Estudo - O Bem e o Mal

Embed Size (px)

Citation preview

  • 8/2/2019 Estudo - O Bem e o Mal

    1/4

    O bem e o mal

    630. Como se pode distinguir o bem do mal?

    O bem tudo o que conforme lei de Deus; o mal, tudo o que lhe contrrio. Assim, fazer

    o bem proceder de acordo com a lei de Deus. Fazer o mal infringi-la.

    Origem do mal

    Males que afligem a humanidade

    A dor o aguilho que impele o homem para a frente, na senda do progresso.

    Leis divinas

    Se o homem se submetesse rigorosamente s leis divinas, evitaria os mais acerbos males, e

    viveria feliz sobre a Terra.

    Pode-se dizer que o mal a ausncia do bem, como o frio a ausncia do calor.

    O mal no um atributo distinto, tanto quanto o frio no um fluido especial;

    um a negao do outro.

    Se houvesse, na criao, algum encarregado do mal, ningum poderia evit-lo; mas, tendo o

    homem a causa do mal em Si mesmo, e tendo ao mesmo tempo seu livre arbtrio e por guia as

    leis divinas, poder evit-lo quando quiser.

    631. Pode o homem distinguir por si mesmo o bem e o mal?

    Sim, quando cr firmemente em Deus, e sobretudo quando o quer saber: Deus lhe deu a

    inteligncia precisamente para que se faa essa distino.

    632. Sendo sujeito ao erro, no pode o homem enganar-se, e pensar que faz o bem quando

    em verdade faz o mal?

    Jesus disse: fazei ao prximo o que desejareis que ele vos fizesse: tudo se resume nisto, e

    assim no vos enganareis.

    633. A regra do bem e do mal, a que se poderia chamar de reciprocidade ou de

    solidariedade, no pode ser aplicada ao procedimento pessoal do homem para com ele

    mesmo. Poder ele achar na lei natural uma regra e um guia seguro para sua conduta?

    Quando comeis em demasia ficais doentes. Ento! Deus quem vos d a medida daquilo que

    necessitais. Quando a ultrapassais, sois punidos. Assim em tudo o mais. A lei natural traa ao

    homem ao limite de suas necessidades. Se em tudo ele escutasse essa voz a dizer-lhe: basta!

    evitaria a maior parte dos males cuja responsabilidade atira Natureza.

    634. Por que se acha o mal na natureza das coisas? Falamos do mal moral. No poderia Deus

    ter criado a Humanidade em melhores condies?

  • 8/2/2019 Estudo - O Bem e o Mal

    2/4

    J vos dissemos: os Espritos foram criados simples e ignorantes.Deixa Deus ao homem a

    escolha da senda. Tanto pior pra quem toma o mau caminho: sua peregrinao ser mais

    longa. Se no houvesse montanhas no poderia o homem compreender que se pode subir e

    descer; e se no houvesse rochedos no compreenderia que houvesse corpos duros.

    necessrio que o Esprito adquira a experincia e, para tanto, precisa conhecer o bem e o mal.

    por isso que existe unio entre o Esprito e o corpo.

    635. Das diferentes posies sociais nascem necessidades que no so idnticas para todos

    os homens. Disso no se pode inferir que a lei natural no constitui regra uniforme?

    Essas diferentes posies so da natureza das coisas e conformes lei do progresso. Isso no

    contraria a unidade da lei natural, que se aplica a tudo.

    As condies de existncia do homem mudam segundo as pocas e os lugares, e disso

    resultam para ele necessidades diferentes e posies sociais correspondentes a essas

    necessidades. Desde que essa diversidade est na ordem das coisas conforme lei de Deus,e essa lei, por isso, no menos una em seu princpio. Cabe razo distinguir as necessidades

    reais das necessidades fictcias ou convencionais.

    636. O bem e o mal so absolutos para todos os homens?

    A lei de Deus a mesma para todos. Mas o mal depende principalmente da vontade que se

    tem de o praticar. O bem sempre o bem e o mal sempre o mal, qualquer que seja a posio

    do homem. S h diferena quanto ao grau da responsabilidade.

    637. Pode considerar-se culpado o selvagem que cede ao instinto e se alimenta de carne

    humana?

    Dissemos que o mal depende da vontade: o homem tanto mais culpado quando melhor

    sabe o que faz.

    As circunstncias do ao bem e ao mal uma gravidade relativa. O homem comete,

    frequentemente, faltas que, sendo embora decorrentes da posio em que a sociedade o

    colocou, no so menos repreensveis; mas a responsabilidade est na razo dos meios que ele

    tiver para compreender o bem e o mal. assim que o homem esclarecido que comete uma

    simples injustia mais culpvel, aos olhos de Deus, que o selvagem que se entrega aos

    instintos.

    638. No raro o mal parece ser uma conseqncia natural das coisas: por exemplo, a

    necessidade de destruio, inclusive de nosso semelhante. Nesses casos h infrao da lei de

    Deus?

    O mal no deixa de ser mal pelo fato de ser necessrio. Considerai, porm, que essa

    necessidade desaparece medida que o Esprito se depura, atravs das suas sucessivas

    existncias. Quando ento comete o mal, torna-se o homem mais culpvel, porque melhor o

    compreende.

    639. O mal pode resultar da posio em que nos colocaram: nesse caso, quais os maisculpveis?

  • 8/2/2019 Estudo - O Bem e o Mal

    3/4

    A culpa do mal lanada sobre aquele que o causou. O homem levado prtica do mal em

    virtude da posio em que o colocaram menos culpvel do que aqueles que o causaram,

    porque cada um sofrer a punio no somente pelo mal que tenha feito diretamente, como

    tambm pelo que tenha provocado.

    640. Aquele que no faz o mal, mas tira vantagens do mal que o outro fez , culpvel nomesmo grau?

    como se o tivesse praticado. Aproveitar do mal participar dele. Talvez no fosse capaz de

    pratic-lo; mas, desde que, achando-o feito, dele tira partido, que o aprova; que o teria

    praticado, se pudesse ou se tivesse tido coragem.

    641. Ser to repreensvel, quanto fazer o mal, o desej-lo?

    Conforme. H virtude em resistir-se voluntariamente ao mal que se deseja praticar,

    sobretudo quando h possibilidade de satisfazer-se a esse desejo. Se apenas no o pratica por

    falta de ocasio, culpado quem o deseja.

    642. Para agradar a Deus e assegurar a sua posio futura, bastar que o homem no

    pratique o mal?

    No; cumpre-lhe fazer o bem no limite de suas foras, porquanto responder por todo mal

    que haja resultado de no haver praticado o bem.

    643. Haver quem, pela sua posio, no tenha possibilidade de fazer o bem?

    No h quem no posso fazer o bem. Somente o egosta nunca encontra ensejo de o praticar.

    Basta que se esteja em relaes com outros homens para que se tenha ocasio de fazer o bem,

    e no h dia da existncia que no oferea, a quem no se ache cego pelo egosmo,

    oportunidade de pratic-lo. Porque, fazer o bem no consiste, para o homem, apenas em ser

    caridoso, mas em ser til, na medida do possvel, todas as vezes que o seu concurso venha a

    ser necessrio.

    644. Para certos homens, o meio em que se encontram no constitui para eles o motivo

    principal de inmeros vcios e crimes?

    Sim; contudo, ainda a existe uma prova, escolhida pelo prprio Esprito, quando se

    encontrava em estado de liberdade: ele quis expor-se tentao precisamente para ter omrito de venc-la.

    645. Quando o homem est como quer mergulhado na atmosfera do vcio, o mal no se

    torna para ele um arrastamento irresistvel?

    Arrastamento, sim; irresistvel, no, mesmo por que no meio dessa atmosfera de vcio

    frequentemente ele encontra grandes virtudes. So Espritos que desenvolveram a fora da

    resistncia e compreenso, e tiveram, ao mesmo tempo, a tarefa de exercer boa influncia

    sobre os seus semelhantes.

    646. Subordina-se a determinadas condies o mrito do bem que se faz? Em outras

    palavras: h diferentes graus no mrito do bem?

  • 8/2/2019 Estudo - O Bem e o Mal

    4/4

    O mrito do bem reside na dificuldade em pratic-lo: no h mrito nenhum em faz-lo

    quando ele nada custa. Deus considera melhor aquele que reparte seu nico pedao de po,

    que o rico que d apenas do que lhe sobre. Jesus o exemplificou no episdio do bolo da

    viva.

    748. Deus perdoa o assassnio quando praticado em legtima defesa?

    S a necessidade pode escusar o homem. O agredido deve fazer todo o possvel para

    preservar a prpria vida e tambm a do agressor.

    749. culpvel o homem pelos assassnios que comete na guerra?

    No, quando constrangido pela fora; mas ser sumamente culpado das crueldades que

    ento venha a cometer, tanto quanto lhe ser levado em conta o sentimento de humanidade

    que venha a revelar.

    O instinto e a inteligncia

    Que diferena h entre o instinto e a inteligncia? Onde termina um e comea a outra? o

    instinto uma inteligncia rudimentar, ou uma faculdade distinta, um atributo exclusivo da

    matria?

    O instinto a fora oculta que induz os seres orgnicos a atos espontneos e involuntrios,

    tendo em vista sua conservao.

    A inteligncia revela-se por atos voluntrios, refletidos, premeditados, combinados, segundoa oportunidade das circunstncias.

    Destruio dos seres vivos uns pelos outros

    A verdadeira vida, tanto do animal como do homem, no est no invlucro corpreo nem no

    vesturio; est no princpio inteligente que preexiste e sobrevive ao corpo.