito Santo

Nesse tópico descreveremos os principais agentes à jusante da produção agrícola de látex da cadeia produtiva da heveicultura capixaba. Serão identificados os principais agentes da cadeia de processamento de comercialização de látex a partir do produtor rural e analisada a função, atuação e a relação entre os elos do sistema agroindustrial da produção da borracha natural capixaba.

3.2.1. O destino da produção do látex do estado do Espírito Santo a partir da produção rural.

Com relação ao destino da produção, conforme tabela 6, em 1995-1996, 44,99% eram entregues para as indústrias, 22,66% para as cooperativas e 32% vendida para intermediários. Nos dados referentes ao destino do látex no ano de 2006, a participação da quantidade entregue as cooperativas cai para 18% e a vendida para as indústrias cai para 17,01%, o que aumenta para 37% a quantidade vendida para os intermediários.

Mas segundo Rocha,97 apesar do aumento da participação dos intermediários na comercialização do látex no período de 1995-1996 a 2006, já no ano de 2013 os intermediários eram poucos no mercado atuando no estado, em torno de três desses agentes. Devido as cooperativas que cresceram e se tornaram dominantes nesse setor, por agregarem qualidade, confiabilidade e organização na distribuição da produção.

Nos tópicos a seguir, serão descritos em maiores detalhes as funções dos agentes envolvidos na comercialização do látex capixaba.

97 Cf. ROCHA, G. A Heveacoop no Espírito Santo. Entrevista concedida a Taíssa Farias Soffiatti. 2013.

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Tabela 6: Quantidade produzida em relação ao destino da produção de látex coagulado no estado do Espírito Santo, segundo os Censo Agropecuários de

1995-1996 e 2006

Destino da produção

Quantidade Produzida

1995-1996 2006 Taxa de crescimento

(%)Toneladas % Toneladas %

Vendida ou entregue a

cooperativa692 22,66 1254 18,72 6,13

Entregue para indústria 1374 44,99 1139 17,01 -1,86

Entregue à intermediário 984 32,22 2520 37,63 9,86

Venda direta ao consumidor 3 0,10 - - -

Outros destinos 1 0,03 1784 26,64 111,42

TOTAL 3054 100,00 6697 100,00 8,17Fonte: IBGE – Censo Agropecuário, 2006.

3.2.2. Cooperativismo na produção de borracha natural no estado do Espírito Santo

Há atualmente no estado do Espírito Santo duas cooperativas atuantes no setor de borracha natural: a Cooperativa dos Seringalistas do Espírito Santo - HEVEACOOP,98 e

98 Uma cooperativa, a Cooperativa dos Seringalistas de São Gabriel da Palha - Coopsing, foi criada em 1994, sediada no município de São Gabriel da Palha e desativada em dezembro de 1998. Cf. TEIXEIRA, C. L; NASCIMENTO FILHO, A. C. A cooperativa Coopsing e a Associação de Seringalistas e Agricultores de São Gabriel da Palha - ASSESG. Entrevista concedida a Taíssa Farias Soffiatti. 14 jan. 2014. Essa cooperativa atuava nas áreas de comercialização e industrialização do látex coagulado, na especificação GEB (Granulado Escuro Brasileiro) pelo fato de ser a matéria-prima das indústrias de pneumáticos. O surgimento dessa cooperativa se deu por iniciativa dos próprios produtores de borracha. A desativação se deu devido à difícil comercialização do GEB (Granulado Escuro Brasileiro) e o baixo preço da borracha no mercado da época, o que gerou entraves ao desempenho da mesma, mesmo sendo

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Cooperativa de Produtores de Borracha do Espírito Santo - COOPBORES.

A Coopbores, localizada no município de Linhares, foi fundada em janeiro de 2008, objetivando fortalecer o setor da heveicultura no estado do Espírito Santo. Essa cooperativa iniciou suas atividades com 20 cooperados, e em 2013 já contava com 35 membros em seu quadro de sócios, com uma média de crescimento de 11,84% ao ano nesse período de cinco anos de fundação.99

O látex comercializado pela Coopbores também é o coagulado, com a especificação CVP (Cernambi Virgem Prensado) por ser o tipo usado nas indústrias de pneumáticos, uma de suas compradoras, a partir desse látex será desenvolvido o GEB (Granulado Escuro Brasileiro) para produção dos pneus. A comercialização de látex dessa cooperativa é realizada basicamente com duas empresas: a Michelin e a Agroituberá. A Michelin, que possui uma unidade de produção de pneus no município de Linhares, compra maior parte da produção da cooperativa, cuja venda é em forma de contrato. A Agroituberá, localizada no estado da Bahia compra uma parte menor da produção da Coopbores, cuja relação comercial, por ser recente, era por mercado spot.100

As atividades da cooperativa se diversificam pela área comercial, social e técnica. A comercial são as negociações de compra e venda do látex, sendo a própria cooperativa responsável pela logística de busca do látex nos estabelecimentos rurais e venda para as empresas. A área social promove e oferece cursos e treinamentos, a fim de subsidiada pelo governo federal, através do programa da Companhia Nacional de Abastecimento - CONAB. Ibidem.

99 Cf. GOMES FILHO, E. M. A Coopbores no Espírito Santo. Entrevista concedida a Taíssa Farias Soffiatti. 30 jan. 2014.

100 Ibidem.

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capacitar o produtor rural e desenvolver o setor. Já a parte técnica está relacionada ao fornecimento de equipamentos para a cultura da seringueira, na forma de empréstimos. Nesse sentido essa área de ação funciona também como assistência técnica agronômica ao produtor rural que ainda não possui seus próprios equipamentos.101

Na Tabela 7 se encontra a série de preços reais praticados pela Coopbores no período de 2009 a 2013. Apesar de observarmos uma pequena oscilação dos preços, esses valores são maiores que os praticados em relação à média do Brasil.102 A taxa de crescimento média do preço pago aos seringalistas nesse período foi de 8,08% ao ano.

Tabela 7: Preço médio ao cooperado por kg de borracha realizado pela Coopbores, de 2009-2013.

AnoPreço deflacionado pelo IPCA de dezembro de

2013103

(R$/Kg)

2009 1,81

2010 3,14

2011 3,92

2012 3,22

2013 2,67Fonte: Adaptado, GOMES FILHO, 2014.

A Cooperativa de Seringalistas do Espírito Santo –Heveacoop foi a primeira cooperativa de seringalistas do Brasil, fundada em 17 de maio de 1991, com objetivo de aumentar a representatividade e fortalecimento do setor de heveicultura capixaba.

101 Cf. GOMES FILHO, E. M. A Coopbores no Espírito Santo... Op. cit.102 Ibidem.103 O deflacionamento foi realizado com base nos índices do IPCA de

dezembro de 2013, divulgado pelo IBGE.

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Conforme observado no Gráfico 6, essa cooperativa surgiu com 30 produtores de borracha natural e em 2012 o número de cooperados chegou a 189, com uma taxa de crescimento de 9,16% ao ano nesse período. Contribuiu significativamente, com o crescimento do número associados, para que o estado do Espírito Santo alcançasse 2.450 hectares cultivados com seringueiras em 2012.104

Gráfico 6: Evolução anual do número de associados ativos da Heveacoop no período de 1991 a 2012

Fonte: ROCHA [et. al.], 2012.

A Heveacoop opera apenas com o látex coagulado,105 em três setores: o de pesagem, logística e laboratório. Além dessas estruturas ainda possui um pequeno jardim clonal (onde se produz somente a borbulha), que após desenvolver a muda melhorada geneticamente será enxertada no caule das

104 Cf. ROCHA, G. [et. al.]. Relatório de Gestão. Cooperativa Heveacoop. Espírito Santo, 2012.

105 O látex coagulado pode ter uma coagulação natural, onde o látex retirado da seringueira vai formando coágulo para depois ser colocado nos fardos isso demanda um tempo; ou pode ser coagulado de forma mais rápida, através da adição de um ácido no látex que estimula esse processo de coagulação Cf. ROCHA, G. A Heveacoop no Espírito Santo... Op. cit; WANDERKOKEN, P. I. A Heveacoop no Espírito Santo. Entrevista concedida a Taíssa Farias Soffiatti. 2013; MORAES, H. N. A Heveacoop no Espírito Santo. Entrevista concedida a Taíssa Farias Soffiatti. 2013.

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seringueiras em formação, objetivando árvores mais vigorosas com maior produtividade e melhor qualidade de látex. Esse jardim clonal da Heveacoop é renovado a cada 8 anos.106

O látex coagulado nos seringais é transportado em fardos, por caminhões até a cooperativa que coordena e se responsabiliza por toda logística de busca e entrega do látex. Ao chegar a cooperativa esse látex é pesado e passa por um teste de qualidade, buscando definir o valor que será pago ao seringalista por aquela produção. O controle de qualidade é realizado no laboratório da cooperativa através da medição do DRC (Dry Ruber Contein), o teor de borracha seca, e a partir do resultado dessa medida se estabelece o preço que será pago pelo lote de látex. Em seguida o látex segue para as indústrias, que no caso da Heveacoop, toda sua produção é vendida à Michelin, com a qual possui um contrato de compra e venda do látex.107

O látex comercializado é do tipo CVP (Cernambi Virgem Prensado) um dos mais utilizados pela indústria. A indústria de pneumáticos prefere esse tipo de látex pelo fato dele ser matéria-prima para preparo do GEB (Granulado Escuro Brasileiro), que é a especificação do látex utilizado na produção dos pneus.108

Na Tabela 8, podemos constatar que de 1995 a 2012 passou de 81 para 230 o número de embarques, com um crescimento de 6,33% ao ano. Esse crescimento no número de embarques representou um crescimento de 10,80% ao ano na quantidade de látex entregue pelos seringalistas à cooperativa,

106 Cf. WANDERKOKEN, P. I. A Heveacoop no Espírito Santo... Op. cit; MORAES, H. N. A Heveacoop no Espírito Santo... Op. cit.

107 Cf. ROCHA, G. A Heveacoop no Espírito Santo... Op. cit; WANDERKOKEN, P. I. A Heveacoop no Espírito Santo... Op. cit; MORAES, H. N. A Heveacoop no Espírito Santo. Entrevista concedida a Taíssa Farias Soffiatti. 2013.

108 Cf. MORAES, H. N. A Heveacoop no Espírito Santo... Op. cit.

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que passou de 426 toneladas em 1992 para 3.318 toneladas em 2012. Os menores níveis de comercialização de 2008 e 2009, podem estar relacionados à instabilidade econômica no Brasil e no mundo na época, quando muitas indústrias reduziram suas atividades produtivas, causando impactos no mercado dessa matéria-prima. Em 2010, o comércio do látex voltou a se expandir, com aumento de 550 toneladas, recuperando as quedas ocorridas nos anos anteriores.

Conforme pode-se observar na tabela 8, o preço médio da borracha pagos aos cooperados foi a variável mais instável, podendo estar ligada aos momentos de crise e expansão do ciclo da borracha no Brasil, comentado em capítulos anteriores. Mas apesar dessa instabilidade verificamos que no período de 1995 a 2012 a taxa de crescimento média do preço real praticado pela Heveacoop foi de 1,9% ao ano.

Por fim, com relação a essa cooperativa é importante destacar que dentre as suas estratégias, uma merece destaque: a qualidade do látex comercializado. Uma iniciativa nesse sentido que tem dado certo é remunerar os associados individualmente com um prêmio, em valor adicional, para aqueles que entregarem a cooperativa um produto de boa qualidade.

Assim, pagam um preço pelo fardo e adicionam a esse preço o prêmio estabelecido pelo diferencial de qualidade do látex entregue, o que estimula os seringueiros a produzirem com a técnica adequada e os cuidados necessários principalmente na colheita do látex.109

109 Cf. ROCHA, G. A Heveacoop no Espírito Santo... Op. cit; WANDERKOKEN, P. I. A Heveacoop no Espírito Santo... Op. cit; MORAES, H. N. A Heveacoop no Espírito Santo... Op. cit.

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Tabela 8: Histórico da comercialização de borracha realizada pela Heveacoop, 1992-2012

Ano Número de embarques

Média mensal (t)

Total anual (t)

Preço médio pago ao produto rural deflacionado pelo

IPCA de dezembro de 2013 (R$/Kg)110

1992 - 35 426 -

1993 - 45 543 -

1994 - 84 1.009 -

1995 81 108 1.299 2,91

1996 108 139 1.665 2,94

1997 148 186 2.237 2,10

1998 161 201 2.419 2,01

1999 106 144 1.727 1,78

2000 115 159 1.906 2,11

2001 126 170 2.047 2,06

2002 128 186 2.233 2,00

2003 127 193 2.312 2,53

2004 148 229 2.790 2,93

2005 150 229 2.744 2,66

2006 168 261 3.133 2,95

2007 191 260 3.123 2,88

2008 190 246 2.955 3,18

2009 171 207 2.481 1,85

2010 208 252 3.031 3,40

2011 216 274 3.289 4,26

2012 230 277 3.318 3,48Fonte: Adaptado de ROCHA [et. al.], 2012.

110 O deflacionamento foi realizado com base nos índices do IPCA de dezembro de 2013, divulgado pelo IBGE.

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Outra iniciativa visando melhoria constante na qualidade de látex produzido pelos cooperados foi no sentido de capacitação dos seringueiros, principalmente, nas técnicas de extração do látex. Uma seringueira submetida à extração correta pode obter de 30 a 40 anos de produção, já a seringueira que não recebe o manejo correto pode chegar a apenas 25 anos de vida produtiva, pois os cortes inadequados desgastam seu caule enfraquecendo a árvore, diminuindo a capacidade produtiva e facilitando a ocorrência de doenças.111

As cooperativas são entidades organizadas que fazem um controle eficiente nesse sistema agroindustrial, na qualidade do produto e no mercado em que o produto está inserido. Essa organização no comércio valoriza a borracha no estado do Espírito Santo.

3.2.3. As indústrias de processamento no setor de borracha natural do estado do Espírito Santo

Após ser colhida, a borracha é encaminhada para usinas de beneficiamento primário, onde são utilizadas técnicas de lavagem, formação do crepe (CEB-CCB) e secagem. Além dessas técnicas mais tradicionais, existe um novo procedimento que já está em uso em algumas usinas, a granulação, a partir da qual, com a homogeneização da matéria-prima, atinge-se um nível de qualidade mais estável. Essas usinas seguem dois tipos de processo, um produz o látex concentrado e o outro a borracha sólida, isso porque o látex extraído possui diferenciações e assim alguns tipos serão usados para artefatos mais comuns no mercado, como GEB – Granulado Escuro Brasileiro, e outros terão usos mais específicos nas industrializações, como CCB - Crepes.112

111 Cf. ROCHA, G. A Heveacoop no Espírito Santo... Op. cit; MORAES, H. N. A Heveacoop no Espírito Santo... Op. cit.

112 Cf. PEREIRA, J. P. [et. al.]. Cadeia Produtiva da borracha natural... Op. cit.

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Em relação ao porte das empresas e suas estruturas, existem tanto empresas pequenas quanto empresas de grande porte, porém em sua maioria são de médio e grande porte, “cujo volume médio de processamento anual é de 2.500 toneladas de borracha beneficiada GEB e CCB”.113 As estruturas são divididas em setores como recepção, sala para armazenagem, prensagem e embalagem, usinagem, pré-secagem, fornalha, armazém para mercadorias e insumos e defumador. Todos os setores mencionados estão presentes nas usinas maiores e mais complexas, as usinas mais simples e menores utilizam materiais mais simples em sua construção e espaços menos.114

Indústria de artefatos

As industriais de artefatos possuem uma gama enorme de bens produzidos a partir do látex. Existem os produtos que utilizam o látex centrifugado como, por exemplo, as luvas cirúrgicas, preservativos, chupetas, entre outros; e os que usam a borracha sólida, por exemplo, solados, lençóis industriais, protetores, bandas de rodagem, entre outros. Essas indústrias acabam sendo muito versáteis pela enorme quantidade de produtos a serem produzidos. Dessa maneira se ocorre uma variação no preço da borracha natural é possível produzir mais bens que utilizem menores quantidades de borracha em sua formação, do que os que utilizam quantidades maiores, pois o custo deste ficará mais elevado.115 Com isso essas indústrias se adequam ao mercado e aperfeiçoam suas produções e vendas, levando em consideração as variações dos diversos campos e setores ligados à borracha natural.

113 Cf. PEREIRA, J. P. [et. al.]. Cadeia Produtiva da borracha natural... Op. cit., p. 34.

114 Cf. Ibidem. 115 Cf. Ibidem.

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A Multimodos S.A é uma indústria de artefatos farmacêuticos e higiênicos, localizada no município de Colatina na Região Noroeste do estado do Espírito Santo.Numa primeira fase produzirá apenas preservativos masculinos de látex para atender principalmente o mercado nacional.Os clientes são as farmácias, supermercados, hotéis, motéis, lojas de conveniência, bem como o governo estadual e federal.116

Segundo Feitosa,117 existe uma previsão de quantidades produzidas anual e mensal, em unidades, desenvolvida para os 05 primeiros anos de produção, conforme especificado na Tabela 9.

Tabela 9: Previsão da produção anual e mensal, da fábrica Multimodos, no período de 2015 a 2019118

Ano 2015* 2016* 2017* 2018* 2019*

Quantidade anual (un) 54.000.000 72.964.800 98.590.032 133.214.856 179.999.916

Quantidade mensal (un) 4.500.000 6.080.400 8.215.836 11.101.238 14.999.993

* Valores que eram previstos em 2014, ano da entrevista e coleta de dados.Fonte: FEITOSA, 2014.

A matéria-prima utilizada pela indústria no processo produtivo é o látex natural centrifugado. Essa especificação de látex é um tipo beneficiado que raras empresas

116 Cf. FEITOSA, G. A. Indústria de artefatos Multimodos S. A. Entrevista concedida a Taíssa Farias Soffiatti. 16 jan. 2014.

117 Cf. Ibidem.118 Essa previsão foi definida por meio de entrevista realizada no ano de

2013. Hoje a fábrica Multimodos ganhou mais mercado e tem um projeto de Unidade Industrial para fabricação de preservativos masculinos de látex de vulcanização termoquímica, com capacidade para produção de 15 milhões de preservativos por mês distribuídos em um conjunto industrial de alta tecnologia e qualidade. Para mais informações sobre a empresa, acesse: Cf. MULTIMODOS. Projeto Multimodos, Colatina. Disponível: <http://www.multimodos.com.br/invest.html>.

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produzem, sendo então necessário importá-lo da Tailândia. A Multimodos buscava ainda um acordo com o Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural - INCAPER para uma melhor estruturação da cadeia produtiva da seringueira no estado do Espírito Santo visando produzir esse látex diferenciado utilizado nas indústrias de artefatos.119

Indústria de Pneumáticos

Nas indústrias de pneumáticos é necessária borracha natural de qualidade como matéria-prima. Os principais componentes de um pneu são borracha natural, derivados do aço e derivados do petróleo, componentes esses que podem ser combinados em diferentes proporções dependendo do tipo de pneu a ser produzido. Nos pneus para caminhões e ônibus a borracha natural participa com 31% do total do custo de produção. Já os pneus radiais, hoje os mais vendidos com 80% das vendas para reposição e indústria, utilizam maiores quantidades de borracha natural elevando o custo final da produção, em quase o dobro.120

As indústrias de pneumáticos chegam ao investimento de U$ 100 milhões nas áreas de tecnologia, manutenção, equipamento e treinamento. Com isso mantém sempre alta a qualidade do produto proporcionando um aumento constante das exportações de pneumático, gerando milhares de empregos diretos e indiretos.121 Esses investimentos objetivam manter e melhorar a modernização dos parques industriais, a fim de continuar com o alto padrão de produção e elevar a confiabilidade ao cliente com relação ao produto.

119 Cf. FEITOSA, G. A. Indústria de artefatos Multimodos S. A... Op. cit.120 Cf. PEREIRA, J. P.[et. al.]. Cadeia Produtiva da borracha natural... Op. cit.121 Cf. Ibidem.

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No estado do Espírito Santo, no setor de pneumáticos existe em operação uma unidade fabril da Usina Michelin, localizada no município de Sooretama. Essa usina compra o látex tipo CVP, onde passa por um processo de produção (com a desaglomeração, trituração, lavagem, secagem e prensagem), até originar o GEB que é 100% borracha, uma vez que é removida toda a umidade existente no coágulo. Esse GEB é o produto final da usina Michelin no estado, e toda sua produção é enviada para a fábrica Michelin no Rio de Janeiro.122

A Michelin compra o CVP de pessoa física ou jurídica, desde que possua nota fiscal e esteja em dia com as obrigações legais. Adquirem sua matéria-prima das duas cooperativas atuantes no estado, que compra 100% da produção originada da Heveacoope e 50% da produção realizada na Coopbores. Essa compra da Michelin das cooperativas é por meio de contratos. A usina Michelin compra também de seringalistas não associados às cooperativas, na forma de negociação a cada 60 dias (sem contrato), conseguindo absorver 100% da produção desses produtores que fazem parte da comercialização. Por não possuir fornecedores fixos, com exceção das cooperativas, esse número varia em torno de 150 a 200 produtores durante o ano.123

Os clientes (compradores) dos pneus Michelin são as distribuidoras Michelin, distribuidoras de marcas variadas, concessionárias de veículos, montadoras (quando o veículo sai com o pneu Michelin de fábrica) e lojas.124

A Michelin possui entre 15 e 20 usinas em São Paulo, uma no Mato Grosso, duas na Bahia e uma no Espírito Santo, sendo todas essas para produção do GEB. Apenas no Espírito

122 SANTANA, N. Indústria pneumática Michelin. Entrevista concedida a Taíssa Farias Soffiatti. 11 fev. 2014.

123 Ibidem.124 Ibidem.

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Santo possui uma usina Michelin de látex centrifugado, que absorve produção nacional e internacional, devido sua rara especificação. O Espírito Santo é responsável pelo abastecimento de um terço das necessidades da Michelin, sendo o restante fornecido por outros estados, como São Paulo e Bahia.125

Indústria de Centrifugação

A Viana Agroindustrial Ltda localizada no município de Viana é uma indústria de centrifugação instalada no estado do Espírito Santo. Essa indústria foi fundada e começou a produzir a partir de 1990.126

Essa centrifugadora opera realizando um tratamento no látex, a partir da retirada de impurezas e aumento da concentração do mesmo. O preço pago pela Viana Agroindustrial ao seringalista é em média R$ 2,00/Kg de DRC (Dry Ruber Contein), que entra nas máquinas com 35% de borracha e quando sai apresenta concentração em torno de 62%. Esse látex mais concentrado que sai da centrifugadora é denominado de látex centrifugado 60%.

O fornecimento de látex para Viana Agroindustrial é de seringais dos estados do Espírito Santo e Bahia, por meio de contratos verbais ou escritos com produtores. Esses contratos são executados com prazo determinado. Já o destino do látex centrifugado é na sua maioria para São Paulo e Sul do país. As empresas compradoras desse látex são principalmente as fabricantes de solado de sapato, antiderrapante, tapetes, colchões, tinta, luvas de proteção, balões, brinquedos infantis e peças de borracha em geral.127

125 Cf. SANTANA, N. Indústria pneumática Michelin... Op. cit.126 Cf. OLIVEIRA, D. S. Indústria Centrifugadora Viana Agroindustrial

Ltda. Entrevista concedida a Taíssa Farias Soffiatti. 04 fev. 2014.127 Cf. Ibidem.

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3.3. O setor à montante da produção agrícola do sistema agroindustrial da borracha natural no estado do Espírito

Santo

Nesse tópico descreveremos os principais setores que iniciam à cadeia produtiva da seringueira no estado do Espírito Santo, ou seja, aquele que é anterior à produção no campo. Serão destacados a importância, a função e a atuação de cada um e a relação deles com o setor da produção agrícola do látex.

3.3.1. Fornecimento de Insumos

Os insumos são aqueles recursos aplicados nas seringueiras em suas diversas fases produtivas. São basicamente os fertilizantes, os defensivos químicos, os estimulantes e os utensílios de coleta de látex. Os fertilizantes têm a função específica de nutrição suplementar das plantas. Os defensivos são aplicados nos seringais para controle de pragas e doenças. Os estimulantes são usados para elevar a capacidade de escoamento do látex após a sangria, e estão relacionados com a quantidade de água disponível no solo. Os tipos de estimulantes mais comuns utilizados na produção de seringueiras é o ethrel e o etherfon, ácidos que são aplicados nas plantas como hormônios, a fim de estimular a produção de látex.128

Os defensivos e estimulantes aplicados na produção das seringueiras não utilizam registros específicos de comercialização para a atividade seringueira, pois muitos não têm indicação no rótulo para esse fim, mas são eficientes quando usados nos seringais. Resumindo, há ausência de regulamentação específica na comercialização dos defensivos e estimulantes para a atividade seringueira, o que impossibilita aos seringalistas comprar produtos devidamente registrados.129

128 Cf. SOUZA, I. A. Sangria da Seringueira: guia prático para o seringueiro. Vitória: Incaper, 2013.

129 Cf. ROCHA, G. A Heveacoop no Espírito Santo... Op. cit;

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Enfim, a forma de aquisição dos diversos insumos é àquela em uso para todos os setores do agronegócio, sendo assim comprados pelos seringalistas em mercado spot em estabelecimentos comerciais distribuídos em praticamente todos os municípios do estado do Espírito Santo.

3.3.2 Produção das Mudas

A produção das mudas de seringueiras deve ser em viveiros, credenciados pelo poder público e seguir a regulamentação da Instrução Normativa nº 29 de 2009 que normatiza as atividades de produção de mudas, estabelecendo exigências referentes à produção, localização, certificação, cuidados e prazos, buscando garantir a origem e a qualidade das mudas dessas plantas. Essas normas são rigorosas, ainda em adaptação no estado do Espírito Santo, sendo seguidas e aprimoradas aos poucos para não provocar transtornos à produção e aos produtores.

A Instrução Normativa 29, que foi editada em 05 de agosto de 2009, trata dos padrões de origem e qualidade, das exigências para a produção de sementes e mudas, sendo válida em todo o Brasil. Além disso, essa instrução normativa estabelece que os estados podem fazer suas próprias legislações especificas, a fim de complementar essa norma federal.130

Sua normatização estabelece prazo para que o produtor apresente aos fiscais alguns documentos importantes, com relação à posse da terra, ao projeto técnico da produção, aos laudos de vistorias, a compra das sementes ou mudas, a prestação de serviços caso haja, as operações comerciais realizadas e aos atestados de origem genética caso utilize

WANDERKOKEN, P. I. A Heveacoop no Espírito Santo... Op. cit.130 Cf. BRASIL. Instrução Normativa nº 29: Ministério da Agricultura.

Normas Brasil, 2009.

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clones na produção. Além disso, exige que o cadastramento do produtor e da produção esteja atualizado, referente ao endereço do viveiro ou jardim clonal, mapa da produção, identificação das plantas (com data da coleta, peso, lote e nome do produtor) e informação da muda se é certificada ou não.131

Em relação aos padrões técnicos exigidos, ressalta o cumprimento dos espaçamentos na plantação, adequação dos tamanhos de recipientes e cuidados, principalmente na hora da transplantação do jardim clonal para o viveiro e do corte na planta no momento da enxertia e da extração, para garantir que planta cresça saudável e produtiva.132

Essa certificação das mudas, através do cumprimento da Instrução Normativa 29, visa proteger e resguardar os bons produtores que as adotem, pelo fato dessas normas garantirem a origem, o cuidado e a qualidade das plantas através da possibilidade de rastreamento e fiscalização do processo produtivo.133

A produção de mudas das seringueiras se inicia com o plantio das sementes em viveiros, quando em 10 dias após o semeio ocorre a germinação das sementes. No momento em que a plântula no viveiro se apresenta na forma de um galho visível no formato de um palito, são cuidadosamente retiradas da sementeira e transplantadas para uma área específica do viveiro, local em que seu desenvolvimento irá progredir e futuramente serão enxertadas, como parte do processo de produção das mudas.134

131 Cf. BRASIL. Instrução Normativa nº 29... Op. cit.132 Ibidem.133 Cf. FONTES, J. L. [et. al.]. Casa da Agricultura... Op. cit.134 Cf. MONTHÉ, C. G; SANTOS, G. R. Prospecção e perspectivas da

borracha natural, Hevea brasiliensis... Op. cit.

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Esses viveiros são de dois tipos, os de sacos plásticos e os de chão. Viveiros em sacos plásticos são quando as plântulas germinam das sementes e vão direto para os sacos plásticos que são enterrados para garantir a conservação da muda e nesse mesmo local serão enxertados. Já os viveiros de chão, onde as plântulas vão direto para o solo, em plantações de mudas com espaçamentos específicos para garantir um bom crescimento e nesse local ocorrerá a enxertia. As plantas formadas em ambos tipos de viveiros passarão pelo processo de enxertia, com possibilidade de melhoramento genético visando aumento de produtividade das lavouras.135

Figura 5: Viveiro de mudas de Hevea brasiliensis.

Fonte: Incaper, 2014.

A enxertia é realizada com borbulhas oriundas dos jardins clonais. O jardim clonal é uma estrutura muito importante para a produção de mudas, pois nele se realiza a produção de borbulhas possibilitando a formação de mudas geneticamente melhoradas, garantindo um material com alta qualidade e produtividade de látex.136

135 Cf. FONTES, J. L. [et. al.]. Casa da Agricultura... Op. cit.136 Cf. ENXERTIA. Programa Seringueira. Instituto Agronômico –

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Figura 6: Mudas de jardim clonal e mudas enxertadas nos viveiros.

Fonte: Incaper, 2014. Na figura 6: 1. Jardim Clonal com placa especificando a espécie e a origem; 2. Enxertia feita em muda; 3. Enxertia feita em planta

adulta.

No Espírito Santo, em 2013, estavam em operação aproximadamente 20 viveiros registrados, buscando principalmente desenvolver mudas de qualidade para uma produção de látex mais eficiente. Em entrevistas realizadas, a maioria dos produtores de mudas decide pela quantidade produzida a partir das demandas do estado e dos produtores rurais, produzindo basicamente por encomenda. A demanda do estado é incerta pelo fato do leilão contemplar somente um concorrente. Nesse caso, os viveiristas explicaram que

IAC. São Paulo. Disponível em: <http://www.iac.sp.gov.br/areasdepesquisa/seringueira/enxertia.php>. Acesso em: 30 jan. 2014.

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uma parte dessa demanda estadual eles deixam em produção antecipada e o restante só será produzido quando o negócio for fechado, minimizando as perdas, pois esse percentual produzido com antecedência é facilmente realocado na demanda dos produtores rurais caso não ganhem o leilão. Dentre os entrevistados, apenas um viveirista não participa dos leilões realizados pela Secretaria da Agricultura do Espírito Santo. As mudas produzidas são todas clonadas, pois garante melhor qualidade do látex, afirmam os viveiristas entrevistados. Nos últimos três anos um mesmo viveirista, Paulo Ceolin Junior, venceu os pregões do estado. Segundo ainda Paulo Ceolin no Espírito Santo foi criado há pouco tempo a Associação dos Produtores de Sementes e Mudas do Espírito Santo - (ASPLAMES) que em 2013 possuía 17 associados. Esses viveiros estavam localizados em diversos municípios do estado, como por exemplo, Guarapari, Linhares, Sooretama, Viana, Vila Velha, São Gabriel da Palha entre outros.137

Existem viveiristas clandestinos no Espírito Santo, porém suas produções são muito pequenas, em sua maioria para consumo próprio ou venda para vizinhos. Dessa forma a existência desses agentes não chega a influenciar o sistema agroindustrial da borracha natural.138

Os jardins clonais credenciados são instalados próximos aos viveiros, podendo o viveirista possuir também um jardim clonal. O manuseio das borbulhas exige muitos cuidados, pois envolve um processo biológico delicado.

137 Cf. CEOLIN JUNIOR, P. Viveirista no estado do Espírito Santo. Entrevista concedida a Taíssa Farias Soffiatti. 06 fev. 2014; WANDERKOKEN, P. I. Viveirista no estado do Espírito Santo. Entrevista concedida a Taíssa Farias Soffiatti. 07 fev. 2014; MOTTA, A. P. Viveirista no estado do Espírito Santo. Entrevista concedida a Taíssa Farias Soffiatti. 07 fev. 2014.

138 Cf. CEOLIN JUNIOR, P. Viveirista no estado do Espírito Santo... Op. cit; GALVÊAS, P. A. O. A cadeia produtiva da seringueira com ênfase na atuação do Incaper e funcionamento dos pregões... Op. cit.

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A localização deles é principalmente nos municípios de Guarapari, Linhares, Cachoeiro de Itapemirim, Sooretama e Viana. Além dos jardins clonais instalados juntos aos viveiros existem os jardins clonais do Incaper, em grande produção em diversos municípios, com a função de vender para os viveiristas e para os produtores que estão montando seu próprio jardim clonal.139 Os mesmos buscam desenvolver plantas com materiais melhorados geneticamente, com o propósito de aumentar a resistência a doenças, produtividade e qualidade, que serão enxertados nas mudas cultivadas nos viveiros de chão ou dos sacos plásticos e em seguida plantadas nos seringais definitivos.

A produção de mudas é um processo que leva em torno de dois anos, prazo considerado demorado em comparação com produção de mudas de outros vegetais. A produção de mudas de seringueiras tem muito contato com o solo, ficando mais suscetíveis a infecção de doenças, necessitando ainda de novas tecnologias nessa fase objetivando um processo de formação de mudas de seringueira mais rápido e eficiente, e redução dessas contaminações com doenças.140

Em 2012, o valor de mercado dessas mudas melhoradas geneticamente do tipo raiz nua (mudas plantadas nos viveiros de chão) chegou a R$ 3,80, adquiridas pelo governo, através dos pregões. Nesse mesmo ano foram adquiridas em pregões a quantidade de 250 mil mudas produzidas pelo estado do Espírito Santo.141

139 GALVÊAS, P. A. O. [et. al.]. Programa de Desenvolvimento da Heveicultura Capixaba – PROBORES... Op. cit.

140 Cf. FONTES, J. L. [et. al.]. Casa da Agricultura... Op. cit.141 Cf. GALVÊAS, P. A. O. A cadeia produtiva da seringueira com ênfase

na atuação do Incaper e funcionamento dos pregões... Op. cit.

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3.4. Setores de apoio e coordenação do sistema agroindustrial da borracha natural no estado do Espírito

Santo

Nesse tópico apresentaremos os principais agentes de apoio e coordenação da cadeia produtiva da seringueira no estado do Espírito Santo. Analisando sua importância e função, na cadeia produtiva da borracha natural capixaba.

3.4.1. As políticas de apoio ao cultivo da seringueira no estado do Espírito Santo

Política de crédito

Os créditos concedidos aos produtores para estimulo do setor da heveicultura são PROPFLORA, PRONAF e FCO-Pronatureza, coordenados pelo programa PROBORES.

O Programa de Plantio Comercial e Recuperação de Florestas-PROPFLORA do BNDES. Por esse programa o seringalista pode financiar um valor de até R$150.000,00 (65% destinados à implantação e 35% destinados a manutenção, durante quatro anos), onde esse valor custeia uma plantação de aproximadamente 15 a 18 hectares de seringueiras; a taxa de juros é de 8,75% ao ano, com carência de 8 anos e prazo de 12 anos para quitação. Esse formato de financiamento tem como entrave as altas taxas de juros, que dificultam os pequenos e médios produtores aderirem a ele.142

O segundo formato é Programa de Fortalecimento da Agricultura Familiar, que para a heveicultura é na modalidade PRONAF Florestal do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA). No PRONAF Florestal é disponibilizado um financiamento que custeia uma produção em torno de

142 GALVÊAS, P. A. O. [et. al.]. Programa de Desenvolvimento da Heveicultura Capixaba – PROBORES... Op. cit.

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1 hectare. O ideal para o estado do Espírito Santo seria um valor de financiamento, que atenda pelo menos um pequeno produtor, cuja área média é de 5 a 10 hectares. A taxa de juros é de 4% ao ano, e caso haja adimplência é concedido 1% de desconto, com carência de 8 anos e prazo de 12 anos para quitação. Nessa modalidade de financiamento o entrave está no valor liberado, que custeia uma produção excessivamente pequena, abaixo do ideal.143

A terceira forma de financiamento é o FCO-Pronatureza do Ministério da Integração Nacional (MIN). O valor financiado nesse projeto varia de acordo com o tamanho da produção, em que há o financiamento de 100% para os mini e pequenos produtores, de até 90% do total de investimentos para os médios produtores e de até 80% para os grandes produtores, e as cooperativas e associações ligadas a qualquer um desses produtores. As taxas de juros também variam, sendo aplicadas taxas de 6% ao ano para o mini produtor, de 8,75% ao ano para pequenos e médios produtores e de 10,75% ao ano para os grandes produtores, e havendo adimplência se concede um bônus de 15%. A carência é de 8 anos e um prazo de 15 anos para quitação.144 Esse programa facilita o produtor por estabelecer um prazo maior para quitação dos empréstimos e por possuir custos e prazos diferenciados para quitação de acordo com tamanhos dos estabelecimentos rurais, porém as taxas de juros aplicadas mesmo que diferenciadas são altas.

Política de subsídio à comercialização de mudas

Os pregões acontecem de forma eletrônica, onde as empresas e/ou viveiristas se cadastram para participar,

143 GALVÊAS, P. A. O. [et. al.]. Programa de Desenvolvimento da Heveicultura Capixaba – PROBORES... Op. cit.

144 Ibidem.

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desde que estejam devidamente registradas no Ministério da Agricultura. Essa é uma forma de comercialização das mudas com o estado, que necessita dessa demanda para revenda das mudas, nos moldes do programa PROBORES, para os produtores participantes. No pregão qualquer empresa que tenha registro e capital circulante pode participar mesmo não sendo da área da heveicultura ou mesmo do setor de agronegócio.145

Esse pregão é previamente anunciado com data e horário para acontecer, durante o prazo determinado, onde os concorrentes fazem seus lances e vencendo aquele de menor preço. O Incaper realiza antes do pregão uma pesquisa de preços com alguns produtores de mudas, a fim de estabelecer um preço médio, que funcionará como uma margem. O objetivo é diminuir esse preço para que fique abaixo dessa margem, porém se o mesmo fugir do estipulado se mantendo muito acima da margem o pregão é cancelado.

O vencedor do pregão terá 48 horas para apresentar todas as documentações e registros da empresa, provando estar juridicamente apto para atuar no mercado. Em seguida, se uma empresa que não possui produção de mudas vence, a mesma deve providenciar junto à viveiristas a compra das mudas e entregar a produção de acordo com o contrato. Não conseguindo a quantidade acordada ela perde o contrato.146

Em relação à quantidade de mudas comercializadas nesse pregão, a demanda é aquela determinada pelo programa PROBORES que tem sido recentemente de 250 mil mudas. Essa quantidade é definida pela capacidade de produção do mercado no estado do Espírito Santo, apesar da demanda

145 Cf. GALVÊAS, P. A. O. A cadeia produtiva da seringueira com ênfase na atuação do Incaper e funcionamento dos pregões... Op. cit.

146 Cf. Ibidem.

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poder ser acima disso. Alguns viveiristas produzem acima das quantidades estabelecidas nos pregões comercializando o excedente com outros seringalistas não beneficiados pelo programa e compras via pregões. O diferencial entre a venda de mudas para o estado e para produtores está no preço, pois o estado com os pregões reduz o preço da muda, e o viveirista pode vender a um preço acima para venda direta aos produtores de látex.147

Após o recebimento das mudas, o Incaper realizará a entrega para os produtores participantes do programa PROBORES. O Incaper possui uma divisão do estado em 4 regiões, conforme anexo J, que são coordenadas por técnicos do próprio instituto responsáveis pelos municípios presentes em cada uma delas. Deste modo os técnicos solicitam aos municípios o levantamento da demanda de mudas dos produtores daquela região, com esses dados são definidos o quantitativo necessário de mudas. A partir do conhecimento dessa quantidade os viveiristas informam a possibilidade de entrega das mudas para o Incaper, que fará o transporte das mudas do viveiro direto para uma sede do Incaper no município que solicitou a demanda. Assim que as mudas chegam ao município os produtores fazem a retirada de suas mudas direto no caminhão.148

O histórico dos preços estabelecidos nos pregões e os pagos pelos seringalistas de 2009 a 2013 se encontram na Tabela 10. Para 2014, estima-se que o pregão operará em um preço aproximado, por muda, em R$ 4,20, buscando reduzir ao máximo possível esse valor.149

147 Cf. GALVÊAS, P. A. O. A cadeia produtiva da seringueira com ênfase na atuação do Incaper e funcionamento dos pregões... Op. cit.

148 Ibidem.149 Ibidem.

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Tabela 10: Preços por muda, deflacionados pelo IPCA de dezembro de 2013, em reais, no período de 2009 a 2013 para seringalistas no estado do

Espírito Santo.150

Número de mudas

Equivalente em hectares 2009 2010 2011 2012 2013

1 a 893 1 0,64 0,70 0,72 0,76 0,77894 a 3572 2 a 4 1,61 1,77 1,79 1,92 1,92

3573 a 4465 5 2,25 2,48 2,51 2,68 2,71

Custo da Muda 3,16 3,52 3,59 3,83 3,83

Fonte: Incaper, 2013.

Verificamos com esses valores a diferença entre os percentuais de desconto, concedidos pelo Incaper aos produtores participantes do PROBORES, referentes aos intervalos de quantitativos de mudas. Em que, no intervalo com menores quantidades de mudas o desconto chega a 80%, no mediano o preço da muda recebe 50% de desconto e no intervalo com maiores quantidades 30%, o que reforça o incentivo aos pequenos e médios seringalistas ou mesmo aos que estão iniciando suas produções em seringais. Constatamos, também, que os preços pagos pelos seringalistas, independentemente dos intervalos do número de mudas, são inferiores aos pagos pelo governo estadual nos pregões. A diferença de preços arrecada pelo Incaper na forma de um fundo controlado pelo instituto é usada pelo mesmo para programas no setor.151

Política de garantia dos preços

A CONAB – Companhia Nacional de Abastecimento é responsável pela execução da Política de Garantia dos Preços

150 O deflacionamento foi realizado com base nos índices do IPCA de dezembro de 2013, divulgado pelo IBGE.

151 Cf. FONTES, J. L. [et. al.]. Casa da Agricultura... Op. cit.

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Mínimos (PGPM) no agronegócio. Essa política visa o equilíbrio dos setores durante crises ou oscilações dos preços, com isso garantindo a renda do produtor rural e, das próprias cooperativas. À vista disso a política de garantia dos preços mínimos é mais ativa em períodos de crise em determinado setor.152

Esse mecanismo é importante para normatizar o abastecimento de alimentos no país e aquecer a agricultura. Sua ação pode ser na sustentação da renda do setor, quando o produtor passa por um momento crítico, principalmente no caso da agricultura familiar, ocorrendo à redução do excesso de oferta ou recondução desse excedente para o mercado nos períodos de entressafra, buscando a elevação dos preços. Outra atuação dessa política é gerar estoques para que sejam vendidos num momento adequado, a fim de equilibrar o mercado consumidor, sem gerar excesso ou escassez de demanda.153 Na Tabela 11 verificamos os preços mínimos aplicados na produção de borracha em 2012 e 2013.

Os valores estavam abaixo do preço de mercado, pelo fato de garantirem apenas o sustento do setor em períodos de crise, sendo estipulados com base no custeio da produção. Em relação aos preços do látex coagulado, todos estão abaixo de R$ 2,60, onde a média do preço/kg da borracha praticada no mercado, era de R$ 3,80/kg no ano de 2013.154 Assim, essas políticas não causavam efeitos sobre o setor de borracha natural capixaba.

152 Cf. POLÍTICA de Garantia dos Preços Mínimos. Companhia Nacional de Abastecimento - CONAB. Brasil, 2014. Disponível em: <http://www.conab.gov.br/conteudos.php?a=549&t=>. Acesso em: 17 fev. 2014.

153 Ibidem.154 Cf. POLÍTICA de Garantia dos Preços Mínimos... Op. cit.

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Tabela 11: Política de Garantia de Preços Mínimos na heveicultura, referente a 2012 e 2013

Preço Recebido pelo Produtor

Ano

Borracha Cernambi Virgem Prensado(1 kg)

Borracha Látex (1

kg)

AC AM MT PA RO SP ES

Jul/12 1,80 2,78 3,25 2,50 3,25 2,69 2,30

Ago/12 1,76 2,78 2,92 2,50 3,02 2,57 2,06

Set/12 1,60 2,74 2,83 2,50 2,50 2,50 2,00

Out/12 1,50 2,69 2,69 2,50 2,50 2,36 2,00

Nov/12 1,76 2,61 2,58 2,50 2,46 2,30 2,00

Mar/13 1,79 2,51 2,90 2,50 2,63 2,93 2,00

Abr/13 1,79 2,50 2,75 2,50 2,63 2,82 2,00

Mai/13 1,75 2,50 2,75 2,50 2,65 2,70 2,00

Jun/13 1,69 2,51 2,48 2,50 2,56 2,40 1,78

Jul/13 1,63 2,50 2,40 2,50 2,50 2,31 1,70

Ago/13 1,63 2,50 2,40 2,50 2,45 2,27 1,70

Set/13 1,64 2,50 2,40 2,50 2,45 2,25 1,70

Out/13 1,65 2,51 2,50 2,50 2,45 2,25 1,70

Nov/13 1,65 2,55 2,60 2,45 2,45 2,30 1,93Fonte: CONAB, 2013.

A política de pesquisa e assistência técnica

O Incaper - Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural, coordena e administra os recursos públicos da cadeia da seringueira juntamente com a SEAG – Secretaria de Estado da Agricultura, Abastecimento, Aquicultura e Pesca.

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Além disso, o Incaper é responsável técnico pela heveicultura no Espírito Santo, com treinamentos, cursos e palestras com o objetivo de capacitar o seringueiro. Um exemplo de curso realizado por esse instituto é o de sangria, onde o seringueiro se capacita para realizar a sangria para extração do látex. O instituto desenvolve ainda pesquisas nas áreas de melhoramento genético, controle de doenças, buscando inovações e desenvolvimentos no cultivo da borracha natural.155

É importante ressaltar a proximidade da relação do produtor com o Incaper, que quando o objetivo do plantio de seringueiras é para reflorestamento, o Incaper realiza uma visita técnica ao produtor participante do programa e doa 15% da quantidade de mudas necessárias ao plantio. Assim, constatamos que o Incaper atua em variadas fases do processo produtivo da seringueira, buscando a melhor qualidade do plantio e da produção do látex.156

3.4.2. As organizações coletivas do sistema agroindustrial da borracha natural no estado do Espírito

Santo

Associação de Seringalistas e Agricultores de São Gabriel da Palha – ASSESG157

Um órgão a ser destacado no apoio e coordenação é a Associação de Seringalistas e Agricultores de São Gabriel da Palha - ASSESG, que funciona no município de São Gabriel da Palha no Espírito Santo, apesar do fechamento

155 Cf. GALVÊAS, P. A. O. A cadeia produtiva da seringueira com ênfase na atuação do Incaper e funcionamento dos pregões... Op. cit.

156 Ibidem.157 A Associação de Seringalistas e Agricultores de São Gabriel da Palha

– ASSESG consta com o CNPJ ativo, porém “inapta devido a omissão de declarações”. Dessa forma, não podemos afirmar se o seu funcionamento se manteve até o presente ano de 2020.

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da cooperativa Coopsing que funcionava no mesmo município. A associação possuía em 2013 em torno de 40 sócios e sua área de atuação era em toda a região Noroeste do estado do Espírito Santo. Os objetivos da ASSESG eram o organizar a produção de borracha dos associados, incentivar e apoiar a produção tecnificada de mudas, procurar novos mercados que ofereçam os melhores preços, auxiliar na aquisição dos insumos e materiais usados no corte (sangria) da seringueira, bem como a realização de reuniões e cursos de aperfeiçoamento com intuito de aprimorar as técnicas utilizadas na extração gerando uma melhor qualidade da borracha. Além disso, ela também transferiu informações técnicas atualizadas para seus associados, sendo uma forma de mantê-los informados do desenvolvimento da cadeia produtiva. A área técnica era realizada com apoio e parceria com o Incaper.158

As cooperativas como órgãos de apoio e coordenação

As Cooperativas no estado do Espírito Santo têm como principal função a organização da cadeia para produção de látex com qualidade diferenciada no mercado. A Heveacoop e a Coopbores atuam no mercado, com ações políticas referentes à produção da borracha e na regulação dos preços no Espírito Santo. Além disso, as cooperativas também desenvolvem atividades ligadas à administração e técnicas que devem ser aplicadas no seringal, buscando melhor capacitação dos seringueiros. Sem contar as ações de apoio e incentivo ao setor que são realizadas a partir da parceria entre as cooperativas e o Governo do estado, facilitando ao produtor a expansão dos seringais em operação bem como para a de criação de novos.

158 Cf. TEIXEIRA, C. L.; NASCIMENTO FILHO, A. C. A cooperativa Coopsing e a Associação de Seringalistas e Agricultores de São Gabriel da Palha - ASSESG... Op. cit.

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Dessa maneira tem sido importante para o crescimento contínuo da produção de látex a atuação das cooperativas no setor. No Espírito Santo a relevância das cooperativas se manifesta também, conforme discutido anteriormente, no sentido de que parte significativa da comercialização do látex é realizada através delas.

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Considerações FinaisA extração de látex da seringueira teve início na região

amazônica, no princípio pelos nativos e posteriormente, a partir do século XIX por colonizadores. A partir do final da segunda década daquele século, o Brasil iniciou a exportação de borracha natural.

Devido às utilidades proporcionadas ao ser humano pelos produtos desenvolvidos a partir do látex sua demanda cresceu nos países industrializados o que estimulou sua produção no Brasil, chamando a atenção da nação mais poderosa do mundo no século XIX, a Inglaterra, para essa matéria prima brasileira. Em 1875, sementes foram levadas para a Inglaterra e posteriormente para sudeste asiático, onde a planta se adaptou às condições edafoclimáticas, se expandindo pelos países daquela região, especialmente na Malásia. Até o final do século XIX, o Brasil foi um monopólio no mercado mundial de borracha, perdendo essa condição de mercado quando a produção dos países do sudeste asiático chegou ao mercado mundial.

No Brasil, para além dos estímulos do mercado, historicamente a expansão do cultivo de seringueiras sempre esteve ligada às políticas públicas de incentivos, principalmente do governo federal, como o Probor I, Probor II e o Probor III, além de programas regionais ligados a esses do governo federal. Mas no país, junto aos fatores acima citados, contribuiu para expansão das áreas cultivadas da seringueira para além da Amazônia, os benefícios que esse plantio proporciona ao meio ambiente, na proteção do solo e nascentes e ao sequestro de carbono do ar atmosférico.

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Sistema agroindustrial da borracha natural no estado do Espírito Santo

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No estado do Espírito Santo a introdução dessa atividade se deu por iniciativa de empresários, no início para sombreamento do plantio do cacau e como plantio comercial como no caso da fazenda “Tira-Teima” no município de Vila Velha. A adaptabilidade comprovada das plantas ao território capixaba nos plantios pioneiros, fez com que essa unidade da federação entrasse nos programas públicos de incentivo à produção de látex a partir do PROBOR II de 1977. Desde então, o cultivo da seringueira se expande para vários municípios do estado, quando no ano de 2013, já contava com aproximadamente 750 estabelecimentos rurais nesse setor, com um crescimento em torno de 10% ao ano, no período de 1995-96 a 2013 referente ao número de estabelecimentos produtores de látex. Uma característica marcante no Espírito Santo, é que predomina os pequenos e médios estabelecimentos agrícolas na produção de látex.

A cadeia produtiva da borracha natural do Espírito Santo é fortemente estruturada. As cooperativas são agentes importantes, tanto na comercialização como órgãos de apoio e coordenação nessa cadeia, influenciando inclusive no sentido do preço do látex praticado no estado, que ainda em 2013 era o maior do Brasil. Essa estrutura cooperativa também se torna um fator de estímulo ao plantio de florestas da Hevea brasiliensis.

As políticas públicas, coordenadas pelo PROBORES, de subsídio à comercialização de mudas, a assistência técnica, geração de inovações e capacitação de seringalistas e seringueiros pelo Incaper são ações fundamentais de estímulos aos produtores rurais do setor, agindo também no sentido de tornar a cadeia mais dinâmica e eficiente.

As indústrias instaladas que operam com látex produzido no estado são duas, a Viana Agroindustrial e a Michelin, que junto com as cooperativas adquirem praticamente todo

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o látex produzido pelos produtores capixabas, garantindo historicamente mercado para os seringalistas.

No setor a montante, com exceção da produção e comercialização das mudas, a aquisição de insumos e equipamentos por parte dos seringalistas se faz por mercado spot, nos estabelecimentos comerciais atuantes nesse mercado em todos os municípios do estado, o que dispensa uma integração maior a montante da produção no campo.

Uma estratégia importante seria no sentido de orientar os produtores de látex a se filiarem às cooperativas, já que o número total de filiados até 2013 era em torno de 25,30% do número de produtores naquele mesmo ano.

Constata-se, também, a necessidade de desenvolvimento tecnológico na produção de mudas, visando reduzir seu período de produção e técnicas de produção que as torne menos vulneráveis às doenças.

Precisa-se avançar em tecnologia de processamento de modo a produzir um látex que atenda aos padrões de produção dos produtos mais finos, a exemplo, da firma Multimodos S.A que compra látex da Tailândia, porque a produção nacional não a atende aos requisitos de qualidade no processo produtivo de seus produtos.

O corpo teórico e metodológico proposto nesse livro se mostrou um instrumento eficaz para a análise do sistema agroindustrial da borracha natural no estado do Espírito Santo, levando-nos a conclusão geral de que essa estrutura, principalmente no setor à jusante, se encontra conectada com as atividades das cooperativas e das indústrias em operação em terras capixabas. A partir da análise do sistema agroindustrial da borracha natural ficou constatado que essa atividade é uma boa opção econômica para os empresários do setor do Espírito Santo.

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AnexosAnexo A – Preço da borracha, 2002-2013

2002 2003 2004 2005

Período Preço/Kg Período Preço/

Kg Período Preço/Kg Período Preço/

Kgjan/02 - jan/03 1,11 jan/04 1,31 jan/05 1,44fev/02 - fev/03 1,14 fev/04 1,29 fev/05 1,43mar/02 - mar/03 1,18 mar/04 1,32 mar/05 1,45abr/02 - abr/03 1,23 abr/04 1,29 abr/05 1,47mai/02 - mai/03 1,17 mai/04 1,29 mai/05 1,44jun/02 - jun/03 1,11 jun/04 1,29 jun/05 1,42jul/02 - jul/03 1,09 jul/04 1,32 jul/05 1,40ago/02 0,80 ago/03 1,11 ago/04 1,41 ago/05 1,36set/02 0,81 set/03 1,17 set/04 1,42 set/05 1,41out/02 0,90 out/03 1,18 out/04 1,43 out/05 1,42nov/02 1,00 nov/03 1,23 nov/04 1,45 nov/05 1,45dez/02 1,09 dez/03 1,34 dez/04 1,49 dez/05 1,58

2006 2007 2008 2009

Período Preço/Kg Período Preço/

Kg Período Preço/Kg Período Preço/

Kgjan/06 1,56 jan/07 1,64 jan/08 1,92 jan/09 1,78fev/06 1,50 fev/07 1,59 fev/08 1,90 fev/09 1,28mar/06 1,54 mar/07 1,62 mar/08 1,95 mar/09 1,29abr/06 1,60 abr/07 1,69 abr/08 1,96 abr/09 1,22mai/06 1,61 mai/07 1,78 mai/08 1,99 mai/09 1,28jun/06 1,62 jun/07 1,76 jun/08 2,05 jun/09 1,31jul/06 1,64 jul/07 1,78 jul/08 2,06 jul/09 1,35ago/06 1,65 ago/07 1,84 ago/08 2,11 ago/09 1,37set/06 1,74 set/07 1,84 set/08 2,10 set/09 1,37out/06 1,76 out/07 1,90 out/08 2,13 out/09 1,47nov/06 1,72 nov/07 1,86 nov/08 2,1 nov/09 1,49dez/06 1,69 dez/07 1,90 dez/08 1,94 dez/09 1,69

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2010 2011 2012 2013

Período Preço/Kg Período Preço/

Kg Período Preço/Kg Período Preço/

Kg

jan/10 1,88 jan/11 3,23 jan/12 2,86 jan/13 2,82

fev/10 2,24 fev/11 3,57 fev/12 2,75 fev/13 2,75

mar/10 2,56 mar/11 3,72 mar/12 2,98 mar/13 2,67

abr/10 2,69 abr/11 4,03 abr/12 3,07 abr/13 2,74

mai/10 2,72 mai/11 4,05 mai/12 3,11 mai/13 2,54

jun/10 2,84 jun/11 3,59 jun/12 3,06 jun/13 2,38

jul/10 2,89 jul/11 3,68 jul/12 3,03 jul/13 2,38

ago/10 2,90 ago/11 3,46 ago/12 2,67 ago/13 2,45

set/10 2,90 set/11 3,61 set/12 2,87 set/13 -

out/10 2,70 out/11 3,62 out/12 2,64 out/13 -

nov/10 2,75 nov/11 3,75 nov/12 2,68 nov/13 -

dez/10 2,96 dez/11 3,32 dez/12 2,81 dez/13 -

Fonte: IEA, 2013 Apud Centro de Inteligência em Florestas, 2013.

Anexo B- Questionário aplicado na coopbores

1) Quantos produtores são associados hoje?

35.

2) Quando começaram a funcionar no setor da borracha natural? Quantos associados eram no início? Se possível enviar o quadro da evolução dos sócios desde a criação até hoje.

Começamos a funcionar em janeiro de 2008 com 20 cooperados. Atualmente temos 35, tendo uma média de 03 cooperados de acréscimo por ano.

3) A produção entregue a cooperativa é vendida para quais empresas? Existe venda para fora do estado? E para fora do país?

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Nossa comercialização é feita com as empresas Michelin e Agroituberá, sendo que Michelin é dentro do ES e a Agroituberá na BA. Não temos comercialização para fora do país.

4) Quais os tipos de látex comprado pela cooperativa?

VCP – Cernambi Virgem Prensado.

5) Quais operações são realizadas pela cooperativa?

Comerciais: Compra e venda de CVP. Social: Cursos e treinamentos. Técnica: Assistência Agronômica e fornecimento de equipamentos de uso na cultura da seringueira, a título de empréstimo.

6) A cooperativa possui laboratório para o controle de qualidade? Possui jardim clonal?

Não.

7) Qual o preço pago pelo látex aos associados? Se possível enviar o histórico dos preços anuais (média) dos últimos anos.

Atualmente o preço pago ao cooperado (produtor) é de R$ 2,55 por quilo de CVP. Média dos últimos 05 anos:

2013 – R$ 2,67;

2012 – R$ 3,04;

2011 – R$ 3,50;

2010 – R$ 2,63;

2009 – R$ 1,43.

8) Para quem a cooperativa vende o látex comprado dos associados? Como é realizada essa venda, por mercado, na forma de contrato ou ambos?

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Michelin e Agroituberá. Com a Michelin temos um contrato renovado anualmente e recentemente começamos uma relação comercial com a Agroituberá.

Respostas enviadas pelo Dr. Emir de Macedo Gomes Filho. Diretor Financeiro da Cooperativa Coopbores.

Anexo C - Questionário aplicado na Heveacoop

1) Quantas Cooperativas existem hoje?

O ES tem duas cooperativas Coopbores em Linhares e Heveacoop em Vila Velha.

2) O que a Heveacoop faz, quais são suas funções na cadeia?

O látex pode ser coagulado ou liquido (que contém um anticoagulante, seria um produto mais fino), só quem compra o liquido (in natura) é a centrifugadora. No Brasil um dos principais compradores desse látex melhorado é Johnson e Johnson. Esse látex centrifugado vai para a indústria de artefatos.

A cooperativa compra o látex coagulado, que coagula normalmente ou pode ser adicionado um ácido para que coagule mais rapidamente. Os coágulos são colocados em fardos, que vão para um caminhão e parte para a cooperativa para serem pesados, passarem pelo controle de qualidade e entregues as indústrias. A heveacoop não precisa de depósito, ela detém apena o laboratório para definir a qualidade do látex coagulado, assim é definido o valor a ser pago para o seringalista. A questão da logística fica por conta da cooperativa também que busca o látex no seringal e o entrega as indústrias.

No caso da heveacoop sua produção é toda entregue a

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Michelin, através de contratos com prazo determinado. A borracha no ES é a mais bem paga pela organização da produção feita pela cooperativa.

3) Como está acontecendo à produção e distribuição das Mudas? Qual é sua Legislação?

A legislação aplicada na produção e cultivo das mudas é a Instrução normativa 29 que é muito completa que está sendo aplicada aos poucos, por ser muito rigorosa. A muda é um gargalo da cadeia produtiva, pois a dificuldade é que a semente é instável, pode ser que tenha e não tenha, sendo difícil a aquisição da mesma. A maioria das sementes plantadas não tem no estado, com isso a maioria vem da Bahia. As sementes são bastante oleosas, fazendo com que ela tenha um tempo de vida reduzido, pois se ela resseca já não fica mais produtiva. Alto nível de perda. O Pedro Wanderkoken além de trabalhar na heveacoop é viveirista certificado, por essa dificuldade das sementes ele tem áreas não plantadas, pela falta de demanda das sementes.

Todas as mudas dos PREGÕES são certificadas.

Na década de 90 não se conheciam os clones, os seringueiros não eram treinados, com isso tem plantas que terão a vida útil reduzida a 25 anos, mas hoje com o controle mais organizado a vida útil é de 40 anos mesmo. A planta tem uma vida útil de 40 anos garantidos.

O viveirista tem jardim Clonal (produz somente a borbulha) e algumas cooperativas também tem, sendo renovado a cada 8 anos.

4) Como deveria ser a estrutura da produção das mudas para facilitar sua distribuição?

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Não teria como acabar com os Leilões do Governo do Estado, pelo fato de eles estarem subsidiando o Programa, os produtores pagam um percentual aproximando de 70% e o resto o Governo arca. Esse programa PROBORES deve atuar até 2025. Colocar o estado subsidiando a produção ao invés da compra, poderia ser uma forma de solucionar os problemas com as sementes que geram as mudas, assim a produção ficaria mais eficiente.

5) Quem são os Intermediários? Quantos são?

Os Intermediários atendiam basicamente SP, Sooretama e Bahia, porém hoje eles são em pequena quantidade.

Hoje os intermediários são 3 apenas que trabalham diretamente para outros estados. A centrifugadora é um tipo de intermediária, em que o seu dono é o mesmo que coordena os outros dois agentes intermediários. O látex Centrifugado é enviado para SP e o látex Coagulado é enviado para a Bahia.

6) Os insumos utilizados nos cultivos de mudas são regulamentados?

Os defensivos têm um mercado livre e não são registrados para a seringueira, mas funcionam muito bem nessas produções sendo até indicados, mas sem estar por escrito. Os fertilizantes mais usados são o Etherfon e o Etreo, ácidos que funcionam como hormônio.

Respostas do Geraldo Rocha, Humberto N. Moraes e Pedro I. Wanderkoken. Cooperativa HEVACOOP.

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Anexo D – Questionário aplicado na Coopsing

1) Quando foi criada a Coopsing e quando ela encerrou suas atividades? Qual o motivo do encerramento?

A COOPSING (Cooperativa dos Seringalistas de São Gabriel da Palha) foi criada em 1994 e desativada em dezembro de 1998. O motivo do encerramento foi: a difícil comercialização do GEB (Granulado Escuro Brasileiro), e o baixo preço da borracha natural, na época. Pois, a mesma, era subsidiada pelo governo federal, através da CONAB.

2) Quais eram as atividades da Coopsing?

As atividades da COOPSING eram: Comercialização e industrialização do coágulo (borracha natural) em GEB (Granulado Escuro Brasileiro), matéria prima da indústria de pneumáticos, com o objetivo de agregação de valores, sendo, toda esta iniciativa, do próprio produtor rural de borracha de todo o estado do ES.

3) Quantos sócios existem na ASSESG? E hoje qual sua função?

Em torno de 40 (quarenta) sócios. A sua função é:

3.1-Incentivar e apoiar a produção tecnificada de mudas de seringueira;

3.2-Organizar a produção de borracha natural de seus sócios e buscar novos mercados (melhores preços), para a comercialização da mesma;

3.3-Informações técnicas “de ponta” de toda a cadeia produtiva da borracha natural, aos associados da ASSESG;

3.4-A área de abrangência da ASSESG é toda a região noroeste do ES;

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3.5-Facilitar a aquisição de insumos agrícolas e materiais empregados na operação de sangria (corte) da seringueira;

3.6-Promover reuniões técnicas e cursos de aperfeiçoamento, voltados à cultura da seringueira, em parceria com o Incaper.

Respostas enviadas pelo Carlos Lobo Teixeira e Abimael Correa do Nascimento Filho. Engenheiro Agrônomo do Incaper e Presidente da ASSESG, respectivamente.

Anexo E - Questionário da Viana Agroindustral

1) Quando a indústria foi implementada? E quando começou a produzir?

A indústria foi fundada e iniciou sua produção em 1990.

2) O que a centrifugadora faz? Quais operações são realizadas?

A máquina centrifuga faz um tratamento no látex, retirando suas impurezas e elevasua concentração para aproximadamente 62%. O látex entrada nas maquinas com 35% de borracha e após passarem pelas centrifugas, sai com uma concentração de 62%.

A empresa trabalha com processamento de Látex Natural, ao passar pelas Maquinas Centrifugas ele é transformado em Látex Centrifugado 60%.

3) Quem são os clientes/empresas que compram a produção da centrifugadora? Existe venda para fora do estado? E para fora do país?

Empresas que fabricam Balões, solado de sapato, colchões, luvas de proteção, tapetes ante derrapantes, tinta, brinquedos infantis, peças de borracha...

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Toda nossa venda é feita para empresas fora do estado (maioria para São Paulo e Sul do Brasil).

4) O látex usado na produção é comprado de quem? Das cooperativas, do produtor. Como é realizada a aquisição do látex? Existe contrato?

De fazendas produtoras aqui do estado e da Bahia. Onde fazemos o contato com os produtores e fechamos um contrato verbal ou por escrito determinando um período de compra.

5) Qual o preço pago pelo látex comprado?

Valor médio de 2,00 por quilo (DRC de 35%).

6) Quais produtos são produzidos na Viana Agroindustrial?

Látex Centrifugado 60%.

Respostas enviadas pela Danielli Siqueira de Oliveira.

VIANA AGRO INDÚSTRIA LTDA.

Anexo F – Questionário da usina Michelin

1) De quem a Michelin compra o látex?

Compramos de PF e PJ, desde que atenda as exigências do ponto de vista legal (que tenha NF, respeite o meio ambiente, leis trabalhistas, esteja em dia com as obrigações tributárias etc.). Não há limite de produção para comercializar conosco temos fornecedores de 50 kg a 5.000 t.

2) De quantos produtores/cooperativas a Michelin compra o látex? Qual a forma de compra? Contratos ou mercado. E qual o percentual dessa compra com cada Cooperativa ou produtor?

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No ES o mercado é muito bem organizado na forma de cooperativa sendo 1 no Litoral Sul e outra no Norte do estado com as quais temos contrato, 100% no Sul e 50% no Norte. Compramos também de outros produtores que não participam de cooperativas. Não existe contrato e o preço é negociado a cada 60 dias utilizando como base o valor do GEB no mercado atrelado ao DRC da matéria prima. Captamos 100% da produção destes. Ao longo do ano os fornecedores variam de 150 a 200.

3) Para quais empresas a Michelin vende seus pneus? Se forem muitas nos informe as principais ao menos.

A Michelin possui uma ampla carteira de clientes presentes no mercado com: Distribuidores exclusivos da marca; distribuidores multimarcas; Lojas; Concessionárias de veículos; Montadoras (o veículo sai c/ o pneu Michelin de Fabrica). Todo GEB produzido no ES é enviado para a fábrica no RJ.

4) O Espírito Santo abastece em 100% a necessidade do látex? Se não de onde compram o percentual que falta? E se possível indicar o percentual de compra no estado.

No estado captamos em torno de 1/3 da nossa necessidade e o restante vem de outros estados. Existem atualmente 2 usinas próprias ES/BA e compramos MP em todo os estados produtores. A distribuição das usinas no Brasil: BA = 2; ES = 1 para GEB e 1 para Látex centrifugado; SP = entre 15-20; MT = 1.

Respostas enviadas pelo Ney Santana.

Michelin Ltda.

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Anexo G – Questionário aplicado na Multimodos

1) Qual o nome da indústria de artefatos?

Multimodos indústria de matérias fármacos e higiênicos S. A.

2) Qual a Especificação dos tipos de artefatos produzidos?

Nesta primeira etapa produziremos preservativos de látex

3) Quem são os fornecedores da matéria-prima (látex coagulado ou outra forma)?

Látex coagulado importado da Tailândia.

4) Qual o motivo da compra do látex coagulado ser da Tailândia? Não poderia ser comprado no Brasil?

O látex precisa ser importado, pois são raras as empresas de extração que fazem o beneficiamento do mesmo. Diferente do setor de pneumática, o de preservativos e luvas cirúrgicas utiliza do látex beneficiado. No Espírito Santo, segundo ou terceiro em produção do látex no Brasil, não há nenhuma cooperativa ou indústria que faça este beneficiamento. Estamos trabalhando junto ao INCAPER para poder desenvolver a cadeia.

5) Quais os clientes desses artefatos? E a quantidade produzida por tipo de artefato?

Como estamos em fase de construção da fábrica, considere o ano I como sendo 2015. Neste cenário ainda não é possível eu te passar os clientes, mas considere os clientes padrões para preservativos (farmácias, supermercados, hotéis, motéis, lojas de conveniência e o governo federal e estadual).

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Previsão de produção em unidades

Ano I Ano II Ano III Ano IV Ano V

Qtd Anual 54.000.000 72.964.800 98.590.032 133.214.856 179.999.916

Mensal 4.500.000 6.080.400 8.215.836 11.101.238 14.999.993

Respostas enviadas pelo Gabriel Feitosa e Hamilton Bonventi.

Multimodos Indústria de Matérias Fármacos e Higiênicos S.A.

Anexo H – questionários aplicados aos viveiristas

Viveirista - Antônio de Pádua Motta.

1) Qual é variável de decisão para a quantidade de mudas a serem produzidas?

O agro sinaliza positivamente para plantios de seringueira, assim, o mercado de produção de mudas está aquecido.

2) Participa dos pregões da Secretaria da Agricultura do Espírito Santo?

Não.

3) Para quem são vendidas as mudas? Caso não ganhem o leilão.

Presto assistência/consultoria técnica em heveicultura, produzindo a muda na propriedade do interessado. Sou agrônomo há 40 anos, heveicultor há 30.

4) As mudas produzidas são clonais ou não?

Muda é enxertada (clonada). Se não, é porta-enxerto (“cavalo”).

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5) Produzem mudas por encomenda?

Produtor rural/heveicultor estabelecido em São Mateus (ES).

6) Quantos viveiristas, aproximadamente, atuam hoje no Espírito Santo?

Produtor rural/heveicultor estabelecido em São Mateus (ES).

Viveirista – Pedro Inácio Wanderkoken.

1) Qual é variável de decisão para a quantidade de mudas a serem produzidas?

Conforme demanda do estado e produtores particulares.

2) Participa dos pregões da Secretaria da Agricultura do Espírito Santo?

Sim: Através de parceria com a Baceo Mudas.

3) Para quem são vendidas as mudas? Caso não ganhem o leilão.

Para agricultores particulares.

4) As mudas produzidas são clonais ou não?

Todas Clonadas, com certeza.

5) Produzem mudas por encomenda?

Sim.

Viveirista – Paulo Ceolin Junior

1) Qual é variável de decisão para a quantidade de mudas a serem produzidas?

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Nosso viveiro tem capacidade de produção de 150.000 mudas em sacola e 150.000 mudas do tipo raiz nua. Para alcançar estes números é necessário iniciar os plantios com um volume 30% maior devido às perdas ao longo do processo produtivo. Normalmente as mudas são vendidas antecipadamente.

2) Participa dos pregões da Secretaria da Agricultura do Espírito Santo?

Sim. Nos últimos 3 anos ganhamos os leilões para seringueira entre outros.

3) Para quem são vendidas as mudas? Caso não ganhem o leilão.

Como falei no item 1, normalmente trabalhamos com vendas antecipadas e sabendo da nossa capacidade produtiva vendemos em torno de 80% desta produção. No caso dos leilões públicos, o governo tem comprado muda do tipo raiz nua, mantemos uma parte, em torno de 50% em produção antecipada, mas o restante só entra em produção após fechado o negócio. Em caso de perca fica menos problemático encaixar esta produção.

4) As mudas produzidas são clonais ou não?

Mudas de seringueira são produzidas a partir de sementes e após uns 8 meses é iniciada a enxertia que pode ser feito um repasse até 3 vezes.

5) Produzem mudas por encomenda?

Basicamente só produzimos por encomenda

6) Quantos viveiristas, aproximadamente, atuam hoje no Espírito Santo?

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Conheço 5 viveiros registrados, talvez possa haver outros, mas existe uma quantidade bem maior de outros sem registro e uma infinidade de viveiros de fundo de quintal. No ES temos a ASPLAMES (Associação dos produtores de sementes e mudas do ES), é recente e ainda temos poucos filiados.

Anexo I – Questionário Aplicado Ao Incaper

1) Como funcionam os pregões de mudas das seringueiras? Realizados pela Secretaria de Agricultura e pelo Incaper.

Os pregões ocorrem com uma data preestabelecida, sendo pregões eletrônicos, assim as empresas se cadastram para participar, porém precisam estar regulamentadas juridicamente. O grande problema do Pregão é que qualquer um pode oferecer esses preços, sendo produtor ou apenas uma empresa qualquer que possua capital circulante. A definição do preço da muda pelo estado é feita a partir de uma pesquisa com os viveiristas, com isso estipula-se um preço médio dos passados nas entrevistas. Esse preço será baixado pelos concorrentes e após o lance de menor preço temos o vencedor, que terá 48 horas para mostrar que está apta como empresa. Em seguida já começa a tentar comprar as mudas de viveiros nesse valor para que entregue a produção de acordo com o contrato, se não for produtor de mudas, caso não consiga comprar quantidades suficientes ele perde o contrato. Se for um produtor é só informar o quantitativo que consegue entregar em cada período de tempo.

2) Qual o papel do Incaper nos pregões? E qual a atividade do Incaper, além da pesquisa, no setor da

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heveicultura? Quais partes da cadeia produtiva da seringueira o Incaper presta serviço?

O Incaper detém uma divisão do estado em 4 regiões, que são coordenadas por pessoas adequadas que fazem o cadastro dos produtores que serão beneficiados com as mudas que o pregão adquiriu. Assim os viveiristas informam a possibilidade de entrega das mudas para o Incaper e o mesmo informa aos seus coordenadores, que avisam aos produtores de cada região. As mudas chegam de caminhão com o quantitativo adequado em cada região e são apanhadas pelos produtores, que as retiram direto do caminhão. O Incaper é responsável também pela comercialização das mudas com o produtor, esse dinheiro que entra é utilizado para custeio de extensão e pesquisa, não entra para a conta da Secretaria da Agricultura.

Além da pesquisa o Incaper que presta assistência técnica e capacitação dos produtores, através de treinamentos e cursos, um exemplo é o curso de sangria que leva em torno de 1 semana. Outras funções do Incaper são de melhoramento genético, controle de pragas e doença, pesquisas de inovação e desenvolvimento tecnológico.

O Incaper, também, auxilia o produtor quando o mesmo precisa de mudas para reflorestamento, se ele fizer parte do programa PROBORES o Incaper faz uma visita técnica e 15% dessa necessidade o instituto doa. Com isso o Incaper atua em todas as fases da produção da seringueira desde a muda até o momento de reflorestamento.

3) Quantos viveiristas e jardins clonais existem no ES? Os clandestinos atrapalham a cadeia produtiva? Quantos são?

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Aproximadamente temos 27 viveiros e como os jardins clonais normalmente ficam próximos aos viveiros, é na mesma propriedade.

4) Os clandestinos têm produções muito pequenas, muitas vezes para consumo próprio ou para vizinhos, não chegando a atrapalhar o mercado da seringueira.

Os viveiristas produzem para o estado (pregões) e para outros produtores, pois para outros produtores eles podem vender a muda em um preço maior.

5) Quanto que o estado paga pelas mudas e o produtor?

Para 2014 estima-se que o Pregão lançará o preço de aproximadamente 4,20, buscando reduzir esse valor.

6) Quantos números de estabelecimento produtores de seringueira temos no Espírito Santo hoje?

De acordo com uma estimativa (número total da área plantada no estado dividido pelos hectares) do Incaper chegamos ao número aproximado de 750 unidades produtoras, lembrando que essas propriedades são em sua maioria de em torno 5 hectares, pois são os produtores participantes do PROBORES, com isso área de pequeno porte.

Respostas do Pedro Arlindo Galvêas.

Coordenador Estadual de Silvicultura e Recursos Naturais e Pesquisador da EMBRAPA.

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Anexo J – mapa do Espírito Santo segundo a divisão das regiões pelo Incaper

Fonte: Incaper, 2014.

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No presente livro disponibilizamos um conhecimento sob a forma de pesquisa em sistemas agroindustriais acerca de uma atividade econômica do Estado do Espírito Santo, a produção de borracha natural capixaba. O Estado é conhecido nacional e internacionalmente pelos seus sistemas agroindustriais, que entre outros podemos citar: aves o ovos do município de Santa Maria de Jetibá (atualmente o maior produtor individual de ovos do Brasil), café arábica, café conilon (referência mundial em tecnologia e sistemas de produção), mamão (reconhecido internacional e nacionalmente pelo desenvolvimento tecnológico e sistemas de produção do setor), agroturismo na região de montanhas, produção orgânica em Santa Maria de Jetibá, hortaliças e legumes na região de montanhas, etc. O sistema agroindustrial da borracha natural capixaba, também tem chamado a atenção pelo seu desempenho sistêmico, isto é, nas relações entre seus setores: o de produção de látex no campo; o setor à montante da produção de látex nos estabelecimentos rurais (de fornecimento de insumos, máquinas e equipamentos para os seringueiros; o setor à jusante da produção de látex; o de processamento do látex (que o transforma em borracha natural); e comercialização dos produtos produzidos a partir do látex. Destaca-se nesse sistema agroindustrial do Espírito Santo, dois aspectos: o primeiro referente a participação do poder público, desde o início da atividade seringueira até a atualidade, com políticas públicas bem concebidas e implantadas para o setor; o segundo quanto a participação do cooperativismo, com duas cooperativas, atuando no setor a jusante e como órgão de coordenação e de apoio ao sistema agroindustrial da borracha natural do Estado. Outro aspecto interessante sobre essa atividade está ligado às questões ambientais. As florestas de seringueiras, mesmo as plantadas, preservam e protegem as nascentes, a flora e a fauna local, e é importante no sequestro de carbono da atmosfera, contribuindo para mitigar o efeito estufa, um dos responsáveis pelo aquecimento global. Além disso, permite o cultivo em consórcio, o que melhora e preserva o solo, possibilitando a diversificação quanto as fontes de renda do produtor rural. Mas toda atividade econômica que alcança relevância num local, ela é uma construção histórica, que precisa ser conhecida para entendermos sua dinâmica temporal e na atualidade. É o que o que apresentamos nessa obra. A princípio, um histórico da borracha natural como atividade econômica no Brasil, sua introdução e consolidação em terras capixabas e por fim uma análise sistêmica do sistema agroindustrial da mesma, abordando as relações entre seus setores e agentes, buscando identificar gargalos e entraves e indicando possíveis caminhos ao seu melhor desenvolvimento e desempenho.

Os AutoresISBN: 978-65-86207-07-1