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1
ESTADO DE MATO GROSSO
SECRETARIA DE ESTADO DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA
FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MATO GROSSO
CAMPUS UNIVERSITÁRIO DE SINOP
DEPARTAMENTO DE LETRAS
Música: um recurso didático para as aulas de Língua Portuguesa
na Sala de Apoio Pedagógico do 6° Ano do Ensino Fundamental
WÉLIA LEÃO DE SOUSA
SINOP-MT
2009/1
2
WÉLIA LEÃO DE SOUSA
Música: um recurso didático para as aulas de Língua Portuguesa
na sala de Apoio Pedagógico do 6° Ano do Ensino Fundamental
TCC- Trabalho de Conclusão de Curso
apresentado junto à banca examinadora do
Departamento de Letras – UNEMAT, Campus
Universitário de Sinop, como requisito parcial
para a obtenção do título de Licenciatura Plena
em Letras.
Profª. Orientadora: Ms. Neusa Inês Philippsen
SINOP-MT
2009/1
3
WÉLIA LEÃO DE SOUSA
Música: Um Recurso Didático para as aulas de Língua Portuguesa
na Sala de Apoio Pedagógico do 6° Ano do Ensino Fundamental
TCC- Trabalho de Conclusão de Curso
apresentado junto à banca examinadora do
Departamento de Letras.
_____________________________________________________
Wélia Leão de Sousa
Acadêmica
__________________________________________________
Ms. Neusa Inês Philppsen
Orientadora
___________________________________________________
Ms. Olandina Della Justina
Profª. Da Disciplina de Monografia II
_____________________________________________________
Esp. Juliana Freitag Fchweikart
Avaliadora
_____________________________________________________
Esp. Graci Leite Moraes da Luz
Avaliadora
_____________________________________________________
Ms. Olandina Della Justina
Chefe do Departamento de Letras
Sinop, 23 de Julho de 2009
4
DEDICATÓRIA
Em primeiro lugar a Deus que me deu força e sabedoria para conseguir fazer todo esse
trabalho. Aos amantes da música como eu e a todos os professores que estão dando tudo de si
para fazer a grande diferença dentro da sala de aula em que atuam e que acreditam que um
trabalho bem feito e com boas práticas metodológicas e recursos didáticos podem mudar uma
história de vida e de ensino.
5
AGRADECIMENTOS
Não tem como não dar o primeiríssimo lugar a ELE. Deus, eu te agradeço por tudo: sabedoria,
persistência e força para chegar até aqui. Tu és tudo para mim Senhor! Sem Ti não sou nada e
nada posso fazer. Quero dar uns merecidos tapinhas nas costas de cada aluno que esteve
juntamente comigo neste projeto e trabalho de pesquisa. Quero aplaudir de pé a professora
Maria Emília que me cedeu sua sala de Articulação para que eu pudesse realizar o meu
trabalho de campo. Você foi nota dez! Quantas vezes deixou sua sala e foi substituir-me para
que eu concluísse meu projeto com êxito. Obrigada por tudo! Haja fôlego! Professora Neusa,
sem você eu não teria conseguido. Nota mil para você. Você é a árvore e eu sou seu fruto.
Obrigada também ao meu pai pelo apoio e à minha tia, Maria de Jesus Borges, pelo incentivo
e apoio sempre, desde o início. Foi você que me fez vir até aqui, viu? Você é o meu maior
exemplo!!!!Obrigada... E quero abraçar também a todos aqueles que acreditaram em mim.
6
Depende de Nós
Depende de nós
Quem já foi ou ainda é criança
Que acredita ou tem esperança
Quem faz tudo pr’ um mundo melhor
Depende de nós
Que o circo esteja armado
Que o palhaço esteja engraçado
Que o riso esteja no ar
Sem que a gente precise sonhar
Que os ventos cantem nos galhos
Que as folhas bebam orvalho
Que o Sol descortine mais as manhãs
Depende de nós
Se esse mundo ainda tem jeito
Apesar do que o homem tem feito
Se a vida sobreviverá
Depende de nós
Quem já foi ou ainda é criança
Que acredita ou tem esperança
Quem faz tudo pr’ um mundo melhor
Ivan Lins e Vitor Martins
7
SOUSA, WÉLLIA LEÃO. Música: um recurso didático para as aulas de Língua
Portuguesa na sala de Apoio Pedagógico do 6° Ano do Ensino Fundamental.
TCC- Trabalho de Conclusão de Curso. UNEMAT, Campus Universitário de
Sinop-MT, Sinop, 23 de Julho de 2009.
RESUMO:
Este trabalho foi realizado a partir dos pressupostos teóricos da Lingüística Aplicada,
que é uma área do saber que muito tem contribuído com a prática pedagógica do professor de
Língua Portuguesa, fazendo com que o ensino de Língua Materna possa ser (re) pensado e
ministrado de forma dinâmica, para estimular o gosto da aprendizagem e ser eficaz na vida do
aluno.A pesquisa, em seu estado final, procura apresentar caminhos para a utilização de novas
metodologias e possibilidades de ensino para a Língua Portuguesa no 6º ano do Ensino
Fundamental, especificamente na Sala de Apoio Pedagógico. A música foi representada como
um Recurso Didático principal, pois compreendemos que ela faz com que o aluno vivencie
aquilo que ele está aprendendo, interagindo com o conteúdo e consigo mesmo, dessa forma,
ela pode proporcionar uma aprendizagem muito mais significativa do que os métodos
tradicionais.
PALAVRAS-CHAVE: Música, Língua Portuguesa, interação, alegria e novas
metodologias.
8
SOUSA, WÉLLIA LEÂO. Music: a didactic resource for the lessons of
Portuguese Language in the room of Pedagogical Support of 6° Year of Basic
Ensino. TCC- Work of Conclusion of Course. UNEMAT, University Campus of
Sinop-TM, Sinop, 23 of July of 2009.
ABSTRACT:
This work was carried through theoreticals of the Applied Linguistics, that is an area that
much has contributed with the pedagogical practice of the Portuguese Language teacher,
making the education of mother Language be thought and be given by dynamic form, to
stimulate the taste of the learning and to be efficient in the life of the pupil. The research, in
its final state, looks for to present ways for the use of new methodologies and possibilities of
education for the Portuguese Language in 6º year of Basic Ensino, specifically in the Room of
Pedagogical Support. Music was represented as main a Didactic Resource, therefore we
understand that it makes with that the pupil lives deeply what it is learning, interacting with
the content and obtains exactly, of this form, it can provide a much more significant learning
of what the traditional methods.
PALAVRAS-CHAVE: Music, Portuguese Language, interaction, joy and new
methodologies.
9
SUMÁRIO
1. Introdução ........................................................................................................................ 10
2. Capítulo I ......................................................................................................................... 12
2.1 . A Linguística Aplicada ........................................................................................... 12
2.2 . A Linguística Aplicada ao ensino de Língua Portuguesa ................................... 14
2.3 . Música: um recurso didático para as aulas de Língua Portuguesa ................... 17
3. Capítulo II ........................................................................................................................ 20
2.1. Breves apontamentos da História da Educação e do funcionamento da escola
tradicional .............................................................................................................................. 20
2.2. O retrato da Escola nos dias de hoje ...................................................................... 24
4. Capítulo III ...................................................................................................................... 27
3.1. Considerações inerentes ao contexto escolar ......................................................... 27
3.2. A Escola Ciclada ....................................................................................................... 31
3.2. 1. A sala de Apoio Pedagógico dentro da Escola Ciclada e o recurso da música
como opção metodológica ............................................................................................... 32
5. Capítulo IV ...................................................................................................................... 35
4.1. Música na sala de aula: Aplicação do Projeto de Pesquisa .................................. 35
4.2. Tempo de Aplicação do Projeto .............................................................................. 36
4.3. Metodologia de Trabalho ........................................................................................ 37
4.4. Comparativo das Entrevistas Inicial e Final realizadas com os alunos da Sala de
Apoio Pedagógico ............................................................................................................ 39
4.4.1. Entrevista inicial com os alunos da Sala de Apoio Pedagógico- 6º ano/B ....... 39
4.4.2 Entrevista final sobre a Aplicação do Projeto com os alunos ........................... 46
6. Considerações Finais ......................................................................................................... 49
7. Referências Bibliográficas ............ ................................................................................... 51
7. Anexos ................................................................................................................................ 54
10
INTRODUÇÃO
A música sempre fez parte da vida das pessoas e desde tempos muito antigos os seres
humanos já usavam algum tipo de som para manifestar suas emoções. Na verdade o som é
capaz de penetrar fundo na alma e causar transformações na vida das pessoas que estão
sensíveis a ele.
Usufruir do som nas atividades humanas pode tornar um trabalho muito mais fácil. A
música pode ir onde não podemos, ela alcança o interior. Por essa razão, escolhemos fazer um
trabalho usando a música como um recurso didático pedagógico dentro da sala de Apoio
Pedagógico para mudar a rotina dos alunos e tornar a aprendizagem da Língua Portuguesa
prazerosa e dinâmica.
Este Trabalho de Conclusão de Curso tem como aporte teórico a Linguística Aplicada
e o nosso trabalho de campo realizou-se durante três meses em que analisamos o
desenvolvimento e aprendizagem de sete alunos da Sala de Articulação do 6º ano B do Ensino
Fundamental da Escola Estadual Paulo Freire.
A metodologia que levamos para a sala de aula foi diferenciada da tradicional, a
música foi o nosso elo entre teoria e prática.
Em nossa pesquisa dialogamos com autores que retratam o cenário da Linguística
Aplicada, tais como: Giselda dos Santos Costa, Lúcia Kopschitz, Maria Augusta B. Mattos,
entre outros, e também autores que abordam sobre como usar a música na sala de aula, Alicia
Maria Almeida Loureiro, Martins Ferreira, Walter Howard e outros.
Durante todo o período de pesquisa realizamos conversas informais e formais com
vários professores da referida Escola em que desenvolvemos o trabalho, assim fizemos várias
observações e constatações das metodologias utilizadas pelos professores de Língua
Portuguesa dessa Escola, tanto da sala de aula regular quanto da sala de Apoio Pedagógico.
O nosso maior objetivo foi levar para a sala de aula a música como um recurso
diferenciado e verificar a sua eficácia ou não na aprendizagem dos alunos, com o intuito de
oferecer aos professores de Língua Portuguesa novas possibilidades metodológicas de ensino.
Para tanto, selecionamos para a prática pedagógica três músicas: Circo (Xuxa),
Depende de Nós (Ivan Lins) e Aquarela (Toquinho).
No primeiro capítulo da pesquisa, apresentado a seguir, retratamos uma abordagem
sobre a Linguística Aplicada, seu conceito e importância para o ensino de Língua Portuguesa
11
e, contextualizamos brevemente, contribuições da música para o ensino e aprendizagem de
Língua Portuguesa.
No segundo capítulo, fizemos uma contextualização histórica da educação e de como
funcionamento da escola tradicional desde os primórdios, até os dias de hoje.
Trouxemos no terceiro capítulo algumas constatações inerentes ao contexto escolar em
que a nossa pesquisa foi realizada, falamos sobre a Escola Ciclada, quando, como e para que
foi implantada no ensino público e qual a sua metodologia de ensino e sobre como funciona a
Sala de Apoio Pedagógico na Escola Ciclada e sobre a proposta de como usar a música dentro
da sala de aula.
Finalmente, no quarto capítulo, mostramos o desempenho e trajetória da pesquisa de
campo: Indagações, Objetivos, Metodologia de Trabalho, Tempo de Aplicação do Projeto,
Cronograma de Aplicação, Comparativo das duas entrevistas realizadas com os alunos, a
inicial e a final. Em seguida tecemos nossas considerações finais.
Que esse possa ser o início de mudanças dentro da sala de aula por parte de
professores e alunos! E que esse possa ser só o primeiro passo para grandes conquistas no
ensino e aprendizagem de Língua Portuguesa.
Música, o som que encanta e emociona a muitos...
12
CAPÍTULO I
1.1 . A Linguística Aplicada
Este trabalho foi realizado a partir dos pressupostos teóricos da Lingüística Aplicada
(doravante LA). Para entendermos melhor o significado dessa disciplina faremos um breve
apanhado sobre o surgimento da mesma no Brasil e o seu principal objetivo.
No livro intitulado A Lingüística Aplicada e a Lingüística as escritoras Lúcia
Kopschitz e Maria Augusta Bastos de Mattos dizem-nos que “... a Lingüística Aplicada é uma
disciplina que se ocupa e, exclusivamente, de situações em que o homem usa a língua para
falar dela mesma.” (KOPSCHITZ; MATTOS, 1993, p.8) Assim, compreendemos que ela é
uma ciência que tem como meio seu próprio objeto, ou seja, a LA usa a língua para falar da
própria língua.
Segundo Francisco Gomes de Mattos (1976), a LA manifestou-se no Brasil em 1965,
no 1º Seminário Brasileiro de Linguística, promovido pelo Yázigi, no Rio de Janeiro e, a
partir desse, outros vários eventos aconteceram para tratar especificamente dessa área do
saber.
Moita Lopes (2005), contempla em seu livro Oficina de Lingüística Aplicada que a
LA é uma área de investigação que está tendo um grande desenvolvimento no Brasil e que o
nosso país é o que tem apresentado mais trabalhos em congressos que tratam dessa disciplina.
Através de pesquisas feitas sobre a disciplina em foco, descobrimos que o termo
“Linguística Aplicada” é relativamente recente e surgiu do grande ímpeto dos estudos
linguísticos nas últimas décadas, fundamentalmente a partir de duas grandes correntes em
debates por estudiosos da área. A primeira grande discussão vem da necessidade de definir
seu campo de atuação e estabelecer seu limite de estudo com a ciência da linguagem, ou seja,
a Lingüística. A segunda discussão entre os pesquisadores é sobre a noção da LA como
sinônimo de estudos científicos dos princípios e da prática do ensino/aprendizagem de Língua
Estrangeira1.
1 Informações retiradas do site www.silviocicchi.com/gisflash/linguisticaaplicada. Breve Histórico da
Linguística Aplicada. 2001. Acesso em 08/12/2008.
13
Muitos estudiosos, inicialmente, acreditavam que o objetivo principal dessa ciência era
a investigação de problemas relacionados com o ensino aprendizagem de línguas estrangeiras
e com a tradução automática. Atualmente, contudo, o centro de interesses da LA tem se
voltado a explicar fenômenos relacionados ao ensino-aprendizagem de Língua Materna e, em
consonância com esses interesses, surge esta pesquisa que visa a contribuir com os estudos
que apontam e pretendem interferir na metodologia de ensino tradicional.
Em um artigo encontrado na internet, Costa (2001), afirma que:
A Linguística foi definida por Palmer como uma disciplina que pode englobar várias
matérias (subjects), podendo ser usada para dar-lhes substância intelectual. Essas
matérias, por sua vez, podem ser entendidas como componentes de outras
disciplinas, que não a Linguística, já a Línguística Aplicada é, pois, entendida como
uso de matérias lingüísticas cujo conteúdo pode ser aprimorado pelo trabalho prático
nas disciplinas que incluem o uso da linguagem2.
O principal objetivo da LA “é fornecer subsídios para que as pessoas envolvidas na
situação de uso da lingüística enfocada reflitam sobre ela criticamente.” (KOPSCHITZ;
MATTOS, 1993, p. 20)
As características centrais da LA propõem explicar fenômenos que podem ou não
estarem relacionados a problemas sociais, culturais, psicológicos e outros, quase sempre é
centrada em projetos e guiada por demandas. Ela é fundamentalmente baseada em disciplinas
acadêmicas.
A LA importa ao nosso projeto de pesquisa porque escolhemos como propósito central
realizar um trabalho relacionado ao ensino de Língua Portuguesa (doravante LP) que alie
teoria e prática. Para tanto, acreditamos que os trabalhos de LA contribuem cada vez mais,
para a minimização da lacuna que existe entre a teoria e a produção efetivamente realizada
dentro da sala de aula, uma vez que os seus trabalhos estão voltados para a aplicação da teoria
no processo de ensino-aprendizagem.
Em virtude disso, acreditamos que o uso da música em sala de aula poderá ser um
caminho pelo qual o estudo de Língua Materna seja aplicado de maneira lúdica e dinâmica e
fazer com que as aulas de LP saiam do tradicionalismo, que torna as aulas maçantes e sem
atrativos para o aprendizado do aluno.
2 Informações retiradas do site www.silviocicchi.com/gisflash/linguisticaaplicada. Breve Histórico da
Linguística Aplicada. 2001. Acesso em 08/12/2008.
14
1.2. A Linguística Aplicada ao Ensino de Língua Portuguesa
Temos presenciado, constantemente, discussões envolvendo a questão do insuficiente
desempenho dos alunos no contexto da sala de aula, sobretudo em relação à leitura e produção
de textos em Língua Materna e este é um problema que se reflete no rendimento escolar de
modo geral. Ultimamente, é comum ver professor insatisfeito e alunos que não conseguem
acompanhar e assimilar a matéria e, assim, as aulas de LP estão se tornando motivo de
preocupação, pois dificuldades de comunicação entre discentes e docentes andam meio
atropeladas.
O ensino de língua materna, desde as primeiras letras até o estudo da nossa tradição
literária, tem sido alvo de preocupação de especialistas das mais variadas áreas. Assim, o
ensino de linguagem, de um modo geral, vem sendo há algum tempo tema de discussão de
gramáticos, pedagogos, psicólogos etc. que, evidentemente, centraram seus estudos e críticas
segundo pressupostos e pontos de vista próprios às suas áreas de conhecimento3.
Conforme vimos acima, não podemos fingir que não há confrontos entre teoria e
prática. O professor compreende essa dificuldade na teoria, mas na prática tem dificuldade
para lidar com essas situações problema.
Segundo um trabalho de pesquisa chamado Diários – Projetos de Trabalho, feito a
professores no exercício da profissão e a diretores de escolas públicas pela TV Escola,
Mingues e Aratangy dizem:
Torna-se cada vez mais evidente que é preciso preocupar-se com a qualidade do que
se propõe às crianças, para que elas possam desenvolver com maior competência sua
capacidade leitora e escritora, bem como seu papel de estudante. A escolha dos
modelos oferecidos é de fundamental importância no resultado de suas produções
[...] É necessário uma atuação explícita do professor para que as crianças avancem,
aprendam e desenvolvam uma boa competência leitora e escritora. (1998, p.49)
Se levarmos em consideração as várias pesquisas feitas em relação ao ensino-
aprendizagem, chegaremos à conclusão de que as aulas de LP precisam, na maioria dos casos,
de uma renovação, pois mesmo com os avanços tecnológicos muitos professores ficam ainda
3 Carlos Alberto Faraco e Gilberto de Castro. Informações retiradas do site: www.educaremrevista.
ufpr. br/arquivos15/faracocastro: Acesso em: 08/12/2008.
15
presos ao tradicionalismo, ministrando aulas monótonas e abrindo mão de recursos que
podem, talvez, fazer a grande diferença dentro da sala de aula.
Desse modo, compreendemos que é através do lúdico e de metodologias diferenciadas
que professores terão maiores chances de tornar suas aulas dinâmicas e atrativas e, assim,
certamente seus alunos terão maior interesse pela aprendizagem. O professor precisa sair da
rotina, deixar de lado paradigmas tradicionais e usufruir de meios que o leve ao êxito dentro
da sala de aula. Darcilia Simões, em um projeto de iniciação científica voltado para as aulas
de LP, tendo como título A música e o ensino da língua portuguesa, diz que:
...não mais devem ser excluídas da escola formas culturais de expressão, mídia,
computadores, leituras de mundo etc. Ao contrário, não sobreviverão à pós-
modernidade as escolas que não se transformarem em centros culturais por
excelência, sobrepondo uma linguagem única, determinada e imposta às diversas
linguagens do mundo pós-moderno. Pluralidade, interação, confluência e tolerância
não são benesses do sistema, são necessidades que devem se aliar à analise, à
comprovação e à leitura crítica – postulados do trabalho lingüístico. Para tanto a
escola deve procurar ligar, articular saberes já adquiridos pelos indivíduos a outros
cientificamente determinados que ampliem seu universo de significações e sentidos4.
(SIMÕES, 2001)
Isso nos mostra a importância de professores estarem constantemente buscando inovar
e aprimorar suas metodologias dentro da sala de aula para que seus alunos possam tomar o
gosto pela aprendizagem e, principalmente, consigam desenvolver com qualidade suas
habilidades para a leitura e escrita, apreendendo, aos poucos, o padrão culto da Língua
Materna.
Segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais,
O domínio da língua, oral e escrita, é fundamental para a participação social efetiva,
pois é por meio dela que o homem se comunica, tem acesso à informação, expressa
e defende pontos de vista, partilha ou constrói visões de mundo, produz
conhecimento. Por isso, ao ensiná-la, a escola tem a responsabilidade de garantir a
todos os seus alunos o acesso aos saberes lingüísticos, necessários para o exercício
da cidadania, direito inalienável de todos. (2001, p. 21)
Sendo assim, são nas aulas de LP que os alunos praticam a norma padrão culta da
língua e adquirem, progressivamente, competências em relação à linguagem que lhes deem
4 Informações encontradas no artigo A música e o ensino da Língua Portuguesa, disponível no site:
http://www.darcilia.simoes.com. Acesso em: 009/11/2008.
16
condições de resolver problemas de sua vida cotidiana, ter acesso a cultura e participarem
plenamente do mundo letrado.
A escola faz parte da vida do aluno e é nela que ele vivencia uma das partes mais
importantes de sua história de vida. Então, ela precisa ser um lugar onde esse sujeito sinta
vontade de estar. A sala de aula, assim, tem que ser um espaço onde o aprendizado seja
prazeroso e faça toda a diferença na vida do educando. Para tanto, é necessário que o
professor esteja constantemente buscando metodologias para que esse momento de
aprendizagem desperte no aluno o interesse em aprender, sem que o ensino seja cansativo e
desestimulante.
O ensino da LP, por conter muitas regras e prescrições, pode por si só causar o
desinteresse e falta de estímulo à aprendizagem. Desse modo, cabe ao professor trazer para
dentro da sala de aula recursos didáticos diferenciados para ensinar os conteúdos
programáticos com estratégias didático-pedagógicas interessantes aos alunos.
Concluímos, ainda, que os estudos e pesquisas que apontamos nesse item 1.2
comprovam que a escola ainda preconiza a linguagem fora do seu contexto social. O ensino
de Língua Materna carrega o peso da tradição gramatical, preocupando-se com atividades
mecânicas, descontextualizadas, transformando o uso do texto como pretexto para práticas
vazias de significação. Diante do exposto, os trabalhos de LA vêm ao encontro dessa lacuna
que existe entre a produção acadêmica e a prática efetivamente realizada em sala de aula, com
o intuito de levar o acadêmico/professor a interessar-se por problemas de uso da linguagem e,
mais especificamente, pelos processos de ensino-aprendizagem de língua materna.
A disciplina de LA, portanto, só vem contribuir com a prática em sala de aula, fazendo
com que o ensino de língua materna possa ser ministrado de forma dinâmica e vir a ser eficaz
na vida do aluno. A realização de nossa pesquisa, em consonância com esses pressupostos,
tem o propósito de apresentar alternativas metodológicas ao professor para trabalhar com
alunos que têm dificuldade na prática de leitura e produção de texto dentro da sala de aula.
Ela procura apresentar caminhos e possibilidades de ensino para tentar sanar as deficiências
de aprendizagem que o aluno traz em seu percurso escolar até chegar ao 6º ano do Ensino
Fundamental. Esse é o objetivo maior desse trabalho de pesquisa.
17
1.3. Música: um recurso didático para as aulas de Língua
Portuguesa
Apresentamos como alternativa prático-metodológica de ensino o resgate à utilização
de música nas aulas de LP.
Compreendemos que os agrupamentos humanos, em suma, apreciam algum tipo de
som, seja ele de que natureza for. Dentre eles, destacamos o barulho do mar, o canto dos
pássaros, o barulho dos motores dos carros... Enfim, seja ele produzido pela natureza ou pelo
ser humano. Há quem diga que não consegue dormir sem ouvir algum tipo de som.
Diante dessa constatação, é possível destacar que “[...] o som, organizado por nós
seres humanos, é capaz de ir além e pode ultrapassar fronteiras quando se deseja exprimir
algo a alguém.” (FERREIRA, 2001, p.9). Esse som organizado por seres humanos se chama
música e esta é capaz até de transformar vidas, dependendo do contexto e da maneira que ela
é transmitida.
As modificações que a música, provoca em nossa vida interior, como, aliás, toda a
impressão exterior que age sobre as profundezas do nosso ser, significa outro tanto
de ampliação, de diferenciação, de aprofundamento em nossa substância íntima, ou
melhor, são, no sentido próprio do termo, a causa do despertar de nossas faculdades.
(HOWARD, 1984, p.12)
A escolha da música como recurso didático principal justifica-se por ser ela uma
linguagem que pode ser utilizada pelas mais diversas áreas do ensino e aprendizagem na
educação básica e, também, por ser integrante do cotidiano da vida de alunos e professores.
Na introdução do livro O ensino de música na escola fundamenta, de Alícia Maria
Almeida Loureiro (2003), encontramos vários depoimentos relacionados a projetos que
utilizam a música como objeto de trabalho e destacamos a apresentação da assessora de
comunicação do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) em Brasília, Florrace
Bauer, que diz que a música atrai a criança, serve de motivação, deixa-a mais atenta e é
instrumento de cidadania, contribuindo para a sua auto-estima.
Segundo Pfutzenreuter (1999), a música contribui para o desenvolvimento cognitivo e
emocional da pessoa humana. Com base nesse autor, nos lidos depoimentos e em vários
18
outros exemplos que encontramos sobre trabalhos realizados com a música entendemos que
ela é um recurso didático válido para as aulas de LP, pois ela, além de ser uma área do
conhecimento, também corrobora com outras áreas, quando utilizada de forma
interdisciplinar, auxiliando na construção do conhecimento, na manutenção da cultura e
valores. Dessa forma, o aluno pode aprender brincando, interagindo com o outro e consigo
mesmo.
Conforme Loureiro, “a música está presente desde muito cedo na vida das crianças, no
cotidiano das crianças, e, por isso, elas têm uma sensibilidade musical impressionante...”
(LOUREIRO, 2003, p.15). Assim, compreendemos que ela sempre fez parte de nossas vidas e
faz parte do cotidiano das pessoas nos mais variados momentos do seu dia-a-dia. E, como
vimos acima, desde muito cedo ela tem contribuído com a aprendizagem do aluno e também
tem mostrado ser capaz de atrair esse sujeito para o aprendizado dentro da sala de aula.
Desde os mais remotos tempos a música já era utilizada como um recurso para a
aprendizagem. “A música foi um dos principais recursos utilizados pelos jesuítas no processo
de escolarização da juventude européia, com vistas à formação do bom cristão.” (Ibid, 2003,
p.41). Daí é possível constatar que a música sempre teve a sua importância no âmbito do
ensino dentro do contexto escolar, pois “[...] ela não está na escola como uma atividade
recreativa, mas sim na construção do conhecimento [...]” como nos mostra o depoimento do
educador musical Sérgio Henrique Alves de Andrade. (Ibid, 2003, p.15)
De acordo com os PCNs, “a música sempre esteve associada às culturas de cada época
[...]" (PCNs, 1997, p.75), ou seja, ela desde sempre já fez parte da vida do ser humano e vem
desempenhando, ao longo da história, um importante papel seja no aspecto religioso, moral ou
social.
Ainda segundo o livro O ensino de música na escola fundamental, de Alícia Maria
Almeida Loureiro (2003), a palavra música vem do grego mousiké e designava, juntamente
com a poesia e a dança, a “arte das musas”. O ritmo, denominador comum das três artes,
fundia-se num só. Como nas demais civilizações antigas, os gregos atribuíam aos deuses sua
música, definida como uma criação e expressão integral do espírito, um meio de alcançar a
perfeição.
A paixão dos gregos pela música fez com que, desde os primórdios da civilização, ela
se tornasse para eles uma arte, uma maneira de pensar e de ser. Desde a infância eles
19
aprendiam o canto como algo capaz de educar e civilizar. O músico era visto por eles como
um guardião de uma ciência e de um estudo pelo exercício. O reconhecimento de valor
formativo da música fez com que surgisse, naquele país, as primeiras preocupações com a
pedagogia da música.
Pouco a pouco a música passou a abranger tudo o que concernia ao cultivo da
inteligência. Receber uma educação musical não significava apenas aprender a tocar piano,
violino ou outros instrumentos musicais, mas estudar a fundo todas as artes liberais, a escrita,
a matemática, o desenho, a declamação, a física e a geometria, tinha-se que saber, também,
cantar num coro e tocar perfeitamente pelo menos um instrumento. Para os gregos, a
educação era concebida como relação para preparar cidadãos para participar e usufruir dos
benefícios da sociedade.
Segundo Pitágoras, matemática e música eram parte uma da outra, e nessa relação
estava a explicação para o funcionamento de todo o universo. A música é então considerada
fonte de sabedoria, indispensável à educação do homem livre. (LOUREIRO, 2003)
Sendo assim, já utilizada pelas civilizações antigas, a música pode ter uma utilidade
muito grande como elemento auxiliar didático-pedagógico na sala de aula e “o professor deve
usar a música em sala de aula [...]” (FERREIRA, 2001, p.11), pois ela causa estímulo e prazer
para a aprendizagem quando é usada de forma adequada dentro de objetivos propostos e bem
assimilados pelo professor para o seu trabalho cotidiano na escola.
“[...] com a música, é possível ainda despertar nos alunos sensibilidades mais
aguçadas na observação de questões próprias à disciplina alvo [...]” (Ibid, 2001, p.13) O
campo da música é verdadeiramente fértil e de fácil assimilação e, portanto, muito útil ao
professor que usar a música em suas aulas para dinamizar, renovar e buscar uma maior
eficiência de aprendizagem dos alunos na fixação de conteúdos, sobretudo os de LP durante
as ministrações de suas aulas.
Os resultados da aplicação do projeto em um 6º ano do Ensino Fundamental,
especificamente na Sala de Apoio Pedagógico, o desenvolvimento do processo didático-
metodológico e as reflexões didático-avaliativas dos objetivos propostos serão apresentados
no capítulo quatro desse trabalho de pesquisa.
20
CAPÍTULO II
2.1. Breves Apontamentos da História da Educação e do Funcionamento
da Escola Tradicional
Para compreendermos como a música poderá auxiliar-nos em uma Sala de Apoio
Pedagógico e, consequentemente, dentro da sala de aula como um recurso didático e para a
melhora na qualidade das aulas de LP, precisaremos voltar um pouco no tempo e fazer uma
retrospectiva rápida na história da educação desde os passos iniciais até chegar aos dias de
hoje. Este breve resgate diacrônico tem o intuito de mostrar as mudanças que acontecem na
estrutura educacional de tempos em tempos e como elas afetam diretamente as práticas
pedagógicas.
As práticas educacionais existem desde tempos muito remotos. E, mesmo nos
primeiros tempos da civilização, sempre houve formas de educação. Porém, não eram como
são hoje, as formas de ensino dos povos antigos realizavam-se de maneira espontânea onde os
feiticeiros, curandeiros e anciãos transmitiam oralmente seu conhecimento para os jovens em
qualquer hora ou lugar, não havia uma instituição formada e muito menos eles seguiam um
método para fazer esses ensinamentos5.
Segundo a História, no século V antes de Cristo, essa transmissão espontânea de
informações passou por um processo de organização que tirou a educação da responsabilidade
única dos pais e isso se deu no período de expansão do Império Romano sobre a Grécia com
os Sofistas gregos, pois eles cuidavam da educação de seus discípulos de forma mais
organizada e sistematizada. “Foi na Grécia Antiga que surgiram os primeiros educadores
profissionais...” (HORA; NUNES; GAL, 2002, p. 85). Segundo essas constatações, pode-se
dizer que a História da Docência e da Pedagogia se originou na Grécia.
5 As informações contidas nesse parágrafo encontram-se no JORNAL DIÁRIO NA ESCOLA. 2003 A
história da escola. Santo André, 17 de Fev. 2003. Disponível em: www.redenoarsa.com.br
/biblioteca/07se03_3649.pdf. Acesso em 12 de Fev. 2009, às 10 h.
21
Segundo consta no Guia de estudo do PROFORMAÇÃO6, os Sofistas andavam com os
jovens discutindo questões filosóficas e de conhecimento. E na Grécia Antiga existia uma
Escola Elementar que não tinha um espaço ou um prédio. Os Sofistas eram professores
ambulantes que percorriam as grandes cidades, ensinando as ciências, artes, com finalidades
práticas, em troca de uma elevada contribuição financeira, desse modo, a educação levada por
eles acontecia nas ruas, nas praças ou na entrada de templos. Os seus ensinamentos
acentuavam-se pelo exagero e pelo valor individualista. Entre eles não havia nenhum sistema
comum de idéias. Desenvolveram a educação intelectual, que se tornou independente da
educação física e musical7.
Entre os romanos a construção de um edifício de escola só ocorre durante o avanço do
Império Romano. Isso porque estavam preocupados em impor sua cultura, seus costumes e
valores aos povos dominados, então, construíram espaços onde as crianças se reuniam para
receber a típica educação romana. Paradoxalmente, a responsabilidade pelas aulas era dos
preceptores, ou seja, escravos que tinham como função passar os costumes do opressor.
No período medieval, a educação estava restrita às igrejas. Os salmos eram ensinados
em monastérios, abadias e templos. No ano de 787, Carlos Magno, o Rei dos Francos8, que
viria a ser coroado Imperador do Ocidente no ano de 800, ordenou que todos os monges e
sacerdotes estudassem as letras. Portanto, todos os mosteiros criaram uma escola onde foram
ensinadas as seguintes matérias básicas: aritmética, geometria, escrita, música, canto e
6 PROFORMAÇÃO: Programa de Formação de Professores em Exercício – Coleção Magistério.
7 Informações retiradas do Guia de Estudo do PROFORMAÇÃO – Coleção Magistério/ Fundamentos
da Educação, p.85. 2002. 8 Um dos reinos bárbaros formados a partir da destruição do Império Romano do Ocidente. “O único
que conseguiu se estruturar e fincar suas raízes na Gália. Depois expandiram seus domínios sobre
territórios que hoje correspondem à França, Alemanha, Bélgica, Itália e mais oito países da Europa. A
palavra franco vem do alemão antigo frekkr e significa forte, ousado, corajoso. Essas eram exatamente
as qualidades que Carlos Magno procurava ostentar como o maior soberano dos francos e grande
guerreiro cristão. Por isso, Carlos Magno foi coroado pelo papa Leão III com o título de Imperador na
tentativa de resgatar a autoridade do Antigo Império Romano. De todos os povos bárbaros germânicos,
os francos merecem especial atenção, pois conseguiram estruturar um poderoso Estado de grande
significação na Alta Idade Média européia. Esse Estado franco formou-se e expandiu-se sob o governo
de duas dinastias: Dinastia dos Reis Merovíngios (século V a VIII) - período da formação do reino
franco, das suas primeiras expansões territoriais e da aliança estabelecida entre o rei e a Igreja Católica
Romana”( FRANCOS – HISTÓRIA DOS FRANCOS. Disponível em: www.historiadomundo.
com.br/idade-media/francos. Acesso em: 23 de Mar. 2009, às 12h.)
22
salmos. Até o século XIV a educação permaneceu nas mãos dos monges e com acesso restrito
à elite9.
A sistematização e disseminação do ensino só ocorreram a partir do século XVII, com
o lançamento da obra Didática Magna – A Arte de Ensinar Tudo a Todos, escrita em 1632
pelo francês Comenius, que se tornaria a base de todo o pensamento pedagógico da época.
Pela primeira vez, havia uma estruturação do sistema de ensino com a divisão da escola em
níveis e com ritmos de ensino que se adequassem às idades e possibilidades das crianças.
Também se iniciava o conceito de democratização da educação, uma vez que a ideia era
exatamente como diz o título do livro de Comenius, ensinar tudo a todos. No século XVIII, a
Áustria e a Prússia tornaram-se os primeiros países a investir na Escola Estatal, criando,
assim, o conceito de ensino público.
Aqui no Brasil, a educação começou como forma de dominação e imposição dos
colonizadores portugueses aos habitantes da colônia, e ela veio através dos jesuítas que
vieram catequizar os índios. Segundo a História, o movimento jesuítico, fundado na Espanha,
era um dos baluartes da Contra-Reforma e peça fundamental na disputa com os protestantes
pelas novas almas. Antes da chegada dos portugueses ao Brasil não havia aqui forma
educacional organizada e, em relação aos índios, as tradições de cada tribo eram passadas de
maneira não formal pelos anciãos. Portanto, a primeira estrutura “escolar” foi organizada
pelos jesuítas para ensinar a religião aos nativos. A História ainda nos conta que os jesuítas
desembarcaram no país logo depois de Pedro Álvares Cabral (em 1530 já estavam instalados
na colônia).
O período de dominação dos jesuítas sobre toda e qualquer forma de educação no
Brasil foi duradoura. Desde 1530 até a metade do século XVIII, quando o Marquês de
Pombal, considerado um déspota esclarecido, no período em que esteve no poder em
Portugal, acabou com a dominação dos jesuítas. Porém, a necessidade de pensar-se sobre um
sistema educacional organizado ocorreu com o ciclo do ouro (final do século XVII, começo
9 Nos próximos parágrafos apresentamos o contexto histórico de acordo com o JORNAL DIÁRIO NA
ESCOLA. 2003 A história da escola. Santo André, 17 de Fev. 2003. Disponível em: www.redenoarsa.
com.br/biblioteca/07se03_3649.pdf. Acesso em 12 de Fev. 2009, às 10 h.
23
do XVIII), que transformou o cenário da colônia, favorecendo o crescimento das cidades,
gerando um boom populacional e, assim, aumentando a necessidade de educar.
No entanto, é apenas com Dom Pedro I que acontece o passo pioneiro para a educação
pública primária no Brasil, com sua Lei de 15 de outubro de 1827, que organizava a educação
das crianças dentro do Império e tratava dos salários dos professores e do currículo das
escolas. E é por causa desta Lei que o dia do professor é comemorado no dia 15 de outubro.
Mas é somente no período republicano que houve maior disseminação da educação em terras
brasileiras, com o surgimento das escolas privadas, controladas por grupos religiosos, a
maioria católica e também maçons.
Depois desse período chegamos aos tempos modernos (meados do século XIX), época
que, segundo a História, foi marcada pela divergência em torno dos conceitos fundamentais e
pelo próprio sentido do processo educativo e da sua institucionalização. É necessário,
contudo, compreendermos que o processo desencadeador e evolutivo dos moldes modernos
da educação inicia-se no século XV a partir do Iluminismo, que revolucionou as instituições
trazendo consigo a escola como uma instituição que propicia a todos o saber intelectual e
cultural10
.
Nasce, então, uma nova concepção de mundo onde as dinâmicas e revolucionárias
descobertas das novas ciências que emergem nesse período abrem caminho para o triunfo da
razão marcando, assim, os tempos modernos, pois no século XVIII o Iluminismo representou
o ápice das transformações culturais iniciadas no século XIV pelo movimento renascentista.
Após esse breve levantamento diacrônico da estrutura e funcionamento do ensino ao
longo dos tempos é possível compreendermos que as mudanças acontecem devido às
necessidades de cada momento histórico e estão inter-relacionadas com as atividades sócio-
político-econômicas dos povos. Como vimos, as mudanças são lentas e gradativas, o que nos
permite visualizar, ainda no momento atual, resquícios de normas e modelos das primeiras
escolas instituídas, como veremos no item seguinte.
10
Informações retiradas do Guia de Estudo do PROFORMAÇÃO – Coleção Magistério/ Fundamentos
da Educação, Módulo IV, unidade 5. 2002.
24
2.2. O Retrato da Escola nos dias de hoje
Na fase da Idade Moderna, houve, e continua havendo, um questionamento sobre a
educação tradicional em relação a seus métodos e fins e, dessa forma, os conhecimentos do
passado perderam muito do seu caráter de verdade absoluta e abrem espaço para os
questionamentos. O marco inicial dessa nova fase acontece quando a Pedagogia Tradicional é
substituída por uma nova pedagogia, a Pedagogia Moderna do desenvolvimento, voltada mais
para a experiência.
Em uma página da internet chamada Diário na Escola encontramos, todavia, uma
matéria da Pedagoga Mônica Cukierkorn, que fala que a estrutura da escola até hoje continua
a mesma dos seus primórdios. Um prédio, dividido em classes, para onde vão as crianças. Nas
classes, carteiras e lousa. Segundo Cukierkorn (2003), o que realmente mudou ao longo dos
séculos foi o pensamento das pessoas que fazem e frequentam a escola11
.
A função básica do estabelecimento de ensino hoje é social e de transmissão cultural.
Deixou de ser o centro de transmissão de conhecimento para se tornar responsável pela
manutenção de valores e normas de conduta. As crianças passam muito tempo na escola e é lá
que os alunos aprendem as formas de se relacionar. O conceito de transferir para a escola a
responsabilidade de cuidar das crianças foi disseminado no período da industrialização que
ocorreu no século XVIII, na Inglaterra, e no século XIX, no resto da Europa, Estados Unidos
e Japão.
Nesse período, a ênfase da escola voltou-se para crianças em idade de Educação Infantil.
Porém, as creches não tinham caráter didático, mas de assistência social, de guarda. Apenas
na década de 80 do século passado é que foi iniciado um movimento para reorganização da
Educação Infantil com caráter pedagógico.
Em nossos dias há um novo enfoque de questionamento, ou seja, ele volta-se, em sua
essência, para as discussões sobre o papel do professor. O profissional da educação é
11 Link encontrado no JORNAL DIÁRIO NA ESCOLA. 2003 A história da escola. Santo André, 17 de
Fev. 2003. Disponível em: www.redenoarsa.com.br/biblioteca/07se03_3649.pdf. Acesso em 12 de
Fev. 2009, às 10 h.
25
pressionado por todos os lados: pelos alunos, pelos pais, pelos diretores. Essas discussões
acontecem a partir de um novo viés analítico que se deve, fundamentalmente, às novas formas
e tecnologias de acesso à informação.
Cukierkon (2003), informa-nos que quando começaram os avanços da informática
chegou-se a ser inventada a hipótese de que o computador substituiria o professor. Nada
disso, porém, aconteceu.
A relação face a face entre as pessoas no espaço escola é fundamental. Seja um
grupo de professores, grupo de alunos ou professores com alunos. Há toda uma
cultura própria da escola de reunir pessoas que se relacionam. Nos processos de
transmissão de conhecimento é que pode haver transformações. (CUKIERKORN,
2003)
Contudo, as ideias divergentes que mobilizaram o contexto escolar são normais, uma vez
que a educação é feita de conflitos. Apesar de ter uma estrutura que se modificou pouco e
lentamente ao longo de sua história, conforme Cukierkon (2003), a escola deve persistir ainda
por muito tempo. E acreditamos que, mesmo em meio a conflitos e muitas discussões, a
escola sempre será o espaço em que os saberes se completam.
Como sabemos, é somente por meio da educação que podemos mudar o mundo, pois
uma pessoa dotada de conhecimento pode transformar o seu meio social, afinal, é o
conhecimento que nos faz avançar e progredir enquanto pessoa e sociedade.
Conforme os PCNs (1998) a educação está na pauta das discussões mundiais. Em
diferentes lugares do mundo discute-se cada vez mais o papel essencial que ela desempenha
no desenvolvimento sócio-cultural. Desse modo, compreendemos que só a educação é capaz
de agregar novos valores e difundir saberes institucionalizados às novas gerações.
Em nossa concepção entendemos que, por mais que a escola apresente resquícios de
normas e modelos das primeiras escolas instituídas, conforme vimos em nossa breve
retrospectiva, é possível perceber que mudanças aconteceram e a escola hoje traz consigo
modelos e padrões novos, com o objetivo de que o trabalho pedagógico dentro da sala de aula
seja mais eficaz e alcance êxitos na interação ensino-aprendizagem entre professor e aluno.
As novas formas de educação contrapõem-se à educação antiga, que é
excessivamente formal e baseada na decoração dos textos, sem a preocupação com o
entendimento. A principal tendência dessa nova educação é a busca de métodos
diferentes, a fim de torná-la mais agradável e, ao mesmo tempo, eficaz na vida
prática. (HORA, NUNES, GAL, 2002. p. 79)
26
Como vimos acima, o intuito dessa nova proposta de educação é, fundamentalmente,
privilegiar a experiência e o estudo das coisas do mundo. Dessa forma, era e continua sendo
necessário encontrar um novo método de ensino e, assim, surgem os teóricos com propostas
de novas teorias de ensino-aprendizagem e paradigmas de educação que tentam fazer com que
o ensino dentro da sala de aula seja prazeroso e significativo para o aluno.
Um educador que merece destaque por inserir-se nesse novo modelo de educação é o
americano Jhon Dewey, que viveu no século XX e via a escola como instituição social.
Segundo as autoras Hora, Nunes e Gal, “Dewey foi um dos educadores que mais se destacou
e que exerceu grande influência sobre o pensamento, a cultura, os costumes e as práticas
pedagógicas.” (HORA, NUNES, GAL, 2002. p. 87)
Dewey merece destaque por sua atualidade, pois o seu pensamento vem sendo
reinterpretado em nossos dias e faz parte das práticas e políticas educacionais da escola atual.
Para esse educador, o conhecimento é uma atividade dirigida que não tem um fim em si
mesmo, mas está voltada para a experiência. As ideias são hipóteses de ação à medida que
funcionam como orientadoras da ação.
Por isso, o ensino na escola deve realizar-se como extensão do cotidiano e nela o aluno
deve aprender a resolver os problemas que enfrentará na sua vida futura. “A escola não é uma
preparação para o futuro, ela é a vida tão real e tão vital quanto à vivida em casa.” (Ibid, 2002.
p. 87).
No próximo capítulo apresentaremos, de forma sintética, objetivos e filosofia
integrantes do Projeto Político-Pedagógico da escola selecionada para a pesquisa de campo,
assim como a sua estrutura organizacional. Acrescentamos que realizamos essa abordagem
inter-relacionando-a ao cenário crítico da educação nacional.
27
CAPÍTULO III
3.1. Constatações Inerentes ao Contexto Escolar
A nossa pesquisa de campo foi realizada na Escola Estadual de Ensino Fundamental
Paulo Freire, situada à Rua das Alfazemas, 740 – Jardim das Oliveiras , Sinop – MT. Que atende
alunos dos Bairros Jardim das Oliveiras, Jardim São Paulo, Maria Carolina, Jardim Ipê, Jardim
Europa, Jardim Novo Estado, Parque das Araras, Maria Vindilina, Jardim Violetas, Jardim Santa
Rita, Recanto dos Pássaros, Boa Esperança e Jardim Azaléias.
A Escola Estadual “Paulo Freire” tem como filosofia a construção de uma educação que
se baseia na criatividade, possibilitando a reflexão e ação crítica com a realidade comprometida
na transformação social. Dentre os propósitos de sua missão, destacam-se a valorização da
pluralidade cultural e os conhecimentos da comunidade escolar; a viabilização da metodologia
de projetos de Ensino e Aprendizagem Interdisciplinares; ser espaço de auto-conhecimento a
partir da investigação, da discussão e da leitura; assim como permitir o encontro com o diferente,
com o passado, o sujeito consigo mesmo e com o outro, promovendo o sentido genuíno de
emancipação12
.
Os objetivos da referida Escola estão embasados em sua filosofia e devem partir do
reconhecimento das diferenças existentes entre os alunos, fruto do processo de socialização e do
desenvolvimento individual; assim, deve potencializar-se a capacidade dos alunos, ajustando sua
maneira de selecionar e tratar os conteúdos de modo a auxiliá-los a desenvolver suas
potencialidades e as capacidades de ordem cognitiva, afetiva, física e estética, bem como as
relações interpessoais de inserção social ao longo do processo educacional e, simultaneamente,
desenvolver capacidades outras que lhes permitam expressar emoções em diferentes atividades
de aprendizagem e lazer.
Tais objetivos visam a orientar alunos e professores na seleção de conteúdos que melhor
atendam as necessidades dos mesmos, viabilizando uma educação de qualidade e de fato voltada
para a vida prática.
12
Informações retiradas do Projeto Político-Pedagógico - PPP da Escola Estadual Paulo Freire, 2008.
28
Contudo, diante de tais objetivos e os resultados de pesquisa que apresentaremos no
próximo capítulo, antecipamos a nossa indignação e constatação de que a educação, para muitos,
perdeu a sua verdadeira essência. O professor já não sabe mais o que fazer para chamar a atenção
de seus alunos e suas aulas estão se tornando cada vez mais monótonas e cansativas. A maior
parte dos alunos perdeu o interesse pelo ensino e o professor está com os seus recursos
desgastados e sem muitos resultados positivos em seu trabalho no contexto da sala de aula.
Acrescemos a esse quadro também a realidade sócio-econômica de baixa renda que
envolve a maioria das famílias de escolas públicas com pais, quando os há, que trabalham o
dia inteiro e não têm tempo para cuidar de seus filhos, portanto, essa responsabilidade acaba
sendo transferida para os professores.
Segundo a Psicopedagoga, Maria de Jesus Borges, com 22 anos de carreira no
magistério, experiências em assessoria de secretaria de educação, ex-presidente do conselho
municipal de educação, os problemas enfrentados pelo professor dentro da sala de aula já vêm
se arrastando desde muito tempo e as escolas públicas por mais que lutem não têm conseguido
superar esse desafio13
.
E o resultado de todo esse contexto, na maioria das escolas públicas do Brasil hoje,
são alunos que não tem domínio da Língua Padrão, lêem mal e, em consequência, não
conseguem produzir bons textos. Em uma sala de aula com 25 alunos frequentes,
normalmente só 20% realmente estão interessados em aprender e, muitas vezes, são
prejudicados pela maioria que só está ali para passar o tempo.
Como sabemos, a língua é o meio mais eficaz que o homem possui para estabelecer o
elo de comunicação com o mundo que o cerca e para isso é necessário que se tenha um bom
domínio da leitura, pois, só através dessa capacidade é que ele pode obter o domínio da
língua. Mas a leitura por si só não basta, para se chegar ao domínio da língua esta leitura,
além de ter que ser crítica, tem que estar inter-relacionada com a produção de textos. O aluno
precisa dominar também a produção escrita e, para isso, o ato de ler é fundamental.
Os PCNs (1998) dizem que o aluno precisa ler criticamente e escrever com qualidade,
porque essas são condições necessárias para uma educação libertadora e para a verdadeira
ação cultural, que deve ser implementada nas escolas.
13
Atual professora da Escola Estadual Edeli Montovani de Sinop - Mato Grosso.
29
Então, um leitor competente é alguém que, por iniciativa própria, é capaz de
selecionar, dentre os textos que circulam socialmente, aqueles que podem atender a uma
necessidade sua. É aí que entra em cena a escola e o professor com o papel central de formar
um leitor competente, que consegue produzir textos que convençam e consigam persuadir ou
influenciar o leitor ouvinte.
E, para tanto, cabe aos educadores criar ou buscar mecanismos eficazes para que seus
alunos se tornem bons leitores e escritores competentes. Mas, o grande problema que tem
assolado as escolas, ultimamente, como já citado acima, é a falta de interesse por parte dos
alunos para a aprendizagem. Reiteramos que essa problemática importa ao nosso trabalho de
pesquisa porque intuímos apresentar uma nova proposta metodológica para o ensino-
aprendizagem.
O retrato geral da educação, nos últimos tempos, está sendo praticamente o mesmo em
todas as escolas públicas do país. A realidade de nossas escolas tem apresentado o
enfrentamento de problemas, além dos já abordados anteriormente, como: evasão escolar,
indisciplina entre muitos outros.
É aí que encontramos um cenário de professores frustrados por não estarem mais
conseguindo alcançar seus objetivos. Contudo, de acordo como as autoras Val e Marcuschi, é
possível se chegar a um padrão distinto, igualitário e inclusivo de educação usando
metodologias diferenciadas nas aulas.
A educação é um direito fundamental, garantido na Constituição Federal, que por
sua vez, caracteriza a escola como um espaço pedagógico, no qual o ensino formal
deve ser ministrado em igualdade de condições para todos, sem distinção de gênero,
etnia, classe social, entre outros fatores. Nesses termos, a lei maior do país oferece o
patamar necessário para a construção de uma atitude inclusiva, que respeite as
diferenças e favoreça o surgimento de uma sociedade mais justa e igualitária,
almejada pelo conjunto do povo brasileiro. Pensar a escola pela perspectiva da
inclusão traz consigo a responsabilidade de promover uma educação humanista e,
mais do que isso, de investir na formação de cidadãos socialmente solidários,
críticos, competentes e letrados. (VAL; MARCUSCHI, 2005, p.7, grifos nosso)
Esse é um debate que já circula nas escolas há muito tempo, tanto em termos de
prática pedagógica quanto em termos ideológicos, todos em torno de motivações e objetivos
de mudanças estruturais nos sistemas de ensino, todavia, ainda se está longe de consenso entre
os estudiosos ligados ao ensino. Com relação ao papel do professor contemporâneo, postula-
se sobre a necessidade prática da realização de aulas dinâmicas e atrativas, pois, é a ele que
30
compete às escolhas metodológicas e o consequente interesse pela leitura e escrita do aluno
dentro do contexto da sala de aula.
No entanto, é importante ressaltar que não existem receitas prontas de ensino e que
cada situação e realidade requerem um modelo diferenciado, assim como “Não existe no
Brasil, um modelo de escola que possa ser considerada como melhor ou mais adequada.”
(SPELLER, Paulo, 2002, p.109)
Sabemos, contudo, que é necessário ministrar um ensino de qualidade em igualdade de
condições para todos, só que para que isso aconteça primeiramente deve haver uma política de
valorização dos professores e a escola tem que oferecer condições de trabalho para tal.
Por outro lado, cabe ao professor criar mecanismos e estratégias eficientes para que os
alunos acompanhem de forma atrativa as suas aulas, no entanto, muitos profissionais da
educação ainda estão com os seus trabalhos voltados para o tradicionalismo, presos somente
ao Livro Didático, ou porque não têm materiais necessários a sua disposição nas instituições
de ensino, ou por comodismo, ou ainda por falta de criatividade para desenvolverem um bom
trabalho.
Porém, o que há de consensual entre os pesquisadores atuais é que o professor precisa
fazer dos seus alunos leitores críticos da realidade que os cerca, pois só assim formaremos
cidadãos conscientes e valorizadores da diversidade cultural existente dentro do país e da
própria sala de aula.
Assim, a partir desses pressupostos, apresentamos como proposta metodológica para o
ensino-aprendizagem a música como opção lúdica e apoio pedagógico ao ensino de leitura e
escrita, proposta que tem o propósito maior de despertar a atenção e interesse de alunos que
deixaram de ver a escola como um meio atrativo de adquirir conhecimentos.
No próximo item abordaremos, de forma breve, uma das novas propostas pensadas
para a reestruturação do ensino contemporâneo, a Escola Ciclada. A apresentação desse
paradigma em nosso trabalho deve-se ao fato de nossa pesquisa de campo ocorrer na Escola
Estadual Paulo Freire, que adota o ensino em ciclos de aprendizagem.
31
3.2 A Escola Ciclada
De acordo com a Secretaria de Estado de Educação do Estado de Mato grosso:
A organização do Ensino em ciclo no Brasil iniciou-se na década de 80, quando
vários Estados e Municípios reestruturaram o Ensino Fundamental, que tinha
como objetivo político reduzir os índices de evasão e reprovação nas séries
iniciais. O princípio orientador dessa proposta era a flexibilização do tempo,
possibilitando que o currículo fosse trabalhado num período maior, permitindo
assim os diferentes ritmos de aprendizagem dos alunos. (ESCOLA CICLADA DE
MATO GROSSO, 2001, p. 21)
Como resultado de pesquisas sobre o desenvolvimento cognitivo dos alunos e a
experiência dos Ciclos de Aprendizagem, a heterogeneidade da aprendizagem deixou de ser
vista como um problema a ser evitado, passando-se a tomar essa condição como um fator
importante da própria aprendizagem.
Essa nova proposta de ensino nasce, portanto, com o propósito de criticar o modelo
seriado de ensino em que as turmas são organizadas pela homogeneidade do nível de
aprendizagem, ou seja, os alunos fortes são agrupados numa turma e os fracos em outra e isso,
como consequência dessa cultura escolar fragmentada, instituída ao longo de décadas, fazia
com que o índice de repetência aumentasse a cada ano.
Diferentemente desse modelo, a organização da escolaridade em ciclos de
aprendizagem baseia-se no princípio da flexibilidade. O aluno terá três anos para superar suas
dificuldades dentro da sala de aula, ou seja, ele terá mais tempo para organizar sua
compreensão de conteúdos ministrados em sala.
A mudança de uma escola seriada para a escola ciclada justifica-se pela
necessidade impetuosa que a atual conjuntura político-econômica-social tem
colocado, exigindo um novo paradigma de escola e educação que atenda às reais
necessidades da população, contemplando as novas relações entre
desenvolvimento e democracia. (Ibid, 2001, p. 16)
O objetivo dessa nova proposta é a construção da cidadania, mediante a preparação do
educando para a vida sócio-política e cultural garantindo ao mesmo o direito constitucional à
32
continuidade e término dos estudos escolares.
Aquele aluno que possuir uma dificuldade maior dentro da sala de aula deve passar a
ter apoio por parte da escola para garantir que suas dificuldades sejam superadas e este
alcance aos demais alunos que, supostamente, estão em uma aprendizagem mais avançada
dentro da sala que ele frequenta.
Desse modo, a escola, no modelo ciclado, deve dar suporte ao educando oferecendo
sala de apoio pedagógico, assim como sala de recurso quando a sua dificuldade é mais
acentuada.
O nosso estudo teve como propósito maior ater-se a esses alunos que são apresentados
como alunos em defasagem escolar e tachados como alunos que apresentam problemas na
leitura, interpretação e escrita, necessitando, assim, frequentar uma sala de apoio pedagógico.
Dentre as inquietações que o nosso trabalho de pesquisa despertou, destacamos a
necessidade de averiguar o porquê esse aluno não consegue acompanhar os conteúdos
propostos em sala de aula e precisa ter um apoio fora da sala. O nosso questionamento
voltou-se, também, ao fato desse aluno sair das séries iniciais sem ter aprendido a ler e a
escrever, chegando ao 6º ano (ano selecionado para a aplicação do trabalho) sem dominar
essas habilidades basilares.
As respostas às inquietações elencadas acima e os resultados obtidos por meio da
proposta metodológica de levar a música como um recurso didático para a sala de apoio serão
apresentados no próximo capítulo.
3.2.1. A Sala de Apoio Pedagógico Dentro da Escola Ciclada e o
recurso da música como opção metodológica
A Escola Ciclada, no Estado de Mato Grosso, tem o seu trabalho voltado para o
coletivo. Nela, supostamente, “[...] funcionários, professores, alunos e pais, todos trabalham
juntos para assegurar às crianças e jovens a continuidade e terminalidade dos estudos e a
oportunidade de exercerem plenamente a cidadania [...]” (ESCOLA CICLADA, 2001, p.59),
e para que o educando consiga ter êxito no seu processo de aprendizagem a mesma deve
33
oferecer suporte necessário para que este consiga avançar e progredir em sua carreira de
estudante.
Um dos recursos oferecidos pela Escola Ciclada é a sala de Apoio Pedagógico, que
está destinada a receber aqueles alunos que têm dificuldades para acompanhar os conteúdos
dentro da sala de aula regular. Nela o Professor Articulador, profissional responsável para
“investigar o processo de construção de conhecimento e desenvolvimento do educando” (Ibid,
2001, p. 62), atua e cria estratégias para o atendimento desse sujeito de forma eficaz.
Na referida sala, o Professor Articulador recebe um menor número de alunos e tem
que criar estratégias de atendimento educacional complementares, proporcionando diferentes
vivências educativas e cidadãs e visar o resgate da auto-estima, a identidade cultural, a
integração no ambiente escolar e a construção dos conhecimentos para, assim, resgatar o
aluno que está em defasagem de aprendizagem dentro da sala de aula normal. É, portanto, sua
função utilizar-se de multimeios para que o aluno que lá está volte para a sala de aula
conseguindo acompanhar os demais que, a princípio, já estão em aprendizagem mais
avançada14
.
E é exatamente para essa função que chamamos a atenção em nosso estudo, centramos
aqui as questões de pesquisa, as nossas inquietações referentes às dificuldades que o aluno
enfrenta dentro da sala de aula, em relação à leitura e produção textual, e o porquê esse aluno
vai para a sala de apoio pedagógico e, muitas vezes, não consegue avançar e volta para a sala
de aula regular com as mesmas dificuldades.
Assim, apresentamos a música como um recurso que pode fazer a diferença no resgate
desse aluno na leitura e produção textual.
É possível também constatar, como vimos no primeiro capítulo de nossa pesquisa,
através de livros e pesquisas realizadas em torno do tema sugerido, que “a linguagem da
música parece ter estado sempre presente na vida dos seres humanos e desde há muito faz
parte da educação de crianças e adultos.” (ROSA, 1990, p. 13). E isso é que pode ser o
diferencial, pois “a aula de música na escola se transforma: há maior liberdade e
espontaneidade dos educadores, aumenta a prática musical expressiva e criativa.” (Ibidem,
1990, p. 16).
14
Informações retiradas do livro Escola Ciclada de Mato Grosso, 2001.
34
E, conforme Martins, “educar musicalmente é propiciar à criança uma compreensão
progressiva da linguagem musical, através de experimentos e convivência orientada”
(MARTINS, 1985, p. 47). A música faz com que o aluno vivencie aquilo que ele está
aprendendo, interagindo com o conteúdo e consigo mesmo, dessa forma, acreditamos que ela
pode proporcionar uma aprendizagem muito mais significativa do que os métodos
tradicionais.
E é esse o propósito de nossa pesquisa, fazer com que o aluno vivencie aquilo que está
aprendendo para com isso tornar o seu conhecimento mais significativo. Os resultados
práticos dessa experiência serão demonstrados a seguir.
35
CAPÍTULO IV
4.1. Música na Sala de Aula: Aplicação do Projeto de Pesquisa
“A música no currículo escolar, valendo-se do espírito criativo e emancipador, busca
ensinar os alunos a serem construtores ativos de um conhecimento crítico e
transferível para outras situações e problemas, indo além do conhecimento artístico,
ajudando-os a interpretar e agir no mundo em que vivem, tornando-o cada vez
melhor e mais belo. Os alunos podem criar e transformar o conhecimento, pensando
em melhorar sua qualidade de vida, hoje e no futuro”. (LOUREIRO, 2003, p. 156)
Nesse capítulo apresentaremos os resultados e reflexões da pesquisa de campo que
realizamos na Escola Estadual Paulo Freire, as práticas metodológicas que utilizamos e a
apresentação de duas entrevistas que realizamos com os alunos que frequentam a Sala de
Articulação. A primeira tendo caráter e objetivo diagnóstico e a segunda para avaliar a
metodologia proposta e se o objetivo de intervenção e estímulo à aprendizagem havia sido
atingido.
A pesquisa, como citado em capítulos anteriores, tem como propósito maior mudanças
metodológicas no ensino tradicional e, para tanto, adotamos como recurso principal, a música.
Essa escolha deu-se após observarmos os grandes problemas enfrentados por professores e
alunos, em relação ao ensino e aprendizagem de Língua Portuguesa. Assim, optamos por
buscar um recurso que fosse prazeroso e que despertasse o interesse do aluno para a leitura e
produção de textos.
A nossa maior inquietação, e que nos motivou a realizar essa pesquisa-ação, estava
relacionada a questionamentos tais como por que alunos saíam das cinco séries iniciais e
chegavam ao sexto ano sem, basicamente, dominar a leitura e a escrita. Desse modo, com o
objetivo de intervir no cenário atual de ensino, a partir das várias possibilidades
metodológicas que o gênero música nos oferece, aplicamos com os alunos do 6º ano B da Sala
de Articulação da Escola Paulo Freire a proposta de trabalho que transcreveremos a seguir. O
nosso intuito é propiciar e oferecer a alunos e professores uma nova dinâmica de trabalho.
Para o desenvolvimento de nossa pesquisa, como apresentado no capítulo um desse
trabalho, utilizamos os pressupostos teóricos da Linguística Aplicada, pois a LA ocupa-se,
fundamentalmente, em aliar a teoria à prática e, assim sendo, condizia com o objetivo da
realização de um projeto que vise a estabelecer um elo entre o lúdico e a aprendizagem de
36
Língua Portuguesa dentro da sala de aula, para transformar o espaço da sala de aula em um
lugar prazeroso e atrativo aos alunos, levando-os ao desenvolvimento das habilidades de
leitura e escrita.
Dentre as nossas inquietações também destacamos o porquê alunos que possuem
dificuldade de aprendizagem no 6º ano, mesmo frequentando a Sala de Apoio Pedagógico
continuam com dificuldades em sala de aula regular, e, consequentemente, permanecem
sendo encaminhados à sala de Apoio, em período oposto, às aulas alguns desde o 2º ano do
Ensino Fundamental.
4.2. Tempo de Aplicação do Projeto
O nosso trabalho de pesquisa teve início de aplicabilidade no dia 17 de março do ano
de 2009 e finalizou-se no dia 16 de junho do corrente ano, tendo uma duração de aplicação
prática de três meses em sala de aula.
CRONOGRAMA DE APLICAÇÃO
DATA QUANTIDADES DE
AULAS
CONTEÚDO
TRABALHADO
17/03/2009 2h/ aulas 1ª ENTREVISTA
31/03/2009 2h/ aulas MÚSICA CIRCO, DA XUXA
14/04/2009 2h/ aulas MÚSICA DEPENDE DE
NÓS: METODOLOGIA
APRESENTADA NO LIVRO
DIDÁTICO
28/04/2009 2h/ aulas MÚSICA DEPENDE DE
NÓS: METODOLOGIA DA
PROFESSORA
MINISTRANTE DO
37
PROJETO
12/05/2009 2h/ aulas MÚSICA: AQUARELA
26/05/2009 2h/ aulas MÚSICA AQUARELA
09/06/2009 2h/ aulas MÚSICA AQUARELA
16/06/2009 2h/ aulas ENTREVISTA FINAL
4.3. Metodologia de Trabalho
Para a realização das atividades práticas, é importante ressaltar que a Escola acima
citada permitiu a aplicação do projeto, assim como não interferiu no conteúdo programático
sugerido, que foi planejado em consonância com o ano em questão.
Inicialmente fizemos uma entrevista com os alunos que frequentam a Sala de Apoio
Pedagógico da Escola, o 6º ano B, do período vespertino. Eles frequentam a Sala de Apoio
Pedagógico no período matutino. O nosso intuito era saber como eles veem a disciplina de
Língua Portuguesa e sobre a utilização da música em sala de aula.
Realizada a pesquisa diagnóstica, no primeiro encontro com os alunos, o nosso
próximo passo foi a ministração das aulas, todas trazendo a música como o recurso didático
principal.
No segundo dia de aula com a referida turma, recebemos os alunos com uma música
bem alegre da Xuxa, a música Circo. Colocamos a música para tocar e pedimos aos alunos
que tentassem expressar todas as alegrias que a música transmitia, em seguida, entregamos a
cópia da mesma e cantamos juntamente com eles três vezes seguindo a letra e a melodia do
CD, só então trabalhamos a interpretação da música.
Ainda na mesma música trabalhamos com ditado pintado, em que ditávamos uma
palavra e eles a procuravam na música devendo pintá-la. As palavras ditadas foram verbos e
substantivos: brincar, sorrir, dançar, palhaçadas, palhaços, malabaristas, equilibristas,
bailarinas, algodão e cartola.
38
Na aula seguinte, levamos para a sala de aula uma proposta do livro didático: a música
Depende de Nós, que trabalhamos intencionalmente conforme a proposta que o mesmo
apresentava. Fizemos a leitura e a interpretação assim como sugeridas no livro, sem usarmos
o áudio e nem dinamismo algum. A proposta do livro era a seguinte: leitura da música e
interpretação da mesma. Dessa forma, eles foram orientados a realizarem a leitura e,
posteriormente, a interpretarem. Feito isso, concluímos a aula desse dia.
Dando continuidade, apresentamos aos alunos, na aula seguinte, a mesma música, só
que desta vez apresentamos uma proposta diferente. Levamos o aparelho de som e
trabalhamos uma produção de texto usando a mesma letra da música: Depende de Nós.
Inicialmente, ouvimos e cantamos a música seguindo a melodia e, na sequência, pedimos aos
alunos que produzissem um texto falando sobre as coisas que dependem deles. O que depende
de cada um particularmente para que os sonhos se tornem realidade.
Na outra aula chegamos à sala com a música, Aquarela, de Vinícius de Morais.
Entregamos aos alunos tiras coloridas de papel crepom e pedimos que as desenrolassem
conforme o toque da música e se deixassem levar pela melodia. Após este momento,
apresentamos a letra da canção e cantamos todos juntos seguindo o ritmo instrumental do CD.
Nesta aula selecionamos como temática a palavra IMAGINAÇÃO, trabalhamos o seu
significado e pedimos que os alunos identificassem na música de que maneira o autor tinha
usado a “imaginação”. A seguir, realizamos a interpretação da música, da qual surgiram
intertextualmente produções como desenhos, paródias, poesias, pinturas com tinta guache. O
passo seguinte foi a montagem de um coralzinho, que se apresentaria na próxima Comunidade
Escolar. Daí por diante seguiram-se somente os ensaios da música na escola15
.
No último dia de aula realizamos uma nova entrevista, para avaliar os resultados
obtidos por meio da metodologia proposta e para verificar se o objetivo de intervenção e
estímulo à aprendizagem havia sido atingido. As atividades realizadas pelos alunos durante a
ministração de nosso projeto estarão em anexo.
15
A Escola Estadual Paulo Freire realiza em cada bimestre letivo um evento chamado Comunidade na Escola,
em que pais dos alunos são convidados a comparecerem na Escola e a participarem de várias atividades culturais
promovidas por professores e alunos.
39
4.4. Comparativo das Entrevistas Inicial e Final realizadas com os
alunos da Sala de Apoio Pedagógico
Como já abordado anteriormente, a nossa pesquisa de campo iniciou-se com uma
entrevista diagnóstica feita aos sete alunos do 6º ano B que frequentam a Sala de Apoio
Pedagógico para que pudéssemos, a partir dos seus anseios e sugestões, realizar as escolhas
metodológicas e dinâmicas de aprendizagem por meio da música.
Transcrevemos, abaixo, perguntas e respostas desse primeiro contato com os referidos
alunos. Chamamos a atenção para as respostas que foram transcritas exatamente como dadas
por eles, sem alteração de variedade linguística.
4.4.1. Entrevista inicial realizada com os alunos da Sala de Apoio
Pedagógico – 6º ano B
I- Qual a disciplina que você mais gosta na escola?
Aluno 1: História
Aluno 2: Ciências e Inglês
Aluno 3: Ciências e Artes
Aluno 4: Educação Física
Aluno 5: Espanhol
Aluno 6: Matemática
Aluno 7: Matemática
II- O que você acha da disciplina de Língua Portuguesa?
Aluno 1: legal
Aluno 2: legal ciativa E muita legal as veses musicas as vezes dezenhos legais e muito mais
Etc
40
Aluno 3: bom e legal e da para vase leitura.
Aluno 4: Bom
Aluno 5: Eu acho legal porque a gente aprende bastante coisa interesante.
Aluno 6: a profi encina as coisas mais legais pra gente
Aluno 7: A professora ensina muito bem
III- Você acha que as aulas de Língua Portuguesa são importantes para a sua Vida? Por quê?
Aluno 1: sim por que as aulas de língua Portuguesa aprede ler e escreve
Aluno 2: Sim porque Elas São criativas E aprendem muito para o futuro criativo Etc
Aluno 3: Sim. Por que São muito importantes para a minha vida.
Aluno 4: Por que tem muitos textos para ler, tem muitas coisas pra falar exemplo os
sinônimos antônimos e etc.
Aluno 5: porque eu aprendo a ler e a escrever.
Aluno 6: por que a gente aprede bastante coisas legal.
Aluno 7: sim porque a gente descobre muita coisa
IV- Como você gostaria que fossem ministradas as aulas de Língua Portuguesa? Por quê?
Aluno 1: bem melhor
Aluno 2: Bom e divertidas porque pra mim jatá boa as aulas de Portugues Etc
Aluno 3: Bom e Por que é legal e bom é da para nós estuda e a professora deija nóis ler.
Aluno 4: Que tivesse uma quoisa diferente
Aluno 5: Eu gostaria que a professora passase bastante tarefa no quadro.
Aluno 6: que a gente poderia a ler mas quando for aula de português.
Aluno 7: eu gostaria que as aulas de português fossem mais divertidas
V- O que você mais gosta de estudar nas aulas de Língua Portuguesa?
Aluno 1: as perguntas
41
Aluno 2: Escrever ler e fazer Estórias Em quadrinhos dezenhar e pintar Etc.
Aluno 3: Face as tarefa e ler. Face os quadrinhos no caderno etc.
Aluno 4: os textos
Aluno 5: eu gosto de pintar, separar as silabas, desenhar e ce melhor de fazer bastante tarefa.
Aluno 6: Separa as Sílabas
Aluno 7: Estudo do texto
VI- Para você o que significa música?
Aluno 1: arte
Aluno 2: Significa alegria e felisidade as veses do e as veses amor.
Aluno 3: Significa alegria e faz nós dança.
Aluno 4: som
Aluno 5: o significado de musica pra mim é alegria.
Aluno 6: um canto
Aluno 7: música um encanto lindo
VII- Qual a importância da música para a sua vida?
Aluno 1: alegre divertida
Aluno 2: é alegre importante divertida e muito legal dicha a vida legal Etc.
Aluno 3: É mais importati para a minha vida ela me faz viça alegri.
Aluno 4: é importante porque eu gosto de cantar.
Aluno 5: quando ela é bonita é calma e não agitada como as outras.
Aluno 6: que a gente aprende a cantar a musica
Aluno 7: porque a música é muito bonita
VIII- Como seria se na escola tivesse um momento com a música?
42
Aluno 1: legal
Aluno 2: muito legal e divertidas para todos se vdivertirem cantando ou dancando
Aluno 3: Muito bom e legal.
Aluno 4: muito legal.
Aluno 5: seria muito bom porque a gente pode dançar e cantar junto com as musicas
Aluno 6: Legau que a gente poderia a cantar.
Aluno 7: seria legal
IX- E se a música fizesse parte das aulas de Língua Portuguesa como seria?
Aluno 1: legal
Aluno 2: Seria legal e as aulas Seria calmas Para todos se divertirem.
Aluno 3: Bom e nós pordia escreve e ouvir música.
Aluno 4: Divertido
Aluno 5: a sala seria muito agitada um grita pra La outro grita pra cá ia ficar uma bagunça.
Aluno 6: muito legal
Aluno 7: Ia ser muito bom
X- Qual é o estilo de música que você mais gosta?
Aluno 1: ........
Aluno 2: Musica PoP
Aluno 3: HiP-HOP e Balada
Aluno 4: hep
Aluno 5: musica infantil
Aluno 6: rock
Aluno 7: fank
43
Diante das respostas dadas pelos alunos, na entrevista acima, inicialmente
chamamos a atenção para o fato deles responderem, na questão I, que a disciplina de Língua
Portuguesa (doravante LP) não é a que eles mais gostam na sala de aula. Eles acham-na
“legal e criativa” (Aluno 2), mas, conforme os dados, não é a preferida. Surge assim uma
nova inquietação, por que os alunos não gostam de estudar a metalinguagem de sua língua
materna?
Esses mesmos alunos, contudo, não negam que a disciplina de LP é muito
importante para as suas vidas, pois é através dela que aprendem a ler e a escrever, conforme
respostas dadas às questões II e III, e isso, de acordo com o Aluno 2 (questão III), é
importante para o seu futuro.
Porém, o que se evidencia na materialidade linguística do corpus é que eles não estão
satisfeitos com a metodologia adotada pelos professores em sala de aula (questão IV), como
nos fazem entender os Aluno 1, que gostaria que o ensino de LP fosse “bem melhor”, o Aluno
4, ao relatar o seu desejo por “uma quoisa diferente”, o Aluno 6, ao denunciar “que a gente
poderia a ler mas quando for aula de português” e, ainda o Aluno 7, quando diz que “gostaria
que as aulas de português fossem mais divertidas”.
Contudo, encontramos duas respostas (Alunos 3 e 4) que avaliam o ensino de LP
como “bom” e, contrariamente à denuncia anterior, diz que “a professora deija nóis ler”,
assim como encontramos, no Aluno 5, um respaldo de concordância com o método
tradicional de ensino, pois corrobora com ele ao dizer que “gostaria que a professora
passase bastante tarefa no quadro”.
De acordo com as constatações apontadas acima, podemos perceber que elas vêm ao
encontro do que já é debatido constantemente por educadores e pesquisadores da educação,
faz-se urgente a necessidade de novas metodologias para o ensino-aprendizagem nas
escolas públicas brasileiras. Dessa forma, insistimos em dizer, que por mais que se saiba
onde está o problema, o professor não explora suficientemente as possibilidades de
trabalhar com o lúdico em sala de aula.
São essas as evidências explicitadas na questão IV, quando perguntamos aos alunos
sobre como eles gostariam que fossem as aulas de LP, a maioria demonstra sua insatisfação
com o método tradicional e reitera que deveriam ser “bem melhor”.
44
É por isso que é fundamental que o professor esteja permanentemente
preparado/qualificado para exercer a função de mediador, usando metodologias
diferenciadas e dinâmicas para chamar a atenção desses alunos e envolvê-los nas suas aulas.
Para tanto, é preciso fugir do tradicionalismo e buscar práticas inovadoras que lhe
deem subsídios para sedimentar sua prática docente. Caso o professor não os tenha, como a
experiência tem nos mostrado, o seu fazer metodológico torna-se improdutivo, muitas vezes
substituído pelo fazer imposto pelo livro didático, ou de qualquer outro material que toma a
sua vez e dita-lhe as regras e as normas a serem seguidas. Nesse caso, esse professor passa a
ser somente um repetidor de informações que nem sempre são tão importantes.
Dessa forma, propomos que se parta da proposta da Linguística Aplicada, que
sugere reformulações e mudanças no modo de ensinar. Segundo os PCNs (1998, p.177), “o
ensino de língua portuguesa tem sido, desde os anos 70, o centro da discussão acerca da
necessidade de melhorar a qualidade de ensino no país...”, assim, compreendemos que se o
aluno consegue dominar a leitura e a escrita, ele conseguirá sobressair-se com êxito em
todas as outras disciplinas escolares.
É primordial o aluno dominar a leitura e a escrita, pois é pela linguagem que os
indivíduos se comunicam, tem acesso a informações e conseguem acompanhar os
avanços. O domínio da linguagem, como atividade discursiva e cognitiva, e o
domínio da língua, como sistema simbólico utilizado por uma comunidade
lingüística, são condições de possibilidade de plena participação social [...]
(PCNs, 1998, p.19).
Então, novamente reiteramos que cabe ao professor usar metodologias que tenham o
objetivo de chamar a atenção do aluno para a aula. Ele tem que, primeiramente conquistar
esse aluno com criatividade e dinamismo a partir dos muitos recursos, que ele tem a seu
alcance dentre eles a Música, proposta nesse trabalho de pesquisa, pois, como comentamos
acima e em capítulos anteriores, a música faz a diferença dentro da sala de aula, pois ela é
capaz de ultrapassar fronteiras interiores e modificar o ser humano.
Como vimos nas respostas dadas à questão VI, essas impressões e faculdades são
percebidas pelos alunos e descritas de acordo com os sentimentos íntimos individuais, assim
temos que a música é uma “arte” (Aluno 1), “significa alegria e felisidade as veses do e as
veses amor” ( Aluno 2), numa demonstração clara de sensibilidade que deve ser explorada
45
ludicamente em sala de aula. Tais constatações fazem-se presentes também na questão VII,
quando perguntamos qual a importância da música para eles, responderam que ela é
importante porque os faz ficar alegres (Alunos 1, 2 e 3).
Na questão VIII temos o ápice do resultado diagnóstico a que nos propomos, visto
que por unanimidade os alunos responderam que seria muito “legal” se na escola tivesse um
momento com música todos os dias. Essas respostas convalidam a nossa proposta de
trabalho e certificam-nos que a música é um recurso metodológico importante e
interessante, pois o que é a música senão um texto, uma poesia, uma leitura... Ou seja, ela é
um leque de atividades e possibilidades para as aulas de LP.
Através de uma música o professor de LP poderá trabalhar: leitura, interpretação,
poesia, paródia, produção de textos e outras infinidades de gêneros e atividades que dão
suporte a um ensino-aprendizagem lúdico e prazeroso.
Semelhantemente à questão VIII foram as respostas dadas à questão IX, ou seja, os
alunos mostraram-se favoráveis ao uso da música em sala de aula, “Seria legal” se a música
fizesse parte das aulas de LP (Aluno 1), “As aulas seriam calmas para todos se divertirem”
(Aluno 2), “Divertido” (Aluno 4). Contudo, em contraposição ao Aluno 2 o Aluno 5
respondeu que “seria um grita pra lá e outro grita pra cá, seria uma bagunça”, aqui chamamos
a atenção novamente para a identificação e condicionamento que alguns alunos têm com o
ensino tradicional, o que os levam a crer, assim como uma grande parcela de educadores e
pais, que esse é o único modelo possível. Outra possibilidade de leitura é a falta de
planejamento de professores que, ao lidarem com o lúdico, não conseguem ter êxito na
atividade e a sala transforma-se numa “bagunça”.
Com relação à questão X, pudemos perceber que os estilos musicais são distintos, o
que nos levou a concluir que teríamos que trabalhar com ritmos diversificados procurando
atender, na medida do possível, os gostos retratados nas respostas.
Após a aplicação do questionário diagnóstico e de acordo com as respostas trazidas
pelos alunos, elaboramos o cronograma de atividades descrito acima e passamos a ministrar
as aulas a partir da nossa proposta de usar a música como recurso principal.
Tendo ministrado todas as aulas que planejamos, fizemos uma nova entrevista para
avaliar os resultados, saber se a nossa proposta foi bem aceita pelos alunos ou não e se
46
atingimos os objetivos traçados na elaboração do projeto. No último dia de aula fizemos a
seguinte entrevista:
4.4.2. Entrevista Final sobre a Aplicação do Projeto com os Alunos
I- O que você achou da aula usando a música para reforçar o conteúdo que estudamos nas
aulas de Língua Portuguesa?
Aluno 1: Legal porque eu aprendi a fazer tudo e criar música.
Aluno 2: Eu achei legal as músicas que nós aprendemos e legal.
Aluno 3: Eu achei legais as músicas.
Aluno 4: Divertido
Aluno 5: Eu achei muito interessante porque a gente aprendeu bastante músicas legais.
Aluno 6: Legal.
Aluno 7: Muito bom e divertido.
II- Você gostou mais das aulas de Língua Portuguesa com música ou da forma tradicional?
Aluno 1: Eu gostei da aulas de Língua Portuguesa assim porque para mim foi muito legal.
Aluno 2: Foi fácil, foi bom e nós entendemos os conteúdos com mais facilidade com a
música.
Aluno 3: Assim
Aluno 4: Com a ficou mais legal.
Aluno 5: Eu gostei das músicas que a professora usou na sala de aula.
Aluno 6: Gostei mais das aulas de Língua Portuguesa dessa forma usando as músicas.
Aluno 7: Com as músicas as aulas ficaram mais fáceis.
III- Você acha que ficou melhor para você compreender o conteúdo assim dessa forma como
trabalhamos em sala de aula ou não? Por quê?
Aluno 1: sim porque é mais fácil entender a matéria e a aula.
Aluno 2: Sim ficou muito mais fácil entender.
Aluno 3: Ficou mais fácil porque dava para entender as aulas.
Aluno 4: Sim. Porque com a música ficou mais fácil e divertido.
Aluno 5: Eu achei que as aulas ficaram bem mais fáceis de aprender com as músicas que a
professora trouxe.
Aluno 6: Ficou bem melhor. Eu gostei mais das aulas com as músicas.
Aluno 7: Eu acho que as aulas ficaram bem mais fáceis para aprender. Eu gostei mais das
aulas com músicas.
IV- Como você se sentiu quando o professor trabalhou com música na sala de aula?
47
Aluno 1: Há foi muito legal porque nós usamos músicas, fizemos texto e desenhamos.
Aluno 2: Eu me senti legal, as aulas foram muito legais com a música. As aulas ficaram
divertidas e legais e etc.
Aluno 3: Ficou muito mais bom com a música na sala de aula.
Aluno 4: Escrevemos textos, estudamos a música e eu achei muito legal. Eu acho que eu
aprendi melhor o conteúdo.
Aluno 5: Eu achei que foi muito legal o que a gente aprendeu com as músicas.
Aluno 6: Foi muito legal o que a gente fez sobre as músicas.
Aluno 7: As aulas de músicas foram legais e também bem mais fáceis.
Como dito anteriormente, essa segunda entrevista foi respondida no último dia de aula
com os sete alunos que participaram de todas as aulas que ministramos e os resultados foram
animadores, principalmente porque os alunos passaram a olhar para as aulas de LP com outros
olhos.
Dessa forma, quando, na questão I, perguntamos o que eles acharam das aulas usando
a música como um recurso de aprendizagem a resposta foi unânime para a sua aprovação e
acrescentada dos verbos “aprendi” (Aluno 1), “aprendemos” (Aluno 2) e “aprendeu”
(Aluno5). Com relação ao Aluno 5, é importante frisar que ele inicialmente mostrou-se
receoso pela utilização do recurso da música ao salientar que as aulas poderiam tornar-se
“uma bagunça”, contudo, a sua avaliação final foi “eu achei muito interessante porque a gente
aprendeu bastante músicas legais”, desconstruindo a ideia inicial de bagunça.
Portanto, podemos afirmar que o recurso da música, assim como outros que instigam a
criatividade, a interação e a ludicidade, fazem o diferencial dentro de uma sala de aula e
levam o aluno a participar apreciando o que está aprendendo, e esta é uma maneira eficiente
de aprender/compreender, pois o aluno sente-se interessado e motivado pelo conteúdo e essa
assimilação dificilmente será esquecida.
Na questão II, ao perguntarmos a eles se gostaram mais das aulas de LP da forma
como trabalhamos ou se preferiam a forma tradicional adotada pela maioria dos professores,
eles responderam prontamente que gostaram da metodologia por nós adotada, “eu gostei mais
das aulas com músicas” (Aluno 7), e a palavra que se evidencia e conclui nossa avaliação
positiva, tanto na questão II como na III, é “fácil”, portanto, ficou mais fácil de aprender o
conteúdo.
A nossa última pergunta, IV, lançada aos alunos: “Como você se sentiu quando o
professor trabalhou com música na sala de aula?”, retrata o cenário de acolhida que tivemos e
48
os sentimentos expressos que, segundo as reflexões de Howard (1984), mostram a
possibilidade de mudança interior provocada pela música, assim como a ampliação e
aprofundamento da aprendizagem.
Desse modo, concluímos que é através da interação entre professor/aluno e
aluno/aluno que acontecem as grandes descobertas, ocasionando, assim, as grandes
experiências da sala de aula. O professor ensina e o aluno, através desse ensino, passa a ter
prazer na aprendizagem. A sala de aula na verdade, é uma troca, pois, ao mesmo tempo em
que ensina esse professor também aprende com seu aluno e vice-versa. “... a sala de aula (...)
ocupa o lugar onde se desenvolve a escolaridade...” (TAVEIRA, 2003. p.51)
É na sala de aula, portanto, que o aluno deve aprender a organizar seus conhecimentos
e descobrir a melhor maneira de colocá-los em prática. E o professor é quem vai possibilitar
esse caminho. Como? Usando metodologias que conquistem aqueles alunos que já não estão
motivados para a aprendizagem.
Se compararmos as duas entrevistas respondidas pelos alunos, inicial e final, veremos
o quanto eles melhoraram em relação à estrutura da língua. À medida que as atividades iam
sendo ministradas é possível notar um avanço grande, em relação à grafia correta das
palavras nas respostas dadas por eles na primeira entrevista, onde eles escrevem com bastante
erros ortográficos e na última em que escrevem com mais desenvoltura e sem muitos erros
ortográficos. Então, pode-se afirmar que houve uma melhora muito significativa na escrita
deles.
A partir desses resultados, reiteramos que o professor tem que buscar recursos que
sejam capazes de mudar as atitudes dos alunos em relação ao ensino, pois os recursos é que
fazem toda a diferença dentro da sala de aula e, a música, como vimos, é um recurso eficaz,
pois ela tem o poder de alcançar a alma humana, seduzir os educandos e levá-los à
aprendizagem efetiva de forma lúdica e prazerosa.
49
CONSIDERAÇÕS FINAIS
Com a realização deste projeto pudemos perceber a importância da Educação para a
transformação e consolidação do ser humano enquanto pessoa participativa do meio social em
que vive.
Este projeto também foi muito importante para o nosso crescimento enquanto
estudante de um curso de Licenciatura e como futuro professor, pois trouxe-nos uma
grandiosa experiência para a nossa atuação como futuro profissional de Língua Portuguesa.
Temos a plena convicção de que o nosso papel como profissional de ensino será muito
mais do que só um transmissor de conhecimentos, mas, acima de tudo, seremos um
profissional que vai além dos limites do espaço escolar para fazer a diferença na vida daqueles
que por ele passarem. Nossa principal missão será levar conhecimento e trabalhar com a
aprendizagem de forma dinamizada e criativa fazendo com que o nosso aluno seja um
participador ativo de nossas aulas.
Compreendemos, a partir da pesquisa, que o trabalho de um professor
compromissado, verdadeiramente com a educação de qualidade, não limita o seu trabalho
somente ao espaço da sala de aula, ele vai muito mais além. Trabalhamos com a mente
humana e temos consciência de que a metodologia de ensino proposta neste trabalho é o que
vai fazer com que a diferença aconteça dentro e fora do espaço escolar, na vida do nosso
aluno.
Durante todo esse período de três meses de prática, constatamos e comprovamos que
o professor precisa levar os seus alunos a serem leitores assíduos, estudantes responsáveis e
comprometidos com seus estudos. Mas, para que isso aconteça, ele precisa rever suas
fracassadas fórmulas metodológicas.
Os resultados encontrados foram significativos em relação a melhora na
aprendizagem dos alunos em sala de aula. A partir desse projeto eles se tornaram mais
participativos nas aulas e foi possível perceber maior concentração deles em sala de aula.
A música sem dúvida estimula e faz com que o aluno aprenda, desenvolva e cresça
de uma forma agradável e prazerosa dentro de sala de aula, pois ao trabalharmos a música
50
nas mais variadas formas e tendo objetivos claros e definidos, proporcionou um grande
desenvolvimento nos alunos.
Diante de todas as pesquisas e análises que fizemos durante a execução do projeto,
concluímos que as dificuldades apresentadas pelos alunos são pelo fato do não entendimento
do conteúdo. O conteúdo considerado “difícil” por eles é trabalhado de maneira repetitiva. O
fato de terem dificuldades de assimilação e a falta de um método atrativo formam desinteresse
aprendizagem. O professor em sala de aula regular precisa estar atento a isso e também o
professor da Sala de Apoio para não ficarem repetindo a mesma metodologia, pois isso
desentimula o aluno ainda mais.
O Livro Didático nem sempre traz o conteúdo programático de forma clara e objetiva
e, assim, o aluno não o compreende. É preciso, portanto, um trabalho diferenciado. O
professor precisa mesclar suas aulas com o lúdico. O conteúdo tem que fazer parte do mundo
do aluno para que haja assimilação.
Como respostas às nossas inquietações, temos que o que faz um aluno chegar ao 6º
ano sem dominar as habilidades básicas de leitura e escrita é o fato dele carregar consigo
conteúdos mal compreendidos, desde o início de sua escolaridade, e isso acarreta a não
compreensão de outros. Há, portanto, uma lacuna de conteúdos que o acompanhará nas séries
seguintes.
Durante todos os momentos em que trabalhamos com os alunos, percebemos que o
professor da sala de Apoio Pedagógico precisa obrigatoriamente trazer uma metodologia
diferenciada para o trabalho com esses alunos, caso contrário, mesmo frequentando a Sala de
Apoio Pedagógico não conseguirão também compreender os conteúdos propostos e
continuarão sem dominar as habilidades necessárias para a leitura e produção textual.
A partir do momento em que trabalhamos de forma diferenciada, percebemos uma
maior participação e compreensão dos mesmos em relação aos conteúdos. As aulas passarm a
ter um atrativo maior e aquilo que era “difícil” para o aprendizado passou a ser uma
brincadeira divertida e, assim, houve maior aproveitamento das aulas e o aprendizado
aconteceu de fato.
A música é um excelente recurso, pois desenvolve a sensibilidade, criatividade e faz
com que o aluno concentre-se mais nas aulas e consequentemente aprenda e desenvolva a sua
capacidade cognitiva.
Então, música para todos! Pois uma educação de qualidade depende de todos nós.
51
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BRASIL, MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros
Curriculares Nacionais – PCNs: 5ª a 8ª Série - Introdução. Brasília: SEF/MEC, 1998.
BEYER, Ester (org.). Idéias em educação musical. Porto Alegre: Meditação, 1999.
COSTA, Giselda dos Santos. CEFET-PI-UNED/FLORIANO. Breve Histórico da Lingüística
Aplicada. 2001. Disponível em: www.silviocicchi.com/ gisflash/ linguisticaaplicada. Acesso
em:08/12/2008.
CUKIERKORN, Mônica de Oliveira Braga, Jornal Diário na Escola. 2003 A história da
escola. Santo André, 17 de Fev. 2003. Disponível em: www.redenoarsa.com.br/biblioteca/
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FARACO, Carlos Alberto; CASTRO, Gilberto de. Por uma teoria lingüística que fundamente
o ensino de língua materna (ou de como apenas um pouquinho de gramática nem sempre é
bom). Disponível em: www.educaremrevista.ufpr.br/arquivos_15/faraco_castro: Acesso em:
08/12/2008
FERREIRA, Martins. Como usar a Música na sala de aula. São Paulo-SP. Contexto, 2001.
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ANEXOS