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Agradeço a Deus, cujo amor transcende nossas barreiras,
dando-nos a força espiritual, para conquistar as nossas
vitórias.
Agradeço também a Gearlene Lameira, por toda ajuda e
paciência, no desenvolvimento deste livro.
Agradeço a todos, que de forma direta e indireta
contribuíram para a criação desta obra.
“Não cruze os braços diante de uma dificuldade, pois o
maior homem do mundo morreu de braços abertos!”
Bob Marley
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CAPÍTULO 1
27 de Março de 2012 – 3h 00min
Abrir os olhos e contemplar a lua cheia com o seu
magnífico esplendor, com certeza seria uma inspiração ideal
para qualquer poeta, uma dedicação profunda para um
coração apaixonado, ou quem sabe é somente um astro
refletindo a luz do sol, iluminando as trevas das noites, como
um presente de Deus. E ali debaixo daquela imensa bola
brilhante no céu, encontrava-se uma cidade cujo nome
carrega uma grande lembrança a qualquer cristão. Belém!
Capital do estado do Pará. Seria uma combinação perfeita.
Seria! Se não fosse por aquele mau cheiro insuportável, que
impregnava nas narinas de Adolfo Cândido.
Adolfo era um homem de 45 anos, magro de apenas
setenta quilos, um metro e oitenta de altura, pele morena e
pouco cabelo, pois sofria de um mal comum entre os
homens, a calvície! O doutor Cândido, como era conhecido
em seu escritório de advocacia, padecia de um
arrependimento profundo, ao lembrar calmamente, o
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verdadeiro motivo de estar ali, naquela dolorosa situação,
em plena madrugada.
O advogado não demorou muito para perceber que
se encontrava flutuando em um canal sujo, que mais parecia
um esgoto a céu aberto, onde se via vários objetos como:
pernas de cadeiras, ventiladores quebrados, sapatos velhos
e partes de brinquedos... Como se já não fosse o suficiente,
o doutor ainda tinha que dividir o espaço com um pequeno
gato morto, coberto por moscas varejeiras e intermináveis
sacolas plásticas, preenchidas com lixo doméstico.
Cândido não tinha filhos e também não era casado,
nem tão pouco havia de ter uma parceira a qual pudesse se
apaixonar e compartilhar a sua miserável vida, pois o
trabalho no escritório ocupava todo tempo livre. Contudo,
aquela ocupação lhe dava uma boa condição financeira,
condição esta, que não valeria de nada, já que acabara de
perceber que não lhe sobrava muito tempo de vida. Adolfo
não estava sentindo nenhum músculo de seu corpo, ao
contrário, sentia-se perdendo levemente toda a força que lhe
restava. E, aos poucos se via olhando em direção a lua, cuja
imagem suavemente se ofuscava, motivo pelo qual seus
olhos cobriam-se de lágrima, enquanto em sua cabeça,
ecoava apenas um choro pedindo perdão.
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Aquele homem magro desfalecia lentamente.
Enquanto isso, uma pequena mancha de sangue se
misturava com aquela água podre que escorria com
dificuldade em direção ao rio, iluminado pela magnífica luz
incidida do firmamento.
CAPÍTULO 2
De olhos fixos, e sem acreditar na linda imagem que
se postava em sua frente. José Antunes, sorridente, não
conseguia conter a sua emoção. Ali, a um metro de
distância, encontrava-se, Marília! Sua jovem e linda esposa,
estendendo as mãos para que a tocasse. Entretanto, um
som nada agradável ouvido de longe, foi aumentando de
intensidade.
- Tenente! Tenente! Tenente Antunes!
Era a voz do Cabo Garcia da Polícia Militar Paraense,
que acabava de acordar o seu superior de um doloroso
sonho, o qual se repetia todas as noites
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Antunes havia perdido a esposa há um ano,
proveniente de uma dengue hemorrágica. Desde então,
noite após noite a lembrança de sua amada invade os seus
sonhos, carregando com eles uma enorme esperança de
tela novamente. Contudo, a desilusão trás consigo uma
angústia esmagadora quando percebe que tudo não passa
de uma terrível quimera.
- O que houve? Disse o Tenente espantado, e com um
passageiro ódio no coração por ter acordado.
- Acabamos de receber uma ligação! Respondeu o Cabo.
- O que houve dessa vez?
- Parece que houve um homicídio Tenente! E foi aqui perto
de nós.
José Antunes de 42 anos levantou-se da cadeira,
colocando a vista seu um metro e oitenta e cinco de altura,
pele negra, cabelos grisalhos, com um corpo bem
musculoso, com exceção de sua barriga, um pouco
avantajada entregue aos repetidos copos de cerveja nos
finais de semana. Sairia de um pequeno trailer que
funcionava como posto policial, situado em uma área
extremamente hostil da capital paraense.
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Garcia continuava a falar...
- A denúncia foi anônima, mas o homicídio foi logo ali no
canal da fronteira.
O pequeno posto Policial se encontrava a apenas
trinta metros do tal Canal, situado na divisa entre três bairros
da cidade, havia também, o apoio de mais duas viaturas na
localidade que logo foram acionadas pelo Tenente.
José entrou no carro da policia com o cabo Garcia, e
em menos de um minuto, os três automóveis se
encontravam sobre a ponte que cortava o canal, localizada
em uma das Avenidas mais movimentadas de Belém.
Ao descer do automóvel, Antunes pediu a um dos
policiais presentes, acionarem a Emergência 192 e o Corpo
de Bombeiros. Pois, de onde estavam poderiam ver, um
corpo flutuando sobre as águas do canal.
- Deve ter sido acerto de contas - Comentou um dos
soldados.
- Era algum ladrão vagabundo - Acrescentou o Cabo Garcia.
- Cabo! Disse o Tenente! Com uma voz de trovão e um tom
agressivo, acabando com os comentários maldosos a
respeito da vítima. Contudo, era algo muito comum de se
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ouvir, inclusive da própria boca de José. Mas, seu coração
se sensibilizou com a morte, depois da dura e amarga perda
de sua esposa.
- Sim senhor!
- Desça até onde puder e averigúe a situação, e diga o que
encontrar de interessante.
Garcia de 29 anos, estatura baixa. Todavia, com um
corpo recheado de anabolizantes, estufava o peito fardado e
partia para cumprir a ordem. Pulou uma cerca de proteção
de apenas um metro, separando o canal da Avenida,
segurava firme em qualquer coisa que parecesse sólida,
enquanto deslizava nas paredes úmidas até a margem,
tentando se aproximar do homem que flutuava nas águas, e
ao mesmo tempo, o policial contorcia a face ao sentir aquela
podridão sufocante penetrando em suas narinas.
O Cabo não sabia distinguir de onde vinha aquele
odor desagradável, era uma mistura de tanta coisa que até
desistiu de procurar a origem daquilo, então voltou a fixar os
olhos no corpo, aparentemente, morto.
- Então! Já viu alguma coisa? Gritou o Tenente.
- Uma flor!
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Garcia se equilibrava na beirada do canal para não
cair naquela água imunda. Mas poderia ver claramente, uma
pequena flor jogada sobre o corpo da vítima. E não era
apenas isso...
- O que disse? Uma flor?
- Sim, Tenente. Uma flor lilás, e ainda esta bem viva. Deve
ter sido colocada recentemente.
O policial militar esticou seu braço até conseguir
alcançar o aparente cadáver, em seguida, puxou-o pelos
pés até a beira. Entretanto, arrastou junto com o corpo uma
coisa nada agradável, que se apresentava como motivo
daquela enorme podridão. Um gato que já se apresentava
em estado de putrefação.
A barriga do animal encontrava-se inchada e aberta,
no lugar de seus olhos viam-se apenas intermináveis larvas
de moscas. O odor foi tão repugnante que de imediato um
embrulho no estômago do PM foi dominado pela náusea, e
quase instantaneamente, repelia pela boca todo o
hambúrguer que havia comido, há uma hora antes da
ligação anônima.
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Uma gargalhada em uníssono ecoava de cima da
ponte, onde se encontrava os policiais, com exceção tenente
Antunes, sempre sério e atento durante o serviço.
Um dos soldados gritou:
- Se aplica tanta bomba e não aguenta nem um animal
morto?
As gargalhadas voltaram a se manifestar.
Garcia se recuperava do enjôo e voltou a puxar o
corpo. Tocou em seus pulsos para ver se ainda estaria vivo.
Mas, não encontrou nada. O homem deitado em sua frente
estava completamente morto. Virou-o de costa buscando no
bolso de traz, tentando achar algum documento de
identificação.
- Meu Deus! Disse o cabo, sem poder acreditar no que seus
olhos acabavam de presenciar...
CAPÍTULO 3
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Caindo de joelhos, sobre um chão de madeira velha e
úmida. Um homem branco com a cabeça raspada.
Mergulhava aos prantos, diante de uma pequena foto, que
segurava, carinhosamente, sobre suas mãos grossas.
Com os olhos vermelhos cheio de lágrimas. O homem
mal podia ver a imagem, que por sinal, já se encontrava
desgastada pelo tempo. Mas, não era preciso, ele sabia
exatamente cada detalhe do rosto fino, cabelos ondulados e
negros, lábios carnudos e olhos castanhos, formando um
lindo rosto feminino de beleza inigualável.
Não te-la por perto, era como se um aperto enorme
lhe tirasse o ar. Entretanto, os únicos motivos de ainda estar
vivo, eram as lembranças que carregava em suas memórias.
Lembranças estas, ocorridas há vinte anos.
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Sentada a beira de uma ponte, uma Jovem de 17
anos olhava fixamente em direção ao rio, tão imenso, que os
moradores da cidade o chamavam de rio-mar. Imensa