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ESTOQUE DE CAPITAL PRIVADO NOS MUNICÍPIOS BRASILEIROS, 1970-85 Eustáquio Reis Kepler Magalhães Márcia Pimentel Mérida Medina Maio de 2005 Versão 11/05/05 15:35

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ESTOQUE DE CAPITAL PRIVADO NOS MUNICÍPIOS BRASILEIROS,

1970-85

Eustáquio Reis

Kepler Magalhães Márcia Pimentel Mérida Medina

Maio de 2005

Versão 11/05/05 15:35

Índices

1. Introdução 2. Conceitos, dados e métodos

2.1. Estoque de residência das famílias 2.2. Estoque de capital das empresas

3. Resultados 3.1. Estoque de capital no Brasil

3.1.1. Estimativas nonimais 3.1.2. Estimativas reais

3.2. Distribuição estadual do estoque de capital 3.3. Distribuição municipal

4. Funções de produção dos municípios 5. Bibliografia

Apêndices

Apêndice I -- Rateio do estoque de capital das empresas em nível municipal Apêndice II -- Diferenças nas definições de imobilizado nos Censos Agrícolas e de investimento na agricultura nas Contas Nacionais Apêndice III -- Estimativas municipais do imobilizado em construções, máquinas e outros da empresas do Censo Comercial de 1975 para os estados sem micro-dados. Apêndice IV -- Ativo Imobilizado dos estabelecimentos em 1985 Apêndice V -- Número de municípios no Censos Demográficos e Agrícola e painéis de Áreas Mínimas Comparáveis por Unidades da Federação no período 1970 a 2000

Tabelas

Tabela 1- Brasil : Valor real das residências familiares e do ativo imobilizado das empresas privadas (inclusive estatais) segundo setor produtivo e categoria de bens de capital, 1970, 1975, 1980 e 1985 (em cr$ 1 000 000 a preços de 1999) Tabela 2 - Brasil : Valor real das residências familiares e do ativo imobilizado das empresas privadas (inclusive estatais) segundo setor produtivo e categoria de bens de capital, 1970, 1975, 1980 e 1985 (em cr$ 1 000 000 a preços de 1999) Tabela 3 - Brasil: Distribuição regional do estoque de capital, 1970-1985 Tabela 4 - Censo de Empresas: Numero de informantes e valor do imobilizado - Total e Público -1985

Gráficos

Gráfico 1- Composição setorial do estoque privado segundo informações dos Censos Econômicos- 1970, 1975, 1980, 1985 Gráfico 2- Estrutura do Estoque das Empresas (%) segundo deflator - 1970 Gráfico 3- Estrutura do Estoque das Empresas (%) segundo deflator - 1975 Gráfico 4- Estrutura do Estoque das Empresas (%) segundo deflator - 1980

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ESTOQUE DE CAPITAL PRIVADO NOS MUNICÍPIOS BRASILEIROS, 1970-85∗

Eustáquio Reis

Kepler Magalhães Márcia Pimentel Mérida Medina

1. Introdução

Este capítulo apresenta estimativas do estoque de capital nos municípios brasileiros

para os anos censitários de 1970, 1975, 1980 e 1985. A restrição no tempo deve-se à

inexistência de informações censitárias em nível municipal para os anos posteriores a 1985.

Analogamente, a restrição ao setor privado justifica-se pela carência das informações em

nível municipal sobre o valor do estoque de capital da administração pública nos censos

econômicos.1

Apesar dessas limitações, o trabalho justifica-se plenamente por suprir lacunas

cruciais nas estatísticas econômicas brasileiras. Como se sabe, apesar do investimento ser

∗ O texto será o Capítulo 9 do livro A Riqueza da Nação: estimativas do estoque de capital no Brasil, 1950-2000 organizado por Eustáquio Reis que se encontra em fase de preparação. Agradecimentos a Ana Isabel pelo apoio computacional em diversas partes e Renato Goularte pelos trabalhos de estagiário; ao IPEA, FUJB e CNPq pelo apoio institucional e financeiro ao longo de vários anos. A filiação institucional dos autores é: Eustáquio Reis e Márcia Pimentel são pesquisadores do IPEA, Kepler Magalhães, técnico do IBGE e Mérida Medina, consultora do IPEA. 1 Como sugestão para pesquisa futura, as informações sobre o acesso da população à infra-estrutura pública fornecidas pelos Censos Demográficos e PNAD permitiriam construir proxies para o estoque de capital público nos municípios. 2 Excluídos das estimativas do capital não-financeiro fixo tangível do setor privado estão os ativos financeiros; bens de consumo duráveis, inclusive automóveis, das famílias; ativos intangíveis (como, por exemplo, o valor das patentes artísticas ou comerciais, da exploração de reservas minerais e dos programas computacionais); estoques de matérias primas e produtos acabados; e, por fim, o capital fixo de propriedade do governo, autarquias e fundações e outros órgãos da administração federal, estadual e municipal, incluindo o estoque de capital na infraestrutura de transporte, energia, comunicação e defesa. A exclusão do estoque de capital do governo implicou, por consistência, que estimativas do estoques de capital em nível municipal para as autarquias, fundações e outros órgãos foram excluídas apesar da disponibilidade de informações. 3 As empresas estatais ou publicas no chamado Sistema Consolidado de Contas Nacionais (1947-89) faziam parte do setor privado. No Novo Sistema de Contas Nacionais (1990-2000) a atividade destas empresas é contabilizada no setor público. 5 A exclusão dos setores de transporte e construção civil deveu-se, exclusivamente, á inexistência de levantamento censitário nos anos de 1970, 1975 e 1980 o que, por sua vez, explica-se pelas dificuldades do IBGE em medir ou obter informações contábeis em nível municipal para essas atividades de caráter ambulante (footloose). Nota-se, contudo, que as estimativas em nível nacional incluem o estoque de capital empregado nessas duas atividades que, na flta de informaçõe, são distribuídos em nível municipal como as demais atividades.

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um componente da demanda agregada, sua mensuração nas Contas Nacionais do Brasil se

faz pela ótica da produção, não fornecendo informações sobre o destino dos investimentos

seja em termos de agente institucional, setores produtivos, ou da localização geográfica

final do estoque de bens de capital em nível estadual ou municipal. Nesse sentido, além

de estimar o estoque de capital privado por município, o trabalho desagrega as estimativas

pelos principais categoria setores produtivos (agropecuária, indústria, comércio e serviços)

e institucionais (famílias e empresas) e, dentro desses, por categorias de bens de capital

(construção civil, máquinas e equipamentos e outros).

As estimativas desagregadas abrem possibilidades inusitadas para a estimação de

parâmetros cruciais nas análises dos processos econômicos e políticas governamentais que

condicionaram o desenvolvimento histórico e regional da economia brasileira. A título de

ilustração das potencialidades analíticas, os dados de estoque de capital em nível municipal

são utilizados para estimar funções de produção da economia brasileira no período 1970-

85.

Acrescente-se ainda a possibilidade de se retroceder as estimativas do estoque de

capital nos municípios brasileiros para os anos censitários anteriores a 1970, retrocedendo

até 1920. Essa linha de pesquisa que se encontra em andamento no Ipea, certamente abrirá

perspectivas radicalmente novas para a análise do desenvolvimento da economia brasileira

no Século XX, sobretudo no que se refere aos condicionantes e desdobramentos espaciais

desse processo histórico. Não fora isso bastante, resta sempre a esperança que, no futuro

próximo, novos métodos ou novas informações 8 do IBGE permitam a atualização das

estimativas para os anos posteriores a 1985.

O trabalho está organizado da seguinte forma. A segunda seção descreve conceitos,

fontes de dados e métodos utilizados na estimativas do estoque de capital municipal. A

terceira seção apresenta os resultado obtidos descrevendo os padrões de distribuição

regional, estadual e municipal do estoque de capital nos diversos setores, categorias de

7 A retomada do levantamento das informações sobre o valor do estoque de capital está previsto no Censo Agropecuário que deve se realizar em 2005. Espera-se que o mesmo procedimento estenda-se ás demais pesquisas econômicas. 8 Nesse sentido, cabe anotar a possibilidade de se atualizar o estoque de capital para o ano de 1995 utilizando-se para a agropecuária, as informações disponíveis no Censo Agropecuário de 1995/96, e nos demais setores, a variação no consumo de energia elétrica como proxy para a variação do estoque de capital no período 1985-1995.

4

bens de capital e períodos censitários. A quarta seção conclui o trabalho com uma breve

ilustração da utilidade das estimativas estima funções de produção dos municípios

brasileiros.

2. Conceitos, dados e métodos

As estimativas do estoque de capital municipal referem-se ao estoque de capital

não-financeiro fixo tangível do setor privado.9 Nas Contas Nacionais do Brasil, o setor

privado compreende as unidades familiares e empresariais não-financeiras que incluem as

empresas estatais.10 As estimativas estão desagregadas segundo a categoria de bem de

capital utilizado -- em construção civil, máquinas e equipamentos e outros --; o setor de

atividade produtiva que emprega o estoque de capital -- distinguindo agropecuária,

indústria, comércio e serviços, mas excluindo os setores da indústria de construção civil e

dos serviços de transporte11 -- e o setor institucional que possui o estoque capital,

distinguindo-se as empresas não-financeiras e unidades familiares.

As principais fontes de dados para a construção do estoque de capital dos

municípios foram as Contas Nacionais e os Censos Econômicos e Demográficos. Até

1985, os Censos Econômicos possuíam cobertura universal de empresas e

estabelecimentos e portanto representatividade em nível municipal, permitido estimar o

estoque de capital privado dos municípios desagregados por setores produtivos e categorias

de bens de capital nesse nível. Depois de 1985, a coleta de informações para as atividades

9 Excluídos das estimativas do capital não-financeiro fixo tangível do setor privado estão os ativos financeiros; bens de consumo duráveis, inclusive automóveis, das famílias; ativos intangíveis (como, por exemplo, o valor das patentes artísticas ou comerciais, da exploração de reservas minerais e dos programas computacionais); estoques de matérias primas e produtos acabados; e, por fim, o capital fixo de propriedade do governo, autarquias e fundações e outros órgãos da administração federal, estadual e municipal, incluindo o estoque de capital na infraestrutura de transporte, energia, comunicação e defesa. A exclusão do estoque de capital do governo implicou, por consistência, que estimativas do estoques de capital em nível municipal para as autarquias, fundações e outros órgãos foram excluídas apesar da disponibilidade de informações. 10 As empresas estatais ou publicas no chamado Sistema Consolidado de Contas Nacionais (1947-89) faziam parte do setor privado. No Novo Sistema de Contas Nacionais (1990-2000) a atividade destas empresas é contabilizada no setor público. 11 A exclusão dos setores de transporte e construção civil deveu-se, exclusivamente, á inexistência de levantamento censitário nos anos de 1970, 1975 e 1980 o que, por sua vez, explica-se pelas dificuldades do IBGE em medir ou obter informações contábeis em nível municipal para essas atividades de caráter ambulante (footloose). Nota-se, contudo, que as estimativas em nível nacional incluem o estoque de capital empregado nessas duas atividades que, na flta de informaçõe, são distribuídos em nível municipal como as demais atividades.

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da indústria, comércio e serviços perdeu a representatividade estatística em nível

municipal. Além disso, sem justificativa clara, os questionário da Pesquisa Anual da

Indústria e do Cadastro Central de Empresas realizados nos anos noventa e o Censo

Agropecuário de 1995/96 deixaram de levantar informações sobre o valor do capital

aplicado nas empresas ou estabelecimentos., fato particularmente lamentável diante da

relativa estabilidade de preços que se inaugura com o Plano Real.12

O estoque municipal de capital, em termos reais, foi calculado pela normalização

ou rateio da estimativa do estoque nacional de capital obtida pela aplicação do método do

estoque perpétuo às séries históricas de investimento bruto. Para as residências familiares,

contudo, as séries de investimento disponíveis são pouco confiáveis implicando

necessidade de fontes de dados e métodos alternativos.13

Os dados de investimento bruto utilizados nas estimativas do estoque perpétuo

foram obtidos da conta de Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF) das Contas Nacionais,

para os anos posteriores a 1947, e das estimativas históricas disponíveis para períodos

anteriores.14 Na FBCF os dados de investimentos são desagregados por tipo ou categoria

de bem de capital em construção civil, máquinas e equipamentos, e outros e por setor

institucional em setor privado e governo.15

A FBCF não fornece dados de investimento privado desagregados para famílias e

empresas e, portanto, para se estimar o estoque de capital nesse nível de desagregação são

necessárias hipóteses adicionais ou fontes de dados alternativas. Para os investimentos nas

categorias Máquinas e equipamento e Outros é legítimo supor que os valores reportados

na FBCF referem-se exclusivamente ao setor empresarial (inclusive empresas estatais),

sendo desprezível a participação das unidades familiares. Essa hipótese é aceitável na

medida em que os Censos Econômicos possuam cobertura universal incluindo, portanto, as

empresas do setor informal. Para os investimentos em Construção civil, contudo, a

participação das unidades familiares é significativa pela importância dos investimentos

12 A retomada do levantamento das informações sobre o valor do estoque de capital está previsto no Censo Agropecuário que deve se realizar em 2005. Espera-se que o mesmo procedimento estenda-se ás demais pesquisas econômicas. 13 Hofman (2004) estimou séries de investimento residenciais que foram replicadas em Morandi (1997) 14 Ver Reis e Morandi (2004) neste volume. 15 Como já mencionado, o valor do estoque municipal de capital do governo ou administrações públicas não foi ainda estimado. Para tanto seria necessário imputar preços ou custos unitários para a infraestrutura em

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residências requerendo portanto estimativas (o Apêndice I apresenta as equações utilizadas

para se ratear em nível municipal os estoques de capital estimados em nível nacional).

2.1. Estoque de capital em residências

Na tentativa de suprir a falta de informação nas contas de Formação Bruta de

Capital Fixo, a estimativa do valor do estoque de capital em residências familiares em

nível municipal baseou-se nas informações de aluguéis e características dos domicílios

disponíveis nos Censos Demográficos de 1970, 1980 e 1991.16 Estimativas para os anos

intercensitários de 1975 e 1985 foram obtidas por interpolação geométrica. Em 1985, os

dados em nível estadual da PNAD balizaram as estimativas municipais.

Baseado em dados em nível de domicílios foram estimados modelos

econométricos especificando o valor do aluguel mensal das residências em função dos

atributos hedônicos dos imóveis residenciais, ou seja, das suas características estruturais

(número de cômodos, banheiro, material de construção, etc.). Esses modelos de preços

hedônicos (MPH) permitiram simular o valor dos aluguéis dos imóveis alugados e dos

próprios. Em seguida, o valor dos imóveis é obtido supondo-se que, em todos anos e

municípios, o valor do aluguel mensal é igual a 0,0075 do preço do imóvel.17 Agregados

em nível municipal, os preços dos imóveis assim calculados fornecem as estimativas do

valor do estoque de capital municipal em construção civil residencial.

Para se estimar o valor, em termos reais, do estoque de capital em residências

adotou-se 1999 como ano base. Assim, para cada um dos Censos Demográficos de 1970,

1980 e 1991 foram identificados os atributos dos imóveis para os quais existe informação

na PNAD 1999. Para os três conjuntos de atributos assim identificados foram estimados

preços hedônicos dos atributos em 1999 (ver Apêndice I) e, em seguida, simulados os

valores das residências nos anos censitários respectivos. Para 1975 e 1985 as estimativas

geração e distribuição de eletricidade, água encanada, tratamento sanitário de esgotos, estradas, escolas e hospitais públicos. 16 As estimativas referem-se “domicílios particulares permanentes” do Censos excluindo portanto os “domicílios coletivos” e os “domicílios particulares improvisados.” Ver Reiff (2004) neste volume. 17 Na PNAD 1992 foram pesquisados preços de imóveis. Segundo estimativas dos autores para aquele ano, no Brasil, o aluguel mensal representou 0.0068 do preços dos imóveis.

7

foram obtidas por interpolação (em 1985, estimativas foram normalizados em nível

estadual pelas informações da PNAD).18

A escolha de 1999 como ano base justifica-se pela relativa estabilidade

inflacionária desse ano quando comparado aos anos censitários de 1970, 1980 e 1991. Com

essa escolha pretende-se minorar os eventuais vieses de valoração introduzidos pela

distorções entre aluguéis e preços de imóveis características dos períodos de inflação

acelerada .

Esse método dos preços hedônicos, supostamente, valora o estoque aos preços de

uma casa com qualidade constante no tempo e permite, portanto, contornar em parte os

problemas oriundos de variações especulativas, cíclicas e regionais dos preços dos preços

de mercado. Supondo-se que os custos reais de investimentos dependem da qualidade das

casas, as estimativas do valor do estoque de residência seriam, em certa medida,

consistentes com as estimativas macroeconômicas obtidas do método do estoque perpétuo.

Outra hipótese crucial é que os preços de mercado estimados para o ano base sejam iguais

ao valor cumulativo real dos investimentos.

Aceitando-se as hipóteses, o valor do estoque real de capital em construção civil

das empresas privadas no Brasil pode ser estimado pela diferença entre os valor do

estoque real de capital em construção civil obtido pelo método do estoque perpétuo e o

valor real das residências familiares obtido pelo preços hedônicos de um ano base.

2.2. Estoque de capital das empresas

A estimativa do estoque municipal de capital privado das empresas baseou-se no

valor do capital aplicado ou ativo imobilizado – em Construções, Máquinas e

equipamentos; e Outros -- dos estabelecimentos ou unidades produtivas locais das empresas

disponíveis nos Censos Econômicos de 1970 a 1985.

Os Censos Econômicos da Indústria, Comércio e Serviços de 1970 a 1980

apresentam informações sobre o valor do capital aplicado em imóveis edificados,

inclusive o terreno; dos imóveis em construção, inclusive terrenos; máquinas, equipamentos

18 Como os aluguéis da PNAD 1999 referem-se ao mês de setembro, os valores foram deflacionados para preços médios de 1999 pela variação do IPCA-aluguel entre julho e setembro de 1999.

8

e instalações (inclusive para geração de força motriz); dos móveis e utensílios; e dos meios

de transporte. Essas informações foram obtidas para os estabelecimentos de todos setores,

exceto Transportes e Construção Civil. A data de referência é o dia 31 de dezembro do

ano de referência do Censo.19

Analogamente, os Censo Agropecuários de 1970 a 1985 informam o valor dos bens

existentes nos estabelecimentos abrangendo terras, prédios, culturas permanentes, matas

plantadas, veículos e outros meios de transporte, animais de todas as espécies, máquinas e

instrumentos agrários, instalações e outras benfeitorias. Duas correções foram feitas nas

informações dos Censos Agropecuários. Primeiro, foram deduzidos os valores dos prédios

residenciais por estarem, supostamente, incluídos no estoque de capital em residências.

Segundo, o valor dos animais de todas as espécies foi retificado para que fossem incluídos

apenas o valor dos “animais reprodutores, de tração e gado” de forma consistente com a

definição de formação de capital na agropecuária nas Contas Nacionais (para detalhes, ver

Apêndice II)

A localização municipal dos estabelecimentos permite agregara em cada município

o valor do imobilizado por setores de atividade (Agropecuária, Indústria, Comércio e

Serviços) e por setor produtor dos bens de capital (construção, máquinas e equipamentos e

outros).

Em 1985, contudo, os Censos Econômicos da Indústria, Comércio e Serviços

pesquisaram o valor total do imobilizado em nível de empresas. Além disso, o

levantamento foi feito em todos os setores inclusive Transportes e Construção Civil e a data

de referência dos valores declarados não era necessariamente 31/12/1985.

Para os estabelecimentos produtivos, as informações disponíveis nos Censos de

Empresas de 1985 restringem-se à variáveis operacionais como receitas de vendas,

emprego, salários e consumo de eletricidade. Para as empresas com estabelecimentos

localizados em mais de um município foi necessário, portanto, estimar o valor do

imobilizado em cada município pela estimação de equações relacionando o valor do

imobilizado às variáveis operacionais da empresa permitiram simular e ratear o valor do

19 As fitas com os microdados das empresas do Censo Comercial de 1975 para os estados da Bahia, Minas

Gerais, Espírito Santo, Rio de Janeiro, Paraná e Santa Catarina perderam-se por acidente. O Apêndice I

reporta os métodos e dados utilizado para estimar o valor do imobilizado nos municípios desses estados.

9

imobilizado da empresa em nível municipal (o Apêndice II resume a especificação,

estimação e simulação desses modelos). Como o valor do imobilizado de cada emprese

não está desagregado para os setores de atividade Indústria, Comércio e Serviços, só foi

possível obter as estimativas do estoque de estoque de capital municipal para as atividades

urbanas (não-agropecuárias) de forma agregada.

Para o cálculo, em termos reais, do estoque municipal de capital das empresas nas

categorias distinguidas nas Contas Nacionais – Construção Civil, Máquinas e

equipamentos e Outros -- foi calculado multiplicando-se a participação do município no

valor do imobilizado nacional pela estimativa do estoque de capital total no Brasil. No

caso dos setores de Máquinas e equipamentos e Outros, a estimativa macroeconômica foi

obtida pelo método do estoque perpétuo (Morandi 2002 neste volume) aplicado

diretamente aos dados de Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF) dessas categorias nas

Contas Nacionais do Brasil (IBGE, 1989). Como explicado anteriormente, o estoque de

capital em construção civil das empresas privadas foi obtido pela diferença entre o valor

do estoque de capital em construção civil do setor privado (obtido pelo método do estoque

perpétuo aplicado aos dados de da FBCF) e o valor das residências familiares (estimado

pelo preços hedônicos do ano base).

O rateio ou normalização das estimativas reais para o Brasil permite comparações

consistentes do estoque de capital dos municípios nos vários anos censitários. O método

do estoque perpétuo acumula o valor real do investimento em cada uma das categorias de

investimento distinguidas nas Contas Nacionais (construção civil, máquinas e

equipamentos, e outros) e, portanto, minora as distorções inflacionárias que, supostamente,

contaminam as informações sobre o valor do imobilizado das empresas nos Censos

Econômicos.20 Naturalmente, existem nos métodos de valoração do imobilizado entre as

empresas recenseadas que introduzem distorções insanáveis nas estimativas. Pode-se

supor, contudo, que essas distorções se compensem quando agregamos as empresas em

nível municipal.

Como nos Censos de 1970 a 1980 inexistem informações em nível municipal para

os estabelecimentos dos setores de Transporte e Construção Civil, os valores do

20 "The accuracy of capital stock statistics is determined to an important extent by the accuracy of the price indices used to revalue assets (OECD, 2001: 25).

10

imobilizado desses setores também foram excluídos antes de se fazer o rateio do estoque

em nível municipal para o ano de 1985.

Os valores do capital aplicado e imobilizado das unidades investigadas nos Censos

Econômicos referem-se a 31 de dezembro de cada ano e, supostamente, estão declarados a

preços de final de ano. As estimativas de estoque perpétuo, por sua vez, referem-se ao

preços médios do ano. Note, contudo, que como os índices de preços de bens de capital

disponíveis para as diversas categorias são calculados em nível nacional, o fator de rateio

municipal permaneceria inalterado pelo deflacionamento para preços médios do ano.

3. Estimativas

3.1. Estoque de capital no Brasil

Essa seção reporta estimativas em termos nominais e reais do estoque de capital

fixo privado no Brasil desagregando-as por categoria de bem de capital, setores de

atividade produtiva que o utiliza e setor institucional (famílias e empresas) que o possui.

3.1.1. Estimativas dos valores nominais

A Tabela 1 apresenta as estimativas, em termos nominais, do valor das residências

familiares e do ativo imobilizado das empresas no Brasil para os anos censitários de 1970 a

1985. O valor das residências foi estimado por modelos de preços hedônicos estimados

para os anos de 1970, 1980 e interpolados para 1975 e 1985 (nesse último ano os valores

foram normalizados em nível estadual pelas informações da PNAD). Os valores do ativo

imobilizado foram obtidos pela soma para todo o país dos dados de imobilizado nas

categorias Construção não-residencial, Máquinas e equipamentos e Outros que constam

nos Censos Econômicos. Os comentários que se seguem mostram que os valores nominais

apresentam sérios problemas de valoração e de consistência no tempo, tornando

praticamente impossível a comparabilidade das diversas categorias do estoque de capital.

Na Tabela é notável a redução na participação das residências vis-à-vis o

imobilizado das empresas a partir 1980. Essa redução é particularmente surpreendente

tendo-se em conta que nas estimativas de estoque de capital pelo método do estoque

perpétuo a participação de residência é relativamente constante da ordem de 60% e, além

11

disso, que a década de 1980 foi caracterizada pelo aumento do preços relativo dos

investimentos na construção civil.21

TABELA 1 BRASIL : VALOR NOMINAL DAS RESIDÊNCIAS FAMILIARES E DO ATIVO IMOBILIZADO DAS

EMPRESAS PRIVADAS (INCLUSIVE ESTATAIS) SEGUNDO A CATEGORIA DE BENS DE CAPITAL, 1970, 1975, 1980 (EM CR$ 1 000 000 CORRENTES) 1970 1975 1980 1985 Agente/categoria

de bens de capital Valor % Valor % Valor % Valor %

Setor Privado 280.798

100 1.785.125

100 16.474.280

100 2.442.892.337

100

1. Residências 184.278 65,6 1.241.790 69,6 8.650.736 52,5 716.685.781

29 2. Empresas 96.521 34,4 543.335 30,4 7.823.544 47,5 1.726.206.532 71 2.1.Construção 23.388 24,2 150.506 27,7 2.353.671 30,1 n.d. 2.2. Máquinas 39.285 40,7 210.938 38,8 2.395.410 30,6 n.d.

2.3. Outros 33.847 35,1 181.890 33,5 3.074.463 39,3 473.062.168

27 Fonte: Cálculo dos autores e Reiff (2004) neste volume baseados em IBGE, Censos Econômicos e Demográficos, PNAD, vários anos. Obs.: 1. O valor da construção residencial em 1975 e 1985 foram obtidos por interpolação geométrica. 2. Os dados de ativo imobilizado em construção civil no Censo Agropecuário excluem prédios residenciais.

A redução na participação das residência é explicada, em parte, pelo fato já notado

do valor do imobilizado das empresas em 1985 incluir os dados referentes setores de

Construção Civil e Transportes que não estão incluídos nos anos anteriores. A participação

desses setores no imobilizado de 1985 foi de 2,6% e 20,9%, respectivamente. Excluindo-se

o valor do imobilizado desses setores, a participação das residências no total da riqueza em

1985 seria de 34,8%, apresentando ainda, portanto, uma redução significativa em relação a

1980.

Outra explicação possível seria o declínio observado na participação das residência

no valor do estoque de capital deve-se à hipótese que o aluguel mensal é igual 0.075% do

preço da casa adotada nas estimativas de todos os anos. No contexto inflacionário, com

indexação imperfeita e tabelamento de alugueis dos anos oitenta, é de se esperar que os

aluguéis tenham experimentado redução significativa em relação ao valor do imobilizado

das empresas implicando, portanto, subestimar na mesma proporção o valor do estoque de

residência.

21 Ver Morandi 1997 , Hofman 19?? e Reis 1993. 22 Ver Morandi 1997 , Hofman 19?? e Reis 1993.

12

Outra cifra notável na Tabela 1 é a participação da categoria Outros no

imobilizado total das empresas que se situa acima de 35% em todos os anos. Como essa

categoria inclui basicamente culturas e rebanhos, essa cifra implica que atividades

agropecuárias respondiam por mais de 1/3 do estoque de capital das empresas privadas.

Dados que essa categoria nas contas da Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF)

representou apenas 2,4% dos investimentos no período 1970-85, a cifra parece

surpreendentemente elevada. Essas duas cifras dificilmente são conciliáveis. Cabe apontar,

no entanto, que entre os analistas e talvez na própria FBCF uma certa tendência de se

subestimar a relação a capital/produto e, por conseguinte, o estoque de capital na

agricultura. Por outro lado, em contextos de inflação acelerada é de se esperar que o valor

da das áreas de cultura e rebanhos declarados nos Censos Agropecuário incorporem

componentes especulativos cujo valor seria significativo.

3.1.2. Estimativas a preços reais

A Tabela 2 apresenta as estimativas, em termos reais, do valor das residências

familiares e do estoque de capital das empresas no Brasil para os anos censitários de 1970

a 1985. O valor das residências foi estimado por modelos de preços hedônicos estimados a

preços de 1999 para os anos de 1970, 1980 e interpolados para 1975 e 1985 (nesse último

ano os valores foram normalizados em nível estadual pelas informações da PNAD). As

estimativas em nível de domicílio foram agraegadas em nível municipal, estadual e

nacional.

As estimativas do estoque de capital em Construção civil, Máquinas e equipamentos

e Outros no Brasil foram obtidos pelo método do estoque perpétuo por Morandi e Reis

(2004). O estoque real de capital em construção civil das empresas privadas foi

estimado pela diferença entre o valor real estoque real de capital em construção civil e o

valor real das residências familiares obtidas pelo modelo dos preços hedônicos a preços de

1999. O rateio desses valores pelo valor municipal do ativo imobilizado das empresas

privadas em Construção civil , Máquinas e equipamentos e Outros que constam nos

Censos Econômicos permitiu obter o valor real dos estoques de capital municipal de cada

uma dessas categorias.

13

Tabela 2 Brasil : Valor real das residências familiares e do ativo imobilizado das empresas privadas

(inclusive estatais) segundo setor produtivo e categoria de bens de capital, 1970, 1975, 1980 e 1985 (em cr$ 1 000 000 a preços de 1999)

Setor Privado Valor Partic. Valor Partic. Valor Partic. Valor Partic.

626.298 100% 1.026.232 100% 1.583.150 100% 1.972.253 100%1. Famílias (residências) 312.340 50% 395.947 39% 488.877 31% 613.273 31%2. Empresas 313.958 50% 630.285 61% 1.094.272 69% 1.358.980 69% Construção 165.601 26% 336.948 33% 632.273 40% n.d. n.d. Máquinas 134.303 21% 269.899 26% 395.207 25% n.d. n.d. Outros 14.054 2% 23.438 2% 66.793 4% n.d. n.d.

2.1. Setor rural ou agropecuário 97.518 16% 249.041 24% 385.012 24% 555.807 28% Construção 60.552 10% 157.653 15% 217.232 14% 123.234 6% Máquinas 24.324 4% 69.330 7% 109.729 7% 113.867 6% Outros 12.643 2% 22.058 2% 58.051 4% 318.706 16%

2.2. Setor urbano não-agropecuárias 216.440 35% 381.244 37% 709.260 45% 803.173 41% Construção 105.049 16% 179.295 18% 415.041 26% n.d. n.d. Máquinas 109.979 17% 200.569 19% 285.478 18% n.d. n.d. Outros 1.411 0% 1.380 0% 8.742 0% n.d. n.d.

Fonte: Cálculo dos autores e Reiff (2004) neste volume baseados em IBGE, Censos Econômicos e Demográficos, PNAD, vários anos. Obs.: 1. O valor da construção residencial em 1975 e 1985 foram obtidos por interpolação geométrica. 2. Os dados de ativo imobilizado em construção civil no Censo Agropecuário excluem prédios residenciais.

Os valores em termos reais mostram uma participação das residências no estoque

de capital total bem menor do que as estimativas nominais apresentadas na Tabela 1.

Ademais, a evolução dessa participação no período 1970-85 parece mais razoável, na

medida em que a redução de participação, embora ainda exagerada, ocorre sobretudo no

final dos anos setenta quando foram feitos investimentos maciços na construção privada

não-residencial, sobretudo nas empresas estatais (geradoras e distribuidoras de eletricidade

e a extração de petróleo) que, nas estimativas, fazem parte das empresas privadas nas

estimativas.

É notável na Tabela 2 o crescimento da participação do estoque de capital das

empresas. Nas empresas agropecuárias, destaca-se a rubrica Outros – composta de

estoques de rebanhos pecuários e de culturas permanentes -- que apresenta variação

14

inverossímil entre 1980 e 1985. Nas empresas dos setores da indústria, comércio e

serviços, aqui designadas por não-agropecuárias ou urbanas, destaca-se o crescimento

relativo do estoque de capital em construção civil nos anos setenta.

3.2. Distribuição regional e estadual do estoque de capital

Tabela 3 - Brasil: Distribuição regional do estoque de capital, 1970-1985 (%)

Norte Nordeste Sudeste Sul Oeste Brasil 1970 2% 16% 60% 19% 4% 100% 1975 2% 15% 57% 20% 6% 100% 1980 3% 16% 56% 18% 6% 100% 1985 3% 16% 58% 16% 6% 100%

A Tabela 3 mostra a elevada concentração do estoque de capital na Região Sudeste e

a estabilidade da distribuição regional do estoque de capital ao longo do período analisado.

As taxas de crescimento acelerado dos anos setenta foi acompanhada de uma pequena

perda de participação das regiões Sul e Sudeste em benefício das regiões Oeste e Norte. A

recessão dos anos oitenta reverte em parte a perda da região Sudeste às custas de perda de

participação da região Sul; as demais regiões mantêm os ganhos obtidos nos anos setenta.

O Gráfico 1 apresenta a distribuição do estoque de capital em nível estadual. Destaca-

se a concentração no estado de São Paulo que representou cerca de 30% do estoque de

capital no país em 1985, respondendo praticamente pela metade da participação da região

Sudeste. Fora dessa região, só Bahia, Rio Grande do Sul e Paraná apresentam participações

acima de 5% em 1985.

A comparação entre 1970 e 1985 mostra a queda de participação de São Paulo, Rio

de Janeiro e Rio Grande do Sul e o aumento de Minas Gerais, Bahia, Espírito Santo, Pará e

os estados do Oeste.

O Gráfico 2 apresenta a distribuição da relação entre o valor do estoque de capital e a

população economicamente ativa dos estados. Para o Brasil como um todo, essa relação em

1985 foi da ordem de R$ 40.000 para cada indivíduo na PEA, tendo praticamente dobrado

entre 1970 e 1985.

Para os estados, destacam-se em 1985, os valores observados no Espírito Santo e

Mato Grosso do Sul que, à primeira vista, parecem inverossímeis. Valores

15

surpreendentemente elevados aparecem também para os estados do Oeste e Tocantins.

Esses resultados poderiam certamente estar viezados pro problemas de mensurações em

1985. Contudo, se confirmados após avaliações mais rigorosas, poderiam ser indicativos

da alta relação capital trabalho na agropecuária decorrente do acelerado processo de

mecanização rural nesses estados. Destacam-se também no gráfico os baixos valores da

relação capital/PEA observados para os estados do Nordeste.

A distribuição em 1970 parece mais de acordo com aquilo que seria o senso comum

sobre a economia brasileira, ou seja, uma relação capital/trabalho mais elevada em São

Paulo e no Rio Grande do Sul, seguida pelos demais estados da região Leste e Sul. Nota-

se, contudo, que os estados do Oeste já apresentam valores relativamente altos.

Complementando a análise estadual, o Gráfico 3 apresenta os valores da relação entre

o valor do estoque de capital e do PIB (ambos medidos em preços reais de 1999) nos

estados brasileiros em 1970 e 1985. Para o Brasil, os valores da relação capital/produto

foram 2,4 em 1970 e 2,7 em 1985. Os estados do Norte apresentam valores relativamente

baixos e os estados do Nordeste e do Centro Oeste, relativamente elevados. O Sudeste e o

Sul aparecem com valores intermédios. Novamente, em 1985, destacam-se com valores

excepcionalmente elevados os estados do Espírito Santo, Mato Grosso do Sul e Tocantins.

No outro extremo aparece Brasília cuja posição é explicável pela importância das

atividades governamentais na composição do PIB, além das especificidades do zoneamento

urbano.

3.3. A distribuição municipal do estoque de capital

Devido às modificações ocorridas no número e limites geográficos dos municípios

brasileiros, a apresentação e análise dos resultados serão feitas em termos de áreas mínimas

comparáveis (AMC) apesar do texto, de forma pouco rigorosa, se referir sempre a

municípios. O Censo de 1970 coletou informações demográficas e econômicas para 3951

municípios; no Censo de 2000 foram coletadas informações para 5507 municípios. Para

possibilitar comparações consistentes no tempo é necessário agregar os municípios que

sofreram mudanças em áreas mínimas comparáveis (AMC), ou seja, que se mantiveram

imutáveis ao longo do período de análise. O período escolhido para se fazer a agregação

dos municípios em AMC foi 1970-2000 para o qual obtêm-se 3559 áreas mínimas

comparáveis (AMC-70/00). Esse será, portanto, a nosso universo de "municípios." O

16

Apêndice V apresenta informações mais detalhadas sobre áreas mínimas comparáveis no

período 1970 a 2000.

As análise apresentadas a seguir baseiam-se na curva de Lorens para as distribuições

municipais dos estoque de capital privado a preços reais de 1999. O Gráfico 4 apresenta a

curva de Lorenz do estoque de capital privado total nos municípios (AMC-70/00)

brasileiros para os anos censitários de 1970 a 1985 No eixo das ordenadas (Y) está

representado a soma cumulativa do percentual do estoque de capital dos municípios (ou

AMC) crescentemente ordenado e no eixo das abcissas (X) o percentual cumulativo do

número de municípios correspondentes.

As curvas de Lorenz para os diversos períodos analisados mostram uma alta concentração

da distribuição do estoque de capital entre municípios: em um extremo vê-se que

aproximadamente 70% dos municípios brasileiros dispunham apenas de 10% do estoque

de capital, enquanto no outro extremo, 10% dos municípios dispunham de 70% do estoque

de capital no país. No período analisado, a desconcentração da distribuição municipal do

estoque de capital foi desprezível, como mostrado pela justaposição das curvas de Lorenz

referentes aos vários anos.

A distribuição estoque de capital em relação ao número de municípios é pouco relevante.

Sendo unidades administrativas politicamente definidas, o número de municípios – e

portanto, com mais razão ainda, de AMC -- é arbitrário, além de carecer de conteúdo

econômico óbvio. Dimensões mais significativas para as análises de equidade, bem-estar e

produtividade seriam a área geográfica, a população e, mais rigorosamente, a população

economicamente ativa que juntamente com o estoque de capital constituem os principais

determinantes da capacidade de produção dos municípios.

O Gráfico 2 apresenta a curva de Lorenz do estoque de capital em relação á área

geográfica dos municípios. Aqui o eixo das abcissas (X) representa o a soma cumulativa

do percentual crescentemente ordenado do estoque de capital dos municípios (ou AMC) e o

eixo das ordenadas (Y) o percentual cumulativo da área geográfica dos municípios

correspondentes. As curvas mostram a elevada concentração geográfica do estoque de

capital brasileiro em 1970 quando mais de 40% do estoque de capital brasileiro

localizavam-se em menos de 1% do território brasileiro. A cifra equivalente para 1985 foi

17

de aproximadamente 8% do território implicando portanto uma significativa

desconcentração no período 1970-85.

A desconcentração geográfica do estoque de capital ocorreu sobretudo durante os anos

setenta que se caracterizaram por taxas de crescimento aceleradas do PIB e do estoque de

capital. No período 1980-85, cujo desempenho foi recessivo, as mudanças ocorridas na

distribuição geográfica do estoque de capital foram ambíguas, com ganhos de participação

das áreas que apresentavam uma densidade geográfica de capital relativamente baixa

(vértice sudoeste no Gráfico 2), mas com ganhos de participação das áreas que possuíam

densidade relativamente alta (vértice nordeste no Gráfico 2).

Uma hipótese sugestiva para as mudanças na distribuição geográfica do estoque de capital

observada nos anos oitenta seria que o processo recessivo teria, por um lado, reduzido a

taxa de acumulação do estoque de capital das empresas relativamente novas que se

descentralizaram durante os anos setenta refletindo-se portanto no aumento de participação

as áreas de maior densidade de capital. Por outro lado, a recessão teria aumentado a taxa

de acumulação da agricultura vis-à-vis a indústria que se reflete no aumento de

participação das áreas com menor densidade de capital.

A comparação dos Gráficos 1 e 2 suscita a questão interessante de como conciliar o

processo de desconcentração geográfica observado no Gráfico 2 com a estabilidade da

distribuição do estoque de capital entre os municípios, notando-se que a análise, em ambos

os casos, baseia-se nas áreas mínimas comparáveis que, em termos de número e área,

permanecem imutáveis ao longo do período. Uma hipótese explicativa simples para uma

distribuição seria permutar os estoques de capital entre municípios com áreas distintas e

estoques iguais dessa forma mantendo constante a distribuição numérica mas alterando a

distribuição geográfica. Combinando essa hipótese de permutação com a hipótese de

crescimento igual dos estoques de capital em todos os municípios, é possível conciliar a

desconcentração geográfica com a estabilidade da distribuição numérica e, em passant,

após se realizar a permutação, observa-se crescimento desigual dos municípios.

O Gráfico 3 apresenta a curva de Lorenz do estoque de capital privado total em relação à

população economicamente ativa (PEA) dos municípios.23 Nota-se, em primeiro lugar,

23 Os padrões de distribuição do estoque de capital privado total em relação à população total são praticamente idênticos àqueles que se observam para a PEA.

18

que a medida de PEA utilizada baseia-se nos dados do Censo Demográfico referindo-se

portanto à população residente antes que a população que de fato trabalha no município. A

comparação pode portanto induzir erros de medida, sobretudo nos municípios pequenos que

fazem parte ou são vizinhos de áreas metropolitanas ou pólos econômicos.

As curvas de Lorenz, onde os municípios estaão ordenados pelo estoque de capital,

mostram que a distribuição do estoque de capital em relação à PEA é bem menos

concentrada a distribuição geográfica ou no domínio da freqüência dos municípios. Ainda

assim, a concentração é significativa: em 1970, 20% da PEA residia em municípios que

dispunham de apenas 10% do estoque de capital do país (vértice sudoeste), ou seja, a

relação capital/trabalho média nesses municípios era a metade daquela observada no país.

No outro extrema da distribuição (vértice nordeste), 15% da PEA vivia em municípios que

possuim 20% do estoque de capital do país, ou seja, com uma relação capital/trabalho

média que era 4/3 da nacional ou quase 2,5 maior do que aquela observada nos municípios

com baixa relação capital/trabalho.

As curvas de Lorenz mostram também que houve significativa redução na concentração do

estoque de capital em relação à PEA durante a primeira metade dos anos setenta que se

caracterizou por taxas excepcionalmente acelerada de crescimento econômico. Na segunda

metade dos anos setenta ainda observa-se alguma desconcentração embora bem menos

significativa. Nos anos oitenta, contudo, ocorre uma reversão do processo, embora a

concentração observada seja praticamente insignificante.

A convergência nas distribuições do estoque de capital e PEA que se observa nos anos

setenta poderia ser explicada pelas dinâmicas espaciais da população e do estoque de

capital. Assim, poderia ter ocorrido maior crescimento da PEA – seja pela imigração ou

crescimento vegetativo relativamente mais acelerado -- dos municípios que possuíam maior

relação capital/trabalho no período inicial, ou então acumulação de capital relativamente

mais acelerada nos municípios com menor relação capital/trabalho no período inicial.

O Gráfico 4 apresenta a curva de Lorenz do estoque de capital privado em relação ao PIB

dos municípios brasileiros. Destaca-se no gráfico a estabilidade da distribuição no período

1970-1980 e redução significativa da concentração que se observou entre 1980 e 1985.

Uma hipótese explicativa da redução na concentração seria que a recessão dos anos oitenta

19

se fez sentir com maior intensidade nos municípios mais industrializados e que, portanto,

possuem maior relação produto/capital.

O Gráfico 5 apresenta a curva de Lorenz da distribuição do estoque de capital privado

municipal empregado nas diversas atividades produtivas em 1980. O Gáfico distingue as

atividades rurais ou agropecuárias, urbanas empresariais ou não-residenciais (ou seja

excluindo-se o estoque de capital em residências) e, dentro dessas, a indústria, os serviços e

o comércio. Como estamos interessados primordialmente na comparação entre as diversas

atividades restringimos a análise ao ano de 1980 (último ano para o qual é possível a

desagregação detalhada por atividades) na suposição que essa distribuições não se alteram

de forma significativa entre os períodos censitários disponíveis. Além disso, as curvas de

Lorenz baseiam-se nas distribuições dos estoques de capital em relação ao número de

municípios.

O Gráfico 5 mostra que as maiores concentrações no estoque de capital encontram-se na

agricultura e no comércio, como os serviços ocupando uma posição intermédia e o estoque

de capital na indústria sendo significativamente menos concentrado que os demais.

Por fim, o Gráfico 6 apresenta curvas de Lorenz em 1980 para a desagregação do estoque

de capital privado nas categorias construção civil residencial, construção civil empresarial,

máquinas e equipamentos, e outros (rebanhos pecuários e culturas permanentes). O Gráfico

mostra que a distribuição municipal dos estoque dessas diferentes categorias de bens de

capital e m1980 foi praticamente idêntica.

4. Funções de produção dos municípios

À guisa de conclusão, essa seção utiliza as estimativas do estoque municipal de

capital privado para estimar funções de produção da economia brasileira com base em uma

painel de dados para anos censitários do período 1970- 85. O objetivo das estimações é

meramente ilustrativo sem maiores pretensões de rigor analítico, metodológico ou

empírico.

Em termos analíticos, as funções de produção estimadas são simplórias incluindo

como fatores de produção apenas capital e trabalho stricto sensu. Ou seja, os efeitos de

fatores importantes como o estoque de capital humano e capital público que desempenham

20

papel crucial nas teorias modernas do crescimento econômico são totalmente

desconsiderados na análise. As técnicas de análise de painel e sobretudo o tratamento

dos problemas de auto-correlação espacial certamente mereciam maiores cuidados. Por fim,

a seleção e definição das variáveis deveriam ter tratamento mais rigoroso, inclusive

incorporando dados para períodos anteriores a 1970 que já encontram atualmente

disponíveis.

As funções de produção especificadas serão do tipo Cobb-Douglas supondo dois

fatores de produção -- capital e trabalho –, retornos constantes de escala e progresso

técnico exógeno. Em todos os casos, a especificação estimada será portanto:

(1) log (Yi.t/Li.t) = a + b*log(Ki.t/Li.t) + c*log (t)

sendo

Yi.t , PIB (em reais de 1999) do município i no ano censitário t;

Li.t, PEA (população economicamente ativa) definida a partir do Censo Demográfico como

o número de pessoas entre 15 e 60 anos de idade residente no município i no ano

censitário t;

Ki.t, estoque líquido de capital privado (em reais de 1999) do município i no ano censitário

t;

i = 1, 2, ..., 3659, o número de municípios (mais rigorosamente, áreas mínimas comparáveis

para o período 1970 a 2000);

t = 1970, 1975, 1980 e 1995;

a, b e c são parâmetros a estimar: a é o coeficiente linear, b mede a elasticidade do PIB em

relação ao estoque de capital empregado e c é taxa exógena de progresso técnico.

Todas as variáveis encontram-se disponíveis no Ipeadata. Nota-se, primeiro, que a

PEA e o estoque de capital são medidas da capacidade, enquanto o PIB é uma medida de

produção efetiva. Além disso, a utilização da PEA coloca problemas na medida em que o

município de residência não necessariamente é o mesmo que o município em que a pessoa

trabalha. Esse problema deve ocorrer sobretudo nos municípios com áreas geográficas

menores, muito embora a localização da sede municipal possa também causar problemas

nesse sentido. Para se controlar esse problema seria interessante utilizar os dados de

emprego disponíveis nos Censos Econômicos. Contudo, os dados de emprego colocam

21

problemas de endogeneidade por serem determinados pelo PIB, sobretudo tendo-se em

conta que a medida do estoque de capital desconsidera o grau de utilização da capacidade.

As estimações foram feitas pelo método do mínimos quadrados ordinários (MQO)

aplicado a um painel de dados com, no máximo, 14.636 observações (3659 municipios x 4

anos). Pelos problema da PEA apontado acima, além de outros, seria interessante utilizar

métodos que tratassem de forma explícita o problema de auto-correlação espacial entre

variáveis.

Os resultados da estimações são apresentados na Tabela 4. As cinco equações

estimadas diferem entre si pelos conceitos de PIB, PEA e estoque de capital utilizados em

cada uma delas para definir as variáveis dependentes e independentes. Esquematicamente a

combinação de conceitos utilizada em cada equação é a seguinte:

Eq. Nº PIB PEA Capital

1. Total Municipal Total

2. Total Municipal Não-residencial

3. Não-residencial Municipal Não-residencial

4. Urbano não-residencial Urbana Urbano não-residencial

5. Agropecuária Rural Agropecuária

Como se vê as diferenças cruciais encontram-se na inclusão ou não da atividade

residencial nas medidas de PIB e estoque de capital residencial e na desagregação da

especificação para as atividades rurais e urbanas. No primeiro caso, a justificativa

encontra-se no fato da atividade residencial ser ao mesmo tempo causa e conseqüência do

PIB implicando, portanto, problemas de endogeneidade. Nota-se nesse sentido que na

literatura internacional o estoque de capital é em geral definido como não-residencial.

A desagregação em atividades urbanas e agropecuárias justifica-se pelas diferenças

tecnológicas entre essas atividades. A heterogeneidade de setores poderia viesar resultados

agregados. Contudo, nota-se, en passant, que a discrepância entre população residente e

empregada no município torna-se provavelmente mais crítica quando a PEA é desagregada

em rural e urbana.

Em termos dos R2 e das estatísticas “t”, o ajustamento e a precisão das estimativas

dos parâmetros da função de produção parecem satisfatórios. Em termos teóricos, os

22

resultados sugerem que, de fato, a inclusão das residências na medida de estoque de capital

(Eq.1) superestima a elasticidade do produto em relação ao capital, b, gerando valores

inverossímeis próximos a 0,8, ou seja, 80% da variação do produto seria explicada pelo

aumento do estoque de capital. A taxa de progresso técnico de 1% a.a. parece razoável.

A exclusão das residências (Eqs. 2 e 3) resulta em estimativas que parecem

razoáveis diante dos dados de distribuição de renda no Brasil onde a participação dos

salários é próxima de 45% do PIB. Embora freqüentemente encontrados nos estudos

empíricos da economias brasileira, esses valores são elevados quando comparados com a

literatura internacional. As taxas de progresso técnico parecem também razoáveis com

valores entre 0,56 e 1% a.a.

A desagregação das estimativas em rural e urbana (Eqs. 4) fornece estimativas

talvez um pouco baixas para a elasticidade do capital nas atividades urbanas implicando

que mais de 70% da variação do produto urbano não-residencial seria explicado pelo

aumento da PEA urbana. A taxa de progresso técnico estimada é bastante elevada, da

ordem de 2,1% a.a.

Para as atividades rurais (Eq. 5), as estimativas continuam com valores próximos

aos 0,57 estimados para a função produção mais agregada. Note, contudo, que esse

parâmetro está talvez superestimado pela ausência da terra como fator de produção,

supondo-se que terra e capital são fatores complementares na agricultura brasileira do

período. O progresso técnico na agricultura foi relativamente baixo no período. Apesar dos

possíveis vieses, as estimativas apontam para uma significativa dualidade tecnológica da

economia brasileira com elasticidade do capital bem mais elevada na agricultura.

Em suma, os resultados mostram que a utilização de medidas mais agregadas e

menos rigorosas do estoque de capital e do produto podem viesar os valores estimados

para elasticidades do produto em relação á utilização dos fatores. A implicação disso para

exercícios de contabilidade do crescimento e de quantificação dos fatores responsáveis pelo

desenvolvimento não pode ser negligenciada.

24 Para 1985, os setores Transporte e Construção Civil tiveram censos específicos.

23

24

Tabela 4 Função de produção dos municípios brasileiros, 1970-1985

Log(Y/L) = a + b.log(K/L) + c.log(t) Variável dependente

PIB/PEAPIB/PEA

PIBNR/PEA

PIBUNR/PEAU

PIBA/PEAA

Equação nº 1 2 3 4 5 Especificação Log-log Log-log Log-log log-log log-log Estimação MQO MQO MQO MQO MQO Nº de observações 14.621 14.621 14.617 14.156 14.486 Estatística F 10.433 7.418 7.640 4.805 9.960 R2 0,59 0,50 0,51 0,40 0,58 R2 corrigido 0,59 0,50 0,51 0,40 0,58 Média da var. dependente 8,51 8,51 8,43 8,92 8,13 EQM 0,53 0,58 0,60 0,57 0,63 Coef. Var. 6,22 6,83 7,15 6,39 7,76 Variáveis/parâmetros . . . . . Coef. Linear -3,69 1,01 -0,99 -2,57 0,35 Estat. T -13,85 3,32 -3,13 -8,72 1,02 * Pr > |t| 0,00 0,00 0,00 0,00 0,31 ANO 1,00 0,56 0,97 2,13 0,53 Estat. T 15,35 7,57 12,64 31,65 6,38 * Pr > |t| 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 KLT/PEA 0,79 . . . . Estat. T 128,18 . . . . * Pr > |t| 0,00 . . . . KLE/PEA . 0,54 0,55 . . Estat. T . 105,62 104,62 . . * Pr > |t| . 0,00 0,00 . . KLUNR/PEA . . . 0,27 . Estat. T . . . 94,96 . * Pr > |t| . . . 0,00 . KLA/PEAA . . . . 0,57 Estat. T . . . . 118,79 * Pr > |t| . . . . 0,00 Fonte: estimativas dos autores

25

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Brasil: Participação percentual dos estados no estoque de capital, em 1970 e 1985

0%

5%

10%

15%

20%

25%

30%

35%

40%

RO AC AM RR PA AP TO MA PI CE RN PB PE AL SE BA MG ES RJ SP PR SC RS MS MT GO DF

Estados

1970 1985

Brasil: Estoque de capital por PEA nos estados, em 1970 e 1980(em milhões de reais de 1999 por pessoa)

0,00

0,02

0,04

0,06

0,08

0,10

0,12R

O AC

AM RR PA AP

TO MA PI CE

RN PB PE AL

SE BA

MG ES RJ

SP PR SC RS

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GO DF

Bra

sil

Estados

Milh

ões

de R

$/pe

ssoa

1970 1985

28

Curva de Lorenz: estoque municipal de capital privado

em relação à área dos municípios

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

0% 20% 40% 60% 80% 100%Percentual cumulativo do capital

Perc

entu

al c

umul

ativ

o da

áre

a 1970197519801985

Curva de Lorenz: estoque municipal de capital privado

em relação à população dos municípios

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

0% 20% 40% 60% 80% 100%

Percentual cumulativo do capital

Perc

entu

al c

umul

ativ

o da

pop

ulaç

ão

1970197519801985

Curva de Lorenz: estoque de capital privado em relação à PEA dos municípios

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

0% 20% 40% 60% 80% 100%

Percentual cumulativo do capital

Perc

entu

al c

umul

ativ

o da

PEA

1970197519801985

Curva de Lorenz:estoque municipal de capital privado em relação ao PIB dos municípios

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100%

Percentual cumulativo do capital

Perc

entu

al c

umul

ativ

o do

PIB

1970197519801985

Apêndice I Rateio do estoque de capital das empresas em nível municipal

Pelo método do estoque perpétuo (MEP) aplicado às séries históricas de formação bruta

de capital fixo (FBKF) das Contas Nacionais do Brasil podemos estimar o estoque de capital

líquido privado em nível nacional (Reis e Morandi 2004) na seguinte desagregação:

(1) KLPTBR = KLPCCBR + KLPMEBR + KLPEOBR

onde

KLPTBR = valor real do estoque líquido privado de capital privado no Brasil;

KLCCBR = valor real do estoque líquido privado em construção civil no Brasil ;

KLPMEBR = valor real estoque líquido privado máquinas e equipamentos no Brasil e;

KLPOBR = valor real estoque líquido privado de outros bens de capital no Brasil.

Por meio de um modelo de preços hedônicos (MPH) estimados em nível de

domicílios para um anos base simula-se o valor real do estoque de residências no município

i, ΣKLPRi e, por agregação, obtem-se o valor real do estoque de residências no país, KLPRBR:

(2) KLPRBR = ∑=

n

iiKLPR

1

O valor do estoque líquido de capital privado empresarial em construção civil para o

Brasil é obtido pela diferença entre o valor total estimado por MPE e o agregados das

residências estimado por MPH:

(3) KLPECBR = KLPCCBR - KLPRBR

O valor total do imobilizado de todos os estabelecimentos localizados no município i

informado nos Censo Econômicio é desagregado em:

(4) VNIETi = VNIECi + VNIEMi , + VNIEOi

onde

VNIETi = valor nominal do imobilizado das empresas localizadas no município i;

VNIECi = valor nominal do imobilizado das empresas em construção civil no município i;

VNIEMi = valor nominal do imobilizado das empresas em máquinas e equipamentos no

município i;

VNIEOi = valor nominal do imobilizado das empresas em outros bens de capital no

município i.

Para cada uma dessas categorias de bens de capital acima, denotadas por j, o valor real do

estoque de capital das empresas no município i é obtido pela fórmula:

(5) KLPEj.i = BRj

n

iijij KLPEVNIEVNIE .

1.. )/( ×∑

=

2

onde

j = C, M, O, refere-se às categorias de bens de capital (construção civil , máquinas e

equipamentos, e outros)

i = 1, 2, ..., n, refere-se aos municípios

Apêndice II

Diferenças nas definições de imobilizado nos Censos Agrícolas e de investimento na

agricultura nas Contas Nacionais

As estimativas do estoque de capital em nível municipal das empresas baseiam-se nas

informações sobre o valor do imobilizado técnico e financeiro em nível de estabelecimentos

disponíveis nos Censos Econômicos. Para o setor agropecuário, essas informações nem

sempre são consistentes com aquelas utilizadas para se estimar o valor dos investimentos nas

Contas Nacionais.

Nos Censos, o estoque de capital do setor agropecuário vem do “valor total dos bens

existentes nos estabelecimentos em 31 de dezembro de cada ano”, referentes a terras

(próprias, arrendadas e ocupadas); culturas permanentes e matas plantadas; veículos,

máquinas e instrumentos agrários; prédios (residenciais e outros fins); instalações e outras

benfeitorias; e animais (reprodução, criação, etc.)

Para fins de cálculo da FBCF do setor agropecuário nas Contas Nacionais, o IMBGE exclui

o valor das terras, incluindo o valor das demais categorias distinguidas como parte do

Imobilizado. No caso dos animais, contudo, a metodologia das Contas Nacionais explicita

que devem ser considerados para fins de calculo dos investimentos as variação no valor dos

“animais reprodutores, animais de tração, gado de leite”. Portanto, do valor dos bens

declarados nos Censos Agropecuários deve ser excluído o valor do rebanho de bovinos para

corte (bezerros machos e bois de corte).Isso reduziria , o valor de “outros” dentro do estoque

estaria superdimensionado.

Tabela 1

Brasil-Composição do Estoque de Capital das empresas segundo informações dos Censos Econômicos (%) – 1970, 1975, 1980, 1985. Setores Econômicos 1970 1975 1980 1985 Agropecuária 52,2 57,5 56,2 44,0Indústria 37,6 31,3 30,9 36,8Comércio 7,3 6,8 6,1 4,0Serviços 2,9 4,4 6,8 15,3Memo: % Agropecuária no PIB 12,3 11,5

10,9 12,6Fonte: IBGE, Censos Econômicos, vários anos.

4

A Tabela 1 mostra que o setor agropecuário representa mais de 50% do estoque de

imobilizado das empresas embora no mesmo período a participação do setor no PIB oscile

em torno de 12% do PIB.25

Tabela 2 Brasil - Estrutura do Imobilizado nas atividades agropecuárias informado segundo tipo de bens de capital nos Censos Agropecuários de 1970, 1975, 1980, 1985 (%) Tipo 1970 1975 1980 1985

Total 100,0 100,0 100,0 100,0 Construção (1) 15,8 21,0 17,1 19,6 Máquinas 13,1 16,2 14,1 18,1 Outros 71,1 62,9 68,8 62,4 Culturas permanentes (2) 23,7 15,6 16,8 21,2 Matas Plantadas 0,0 9,5 13,7 6,4 Animais 47,5 37,8 38,3 34,7

Fonte: IBGE, Censo Agropecuário, vários anos. (1) Exclui prédios residenciais (2) Lavouras permanentes: compreendendo terras plantadas ou em preparo para o plantio de

culturas de longa duração, tais com: café , laranja, caju, banana, uva, etc. que após a colheita não necessitam de novo plantio, produzindo por vários anos

(3) No valor dos animais foram consideradas todas as espécies (bovinos, eqüinos, aves, etc.) incluídos os destinados a criação, recriação, de trabalho, etc.

A Tabela 2 mostra que mais de 60% do estoque da agropecuária corresponde ao componente

“Outros”. O item animal é o principal ativo, representando em média, 40% do estoque de

capital no setor primário. Quando consideramos a classificação por tipo de bens de capital, o

componente Outros representa, em média, 17% do imobilizado das empresas, embora na

Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF) das Contas Nacionais, o componente Outros tenha

participação reduzida no período, atingindo o valor máximo de 3,7% em 1980.

Correção efetuada Nos Censos Agropecuários temos informações dos efetivos de rebanho de várias espécies

(bovinos, búfalos, asininos, muares, eqüinos, ovinos, caprinos, suínos, aves). As quantidades

de efetivos estão classificadas segundo finalidade, idade e sexo.

Quanto ao total de animais vendidos, comprados e abatidos, dispomos de quantidades e valor.

Isto permite calcular os preços implícitos. O preço médio de compra e venda será utilizado

para valorar o rebanho. As estimativas aqui apresentadas foram feitas para o Brasil, mas para

o trabalho serão levantados efetivos e preços em nível municipal.

25 Estimativas de relação capital-produto próximas para o setor agropecuário são encontradas em ...(fazer a referencia)

5

O valor do estoque de capital em animais será o valor total do rebanho excluído o destinado

para abate.

Para ter uma dimensão destes valores fizemos as estimativas para o Brasil, destacando o

valor de bovinos, principal espécie da pecuária no Brasil.

1o. Foi determinado o valor do rebanho de todas as espécies, multiplicando o número de

efetivos x preço médio.

2o. Deste total, vamos extrair o valor dos bovinos destinados para corte e que não fazem parte

para do estoque de capital fixo. Nesta categoria foram incluídos:

-machos de menos de 1 ano.

-machos de 1 a 2 anos.

-bois e garrotes para corte.

Esta parcela será descontada do valor total dos animais que será a proxy do estoque em

animais.

A tabela a seguir mostra que os valores estimado nos anos censitários para o Brasil. Podemos

observar que nossas estimativas são muito próximas ao valor dos animais declarado no

campo de bens (exceto para 1985, em que o valor estimado representa 62% do valor

declarado). Em torno de 27% dos animais é destinado para abate.

Brasil – Valor dos animais – Mil Cr$ 1970 1975 1980 1985 A- Valor dos bovinos (estimado) 24.819.163 115.105.835 1.508.259.763 130.668.481B - Valor dos animais segundo declaração no "Valor dos Bens 25.993.187 126.719.538 1.809.929.876 263.522.906C-Valor bovinos estimado/ "valor dos bens" animais (A/B) 0,95 0,90 0,83 0,50 Gado corte (*) /total animais estimado 26 27 28 28 (*) Número de machos de menos de 1 ano, de 1 a 2 anos, garrotes para corte e bois Fonte: Censos Agropecuários, vários anos A discrepância em 1985 deve-se provavelmente as distorções entre preço médio de compra e

venda e preço utilizada na valoração dos bens

6

7

Apêndice III Estimativas municipais do imobilizado em construções, máquinas e outros da empresas

do Censo Comercial de 1975 nos estados sem os microdados.

As fitas do Censo Comercial de 1975 com os microdados das empresas dos estados

da Bahia, Minas Gerais, Espírito Santo, Rio de Janeiro, Paraná e Santa Catarina não estão

disponíveis nas bases de dados do IBGE em virtude de um acidente. Contudo, a base de

dados Sidra do IBGE contem dados em nível municipal do pessoal ocupado, salário,

despesa e receita dos estabelecimentos do Censos Comercial de 1975. Além disso, nas

publicações do Censo é possível obter o valor do imobilizado de cada categoria de ativo

para esses estados. Foi possível, portanto, suprir as informações faltantes por meio de

modelos econométricos estimados para cross-section municipais dos dados das empresas do

Censo Comercial de 1975 nos demais estados brasileiros. Para o valor total do imobilizado,

construção civil e máquinas e equipamento foram estimados as seguintes equações:

Log (Ativo Imobilizado) = a + b * Log (Pessoal Ocupado) + c * Log (Salário) + d * Log (Despesa ) + e * Log(Receita)

Os resultados da estimações são apresentados na tabela abaixo

TABELA I.1 BRASIL, ESTADOS SELECIONADOS: ESTIMATIVAS PARA OS MODELOS O VALOR MUNICIPAL

DO ATIVO IMOBILIZADO DAS EMPRESAS DO CENSO COMERCIAL DE 1975 Variável Dependente Modelo Intercepto

Pessoal Ocupado

Salário Total

Despesa Total

Receita Total R2

Imbolizado total (1) 0.75067 0.50715 0.07611 0.14197 0.27595 0.8408 Construção (2) -0.41148 0.95882 0.04379 0.03904 0.14290 0.6163 Máquinas (3) -1.26499 0.17888 0.17954 0.07004 0.53130 0.7896

Estes coeficientes foram simulados para os municípios dos estados para os quais as

informações de imobilizados não existem e, dessa foram, obteve-se estimativas do valor do

imobilizados total, em construção e em máquinas e equipamentos que foram normalizadas

pelos valores observados em nível estadual. A categoria outro foi obtida por resíduo.

8

Apêndice IV Ativo Imobilizado dos estabelecimentos em 1985.

Os Censos Econômicos da Indústria, Comércio e Serviços de 1985 pesquisaram o valor

total do imobilizado em nível de empresas. Das 189.864 empresas recenseadas nesses

Censos 15.101 possuíam estabelecimentos em mais de um município. A distribuição setorial

dessas empresas bem como de seus estabelecimentos encontram-se na Tabela II.1.

TABELA II.1

DISTRIBUIÇÃO SETORIAL DAS EMPRESAS QUE ATUAM EM MAIS DE UM MUNICÍPIO

Setores Empresas Estabelecimentos Indústria 5.425 32.225Comércio 7.612 43.950Serviço 1.977 10.529Outros 87 298Total 15.101 87.002

Na Tabela II.1, para as empresas que atuam nos setores Indústria, Comércio e Serviços,

consideramos que todos os seus estabelecimentos atuem nesses setores, embora eles possam

atuar em setores diversos. As empresas dos setores Transportes e Construção Civil foram

agrupados em outros.

Para os estabelecimentos produtivos, as informações disponíveis restringiram-se à

variáveis operacionais como receitas de vendas, emprego, salários e consumo de eletricidade.

Para as empresas com estabelecimentos localizados em mais de um município foi

necessário, portanto, estimar o valor do imobilizado em cada município pela estimação de

equações relacionando o valor do imobilizado com as variáveis operacionais da empresa e,

com base nessas estimações, o valor do imobilizado da empresa em nível municipal foi

simulado e normalizado em nível municipal Como o valor do imobilizado de cada emprese

não está desagregado para os setores de atividade Indústria, Comércio e Serviços, só foi

possível obter as estimativas do estoque de estoque de capital municipal para as atividades

urbanas (não-rurais) de forma agregada.

O modelo estimado em nível de empresas foi (1) Ij = f( Yj),

(2) Yj = ∑ Ykj

onde Ij = imobilizado da empresa j

Yj, o vetor de variáveis operacionais da empresa

Ykj, o vetor de variáveis operacionais para o estabelecimento k da empresa j

9

As variáveis operacionais disponíveis em nível dos estabelecimentos nos Censos da

Empresas em 1985 são: pessoal ocupado (P); despesas, excluindo energia elétrica (D);

consumo de energia elétrica (H); vendas (V). Para cada um dos setores, foi especificado um

modelo linear:

(1’) Ij = Ao + A1*Pj + A2*Dj + A3*Vj + A4*Hj

No caso do setor Outros (ou seja, transportes e construção civil ) o modelo estimado excluiu

a energia elétrica devido à alta incidência de não informantes (57,2% no caso da construção

e 99,7%, no caso dos transportes).

Os modelos estimados em nível de empresas foram simulados em nível de

estabelecimentos da seguinte forma:

(1’’) Îkj = Âo + Â1*Pkj + Â2*Dkj + Â3*Vkj + Â4*Hkj

Para cada empresa, essas estimativas foram agregadas em nível municipal e normalizadas

pelo somatório do valor estimado obtendo-se, dessa forma, um valor de rateio ou ponderação

para o valor total do imobilizado da empresa no município.

Apêndice IV – Número de municípios no Censos Demográficos e Agrícola e painéis de Áreas Mínimas Comparáveis por Unidades da Federação no período 1970 a 2000 ---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- States Censo Dem70 Censo Panel Panel Panel Panel Panel Panel Panel Panel Panel Panel Agr70 Dem80 1970 Censo Censo 1970 1980 Censo 1970 1980 1991 Censo 1970 1980 1991 1995 Agr75 Agr80 1980 Agr85 Dem91 1991 1991 Agr95 1995 1995 1995 Dem00 2000 2000 2000 2000 -------------------- ------- ------- ------- ------- ------- ------- ------- ------- ------- ------- ------- ------- ------- ------- ------- ------- RONDONIA 2 7 1 15 23 1 6 40 1 5 18 52 1 3 15 33 ACRE 7 12 6 12 12 6 12 22 4 8 8 22 4 8 8 22 AMAZONAS 44 44 44 59 62 27 27 62 27 27 62 62 27 27 62 62 RORAIMA 2 2 2 8 8 1 1 8 1 1 8 15 1 1 4 4 PARA 83 83 83 87 105 81 81 128 74 74 96 143 72 72 94 126 AMAPA 5 5 5 5 9 4 4 15 4 4 8 16 4 4 8 15 TOCANTINS - - - - 79 42 42 123 34 34 66 139 34 34 63 118 MARANHAO 130 130 130 132 136 129 129 136 129 129 136 217 113 113 118 118 PIAUI 114 114 114 115 118 114 114 148 105 105 109 221 80 80 84 121 CEARA 141 141 141 142 178 138 138 184 138 138 178 184 138 138 178 184 RIO GRANDE DO NORTE 150 150 150 151 152 147 147 152 147 147 152 166 147 147 152 152 PARAIBA 171 171 171 171 171 171 171 171 171 171 171 223 168 168 168 168 PERNAMBUCO 165 165 165 168 168 163 163 177 163 163 168 185 163 163 168 177 ALAGOAS 94 94 94 96 97 90 90 100 88 88 95 101 88 88 95 100 SERGIPE 74 74 74 74 74 74 74 75 74 74 74 75 74 74 74 75 BAHIA 336 336 336 336 415 327 327 415 327 327 415 415 327 327 415 415 MINAS GERAIS 722 722 722 722 723 722 722 756 721 721 722 853 720 720 721 755 ESPIRITO SANTO 53 53 53 58 67 53 53 71 53 53 67 77 52 52 66 70 RIO DE JANEIRO 64 64 64 64 70 64 64 81 64 64 70 91 62 62 68 79 SAO PAULO 571 571 571 572 572 571 571 625 567 567 568 645 567 567 568 625 PARANA 288 290 286 310 323 283 287 371 280 284 320 399 277 281 316 367 SANTA CATARINA 197 197 197 199 217 194 194 260 189 189 210 293 180 180 201 248 RIO GRANDE DO SUL 232 232 232 244 333 186 186 427 147 147 279 467 137 137 265 413 MATO GROSSO DO SUL 50 55 48 64 72 40 47 77 39 46 71 77 39 46 71 77 MATO GROSSO 34 55 32 58 95 27 45 117 23 38 80 126 23 38 77 113 GOIAS 221 223 221 244 211 164 165 232 164 165 211 242 160 161 207 228 DISTRITO FEDERAL 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 BRASIL 3951 3991 3943 4107 4491 3820 3861 4974 3735 3770 4363 5507 3659 3692 4267 4866 ---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- Fonte: Ipeadata baseado no Censos IBGE