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Alani Santos de Oliveira
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1
UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO – CAMPUS II
CURSO DE LICENCIATURA EM EDUCAÇÃO FÍSICA
ALANI SANTOS DE OLIVEIRA
ESTUDO SOBRE O PROGRAMA EDUCAÇÃO PELO ESPORTE DO
MUNICÍPIO DE POJUCA-BA
Alagoinhas
2012
2
ALANI SANTOS DE OLIVEIRA
ESTUDO SOBRE O PROGRAMA EDUCAÇÃO PELO
ESPORTE DO MUNICÍPIO DE POJUCA-BA.
Monografia apresentada ao Curso de Licenciatura em Educação Física da Universidade do Estado da Bahia – Campus II, como requisito para obtenção do grau de Licenciada em Educação Física. Orientador: Luiz Carlos Rocha
Alagoinhas
2012
3
Dedico a minha amada mãe. Incentivadora dos meus
estudos, minha inspiração e fortaleza, a detentora do
meu mais puro e verdadeiro amor, respeito, admiração
e carinho. Te amo, minha Tchuquinha!
4
AGRADECIMENTOS
Enfim, cheguei ao momento mais esperado da monografia. Momento de
agradecer a todos que de alguma forma contribuíram para a concretização dessa
conquista e farei isso com muito prazer e gratidão, por acreditar de verdade que
essa não é uma conquista só minha.
Agradeço ao meu Deus, pela graça divina da vida, por todas as bênçãos
concebidas e por todos os pedidos atendidos. Agradeço também ao meu São Jorge,
meu Bom Jesus da Passagem e meu Senhor do Bonfim por iluminar meus
caminhos, pela força para superar os obstáculos guiando meus passos com
esperança e fé.
A minha mãe, essa graduação é nossa! Sem as suas cobranças na mesma
medida dos carinhos, força, atenção e incentivo eu não teria conseguido. Me sinto
realizada e extremamente feliz por saber que está orgulhosa de mim. Que venham
os próximos desafios Tchuquinha, com seu apoio me sinto sempre capaz.
Aos meus irmãos Alan, Reno, Duda e Zé pelo apoio e admiração. Fico muito
feliz por ser motivo de orgulho para vocês.
A meu dindo e minha querida dinda, pelo estímulo, exemplo e palavras de
confiança e amizade. A Mai, pela companhia nas leituras no período de elaboração
do capítulo teórico.
Minha prima Bebel, como verdadeiras Pink e Cérebro, “vamos dominar o
mundo”! Obrigada pela força, por acreditar em mim, pela amizade e carinho.
A Ellen e Amanda, minhas duas sobrinhas lindas. Agradeço as alegrias e os
sorrisos despertados nos momentos de ansiedade. Titia ama vocês!
A toda minha família, tios, tias, primos, primas, minha amada vó (in
memorian), cada um tem sua parcela de contribuição nessa conquista, obrigada por
tudo.
Aos meus amigos, em especial a meu irmão de coração, Américo. Saudades
das nossas sempre produtivas conversas.
A Reynaldo, pessoa querida que conheci na 6ª série como meu professor de
educação física e tive o prazer de ser sua aluna por mais quatro anos, você
despertou em mim a vontade de ser professora. Muito do pouco que eu sei aprendi
com você. Agradeço a confiança e o apoio.
5
A minha turma 2008.2, em especial: Andressa, juntas formamos a dupla mais
estourada do momento (tchutchari da Bahia). Isis, minha querida Valverde. Cintia,
sempre muito atenciosa. Dayane (Dayine, Glória), sem palavras. Daiara, minha
paraguaia. Diego, parceiro nos trabalhos em Pojuca City. Alessandro, muito querido.
Ana Isa, a irmã que eu não tive. Nildinho, meu primeiro amiguinho na UNEB (rs).
Alan e Beto os trastes mais estressantes e queridos que tornaram o trajeto Pojuca x
Alagoinhas muito mais agradável e divertido. Foram quase quatro anos de muita
diversão, cumplicidade, querer bem, “altos papos cabeça”, quando nos reuníamos
era uma verdadeira terapia em grupo. Guardarei os sorrisos mais bobos e
verdadeiros despertados por minhas besteiras.
A Luiz Rocha, pelos ensinamentos e orientações. Obrigada pela calma e
esperança transmitida nos momentos de apuros, ansiedade e medo.
Aos meus queridos professores: Neuber Costa, Ana Simon, César Leiro, Alan
Aquino, Micheli Venturini, Viviane Rocha, Ubiratan Menezes, Valter Abrantes,
Maurício Maltez, Lúria Scher, Gleide Sacramento, Diana Tigre. Muito obrigada!!!
A Monalisa, pela atenção. A Djane, minha Mamãe Smurf, pelo carinho e
paciência, sempre muito solícita.
Aos meus alunos, com quem aprendi muitas coisas, em especial: Lucas,
Daniela e Albert.
Sou mesmo uma pessoa muito iluminada por conhecer vocês. Dedico a todos
essa conquista e minha plena gratidão pelas contribuições!
6
Nos barracos da cidade (GILBERTO GIL)
Nos barracos da cidade
Ninguém mais tem ilusão
No poder da autoridade
De tomar a decisão
E o poder da autoridade,
se pode, não faz questão
Mas se faz questão, não
Consegue
Enfrentar o tubarão
Ôôô ,ôô
Gente estúpida
Ôôô , ôô
Gente hipócrita
E o governador promete,
Mas o sistema diz não
Os lucros são muito grandes,
Grandes... ie, ie
E ninguém quer abrir mão, não
Mesmo uma pequena parte
Já seria a solução
Mas a usura dessa gente
Já virou um aleijão
Ôôô , ôô
Gente estúpida
Ôôô , ôô
Gente hipócrita
7
RESUMO
A presente pesquisa teve como foco o estudo do Programa Educação pelo Esporte
da cidade de Pojuca-Ba. O programa é a principal ação no âmbito do esporte e lazer
no município e vem através da Gerência de Esportes (GESPORT), sendo
desenvolvido desde Março de 2009. O programa oferece gratuitamente para a
comunidade pojucana treze atividades esportivas e de lazer, como: basquete,
handebol, futsal, futebol, voleibol, boxe, judô, capoeira, karatê, ginástica da terceira
idade, macroginástica, musculação e hidroginástica, atendendo atualmente cerca de
mil setecentos e trinta pessoas, entre crianças, jovens, adultos e idosos. Diante da
relevância do programa para o município, esta pesquisa tem como objetivo fazer
uma análise sobre o processo de implantação e desenvolvimento do mesmo.
Caracteriza-se como pesquisa qualitativa e teve como método o Estudo de Caso,
onde os dados foram coletados através da observação, análise documental e
entrevistas semi-estruturadas realizadas com os gestores e os professores do
programa. Sendo assim, foi possível concluir que o programa não conseguiu
concretizar algumas propostas previstas em sua criação, porém, é bastante
significativo para a comunidade pojucana.
Palavras chaves: Educação, Esporte, Projetos sociais.
8
ABSTRACT
This research focuses on the study of Sport Education Program by the city of Ba-
Pojuca. The program is the main action within the sport and leisure in the city and
comes through its Office of Sports (GESPORT), under development since March
2009. The program offers free to the community pojucana thirteen sports and leisure
activities such as: basketball, handball, futsal, soccer, volleyball, boxing, judo,
capoeira, karate, gymnastics seniors, macroginástica, weightlifting and gymnastics,
currently serving approximately thousand seven hundred and thirty people, including
children, youths, adults and seniors. Given the importance of the program for the city,
this research aims to make an analysis on the process of implantation and
development of it. It is characterized as a qualitative research method was case
study, where data were collected through observation, document analysis and semi-
structured interviews with managers and teachers of the program. Thus, we
concluded that the program failed to achieve some of the proposals set out in its
creation, however, is quite significant to the community pojucana.
Keywords: Education, Sport, Social projects.
9
LISTA DE SIGLAS
BA - Bahia.
CEBAt – Confederação Brasileira de Atletismo.
CELEM – Colégio Luís Eduardo Magalhães.
CMPCB – Colégio Municipal Presidente Castelo Branco.
CT – Centro de Treinamento.
DECLA – Departamento de Esporte, Cultura e Lazer.
GESPORT – Gerência de esportes.
IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.
FERBASA – Cia de Ferros e Ligas da Bahia.
RH – Recursos Humanos.
SUDESB - Superintendência dos Desportos do Estado da Bahia.
10
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
FIGURA 1 – MAPA DA LOCALIZAÇÃO DE POJUCA-BA.
FIGURA 2 – QUADRA DO BAIRRO INOCOOP.
FIGURA 3 – PAREDE PARA ESCALADA.
FIGURA 4 – QUADRA DA PRAÇA ACM.
FIGURA 5 – ÁREA DO PARQUE AQUÁTICO MUNICIPAL.
FIGURA 6 – PARQUE AQUÁTICO DO RETIRO.
FIGURA 7 – LUTADORA AMANDA NUNES.
FIGURA 8 – ATLETA LUÍS INÁCIO JUNIOR.
FIGURA 9– ATLETA MARILY DOS SANTOS.
11
LISTA DE QUADROS
QUADRO 1 – RELAÇÃO DE ESPAÇOS E EQUIPAMENTOS DO MUNICÍPIO.
QUADRO 2 – FORMAÇÃO PROFISSIONAL DOS PROFESSORES.
QUADRO 3 – TEMPO DE ATUAÇÃO NA ÁREA.
QUADRO 4 – QUAIS SÃO OS OBJETIVOS DA AULA.
QUADRO 5 – ESPAÇOS DESTINADOS PARA AS AULAS.
QUADRO 6 – DIFICULDADES ENCONTRADAS.
QUADRO 7 – PARTICIPAÇÃO DOS ALUNOS EM COMPETIÇÕES.
QUADRO 8 – A IMPORTÂNCIA DO PROGRAMA PARA OS ALUNOS.
QUADRO 9 – A IMPORTÂNCIA DO PROGRAMA PARA OS PROFESSORES.
12
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ------------------------------------------------------------------------------13
2. ESPORTE: O “TRAMPOLIM” DAS RELAÇÕES SOCIAIS --------------------16
3. O SIGNIFICADO DO ESPORTE EM PROJETOS SOCIAIS -------------------22
4. O PERCURSO METODOLÓGICO ----------------------------------------------------29
5. SOCIALIZANDO OS DADOS ------------------------------------------------------------35
5.1 O CENÁRIO ESPORTIVO NA CIDADE -----------------------------------------35
5.2 O PROGRAMA PELA ÓTICA DOS GESTORES -----------------------------45
5.3 O PROGRAMA PELA ÓTICA DOS PROFESSORES------------------------50
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS -------------------------------------------------------------61
REFERÊNCIAS
APÊNDICES
13
1 INTRODUÇÃO
O esporte é um fenômeno sociocultural de grande relevância em nossa
sociedade, cada vez mais, as pessoas independente de seus grupos sociais
praticam esporte, nos parques, nas ruas, como forma de lazer, distração e
integração.
Como benefícios, é delegado ao esporte a capacidade de educar para
promover o desenvolvimento de competências pessoais, sociais e cognitivas.
Percebe-se um grande aumento no surgimento de projetos e programas esportivos
com a finalidade de através do esporte contribuir para a educação e socialização
das crianças, jovens, adultos e idosos.
Partindo desta premissa, surge como foco desta pesquisa um estudo sobre o
Programa Educação pelo Esporte da cidade de Pojuca-Ba.
Este programa é a principal ação no âmbito do esporte e lazer do município e
vem através da Gerência de Esportes (GESPORT), sendo desenvolvido desde
Março de 2009, atendendo atualmente cerca de mil setecentos e trinta pessoas
entre crianças, jovens, adultos e idosos do município.
O programa oferece para a população pojucana 13 atividades esportivas e de
lazer, dentre elas: basquete, handebol, voleibol, futsal, futebol, macroginástica,
hidroginástica, musculação, judô, karatê, capoeira, ginástica da terceira idade e
boxe.
Essas atividades são oferecidas gratuitamente para a comunidade pojucana e
acontecem de forma regular nas quadras, campos de futebol, escolas, praças,
centros de treinamento e parque aquático do município.
O presente trabalho surge a partir das minhas inquietações diante do cenário
esportivo da cidade, na busca de entender como a maior manifestação voltada para
o esporte no município foi pensado, qual a sua proposta, como está estruturado, etc.
Parte também, da experiência como monitora da modalidade handebol, o que
despertou o desejo de me debruçar em conhecer o programa no seu sentido mais
amplo, podendo assim, conhecer de forma mais profunda as ações do mesmo para
além das aulas de handebol ministradas por mim.
Esta pesquisa justifica-se ainda pela importância do programa Educação pelo
Esporte para a cidade de Pojuca, que passou a ter atividades regulares de esporte e
lazer oferecidas para a comunidade de forma gratuita e da possibilidade como
14
cidadã pojucana de divulgar as ações do mesmo, além do interesse em aprofundar
meus conhecimentos no campo das políticas públicas de esporte e lazer.
Sendo assim, esse trabalho apresenta como problema o seguinte
questionamento: Como foi implementado e como é desenvolvido o Programa
Educação pelo Esporte, do município de Pojuca-Bahia?
Diante do exposto, este trabalho tem como objetivo analisar o processo de
implantação e desenvolvimento do Programa Educação pelo Esporte no Município
de Pojuca-Ba, através do levantamento de dados que fundamentam a criação do
programa, do olhar dos coordenadores e educadores, além de identificar a
aplicabilidade ou não do que é proposto pelo programa.
É neste enquadramento que emerge a iniciativa de escrever sobre o
Programa Educação pelo Esporte, na perspectiva de discorrer sobre sua proposta e
sua possível concretização na prática. Ressaltando a relevância que o mesmo tem
para a comunidade pojucana, considero importante essa pesquisa pela possibilidade
de contribuir significativamente para a efetivação e qualificação das ações
desenvolvidas pelo programa.
Dessa forma, o presente trabalho foi organizado em seis capítulos. Onde,
inicialmente abordamos de forma sintetizada a pesquisa realizada no capítulo
introdutório.
Já o segundo é contemplado com breves considerações sobre o processo
histórico do esporte, sendo o mesmo classificado quanto a sua cronologia, em
Esporte Antigo, Esporte Moderno e Esporte Contemporâneo.
O terceiro capítulo faz uma discussão sobre as funções, sentidos e/ou
significados atribuídos ao esporte na perspectiva dos projetos sociais, na tentativa
de elucidar quais as verdadeiras contribuições dadas pelo esporte, quando abordado
com a finalidade de resolver problemas como afastar seus praticantes das drogas,
educa-los, contribuir para o controle da violência, proporcionar saúde, etc.
O quarto capítulo, descreve todo o percurso metodológico adotado durante o
período de elaboração do trabalho, o que permitiu responder as questões levantadas
inicialmente na perspectiva de elucidar o objeto de pesquisa.
O quinto capítulo, traz os dados encontrados durante a pesquisa com a
finalidade de realizar a discussão dos mesmos, na perspectiva de possibilitar um
real entendimento de como foi implementado e como é desenvolvido o Programa
Educação pelo Esporte do município de Pojuca-Ba.
15
Por fim, no sexto capítulo é possível encontrar as considerações finais acerca
das investigações sobre o processo de implementação e desenvolvimento do
Programa Educação pelo Esporte, indicando as dificuldades encontradas pelo
mesmo para concretização da sua proposta, assim como, sugestões para a sua
qualificação.
16
2 ESPORTE: O “TRAMPOLIM” DAS RELACÕES SOCIAIS
Falar sobre esporte nos remete a pensar nos sinônimos a ele atribuído pela
visão que a sociedade tem deste fenômeno, nos habituamos na atualidade a delegar
ao esporte a função de promover a saúde e qualidade de vida, segurança, inclusão
social, educação, dentre outros.
Para tanto, a fim de contemplar tal discussão, se faz necessário inicialmente
pontuar de forma breve algumas considerações sobre o processo histórico do
esporte.
Segundo Malina (2009, p. 27-28), o esporte é compreendido em seu tempo
histórico, não podemos dissociá-lo da compreensão do modo de produção
capitalista, é nas relações com os fenômenos que estão dentro do esporte que
podemos tentar entendê-lo.
Já para Bourdieu apud Telles (2009, p.55):
A história do esporte é uma história relativamente autônoma que, mesmo estando articulada com os grandes acontecimentos da história econômica e política, tem seu próprio tempo, suas próprias leis de evolução, suas próprias crises, em sua cronologia específica.
De acordo com Tubino (S/D, p. 1), podemos classificar o esporte, quanto a
sua cronologia, em Esporte Antigo, Esporte Moderno e Esporte Contemporâneo. O
Esporte Antigo teve como principal manifestação as Olimpíadas Gregas, o Esporte
Moderno teve como marco o uso político-ideológico do esporte. Já o Esporte
Contemporâneo, surge no final da década de 1970 tendo como principal marco o
direito de todos ao esporte.
A partir deste momento surge a classificação do esporte em três dimensões
sociais, sendo: esporte educação, esporte participação e esporte performance ou
esporte de rendimento, as quais iremos abordar posteriormente de maneira mais
aprofundada.
A institucionalização do esporte acontece a partir do Esporte Moderno que se
origina no século XVIII sob a lógica da sociedade capitalista inglesa.
De acordo com Proni apud Mezzaroba (2008, p.1):
O esporte, tal como o entendemos hoje, é de origem inglesa, tendo existido desde o século XVIII, a partir da Revolução Industrial. Nasce, portanto, com a sociedade industrial, sendo inseparável de suas estruturas e funcionamento. Foi se estruturando e organizando de acordo com a evolução do capitalismo mundial e assumiu forma e conteúdo que refletem a ideologia burguesa.
17
Segundo Neira (2009, p. 59), a sociedade capitalista pós-industrial passou a
significar o esporte como produto de consumo, ferramenta de educação, como forma
de competição, rendimento e meio de promoção social.
Souza, Souza e Fidelis (2009, p. 1), afirmam que os burgueses usavam o
esporte para controlar as desordens sociais, “ocupando o tempo daqueles que
poderiam tentar reivindicar por melhores condições de vida”.
A difusão a partir da Inglaterra de modelos de produção industrial, de organização, de trabalho e das formas de ocupação do tempo livre do tempo conhecido como deporto foi notável. Parece razoável imaginar que as formar segundo a qual as pessoas utilizavam seu tempo livre seguiu de mãos dadas com a transformação da maneira segundo a qual trabalhavam (STAREPRAVO, S/D, p. 2).
Diante do exposto, podemos perceber que o esporte sempre foi colocado
como uma moeda de troca, como uma forma de alienação do povo pela sociedade
capitalista.
Para Amaral e Junior (2008, p.2), foram as circunstancias da industrialização
de produção e planificação fabril inglesa que deu ao esporte características como
disciplina, treinamento periódico, aperfeiçoamento, organização, rendimento e
racionalidade instrumental. Este último refere-se ao poder do esporte como uma
ferramenta eficiente de divertimento das massas, além de desviar à atenção dos
homens de uma participação política consciente.
Ainda sobre o Esporte Moderno, estes autores comentam que:
Por essas características, o esporte apóia os pressupostos básicos do capitalismo industrial, servindo como elo de adaptação para a vida moderna, na qual há uma ênfase exagerada na realização pessoal, na vitória pelo mérito individual. Ampliando esse novo modelo de gestos técnicos, podemos afirmar que o esporte se afastou da relação com o universo lúdico do jogo, produzindo em contrapartida novos significados para as práticas corporais (p. 2).
De acordo com Leiro et al (2010, p. 21), a Revolução Industrial tem como
umas das consequências de suas mudanças o surgimento do esporte moderno. “E,
nessa trilha, é possível estabelecer relações entre esporte e as dimensões políticas
e culturais da sociedade capitalista”.
Sobre o fenômeno esportivo, é preciso dizer que essa prática manifestada no
século XVIII e XIX na Europa, alcançou uma importância e abrangência que o coloca
em destaque no cenário cultural mundial, as pessoas relacionam-se com o
fenômeno esportivo no seu dia a dia, seja praticando, assistindo ou consumindo.
18
A cultura já permite falar sobre certa esportização do cotidiano, por exemplo,
ele se manifesta na moda, no estilo de vida esportivo, é a cultura esportiva, a
inserção e ascensão do esporte possibilita afirmar que a sociedade está absorvendo
os valores esportivos, ratificando assim a sua legitimidade cultural.
O esporte moderno aparece, já há algumas décadas, como uma produção cultural consumível capaz de diferenciar e integrar seus praticantes, espectadores e telespectadores num mundo que assume cada vez mais seu caráter multifacetado. [...] A aquisição de materiais esportivos (já integrados ao universo da moda) anunciado por um atleta celebridade marca o individuo consumidor no mundo de múltiplas identidades. Assim, ao consumir o esporte, seja por meio da assimilação da produção mercantil ou da informação (notícias, livros, revistas, etc.), o indivíduo procurar se localizar num processo de diferenciação simbólica entre seus pares e seus, digamos assim, concorrentes (MENDONÇA, 1997, p. 2-3).
O Esporte Contemporâneo surge no final da década de 70, em consequência
das mudanças sociais provocadas no período após segunda guerra mundial e se
solidificam no período pós-guerra fria.
Sobre o Esporte Contemporâneo, Tubino (S/D, p. 2), afirma que:
O Esporte Contemporâneo teve inicio no final da década de 1970 e inicio da década seguinte, com a Carta Internacional da Educação Física e Esporte (UNESCO 1978), quando a prática esportiva passou a constituir-se num direito de todas as pessoas. Mudou a perspectiva única do rendimento no esporte, para uma abrangência social maior, incorporando também o esporte na escola e o esporte na comunidade.
Esta carta1 “reconhece que a educação física e o desporto devem reforçar a
sua ação formativa e promover os valores humanos fundamentais indispensáveis ao
pleno desenvolvimento dos povos”. Ao contrário do Esporte Moderno que estava
voltado à medição de resultados e comparação de performance.
Outra característica importante do esporte contemporâneo é a institucionalização de sentidos diferentes da prática esportiva que transcendem a hegemonia do alto rendimento. Isso se apresenta como alternativas de práticas e aproximação dos sujeitos ao universo esportivo, estando ligadas no mundo atual de ideais de promoção de saúde, valores educacionais, inclusão social e diversão, entre outros. Por isso, nota-se interesses sobre as diferentes faces do esporte contemporâneo tanto por órgãos de mercado (pela aproximação e familiarização desse fenômeno ao grande público por meio de práticas variadas), quanto de políticas públicas. (MARQUES, 2008, p. 4)
A partir da perspectiva do esporte contemporâneo e do direito de todos à
prática esportiva, Tubino (2001, p. 34), classifica o esporte em três dimensões
1Carta elaborada na Conferência Geral da Organização das Nações Unidas para a Educação, a
Ciência e a Cultura, reunida em Paris, na sua 20º sessão, em 21 de Novembro de 1978.
19
sociais: esporte educação, esporte-performance ou esporte de rendimento e o
esporte participação.
O esporte educação é desenvolvido no sistema de educação formal e não
formal, de maneira não institucionalizada, o que lhe permite adaptar regras,
espaços, materiais e gestos motores de acordo com as possibilidades pessoais e
sociais. Não é seletivo, contribuindo assim, para a democratização da prática
esportiva.
Segundo Tubino (2001, p. 35), um dos maiores enganos atribuído ao
entendimento do esporte educacional é o sentido que os professores imputam a ele.
Os jogos escolares, por exemplo, que deveriam ter um cunho educativo acabam
ganhando o significado de competição, passando consequentemente, a ter o sentido
do esporte na escola e não o esporte da escola.
O esporte como prática social que institucionaliza temas lúdicos da cultura corporal, se projeta numa dimensão complexa de fenômeno que envolve códigos, sentidos e significados da sociedade que o cria e o pratica. Por isso deve ser analisado nos seus variados aspectos, para determinar a forma em que deve ser abordado pedagogicamente no sentido de esporte “da” escola e não como esporte “na” escola (SOARES, 1992, p. 70).
O esporte educacional quando abordado na perspectiva das dimensões dos
conteúdos, classificada por Darido (S/D, p.1), em dimensão conceitual (o saber),
dimensão procedimental (o fazer) e a dimensão atitudinal (o ser), pode certamente,
tratar de forma ampla e perpetuar o seu verdadeiro sentido para além da prática eda
repetição de gestos técnicos.
Esta mesma abordagem, quando estimulada para além dos muros da escola,
contribui de forma significativa para o desenvolvimento humano, ultrapassando as
fronteiras do aprender a fazer. O ato educativo está presente em todos os espaços e
em todos os momentos, precisamos educar para as relações humanas, para o
desenvolvimento como pessoa, para conscientização dos valores, etc.
O esporte participação tem um princípio lúdico onde o foco é a descontração,
o bem-estar e a interação social.
Para Oliveira (2010, p. 11), esta dimensão se configura da seguinte forma:
[...] como sendo a manifestação que se apóia no lúdico, no uso do tempo livre, não tendo obrigações com regras estabelecidas por instituições, podendo esta propiciar por meio de sua vivencia amenidade aos seus praticantes, além de poder proporcionar integração social, fortalecimento das relações pessoais.
20
Já o esporte performance ou esporte de rendimento, é uma prática
institucionalizada que segue regras previamente estabelecidas, é caracterizado pela
superação de limites, pela competição e pela busca incessante da vitória.
Traz consigo os propósitos de novos êxitos esportivos, a vitória sobre adversários nos mesmos códigos, e é exercido sob regras preestabelecidas pelos organismos internacionais de cada modalidade. Há uma tendência natural para que seja praticado principalmente pelos chamados talentos esportivos, o que o impede de ser considerado uma manifestação comprometida com os preceitos democráticos (TUBINO, 2001, p. 40).
Conclui-se então, que o esporte de rendimento não é universal, nem todos
podem ter acesso, consequentemente, ele não é democrático.
O esporte mobiliza e é mobilizado por interesses sócio-políticos importantes,
como também, cada vez mais interesses econômicos. Boa parte da população, de
grupos sociais mais diversos mobiliza-se em torno desse fenômeno a partir dos
diferentes sentidos da sua prática.
Seguindo essa crescente tendência no campo da cultura, o esporte é também
constantemente mercadorizado2, a tendência é fazer desaparecer os limites entre o
econômico e o cultural, onde a lógica da mercadoria se sobrepõe a produção
cultural.
Para Silva (1991, p.6), “Com essa nova caracterização, o esporte vai sendo
difundido por todo o mundo e seu estatuto de mercadoria acaba superando os
outros objetivos potencialmente existentes”.
Um bom exemplo de mercadorização do esporte é a realização dos
chamados Megaeventos3, onde o próprio Estado participa da realização a partir dos
critérios econômicos, critérios esses traduzidos em números de empregos gerados,
fortalecimento do turismo, melhorias de infra-instrutura. Como afirma Leiro et al
(2010, p. 24)“[...] o esporte envolve paixão, mas especialmente porque envolve
negócios, emprego, lazer, turismo, enfim, consumo.”
Segundo Leiro et al (2010, p. 23):
Os interesses da instituição esportiva de alto rendimento dependem, majoritariamente, da atenção que a mídia dará ao seu acontecimento, já que os espetáculos constituídos por grandes eventos esportivos apenas tomam as devidas proporções em função do alcance que os meios de comunicação proporcionam.
2 Para Silveira, (2007, p.109), o processo de mercadorização do esporte, como o próprio nome diz,
está voltado para o processo de transformação do esporte em mercadoria. 3 São chamados de megaeventos as grandes competições esportivas que serão sediadas no país, a
exemplo, das Olimpíadas e da Copa do Mundo.
21
A mídia tem uma grande contribuição na mercadorização do esporte e a
televisão é o seu principal meio de divulgação e alienação do chamado esporte
telespetáculo, termo utilizado por Betti (1998) para caracterizar o espetáculo
esportivo visto a partir de sua exibição na televisão.
É difícil referir-se ao esporte contemporâneo sem associá-lo aos meios de comunicação em massa. A relação esporte-espetáculo vem alterando, progressivamente e rapidamente, a maneira como praticamos e percebemos o esporte. E o elemento chave dessa transformação é o espectador, este disposta a pagar para assistir uma competição esportiva assumindo assim uma característica de consumidor do espetáculo esportivo (ALVES JUNIOR; FERES NETO; AZEVEDO, 2008, p. 125).
O esporte convive com o paradoxo do rendimento e da igualdade de
oportunidade fortemente enraizado em sua prática e difundido pela mídia.
De acordo com Leite (2008, p. 1):
A mídia atua na formação e disseminação da visão do esporte que é passada atualmente para a sociedade: o esporte como espetáculo, como possibilidade de ascensão sócio-econômico (entenda-se melhoria de qualidade financeira e status social), como mercadoria e consumo.
Pautado na igualdade de oportunidades, no discurso de que praticar esporte é
saudável, é uma ferramenta muito eficaz de educação, um meio de promoção social
e no esporte de rendimento tão fomentado pela mídia e predominante no imaginário
social, tem emergido através de organismos públicos, privados e do terceiro setor a
iniciativa de criar politicas esportivas para crianças, jovens, adultos e idosos.
Essas diferentes iniciativas têm ganhado força e surgem em todo o país em
forma de projetos e/ou programas sócios educativos, que trabalham com um público
intergeracional, e em sua maioria priorizam as crianças e jovens, com o objetivo de
promover atividades esportivas.
Sabemos que a educação física, o esporte e o lazer são colocados,
emblematicamente, como ferramentas para solucionar problemas e mazelas sociais.
Faz-se necessário para elucidar algumas questões ao esporte direcionadas,
entender como ele está inserido nos projetos, sendo assim, falaremos a seguir a
respeito dos projetos sócio-esportivos ou os chamados projetos de educação pelo
esporte.
22
3 O SIGNIFICADO DO ESPORTE EM PROJETOS SOCIAIS
Atualmente percebemos que o esporte encontra-se fortemente inserido na
sociedade, sendo o mesmo considerado um fenômeno sociocultural e entendido
como um direito social. De acordo com o art. 217 da Constituição Federal, “é dever
do Estado fomentar práticas desportivas formais e não-formais, como direito de cada
um [...]” (BRASIL, 1988). Apesar de ser dever do Estado, podemos observar que a
promoção de práticas desportivas não se dá apenas pelos órgãos públicos.
Para Bretãs (2007, p. 37), políticas esportivas direcionadas principalmente
para crianças e adolescentes tem sido alvo de organizações governamentais,
privadas e do terceiro setor. Essas iniciativas, nomeadas geralmente pelo termo,
projetos sócio-esportivos, vêm ganhando cada vez mais destaque na mídia e na
sociedade.
Os projetos sócio-esportivos se alastraram de uma forma tão grandiosa no
Brasil, que se tornaram incontáveis. Surgem em sua grande maioria com a proposta
de através da prática esportiva resolver problemas sociais, como afastar seus
praticantes das drogas, educa-los, contribuir para o controle da violência e etc.
Esses projetos têm como público alvo a população de baixo poder econômico,
geralmente, crianças e adolescentes que vivem em situação de risco social, tendo
também como objetivo ocupar o tempo livre dos envolvidos. Segundo Correia (2008,
p. 95), esses discursos defendem a ocupação do tempo livre “como solução para os
possíveis problemas relacionados com a violência, a criminalidade e outros que
perturbam a ordem social urbana”.
Vários motivos podem estimular as crianças e jovens a participar dos projetos
sócio esportivos ou praticar uma atividade física. O fato de pertencer a um grupo
pode ser um dos fatores mais importantes para os jovens se envolverem com o
esporte. Está entre amigos ou construir novas amizades, contribui de forma
significativa para o desenvolvimento de crianças e jovens. Aliado ao motivo de
pertencer a um grupo por afinidade, a participação nos projetos sócio esportivos, dá-
se também, pela busca da saúde, lazer, por gostar do esporte/modalidade que
pratica, etc.
Segundo Gonçalves et al (2011, p. 3):
[...] na maioria as propostas e objetivos são voltados para os considerados “vulneráveis sociais” e tem a intenção de educar, principalmente, crianças e adolescentes através do esporte. Traz-se, então, o constante discurso do
23
esporte como fenômeno social, que garante o afastamento dessas crianças e adolescente da criminalidade e drogadição, visando ocupar o tempo livre, a partir das possibilidades ditas como pedagógicas dos esportes, considerado um meio de disciplinamento e controle. Estas práticas encontram-se tão presentes, que por si só parecem naturalmente explicar/justificar estas ações em nível de estado e organizações governamentais, assim como por empresas privadas, organizações não-governamentais e iniciativas individuas.
O fenômeno esportivo foi absorvido pela sociedade de tal forma que
influenciou significativamente nossas condutas. Isso pode ser ressaltado nos jargões
que definem a função do esporte como “esporte educa”, “esporte é saúde”, “esporte
afasta as pessoas das drogas”, “esporte é sinônimo de qualidade de vida”.4
Estranho o estranhamento que o esporte é capaz de causar. Diz-se tudo de bom sobre ele. Afasta das drogas, é eficaz no processo de ressocialização, é prática democrática, proporciona saúde, combate à violência, reintegra deficientes físicos, e tal coisa. Não é de hoje que se idealiza essa prática social (OLIVEIRA, 2009, p. 122-123).
Esta idealização do esporte é ratificada por Stigger, quando afirma que:
Todas essas significações do esporte geraram a perda do seu sentido inequívoco. Há, atualmente, sentidos múltiplos para o esporte, que envolvem a corporalidade, a saúde, o consumo, o ato educativo, a comunicação, a competição, a cooperação. Diferentes sentidos em perspectivas diversas de ser humano e sociedade (STIGGER, apud LEIRO, 2010, p. 23).
Diante das funções, sentidos e/ou significados atrelados ao esporte
apresentados até aqui, nos traz a necessidade de discutir estes na tentativa de
esclarecer as afirmativas atribuídas ao esporte, particularmente, na perspectiva dos
projetos sócio esportivos.
Para Hecktheuer, Silva e Silva (2009, p. 89), o estudo dos projetos sociais
ligados ao esporte “se justifica, pois somos constantemente interpelados por práticas
discursivas que estabelecem o esporte, independente da forma como for vivenciado,
como a grande salvação para os sujeitos considerados vulneráveis”.
De acordo com Zaluar (1994), o surgimento de projetos alternativos e
paralelos à educação formal, ganhou força na década de 80 em consequência da
crise econômica, do crescimento da criminalidade e do fracasso da política
educacional.
4Jargões adotados pelo senso comum, que transmitem ao esporte a responsabilidade da superação
de alguns problemas sociais através da sua prática e da sua ação educativa.
24
Ainda de acordo com a autora, os projetos sócio educativos surgiram como
uma alternativa ao sistema de ensino formal, sendo direcionados, prioritariamente, à
crianças e adolescentes carentes, com o objetivo de promover a educação por meio
do esporte.
Analisando o discurso que dissemina à prática esportiva o poder de afastar as
pessoas das drogas, corrobora a ideia de que drogas e esporte trilham em caminho
contrário, conforme afirma Lauer e Vieira (2010, p.1):
A ideia de que drogas e esportes caminham em sentidos opostos parece ser senso comum na sociedade: o esporte é o caminho da vida; a droga é o caminho da morte. O esporte se associa à saúde, à cidadania e à liberdade; a droga à degradação, à violência e ao vício. Aquele que se dedica ao esporte não se envolve com drogas; é um vencedor. Já um usuário de drogas nunca terá sucesso nos esportes ou mesmo na vida; é um perdedor.
A ligação feita entre esporte e drogas e da sua possível contribuição para o
afastamento das pessoas dos meios desagregadores e destrutivos, tem um sentido
simbólico, conforme afirmamos autores, “não há nenhum tipo de essência no
esporte ou na droga que os façam ser benefícios ou malefícios, respectivamente”.
O esporte afasta das drogas? Pode contribuir, mas também pode aproximar,
por exemplo, o doping que está presente no esporte de rendimento na busca
incessante pela vitória, pela melhora da performance, pela quebra de recordes.
Segundo Kunz (2003, p. 56), o anabólico esteróide, doping muito utilizado por
atletas, potencializa de tal forma o desempenho, que um atleta que não usa esta
substância por melhor que fosse, seria pouco provável conseguir bater um outro sob
efeito da mesma.
As drogas também estão presentes e sendo cada vez mais utilizadas pelas
pessoas no dia a dia, na busca pela estética do corpo perfeito, busca por um corpo
modelado e tido culturalmente como ideal. O autor corrobora essa ideia salientando
que:
Atualmente, o uso se estende inclusive fora do contexto do esporte de rendimento, ou seja, tem sido usado como auxiliar no desenvolvimento da estética corporal, especialmente em academias de musculação. [...] Muitos iniciam o uso de substâncias químicas, como o anabólico, ainda muito jovens e sem ter o menor conhecimento sobre os problemas provocados pelos efeitos colaterais (KUNZ, 2003, p. 56-57).
O esporte pode sim contribuir para afastar as pessoas das drogas, a partir do
significado que é atribuído a sua prática. Assim como, pode aproximar as pessoas
das drogas a partir do que se espera obter com a sua prática.
25
Esses jargões nos remetem a um discurso moralista, o esporte pode ser
saúde? Sim, mas também pode ser ao contrário quando inspirado pela lógica do
esporte espetáculo da superação de limites, sem falar nas diversas concepções do
que é saúde e do que é ser saudável. De acordo com Peres e Melo (2009, p. 62):
Mesmo reconhecendo que o conceito de saúde sofreu consideráveis mudanças, inclusive institucionalmente (como no caso da Organização Mundial de Saúde, na década de 40), o modelo biomédico se consolidou como dominante e, portanto, legitimado. Há 40 ou 50 anos, por exemplo, pareceria espantosa a naturalidade com que usamos a categoria saúde, bem como as “exigências” que qualificam as pessoas como saudáveis ou não.
Para os autores “o campo da promoção da saúde é, sem dúvida, um dos
principais responsáveis pela atual legitimação dessa perspectiva que relaciona de
maneira enredada saúde, condições sociais e qualidade de vida”. E o esporte é,
constantemente, colocado como um meio eficiente para alcançar tal benefício.
A qualidade de vida é outra função atribuída ao esporte e frequentemente
afirmada pelo senso comum. Não podemos falar sobre qualidade de vida, e muito
menos atribuir ao esporte o papel de proporcionar tal benefício, ou até mesmo, ao
próprio indivíduo a responsabilidade pela sua forma de viver, sem pontuar questões
como a forma que a sociedade se organiza, sua organização societária, acesso ao
sistema de saúde e outros.
Ainda de acordo com Peres e Melo (2009, p. 65), a Política Nacional de
Promoção da Saúde tem como objetivo:
Promover a qualidade de vida e reduzir vulnerabilidade e riscos à saúde relacionados aos seus determinantes e condicionantes-modos de viver, condições de trabalho, habitação, ambiente, educação, lazer, cultura, acesso a bens e a serviços essenciais.
É preciso, primeiramente, entender o que é qualidade de vida para um povo,
superando a máxima de que atividade física traz saúde ou esporte é saúde. Ele vai
trazer saúde se estiver associado a questões como educação, saneamento, acesso
a cultura e lazer, etc.
Quanto à violência, o esporte é tido como um eficaz disciplinador, mas é
preciso entender que a violência não é um fenômeno linear, ela não só se manifesta
de diferentes formas como é desencadeada por uma série de fatores. Então, a
educação através do esporte se torna importante, na medida em que, acontece na
perspectiva da educação para o desenvolvimento humano.
26
Outra função atribuída ao esporte, e talvez a mais enraizada nos discursos, é
o poder de educar através da prática esportiva. Barbieri (2001, p. 87), compreende a
educação como “um processo de intervenção no mundo, no qual ensinar não é
apenas uma ação que se constitui no ato de transferir conhecimentos”, é possibilitar
a sua construção, considerando e valorizando a diversidade de saberes.
Os projetos sócio-esportivos trabalham na perspectiva de educação que
segundo Kunz (2003, p. 72), “é entendida como toda e qualquer reação social
orientada sobre os fatores de desenvolvimento do homem”, ou seja, uma educação
que por intermédio do esporte apresenta a possibilidade de restauração do humano.
Assim, não só na escola se configura numa organização social onde encenações pedagógicas do esporte acontecem, mas também a família, os parques e as áreas de lazer, os clubes, etc. E neste sentido, o esporte sempre que for encenado em algum lugar por algum motivo tem um caráter educacional (KUNZ, 2003, p.73).
O esporte quando colocado como uma ferramenta de educação,
constantemente presente nos chamados projetos de educação pelo esporte,
apresenta ou ao menos deveria apresentar, a função de educar para o esporte e
através do esporte. Conforme afirma Schwier (2009, p.87):
[...] Por um lado, trata-se de educação para o esporte – no sentido de desenvolvimento das capacidades de atuação que se fazem necessárias para a participação competente neste campo social – e, por outro lado, é a educação através do esporte, o que consiste, primordialmente, na transmissão de modelos sociais de comportamento e de atitudes desejados na sociedade (lealdade e justiça, consciência de saúde, tolerâncias de ambiguidades, assumir responsabilidades, capacidade de lidar com conflitos e de atuar em equipe etc.).
Sendo assim, fica claro que a educação é o grande pilar de todos os outros
sinônimos atribuídos ao esporte, é pela educação através do esporte que se almeja
alcançar os objetivos propostos pelos projetos sócio-esportivos e eles só serão e
são alcançados quando consolidados em sua prática.
Então, essas afirmativas nos levam a pensar na força mobilizadora do
esporte, força essa, ratificada pela mobilização da mídia na construção de mitos
heróis5, os sinônimos dados ao esporte estão sempre de forma representativa
ligados ao esporte espetáculo, é esse o esporte que povoa, predomina e é
5 O termo mitos heróis é usado para designar os grandes ídolos do esporte tomados como exemplos
de superação e conquistas pela sociedade.
27
hegemônico no imaginário social. Paradoxalmente não é esse o esporte praticado
pelo cidadão comum.
De acordo com Rossi (2000, p.60):
É imprescindível que o educador, através do ensino dos esportes ofereça a oportunidade aos educandos para o esclarecimento destas práticas, ensinar e aprender as possibilidades e os limites destas, bem como a necessidade de transformá-los.
O esporte admirado e que encanta, é o esporte das conquistas, das vitórias,
das superações, da determinação. Todas essas “qualidades” podem ser re-
significadas para o contexto em que estamos inseridos, as conquistas e vitórias do
dia a dia, a determinação na busca de uma vida melhor, da superação de
dificuldades e tantas outras coisas inseridas no cotidiano. É esse o exemplo do
esporte que devemos absorver.
Para Freire apud Malina (2009, p.2):
[...] o esporte pode até ser elemento de contribuição na construção da cidadania, mas a idéia não é formar cidadãos pelo esporte, e sim coordenar o esporte para a conscientização da responsabilidade social do praticante com a comunidade com a qual está inserido, e compreender que naquela comunidade estão contidas às contradições do mundo atual e da possibilidade da sua modificação, e que esta possibilidade pode ser realizada como fruto do trabalho coletivo e do legado deixado por esses cidadãos.
Malina (2009, p.2) afirma ainda, que tal proposta quando desenvolvida,
contribui para uma maior participação popular nas decisões acerca das políticas
comunitárias e até mesmo do esporte a ser inserido naquela comunidade.
Para DaCosta (2007, p.16):
[...] não podemos perder de vista que o esporte é uma prática corporal, construída, vivenciada e modificada na interação dos homens na cultura, refletindo seus valores e gerando novos; [...] os valores não são essencialmente do
6esporte, mas se refletem no esporte e são também
gerados a partir dos significados que os indivíduos e grupos sociais dão à prática esportiva.
As práticas corporais são dotadas de sentidos e significados humanos, então,
não basta saber e ensinar a jogar, é preciso saber e ensinar o porque se joga, o
sentido e significado do jogo em nossa vida.
Correia (2008, p. 93-94), corrobora com essa ideia quando afirma que é
preciso preparar “os sujeitos das comunidades para adquirir autoridade, autonomia e
poder de representação social e política”.
6 Grifo do autor.
28
Sendo assim, cabe a nós fazermos com que o esporte seja um espaço de
desenvolvimento humano, um esporte que desperte e propague seus valores para
além da sua prática.
É preciso pensar o esporte como uma possibilidade de desenvolvimento
humano, um esporte que desperte e propague os valores, lembrando que ele não
tem em si uma essência salvadora.
Diante do exposto, fica bastante evidente que o esporte é culturalmente
apropriado para os grupos que os re-significam a partir de outros códigos que não a
concorrência e o rendimento, mas sim, a sociabilidade, o divertimento, lazer, etc.
29
4 O PERCURSO METODOLÓGICO
O presente capítulo descreve toda a caminhada percorrida durante o período
de elaboração do trabalho na busca de elucidar o objeto de pesquisa. Inicialmente
se faz necessário pontuar algumas definições sobre pesquisa e método, antes de
discorrer sobre o trajeto adotado na tentativa de obter informações, dados e
evidencias que fundamentassem o presente trabalho.
Quando falamos em pesquisa, de imediato pensamos em uma forma de
investigar algo que ainda é desconhecido para nós. Para Gil (1987), a pesquisa
pode ser definida “como o processo formal e sistemático de desenvolvimento do
método cientifico. O objetivo fundamental da pesquisa é descobrir respostas para
problemas mediante o emprego de procedimentos científicos”.
Já para Minayo (1994, p. 17), a pesquisa é entendida como:
Entendemos por pesquisa a atividade básica da Ciência na sua indagação e construção da realidade. É a pesquisa que alimenta a atividade de ensino e a atualiza frente à realidade do mundo. Portanto, embora seja uma prática teórica, a pesquisa vincula pensamento e ação.
A autora ainda afirma que “toda investigação se inicia por um problema com
uma questão, com uma dúvida ou com uma pergunta, articuladas a conhecimentos
anteriores, mas que também podem demandar a criação de novos referenciais”.
Para Gil (1987, p.43), “pode-se, portanto, definir pesquisa social como o
processo que, utilizando a metodologia científica, permite a obtenção de novos
conhecimentos no campo da realidade social”.
Segundo Minayo (1994, p. 16), “a metodologia inclui as concepções teóricas
de abordagem, o conjunto de técnicas que possibilitam a construção da realidade e
o sopro divino do potencial criativo do investigador”.
De acordo com Marconi e Lakatos apud Conceição (2009, p. 35), “método é
um conjunto de atividades sistemáticas e racionais que permitem alcançar um
objetivo, traçando o caminho a ser seguido, detectando erros e auxiliando nas
decisões do pesquisador, dando direcionamento para a execução do trabalho”.
Para Gil (1987, p. 27), “pode-se definir método como caminho para se chegar
a determinado fim. E método científico como o conjunto de procedimentos
intelectuais e técnicos adotados para se atingir o conhecimento”.
Diante do exposto, foi projetado um caminho metodológico para essa
pesquisa com a finalidade de obter informações que fundamentassem o presente
30
trabalho. Este é caracterizado como uma pesquisa qualitativa, que segundo Minayo
(1994, p. 21-22):
A pesquisa qualitativa responde a questões muito particulares. Ela se preocupa, nas ciências sociais, com um nível de realidade que não pode ser quantificado. Ou seja, ela trabalha com o universo de significados, motivos, aspirações, crenças, valores e atitudes, o que corresponde a um espaço mais profundo das relações, dos processos e dos fenômenos que não podem ser reduzidos à operacionalização de variáveis.
Esta pesquisa tem como objetivo fazer uma análise sobre o processo de
implantação e desenvolvimento do Programa Educação pelo Esporte, desenvolvido
pela Gerência de Esportes (GESPORT) do município de Pojuca-Ba.
O município de Pojuca faz parte do Território 18, Agreste Baiano e Litoral
Norte, dista cerca de 70 km da capital, Salvador – Ba. Foi fundada em 29 de julho de
1913 e anteriormente era distrito do município de Santana do Catu (atual Catu).
O nome Pojuca deriva do termo iapó-iuca, que significa o pântano, o
estagnado e podre. (IBGE, 2010). O município é banhado pelos rios Pojuca, Catu,
Quiricozinho, Una e Quiricó Grande, estando situado à margem do rio Pojuca.
De acordo com o censo 2010, o município possui uma população de 33.066
habitantes, em uma área territorial de 290,113 Km² com densidade demográfica de
113,98 hab./Km². A sua economia gira em torno da extração de petróleo, dos
setores de serviços e indústria, (IBGE, 2010).
Dentro do setor econômico do município podemos destacar a Cia de Ferro
Ligas da Bahia (FERBASA), umas das 20 maiores empresas da Bahia, sendo a
maior fabricante de Ferro Ligas do Brasil e única produtora integrada de ferro cromo
das Américas.
O município é ainda o quarto arrecadador de royalties de petróleo do estado
da Bahia atrás apenas de São Francisco do Conde, Madre de Deus e Esplanada. A
sua riqueza em petróleo e gás, tornou a cidade conhecida popularmente como a
Princesinha do Petróleo.
Pojuca faz vizinhança com as cidades de Catu, Araçás, Mata de São João,
Itanagra e São Sebastião do Passé. Tem como principais rodovias de acesso a BA-
093, BA-504 e BA-507, sendo ainda, servida por uma ferrovia cuja as linhas passam
em meio a cidade.
31
Figura 01: Mapa da localização de Pojuca. Fonte: Google
É privilegiada por ter uma localização centralizada, sendo considerada cidade
entroncamento pela viabilidade com os municípios de Simões Filho, Camaçari, Dias
D’avila, Mata de São João, Catu, Alagoinhas, Esplanada, Itanagra, Entre Rios, Rio
Real, Araçás e São Sebastião do Passé.
Segundo o IBGE (2010), a cidade possui um clima tropical úmido com
temperatura média de aproximadamente 25ºC.É uma cidade plana com uma
estrutura física contemporânea, a grande maioria das ruas são asfaltadas e possui
um bom saneamento básico.
A zona rural do município tem uma agricultura forte, tem como principal
referencia o distrito de Miranga onde também está concentrado a maior parcela do
petróleo extraído no município, além de contar com aproximadamente 18 povoados
que fazem parte dessa região.
A sua sede é constituída por 18 bairros, destacam-se por sua localização os
bairros da Inocoop onde encontra-se o batalhão da polícia militar e a delegacia da
polícia civil e o Centro onde está localizada as agências bancárias, a biblioteca
municipal, o posto médico e o prédio da prefeitura, além de uma boa parte dos
estabelecimentos comerciais da cidade.
Administrativamente está organizada em 14 pastas, sendo elas:
departamento de educação, saúde, meio ambiente, finanças, infra-estrutura (obras),
32
segurança (guarda municipal), recursos humanos, assistência social, comunicação,
transporte, trabalho, lazer, cultura e esporte.
O município não possui secretarias, as suas pastas estão estruturadas em
departamentos como a educação, saúde, infra-estrutura, comunicação, finanças e
serviço social. Em gerências, a exemplo da cultura e do esporte, e outros apenas
intitulados como setor de transporte, RH, meio ambiente, segurança, etc.
Religiosamente, a cidade tem como santo padroeiro o Bom Jesus da
Passagem, a sua festa é religiosa e profana, festejada durante todo o mês de janeiro
e encerrada com uma procissão que segue pelos principais bairros da cidade até a
igreja matriz, sempre no último domingo do mês de Janeiro.
Pojuca é uma cidade que possui uma estrutura física muito organizada. Conta
com centros comunitários, campos de futebol, praças e quadras poliesportivas na
maioria dos seus bairros o que possibilita a oferta de várias atividades esportivas,
culturais e de lazer.
No campo da cultura, a cidade conta com vários grupos de danças, teatros,
artistas plástico, a fanfarra municipal e oficinas de música, além das tradicionais
manifestações locais como o bumba-meu-boi (o popular boi janeiro), a trezena de
Santo Antônio e as quadrilhas de São João.
O lazer no município está muito voltado para os eventos festivos, e na sua
ausência está voltado para a frequência em espaços como praças, apresentação de
manifestações culturais como citado acima, voltado também para a prática esportiva
que se destaca pela grande oferta de atividades oferecidas.
As atividades esportivas gratuitas oferecidas pelo município são
desenvolvidas através da Gerência de Esporte. A criação da gerência em Janeiro de
2009 é fruto da ação da atual gestão que desmembrou o Departamento de Cultura,
Esporte e Lazer, subdividindo esse departamento em Gerência de Cultura, Gerência
de Esporte e Departamento de Lazer.
A GESPORT é formada por uma equipe de educadores, sendo um gerente,
dois coordenadores, quatorze instrutores (dentre esses quatro professores de
educação física e três graduandos), e tem como principal ação o desenvolvimento
do Programa Educação pelo Esporte que oferece gratuitamente para a comunidade
pojucana treze atividades esportiva e de lazer.
Nesse estudo, inicialmente foi realizada uma revisão de literatura para a
construção dos capítulos teóricos, onde foi possível realizar um levantamento do que
33
já foi publicado sobre o tema, considerando ser de tamanha importância esse
procedimento para situar o trabalho dentro da linha de pesquisa em que está
inserido.
Na construção dos capítulos teóricos foi possível dialogar com autores como:
Tubino, Proni, Malina, Bourdieu, Neira, Starepravo, Leiro, Da Costa, Marcellino,
Rossi, Freire, Gil, Minayo, etc. Além de informações obtidas através da Gerência de
esportes do município de Pojuca-Ba, sobre o cenário esportivo na cidade.
O método adotado nessa pesquisa foi o Estudo de Caso, que para Gil (1987,
p. 78), “é caracterizado pelo estudo profundo e exaustivo de um ou de poucos
objetos, de maneira a permitir conhecimento amplo e detalhado do mesmo”.
Para Severino (2007, p. 121), o estudo de caso é uma “pesquisa que se
concentra no estudo de um caso particular, considerado representativo de um
conjunto de casos análogos, por ele significativamente representativo”.
Foi realizada, também, a observação de vinte aulas de seis modalidades das
treze desenvolvidas pelo programa, em quatro modalidades foram realizadas
observações de três aulas e em duas a observações de quatro aulas.
Como instrumento metodológico foi utilizado a entrevista. Gil (1987, p. 113),
define entrevista “como a técnica em que o investigador se apresenta frente ao
investigado e lhe formula perguntas, com o objetivo de obtenção dos dados que
interessam à investigação”.
Neto (1994, p. 57), entende a entrevista “como uma conversa a dois com
propósitos bem definidos”. Segundo o autor elas podem ser estruturadas, não-
estruturadas ou semi-estruturadas.
Portanto, foi utilizada como instrumento de coleta de dados a entrevista semi-
estruturada, que segundo Triviños (1987,p. 148):
Podemos entender por entrevista semi-estruturada, em geral, aquela que parte de certos questionamentos básicos, apoiados em teorias e hipóteses, que interessam à pesquisa, e que, em seguida, oferecem amplo campo de interrogativas, frutos de novas hipóteses que vão surgindo à medida que se recebem as respostas do informante.
De acordo com o autor, a entrevista semi-estruturada “ao mesmo tempo que
valoriza a presença do investigador, oferece todas as perspectivas possíveis para
que o informante alcance a liberdade e espontaneidade necessárias, enriquecendo a
investigação”.
34
As entrevistas foram aplicadas ao gerente e ao coordenador de esporte do
município, versando sobre a proposta e desenvolvimento do Programa Educação
pelo Esporte, além, das entrevistas realizadas com os professores do programa na
tentativa de elucidar qual a conotação dada as suas aulas, qual a importância do
programa para a sua formação profissional, formação dos alunos e quais as
principais dificuldades encontradas na realização do trabalho.
O programa conta com quatorze professores e as entrevistas foram
realizadas com onze deles, até a conclusão da pesquisa não foi possível realizar a
entrevista com os outros três professores por incompatibilidade de horários.
A coleta de dados também foi realizada por meio da análise documental, onde
foi possível acessar o projeto do Programa Educação pelo Esporte, fotos das
atividades desenvolvidas pelo programa, registro de participações em competições e
dados do município. Estes documentos foram cedidos pela Gerência de Esportes do
município.
Para a análise dos dados, trabalhamos com categorias nas entrevistas dos
professores do programa e análise de conteúdos para as entrevistas realizadas com
o gerente e o coordenador de esporte do município.
De acordo com Gomes (1994, p. 70), trabalhar com categorias “significa
agrupar elementos, idéias ou expressões em torno de um conceito capaz de
abranger tudo isso”. Já a análise de conteúdos, segundo o autor é possível
“encontrar respostas para as questões formuladas e também podemos confirmar ou
não as informações estabelecidas antes do trabalho de investigação (hipóteses)”.
Berelson apud Gil (1987, p. 163), corrobora com essa ideia ao definir a
análise de conteúdos como “uma técnica de investigação que, através de uma
descrição objetiva, sistemática e quantitativa do conteúdo manifesto das
comunicações, tem por finalidade a interpretação destas mesmas comunicações”.
Desta forma, o presente trabalho foi organizado na perspectiva de elucidar o
objeto de estudo e na possibilidade de poder contribuir de forma significativa para
futuros estudos acerca das propostas, sentidos e significados do esporte em
projetos sócio educativos.
35
5 SOCIALIZANDO OS DADOS
O presente capítulo, tem a finalidade de analisar os dados coletados durante
a pesquisa, na perspectiva de possibilitar um real entendimento do cenário esportivo
pojucano, como foi implementado e como é desenvolvido o Programa Educação
pelo Esporte do município de Pojuca-Bahia.
5.1 O CENÁRIO ESPORTIVO NA CIDADE
Este tópico nasce da necessidade de situar como se constitui o cenário
esportivo pojucano, em suas estruturas físicas, suas manifestações esportivas, seus
atores, os obstáculos ainda existentes e a acessibilidade das pessoas nesse
contexto.
Para perceber a relação que a cidade tem com o esporte basta apenas um
pequeno passeio por suas ruas, onde facilmente se torna perceptível a presença de
espaços destinados para a prática esportiva, assim como, pessoas praticando
atividades esportivas no seu dia a dia.
Por toda a cidade é possível encontrar campos de futebol, quadras
poliesportivas, praças utilizadas para fazer caminhada, corrida e em algumas até
encontramos aparelhos usados para musculação. Talvez alguns espaços, as praças
por exemplo, não tenham sido pensados para tal finalidade, falaremos sobre isso
mais à frente.
A cultura do futebol sempre esteve muito presente no município, até o ano de
2000 este esporte foi o detentor das atenções e políticas de incentivo por parte do
governo local, que por meio dos campeonatos de bairros e municipais se fortalecia
cada vez mais como preferida prática esportiva na cidade.
A partir do ano de 2000/2001, outras modalidades esportivas passaram a
ganhar espaço e ser de forma ainda tímida apoiadas pela gestão da época, a
exemplo do voleibol e do futsal, que vinham em uma crescente na perspectiva de
número de adeptos que acabaram atraindo o olhar do poder público local.
Com o passar dos anos modalidades como o basquete e o handebol fizeram
o mesmo percurso do voleibol e do futsal, ultrapassaram os limites dos muros das
escolas e se tornaram muito presente nas quadras da cidade, o que possibilitou uma
maior visibilidade, e consequentemente, atenção e incentivo.
36
Por volta do ano de 2004/2005, em meio a uma grande divergência política7
na cidade, surge a partir da iniciativa do novo gestor a criação do Programa Pratique
Saúde, onde eram ofertadas para a comunidade atividades esportivas em forma de
oficinas.
Além das oficinas de voleibol, futsal, basquete e handebol, o Programa
Pratique Saúde contava ainda com as oficinas de hidroginástica, skate, musculação,
boxe, jiu-jitsu, karatê, capoeira, bicicross e macroginástica.
O panorama esportivo da cidade cresceu significativamente a partir do ano
2000, em consequência do aumento dos espaços e equipamentos destinados para a
prática de atividades físicas no município, Pojuca se tornou uma cidade com um
grande número de praças, quadras poliesportivas, campos de futebol, etc.
Após um longo passeio pelos bairros da cidade, foi possível mapear esses
espaços a fim de compreender o estado de conservação e políticas de utilização dos
mesmos. Vale a ressalva, que este mapeamento foi realizado apenas nos bairros
que fazem parte da sede (zona urbana) do município.
Dos dezoitos bairros que fazem parte da zona urbana apenas quatro não
possuem praças, quadras, campos de futebol ou outro espaço destinado para a
prática esportiva e de lazer. Uma consequência do crescimento desorganizado do
município, visto que esses bairros surgiram nos últimos anos em virtude das
invasões que aconteceram em várias áreas da cidade.
Se procedermos à relação lazer/espaço urbano, verificaremos uma série de descompassos, derivado da natureza do crescimento das nossas cidades, relativamente crescente, e caracterizado pela aceleração e imediatismo. O aumento da população urbana não foi acompanhado pelo desenvolvimento de infra-estrutura adequada [...] (MARCELLINO et al. 2007, p. 16).
Ratificando essa ideia Rechia (2009, p.79), afirma que “isso ocorre porque o
crescimento populacional no meio urbano não foi acompanhado de um paralelo
desenvolvimento de infraestrutura, gerando não só a escassez dos espaços, mas
consequentemente uma desigual distribuição dos espaços de lazer na cidade”,
Distribuídos em outros quatorze bairros é possível encontrar dois centros
comunitários, dezenove praças, doze quadras e oito campos de futebol. Alguns
bairros são contemplados com campos, quadras, praças, centros, outros apenas
com quadra e em alguns quadras e praças.
7 Período conturbado no município em que houve duas trocas de prefeitos.
37
Pojuca possui um grande número de praças, alguns bairros possuem mais de
uma, essas apresentam diferentes funções para quem a utiliza. De acordo com
Damico (2009, p. 110), “diferentes projetos de ocupação desses espaços têm
ajudado a compor quadros bastante variados no que se referem às funções, às
normas e à paisagem dos espaços públicos de lazer”.
Ainda de acordo com o autor:
Nesse sentido, as praças, como componentes indispensáveis da sociedade contemporânea foram concebidas e construídas a partir de uma pluralidade de intenções ao longo da história. A forma como a comunidade utiliza tais espaços ajuda a transforma-los de acordo com as suas necessidades. A praça pública tem seu destaque potencializado em bairros populares e/ou periféricos, onde a comunidade parece carecer de alternativas de exercícios de lazer em espaços públicos, vendo então a praça como um lugar fundamental para o desenvolvimento das atividades esportivas, das festas do bairro e, além disso, como terreno fértil para construção de redes de sociabilidade.
Para melhor compreender como esses espaços e equipamentos estão
distribuídos, o quadro a seguir apresentará por bairro os equipamentos existentes
destinados para a prática esportiva e de lazer no município. Aqui serão
contabilizados todos os espaços construídos e utilizados com tal finalidade.
QUADRO 1 – RELAÇÃO DE ESPAÇOS E EQUIPAMENTOS NO
MUNICÍPIO.
BAIRROS
PRAÇA
QUADRA
CENTRO
COMUNITÁRIO
CAMPO DE
FUTEBOL
Alfredo Leite 02 01 0 0
Castro Alves 01 0 0 01
Centro 04 01 0 0
Cruzeiro 02 01 0 0
Central 01 01 0 0
Cajazeiras 0 0 0 0
Inocoop 03 01 01 01
38
Jenipapo 0 0 0 01
Liberdade 0 0 0 0
Los Angeles 01 01 0 0
Nova Pojuca 01 01 0 01
Pojuca Nova 02 01 0 02
Pojuca II 01 01 0 0
Pau D’arco 01 01 0 0
Retiro 0 01 0 01
Star 0 01 01 01
São Francisco 0 0 0 0
Vitória 0 0 0 0
O bairro da Inocoop e o Centro, são os mais privilegiados em relação a
existência de espaços e equipamentos destinados à prática esportiva. O Inocoop,
por exemplo, conta com uma quadra poliesportiva, três praças, um campo de futebol
e um centro comunitário.
Figura 02. Quadra do bairro Inocoop. Fonte: GESPORT
39
Geralmente as quadras do município estão localizadas em praças e passam
por manutenção uma vez ao ano, onde são realizados reparos nas tabelas, traves,
são pintadas e marcadas, e conserto dos alambrados.
Apesar do grande número de quadras na cidade apenas uma é coberta, foi
inaugurada há um ano e ainda não está liberada para ser utilizada pela população,
devido ao sol as quadras são bastante utilizadas a partir do final da tarde.
Apenas uma quadra na cidade tem as dimensões oficiais, é a quadra
localizada na praça ACM, no centro da cidade onde podemos também encontrar
uma pista de skate, uma parede para escalada e uma área coberta onde acontece
as aulas de macroginástica.
A parede para escalada é um equipamento pouco usado pela comunidade, se
torna até compreensível, por ser um esporte fora das características e cultura
esportiva da cidade. Além de não ter uma política de incentivo a utilização do
equipamento e prática do esporte.
O equipamento, também, não oferece segurança e não conta com uma
orientação adequada para a sua utilização.
Figura 03. Parede para escalada. Fonte: Alani Santos
40
A quadra da praça ACM é a mais usada pela comunidade, o que pode ser
justificado por suas dimensões, localização, conservação, visibilidade, etc. A procura
pela quadra é tão grande que a GESPORT adotou um sistema que possibilita as
pessoas reservar ou agendar os horários e dias para utilizar.
Figura: 04. Quadra da Praça ACM. Fonte: GESPORT
A cidade conta ainda com um parque aquático municipal, localizado no bairro
do Retiro, um pouco distante do centro da cidade, porém, se destaca por ser uma
opção de lazer e de espaço para a prática esportiva gratuita.
O parque conta com piscinas, quadra, campo de futebol, academia, pista de
skate, área para eventos e parque infantil. Nesses equipamentos são desenvolvidas
as aulas de ginástica aeróbica, hidroginástica, boxe e musculação.
Grande parte dos adeptos das atividades desenvolvidas no parque são
residentes do bairro, a academia é o equipamento que tem uma maior frequência de
pessoas que residem em outros bairros, ao contrário da hidroginástica e da ginástica
aeróbica tem como público predominante os moradores local.
41
Figura 05: Área do Parque Aquático Municipal. Fonte: GESPORT
Muito embora o parque aquático seja uma opção de lazer e de espaço para a
prática esportiva gratuita, o mesmo apresenta sinais de desgaste em sua estrutura
física, alguns brinquedos do parque infantil estão quebrados, o alambrado da quadra
enferrujado e com aberturas, dentre outros.
Segundo Gastaldo (2009, p.104), “o simples fato dos equipamentos de lazer
ficarem expostos ao tempo já implica severo desgaste, principalmente estruturas de
madeiras e metal, como brinquedos de parquinhos infantis, cercas e equipamentos
de quadras”.
No parque são oferecidas gratuitamente para a comunidade aulas de
hidroginástica, musculação, ginástica aeróbica e boxe. As piscinas são liberadas
para o público apenas aos finais de semana, é quando o parque funciona
efetivamente como uma opção de lazer para a comunidade, durante a semana as
piscinas são utilizadas para a aula de hidroginástica.
42
Figura 06. Parque aquático do Retiro – aula de hidroginástica. Fonte: GESPORT
Pojuca conta também com um centro de treinamento, espaço destinado para
as aulas de judô, karatê, boxe e jiu-jitsu. Foi dada essa finalidade ao espaço há três
anos, devido ao aumento dos adeptos dessas atividades o que resultou na
necessidade de migrar essas aulas para uma área maior como o CT.
Do cenário esportivo da cidade emergiu alguns atores pojucanos como fruto
das crescentes ações e incentivos esportivo nos últimos dez anos, surgiram vários
atletas que romperam as fronteiras do município e ganharam destaque estadual,
nacional e até internacional.
Podemos citar como exemplo a lutadora Amanda Nunes, primeira baiana a
lutar no segundo maior evento dos EUA (Strikeforce8), conhecida como a Leoa, estar
entre as melhores do mundo e hoje mora nos Estados Unidos onde se prepara para
as lutas.
8 Strikeforce é uma organização norte-americana de MMA.
43
Figura 07. Lutadora Amanda Nunes. Fonte: GESPORT
Luís Inácio Junior é professor de karatê no município, é também o professor
de karatê do Programa Educação pelo Esporte, faz parte da seleção brasileira e
recentemente disputou o Pan-Americano de karatê na Nicarágua e o Sulamericano
em Lima no Peru.
Figura 08. Atleta Luís Inácio Junior. Fonte: Luís Inácio Junior
44
Marily dos Santos é Alagoana, mas reside e treina em Pojuca há mais de 12
anos, em 2008 representou o Brasil na maratona de rua feminina nas Olimpíadas de
Pequim e atualmente, segundo a Confederação Brasileira de Atletismo (CEBAt),
Marily é a primeira colocada do ranking nacional de corridas de rua.
Figura 09. Marily dos Santos. Fonte: GESPORT
Além do destaque de atletas como Amanda Nunes, Luis Inácio Junior e Marily
dos Santos, o município tem sido representado e alcançado bons resultados pelos
jovens alunos do Programa Educação pelo Esporte nas competições estaduais e
nacionais.
Como resultados mais expressivos, é possível destacar a conquista de nove
títulos baianos e um terceiro lugar no brasileiro de boxe. O judô teve o aluno Herbert
Macário como campeão da Copa Salesiano, o karatê tem nove campeões baianos e
atualmente a atleta Carine Lima faz parte da seleção baiana que vai disputar o
campeonato brasileiro.
Essas conquistas são resultados da política de incentivo à iniciação esportiva
cultivada pelo Programa Educação pelo Esporte, que hoje se afirma como principal
ação esportiva desenvolvida no município.
45
5.2 O PROGRAMA PELA ÓTICA DOS GESTORES
Para compreender como o programa foi implementado e é desenvolvido,
foram realizadas entrevistas com o gerente e o coordenador de esportes do
município, aqui os mesmos serão identificados aleatoriamente como A1 e A2.
O Programa Educação pelo Esporte é desenvolvido pela Gerência de
Esportes do município (GESPORT), de acordo com o entrevistado A1 a gerência foi
criada em janeiro de 2009. Já para o entrevistado A2, a gerência foi criada em
janeiro de 2005, mas apenas em 2009 ganhou autonomia.
O Departamento de Esporte, Cultura e Lazer foi criado em janeiro de 2005 e a gerência, possivelmente, foi criada também nessa oportunidade, só que a função não foi determinada a ninguém nesse período. Então, que eu tenha conhecimento, em 2009 é que a gerência chega a uma certa autonomia, a Gerência de Esporte, Cultura e Lazer passa efetivamente a funcionar a partir de janeiro de 2009 (ENTREVISTADO A2).
A GESPORT é composta por um gerente, um digitador (secretário), dois
coordenadores e quatorze9 professores/instrutores. De acordo com o entrevistado
A2:
Inicialmente foi estruturada com um gerente, três coordenadores (professores de educação física), um de esporte de rendimento, um de esporte participação, um de esporte educacional e uma assessora pedagógica, além de um digitador e na oportunidade, eu creio, que 19 instrutores. Hoje nós temos o gerente, um coordenador de esportes, uma assessora pedagógica, um digitador que faz outras atividades também e 15 instrutores.
É possível notar que desde sua criação a GESPORT tem sofrido algumas
modificações em sua estrutura, inicialmente eram desenvolvidas pelo programa 19
atividades para a comunidade, e em um pouco mais de três anos, algumas deixaram
de ser ofertadas, como: jiu-jitsu, bicicross, yoga, massoterapia, skate, atletismo e
xadrez.10
Em consequência do término de algumas atividades, o quadro de
professores/instrutores foi reduzido de 19 para 14, além da saída dos coordenadores
de esporte participação e de esporte de rendimento em 2010, essas funções
passaram a ser desempenhadas pelo gerente de esportes.
9 Embora o entrevistado A2 tenha contabilizado 15 instrutores, o programa conta com apenas 14.
10 Essas atividades deixaram de ser ofertadas devido ao baixo número de adeptos e o bicicross em
conseqüência da dificuldade de manutenção da sua estrutura.
46
O entrevistado A1, afirma que a mudança que ocorreu com a saída dos dois
coordenadores foi a autonomia que os instrutores ganharam, “os instrutores hoje
não se limitam só em trabalhar a modalidade, eles também participam da
coordenação das modalidades que participam, eles planejam, executam, aumentou
um pouco o trabalho”.
O Programa Educação pelo Esporte foi criado em 2009, com a justificativa
que a população jovem da cidade “se ressentem da pouca oferta atual de atividades
culturais e esportivas [...]” (POJUCA, 2009). O programa hoje é a principal ação
desenvolvida pela GESPORT e também a maior manifestação esportiva do
município.
O programa foi concebido no início dessa gestão como forma de abranger os projetos que existiam individualmente, existiam projetos de iniciação esportiva, de formação de equipes e alguns na área de fitness, a gente resolveu criar uma estrutura que abrigasse essas iniciativas, embora elas tinham na gestão anterior uma certa organização em forma de programa, já foi um avanço em relação a anteriormente que eram projetos desarticulados (ENTREVISTADO A2).
Segundo o entrevistado A1, o projeto desenvolvido pela gestão anterior foi
utilizado “modificando aquilo que a gente detectou que não estava atingindo o êxito
planejado e aproveitando aquilo que estava dando certo, estava tendo resultado”.
O entrevistado A1, relata que inicialmente foi feita uma pesquisa de campo de
tudo que acontecia na área esportiva da cidade e criou três linhas de atuação, sendo
elas: esporte educacional, esporte participação e esporte de rendimento.
Consequentemente, foram criadas as coordenações dessas três linhas de
atuação, “onde colocamos professores de educação física para coordenar e
contamos com a coordenadora pedagógica para fazer o trabalho entre os projetos e
as escolas, para dá uma ênfase pedagógica”, (ENTREVISTADO A1).
Embora, no projeto a criação do programa se justifique pela pouca oferta de
atividades esportivas no município, é possível perceber na fala dos gestores a
existência de um outro programa esportivo desenvolvido pela gestão anterior11, o
que é fortalecido pela fala do entrevistado A1, quando afirma que modificou no
programa anterior apenas o que não estava obtendo o êxito planejado.
11
Na gestão anterior era desenvolvido o Programa Pratique Saúde, que também oferecia para a
comunidade pojucana atividades esportivas regulares, tendo como diferença em relação ao atual programa os espaços onde as aulas aconteciam, que prioritariamente, eram nas quadras e praças do município e o Programa Educação pelo Esporte prioriza como espaço de atuação a escola.
47
Quando questionados sobre qual é a proposta do programa os entrevistados
apresentaram respostas evasivas. O entrevistado A1 diz que “a proposta é despertar
na comunidade um senso crítico em conjunto com a prática saudável, favorecendo
aos pojucanos uma vida harmoniosa e feliz”. Segundo o entrevistado A2, “a
proposta é que a gente conseguisse além de ensinar o esporte, ensinar sobre o
esporte e ensinar pelo esporte, essa é a proposta, o que tá no documento em versão
original”.
A fala do entrevistado A2 quando diz que a proposta de ensinar através do
esporte é “o que tá no documento em versão original”, nos leva a pensar que talvez
não seja o que acontece na prática, no seu desenvolvimento. Essa inquietação será,
possivelmente, sanada mais à frente na análise das entrevistas dos professores.
Na tentativa de compreender melhor qual é a proposta do programa os
entrevistados foram questionados sobre quais são os objetivos do mesmo, para o
entrevistado A2:
[...] e o objetivo do projeto, ele se articula em três linhas, tem a linha de iniciação esportiva que é esporte educar, a linha de fitness que é vida ativa e uma linha de educação física escolar que começou a funcionar em 2009 em uma unidade escolar e hoje já atende oito unidade escolar e cerca de 2000 alunos, é uma das coisas que eu acho que ta funcionando mais certo aqui e melhor.
O entrevistado A1 foi mais claro em sua definição, e segundo ele o programa
“tem como principal objetivo proporcionar a comunidade pojucana uma prática
esportiva saudável, favorecendo assim, uma melhoria da qualidade de vida da
comunidade”.
Proporcionar qualidade de vida aos seus participantes é uma das justificativas
que fundamentam os programas sócio esportivos, principalmente, aqueles que
trabalham com grupos intergeracionais. Segundo Melo (2001, p.2), na virada do
século XIX para o XX, a relação entre a atividade física e a saúde passou a ser
considerada questões fundamentais para a prática esportiva. E ainda continua
predominante, dentre outras funções delegadas ao esporte.
Ainda de acordo com o entrevistado A1, o programa conta com cerca de
1.730 pessoas matriculadas entre crianças, adolescentes, adultos e idosos. Essa
afirmativa diverge com a fala do entrevistado A2 quando diz que “atualmente nós
atendemos cerca de 2.000 na educação física escolar e 956 nas outras áreas”.
Entendo por outras áreas as atividades desenvolvidas pelo programa,
considerando que a educação física escolar não faz parte do mesmo, desde 2009
48
através da parceria firmada entre o Departamento de Educação e a GESPORT, a
educação física escolar acontece para os alunos das séries iniciais das escolas do
município, tendo como um dos seus objetivos facilitar a adesão ao programa pelas
crianças a partir de quatro anos.
Sendo assim, é possível mais uma vez notar um desencontro nas
informações dos gestores, quando A1 afirma que o programa conta com 1.730
pessoas matriculadas e A2 diz que atende 956, nos permite chegar a conclusão que
há uma evasão de aproximadamente 50% dos alunos matriculados.
São oferecidas para a comunidade pojucana treze atividades, sendo elas:
judô, karatê, boxe, capoeira, vôlei, basquete, handebol, futsal, futebol,
macroginástica, hidroginástica, ginástica para terceira idade e musculação.
Essas aulas são desenvolvidas em espaços públicos como estádio municipal,
campos de futebol dos bairros, centro de treinamento, sala do DECLA (antigo prédio
do Departamento de Esporte, Cultura e Lazer do município), parque aquático do
município e nas quadras das praças municipais, além das Escolas Castelo Branco e
Luis Eduardo Magalhães.
O programa atende pessoas de 4 a 80 anos de todas as faixas sociais, suas
atividades acontecem de duas a três vezes por semana (com a exceção da
academia que funciona de segunda a sexta), com duração de até 60minutos por
aula.
Quanto à equipe de trabalho e sua legitimidade profissional, o programa é
composto por ex-atletas, estudantes e professores de educação física. Destes são
sete ex-atletas, quatro estudantes e seis professores (incluindo o gerente, a
coordenadora pedagógica e o coordenador de esporte educacional).
Sobre a existência de algum programa de capacitação para os
professores/instrutores, A1 afirma que são realizados no início do ano, “damos
noções de primeiros socorros e reuniões periódicas para discutir o andamento das
atividades. Esse ano ainda não aconteceu, nos anos anteriores a gente fazia”.
Inicialmente até 2009, nós tínhamos um programa interno, em que nós mesmos tocávamos (os coordenadores e a assessora pedagógica) essa formação, e chegamos a convidar na oportunidade uma professora pra fazer essa formação também, mas de 2011 pra cá, porque o quadro da gerência esvaziou e outros fatores também, e hoje esse programa de formação é muito prejudicado, não existe (ENTREVISTADO A2).
O programa firmou parceria com a Superintendência dos Desportos da Bahia
(SUDESB), que fornece os materiais esportivos utilizados. A2 afirma que o primeiro
49
convênio foi celebrado em dezembro de 2009 e está sendo renovado este ano. A1
complementa informando que todo recurso necessário, com exceção dos materiais
esportivos, são obtidos através da prefeitura municipal.
É possível entender como se organizam as fontes de recursos do programa
na fala de A2, “a prefeitura mantém a estrutura da gerência, paga os instrutores, e a
SUDESB fornece os recursos (material esportivo e uniforme)”.
Diante do exposto até aqui, do possível entendimento de quem administra o
programa, como ele é estruturado, como se desenvolve, a quem atende, qual a sua
proposta e seus objetivos, passa a ser relevante a compreensão sobre as principais
dificuldades encontradas para implementação do programa e sobre a prática
esportiva no município após a criação do mesmo.
Sobre as dificuldades encontradas para a implementação do programa, de
acordo com A2:
As coisas acontecem muito em função da cultura, então em uma época que nós tivemos a cultura esportiva mais forte na cidade, nas escolas, as pessoas aderiram o programa de iniciação esportiva com mais facilidades, mas essa cultura se perdeu um pouco, por exemplo, os últimos jogos escolares no município foi em 2003, lá se vão nove anos, jogos internos só uma escola que eu saiba ainda realiza, a Escola Maria Carvalho. Então isso faz com que as pessoas sejam solicitadas pra outros cantos que não a atividade esportiva, a gente faz a divulgação, mas tem muita dificuldade em promover a adesão e promover a permanência.
Para o entrevistado, é preciso retomar os jogos internos das escolas, ter um
calendário de competições na cidade, trabalhar mais divulgação e participar de jogos
intermunicipais.
Segundo A1, a dificuldade inicial foi motivar os adolescentes a partir de 12
anos para a prática de atividade física, para ele a disputa com vídeo game e o
sedentarismo dificultou bastante o trabalho no início. Diante do exposto o
entrevistado afirma que:
Começamos então, a captar crianças mais jovens a partir de quatro anos para que pudéssemos colocar a prática esportiva na vida deles, com essa ação começamos a criar dentro da cidade crianças com raízes esportivas, e consequentemente, os resultados começaram a aparecer de forma mais satisfatória.
De acordo com o projeto, “o programa pretende abranger a sede do município
e uma parcela da zona rural” (POJUCA, 2009). Embora não tenha sido citada como
uma dificuldade pelos entrevistados, o programa até então, não conseguiu atender
e/ou desenvolver atividades na zona rural do município.
50
O entrevistado A1 justifica que tem dificuldade de transporte, já que a
GESPORT não possui um carro destinado para as suas possíveis necessidades,
dificultando o deslocamento dos instrutores para as localidades da zona rural.
Quanto ao cenário esportivo na cidade após a criação do programa, para A1
houve uma evolução porque os espaços destinados para a prática esportiva no
município eram utilizados de forma errada, “onde nossos jovens tinham o espaço,
mas não tinham orientação, hoje contamos com profissionais capacitados, materiais
adequados e o esporte é trabalhado de forma pedagógica, favorecendo assim, o
desenvolvimento de uma cultura esportiva no município”. Segundo A2:
A iniciação esportiva cresceu, os dados que nós temos até 2008 apontaram 720 pessoas, então podemos dizer que cresceu porque nós chegamos em 2009 a 1.100, no ano seguinte chegamos a 1.310 e no final, em 2011 chegamos a 1.610 que foi o pico de participação que nós tivemos, fora a educação física escolar. Então a gente mais que dobrou em relação a 720, mas a gente se ressente muito de atividades que dessem continuidade a iniciação, não ter conseguido realizar competições a nível municipal, como participar de competições intermunicipais, exceto o futebol que como sempre é extremamente privilegiado em relação aos outros esportes, acho que o futebol carreia aqui 80% dos investimentos e outros esportes 20%.
De acordo com o entrevistado A1, se o município tivesse a secretaria de
esporte o trabalho certamente seria mais eficiente, “pois a gente tendo recursos
específicos para planejar as nossas atividades a gente poderia ter resultados
melhores”.
É possível perceber o crescimento da prática esportiva no município, assim
como, uma forte influencia do Programa Educação pelo Esporte nesse aspecto, o
que não se traduz apenas em número de participantes, mas principalmente, na
qualidade e no objetivo do que é proposto.
5.3 O PROGRAMA PELA ÓTICA DOS PROFESSORES
A partir do discurso dos gestores no que diz respeito a implementação,
proposta e desenvolvimento do Programa Educação pelo Esporte, surge a
necessidade de compreender quem são os profissionais que concretamente fazem o
programa acontecer, quais os objetivos das aulas, as dificuldades encontradas, etc.
Foram entrevistados onze professores dos quatorze que fazem parte do
programa, optei por conferir a cada um dos entrevistados um código que permite a
identificação dos mesmos como Professor A, Professor B, Professor C, e assim
51
sucessivamente, na perspectiva de evitar que a identificação dos professores
pudesse levar a um prejulgamento dos argumentos e pontos de vista.
Inicialmente, solicitei aos professores que falassem sobre a sua trajetória
profissional, mais especificamente sobre a sua formação.
QUADRO 2 - FORMAÇÃO PROFISSIONAL DOS PROFESSORES
QUANTO A FORMAÇÃO PROFISSIONAL DOS PROFESSORES:
ATÉ O ENSINO MÉDIO
Professor “A”, Professor “D”,
Professor “G”, Professor “H” e
Professor “J”.
ESTUDANTES DE EDUCAÇÃO FÍSICA
Professor “C”, Professor “E” e
Professor “I”.
PROFESSORES DE EDUCAÇÃO FÍSICA
Professor “B”, Professor “F” e
Professor “K”.
No que tange a legitimidade profissional dos professores, podemos perceber
que a maioria não são formados em Educação Física, dos onze professores
entrevistados os cinco que estudaram até o ensino médio são ex-atletas, três são
estudantes de Educação Física e três professores formados.
Dos professores formados, um é graduado em Pedagogia e fez pós-
graduação em Metodologia do Ensino da Educação Física Escolar, os outros dois
formados em Educação Física e um deles possui especialização em Fisiologia do
Exercício.
Para Linhales (et al, 2008, p. 26), ser ex-atletas ou ter uma certa vivência no
esporte são aspectos que facilitam e são considerados importantes para a inserção
no meio. Ainda de acordo com os autores, “nesse caso, a competência profissional
para a realização das ações parece ser medida prioritariamente pela inserção no
mundo esportivo”.
Mesmo a maioria dos professores do programa não tendo formação
acadêmica em Educação Física, houve um grande avanço no número de estudantes
e professores formados atuando na gerência. Segundo o Gestor A1, no início da
52
gestão foi colocado como prioridade a contratação de profissionais da área e na
época o programa chegou a contar com cinco estudantes e três professores de
Educação Física, desses cinco estudantes dois já concluíram o curso.
Complementando a pergunta sobre a formação profissional, os entrevistados
foram questionados sobre o tempo de atuação na área, por acreditar que essas
informações serão relevantes para a compreensão das respostas dos
questionamentos subsequentes.
QUADRO 3– TEMPO DE ATUAÇÃO NA ÁREA
TEMPO DE ATUAÇÃO NA AREA:
ATÉ 5 ANOS
Professor “C”, Professor “F”,
Professor “G”, Professor “H” e
Professor “I”.
MAIS DE 5 ANOS
Professor “A”, Professor “B”,
Professor “D”, Professor “E”,
Professor “J” e Professor “K”.
No que diz respeito ao tempo de atuação dos professores, a maioria já atua
na área há bastante tempo e são representados, majoritariamente, pelos ex-atletas.
Quanto aos professores que atuam na área a menos de cinco anos, todos tiveram a
oportunidade de iniciar a vivência como professor a partir do Programa Educação
pelo Esporte.
Até aqui é possível perceber o perfil profissional dos entrevistados, e
consequentemente, dos professores que atuam no programa. As próximas
informações serão apresentadas na tentativa de entender se a proposta e o
desenvolvimento do programa de fato acontece como consta em seu projeto e foi
relatado pelos gestores.
QUADRO 4 – QUAIS SÃO OS OBJETIVOS DAS AULAS
OBJETIVOS DAS AULAS:
INICIAÇÃO ESPORTIVA
Professor “K”
53
INCLUSÃO SOCIAL
Professor “A”, Professor “E”,
Professor “G”, Professor “H” e
Professor “J”.
PROPORCIONAR QUALIDADE DE VIDA
Professor “B”, Professor “C”,
Professor “E” e Professor “I”.
EDUCAR ATRAVÉS DO ESPORTE
Professor “D” e Professor “F”.
No que se refere aos objetivos das aulas, é possível perceber claramente nos
discursos dos professores, o que eles pretendem obter através das suas aulas e
qual o sentido dado a elas. A maioria tem como objetivo a inclusão social e
proporcionar qualidade de vida, o que pode ser ratificado nas falas a seguir.
Segundo o Professor “H”, o objetivo das suas aulas é “tirar os meninos da
rua para que eles possam ser algo no futuro”. O Professor “A” tem como objetivo
“fazer cidadão de bem, fazer atleta de competição, trabalhar contra a violência e
contra a droga”. “J” relata que tenta “tirar os alunos da rua e fazer se interessar
mais pelo esporte”.
Concordo com Linhales (et al. 2008, p. 33), ao afirmar que “esse olhar
“salvacionista” confere ao esporte um poder maior do que ele realmente tem”. E isso
é constantemente massificado nos discursos proliferados pelo senso comum.
Dentre os professores que apresentam como objetivo de suas aulas
proporcionar a qualidade de vida destaca-se a fala dos Professores “C e I”. Para
“I”, o objetivo de suas aulas é “proporcionar qualidade de vida ou promoção à
saúde, tentando desconstruir o que a mídia mais focaliza, estética!”. Nessa mesma
linha “C” afirma que seu objetivo é orientar as pessoas “para que possam ter bons
hábitos, como ser ativos fisicamente. Salientando a importância da atividade física
no nosso dia a dia”.
Ainda de acordo com Linhales, ao ser relacionado com a promoção da saúde,
fica claro o entendimento do esporte como uma forma de prevenção de doenças,
“atribuindo a ele um papel relevante e funcionalista que tende inclusive a isolar o
debate sobre a saúde de outros fatores de ordem social”.
Educar através do esporte é o objetivo principal das aulas dos Professores
“F e D”, convincentemente traduzido na fala de “F” quando diz que “o objetivo
principal é a formação humana, qualificação para atuação em sociedade de forma
54
crítica. Sendo o trabalho desenvolvido a partir das relações interpessoais,
consciência de grupo, partindo do esporte como base para essas questões”.
As respostas apresentadas pelos professores são características das áreas
de atuação dos mesmos. Os professores das atividades de fitness trazem como
objetivo de suas aulas a qualidade de vida, os professores de lutas (em sua maioria)
objetivam a inclusão social e os professores de esportes coletivos têm como objetivo
principal de suas aulas educar através do esporte.
Diante do exposto, podemos recorrer a discursão sobre o significado do
esporte em projetos sócios educacionais realizada nos capítulos anteriores. O
esporte pode ser uma eficaz ferramenta para os sentidos frequentemente atribuídos
a ele, assim como, para os objetivos imputados a sua prática, mas não tem em si
uma essência salvadora.
Quando no relato de alguns professores é possível perceber o objetivo de
afastaras pessoas das drogas e tirá-las da rua, precisamos entender que essa não é
uma tarefa fácil e que certamente necessita de uma prática esportiva orientada, uma
prática amparada pelos princípios da educação, acima de tudo, na perspectiva da
educação para o desenvolvimento humano.
QUADRO 5 – ESPAÇOS DESTINADOS PARA AS AULAS
OS ESPAÇOS DESTINADOS PARA O DESENVOLVIMENTO DAS AULAS SÃO
ADEQUADOS?
SIM
Professor “B”, Professor “C”, Professor “D”,
Professor “E”, Professor “F”, Professor “G”,
Professor “H”, Professor “J” e Professor “K”.
NÃO
Professor “A” e Professor “I”.
Para a maioria dos professores, o espaço onde suas aulas são desenvolvidas
é adequado para a atividade. Alguns relatam que precisam de poucos reparos, a
exemplo do Professor “J”, que classifica o espaço como bom, mas diz: “no meu
espaço eu preciso que melhore o tatame”. Já o Professor “F”, relata dificuldades na
utilização de um espaço que pertence a uma escola estadual e admite acontecer
choques de atividades da escola e do programa.
55
Eu considero o espaço destinado para as aulas bom, porém, por se tratar de uma parceria entre o governo municipal e o governo estadual, já que o espaço de treino é uma escola estadual, em alguns momentos o trabalho não flui como deveria, a exemplo, atividade realizada na escola no espaço da quadra sem a devida notificação (PROFESSOR “J”).
Outros professores estão bastante satisfeitos com os espaços, o Professor
“H” relata que “lá não tenho o que questionar não, o espaço lá é nota dez, tem até
área para os atletas pegar condicionamento físico”. De acordo com “C” “o espaço
destinado para as atividades é apropriado, é um espaço amplo, cabe os
equipamentos, tem espaço suficiente”. Corroborando com essas afirmativas “D” diz
que “os espaços oferecem condições de desenvolver bem a aula”.
Mas essa não é uma realidade para todos, de acordo com os Professores “A
e I” os espaços onde suas aulas acontecem não oferecem condições adequadas de
limpeza e de estrutura. O Professor “I” classificou o espaço como péssimo, “falta
limpeza no espaço, pintura no lado interno e externo e manutenção na iluminação”.
Já o Professor “A” apresenta o seguinte posicionamento:
Rapaz eu vou dizer a você, viu. Não vou mentir, meu espaço não dá pra nada, estou lá porque não tem jeito. O espaço é pequeno, queria ter um espaço maior, não cabe o material completo que seria da modalidade, tenho que dividir turma.
Segundo Linhales (2008, p.30), é preciso pensar para além das construções e
prevê ações de manutenção frequente dos espaços e equipamentos, garantindo
assim, condições para que as atividades desenvolvidas possam ter continuidade.
Como as atividades do programa são desenvolvidas em vários espaços, é
possível que alguns não ofereçam condições adequadas para a realização das
atividades, nas observações feitas em algumas aulas foi possível perceber que a
maioria dos núcleos onde as aulas acontecem apresentam uma boa estrutura física,
o que não anula o relato dos Professores “A e I”, até porque, essas aulas não
foram observadas.
QUADRO 6– DIFICULDADES ENCONTRADAS
QUAIS AS DIFICULDADES ENCONTRADAS PARA DESENVOLVER SUAS
AULAS?
ESPAÇO FÍSICO
Professor “A”, Professor “K” e
Professor “E”.
56
MATERIAIS
Professor “A”, Professor “C”,
Professor “K”, Professor “E”,
Professor “D”, Professor “B” e
Professor “J”.
FALTA DE REUNIÃO; JOGOS;
TRANSPORTE.
Professor “A”, Professor “C”,
Professor “D”, Professor “H”,
Professor “F” e Professor “I”.
A maioria dos entrevistados apresentam mais de uma dificuldade para
desenvolver suas atividades, a exemplo dos Professores “A, C, D, E e K”. De
acordo com os professores o que mais dificulta o desenvolvimento das suas
atividades é a falta de transporte, não realização de eventos, falta de reunião e de
materiais.
Essas dificuldades são destacadas no discurso dos entrevistados quando
questionados sobre qual sugestão apresentaria para qualificar ainda mais o
programa.
Para o Professor “C”, “seria necessário que houvesse um contato maior da
parte administrativa para com os professores do programa, para dá suporte naquilo
que está faltando, para que de fato o programa tenha uma boa visibilidade (havendo
planejamento de ambas as partes)”.
Já para o Professor “D”, “Deveria ter mais reuniões para que cada um
pudesse fazer suas cobranças, porque durante os três anos de programa só teve
três reuniões”. O Professor “E” apresenta como sugestão: “treinamento
metodológico desenvolvido por profissionais habilitados ou pagamentos de taxas
para que os profissionais envolvidos no programa possa ta se qualificando para
melhor atender os alunos”.
Professor “I” sugere “realização de reuniões mensais, programa de
capacitação, uma visão diferenciada do gestor não focalizando apenas algumas
modalidades, mas sim a todas e deveria acontecer eventos semestrais”. Segundo o
Professor “H” “a cidade precisa de um ginásio de esporte para que todas as
modalidades pudessem competir”.
De acordo com o Professor “K” as sugestões são “busca de parceiros,
parceria com a iniciativa privada, intensificar a parceria com o poder público estadual
57
e federal, através dos programas de incentivo ao esporte”. O Gestor A1, ratifica essa
afirmativa quando apresenta como uma das sugestões para qualificar o programa
parceria com o governo federal e com empresas privadas.
Como nosso programa é extenso, os custos são elevadíssimos e com o passar dos anos nossos alunos estão cada vez mais melhorando sua performance e começando a se destacar no cenário estadual e nacional, precisamos de recursos para que os mesmos possam dá continuidade ao seu processo de evolução [...].
Através dos relatos dos professores, é possível identificar que algumas ações
propostas pelo programa e citadas pelos gestores não acontecem, como exemplo
mais presente nas falas, a realização de reuniões periódicas e cursos de
capacitação. Vale a ressalva que a qualificação dos “instrutores” está previsto no
projeto como um indicador de avaliação do programa, embora, não tenha acontecido
desde 2011.
De acordo com Veiga (2009, p. 27), a formação de professores “é uma ação
contínua e progressiva que envolve várias instâncias, e atribui uma valorização
significativa para a prática pedagógica, para a experiência como componente
constitutivo da formação”.
Portanto é relevante uma política de formação dos profissionais envolvidos
com o programa, não só por ser essa uma forma de avaliação prevista, mas por
possibilitar, o encontro, o desencontro, aprimoramento e socialização das
experiências vivenciadas.
QUADRO 7 – PARTICIPAÇÃO DOS ALUNOS EM COMPETIÇÕES
OS ALUNOS PARTICIPAM DE COMPETIÇÕES?
SIM
Professor “A”, Professor “D”, Professor “E”,
Professor “F”, Professor “G”, Professor “H” e
Professor “K”.
NÃO
Professor “B”, Professor “C”, Professor “I” e
Professor “J”.
Apenas as atividades da área do fitness não participam de competições, as
demais participam desde intercambio esportivos a competições oficiais. Para o
Professor “G” o objetivo do treino também é preparar para jogar, Professor “E”
58
relata que “a princípio eles treinam para ocupar seu espaço no horário oposto da
escola, visando a questão educacional disciplinar, porém, quando alguns deles se
destacam e tem o interesse de participar de competições tendo autorização dos
pais, eles participam”.
O programa tem alguns alunos que se destacam no cenário esportivo
municipal, estadual e até nacional. Isso acontece em maior proporção e com mais
frequência com as atividades de lutas, que já consagraram em suas devidas
categorias, campeões estaduais e nacionais de boxe, jiu-jitsu e karatê.
QUADRO 8 – A IMPORTÂNCIA DO PROGRAMA PARA OS ALUNOS
QUAL A IMPORTÂNCIA DO PROGRAMA PARA SEUS ALUNOS?
CONTRIBUIR NA EDUCAÇÃO E NA FORMAÇÃO
DE CIDADÃOS
Professor “A”, Professor “D”,
Professor “F”, Professor “I” e
Professor “J”.
PROPORCIONAR QUALIDADE DE VIDA
Professor “B”, Professor “C” e
Professor “K”.
VISIBILIDADE NA SOCIEDADE
Professor “G” e Professor “H”.
A concepção de poder contribuir para a educação e a formação cidadã dos
alunos está muito presente no discurso dos entrevistados. O Professor “J” fala que
o programa “contribui na formação deles como cidadão, noção de respeito à
cidadania, abolindo a violência, discriminações e exclusões”. Essa fala é fortalecida
pelo Professor “F” quando diz: “acredito ter contribuído com essa atividade para a
formação cidadã dos alunos, já que o espaço para a prática do esporte torna-se,
também, um espaço para a prática da cidadania”.
Para alguns entrevistados, o programa tem sido importante para os alunos
por proporcionar qualidade de vida para os mesmos. De acordo com o Professor
“C” “a conscientização da importância da atividade física, como aliado que trará
benefícios para sua vida a longo prazo, quando feito corretamente”, é relevante para
a vida dos alunos. Já o Professor “K” diz que o programa é importante por
incentivar “uma prática de hábitos saudáveis, uma melhoria para a qualidade de
vida[...]”.
59
Para outros, o programa se tornou importante por apresentar para a
sociedade os alunos que se destacam no esporte, essa afirmação pode claramente
ser percebida na fala do Professor “H”, que relata: “a importância do programa
para eles é quase a mesma minha, muitos deles que competem é bastante querido
pela população e admirados, e eles sem dúvidas são muito felizes com isso”.
O discurso dos entrevistados ao relatar que o programa se torna importante
para os alunos, contribuindo para a formação cidadã e proporcionando qualidade de
vida para os mesmos, ratifica o que consta no projeto do Programa Educação pelo
Esporte.
[...] esperamos que esta iniciativa possibilite aos jovens residentes em
Pojuca serem protagonistas, estabelecendo um projeto de vida, desenvolvendo o senso crítico e a capacidade de tomar decisões numa perspectiva cidadã e solidária, aprendendo a resolver conflitos sem recorrer à violência e adotando um estilo de vida ativo e saudável (POJUCA, 2009, p.3).
Azevedo e Malina (2009, p.2), relata ser comum a ideia adotada nos projetos
sócio esportivos de formar cidadãos pelo esporte, que são em sua maioria
implantados na perspectiva de resolver ou minimizar problemas sociais através do
esporte. Vale o questionamento se o esporte concebido a partir dessa concepção
não se torna um instrumento alienante para a sociedade.
QUADRO 9 – A IMPORTÂNCIA DO PROGRAMA PARA OS PROFESSORES
QUAL A IMPORTÂNCIA DO PROGRAMA PARA A SUA FORMAÇÃO
PROFISSIONAL?
CRESCIMENTO E CAPACITAÇÃO
PROFISSIONAL
Professor “B”, Professor “C”,
Professor “D”, Professor “E”,
Professor “F”, Professor “G”,
Professor “I”, Professor “J” e
Professor “K”.
OUTROS MOTIVOS
Professor “A” e Professor “H”.
Para os Professores “A e H”, o programa é importante financeiramente e por
ter proporcionado visibilidade como pessoa. “A” afirma que “o programa ajudou me
dando um salário para me manter com o programa, fortalecendo a ajuda de espaço,
de materiais, de educação, trazendo o esporte para formar um projeto de educação”.
60
Já para “H”, “na minha vida é maravilhoso porque eu fiquei bastante querido na
cidade e isso é muito importante na minha vida, só no fato de eu passar e os alunos
me chamar de professor, isso aí pra mim é gratificante, eu me sinto muito
orgulhoso”.
Na verdade, para a grande maioria o programa teve uma grande contribuição
na capacitação e crescimento profissional. O Professor “F” diz: “para minha
formação profissional foi de extrema importância no tocante ao exercício da
docência, assim como, a promoção da relação teoria e prática, posso afirmar que o
espaço destinado a mim serviu de campo de observação e análise do trabalho
docente”. Segundo o Professor “K”:
Foi uma experiência muito importante pela faixa etária de idade que está sendo trabalhada, que me estimulou a criar e buscar novos métodos e maneiras de dá aula, principalmente para as faixas etárias menores de 7 anos e a necessidade de crescer tanto profissionalmente, quanto no aspecto pessoal.
Para “C” o programa “além de proporcionar uma grande experiência na área,
me ajudou também a saber lidar com determinadas situações me fazendo crescer,
na verdade, como profissional e como ser humano”. O Professor “B” diz: “este
programa tem me proporcionado crescimento profissional desde o início, me
incentivando à pesquisa, leitura, há uma troca de conhecimento entre os
profissionais e também entre os alunos”.
É possível perceber no discurso dos professores o reconhecimento de ter
aprendido e crescido diante dos obstáculos encontrados, de afirmação de um
espaço que para muitos foi oportunizado o início a docência, o Programa Educação
pelo Esporte proporcionou a seus professores o desafio de aprender quando se
imaginava que apenas ensinaria.
Mas ainda é notável, a centralização da administração e a não participação
direta dos professores na avaliação do programa, assim como, na construção de
caminhos que qualifiquem o mesmo. O que caracteriza uma gestão que atua de
forma verticalizada, não possibilitando de forma concreta a intervenção daqueles
que de fato tem conhecimento do público atendido, suas necessidades, suas
limitações, etc.
61
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O presente estudo teve como objeto de pesquisa o Programa Educação pelo
Esporte do município de Pojuca-Ba, na perspectiva de compreender como o
programa foi implementado e como é desenvolvido, a partir do levantamento de
dados que fundamentam a criação do mesmo, além de identificar a aplicabilidade ou
não do que é proposto pelo programa.
A partir dos relatos dos gestores, professores e acesso ao documento que
justifica a criação do programa, foi possível compreender que o mesmo apresenta
uma grande defasagem entre o que é formalmente proposto e como de verdade se
desenvolve. Muitas propostas o programa não conseguiu concretizar, a exemplo, da
carência de atividades esportivas na zona rural que era um dos objetivos almejados
em sua criação.
O descompasso continua acerca das propostas como implantar o programa
nas escolas em consonância com o projeto político pedagógico e acompanhar a vida
escolar dos estudantes, a reativação dos jogos escolares do município, a formação
continuada dos instrutores, reuniões periódicas, etc.
Diante dos relatos dos professores fica perceptível a lacuna existente entre os
gestores e os professores do programa, que em sua maioria traz a falta de reuniões
e capacitações como falhas, ao mesmo tempo em que apresentam como sugestão
para uma gestão mais qualificada e participativa.
As reuniões periódicas são de extrema importância para o bom
desenvolvimento das atividades, esse se torna o momento propício para expor as
dificuldades encontradas, planejar ações, socializar experiências, um momento de
oportunizar a construção de uma política mais participativa e com certeza mais
eficiente e direcionada para seu público, a partir da ótica de quem está em contato
direto com ele no dia a dia.
No que tange aos números de participantes apresentados pelos gestores,
chego à conclusão que o programa sofre uma grande evasão, dos 1.730 alunos
matriculados apenas 956 frequentam as aulas, dados contabilizados pelo programa
através das folhas de acompanhamento que cada professor utiliza.
A privação de organização e participação em eventos esportivos pode ser
uma das prováveis justificativas para a oscilação da frequência dos alunos, partindo
do pressuposto de quem treina quer jogar. Assim como, a ausência de reuniões e
62
cursos de capacitação pode ser fruto da limitação do setor administrativo do
programa após a saída de dois coordenadores em 2010, a partir daí as reuniões
passaram a ser cada vez menos frequentes até não mais acontecer a partir de 2011.
O programa é de tamanha importância para os agentes que nele atuam,
oportunizando para alguns o início à docência, e mesmo diante das dificuldades
apresentadas é possível notar o quanto o mesmo contribui para a formação dos
professores.
Na perspectiva de colaborar com o programa acredito ser de extrema
relevância um planejamento coletivo, descentralizado, que possibilite aos
professores autonomia de contribuir para o sucesso das suas atividades para além
da execução das aulas. Um acompanhamento mais efetivo da coordenadora
pedagógica, para que possa junto com os professores pensar possibilidades de
otimizar suas intervenções.
Apresento como sugestões mais emergenciais a retomada das reuniões
periódicas, a realização de eventos esportivos, capacitação profissional (mesmo que
seja no formato inicial do programa quando acontecia anualmente),
acompanhamento e controle mais eficaz da frequência dos alunos.
No que diz respeito à importância o programa, é sem dúvida, muito relevante
para a sociedade pojucana, apesar das dificuldades encontradas em sua estrutura, a
entrega dos profissionais envolvidos, o trato com os alunos e o desenvolvimento das
aulas, amenizam as eventuais dificuldades encontradas.
Por isso, acredito ter contribuído significativamente para uma possível
reflexão acerca das necessidades de mudança e de possíveis estratégias para
retomar e concretizar as ações propostas qualificando ainda mais o programa.
Diante do exposto, não foi possível contemplar nessa pesquisa a
apresentação do programa a partir da ótica dos alunos, o que permite a
possibilidade da realização de novas pesquisas a fim de ampliar a discussão sobre
esse objeto de estudo.
63
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APÊNDICES
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UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA
DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO – CAMPUS II
CURSO DE LICENCIATURA EM EDUCAÇÃO FÍSICA
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Eu_____________________________________________________, CPF ___________________, declaro, por meio deste termo, que concordei em ser entrevistado(a) na pesquisa de campo referente a elaboração do trabalho de conclusão de curso intitulado ESTUDO SOBRE O PROGRAMA EDUCAÇÃO PELO ESPORTE DO MUNICÍPIO DE POJUCA-BA desenvolvido pela discente Alani Santos de Oliveira.
Afirmo que aceitei participar por minha própria vontade, sem receber qualquer incentivo financeiro e com a finalidade exclusiva de colaborar para o sucesso da pesquisa.
Minha colaboração se fará de forma anônima, por meio de entrevista semi-
estruturada gravada a partir da assinatura desta autorização. O acesso e a análise
dos dados coletados se farão apenas pela pesquisadora, sendo divulgados apenas
os dados diretamente relacionados aos objetivos da pesquisa.
_____________________________, ____ de _________________ de _____
Assinatura do(a) participante: ______________________________
Assinatura da pesquisadora: ____________________________
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UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA
DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO – CAMPUS II
CURSO DE LICENCIATURA EM EDUCAÇÃO FÍSICA
Entrevista aos professores
1. Qual é a sua formação?
2. Em que modalidade você atua?
3. Há quanto tempo atua na área?
4. Qual a faixa etária dos seus alunos?
5. Quais são os objetivos do seu trabalho?
6. Como você avalia o espaço destinado para a realização das aulas?
7. Seus alunos participam de competições ou treinam para competir? Que
resultados foram alcançados com os alunos?
8. Qual a importância do Programa Educação pelo Esporte para a sua formação
profissional e a formação dos alunos?
9. Quais as principais dificuldades encontradas na realização do trabalho? Que
sugestões apresentaria para qualificar ainda mais o programa?
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UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA
DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO – CAMPUS II
CURSO DE LICENCIATURA EM EDUCAÇÃO FÍSICA
Entrevista ao gerente e coordenador
1. Quando foi criada e como é estruturada a Gerência de Esportes?
2. O que é o Programa Educação pelo Esporte? Qual é a proposta do
programa?
3. Quantas pessoas são atendidas pelo programa? Que tipo de público o
programa atende? Qual a periodicidade das atividades?
4. Como é composto o quadro de professores do programa? São ex-atletas,
estagiários, professores de educação física? Existem programas de formação
destes agentes?
5. Quantas modalidades esportivas são desenvolvidas pelo programa? Quais
são? Onde as atividades são desenvolvidas?
6. O programa tem parcerias com setores públicos ou privados? Qual?
7. Quais são as fontes de recursos para a efetivação do programa?
8. Como o senhor analisa a prática esportiva após a criação do Programa no
município?
9. Quais as principais dificuldades para implementação do Programa e que
sugestões apresentaria para qualificar o referido?
72
10. Existe algum ponto que não foi abordado nesta entrevista e que o senhor
gostaria de tratar?