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ESTRUTURAÇÃO DE UM MÉTODO PRATICO DE PROJETO ORGANIZACIONAL Tiago Lima de Carvalho Projeto de Graduação apresentado ao Curso de Engenharia de Produção da Escola Politécnica, Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Engenheiro de Produção. Orientador: Vinícius Carvalho Cardoso, D.Sc. Rio de Janeiro Março de 2014

estruturação de um método pratico de projeto organizacional

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ESTRUTURAÇÃO DE UM MÉTODO PRATICO DE PROJETO ORGANIZACIONAL

Tiago Lima de Carvalho

Projeto de Graduação apresentado ao Curso de

Engenharia de Produção da Escola Politécnica,

Universidade Federal do Rio de Janeiro, como

parte dos requisitos necessários à obtenção do

título de Engenheiro de Produção.

Orientador: Vinícius Carvalho Cardoso, D.Sc.

Rio de Janeiro

Março de 2014

ESTRUTURAÇÃO DE UM MÉTODO PRÁTICO DE PROJETO ORGANIZACIONAL

Tiago Lima de Carvalho

PROJETO DE GRADUAÇÃO SUBMETIDO AO CORPO DOCENTE DO CURSO DE

ENGENHARIA DE PRODUÇÃO DA ESCOLA POLITÉCNICA DA UNIVERSIDADE

FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS REQUISITOS NECESSÁRIOS

PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE ENGENHEIRO DE PRODUÇÃO.

Examinado por:

_________________________________________

Vinícius Carvalho Cardoso, D.Sc. (Orientador)

_________________________________________

Adriano Proença, D.Sc.

_________________________________________

Felipe Allevato Bernardo, M. Sc.

RIO DE JANEIRO, RJ - BRASIL

MARÇO de 2014

i

Carvalho, Tiago Lima de

Estruturação de um método prático de projeto

organizacional/ Tiago Lima de Carvalho. / – Rio de Janeiro:

UFRJ/ Escola Politécnica, 2014.

V, 61 p.:Il, 29,7 cm.

Orientador: Vinícius Carvalho Cardoso, D. Sc.

Projeto de Graduação – UFRJ/ Escola Politécnica/ Curso

de Engenharia de Produção, 2014

Referências Bibliográficas: p. 59.

1. Projeto Organizacional. 2. Organograma. 3. Estrutura

organizacional

I. Carvalho, Tiago Lima de. II. Universidade Federal do Rio de

Janeiro, Escola Politécnica, Curso de Engenharia de

Produção. III. Engenheiro de Produção.

ii

Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/ UFRJ como parte

dos requisitos necessários para a obtenção do grau de Engenheiro de Produção.

ESTRUTURAÇÃO DE UM MÉTODO PRÁTICO DE PROJETO ORGANIZACIONAL

Tiago Lima de Carvalho

Março/ 2014

Orientador: Vinícius Carvalho Cardoso, D.Sc.

Curso: Engenharia de Produção

O objetivo deste trabalho é elaborar um método prático de execução de projetos

organizacionais.

Num primeiro momento, uma revisão da história das organizações é realizada, assim

como a conceituação de estruturas organizacionais e métodos de realização de projetos

organizacionais. Por fim, será estruturado o modelo e este será analisado quanto a seus

pontos críticos.

Palavras-chave: Projeto Organizacional, Estrutura organizacional, Organograma.

iii

Abstract of Undergraduate Project presented to POLI/UFRJ as a partial fulfillment of the

requirements for the degree of Industrial Engineer.

STRUCTURE OF A PRACTICAL METHOD OF ORGANIZATIONAL DESIGN

Tiago Lima de Carvalho

March/ 2014

Advisor: Vinícius Carvalho Cardoso, D.Sc.

Course: Industrial Engineering

The objective of this work is to develop a practical method of execution of organizational

projects.

At first, a review of the history of organizations is provided as well as the

conceptualization of organizational structures and methods of conducting organizational

projects. Finally, the model will be structured and this will be analyzed for their critical

points.

Keywords: Organizational design, Star model, Organizational Structure, Structure chart.

iv

“Aprenda como se você fosse viver para sempre.

Viva como se você fosse morrer amanhã.”

Mahatma Gandhi

v

Sumário 1. Introdução ............................................................................................................................. 1

1.1. Objeto ............................................................................................................................ 1

1.2. Objetivo ......................................................................................................................... 2

1.3. Metodologia .................................................................................................................. 3

2. Referencial teórico ................................................................................................................ 5

2.1. Teoria das organizações .................................................................................................... 5

2.2. Estruturação de Organizações ........................................................................................ 10

2.2.1. Definindo Estruturas Organizacionais ......................................................................... 10

2.2.2. Agrupamento e Organização do Trabalho .................................................................. 11

2.2.3. Tipos de Estruturas ...................................................................................................... 19

2.2.3.1. Organização Funcional ............................................................................................ 21

2.2.3.2. Organização por Produto ........................................................................................ 22

2.2.3.3. Organização Territorial ........................................................................................ 24

2.2.3.4. Organização por Cliente .......................................................................................... 24

2.2.3.5. Organização por Projeto ......................................................................................... 25

2.2.4. Novos Conceitos de Organizações .............................................................................. 28

2.3. Projetos Organizacionais ................................................................................................. 30

2.3.1. Definindo Projetos Organizacionais ............................................................................ 30

2.3.2. Modelo Estrela ............................................................................................................ 33

3. Desenvolvimento da Metodologia ...................................................................................... 37

3.1 Diagnóstico ...................................................................................................................... 39

3.2 Processos ......................................................................................................................... 42

3.3 Estrutura .......................................................................................................................... 43

3.4 Pessoas ............................................................................................................................ 50

3.5 Alocações ........................................................................................................................ 52

3.6 Implantação ..................................................................................................................... 55

4. Conclusão ............................................................................................................................ 57

5. Referências Bibliográficas ................................................................................................... 59

vi

1

1. Introdução

Ao final do curso de Engenharia de Produção e após ter vivenciado práticas em

ambiente de consultoria, decidi estudar mais profundamente sobre um tema que causa

dores em muitas empresas do mercado e que ao mesmo tempo raramente é trabalhado,

devido à dificuldade.

Aliado a esta necessidade do mercado, senti, durante os cinco anos que vivenciei

na faculdade, deste assunto ter sido realmente abordado. Mais à frente veremos que

seus principais conceitos foram tratados de forma separada e não houve uma matéria

responsável por passar uma visão sistêmica, com isto, busquei estudar este gap de

conhecimento do curso neste trabalho.

1.1. Objeto

Este projeto irá exprimir um método de execução de projetos organizacionais,

estabelecendo conexões com modelos clássicos da literatura.

Neste trabalho irei buscar uma conceituação fatores que antecedem a formação de

projetos organizacionais e pretendo envolver, em um único estudo, diversos campos da

Engenharia de Produção.

A figura 1 representa as áreas de engenharia com os seus pontos de interseção

e integração.

2

Figura 1 – Áreas de Engenharia de produção - integradas

Esta integração irá possibilitar o uso das diversas ferramentas apresentadas ao

longo do curso para uma finalidade específica de formação de organizações.

Ao final deste trabalho o método gerado será analisado quanto aos seus diferenciais

estabelecidos

1.2. Objetivo

Este projeto tem como seu principal objetivo exprimir um método prático de

execução de projetos organizacionais. Para isto, o autor irá trazer à tona a discussão de

estruturação de organizações e a formação do trabalho na mesma. Ao final o método

será apresentado em um formato de passo a passo para guiar o trabalho nas

organizações.

Este passo a passo para Projetos Organizacionais estará apoiado em ferramentas

de negócios, pois estas ferramentas irão possibilitar que a metodologia de projeto possa

ser tornada tangível e aplicável nos mais diversos modelos de negócio.

O trabalho em questão possui o intuito de responder algumas perguntas feitas pelo

autor.

Com isto, buscarei responder as seguintes perguntas:

Como é formada a estrutura organizacional de uma empresa?

Projetos Organizacionais

Estratégia de

Operações

Psicologia e Sociologia Industrial

Planejamento

Estratégico

Engenharia de

Processos de Negócio

Organização e Avaliação do Trabalho

Gestão de Recursos Humanos

Planejamento Industrial

3

Como identificar a necessidade de um projeto organizacional?

O que avaliar ao planejar um projeto organizacional?

Como executar um projeto organizacional?

Esta visão prática de como realizar projetos organizacionais será embasada em

como identificar pontos de melhoria, propor uma nova estrutura e implantar esta

estrutura de forma ágil.

Ao final do trabalho será realizada uma análise dos principais pontos

estabelecidos por este método, identificando os diferenciais e o que não foi abordado.

1.3. Metodologia

A fim de estabelecer uma contextualização profunda do tema, andarei por uma linha

do tempo que irá desde os primeiros conceitos de organização até o estabelecimento

de um método de projeto organizacional.

Para estabelecer esta linha do tempo, foram estabelecidos 3 ciclos de pesquisa e

contextualização bibliográfica que foram nomeadas de: Teoria das organizações,

Estruturas organizacionais e Projetos Organizacionais.

O primeiro ciclo será composto pela definição de formação de grupo, os primeiros

processos produtivos e como começaram a surgir organizações em que seus

trabalhadores possuíssem funções claras e definidas. Neste ponto, o foco será entender

brevemente como a cultura de uma empresa é formada e o porquê de serem chamadas

de organismos vivos.

Ao final desta etapa, será atingido o objetivo de possuirmos uma definição clara de

organização e como começaram a ser estruturadas.

Ao entrarmos no segundo ciclo de pesquisa, será definido a forma com que as

empresas montam suas estruturas organizacionais e quais fatores são levados em

consideração. Com isto serão apresentados os modelos de estrutura que encontramos

atualmente e as tendências para o futuro.

O objetivo deste ciclo será apresentar o porquê de existirem organizações com tais

estruturas e os prós e contras. Com isto será estabelecida uma ligação entre estruturas

organizacionais e alterações no ambiente mundial.

4

Ao final desta etapa, será atingido o objetivo de apresentar estruturas

organizacionais e conectá-las com fatores que podem influenciar sua aderência ao

negócio.

No terceiro e último ciclo, será apresentado o que são projetos organizacionais e

como são concebidos. Com isto, serão levantados os pontos que normalmente motivam

alterações nas estruturas organizacionais, que aspectos devem ser observados

internamente e como são feitos os projetos de readequação.

O objetivo deste ciclo é linkar os pontos falados anteriormente com um método de

executar projeto organizacional.

Ao final desta etapa, teremos uma visão dos pontos que devem ser abordados ao

analisar uma estrutura organizacional e como a teoria define a execução de um projeto

de readequação e de estruturação de uma empresa.

Após toda a conceituação teórica será estabelecida a criação do método

propriamente dito, sendo aliado anteriormente a uma definição das premissas do

trabalho. Este método será um caminho a ser percorrido em etapas para o

desenvolvimento do projeto organizacional, e que neste caminho ferramentas de

suporte serão apresentadas como formas de apoiar a execução do projeto.

O objetivo final desta etapa de trabalho é gerar um método de projeto organizacional

prático, baseado nos conceitos estudados.

Por último será estruturada uma conclusão sobre particularidades do método

elaborado e o que pode ser concluído com este trabalho.

5

2. Referencial teórico

2.1. Teoria das organizações

De acordo com CARSON et al.[1]

“Organizar é o processo de determinar e estabelecer uma

estrutura ou sistema de autoridade e relação de atividade entre os

recursos que estão sendo usados para atender aos objetivos da

empresa. O resultado final é uma organização, um sistema dos

recursos de humanos e não-humanos limitados capazes de

produzir bens e serviços.”

Quando CARSON et al.[1] define a organização do trabalho ligada a um objetivo

finalístico, traz à tona discussões sobre o real objeto de uma organização. Segundo o

mesmo, as organizações são sustentadas por 5 principais pontos:

1. As pessoas que se utilizam de seu esforço físico para performar;

2. As funções e posições que estas pessoas ocupam;

3. As autoridades e responsabilidades que exercem;

4. As redes formais e informais de relacionamentos;

5. Os mecanismos que operam e coordenam as atividades dentro da organização;

Estes 5 pontos delimitam como a estrutura cultural de uma organização é formada

e o que precisa ser considerado, independente de como é estruturado o organograma

da mesma.

Segundo MINTZBERG [2], as organizações possuem sua estrutura de trabalho

definida simplesmente como a soma das maneiras como o trabalho é dividido e como

este trabalho é coordenado. Esta divisão simples deixa claro que o importante para as

organizações é focar no resultado, criando uma divisão lógica de trabalho que favoreça

a atividade fim e que a hierarquia permita a melhor coordenação para esta execução.

Considerando o importante ponto de organização do trabalho e da participação dos

colaboradores no resultado das organizações, VOICH e WREN [3] definem que

6

“Para contribuir com o seu melhor, cada funcionário

precisa saber o que ele deve fazer, quem é seu superior, e qual

seu relacionamento com outros empregados e outras partes da

organização. Uma variedade de máquinas, matérias-primas, e os

e os homens não faz uma organização.”

Com isto, podemos complementar os conceitos anteriormente citados afirmando que

uma organização não pode ser estruturada apenas com insumos, máquinas e homens

pois o processo de gerar um produto final depende de como estas 3 partes interagem

entre si e com isto é necessária uma organização do trabalho.

Contudo, voltando aos conceitos básicos da teoria da administração chegamos até

Henri Fayol, em 1910, que como uma forma de complementar a visão estabelecida por

Taylor estruturou os 14 princípios básicos da administração. [4]

Fayol utilizou uma diferente forma de estruturar o trabalho nas indústrias,

apresentando um ponto de vista similar à de um diretor ou gerente. Destacando a

estrutura dos 14 pontos de Fayol teremos:

1. Divisão do Trabalho – o trabalho será executado de forma mais eficiente

e produtiva se os trabalhadores forem divididos entre as etapas que

devem trabalhar. Neste ponto os trabalhadores serão responsáveis cada

um por uma parte do processo, favorecendo o trabalho repetitivo e

específico.

2. Autoridade e Responsabilidade – os gerentes precisam ter autoridade

para realizar suas responsabilidades gerenciais, que serão compatíveis

com as responsabilidades para que as tarefas sejam cumpridas. A

empresa deve também se resguardar contra o abuso de poder por parte

de seus gestores.

3. Disciplina – com bons gestores ao longo de toda a organização, a

mesma precisa de um pacote de regras bem definidas para serem

executadas.

4. Unidade de Comando – Este princípio sugere que todo funcionário

receba ordem de somente um chefe, evitando conflitos internos.

5. Unidade de Direção – Este princípio sugere que para um único grupo

com o mesmo objetivo, deve existir somente um planejamento e um chefe

para executar este plano.

7

6. Subordinação dos interesses individuais – os objetivos e metas da

organização devem estar acima dos objetivos de um único colaborador

ou de um grupo de colaboradores, evidenciando assim o sacrifício das

necessidades individuais em prol da organização.

7. Remuneração – os colaboradores tenham uma compensação justa por

seu trabalho e que esta compensação seja motivacional o bastante para

os manter trabalhando.

8. Centralização – as organizações devem manter um equilíbrio entre

centralização e descentralização, pois a perda deste para um dos lados,

causará a perda de efetividade da organização

9. Linha de Comando - a comunicação da organização seja basicamente

vertical. Este princípio surge como uma forma de controlar formalmente

a organização.

10. Ordem – as empresas devem ser organizadas o bastante para que nunca

perderem materiais ou informações.

11. Equidade – Este princípio sugere justiça dentro da organização, onde

seus funcionários sejam sempre tratados igualitariamente. Este ponto é

muito importante para aqueles que lideram pessoas.

12. Estabilidade dos funcionários – Este princípio sugere que o turnover

de colaboradores seja limitado, pois o investimento no funcionário é algo

caro e que exige tempo da organização.

13. Iniciativa – Este princípio sugere que as organizações tenham gestores

com habilidade de gerar novas ideias e de implementar estas ideias.

14. Espírito de equipe – Este princípio sugere que haja espírito de equipe

entre os colaboradores e que os mesmos atuem como um grupo.

Nos princípios estabelecidos por Fayol, em 1910, [4] destaca-se alguns pontos

inerentes à época em que foram concebidos, pois como primeiro fator existe a

necessidade de “controlar “os empregados e não os tratar como parceiros. Este fator

faz com que o enfoque seja a forma como os funcionários são controlados e não a

gestão administrativa. Outro ponto é que os fatores externos à organização são

ignorados o que faz com que a obtenção de um melhor desempenho esteja relacionado

ao controle dos funcionários.

A importância dos fatores externos no contexto das empresas foi explicitado por

HAYES [5] que diz que empresas não dependem exclusivamente de como são formadas

8

entre si, elas dependem também do meio que estão envolvidas. Com isto a chamada

“nova ordem mundial” foi delineada por pontos específicos como:

1. Globalização

2. Tecnologia avançada

3. Parcerias de Rede

Estes 3 pontos foram importantes para o desenvolvimento das indústrias nos

dias atuais, e que podem ser considerados para as empresas como um todo, já que

levam em consideração aspectos estratégicos para as organizações e que influenciam

diretamente nos modelos em que são formadas.

Com esta revolução na indústria e a necessidade das organizações mais velozes

e eficazes, a forma com que as decisões são tomadas precisaram se alterar de alguma

forma.

HUBER [6] indicava que

“A globalização fez com que as tomadas de decisão

fossem mais velozes e que necessitassem de uma análise de um

número maior de variáveis e uma maior complexidade entre a

relação destas variáveis.”

A partir destas mudanças na indústria RODRIGUES [4] analisa os princípios de

Fayol segundo a perspectiva do mercado atual. Esta análise se diferencia da anterior

principalmente pelo fato de que hoje o sistema gira em torno do colaborador e não do

gerente, pois hoje estes colaboradores são reconhecidos como os reais motores que

movimentam a máquina.

Os conceitos mais antigos estão voltados para o controle dos funcionários, e hoje

estes funcionários são considerados parte fundamental do processo e que não são

motivados somente por recompensas financeiras. Com isto, surge um processo de

desenvolvimento do “sentimento de dono” por parte dos funcionários, pois estes são

responsabilizados por suas ações e a empresa como um todo motiva e valoriza as

melhores performances.

Com a valorização da capacidade de criação e inovação por parte dos

colaboradores, a forma de organização do conhecimento dento das empresas mudou.

Anteriormente era exigido um conhecimento setorizado, onde os funcionários atuariam

9

como especialistas nos assuntos que estão diretamente ligados porém com o atual

dinamismo os funcionários devem atuar de uma forma mais generalista, conhecendo

sobre diversas áreas da organização e buscando a melhor forma de integrar estas

atividades.

Nesta nova realidade, GALBRAITH [7] cita a importância das empresas

buscarem o alinhamento de estratégia, processos e toda a estratégia de diversificação

exigida pelo mercado.

Em 1999, ACKOFF [8] definiu que organizações podem ter os mais diversos

fundamentos e formas de funcionamento, mas no fim todas desejam 3 pontos bem

estabelecidos: ideais, objetivos e metas.

Ideais são pontos inalcançáveis, mas que devem sempre ser perseguidos por

uma empresa e seus colaboradores. Estes ideais devem ser partilhados por todos,

permitindo um senso de equipe com os mesmos propósitos e que são motivados por

algo além do que apenas realizar o próprio trabalho.

Objetivos são considerados as metas a serem atingidas a longo prazo, onde o

trabalho da organização para atingir os objetivos é um caminho composto por diversos

goals. Estes que são os alcançáveis de curto prazo e devem ser perseguidos pela

organização para permitir que seus objetivos sejam cumpridos.

Este foco em inovação e dinamismo dos funcionários impactam diretamente nas

estruturas organizacionais, que devem acompanhar as mudanças exigidas pelo

mercado.

Com isto, será iniciado o próximo ciclo de pesquisa a fim de linkarmos o conceito

das organizações antigas e as novas com as principais estruturas organizacionais

discutidas atualmente.

10

2.2. Estruturação de Organizações

2.2.1. Definindo Estruturas Organizacionais

Seguindo os conceitos relativos a organização do trabalho estabelecidos

anteriormente, chegaremos a definição de estrutura organizacional estabelecida por

MINTZBERG [2] que diz:

“(...) a estrutura de uma organização pode ser definida

simplesmente como a soma total das maneiras pelas quais o

trabalho é dividido em tarefas distintas e, depois, como a

coordenação é realizada entre estas tarefas.” MINTZBERG [2]

Contudo, já em 1972, CARSON et al.[1] explicitava que a estrutura de uma

organização, em seu funcionamento normal, será o resultado do seu crescimento, uma

vez que, a responsabilidade de seus gestores, internamente, será pequena no começo

e à medida que o quadro de funcionários for ampliado, esta aumenta em seguida.

A partir da análise minuciosa das organizações com o revés de seus processos

e responsabilidades, conclui-se que é a forma de interatividade dos colaboradores que

proporciona a visibilidade dos resultados operacionais.

GALBRAITH [7] vai um pouco além do papel da organização do trabalho como

determinante das estruturas organizacionais, e deduz que as estruturas devem ser

planejadas para, em um futuro previsível, fornecer possível vantagem competitiva na

facilitação do atingimento de objetivos.

E posteriormente afirma que o fracasso ou sucesso de uma empresa é

fortemente influenciado pela definição de sua estrutura organizacional, pois ela é

responsável por suportar o alcance dos objetivos previamente traçados pela companhia

[9].

Sendo assim, chega-se a um ponto de identificação do caráter estratégico do fit

entre a estrutura organizacional e as ambições futuras da empresa, pois esta estrutura

pode ser o principal impulso para atingir seus objetivos ou seu principal entrave.

Contudo, segundo CAMPBELL e GOOLD [10] podemos observar que raramente

organizações definem suas estruturas de forma sistemática e metódica, e sim em uma

11

simples implementação de um modelo já estabelecido no mercado e a uma posterior

adequação deste modelo.

Este fato pode ser considerado similar ao encaixe de peças de tamanhos

diferentes, pois propicia o estabelecimento de estruturas robustas demais para

pequenas empresas ou estruturas simples demais para grandes empresas. [10]

Conclui-se que as estruturas organizacionais são o resultado das

diversas formas de organização do trabalho com a sua coordenação e interação nas

diferentes fases da produção de bens e serviços. Estas estruturas precisam ser

planejadas de forma sistêmica com a adequação e sofisticação necessária,

considerando os fatores externos, demandados pelo mercado, a fim de que a estratégia

delineada possa ser seguida e os resultados obtidos, conforme o planejado.

2.2.2. Agrupamento e Organização do Trabalho

Segundo MINTZBERG[2], Nota-se que falar em estruturas organizacionais

é pensar-diretamente em dois conceitos: divisão do trabalho e forma de

coordenação do trabalho nas organizações.

Entrando mais a fundo nos conceitos estabelecidos ele, é possível obter

um maior entendimento de como as relações internas são realizadas.

O sistema de coordenação do trabalho foi minuciosamente estruturado por

MINTZBERG [2], a partir dos cinco mecanismos básicos de coordenação, que

nortearão as estruturas organizacionais.

Estes cinco mecanismos são assim descritos:

1. Ajustamento Mútuo – Este mecanismo é fundamentado em uma

coordenação do trabalho de forma mais informal, onde o controle

do trabalho se encontra nas mãos dos seus executores.

Este modelo pode ser executado em organizações extremamente

simples, por não exigir um sistema muito complexo de coordenação,

ou em organizações muito complexas, por permitir uma ampla

divisão do trabalho. A figura abaixo ilustra o funcionamento do

mecanismo onde as setas representam a relação existente:

12

Figura 2 - Ajustamento Mútuo [2]

2. Supervisão Direta – Este mecanismo é estruturado de forma que

a organização em questão passou a possuir uma estrutura mais

robusta e que sejam necessários supervisores para controlar e

organizar o trabalho.

Este supervisor é o grande responsável por ditar o ritmo de trabalho

do time que esteja logo abaixo dele, auxiliando assim no controle

dos resultados que é obtido por diversas mãos.

Na figura abaixo é possível identificar que os operadores se

reportam diretamente ao seu supervisor direto.

Figura 3 – Supervisão Direta – [2]

3. Padronização das habilidades dos trabalhadores – Este

mecanismo é estruturado através da padronização dos tipos de

treinamento importantes para a execução do trabalho especificado.

Este fator atinge indiretamente a padronização de processos e

resultados, pois com os executores habilitados as atividades podem

ser realizadas de forma eficiente.

13

4. Padronização de Processos – Este mecanismo traça a diretriz de

que o trabalho deve ser especificado e programado para ser

executado.

5. Padronização de dos resultados - Este mecanismo traça a diretriz

de padronização dos resultados do processo. Estes padrões são

relacionados as mais diversas especificações dos produtos, como

dimensões ou desempenho.

A figura abaixo representa as 3 formas de padronização, cada uma atuando

em uma etapa diferente.

Figura 4 – Padronização [2]

Observa-se também que estes modelos de coordenação podem ser

encontrados misturados uns aos outros, pois as organizações podem utilizar de

híbridos para terem seus resultados potencializados.

A partir do sistema de coordenação do trabalho, chegamos até a definição

de 5 partes básicas da organização que são a forma de compor a estrutura

organizacional cobrindo todas as possíveis exigências de serviços.

Estas cinco partes básicas da organização definidas, por MINTZBERG [2]

conforme mostra a figura 5, são: Cúpula estratégica, Linha intermediária,

Núcleo operacional, tecnoestrutura e assessoria de apoio.

14

Figura 5 – Cinco Partes Básicas da Organização [2]

Seguindo o eixo principal com um olhar top down, começaremos pela

cúpula estratégica, desceremos as análises até a parte operacional e por último

as unidades de suporte a esta linha central. Cada uma destas partes possui

uma força específica para a organização, que podem ser identificadas abaixo:

Cúpula Estratégica – Esta parte é responsável especificamente por fazer

com que a missão da organização seja cumprida e que a necessidade dos que

tem poder sobre ela possam ser supridas. Nesta cúpula são 3 funções

fundamentais para a gestão, que são o desenvolvimento das estratégias,

supervisão direta dos trabalhos executados e todas as obrigações de atividades

que não são especificadas na organização, como a realização de negócios.

Este núcleo possui a força de centralização, permitindo o controle sobre a

tomada de decisão da organização

Linha Intermediária – Esta linha é composta pelos gerentes que são

responsáveis formalmente por conectar as diretrizes estabelecidas pela cúpula

estratégica com a execução das atividades pela linha operacional. Esta linha

intermediária nem sempre precisa existir nas empresas pois esta linha surge

com o conceito de que os principais gestores possuem uma amplitude de

controle definida. Esta amplitude de controle que limita se é necessário existir

15

uma camada de gestores intermediários para facilitar o acesso direto a zona de

operação.

Este núcleo possui a força de fragmentar o poder na linha vertical, pois tem

a capacidade de concentrar certo poder de comando da cúpula estratégica e

capacidade operacional das linhas.

Núcleo Operacional – Este núcleo é onde ficam alocados os operadores

responsáveis pela fabricação dos produtos ou prestação dos serviços

desempenhados pela organização. As principais atividades deste núcleo são de

transformar os inputs recebidos em outputs a serem comercializados. Estes são

os principais envolvidos na operação de fato, consequentemente os executores

do core business.

A força do núcleo operacional reflete em um possível resultado horizontal,

pois este núcleo busca uma forma da administração influenciar pouco no seu

trabalho. Esta força é uma força para profissionalizar o trabalho nas linhas de

operação.

Tecnoestrutura – Este núcleo é responsável por garantir certa

padronização da organização. Esta padronização ocorre nas 3 esferas que

foram descritas anteriormente, sendo a padronização de outputs de produção,

habilidades dos funcionários e de processos de negócio.

Assessoria de apoio – Este núcleo é o agrupamento das unidades que

não estão diretamente conectadas com o trabalho operacional da organização,

não estando ligadas ao core business. Nestes núcleos são desenvolvidas as

atividades de suporte ao negócio.

Com estas 5 partes as organizações conseguem planejar a divisão do

trabalho de forma mais macro, pois alguns conceitos de relacionamentos e

comunicação precisam ser desenvolvidos posteriormente.

Com estes macros, MINTZBERG [2] exemplifica a organização de uma

indústria de manufatura e seu organograma por partes.

16

A figura 6 exemplifica a estrutura organizacional de uma indústria de

manufatura com as cinco partes básicas assinaladas.

Figura 6 – Exemplo de Estrutura Organizacional de uma Indústria [2]

Estes núcleos que foram descritos possuem direcionamento para forças

específicas, contudo estas forças são distribuídas em um formato de pentágono

com a estrutura representada na figura 7.

17

Figura 7- Esquema de forças - [2]

A partir destes direcionamentos as vantagens competitivas perseguidas

pela organização começam a possuir uma ligação direta com sua estrutura, e

são descritos na figura abaixo:

Figura 8 – Fatores de atração - [2]

A partir destas estruturas e forças ligadas a elas, MINTZBERG [2] define 5

possíveis configurações estruturais, que são chamadas de Estrutura simples,

Burocracia Mecanizada, Burocracia Profissional, Divisionada e Adhocracia.

Estas 5 configurações são embasadas nas 5 forças e o que for julgado como

interesse pessoal da organização.

18

Estruturas simples – Ocorre quando a força para a direção domina a

organização e a cúpula estratégica é a maior responsável por “fazer acontecer”,

com isto ocorre uma centralização natural tanto vertical quanto horizontal. Esta

estrutura favorece um controle maior sobre a execução do trabalho na mesma.

Este modelo pode ser visualizado em pequenas empresas comandadas

pelo dono ou startups, que precisam de um gestor mais ativo e que entenda

todos os passos do negócio.

Burocracia Mecanizada – Esta configuração surge quando a força para a

eficiência se torna primordial e a parte de Tecnoestrutura assume a frente pelo

trabalho. Esta estrutura favorece uma estrutura horizontal limitada, onde a

padronização comanda e a divisão do trabalho é um resultado.

A visualização deste modelo é possível em organizações de porte médio e

com certa maturidade, onde as funções de gestão e de pessoal estejam

totalmente desenvolvidas.

Burocracia Profissional – Esta configuração surge quando a proficiência

é a força dominante e o núcleo operacional é considerado a parte chave da

organização. Esta estrutura favorece a descentralização vertical e horizontal,

onde as habilidades dos empregados são padronizadas.

Neste modelo os profissionais trabalham livres dos seus parceiros de

trabalho e a organização surge como uma facilitadora do aperfeiçoamento de

habilidades e conhecimentos já existentes.

Forma Divisionada – Esta configuração surge quando a força de

concentração, especialmente em produtos e mercados é maior do que outras e

nesta a Linha intermediária pode ser considerada a parte chave da organização.

Este modelo ocorre normalmente em grandes organizações, onde a

competição com o mercado é muito acirrada e a padronização dos outputs é um

diferencial. Neste modelo teremos uma descentralização vertical limitada.

Adhocracia – Esta configuração surge aliada a uma necessidade de

inovação, onde as áreas de apoio são responsáveis pela realização de um

ajustamento mútuo e uma certa descentralização.

Esta configuração é utilizada por empresas que precisam trabalhar com

equipes multidisciplinares compostas por especialistas qualificados unindo

forças para obter um produto final.

19

A figura 9 apresenta as diferentes configurações que foram definidas e

ajustadas de acordo com as forças em que estão apoiadas, completando o

pentágono descrito anteriormente.

Figura 9 – Sistema de forças - [2]

A partir da caracterização efetuada por MINTZBERG [2] serão estudadas

as estruturas organizacionais que são encontradas frequentemente nas

organizações e algumas discussões que acontecem na atualidade.

2.2.3. Tipos de Estruturas

Segundo MAXIMIANO [11] a estrutura de coordenação do trabalho é a

criação de divisões, departamentos e seções que vão nortear o trabalho a ser

desempenhado na organização.

As estruturas traduzem diversos conceitos de uma organização, traduzindo

seu desenho estratégico e cultural. Como este desenho estrutura a forma com

que a coordenação do trabalho irá ser efetuada na organização, teremos pontos

como descentralização ou centralização abordados pela alta gerência nos mais

diferentes aspectos.

Cooperation

Competition

ProficiencyEfficiency

Direction

InnovationConcentration

ProfessionalMachine

Simple

Ideological

Political

Divisionalized Adhocracy

A system of forces and forms in organizations

Mecanizada

Eficiência

Direção

Simples

Cooperação

Concentração Inovação

Divisionada

ProficiênciaProfissional

Competição

Politica

Ideologia

20

Para VASCONCELLOS [12] a estrutura de uma organização é resultante

de uma distribuição dos níveis de autoridade desde as atividades operacionais

até a alta liderança. Para ele, a comunicação entre todos alocados nesta

estrutura deve ser prevista pelo modelo e é considerada ponto principal da

coordenação das atividades, pois irá permitir a execução do processo de

autoridade entre líderes e funcionários.

Ressalta-se que as estruturas organizacionais são dinâmicas dentro da

organização e deveriam ser adaptadas com certa frequência, contudo nem

todas as empresas seguem a lógica de rever o desenho de sua organização

assim que alterações significativas são feitas no escopo de trabalho.

Cabe falar, também, que nas organizações surgem dois tipos de estruturas,

formais e informais. Na denominada formal, a estrutura é planejada e

organizada para a execução das atividades, onde normalmente a comunicação

é vertical e a organização precisa exercer um certo controle.

As estruturas informais são as redes sociais formadas dentro das

organizações, que de certa forma não são planejadas pela mesma. Estas redes

de comunicação são estruturadas pelo relacionamento dos funcionários e são

consideradas instáveis, pois são baseadas em pessoas e a organização fica

sem controle sobre ela.

Ao tratar das estruturas formais devemos estabelecer uma primeira

definição quanto ao direcionamento do arranjo, dizendo se o modelo será

centralizado ou descentralizado.

Ao trabalhar com o modelo centralizado, as atividades que não são de core

business passam a ser tratadas como atividades do coorporativo e que podem

ser transacionais. Estas atividades quando tratadas como transacionais

permitem certa padronização de processos e documentos e ganhos de escala,

uma vez que teremos áreas especialistas executando as atividades que não

precisam ser objeto de preocupação das áreas de negócio.

O modelo descentralizado permite que as atividades que não são de core

business sejam realizadas nas áreas operacionais, fornecendo a liberdade

necessária para que exista uma agilidade na tomada de decisão. Este conceito

replica a estrutura de acordo com as unidades de negócio, e normalmente os

mesmos processos são realizados só que com diferentes pacotes de atividades.

21

Com isto, serão analisadas as principais estruturas formais utilizadas no

mercado e as discussões presentes quando da organização do trabalho devido

considerando as mudanças de cultura da população e expectativas do mercado,

cada vez mais competitivo e exigente.

2.2.3.1. Organização Funcional

As organizações funcionais são divididas em departamentos que são

segregações das funções, em grupos de atividades afins. Estes departamentos

são formados de acordo com funções consideradas como principais e

balizadoras e diferentes das demais. [11]

Segundo GALBRAITH, DOWNEY e KATES [9] a estrutura funcional divide

a empresa em grupos de atividades principais e que para cada uma destas

atividades principais existe um líder responsável por fazer com que sejam

seguidas.

Para GALBRAITH, DOWNEY e KATES [9] este modelo de estrutura possui

uma maior compatibilidade com organizações que possuam como modelo de

negócio uma linha não muito extensa de produtos, que tenham atividades que

exijam conhecimentos específicos dentro de uma área funcional e que não

precisem de uma grande velocidade para o desenvolvimento de novos

produtos.

22

Na figura 10 abaixo apresenta-se um exemplo de estrutura funcional:

Figura 10 – Organização Funcional - [11]

Para HAMPTON [13] este modelo de estrutura ajuda a organização a

possuir especialistas pois forma times com perfil similar e com o mesmo grupo

de conhecimento. Este ponto impacta diretamente na padronização dos

processos e atividades da empresa, pois estes especialistas se tornam

eficientes nas atividades que realizam.

Contudo, segundo MAXIMIANO [11] este excesso de especialização

ocasiona uma subdivisão lógica pautada em trabalho e conhecimento. Com isto,

é possível que as necessitem aumentar o número de cargos e especialistas.

A fim de completar a análise da estrutura funcional podemos vislumbrar

uma baixa colaboração entre os funcionários de diferentes áreas funcionais,

devido também ao grau de especialização atingido no período.

2.2.3.2. Organização por Produto

Quando a empresa trabalha com vários produtos, que apresentam

diferenças importantes entre si, pode ser melhor trata-los separadamente, no

que diz respeito aos processos de fabricá-los e trata-los. [11].

23

Segundo GALBRAITH [14] devido ao fato da organização possuir em sua

carteira grandes clientes comprando diferentes produtos, se faz necessária uma

estrutura que tenha como base seus produtos e a melhor produção dos

mesmos.

Com isto, surge uma estrutura que permite que cada uma de suas linhas

de produto tenha sua própria estrutura funcional, focada no modelo de produção

seguido. Veja na figura 11 o exemplo da produção de duas linhas diferentes de

produtos.

Figura 11 – Organização por Produto – [11]

Neste modelo o maior diferencial acontece porque o gerente de cada

departamento é responsável por todo ciclo de vida do produto, onde controla da

equipe de produção até a equipe responsável pela venda.

Contudo, segundo GALBRAITH [14] este modelo de organização possui

uma série de desafios a serem enfrentados. Estes desafios são relacionados a

segregação das equipes e a falta de sentimento de organização. Existe uma

baixa colaboração entre os funcionários, o que pode dificultar o

compartilhamento de tecnologias dentro da própria empresa.

Além destes fatores, pode existir uma duplicação de funções, onde

diferentes departamento possuem setores executando o mesmo trabalho

24

ocasionando uma possível perda na escala das atividades e gerando maiores

custos para a organização como um todo.

2.2.3.3. Organização Territorial

As estruturas territoriais existem a partir de empresas que atuem em

regiões locais físicos diferentes e que em muitos casos estes locais exigem

modelos diferente de execução das atividades. Na figura 12 está especificado

um exemplo de empresa com estruturas em locais distintas.

Figura 12 – Organização Territorial – [13]

Segundo, GALBRAITH, DOWNEY e KATES [9] esta forma de estrutura

deve ser utilizada quando as empresas precisam estar próximas a seus clientes

devido aos altos custos ou quando precisam passar que são empresas

desenvolvendo tecnologias locais.

Nas regionais os gestores são responsáveis pelos resultados e até mesmo

pela estrutura organizacional da mesma, pois pode haver variações de serviços

entre estas regionais e até mesmo de legislações aplicadas em cada uma delas.

2.2.3.4. Organização por Cliente

As organizações estruturadas por cliente são basicamente focadas nos

principais clientes de sua organização. A escolha destes clientes é baseada em

diversos fatores, o faturamento pode ser considerado um deles.

25

Neste modelo de estrutura poderemos ver que estes clientes principais

terão tratamento diferenciado e uma estrutura projetada para que sejam

mantidos fieis. Veja na figura 13 um exemplo de uma estrutura com sua

segmentação focada no cliente:

Figura 13 – Organização por Clientes - [9]

O funcionamento deste tipo de modelo organizacional pode gerar uma série

de replicações de estruturas e pode causar certa ociosidade em linha de

produção. Em algumas indústrias existe uma linha de produção separada para

os clientes especiais, e esta linha normalmente fica parada quando não existem

pedidos em processamento.

Segundo GALBRAITH, DOWNEY e KATES [9] a falta de padronização,

dificuldade de gestão do conhecimento e duplicidade gerada nas atividades

podem ocasionar um aumento dos custos de produção e dificuldades de

aproveitar economias de escala.

2.2.3.5. Organização por Projeto

Nas organizações baseadas em estruturas por projetos, o foco é em

serviços que são prestados sem uma rotina definida e que estes serviços

possuem peculiaridades que variam de acordo com o cliente.

Empresas como consultorias, fábricas que trabalham com produtos sob

encomenda e revendedores de equipamentos podem ser exemplos de

26

organizações que possuem suas atividades diferenciadas e necessitam de

pessoas com certa autonomia e estando direcionadas para estas atividades.

Estas organizações possuem algumas estruturas que são diretamente

adaptadas a seu modelo de negócio. Segundo MAXIMIANO [11], existem três

tipos de estruturas frequentes para organizações estruturadas por projeto, que

são chamadas de projetos puro, projetos autônomo e matricial.

As organizações por projetos puro são estruturadas para que o foco seja

nos projetos desenvolvidos. Com isto, existe uma pequena área administrativa

que é responsável por todas as atividades de back office e que pouco impactam

nos projetos. O board de sócios e diretores são responsáveis por contatos

externos de desenvolvimento de clientes e pela liderança interna a organização.

Os demais colaboradores estão diretamente ligados aos projetos, onde os

gerentes de projetos são os responsáveis pelas equipes que trabalham em seus

projetos.

Quando trabalhamos o conceito de projetos autônomos é quando uma

equipe interna a organização é destacada para a execução de um projeto, e

este modelo pode ser obtido dentro de qualquer outra estrutura organizacional.

Contudo, um dos modelos mais utilizados pelas organizações é o modelo

chamado matricial, que tem como conceito principal possibilitar que diferentes

projetos de natureza similar possam ser conduzidos em muitos casos com

recursos compartilhados.

Desta forma, ao adotar a estrutura matricial, a organização evita escolher

uma base de agrupamento em detrimento a outra, ao contrário, opta por ambas.

MINTZBERG [2]

Segundo SAYLES [15] a estrutura matricial representa o esforço,

organizacionalmente falando, de “fazer o bolo e também de comê-lo” indicando

que existe um conflito de desejos internos na organização.

Estes desejos internos fazem com que o princípio da unidade de comando

seja sacrificado, segundo MINTZBERG [2].

Como disse GALBRAITH [9] A matriz é um tipo de estrutura de organização

que é construído em torno duas ou mais dimensões, como funções, produtos,

ou regiões, e em que as pessoas têm dois chefes. É possível validarmos na

figura 14 um modelo de estrutura matricial.

27

Figura 14 – Organização por projetos - [13]

Este modelo permite que os funcionários tenham certa flexibilidade e a

organização possa dar o foco na diretriz que achar interessante no momento,

seja ela por produto, cliente ou projeto.

Contudo exige da organização uma constante preocupação com a

liderança, que será a principal responsável por manter a engrenagem da

organização funcionando e evitando que hajam problemas de conflitos de

liderança.

28

2.2.4. Novos Conceitos de Organizações

Devido a uma forte competitividade do mercado como um todo, é crescente

a necessidade por empresas mais inovadoras e capazes de se adaptarem as

transformações do mercado.

Segundo SALERNO [16], estas organizações para se tornarem mais

flexíveis adotaram uma série de posturas diferentes da anteriormente vista,

sendo algumas delas descritas a seguir.

Organização e gestão por processos, onde o principal foco são as

atividades, integração dos colaboradores e o conhecimento gerado

internamente produzindo resultados.

Segundo COFFMAN e HAGEY [17], com o mundo competitivo atual onde

as empresas estão trabalhando com o quadro de funcionários reduzidos,

exigindo mais empenho e deslocamentos, a guerra por talentos está ficando

cada vez mais acirrada.

Com estas dificuldades que as organizações passam e a necessidade dos

colaboradores cada vez mais buscarem qualidade de vida, foram feitas

pesquisas para saber o que estes colaboradores preferem e ao final foi

concluído que organizações mais flexíveis são as preferências.

Contudo, as chamadas organizações flexíveis proporcionam a seus

empregados diferentes possibilidades para os diferentes perfis, estando entre

eles:

Suporte da liderança para o desempenho das atividades

Possibilidades de crescimento na carreira (Desafios e exposição de

resultados)

Menor número de viagens

Horários flexíveis

Pagamentos justos

Este modelo de cultura organizacional está atrelado a uma estrutura

própria, onde em muitos casos a hierarquia é minimizada e os colaboradores se

sentem parte do negócio.

29

Falando especificamente de estrutura organizacional, GALBRAITH [18]

indica que as configurações organizacionais do século 21 são as chamadas

organizações multidimensionais.

Este modelo normalmente consiste em uma forma de tornar as

organizações adaptáveis ao mercado que estão inseridas e fornecendo

soluções mais completas a seus clientes.

Com isto estas organizações são formadas de bases fixas, normalmente

uma estrutura geografia, e uma móvel que pode funcionar de acordo com o

serviço prestado.

Em 1995, Nonaka e Takeuchi sugerem uma estrutura organizacional

nomeada de organização hipertexto que possui o seu foco principal na

estruturação e organização do conhecimento.

Neste modelo a organização é dividida em 3 níveis estruturais, chamados

de sistemas de negócio, equipe de projeto e base de conhecimento.

O nível central, que é o sistemas de negócio, tem um caráter mais

burocrático e é focado no desenvolvimento das atividades de rotina. Já o nível

superior, chamado de equipe de projeto, são equipes com o caráter de força-

tarefa que são organizadas com objetivos de criar novos conhecimentos ou

produtos. Estas equipes do nível superior são formadas por pessoas de

diferentes setores do nível central e que são alocadas nos projetos até a sua

conclusão.

Como último nível e chamado de inferior está a base de conhecimento, que

não é considerado uma unidade organizacional real mas que possui uma

missão importante e deve estar sempre incorporado a visão e cultura da

empresa. Neste nível, são recategorizados e recontextualizados o

conhecimento organizacional das duas outras categorias.

Este modelo permite que os membros da organização atuem em uma forma

de ciclo de conhecimento, pois ao concluírem seus projetos são “enviados” a

base de conhecimento para documentar o que foi gerado e permitir o

aprendizado organizacional. Somente no final de tudo serão encaminhados

novamente para a área burocrática.

30

Nos aspectos mais gerais, as organizações atuais possuem características

claras de valorização do funcionário pois são vistos como geradores de

conhecimento.

Além disto, no geral cada vez mais a multidisciplinaridade está presente,

pois as organizações precisam ser inovadoras e velozes em suas respostas ao

mercado.

2.3. Projetos Organizacionais

2.3.1. Definindo Projetos Organizacionais

Design organizacional é o processo deliberado de configuração de estruturas,

processos, sistemas de recompensas e práticas de pessoas de forma a criar uma

organização eficaz e capaz de alcançar sua estratégia de negócios. Onde segundo

GALBRAITH [14]

“A organização não é um fim em si, mas um simples

veículo para alcançar os objetivos estratégicos do negócio. Uma

organização bem projetada ajuda a todos a fazer seus respectivos

trabalhos eficientemente. Uma organização mal projetada cria

barreiras e frustrações tanto para as pessoas que atuam dentro

como fora da organização.”

MINTZBERG [2] diz que o design presume discrição, uma habilidade para alterar o

sistema, com isto define que:

“No caso da estrutura organizacional, design significa girar

os botões que influenciam a divisão do trabalho e os mecanismos

de coordenação, que afetam as funções da organização”

31

Para CAMPBELL e GOOLD [10] o desenho organizacional pode ser considerado

uma decisão de gestores, porém

“A maioria dos executivos podem sentir quando suas

organizações não estão funcionando bem, mas poucos sabem

como corrigir a situação. Um redesenho completo é muito

intimidante.”

Contudo, CARSON, et al.[2] já citava que as organizações industriais possuem sua

estrutura organizacional baseada no tamanho da mesma, e que o tamanho

normalmente varia com a taxa de crescimento da mesma. Concluindo que o redesenho

em não deve acontecer somente quando a organização não vai bem, mas também em

casos de crescimento acelerado.

Com isto, Ernest Dale [19] identificou 7 estágios de crescimento de uma organização

e os principais desafios que as estruturas organizacionais precisam enfrentar. Na figura

17 poderemos visualizar as principais decisões que devem ser tomadas pela

organização de acordo com o número de empregados.

Figura 15 – Span de controle – [1]

Segundo SALERNO [16] o projeto organizacional discute partes da organização e

sua inter-relação, estudando todas as suas interfaces internas e externas. Para isto,

Salerno se baseou nos parâmetros de projeto organizacional de MINTZBERG [2]

adaptando estes conceitos.

Estágio de

CrescimentoEmpregados Decisões chave

1 até 7 Divisão do trabalho

2 até 25 Delegação de responsabilidades

3 até 125 Criação de mais funções de gerência

4 até 500 Criação de assistentes para desonerar executivos

5 até 1.500 Criação de especialistas

6 até 5.000 Coordenação de gestão através de grupos de tomada de decisão

7 até 465.000 Descentralização

32

Figura 16 - Parâmetros de Design - [2]

Estes conceitos são a base estabelecida por MINTZBERG [2] a qual direciona

que o desenho de organizações precisa cumprir estas 4 etapas de projeto, pois são

onde os “botões que fazem a organização girar” são definidos.

Podemos encontrar diferentes modelos de desenhos organizacionais presentes

no mercado e na bibliografia. Segundo STANFORD [20] a escolha de um modelo ideal

para estruturar o redesenho de uma organização ajudará na escolha de como abordar

os problemas e melhorias propostas, uniformizam a linguagem e vocabulário para o

processo, além de iluminar as questões de design que surgirem e os ajudará a resolvê-

las.

Ainda segundo STANFORD [20], o modelo escolhido para auxiliar o redesenho não

irá fornecer um entregável concreto como um prédio escolhido pelo cliente. Contudo,

permite que seja estabelecido um alinhamento básico de conceitos que certamente

auxiliarão a estruturação de um desenho adequado para a organização.

33

Com isto, o modelo estrela de GALBRAITH [14] foi escolhido pelo autor para ser

utilizado como base, e sua escolha foi fundamentada no quão é utilizado este modelo e

por interesses pessoais.

A partir disto, será iniciado a contextualização do modelo estabelecido por Galbraith

e suas particularidades.

2.3.2. Modelo Estrela

O modelo estrela desenvolvido por GALBRAITH [14] surge com o principal conceito

de que diferentes estratégias precisam de diferentes organizações para executá-las, e

com isto estruturou seu modelo baseado nas diretrizes estratégicas de cada uma das

organizações.

Contudo, segundo o próprio autor, este modelo não contempla aspectos de cultura

organizacional por se tratar de um método de design organizacional para lideres

conseguirem transformar suas empresas, e com isto a cultura interna não pode ser

alterada desta forma.

Desta forma, foi desenvolvido seu método que consiste em analisar 5 pontos

específicos para a análise organizacional e estruturação de seu design. Neste modelo

cada um destes 5 pontos representa um grupo e quando alinhados teremos uma

organização eficiente.

34

O modelo segue a imagem abaixo:

Figura 17 – Modelo Estrela

Para que este modelo possa ser entendido, devemos seguir a linha que foi traçada

por Galbraith e o que cada um destes grupos representa.

1. Estratégia – Neste ponto são trabalhados os objetivos da organização e a

sua fórmula para o sucesso. A missão e visão da mesma devem estar

claramente descritas e de forma intrínseca aos seus líderes, caso não

estejam não existirá uma base para o desenvolvimento do projeto

organizacional.

2. Capacidade – Neste ponto são desenvolvidas as ideias de como a

organização se diferencia de seus competidores, Esta análise é uma forma

de tornar estruturado o desdobramento estratégico, norteando o

desempenho interno da organização.

3. Estrutura – Neste ponto são definidos as relações de poder e autoridade

dentro da organização. Com isto, são definidas as responsabilidades dos

colaboradores e quais são as relações internas, estabelecendo o

direcionamento de hierarquia e suas relações formais e informais.

4. Processos – Neste ponto são definidos os processos de trabalho e os

relacionamentos laterais na organização. Com isto, são colocadas as

pessoas certas para executar as atividades que devem ser realizadas para

35

determinado fim, independentemente de como aparecem na estrutura

organizacional.

5. Recompensa – Neste ponto são definidas as métricas da organização,

alinhando o comportamento e resultados estratégicos esperados. O principal

fator é o endereçamento das metas estabelecidas, onde estas metas estão

atreladas a bonificações com seu atingimento.

6. Pessoas – Neste ponto são estabelecidas as políticas de RH da

organização, onde todas as formas de interação entre organização e

pessoas é definida. Com isto serão delineados os processos de seleção,

treinamento e desenvolvimento de pessoas a fim de gerar a capacidade

necessária para atingir as metas estratégicas.

A partir destes pontos poderemos analisar o modelo desenvolvido por

GALBRAITH [14] segundo uma perspectiva pessoal. Como um ponto a ser analisado é

o fato que após o desenvolvimento da estratégia é sugerido partir para a estruturação e

análise de relacionamento de poder, contudo existe uma alternativa que seria entender

o trabalho em uma organização é entendendo seus processos e proposta de valor.

A partir do entendimento de processos, segundo o autor deste trabalho, pode ser

que se torne mais fácil o entendimento de como o conhecimento permeia a organização.

Escolher o tipo de estrutura a ser utilizado, sem ter a forma com que o trabalho

precisa ser desempenhado pode ser um tiro no escuro. Junto a análise de processos,

pode ser definido o sistema de métricas e desempenho da organização, baseando nos

conceitos de KPI’s e linkando com a estratégia desenhada.

A partir desta análise completa, voltamos para o desenho da estrutura, agora sim

com posições delineadas e processos modelados.

Após a estruturação da relação com os colaboradores, GALBRAITH [14] finaliza

o seu modelo, porem supõe-se que falte um último passo. Este passo diz basicamente

quanto a alocação e teste do modelo desenhado antes de ser implementado.

Neste ponto serão analisados o fit entre colaboradores e organização esperada,

resultando assim em um plano de ação ou uma possível revisão de como implementar

o modelo.

36

O modelo criado é considerado um modelo bastante completo e que permite a

estruturação de um projeto de desenho organizacional olhando diversas perspectivas.

Segundo o autor, seu modelo consiste na elaboração de um conjunto de políticas

que permitem a liderança controlar a organização. Com este conjunto de políticas o

comportamento dos funcionários pode ser moldado, influenciando na cultura

organizacional e performance.

Contudo, neste trabalho para a construção de um modelo mais completo

possível foram introduzidos os conceitos de MINTZBERG [2] que irão auxiliar na

formação das posições e desenho da estrutura baseada em mecanismos de

coordenação do trabalho bem estabelecidos.

Com base no modelo de GALBRAITH [14] e utilizando conceitos de MINTZBERG

[2] foi desenvolvido o método de projetos organizacionais proposto neste trabalho.

37

3. Desenvolvimento da Metodologia

A partir dos conceitos estudados anteriormente, foi estruturado o modelo de projeto

organizacional com um olhar voltado para a parte prática da implantação.

Com isto, o processo desenvolvido para execução de um projeto organizacional

passa pelas seguintes macro etapas:

Figura 18 – Método de projeto organizacional - Autor

Este conceito de ciclo foi criado com a intenção de que sempre que houver

mudanças externas e de impacto na Estratégia, este terá que “rodar” novamente para

ajustar o desenho organizacional.

O modelo tem como base o estabelecido por GALBRAITH [14], e desenvolvido junto

aos conceitos de MINTZBERG [2] que propõe formas de coordenação e organização do

trabalho.

Com isto, teremos seis etapas de definições a serem realizados, dos quais cada um

destes pacotes possui a seguinte descrição:

1. Diagnóstico

2.Processos

3.Estrutura

4.Pessoas

5.Alocações

6.Implantação

38

1. Diagnóstico – Neste ponto serão analisados os objetivos do projeto, os

ambientes interno e externo da empresa serão analisados e por fim haverá

um estudo de sua estratégia e capacidade de atingir os objetivos almejados.

2. Processos – Neste ponto serão analisados os processos da organização a

partir da sua cadeia de valor, criação do mapa de conhecimento e a

realização do agrupamento de atividades em posições afins.

3. Estrutura – Neste ponto serão traçados o modelo de organização do

trabalho e seus mecanismos de coordenação, concluindo com o desenho do

organograma com as áreas que forem formadas.

4. Pessoas – Neste ponto serão elaboradas as políticas de gestão de Pessoas,

onde serão estabelecidos os processos de seleção, demissão,

desenvolvimento e recompensas.

5. Alocações – Neste ponto serão realizadas as alocações dos colaboradores

na estrutura formada, os gaps de conhecimento serão analisados para que

posteriormente treinamentos sejam dados a fim de que o fit necessário

aconteça. Serão realizadas também a alocação de aparelhagem e

infraestrutura, bem como o olhar por sistemas de TI.

6. Implantação – Neste ponto será planejada a Implantação da nova estrutura,

implementada e realizada a Gestão da mudança.

Estes seis pontos são formados no aspecto macro e serão destrinchados na

sequência, para que sejam de fácil implementação.

É importante ressaltar a conexão de cada um destes pacotes com entregas

propriamente ditas e que são chamadas de produtos gerados.

39

3.1 Diagnóstico

O diagnóstico da organização pode ser considerado uma das principais etapas,

pois define as premissas e hipóteses iniciais, realizando um alinhamento entre o

presente e o futuro esperado. Com isto, teremos as seguintes atividades dentro desta

etapa:

Primeiramente será realizada a definiçao dos objetivos que estão motivando o

redesenho organizacional, e esta definição deve ser realizada de forma acertiva para

que seja validada a necessidade de execução deste projeto.

Segundo GALBRAITH [14], existem motivos que são encontrados com uma certa

frequência no mercado e que realmente impactam na forma com que o trabalho é

desempenhado. Estes fatores motivacionais podem ter origem interna, como alterações

na estratégia da organização relacionados a novos focos de mercado, novos produtos

ou planejamento para aumentar o número de vendas. Outro ponto de origem interna

que pode influenciar é a análise interna da organização e identificação de gaps, ou do

baixo desempenho que ficam evidenciados nos indicadores.

Existem também fatores oriundos da interação com o mercado, como mudanças

no ambiente que a empresa está inserida e a necessidade de mudar, ou alterações no

modelo de negócio de parceiros e fornecedores.

40

Segundo STANFORD [20], contextos internos e externos a organização podem

ser avaliados e contribuírem para a decisão de reestruturação.

Figura 19 - Pontos a serem identificados antes da reestruturação – STANFORD [20]

A Análise Interna da organização pode ser feita através de entrevistas com a

alta gerência, a fim de entender o funcionamento da organização e levantar as variáveis

de contingencia estruturadas por Mintzberg. Estas variáveis direcionam pontos simples

como impacto do tamanho e idade da organização até a diversidade e complexidade do

ambiente. Este modelo é o recomendado, porém o foco proncipal deta atividade é

entender o relacionamento interno a organização de uma perspectiva das pessoas.

Outro ponto que é importante analisar são os documentos que a mesma possui,

a fim de entender como esta está organizada quanto ao conhecimento explícito e

entender quais são as normas e regras que balizam seu funcionamento.

Ao final destas análises as perspectivas Estratégia, Tecnologia, Processos,

Pessoas e Infraestrutura devem ser analisadas e conectadas conforme as análises.

Como terceiro passo, deve ser feito o posicionamento da empresa em questão

frente aos seus concorrentes. Neste ponto é interessante analisar aspectos financeiros

41

que se encontram nos DRE’s (Demonstrativo de Resultado do Exercício) e que dizem

parte dos resultados obtidos por sua gestão.

Um fator primordial é levantar os principais players do mercado que a

organização em questão está inserida e como estes estão performando.

Com este posicionamento é possivel entender claramente o papel da

organização e qual a margem que a mesma possui para crescimento, além de serem

estabelecidos benchmarks importantes para o projeto.

Na etapa de análise estratégica, são levantados todos os pontos relativos ao

planejamento estratégico e quais são as previsões de futuro para que as mesmas

possam ser contempladas na nova estrutura que será montada.

É importante também que fiquem claros os resultados esperados frente as

estratégias, pois estes serão relevantes ao passo que forem traduzidos nas operações

e que irão direcionar as recompensas para os colaboradores.

Neste ponto será analisada a vantagem competitiva da organização

O ponto principal desta atividade é detalhar o foco que a estratégia está

passando para a organização, isto será relevante no momento de definir o que a mesma

deverá ser capaz de entregar com sua nova estrutura.

Por último são definidos os entregáveis do projeto, deixando claro as

premissas estabelecidas e até onde o redesenho da organização irá chegar. Este ponto

é muito importante como forma de alinhamento de expectativas e para evitar esforços

desnecessários e com baixo resultado.

42

3.2 Processos

Diferentemente do que GALBRAITH [14] estabeleceu como sequência lógica,

não entraremos em poder e autoridade no momento. O foco deste item é entender a

forma com que o fluxo de atividades, informações e conhecimento é realizada na

organização.

Neste ponto chegaremos até as posições desenhadas, que para chegarem a isto

faremos o modelo Top Down, pois deve ser feito das necessidades gerais até as tarefas

específicas da organização.

Com isto serão estabelecidas 3 grandes etapas para este bloco, consistindo em:

A atividade de desenho e entendimento de processos não precisaria passar

por um complexo mapeamento de processos, pois o foco principal desta atividade é o

entendimento dos principais entregáveis destes processos.

Esta etapa pode ser desenvolvida através de entrevistas com os operadores e

utilizando o desdobramento da estratégia fornecido pela alta gerência, e o resultado final

deve ser o entendimento do tipo de trabalho que é desempenhado e o porquê.

Assim que os trabalhos realizados forem mapeados, é desenvolvido o mapa de

conhecimento. Este tem por finalidade indicar o tipo de conhecimento e o nível de

profundidade para os trabalhos que precisam ser desempenhados.

Este mapa de conhecimento deve ser feito em 3 etapas, sendo a primeira o

levantamento do conhecimento necessário para a execução das tarefas propostas.

Posteriormente deve ser analisado o nível de proficiência que será exigido deste

conhecimento e o levantamento se o mesmo é tácito ou explícito na organização.

Desenho de Processos

Mapa de conhecimento

Desenho de posições

43

Em sequência serão desenhadas as posições, que segundo MINTZBERG [2]

são baseadas em 3 pilares relativos a especialização, treinamento e comportamento

formalizado.

A especialização das tarefas pode ser dividida de duas formas: Horizontal ou

vertical. No caso da horizontal, os pares são responsáveis pelo trabalho e o dividem. Ao

falarmos de especialização vertical já existirá uma divisão do trabalho perante a

administração.

Esta formalização do comportamento irá direcionar o quão burocrática será a

organização, pois este parâmetro irá dizer o nível de variabilidade e como poderá ser

controlado.

3.3 Estrutura

O desenho da Estrutura também pode ser considerado um pouco diferente do

estabelecido por GALBRAITH [14], pois foram utilizados conceitos estabelecidos por

MINTZBERG [2] a fim de definir de uma forma mais voltada para atividades realizadas

e principalmente dos métodos de coordenação.

Após a formalização das posições, segundo MINTZBERG [2] teremos duas

perguntas que devem ser respondidas: Como estas posições devem ser agrupadas em

unidades e qual a extensão destas unidades. Este item possui como principal função

responder estas duas perguntas e desenhar a estrutura organizacional de fato.

O agrupamento de unidades não é considerado somente uma forma de organizar

as “caixinhas” e montar o organograma da organização, ele possui como principal

motivação a formação da coordenação do trabalho na organização. Segundo

MINTZBERG [2], este agrupamento produz pelo menos 3 efeitos importantes na

organização, que são:

1. Estabelecimento do sistema de supervisão entre posições e unidades,

formando o sistema de supervisão direta

2. Dividindo em unidades os membros ou subunidades poderão

compartilhar recursos e utilizarão medidas de desempenho comuns

3. Encorajamento do ajuste mútuo, pois devido ao compartilhamento de

instalações existirão os contatos informais

44

Com isto, esta etapa terá como processo as seguintes atividades:

Na primeira etapa surgem as bases e critérios de agrupamento para nortear como

fazer este agrupamento de posições em unidades e até mesmo de unidades menores

em outras maiores.

Segundo MINTZBERG [2], existem seis tipos de bases consideradas como as mais

fáceis de serem encontradas:

1. Agrupamento por habilidade – As posições podem ser agrupadas de

acordo com as habilidades que exigem.

2. Agrupamento por processos – As posições e unidades podem ser

estruturadas de acordo com o processo ou atividades que estão ligadas.

3. Agrupamento por tempo – Os grupos podem ser formados de acordo com

o tempo que os trabalhos são desempenhados. Um mesmo processo pode

ser executado em diferentes tempos, como em turnos por exemplo.

4. Agrupamento por output – Neste caso, os grupos são formados baseados

nos produtos ou serviços que são prestados, pois muitas empresas podem

produzir diferentes produtos em diferentes estruturas.

5. Agrupamento por cliente – Neste caso os grupos serão formados para

atenderem a grupos de clientes específicos.

6. Agrupamento por locais – Os grupos serão formados baseando em

localidades, sendo separados por regiões que operam.

Bases e critérios de Agrupamento

Mecanismos de coordenação

Dimensão da unidade

Desenho do Organograma

Sistema de tomada de decisões

45

Mesmo com todas estas divisões provavelmente em algumas organizações aparecerão

áreas “cinzentas”, pois podem acontecer casos de agrupamentos por habilidades e por

processos estarem muito próximos.

A partir da escolha da base para agrupamento de posições, é importante definir que

critérios serão utilizados para a seleção das bases de agrupamento. Segundo

MINTZBERG, [2] podemos utilizar 4 critérios fundamentais para esta seleção. Estes

critérios são:

1. Interdependência do fluxo de trabalho – Neste critério devemos focar no

relacionamento entre as tarefas operacionais. Ao olhar para este fluxo, Segundo

James Thompson [22] podemos discutir 3 tipos básicos de interdependências:

compartilhamento de recursos, sequência de trabalho e o trabalho que transita

entre tarefas. Este último é o mais complexo e o que as organizações mais

devem se preocupar.

2. Interdependência de processos – Neste critério podemos ter um caráter

complementar ao anterior, pois será olhado o relacionamento intra e inter

processos. Existem casos que são importantes as interações dos colaboradores

que operam diferentes processos, pois teremos a oportunidade de que

diferentes especialistas interajam e se desenvolvam.

3. Interdependência de escala – Neste critério analisaremos a possibilidades dos

agrupamentos trabalharem de forma a ganharem escala e operarem

eficientemente. Este tipo de agrupamento permite ganhos de especialização em

processos que antes não seriam tratados em separado.

4. Interdependências sociais – Neste critério analisaremos os relacionamentos

sociais que acompanham os trabalhos desempenhados, e este ponto é muito

importante pois como são pessoas que compõe o organograma estas relações

devem ser planejadas.

46

Na sequência devem ser definidos os mecanismos de coordenação a serem

utilizados na organização.

Estes mecanismos irão definir o relacionamento entre os colaboradores e a forma

com que o trabalho é orientado em termos de liderança e colaboração. Este conceito foi

desenvolvido anteriormente e neste ponto serão citadas novamente as possíveis

interações, que são:

Ajustamento Mútuo

Supervisão Direta

Padronização das habilidades dos trabalhadores

Padronização de Processos

Padronização de dos resultados

Os mecanismos de coordenação são os principais balizadores do dinamismo e

dimensionamento das unidades, com isto serão os principais responsáveis pelo

próximo passo a ser dado.

Como primeiro conceito trabalharei os aspectos que não são ligadas a supervisão

direta, pois esta pode ser ligada diretamente ao tamanho das unidades.

Quando o sistema de coordenação do trabalho possui altos níveis de padronização,

normalmente teremos unidades maiores. Isto ocorre devido ao fato dos padrões fazerem

com que os funcionários saibam o que fazer, não exigindo uma supervisão controlando

as atividades dos mesmos. Ao passo que esta padronização é encontrada nas

habilidades dos colaboradores ou nos resultados esperados, é possível termos

unidades de trabalho maiores ainda.

Ao falarmos de unidades as quais o ajustamento mútuo são as formas de

coordenação do trabalho são as mais eficientes, provavelmente encontraremos

unidades de menor tamanho.

Com isto, podemos concluir que o tamanho das unidades dependem de uma série

de fatores. MINTZBERG [2] indica que o tamanho das unidades aumenta de acordo com

o nível de padronização dos processos, similaridade das tarefas desempenhadas e

necessidade de redução da distorção do fluxo de informação hierarquia acima.

47

O tamanho das unidades diminui por necessidade de ajustamento mútuo entre

atividades interdependentes complexas, necessidade de supervisão direta acirrada e o

supervisor funcionando como fonte de consulta e orientação.

Como forma de formar o dimensionamento das unidades, será possível utilizar o

conceito de Zero Based Sizing, onde após medições de tempos de execução de

processos será possível simular o número mínimo de pessoas que a unidade irá precisar

para executar suas atividades.

Este conceito consiste em criarmos os drivers do negócio, medirmos tempos de

processos e criarmos cenários com a alocação destes recursos. Por último deve ser

realizado o workload balance, como forma de otimizar a distribuição do esforço entre os

recursos.

Após do entendimento do dimensionamento das unidades deve ser desenhada a

estrutura organizacional, e com isto será utilizado o conceito das 5 partes e 5 forças

de Mintzberg.

Ambos assuntos foram desenvolvidos anteriormente e a partir destes a escolha da

configuração organizacional poderá ser realizada.

Como direcionamento para a estruturação segundo o conceito das 5 partes, deve-

se atentar para os fatos de que esperamos encontrar as maiores unidades no núcleo de

operação, e com isto a coluna principal deve ter um formato de cone, com a base

formada por unidades mais robustas enquanto as altas gerências com menores

unidades.

Um ponto de contato que muitas vezes é crítico ocorre entre os gestores

intermediários e as assessorias, pois quando interdependência entre estas áreas os

gestores intermediários acabam ficando sobrecarregados. Com isto, é importante que

caso esta interdependência ocorra, o span de controle dos gestores intermediários seja

reduzido, isto é, que suas supervisões diretas possuam unidades de tamanho reduzido.

As áreas de tecnoestrutura e assessorias devem ser de tamanho reduzido, uma vez

que desempenham trabalhos complexos e que exigem ajustamento mútuo. É importante

ficar atento, pois são áreas que podem se tornar maiores do que o esperado.

Após o desenho do organograma devemos validar todas as relações formadas,

checando a consistência do que foi gerado.

Esta validação pode ser realizada através de uma análise do tipo de estrutura que

foi formada e quais serão os pontos básicos desta estrutura.

48

Como ponto final desta etapa, devem ser realizadas as grandes escolhas quanto ao

sistema de tomada de decisões. Com isto, serão decididos fatores de que vão

influenciar se a empresa possuirá um modelo centralizado ou descentralizado.

Para auxiliar nesta decisão, podemos utilizar um formato adaptado pelo Corporate

Leadership Council (2009) do Balanced Scorecard já consagrado. Neste formato

existirão 4 perspectivas a serem analisadas: Financeira, Estratégica, Operacional e

Externa.

Estas perspectivas responderão as seguintes perguntas respectivamente:

Como a estrutura afeta os custos da organização

Como a estrutura afeta o capital humano

Como a estrutura afeta seus processos chave

Como a estrutura afeta sua posição de mercado

49

Figura 20 – Modelo BSC análise escala

A partir da decisão quanto a centralização do poder, chegaremos ao ponto

estabelecido por MINTZBERG [2] quando diz que a formação da descentralização

vertical e descentralização horizontal. Segundo o mesmo, a descentralização vertical é

representada pela dispersão do poder formal ao longo da cadeia abaixo. Já a

descentralização horizontal é formada quando os não gerentes obtém o controle sobre

processos de decisão.

Com este ponto a nova estrutura estará com seu desenho concluído, restando

apenas as definições quanto a política de gestão de pessoas e os testes de alocação.

50

3.4 Pessoas

Assim que o organograma estiver montado e as posições organizadas, devem ser

traçados os pontos relativos a pessoas e estes que, diferentemente de Galbraith em seu

modelo estrela, serão construídos agregando as perspectivas pessoas e recompensas.

A partir disto, teremos como etapas as seguintes definições a serem realizadas

neste módulo:

A política de Gestão de Pessoas será iniciada pelo processo de seleção, onde serão

definidas as formas de contratação de novos funcionários, bem como as bases de

transferências internas.

Como base para este processo serão as competências estabelecidas no macro de

processos, onde teremos as divisões por núcleos afins e suas competências básicas.

Neste processo também serão definidos os treinamentos básicos que os colaboradores

devem realizar antes de começarem a desempenhar as novas atividades.

Na sequência deve ser estruturado o plano de carreira da organização, com o plano

de desenvolvimento sendo atrelado a este. Para os colaboradores subirem na hierarquia

ou mudarem de trabalho desempenhado uma série de treinamentos devem estar

concluídos e, anteriormente a isto, estes treinamentos devem estar mapeados de forma

que seja formado um modelo similar a uma trilha a ser seguida.

Recrutamento e seleção

Plano de carreira

Análise de desempenho

Motivação

51

Como as posições e as unidades possuem conhecimentos específicos atrelados a

elas, serão formadas levando em consideração os conhecimentos de cada uma,

teremos assim grandes skillpools que irão direcionar as movimentações dentro da

organização.

Após o desenho dos planos de carreira, deve-se estruturar a forma com que os

colaboradores serão medidos. Neste ponto, ao desenvolvermos a forma de análise de

desempenho deve se atentar a dois pontos muito importantes: alinhamento com as

estratégias da organização e ter regras claras e bem definidas.

Deve-se estruturar todo o processo de medição, desde o estabelecimento das

principais regras, a forma com que serão feitas as avaliações e como será o ciclo de

feedback. É importante também ter mapeados os ciclos informais de feedback, que

podem ser apoiados nas relações de supervisão direta e de ajustamento mútuo.

Cabe ressaltar também que o processo de mentoria dentro da organização deverá

ser planejado, a qual será uma forma de orientar, de uma forma mais pessoal e

personalizada, os colaboradores. A mentoria não tem o aspecto de avaliação, mas como

é planejada junto as ferramentas estabelecidas, o processo deve ser estabelecido neste

mesmo passo.

Esta análise terá o papel muito importante de colocar as competências que os

colaboradores possuem no momento junto as que querem ter de acordo com o plano

de carreira, analisando os gaps para que estes atinjam seus objetivos.

Por último deve ser estabelecido o processo de motivação dos colaboradores e

onde serão desenvolvidas as formas de bonificação baseadas no desempenho. Neste

ponto deve-se atentar as formas de reconhecimento que vão além de participação nos

lucros, pois em muitos casos o bônus em formato de dinheiro não é o bastante para

motivar equipes.

Esta etapa pode ser considerada crítica para o modelo e para as organizações como

um todo, pois é nesta etapa que são alinhadas as expectativas estratégicas da

organização com as metas pessoais dos colaboradores.

Atualmente organizações desenvolvem formas de manterem os colaboradores

motivados e dispostos a inovar. Estas formas alternativas de motivação não

necessariamente estão conectadas com avaliações de desempenho e devem ser

trabalhadas diariamente.

52

Avaliações de desempenho tem como seu ponto final uma parte de motivação

contudo o conceito de plano de motivação vai além disto, sendo aliada e conectada com

o desenvolvimento da cultura organizacional e do bom ambiente de trabalho.

O sistema de recompensas neste método aparece como última atividade do

planejamento de pessoas, porque o autor sugere que este alinhe todas as definições de

pessoas com a estratégia definida. Este alinhamento ocorre de forma a permitir um

ajuste entre as competências definidas para a organização e o destrinchamento das

metas estratégicas.

Ao final da formação da política de Gestão de Pessoas inicia-se a etapa de alocação

dos recursos, lembrando que continuamos no campo de planejamento e que esta

alocação ainda acontece no papel.

3.5 Alocações

Após ser formada a nova estrutura e todos os relacionamentos serem planejados,

devemos pensar nas alocações dos colaboradores em suas novas posições e qual é o

Gap de conhecimento da organização e seus funcionários.

Com isto teremos as seguintes atividades a serem desempenhadas neste bloco.

Alocações de pessoas

Gaps de conhecimento

Plano de treinamentos

Alocação de recursos

53

Como primeira atividade devem ser realizadas as alocações de pessoas nas novas

posições geradas no redesenho, de acordo com as competências de cada um destes

colaboradores e o exigido pela nova posição.

Para esta alocação e validação das dimensões estabelecidas para cada uma das

unidades.

Após esta alocação deve ser feita uma análise do conhecimento exigido pelos

processos e o que será encontrado na prática pós alocação. Esta análise de gaps de

conhecimento poderá ser através de ferramentas simples, que contenham

especificações de tipo do conhecimento e o nível exigido.

A partir desta análise é elaborado o plano de treinamentos internos que visam

minimizar este gap gerado e tornar os colaboradores mais preparados para

desempenhar as atividades necessárias.

Ao obtermos o plano de treinamentos, teremos o que precisa ser mudado na

organização para que o plano possa ser colocado em prática no aspectos de ter as

pessoas certas fazendo as atividades certas.

Após completada a alocação das pessoas, devemos trabalhar com os pontos

relativos a alocação de recursos da “nova” organização. Com isto serão analisados os

fatores considerados mais relevantes, que são:

1. Espaço Físico

2. Instalações industriais

3. Linha telefônica, acesso de rede e internet

4. Mesas, cadeiras e equipamentos de escritório

5. Computadores

6. Máquinas e equipamentos industriais

Estes devem ser validados de acordo com a movimentação das pessoas e da

criação de novas áreas.

Como fator crítico neste aspecto podemos identificar a possível mudança de

localização da empresa ou de algumas áreas. Esta situação ocorre normalmente em

54

casos como a criação de Centro de Serviços Compartilhados, que é a criação de uma

área única englobando serviços de outras.

Antes de iniciar a implementação de fato, devemos checar a aderência do que foi

criado e se todos os aspectos foram abordados, para isto o modelo de 9 testes

elaborado por Goold e Campbell [10] irá permitir estas conferências. Este modelo é

composto pelas seguintes perguntas divididas entre as perspectivas:

Figura 21 – Aderência da estrutura organizacional - [10]

A partir das respostas e análise de resultados, será liberada a sequência de

Implantação do projeto.

55

3.6 Implantação

Com toda a parte teórica completa e as previsões de resultados elaboradas, chega

a hora de ser colocado o projeto em prática.

A Implantação será dividida em 3 etapas, sendo elas:

Ao planejarmos a Implantação do projeto, deve-se levar em consideração não

somente a formação do pacote de atividades a serem realizadas como também o

gerenciamento da mudança que será efetuada.

Com isto, é recomendado que exista uma governança da gestão da mudança seja

responsável por estruturar as atividades de gerenciamento das mudanças baseadas em

2 pilares, que são:

1. Treinamento

2. Comunicação

Com estes, será embasada a forma com que a transição será feita no seu aspecto

mais geral. Contudo é importante que neste plano sejam explicitadas as diferenças entre

os níveis dos envolvidos no processo, pois cada um terá necessidade de uma

comunicação específica.

A elaboração do plano de ação será baseado na estruturação das atividades que

serão realizadas, com as respectivas durações e prazos, responsáveis, resultados

esperados e a interdependência entre as mesmas.

Planejamento da implantação

Implantação

Gestão da Mudança

56

A Implantação é prevista por Galbraith e é basicamente colocar em prática o que

foi planejado e realizar o acompanhamento do andamento. Caso necessário, nesta

etapa devem ser realizadas alterações no plano de implementação e o ajustar para que

fique aderente a realidade.

Ao passo que a Implantação ocorre, começam as atividades da gestão da

mudança. Comunicados devem ser enviados antes do trabalho começar e a todo

momento os colaboradores da organização precisam estar cientes do que está

acontecendo durante o projeto.

Ao final da Implantação, a equipe de Gestão da Mudança deverá checar todas as

inconsistências e agir frente a problemas com pessoas e cultura organizacional, sendo

uma etapa extremamente importante no processo.

Nesta etapa é colocado em prática o cronograma estabelecido no planejamento,

pois o processo de Gestão da Mudança possui atividades que não necessariamente

originam do projeto, funcionando como uma espécie de projeto a parte para tornar as

alterações na organização menos dolorosas para os colaboradores, parceiros e clientes.

Após as mudanças serem implementadas e a satisfação dos colaboradores sendo

analisada, poderemos dar como concluído o redesenho organizacional.

57

4. Conclusão

Este trabalho foi estruturado e desenvolvido a fim de exprimir um método prático de

execução de projetos organizacionais com um viés estabelecido pelo autor de deixar

este método o mais destrinchado possível.

Ao concluir a estruturação do método o autor analisou os principais diferenciais do

modelo desenvolvido e quais foram os pontos em que o método ficou limitado.

O método estruturado foi pensado pelo autor como uma forma de conectar os

resultados do dia-a-dia da organização, com a capacidade de seus colaboradores de

executarem o que foi planejado.

Já na etapa inicial de diagnóstico existe o foco em entender o ambiente interno e

posicionar frente ao ambiente externo antes de entrar em discussões mais

aprofundadas da estratégia. Este trabalho partiu da premissa de que as organizações

antes de adentrarem em um projeto de readequação, devem conhecer muito bem a

posição que estão atualmente e realizar uma imersão estratégica.

A partir deste posicionamento da organização é iniciada a etapa base do método,

que a de processos. Esta etapa é considerada fundamental pelo autor, pois alinha o

entendimento dos esforços da organização com a alocação de conhecimento dos

executores.

Baseados neste conceito, este método estabelece como prioridade para criação das

posições um entendimento dos diferentes agrupamentos de atividades que a estarão

compondo.

Com isto, será possível ter uma visão se a empresa entrega o que a estratégia

presume e quais são os pacotes de conhecimentos exigidos para o desempenho

conforme a expectativa.

Uma limitação que pode existir é o uso deste método em organizações dinâmicas e

que mudam de escopo e necessidades a todo momento, tendo em vista que foi

planejado com etapas e seguindo um modelo ortodoxo. Contudo, este método possui a

possibilidade de avançar para um modelo cíclico, onde o processo pode se tornar cíclico

e mais de 1 interação realizada.

Ao final da criação da política de pessoas, na visão do autor, surge o outro diferencial

do método que é a preocupação em planejar os ajustes práticos durante a implantação.

Com isto, a elaboração de plano de treinamentos para suprir os gaps de conhecimento

58

gerados, a alocação dos recursos e o planejamento da Gestão da Mudança. Estes

pontos permitirão ao líder do projeto de execução deste método ter uma maior

segurança na implementação da estrutura resultante.

Como uma forma de tornar o modelo mais específico e destrinchado seria possível

entrar em maiores detalhes da execução e estabelecer ferramentas que padronizem a

entrega, contudo foi uma escolha do autor estruturar um nível acima para que as

organizações tivessem liberdade de discutir seus próprios temas e desenvolver os

próprios caminhos.

Muitos dos pontos utilizados para a formulação deste modelo foram abordados de

forma superficial pois são temas extremamente profundos e que de certa forma ao

realizar um projeto organizacional o executor precisará fazer escolhas.

Estas escolhas que tornarão o projeto de sua organização somente “seu”, pois o

projeto normalmente possui uma conexão muito forte com o seu patrocinador/ líder

interno e exprime resultados oriundos de um conhecimento tácito do mesmo.

Além do patrocinador/ líder do projeto de execução do método influenciar nas

escolhas, fatores como momento da organização e do ambiente que a mesma está

inserida influenciam diretamente no resultado final.

Segundo STANFORD [20] atualmente existem muitas organizações com estruturas

organizacionais tradicionais e pouco personalizadas ao seu próprio modelo de negócio.

Este trabalho foi desenvolvido com o fim de desenvolver um método possível de ser

aplicado nas organizações, com escolhas claras e baseado em conceitos clássicos da

literatura.

Com isto o objetivo deste trabalho foi atingido conforme o planejado e novos passos

podem ser vislumbrados, como o teste deste método e o início do ciclo de refinamentos

e adequações a diversas realidades do mercado.

59

5. Referências Bibliográficas

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