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Cadernos Metrópole ISSN: 1517-2422 [email protected] Pontifícia Universidade Católica de São Paulo Brasil Deschamps, Marley Estudo sobre a vulnerabilidade socioambiental na Região Metropolitana de Curitiba* Cadernos Metrópole, núm. 19, enero-junio, 2008, pp. 191-219 Pontifícia Universidade Católica de São Paulo São Paulo, Brasil Disponível em: http://www.redalyc.org/articulo.oa?id=402837800010 Como citar este artigo Número completo Mais artigos Home da revista no Redalyc Sistema de Informação Científica Rede de Revistas Científicas da América Latina, Caribe , Espanha e Portugal Projeto acadêmico sem fins lucrativos desenvolvido no âmbito da iniciativa Acesso Aberto

Estudo sobre a vulnerabilidade socioambiental na Região

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Cadernos Metrópole

ISSN: 1517-2422

[email protected]

Pontifícia Universidade Católica de São

Paulo

Brasil

Deschamps, Marley

Estudo sobre a vulnerabilidade socioambiental na Região Metropolitana de Curitiba*

Cadernos Metrópole, núm. 19, enero-junio, 2008, pp. 191-219

Pontifícia Universidade Católica de São Paulo

São Paulo, Brasil

Disponível em: http://www.redalyc.org/articulo.oa?id=402837800010

Como citar este artigo

Número completo

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Sistema de Informação Científica

Rede de Revistas Científicas da América Latina, Caribe , Espanha e Portugal

Projeto acadêmico sem fins lucrativos desenvolvido no âmbito da iniciativa Acesso Aberto

cadernos metrópole 19 pp. 191-219 10 sem. 2008

Estudo sobre a vulnerabilidade socioambiental na Região

Metropolitana de Curitiba*

Marley Deschamps

ResumoEste artigo traz como enfoque principal o te-ma da vulnerabilidade socioambiental e apre-senta, além da visão teórico/conceitual sobre o termo “vulnerabilidade” e suas implicações nos dias atuais, adotada por autores latino-americanos, uma proposta metodológica pa-ra a identificação de áreas metropolitanas, em nível intramunicipal, segundo seu grau de vulnerabilidade social. A metodologia adota-da identifica também aquelas áreas onde há a sobreposição de áreas com elevado grau de vulnerabilidade social, sujeitas a algum even-to ambiental adverso, no caso, áreas sujeitas a inundações. A região estudada se refere à Região Metropolitana de Curitiba.

Palavras-chave: vulnerabilidade socio-ambiental; vulnerabilidade demográfica; risco ambiental; segregação ambiental; região me-tropolitana.

Abstract

This article focuses on the theme of social and environmental vulnerability. It presents, besides a theoretical and conceptual review of the term “vulnerability” and its implications nowadays, a methodological proposal for identifying metropolitan areas in the intra-municipal level according to their social vulnerability degree. The methodology also identifies those regions where there is an overlapping of areas with high degree of social vulnerability, subject to some adverse environmental event – in this case, floods. The studied area is the Metropolitan Region of Curitiba.

Keywords: social and environmental vulnerability; demographic vulnerability; environmenta l r isk; env ironmenta l segregation; metropolitan region

marley deschamps

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Introdução

Este artigo enfoca o tema da vulnerabilidade socioambiental e tem como referência geo-gráfica a Região Metropolitana de Curitiba (RMC), uma das regiões metropolitanas brasileiras de maior dinamismo em termos de crescimento populacional recente, sendo as áreas de mananciais, situadas a leste da capital, um dos mais importantes vetores de expansão urbana, ocasionando forte pressão sobre o meio ambiente. Curitiba, cidade pólo da RMC, tornou-se conhecida nacional e in-ternacionalmente como “cidade modelo” ou “cidade de primeiro mundo”, e considerada pela ONU como a “capital ecológica do país”. Como ressalta Mendonça (2002), a imagem de “Capital Ecológica” da cidade de Curitiba consolidou-se na década de 90 como fruto de um acirrado processo de citymarketing promovido pela administração municipal, no entanto,

[...] as características da urbanização

curitibana revelam aspectos marcada-

mente contraditórios face a estas pers-

pectivas imagéticas. Mesmo se algumas

partes da cidade expressam característi-

cas de espaços organizados na perspec-

tiva do planejamento urbano, grande

parte está aquém desta condição; vários

aspectos do ambiente urbano o atestam

de forma evidente.

Além disso, as condições geofísicas dos solos, da disponibilidade de equipamentos e serviços públicos, de fatores logísticos asso-ciados aos requisitos das atividades econô-micas, das políticas públicas de transporte e de ordenação de uso do solo, da herança histórica do processo de ocupação territorial

e das estratégias dos movimentos especula-tivos, direcionaram o processo de urbaniza-ção e integração das malhas urbanas de mu-nicípios vizinhos, adensando o espaço tipica-mente metropolitano e expandindo a malha urbana a partir de Curitiba. Esse modelo de estruturação obedece a um processo de ocupação do espaço metropolitano que, se-letivamente, privilegia o município de Curi-tiba, onde o planejamento, segundo Moura (2001), esteve restrito à competência legal do município e

[...] pôde organizar o espaço intra-

urbano, investindo em intervenções

urbanísticas que garantiram eficácia na

implementação de sua estratégia e na

aplicação de seus instrumentos, a des-

peito da densificação da pobreza em su-

as fronteiras político-administrativas.

A par dessas características, as condi-ções preexistentes no meio ambiente, a de-mografia, o sistema social e a infra-estrutu-ra estão entre os principais fatores de vulne-rabilidade. Neste estudo, é feita uma leitura inter-relacionada desses fatores, identifi-cando, na RMC, os espaços metropolitanos onde há coincidência entre a vulnerabilidade social e a ambiental. Há a desmistificação da cidade modelo, ecológica entre tantos títu-los. Fica evidente que Curitiba e sua região metropolitana não fogem ao padrão de se-gregação socioambiental encontrado em ou-tras regiões metropolitanas do país, em que os espaços de risco ou vulnerabilidade am-biental são espaços concentradores de popu-lações socialmente vulneráveis, vinculados a processos de segregação ambiental, onde se apresenta uma distribuição desigual do dano ambiental.

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Para este tipo de estudo, trabalhar in-formações em nível de indivíduos numa es-cala espacial menor que o município é essen-cial. Tomaram-se então as Áreas de Expan-são da Amostra – IBGE, que são unidades geográficas formadas por um agrupamento mutuamente exclusivo de setores censitá-rios,1 como unidade geográfica mínima de estudo dentro da RMC, num total de 112, sendo 59 no município de Curitiba, outras 36 distribuídas em sete municípios do en-torno de Curitiba e outras 17 conforman-do cada uma um município distinto, aqueles mais distantes do pólo (Figura 1).

A identificação espacial das áreas de concentração de pessoas e/ou famílias em

situação de vulnerabilidade socioambiental foi possível através do georreferenciamento da vulnerabilidade pela combinação de dois mapeamentos. O primeiro, correspondente ao mapeamento da vulnerabilidade ambien-tal, destaca as áreas sujeitas à inundação, ou seja, para o município de Curitiba utilizam-se as informações das áreas que sofreram inundação/saturação hídrica no período 1987-2002 combinando as informações disponíveis em alguns órgãos estaduais.2 Como essas informações só estavam dispo-níveis para aquele município, para os demais se utilizam informações sobre áreas de vár-zea, as quais, quando não submetidas a um sistema adequado de drenagem, são sujeitas

Figura 1 – Áreas de expansão da amostra no centro metropolitano da RMC – 2000

Fonte: IBGE, Ipardes.

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a inundações. O segundo corresponde ao mapeamento das áreas segundo seu grau de vulnerabilidade social, as quais são iden-tificadas por meio da combinação de alguns fatores a partir de cruzamentos de variáveis demográficas, sociais e econômicas. Utili-zando-se o recurso de geoprocessamento, foram feitas sobreposições (overlayer) das cartografias geradas, possibilitando a identi-ficação dos pontos de maior vulnerabilidade socioambiental.

Vulnerabilidade social

Por se tratar de um tema emergente em matéria de população e desenvolvimento, a noção de vulnerabilidade social não está consolidada e possui múltiplos sentidos de interpretação. Na linguagem corrente, vul-nerabilidade é "qualidade de vulnerável", ou seja, o lado fraco de um assunto ou ques-tão ou o ponto pelo qual uma pessoa pode ser atacada, ferida ou lesionada, física ou moralmente. Dessa forma, vulnerabilidade implica risco, fragilidade ou dano. Três si-tuações são necessárias para que se produza um dano: um evento potencialmente adver-so, ou seja, um risco, que pode ser exóge-no ou endógeno; incapacidade de responder positivamente diante de tal contingência; e impossibilidade3 para adaptar-se ao novo cenário gerado pela materialização do risco.

Segundo Rodriguez (2001), uma pessoa é vulnerável porque pode ser lesiona-da – é o mesmo que se diz de uma aerona-ve que é vulnerável ao ataque inimigo ou de uma determinada espécie que é vulnerável à voracidade de outra. Além disso, a invulne-rabilidade está na proteção total de forças

externas causadoras de danos. Entre esses dois pólos há um gradiente determinado pelos recursos pessoais ou alternativas pa-ra que se possa enfrentar o efeito externo, neste caso, quanto maior a disponibilidade de recursos ou de opções, menor é a vulne-rabilidade. A noção de risco, então, torna-se relevante para o estudo da vulnerabilidade, já que a situação de vulnerabilidade implica a possibilidade de ocorrência ou presença de um evento adverso, seja ele de qualquer na-tureza, para a unidade de referência.4

Um dos usos mais correntes da noção de vulnerabilidade refere-se a grupos espe-cíficos de população, sendo utilizado para identificar grupos que se encontram em si-tuação de "risco social", ou seja, compostos por indivíduos que, devido a fatores próprios de seu ambiente doméstico ou comunitário, são mais propensos a enfrentar circunstân-cias adversas para sua inserção social e de-senvolvimento pessoal ou que exercem algu-ma conduta que os leva a maior exposição ao risco.

Rodriguez (2001) sugere que a noção de vulnerabilidade precede a identificação dos grupos, posto que exige especificar riscos e determinar tanto a capacidade de resposta das unidades de referência como sua habilidade para adaptar-se ativamente. Nesse sentido, a fragilidade institucional e a falta de equidade socioeconômica podem ser consideradas riscos, pois obstruem o desenvolvimento socioeconômico e impe-dem a coe são social. Numa situação espe-cífica como um acontecimento ambiental danoso, tais fatores passam a debilitar a ca-pacidade de resposta de alguns segmentos da sociedade.

A idéia da possibilidade de controlar os efeitos da "materialização do risco" deve

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estar presente no estudo de vulnerabilidade social, dado que esta compreende tanto a exposição a um risco como a medida da ca-pacidade de cada unidade de referência pa-ra enfrentá-lo, seja mediante uma resposta endógena ou à mercê de um apoio externo (Cepal/Celade, 2002).

Ainda segundo Rodriguez (2001), há um estreito vínculo entre a situação micros-social (os ativos de diversas naturezas das famílias, que podem contribuir para a mo-bilidade social ou melhorar as condições de vida), a macrosocial (disponibilidade de es-trutura para as famílias e seus membros) e a vulnerabilidade social consistiria no desa-juste entre essas duas dimensões.

A falta de ativos e/ou a indisponibilida-de de estruturas significam "desvantagens sociais", ou seja, condições sociais que afe-tam negativamente o desempenho de co-munidades, lares e pessoas. Implica menos acessos (conhecimento e/ou disponibilidade) e menos capacidade de gestão dos recursos e das oportunidades que a sociedade entre-ga para o desenvolvimento de seus mem-bros. A desvantagem social pode expressar-se por meio da desigualdade socioeconômi-ca, em que a pobreza constitui um fator de desvantagem justamente pelas limitações que ela impõe aos indivíduos, considerando, também, que a pobreza pode ser resultado de tais desvantagens.

Em nível de famílias, a vulnerabilida-de está vinculada à capacidade de resposta e ajustes ante condições adversas do meio, ou seja, a capacidade que as famílias têm de mobilizar ativos, escassos ou não, para enfrentar as adversidades. As famílias ou pessoas com pouco capital humano, com ativos produtivos escassos, pouco acesso à informação e às habilidades sociais básicas,

com falta de relações pessoais e com pouca capacidade para manejar seus recursos, es-tão em condições de vulnerabilidade diante de qualquer mudança ocorrida em seu en-torno imediato.

Para Rodriguez (2000), existe um

conjunto de características demográficas

que estão ligadas à capacidade das pessoas

e/ou famílias de mobilizar ativos, tomadas,

por isso, como desvantagens sociais. A esse

conjunto de características, descritas adian-

te, o autor denomina "vulnerabilidade de-

mográfica".

A noção de vulnerabilidade demográ-

fica é flexível à medida que permite consi-

derações simultâneas dos vários aspectos

das famílias, que podem tomar trajetórias

distintas, especialmente com o avanço da

transição demográfica e sob condições favo-

ráveis de desenvolvimento econômico e so-

cial. Os aspectos demográficos considerados

devem ser aqueles que geram dificuldades,

limitações ou menores opções nos proces-

sos de aquisição e habilitação para manejar

ativos em uma sociedade moderna. Nesse

sentido, a vulnerabilidade demográfica, me-

dida segundo determinadas características,

é apontada como uma faceta das desvanta-

gens sociais. Essas características podem ser

agrupadas nas três dimensões da unidade

doméstica apresentadas a seguir.5

a) Estrutura familiar

No plano de formação das famílias, são

assinalados dois fenômenos que tendem a

acentuar a vulnerabilidade demográfica: o in-

cremento da uniparentalidade6 (uma família

formada por chefe e cônjuge estaria em me-

lhores condições para atender satisfatoria-

mente aos aspectos emocionais, financeiros,

de tempo, e de trabalho para a manutenção

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de um lar com dependentes menores); o au-

mento na proporção de mulheres chefes de

família7 (estas teriam maiores dificuldades

para seu desenvolvimento quotidiano). b) Ciclo de vida

As famílias que se encontram nas eta-pas finais do ciclo (por restrições biológicas) e nas etapas iniciais (pela falta de experiên-cia) tenderiam a apresentar maiores dificul-dade para dispor de ativos. No caso das fa-mílias de formação recente, as dificuldades seriam para manter e/ou manejar os ativos e, no caso das famílias nas etapas finais de seu ciclo, pelo esgotamento das reservas ou pela perda de habilidade.

No caso dos chefes de família adoles-centes ou muito jovens, o grau de vulnera-bilidade pode ser variado, dependendo do motivo da chefatura, se por paternidade, se por saída espontânea da residência dos pais ou ainda por uma saída passageira, por motivos de estudo, por exemplo. Já a condi-ção de chefes idosos pode estar relacionada à transição demográfica; assim, áreas com grande percentagem de idosos tendem a ter mais lares chefiados por idosos, e a renda desses chefes pode ter níveis superiores à média, pois estariam colhendo frutos de uma trajetória laboral prévia. Nesse sentido, Rocha (2003) afirma que no Brasil existem suficientes evidências empíricas de que os idosos se beneficiam de uma série de me-canismos políticos que permitem que, como grupo etário, seja aquele para o qual a inci-dência de pobreza é baixa.

c) Aspectos demográficos tradicionais

O tamanho da família (número de mem-bros) seria um indicativo de vulnerabilidade, pois famílias numerosas teriam desvanta-gens na sociedade moderna, onde o custo de

sua manutenção é maior e, portanto, menor a capacidade de acumulação. O funciona-mento de uma família extensa pressupõe um conjunto de compromissos, hábitos e regras que podem interferir na forma habitual de fazer as coisas numa sociedade cuja norma são famílias pouco numerosas. Aqui também as evidências empíricas convergem para um menor rendimento em famílias maiores, ou seja, os pobres vivem, em média, em famí-lias maiores.

Um número maior de crianças também implica desvantagens para a família, no sen-tido de que os recursos se diluem na criação de menores, os quais ainda aportam recur-sos. A variável número de crianças se apro-xima das relações entre comportamento re-produtivo e desvantagens sociais. No Brasil, segundo Rocha (ibid.), 54% das crianças com menos de quatro anos possuem rendi-mento familiar per capita abaixo da linha da pobreza.

Os indicadores de "dependência", na escala de famílias, proporciona uma apro-ximação da pressão ou carga demográfica, refletindo o potencial de recursos humanos de que dispõe a família para prover sua ma-nutenção e enfrentar adversidades externas.

Escolha das variáveis

A escolha das variáveis para a identificação das famílias e/ou indivíduos em condições de vulnerabilidade social levou em consideração as premissas conceituais, e deveria ser numa quantidade suficiente para lançar mão de técnicas estatísticas para determinar o grau de associação entre elas.8 Foram seleciona-das algumas variáveis que indicam desvan-tagens sociais relativas a grupos de pessoas

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e unidades domésticas que podem se referir tanto a famílias como a domicílios e, em al-guns casos, ao agrupamento de pessoas. As variáveis com os componentes econômicos, sociais e demográficos, a escala de domicí-lios, famílias ou grupos de pessoas foram traduzidos inicialmente em 21 indicadores, apresentados no Quadro 1.

Todos os indicadores foram calculados tendo como referência espacial as Áreas de Expansão da Amostra – IBGE, podendo, des-sa forma, identificar, para aqueles municí-pios maiores, sua heterogeneidade interna.

Metodologia de tipificação e agrupamento

A tipologia e o agrupamento das 112 áre-as da RMC foram obtidos por dois métodos estatísticos multivariados: análise fatorial por componentes principais e análise de agrupamento.9 O objetivo da utilização des-sa técnica é identificar a partir de uma série de variá veis socioeconômicas e sociodemo-gráficas, previamente selecionadas, as quais seriam as mais relevantes para estabelecer uma tipologia das áreas de expansão dentro da RMC, no que se refere à vulnerabilidade social, e construir um índice final para hie-rarquizar e estabelecer grupos de áreas re-lativamente homogêneas.

Análise fatorial por componentes principais

A análise fatorial estuda as relações inter-nas de um conjunto de variáveis. Segundo Ignácio (2002), essa técnica visa analisar as intercorrelações entre as variáveis, com

o objetivo de identificar um menor número de fatores que apresentem aproximadamen-te o mesmo total de informações expresso pelas variáveis originais. Esses fatores são independentes e linearmente relacionados às variáveis.

Para essa análise, foi construída uma matriz contendo 114 unidades geográficas, correspondendo às 112 áreas de expansão mais a Região Metropolitana como um todo (RMC) e a Região Metropolitana excluindo o município pólo (RMC sem Curitiba)10 e os 22 indicadores. Nesse caso, para facilitar a interpretação e o posterior agrupamento, os valores dos indicadores foram invertidos: ao invés de indicarem desvantagem social, estão indicando vantagem social, ou seja, como estão em percentual, foram diminuí-dos de 100 – exceto a V7, que foi diminuída de 1 para padronizar as medidas. Assim, os maiores valores correspondem a uma me-lhor situação, sendo o contrário para os me-nores valores (Anexo 1).

Da análise simultânea da média e do desvio padrão observou-se que as piores situações, ou seja, a combinação de baixos valores de média com altos valores de des-vio padrão são observadas nas variáveis V3, V11, V14, V19, V20, V22 (mulheres chefes sem cônjuge, dependência infantil, informali-zação do mercado de trabalho, adolescentes fora da escola, jovens e adultos com nível de escolarização inadequado e inadequação domiciliar), indicando alto grau de hetero-geneidade em relação a esses indicadores, entre as áreas.

As variáveis V1, V4, V5, V6, V9, V15 e V18 (chefes menores, alta freqüência de filhos, alta freqüência de componentes na família, adolescentes com experiência reprodutiva, pessoas idosas, analfabetismo

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Quadro 1 – Indicadores de desvantagem social

Percentagem de famílias chefiadas por pessoas menores (V1)Percentagem de famílias chefiadas por pessoas idosas (V2)Percentagem de famílias chefiadas por mulheres sem cônjuge (V3)Percentagem de famílias com alta freqüência de filhos (V4)Percentagem de famílias com alta freqüência de componentes (V5)Percentagem de adolescentes com experiência reprodutiva (V6)Parturição de mulheres jovens e adultas (V7)

Percentagem de crianças de 0 a 14 anos (V8)

Percentagem de pessoas com idade acima de 64 anos (V9)Taxa de imigração (V10)

Índice de dependência infantil (V11)

Percentagem de famílias com renda insuficiente (V12)Percentagem de ocupados com baixo rendimento no trabalho principal (V13)Grau de informatização do mercado de trabalho (V14)Taxa de analfabetismo da população de 15 anos e mais (V15)Taxa de analfabetismo funcional da população de 15 anos e mais (V16)

Taxa de analfabetismo funcional dos chefes de famílias (V17)Percentagem de crianças fora da escola (V18)

Percentagem de adolescentes fora da escola (V19)Percentagem de jovens adultos com nível de escolaridade inadequado (V20)

Percentagem de domicílios com densidade por dormitório inadequada (V21)

Percentagem de domicílios com inadequação geral (V22)

Razão entre chefes de família com idade entre 10 e 19 anos e o total de chefes de famíliaRazão entre chefes de família com idade superior a 64 anos e o total de chefes de famíliaRazão entre chefes de família do sexo feminino e sem cônjuge e o total de chefes de famíliaRazão entre famílias com 4 ou mais filhos e o total de famílias

Razão entre famílias com 7 ou mais membros e o total de famíliasRazão entre mulheres de 10 a 19 anos com um ou mais filhos vivos e o total de mulheres da mesma faixa etáriaRazão entre o nº de filhos tidos nascidos vivos das mulheres de 10 a 34 anos e o total de mulheres da mesma faixa etária (filhos por mulher)Razão entre o nº de crianças de 0 a 14 anos e o total da populaçãoRazão entre o nº de pessoas com idade acima de 64 anos e o total da populaçãoRazão entre o nº de pessoas que não residiam no município 5 anos antes da data do censo e o total da população de 5 anos ou maisRazão entre o nº de crianças com idade de 0 a 14 anos e o total de pessoas com idade de 15 a 64 anos (expressa o nº de dependentes infantis para cada 100 independentes)Razão entre as famílias com renda famíliar mensal per capita de até 1/2 salário mínimo e o total de famíliasRazão entre os ocupados cuja renda do trabalho principal é igual ou inferior a 1 salário mínimo e o total de ocupadosRazão entre ocupados não inseridos no setor formal e o total de ocupadosRazão entre o nº de pessoas de 15 anos e mais que não sabem ler e o total de pessoas de 15 anos e mais de idadeRazão entre o nº de pessoas de 15 anos e mais sem instrução ou com até 3 anos de estudo e o total de pessoas de 15 anos e maisRazão entre o nº de chefes de família sem instrução ou com até 3 anos de estudo e o total de chefes de famíliasRazão entre o nº de pessoas de 7 a 14 anos que não freqüentam escola e o total de pessoas na mesma faixa etáriaRazão entre o número de pessoas de 15 a 17 anos que não freqüentam escola e o total de pessoas na mesma faixa etáriaRazão entre o nº de pessoas de 18 a 25 anos que estudam em nível escolar que não têm o superior e o total de pessoas da mesma faixa etária que estudamRazão entre o nº de domicílios particulares permanentes com mais de duas pessoas por cômodo servindo como dormitório e o total de domicílios particulares permanentesRazão entre o nº de domicílios particulares permanentes inadequados quanto a abastecimento de água,1 escoamento sanitário, coleta de lixo e densidade por dormitório, e o total de domicílios particulares permanentes

Indicador Descrição

(1) Quanto ao abastecimento de água, considerou-se como inadequado aquele domicílio servido por rede geral, mas canali-zada só na propriedade ou terreno, servido por poço, nascente ou outra forma. Quanto ao escoamento sanitário, cosiderou-se como inadequado aquele domicílio cujo escoamento se dá em fossa rudimentar, vala, rio, lago, mar ou outro escoadouro. Quan-to à coleta de lixo, considerou-se como inadequado aquele domicílio que não é atendido por serviço de limpeza ou caçamba.

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da população de 15 anos e mais e crianças fora da escola) mostraram os maiores valo-res de média com baixo desvio padrão, in-dicando simultaneamente que há baixa fre-qüência dessas situações na grande maioria das áreas.

A descrição preliminar das interrelações existentes entre os indicadores ou variáveis em estudo é apresentada na matriz de cor-relação de Pearson,11 na qual foram desta-cados os valores cuja correlação é maior ou igual a 50% (Tabela 1).

Com exceção de duas variáveis – famí-lias chefiadas por mulheres sem cônjuge e imigrantes recentes –, as demais apresenta-ram de moderado a alto grau de correlação entre elas. As variáveis que indicam vulne-rabilidade demográfica – tais como famílias numerosas e com alta freqüência de filhos, adolescentes com experiência reprodutiva, parturição de adolescentes e jovens/adultas, percentagem de crianças com até 14 anos e índice de dependência infantil –, mostraram forte correlação com praticamente todas as variáveis que indicam desvantagens socioe-conômicas e que pressupõem pobreza, como os baixos rendimentos, informalização no trabalho, analfabetismo, não freqüência es-colar e condições inadequadas de moradia.

Além disso, os tipos de chefaturas e a percentagem de idosos apresentaram forte correlação somente com as variáveis socioe-conômicas que refletem inadequação escolar e domiciliar, embora em níveis inferiores aos apresentados pelas demais variáveis demo-gráficas. Já a variável imigrantes recentes não possui correlação com nenhuma variável que indica desvantagem social, seja ela de-mográfica ou socioeconômica.

Na análise acima, verificou-se forte vín-culo entre os aspectos sociodemográficos e

os fatores geradores de desvantagem em outros planos sociais, mostrando pouca ou nenhuma ambigüidade em relação ao marco teórico adotado.

Para melhor dimensionar e analisar as inter-relações entre as diversas variáveis, foi aplicada a técnica de análise fatorial com ba-se na matriz de correlação de Pearson. Por meio do processamento dos dados com to-das as variáveis, foram eliminadas aquelas cuja comunalidade apresentassem valores abaixo de 0,60, pois não estariam sendo ex-plicadas pelo conjunto dos fatores comuns.

Três variáveis apresentam comunalida-de abaixo de 0,60, sendo, portanto, elimi-nadas da análise, por não fazerem conjunto com nenhum fator: percentagem de famílias chefiadas por pessoas menores de 20 anos (V1); percentagem de famílias chefiadas por mulheres sem cônjuge (V3); e taxa de imi-gração (V10).

A retirada dessas três variáveis não al-terou o resultado final do agrupamento das áreas dentro da Região Metropolitana de Curitiba, pois, no caso das duas primeiras, V1 e V3, tratam-se de variáveis que podem ou não indicar desvantagem social, por esta-rem diretamente ligadas às funções exerci-das pelo município ou região de residência. Curitiba, por exemplo, que possui as maio-res proporções de pessoas nessa situação, é um pólo universitário, assim as pessoas que são estudantes ou mesmo as que só traba-lham e moram sozinhas, ou seja, são chefes de família, muito provavelmente possuem condições econômicas favoráveis.

Quanto à variável V10, sua inclusão na análise se deu em função de possibilitar um indicativo de crescimento da área de expansão metropolitana. No entanto, na taxa de imigração foram incluídos todos os

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fluxos, independentemente de sua origem. Talvez fosse mais interessante ter incluído como fator de desvantagem social a taxa de imigração obtida somente com os fluxos intrametropolitanos, pois esses migrantes

1,0000

-0,4224

-0,1963

0,5021

0,4127

0,6902

0,5722

0,5688

-0,4439

0,3790

0,5852

0,5300

0,2883

0,0619

0,4543

0,4999

0,4834

0,4841

0,5727

0,5744

0,6257

0,4830

-0,4224

1,0000

0,3459

-0,3512

-0,2337

-0,6416

-0,7118

-0,7477

0,9659

-0,3970

-0,6741

-0,2678

0,0712

0,3617

-0,1399

-0,3076

-0,2877

-0,2684

-0,4817

-0,6782

-0,6822

-0,4207

0,5021

-0,3512

-0,4683

1,0000

0,9358

0,7209

0,8379

0,8403

-0,5066

0,1878

0,8826

0,9304

0,7717

0,5818

0,8781

0,9462

0,9441

0,8169

0,8982

0,8368

0,8346

0,8650

0,4127

-0,2337

-0,4302

0,9358

1,0000

0,6037

0,7445

0,7500

-0,3972

0,1044

0,8005

0,9113

0,8104

0,6264

0,8868

0,9280

0,9279

0,7653

0,8254

0,7677

0,7598

0,7900

0,6902

-0,6416

-0,3812

0,7209

0,6037

1,0000

0,8994

0,8730

-0,7177

0,3449

0,8727

0,6950

0,3385

0,1002

0,5974

0,7091

0,6905

0,6963

0,8023

0,8342

0,8966

0,7252

0,5722

-0,7118

-0,4788

0,8379

0,7445

0,8994

1,0000

0,9746

-0,8093

0,3547

0,9718

0,7798

0,4523

0,1795

0,6939

0,8218

0,8026

0,7377

0,8833

0,9259

0,9587

0,8167

0,5688

-0,7477

-0,4978

0,8403

0,7500

0,8730

0,9746

1,0000

-0,8524

0,3035

0,9920

0,7911

0,4728

0,1719

0,6938

0,8222

0,8062

0,6847

0,8714

0,9481

0,9607

0,8068

-0,4439

0,9659

0,4163

-0,5066

-0,3972

-0,7177

-0,8093

-0,8524

1,0000

-0,3387

-0,7871

-0,4284

-0,0976

0,2066

-0,3147

-0,4724

-0,4573

-0,3965

-0,6007

-0,7821

-0,7754

-0,5445

0,3790

-0,3970

-0,1197

0,1878

0,1044

0,3449

0,3547

0,3035

-0,3387

1,0000

0,2936

0,0883

-0,1270

-0,1666

0,0343

0,1001

0,0697

0,1127

0,2202

0,2891

0,3349

0,2343

0,5852

-0,6741

-0,4967

0,8826

0,8005

0,8727

0,9718

0,9920

-0,7871

0,2936

1,0000

0,8444

0,5372

0,2509

0,7580

0,8682

0,8507

0,7284

0,8926

0,9430

0,9649

0,8315

-0,1963

-0,3459

1,0000

-0,4683

-0,4302

-0,3812

-0,4788

-0,4978

0,4163

-0,1197

-0,4967

-0,4278

-0,3234

-0,2001

-0,3758

-0,4588

-0,4593

-0,3726

-0,4597

-0,5005

-0,4623

-0,4806

Variáveis V1 V11V10V9V8V7MV6V5V4V3V2

V1

V2

V3

V4

V5

V6

V7M

V8

V9

V10

V11

V12

V13

V14

V15

V16

V17

V18

V19

V20

V21

V22

0,5300

-0,2678

-0,4278

0,9304

0,9113

0,6950

0,7798

0,7911

-0,4284

0,0883

0,8444

1,0000

0,8626

0,6468

0,9032

0,9528

0,9537

0,7947

0,8747

0,8017

0,8057

0,8197

-0,2883

0,0712

-0,3234

0,7717

0,8104

0,3385

0,4523

0,4728

-0,0976

-0,1270

0,5372

0,8626

1,0000

0,8845

0,7788

0,8063

0,8304

0,6286

0,6586

0,5150

0,4770

0,6631

0,4543

-0,1399

-0,3758

0,8781

0,8868

0,5974

0,6939

0,6938

-0,3147

0,0343

0,7580

0,9032

0,7788

0,6114

1,0000

0,9364

0,9254

0,7902

0,7810

0,6958

0,6954

0,7447

0,4999

-0,3076

-0,4588

0,9462

0,9280

0,7091

0,8218

0,8222

-0,4724

0,1001

0,8682

0,9528

0,8063

0,6060

0,9364

1,0000

0,9950

0,8277

0,9027

0,8382

0,8201

0,8758

0,4834

-0,2877

-0,4593

0,9441

0,9279

0,6905

0,8026

0,8062

-0,4573

0,0697

0,8507

0,9537

0,8304

0,6322

0,9254

0,9950

1,0000

0,8188

0,8951

0,8271

0,8025

0,8737

0,4841

-0,2684

-0,3726

0,8169

0,7653

0,6963

0,7377

0,6847

-0,3965

0,1127

0,7284

0,7947

0,6286

0,4811

0,7902

0,8277

0,8188

1,0000

0,8148

0,6702

0,7140

0,7520

0,5727

-0,4817

-0,4597

0,8982

0,8254

0,8023

0,8833

0,8714

-0,6007

0,2202

0,8986

0,8747

0,6586

0,4591

0,7810

0,9027

0,8951

0,8148

1,0000

0,8565

0,8878

0,8784

0,5744

-0,6782

-0,5005

0,8368

0,7677

0,8342

0,9259

0,9481

-0,7821

0,2891

0,9430

0,8017

0,5150

0,2129

0,6958

0,8382

0,8271

0,6702

0,8565

1,0000

0,9320

0,7951

0,6257

-0,6822

-0,4623

0,8346

0,7598

0,8966

0,9587

0,9607

-0,7754

0,3349

0,9649

0,8057

0,4770

0,1947

0,6954

0,8201

0,8025

0,7140

0,8878

0,9320

1,0000

0,7987

0,4830

-0,4207

-0,4806

0,8650

0,7900

0,7252

0,8167

0,8068

-0,5445

0,2343

0,8315

0,8197

0,6631

0,4799

0,7447

0,8758

0,8737

0,7520

0,8784

0,7951

0,7987

1,0000

0,0619

0,3617

-0,2001

0,5818

0,6264

0,1002

0,1795

0,1719

0,2066

-0,1666

0,2509

0,6468

0,8845

1,0000

0,6114

0,6060

0,6322

0,4811

0,4591

0,2129

0,1947

0,4799

Variáveis V12 V22V21V20V19V18V17V16V15V14V13

V1

V2

V3

V4

V5

V6

V7M

V8

V9

V10

V11

V12

V13

V14

V15

V16

V17

V18

V19

V20

V21

V22

Tabela 1 – Matriz de correlação das variáveis estudadas

Fonte: Dados de pesquisa.

possuem piores condições socioeconômicas em relação aos demais fluxos.

Com as variáveis restantes, 19 no total, determinou-se o número de fatores através dos autovalores12 cujo valor era superior a

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201

1,0, retendo-se, assim, somente os fatores que tiveram uma explicação maior do que uma variável pode explicar isoladamente. As variáveis deram origem a somente dois fatores,13 indicando forte correlação entre elas. Os dois fatores retidos explicaram mais de 90% da variância total, a partir da di-versidade encontrada nas áreas estudadas. O primeiro fator, que possui um autovalor mais de 4 vezes superior ao segundo, ex-plica aproximadamente 74% da variância

Tabela 3 – Correlação das 19 variáveis com os 2 fatores

V2V4V5V6

V7MV8V9

V11V12V13V14V15V16V17V18V19V20V21V22

0,15730,82600,86280,38880,48370,4732-0,02340,55610,87580,94280,89010,87330,86410,87660,73260,70660,51340,50090,7065

-0,94490,51120,38660,81500,85480,8701-0,95590,81670,42600,0163-0,29400,31930,47540,44990,43120,63240,80850,83300,5587

Variável1 2

Fator comum

Fonte: Dados da pesquisa.

12

14,073,16

Autovalor

74,0316,64

Variância (%)

74,0390,67

Variância acumulada (%)Fator

Tabela 2 – Autovalores e percentagem da variância

Fonte: Dados de pesquisa.

total, enquanto o segundo explica aproxima-damente 17% (Tabela 2).

A Tabela 3 apresenta a matriz de cor-relação das 19 variáveis com os 2 fatores comuns rotacionados através do método Varimax.14 As correlações destacadas nessa tabela indicam as variáveis mais correlacio-nadas com cada fator e entre si.

O fator 1 está correlacionado com as seguintes variáveis: famílias com al-ta freqüên cia de filhos; famílias com alta

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freqüência de membros; famílias com renda insuficiente; ocupados com baixo rendimen-to no trabalho principal; ocupados no setor informal; analfabetismo da população de 15 anos e mais; analfabetismo funcional da po-pulação de 15 anos e mais; analfabetismo funcional dos chefes de famílias; crianças fo-ra da escola; adolescentes fora da escola; e domicílios com inadequação geral.

O fator 2 está correlacionado com as de-mais variáveis: famílias chefiadas por pessoas idosas; adolescentes com experiência repro-dutiva; parturição de jovens e adultas; crian-ças de 0 a 14 anos; pessoas com idade acima de 64 anos; dependência infantil; jovens adul-tos com escolaridade inadequada; domicílios com densidade por dormitório inadequada.

Destaca-se que, no primeiro fator, que juntou praticamente todas as variáveis so-cioeconômicas, se encontram algumas variá-veis demográficas indicativas de situação de pobreza, ou seja, alta freqüência de filhos e membros. Assim, optou-se por denominar o fator 1 de fator desvantagem socioeconômi-ca, sendo esse o fator decisivo na classifica-ção das áreas, já que explica 74% variância total do conjunto original. O fator 2 juntou a maioria das variáveis demográficas, as quais, numa análise mais apurada, não estariam, necessariamente, relacionadas à situação de

pobreza. Podem indicar certa vulnerabilida-de, mas não com a mesma ênfase do fator 1. A esse fator, optou-se por denominar fator de desvantagem demográfica.

Análise de agrupamentos

As técnicas de agrupamento podem ser uti-lizadas para realizar uma sumarização dos dados, com objetivo de encontrar e separar n variáveis observacionais em k grupos si-milares. Os grupos resultantes devem ser mutuamente exclusivos, cada um possuindo unidades observacionais cuja similaridade, com respeito às características consideradas, seja a maior possível, ou seja, deve haver grande homogeneidade interna (dentro do grupo) e grande heterogeneidade externa (entre os grupos) (Ignácio, 2002).

O método utilizado para o agrupamen-to foi o "método de agrupamento não-hie-rárquico das k-médias".15 O Quadro 2 apre-senta o resultado do agrupamento das áreas em seis grupos relativamente homogêneos com base na variável índice final e a denomi-nação dada a cada grupo.

A Figura 2 dá a referência geográfica de cada área, de acordo com sua classifica-ção em relação à vulnerabilidade social.

Quadro 2 – Número de áreas segundo grupos homogêneos

123456

Grupo

121717212619

Número de áreas1

Altíssima vulnerabilidadeAlta vulnerabilidadeMédia para alta vulnerabilidadeMédia para baixa vulnerabilidadeBaixa vulnerabilidadeBaixíssima vulnerabilidade

Denominação do grupo

Fonte: Dados da pesquisa.(1) As áreas referentes à RMC e à RMC sem Curitiba foram retiradas do quadro e encontram-se classificadas nos grupos 3 e 4, respectivamente.

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Análise dos resultados

Após ter sido realizada a análise multivaria-da com base nos fatores de desvantagem social que levaria à tipificação dos diversos espaços metropolitanos em relação ao seu maior ou menor grau de vulnerabilidade, destacam-se alguns aspectos, resumidos na Tabela 4.

No Grupo 1, à exceção de três variá-veis – fa míl ias chefiadas por idosos, percen ta gem de idosos e adolescentes com experiência reprodutiva – todas as demais possuem, em média, as maiores percen-tagens em relação à média dos demais grupos. São áreas em situação de elevada

desvantagem socioeconômica, indicando as mais graves situações de pobreza den-tro da RMC, aliadas a características de-mográficas também desvantajosas, o que as coloca no topo da hierarquia no que tange à vulnerabilidade social. Nesse Gru-po, encontram-se 12 áreas, 10,71% do total das áreas estudas, onde residem 157 mil pessoas (5,76%), compondo 43,6 mil famílias (5,34%). Esses valores referem-se ao universo de pessoas ou famílias residentes nas áreas que compõem cada grupo). No entanto, nem todos se encon-tram envolvidos em situação de altíssima vulnerabilidade. Ao se analisarem os valo-res da Tabela 4, tem-se uma aproximação dos envolvidos nesse tipo de situação por

Figura 2 – Grau de vulnerabilidade social,segundo as áreas de expansão na RMC – 2000

Fonte: Dados da pesquisaNota: em destaque o Núcleo Metropolitano, somente áreas urbanas.

baixíssimabaixamédia para baixamédia para altaaltaaltíssima

vulnerabilidade social

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variá vel, segundo as áreas estudadas que compõem cada grupo.

As proporções mais elevadas, deter-minantes na classificação, encontram-se nas variáveis "ocupados no setor informal" e "ocupados com baixo rendimento no tra-balho principal", resultando em elevada percentagem de famílias com rendimento insuficiente. As proporções também são elevadas nos indicadores de escolaridade e analfabetismo, não-freqüência e nível ina-dequado, tanto dos chefes de famílias como da população jovem/adulta. As proporções das variáveis anteriormente citadas, mais as condições precárias de moradia apresentam, em média, percentagem acima de 40% e podem chegar a mais de 90%, dependendo da área.

A espacialização dessas áreas demons-tra claramente uma segregação socioespacial dentro da RMC. São áreas mais distantes do pólo metropolitano, em municípios com pequena base econômica e, portanto, com reduzida oferta de empregos. Duas dessas áreas estão situadas no espaço periférico do pólo, conformando uma parte do bairro do

Cajuru, onde está localizada uma favela, fru-to de uma antiga invasão, e parte do bairro Uberaba, também comportando favela.

O Grupo 2, de alta vulnerabilidade, mostra situação similar à descrita anterior-mente, sendo que as proporções encontra-das são relativamente menores e, em alguns casos, apresentam, em média, uma queda acentuada, chegando a representar a meta-de da proporção verificada no Grupo 1, em especial nas variáveis relativas à renda. As exceções estão nas variáveis "adolescentes com experiência reprodutiva" (que, nesse grupo, se sobressai por apresentar as maio-res proporções em relação aos demais gru-pos) e "chefes idosos" em que, ao contrário, se verificam, em média, as menores propor-ções. Fazem parte desse Grupo 17 áreas (15,18% do total), com uma população total de aproximadamente 417 mil pessoas (15,29%), correspondendo a cerca de 115 mil famílias (14,05%). Essas áreas, em sua maioria, localizam-se no entorno imediato ao pólo, residindo pessoas com baixo ren-dimento, mas que provavelmente buscam, na capital, formas de sobrevivência. Três

Grupo

123456

RMC

121717212619

112

10,7115,1815,1818,7523,2116,96

100,00

2339

231959

3,395,085,08

15,2538,9832,2

100,00

1014141230

53

18,8726,4226,4222,645,660,00

100,00

157.032416.899397.709640.438734.382380.120

2.726.580

18,8726,4226,4222,645,660,00

100,00

Abs. Abs.% % Abs. % Abs. %43.633

114.848112.488188.206225.313132.985817.473

18,8726,4226,4222,645,660,00

100,00

Abs. %

Total No pólo Nos demais municípios

População total Total de famíliasNúmero de áreas

Tabela 4 – Número de áreas, população e famílias e respectivas percentagens, segundo agrupamento de áreas – RMC – 2000

Fonte: Dados da pesquisa.

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dessas áreas localizam-se em Curitiba, nos bairros de Tatuquara e Vila Verde (CIC).

Os Grupos 3 e 4, que apresentam si-tuações de média vulnerabilidade, ainda exibem proporções relativamente altas em relação aos grupos subseqüentes, mas com certo distanciamento dos grupos anterio-res. As maiores diferenças em relação aos grupos de pior situação residem no fato de haver uma melhora significativa nas variá-veis "jovens que não freqüentam a escola", "inadequação geral dos domicílios", "analfa-betismo" – tanto da população jovem/adulta como dos chefes e nas variáveis de renda. No entanto, há um aumento nas proporções de chefes idosos e de pessoas idosas, jus-tamente por serem áreas mais próximas ao pólo ou até mesmo no interior dele, que é onde se verificam as maiores proporções de idosos. O que diferencia um grupo de ou-tro, ou seja, o que determina que o Gru-po 3 é de média para alta vulnerabilidade, enquanto o Grupo 4 é de média para bai-xa vulnerabilidade, são as duas variáveis de renda, "famílias com insuficiência de renda" e "ocupados com baixo rendimento", em que se observa um salto significativo de um grupo para outro.

No Grupo 3, a exemplo do Grupo 2, estão 17 áreas (15,18% do total) e so-mente 3 se localizam na capital, nos bairros de Campo do Santana, Caximba, Umbará e Guanchinho, que formam uma só área, e no Bairro de São Miguel. As demais áreas estão localizadas nos municípios do entorno da capital, em especial Colombo (quatro áreas), São José dos Pinhais e Araucária (duas áreas em cada um). A população total é ligeira-mente inferior – aproximadamente 398 mil pessoas (14,59%) –, correspondendo a cer-ca de 112,5 mil famílias (13,76%).

No Grupo 4, encontram-se 21 áreas (18,75% do total), sendo que 9 estão em Curitiba (15,25%), envolvendo uma popu-lação maior – 640,4 mil pessoas (23,49%) e 188,2 mil famílias (23,02%). Em sua maioria, são áreas contíguas ao pólo.

O Grupo 5, caracterizado por baixa vul-nerabilidade, apresenta redução significativa em praticamente todas as variáveis. Como esperado, há um aumento nas proporções de "idosos" e, conseqüentemente, de "chefes idosos", já que a grande maioria desse tipo de área se encontra em Curitiba. Também, apesar de ocorrer uma elevação no grau de informalidade, é provável, que nesse caso, essa informalidade esteja associada a pro-fissionais liberais com alguma qualificação específica.

Esse grupo engloba o maior número de áreas (26), correspondendo a 23,21% do total, sendo que somente 3 se localizam fora do pólo. Também envolve o maior nú-mero de pessoas, num total de 734,4 mil (26,93%) e 225,3 mil famílias (27,56%).

Finalmente, o Grupo 6, classificado co-mo de baixíssima vulnerabilidade, é compos-to por áreas onde são pequenas as propor-ções de pessoas e/ou famílias em situação de vulnerabilidade e se distancia consideravel-mente das demais áreas. São espaços privi-legiados dentro da RMC, no que se refere a praticamente todos os indicadores estu-dados. Ou seja, os que representam desvan-tagem social são pouco expressivos para o conjunto das áreas desse grupo. Somente três variáveis possuem proporções maiores ou semelhantes aos demais grupos, quais sejam: "percentagem de chefes idosos", "percentagem de idosos" e "grau de infor-malidade". No entanto, são variáveis que, se aliadas às condições favoráveis de renda,

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escolaridade e de moradia, interferem pou-co na determinação de vulnerabilidade. Já as famílias e/ou pessoas nessas condições po-deriam responder adequadamente a algum evento adverso.

Até aqui, pode-se observar que exis-tem na RMC determinadas áreas onde re-sidem grupos populacionais em situação de alta vulnerabilidade social. Quanto mais distantes do "centro metropolitano", maior a incidência de fatores que geram desvanta-gem social. No entanto, além de identificar as áreas onde a população é mais vulnerável socialmente, é objetivo deste estudo identi-ficar áreas onde há ocorrência de algum ris-co ambiental.

Identificação de áreas de risco ambiental

Como visto anteriormente, a vulnerabilidade social se encontra diretamente relacionada com grupos socialmente vulneráveis, ou seja, indivíduos que, por determinadas caracterís-ticas ou contingências, são menos propensos a uma resposta positiva mediante algum evento adverso. Nesses termos, a noção de risco torna-se fundamental para o desenvol-vimento do estudo da vulnerabilidade.

A sociedade moderna enfrenta insta-bilidades e riscos provocados pelas novida-des tecnológicas e organizacionais que, na perspectiva de Beck (1992), gera riquezas, distribuindo-as desigualmente em uma pro-porção até então desconhecida. Deixa de ser exclusivamente uma sociedade baseada no princípio da escassez, tornando-se uma so-ciedade cada vez mais saturada e cheia de efeitos não visíveis.

A noção de risco na sociedade moderna está estreitamente relacionada às condições de incerteza, insegurança e falta de prote-ção manifestadas nas esferas econômica, ambiental, social e cultural, onde se mistu-ram progresso e risco, dialética apontada por Beck, segundo o qual os desafios a se-rem enfrentados na sociedade moderna são: a globalização, a individualização, o desem-prego, o subemprego, a revolução dos gê-neros e os riscos globais da crise ecológica e da turbulência dos mercados financeiros.

Um fator básico de incerteza, deriva-do dos progressos da ciência e tecnologia, é a erosão da função estruturante que antes cumpria o mercado de trabalho, elemento organizador na vida dos indivíduos e de sua inserção na comunidade, o qual contrasta com a evidência de que a humanidade, tam-bém em função dos mesmos progressos, tem um maior controle sobre seu próprio funcionamento e seu entorno, possibilitando eliminar diversos riscos ou mitigar suas con-seqüências, como a fome e as enfermidades (Cepal/Celade, 2002).

Giddens (1991) aponta que, num con-texto em que as práticas sociais são revistas cotidianamente mediante uma profusão de informações, gerando incertezas futuras, o risco atual é "fabricado" e depende cada vez menos das contingências naturais e cada vez mais de intervenções sociais e culturais, que, em alguns casos, desencadeiam desastres "naturais", sendo a expressão mais radical do "risco fabricado" a institucionalização da mudança vertiginosa no modo de produção e de vida dos indivíduos, famílias, organiza-ções e comunidades. Nesse sentido, o futu-ro é altamente incerto e todos os atores, a princípio, são passíveis de danos, ou seja, vulneráveis (ibid.).

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Assiste-se ao surgimento de uma so-ciedade que produz e distribui, de forma desigual, os riscos ambientais e sociais. No entanto, como salienta Acselrad (2002), os teóricos da Sociedade de Risco não incor-poram em suas análises a diversidade social na construção do risco e nem a presença de uma lógica política que orienta a distribuição desigual dos danos ambientais.

Segundo Ascelrad (ibid.), a noção de justiça ambiental remete a uma discussão distinta daquela promovida no debate am-biental corrente – entre meio ambiente e escassez:

Neste último, o meio ambiente tende

a ser visto como uno, homogêneo e

quantitativamente limitado. A idéia de

Justiça, ao contrário, remete a uma

distribuição equânime de partes e à

diferenciação qualitativa do meio am-

biente. Nesta perspectiva, a interativi-

dade e o inter-relacionamento entre os

diferentes elementos do ambiente não

querem dizer indivisão. A denúncia da

desigualdade ambiental sugere uma

distribuição desigual das partes de um

meio ambiente de diferentes qualidades

e injustamente dividido.

A noção de risco ambiental vai além da simples compreensão dos critérios técni-cos definidos por especialistas das diversas áreas relacionadas com a questão ambiental. Ela muda de grupo social para grupo so-cial, bem como ao longo do tempo (Torres, 1997). Assim, alguns indivíduos e famílias são mais vulneráveis que os demais quando expostos a algum risco ambiental. Daí a im-portância da identificação prévia desses gru-pos, o que foi realizado no item anterior.

Existe consenso entre os especialistas de que a rápida urbanização aumenta o risco dos desastres naturais. A demanda por solo para a expansão da cidade provoca o apro-veitamento de terras impróprias e expostas a riscos naturais; o rápido crescimento im-plica um aumento das edificações (muitas vezes mal construídas ou com manutenção precária), assim como o aterro dos canais de drenagem natural; a localização de in-dústrias e de materiais perigosos nas zonas urbanas são algumas características urbanas que se constituem como ameaças adicionais no caso dos desastres.

Nas últimas décadas, o fenômeno cli-mático El Niño trouxe efeitos adversos para o país, tais como as secas prolongadas no Nordeste e o excesso de chuvas no Sul, este último sofrendo inundações em terrenos e centros urbanos, deslizamentos e destrui-ção de lavouras, causando danos para a economia e, em particular, para indivíduos cuja capacidade de resposta para enfrentar esses tipos de eventos é extremamente limi-tada, mostrando a extrema vulnerabilidade de determinados grupos sociais. As dificul-dades enfrentadas pela população de mais baixa renda para obter acesso a terras em condições aceitáveis de segurança freqüen-temente as obriga a se instalarem em áreas de risco. Assim, os pobres, tanto urbanos como rurais, se vêem afetados ciclicamente por eventos naturais, como enchentes, des-lizamentos ou vendavais, que causam perdas e danos de toda ordem.

Em geral, riscos ambientais são espa-cialmente distribuídos: terremotos ocorrem em lugares específicos, algumas áreas pró-ximas a fábricas são mais poluídas do que outras, enchentes ocorrem normalmente em várzeas ou em áreas com drenagem

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insuficiente, entre outros. Para Emmi e Hor-ton (1996, apud Torres, 1997), na medida em que fenômenos ambientais são eminen-temente espaciais, riscos ambientais devem ser também entendidos como fenômenos tipicamente espaciais. Riscos ambientais não apenas podem ser localizáveis no espaço, como também variam ao longo da dimensão espacial, sendo maiores em alguns lugares do que em outros, distribuídos, portanto, de forma desigual.

Para este estudo, optou-se por identifi-car as áreas mais afetadas por enchentes ou sujeitas a inundações, por se caracterizarem como o risco que mais afeta as áreas urba-nas dentro da região e, conseqüentemente, afeta mais diretamente as populações. Se-gundo informações disponíveis no Estudo do Plano Diretor para a Utilização dos Recursos Hídricos do estado do Paraná – 1999, a maioria das regiões de enchentes urbanas e semi-urbanas, no Paraná, estão localizadas na bacia do Rio Iguaçu. Parte importante da RMC encontra-se inserida nessa bacia, em especial as áreas a leste de Curitiba, den-samente ocupadas, onde se encontram os principais mananciais da região.

O objetivo desta parte do estudo é identificar e quantificar áreas ambiental-mente vulneráveis ou de risco na RMC. Para tanto, lançou-se mão do estudo Indi-cadores ambientais georreferenciados para a Região Metropolitana de Curitiba,16 rea-lizado pelo Ipardes, ainda inédito, em que foram mapea das as principais variáveis am-bientais, com indicação das áreas de maior vulnerabilidade.

Segundo esse estudo, os indicadores podem ser construídos a partir de variáveis primárias ou decorrentes da agregação dos

dados primários para escalas, que podem ser locais, regionais, nacional ou ainda global, ou seja, da produção de indicadores ambientais georreferenciados que retratem e espaciali-zem variáveis físico-ambientais e as pressões exercidas sobre o ambiente. Podem ser indi-cadores únicos ou primários, tais como co-bertura vegetal, fauna, solos, qualidade da água, qualidade do ar, e indicadores compos-tos que resultem da sobreposição de duas ou mais variáveis – por exemplo: degradação e exaustão dos solos, ambientes suscetíveis, áreas degradadas, áreas críticas, entre ou-tras. A esses indicadores, podem ainda ser incorporadas as variáveis estatísticas de de-mografia e atividades produtivas.

Para fins deste estudo, utilizaram-se como áreas de risco ambiental as áreas ur-banas de várzea na RMC. A área de várzea ocupa 4,9% da área metropolitana, assim distribuída: 42% em áreas de pastagens, 40% em áreas destinadas à agricultura e 18% em áreas urbanas.

Assim, em um primeiro momento, fo-ram georreferenciadas as áreas de várzea, que têm potencial de inundação, as quais foram sobrepostas ao mapa dos padrões de uso do solo para 2000, identificando, des-sa forma, aquelas áreas de várzea efetiva-mente ocupadas, ou seja, várzea em áreas urbanas. Para o município de Curitiba, foi possível, num segundo momento, identificar e georreferenciar as áreas onde houve ocor-rência de inundações nos últimos 15 anos. A junção dessas cartografias resultou na identificação, dentro da RMC, das áreas vul-neráveis quanto à ocorrência de inundações; portanto, as populações que habitam essas áreas estão expostas a um risco ambiental (Mapa 1 e Figura 3).

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Mapa 1 – Padrões de uso do solo sobre áreas de várzea na RMC – 2000

Fonte: Ipardes, 2003.

Divisa de municípiosPadrões de uso

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Figura 3 – Áreas de ocorrência e/ou sujeitas a inundações em Curitiba – 2000

Fonte: Boletim da Defesa Civil; Prefeitura Municipal de Curitiba.Nota: as curvas no mapa representam a disposição espacial aproximada de áreas sujeitas a inundações.Elaboração: Ipardes.

Áreas de ocorrência de inundaçõesÁreas sujeitas à inundações

Bairros

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Identificação das áreas de vulnerabilidade socioambiental

A associação das cartografias sociais e am-bientais, necessária em estudos socioam-bientais, foi possível por meio do procedi-mento overlayer – "sobreposição de cama-das" – chamado aqui de sobreposição de cartografias.

Por meio dessa técnica, foi possível a identificação das áreas onde coexistem ris-cos ambientais e populações em situação de vulnerabilidade social – áreas habitadas por

proporções elevadas de indivíduos e famí-lias que não possuem recursos de qualquer natureza para responder adequadamente mediante a ocorrência de um evento am-biental adverso. Na Figura 4 estão repre-sentadas espacialmente as áreas do núcleo metropolitano mais sujeitas às enchentes classificadas nos três grupos de maior vul-nerabilidade social.

Da observação dos resultados podem ser ressaltados alguns aspectos, que reme-tem à questão distributiva:

a) as áreas de altíssima vulnerabilidade mais distanciadas do "centro metropolitano" e com baixas densidades demográficas não

Figura 4 – Áreas de vulnerabilidade socioambiental na RMC – 2000

Fonte: Dados da pesquisa

áreas de ocorrência de inundações

várzea em áreas urbanasáreas sujeitas à inundações

vulnerabilidade social

altíssimaaltamédia para alta

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estão sujeitas a esse tipo de risco. Isso se deve ao fato de as áreas de várzea estarem concentradas próximas ao pólo metropolita-no. No entanto, são áreas submetidas a ou-tros tipos de riscos ambientais, como declivi-dade acima de 45% ou áreas de cárstico.17

b) nas áreas sujeitas a inundações fora do pólo metropolitano estão localizadas tam-bém as áreas classificadas nos estratos su-periores de vulnerabilidade social.

c) no pólo metropolitano, onde as infor-mações sobre inundações são mais precisas e com maior incidência nos bairros periféri-cos, observa-se que as duas áreas de altís-sima vulnerabilidade social e outras, de alta e média para alta, se encontram justamente nesses espaços.

Do observado acima, pode-se concluir que há uma estreita relação entre a loca-lização espacial dos grupos que apresen-tam desvantagens sociais e aquelas áreas onde há o risco de ocorrer algum evento adverso, ou seja, populações socialmente vulneráveis se localizam em áreas ambien-talmente vulneráveis.

Conclusão

Como enfatizado na Agenda 21, o principal problema ambiental global a ser enfrenta-do pela civilização do século XXI advém do seu próprio modelo de desenvolvimento. Modelo esse que, alimentado pela força de suas contradições (Dupas, 1999), gera, nas metrópoles dos países do Terceiro Mundo, uma modernização que atinge os espaços e a sociedade de forma desigual e seletiva, le-vando à marginalização de parte importante da população.

Fica evidente o processo seletivo da ocupação do espaço metropolitano, onde se conclui que a degradação ambiental, nesse caso referente às áreas onde existe a pos-sibilidade de ocorrência de inundações, não afeta de forma homogênea os diferentes grupos sociais. Nessas áreas, estão localiza-das populações com grau de vulnerabilidade social, que variam de médio para altíssimo, de acordo com o modelo aplicado.

Os elementos que levaram à classifica-ção desses grupos populacionais encontram-se nas variáveis selecionadas para o estudo da vulnerabilidade social e que determina-ram a fragilidade desses grupos mediante a ocorrência de algum evento – no caso, ambiental – que lhes causasse dano, ou se-ja, são fatores que denotam a incapacidade de determinados grupos sociais de respon-derem positivamente, quando lesionados. O elemento norteador da vulnerabilidade so-cial é a insuficiência de renda, pois se encon-tra fortemente correlacionado com todos os demais fatores que indicam pobreza: baixa escolaridade; precariedade nos serviços pú-blicos; e algumas características demográfi-cas, como a composição familiar, no que se refere ao seu tamanho.

Finalmente, utilizando-se de recursos visuais na associação entre informações so-ciais e ambientais, chegou-se à conclusão que confirma a tendência de determinados gru-pos com nítida desvantagem social em rela-ção aos demais grupos (ou seja, em piores situações econômicas, habitacionais, educa-cionais e com determinadas características demográficas) residirem, mais freqüente-mente, em áreas sujeitas a risco ambiental.

Muito embora a tendência quanto à conjugação de pobreza e degradação já fosse esperada, este estudo avançou em termos

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Marley DeschampsEconomista pela Universidade Federal do Paraná, doutora em Meio Ambiente e Desenvolvi-mento pela Universidade Federal do Paraná. Demógrafa do Centro Latinoamericano de Demo-grafia, em Santiago, Chile. Pesquisadora do Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econô-mico e Social e professora de Gestão e Planejamento Regional e Municipal na Universidade do Contestado (Santa Catarina, Brasil)[email protected]

Notas

* Artigo escrito a partir da tese de doutorado. Vulnerabilidade socioambiental na Região Me-tropolitana de Curitiba, 2000. Marley Vanice Deschamps. UFPR, 2004.

(1) Os detalhes sobre a conformação das Áreas de Ponderação podem ser consultados na Do-cumentação dos Microdados da Amostra – IBGE – nov. 2002.

(2) Boletins da Defesa Civil com dados compilados a partir das informações da Suderhsa; Creci-PR; Prefeitura Municipal de Curitiba; Sanepar; Copel; Prosan; etc.

(3) No sentido de estar inapto.

(4) Neste trabalho, as unidades de referências são famílias ou pessoas morando numa mesma área, e o risco é abordado em seu aspecto negativo, já que combinado com adversidade, e causador de danos a determinado segmento da sociedade (os riscos, na sociedade atual, podem tanto causar danos como gerar novas oportunidades). Uma síntese recente do de-bate acerca do conceito de risco encontra-se disponível na conferência virtual sobre teoria e prática das ciências sociais em situações de risco catastrófico (www.proteccioncivil.org/ceise/ceisevirtual).

da espacialização do fenômeno, podendo identificar as áreas de possível intervenção de políticas públicas. Quanto à quantificação mais precisa das pessoas envolvidas, há ain-da a necessidade de se fazer um estudo mais aprofundado no que se refere ao cruzamen-to das variáveis selecionadas, mas no nível das áreas aqui já identificadas.

Dado que a metodologia aqui desen-volvida é de fácil assimilação, ela pode

ser empregada para outras áreas com características de aglomerações urba-nas, na identificação de áreas de vulne-rabilidade socioambiental, podendo não se restringir ao risco aqui anal isado, mas ser aplicada para as populações re-sidentes próximas a fontes poluidoras, lixões, em áreas com risco de desliza-mento, podendo até haver sobreposição de riscos.

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(5) Organizados por Rodrigues (2000) em seu estudo para a América Latina: “Vulnerabilidad demográfica: una faceta de las desventajas sociales”.

(6) Tendência que vem aumentando, em especial nos países desenvolvidos, como reflexo do aumento no índice de divórcios.

(7) Esse aspecto, ao mesmo tempo em que reflete um fortalecimento da posição da mulher, pode ser tomado como um risco, dependendo do tipo de chefatura. Por exemplo, a chefa-tura de mulheres idosas, por circunstância da morte do marido, é bem distinta da chefatura de mulheres em idade reprodutiva e com filhos menores provocada pela dissolução do casamento.

(8) Segundo Comparin (1986, apud Ignácio, 2002), uma seleção de variáveis pode ser realiza-da através de três formas: 1) subjetiva, de acordo com o conhecimento que o pesquisador tenha; 2) selecionar um número elevado de variáveis relevantes, com as quais se cons-truiria uma matriz de correlação, que permitiria visualizar o grau de associação existente entre as variáveis e selecionar-se-iam aquelas com alto grau de correlação; 3) objetiva, utilizando-se técnicas estatísticas exploratórias como análise fatorial (Ignácio, 2002).

(9) A descrição exaustiva desses dois métodos encontra-se em Ignácio (2002).

(10) Decidiu-se por incluir essas duas áreas, para verificar quais seriam suas posições dentro dessa análise, possibilitando verificar qual a distância relativa de cada área menor dentro da área maior.

(11) O coeficiente de variação de Pearson mede o grau de variabilidade dos dados em percen-tagem de afastamento em relação à média.

(12) Valores próprios da matriz de correlação, raiz característica ou Eingevalue (Ignácio, 2002).

(13) Quanto menor o número de fatores comuns, maior ganho em simplicidade na operaciona-lização e interpretação dos resultados.

(14) Rotação ortogonal que permite que os coeficientes de correlação entre as variáveis e os fatores comuns fiquem o mais próximo possível de zero, 1 ou -1, facilitando, assim, sua interpretação (Ignácio, 2002).

(15) Segundo Anderberg (1973, apud Ignácio, 2002), este é o método mais usual e baseia-se em duas premissas básicas: coesão interna das unidades observacionais e isolamento ex-terno entre os grupos. O cálculo das distâncias entre as unidades observacionais baseia-se na distância euclidiana. Parte-se do princípio de que a similaridade entre uma unidade observacional e outra (em um plano, por exemplo) é dada pela distância entre essas duas unidades observacionais, segundo a posição que cada uma ocupa nos dois eixos, medida por qualquer variável considerada significativa para o processo de diferenciação entre as unidades observacionais (apud Ignácio, 2002).

(16) Esse estudo encontra-se para consulta no Núcleo de Meio Ambiente do Ipardes.

(17) A esse respeito, ver Indicadores Ambientais Georreferenciados para a Região Metropolitana de Curitiba. Ipardes/Núcleo de Meio Ambiente.

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Recebido em mar/2008Aprovado em maio/2008

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estudo sobre a vulnerabilidade socioambiental na região metropolitana de curitiba

cadernos metrópole 19 pp. 191-219 10 sem. 2008

217

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cadernos metrópole 19 pp. 191-219 10 sem. 2008

218

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estudo sobre a vulnerabilidade socioambiental na região metropolitana de curitiba

cadernos metrópole 19 pp. 191-219 10 sem. 2008

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