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ESTATUTO DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA TÍTULO I DISPOSIÇÕES PRELIMINARES Art. 1° Fica instituído o Estatuto da Pessoa com Deficiência, destinado a assegurar a inclusão social e o pleno exercício dos seus direitos individuais e coletivos. Art. 2º Para os efeitos dessa lei, considera-se: I - Deficiência: toda restrição física, mental ou sensorial, de natureza permanente ou transitória, que limita a capacidade de exercer uma ou mais atividades essenciais da vida diária, causada ou agravada pelo ambiente econômico e social; II - Deficiência Física - alteração completa ou parcial de um ou mais segmentos do corpo humano, acarretando limitação da função física, apresentando-se sob a forma de paraplegia, paraparesia, monoplegia, monoparesia, tetraplegia, tetraparesia, triplegia, triparesia, hemiplegia, hemiparesia, amputação ou ausência de membro, paralisia cerebral, nanismo, ostomizados, membros com deformidade congênita ou adquirida, exceto as deformidades estéticas e as que não produzam dificuldades para o desempenho de funções; III - Deficiência Auditiva - perda bilateral, parcial ou total de 41 dB (quarenta e um decibéis) ou mais, aferida por

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ESTATUTO DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA

TÍTULO I

DISPOSIÇÕES PRELIMINARES

Art. 1° Fica instituído o Estatuto da Pessoa com Deficiência, destinado a assegurar a

inclusão social e o pleno exercício dos seus direitos individuais e coletivos.

Art. 2º Para os efeitos dessa lei, considera-se:

I - Deficiência: toda restrição física, mental ou sensorial, de natureza permanente ou

transitória, que limita a capacidade de exercer uma ou mais atividades essenciais da vida

diária, causada ou agravada pelo ambiente econômico e social;

II - Deficiência Física - alteração completa ou parcial de um ou mais segmentos do

corpo humano, acarretando limitação da função física, apresentando-se sob a forma de

paraplegia, paraparesia, monoplegia, monoparesia, tetraplegia, tetraparesia, triplegia,

triparesia, hemiplegia, hemiparesia, amputação ou ausência de membro, paralisia cerebral,

nanismo, ostomizados, membros com deformidade congênita ou adquirida, exceto as

deformidades estéticas e as que não produzam dificuldades para o desempenho de funções;

III - Deficiência Auditiva - perda bilateral, parcial ou total de 41 dB (quarenta e um

decibéis) ou mais, aferida por audiograma nas freqüências de 500HZ, 1.000HZ, 2.000Hz e

3.000Hz;

IV - Deficiência Visual - compreende a cegueira, na qual a acuidade visual é igual ou menor que 0,05 no melhor olho, com a melhor correção óptica; a baixa visão, que significa acuidade visual entre 0,3 e 0,05 no melhor olho e com a melhor correção óptica; os casos nos quais a somatória da medida do campo visual em ambos os olhos for igual ou menor que 60º; ou a ocorrência simultânea de qualquer uma das condições anteriores;

V - Deficiência Mental - funcionamento intelectual significativamente inferior à

média, com manifestação antes dos dezoito anos e limitações associadas a duas ou mais

áreas de habilidades adaptativas, tais como:

a) comunicação;

b) cuidado pessoal;

c) habilidades sociais;

d) utilização da comunidade;

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e) saúde e segurança;

f) habilidades acadêmicas;

g) lazer; e

h) trabalho.

VI - Deficiência Múltipla - associação de duas ou mais deficiências.

VII - Surdocegueira e Múltiplo Deficiente Sensorial – A surdocegueira é uma

deficiência ÚNICA causada por uma combinação da deficiência auditiva e visual.(Sugestão

1- colocar a Surdocegueira como um item e não como o item VI e sim outro item conforme

acrescentei )

VII- Ajudas técnicas - consideram-se ajudas técnicas, os produtos, instrumentos, equipamentos ou tecnologia adaptados ou especialmente projetados para melhorar a funcionalidade da pessoa com deficiência, favorecendo sua autonomia pessoal, total ou assistida e a superação de barreiras da comunicação e da mobilidade, de forma a promover a sua inclusão social.

Art. 3° Na interpretação desta lei levar-se-ão em conta o princípio da dignidade da pessoa

humana, a proibição de discriminação, a igualdade de oportunidades quanto ao exercício de

todos os direitos humanos, os fins sociais a que ela se destina, assim como as exigências do

bem comum.

Art. 4º Nenhuma pessoa com deficiência será objeto de qualquer forma de

discriminação.

§ 1° Considera-se discriminação toda diferenciação, exclusão ou restrição baseada

em deficiência, antecedente de deficiência, conseqüência de deficiência anterior ou

percepção de deficiência presente ou passada, que tenha o efeito ou propósito de impedir ou

anular o reconhecimento, gozo ou exercício por parte das pessoas portadoras de deficiência

de seus direitos humanos e suas liberdades fundamentais.

§ 2° Não constitui discriminação a diferenciação ou preferência adotada para

promover a inclusão social ou o desenvolvimento pessoal das pessoas com deficiência,

desde que a diferenciação ou preferência não limite em si mesma o direito à igualdade

dessas pessoas e que elas não sejam obrigadas a aceitar tal diferenciação ou preferência.

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§ 3° Considerar o direito lingüístico da pessoa com Surdez conforme sua

necessidade de expressão (emissão e recepção), e mudanças alternativas para ser

compreendido entre as línguas que se faz presente ora em Língua de Sinais, ora em Língua

escrita concomitante ou não da Língua Portuguesa Oral.( Sugestão 2 – Direito lingüístico

do Surdo)

Art. 5° É dever da família, da comunidade, da sociedade e do Poder Público

assegurar às pessoas com deficiência a efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à

sexualidade, à alimentação, à habitação, à educação, ao esporte, ao lazer, à

profissionalização, ao trabalho, à reabilitação, ao transporte, à acessibilidade, à cultura, à

informação, aos avanços tecnológicos e científicos, à comunicação, à seguridade social, à

dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, dentre outros.

Art. 6° É dever de todos prevenir a ocorrência de ameaça ou violação dos direitos da

pessoa com deficiência, comunicando-a à autoridade competente.

Art. 7º Os Conselhos Nacional, Estaduais, do Distrito Federal e Municipais de Direitos

da Pessoa com Deficiência zelarão pelo cumprimento dos direitos definidos nesta Lei.

TÍTULO II

DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS

CAPÍTULO I

DO DIREITO À VIDA E À SAÚDE

Art. 8º. O direito à vida e à saúde das pessoas com deficiência será assegurado mediante a efetivação de políticas sociais públicas que permitam a preservação de sua saúde física, mental e seu aperfeiçoamento moral , intelectual, e social, em condições de liberdade e dignidade.

Art. 9º. As pessoas com deficiência têm direitos a tratamento adequado e especializado em estabelecimentos de saúde e centros de habilitação e reabilitação públicos, ou entidades privadas conveniadas com o poder público.

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§ 1º Considera-se reabilitação o processo de duração limitada e com objetivo definido, destinado a permitir que a pessoa com deficiência alcance nível físico, mental e sensorial funcionais, proporcionando-lhe os meios de modificar sua própria vida.

§ 2º Para a manutenção da funcionalidade da pessoa com deficiência o Poder Público assegurará a continuidade de atividades, tais com as físicas, as desportivas, as de lazer e as terapias adequadas às peculiaridades, quando necessárias.

§ 3º Em caso de ausência do serviço ou de vagas nos estabelecimentos e centros

acima mencionados, fica o poder público obrigado a custear serviço semelhante na rede privada de saúde.

§ 4º É beneficiária dos processos de reabilitação a pessoa que apresenta deficiência que resulte em limitação às atividades funcionais, qualquer que seja sua natureza, causa ou gravidade.

Art. 10 Incumbe à Administração Pública com o objetivo de garantir a assistência integral à saúde e a reabilitação da pessoa com deficiência, fornecer gratuitamente:

I - medicamentos;

II – ajudas técnicas necessárias, tais como órteses, próteses, softwares e todos os demais aparelhos e materiais auxiliares que garantam a sustentabilidade da reabilitação;

III – tratamento e as necessárias terapias.

Art. 11 A Administração Pública realizará e estimulará estudos epidemiológicos e clínicos, com periodicidade e abrangência adequadas, de modo a produzir informações sobre a ocorrência de deficiências e incapacidades.

Art. 12 À pessoa com deficiência internada ou em observação é assegurado o direito a acompanhante, devendo o órgão de saúde proporcionar as condições adequadas para a sua permanência em tempo integral, segundo o critério médico.

Parágrafo único. O profissional de saúde responsável pelo tratamento deverá justificar por escrito a excepcional impossibilidade do direito ao acompanhante.

Art. 13 Incumbe à Administração Pública criar serviços específicos de informação e prevenção de deficiências referentes ao aconselhamento genético; ao acompanhamento pré-natal, parto e puerpério; à nutrição da mulher e da criança; à identificação e ao controle da gestante e do feto de alto risco; à imunização; às doenças do metabolismo e seu diagnóstico e, ao encaminhamento precoce de outras doenças causadoras de deficiência.

Parágrafo Único. A inobservância das normas de prevenção importará em responsabilidade da pessoa física ou jurídica, nos termos desta Lei.

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Art. 14 É vedada qualquer forma de discriminação da pessoa com deficiência nos planos e seguros de saúde, em razão de sua deficiência.

CAPÍTULO II

DO DIREITO À EDUCAÇÃO

Art. 15 A educação é direito fundamental da pessoa com deficiência e será prestada visando ao máximo desenvolvimento pessoal, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho, prestigiando-se a educação na diversidade.

§ 1º É dever da família, da comunidade escolar, da sociedade e do Estado assegurar à pessoa com deficiência o direito a educação de qualidade, colocando-a a salvo de toda a forma de negligência, discriminação, violência, crueldade e opressão escolar.

§ 2º Os sistemas de ensino devem matricular todos os alunos, cabendo às escolas organizar-se para o atendimento de alunos com necessidades educacionais especiais, assegurando-se, dentre outras, as seguintes medidas:

I – matrícula compulsória nos estabelecimentos públicos e particulares da rede regular de ensino às pessoas com deficiência, preferencialmente em período anterior a dos demais alunos;

II – flexibilização e adaptações curriculares, métodos, técnicas, organização, recursos educativos e processos de avaliação para atender as necessidades educacionais de cada aluno, principalmente aos alunos com surdez usuários da Libras;

III – adaptação física em todos os ambientes da escola com o objetivo de se tornar acessível aos alunos, educadores, servidores e empregados com deficiência;

IV – oferecimento de material escolar e didático e equipamentos adequados aos alunos com deficiência;

V – transporte coletivo adaptado a ser fornecido pelo Poder Público aos alunos com deficiência matriculados na sua rede;

VI – atendimento educacional especializado, preferencialmente na rede regular de ensino, com o objetivo de atender as necessidades educacionais especiais de cada aluno;

VII- garantir a presença do professor ou instrutor de Libras, professor – intérprete, guia – intérprete e acompanhante para os alunos com surdez, surdocegueira e surdocegueira com distúrbio neuromotor na sala de aula desde a educação infantil ao ensino superior;

( Sugestão 3)

VII – atendimento do aluno com deficiência em unidades hospitalares e congêneres nas quais esteja internado por prazo igual ou superior a três meses.

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VIII – capacitação anual de todos os profissionais que trabalham na escola com o objetivo de dar atendimento adequado às pessoas com deficiências.

§ 3º. As adaptações físicas em todos os ambientes das escolas atualmente existentes deverão estar concluídas no prazo de 12 meses a contar da publicação desta Lei.

§ 4º. As escolas particulares poderão realizar avaliação dos alunos com deficiência

interessados, sem efeito classificatório, para decidir em que etapa de sua organização

curricular o aluno será atendido. Garantir a presença do professor – intérprete para o aluno

Surdo quando solicitado;

§ 5º. As escolas particulares que tiverem uma procura de vagas maior do que a sua

capacidade de atendimento poderá adotar um dos seguintes critérios de preenchimento, com

ciência das famílias dos alunos interessados:

I – sorteio;

II - ordem cronológica de inscrição.

§ 6º Para as avaliações previstas no § 5º é vedada qualquer sistema que possa

submeter à criança e o adolescente com deficiência a pressão, frustração ou ansiedade,

ainda que com concordância dos pais ou responsáveis.

§ 7º Os cursos livres ficam obrigados a disponibilizar aos seus alunos com

deficiência material escolar e didático adaptados e espaço físico acessível.

Art. 16 As instituições de ensino superior ficam obrigadas a assegurar as medidas elencadas no § 2°, do artigo anterior, sob pena de não lhes ser concedida autorização para funcionamento.

§° 1º Será garantido o acesso aos processos seletivos para ingresso em cursos oferecidos pelas instituições de ensino superior, mediante o cumprimento das seguintes medidas:

I - adaptação de provas;

II - apoio necessário, previamente solicitado pelo aluno com deficiência, principalmente a garantia da presença do intérprete de Libras para o aluno com surdez e prova em braile ou ampliado para o aluno com deficiência visual;

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III - tempo adicional para realização das provas, se necessário, conforme as características da deficiência.

Art. 17 Incumbe à Administração Pública proceder às alterações curriculares dos cursos superiores para contemplar conteúdos ou disciplinas relacionados à pessoa com deficiência.

Art. 18 Incumbe à Administração Pública criar recenseamento anual, contado desde

o primeiro ano após a promulgação desta Lei, dos alunos com deficiência do ensino

fundamental com efetiva freqüência escolar.

Art. 19 Incumbe à Administração Pública criar programas:

I – de incentivo familiar, de natureza pecuniária, destinada a assegurar a matrícula e a freqüência regular do aluno com deficiência na escola regular;

II – destinados ao desenvolvimento e divulgação de pesquisas e desenvolvimento de métodos de educação especial;

III – de formação específica dos profissionais da educação em Língua de Sinais (corrigir:linguagem de sinais passar para Língua de Sinais) - LIBRAS para atendimento de alunos com surdez;

IV – de capacitação de familiares e comunidade (tirar: pessoas) que convivam com pessoas com deficiência para a utilização dos meios de comunicação incluindo a leitura labial, língua de sinais e leitura em braile. (da linguagem labial e de sinais e leitura no método Braile).

SEÇÃO I

DA EDUCAÇÃO PROFISSIONAL

Art. 20 O aluno com deficiência matriculado ou egresso do ensino fundamental ou médio e superior, de instituições públicas ou privadas, bem como o trabalhador em geral jovem ou adulto, terá acesso à educação profissional, com o objetivo de obter habilitação que lhe proporcione oportunidades de inserção no mundo do trabalho.

§ 1º A educação profissional para a pessoa com deficiência, articulada com a rede regular, será oferecida nos níveis básico, técnico e tecnológico, também em instituições especializadas, e nos ambientes de trabalho.

§ 2º As instituições públicas e privadas que ministram educação profissional deverão, obrigatoriamente, oferecer cursos profissionais à pessoa com deficiência, condicionando a matrícula à sua capacidade de aproveitamento e não ao seu nível de escolaridade.

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§ 3º Entende-se por habilitação profissional o processo destinado a propiciar à pessoa com deficiência, em nível formal e sistematizado, aquisição de conhecimentos e habilidades especificamente associados à determinada profissão ou ocupação.

§ 4º Os diplomas e certificados de cursos de educação profissional expedidos por instituição credenciada pelo Ministério da Educação, ou órgão equivalente, terão validade em todo o território nacional.

Art. 21 As escolas e instituições de educação profissional oferecerão, se necessário, atendimento educacional especializado com o objetivo de atender as necessidades educacionais especiais de cada aluno, assegurando-se, dentre outras, as seguintes medidas:

I - flexibilização e adaptações curriculares, métodos, técnicas, organização, recursos educativos e instrucionais, e processos de avaliação para atender as necessidades educacionais de cada aluno (principalmente de alunos usuários da Língua Brasileira de Sinais);

II – adaptação física em todos os ambientes com o objetivo de se tornar acessível aos alunos, educadores, instrutores, servidores e empregados com deficiência;

III – oferecimento de material escolar e didático, recursos instrucionais e equipamentos adequados aos alunos com deficiência;

IV – capacitação anual de todos os profissionais que trabalham nas escolas e instituições com o objetivo de dar atendimento adequado às pessoas com deficiências.

Parágrafo Único. As adaptações físicas em todos os ambientes das escolas

atualmente existentes deverão estar concluídas no prazo de 12 meses a contar da publicação

desta Lei.

CAPÍTULO III

DO DIREITO AO TRABALHO

Art. 22 É vedada qualquer restrição ao trabalho da pessoa com deficiência.

Art. Incumbe à Administração Pública dar prioridade nas políticas de emprego a inserção da pessoa com deficiência no mercado de trabalho.

Art. 23 Incumbe à Administração Pública dar prioridade à implementação e adaptação dos programas públicos de formação e qualificação profissional para a pessoa com deficiência, observando, dentre outras, as seguintes medidas:

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I –adaptações dos programas, métodos, técnicas, organização e recursos para atender as necessidades de cada deficiência;

II – adaptação física em todos os ambientes dos locais em que se realizam os cursos com o objetivo de se tornar acessível à pessoa com deficiência em formação e qualificação profissional, instrutores e empregados com deficiência;

III – oferecimento de material e equipamentos adequados às pessoas com deficiência;

IV – capacitação anual de todos os profissionais que trabalham nos programas com o objetivo de dar atendimento adequado às pessoas com deficiências.

Art. 24 As empresas com 20 (vinte) ou mais empregados devem preencher XX % (XX por cento - PERCENTUAL A SER DEFINIDO) de seus postos de trabalho com beneficiários da Previdência Social reabilitados ou com pessoa com deficiência qualificada.

§ 1° Inclui-se na concepção de empresa todos os seus estabelecimentos, devendo a reserva ser aferida sobre o número total dos postos de trabalho.

§ 2° A dispensa de empregado na condição estabelecida neste artigo, quando se tratar de contrato por prazo determinado, superior a noventa dias, e a dispensa imotivada, no contrato por prazo indeterminado, somente poderá ocorrer após a contratação de outro trabalhador com deficiência.

§ 3° Incumbe à Administração Pública estabelecer sistemática de fiscalização e controle das empresas, bem como criar dados estatísticos sobre o número de empregados com deficiência e de postos preenchidos, para fim de acompanhamento do disposto no caput deste artigo e encaminhamentos de políticas de emprego.

Art. 25 Constituem-se modalidades de inserção no trabalho da pessoa com deficiência:

I – colocação competitiva: processo de contratação regular, nos termos da legislação trabalhista e previdenciária, que independe da adoção de procedimentos especiais para sua concretização, não se excluindo a utilização de ajudas técnicas;

II – colocação seletiva: processo de contratação regular, nos termos da legislação trabalhista e previdenciária, que depende da adoção de apoios e procedimentos especiais, além de ajudas técnicas para sua concretização;

III – promoção do trabalho por conta própria: processo de fomento da ação de uma ou mais pessoas, mediante trabalho autônomo, cooperativado ou em regime de economia familiar, destinado à emancipação econômica e pessoal da pessoa com deficiência.

§ 1° Consideram-se apoios especiais a orientação, a supervisão e as ajudas técnicas, entre outros elementos, que auxiliem ou permitam compensar uma ou mais limitações

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motoras, sensoriais ou mentais da pessoa com deficiência, de modo a superar as barreiras da mobilidade e da comunicação.

§ 2° Consideram-se procedimentos especiais os meios utilizados para a contratação de pessoa que, devido ao seu grau de deficiência, exige condições peculiares de trabalho, como emprego em tempo parcial, jornada variável e horário flexível.

Art. 26 A entidade de assistência à pessoa com deficiência sem fins lucrativos, constituída na forma da lei, poderá intermediar a modalidade de colocação seletiva no trabalho de que trata o inciso II do art. , nas seguintes hipóteses:

I - para prestação de serviços em órgãos da Administração Pública Direta e Indireta, conforme previsão do art. 24, inciso XX, da Lei 8.666/93;

II - para prestação de serviços em empresas privadas, situação em que o vínculo de

emprego se estabelece diretamente com a empresa.

Parágrafo Único. A prestação de serviços intermediada de que trata o inciso I restringe-se às atividades meio dos órgãos da Administração Pública Direta e Indireta.

Art. 27 A entidade de assistência à pessoa com deficiência que intermediar a prestação de serviços por meio da colocação seletiva está obrigada a promover em conjunto com o órgão da Administração Pública Direta e Indireta, em todos os níveis, ou com as empresas privadas:

I - programa de preparação do ambiente de trabalho para receber pessoas com deficiência;

II - programa de prevenção de doenças profissionais e de redução da funcionalidade;

III - programa de reabilitação profissional, se necessário.

Art. 28 Os órgãos da Administração Pública Direta e Indireta, em todos os níveis, deverão fazer constar dos convênios a relação nominal dos trabalhadores com deficiência em atividade, com o objetivo de atender à fiscalização e a coleta de dados.

Parágrafo Único. A entidade de assistência à pessoa com deficiência demonstrará mensalmente ao órgão da Administração Pública Direta e Indireta o cumprimento das obrigações trabalhistas, previdenciárias e fiscais relativas às pessoas com deficiência constante do rol do convênio.

Art. 29 A intermediação por entidade de assistência à pessoa com deficiência, na forma de colocação seletiva para prestação de serviços em empresas privadas, se dá utilizando-se, quando necessário, do apoio especial, sem dispensar o procedimento especial e as ajudas técnicas.

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SEÇAO I

DO ACESSO A CARGOS E EMPREGOS PÚBLICOS

Art. 30 Os órgãos da Administração Pública Direta e Indireta, em todos os níveis, estão obrigados a preencher XX % (XX por cento - PERCENTUAL A SER DEFINIDO) de seus cargos e empregos públicos com pessoa com deficiência.

§ 1° Será reservado às pessoas com deficiência de 5% (cinco por cento) até 20% (vinte por cento) das vagas disponibilizadas em cada concurso público, cabendo a cada órgão estabelecer a meta de cumprimento da reserva de cargos e empregos públicos.

§ 2º O candidato com deficiência concorrerá a todas as vagas oferecidas, sendo-lhe reservado um mínimo de 5% (cinco por cento) em face da classificação obtida.

§3º Caso a aplicação do percentual de que trata o parágrafo anterior resulte em número fracionado, este deverá ser elevado até o primeiro número inteiro subseqüente.

Art. 31 É vedado à Administração Pública Direta ou Indireta, em todos os níveis, obstar a inscrição de pessoa com deficiência em concurso público para ingresso em carreira da Administração Pública Direta e Indireta.

§ 1º Do edital de concurso público deverá constar, dentre outros:I – o número de vagas existentes, o total correspondente à reserva de cargos e

empregos públicos e a reserva destinada para o concurso público;II – as atribuições e tarefas dos cargos e empregos públicos disponibilizados;III – a previsão de adaptação das provas, do curso de formação e do estágio

probatório.

§ 2º No ato da inscrição, a pessoa com deficiência deverá apresentar laudo médico atestando a espécie e o grau ou nível da deficiência, com expressa referência ao código correspondente da Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde – CIF.

§ 3º No ato da inscrição, a pessoa com deficiência que necessite de tratamento diferenciado nos dias do concurso deverá requerê-lo, no prazo determinado em edital, para providências do órgão responsável pelo concurso público, indicando as condições diferenciadas de que necessita para a realização das provas.

§ 4º A pessoa com deficiência que necessitar de tempo adicional para realização das provas deverá requerê-lo, com justificativa acompanhada de parecer emitido por especialista da área de sua deficiência, no prazo estabelecido no edital do concurso.

Art. 32 A pessoa com deficiência participará do concurso público em igualdade de condições com os demais candidatos no que concerne: I - ao conteúdo das provas;

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II - à avaliação e aos critérios de aprovação; III - ao horário e ao local de aplicação das provas; e IV - à nota mínima exigida para todos os demais candidatos.

Art. 33 A publicação do resultado final do concurso será feita em duas listas, uma com a classificação geral dos candidatos e outra com a classificação dos candidatos com deficiência.

Parágrafo Único. As nomeações deverão ocorrer de forma alternada e

proporcional observadas as duas listas.

Art. 34 O órgão da Administração Pública Direta e Indireta, em todos os níveis, terá a assistência de equipe multiprofissional composta de três profissionais capacitados e atuantes nas áreas das deficiências em questão, sendo um deles médico, e três profissionais integrantes da carreira almejada pelo candidato para concluir sobre:

I - as informações prestadas pelo candidato no ato da inscrição;

II - as condições de acessibilidade dos locais de provas, as adaptações das provas e do curso de formação;

III – as necessidades de uso pelo candidato com deficiência de equipamentos, intérprete da Libras ou outros meios que habitualmente utilize para a realização das provas; e

IV – a necessidade de o órgão fornecer apoio ou procedimento especiais durante o estágio probatório e, especialmente, quanto às necessidades de adaptação das funções e do ambiente de trabalho para a execução das tarefas pelo servidor ou empregado com deficiência.

CAPÍTULO IV

DO DIREITO À ASSISTÊNCIA SOCIAL

Art. 35 A assistência social à pessoa com deficiência será prestada de forma articulada e com base nos princípios e diretrizes previstos na Lei Orgânica da Assistência Social, no Sistema Único de Saúde (SUS), na Política Nacional de Educação, na Política Nacional de Emprego e demais normas pertinentes.

Art. 36 A pessoa com deficiência, beneficiária ou não do regime assistencial, tem direito à habilitação e reabilitação para o trabalho e formação profissional, objetivando a aprendizagem e o desenvolvimento de aptidões, a autonomia e a boa qualidade de vida.

§ 1° Incumbem aos órgãos públicos de assistência, nas respectivas esferas, destinar aos serviços de habilitação e reabilitação orçamento prioritário e recursos físicos, humanos, técnicos e tecnológicos necessários, para preparar a pessoa com deficiência,

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independentemente do tipo ou grau de deficiência, para a inserção no mundo do trabalho e à vida comunitária.

§ 2° Considera-se habilitação o processo orientado visando possibilitar que a pessoa com deficiência, a partir da identificação de suas escolhas e aptidões laborativas e profissionais, adquira o nível suficiente de desenvolvimento profissional para ingresso e/ou reingresso no mundo do trabalho.

§ 3° Considera-se reabilitação o processo de duração limitada e com objetivo definido, destinado a permitir que a pessoa com deficiência alcance nível físico, mental e sensorial funcionais, proporcionando-lhe os meios de modificar sua própria vida.

Art. 37 A orientação profissional será prestada pelos correspondentes serviços de habilitação, tendo em conta as aptidões da pessoa com deficiências, identificadas com base em relatório de equipe multiprofissional, formada por profissionais das respectivas áreas da deficiência, que deverá considerar:

I - educação escolar efetivamente recebida e por receber;

II – escolhas e expectativas de promoção social;

III - possibilidades de emprego existentes em cada caso;

IV - motivações, atitudes e preferências profissionais; e

V - necessidades do mercado de trabalho.

CAPÍTULO V

DO DIREITO À CULTURA, AO DESPORTO, AO TURISMO E AO LAZER

Art. 38 Os órgãos e as entidades da Administração Pública responsáveis pela cultura, pelo desporto, pelo turismo e pelo lazer ficam obrigados a dispensar tratamento prioritário e adequado às pessoas com deficiência, devendo adotar, dentre outras, as seguintes medidas:

I – a promoção do acesso da pessoa com deficiência aos meios de comunicação social;

a) garantir o acesso de informações através das legendas e intrepretação em Língua Brasileira de sinais;

b) desenvolver programas/trabalhos nos meios de comunicação, visando esclarecimento das necessidades das pessoas com deficiência:

c) implantar programa de comunicação em braile nos meios de comunicação escrita;

d) criar um programa de informação pública específica para pessoa com deficiência, destacando seu potencial.

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II – a criação de incentivos para o exercício de atividades criativas, mediante:

a) participação da pessoa com deficiência em concursos de prêmios no campo das artes e das letras; e

b) exposições, publicações e representações artísticas de pessoa com deficiência;

III – o incentivo à prática desportiva formal e não-formal como direito de cada um e o lazer como forma de promoção social;

IV – o estímulo ao exercício de atividades desportivas entre as pessoas com deficiência e suas entidades representativas;

V – a garantia de acessibilidade a todas as instalações desportivas dos estabelecimentos de ensino, desde o nível pré-escolar até a universidade;

VI – a inclusão de atividades desportivas para pessoas com deficiência na prática da educação física ministradas nas instituições de ensino públicas e privadas;

VII – a criação e promoção de publicações, bem como a formação de guias de turismo com informação adequada à pessoa com deficiência;

VIII – o estímulo ao turismo voltado à pessoa com deficiência mediante a exigência de instalações hoteleiras acessíveis e de serviços adaptados de transporte.

Art.   39 Os recursos do Programa Nacional de Apoio à Cultura financiarão, com prioridade, entre outras ações, a produção e a difusão artístico-cultural de pessoa com deficiência.

Parágrafo único.  Os projetos culturais financiados com recursos federais, inclusive oriundos de programas especiais de incentivo à cultura, deverão facilitar o livre acesso da pessoa com deficiência, de modo a possibilitar-lhe o pleno exercício dos seus direitos culturais.

Art. 40 Os órgãos e as entidades da Administração Pública Direta e Indireta, promotores ou financiadores de atividades desportivas e de lazer, devem concorrer técnica e financeiramente para garantir a participação das pessoas com deficiência em referidas atividades.

Parágrafo único. Serão prioritariamente apoiadas as manifestações desportivas de rendimento e a educacional, compreendendo as atividades de:

I – desenvolvimento de recursos humanos especializados para atendimento das pessoas com deficiência;

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II – promoção de competições desportivas internacionais, nacionais, estaduais e locais que possuam modalidades abertas às pessoas com deficiência;

III – pesquisa científica, desenvolvimento tecnológico, documentação e informação sobre a participação da pessoa com deficiência em tais eventos; e

IV – construção, ampliação, recuperação e adaptação de instalações desportivas e de lazer, de modo a torná-las amplamente acessíveis às pessoas com deficiência.

Art. 41 As pessoas com deficiência têm direito a um desconto de 50% (cinqüenta por cento) no valor dos ingressos para eventos artísticos, culturais, esportivos e de lazer, sejam tais eventos promovidos pelo poder público ou pela iniciativa privada.

§ 1º - o custeio do desconto ora determinado será embutido no preço do ingresso.

§ 2º - o desconto previsto no caput deste artigo deve incidir sobre o menor valor do ingresso na bilheteria, ainda que se trate de preço promocional.

Art. 42 Os restaurantes que possuem pelo menos 20 mesas, ou 10 funcionários, são obrigados a disponibilizar para seus clientes cardápios em braile.

Art. 43 As Editoras devem disponibilizar no mercado 6% (seis por cento) de seus livros publicados por meio magnético, de forma a atender as pessoas com deficiência visual.

Art. 44 As empresas de telecomunicações ficam obrigadas a apresentar todos os seus telejornais e programas nacionais com tradução simultânea de Língua Brasileira de Sinais – LIBRAS ou com legendas.

CAPÍTULO VI

DO DIREITO AO TRANSPORTE

Art. 45 Fica assegurado o passe livre às pessoas com deficiência com renda igual ou inferior a 02 (dois) salários-mínimos no sistema público de transporte interestadual e aquele oferecido pelas concessionárias de transporte coletivo, nos modais rodoviário, ferroviário, aquaviário e aeroviário.

Parágrafo único. No modal aeroviário, a concessão da gratuidade está reservada aos casos de tratamento de saúde, em que o deslocamento da pessoa com deficiência pelas vias terrestres seja contra-indicado, em razão do estado da enfermidade, devidamente atestado por médico especialista.

Art. 46 Para os efeitos do disposto neste Capítulo, considera-se:

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I – Serviço de transporte interestadual: o que transpõe o limite do Estado, do Distrito Federal ou de Território.

II – Linha: serviço de transporte coletivo de passageiros executado em uma ligação de dois pontos terminais, nela incluída os seccionamentos e as alterações operacionais efetivadas, aberto ao público em geral, de natureza regular e permanente, com itinerário definido no ato de sua delegação ou outorga;

III – Seção: serviço realizado em trecho do itinerário de linha do serviço de transporte, com fracionamento do preço de passagem;

IV – Passe livre: documento fornecido às pessoas com deficiência que preencham os requisitos para a concessão do benefício de gratuidade no sistema de transporte interestadual de passageiros.

Art. 47 A Administração Pública, os órgãos autorizados, ou as entidades conveniadas, estão obrigados a emitir e enviar aos beneficiários da gratuidade o aviso de concessão do benefício da gratuidade no sistema de transporte interestadual, que poderá ser carteira ou cartão de identificação padronizado.

§ 1º Incumbe à Administração Pública expedir as instruções e instituir formulários e modelos de documentos necessários à operacionalização do benefício.

§ 2º A existência de formulário próprio para a postulação do benefício não impedirá que seja aceito qualquer outro requerimento escrito, sendo, entretanto, indispensável que dele constem os dados imprescindíveis ao processamento.

§ 3º Na hipótese de o requerente ser analfabeto ou de estar impossibilitado de assinar, será admitida a aposição da impressão digital, na presença de servidor, ou do órgão autorizado ou das entidades conveniadas, que o identificará, ou a assinatura a rogo, em presença de duas testemunhas.

§ 4º Quando se tratar de pessoa em condição de internado, na forma prevista no Decreto nº 1744, de 1995, será admitido requerimento assinado pela direção do estabelecimento onde o requerente encontra-se internado.

§ 5º A comprovação de renda será feita mediante a apresentação de um dos seguintes documentos:

I - carteira de Trabalho e Previdência Social com anotações atualizadas;

II - contracheque de pagamento ou documento expedido pelo empregador;

III - carnê de contribuição para o Instituto nacional do Seguro Social – INSS;

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IV - extrato de pagamento de benefício ou declaração fornecida pelo INSS ou outro regime de previdência social público ou privado; e

V - documento ou carteira emitida pelas Secretarias Estaduais ou Municipais de

Assistência Social ou congêneres.

§ 6º No caso de indeferimento do benefício, pelo não atendimento das exigências legais, caberá recurso para o Secretário dos Transportes Terrestres do Ministério dos Transportes, no prazo de quinze dias, a contar do recebimento da comunicação pelo requerente.

Art. 48 Às pessoas mencionadas no caput do artigo primeiro serão reservadas 2 (duas) vagas gratuitas em cada veículo, comboio ferroviário, aeronave ou embarcação do serviço convencional de transporte interestadual de passageiros.

§ 1º Incluem-se na condição de serviço convencional:

I - os serviços de transporte rodoviário interestadual convencional de passageiros, prestado em veículo de características básicas, em linhas regulares;

II - os serviços de transporte ferroviário interestadual de passageiros, em linhas regulares;

III - os serviços de transporte aquaviário interestadual, abertos ao público, realizados nos rios lagos, lagoas e baías, que operam linhas regulares, inclusive travessias;

IV – os serviços de transporte aeroviário, abertos ao público, prestados em linhas regulares.

§ 3º A pessoa com deficiência deverá apresentar a carteira ou cartão de identificação mencionado no artigo terceiro nos pontos de venda próprios da transportadora, com antecedência de, pelo menos, três horas em relação ao horário da partida do ponto inicial da linha do serviço de transporte, e solicitar a emissão de um único bilhete de viagem e, se houver interesse, o de retorno, respeitados os procedimentos da venda de bilhete de passagem, no que couber.

§ 4º Na existência de seções, nos pontos de seção devidamente autorizados para embarque de passageiros, a reserva de assentos também deverá estar disponível até o mesmo horário definido para o ponto inicial da linha, consoante o previsto no § 3º.

§ 5º Após o prazo estipulado no § 3º, caso os assentos reservados não tenham sido objeto de concessão do benefício, as empresas prestadoras dos serviços poderão colocar à venda os bilhetes desses assentos que, enquanto não comercializados, continuariam disponíveis para o exercício do benefício da gratuidade.

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§ 6º No dia marcado para a viagem, o beneficiário deverá comparecer ao terminal de embarque até trinta minutos antes da hora marcada para o início da viagem, sob pena de perda do benefício.

§ 7º O bilhete de viagem da pessoa com deficiência é intransferível.

§ 8º A infração ao disposto neste artigo sujeitará as autorizatárias, permissionárias e concessionárias, prestadoras do serviço público, a multa de R$ 500,0 (quinhentos reais) a R$ 2.500,00 (dois mil e quinhentos reais), a qual será elevada ao dobro em caso de reincidência, revertida ao FDPC.

Art. 49 Compete à Administração Pública a coordenação geral, o acompanhamento, o controle e a fiscalização da prestação do benefício de gratuidade no sistema de transporte interestadual, cabendo-lhe, inclusive baixar as instruções complementares para a instituição e implantação da sistemática de fiscalização.

Art. 50 Constará dos novos contratos a serem celebrados com as empresas prestadoras de serviço de transporte coletivo interestadual cláusula contendo a obrigação de concessão da gratuidade às pessoas com deficiência, nos termos deste capítulo.

Art. 51 É assegurada a prioridade à pessoa com deficiência no embarque no sistema de transporte coletivo.

TÍTULO IIIDA ACESSIBILIDADEDA ACESSIBILIDADE

CAPÍTULO ICAPÍTULO I

DISPOSIÇÕES GERAISDISPOSIÇÕES GERAIS

Art. 51. Para os fins de acessibilidade, considera-se:

I- acessibilidade: conjunto de alternativas de acesso que possibilite a utilização,

com segurança e autonomia, total ou assistida, dos espaços, mobiliários e equipamentos

urbanos, das edificações, dos sistemas de transporte e dos dispositivos, sistemas e meios de

comunicação, por pessoa portadora de deficiência ou com mobilidade reduzida;

II- barreiras: qualquer entrave ou obstáculo que limite ou impeça o acesso, a

liberdade de movimento, a circulação com segurança e a possibilidade de as pessoas

comunicarem-se ou terem acesso à informação, classificadas em:

a) barreiras arquitetônicas urbanísticas: as existentes nas vias públicas e nos

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espaços de uso público;

b) barreiras arquitetônicas na edificação: as existentes no entorno e interior dos

edifícios públicos e privados;

c) barreiras arquitetônicas nos transportes: as existentes nos meios de transportes,

terminais e plataformas de acesso; e

d) barreiras nas comunicações e informações: qualquer entrave ou obstáculo que

dificulte ou impossibilite a expressão ou o recebimento de mensagens por intermédio dos

dispositivos, meios ou sistemas de comunicação, sejam ou não de massa, bem como

aqueles que dificultem ou impossibilitem o acesso à informação.

III– elemento da urbanização: qualquer componente das obras de urbanização, tais

como os referentes à pavimentação, saneamento, distribuição de energia elétrica,

iluminação pública, abastecimento e distribuição de água, paisagismo e os que

materializam as indicações do planejamento urbanístico;

IV- mobiliário urbano: o conjunto de objetos existentes nas vias e espaços

públicos, superpostos ou adicionados aos elementos da urbanização ou da edificação, de

forma que sua modificação ou traslado não provoque alterações substanciais nestes

elementos, tais como semáforos, postes de sinalização e similares, telefones e cabines

telefônicas, fontes públicas, lixeiras, toldos, marquises, quiosques e quaisquer outros de

natureza análoga;

V– edificações de uso coletivo: aquelas destinadas às atividades de natureza

comercial, hoteleira, cultural, esportiva, financeira, turística, recreativa, social, religiosa,

educacional, industrial e de saúde, inclusive as edificações de prestação de serviços de

atividades da mesma natureza;

VI– edificações de uso público: aquelas administradas por entidades da

Administração Pública, Direta e Indireta, ou por empresas concessionárias, permissionárias

ou autorizatárias de serviços públicos e destinadas ao público em geral;

VII - edificações de uso privado: aquelas destinadas à habitação,seja unifamiliar

ou multifamiliar.

Art. 52. Os órgãos da Administração Pública Direta e Indireta, em todos os níveis,

adotarão providências para garantir a acessibilidade e a utilização dos bens e serviços, no

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âmbito de suas competências, à pessoa com deficiência, mediante a eliminação de barreiras

arquitetônicas e obstáculos, bem como evitar a construção de novas barreiras.

CAPÍTULO IICAPÍTULO II

DAS EDIFICAÇÕES DE USO PÚBLICO, DE USO COLETIVO E DE USODAS EDIFICAÇÕES DE USO PÚBLICO, DE USO COLETIVO E DE USO

PRIVADOPRIVADO

Art. 53 A construção, ampliação e reforma de edifícios de uso público e de uso

coletivo, bem como de praças e equipamentos esportivos e de lazer, destinados a este fim,

deverão ser executadas de modo que se tornem acessíveis à pessoa com deficiência ou com

mobilidade reduzida.

Parágrafo único. Para os fins do disposto neste artigo, na construção, ampliação ou

reforma de edifícios, praças e equipamentos esportivos e de lazer, públicos e privados,

destinados ao uso coletivo por órgãos da administração pública, deverão ser observados,

pelo menos, os seguintes requisitos de acessibilidade:

I– nas áreas externas ou internas da edificação, destinadas a garagem e a

estacionamento de uso público, serão reservados 2% (dois por cento) do total das vagas a

pessoas com deficiência ou com mobilidade reduzida, garantidas no mínimo 3 (três) vagas,

próximas dos acessos de circulação de pedestres, devidamente sinalizadas e com as

especificações técnicas de desenho e traçado segundo as normas da Associação Brasileira

de Normas Técnicas – ABNT;

II– pelo menos um dos acessos ao interior da edificação deverá estar livre de

barreiras arquitetônicas e de obstáculos que impeçam ou dificultem a acessibilidade da

pessoa com deficiência;

III– pelo menos um dos itinerários que comuniquem horizontal e verticalmente

todas as dependências e serviços do edifício, entre si e com o exterior, cumprirá os

requisitos de acessibilidade;

IV– pelo menos um dos elevadores deverá ter a cabine, assim como sua porta de

entrada, acessíveis para pessoa com deficiência, em conformidade com norma técnica

específica da ABNT; e

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V– os edifícios disporão, pelo menos, de um banheiro acessível para cada gênero,

distribuindo-se seus equipamentos e acessórios de modo que possam ser utilizados por

pessoa com deficiência.

Art. 54 As bibliotecas, os museus, os locais de reuniões, nas conferências, nas

aulas e outros ambientes de natureza similar disporão de espaços reservados para pessoa

usuária de cadeira de rodas e de lugares específicos para pessoa com deficiência de

natureza auditiva e visual, inclusive acompanhante, na proporção de, no mínimo, 1% (um

por cento) de sua capacidade, de acordo com as normas técnicas da ABNT, de modo a

facilitar-lhes as condições de acesso, circulação e comunicação.

Art. 55 Os órgãos da Administração Pública Direta e Indireta, em todos os níveis,

bem como os edifícios de uso coletivo, no prazo de 3(três) anos, a partir da publicação

desta Lei, promoverão as adaptações, eliminações e supressões de barreiras arquitetônicas

existentes nos edifícios e espaços de uso público e naqueles que estejam sob sua

administração ou uso.

Art. 56 Os edifícios a serem construídos com mais de um pavimento além do

pavimento de acesso, à exceção das habitações unifamiliares, e que não estejam obrigados à

instalação de elevador, deverão dispor de especificações técnicas e de projeto que facilitem

a instalação de um elevador adaptado, devendo os demais elementos de uso comum destes

edifícios atender aos requisitos de acessibilidade.

Art. 57 Os edifícios de uso privado em que seja obrigatória a instalação de

elevadores deverão ser constituídos atendendo aos seguintes requisitos mínimos de

acessibilidade:

I- percurso acessível que una as unidades habitacionais com o exterior e com as

dependências de uso comum;

II- percurso acessível que una a edificação à via pública, às edificações e aos

serviços anexos de uso comum e aos edifícios vizinhos;

III - cabine do elevador e respectiva porta de entrada acessível para pessoas

portadoras de deficiência ou com mobilidade reduzida.

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Art. 58 Os edifícios a serem construídos com mais de um pavimento além do

pavimento de acesso, à exceção das habitações unifamiliares, e que não estejam obrigados à

instalação de elevador, deverão dispor de especificações técnicas e de projeto que facilitem

a instalação de um elevador adaptado, devendo os demais elementos de uso comum destes

edifícios atender aos requisitos de acessibilidade.

TÍTULO IV

DA ATUAÇÃO DO ESTADO

Art. 59 A Administração Pública Direta e Indireta, em todos os níveis, deverá conferir, no âmbito das respectivas competências e finalidades, tratamento prioritário e adequado aos assuntos relativos à pessoa com deficiência, visando assegurar-lhe o pleno exercício de seus direitos básicos e a sua efetiva inclusão social.

Parágrafo Único. O Plano Plurianual, a Lei de Diretrizes Orçamentárias e a Lei Orçamentária, em todos os níveis, deverão conter programas, metas e recursos orçamentários destinados, prioritariamente, ao atendimento das pessoas com deficiência.

Art. 60 A Administração Pública, em todos os níveis, quando da elaboração das políticas sociais públicas voltadas para a pessoa com deficiência ouvirá previamente os órgãos colegiados de direitos das pessoas com deficiência.

Parágrafo Único. A Administração Pública, em todos os níveis, encaminhará a criação por meio de lei específica de órgãos colegiados formados por integrantes da Administração Pública e da Sociedade Civil, observada a paridade e a competência de cunho deliberativo.

Art. 61 A Administração Pública, em todos os níveis, na execução das políticas públicas voltadas para a pessoa com deficiência atuará de modo integrado e coordenado, seguindo diretrizes, planos e programas, com prazos e objetivos determinados, aprovados e supervisionados por órgão de articulação institucional.

Parágrafo Único. A execução das políticas públicas voltadas para a pessoa com deficiência, em todos os níveis, com o apoio de entidades da sociedade civil organizada por meio de convênio, deverá se dar de forma articulada com o objetivo de se evitar sobreposições de ações.

Art. 62 À Administração Pública incumbe criar sistema de dados e informações integrados, em todos os níveis, sobre pessoas com deficiência visando atender a todas as áreas de direitos fundamentais, a formulação de políticas sociais públicas e a pesquisa.

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TÍTULO V

DA PROTEÇÃO JUDICIAL DOS INTERESSES DIFUSOS, COLETIVOS E INDIVIDUAIS HOMOGÊNEOS.

CAPÍTULO I

DAS AÇÕES CIVIS PÚBLICA

Art. 63 As ações civis públicas destinadas à proteção de interesses coletivos ou difusos e individuais homogêneos das pessoas com deficiência poderão ser propostas pelo Ministério Público, pela União, Estados, Municípios e Distrito Federal; por associação constituída há mais de 1 (um) ano, nos termos da lei civil, autarquia, empresa pública, fundação ou sociedade de economia mista que inclua, entre suas finalidades institucionais, a proteção das pessoas com deficiência.

§ 1º Para instruir a inicial, o interessado poderá requerer às autoridades competentes as certidões e informações que julgar necessária.

§ 2º As certidões e informações a que se refere o parágrafo anterior deverão ser fornecidas dentro de 10 (dez) dias úteis, contados da data da entrega, sob recibo, dos respectivos requerimentos, e só poderão ser utilizadas para a instrução da ação civil.

§ 3º Somente nos casos em que o interesse público, devidamente justificado, impuser sigilo, poderá ser negada certidão ou informação.

§ 4º Ocorrendo à hipótese do parágrafo anterior, a ação poderá ser proposta desacompanhada das certidões ou informações negadas, cabendo ao juiz, após apreciar os motivos do indeferimento, e, salvo quando se tratar de razão de segurança nacional, requisitar umas e outras; feita a requisição, o processo correrá em segredo de justiça, que cessará com o trânsito em julgado da sentença.

§ 5º Fica facultado aos demais legitimados ativos habilitarem-se como litisconsortes nas ações propostas por qualquer deles.

§ 6º Em caso de desistência ou abandono da ação, qualquer dos co-legitimados pode assumir a titularidade ativa.

Art. 64 A sentença terá eficácia de coisa julgada oponível erga omnes, exceto no caso de haver sido a ação julgada improcedente por deficiência de prova, hipótese em que qualquer legitimado poderá intentar outra ação com idêntico fundamento, valendo-se de nova prova.

 § 1º A sentença ficará sujeita ao duplo grau de jurisdição somente quando concluir pela carência ou pela improcedência da ação, não produzindo efeito senão depois de confirmada pelo tribunal.

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 § 2º Das sentenças e decisões proferidas contra o autor da ação e suscetíveis de recurso, poderá recorrer qualquer legitimado ativo, inclusive o Ministério Público.

Art. 65 As multas decorrentes das ações civis públicas decorrentes desta Lei reverterão ao Fundo de Defesa dos Direitos Difusos e Coletivos da Pessoas com Deficiência.

§ 1º. As multas não recolhidas até trinta dias após o trânsito em julgado da decisão serão exigidas por meio de execução promovida pelo Ministério Público ou por qualquer dos outros legitimados previstos nesta Lei.

Art. 66 Aplicam-se à ação civil pública prevista nesta Lei, no que couber, os dispositivos da Lei nº 7.347, de 24 de julho de 1985 e do Código de Processo Civil.

CAPÍTULO II

DO FUNDO DE DEFESA DOS DIREITOS DIFUSOS E COLETIVOS DAS PESSOAS COM DEFICIÊNCIA

Art. 67 Fica instituído o Fundo de Defesa dos Direitos Difusos e Coletivos das Pessoas com Deficiência (FDPD)), que terá por objetivo promover os direitos das pessoas com deficiência e a reparação dos danos causados à pessoa com deficiência por infração à ordem jurídica.

Art. 68 Constituem recursos do FDPD:

I – multas e indenizações de que tratam os artigos 11 e 13, da Lei nº 7.347, de 24 de junho 1985;

II – as cominações pecuniárias decorrentes do não cumprimento dos Termos de Compromisso de Ajustamento Conduta, de que trata o § 6º, do art. 5º da Lei nº 7.347, de 1985;

III – as demais multas e indenizações arbitradas pela Justiça Federal, do Trabalho e Comum, desde que não destinadas à reparação de danos a interesses individuais;

IV - os rendimentos auferidos com a aplicação dos recursos do Fundo;

V - receitas futuras que vierem a ser destinadas ao Fundo; e

VI - doações de pessoas físicas ou jurídicas, nacionais ou estrangeiras.

Art. 69 O FDPD será gerido pelo Conselho Nacional dos Direitos da Pessoa Portadora de Deficiência - CONADE, com sede em Brasília.

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Art. 70 Compete ao FDPD:

I - zelar pela aplicação dos recursos na consecução dos objetivos previstos no art. (1º) desta Lei;

II - aprovar convênios e contratos firmados para a consecução dos objetivos previstos no art. (1º) desta Lei;

III - examinar e aprovar projetos de reconstituição de bens lesados;

IV - fazer editar material informativo relacionado com as finalidades mencionadas no art. 66 desta Lei; e

V - elaborar o seu próprio Regimento Interno.

Art. 71 Os recursos arrecadados serão distribuídos para a efetivação dos objetivos, observadas as atribuições do Fundo e estarem relacionados à natureza da infração ou do dano causado.

Parágrafo único. Os recursos serão prioritariamente aplicados na reparação específica do dano causado, sempre que tal fato for possível.

Art. 72 Os recursos destinados ao Fundo serão centralizados em conta mantida no Banco do Brasil S.A., em Brasília, DF, denominada "Conselho Nacional de Direitos da Pessoa Portadora de Deficiência – CONADE – Fundo - FDPD".

Parágrafo único. Os recursos destinados ao Fundo provenientes de condenações judiciais e de aplicação de multas administrativas deverão ser identificados segundo a natureza da infração ou do dano causado, de modo a permitir o cumprimento do disposto no art. 66 desta Lei.

Art. 73 O FDPD entender-se-á com o Poder Judiciário e o Ministério Público, com o objetivo de manter registro sobre a propositura de toda ação civil pública e coletiva, a existência de depósito judicial e do trânsito em julgado da decisão.

CAPÍTULO III

DO MINISTÉRIO PÚBLICO

Art. 74 O Ministério Público intervirá obrigatoriamente nas ações em que se discutam interesses indisponíveis relacionados à deficiência das pessoas.

Art. 75 Compete ao Ministério Público:

I - promover o inquérito civil e a ação civil pública para a proteção dos interesses difusos, coletivos e individuais homogêneos relativos à pessoa com deficiência.

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II - instaurar procedimentos administrativos e, para instruí-los:

a) expedir notificações para colher depoimentos ou esclarecimentos e, em caso de não comparecimento injustificado, requisitar condução coercitiva, inclusive pela polícia civil ou militar;

b) requisitar informações, exames, perícias e documentos de autoridades municipais, estaduais e federais, da administração direta ou indireta, bem como promover inspeções e diligências investigatórias;

c) requisitar informações e documentos a particulares e instituições privadas;

III - instaurar sindicâncias, requisitar diligências investigatórias e determinar a instauração de inquérito policial, para apuração de ilícitos ou infrações às normas de proteção à infância e à juventude;

IV - zelar pelo efetivo respeito aos direitos e garantias legais assegurados às crianças e adolescentes com deficiência, promovendo as medidas judiciais e extrajudiciais cabíveis;

V - inspecionar as entidades públicas e particulares de atendimento e os programas de que trata esta Lei, adotando de pronto as medidas administrativas ou judiciais necessárias à remoção de irregularidades porventura verificadas;

VI - requisitar força policial, bem como a colaboração dos serviços médicos, hospitalares, educacionais e de assistência social, públicos ou privados, para o desempenho de suas atribuições.

§ 1º A legitimação do Ministério Público para as ações cíveis previstas neste artigo não impede a de terceiros, nas mesmas hipóteses, segundo dispuserem a Constituição e esta Lei.

§ 2º As atribuições constantes deste artigo não excluem outras, desde que compatíveis com a finalidade do Ministério Público.

§ 3º O representante do Ministério Público, no exercício de suas funções, terá livre acesso a todo local onde se encontre pessoa com deficiência.

§ 4º O representante do Ministério Público será responsável pelo uso indevido das informações e documentos que requisitar, nas hipóteses legais de sigilo.

§ 5º Para o exercício da atribuição de que trata este artigo, poderá o representante do Ministério Público efetuar recomendações visando à melhoria dos serviços públicos e de relevância públicos direcionados a pessoa com deficiência, fixando prazo razoável para sua perfeita adequação.

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Art. 76 Nos processos e procedimentos em que não for parte, atuará obrigatoriamente o Ministério Público na defesa dos direitos e interesses de que cuida esta Lei, hipótese em que terá vista dos autos depois das partes, podendo juntar documentos e requerer diligências, usando os recursos cabíveis.

Art. 77 A intimação do Ministério Público, em qualquer caso, será feita pessoalmente.

Art. 78 A falta de intervenção do Ministério Público acarreta a nulidade do feito, que será declarada de ofício pelo juiz ou a requerimento de qualquer interessado.

Art. 79 As manifestações processuais do representante do Ministério Público deverão ser fundamentadas.

TÍTULO VI

DOS CRIMES EM ESPÉCIE

Art. 80 Os crimes definidos nesta Lei são de ação penal pública incondicionada, não se lhes aplicando os artigos 181 e 182 do Código Penal.

Art. 81 Praticar, induzir ou incitar a discriminação de pessoa, em função de sua deficiência.

Pena. Detenção de um a dois anos e multa.

Art. 82 Dificultar, impedir ou negar, sem justa causa, o acesso de pessoa portadora de deficiência a quaisquer meios de transporte coletivo.

Pena. Detenção de um a dois anos e multa.

Art. 83 Dificultar, impedir ou negar, sem justa causa, o acesso de pessoa portadora de deficiência a qualquer local de atendimento público ou uso coletivo.

Pena. Detenção de seis meses a um ano e multa.

Art. 84 Recusar, suspender, procrastinar ou cancelar matrícula, ou dificultar a permanência de aluno em estabelecimento de ensino, público ou privado, em qualquer curso ou nível, em razão de sua condição de pessoa portadora de deficiência:

Pena – detenção de dois a quatro anos, e multa.

Art. 85 Obstar ou dificultar a inscrição ou acesso de alguém, devidamente habilitado, a qualquer cargo ou emprego público, em razão de sua condição de pessoa portadora de deficiência:

Pena – detenção de dois a quatro anos, e multa.

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Art. 86 Negar ou obstar emprego ou trabalho a alguém, ou dificultar sua permanência, em razão de sua condição de pessoa portadora de deficiência:

Pena – detenção de dois a quatro anos, e multa.

Art. 87 Recusar, retardar ou dificultar, internação ou deixar de prestar assistência médico-hospitalar e ambulatorial, sem justa causa, a pessoa portadora de deficiência:

Pena – reclusão de um a três anos, e multa.

Art. 88 Veicular, em qualquer meio de comunicação ou de divulgação, texto, áudio ou imagem que discrimine a pessoa portadora de deficiência, estimule o preconceito contra ela ou a ridicularize:

Pena – reclusão de um a três anos, e multa.

Art. 89 Deixar de cumprir, retardar ou frustrar, sem justa causa, a execução de ordem judicial expedida na ação civil a que alude esta Lei:

Pena – detenção de seis meses a três anos, e multa.

Art. 90 Recusar, retardar ou omitir informações, documentos e dados técnicos necessários à instrução de procedimento investigatório extrajudicial, quando requisitados pelo Ministério Público, salvo na hipótese de sigilo constitucional:

Pena – detenção de seis meses a dois anos, e multa.

Art. 91 Apropriar-se de ou desviar bens, proventos, pensão, benefício assistencial ou qualquer outro rendimento de pessoa portadora de deficiência, dando-lhes aplicação diversa da sua finalidade.

Pena – reclusão de um a dois anos e multa.

TÍTULO VIIDAS DISPOSIÇÕES FINAIS

Art. 92 O artigo 20, §§ 2° e 3°, da Lei 8.742, de 7/12/93, passa a vigorar com a seguinte redação, acrescido do § 9°, 10 e 11:

Art. 20 ...............................................................................................................

§ 2º Para efeito de concessão deste benefício, considera-se pessoa portadora de deficiência que não possui meios de prover à própria manutenção aquela submetida à falta de acesso involuntário a qualquer tipo de fonte de renda, seja por limitações pessoais ou decorrentes do ambiente externo.

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§ 3º Considera-se incapaz de prover a manutenção da pessoa portadora de deficiência ou idosa a família cuja renda mensal per capita seja inferior a um salário-mínimo, sem prejuízo da comprovação do estado de pobreza por outros meios.

...§ 9º O montante de 1 (um) salário-mínimo percebido por qualquer membro idoso ou

com deficiência da família, não será computado para os fins do cálculo da renda familiar per capita a que se refere a LOAS.

§ 10 A concessão do presente benefício à criança e ao adolescente com deficiência fica também condicionada à:

I - comprovação de matrícula e freqüência na escola, salvo inexistência do serviço;

II – freqüência a serviços de habilitação ou reabilitação.

§ 10 A concessão do presente benefício para pessoa com deficiência em idade adulta fica condicionada à freqüência em serviços de habilitação ou reabilitação ou ensino de jovens e adultos, salvo inexistência do serviço;

§ 11 A cessação do benefício não impede sua concessão futura, desde que atendidos os requisitos estabelecidos neste artigo.

Art. 93 O art. 428 da Lei 10.097, de 19 de dezembro de 2000 passa a vigorar acrestado dos §§ 5º, 6º e 7º:

Art. 428 ........................................................................................................................

§ 5º O limite de 18 anos de idade para as pessoas com deficiência mental, visual, auditiva, fisica ou múltipla, poderá ser desconsiderado, observando-se, em cada caso, o conjunto das habilidades básicas apresentadas, desde que compatíveis com o ensino fundamental ou médio.

§ 6º Para os objetivos do contrato de aprendizagem, a avaliação da escolaridade das pessoas com deficiência mental deve levar em conta suas habilidades relacionadas com a profissionalização.

§ 5º Competirá a psicólogos ou educadores indicados pelas entidades qualificadas em formação técnico-profissional de pessoas com deficiência atestar os requisitos previstos neste artigo.

Art. 94 Ficam alterados os incisos I e III, do artigo 16 e, acrescentam-se dois parágrafos aos artigos 75 e 77, da Lei 8.213, de 24 de julho de 1991.

Art. 16. .........................................................................................................................

Page 30: ESTATUTO DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA · Web viewO Estatuto da Pessoa com Deficiência contém previsões de direitos visando atender ao princípio do direito a igualdade (art. 5º,

I – O cônjuge, a companheira, o companheiro e o filho não emancipado, de qualquer condição, menor de 21 (vinte e um) anos, ou inválido, ou que seja portador de deficiência mental, absoluta ou relativamente incapaz, assim declarado judicialmente.

...III - O irmão não emancipado, de qualquer condição, menor de 21 (vinte e

um) anos, ou inválido, ou que seja portador de deficiência mental, absoluta ou relativamente incapaz, assim declarado judicialmente.

Art. 75 O valor mensal da pensão por morte será de 100% do valor da aposentadoria que o segurado recebia ou daquela a que teria direito se estivesse aposentado por invalidez na data de seu falecimento, observado o disposto no artigo 33 desta lei. (redação da Lei 9.528, de 10/12/97).

§ 1º O percentual a que se refere o caput será de 70% (setenta por cento) para dependente com deficiência mental parcialmente interditado e que exerça atividade remunerada, com rendimento superior a três salários mínimos, observado o disposto no artigo 33 desta lei.

§ 2º A pensão por morte para o dependente de que trata o § 1o será suspensa caso o seu rendimento ultrapasse o limite máximo do salário de contribuição e enquanto perdurar esse montante.

Art. 77 A pensão por morte, havendo mais de um pensionista, será rateada entre todos em partes iguais.

...§ 2º A parte individual da pensão extingue-se:...II- para o filho, a pessoa a ele equiparada ou o irmão, de ambos os sexos,

pela emancipação ou ao completar 21 (vinte e um) anos de idade, salvo se for inválido ou portador de deficiência mental, absoluta ou relativamente incapaz, assim declarado judicialmente;

III – para o pensionista inválido pela cessação da invalidez e para o pensionista portador de deficiência mental pelo levantamento da interdição.

Art. 95 Os contratos concluídos com empresas do sistema de transporte coletivo interestadual deverão ser revistos, no prazo máximo de 6 (seis) meses, contado a partir da vigência desta Lei, a fim de que seja inserida a concessão da gratuidade às pessoas com deficiência, conforme o disposto no Capítulo VI, bem como reajustadas as respectivas tarifas.

Art. 96 Revogam-se as disposições em contrário, especialmente o artigo 93, da Lei 8.213, de 24 de julho de 1991, a Lei 7.853/89, de 24 de outubro de 1989, e o Decreto 3.298, de 20 de dezembro de 1999

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JUSTIFICATIVA

O Estatuto da Pessoa com Deficiência contém previsões de direitos visando atender

ao princípio do direito a igualdade (art. 5º, caput), de forma a que esta parcela da população

brasileira seja incluída na sociedade, que deve ser livre, justa e solidária para todos, sem

qualquer forma de discriminação, conforme consta do fundamento da República Federativa

do Brasil (art. 3º, I e IV).

A Administração Pública, em todos os níveis (Atuação do Estado) cabe elaborar

políticas sociais públicas de maneira coordenada e implementá-las com prioridade, sob a

supervisão e o gerenciamento de órgão específico e com a participação direta da sociedade

por meio de órgãos colegiados criados por lei e com atribuições específicas.

A definição da deficiência atende aos padrões internacionais com especificações

claras quanto ao destinatário da norma.

Todas as áreas são interdependentes visando alcançar efetivamente a inclusão

social. Assim, na área da saúde quer se preservar a plenitude da funcionalidade das pessoas

com deficiência, com acesso adequado, quando necessário, à reabilitação e sem qualquer

discriminação, inclusive em planos de saúde.

No campo da educação busca-se atender a todas as crianças, jovens e adultos na

escola regular, lançando mão de adaptações curriculares, quando necessário, de forma a

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prepará-los para a vida, tendo, desde muito cedo, o contato com a diversidade. Além disso,

é necessária a formação profissional à altura das necessidades de mercado.

No trabalho, considera-se, seguindo a Constituição da República, que a pessoa com

deficiência não tem qualquer restrição a qualquer atividade, trabalho, emprego, bastando

que lhe seja concedido meios adequados para acessá-los. Por isso, a importância da

utilização de meios e procedimentos especiais, incluindo, se necessário, a forma de

contratação seletiva, com vínculo direto com a iniciativa privada e, por meio de convênio

com a administração pública, inclusive com o estabelecimento de requisitos para precaver

fraudes. A reserva de postos de trabalho se constitui em uma medida eficaz de ação

afirmativa para recuperar o processo de exclusão das pessoas com deficiência e o seu

acesso ao trabalho, sendo que está estipulada em percentuais variáveis de 2% a 5% para

empresas com mais de cem empregados. Esse tratamento, no entanto, não é equânime já

que se impõe referida cota somente para as grandes empresas que, segundo a definição de

faixas de tamanho de empresas do IBGE (Estatísticas do Cadastro Central de Empresas -

2001), existe em quantidade expressivamente menor no Brasil, muito embora

proporcionalmente ocupe e assalarie um maior número de trabalhadores e em contrapartida

exige maior grau de qualificação profissional. Assim, visando atingir um maior número de

empresas e um maior número de trabalhadores com deficiência, considerada a densidade de

14,48% da população de brasileiros conforme os dados do IBGE – Censo 2000, a reserva

de postos de trabalho poderia ser instituída no percentual de 14% (quatorze por cento),

incidindo sobre todas empresas com 20 (vinte) ou mais empregados. Empresas com 20 ou

mais empregados passariam a ter um trabalhador com deficiência, sendo que em caso de

resultado com número fracionário, aplica-se o arredondamento para o maior inteiro mais

próximo, já empresas com 100 ou 1.000 teriam em seus quadros 14 e 140, respectivamente,

melhor distribuindo as chances de ocupação em diferentes funções e setores da indústria,

comércio e serviços. Para a reserva de cargos e empregos públicos na administração pública

o percentual de 14%, correspondente à densidade de pessoas com deficiência segundo os

dados do IBGE, poderia ser aplicado sobre o total de cargos, e respectivas carreiras, de cada

órgão público, regulamentando por completo o comando constitucional previsto no art. 37,

VIII. Definida claramente a reserva de servidores públicos, a administração pública

passaria a ter uma meta estipulada, no espectro de 5% a 20% segundo a sua conveniência,

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com o objetivo de preencher tal reserva por meio dos concursos públicos. Estes, por sua

vez, têm previsão específica de reserva de vagas em cada concurso ou seja, 5% segundo a

ordem de classificação de forma a que efetivamente sejam nomeados .

A proposta para a assistência social é que atue articuladamente com os setores da

educação, saúde e trabalho, de forma a que seus dependentes possam ser incluídos na vida

em sociedade e no trabalho. Portanto, impõe-se a alteração e inclusão de parágrafos no art.

20 da Lei 8.742, de 07 de dezembro de 1993, pois a Constituição, em seu artigo 203, inciso

V, garante o benefício assistencial para idosos e pessoas com deficiência, que preencham as

seguintes condições: comprovem não possuir meios de prover à própria subsistência;

comprovem não possuir meios de ter sua subsistência provida por sua família, conforme

dispuser a lei. A Lei Orgânica da Assistência Social (LOAS), que regulou tal dispositivo,

deveria explicitar o que seria a ausência de meios de prover à subsistência, o que não

ocorreu. No artigo 20, § 2º, ao invés de definir ausência de meios de subsistência para se

saber quem seriam as pessoas com deficiência que fariam jus ao beneficio, a LOAS definiu

o termo pessoa portadora de deficiência como aquela incapacitada para a vida independente

e para o trabalho (art. 20, § 2º). Tal definição choca-se com o movimento mundial pela

inclusão da pessoa que tem deficiência. Deficiência e pessoa incapaz não são sinônimos e

não deveriam ser associados para qualquer fim, sob pena de se estimular a não preparação

dessas pessoas para a vida em sociedade como está acontecendo na prática. A exigência de

nossa Constituição para conceder o benefício apenas para certas pessoas com deficiência

era, e ainda é, apenas a ausência de meios de subsistência. O termo meios de subsistência,

neste caso, não pode ter outra interpretação que fonte de renda e quer beneficiar aquelas

pessoas com deficiência que não têm acesso a qualquer fonte de renda, seja por suas

limitações pessoais (analfabetismo, gravidade da limitação, etc) ou pelas limitações do

ambiente externo (pessoa com deficiência física que mora em local sem qualquer

acessibilidade para sair de casa, dificuldade em conseguir emprego apesar de qualificado e

de procura incessante, entre outros). O INSS para saber se a pessoa é incapaz para a vida

independente e para o trabalho, submete a mesma a uma série de perguntas, algumas até

vexatórias, tais como: cuidar de sua própria higiene, controle dos esfíncteres. Não fosse o

requisito de incapacidade previsto apenas na LOAS, bastaria verificar se a deficiência

encaixa-se nas definições legais existentes. Uma vez a deficiência, passaria-se à verificação

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das condições pessoais e das condições do ambiente externo que estariam levando ao não

acesso a qualquer outra fonte de renda. O que acontece, na prática, infelizmente, é que tais

pessoas acabam faltando com a verdade no momento de pedir o benefício, dizendo que não

são capazes para qualquer atividade da vida diária, porque simplesmente precisam daquele

dinheiro enquanto não conseguem nada melhor. Quando um desses beneficiários da LOAS

emprega-se, pede para não ser registrado pois, em caso de perda do emprego, se um dia sua

CTPS foi assinada, passará a ser considerado “capaz para o trabalho” e não voltará a

receber o benefício assistencial, mesmo que volte a não ter qualquer meio de subsistência.

Dessa forma, o INSS deixa de ter um segurado, incentivando a permanência de mais um

trabalhador na informalidade, em detrimento da arrecadação dos encargos sociais aos cofres

públicos e, de outro lado, mais um beneficiário da assistência social. Em outros casos,

quando o benefício é concedido para uma criança ou adolescente com deficiência, os pais

impedem esses filhos de fazer tratamentos e de estudarem, pois do contrário, passarão a ser

considerados “capazes” para alguma atividade, e o benefício poderá ser cortado antes que

efetivamente consigam algum emprego. Fica bastante claro, portanto, que a atual disciplina

da LOAS, ao definir pessoa portadora de deficiência como incapaz, ao invés de ausência de

meios de subsistência, está fazendo com que o benefício de prestação continuada,

perversamente, seja um instrumento de exclusão da cidadania e da dignidade da pessoa

humana e não da sua promoção.

O direito de todos ao esporte, lazer e cultura é incontestável, sendo que a forma de

incluir a pessoa com deficiência prevendo o desconto de 50%, tem por finalidade estimular

a sua participação nas atividades artísticas, culturais, esportivas e de lazer. Objetiva-se,

portanto, a inclusão social da pessoa com deficiência. A redução no preço dos ingressos

constitui, no caso, um incentivo ou estímulo a tal participação. Sabemos que as pessoas

com deficiência, em regra, costumam evitar sair de casa, tendo em vista as inúmeras

dificuldades que encontram na rua. Em razão disso, para se garantir uma efetiva

participação dessas pessoas na vida social, é preciso criar mecanismos que estimulem e

facilitem a referida participação. A redução no preço dos ingressos se apresenta como um

mecanismo para se atingir tal fim. Ao se mencionar no § 1º que o custeio do desconto será

imbutido no preço do ingresso, procura-se evitar as inúmeras ações judiciais já propostas

contra as diversas gratuidades previstas no ordenamento jurídico, como se pode citar o caso

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do transporte coletivo. Em tais ações (a maioria com liminares suspendendo o desconto ou

a gratuidade), sustenta-se que a lei que previu o desconto ou gratuidade não previu a fonte

de custeio, não sendo exigível da empresa a sua responsabilização por tal despesa. No caso

do artigo ora proposto, ficando expresso que o desconto oferecido às pessoas com

deficiência será diluído no preço dos ingressos, fica afastada a alegação de ausência de

fonte de custeio para garantia do desconto. A previsão contida no § 2º tem por objetivo

evitar manobras que visem à não garantia do direito ao desconto previsto no caput. Cita-se

o exemplo do ocorrido com a meia-entrada para estudantes em eventos de lazer. Muitas

empresas costumam oferecer na bilheteria ingressos com o preço único e chamado de

“promocional”, negando-se o direito à meia-entrada para os estudantes, sob o argumento de

que o tal preço promocional já está no valor do preço para estudantes. Ocorre, portanto, sob

a fachada de “preço promocional”, uma burla ao direito legalmente assegurado. No caso do

artigo proposto, fica expressamente garantido que, ainda que se trate de preço promocional,

o desconto previsto no caput deve incidir sobre tal preço, de modo que haja sempre um

desconto para as pessoas com deficiência em relação às pessoas que não fazem jus a

qualquer desconto. Disponibilizar cardápio em Braille visa garantir uma maior

independência às pessoas com deficiência visual, assegurando-lhes conhecer dos pratos e

preços oferecidos pelos restaurantes, sem auxílio de terceiros. O número de 20 mesas ou

10 funcionários tem como objetivo alcançar restaurantes de médio porte para cima. Instituir

a reserva de 6% (seis por cento) da produção de livros por meio magnético é medida que se

impõe pois atende não só as pessoas com deficiência visual mas, também aquelas pessoas

com baixa visão e idosos. Busca-se também garantir a apreensão pelas pessoas com

deficiência auditiva do conteúdo dos programas e telejornais, como forma de garantia de

acesso aos meios de informação e de lazer. Estabelece-se a política que o Poder Público

deve adotar com o intuito de garantir a participação das pessoas com deficiência em

eventos esportivos, culturais e de lazer, sendo que os projetos culturais financiados com

recursos federais, inclusive oriundos de programas especiais de incentivo à cultura, deverão

facilitar o livre acesso da pessoa portadora de deficiência, de modo a possibilitar-lhe o

pleno exercício dos seus direitos culturais, bem como estimular a difusão artístico-cultural

da pessoa com deficiência, através do financiamento de ações através de recursos do

Programa Nacional de Apoio à Cultura. Estimula-se a participação das pessoas com

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deficiência em atividades desportivas e de lazer, ficando clara a importância de se investir

nas pessoas que deverão trabalhar no atendimento das pessoas com deficiência; estimula-se

a promoção de competições desportivas que possuam modalidades voltadas às pessoas com

deficiência e competições gerais, mas com modalidades para pessoas com deficiência.

Constitui-se uma forma de garantir a inclusão das pessoas com deficiência nos eventos

desportivos comuns. Criar-se-ão, então, olimpíadas para todos e não olimpíadas separadas

– uma para pessoas comuns e outra para pessoas com deficiência. Garante-se também a

acessibilidade das pessoas com deficiência aos ambientes esportivos, sem o que é

impossível se garantir acesso de tais pessoas ao esporte.

No transporte a pessoa com deficiência comprovadamente carente tem direito ao

transporte interestadual gratuito porém, este critério é vago e dá margem à subjetividade,

razão pela qual torna-se inadequada a sua manutenção. Portanto, opta-se por fixar em dois

salários mínimos a condição. É importante deixar amplamente regulamentada a questão de

forma a evitar retrocesso, já que a Lei 8.899/94, que concede o passe livre às pessoas com

deficiência somente foi regulamentada muitos anos depois pelo Decreto 3.691/00.

A previsão de proteção aos interesses coletivos ou difusos e individuais

homogêneos das pessoas com deficiência pelo Ministério Público, pela União, Estados,

Municípios e Distrito Federal, por associação constituída há mais de 1 (um) ano, nos termos

da lei civil, autarquia, empresa pública, fundação ou sociedade de economia mista visa

modernizar os atuais conceitos de direitos que busca a solução dos conflitos objetivando a

efetividade dos mesmos. Por isso, para se alcançar resultados, há também previsão de

atuação do Ministério Público. Cria-se o Fundo de Defesa dos Direitos Difusos e Coletivos

das Pessoas com Deficiência (FDPD)) com o objetivo promover os direitos das pessoas

com deficiência e a reparação dos danos causados à pessoa com deficiência por infração à

ordem jurídica.

No âmbito da tipificação do crime, a Lei 7.853, de 24.10.1989, não abrigou em seus

dispositivos, principalmente o art.8º, assim como qualquer outra norma existente em nosso

ordenamento jurídico, a tipificação de crime por prática de discriminação contra a pessoa

com deficiência em todos os seus aspectos, tal como foi garantido aos idosos nos artigos 96

e seguintes da lei 10.741/2003 (Estatuto do Idoso), aos negros, religiosos e outros pelo

disposto nas leis 7.716/1989 e 9.459/1997. Estas punem a discriminação por atos de prática

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ou incitação e, até mesmo, por desdenhar a pessoa em função de sua idade, cor, raça,

religião, etnia, procedência nacional e sexo. A Constituição da República proíbe qualquer

discriminação a pessoa com deficiência, prescrevendo em seus artigos 23 e 24 a obrigação

da União, Estados e Municípios na proteção e garantia aos direitos dessa população

marginalizada na sociedade. Necessário se torna, assim, punir os atos discriminatórios,

como aqueles praticados por pessoas que impedem o exercício pleno da cidadania da

pessoa com deficiência, seja no acesso aos transportes, locais de uso público, ou mesmo

quando lhe é negado o acesso à educação e ao trabalho. Com a inserção de tais dispositivos

na lei que cria o Estatuto da Pessoa com deficiência, será sanada a ausência de normas

cogentes que visam garantir o respeito e a dignidade a esses cidadãos que compõe a

sociedade brasileira.

A proposta de alteração dando nova redação aos incisos I e III do art. 16 e

acrescentando dois parágrafos ao art. 75 e do art. 77, da Lei 8.213, de 24 de julho de 1991,

visa recuperar a dignidade da pessoa com deficiência mental, medida urgente de forma a

cumprir os princípios da inclusão social. Nesse contexto, é importante deixar claro que a

pessoa com deficiência mental não é inválida, posto que o conceito de invalidez

corresponde à incapacidade total para o trabalho e à insuscetibilidade de reabilitação

profissional, conforme os artigos 18, 20 e 42, da Lei 8.213/91 e , 43, do Decreto 3.048/99.

A distinção entre invalidez e deficiência mental visa extirpar a errônea interpretação de que

o deficiente mental é inválido, ou pior, de que embora absoluta ou relativamente incapaz

não entra no rol de beneficiários do Regime Geral de Previdência Social, na condição de

dependente do segurado. Portanto, a alteração sugerida garante ao deficiente mental os

benefícios previdenciários, ao mesmo tempo em que preserva seu direito ao trabalho o qual,

na grande maioria das vezes, é de baixa remuneração, mas lhe proporciona chances

incríveis de conviver em sociedade.

A proposta de alteração do art. 428, da CLT, da Lei 10.097, de 19 de dezembro de

2000, alterando o limite de 18 anos de idade para as pessoas com deficiência mental, visual,

auditiva, fisica ou múltipla, visa atender a atual parte dessa população de jovens que não

tiveram acesso integral ao ensino regular mas, que detém habilidades básicas para a

formação profissional.