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Esta é a estória de Flu, um peixinho colorido como aalegria, que viveu no estuário de um rio muito grande,quase à vista do mar e, depois… bom…nademos maisdevagar porque ele — ou será ela? — ainda está pornascer…
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— Raul, Mariana, venham ver oque eu descobri! Venham cá depressa,depressa! — gritava o João para osamigos que brincavam à beira do rio.
Entusiasmado, o miúdo esticava oindicador esquerdo, apontando parauns juncos esguios que tremiam novaivém de umas ondas fagueiras.
— Ora, ora, que grande desco ber -ta… há ervas dessas por todo o lado!— observou a Mariana desapontada.
— Não é nada disso... — respon-deu-lhe o João — espera que o ventoabrande e olha com atenção para ofundo, para a areia, ali mesmo antesdos juncos.
Nas duas crianças cresceu a curi o -sidade e os seus olhos colaram-seàquele pedaço do rio, na esperança deconseguirem ver o que de tão especial
se esconderia sob o trémulo espelho deáguas. Não perguntaram mais nada aoJoão porque, nestas coisas das des -cobertas, o bom mesmo é cada umdescobrir por si só. Contado não temgraça...
Passaram alguns instantes, quepareceram uma eternidade, até que oRaul exclamou:
— Olha, olha… é um peixe!!!A Mariana que, entretanto, tam-
bém o vira, confirmou:— É tão bonito! Tem tantas cores,
até parece pintado!Então o João, muito ufano, lembrou:— Estão a ver!? Eu não vos dizia?!...
Estava eu a espreitar uma libelinha deasas azuis, que planava sobre o altodos juncos, tentando poisar, quando ovi! É muito bonito mesmo!
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Os três amigos não sabiam, masera o pai da Flu — um perca-sol — opeixe que por ali nadava de olhos bemabertos. Incomodado com aquelasinespera das atenções, o peixe davavoltas e contravoltas sobre uma covi -nha na areia e enfrentava as criançascom um ar ameaçador.
— E o que faz ele ali, sem sairdaquele lugar?... Parece que está adançar! — interrogou-se, em voz alta,a Mariana.
— Está a guardar o seu tesouro...— explicou o João a sorrir comoquem percebe muito de peixes.
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— Tesouro? Qual tesouro? —replicou o Raul já a imaginar tratar-sede alguma espécie de peixe pirata.
— Ora, ora, que tesouro terá paraguardar um peixe, senão os ovos deonde nascerão os seus filhinhos? —respondeu o João com estas palavrasde sábio que, certamente, deverá terouvido ao pai nalguma pescaria.
— E porque é que os está aguardar... se eles não fogem?! — quisperceber a Mariana.
— Que pergunta Mariana! Está alipara os proteger, para que eles nãovão parar à barriga de algum peixeesfomeado, ou de uma rã, ou de umacobra de água... há dentro do riomuitos animais que gostariam decomer uma boa omeleta — brincou oJoão, lambendo os lábios.
O pai-peixe é que não estava aachar graça nenhuma à conversa, quenem entendia e, carrancudo, continua-va com os olhos fixos nas crianças.
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