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Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial – SENAI DR BA Faculdade de Tecnologia SENAI CIMATEC Curso Superior de Tecnologia em Logística
ALEXANDRE JOSÉ MARINS FREIRE
TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO
ESTUDO DE GERAÇÃO E DESTINAÇÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS DE UM CASH & CARRY
SALVADOR-BA 2010
ALEXANDRE JOSÉ MARINS FREIRE
ESTUDO DE GERAÇÃO E DESTINAÇÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS DE UM CASH & CARRY
SALVADOR-BA 2010
SENAI CIMATEC
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Faculdade de Tecnologia SENAI CIMATEC, como exigência à obtenção do título de Tecnólogo em Logística. Orientador: Prof. Vitório Donato.
_______________________________________________________________
Ficha Catalográfica
_______________________________________________________________
Ficha catalográfica elaborada pela
Biblioteca da Faculdade de Tecnologia SENAI CIMATEC
F866e Freire, Alexandre José Marins
Estudo de geração e destinação de resíduos sólidos de um cash & carry/ Alexandre José Marins Freire. - Salvador, 2010.
44 fl; il.; color. Orientador: Prof.º Vitório Donato Monografia (graduação) – Faculdade de Tecnologia SENAI
Cimatec, 2010. 1. Resíduos sólidos. 2. Diagnóstico ambiental. I. Faculdade de
Tecnologia SENAI CIMATEC. II. Donato, Vitório. Ill. Titulo.
CDD 628.44
Faculdade de Tecnologia SENAI CIMATEC Curso: CST LOGÍSTICA
A Banca Examinadora, constituída pelos professores abaixo listados, leram e
recomendam a aprovação da monografia de graduação, intitulada “Estudo de
geração e destinação de resíduos sólidos de um cash & carry”, apresentada no dia
16 de junho de 2010, como requisito parcial para a obtenção do Título de Tecnólogo
em Logística.
Orientador:
_______________________________________
Prof. Vitório Donato.
SENAI CIMATEC
Membro da Banca:
______________________________________
Prof. Rodrigo Pereira Vieira
SENAI CIMATEC
Membro da Banca:
______________________________________
Prof. Leonardo Sanches
SENAI CIMATEC
___________________________________________________________
Dedicatória ____________________________________________________________
Dedico este trabalho á Deus, á
minha esposa, e ás minhas filhas;
presentes em todas as horas...
_____________________________________________________________
Agradecimentos _____________________________________________________________
Ao professor, mestre e orientador Vitório Donato que me incentivou em todas
as etapas deste trabalho.
A psicopedagoga, Lina Alves de Marins (em memória) que sempre me desafiou na
busca incansável e constante pelo conhecimento acadêmico e a minha esposa,
Hellen, companheira de alta luz.
Salvador, Brasil Alexandre José Marins Freire
16 de junho de 2010
_____________________________________________________________
Epígrafe _____________________________________________________________
”O que farão com as velhas roupas? Faremos lençóis com elas.
O que farão com os velhos lençóis? Faremos fronhas.
O que farão com as velhas fronhas? Faremos tapetes com elas.
O que farão com os velhos tapetes? Usá-lo-emos como toalhas de pés.
O que farão as velhas toalhas de pés? Usá-lo-emos como panos de chão.
O que farão aos velhos panos de chão? Nós os cortaremos em pedaços, misturá-
los-emos com barro e usaremos esta massa para rebocar as paredes das casas.
Devemos usar com cuidado e proveitosamente, todo o artigo que a nós foi confiado,
Pois não é nosso e nos foi confiado apenas temporariamente.”
Siddhartha Gautama – BUDA
____________________________________________________________
Resumo ____________________________________________________________
Canais de distribuição são redes responsáveis por dispor bens ou serviços às
pessoas jurídicas ou físicas, formando uma malha de distribuição, que
classicamente vai desde o fornecedor da matéria prima, passa pelo fabricante do
produto final, passa pelo atacado, passa pelo varejo e por fim chega ao consumidor
final. Historicamente o atacado, que até então só vendia para varejista, atualmente
vende também para o consumidor final e essa modificação importante, que é a
transformação do mesmo em atacarejo ou cash & carry, deve-se a partir da
implantação de operações de varejo nas suas dependências como, venda
fracionada de produtos e manipulação de alimentos perecíveis (carnes, pães, frutas
e verduras e laticínios e embutidos frios laminados), com isso passou a gerar
resíduos que até então não gerava, tais como: papelão, plástico, sebo, osso, frutas
e verduras. Estes resíduos estavam sendo descartados de forma convencional, no
container de lixo da limpeza urbana sem qualquer tratamento, sendo um atrativo
para os catadores de lixo, além de contribuir de forma significativa com o aumento
dos aterros sanitários. Tal contexto exigia a busca de soluções que viesse atender a
esta demanda, para isso foi aplicado um Diagnóstico Ambiental da Atividade
Logística o qual possibilitou identificar suas atividades, seus pontos críticos e suas
características para daí sugerir como reduzir a produção de resíduos sólidos bem
como dar uma finalidade mais nobre aos resíduos sólidos gerados na operação
deste cash & carry estudado.
Palavras Chaves: Cash & Carry, Diagnóstico ambiental, Resíduos sólidos.
____________________________________________________________
Abstract ____________________________________________________________
Distribution channels are networks responsible for provide goods or services
to the legal or physical persons, forming a mesh of distribution, which classical goes
from the supplier of raw materials, is replaced by the manufacturer of the finished
product, passes through attacked, passes through retail and finally reaches the final
consumer. Historically the attacked, which until then only sold to retailer, currently
sells also to the final consumer and that substantial modification, transformation at
atacarejo or cash & carry, this phenomenon is due from the deployment retail
operations in their dependencies, selling products in fractional unit and manipulation
of perishable foods (meats, breads, fruit and vegetables and dairy products and
embedded cold laminates), with it now generate waste not produced, such as:
cardboard, plastic, tallow, bone, fruit and vegetables. These residues were being
dropped conventional in garbage container of urban cleaning without any treatment,
being an attractive for garbage collectors, and contribute significantly to the increase
of landfill. This context requires looking for solutions that will meet this demand, for
this was applied Environmental diagnosis of Logistics Activity which enabled him to
identify their activities, their critical points and their characteristics to suggest how to
reduce waste production as well as give a purpose more noble to solid waste
generated in the operation of this cash & carry studied.
Keywords: Cash & Carry, Diagnosis environmental, solid waste.
______________________________________________________________
Lista de Tabelas ______________________________________________________________
Tabela 1 - Resíduos gerados por um cash & carry .............................................. 25
Tabela 2 - Responsabilidade do gerenciamento de resíduos............................... 26
Tabela 3 - Volume da coleta de lixo em Salvador nos anos de 2004 a 2006 ....... 26
Tabela 4 - Grau do impacto ambiental ................................................................. 29
Tabela 5 - Grau de impacto das atividades logísticas .......................................... 29
Tabela 6 - Classificação do grau de impacto ambiental das atividades logística . 31
Tabela 7 - Criticidade dos aspectos ambientais encontrados no estudo .............. 35
Tabela 8 - Controle do uso de sacolas ................................................................. 38
Tabela 9 - Plano de viabilidade econômica .......................................................... 39
_______________________________________________________________
Lista de Figuras _______________________________________________________________
Figura 1 - Fluxograma da geração de resíduos do cash & carry estudado ............ 34
Figura 2 - Campanha alusiva a troca do uso de sacola plástica por caixas de papelão
............................................................................................................................... 38
_____________________________________________________________
Sumário _____________________________________________________________
Capítulo 1- Introdução
1.1 Introdução .............................................................................................. 14
1.2 Definição do problema ........................................................................... 15
1.3 Objetivos ................................................................................................ 15
1.4 Importância do trabalho .......................................................................... 15
1.5 Motivação ............................................................................................... 16
1.6 Limites e limitações ................................................................................ 16
1.7 Organização da monografia ................................................................... 16
Capítulo 2- Revisão Bibliográfica
2.1 Histórico ................................................................................................. 17
2.2 Limpeza Urbana Brasileira ..................................................................... 17
2.3 Armazenamento de Lixos Urbanos ........................................................ 18
2.4 Legislação Ambiental Brasileira ............................................................. 18
2.5 Cadeia de Suprimentos .......................................................................... 19
2.6 O setor atacadista .................................................................................. 20
2.7 Análise do Ciclo de Vida de Produtos .................................................... 21
2.8 Logística Reversa ................................................................................... 21
2.9 Logística Verde ...................................................................................... 22
2.10 Sustentabilidade no mercado de capitais ............................................... 22
2.11 Norma IS0-14000 ................................................................................... 22
2.12 Resíduos Sólidos .................................................................................. 24
2.13 Norma Regulamentadora – 25 ............................................................... 27
2.14 Reciclagem............................................................................................. 28
2.15 Impacto Ambiental na Atividade Logística .............................................. 29
2.16 Cálculo do Impacto Ambiental da Atividade Logística ............................ 30
Capítulo 3- Metodologia
Metodologia ............................................................................................................ 32
Capítulo 4- Estudo de Caso
Diagnóstico Ambiental da Atividade logística ......................................................... 33
Capítulo 5- Análise dos Resultados Obtidos ..................................................... 37
5.1 Custos evitados ...................................................................................... 38
5.2 Melhorias propostas ............................................................................... 39
Considerações Finais
Conclusões ........................................................................................................... 40
Referências ........................................................................................................... 42
Anexos .................................................................................................................. 44
14
Capítulo 1 _______________________________________________________________
Introdução _______________________________________________________________
1.1 Introdução
Localizada a jusante do fabricante, e a montante do varejo, o atacado e
distribuidores são agentes de distribuição da cadeia produtiva. O agente de
distribuição denominado de atacado é aquele que compra e vende produtos da
indústria, com os quais não possui vínculo formal ou informal de exclusividade nem
de produtos nem de território de venda. No estado da Bahia, segundo a Junta
Comercial do Estado da Bahia no ano de 2006 existiam 755 companhias
atacadistas, é esse agente de distribuição que vem sofrendo de forma importante,
grandes modificações, e essas são provenientes da globalização que quebra as
barreiras comerciais, e a competição com custos cada vez mais baixos. As
estratégias utilizadas para aumento de participação de mercado são: processos de
fusões e a inserção de atividades peculiares de outros agentes de distribuição como
a do varejo, dando uma nova característica a esse atacado, transformando-o em
atacarejo ou cash & carry. É a partir desta transformação que são gerados resíduos
sólidos tais como papelão, plástico, sebo, osso, frutas e verduras até então
inexistentes no atacado, como veremos ao longo deste trabalho.
1.2 Definições do problema
A partir da implantação de operações de varejo como, venda fracionada de
produtos e manipulação de alimentos perecíveis (carnes, pães, frutas e verduras e
laticínios e embutidos frios laminados), o cash & carry estudado passou a gerar
resíduos que até então não gerava, tais como: papelão, plástico, sebo, osso, frutas
e verduras e esses resíduos estavam sendo descartados sem nenhum
gerenciamento no container de lixo convencional, mas como resolver o problema de
geração e destinação de resíduos sólidos de um cash & carry?
15
1.3 Objetivo Geral
Este trabalho visa investigar e sugerir mecanismo de descarte responsável
dos resíduos sólidos da operação de um cash & carry.
1.4 Objetivo Específico Aplicar um Diagnóstico Ambiental da Atividade Logística, em uma loja tipo
cash & carry, pesquisar os dados qualitativos e quantitativos a cerca dos resíduos
sólidos gerados em sua operação e analisar os impactos dos dados levantados bem
como propor soluções factíveis para a redução da geração e destinação desses
resíduos.
1.5 Importância do trabalho
Este trabalho tem sua importância por, propor a buscar soluções sustentáveis,
em um canal de distribuição novo como o cash & carry. Para o problema de geração
e destinação adequada de seus resíduos sólidos, através da aplicação de um
diagnóstico de impacto ambiental nas operações de uma loja do setor, onde se
espera impactar de forma positiva na rentabilidade e o mais importante, no meio
ambiente a partir do advento da preocupação ecológica, do foco em boas práticas
de manipulação de frutas e verduras, de carnes, no trato com os resíduos de
papelão, na operacionalização das sacolas plásticas ao embalar alimentos em geral
suscitando nos agentes deste contexto a importância da sustentabilidade e
comprovar que a sustentabilidade pode ser lucrativa e ser o diferencial competitivo
para este agente de distribuição.
16
1.6 Motivação
Este trabalho foi motivado por tentar resolver o problema da geração e
descarte convencional de resíduos sólidos de um cash & carry.
1.7 Limites e limitações
O escopo do estudo se limita a levantar dados e propor soluções ao descarte
de resíduos sólidos de um cash & carry. A limitação mais importante foi à falta de
acesso em outras lojas do mesmo segmento como forma de comparação as boas
práticas sugeridas. 1.8 Organização da monografia
Este trabalho apresenta cinco capítulos e está estruturado da seguinte forma:
Capítulo 1 – Introdução: Apresenta a definição do problema, objetivos e
como esta monografia de graduação está estruturada.
Capítulo 2 – Revisão da literatura especializada – Fundamentação teórica do tema: Apresenta, o histórico, os pensamentos propostos,
definições, normas sobre a matéria estudada e seus impactos.
Capítulo 3 – Trabalho experimental e desenvolvimento da pesquisa:
Define o trabalho exploratório de estudo de caso como metodologia aplicada.
Capítulo 4 – Estudo de caso: Define e caracteriza a empresa para assim
aplicar o Diagnóstico de Atividades Logísticas. Capítulo 5– Análise dos resultados obtidos: Analisa os resultados obtidos
do Diagnóstico de Atividades.
Considerações Finais: Apresentam as conclusões.
17
Capítulo 2 ______________________________________________________________
Revisão da literatura especificada –
Fundamentação teórica ______________________________________________________________
2.1 Histórico
Na atualidade um dos assuntos mais recorrente é a questão ambiental em
temas como: aquecimento global, efeito estufa, camada de ozônio, geração de
resíduos e sua correta destinação. E existe uma preocupação mundial latente em
como as empresas podem contribuir com as suas atividades de forma sustentável
para um mundo menos poluído, menos degradado e como a Academia reflete os
anseios da sociedade, surgem novos objetos de trabalho, novos cursos como, por
exemplo; gestão ambiental, direito ambiental (que visa ordenar a atividade humana e
empresarial à luz do direito), entre outros cursos. Donato (2008) cita que no Brasil
essa preocupação com o meio ambiente data de 1603 com a promulgação das
Ordenações Filipinas, por D. Filipe II de Portugal, onde este demonstrou certa
preocupação, explicita em seu texto como segue: “Nenhuma pessoa possa cortar
(...) o dito pau-brasil, (...) sem a expressa licença (...) e o que contrário fizer,
incorrerá em pena de morte e confiscação de toda a sua fazenda”. E tomou
destaque internacional na Conferência Ambiental Mundial realizada na cidade do Rio
de Janeiro em 1992 que ficou conhecida como, RIO ECO 92.
2.2 Limpeza urbana
No Brasil, o serviço sistemático de limpeza urbana foi iniciado oficialmente em
25 de novembro de 1880, na cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro, então
capital do Império. Nesse dia, o imperador D. Pedro II assinou o Decreto nº 3024,
aprovando o contrato de "limpeza e irrigação" da cidade, que foi executado por
Aleixo Gary, de cujo sobrenome origina-se a palavra gari, que hoje conhecemos
como os trabalhadores da limpeza urbana e que recolhem os resíduos sólidos
quando descartados de forma convencional em muitas cidades brasileiras.
18
2.3 Armazenamento de lixos urbanos
Donato (2008) afirma que no Brasil, é usual as cidades descartarem seus
resíduos em lixões, que são áreas sem qualquer controle ambiental e sanitário, ou
seja, provoca danos à saúde humana, provoca poluição do ar, do solo, dos
mananciais hídricos e pela proliferação de pragas urbanas como insetos e ratos. Já
nos aterros sanitários esses problemas são minimizados a partir da adoção de
normas e critérios de engenharia ambiental, tais como: impermeabilização do solo,
cobertura dos aterros, coleta e tratamento do resíduo liquido originado da
decantação do lixo afim de não causar problemas ambientais, porém esses
depósitos estão com seus estoques cada vez maiores, pois o volume de lixo
descartado pela população e pelas empresas é cada vez maior, por tanto a
importância de estudos que visem diminuir a geração e o descarte desses resíduos.
2.4 Legislação ambiental brasileira
Em 1988, a Constituição Federal, Lei Fundamental do Brasil, pela primeira vez
na história, abordou o tema meio ambiente, dedicando um artigo inteiro que
contempla não somente seu conceito normativo, ligado ao meio ambiente natural,
como também reconhece suas outras faces: o meio ambiente artificial, o meio
ambiente do trabalho, o meio ambiente cultural e o patrimônio genético. E este
Artigo incumbe ao Poder público, a efetividade desse direito de: Educação
Ambiental, Código Florestal, Diretrizes para o Zoneamento Industrial, Licenciamento
Ambiental.
A Lei 6.938, de 31 de agosto de 1981 estabelece a Política Nacional do Meio
Ambiente, a qual cria instrumentos de prevenção dentre os quais destacamos o
zoneamento ambiental, a avaliação de impacto ambiental, a criação de áreas de
proteção ambiental, o sistema nacional de informações sobre o meio ambiente e a
licença ambiental; e de correção que dentre as quais destacamos as penalidades
disciplinares e as penalidades compensatórias.
Outro destaque foi à criação do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos
Produtos Renováveis – IBAMA, em 1989.
E em 1998 é promulgada a lei 9.605 intitulada de Lei de Crimes Ambientais,
19
que visa regulamentar as atividades industriais e comerciais conforme citado a
seguir.
Brasil: Lei n 9.605, de 12 de fevereiro de 1998 – Lei de crimes ambientais:
Art. 2 – Quem, de qualquer forma, concorre para a prática dos crimes previstos nesta Lei, incide nas penas a estes cominadas, na medida da culpabilidade, bem como o diretor, o administrador, o membro de conselho e de órgão técnico, o auditor, o gerente, o preposto ou mandatário de pessoa jurídica, que, sabendo da conduta criminosa de outrem, deixar de impedir a sua prática, quando podia agir para evitá-la.
Brasil: Decreto n 3.179, de 21 de setembro de 1999.
Art. 43 – Produzir, processar, embalar, importar, exportar, comercializar, fornecer, transportar, armazenar, guardar, ter em depósito ou usar produto ou substância tóxica, perigosa ou nociva à saúde humana ou ao meio ambiente, em desacordo com as exigências em leis ou em seus regulamentos.
2.5 A cadeia de suprimentos
Segundo Chopra e Meindl (2003), uma cadeia de suprimento engloba todos
os estágios envolvidos, direta ou indiretamente, no atendimento de um pedido de um
cliente. E os profissionais de logística se preocupam em satisfazer a demanda dos
clientes dos vários setores: produtivos, armazenagens, distribuição e consumidor
final que estão dispostos ao longo desta cadeia de suprimentos, mas que também
poderíamos chamar de cadeia de conflitos, pois a logística estuda formas de como
resolver os vários conflitos ali dispostos como:
a) Produção padronizada ou customizada,
b) Estratégia mercadológica diferenciada por preço ou por serviço,
c) Estoque para pronta entrega ou por encomenda,
d) Distribuição porta a porta ou o próprio cliente retira no balcão,
e) Frota própria ou terceirizada,
f) Atendimento personalizado ou por auto-serviço.
Tudo para mitigar os custos existentes, respeitar às leis em uma cadeia produtiva e
dar mais musculatura ao retorno do investimento.
20
Com o aumento da população mundial, aumento do consumo, aumento da
padronização dos produtos e serviços, a atrofia do poder das marcas, até com
quebra de patentes, democratização da informática e telecomunicações o principal
diferencial competitivo contemporâneo é a adoção de uma política sócio-ambiental
da empresa, a guisa de seu produto ou serviço, a montante e a jusante dos
integrantes desta cadeia produtiva, pois os consumidores estão cada vez mais
inseridos na prática da cidadania e para isso se organizam em sindicatos,
associações de bairro, organizações não governamentais – ONG, e mais
recentemente em comunidades virtuais e suas várias especificações, ou seja, o
consumidor esta cada vez mais ativo nas decisões de consumo e com isso um novo
mercado já surgiu e a máxima dos ‘4Ps’ do marketing (produto, preço, praça e
promoção) ganha mais um P, o de pessoas que no ambiente interno das
organizações atua no prisma da produtividade e deixam de serem funcionários para
serem associados onde se inserem cada vez mais nas decisões da empresa e no
ambiente externo essas pessoas são consumidores, os que definem e que são
agentes de mudança, e que determinam a existência ou a morte de uma Marca
produto ou serviço e esses consumidores estão preterindo produtos e empresas que
respeitam e não degradam o Meio Ambiente.
2.6 O setor atacadista
Segundo Urdan e Urdan (2006), a empresa atacadista é um elo no canal de
distribuição entre fabricantes, no papel de fornecedores, e outras organizações, no
papel de clientes. Segundo ainda Urdan e Urdan (2006), o comercio atacadista foi
beneficiado com a expansão da malha rodoviária no governo de Juscelino
Kubitschek, que proporcionou capilaridade as cidades das regiões Norte, Nordeste e
Centro-Oeste e é essa capilaridade seu principal diferencial dentre os outros canais
de distribuição e hoje os atacadistas buscam o reposicionamento estratégico com
revisão de mix de produtos, formação de preço, distribuição, seleção de mercado-
alvo, treinamento a pequenos varejistas e inclusão de operação de varejo em sua
dependência e é essa inclusão desta operação que esta gerando resíduos sólidos
nas operações dos atacados.
21
2.7 Análise do ciclo de vida dos produtos
Os produtos estão cada vez mais práticos, em porções cada vez menores e
com datas de validades cada vez menores e isso demanda do uso de mais
embalagens primárias e secundárias e com apelos de marketing cada vez maiores e
atuantes, os quais se utilizam de novas formas midiáticas, as quais incentivam o
consumo, e conseqüentemente, maior descarte de resíduos.
A análise do ciclo de vida estuda de forma ampla toda a vida do produto
desde o projeto de manufatura, matéria prima e insumos utilizados, energia gasta na
produção, armazenamento, transportes, gerenciamento de resíduos, disposição final
do produto, bem como reciclagem e reuso e seus impactos ambientais.
A Sociedade para Toxicologia e Química Ambiental – SETAC define a Análise
do Ciclo de Vida como: “o processo objetivo para avaliar os encargos ambientais
associados com o produto, processo ou atividade com base na identificação e
qualificação da energia e materiais usados e dos resíduos emitidos para o meio
ambiente, de forma a avaliar o impacto do uso desta energia e materiais e as
emissões para o meio ambiente, assim como avaliar e implementar oportunidades
que redundem em melhorias ambientais.”
A análise do ciclo de vida de produtos analisa a vida do produto desde sua
formação e advento até o seu uso, ou melhor, até seu reuso e de seus resíduos.
2.8 Logística reversa
Leite (2003) define logística reversa como:
[...] “a área da logística empresarial que planeja,
opera e controla o fluxo e as informações logísticas correspondentes, do retorno dos bens de pós-venda e de pós-consumo ao ciclo de negócios ou ao ciclo produtivo, por meio dos canais de distribuição reversos, agregando lhes valor de diversas naturezas: econômico, legal, logístico, de imagem corporativa, entre outros”.
Donato (2008) define logística reversa como:
“a área da logística que trata dos aspectos de retornos de produtos, embalagens ou materiais ao seu centro produtivo (...), para que seja reutilizada e volte ao consumidor final em um ciclo contínuo.”
22
A logística reversa trata de aspectos do fluxo de retorno de produtos ou
embalagens, dos clientes aos fornecedores originais, conforme os vasilhames de
vidro utilizados, embalagens de cervejas e refrigerantes e ainda conforme os
produtos que necessitam de assistência para reparos técnicos.
2.9 Logística verde
Donato (2008) afirma que a Logística verde estuda formas de gerir uma
cadeia de suprimentos sustentável, mais limpa do ponto de vista ecológico;
considerando todo o impacto desde a produção, armazenamento, distribuição até o
fim de sua vida útil e o correto descarte deste bem e se preocupa ainda em inserir
os resíduos desta operação em uma cadeia produtiva, ou seja, se preocupa em
agregar valor a esses resíduos a partir da inserção destes em uma cadeia
econômica e em muitas vezes cadeia sócio-sustentável.
A cadeia logística moderna não se encerra na entrega do produto ou serviço
ao seu consumidor final, mas ela perpassa até a preocupação com o meio ambiente
e busca trazer destinação viável e responsável aos produtos como através de
assistência técnica, reutilização, reciclagem, destino de resíduos de produção e de
consumo.
A logística moderna preocupa-se com o ciclo completo que propõe prover bens
aos seus clientes, não se preocupa apenas com redução de custos e sim com a
criação de mais oportunidades de negócios a partir da maior visibilidade de seu
produto ou serviço a guisa da responsabilidade sócio-ambiental, mantendo-se com a
imagem limpa perante a sociedade, e isso justifica a importância do estudo de
geração e destinação de resíduos sólidos.
2.10 Sustentabilidade no mercado de capitais
Donato (2008) afirma que o índice Dow Jones de sustentabilidade é a principal
ferramenta para escolha de ações de empresas com responsabilidade social e
ambiental nas bolsas de valores, este índice foi criado em 1999 como forma de
incentivo de visibilidade e financeiro as empresas que fizerem parte deste seleto
23
grupo. Hoje são 320 empresas no mundo e apenas oito empresas brasileiras, a
saber: Aracruz, Bradesco, Itaú, Cemig, Itaúsa Investimentos, Petrobras, Usiminas e
Votorantim Celulose e Papel (VCP), nenhuma é do ramo atacadista, e nesse caso o
pioneirismo seria de grande valor.
As empresas que conquistam esse índice podem usar em suas campanhas
publicitárias essa conquista demonstrando ao mercado consumidor que suas
atividades são sustentáveis.
2.11 Norma- ISO 14000
Segundo VALLE (2004) no ano de 1993, a ISO - International Organization for
Standardization, criou um comitê, intitulado Comitê Técnico TC 207 que teria como
objetivo desenvolver normas relativas ao meio ambiente, e assim foram criados os
certificados de gestão ambiental da série ISO 14000 que atestam a
responsabilidade ambiental no desenvolvimento das atividades de uma organização.
Esta Organização verifica se as empresas estão em conformidade com a
legislação da seguinte forma:
a) Elabora Diagnóstico atualizado dos aspectos e impactos ambientais
de cada atividade,
b) Elabora Procedimentos padrões e planos de ação para eliminar ou
diminuir os impactos ambientais,
c) Treina e qualifica o Pessoal,
d) Permite que a organização divulgue esta prática para a sociedade,
e) Avalia o desempenho da gestão ambiental,
f) Cria a rotulagem ambiental (popularmente conhecida como selo
verde), que atesta ao consumidor que o produto ou serviço detentor
deste selo respeita o meio ambiente,
g) Analisa todo o ciclo de vida de um produto, processo, atividade
como, por exemplo: a extração da matéria-prima, o processamento
da matéria-prima, a produção, a distribuição, o uso, o reuso se
necessário, a manutenção, a reciclagem, o descarte e a eliminação.
As empresas certificadas pela ISO 14000 são credenciadas e são
reconhecidas pelos organismos nacionais e internacionais, como uma empresa ou
24
atividade em conformidade com as leis ambientais e que se preocupam
efetivamente com práticas responsáveis de produção, distribuição de forma a
reduzir os impactos ambientais dos seus produtos, serviços bem como de seus
resíduos.
2.12 Resíduos Sólidos (Definições)
A (OMS) Organização Mundial da Saúde define os resíduos como algo que o
proprietário não mais deseja, em determinado local e momento da produção, Já a
(ABNT) Associação Brasileira de Normas Técnicas define como materiais
decorrentes de sobra de processos, ou que não possam ser utilizados com a
finalidade para a qual foram produzidos.
Segundo a NBR 10004 (1987) resíduos são materiais que se encontram nos
estados, sólidos e semi-sólidos e que resultam das atividades:
a) Industrial – Geralmente se consiste em borras, cinzas, óleos e lodos,
b) Doméstica – Restos de alimentos e embalagens,
c) Hospitalar – Materiais laboratoriais, material patogênico, infectantes,
d) Agrícola – Restos de colheitas, embalagens de defensivos agrícolas, fezes
animais,
e) Comercial – Que em sintonia com o objeto deste trabalho daremos
destaque aos resíduos sólidos originados nesta atividade comercial,
especificamente pelos cash & carry.
O manual da NBR 10004 classifica os resíduos em três classes:
a) Classe I – Perigoso. São os resíduos que, em função das suas
propriedades físicas, químicas ou infecto contagiosas, podem apresentar risco à
saúde pública, provocando ou acentuando, de forma significa, um aumento da
mortalidade ou incidência de doenças e/ou apresentam efeitos adversos ao meio
ambiente, quando manuseados ou dispostos de forma inadequada. As
características que conferem periculosidade a um resíduo são: inflamabilidade,
corrosividade, reatividade e patogênecidade.
b) Classe II – Não-inerte. São os resíduos que podem ter propriedades, tais
como: combustibilidade, biodegradabilidade, ou solubilidade em água, os resíduos
sólidos dos cash & carry tem essa clasificação.
25
c) Classe III – Inerte. São os resíduos que se enquadram segundo a Norma
NBR 10007(1981) – Amostragem de resíduos, e submetidos ao teste de solubilidade
(NBR 10006 – Solubilidade de Resíduos – Procedimentos) não tenham nenhum de
seus constituintes solubilizados, em concentrações superiores aos valores
constantes na Listagem 8 – “Padrões para teste de solubilização” – Anexo H da NBR
10004, ou seja, são considerados inertes.
Resíduo é a expressão mais palpável, e mais forte do risco ambiental e como
tal, merece ser estudado sob vários aspectos como:
a) Redução da produção,
b) Armazenamento,
c) Manuseio,
d) Reuso,
e) Reciclagem,
f) Transporte,
g) Descarte.
A tabela 1 Apresenta a variedade dos resíduos gerados pelas atividades de
uma empresa do tipo cash & carry
Tabela 1 - Resíduos gerados por um cash & carry.
Fonte Geradora Resíduo Gerado Classe Quantidade
Logística Plástico e Papelão II De acordo à venda
Hortifruti Legumes, Frutas e Verduras
II De acordo à venda
Açougue Sebo e Osso II De acordo à venda
Fonte: Do autor
Segundo a COMLURB-RJ, a decomposição do plástico leva mais de cem
anos, quando descartado no Meio Ambiente
26
A tabela 2 mostra de quem é a responsabilidade do gerenciamento destes
resíduos na cidade de Salvador (BA).
Tabela 2 – Responsabilidade do gerenciamento de resíduos na cidade de
Salvador (BA).
Tipo de Lixo Responsável Domiciliar Prefeitura
Comercial Prefeitura
Público Prefeitura
Serviço de Saúde Gerador
Industrial Gerador
Terminais ferroviários, rodoviários, aeroviários e portuários Gerador
Agrícola Gerador
Construção Civil Gerador
Fonte: DIROP/LIMPURB/BA (2010)
A tabela 3 mostra a evolução volumétrica dos resíduos gerados na
cidade de Salvador (BA), no período compreendido entre 2004 e 2006.
Tabela 3 – Dados volumétricos da coleta de lixo em Salvador nos
anos de 2004 a 2006
Tipo 2004 2005 2006 Variação
2005-2006 % + - (t) % (t) % (t) %
1. Urbano 701.480 56,03 703.066 51,20 727.984 53,01 3,54
2. RCCs 495.747 39,59 618.230 45,03 604.845 44,04 -2,17
3. Vegetal 47.046 3,75 44.201 3,22 34.480 2,51 -21,99
4. RSSs 7.989 0,63 7.601 0,55 6.013 0,44 -20,90
Total 1.252.262 100 1.373.098 100 1.373.322 100 0,016
Fonte: DIROP/LIMPURB/BA
Nota: Resíduos Sólidos Urbanos (RSUs): Domiciliar, Público e Comercial. Resíduos da Construção Civil (RCCs): Parcela da Classe A-Entulho Resíduos de Serviços de Saúde (RSSs): Parcela do Grupo A- Infectante Vegetal: Resíduos provenientes das podas das árvores e das feiras livres
Fonte: DIROP/LIMPURB/BA (2007)
27
E segundo o Jornal da Metrópole edição de número 89, publicado em 12 de
março de 2010 (apud LIMPURB), são descartados todos os dias 4600 toneladas de
lixo, na cidade de Salvador (BA), e só apenas 5% deste volume são destinados a
reciclagem, esse baixo percentual justifica o estudo da geração e destinação de
resíduos sólidos de um cash & carry.
2.13 A Norma Regulamentadora – 25
Segundo ARAÙJO (2005) a NR-25 trata de medidas preventivas a serem
observadas pelas empresas a cerca dos resíduos das diversas operações de
trabalho e versa sobre os cuidados que devemos ter sobre os mesmos para que
eles não ofereçam riscos para os trabalhadores e em caso de não conformidade
poderá ser triplamente penalizado administrativamente, civil e penalmente.
Abaixo segue uma parte desta norma que versa sobre os resíduos sólidos.
25.2. Resíduos líquidos e sólidos.
25.2.1. Os resíduos líquidos e sólidos produzidos por processos e operações industriais deverão ser convenientemente tratados e/ou dispostos e/ou retirados dos limites da indústria, de forma a evitar riscos à saúde e à segurança dos trabalhadores.
25.2.2. O lançamento ou disposição dos resíduos sólidos e líquidos de que trata esta norma nos recursos naturais – água e solo – sujeitar-se-á às legislações pertinentes nos níveis federal, estadual e municipal.
25.2.3. Os resíduos sólidos e líquidos de alta toxicidade, periculosidade, os de alto risco biológico e os resíduos radioativos deverão ser dispostos com o conhecimento e a aquiescência e auxílio de entidades especializadas/públicas ou vinculadas e no campo de sua competência.
No caso dos resíduos sólidos gerados por um cash & carry oferecem riscos
biológicos a partir da decomposição dos produtos como sebo, osso, frutas e
28
verduras onde existe a proliferação de fungos e bactérias, e no caso do papelão por
ser ele um material com alto poder de absorção de umidade facilitando a proliferação
de colônias de bactérias e de fungos, portanto coloca em risco a saúde das pessoas
que entram em contato com os mesmos.
2.14 Reciclagem
Reciclagem é uma das formas de diminuir o impacto ambiental a partir da
reinserção de resíduos na cadeia produtiva e hoje a mais difundida em nossa
sociedade através de campanhas publicitárias.
No uso de suas atribuições, o Conselho Nacional do Meio Ambiente -
CONAMA cria através da Resolução numero 275 de 25 de abril de 2001 um código
de cores para os diversos tipos de resíduos, afim de, dar maior visibilidade ao
trabalho de reciclagem bem como facilitar a sua triagem, acondicionamento,
transporte e campanhas informativas para a coleta seletiva, conforme segue:
a) Azul (papel e papelão),
b) Vermelho (plástico),
c) Verde (vidro),
d) Amarelo (metal),
e) Preto (madeira),
f) Laranja (resíduos perigosos),
g) Branco (resíduos do serviço de saúde),
h) Roxo (resíduos radioativos),
i) Marrom (resíduos orgânicos),
j) Cinza (resíduo geral não reciclável ou contaminado não passível de
separação).
No cash & carry estudado os equipamentos de armazenagem dos resíduos
orgânicos como sebo, osso, frutas e verduras foram substituídos de acordo a
coloração conforme a resolução do CONAMA.
29
2.15 Impactos Ambientais da Atividade Logística
DONATO (2008) classifica os impactos ambientais em diversos fatores e
sugere formas de controle conforme transcrição apresentada na tabela 4
Tabela 4 – Grau do impacto ambiental.
Impacto Ambiental Exigências Legais Formas de Controle Fator
Odor Proibição de emissão de substâncias
odoríferas para a atmosfera Redução na geração e instalação de Equipamento de
Controle de Poluentes (ECP) 1
Ruído
Emissão de ruído de modo a atender os padrões estabelecidos na NBR-10151
da ABNT Redução na geração e tratamento acústico das fontes 3
Vibrações
As vibrações geradas deverão ser controladas de modo a evitar incômodo
ao bem estar público Redução da geração 2
Resíduos Sólidos
Acondicionamento e armazenamento adequados, conforme normas da ABNT e disposição em locais aprovados pelos
órgãos ambientais Redução da geração; armazenamento e destinação
em locais aprovados pelos órgãos ambientais 5
Efluentes
Atender os padrões estabelecidos pela legislação ambiental vigente (Resolução
CONAMA 357/05) Redução da geração, tratamento de efluentes antes do
descarte e utilizar circuito fechado para efluentes 5
Fumaça
Instalar e operar sistema de controle de poluição do ar baseado na melhor
tecnologia prática disponível
Redução da geração, uso de Equipamentos de Controle de Poluentes ou mudança de combustível (utilização de energia limpa) 4
Material Particulado
Instalar e operar sistema de controle de poluição do ar baseado na melhor
tecnologia prática disponível Redução da geração e uso de Equipamentos de
Controle de Poluentes 4 Radioativida
de Atender legislação vigente Instalar e operar sistema de controle de radiação baseado na melhor tecnologia prática disponível 6
Fonte: Donato (2008)
E que pode caracterizar esses impactos ambientais das atividades conforme
o grau de impacto negativo de acordo a atividade logística desempenhada, como
vemos na tabela 5.
Tabela 5 – Grau de impacto das atividades logísticas.
Altíssimo Impacto -5
Alto Impacto -4
Médio Impacto -3
Leve Impacto -2
Baixo Impacto -1
Armazenamento de água (represamento)
Produção de equipamentos
eletrônicos Comércio varejista
Reflorestamento (estoque regulador de
madeira) Tecnologia da
informação
Siderurgia Transporte de
resíduos sólidos Transporte dutoviário Supermercados Mídia
Produção de material de construção
Transporte de minérios
Pesquisa e desenvolvimento
Armazéns gerais e trapiches Educação
Indústria química e petroquímica Distribuição física Transporte fluvial
Depósito de produtos farmacêuticos Recreação
30
Indústria farmacêutica Agronegócio Depósito de lubrificantes Depósito de grãos
Depósito de materias de MRO
Armazenamento de combustível (subsolo)
Transporte de inflamáveis
Transporte ferroviário
Movimentação de cargas
Serviços de conservação e
limpeza
Produção de energia Transporte marítimo
de carga química Transporte público Desembaraço
aduaneiro
Gás e combustível Transporte multimodal Transporte aéreo
Indústria de papel Transporte intermodal
Garagem e parqueamento de
veículos
Mineração Depósito da indústria
química
Transporte rodoviário carga
seca Serviços de
envasamento de produtos químicos
Transporte de produtos químicos Transporte marítimo
Transporte de resíduos hospitalares
Transportes de resíduos tóxicos Transporte de
resíduos químicos
Fonte: Donato (2008)
2.16 Cálculo dos Impactos Ambientais de Atividades
É uma forma de mensurar os diversos impactos ambientais nas diversas
atividades produtivas, esta forma de cálculo foi sugerida por Donato (2008),
conforme equação 1 abaixo:
(equação 1)
IAAT = F x GI
Onde,
IAAT é igual ao impacto ambiental da atividade,
F é igual ao impacto ambiental, conforme tabela 4,
GI é igual ao grau do impacto ambiental, conforme tabela 5.
31
Podendo desta maneira, classificar o grau dos impactos negativos
nessas atividades, conforme abaixo na tabela 6.
Tabela 6 – Classificação dos graus dos impactos ambientais.
Graus Escala Observações
Baixo -1 a - 5 Impacto Ambiental das Atividades, de baixo risco.
Leve -6 a - 11 Impacto Ambiental das Atividades, de risco leve.
Médio -12 a - 18
Impacto Ambiental das Atividades, de médio risco necessitando de atenção no planejamento e operação de
suas atividades.
Alto -19 a - 25
Impacto Ambiental das Atividades, de alto risco necessitando de atenção no planejamento e operação de
suas atividades, e necessita ainda da elaboração de plano de contingências.
Altíssimo -26 a - n
Impacto Ambiental das Atividades, de altíssimo risco e essas operações só deverão ser realizadas após
elaboração de plano de contingências e treinamento de toda a força de trabalho envolvida.
Fonte: Donato (Obra Inédita)
32
Capítulo 3 _______________________________________________________________
Trabalho experimental e desenvolvimento da
Pesquisa _______________________________________________________________
Metodologia
A metodologia aplicada foi o trabalho exploratório de estudo de caso, por se
tratar de uma forma mais prática e de maior aplicabilidade. O estudo de caso foi
realizado entre os meses de agosto a novembro de 2009, em uma loja do tipo cash
& carry, situada no bairro da calçada, na cidade de Salvador onde foi realizado um
levantamento de dados através da aplicação de um Diagnóstico Ambiental de
Atividade Logística afim de, acompanhar e registrar todo o processo, passo a passo,
de todas as atividades desta empresa, para poder mensurar o impacto ambiental
destas atividades e assim propor melhores práticas de operações, de procedimentos
e de controle de forma que venham a diminuir ou até mesmo acabar com o descarte
de resíduos sólidos no Meio Ambiente.
33
Capítulo 4 _______________________________________________________________
Estudo de Caso
_______________________________________________________________
Diagnóstico Ambiental das Atividades Logística
DONATO (2008), afirma que o Diagnóstico Ambiental das Atividades
Logísticas é um instrumento que avalia de forma quantitativa e qualitativa o nível de
resíduos, e possíveis interferências de uma atividade logística ou comercial no meio
em que está inserido para, a partir da análise de seus resultados proporem soluções
factíveis de produção mais limpa e assim contribuir de forma positiva na gestão de
resíduos de uma determinada atividade. Este diagnóstico é composto de sete itens
assim distribuídos e aplicados:
1- Caracterização da empresa estudada.
2- Identificação das operações logísticas.
3- Identificação do fluxo da geração de resíduos sólidos da operação.
4- Aspecto ambiental considerado mais crítico.
5- Impacto Ambiental,
6- Resíduos sólidos.
7- Cálculo do impacto ambiental da atividade logística.
1- Características da empresa estudada
A empresa estudada está instalada desde 2001 na cidade de Salvador(BA),
em zona urbana comercial a qual exercia originalmente atividade comercial de
atacado e recentemente no ramo de cash & carry e tem uma área total de 20.000 m2.
2 - Identificação das operações logísticas
A empresa movimenta em média cerca de 3.600 paletes de carga seca
industrializada entre produtos alimentícios e produtos de higiene pessoal e de
34
limpeza, 1.400 paletes de produtos perecíveis entre congelados, refrigerados e
hortifruti, e desossa de 26 toneladas de carne bovina e venda não informada.
3 - Identificação do fluxo da geração de resíduos sólidos da operação
Foram identificadas através da utilização de um fluxograma as atividades
geradoras de resíduos, são elas: A utilização de sacolas plásticas como embalagens
de produtos vendidos, o descarte no lixo de sebo e osso originados da desossa de
carne bovina, o descarte no lixo de plástico utilizado como embalagem dos paletes
na armazenagem, o descarte no lixo de caixas de papelão utilizado como
embalagem dos produtos industrializados no abastecimento da loja e o descarte no
lixo de frutas e verduras sem atrativo comercial, conforme abaixo:
Figura 1 – Fluxograma da geração de resíduos do cash & carry estudado.
RECEBIMENTO
ARMAZENAGEM
PERECÍVEL AÇOUGUE HORTIFRUTI ABASTECIMENTO (SEBO/OSSO) LIXO ORGÁNICO (PAPELÃO/PLASTICO) VENDAS (SACOLAS PLÁSTICAS)
Fonte: Do autor
35
4 – Aspecto ambiental considerado mais crítico
Dentre os aspectos ambientais identificados na operação da empresa
estudada como: consumo de água, consumo de energia, consumo de combustíveis,
emissão de ruídos, emissão de poluentes na atmosfera, emissão de odor, geração
de efluentes líquidos, a geração de resíduos sólidos, devido ser o foco do estudo da
pesquisa exploratória, foi considerado o mais crítico, conforme tabela 7 abaixo:
Tabela 7 - Criticidade dos aspectos ambientais encontrados no estudo
Aspectos Ambientais Prioridade de 0 a 3 sendo 0 a prioridade máxima
Geração de resíduos sólidos 0
Consumo de energia elétrica 1
Emissão de ruído 2
Emissão de odor 2
Emissão de fumaça 3
Geração de efluentes líquidos 3
Consumo de combustíveis 3
Fonte: Do autor
5 – Impacto Ambiental
Dentre os aspectos ambientais encontrados no estudo os mais relevantes
forão o consumo de energia elétrica, onde o consumo médio mensal desta empresa
é de 161.106,0 kWh. Toda energia consumida tem origem no sistema nacional de
distribuição de energia. Já o impacto mais importante foi a geração de resíduos
sólidos que será detalhado no próximo tópico
36
6 – Resíduos sólidos
Os resíduos sólidos gerados na empresa são armazenados em local fechado
e coberto e tem um grande volume médio mensal de 27 toneladas de papelão, 3
toneladas de plástico, 4,5 toneladas de sebo e osso, 20 toneladas de frutas e
verduras, e 7 toneladas de sacolas plásticas.
7 – Cálculo do impacto ambiental da atividade logística – IAAT
Uma vez que o objeto de estudo é a geração e destinação dos resíduos
sólidos de um cash & carry, só foi calculado o impacto ambiental desses resíduos
sólidos utilizando a técnica proposta por DONATO (2008), conforme tabelas 4, 5 e 6
e aplicado a equação 1, conforme abaixo:
Atividade – Comércio Varejista = -3 Impacto Ambiental - Resíduos Sólidos = 5 IAAT = F x GI = (5) x (-3)= -15 O qual é considerado de Médio impacto na geração de resíduos sólidos e, portanto
deve ser planejado e operado com grande atenção.
37
Capítulo 5 _______________________________________________________________
Análise dos Resultados Obtidos
_______________________________________________________________
O Diagnóstico Ambiental da Atividade Logística aplicado permitiu que
identificássemos os pontos de abastecimento, fracionamento de produtos e vendas
como geradores de resíduos sólidos, como papelão, plástico, sebo e osso, frutas e
verduras e sacolas plásticas bem como suas quantidades: 27 toneladas, 3
toneladas, 4,5 toneladas, 20 toneladas e 7 toneladas respectivamente e suas formas
de armazenamento.
A partir do cálculo do impacto das atividades logísticas potencialmente
contaminadoras, o qual classificou a empresa como grau de médio risco de
contaminação a partir dos resíduos sólidos levou todo corpo diretor, e gerencial a
adotar medidas de melhorias nas atividades desenvolvidas na empresa e na
questão de como ser mais sustentável. O desafio maior foi implantar medidas
corretivas com baixo custo financeiro de implantação e ainda com um impacto
positivo na lucratividade, desta forma deu-se uma visão sustentável ao negócio, pois
diminui a geração de resíduos e neutralizar a emissão de carbono no Meio
Ambiente, a partir do apoio às organizações de reciclagem, e ainda dando uma
visão social, pois ajudam à manutenção de Obras Sociais das adjacências do bairro
o qual está instalado.
Com a finalização do estudo, foi implantada uma campanha, alusiva ao uso
de caixas de papelão ao invés de sacolas plásticas, como forma de conscientização
dos clientes e funcionários (vide figura 2 na pag. 38), e venda dos papelões
restantes e dos plásticos a recicladores, bem como a venda de sebo e osso a uma
recicladora que utiliza esses resíduos como matéria prima para fabricação de ração
animal, bem como foi decidido pela doação dos produtos que tenha perdido sua
atratividade comercial, mas com sua integridade de segurança preservada. Para
assegurar a continuidade da campanha foi elaborado e implantado o procedimento
de descarte dos resíduos sólidos do cash & carry estudado, vide anexo 2.
38
Figura 2 - Fotografia da campanha alusiva a troca do uso de sacola plástica por
caixas de papelão.
A tabela 8 retrata uma planilha de controle do uso de sacolas, que foi adotada pela
empresa, ao final do estudo.
Tabela 8 – Controle do uso de sacolas plásticas.
2010 JANEIRO FEVEREIRO TOTAL INICIO 4.818 Kg 1.007 Kg 4818 kg COMPRAS 1.671 Kg 5.592 Kg 7.263 Kg FINAL 1.007 Kg 963 Kg 1.970 Kg CONSUMO 5.481 Kg 5.635 Kg 11.116 Kg MÉDIA 2009 6.998 Kg 6.998 Kg 6998 Kg ECONOMIA 1516 Kg 1362 Kg 2878 Kg R$ 12.131,20 R$ 10.897,60 R$ 23.028,80
Fonte: Do autor
5.1 Custos evitados
Na tabela 7 podemos ler que a média de sacolas no ano de 2009 era de
aproximadamente 7 toneladas por mês, e a partir do lançamento da campanha em
janeiro de 2010 do uso de caixas de papelão ao invés de sacolas plásticas, sugerida
pelo estudo de caso, esta mesma média esta diminuindo, e rentabilizando a
39
empresa em mais de R$ 23.000,00 de janeiro a fevereiro de 2010, só a partir da
aplicação da ação sustentável de redução do consumo de sacolas plásticas.
5.2 Melhorias propostas
Foi realizado um plano de viabilidade econômica e assim proposto a empresa
a reutilização das caixas de papelão originadas do abastecimento em detrimento das
sacolas plásticas como embalagens dos produtos vendidos no varejo, e ainda a
venda do papelão remanescente e do plástico, doação das frutas e verduras sem
valor comercial para obras sociais, venda de sebo e osso a fábrica de ração animal,
conforme abaixo:
Tabela 9 – Plano de viabilidade econômica.
ITEM
MEDIDA PROPO
STA
META DE REDUÇÃO
TECNICA
INVESTIMENTO
R$
(a)
CUSTO ANTES
DA IMPLANTAÇÃO
(b)
CUSTO PÓS
IMPLANTAÇÃO
©
BENEFICIOR$
(d)=b-c
TEMPO DE RETORNO
(e)=a/d
1
Venda de
Plástico e
papelão para
empresa de
reciclagem 100% Reciclagem 0 0 0 3.000 X
2
Venda de Sebo e osso para
empresa de
reciclagem 100% Reutilização 0 0 0 560 X
3
Doação Para
Obras sociais 100% Reciclagem 0 0 0 0 X
4
Reutilização das caixas
de papelão ao invés
das sacolas
plásticas 100% Reutilização 0 56.000 0 56.000 X
Fonte: Do autor
40
_______________________________________________________________
Considerações Finais
_______________________________________________________________
Conclusões No contexto comercial atual, a questão ambiental é cada vez mais importante
e presente nas estratégias das organizações, sendo muitas vezes diferencial
competitivo das mesmas. E este trabalho conseguiu resolver o problema da
atratividade do lixo descartado desta empresa e suscitou no corpo diretor do cash &
carry estudado a preocupação com a destinação responsável dos resíduos e com a
educação ambiental.
Só a educação ambiental pode sedimentar a preocupação com a degradação
do planeta, pois a educação traz resultados legítimos e duradouros.
No mix do marketing acrescentaria mais um P, dentre os 4 P’s já conhecidos,
o das pessoas, verdadeiros mandatários, e elemento de transformação de uma
sociedade e por tanto condição sine qua non para conscientização ecológica e para
operacionalização dos 3R’s da sustentabilidade:
Reduzir – Consiste em diminuir a produção de resíduos, através de:
Consumir somente o necessário
Consumir produtos reutilizáveis
Consumir produtos mais duráveis
Na empresa estudada foi reduzido o consumo de sacolas plásticas a partir
de campanha educativa específica.
Reutilizar – consiste em dar novas utilidades aos resíduos então
produzidos sem alterar suas características originais:
Reaproveitar materiais
Fazer circular materiais que ainda possam servir a outra pessoa
Usar embalagens retornáveis
Desenvolver e apoiando atividades de recuperação e conservação
41
Na empresa estudada foi implantada a reutilização das embalagens de papelão em
detrimento as sacolas plásticas bem como a reutilização de frutas e verduras sem
atrativo comercial, mas com características, nutricionais e de segurança alimentar
preservas, em obras sociais e fazendo chegar os resíduos de sebo e osso a fábricas
de ração que os utilizam como matéria-prima, ou seja, agregando valor aos produtos
que antes eram resíduos.
Reciclar – Consiste em usar os resíduos então produzidos como matéria prima de
novos produtos:
Apoiando as cooperativas de reciclagem
Desenvolvendo e apoiando atividades de reciclagem nos domicílios, fábricas,
supermercados, e sociedade em geral.
Na empresa estudada foi colocada a prática de reciclagem dos papelões e plásticos
originados da operação de abastecimento da loja.
Ao término deste trabalho, conclui-se que responsabilidade ambiental reduz
custos, controla os riscos, aumenta a rentabilidade, aumenta a visibilidade ética dos
consumidores perante a empresa, e o principal; determina o aumento da qualidade
de vida hoje e dá uma perspectiva de futuro.
42
_______________________________________________________________
Referências _______________________________________________________________
ABNT. NBR 10004 – resíduos sólidos – Classificação ABNT: Rio de Janeiro – RJ, 1987. ARAÚJO, Giovanni Moraes de. Normas Regulamentadoras Comentadas, 5ª Ed. Volume 2 : Rio de Janeiro – RJ, 2005. Calculadora de Carbono. Disponível em: www.carbononeutro.com.br acesso em 23 dezembro 2009. CHOPRA, Sunil; MEINDL, Peter. Gerenciamento da cadeia de suprimentos estratégias, planejamento e operação. : São Paulo, Prentice hall Pearson, 2003. CONAMA. Disponível em: www.mma.gov.br/conama acesso em 02 março 2010 Conlurb. Disponível em: www.rio.rj.gov.br/conlurb acesso em 02 março 2010 DONATO, Vitório. Logística verde: Uma abordagem sócio-ambiental: Rio de Janeiro – RJ; Editora Moderna, 2008. DONATO, Vitório. Cadeia de suprimento verde: Obra inédita. Junta Comercial do Estado da Bahia. Disponível em: www.juceb.ba.gov.br acesso em 16 junho 2010 LEITE, Paulo Roberto. Logística reversa – Meio Ambiente e competitividade: São Paulo, Prentice hall Pearson, 2003. Limpurb Bahia. Disponível em: www.limpurb.salvador.ba.gov.br acesso em 04 janeiro 2010 NORMAS ISO. Disponível em: www.iso.com.br acesso em 26 março 2010 NR-25. Disponível em: www.mte.gov.br acesso em 27 março 2010 URDAN, Flávio Torres; URDAN, André Torres. Gestão do Composto de Marketing: São Paulo; Editora Atlas, 2006. VALLE, Cyro Eyer do Valle. Qualidade Ambiental: ISO 14000, 5ª Ed.: São Paulo – SP; Editora SENAC, 2004.