Estabilizacao Dos Solos

Embed Size (px)

Citation preview

Universidade Federal de Santa Maria Programa de Ps-graduao em Engenharia Civil

Materiais para infra-estrutura de transportes

Princpios da estabilizao dos solos

Prof. Eng. Rinaldo Pinheiro

PRINCPIOS DA ESTABILIZAO DE SOLOSA melhoria das propriedades de um solo provavelmente a mais antiga mas, do ponto de vista tcnico, ainda a mais intrigante tcnica entre todos os mtodos construtivos comuns da engenharia civil. H mais de 3.000 anos, solos melhorados j eram usados na construo de templos na Babilnia. Tambm nesse perodo, os chineses usavam madeira, bambu ou palha para reforar solos. O ideograma chins para o termo engenharia civil significa exatamente solo e madeira.

O solo natural um material complexo e varivel, porm devido sua abundncia e baixo custo oferece grandes oportunidades de emprego na engenharia. Entretanto, comum que o solo de uma localidade no preencha parcial ou totalmente as exigncias do engenheiro construtor. Assim, torna-se necessrio escolher entre: (a) aceitar o material tal como ele e desenvolver o projeto de forma a contemplar as limitaes que o solo impe; (b) remover o material e substitu-lo por outro de melhor qualidade; ou (c) alterar as propriedades do solo existente de modo a criar um novo material capaz de adequar-se de melhor forma as exigncias do projeto.

Princpios da estabilizao dos solos As propriedades de um solo podem ser alteradas por mtodos:

- mecnicos, - fsicos e/ou qumicos.O tipo de estabilizao escolhida depende:

-

das propriedades no estado natural, propriedades desejadas para o solo estabilizado efeitos no solo aps a estabilizao.

Princpios da estabilizao dos solos

Os mtodos mecnicos so aqueles que no se adicionam nenhum material estranho ao solo.envolvem a reduo de volume de vazios in situ do solo, preenchimento de vazios, compactao, drenagem e mantendo o contedo de gua constante a mistura de tipos de solos diferentes. Em geral estas tcnicas so combinadas com a compactao.

Princpios da estabilizao dos solos Os mtodos fsicos:envolvem a mudana de temperatura (decrscimo de temperatura e solidificao de betume quente misturado com o solo), a hidratao (cimentao e endurecimento devido hidratao de cimento portland), a evaporao (secagem de solos reforados com betume emulsionado), e adsoro.

Princpios da estabilizao dos solosOs mtodos qumicos envolvem:a troca inica (processos complexos de mudana da adsoro nas partculas de solo troca de bases), a precipitao (misturas de duas solues produzindo um novo componente capaz de exercer um efeito estabilizante), a polimerizao (sobre certas condies a interao de alguns componentes simples produzem novos componentes molculas grandes que exercem a ao estabilizante), oxidao.

Estabilizao fsico-qumicaA estabilizao qumica dos solos pode ser dividida em trs classes: tratamentos nos quais o efeito do agente estabilizante (produto qumico) devido essencialmente sua interao com o solo, e no qual suas propriedades fsicas (estabilizantes) no tm ao relevante no processo. Exemplo: a cal. tratamentos nos quais os efeitos do aditivo so devidos sua interao com o solo e tambm devido s suas propriedades. Exemplo: o cimento. tratamentos nos quais o efeito do agente estabilizante devido essencialmente s propriedades do aditivo; a interao com o solo no sendo importante. Exemplo: o betume.

importante considerar: As foras atuantes no sistema solo e como elas podem ser alteradas pela introduo do agente estabilizante. Os possveis mecanismos atravs dos quais o agente estabilizante atua alterando as propriedades do solo. O efeito tanto da composio do solo quanto do estabilizante. Os mtodos de formao do agente estabilizante no solo. A aplicao de tais conceitos aos diversos mtodos de estabilizao fsico-qumica.

Mecanismos de estabilizao e ligaesEstabilizante Mecanismo Ligao soloestabilizante Inica/Polares van der Waals/ Polares Ligao das partc. do estab. entre si Inica/Covalentes van der Waals/ Polares Aspecto mecnico (Ligao) forte e rgida fraca e rgida

Cimento Portland Betume a quente

Hidratao Temperatura

Betume (cut-back)

Evaporao

van der Waals/ Polares

van der Waals/ Polares

fraca e rgida

Betume (emulso)

Evaporao

van der Waals/ Polares

van der Waals/ Polares

fraca e rgida

Cal

Hidratao

Inica/Polares

Inica/Covalentes

Forte a fraca(*) e rgida

Rgido = no frivel (*) depende do solo

Estabilizao dos solos com cal

Uso da cal na histria da humanidadeH tempos que diversos tipos de cal, incluindo produtos com graus variados de pureza, vm sendo utilizados com sucesso como agentes estabilizantes de solos. Algumas obras so a seguir mencionadas: A Grande Muralha da China (3.000 AC) A cidade bblica de Jerico A cidade de Taos (ndios pueblos, Novo Mxico, EUA) - sculo XIII Construes feitas pelos ndios americanos pr-colombianos Construes romanas: Santurio de Fortuna (Palestina) - 80 AC; Teatro de Pompeia - 55 AC; Panteo Romano; vrios aquedutos em Roma, Segvia, Constantinopla e Frana; construes militares. No Brasil: cidades de Diamantina e Ouro Preto (MG) e Parati (RJ).

Solo-cal

Tipos conhecidos de cal: A cal calcrio britado e calcinado a temperatura inferior de fuso. A temperatura de calcinao (queima) do calcrio de 850 a 900 C.

CaCO3 + 21 kcal CO2 + CaO (cal viva) CaO + H2O Ca(OH)2 + calor (cal hidratada

Alm dessa cal, chamada de cal hidratada clcica, podemos ter cais dolomticas (ricas em magnsio).Ca(OH)2 + MgO (cal dolomtica mono-hidratada) Ca(OH)2 + Mg(OH)2 (cal dolomtica di-hidratada)

Solo-cal

A estabilizao com cal pode ser de dois tipos: Solo modificado pela cal: O teor de cal adicionado pequeno; apenas suficiente para desenvolver a fase rpida das reaes. utilizado apenas para modificar caractersticas do solo, sem desenvolver reaes lentas, cimentantes. Solo estabilizado pela cal: maior teor de cal adicionado, com o objetivo de atingir-se as reaes lentas, pozolnicas, que vo estabilizar o material.

Solo-cal

Processo de estabilizao alcalina

A estabilizao alcalina aplicvel em todo solo com, pelo menos, 10 a 15% de argila, baixos teores de matria orgnica, mica e sulfatos (na presena destes trs ltimos, o estabilizante no reage formando cimentantes, apenas os neutraliza). O processo de estabilizao alcalina pode ser dividido em duas fases:fase rpida (minutos a dias, podendo em alguns casos levar meses) fase lenta (semanas a anos).

Solo-cal

Fenmenos responsveis Fase rpidaTroca catinica Adsoro de molculas de hidrxido de clcio Ca (OH)2 Floculao

Fase lenta (reaes pozolnicas)Cimentaes Siclia, aluminosa e ferruginosa Carbonatao Reaes pozolnicas

Solo-cal

Uma viso puramente qualitativa e muito simplificada de algumas reaes tpicas solo-cal:

Ca(OH)2 Ca++ + 2(OH)Ca++ + 2(OH)- + SiO2 (slica da argila) CSH Ca++ + 2(OH)- + Al2O3 (alumina da argila) CAH

Difratogramas para mistura de caulinita + cal sem tempo de cura (0 dias) e para 318 dias de cura a 38. Nesses ensaios verifica-se a presena de novos picos no difratograma corresponde aos minerais neo-formados.

Difratogramas de mistura de montmorilonita + cal com 1 dia de cura (38C) e para 296 dias de cura a 38. Nesses ensaios verifica-se a presena de novos picos no difratograma corresponde aos minerais neo-formados.

Solo-cal

SOLOS APROPRIADOS PARA A ESTABILIZAO COM CAL

A extenso das reaes pozolnicas solo-cal influenciada principalmente pelas propriedades do solo natural.

A cal reage com solos mdios, moderadamente finos e finos, diminuindo a plasticidade, melhorando a trabalhabilidade, reduzindo a expanso e aumentando a resistncia. Solos dos grupos A-5, A-6, A-7 e alguns A-2-6 e A-2-7, do sistema de classificao da AASHTO, so susceptveis cal. Solos classificados como CH, CL, MH, ML, CL-ML, SC, GC e GM pelo SUCS, devem ser considerados como potencialmente estabilizveis com cal.

Solo-cal

ALTERAES NAS PROPRIEDADES MECNICAS DE SOLOS COM A ADIO DE CALLIMITES DE CONSISTNCIA100 90 80 70TEOR DE UMIDADE (%)

60 50 40 30 20 10 0 0 1 2 3 4 5TEOR DE CAL (%)

LL LP IP

6

7

8

9

10

Solo-cal

ALTERAES NAS PROPRIEDADES MECNICAS DE SOLOS COM A ADIO DE CALEFEITO DA TEMPERATURA NA RESISTNCIA COMPRESSO SIMPLES8000

RESISTNCIA COMPRESSO SIMPLES (Kn/m2)

7000

5 % Ca (OH)2

6000

0C5000

15C 25C

4000

45C3000

2000

1000

0 1 10TEMPO (DIAS)

100

Solo-cal

ALTERAES NAS PROPRIEDADES MECNICAS DE SOLOS COM A ADIO DE CALEFEITO DO TEOR DE CAL E TEMPO DE CURA NA RESISTNCIA COMPRESSO SIMPLES3000

0 diasRESISTNCIA COMPRESSO SIMPLES (Kn/m2)

2500

7 dias 28 dias

2000

56 dias 182 dias

1500

1000

500

0 0 1 2 3 4 5TEMPO (DIAS)

6

7

8

9

10

Solo-cal

ALTERAES NAS PROPRIEDADES MECNICAS DE SOLOS COM A ADIO DE CALCARACTERSTICAS DE COMPACTAO

1900 PESO ESPECFICO APARENTE SECO (kg/m3) 1870 1840 1810 1780 1750 1720 1690 1660 10 15 20 25 TEOR DE UMIDADE (%)4% CAL - C0MPACTADO APS 34 horas SOLO NATURAL

4% CAL - COMP. IMEDIATA

Solo-cal

Dosagem de Misturas Solo-CalMTODO DE EADES E GRIM (1966) fundamenta-se no pH da mistura. O princpio bsico adicionar ao solo suficiente quantidade de cal de modo a assegurar um pH de 12,4 para a ocorrncia das reaes pozolnicas (que proporcionam resistncia mistura).

MTODO DE THOMPSON (1966) Um solo reativo quando ao ser adicionada cal sua RCS aumenta pelo menos 345 kPa, aps 28 dias de cura a 22,8 C. O mtodo de Thompson prope procedimentos diferentes conforme o solo seja ou no reativo. Para solos reativos, o objetivo o desenvolvimento das reaes pozolnicas, que proporcionam resistncia e durabilidade. No caso dos solos no reativos, objetiva-se melhorar alguma(s) propriedade(s) do solo, como ISC, expanso ou plasticidade.

Solo Arenoso Fino com Cal

Mistura de cal a solo em pista

Base de solo-cal trincada pela retrao

Estabilizao solo-cal-cinza volante

Misturas Solo-Cal-Cinza VolanteINTRODUO A cinza volante (fly ash) uma pozolana artificial, produzida geralmente em termeltricas que queimam carvo mineral ou matria orgnica. Pozolana definida pela ASTM como um material silicoso ou slicoaluminoso, que por si s possui pouca ou nenhuma capacidade de cimentao, porm em forma finamente dividida e na presena de umidade reage quimicamente com hidrxidos alcalinos e alcalinos terrosos temperatura ambiente para formar ou ajudar a formao de compostos possuindo propriedades cimentantes. Por tratar-se de um resduo industrial, a cinza constitui matria prima de baixo custo, de cujo emprego podem resultar vantagens econmicas. Alm disso, em certas aplicaes, esta matria prima tem sido utilizadas inclusive com vantagens tcnicas.

Solo-cal-cinza

Em princpio solos arenosos, com escassez de argila coloidal, no reagem satisfatoriamente cal. Para a estabilizao desses solos, quando o consumo de cimento muito elevado (economicamente invivel) ou quando a correo da granulometria no possvel (por falta de outros materiais), a adio de cinza volante (obviamente quando disponvel) pode torn-los reativos cal.

Solo-cal-cinza

No caso do Rio Grande do Sul, a Plancie Costeira uma regio carente de agregados ptreos onde a estabilizao de solos uma opo muito interessante para a pavimentao. Como o solo predominante a areia de duna, a estabilizao com cal apenas inadequada e com cimento muito cara. A opo natural por misturas areia-cinza-cal, com emprego de cinzas volantes resultantes da queima de carvo em termeltricas, ou ainda da queima de casca de arroz. A funo da cinza volante , ento, substituir a frao fina (argila) do solo, uma vez que pode reagir com a cal, embora o tamanho da cinza seja diferente do da argila. Os principais estados produtores de cinza volante no Brasil so o Rio Grande do Sul e Santa Catarina. No Rio Grande do Sul, as principais fontes produtoras de cinza volante so as termeltricas de Candiota e Charqueadas, o COPESUL e a RIOCELL.

Solo-Cinza-Cal

Capacidade mxima de produo de cinzas em 1995 e estimativa para o ano de 2005

Estado

Termeltrica

Cinza volante (t) Atual Ano de 2005 2.200,000 1.000,000 808.000 -

Cinza pesada (t) Anual 375.000 126.500 472.000 50.000 Ano de 2005 450.000 276.000 672.000 150.000

RS

Candiota So Jernimo Charqueadas

1.500,000 5.000 295.060 408.000 -

SC PR

Jorge Lacerda Figueira

Solo-cal-cinza

UTILIZAO DE CINZAS VOLANTES Em termos construtivos destacam-se: a execuo, em 1986-87, de um trecho de 3 km com base de solocinza volante-cal no acesso COPESUL a execuo do arruamento de Candiota III, com emprego de mistura de 10% de cal + 90% de cinza (sem solo) a aplicao dos resultados obtidos pelo Prof. Cludio Dias, na construo de trechos experimentais na cidade de Rio Grande (200m na Av. Buarque de Macedo), no arruamento do Campus Carreiros da FURG e no Balnerio do Laranjal, em Pelotas.

Solo-cal-cinza

ESPECIFICAES PARA CONTROLE DA QUALIDADE DA CAL E DA CINZA VOLANTE As cinzas volantes devero apresentar as seguintes caractersticas qumicas: % SiO2 (slica) + %Al2O3 (alumina) 60% % de carbono orgnico < 3%. Esta limitao se deve a que o carbono orgnico consome cal sem dar origem a produtos cimentantes. Por outro lado, tambm devero apresentar as seguintes caractersticas fsicas: % de material retido na peneira n 325 30% superfcie especfica 2500 cm2/g Em geral o tamanho da cinza volante equivalente aos gros de silte. Sua forma esfrica e a distribuio granulomtrica bastante uniforme.

Estabilizao com solo-cimento

Solo-CimentoDistinguem-se trs categorias de estabilizao com cimento: Solo-cimento como base ou sub-base de pavimentos; Solo-cimento plstico usado no revestimento de canais, valas e taludes; e solo modificado: base, sub-base e reforo de subleito de pavimentos. Os parmetros que definem a condio de solo modificado so avaliados pelos ndices fsicos. No solo-cimento plstico a umidade deve ser a necessria para obter-se a consistncia de argamassa. A metodologia de anlise de comportamento a mesma dos cimentos Portland de argamassa. No Estado do Rio Grande do Sul a construo de pavimentos com camadas estabilizadas com cimento remonta a dcada de 50, quando foi executado um trecho de 29 km na BR-116, entre Porto Alegre e So Leopoldo. No incio dos anos 90, os pavimentos com base de solo-cimento totalizavam 800 km, aos quais se acrescentavam outros 25 km com sub-base de solo modificado por cimento.

Solo-cimento

MECANISMOS DE ESTABILIZAO SOLO-CIMENTO

Em solos granulares sem argila a ao cimentante se d atravs dos produtos gerados na hidratao e hidrlise do cimento e o mecanismo a cimentao dos gros nos pontos de contato. Em solos de granulometria densa a cimentao ser bem mais efetiva. Em solos de granulometria uniforme (areia de duna), o nmero de contatos menor, sendo maior consumo de cimento para obter-se o mesmo efeito cimentante. Em solos predominantemente argilosos a ao cimentante principal se d por reaes secundrias. O cimento Portland um material heterogneo que contm produtos cimentantes de forma anidra: C3S, C2S, C3A e C4AF. (Lembra-se que na nomenclatura de estabilizao fsico-qumica C = CaO; S = SiO2; A = Al2O3; F = Fe2O3 e H = H20).

Solo-cimento

MECANISMOS DE HIDRATAO E PROPRIEDADES ELETROCINTICASCIMENTO PORTLAND material heterogneo apresentando: Fases Silicatadas C3S , C2S Fases Aluminosas C3A , C4AF Onde: C = CaO ; S = SiO2 ; A = Al2O3 ; F = Fe2O3 ; H = H2O Fonte principal de resistncia fases silicatadas hidratao

MECANISMOS DA HIDRATAO DO CIMENTO 1a. Fase Componentes do cimento comeam a reagir liberando o hidrxido de clcio que se dissolve parcialmente na fase aquosa, elevando o pH para 13. Fase exotrmica (40 cal/g/h) e dura aproximadamente 5 a 10 minutos. 2a. Fase Perodo de induo, durante o qual as superfcies dos gros ficam cobertos com gis neo-formados. Forma-se uma camada gelatinosa de silicatos e aluminatos hidratados dos gros de cimento 3a. Fase Endurecimento do gel, promovendo a ligao entre os gros parcialmente hidratados. Durao aproximada de 6 horas. 4a. Fase Endurecimento total do gel.

Solo-cimento

EM SOLOS MUITO GRANULARES E SEM ARGILA Ao cimentante se d atravs de produtos da HIDRATAO E HIDRLISE. Mecanismo: cimentao dos gros entre si em seus pontos de contato. Solos bem graduados e densos grande nmero de pontos de contato e a cimentao mais efetiva. Solos uniformes menor nmero de pontos de contato, sendo necessrio uma maior quantidade de cimento para cimentao efetiva.

EM SOLOS PREDOMINANTEMENTE ARGILOSOS Ao cimentante se d atravs das REAES SECUNDRIAS. Cimento Portland um material heterogneo contendo C3S , C2S , C3A , C4AF

Solo-cimento

MTODOS DE DOSAGEM DO SOLO-CIMENTO Histrico Anos 20: Experincias com misturas em alguns departamentos estaduais em estradas dos Estados Unidos. 1935: Trecho experimental em Johnsonville, Carolina do Sul, Estados Unidos. 1935: Programa de pesquisa da PCA (Portland Cement Association) 1939: Na Inglaterra inicia-se o estudo pelo Road Research Laboratory, baseado na experincia da PCS. 1940: No Brasil, adaptao dos mtodos desenvolvidos pela PCA para uso no pas (ABCP). Desenvolvimento dos ensaios-padro na pesquisa da PCA Uma das principais concluses significativas que os princpios de compactao de solos propostos por Proctor (1929) so vlidos tambm para solo-cimento. Na determinao do teor de cimento dois requisitos so necessrios: 1. Integridade sob a ao do trfego 2. Integridade com relao aos esforos induzidos por variao das condies ambientais.

Solo-cimento

MTODOS DE DOSAGEM DO SOLO-CIMENTO Histrico Observou-se a necessidade de adoo de mtodos para medir o efeito da variao do teor de cimento, teor de umidade e peso especfico sobre as propriedades fsicas das misturas compactadas de solo-cimento. Para minimizar a disperso pelos efeitos da hidratao do cimento necessrio um perodo mnimo de cura de 7 dias em cmara mida. Verificou-se que os ensaios de secagem e molhagem e de congelamento e degelo so capazes de induzir efeitos internos semelhantes aos gerados pela variao de umidade. Enquanto os ensaios de molhagem e secagem reproduzem os esforos de retrao; os de congelamento e degelo reproduzem esforos de expanso. Durante a execuo destes ensaios determinam-se variaes de volume, umidade e peso. Para evitar resultados errticos (disperso muito grande) em termos de perda de peso em amostras com baixo teor de cimento, foi desenvolvido processo de escovamento para remoo de material solto.

Solo-cimento

MTODOS DE DOSAGEM DO SOLO-CIMENTO Critrios selecionados Variao de volume (mxima). Indica que o cimento estaria mantendo a mistura intacta, prevenindo variao de volume. Teor de umidade (mximo). Tambm indica a resistncia destruio devido variao de volume. Perda de peso (mxima). o principal critrio. Indica a resistncia desintegrao devido s foras internas de retrao e expanso induzidas pelos ensaios. Resistncia compresso simples (crescente). Aumentos de resistncia com o tempo de cura e o teor de cimento indicam que o cimento est em cura norma; e que o solo no est interferindo em sua hidratao. Ensaios adotados como normas em 1944/45Test for Moisture-Density Relations of Soil-Cement ASTM- D558-57 AASHTO-T134-57 Wetting and Drying Test of Compacted Soil-Cement Mixtures ASTM-D559-57 AASHTO-T135-57 Freezing and Thawing Test of Compacted Soil-Cement Mixtures ASTM-D560-57 AASHTO-T136-57

Em 1957 foram introduzidas mudanas para reduzir o tempo de ensaio, a quantidade de material e trabalho resultando nas normas acima.

Solo-cimento

MTODOS DE DOSAGEM DO SOLO-CIMENTO

MTODO INDIANO

O mtodo est baseado na superfcie especfica. Considera que as partculas de cimento sejam eletricamente carregadas e que sua presena junto ao solo aumenta a condutividade eltrica da massa de solo e cimento compactada. Critrio: satisfao fsico-qumica do solo pelo cimento (teor timo para haver completa floculao). Interao eltrica do cimento e colides negativamente carregados de argila. Grande vantagem: simplicidade e rapidez (normalmente se completa em 10 dias).

Logo aps a agitao

2 horas aps

100,0 90,0 Variao volumtrica (%) 80,0 70,0 60,0 50,0 40,0 30,0 20,0 10,0 0,0 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 Teor de cimento (% ) y = -0,8192x + 16,729x + 8,45552

Grfico da variao volumtrica pelo teor de cimento

MTODOS DE DOSAGEM DO SOLO-CIMENTO Normas da ABNT (Associao Brasileira de Normas Tcnica) NBR 12023 (1992). Solo-cimento Ensaio de compactao. NBR 12024 (1992). Solo-cimento Moldagem e cura de corpos-depriva cilndricos. NBR 12025 (1992). Solo-cimento Ensaio de compresso simples de corpos-de-prova cilndricos. NBR 12253 (1992). Dosagem para emprego como camada de pavimento. NBR 13554 (1996). Solo-cimento Ensaio de durabilidade por molhagem e secagem.

NORMA GERAL DE DOSAGEM DA ABCP

Fixa critrios de ensaios a serem realizados. Estabelece critrios para a interpretao dos resultados destes ensaios.

Especificaes gerais da Norma Durabilidade perda de peso no ensaio de molhagem e secagem Solos A1, A2-4, A2-5, A3 Solos A2-6, A2-7, A4, A3 Solos A6, A7 14% 10% 7%

Resistncia compresso simplesCrescente com o tempo de cura e com o teor de cimento.

NORMA GERAL DE DOSAGEM DA ABCP

Norma Simplificada de Dosagem da ABCP Fundamento: Um solo arenoso com determinada granulometria e peso especfico aparente mximo requerer, de acordo com o critrio de perda de peso nos ensaios de durabilidade, o mesmo teor de cimento que outro apresentando o mesma granulometria e o mesmo peso especfico aparente mximo, desde que apresente uma resistncia compresso aos 7 dias superior a um valor estabelecido.

NORMA SIMPLIFICADA DE DOSAGEM DA ABCP

Norma Simplificada de Dosagem da ABCP

Norma Simplificada de Dosagem da ABCP

Mistura de solo-cimento em usina

Brita graduada tratada com cimento (BGTC)

Brita graduada simples (BGS)

Brita Graduada Tratada com CimentoPavimento invertido semi-rgido

Revestimento asfltico BGS

BGTC

Solo Arenoso Fino Latertico

Solo-Cimento Solo-Cimento

Solo-cimento

Outras aplicaes de misturas de solo-cimento: paredes, tijolos, revestimento, etc....

Estabilizao de solos com betume e cloretos

Solo-betumeA estabilizao com betume empregada com: materiais granulares no-coesivos, aos quais o betume adiciona resistncia (por aumento da coeso), e com materiais coesivos, os quais o betume torna a prova dgua, reduzindo a perda de resistncia que sofreriam com o aumento do teor de umidade. Os dois efeitos dependem em parte da formao de filmes ao redor das partculas dos solos, o que evita a absoro de gua, e em parte do preenchimento dos vazios, que impede a penetrao da gua no solo. Uma caracterstica essencial, diferente de outros processos de estabilizao, que os betumes so materiais termoplsticos e portanto suas caractersticas de resistncia e deformabilidade dependem da temperatura.

Solo-betumeNos Estados Unidos as primeiras experincias relatadas sobre estabilizao de solos com asfaltos diludos(AD) datam dos anos 40. No Brasil, as experincias se concentraram principalmente no Nordeste (areia-asfalto) e no Estado de So Paulo (solo-asfalto). No Rio Grande do Sul, destacam-se: 1958 - Emprego de mistura de solo arenoso com asfalto diludo na base do pavimento da BR-101, trecho Osrio-Morro Alto, em uma extenso de 23 km 1958-1970 - Base de solo-asfalto (6% em peso de asfalto diludo de cura rpida) na base do pavimento da BR-471, Quinta-Santa Vitria do Palmar, em uma extenso de 106 km. Recentemente, a partir dos resultados da pesquisa desenvolvida por Bottin Filho (1997), tem-se empregado solo arenoso estabilizado com asfalto a quente na base do pavimento da rodovia RST-101.

Solo-betume

Modos de estabilizao com betume Os betumes so adequados para os seguintes mtodos de estabilizao: Mistura ntima: cada partcula do solo envolta por uma pelcula de ligante, portanto as partculas no se tocam diretamente. Impermeabilizao mecnica: empregam-se teores de betume pequenos, apenas suficientes para vedar os vazios evitando a passagem de gua, de modo a que ela no atinja as partculas de argila. Estabilizao de agregados: a pelcula de betume proporciona coeso aos agregados. Os agregados de partculas argilosas so envolvidos por pelcula de asfalto, mas no os gros individualmente. Membrana de proteo: o envolvimento por membranas betuminosas de massas de solo devidamente compactadas

Solo-betume

Tipos construtivos usuais A seguinte terminologia se aplica aos produtos estabilizados: Solo-asfalto: solos coesivos (pouco plsticos) que o asfalto torna pouco sensveis gua. Areia-asfalto: areias sem finos, cujas partculas so cimentadas pelo asfalto. Estabilizao por impermeabilizao mecnica: solos com boa graduao de partculas grossas e finas e que se compacta bem, tornam-se a prova dgua por meio de distribuio de quantidades muito pequenas de betume. Tratamento com leo: a superfcie de uma estrada de terra tem a sua resistncia gua e ao desgaste aumentadas pela aplicao de asfalto diludo de cura lenta (road oil).

Solo-betume

Materiais comumente utilizados (a) Produtos betuminosos Para otimizar a penetrao e a adeso no solo, os betumes so geralmente misturados ao solo pulverizado, na forma de emulso, asfalto diludo (cutbacks) ou espuma de asfalto. Tambm tem-se utilizado cimentos asflticos de petrleo (CAP) a quente. O DAER, na sua especificao ES-P 17/91 (Areia asfalto a quente) indica o emprego de CAP 20, nos teores em peso de 5,5 a 9,0%, de acordo com a faixa granulomtrica dos agregados. A escolha entre os tipos de estabilizantes betuminosos depende do tipo de equipamento disponvel para a mistura, bem como da temperatura e umidade do local onde a camada estabilizada ser executada. Tambm quanto mais fino o solo, menor dever ser a velocidade de cura do asfalto diludo.

Solo-betume

Materiais comumente utilizados (b) Solos Critrios para seleo de solos para estabilizao betuminosa (Mitchell):mx < 1/3 da espessura da camada do pavimento a ser executada > 50% passando na peneira #4 35 a 100% passando na peneira #40 < 20% passando na peneira #200 IP < 10 e LL< 40

Resulta que os solos mais adequados seriam os A-1, A-2 e A-3 Observa-se que a especificao DAER-ES-P 17/91 estabelece que o equivalente de areia (EA) dos agregados no deve ser menor do que 40% Concentraes elevadas de sal ou matria orgnica podem diminuir a eficincia do betume. O sal ou a matria orgnica envolvem as partculas de solo e reduzem a adesividade entre as partculas do solo e o betume.

Solo-betume

Dosagem Como ponto de partida sugere-se a frmula emprica de Johnson, baseada na granulometria:

P = 0,015A + 0,02B + 0,03C + 0,09D

onde: P % de asfalto em peso A a % de solo retido na peneira #10 B a % que passa na peneira #10 e fica retida na peneira #40 C a % que passa na peneira #40 e fica retida na peneira #200 D a % que passa na peneira #200

A partir desse valor calculado varia-se o teor de asfalto, estudando-se as propriedades mecnicas, at atingir-se o teor timo. Na escolha final do teor de asfalto deve considerar-se:Tendncia absoro de gua (limitada em 7% pelas normas americanas) Resistncia determinada por um dos seguintes ensaios: CBR (especifica-se o valor mnimo de 80, embora a experincia australiana relata execuo bem sucedida com valores mnimos de 50). RCS aps imerso (valores mnimos sugeridos variam de 5,3 a 17,6 kgf/cm2)

A especificao DAER-ES-P 17/91 estabelece para areia-asfalto a quente:Volume de vazios: 3 a 8% Relao betume/vazios: 65 a 82% Estabilidade Marshall: 180-400 kgf (para 50 golpes) e 250-550 kgf (75 golpes)

Solo -asfaltoBase de pavimento de solo- emulso aps mais de 20 anos de uso, revestido de TS estrada estadual RJ

Estabilizao com cloretos um tipo de estabilizao que se aplica essencialmente a solos que j so intrinsecamente satisfatrios (solos granulares bem graduados). Os cloretos de clcio e de sdio tm sido empregados como redutores de p em estradas no revestidas desde os anos 30. O primeiro relato data de 1913, quando esses materiais foram usados no tratamento anti-p em estradas com macadame hidrulico. Em geral, os cloretos so empregados na estabilizao de solos granulares bem graduados. Os tipos mais comuns so: CaCl2 , NaCl e MgCl2 (muito corrosivo). Os sais mantm o pavimento mido, diminuindo a gerao de p, devido absoro de umidade do ar e evitando a evaporao. So bastante abundantes: o salgema, gua do mar, salmouras naturais, salmouras artificiais refugadas do processo Solvey (fabircao de carbonato de sdio com emprego da amnia, partir do NaCl e do CaCO2. Este tipo de estabilizao tem curta durao, pois os cloretos so lixiviados pela gua das chuvas. Isso exige a aplicao do tratamento uma a duas vezes por ano, numa proporo de 0,8 kg/m2 . A porcentagem de peso usual de 0,5 a 1%. Em camadas de base h menos lixiviao do sal, sendo este aplicado razo de 1kg de sal por m2 para cada 5cm de espessura de camada compacta.

BIBLIOGRAFIA BSICA Ingles e Metcalf Soil Stabilization Mitchel Fundamentals of soil Behavior Green Applied Clay Mineralogy Baptista Pavimentao vol 3 Publicaes do Transportation Research Board Publicaes da American Society for Testing and Materials Publicaes da Associao Brasileira de Cimento Portland Publicaes do Laboratoire Central des Ponts et Chausses Normas e Mtodos de Ensaios do DNER e da ABNT