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Análise da relação entre estrutura social e educação, os processo de reprodução social e transmissão de conhecimentos à luz dos impactos das revoluções tecnológicas nos processos civilizatórios recortando-se o papel da escola.
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ESTRUTURA SOCIAL E EDUCAÇÃO: REPRODUÇÃO SOCIAL E TRANSMISSÃO DE
CONHECIMENTO – O IMPACTO DAS REVOLUÇÕES TECNOLÓGICAS NOS
PROCESSOS CIVILIZATÓRIOS: O PAPEL DA ESCOLA
Prof. Dr. Paulo Gomes Lima
Prof. Adjunto da Faculdade de Educação – FAED
Docente do Mestrado em Educação [PPGEdu/UFGD]
Universidade Federal da Grande Dourados – UFGD
Mato Grosso do Sul – MS - Brasil
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010 OBJETO DE ESTUDO DA
SOCIOLOGIA
Ação social
Conflito social
Cooperação
Estrutura social
Coerção social
Consenso
Difusão
Função social
Comunidade
Controle social
Divisão do trabalho
Grupo social
I. RELAÇÃO ENTRE ESTRUTURA, ESTRATIFICAÇÃO SOCIAL E
EDUCAÇÃO
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Educação diferenciada
Classes sociais diferenciadas por:
Meios de produção Força de trabalho
Estratificação social
Diferenciação de indivíduos e grupos em posições (status), estratos ou camadas, mais ou menos duradouros e hierarquicamente sobrepostos.
Estrutura social
sistema de relações de obrigação, isto é, por uma série de deveres e direitos (privilégios) recíprocos, aceites e praticados entre si.
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Estado Selvagem
Barbárie
Produção para subsistência
Meios de produção
Produção excedente
Divisão de tarefas
Organização do trabalho
Força de trabalho braçal
Força de trabalho intelectual
1. Relações de poder - hierarquia
2. A propriedade passa a ter dono
3. Muda-se o ideal da educação.
Civilização Estado
II. A DIVISÃO SOCIAL DO TRABALHO COMO EIXO DA ESTRUTURA
SOCIAL E EDUCACIONAL
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III. REPRODUÇÃO SOCIAL E TRANSMISSÃO DE CONHECIMENTOS
.
Logo a transmissão de conhecimentos passa a ser identificada como
núcleo da reprodução do sistema de privilégios (ancorado na reprodução das classes) e do sistema de relações de dominação
Educação e sistemas de ensino
não apenas a partir das suas funções de instituição de caráter
societal, formalmente encarregada da transmissão do conhecimento
Reprodução social
Impor legitimamente significações e de dissimular as relações de força existentes
= Recriação social
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3.1. O sentido da reprodução social e transmissão do
conhecimento na sociologia da educação
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3.1.1. Pierre Bourdieu/Jean-Claude Passeron
O foco das obras deBourdieu é a relação entreo sistema social e osistema de ensino. Paraele a origem social éum marco divisor daoferta de educação dequalidade: selecionandoas futuras elites sociais emarginalizando osindivíduos das classessociais menos favorecidas.
Bourdieu/Passeron destacam a violência simbólica como o meio da perpetuação da dominação ideológica de uma classe sobre a outra .
•Teoria do sistema de ensino enquanto violência simbólica:
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3.1.2. Louis Althusser - Teoria da Escola enquanto Aparelho
Ideológico do Estado (A . I.E.)
Para Althusser a escola tende a reproduzir a
ideologia de determinada sociedade de forma
visível ou não. É de forma visível quando os
valores sociais fazem parte do exercício pedagógico
e há uma orientação para a formação de um
determinado perfil de homem pelo cultivo de
saberes que são transmitidos no cotidiano,
validando estes valores. É de forma invisível,
quando a ideologia de determinada classe ou grupo
social é defendida como se representasse a
expressão da vontade de todos, mas na verdade
se constitui como interesses de poucos, mesmo que
não seja parte integrante do currículo – é a
ideologia não percebida, que se torna comum e por
isso se constitui em uma violência simbólica
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3.1.3. Baudelot & Establet - Teoria da Escola dualista
Evidencia o comprometimento da educação com os interesses
dominantes e dissemina entre os educadores o desânimo e 0
pessimismo.
contribui para a formação da força de trabalho e vinculação da ideologia
burguesa
reforça e legitima a marginalização, impedindo o desenvolvimento da
ideologia do proletariado
...é dividida em duas grandes redes, as quais correspondem a divisão da sociedade capitalista com suas duas
classes fundamentais: burguesia /proletariado.
A ESCOLA
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IV. O IMPACTO DAS REVOLUÇÕES TECNOLÓGICAS NOS PROCESSOS
CIVILIZATÓRIOS: O PAPEL DA ESCOLA
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4.1. Revolução tecnológica agrícola e a educação para
o processo civilizador
Agricultura e Pastoreio
Não há divisão social do trabalho,
mas pequena hierarquia entre a
liderança e sacerdotes
Sobrenatural
Cerâmica
Arado puxado a tração animal
Surgimento da fiação e da
tecelagem
Progresso na capacidade produtiva
Educação espontânea e integral
Organização por sexo e idade
Mesopotâmia e Egito (10.000 a.C.)
Índia (6000 a. C.)
China (5000 a. C.)
Europa (4500 a. C.)
África Tropical (3000 a. C.)
Américas (2500 a. C.)
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4.2. Revolução tecnológica urbana e a educação para
o processo civilizador
(Egito, Mesopotâmia:4.000 a.C; Índia:2.800 a. C; Palestina: 1.000 a.C; Atenas: 600 a.C; Rússia:1.000 a.C)
Aprimoramento da produtividade
a generalização do uso do arado e de veículos de roda
irrigação e de adubagem do solo
a arte da vidraria, a metalurgia do cobre e do bronze, os silos, a escrituração ideográfica, a numeração, o calendário e, por fim, a arquitetura monumental.
Escravismo – prisioneiros de guerra/ produção.
Surgem as classes sociais, diferenciando os produtores de trabalhadores braçais - ´propriedadeprivada...
criação de instituições extrafamiliaresreguladoras das atividades produtivas e de integração do artesanato com a agricultura em comunidades auto-suficientes
o surgimento de formas maiscomplexas de divisão social do trabalhoatravés da especialização artesanal edo comércio, tanto interno comoexterno, entre lavradores e pastores.
Surge o Estado – introdução da cobrança de tributos
Educação como dualista – Escola administradores/ executores...
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4.3. Revolução tecnológica de regadio e a educação
para o processo civilizador
Mesopotâmia, com os impérios Acádio (2350 a. C.) e Babilônico (1800 a. C.); no Egito, na Índia, na China, na
Indochina. Mais tarde, estruturam-se nas Américas com os maias (300 E.C.)
1.Agricultura de regadio, através de complexos sistemas de comportas e canais nas cidades
2. Desenvolvimento dos sistemas de engenharia hidráulica
3. A invenção dos azulejos, de novas técnicas e novos materiais de construção, de novos
procedimentos baseados na polia, na prensa
4. O desenvolvimento da escrita ideográfica e da notação numérica
As manufaturas instaladas no campo e
nas cidades se padronizaram e, em alguns
casos, se orientaram para a produção
mercantil.
O comércio, exigindo formas mais
elevadas de troca, ensejou o surgimento,
em certas áreas, da moeda metálica.
Estados teocráticos do regadio
Educação/ Escola: domínio das técnicas e legitimidade divina - elite
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4.3. Revolução tecnológica metalúrgica e a educação
para o processo civilizador
Civilização assíria (séculos XII a VII a. C.), a helênica (séculos V a I a. C.), a cartaginesa (séculos VII a II a.
C.), a romana (séculos I a.C. a IV de nossa era) e a bizantina (séculos VI a X de nossa era).
nova formação sócio-cultural: os impérios mercantis escravistas
Metalurgia, do ferro forjado para a
fabricação de ferramentas, armas,
machados, pontas de arado, rodas e
eixos e partes metálicas de
embarcações, e ainda da moeda
cunhada, dos carros de transporte e
de guerra, dos barcos mercantes e de
guerra.
Alfabeto fonético e numeração decimal
Máquinas hidráulicas, moinhos
movidos à água, o aqueduto, a nora, a
mó rotativa, cabrestantes, gruas, e
faróis marítimos.
Eco
no
mia
Merc
an
til
Institucionalização da propriedade individual da terra
Incentivo à liberdade de comércio e
pela mais ampla generalização do
apresamento de prisioneiros de guerra
para convertê-los em escravos
pertencentes a senhorios individuais.
A moeda cunhada, dando lugar à
economia do dinheiro, alargou os
horizontes do comércio externo.
Nas principais cidades de cada império
mercantil escravista multiplicam-se as
manufaturas organizadas, escravos
produziam artigos padronizados para o
comércio.
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o Império Romano
civilização grega
a expansão colonialista cartaginesa Produção de manufaturas
para o comércio exterior
Inicialmente o escravismo
cresce, depois arrefece por
conta dos novos arranjos
sócio-econômicos
A cidadania romana, antes
limitada aos descendentes
das antigas linhagens,
generaliza-se a toda a
camada não servil.
Os antigos escravos se
convertem em colonus –
do escravismo à servidão
O sistema econômico passa a atuar para manter e
reproduzir essa mesma composição social - feudal
A Igreja Católica converte-se paulatinamente na grande monopolizadora da vida econômica e
educacional, marcada pela estamentação social e no culto do conformismo, da disciplina e da
obediência.
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4.4. A revolução tecnológica pastoril e a educação
para o processo civilizador – impérios salvacionistas
Marcada pela aplicação da tecnologia do ferro à cavalaria de guerra
sela de montaria a ferradura os freios de ferro sob o comando de rédeas
alambiques novos modelos de moinhos eólicos e hidráulicos
Povos irânicos séculos (III a VII D. C.) - Irã e a Mesopotâmia e se estendeu até a Índia e China.
O islamismo se configura, assim, como um credo messiânico que põe mais empenho na
expansão do domínio de Alá sobre todos os povos e terras do mundo do que no esforço
missionário de converter almas para salvá-las da perdição.
Educação: capturavam crianças nas áreas conquistadas, selecionando-as inicialmente
pelo vigor físico, e as encaminhavam para casas-criatórios, onde um meticuloso sistema
de treinamento, de prêmios e de punições explorava as potencialidades de cada peça –
Escravismo/ servidão – controle da propriedade de terras, expansão do comércio...
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4.5. A revolução tecnológica mercantil e a educação
para o processo civilizador Duas novas formações sócio-culturais: os impérios mercantis salvacionistas e o
capitalismo mercantil.
Revolução Mercantil, fundada numa nova
tecnologia da navegação oceânica, baseada no
aperfeiçoamento dos instrumentos de orientação
(bússola magnética montada em balancins, o
quadrante, a balestilha, o astrolábio, cartas celestes
e portolanos, cronômetros e outros) e de navegação
(as naus e caravelas, a vela latina, o leme fixo, as
carretilhas e os barcos de guerra).
nova metalurgia - processos industriais de
fundição do ferro, de laminação do aço, de
trefilação de arames, de fusão de novas ligas
metálicas e de produção de artefatos com
tornos de rosca e mandril e com máquinas de
talandrar, afiar e polir metais.
Na renovação das artes de guerra com armas de
fogo aperfeiçoadas - canhões, morteiros,
espingardas - que em terra permitiram enfrentar a
mobilidade das cavalarias armadas de arcos e
lanças que haviam prevalecido no último milênio e,
no mar, criavam a artilharia naval.
Os impérios mercantis salvacionistas surgem na passagem do século XV ao XVI, na península Ibérica.
as formações capitalistas mercantis apelaram
também para o colonialismo escravista,
criando novas áreas de plantações tropicais.
a Igreja Católica, de um poder autônomo
ordenador das estruturas sociais e
legitimador da autoridade, reduz-se à
instituição auxiliar modeladora de
consciências individuais – monopólio da
educaçãoA educação é dualista, mas aos poucos afasta-se da
orientação religiosa.Revolução Científica - Iluminismo
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4.6. A revolução tecnológica industrial e a educação
para o processo civilizador surge no corpo das formações capitalistas mercantis pela acumulação de inventos
mecânicos que permitiriam multiplicar fantasticamente a produtividade do trabalho
humano.
As formações sócio-culturais geradas pela Revolução Industrial têm como classe
dirigente uma burguesia urbana.
Esta revolução alcança sucesso pela riqueza proveniente do saque colonial, da
exploração maciça do escravismo e da monetarização das economias.
aplicação de capitais em sistemas fabris de produção em massa, movidos por novas fontes de energia
Com a nova tecnologia tornara-se possível e vantajosa a conversão de toda mão-de-
obra, inclusive a escrava, em força de trabalho assalariado.
A Revolução Industrial, que se deu no Século XVIII na Inglaterra e na passagem do século XIX ao XX com o
surgimento e a generalização do uso de motores elétricos, fundados na energia hidráulica
Motores são aperfeiçoados, fontes de energias são descobertas – há orgaização dos
trabalhadores em fábricas e surgem os primeiros paises desenvolvidos tecnologia e
economicamente.
A educação passa a ser desenvolvida de acordo com o ideário da época...
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Três eixos irão orientar o processo civilizatório dessa revolução:
IMPERIALISMO INDUSTRIAL
EXPANSÃO SOCIALISTA
NEOCOLONIALISMO
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4.7. A revolução tecnológica termononuclear e as
“sociedades futuras na projeção de uma educação para
o processo civilizador
Implantação da tecnologia científica moderna de base termonuclear e eletrônica
A acumulação de desenvolvimentos no campo das ciências básicas e suas aplicações
tecnológicas na forma de armas termonucleares, de aviões a retropropulsão, de
baterias solares e, sobretudo, de dispositivos eletrônicos ultra-rápidos fundados na
tecnologia dos transistores, que permitiram produzir o radar e os novos computadores, os
reatores nucleares, a luz corrente, o radiotelescópio, os projéteis espaciais, e, ainda, os
complexos industriais automatizados.
Uma característica já visível das sociedades futuras será a superação da diferença entre
cidade e campo, pela industrialização das atividades agrícolas em curso e pela expansão
das cidades sobre as áreas adjacentes – FORMAÇÃO MAIS AVANÇADA DOS PROFISSIONAIS...
Tecnologia da informação – automação – novas formas de produção
A escola reforça as aspirações da sociedade capitalista...
Século XX e XXI
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V. Sobre o papel da escola:
Escola para o mercado ou para o mundo do trabalho ?
A escola deve ser agente da contínua transformação e reconstrução
social, colaboradora da constante reflexão e revisão social frente à
dinâmica e mobilidade de uma sociedade democrática: “o conceito
social de educação significa que, cuide a escola de interesses
vocacionais ou interesses especiais de qualquer sorte, ela não será
educativa se não utilizar esses interesses como meios para a
participação em todos os interesses da sociedade... Cultura ou
utilitarismo serão ideais educativos quando constituírem processo para
uma plena e generosa participação na vida social.” (Teixeira, 1930, p.
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