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JULIO CEZAR BARBOSA ROCHA ESTUDO DA FORMÇÃO DE MICELAS REVERSAS DO COPOLÍMERO TRIBLOCO (EO) 13 (PO) 30 (EO) 13 EM P-XILENO: EFEITO DA ADIÇÃO DE SOLUÇÃO SALINA Dissertação apresentada à Universidade Federal de Viçosa, como parte das exigências do Programa de Pós-Graduação em Física Aplicada, para obtenção do título de Magister Scientiae. VIÇOSA MINAS GERAIS - BRASIL 2012

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JULIO CEZAR BARBOSA ROCHA

ESTUDO DA FORMÇÃO DE MICELAS REVERSAS DOCOPOLÍMERO TRIBLOCO (EO)13(PO)30(EO)13 EM

P-XILENO: EFEITO DA ADIÇÃO DE SOLUÇÃO SALINA

Dissertação apresentada àUniversidade Federal de Viçosa, comoparte das exigências do Programa dePós-Graduação em Física Aplicada,para obtenção do título de MagisterScientiae.

VIÇOSAMINAS GERAIS - BRASIL

2012

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Dedico aos meus pais

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"Se a educação sozinha não pode tranformar a sociedade, tampouco sem ela asociedade muda."

Paulo Freire (1921 - 1997)

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Agradecimentos

Agradeço primeiramente aos meus pais, Jovelina Barbosa Rocha e Francisco deAssis Rocha por tanta dedicação e carinho ao longo da minha vida. Ao meu irmãoArley Nathan por todos os anos de boa convivência.

Aos meus familiares, em especial a tia Aurelina que me ajudou ainda antes deentrar na Universidade. Sem o apoio de tal, talvez não estivesse hoje, terminando omestrado.

Ao professor e orientador Alvaro Vianna que me orientou e motivou por todosesses anos e sempre abriu espaço para as discussões acadêmicas.

Aos meus co-orientadores Luis Henrique, por ajudar nas discussão dos resultadose sempre me motivar, e Carminha por abrir as portas do seu laboratório e me ajudarem tudo que precisei.

Aos meus amigos do 1511 pela boa convivência e por proporcionarem muitosmomentos divertidos, aos meus amigos da pós-graduação em física por sempre estaremdo meu lado em todos os momentos. Ao pessoal do grupo Quivecom, pessoas com queaprendi muito.

A professor Edivaldo da Unicamp, por abrir as portas do seu laboratório eme proporcionar uma experiência acadêmica inesquecível. Aos meu novos amigos daUnicamp. Em especial a Melisa que sempre me ajudou quando precisei e ao Marcusque me auxiliou: Nas medidas de RMN nos sábados, domingos e feriados e na discussãodos resultados.

A todos os professores do DPF que de forma direta ou indireta contribuírampara a minha formação acadêmica.

A minha namorada Edna que sempre me apoiou e incentivou nos momentosmais difíceis.

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Sumário

Lista de Figuras viii

Resumo ix

Abstract xi

1 Introdução 1

2 Conceitos Fundamentais sobre o Sistema Estudado 2

3 Procedimentos Experimentais e Técnicas de Caracterização 6

3.1 Materiais e Preparação de amostras . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 63.2 Espalhamento de luz . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7

3.2.1 Espalhamento Estático de Luz . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 73.2.2 Espalhamento Dinâmico de Luz . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9

3.3 Microcalorimetria Isotérmica de Titulação (ITC) . . . . . . . . . . . . . 123.4 Refratômetro diferencial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 153.5 Ressonância Magnética Nuclear . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16

4 Resultado e Discussão 24

4.1 Espalhamento de luz . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 244.2 Calorimetria . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 404.3 Ressonância Magnética Nuclear . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 46

5 Conclusão e Perspectivas 61

Referências Bibliográficas 63

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Lista de Figuras

2.1 Diferentes tipos de copolimeros blocos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32.2 Formula estrutural da macromolécula de L64 . . . . . . . . . . . . . . . . 32.3 Formula estrutural da molécula de p-xileno . . . . . . . . . . . . . . . . . 42.4 Fórmula química do nitruprussiato de sódio (à esquerda) e quaternário de

amônio (à direita). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5

3.1 Esquema da técnica de espalhamento de luz, θ1 é o angulo entre o eixo z e

o vetor r’, θ é o ângulo entre o vetor r e a direção do feixe incidente e r é a

distância entre o ente espalhador e o detector . . . . . . . . . . . . . . . . 83.2 Flutuações da intensidade rápidas (à esquerda) e flutuações lentas (à direita). 93.3 Função de correlação para flutuações rápidas à esquerda e função de correlação

para flutuações lentas à direita. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 103.4 O equipamento de ITC é ilustrado. Em detalhes a direita da foto está o sistema

de injeção e o motor de agitação, além das células de amostra e referência. As

duas fotos da direita mostra em detalhes a seringa o motor de agitação e as

duas células de amostra e referência . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 143.5 (a) Precessão do momento dipolo magnético nuclear sobre o campo magnético

B0. (b) Quantidade maior de momento dipolo magnético alinhado ao campo

magnético do que contrário a ele. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 183.6 Desmagnetização macroscópica transversal Mxy e magnetização longitudinal

Mz em diferentes tempos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 203.7 Ilustração clássica do fenômeno de interação dipolar entre dois núcleos vizinhos

A e B. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 223.8 Sequência de pulso CPMG, o pulso com ângulo π/2 coloca os spin no plano

xy e o pulso com ângulo π inverte a ordem em 180◦ aplica-se mais um pulso

de 180◦ e por último o processo de relaxação. . . . . . . . . . . . . . . . . 23

4.1 Diagrama de solubilidade de água no sistema de L64 em p-xileno. . . . . . . 25

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4.2 Gráfico de ln(Γ) por ln(q) para as micelas reversas na presença de solução

salina 0,1 M de CdCl2. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 264.3 Diâmetro das micelas reversas na presença de diferentes soluções salinas 0,1 M. 274.4 Ilustração do efeito do eletrólito na linearização dos segmentos EO: à esquerda

micelas reversas apenas com moléculas de H2O, à direita micelas reversas com

moléculas de H2O e eletrólitos. Espera-se que as moléculas de H2O e os íons

se concentrem preferencialmente na região central das micelas reversas. . . . 284.5 Viscosidade da solução 15% m/m de L64 em p-xileno em diferentes concen-

trações de água. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 304.6 Diâmetro das micelas reversas na presença de soluções salinas 0,1M de sais de

sódio. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 324.7 Intensidade média espalhada pelas micelas reversas na presença de diferentes

eletrólitos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 344.8 Intensidade espalhada pelas micelas reversas com água e Nps na região entre

0,2 - 1 moléculas de água + sal por segmento EO. . . . . . . . . . . . . . . 364.9 Curva de variação de índice de refração para micelas reversas com água e

C4H12NCl . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 374.10 Curva de variação de índice de refração para micelas reversas com todos os sais. 394.11 Curvas calorimetricas de formação das micelas reversas na presença de todos

os sais e água. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 404.12 Curvas calorimetricas de formação das micelas reversas na presença de solução

salina 0,1 M de NaOH e C4H12NCl. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 424.13 Curvas calorimetricas de formação das micelas reversas na presença de solução

salina 0,1 M de Na2S. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 444.14 Espectros de ressonância magnética nuclear das micelas reversas com água. . 464.15 Curva de deslocamento químico da molécula de H2O no sistema 15% mm de

L64 em p-xileno em diferentes concentrações de água. . . . . . . . . . . . . 484.16 Curva de deslocamento químico da molécula de H2O no sistema 15% mm de

L64 em p - xileno em diferentes quantidades de solução salina 0,1 M. . . . . 494.17 Curva de T 2 do grupo CH2 no sistema 15% mm de L64 em p-xileno em

diferentes quantidades de solução salina. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 504.18 Curva de T 2 do grupo CH3 no sistema 15% mm de L64 em p-xileno em

diferentes quantidades de solução salina. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 524.19 Valores de T 2 para a molécula de água em diferentes soluções aquosas 0,1 M. 544.20 Valores de T 2 para a molécula de água no interior das micelas reversas. . . . 56

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4.21 Valores de T2 para a molécula de água para um sistema idealizado de micelas

reversas com tamanho diferentes. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 584.22 Valores de T2 para as moléculas de água no sistema de micelas reversas na

presença de todos os sais estudados. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 59

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Resumo

Rocha, Julio Cezar Barbosa, M. Sc., Universidade Federal de Viçosa, fevereiro de2012. Estudo da Formação de Micelas Reversas do Copolímero tribloco

(EO)13(PO)30(EO)13 em p-xileno: Efeito da Adição de Solução Salina. Orien-tador: Alvaro Vianna N. de C. Teixeira. Co-orientadores: Luis Henrique Mendes daSilva e Maria do Carmo Hespanhol da Silva

As micelas reversas são um tipo de sistema auto-organizado que se forma emsoluções e interfaces. As micelas reversas podem ser usadas na extração de aminoáci-dos ou como nanorreatores para a sintese de nanopartículas. O copolímero tri-bloco(EO)13(PO)30(EO)13 em p-xileno e com a adição de água formam diversas estruturasauto-organizadas, uma dessas estruturas são as micelas reversas.

Nesse trabalho, micelas reversas foram produzidas pelo copolímero tri bloco(EO)13(PO)30(EO)13 em p-xileno na concentração de 15% m/m com adição de água ousoluções aquosas 0,1 M de cloreto de cádmio, nitroprussiato de sódio, sulfeto de sódio,hidróxido de sódio, sulfato de lítio e cloreto de tetrametilamônio. Foram avaliados aintensidade espalhada e diâmetro hidrodinâmico em diferentes quantidades de águaou solução aquosa 0,1 M, pelas técnicas de espalhamento estático e dinâmico de luz,respectivamente. Observou-se o aumento do diâmetro hidrodinâmico na presença detodos os sais em comparação com a água. A intensidade espalhada também aumentoupara todos os sais, exceto para as micelas com cloreto de tetrametilamônio. Foi medidoa variação do indice de refração das micelas reversas em relação a solução 15% m/m deL64 em p-xileno, em diferentes quantidades de água ou soluções aquosas. A variaçãodo indice de refração indicou o ponto de formação das micelas reversas, que não foipossível determinar com as medidas de intensidade espalhada e o ponto de transiçãona forma das micelas reversas de esféricas para elipsoidais.

Complementando as medidas de espalhamento de luz foram feitas medidas ener-géticas do sistema de micelas reversas usando a técnica de calorimetria isotérmica de

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titulação. As medidas calorimetricas mostraram que a entalpia de mistura mudoude exotérmica (micelas com água) para endotérmica (micelas com solução salina) nasprimeiras adições. Além disso, micelas reversas com o cloreto de tetrametilamônio ehidróxido de sódio apresentaram entalpia de mistura muito menor em módulo do queas micelas reversas com os outros sais e água. Em baixos conteúdos de água a entalpiade mistura endotérmica indica que o processo de desolvatação dos sais pelas moléculasde água ocorre com gasto de energia.

Espectros de resonância magnética nuclear dos hidrogênios da molécula de águamostraram a formação de água livre e água ligada no interior das micelas reversas.As curvas de deslocamentos químicos aumentaram levemente na presença de todos ossais. Medidas de relaxação spin - spin dos prótons dos grupos CH3 da molécula deL64 reduziram com o aumento do conteúdo de água ou solução salina. Esse resul-tado foi interpretado como a passagem de moléculas de L64 da forma de cadeia livrepara a forma de micelas reversas. Já as medidas de relaxação dos grupos CH2 nãovariaram significativamente com a quantidade de água ou solução salina. As medidasde relaxação das moléculas de água no interior das micelas reversas foram feitas e foideterminada a constante de relaxação T2 da molécula de água em fase macroscópicae no interior das micelas reversas. O valor de T2 diminui de 3,2 segundos em fasemacroscópica para alguns microsegundos no interior das micelas reversas. A presençado sal no interior das micelas reversas induziu uma diminuição mais acentuada no valorde T2 das moléculas água do que quando havia apenas água no interior das micelasreversas.

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Abstract

Rocha, Julio Cezar Barbosa, M. Sc., Universidade Federal de Viçosa, February, 2012.Study of the Formation of Reverse Micelles of the Triblock Copolymer

(EO)13(PO)30(EO)13 Copolymer in P-xylene: Effect of Addition of Salt. Ad-viser: Alvaro Vianna N. de C. Teixeira. Co-advisers: Luis Henrique Mendes da Silvaand Maria do Carmo Hespanhol da SilvaThe reverse micelles are a type of self-organized system that forms in solutions and in-terfaces. The reverse micelles can be used in the extraction of amino acids or as nanore-actors for the synthesis of nanoparticles. The triblock copolymer (EO)13(PO)30(EO)13

in p-xylene and small amounts of water form various self-organized structures, One ofthese structures are the reverse micelles. In this work, reverse micelles were producedby triblock copolymer (EO)13(PO)30(EO)13 in p-xylene at concentration of 15% w/win the presence of amounts water or 0.1 M aqueous solutions of cadmium chloride, so-dium nitroprusside, sulfide sodium, hydroxide sodium, sulfate lithium and tetra methylammonium chloride.

We evaluated the scattered intensity and hydrodynamic diameter in differentamount of water or salts by the techniques of static and dynamic light scattering,respectively. There was an increase in the hydrodynamic diameter in the presence ofall salts. The scattered intensity also increased for all salts, except for the micelleswith tetra methyl ammonium chloride.

We measured the variation of the refractive index of reverse micelles in solutioncompared to 15% w/w L64 in p-xylene at different amounts of water or aqueous so-lutions. The variation of refractive index indicated the point of formation of reversemicelles, which was not possible to determine using light scattering, and the transitionpoint in the form of reverse micelles of spherical to ellipsoidal.

In addition to the scattering experiments, calorimetric measurements of thereverse micelles systems were carried out using Isothermal Titration Calorimetry te-chnique. The results showed that the enthalpy of mixing has changed of exothermic

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(micelles with water) to endothermic (micelles with salt) for very low water load. Inaddition, reverse micelles with tetra methyl ammonium chloride and sodium hydroxideshowed enthalpy of mixing much smaller in magnitude than the reverse micelles withother salts and water. For the low aqueous solution content inside the reverse micellesthe endothermic enthalpy of mixing indicates that the process of desolvation of saltsby molecules of water happen with cost of energy.

Nuclear magnetic resonance spectra of protons of the molecules of water showedthe formation of free water and bound water in the inside of the reverse micelles. Thechemical shift curves increased slightly in the presence of all salts. Measurements ofrelaxation spin - spin of protons of groups CH3 decrease with the increase of water oraqueous solution content. Which was interpreted as the passage of molecules of L64of form of chain free to the form of reverse micelles. The measurements of relaxationof groups CH2 did not show significant change with the increase of water or aqueoussolution content. The relaxation of the water molecules inside the reverse micelles weremade and it was determined the T 2 relaxation constant of the molecule of water inthe macroscopic water phase and inside the reverse micelles. The value of T2 decreasesfrom 3.2 seconds in the macroscopic phase to a few microseconds in the inside of reversemicelles. The presence of salt in the inside of reverse micelles induced a most significantdecrease in the value of T 2 of molecules of water than when it was only water insidethe reverse micelles.

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Capítulo 1

Introdução

As micelas reversas formadas pelo copolímero tri bloco (EO)13(PO)30(EO)13

(pluronic R© L64) em p-xileno consistem de um núcleo formado por moléculas de águae PEO e uma coroa formada pelos blocos de PPO e algumas moléculas de água [1].Essas micelas reversas podem ser usadas em diversas aplicações como na extração deaminoácidos ou como nanorreatores para a síntese de nanopartículas, sendo a micelareversa um limitador de tamanho das nanopartículas formadas em seu interior [2,3].

O copolímero tri bloco (EO)13(PO)30(EO)13, Pluronic R© que passaremos a cha-mar apenas de L64, associa-se em solução aquosa formando micelas em uma determi-nada faixa de concentração. Nas últimas décadas o estudo das micelas foi de grandeinteresse para várias áreas de pesquisas. Entretanto o estudo da associação do L64 emsolvente orgânico é uma área pouco explorada se comparado ao estudo de micelas emsolução aquosa. A formação de micelas reversas envolve um mecanismo mais complexodo que as micelas formadas em água, pois depende da composição do copolímero etambém dos diferentes tipos de solventes orgânicos usados nos experimentos [4].

O sistema de L64 em p-xileno não forma micelas reversas mesmo em concen-trações acima da CMC reversa, sendo necessária uma concentração mínima de águapara que as micelas reversas possam ser formadas [5–9]. O sistema de L64 em p-xilenopossui um rico diagrama de fase e foi verificado não haver diferença no comportamentodo diagrama de fase a escolha do p-xileno ao invés do o-xileno [10,11].

Recentemente alguns pesquisadores observaram que comprimindo gases comoo etileno e CO2 no sistema ternário de copolímero tri bloco, água e p-xileno, pode-seinduzir a formação de micelas reversas do copolímero tri bloco (EO)27(PO)61(EO)27

(Pluronic R© P104) a 40◦C, mas não se observa o mesmo resultado para o L64 [12,13].

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Capítulo 2

Conceitos Fundamentais sobre o

Sistema Estudado

Os sistemas coloidais são sistemas em que as moléculas na interface determinamas propriedades intensivas do sistema como um todo. O sistema de micelas reversas éapenas um dos tipos de estruturas em que as moléculas anfifílicas∗ podem se associar.Os surfatantes† são móléculas anfifílicas bastante conhecida. Elas podem agregar emsoluções e interfaces formando uma diversidade de estruturas como micelas esféricas,cilindricas, lamelas ou fases bicontinuas. A região em que essas fases aparecem dependeda estrutura do surfatante como extensão da parte hidrofóbica ou tipo de grupo funcio-nal na parte hidrofílica e da temperatura e pressão do sistema [4]. Os sistemas reversossão caracterizados por apresentarem o meio contínuo de um solvente hidrofóbico e asmoléculas de solvente hidrofílicos ficam restritas a regiões hidrofílicas dos surfatantes.As micelas reversas é uma dessas fases reversas onde núcleo é composto da parte hi-drofílica do surfatante e molécula de água, e a coroa é composta da parte hidrofóbica,e o meio contínuo é composto geralmente de óleo (moléculas hidrofóbicas) [1].

Um tipo especial de macromolécula anfifílica são os copolimeros blocos quesão sintetizados a partir de duas ou mais espécies distintas de monômeros através dacopolimerização dos monomeros. A figura 2.1 ilustra alguns tipos de copolímeros.

Os copolímeros blocos assim como os surfatantes também se associam em so-luções e interfaces formando estruturas lamelares, micelas normais e micelas reversas,além de diversas outras estruturas [10]. Um típico exemplo de copolímero tri bloco é∗são moléculas que interagem muito bem com dois solventes que são incompatíveis.†são espécies que em pequenas concentrações reduzem significamente a tensão interfacial de siste-

mas contendo interfaces.

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2. Sistemas Coloidais

Figura 2.1: Diferentes tipos de copolimeros blocos

o L64 cuja forma estrutural está representada na figura 2.2.A notação L64 é uma notação comercial para pluronics R©, o L representa o

estado físico do polímero, neste caso líquido, o 6 significa que o L64 tem 6x300 = 1800g/mol de PPO e o 4 significa 40% de PEO [6]. A macromolécula de L64 é compostade na média 26 segmentos hidrofílicos (OCH2CH2) que é conhecido como óxido deetileno, ficam 13 em cada ponta da cadeia de L64 como mostrado na figura 2.2 e 30segmentos hidrofóbicos de oxido de propileno (OCH2CH(CH3)) que fica no meio dacadeia de L64. Os segmentos hidrofílicos são seletivos a moléculas de água, enquantoos segmentos hidrofóbicos são seletivos a moléculas de óleo [4].

Figura 2.2: Formula estrutural da macromolécula de L64

A molécula de L64 pode em certas condições de temperatura, pressão e con-

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2. Sistemas Coloidais

centração, formar micelas reversas em concentrações acima da concentração micelarcritica reversa (CMC)‡, entretanto diferente da maioria dos surfactantes para que amolécula de L64 forme as micelas reversas, é necessário uma quantidade mínima deágua no sistema [5–9]. A água é o principal indutor da formação de micelas reversas,sem a presença de água mesmo em concentrações acima da CMC a formação de micelasreversas de L64 não é observada.

Além da presença de água e L64 no sistema, para ocorrer a formação de micelasreversas é necessário a presença de um terceiro componente a molécula de óleo, geral-mente essa molécula é algum solvente orgânico. No caso específico da molécula de L64,uma grande parte dos trabalhos foi realizado com a molécula de 1,4 dimetilbenzeno(p-xileno) [1,6–14]. A molécula de p-xileno é composta de de um anel benzênico e doisgrupos metil na posição para como ilustrado na figura 2.3. Além do p-xileno, as micelasreversas também são formadas em o-xileno [5].

Figura 2.3: Formula estrutural da molécula de p-xileno

Um sistematico estudo dos pluronics R© em p-xileno mostrou que a composiçãotambém afeta no valor da CMC reversas. O aumento da massa molar dos polímeros,mantendo fixa a % EO induziu a redução dos valores de CMC que foi explicado comoo aumento da segregação dos blocos em direção a auto-organização com o aumento daextensão da cadeia. A redução da CMC também foi obsevada aumentando se a % dePEO mantendo se fixa a % PPO [11].

A maioria dos trabalhos desenvolvidos com o sistema de L64 - p-xileno estudaa formação de micelas reversas na presença de água [1,4–11]. Alexandridis e colabora-dores estudaram a influência de diferentes concentrações de cloreto de sódio e uréia naCMC do sistema e na e capacidade de solubilizar água pelas micelas reversas [14].

A contribuição deste trabalho é estudar parâmetros estruturais e energéticosda influência de alguns eletrólitos da série de Hofmeister no processo de formação das‡ concentração mínima de polímero em solução capaz de induzir a formação de micelas reversas.

A CMC depende da temperatura e pressão do sistema.

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2. Sistemas Coloidais

Figura 2.4: Fórmula química do nitruprussiato de sódio (à esquerda) e quaternário de amônio

(à direita).

micelas reversas, tendo em vista que o estudo das micelas reversas na presença de águae de diferentes copolímeros tri blocos já vem sendo realizado há algumas décadas, maso uso de eletrólitos ainda não foi explorado para esse sistema.

Dois dos seis eletrólitos estudados neste trabalho estão representados na figura2.4, pois eles tratam de eletrólitos com uma fórmula química um pouco mais complexae sua vizualização não ocorre de maneira imediata como os outros quatro sais.

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Capítulo 3

Procedimentos Experimentais e

Técnicas de Caracterização

3.1 Materiais e Preparação de amostras

Os reagente usados foram poli (óxido de etileno) - bloco - poli (óxido de pro-pileno) - bloco - poli (óxido de etileno), Pluronic R© L64, e p-xileno (1,4 dimetilben-zeno) de pureza maior que 99% e foram obtidos de Sigma Aldrich Company e usa-dos sem nenhuma purificação adicional. Usamos também cristais de sulfeto de só-dio nonahidratado (Na2S9H2O) de 98% de pureza, cloreto de cádmio monohidratado(CdCl2H2O) com 99% de pureza, sulfato de sódio anidro (Na2SO4) com 99% de pu-reza, sulfato de lítio monohidratado (Li2SO4H2O) com 99% de pureza, todos obtidosde Vetec Química Fina. Foram usados também nitroprussiato de sódio dihidratado[Na2(Fe(CN)5NO2H2O)] (Nps) com 99% de pureza obtidos de Insofar Produtos Quí-mico e cloreto de tetrametilamônio (C4H12NCl) com 97% de pureza obtido de SigmaAldrich. A água para preparar as soluções salinas foi tratada com um sistema Milli-Q.

O polímero foi dissolvido no p-xileno na concentração de 15% m/m e as soluçõesforam sempre preparadas 24 horas antes da adição das soluções salinas, a solução foivedada para evitar a evaporação do p-xileno. As soluções salinas foram preparadasna concentração de 0,1 M para todos os sais. As soluções salinas foram adicionadasusando uma micropipeta ou microsseringa dependendo da técnica usada.

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3. Técnicas de Caracterização

3.2 Espalhamento de luz

3.2.1 Espalhamento Estático de Luz

A radiação eletromagnética é uma composição de campos elétricos e magneticosvariáveis no tempo. Os campos elétricos podem interagir com as distribuições decargas elétricas dos átomos, provocando a polarizaçao das moléculas do sistema. Essapolarização é variável no tempo, pois ela depende do campo elétrico da onda quevaria no espaço e no tempo E(x,t). Dipoplos oscilantes induzem a formação de ondaseletromagnéticas [15].

Considere uma partícula no espaço sujeita a um campo elétrico, seus elétronsficaram sujeitos a uma força na direção contraria ao campo, enquanto os núcleos umaforça na direção do campo. Aparecerá, então, um momento de dipolo induzido nosátomos da partícula. Sendo as partículas isotrópicas o momento de dipolo estará nadireção do campo elétrico [15].

p = αE (3.1)

α é constante de polarizabilidade da partícula.O campo elétrico pode ser escrito como uma função cossenoidal do tempo e

espaço.

E = E0 cos 2π(νt− x

λ

)x̂ (3.2)

onde E 0 é a amplitude máxima do campo elétrico, ν e λ são a frequência e comprimentode onda da radiação eletromagnética respectivamente.

Combinando as equações 3.1 e 3.2, obtemos a expressão para a polarização comofunção do espaço e tempo.

p = E0 cos 2π(νt− x

λ

)x̂ (3.3)

O dipolo oscilante é fonte de radiação eletromagnética e essa é a radiação es-palhada que interessa ao espalhamento de luz. Obteremos nessa seção a intensidadeespalhada por partículas pequenas (λ/20) comparadas ao comprimento de onda da luz.A polarizabilidade é uma parâmetro microscópico das partículas. Podemos relacioná-lacom uma quantidade que pode ser obtida mais facilmente no laboratório o indice derefração (n) [15].

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3. Técnicas de Caracterização

α =M(dndc

)2πNA

(3.4)

M é a massa molecular da partícula espalhadora e NA é o número de avogrado.A intensidade espalhada por unidade de volume para um sistema de partículas

é:

IsI0

=4π2(dndc

)2Mc

NAλ4r2(3.5)

I s é a intensidade espalhada, r é a distância entre o ponto espalhador e o detector e λé o comprimento da radiação incidente.

Figura 3.1: Esquema da técnica de espalhamento de luz, θ1 é o angulo entre o eixo z e o

vetor r’, θ é o ângulo entre o vetor r e a direção do feixe incidente e r é a distância entre o

ente espalhador e o detector

Na equação 3.5 vemos que a I s depende de(dndc

)2 (contraste óptico) e depende damassa molar das particulas espalhadoras. Sistemas coloidais geralmente apresentampartículas espalhadoras com uma massa molar alta e um contraste óptico elevado.Assim o valor de I s é geralmente alto. Observe que não há depêndencia angular de I scom θ. Isso só acontece por que estamos tratando de partículas pequenas em relaçãoao comprimento de onda da luz e que estão randomicamente localizadas e estamosno plano equatorial da esfera θ1 = 90◦ na figura 3.1 . Se considerarmos partículas

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3. Técnicas de Caracterização

da ordem do comprimento de onda da luz a forma da particula é importante, aí simteremos uma dependencia angular da intensidade espalhada [15].

3.2.2 Espalhamento Dinâmico de Luz

A intensidade luz espalhada é um reflexo das flutuações espaciais das partícu-las espalhadoras. Como essas partículas estão constantemente sujeitas a choques comas partículas do solvente, elas estão em constante movimento, chamado movimentobrowniano, levando a uma flutuação da intensidade media de espalhamento das partí-culas. A teoria de espalhamento consegue correlacionar as flutuações, agora temporais,de intensidade com parâmetros estruturais das partículas espalhadoras como o raiohidrodinâmico [16,17].

No espalhamento estático de luz estavamos interessados na intensidade média〈I〉 de luz espalhada pelo sistema. Já no espalhamento dinâmico de luz, estamosinteressados na dinâmica da intensidade espalhada I(t) e qual a correlação de I(t) coma dinâmica molecular do sistema.

Figura 3.2: Flutuações da intensidade rápidas (à esquerda) e flutuações lentas (à direita).

As moléculas quando em solução estão em constante movimento de translação,rotação e vibração devido a interações térmicas. Na região iluminada à composiçãodesses movimentos leva a uma flutuação do campo elétrico espalhado, por que as cargasestão variando continuamente de lugar. Medidas dessas flutuações levam a informaçõessobre a dinâmica tanto translacional quanto rotacional das moléculas que compõe osistema. A técnica que mede essas flutuações é chamada Espectroscopia de Correlação

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3. Técnicas de Caracterização

de Fótons (PCS - Photon Correlation Spectroscopy). A função que relaciona as flu-tuações de I(t) com a dinâmica das moléculas que compõem o sistema é a função decorrelação temporal C(τ) que é definida como a média de "ensemble"da intensidadenum tempo t e num tempo t + τ [17].

C(τ) = 〈I(t)I(t+ τ)〉 (3.6)

Analisando os limites de C(τ) na equação 3.6, tem-se que quando τ = 0 ocorre omáximo valor de C(τ) (C(0) = 〈I2〉. Já quando τ →∞ o valor de C(τ) tende ao valorassintótico 〈I〉2 e ocorre a perda de correlação da intensidade. O gráfico da funçãode correlação está relacionado com o gráfico de flutuação da intensidade na figura 3.2.Flutuações mais rapidas de I (t) acarreta a perda de correlação mais rápido, isto é, acurva de C(τ) tende ao valor assintótico para τ menores. Já flutuações mais lentas deI (t) leva a uma perda de correlação mais lenta, ou seja, o valor assintótico ocorre paravalore de τ maiores do que nas flutuações rapidas de I (t).

Figura 3.3: Função de correlação para flutuações rápidas à esquerda e função de correlação

para flutuações lentas à direita.

A função correlação para dispersões de partículas monodispersas onde há inte-ração entre elas pode ser desconsiderada é dada por:

C(τ) = A+Bexp(−2Γτ) (3.7)

onde os parâmetros A e B são parâmetros de ajuste e Γ é a taxa de decaimento daexponencial da função de correlação.

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3. Técnicas de Caracterização

Os parâmetros da equação 3.7 podem ser obtidos ajustando essa equação ascurvas da figura 3.3. Geralmente e equação 3.7 não consegue ajustar muito bem ascurva da figura 3.3. Por que a equação 3.7 considera apenas um único valor de Γ e viade regra os sistemas estudados não são monodispersos e apresentam uma distribuiçãode valore de Γ. Para considerar esse efeito é necessário considerar a expansão decumulantes que leva em conta os efeitos de polidispersão. Nessa expansão é adicionadoum segundo termo na exponencial que leva em conta efeitos de polidispersão [17].

C(τ) = A+Bexp(−2Γτ + γτ 2) (3.8)

γ representa o termo de polidispersão nos valores de Γ.Em sistemas que segue uma dinâmica difusiva, Γ pode ser relacionado com o

termo que contém a dependência angular da intensidade espalhada, o vetor de espa-lhamento q que é definido pela equação:

q =4π

λsen

2

)(3.9)

λ é comprimento de onda da radiação incidente e θ é o ângulo definido na figura 3.1.

Γ = Dq2 (3.10)

D é o coeficiente de difusão translacional dos entes espalhadores.A equação 3.10 nos fornece a correlação entre a dinâmica da intensidade espa-

lhada e a dinâmica dos entes espalhadores. A constante D é o coeficiente de difusão epermite fazer essa conexão. O coeficiente de difusão se relaciona com o raio hidrodinâ-mico∗ dos entes espalhoders pela equação de Stoke - Einstein 3.11 [4].

Rh =kBT

6πηD(3.11)

kB é constante de Boltzman η é a viscosidade a qual os entes espalhadores estão sub-metidos e T é a temperatura em escala absoluta.

As amostras para o espalhamento foram preparadas adicionando solução salinaa amostra de 15% m/m de L64 em p-xileno em incrementos de 1 a 2,5 microlitro porgrama de solução de L64 em p-xileno dependendo da região de análise. A cada adição, aamostra foi colocada no porta - amostra do equipamento que estava a uma temperaturade (25,0 ± 0,5) ◦C e deixada repousar até a que intensidade flutuasse em torno de um∗raio da esfera que possui o mesmo coeficiente de difusão dos entes espalhadores.

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3. Técnicas de Caracterização

valor médio. Depois de estabilizada, a amostra foi medida usando um equipamento daBrookhaven Co., que é constituída de um laser HeNe modelo 05-LHP-928 de 35 mW ecomprimento de onda de 632,8 nm , conjunto de goniômetro modelo BI-2005M, ópticade focalização, um correlacionador modelo BI-2005MPT de 522 canais e um detectormodelo BI - APD com um sistema de detecção tipo fotodiodo de avalanche APD .

3.3 Microcalorimetria Isotérmica de Titulação (ITC)

A calorimetria é a técnica mais confiável para determinar energias envolvidasem processos físico - químicos em geral, porém sendo de difícil interpretação. A calori-metria se usada em conjunto com técnicas que determinam parâmetros estruturais daspartículas como espalhamentos de luz complementam-se e fornece informações pre-ciosas dos sistemas coloidais [18]. A técnica de ITC foi usada em complemento asespectroscopias de espalhamento de luz e ressonância magnética nuclear para forneceras energias envolvidas no processo de formação das micelas reversas na presença dediferentes eletrólitos.

Os copolímeros tri blocos do tipo A-B-A formam micelas em solventes seletivos oqual são termodinamicamente bom solvente para um bloco e precipitante para o outro[1,4–7]. Os processos de formação de micelas estão associado com quebra e formaçãode novas interações no sistema. Sendo parâmetros termodinâmicos, importantes fontesde informação a sobre esse tipo sistema. Assim a técnica de calorimetria isotérmica detitulação (ITC) é uma importante ferramenta para compreender o processo de formaçãode micelas reversas. Pois ele possibilita obter parâmetros termodinâmicos como avariação de entalpia na formação das micelas reversas.

O ITC é capaz de registrar fenômenos termodinâmicos que liberam energia porunidade de tempo na ordem de microwatts. A ordem típica de energia que são liberadasou absorvidas nos processos físico-químicos de formação de micelas reversas do sistemaestudado é da ordem de alguns milhares de joule por mol que são valores que estão naescala de sensibilidade do ITC.

É necessário entender o significado de algumas variáveis termodinâmicas paraconseguir interpretar os dados de calorimetria. A variável medida na técnica de ITC é aenergia na forma de calor Q, liberada ou absorvida em algum processo físico - químicosque ocorre no sistema. Q pode ser relacionado com a variável entalpia H [19].

H = U + PV (3.12)

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3. Técnicas de Caracterização

U é a energia interna, P a pressão e V o volume do sistema.Em um processo a volume constante podemos derivar ambos os lados da equação

3.12 para obtermos a equação

∆H = ∆U + P∆V (3.13)

P∆V é o trabalho realizado pelo sistema ou sobre o sistema (W ).A termodinâmica nos diz que a variação da energia interna é igual a quantidade

de calor que entra ou sai do sistema menos, o trabalho realizado pelo sistema ou sobreo sistema.

∆U = Q−W (3.14)

Substituindo a equação 3.14 na equação 3.13 obtemos a relação da entalpia coma energia na forma de calor liberada ou absorvida pelo sistema.

∆H = Q (3.15)

A entalpia é uma função termodinâmica da temperatura, número de mols, pres-são. Ela pode ser escrita como uma diferencial exata dessas variáveis.

dH =

(∂H

∂T

)p,n

dT +

(∂H

∂p

)T,n

+

(∂H

∂ni

)T,p,ni 6=nj

dni + .. (3.16)

Nas medidas de ITC pode-se considerar que a temperatura e a pressão do sistemaquase não variam. Então a equação 3.16 depende apenas do número de mols.

dH =

(∂H

∂ni

)T,p,ni 6=nj

dni (3.17)(∂H∂ni

)T,p,ni 6=nj

é a entalpia molar parcial do componente i.

Rescrevendo - se a equação 3.15 em termos da entalpia molar parcial.

Qi =∑

nihfi −∑

nihai (3.18)

onde hf i é a entalpia molar parcial dos componentes após a mistura, hai é a entalpiamolar parcial de cada componente antes da mistura e Q é a entalpia diferencial dosistema.

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3. Técnicas de Caracterização

Então medindo a energia na forma de calor envolvida quando se mistura ocomponente i no sistema, pode-se relacionar com as energias de interação envolvidasnos processos físico - químicos que o componente i induz no sistema.

O equipamento de ITC consiste de duas células de 1,8 ml, uma de amostrae a outra de referência. Elas são construídas com uma forma padrão. A figura 3.4ilustra ambas as células. Será titulada na célula amostra uma solução que fica numaseringa com precisão de 0,5 microlitros. Na referência não será titulado nada, servindoapenas como comparação. Um típico motor de passo é responsável pelas injeçõesda seringa podendo ser controlado por um software. Um agitador roda no interiorda célula de amostra a 300 r.p.m. servindo para homogeneizar a amostra. O fluxode calor é detectado por um sistema de termopilhas que tem uma precisão de 10−8

joules . Antes de começar as medidas abaixam-se as torres e é necessário esperar umdeterminado tempo para que a células entrem em equilíbrio térmico com um banho quefica localizado no interior do calorímetro. Espera-se um tempo até formar uma linhabase que é simplesmente quando a potência dissipada no calorímetro é constante daordem de alguns microwatts e o desvio desse valor é da ordem de décimos de microwatts.A figura 3.4 ilustra todo o equipamento.

Figura 3.4: O equipamento de ITC é ilustrado. Em detalhes a direita da foto está o sistema

de injeção e o motor de agitação, além das células de amostra e referência. As duas fotos

da direita mostra em detalhes a seringa o motor de agitação e as duas células de amostra e

referência

Os experimentos de calorimetria foram conduzidos num equipamento de ITCmodelo CSC 4200. As medidas foram feitas usando uma cela com a referência onde

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3. Técnicas de Caracterização

colocamos 1,8 mL de solução 15% m/m de L64 em p-xileno. Na outra cela também foicolocado 1,8 mililitro de uma solução 15% m/m de L64 em p-xileno. A essa soluçãoera adicionado usando uma microseringa um volume de 1 µL de solução salina 0,1M dos sais estudados neste trabalho sob um processo constante de agitação. A cadainjeção era esperado um intervalo de 1 hora para a próxima injeção para que o sistemaatinja o equilíbrio termodinâmico. Na região onde há apenas polímeros livres e micelasreversas, esse tempo é suficiente para que o sistema entre em equilíbrio termodinâmico.Alexandridis e colaboradores trabalharam com um tempo de 15 - 30 minutos para aamostra entrar em equilíbrio termodinâmico após a adição de água [11].

3.4 Refratômetro diferencial

O refratômetro diferencial foi usado de modo complementar ao espalhamentode luz, a calorimetria e o RMN. Ele baseia-se na medida da diferença de índice derefração de uma amostra teste e uma amostra referência, tendo sensibilidade de até10−5. Usamos um equipamento da Brookhaven modelo BI-DNDC, o equipamentoé composto de duas células, uma para amostra de referência e uma para amostrateste, cada célula possui uma entrada e uma saida. Ele vem acompanhado de duasmangueiras para injetar as amostras no interior da célula e duas mangueiras para asaída das soluções. Ele também vem acompanhado de um programa BI-DNDCW. Aprecisão no controle de temperatura é de ± 0,01 ◦C. Ele opera com os comprimentosde ondas de 620, 535 e 470 nm. O equipamento funciona nos modos estáticos oudinâmicos. No modo estático a varição do indice de refração com a concentração(dn/dc) é determinado. Já no modo dinâmico, o (dn/dc) da amostra já é conhecido eo equipamento é usado como detector de concentrações.

Ao usar o equipamento em ambos os modos é necessário calibrá-lo com uma so-lução com (dn/dc) conhecido, pois o equipamento mede variação de voltagem (equação3.19) e não de (dn/dc). Geralmente usa-se soluções aquosas com diferentes concentra-ções de cloreto de potássio (KCl).

∆V = V − V0 (3.19)

V é a voltagem medida ao longo do experimento, V0 é a voltagem quando as duascélulas estão preenchidas com solução referência.

A constante para a soluções de KCl a (25,00 ± 0,01) ◦C e λ = 620 nm é:

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3. Técnicas de Caracterização

dndc

= (0, 1360± 0, 0005)mLg. Conhecendo essa constante precisamos montar um gráfico

de ∆n por ∆V para as soluções de KCl. A inclinação desse gráfico é o valor daconstatante de calibração. A constante de calibração usada nos nossos experimentos foi:k = (2, 913± 0, 005)10−4volt−1. Com o valor da constante em mãos, basta multiplicaro valor de ∆V por k para obtermos os valores de ∆n. Outro detalhe importante é quequando adicionamos a solução no interior da célula do refratômetro, é necessário esperarum tempo para a amostra estabilizar e como o refratômetro tem uma sensibilidademuito alta, foi necessário adotar um critério de estabilidade. Após a adição da amostraera esperado que os valores de ∆V aproximassem de uma reta com inclinação próximode zero. Para o sistema que estudamos foi usada como referência uma amostra de 15%m/m de L64 em p-xileno. Na amostra teste foi injetada soluções de 15% m/m de L64em p-xileno com diferentes quantidades de água ou solução salina 0,1 M.

3.5 Ressonância Magnética Nuclear

O processos e interações moléculares são os responsáveis pela propiedades ma-cróscopica dos sistemas. A técnica de Ressonância magnética nuclear é de fundamentalimportância na obtenção de informação em escala atômica dos processos molécularesenvolvidos em sistemas coloidais. Essa técnica se baseia na existência do momentos dedipolo mágnetico de spin, característico das partículas elementares que compõem osprótons e neutrons (quarks) no núcleo, assim como no eletron (léptons) [20,21].

Ao aplicar-se um campo magnético B0 em um sistema, os núcleos com momentomagnético de spin (S) 6= 0, induzirão a perda de degenerescência de alguns estados dosistema, separando-os em (2S + 1) estados quânticos de spin. Os estados agora nãodegenerados estarão separados por uma diferença de energia proporcional ao campomagnético B0 dado pela equação 3.20 [21]

∆E =µB0

S(3.20)

Nesta equação B0 representa o campo magnético, µ o momento magnético nuclear.O momento magnético nuclear está relacionado com o momento magnético de

spin pela equação 3.21

µ =γhS2π

(3.21)

γ é a constante giromagnética, caracteristica de cada núcleo e h é a constante de planck

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3. Técnicas de Caracterização

A diferença de frequência ν da radiação que provoca transição entre dois estadosé dado pela relação de Bohr (ν = ∆E/h)

ν =γB0

2π(3.22)

A transição entre dois estados do sistema ocorrerá na frequência de ressonânciaν com a absorção de ondas de radio frequência [20].

A frequência de núcleos em moléculas e dada pela equação 3.22, entretantoprótons em diferentes regiões da amostra estarão sujeitos a frequências levemente di-ferentes, devido a distriuição de eletróns próximos aquele núcleo. Quando um campoexterno é aplicado no sistema, o campo elétrico "sentido"pelos prótons no interior donúcleo será levemente menor devido ao efeito de blindagem dos eletróns nas diferentescamadas dos atómos [21].

B = B0(1− σ) (3.23)

onde σ é a constante de blindagem.A equação 3.22 será modificada por um termo que leva em conta a constante de

blindagem, equação 3.24

ν =γB0 (1− σ)

2π(3.24)

A escala de deslocamento químico δ é conveniente definida entre a diferença nafrequência de ressonância de uma amostra que queremos medir com uma amotra dereferência. A escala é multiplicada por 106 por conveniência [21].

δ = 106 (ν − νref )

νref(3.25)

δ está relacionado com a constante de blindagem através da equação:

δ = 106 (σref − σ)

(1− σref )(3.26)

Um espcetro de RMN de uma amostra de etanol puro apresenta-se com pelomenos três picos, devidos aos prótons CH2, CH3 e OH, cada um representando umambiente químico, e por conseguinte, um valor de δ. [21].

A mecânica classica pode ser usada para explicar o fenômeno de excitação dosspins nucleares entre dois estados quânticos digamos α e β.

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3. Técnicas de Caracterização

Figura 3.5: (a) Precessão do momento dipolo magnético nuclear sobre o campo magnético

B0. (b) Quantidade maior de momento dipolo magnético alinhado ao campo magnético do

que contrário a ele.

Do ponto de vista clássico, quando se aplica um campo magnético num sistema,os spins nucleares precessarão em torno de B0 ou na direção contrária como mostra afigura 3.5. Nesse caso estamos considerando o sistema com spin S = 1/2. Na figura3.5 (b) é mostrado esquematicamente que temos mais spins alinhados ao campo do quecontrário a ele. Se aplicarmos a esse sistema uma campo magnético B1 perpendiculara B0 e que oscila com frequência ω1, isto é, B1 oscila no plano xy. Pode-se mudar adireção de magnetização macroscópica M da amostra [20].

Com o objetivo de simplificar o problema, consideremos agora um referencialque gira em torno do eixo z da figura 3.5 com frequência angular ω. Neste referencialaparece um campo magnético fictício Bf = ω/γ, devido a mudança de referencial. Ocampo magnético total sentido pelos prótons do núcleo é dado pela equação 3.27 [20].

Bef = B0 +ω

γ+ B1 (3.27)

Na condição de ressonância (ω = ω0) temos que o campo fictício cancela com ocampo B0 e sobra apenas o campo B1. Nesse caso o vetor µ precessará em torno de

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3. Técnicas de Caracterização

B1 com frequência angular ω = −γB1.Do ponto de vista quântico B1 provoca a transição entre os níveis α e β de

prótons de S = 1/2. Em alguns tipos de experimentos o interesse é em medir a des-magnetização após aplicar o campo B1. Quando se retira o o campo B1, o vetor µvoltará a precessar em torno de B0 [22].

Na figura 3.6 são apresentados dois tipos de mecanismos, através dos quais osistema volta ao estado fundamental (antes da aplicação de B1). Este processo é cha-mado de relaxação, que pode ser longitudinal ou transversal. A relaxação transversalé associada a redução do valor de Mxy que é a componente da magnetização no planoxy e a relaxação longitudinal ocorre com o aumento de Mz que é a magnetização aolongo do eixo z [22]

Mz = M0

(1− 2 exp

(− t

T1

))(3.28)

onde T1 é o tempo de relaxação spin - rede e M0 é a magnetização incial do sistema.A relaxação transversal pode ser determinada através do ajuste de decaimento

exponencial da pela equação

Mxy = M0 exp

(− t

T2

)(3.29)

onde T2 é o tempo de relaxação spin - spin ou tempo de relaxação transversal.Neste trabalho foram medidos os valores de T2, para grupos funcionais das

moléculas constituintes dos sistemas formados por L64 + H2O + p-xileno. O enfoqueserá na explicação da relaxação transversal. A taxa de relaxação transversal dependedas interações dipolares, as quais criam flutuações de campo com a componente emz. São justamente as flutuações de campo moduladas pelos movimentos molecularesas interações responsáveis pela perda de coerência da magnetização no plano xy. Pararelacionarmos o T2 a dinâmica do sistema precisamos definir variáveis apropiadas.

Considerando um sistema de spins 1/2 desacoplados, a componente x do campomagnético transversal obedece a seguintes propriedades [23]:

1 As flutuações temporais do campo tem média zero.

〈B(x)〉 = 0 (3.30)

O campo magnético na direção x sentido por cada spin ao longo do tempo temmédia zero, isso ocorre devido aos choques randômicos a que o spin é submetido, nesse

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3. Técnicas de Caracterização

Figura 3.6: Desmagnetização macroscópica transversal Mxy e magnetização longitudinal Mz

em diferentes tempos.

caso o campo magnético B0 é aplicado na direção z como pode ser visto na figura3.5 [23].

2 A descrição de quão rápido são as variações do campo magnético pode serdada pela função de correlação G(τ ).

G(τ) = 〈Bx(t)Bx(t+ τ〉 6= 0 (3.31)

Campos Bx que flutuam rapidamente para pequenos valores de τ , G(τ )−→ 0.Já para campos que flutuam lentamente é necessário uma maior valor de τ para queG(τ )−→ 0. A ideia de G(τ ) é a mesma discutida na seção de espalhamento dinâmicode luz. Geralmente a função correlação decai com uma exponencial, τc é o tempode correlação rotacional. Dinâmicas rapidas apresentam um τc pequeno, já dinâmicaslentas tem um valor de τc mais alto [23].

G(τ) =⟨Bx(t)2

⟩e−|τ |τc (3.32)

De posse de G(τ) podemos definir a função conhecida como densidade espectral

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3. Técnicas de Caracterização

J(ω ) que é a transformada de fourier de G(τ) [23].

J(ω) = 2

∞∫0

G(τ) exp{−iωτ}dτ (3.33)

para G(τ) na forma exponencial J(ω) assume a forma lorenziana como dadopela equação 3.34:

J(ω) =τc

1 + ω2τc2(3.34)

Pequenas moléculas ou em altas temperatura apresentam τc pequeno, já grandesmoléculas em baixas temperaturas ou liquídos viscosos tem um valor de τc alto. Adependência da propriedade macroscópica T2 com a propriedade microscópica τc érelacionada através de J(ω) pela equação 3.35 [21].

1

T2=

1

2γ2⟨B2⟩J(ω0) +

1

2γ2⟨B2⟩J(0) (3.35)

Analisando a equação 3.35 no limite de movimentos moleculares mais lentosω0τc � 1 o valor de J(ω0) � J(0). Agora no limite de movimentos moleculares maisrápidos ω0τc � 1 da equação 3.34 temos que J(ω0) = J(0) e no caso em que ω0τc = 1,J(ω0) = 1/2J(0) e J(0) é 2τc. Assim a equação 3.36 é válida nesses limites [21].

1

T2= kτc (3.36)

onde k é a constante de proporcionalidade e tem unidade de s−2.Há vários mecanismos de relaxação magnética no caso da relaxação magnética

transversal, o principal mecanismo vem da interação dipolar entre spins de núcleovizinhos. Considerando dois núcleos A, D de spins 1/2 e vizinhos, o campo magnéticoresultante BR que o núcleo A sentirá é o campo magnético B0 do magneto, mais ocampo magnético do spin do núcleo D (BD) [20].

BR = B0 + BD (3.37)

Na figura 3.7 a interação dipolo - dipolo é representada por dois pequenos imãs.Vemos pela equação 3.38 que BD depende da distância de separação entre os dipolos eo ângulo entre os dois núcleos. Em líquidos com pequenas moléculas com movimentosrápidos pode-se mostrar que o valor médio desse campo vai a zero, devido aos movimen-tos rotacionais e translacionais das moléculas. A interação dipolo - dipolo é bastante

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3. Técnicas de Caracterização

Figura 3.7: Ilustração clássica do fenômeno de interação dipolar entre dois núcleos vizinhos

A e B.

significativa em sólido, por que os núcleos estão mais próximos e tem mobilidade me-nor. A consequência mais imedianta deste fato são as elevadas taxas de relaxaçãotransversal e larguras de banda. Assim, dependendo da dinâmica e do tempo com queocorre a relaxação transversal, os valores de T2 fornecem informações da dinâmica dosmovimentos moleculares a que os spins estão submetidos [23].

BD = ±γDSDh

2πrAD

(3cos2θAD − 1

)(3.38)

As medidas de RMN foram feitas usando um espectômetro de RMN Varianmodelo INOVA500 a temperatura foi controlada a (25,0 ± 0,1) ◦C. O espectros foramobtidos a partir da transformada de Fourier do FID de quatro repetições com um tempode aquisição variando de 0,005 a 9 segundos dependendo de cada amostra. Tempo essenecessário para que a magnetização de cada amostra decaisse a um valor inferior a 5%do valor da magnetização em t = 0. Os valores de T2 foram obtidos a partir das áreas decada pico de interesse e ajustadas de acordo com a equação 3.29. Para obter os valoresde T2 foi necessário aplicar a amostra, uma sequência clássica de pulsos conhecida comoCarr - Purcell - Meiboom - Gill (CPMG). A sequência segue a ordem da figura 3.8

A figura 3.8 mostra os passos da sequência CPMG, primeiro aplicou-se um pulsode 90◦, ou seja, um campo magnético B1(t) no plano xy. Esse pulso faz os momentosmagnéticos µ precessarem no plano xy. Esperou-se um tempo τ = 300µs e aplicou-se um pulso de 180◦. Esse pulso serve para focalizar os spins. Pois da discussão de

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3. Técnicas de Caracterização

Figura 3.8: Sequência de pulso CPMG, o pulso com ângulo π/2 coloca os spin no plano xy e

o pulso com ângulo π inverte a ordem em 180◦ aplica-se mais um pulso de 180◦ e por último

o processo de relaxação.

deslocamento químico vimos que dependendo do próton ele estará sujeito a um campomagnético ligeiramente diferente de B0, dependendo do meio químico em que ele seencontra. Quando se aplica o pulso de 180◦ os spins que precessam em frequênciasmaiores diminuirão esses valores e os spins que precessam mais lentamente sofrerão umaumento de frequência. Espera-se um tempo 2τ e aplica novamente um pulso de 180◦.Após o pulso de 180◦ a amostra poderá relaxar e voltar a sua condição inicial.

As amostras para o RMN foram preparadas com uma antecedência de no mí-nimo 48h antes das medidas e deixadas numa sala climatizada a (25± 1) ◦C. Para queelas atinjam o equilíbrio termodinâmico. Foram preparadas várias amostras com con-centração 15% m/m de L64 em p-xileno e adicionados diferentes volumes de água ousolução salina. Após a adição elas foram fechadas para evitar a evaporação do solvente.Uma hora antes de realizar as medidas pegamos as soluções e as transferimos para ostubos próprios do equipamento de RMN.

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Capítulo 4

Resultado e Discussão

4.1 Espalhamento de luz

O digrama de solubilidade para o sistema ternário de L64 - p-xileno - água foideterminado na literatura e o valor da concentração micelar crítica reversa (CMC)é 9% m/m [14]. O valor encontrado em nossos testes experimentais foi de (12 ±0,8)% m/m como pode ser visto na figura 4.1. Essa diferença é admissível tendo emvista que o valor da CMC pode variar quando se muda o lote do L64. Em ambas asmedidas, a CMC foi determinada usando um diagrama de solubilidade que dependeuintrinsecamente do olho humano. As medidas foram feitas preparando soluções de 0 a50% m/m e adicionando se água em incrementos de 1 µL por grama de solução até osistema apresentar um aspecto turvo. Quando o sistema apresentava um aspecto turvo,era colocado num banho termostatizado a temperatura de 25 ◦C por um periodo de 15a 30 minutos. Se a solução voltasse a ficar transparente, mais água era adicionada até osistema não conseguir mais solubilizar água e a solução ficar com uma aspecto leitoso.A CMC foi determinada como a concentração em que a capacidade de solubilizarágua aumentava significativamente. Esse procedimento pode ser outro fator para essadiferença de 3% m/m por depender apenas do olho humano. Entretanto os diagramasde solubilidade geralmente são feitos em conjunto com técnicas de espalhamento eressonância magnética nuclear [6,10].

Os experimentos foram realizados numa concentração de 15% m/m de L64 emp-xileno que está acima da CMC para o sistema ternário de L64 - p-xileno - água.Entretanto a adição de soluções salinas pode modificar o valor da CMC como discutidopor Alexandridis [14]. Na concentração estudada, todas as soluções com diferentes

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4.1 Espalhamento de luz

Figura 4.1: Diagrama de solubilidade de água no sistema de L64 em p-xileno.

eletrólitos formaram micelas reversas, antes de atingir o ponto de turbidez, o quegarante estarmos trabalhando com uma concentração acima da CMC. Outro pontopositivo é que nessa região estamos trabalhando num regime diluído de concentraçãode micelas reversas. O que significa que as cadeias dos polímeros que compõem micelasdistintas não estão se entrelaçando.

A fim de determinarmos o raio hidrodinâmico das micelas reversas, fizemos umamedida da taxa de decaimento das funções de auto-correlação da intensidade espalhadapelas soluções (Γ) contra o quadrado do vetor de espalhamento (q). Se essa relaçãoé linear podemos dizer que as micelas seguem um regime difusivo e podemos usar aequação de Stoke-Einstein 3.11 para determinar o diâmetro hidrodinâmico.

As linhas contínuas na figura 4.2 são retas de inclinação 2, verificamos que aequação ajusta muito bem os dados indicando que as micelas reversa com solução 0,1M de CdCl2 estão no regime difusivo e a equação de stoke - Einstein pode ser usada

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4.1 Espalhamento de luz

Figura 4.2: Gráfico de ln(Γ) por ln(q) para as micelas reversas na presença de solução salina

0,1 M de CdCl2.

para determinar o raio hidrodinâmico. O mesmo comportamento foi observado nasmicelas reversas na presença de todos os sais estudados. Analisamos o regime difusivonas concentrações 10 µL/g e 23 µL/g por se tratarem de concentrações no início daformação das micelas e próximo ao ponto de saturação da quantidade de água que asmicelas reversas conseguem receber antes de separar fase respectivamente.

A constante de proporcionalidade entre a taxa de decaimento e o quadrado dovetor de espalhamento é o coeficiente de auto-difusão das micelas reversas. Usando arelação de Stoke - Einstein (eq. 3.11), obtivemos o diâmetro hidrodinâmico das micelasreversas na presença dos diferentes eletrólitos.

A viscosidade usada no experimento foi a viscosidade da solução de 15% m/mL64 em p-xileno sem a adição de água ou solução salina. Espera-se que a viscosidadedo meio em que as micelas difundem mude com a quantidade de água adicionada, uma

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4.1 Espalhamento de luz

vez que mais moléculas livres do co-polímero em solução agregam-se para formar asmicelas a medida que mais água ou solução aquosa é adicionada. Por isso usaremos otermo diâmetro aparente (dap) nos gráficos deste trabalho.

Figura 4.3: Diâmetro das micelas reversas na presença de diferentes soluções salinas 0,1 M.

O resultado do diâmetro aparente para os sistemas com sais Li2SO4, NaOH,C4H12NCl, NpS, CdCl2 e Na2S estão apresentados na figura 4.3. Uma análise dessegráfico mostra que a presença de todos os sais estudados induz um um aumento do diâ-metro aparente, os sais que mais deslocam as curvas para diâmetros aparentes maioressão o sulfeto de sódio e o sulfato de lítio até 17 µL solução salina 0,1M/ g solução (L64+ p-xileno). A forma em U dos gráficos da figura 4.3 será discutida posteriormente.

A idéia para explicar o aumento do diâmetro hidrodinâmico das micelas reversasna presença do eletrólito é que, ao adicionar uma solução com um eletrólito específico,o cátion e o ânion junto com as moléculas de água são dissolvidos no núcleo das micelasreversa formado por PEO + cátion + ânion + moléculas de água. A coroa é formada

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4.1 Espalhamento de luz

pelos segmentos PPO mais p-xileno [1]. Sabe-se que o cátion interage com o oxigênio dogrupo EO formando o chamado pseudo - policátion [24], a densidade de carga positivaatrai o ânion para próximo do cátion. Essa interação repulsiva dos segmentos formadosfaz com que as cadeias de L64 mudem a sua estrutura conformacional ficando maislinearizadas do que na presença de água pura. Essa extensão da cadeia de PEO levaa um aumento da micela reversa. Obviamente esse efeito depende da interação entrecada cátion específico com os segmentos de PEO. A interação entre a cadeia carregadapelos cátions e os ânions correspondentes também afetam o efeito de expansão dascadeias, uma vez que os ânions devem blindar parcialmente a repulsão colombianados segmentos carregados. Foi observado que todos os sais estudados provocam umaumento do diâmetro aparente das micelas reversas. Assim todos os cátions estudadosestão interagindo com o PEO no interior da micela reversa. Os íons Na+ e Li+ doNa2S e do Li2SO4, respectivamente, são os que interagem preferencialmente em baixasconcentrações. Já os cátions do sais de Nps e C4H12NCl têm uma interação preferencialem altas concentrações. O cátion Cd2+ do sal CdCl2 e o Na+ do NaOH são os que menosmodificam o diâmetro hidrodinâmico aparente das micelas reversas em comparação como sistema com água.

Figura 4.4: Ilustração do efeito do eletrólito na linearização dos segmentos EO: à esquerda

micelas reversas apenas com moléculas de H2O, à direita micelas reversas com moléculas de

H2O e eletrólitos. Espera-se que as moléculas de H2O e os íons se concentrem preferencial-

mente na região central das micelas reversas.

Ilustramos na figura 4.4 as micelas reversas na presença e ausência de eletrólitos.

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4.1 Espalhamento de luz

É objetivo da figura 4.4 mostrar que as moléculas de água não se distribuem unifor-memente no interior das micelas reversas, mas se concentram principalmente no centrodas micelas reversas, pois as moléculas de água são mais polares do que os segmentosEO. Se elas se concentrassem na interface PEO - PPO aumentariam a energia inter-facial das micelas reversas que seria desfavorável energeticamente para a manutençãodas micelas reversas [5]. Pelo mesmo motivo na figura 4.4, propomos que os eletrólitostambém não se distribuem uniformemente nas micelas reversas, mas se concentramno centro das micelas reversas, pois os eletrólitos são ainda mais polares do que asmoléculas de água.

A região de concentração entre 0 e 5 µL solução salina 0,1 M/ g solução (L64 +p-xileno), as concentrações serão representadas pela notação 0 - 5 µL/g, que refere-sea quantidade de solução aquosa 0,1 M adicionada em microlitros para cada grama desolução 15% m/m L64 em p-xileno, não está representado no gráfico da figura 4.3, poisse trata de uma região crítica do sistema. Nessa região o sistema apresenta flutuaçõesde concentração da ordem do comprimento de onda da luz usada no experimento deespalhamento de luz. Nessas condições a solução fica turva e impossibilita o uso datécnica de espalhamento de luz para a determinção do diâmetro hidrodinâmico. Essaregião é a transição entre o sistema com unímeros (cadeias livres) e a região com uní-meros e micelas reversas. Essa turbidez pode estar associada à presença de impurezashidrofóbicas da molécula de L64. Holzwarth e colabores mostraram que próximo datemperatura de micelização critica (CMT) ocorre um aumento da intensidade espalhadapelas micelas de L64 comercial, entretanto não é observado o aumento da intensidadepara micelas feitas com L64 purificado, O que sugere que as impurezas hidrofóbicasafetam a dinâmica de formação de micelas reversas [25].

Os resultados motram que os diâmetros aparente das micelas reversas diminuina região entre 5 - 10 µL/g. Esses dados são contraditórios ao proposto por Chu e cola-boradores para micelas reversas com água [5]. Eles mostraram que as micelas reversaspossui um diâmetro constante nas primeiras injeções de água e que posteriormenteas micelas aumentam seu diâmetro, indicando uma mudança de forma. A contradiçãopode ser explicada pelo fato de usarmos uma viscosidade constante na equação de Stoke- Einstein e então estamos falando de diâmetro aparente e não diâmetro real como nosgráficos apresentado por Chu e colaboradores [5].

Fizemos medidas da viscosidade da solução 15% m/m em diferentes concen-trações de H2O. O que observamos foi que a viscosidade aumenta com o aumento daconcentração de água.

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4.1 Espalhamento de luz

Figura 4.5: Viscosidade da solução 15% m/m de L64 em p-xileno em diferentes concentrações

de água.

O aumento de viscosidade na figura 4.5 pode ser explicado partindo do modelode Einstein para suspensões de esferas rígidas.

η = ηs(1 + 2, 5φ) (4.1)

onde η é a viscosidade da solução e ηs é a viscosidade do solvente e φ é a fraçãovolumétrica da fase dispersa.

No caso específico do nosso sistema podemos fazer uma analogia com a equação4.1. ηs é a viscosidade da solução 15% m/m de L64 em p-xileno sem a adição de águae φ é a fração volumétrica das micelas reversas na solução. À medida que aumentamoso volume de água na solução, aumenta a fração de micelas reversas [1,5]. O aumentoda fração volumétrica provoca um aumento na viscosidade da solução.

Se usarmos o valor da viscosidade obtido na figura 4.5 na relação de Stoke -

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4.1 Espalhamento de luz

Einstein a diminuição do diâmetro hidrodinâmico na região entre 5 - 10 µL/g torna-se ainda mais acentuado. Uma possível explicação para essa discrepância entre osdados aqui obtidos e os dados da literatura, pode ser o fato que não devemos usar naequação de Stoke - Einstein a viscosidade macroscópica obtidos na figura 4.1 sim amicroviscosidade a qual as micelas reversas estão submetidas.

O sistema discutido neste trabalho consiste de micelas reversas em equilíbriocom cadeias livres do polímero, sendo que estas últimas representam de 60 a 90%do total de cadeias de L64 na solução dependendo da concentração de água [1]. Oequilíbrio pode ser deslocado para a formação de micelas reversas quando se aumentaa concentração de água. Esse aumento do número de micelas reversas está associado auma diminuição do número de cadeias livres, pois o sistema é fechado e o número demoles de L64 e constante. Desta forma as micelas reversas estariam imersas em ummeio cuja a uma viscosidade cada vez menor à medida que a concentração de águaaumenta, pois a solução polimérica estaria cada vez mais diluída. Como estamos numaregião diluída de micelas reversas, a hipótese é que uma não influi na dinâmica difusivada outra, mesmo a concentração de micelas aumentando . Essa correção da viscosidadefoi feita na literatura e mostrou se satisfatória na correção da diminuição de tamanhodas micelas reversas na região entre 5 - 10 µL/g [26].

Os três sais de sódio estudados mostraram um comportamento diferente depen-dendo da região do diagrama de fase. Por exemplo, o eletrólito Na+ do sulfeto de sódioapresentou uma maior interação com PEO da cadeia de L64 do que o eletrólito Na+ dosal Nps na região de 5 - 19 µL/g . Já na região de 19 - 25 µL/g a tendência se inverte e oNa+ do Nps é o que interage melhor com o PEO da cadeia de L64. A presença do Na+

do NaOH parece não influenciar muito no tamanho das micelas, apenas nas regiõespróximas a 25 µL/g é que o tamanho das micelas com NaOH aumentam bastante emrelação as micelas com água pura. Esse resultado mostra que não apenas a presença docátion Na+ deve ser levada em conta, mas a presença do ânion influência na interaçãodo cátion com o PEO. A influência do ânion na interação de cátions com PEO foiestudada na literatura. A formação de sistema aquoso bifásico foi observada com PEO3350 na presença de sulfato de sódio (Na2SO4), entretanto não ocorre a formação dosistema aquoso bifásico quando se usa o cloreto de sódio (NaCl). O que indica que apresença do ânion SO2−

4 influencia na interação do cátion com o PEO [24].Há uma discussão bastante intensa na literatura sobre a interação do eletrólito

com polímeros e proteínas. A explicação para a interação de eletrólitos com proteínasda conhecida série de Hofmeister ainda não está totalmente elucidada [27]. Alguns

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4.1 Espalhamento de luz

Figura 4.6: Diâmetro das micelas reversas na presença de soluções salinas 0,1M de sais de

sódio.

pesquisadores propõem a interação do ânion com as moléculas de água estruturandoou desestruturando as moléculas de água dependendo do sal e modificando a qualidadedo solvente. Já trabalhos recentes propõem a interação direta do eletrólito com asproteínas como sendo a explicação para a série de Hofmeister [28–30].

A influência do ânion é tão significativa nesse sistema de micelas reversas queao adicionarmos solução de Na2SO4 0,1M formam se estruturas de tal modo a tur-var a solução e, posteriormente, acaba-se formando um precipitado branco no fundodo frasco. Nessas condições não é possível determinar o raio hidrodinâmico dessasestruturas usando o espalhamento de luz.

Outro ponto que torna o trabalho ainda mais interessante é que, se adicionar-mos solução 0,1 M de Li2SO4, ocorre a formação de micelas reversas, como pode serobservada na figura 4.3. A diferença não é mais no ânion e sim o cátion. Os dois

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4.1 Espalhamento de luz

cátions apresentam uma mesma quantidade de carga, entretanto eles possuem umadiferença no grau de hidratação, essa diferença pode ser explicada pela diferença detamanho dos cátions. O Li+ possui um raio menor do que o Na+ e a atração entreo cátion e os dipolos das moléculas de água aumenta à medida que o raio do cátiondiminui, podendo ser explicado pelo aumento da interação eletrostática por causa damenor distância entre o cátion de raio menor e os dipolos da molécula de água [31].

Quando as soluções são transferidas para o interior das micelas reversas, o Li+

e Na+, pelo modelo, interagirão com o oxigênio do grupo EO. Já os ânions formarãoum par iônico com os cátions. O ânion SO2−

4 é um dos ânions conhecidos da sériede Hofmeister que produz um efeito de desidratação das cadeias do polímero. Esseefeito é compensado pelo efeito de hidratação das moléculas de Li+ que interage como polímero e o resultado é um efeito de melhor hidratação do Li+ do que desidrataçãodo ânion SO2−

4 . Já o Na+ também apresenta o efeito de hidratação das cadeias dePEO, entretanto esse efeito é menor do que o do Li+, sendo esse motivo uma possí-vel explicação para a formação das micelas reversas na presença de Li2SO4 e a nãoformação das micelas na presença de Na2SO4. O Na+ pode não compensar o efeitode desidratação provocado pelo SO2−

4 e isso provocaria o efeito de desestabilização dasmicelas reversas. Um fenômeno análogo foi reportado na literatura a partir do estudodos íons Na+ e Li+ na presença de Cl− em soluções aquosas do copolímero tri bloco(EO)70(PO)100(EO)70 (F127). Verificaram que o LiCl aumenta o grau de hidrataçãomicelar enquanto o NaCl diminui. Que foi explicado pelo fato do Li+ compensar o efeitode desidratação provocado pelo Cl−. Enquanto o Na+ não consegue contrabalancearesse efeito de desidratação [32].

A fim de complementar os dados de espalhamento de luz das micelas rever-sas, fizemos medidas da intensidade média de luz espalhada pelas micelas reversas napresença dos diferentes eletrólitos estudados neste trabalho.

A figura 4.7 mostra a presença de quatro regiões distintas para o sistema demicelas reversas. A primeira região trata-se da região com baixo conteúdo de águade 0 a 1 µL/g. Nessa região inicialmente a intensidade espalhada é baixa. Nessesprimeiros volumes de água ainda não ocorreu à formação das micelas reversas [5].Na segunda região ( 1 a 5 µL/g) observa-se uma aumento abrupto da intensidadeespalhada e a solução torna-se leitosa. Esse efeito é atribuído a presença de impurezasdo L64 como discutido anteriormente [21]. Por volta de 5 µL/g as soluções voltama ficar transparente. Já na região entre 5 - 25 µL/g temos a presença de estruturasda ordem de 10 a 20 nm como pode ser visto pelo gráfico da figura 4.3. Nessa região

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4.1 Espalhamento de luz

Figura 4.7: Intensidade média espalhada pelas micelas reversas na presença de diferentes

eletrólitos.

há a coexistência de micelas reversas e cadeias livres de L64. A partir de 25 µL/g,o sistema na presença de sal passa a formar estruturas da ordem do comprimento deonda da luz incidente, essas estruturas não são termodinâmicamente estáveis e após umtempo entre 1 - 48 horas, tempo esse que depende o tipo de sal no interior da micela,essas estruturas se desfazem e o sistema volta a apresentar apenas micelas reversas.Essa região não foi explorada por está técnica, por ser uma região onde o equilíbriotermodinâmico ainda não havia sido atingido no tempo da medida. Já para as micelasreversas apenas com água, na região a partir de 25 µL/g não formam essas estruturase o sistema começa a apresentar estruturas da ordem do comprimento de onda da luz,somente depois de 29 µL/g, nesse ponto a solução já está turva com a adição de mais1 µL/g a solução separa-se em duas fases.

A intensidade de luz espalhada pelas micelas reversas aumentam de forma expo-

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4.1 Espalhamento de luz

nencial com a concentração de água ou solução salina. Esse aumento com a concentra-ção pode ser devido ao aumento do número de micelas reversas ou devido ao aumentode tamanho das micelas reversas. Chu e colaboradores discutiram que na região entre5 a 18µL/g de água, o tamanho das micelas reversas não aumenta, mas a intensidadeaumenta o que signfica que o número de micelas reversas está aumentando nessa região.Já na região a partir de 18 µL/g ocorre o aumento do raio hidrodinâmico, então alémdo aumento do número de micelas reversas, o aumento de tamanho seria responsávelopor aumentar a intensidade. A presença dos sais aumenta a intensidade de luz espa-lhada pelas micelas reversas, exceto as micelas com C4H12NCl. Esse aumento podeestá associado ao aumento de contraste óptico do sistema na presença dos sais. Umamaneira de aumentar o contraste óptico é aumentando a diferença de índice de refraçãoentre o ente espalhador (micela reversa) e o meio (L64 livre + p-xileno). Um possívelefeito do sal seria deslocar o equilíbrio para a formação de mais micelas reversas emrelação ao sistema com água pura, a técnica de espalhamento não consegue nos dá essainformação. Uma técnica que poderia confirmar ou contrapor essa hipótese é a técnicade espalhamento de raios - X a baixo ângulo, pois ela nos daria informações sobre onúmero de micelas reversas e o número de agregação∗ das micelas reversa na presençados sais.

O gráfico da figura 4.8 refere - se ao gráfico da figura 4.7 para as micelas reversascom água e Nps, mas na região entre 5 a 25 µL/g. Veja que no gráfico da figura 4.7a intensidade espalhada é muito alta na região entre 1 a 5 µL/g, o que não permitedeterminar com precisão o ponto de formação das micelas reversas usando a técnicade espalhamento estático de luz. A partir de 5 µL/g a intensidade espalhada aumentacom a concentração de água ou solução salina. O aumento de intensidade espalhada élinear, mas ocorre uma mudança na inclinação próximo a 18 µL/g.

Essas duas regiões estão associadas à mudança de inclinação no gráfico da figura4.8. Essa mudança de inclinação é atribuída à mudança na forma das micelas reversas.Das considerações da estrutura da molécula de L64, à medida que se adiciona águaao sistema inicialmente formam se micelas reversas e o número de micelas reversasaumenta, mas mantendo-se o raio hidrodinâmico constante [5]. Adicionando-se maiságua o tamanho das micelas reversas aumentam e a forma esférica não é mais possívelcomportar a quantidade de água por micela que há no sistema. A fim de evitar aformação de uma região com alta concentração de água livre no interior da micela∗O número necessário de macromoléculas de L64 para formar uma micela reversa

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4.1 Espalhamento de luz

Figura 4.8: Intensidade espalhada pelas micelas reversas com água e Nps na região entre 0,2

- 1 moléculas de água + sal por segmento EO.

reversa e como o tamanho da cadeia limita o tamanho da micela reversa esférica acerto valor, é necessário que ocorra uma mudança na forma da micela para que elacomporte toda água adicionada ao sistema [5]. Foi sugerida uma mudança da formada micela reversa de esférica para a forma elipsoidal [5]. A técnica de espalhamentoestático de luz é sensível ao aumento do tamanho das micelas reversas.

A refratômetria diferencial é outra técnica que pode ser usada para determinara mudança de forma das micelas reversas e ainda podemos compará-la com o resultadoda técnica de espalhamento estático de luz.

Os gráficos da figura 4.9 mostra a variação do índice de refração do sistema15% m/m de L64 em p-xileno em diferentes quantidades de água ou solução salina 0,1M de C4H12NCl. Nesse gráfico observa-se a presença de três regiões particularmenteinteressantes. A 1◦ região é a região de 1 a 5µL/g. Nessa região a intensidade espalhada

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4.1 Espalhamento de luz

Figura 4.9: Curva de variação de índice de refração para micelas reversas com água e

C4H12NCl

é bastante alta e não é possível determinar o ponto de formação das micelas reversaspelo esplhamento estático de luz, entretanto como a refratometria não é sensível a essaaumento da intensidade é possível determinar o ponto de formação de micelas reversas,através da mudança de inclinação no gráfico da figura 4.9. A refratometria tambémé sensível a mudança na forma das micelas reversas como pode ser visto na figura 4.9pela mudança de inclinação dos gráficos na região entre 15 a 20 µL/g.

A fim de compararmos como os sais influenciam no processo de formação dasmicelas reversas e na transição de forma das micelas reversas foi construída uma tabelacom esses valores.

Os valores das colunas 2 e 3 da tabela 4.1 foram obtidos pela técnica de refra-tometria diferencial e a coluna 4 foi obtidos pela técnica de espalhamento estático deluz.

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4.1 Espalhamento de luz

Tabela 4.1: Concentração das soluções aquososas necessária para a formação de mi-celas e mudança na forma das micelas reversas.

Refratometria Refratometria Espalhamento de Luz

[CMC] (µL/g) elipsóide (µL/g) elipsóide (µL/g)

H2O 4,6 ± 0,4 19,7 ± 0,7 19,7 ± 0,4Li2SO4 3,8 ± 0,2 23,1 ± 0,8 21,4 ± 0,6Na2S 3,5 ± 0,1 21,1 ± 0,6 22,1 ± 0,5CdCl2 4,1 ± 0,2 22,2 ± 0,5 19,5 ± 0,3Nps 4,0 ± 0,1 20,0 ± 0,6 19,5 ± 0,5C4H12NCl 4,2 ± 0,2 19,5 ± 0,6 19,6 ± 0,4NaOH 4,5 ± 0,2 19,5 ± 0,8 19,4 ± 0,4

Analisando os dados da tabela 4.1 percebemos uma pequena variação na CMC,que neste caso é a concentração mínima necessária de água mais sal para a formaçãode micelas reversas, onde todos os sais na média diminuiram o valor da CMC, esseresultado pode ser explicado do ponto de vista energético da formação de micelas re-versas. Quando se adiciona uma solução salina no interior do sistema de L64 e p-xilenoas moléculas de água e os eletrólitos inicialmente solvatam as cadeias do L64 que aindaestão livre na solução, esse processo é entalpicamente desfavorável. Ocorre um gastode energia no processo de retirada dos eletrólitos da solução aquosa e posteriormentecolocá-los em um meio que eles estão interagindo com o L64 e cercado de p-xileno.Já quando se tem apenas água pura esse processo ocorre com liberação de energiacomo pode ser visto na figura 4.11. Na próxima seção será discutido novamente essesresultados, onde serão apresentados os dados de calorimetria que dão suporte a essadiscussão.

Foram obtidos gráficos semelhante a figura 4.9 para todos os sais e com essascurvas foi possível determinar, através da mudança de inclinação desses gráficos, osvalores da tabela 4.1. Esses gráficos são apresentados na figura 4.10

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4.1 Espalhamento de luz

Figura 4.10: Curva de variação de índice de refração para micelas reversas com todos os sais.

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4.2 Calorimetria

4.2 Calorimetria

A técnica de calorimetria foi usada para complementar os resultados do espa-lhamento de luz. Nessa técnica podemos medir a entalpia do processo de solubilizaçãodos diferentes eletrólitos e de micelização dos eletrólitos.

Figura 4.11: Curvas calorimetricas de formação das micelas reversas na presença de todos

os sais e água.

Observando a figura 4.11 verificamos que o processo de mistura de solução salina0,1 M em L64 mais p-xileno, envolve processos tanto exotérmicos quanto processosendotérmicos para as micelas formadas com os eletrólitos. A exceção é para as micelasformadas com NaOH. A água também não apresenta picos endotérmicos. A presençado sal modifica as curvas calorimétricas principalmente nas primeiras injeções onde oprocesso de mistura é endotérmico, isto é, na região entre 0 - 3 µL/g. Nessa região seobservarmos o gráfico da figura 4.7 verificamos que ocorre um aumento da intensidade

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4.2 Calorimetria

espalhada, assim já estamos na região crítica do sistema, em que ocorre a transiçãode unímeros para micelas reversas. Porém nesses primeiros volumes de água não sãoformadas micelas ou a quantidade de micelas reversas formadas é muito pequena. Asmolécula de água que são adicionadas ao sistema estão em sua maioria solvatando ascadeias de L64, que estão livre. Nessa região o processo de mistura da água maiseletrólito é endotermico como pode ser visto na figura 4.11. Podemos explicar essecomportamento, analisando o processo de incorporação da solução salina. Quandose adiciona um pequeno volume de solução salina num ambiente com L64 e p-xileno,ocorre o processo de dessolvatação dos eletrólitos pelas moléculas de água e a posteriorassociação do cátion com o oxigênio do segmento EO da cadeia de L64 (esse é umprocesso que ocorre com um gasto energético significativo). O ânion por sua vez,formará um par iônico com o cátion, finalmente algumas moléculas de água estarãosolvatando os ânions enquanto outras estarão interagindo com o oxigênio do grupoEO. Esse último processo ocorre com liberação de energia. Entretanto espera-se queo gasto energético da dessolvatação dos cátions seja mais significativo, justificando aregião de ∆H positivo na figura 4.11.

Se observarmos a figura 4.11 vemos que a entalpia de mistura para a formaçãodas micelas reversas com água é sempre exotérmico. Isso ocorre por que o gasto ental-pico para separar as moléculas de água em solução aquosa é menor do que o processode dessolvatação dos eletrólitos pelas moléculas de água. Então o balanço entálpicoparas as micelas reversas com água libera energia.

Na região entre 3 - 4 µL/g, ainda estamos numa região crítica do sistema, masnessa região deve está ocorrendo uma aumento significativo do número de micelas re-versas. Essas micelas reversas formam um microambiente favorável para a dissoluçãode água e eletrólito em seu interior. Nessa etapa o processo de mistura que era endo-térmico passa a ser exotérmico. A formação de micelas reversas pode ser usado paraexplicar essa transição na energia. Com o aumento do número de micelas reversas nosistema, o processo de dessolvatação dos eletrólitos pelas moléculas de água passa anão ter uma contribuição significativa. Agora, o que deve estar ocorrendo é interaçãodo cátion com o segmento EO e as moléculas de água continuam solvando o cátion e oânion. A interação do cátion com o segmento EO é um processo exotérmico, esse deveser o principal processo termodinâmico nessa região.

A partir de cerca de 4,5 µL/g ocorre um ponto de mínimo no gráfico da figura4.11. O processo ainda continua exotérmico, mas agora a medida que adiconamos maiságua ao sistema o processo torna-se cada vez menos exotérmico. Ou seja, está ocorrendo

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4.2 Calorimetria

um processo endotérmico no sistema. Esse processo endotérmico é o responsável porcriar uma cavidade no interior das micelas reversas para alocar as moléculas de águae eletrólitos. Essa cavidade é criada desfazendo a interação entre duas cadeias de EOe formando a interação eletrólito - EO ou água - EO. A formação de micelas reversasapesar de diminuir a entropia configuracional das cadeias de L64 aumenta a entropiadas moléculas de água que estavam bastante estruturadas quando solvatando as cadeiaslivres de L64 e o resultado é uma aumento da entropia do sistema [26].

A curva das micelas reversas com água pura apresenta um ponto de saturaçãoa partir de 29 µL/g. Nesse ponto ocorre o processo de saturação da quantidade deágua solubilizada pelas micelas reversas e o sistema separa-se em duas fases. E o valorconstante da entalpia de mistura refere-se a troca de p-xileno, água e L64 entre as duasfases do sistema [26].

Figura 4.12: Curvas calorimetricas de formação das micelas reversas na presença de solução

salina 0,1 M de NaOH e C4H12NCl.

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4.2 Calorimetria

Os gráficos da figura 4.12 são os mesmos apresentados na figura 4.11, mas des-tacando os eletrólitos NaOH e C4H12NCl. Observa-se que os valores de ∆H são emmódulo, consideravelmente menor do que para os outros eletrólitos. Analisando osgráficos das figuras 4.11 e 4.12 vemos que a escala de energia liberada pela mistura desoluções salinas depende de cada eletrólitos específico. Os eletrólitos NaOH e C4H12NClsão os que apresentam uma curva com um entalpia de mistura menos exotérmica. Essesdois sais específicos da figura 4.12 são sais que provocam o fenômeno de desestrutura-ção da molécula de água, conhecidos como sais caotrópicos. A curva para o C4H12NClé bastante identica a curva dos sais de CdCl2, Li2SO4 e Nps, só que em uma escalamenor de energia. Já a curva do NaOH é bastante diferente de todas as outras curvas,não sendo observados picos endotérmicos, pontos de mínimos e tendência de saturaçãode ∆H. Uma explicação para a diminuição da entalpia de mistura das micelas reversascom sais C4H12NCl e NaOH pode estar de fato, na interação não muito favorável doscátions desses sais com os oxigênios dos grupos EO da macromolécula de L64. Se hápouca dessolvatação dos cátions a interação desses cátions com o copolímero liberapouca energia em comparação com os cátions dos outros sais, espera-se uma diminui-ção em modulo do valor da entalpia de mistura, observada no gráfico da figura 4.12.O resultado que a curva calorimétrica das micelas reversas com NaOH não apresentampicos endotérmicos para pequenos volumes de solução salina, assim como as micelasreversas de água pura, pode ser um indício da fraca energia de solvatação das moléculasde Na+ e OH− pelas moléculas de água.

Em relação ao sal Na2S verificamos que o resultado de calorimetria não foi re-produtível para duas medidas como pode ser visto na figura 4.13. As duas curvasapresentaram diferenças significativas em relação à escala de energia liberada no pro-cesso de mistura da solução salina. Essa diferença deve estar associada a perda deenxofre na forma de ácido sulfídrico (H2S) de acordo com o processo:

S2− + H2O � HS− + OH−

HS− + H2O � H2S + OH−

Quando se dissolve os cristais de sulfeto de sódio em água, o ânion S2− reage comH2O formando o H2S. Esse ácido é bastante volátil. Então, a solução gradativamenteperde enxofre com o tempo. Sendo assim as medidas com as soluções salinas 0,1 Mde Na2S são bastantante complexas e de difícil controle. Sendo esse um dos principaismotivos pela não reprodutibilidade das curvas da figura 4.13.

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4.2 Calorimetria

Figura 4.13: Curvas calorimetricas de formação das micelas reversas na presença de solução

salina 0,1 M de Na2S.

Voltaremos agora a discussão dos dados da tabela 4.1, agora de posse dos dadoscalorimétricos podemos fundamentar nossa discussão. Como observado na figura 4.11a presença dos sais nas primeiras injeções de soluções salinas produz picos endotérmi-cos no processo de mistura das soluções salinas no interior das soluções de L64 maisp-xileno. O contrário do que é observado no caso de água pura em que o processo demistura é sempre exotérmico. No início da formação das micelas reversas com sais, acontribuição entálpica do processo de mistura é desfavorável, então para o processo demistura ocorrer de maneira espontânea, é necessário que a entropia de mistura supere eesse termo de entalpia desfavorável. Entretanto não deve ser favorável entropicamenteretirar eletrólitos e moléculas de água do meio aquoso e adsorvê-lo em cadeias livres deL64 em um ambiente cercado de p-xileno, sendo necessário a formação de um micro-ambiente favorável para a solubilização dos eletrólitos. Então esse termo entálpico de

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4.2 Calorimetria

mistura desfavorável para as micelas com sais deve ser o responsável pela formação demicelas reversas para volumes menores de solução salina do que água pura.

A concentração necessária para a mudança de forma das micelas reversas deesféricas para elípticas foi determinado na tabela 4.1. Os únicos sais que diferiram sig-nificativamente dos valores encontrados para as micelas reversas com água pura foramo Li2SO4 e o Na2S. As micelas reversas com esses sais apresentaram valores de concen-trações maiores para a transição de forma. Já os outros sais estudados aumentaram ovalor da concentração de transição por uma técnica, mas diminuiram pela outra, nãoapresentando uma tendencia única.

Os dois sais, Li2SO4 e o Na2S, foram os sais que aumentaram mais o diâmetrodas micelas reversas na região de 5 - 20 µL/g como observado na figura 4.3. O quesignifica pelo modelo usado neste trabalho que a interação dos cátions, Li+ e Na+ dossais Li2SO4 e o Na2S é mais intensa nessa região. Essa maior interação para esses doissais, pode estar dificultando a transição das micelas reversas da forma esférica paraforma elipsoidal. Isso pode ser feito da seguinte forma. Os cátions que interagem maisintensamente com os segmentos EO na região de micelas reversas esféricas, estabilizama forma esférica. Em contrapartida os outros sais estudados nesse trabalho aumentamsignificativamente o diâmetro das micelas reversas em comparação as micelas reversascom água, a partir de 17,5 µL/g. Esse resultado surge como uma possível explicaçãopara o fato de não observarmos uma variação significativa nos valores de transição deforma das micelas reversas com esses sais e as micelas reversas com água pura.

Observando a figura 4.11 e 4.12 não vemos mudanças significativas em termosenergéticos nas curvas para a transição das micelas reversas da forma esférica para aforma elíptica, o que sugere que essa transição ocorre não a um custo entálpico, massim a um custo entrópico para o sistema.

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4.3 Ressonância Magnética Nuclear

4.3 Ressonância Magnética Nuclear

A ressonância magnética nuclear é uma técnica poderosa para análise micros-cópica de sistemas coloidais. No caso específico deste trabalho estamos interessadosem estudar como varia a taxa de relaxação spin - spin (T 2) da molécula de água nointerior da micela reversa na presença de diferentes eletrólitos.

Figura 4.14: Espectros de ressonância magnética nuclear das micelas reversas com água.

Os espectros da figura 4.14 referem-se à amostra com 15% L64 em p-xileno ediferentes concentrações de água, os valores de v estão em unidades de volume de águaem microlitros para cada um grama de solução de L64 em p-xileno. No gráfico da figura4.14 o pico com deslocamento químico δ ≈ 1,2 ppm, associado a letra a é referentesaos prótons do grupo metil (CH3) do óxido de propileno, o pico com deslocamento

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4.3 Ressonância Magnética Nuclear

químico δ ≈ 3,4 ppm associado a letra b corresponde ao próton do grupo CH do óxidode propileno, já o pico com deslocamento químico δ ≈ 3,5 ppm marcado com a letrac é referente ao próton do grupo metileno (CH2). E o último pico com deslocamentoquímico para os primeiros volumes de água δ ≈ 3,7 ppm corresponde aos prótons damolécula de água marcado com a letra d. Os picos não marcados na faixa de δ entre2 a 2,5 ppm correspondem aos prótons do grupo metil da molécula de p-xileno. Osespectros para as amostras com soluções salinas qualitativamente são semelhantes aosespectros da figura 4.14.

Na figura 4.14 o pico referente ao CH2 sofre um alargamento à medida queaumenta a quantidade de água no interior do sistema esse alargamento está associadoa presença de grupos CH2 em diferentes ambientes químicos. Esse alargamento serádiscutido posteriormente na explicação das medidas de T2 dos grupos CH2. Já o picodo grupo CH3 não apresenta nem alargamento nem deslocamento. O que sugere que aformação de micelas reversas não modifica o ambiente químico dos grupos CH3. Isso ficaclaro observando a fórmula química da macromolécula de L64 na figura 4.14. Quandoocorre a formação de micelas reversas o grupo CH3 fica na coroa da micela, parcialmentecercada de p-xileno e as moléculas de água no interior das micelas, interagindo com osoxigênios dos grupos EO. O ambiente químico sentido pelos grupos CH3 quando o L64está na forma de cadeia livre é bastante parecido com o ambiente químico quando naforma de micelas.

Na figura 4.15 medimos o deslocamento químico das moléculas de água de amos-tras com 15% m/m de L64 em p-xileno e com diferentes quantidades de água. O quepodemos constatar na fígura 4.15 e também nos espectros da figura 4.14 é que comas primeiras adições de água, inicialmente as moléculas de água apresentam um des-locamento químico próximo ao deslocamento das móléculas de CH2. O que indica quenas primeiras adições as moléculas de água estão preferencialmente interagindo com oóxigênio do grupo EO [5]. À medida que mais água é adicionada ao sistema, o des-locamento químico da molécula de água muda, na direção de deslocamentos químicosmaiores e aproxima-se do deslocamento químico das moléculas de água quando elasestão em fase macroscópica (δ ≈ 4,76 ppm). Assim as primeiras moléculas de águaadicionadas ao sistema, são águas ligadas ao segmento EO e à medida que se adici-ona mais água. As moléculas de água passam a interagir com água e a formar ummicroambiente próximo ao microambiente de água em fase macroscópica [5].

Na figura 4.15 verificamos que a curva apresenta uma mudança de comporta-mento próximo de 6,2 µL/g. Nesse ponto ocorre uma mudança significativa no micro-

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4.3 Ressonância Magnética Nuclear

Figura 4.15: Curva de deslocamento químico da molécula de H2O no sistema 15% mm de

L64 em p-xileno em diferentes concentrações de água.

ambiente das moléculas de água. Essa mudança indica a formação de micelas reversas.Em concentrações menores de água, as moléculas de água estavam solvatando as ca-deias de L64 e parcialmente cercadas de p - xileno. Quando as micelas reversas sãoformadas as moléculas de água ficam num ambiente confinado com segmentos EO eoutras moléculas de água. Se compararmos o valor obtido da concentração mínima deágua necessária para formar as micelas reversas com água, obtido na figura 4.15 como da tabela 4.1 (4,6 µL/g) verificamos uma diferença significativa nesses dois valores.Como a CMC é uma região e não apenas uma ponto e técnicas diferentes podem nosdar valores diferentes de CMC, dependendo da sensibilidade da técnica a presença demicelas reversas ou polímeros livres, essa diferença é aceitável.

A discurssão e os resultados para as curvas de deslocamento químico das micelasreversas com água é análoga a discurssão feita por Chu e colaboradores para as micelas

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4.3 Ressonância Magnética Nuclear

reversas de L64 em o-xileno [5]. Entretanto as curvas de deslocamento químico paraesse sistema na presença de eletrólitos ainda não foi discutida na literatura. Fizemosas medidas de deslocamento químico com os diferentes eletrólitos estudados nesse tra-balho, o que observamos foi que a presença do sal não induz uma mudança significativano ambiente químico das moléculas de água. Entretanto um leve aumento para regiõescom deslocamento químico com valores maiores pode ser observado na figura 4.16 coma adição de todos os sais.

Figura 4.16: Curva de deslocamento químico da molécula de H2O no sistema 15% mm de

L64 em p - xileno em diferentes quantidades de solução salina 0,1 M.

Baseando-se no aumento do deslocamento químico na presença dos eletróli-tos, pode-se dizer que o microambiente em que as moléculas de água se encontram,apresetam-se mais próximo da água em fase macroscópica. O aumento do deslocamentoquímico das moléculas de H2O na presença de eletrólitos, significa que as moléculasde água estão sentindo um microambiente mais próximo de um microambiente em que

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4.3 Ressonância Magnética Nuclear

moléculas de água interagem com outras moléculas de água. Esse resultado está deacordo com o nosso modelo em que o cátion interage com segmentos EO ocupandoum sítio de interação que seria ocupado por uma molécula de H2O, caso o cátion nãoestivesse presente. Na presença do életrólito a molécula de H2O acaba interagindocom ela mesma no interior da micela reversa e provocando uma aumento do desloca-mento químico. Esse resultado vai ao encontro do resultado obtido na figura 4.3, emque propusemos que todos os eletrólitos estariam interagindo com os segmentos EO eaumentando o diâmetro aparente da micela reversa.

Além das medidas de deslocamento químico foram feitas medidas de tempo derelaxação transversal T 2 para os hidrogênios dos grupos CH2, CH3 e H2O.

Figura 4.17: Curva de T 2 do grupo CH2 no sistema 15% mm de L64 em p-xileno em diferentes

quantidades de solução salina.

As medidas de T 2 do grupo CH2 na figura 4.17 não mostraram uma dependênciasignificativa com o aumento a quantidade de água ou solução salina no interior da micela

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4.3 Ressonância Magnética Nuclear

reversa. As barras de erros da figura 4.17 são barras de erros do ajuste da equação 3.29e apresentaram valores elevados. Se observarmos a figura 4.14 verificamos que combaixas quantidades de água aparece um pico referente ao grupo CH2 numerado pelaletra c. À medida que aumentamos a quantidade de água, o pico da letra c torna-secada vez mais largo. Como já discutido na literatura [5], esse alargamento do picodo CH2 é um indício da presença de CH2 em diferentes ambientes químicos. Esse foium argumento usado na referência [5] e explicitado no desenho das micelas reversasda figura 4.4 em que mostra-se que as moléculas de água está distribuída de maneiranão-uniforme no interior das micelas reversas, concentrando-se no interior do núcleodas micelas. Essa não uniformicidade da distribuição das moléculas de água seria aexplicação para o alargamento do pico do CH2 na figura 4.14.

Os resultados da figura 4.17 também podem ser justificados em termos dessanão uniformicidade das moléculas de água no interior das micelas reversas. A relaxa-ção do grupo CH2 está associado ao ambiente químico em que o grupo se encontra.Como no interior das micelas reversas os grupos CH2 estão em diferentes ambientesquímicos, dependendo do ambiente químico o T 2 é maior ou menor. Os resultados dafigura 4.17 são a contribuição ponderada pelos diferentes T 2 das moléculas de CH2 nosdiferentes ambientes químicos. O gráfico da figura 4.17 apresenta apenas dois dos seissais estudados neste trabalho. Optamos por não continuar as medidas com os outrossais por não conseguir extrair uma informação relevante dos gráficos da figura 4.17.

Medimos também a relaxação da molécula de CH3 nas soluções com micelasreversas na presença de algumas soluções salinas, os gráficos estão mostrados na figura4.18

O que foi observado nesse gráfico é que os valores de T 2 dos hidrogênios dos gru-pos CH3 diminuem com o aumento da concentração de água e solução salina. Quandose adiciona água ou solução salina no sistema 15% mm L64 em p-xileno, as moléculade água e eletrólitos promovem a agregação das macromoléculas de L64 levando a for-mação das micelas reversas. O processo de formação das micelas reversas pode seranalisado de maneira similar ao processo de adsorção de PEO em sílica, em que asuperfície da sílica fica adsorvida com cadeias de PEO e moléculas de água e a relaxa-ção transversal para os hidrogênios das moléculas de água são a contribuição de águasligadas a superfície da sílica e água livre na solução [33,34]. No caso deste trabalhoem particular, podemos considerar um núcleo formado de PEO + H2O + eletrólitose a coroa como sendo formada dos segmentos de PPO com p-xileno [1]. A medidaque aumentamos a concentração de água no sistema mais moléculas de L64 passam da

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4.3 Ressonância Magnética Nuclear

Figura 4.18: Curva de T 2 do grupo CH3 no sistema 15% mm de L64 em p-xileno em diferentes

quantidades de solução salina.

forma de cadeia livre para a forma de micelas reversas. Pensando agora no grupo CH3,aumentar a concentração de água no sistema significa adsorver mais moléculas de PPOna micela reversa, seja aumentando o número de micelas reversas seja aumentando oseu tamanho. A contribuição efetiva para o T 2 do grupo CH3 pode ser dividida emduas partes.

1

T2obs

=1− fligT2liv

+fligT2lig

(4.2)

onde T2obs é o valor medido na figura 4.18, T

2liv é o valor da taxa de relaxaçãodas moléculas de CH3 que estão na forma de cadeias livres, T

2lig é o valor da taxade relaxação das moléculas de CH3 que estão na forma de micelas reversas e f lig é afração de grupos CH3 que estão na forma de micelas reversas.

Analisando a equação 4.2, podemos explicar a diminuição de T 2 mostrada no

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4.3 Ressonância Magnética Nuclear

gráfico da figura 4.18. Quando aumentamos a concentração de água ou solução salinano sistema 15% m/m de L64 em p-xileno. Deslocamos o sistema para a formação demicelas reversas, na equação 4.2 o valor de f lig aumenta, assim a contribuição do T

2ligtorna-se cada vez mais importante. Na equação 3.36 vimos que 1

T2= kτc onde k é uma

constante de proporcionalidade e τc é o tempo de correlação.A água quando está no estado livre, isto é, em fase macroscópica tem um τc

baixo e consequentemente um alto valor de T 2, o pequeno valor de τc está relacionadoaos rápidos movimentos rotacionais. Analisando a equação 3.38 vemos que no caso demoléculas pequenas e com baixo valor de τc o valor médio de BD vai a zero e a interaçãodipolar é muito pequena nesse caso. Já quando ela está confinada em ummicroambienteou interagindo com uma superfície o valor de τc é alto e o T 2 é baixo. Isso ocorrredevido a redução de mobilidade das moléculas que leva a uma maior interação dipolarentre os spins. Nesse último caso a perda de magnetização pelo sistema ocorre de formarápida. Da mesma maneira acontece para o grupo CH3, quando ele está nas cadeiaslivres, o valor do τc é baixo e o T 2 é alto, já quando a cadeia livre passa para a forma demicelas reversas o valor de τc aumenta e o de T 2 diminui. Deste modo a contribuiçãodo T

2lig torna-se cada vez mais relevante e o T2obs diminui com o aumento do volume

de água ou solução salina.Outra medidas de ressonância realizada foi verificar o T 2 das moléculas de água

no interior das micelas reversas e na presença de diferentes eletrólitos. Mas antes deverificar o T 2 das moléculas de água no interior das micelas reversas, medimos o valorde T 2 das moléculas de água nas soluções aquosas.

A figura 4.19 mostra o valor de T 2 das moléculas de água na presença dasdiferentes soluções salinas. A linha horizontal na figura 4.19 serve como guia paraindicar o valor do T 2 da molécula de água na presença de água pura. Observamos queos eletrólitos diminuem o valor de T 2 da molécula de água. A diminuição é de cercade 5% na média em relação a água pura. Exceto para a solução 0,1 M de Na2S ondea redução foi maior do que 50%. Os cátions e ânions dos eletrólitos interagem como dipolo elétrico de algumas moléculas de água na solução. Essas moléculas de águaque estão sujeitas ao campo elétrico dos cátions e ânions, possui um maior valor de τce consequentemente um menor T 2 do que as moléculas de água que estão interagindoapenas com água, pois a interação monopolo - dipolo elétrico é mais intensa do que ainteração dipolo - dipolo elétrica. Assim as moléculas de água próximas aos eletrólitosrelaxam mais rápido do que as moléculas de água que interagem apenas com água. Aredução em mais de 50% do valor do T 2 da molécula de água na presença de solução

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4.3 Ressonância Magnética Nuclear

Figura 4.19: Valores de T 2 para a molécula de água em diferentes soluções aquosas 0,1 M.

0,1 M de Na2S é bastante significativa. Esse ponto não foi repetido e acreditamos aquique a perda de enxofre na forma de H2S está sendo decisivo nas medidas que envolveo Na2S.

A molécula de água, quando no estado livre, isto é quando interagem com outrasmoléculas de água num macroambiente onde há apenas moléculas de água, tem ovalor de T 2 da ordem de três segundos como pode ser visto na figura 4.19. Umamaneira de modificar o valor de T 2 das moléculas de água é, colocando-se, por exemploalgumas moléculas de sílica em meio aquoso [33,34]. Algumas dessas moléculas de águainteragirão com a sílica. Essa moléculas de água são chamadas de águas ligadas. Elastem do ponto de vista da ressonância magnética um carater de sólido, pois possui umvalor baixo de T 2 da ordem de microsegundos [33,34]. O motivo para uma queda tãoacentuada no valor de T 2, está no fato de que essas moléculas de água que estão ligadasa sílica estão estruturadas de forma que o acoplamento dipolar entre dois prótons

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4.3 Ressonância Magnética Nuclear

próximos das moléculas de águas são sentidos um pelo outro. A interação dipolar éum tipo de interação magnética onde o núcleo das moléculas com momento dipolar despin diferentes de zero geram um campo magnético umas sobre as outras. Esse campomagnético pode somar ou subtrair com o campo magnético aplicado sobre a amostra,dependendo do número quântico de spin (m = ± 1

2). A interação dipolar geralmente é

bastante significativa em sólidos. Em líquidos, como poder ser visto na equação 3.38,ela é rapidamente zerada devido aos rápidos movimentos moleculares, exceto em casoscomo discutido neste paragrafo. Onde as moléculas de água ligada a superfície da sílicasão bastante estruturadas e se comportam como sólidos do ponto de vista da interaçãodipolar [33,34].

Isso mostra que a interação dipolar é uma das grandes responsáveis pelo processode relaxação spin - spin, principalmente em sólidos. Assim, a perda de magnetizaçãodas moléculas de água ligadas a sílica ocorre de maneira muito mais rápida devidoao fenômeno de cooperação mútua dos spins dos hidrogênios das moléculas de águaque interagem entre si e provocam a perda de magnetização coletiva, diferente do queocorreria se as moléculas de água estivessem num macroambiente de moléculas de água.Nesse caso a interação dipolar é nula e a relaxação transversal ocorre de maneira muitomais lenta.

A figura 4.20 nos mostra como varia o T 2 da molécula de água no interior damicela reversa em diferentes concentrações de água. Pode-se observar que a curva dafigura 4.20 varia de 8 µL/g a 30 µL/g. Nesse caso não conseguimos medir o valorde T 2 para concentrações de água inferior a 8 µL/g, pois para essas concentrações,a quantidade de água é baixa e as moléculas de água estão inicialmente ligadas ascadeias livres de L64 e envoltas de p-xileno. Nessas condições as moléculas de águaestão estruturadas e o efeito dipolar é alto, sendo o valor de T 2 muito baixo de talforma que não conseguimos determinar com o equipamento de RMN que estavamosusando. Mesmo após a formação das micelas reversas que ocorre em (4,6 ± 0,4) µL/g(veja tabela 4.1) o valor de T 2 ainda é muito baixo. O que sugere que ainda temosuma parcela signficativa das moléculas de água interagindo com as cadeias de L64 queestão livres, ou seja, ainda há poucas micelas reversas no sistema. Na curva da figura4.15 temos um ponto de mudança de inclinação próximo de 6,2 µL/g, o que sugereque na técnica de RMN baseado nas medidas de deslocamento químico, a formação demicelas reversas só aparece para volumes maiores do que na técnica de refratometriadiferencial.

O efeito de confinamento das moléculas de água no interior de cavidade já foi

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4.3 Ressonância Magnética Nuclear

Figura 4.20: Valores de T 2 para a molécula de água no interior das micelas reversas.

bastante explorado na literatura [35–39]. Por exemplo a formação de microgel mostroueficiente na redução do valor de T 2 associada a uma redução da mobilidade das mo-léculas de água no interior das cavidades do gel [35,36]. Outra discussão interessantesobre o confinamento de moléculas de água foi feita, construindo-se uma microcavi-dade usando a técnica de fotolitografia num substrato de quartzo. Eles construitammicrocavidades da ordem de 40 - 5000 nm. No interior dessas microcavidades foi in-serido moléculas de água e feito medidas de relaxação spin - rede (T 1) dos prótons damolécula de água. Eles observaram que o valor de T 1 muda quando a cavidade é re-duzida abaixo de 800 nm. Indicando que abaixo desse valor os efeitos de confinamentotornam-se importantes [33]

Uma estrutura que confina muito bem as moléculas de água é o interior das mice-las reversas. Quando se inserem moléculas de água no interior das micelas reversas, elasquebram a estrutura macróscopica das moléculas de água. Essa quebra pode ser vista

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4.3 Ressonância Magnética Nuclear

através da medida de T 2 que reduz bruscamente de 3,2 segundos quando as moléculasestão em fase macroscópica para dezenas milisegundos quando no interior das micelasreversas. Essa da quebra da estrutura macroscópica é resultado da interação direta dasmoléculas de água com os grupos EOs da cadeia de L64 que causa a redução de suamobilidade que também é responsável pela diminuição do valor de T 2. Observandoa figura 4.15 constata-se que o deslocamento químico para concentrações próximo a30 µL/g é bastante próximo ao deslocamento químico das moléculas de água em fasemacroscópica, entretanto os valores de T 2 ainda continua da ordem de milisegundos.A de se ressaltar que o deslocamento químico é sensível ao ambiente químico (ambientemolecular que o núcleo está sentido). Já os valotes de T 2 são sensíveis à dinâmica dosspins no sistema, que depende da dinâmica dos movimentos moleculares. Mesmo exis-tindo moléculas de água suficiente para que o ambiente químico do interior da micelareversa seja próximo ao da água em fase macroscópica, isso não necessariamente indicaque as dinâmicas dos movimentos moleculares serão as mesmas ordem.

Analisando a figura 4.20 vemos que o aumento da concentração de água nosistema 15% de L64 em p-xileno provoca o aumento do valor de T 2, para explicaresse aumento propomos o seguinte modelo. Consideremos que quando adicionamoságua ao sistema de L64 e p-xileno, os polímeros livres se agregam formando micelasreversas com um tamanho fixo e que a adição de mais água ao sistema, leve apenasao aumento do número de micelas reversas, mas mantendo as micelas reversas com omesmo tamanho e forma. Nesse modelo idealizado o valor de T 2 não deveria mudar,pois a contribuição das moléculas de água que estão sendo adicionadas ao sistema deveser da mesma ordem das outras moléculas de água que já estavam no sistema.

Na segunda hipótese do modelo, propomos que a adição de moléculas de águaao sistema leva a formação de micelas reversas e que a adição de mais água leva àformação de novas micelas reversas, mas agora as micelas reversas estão aumentando oseu diâmetro. Assim nessa nova configuração as moléculas de água terão uma valor deT 2 cada vez maior, pois os efeitos de confinamento ficam cada vez menores à medidaque o tamanho das micelas reversa aumenta. Esse modelo é ilustrado na figura 4.21.Chu e colaboradores propuseram, usando medidas de espalhamento estático e dinâmicode luz, que nas primeiras injeções de água, após a CMC, as micelas reversas formadaspossuiam um tamanho fixo e que com a adição de mais água o tamanho das micelasreversas permaneciam constante e apenas aumentava o número de micelas reversas ea partir de certa quantidade de água ocorre a mudança na forma das micelas reversasde esféricas para elípticas [5]. Nesse caso a curva de T 2 esperada seria uma reta

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4.3 Ressonância Magnética Nuclear

Figura 4.21: Valores de T2 para a molécula de água para um sistema idealizado de micelas

reversas com tamanho diferentes.

horizontal na região onde as micelas reversas possui um diâmetro constante e uma retacom inclinação positiva quando o tamanho das micelas reversa aumentasse. Mas o queobservamos na figura 4.20 são duas retas ambas com inclinação positiva. O que indicaum aumento no diâmetro das micelas em toda a região estudada contradizendo osresultados de espalhamento dinâmico de luz. Observa-se uma mudança de inclinaçãono gráfico da figura 4.20 próximo a 20 µL/g. Essa mudança está próximo do valorencontrado na tabela 4.1 para o ponto de transição das micelas reversas com água deesférica para elipsoidal.

A influência dos eletrólitos no T 2 das moléculas de água foi determinado eobservamos que a presença do eltrólito provocou a diminuição do valor de T 2 paratodos os eletrólitos estudados, exceto para as micelas reversas com solução 0,1 M deNa2S, como pode ser visto na figura 4.22, nesse caso as moléculas dé água apresentaram

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4.3 Ressonância Magnética Nuclear

nas primeiras adições, valores de T 2 abaixo da curva de T 2 das micelas reversas comágua pura, mas à medida que aumentamos a concentração de água a curva de T 2 paraas micelas reversas com Na2S ultrapassou a curva das micelas reversas de água pura. Ocomportamento das micelas reversas com esse sal diferiu bastante do comportamentodas micelas reversas com os outros sais. O comportamento atípico que esse sal provocanão foi bem entendido por nó e pode ser mais um efeito do envelhecimento da soluçãosalina de Na2S.

Figura 4.22: Valores de T2 para as moléculas de água no sistema de micelas reversas na

presença de todos os sais estudados.

Apesar das micelas reversas com Na2S apresentarem um comportamento atípico,as micelas reversas com os outros sais seguiram a seguinte ordem no valor de T 2: Nps≈ CdCl2 < C4H12NCl < Li2SO4 < H2O. A correlação mais simples entre os dados éque os sais induzem o aumento do diâmetro hidrodinâmico e em contrapartida induzema redução do valor de T 2. Em termos dos efeitos de confinamento era esperado que

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4.3 Ressonância Magnética Nuclear

com o aumento do diâmetro das micelas reversas ocorrese um aumento do valor de T 2

na presença dos sais em relação a água, mas o que se observa na figura 4.22 é o efeitocontrário. Deste modo os efeitos de confinamento não são os prinicipais responsáveispela diminuição do valor de T 2, mas sim a interação do eletrólito com as moléculas deágua.

No interior das micelas reversas a redução relativa no valor de T 2 foi: Nps ≈CdCl2 ≈ 32 %, C4H12NCl ≈ 25 % e Li2SO4 ≈ 13% em relação as micelas reversas comágua pura. Para esses quatros sais a redução em relação as micelas com água é maiordo que eles induzem em solução aquosa. O valor determinado foi de, aproximadamente5% para esses quatro sais em solução aquosa 0,1 M. Uma hipótese é que o efeito deconfinamento das micelas reversas, induza uma maior aproximação das moléculas deágua com os cátions e ânions e essa maior aproximação, aumente a interação entre oscátions e ânions e a molécula de água. Em termos da série de Hoffmeister, sais queestruturam as moléculas de água como o Li2SO4 ou sais como o C4H12NCl que quebraa estrutura da água tiveram o mesmo efeito de redução no valor de T 2 das moléculasde água no interior das micelas reversas. Nas curvas de T 2 para as micelas reversascom sais, não ficou evidente a transição das micelas reversas de esféricas para elípticas.Outro ponto a chamar a atenção na curva da figura 4.22 é que para concentrações deágua ou solução salinas superior a 25 µL/g, ocorre uma redução no valor de T 2 paratodas as curvas, exceto para o CdCl2 na qual a curva não atinge essa região. Todas ospontos nessa região da curva foram repetidos e mostraram - se reprodutíveis.

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Capítulo 5

Conclusão e Perspectivas

Medidas de espalhamento estático e dinâmico foram usadas para caracterizar osistema formado pelo copolímero L64, p-xileno e água ou soluções salinas. As micelasreversas na presença de todos os sais obedece a uma dinâmica difusiva. As medidas deespalhamento dinâmico de luz mostraram que o diâmetro hidrodinâmico das micelasreversas aumenta na presença de todos os sais. Os sais Li2SO4 e Na2S foram os quemais aumentaram o diâmetro aparente das micelas reversas na região de 5 a 17 µL/g eos sais Nps e C4H12NCl foram os que mais aumentaram o diâmetro na região a partirde 18 µL/g. Os sais NaOH e CdCl2 pouco afetaram o diâmetro aparente das micelasreversas. Foi usado um modelo da literatura que propõe a interação entre cátions esegmentos EO para explicar o aumento de diâmetro hidrodinâmico das micelas reversasna presença dos sais. Este modelo explicou muito bem os resultados.

A intensidade média espalhada pelas soluções aumentou na presença dos sais,exceto para o sal C4H12NCl. Com as curvas de intensidade espalhada foi possível deter-minar o ponto de transição na forma das micelas reversas de esféricas para elipsoidais.Medidas usando a refratometria diferencial permitiu determinar o ponto de formaçãodas micelas reversas e o ponto de mudança na forma das micelas. A presença de saislevou a uma diminuição da quantidade de água necessária para a formação das micelasreversas, exceto para as micelas com NaOH.

Resultados de microcalorimetria isotérmica de titulação para as micelas rever-sas com sais apresentaram entalpia de mistura endotérmica nas primeiras adições desolução aquosa. Diferente da curva calorimétrica das micelas reversas com água, emque a entalpia de mistura é sempre exotérmica. Os picos endotérmicos das micelascom sais pode ser um explicação para a diminuição no valor da quantidade de soluçãosalina necessária para formar micelas em comparação com as micelas com água, pois

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Conclusão

é necessário criar um microambiente favorável para a solubilização de eletrólitos comquantidades menores do que quando há apenas moléculas de água. As curvas calori-métricas para os sais C4H12NCl e NaOH apresentaram baixos valores em módulo deentalpia de mistura em comparação com os outros sais e água. As curvas das micelasreversas com Na2S não foram reprodutíveis. Foi atribuído a perda de enxofre na formade ácido sulfídrico como o responsável por essa não reprodutibilidade.

Espectros de ressonância magnética nuclear mostrou a presença de água ligadae água livre no interior das micelas reversas. A presença dos sais provocou um leveaumento do deslocamento químico dos prótons da molécula de água, o que indica umamudança de ambiente químico com a presença dos sais. Foi medido o T2 dos prótons dogrupo CH2 e CH3 da molécula de L64. O T2 para o grupo CH2 flutuou em torno de umamédia, o que deve ser um indício da contribuição de vários grupos CH2 em diferentesambientes químicos. O T2 para o grupo CH3 diminui a medida que aumentou-se ovolume de água ou solução aquosa, o que pode ser explicado pela mudança de gruposCH3 da forma de cadeia livre para a forma de micelas reversas.

O T2 dos prótons da molécula de água diminui de 3,2 segundos para as moléculasde água em fase macroscópica para alguns microsegundos para as moléculas de água nointerior das micelas reversas. Esse efeito pode ser explicado pelo aumento da interaçãodipolar entre os núcleos das moléculas de água no interior das micelas reversas. Apresença dos sais provocou uma diminuição ainda maior nos valores de T2 das moléculasde água.

O próximo passo é estudar o comportamento das micelas reversas na presençade diferentes eletrólitos da série de Hoffmeister, primeiro mantendo o cátion constantee variando o ânion para verificar o efeito do ânion na interação do cátion com PEO.Posteriormente manter o ânion constante e variar o cátion para estudar o efeito deinteração do cátion no processo de interação com segmentos EO da cadeia de L64.

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