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Estudo umérico do Desempenho de uma Célula de Combustível de Carbonato Fundido Projecto de 5º Ano da Opção de Energia Térmica Mestrado Integrado em Engenharia Mecânica Julho 2008 Aluno: Luís Miguel Ribeiro Pinto de Azevedo Carvalho Orientador: Carlos Manuel Coutinho Tavares de Pinho

Estudo umérico do Desempenho de uma Célula de Combustível de … · pressão e temperatura de operação. Para se perceber melhor o que é exactamente uma célula de combustível

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Estudo umérico do

Desempenho de uma

Célula de Combustível de

Carbonato Fundido

Projecto de 5º Ano da Opção de Energia Térmica

Mestrado Integrado em Engenharia Mecânica

Julho 2008

Aluno: Luís Miguel Ribeiro Pinto de Azevedo Carvalho

Orientador: Carlos Manuel Coutinho Tavares de Pinho

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Resumo

Neste trabalho fez-se o estudo numérico do desempenho de uma célula de

combustível de carbonato fundido, por meio de um modelo matemático no qual se

consideraram alterações em relação à concentração dos reagentes e a variações da

pressão e temperatura de operação.

Para se perceber melhor o que é exactamente uma célula de combustível de

carbonato fundido, fez-se uma descrição das suas principais características, bem como

as suas vantagens e desvantagens, assim como as perspectivas da evolução da

tecnologia desta célula.

Na apresentação do modelo seguido faz-se a formulação do mesmo com os

pressupostos em que ele é baseado, os processos químicos que são considerados, as

equações usadas para obter os resultados e a sua solução numérica a partir de condições

de operação iniciais e de constantes usadas pelas equações mencionadas anteriormente.

Após a introdução e formulação do modelo, são discutidos os resultados previstos do

modelo, como a curva de desempenho da célula, as diferentes perdas que ocorrem, a

influência da temperatura e da pressão no potencial operativo e também nas distintas

perdas que ocorrem na célula. É também descrita a metodologia usada para chegar a

esses resultados usando as equações do modelo e o programa Excel.

Por último são apresentadas as conclusões sobre este trabalho em relação aos

resultados obtidos e sugere-se aspectos a melhorar no modelo de forma a avaliar mais

completamente o desempenho da célula.

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Abstract

This work concerns the numerical study of a molten carbonate fuel cell, through a

simple mathematical model able to simulate the influence of reactants concentration, the

influence of the operating temperature and pressure upon the cell performance.

To get a proper idea of what is a molten carbonate fuel cell a previous description of

its physical and chemical characteristics was presented, as well as a forecast of its future

evolution.

In the presentation of the model a description of the main assumptions is presented,

the type of chemical reactions taking place inside the cell is discussed as well as the

equations to be used in the calculations. Information upon properties and constants

needed for the calculations is also discussed.

Afterwards results are exposed as current voltage curves and also curves showing

the influence of operating pressure and temperature upon the cell performance. The

relative importance of cell losses are also shown in graphical terms.

The calculation methodology through the use of the Excel software is explained.

Finally, the limitations of the modelling approach that was followed are stressed, as

well as suggestions to achieve a future improvement of the model are proposed.

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Índice:

Índice de imagens:

Fig. 1.............................................................................................................pág. 2

Fig. 2.............................................................................................................pág. 3

Fig. 3.............................................................................................................pág. 4

Fig. 4.............................................................................................................pág. 6

Fig. 5............................................................................................................pág.11

Fig. 6............................................................................................................pág.11

Fig. 7............................................................................................................pág.20

Fig. 8............................................................................................................pág.21

Fig. 9.a)……................................................................................................pág.21

Fig. 9.b)……................................................................................................pág.22

Fig. 9.c)……................................................................................................pág.22

Fig.10.a).......................................................................................................pág.23

Fig.10.b).......................................................................................................pág.24

Fig.10.c).......................................................................................................pág.24

Fig.10.d).......................................................................................................pág.25

Fig.10.e).......................................................................................................pág.25

Fig.10.f)........................................................................................................pág.25

Fig.10.g).......................................................................................................pág.26

Fig.11...........................................................................................................pág.27

Fig.12...........................................................................................................pág.29

Fig.13...........................................................................................................pág.29

Fig.14...........................................................................................................pág.30

Fig.15...........................................................................................................pág.31

Fig.16...........................................................................................................pág.32

Fig.17...........................................................................................................pág.33

Fig.18...........................................................................................................pág.33

Tabela 1........................................................................................................pág.18

Tabela 2........................................................................................................pág.18

Tabela 1........................................................................................................pág.32

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Cap. 1. – Objectivo do trabalho...........................................................................pág. 1

Cap. 2. – A Célula de Combustível de Carbonato Fundido.................................pág. 1

2.1 – Descrição Geral..................................................................................pág. 1

2.2 – Vantagens e Desvantagens.................................................................pág. 4

2.3 – Perspectivas de Evolução Tecnológica..............................................pág. 8

Cap. 3. – Apresentação do Modelo......................................................................pág. 9

3.1. – Modelo básico para análise do comportamento de uma célula de

combustível de carbonato fundido.....................................................pág. 9

3.2. – Formulação do Modelo....................................................................pág.12

3.2.1. – Pressupostos do modelo................................................................pág.12

3.2.2. – Processos químicos.......................................................................pág.12

3.2.3. – Equações aproximadas e governativas..........................................pág.13

3.2.4. – Solução numérica..........................................................................pág.17

Cap. 4. – Resultados do Modelo.........................................................................pág.19

4.1. – Previsão da curva de desempenho da CCCF...................................pág.19

4.2. – Previsão do efeito da temperatura no desempenho da CCCF.........pág.21

4.3. – Previsão do efeito da pressão no desempenho da CCCF................pág.27

4.4. – As diversas perdas e o efeito das condições de operação, temperatura e

pressão, na variação do seu peso relativo.......................................pág.28

4.5. – Rácios do fluxo de gás e o efeito da percentagem de utilização do

combustível no desempenho da CCCF...........................................pág.34

Cap. 5. – Conclusões..........................................................................................pág.35

Referências.........................................................................................................pág.37

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Nomenclatura

Aunit área de uma unidade discreta

Ci parâmetros relativos a eléctrodos e electrólitos

E potencial reversível máximo teoricamente alcançável (V)

Eº potencial standard de uma célula (V)

f constante de Faraday (96487 C equiv.-1)

F rácio molar de fluxo (mol h-1)

∆G variação da energia livre de Gibbs (J mol-1)

∆H entalpia (kJ kmol-1)

i corrente (mA)

j corrente específica superficial (mAcm-2)

KP constante de equilíbrio

L comprimento da célula de combustível (cm)

P pressão parcial (bar)

R resistência específica superficial (Ωm-2)

Ran perdas irreversíveis no ânodo (Ωm-2)

Rca perdas irreversíveis no cátodo (Ωm-2)

Rir resistência interna da célula (Ωm-2)

Rtot soma da irreversibilidade ocorrida no ânodo, cátodo e eléctrodo (Ωm-2)

T temperatura (ºC)

V tensão da célula (V)

x/L adimensional, eixo dos x

X grau de conversão

y/L adimensional eixo dos y

célη rendimento da célula

.

combm caudal do combustível

combUtil percentagem de utilização do combustível

.

célW potência da célula

PCI potencial calorífico inferior do combustível

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Letra grega

η perda

Sobrescrito

o standard

Subescrito

an ânodo

ca cátodo

CO monóxido de carbono

CO2 dióxido de carbono

e eléctrico

H2 hidrogénio

H2O água

i género

i,an género no ânodo

i,ca género no cátodo

Abreviações

DCF dinâmicas computacional de fluidos

VMA valor mínimo de aquecimento

LiNa electrólito de LiNaCO3

LiK electrólito de LiKCO3

CCCF célula de combustível de carbonato fundido

REGA reacção de equilíbrio gás água

ne Nernst

tot total

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Cap. 1. – Objectivo do trabalho

Este projecto consiste no estudo numérico do desempenho de uma célula de

combustível de carbonato fundido, recorrendo-se a um modelo matemático disponível

na literatura cientifica e no qual se fizeram algumas aproximações no que respeitava a

decomposição/reformação dos reagentes e onde se assumiu ainda que a célula era um

reactor uniformemente misturado.

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Cap. 2. – A célula de combustível de carbonato fundido

2.1. – Descrição geral

Fig.1 – Esquema duma célula de combustível de carbonato fundido

O desenvolvimento de sistemas de conversão de energia com combustíveis

prontamente disponíveis, rendimento alto e impacto ambiental mínimo, são requeridos a

fim de corresponderem às necessidades crescentes de energia e corresponder às

preocupações ambientais que se vão acentuando recentemente. Os sistemas de células

de combustível têm um interesse crescente sendo consideradas como soluções

prometedoras. Como exemplo, centrais eléctricas baseadas em células de combustível

convertem a energia química presente num combustível, directamente para

electricidade, sem a necessidade de converter primeiro a energia química em calor.

Comparado com os aparelhos conversores de energia baseados nos combustíveis fósseis

tradicionais, o rendimento é alto e as emissões poluentes baixas [Baranak e Atak¨ul

(2007)].

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O princípio básico de funcionamento de uma célula de combustível de carbonato

fundido (CCCF) consiste em três camadas, que são o ânodo poroso, o eléctrodo cátodo

e o electrólito entre estes dois. As partes metálicas dos eléctrodos possuem uma certa

condutividade eléctrica, embora estejam longe de ser bons condutores, tendo estas como

espessura apenas umas centenas de micrómetros. Ligas de alumínio são frequentemente

usadas para o eléctrodo do ânodo, enquanto o óxido de níquel é o material preferido

para o eléctrodo de cátodo. Estes materiais servem como catalisadores para as reacções

electroquímicas dentro dos poros do eléctrodo. A temperatura de operação normal da

célula CCCF (~650ºC) é a necessária para conseguir condutividade iónica suficiente no

seu electrólito. Este é este normalmente uma mistura eutética de carbonatos de lítio e

carbonatos de potássio (sais), que se torna líquido a uma temperatura operacional de

600ºC e é mantido no seu lugar por forças capilares numa matriz porosa baseada em

ligas de óxido de alumínio (por exemplo LiAlO2). Esta camada é tão espessa quanto os

eléctrodos e é um condutor razoável de iões de carbono, sendo ao mesmo tempo uma

muito boa isoladora contra moléculas descarregadas como hidrogénio e oxigénio. O

electrólito está também presente nos eléctrodos, onde uma parte dos poros segue com

ele. Os reagentes químicos de ambos os eléctrodos são fornecidos por condutas de

ventilação, sendo que o condutor do ânodo possui um catalisador de poros adicional

para a reforma (o reformular) do gás fornecido [Sundmacher et al. (2007)].

Fig 2 – módulo dum componente de uma célula de combustível de carbonato fundido de

1966 feita para o Exército dos E. U.

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Fig 3 – Uma célula de combustível de carbonato fundido da “Texas Instruments” feita

para o Exército dos E. U por volta de 1964.

2.2. – Vantagens e desvantagens

Entre todas as tecnologias de células de combustível, a de carbonato fundido é uma

das especialmente adequadas para a cogeração de potência eléctrica e calor. Isto deve-se

à sua temperatura de operação (~650ºC), que é suficientemente para os processos de

conversão electroquímica acontecerem nos eléctrodos da própria célula de combustível

(as cinéticas electroquímicas dão-se suficientemente rápidas), sem catalisadores de

metais preciosos/nobres (muito raros e dispendiosos). O níquel é suficiente para iniciar

a reacção da célula de combustível.

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Uma das razões mais importantes para utilização de células de alta temperatura

(como a de carbonato fundido), é a possibilidade que elas têm de reformar (reformular)

gases combustíveis convencionais além de líquidos gasificados ou combustíveis sólidos

(hidrocarbonetos) com o calor produzido pela própria célula de combustível. A reacção

de reforma interna (reacção de hidrocarbonetos e água para formar H2 e CO2) acontece a

temperaturas elevadas na presença de um catalisador dentro do bloco da célula de

combustível. Esta reforma interna permite simplificar grandemente o sistema da célula

de combustível.

A eficiência do sistema é elevada por várias razões, nomeadamente as seguintes:

a) A energia do gás combustível necessária para reformar é guardada;

b) O monóxido de carbono (CO) é um combustível bem-vindo na célula de

carbonato fundido (CCF), ao contrário de outras células em que este actua como um

veneno para o catalizador;

c) A melhor utilização do calor gerado na célula de combustível (a altas

temperaturas) designadamente em processos industriais de todos os tipos, em geração

de potência para geradores de turbina (especialmente em grandes instalações), sendo

também uma boa fonte para consumos que exijam altas temperaturas, por exemplo,

frigoríficos de absorção, aparelhos de arrefecimento por injecção de vapor, produção de

água quente, secadores e esterilizadores.

Outra vantagem das CCF é a temperatura operativa ser baixa o suficiente para

poder-se usar materiais metálicos convencionais na construção da estrutura da célula e

no equipamento periférico, sendo assim possível fabricar-se células de combustível com

grande área de maneira simples e custo mais reduzido.

A célula de combustível de carbonato fundido (CCCF), tem as vantagens das células

de combustível de alta temperatura, designadamente a possibilidade de serem equipadas

com instalações para reformar internamente o gás combustível, não estando assim

limitadas ao hidrogénio puro, o que por sua vez conduz a sistemas com concepções

mais simples, um maior rendimento, além de puder usar calor com temperaturas altas

para cogeração, trigeração e poligeração, dando assim uso adicional aos produtos de

reacção (usar CO2 para fertilização ou vapor de água para humidificação).

A grande desvantagem deste tipo de células é o facto de as temperaturas de operação

serem suficientemente altas para que a degradação dos materiais das células e outros

componentes do sistema seja grandemente aumentada e especialmente pelos ciclos

térmicos, o que compromete a sua durabilidade.

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As células de combustível têm maior rendimento que os motores de combustão

interna, já que produzem electricidade directamente da energia química, não estando por

isso condicionadas pelos rendimento de Carnot. Como não têm partes móveis, são

silenciosas e mais robustas, permitindo que os sistemas criados sejam fiáveis e duráveis.

A libertação de produtos e partículas indesejáveis é quase nula. A tecnologia da CCCF,

sendo mais flexível em relação ao combustível que as tecnologias de células de

combustível de baixa temperatura, é adequada a aplicações marítimas, militares e de

tracção [Bischoff (2006)]

Por todas estas razões a CCCF é perfeitamente adequada para aplicações de

cogeração estacionárias (altas temperaturas implicam sistemas termicamente lentos), e

de pequena e média dimensão evitando os inconvenientes de usar materiais mais caros

devido a alta temperaturas (cerâmicos e afins). Tem também a vantagem de apresentar

um grande rendimento global ou factor de utilização de energia, concretamente superior

a 90% no caso em que o calor desperdiçado é usado em cogeração, baixas emissões

poluentes e ao contrário das células de combustível a baixa temperatura, não necessitam

de catalizador, que são materiais muito caros, diminuindo assim consideravelmente os

custos de produção.

Vantagens e desvantagens em centrais eléctricas

Fig 4 – Central eléctrica baseada em célula de combustível de carbonato fundido

M-C Power's em San Diego, California, 1997

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O grande rendimento eléctrico das CCCF é a maior vantagem destas na sua

aplicação em centrais eléctricas, com todos os seus impactos positivos na economia, a

redução de emissões poluentes e de CO2, podendo estas vantagens ser utilizadas numa

grande variação de potência, ao contrário de outras tecnologias.

A possibilidade da construção das células por módulos permite uma produção

industrial e em série das diferentes unidades numa fábrica, reduzindo assim o tempo de

construção e os custos. A segurança inerente das células devido à sua baixa energia

específica mássica, significa que não são requeridos controlos de sistema e segurança

sofisticados, com a consequência de poder-se manter baixo os custos com a operação e

pessoal de manutenção.

As CCCF´s não produzem emissões poluentes, nomeadamente de NOx,

componentes sulfúricos, hidrocarbonetos de altos pesos moleculares ou CO. Aquilo que

sai de uma CCCF é uma mistura de N2 (no caso do ar ser o transportador de oxigénio),

pequenas quantidades de O2 (O2 residual do excesso de ar), grandes quantidades de CO2

(menor que a quantidade produzida por um motor convencional, devido ao alto

rendimento da célula de combustível) e grandes quantidades de vapor de água.

Os sistemas de células de combustível são silenciosos, porque não contêm nenhumas

partes móveis e as reacções electroquímicas são (desde que actuem nas células de

combustível) insonoras. A única fonte possível de barulho é os ventiladores que

impulsionam o escoamento gasoso, mas estes componentes podem ser encaixotados e

isolados contra emissão de ruídos [Sundmacher et al. (2007)].

Contudo esta tecnologia não está ainda prontamente disponível. Para tornar uma

central eléctrica com CCCF, um produto comercial, ainda há que superar vários

obstáculos, designadamente:

a) Os principais componentes ainda são praticamente feitos à mão, havendo

necessidade de desenvolver métodos de fabrico e ferramentas para uma produção em

volume, fazendo assim baixar o custo;

b) Embora a vida duma célula já atinja as 26000 h, o objectivo comercial de 40000

h, ainda não é possível com a tecnologia de hoje, obrigando a desenvolver materiais

qualificados que garantam a funcionalidade adequada e uma performance estável

durante toda a vida útil [Bischoff (2006)].

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2.3. – Perspectivas de Evolução Tecnológica

A tecnologia da célula de combustível de carbonato fundido tem sido desenvolvida

na Europa e noutros países do mundo como EU, Japão e Coreia, durante vários anos.

Aquilo que começou há cerca de 30 anos como um projecto de laboratório interessante,

amadureceu agora para uma alternativa aos sistemas de geração de electricidade

convencionais, com bastante potencial. A geração de calor e electricidade combinados,

em especial, é uma área onde centrais eléctricas com CCCF’s podem ser aplicadas com

grande vantagem, devido ao facto de poderem ser alcançados grandes rendimentos.

Vários fabricantes demonstraram que centrais eléctricas baseadas em CCCF’s na zona

abaixo dos MW, podem alcançar rendimentos de 47%. Ao fazer uso do calor gerado

pelo sistema, rendimentos totais de mais de 80% podem ser alcançados.

A tecnologia da célula de combustível tem avançado rapidamente com investimentos

substanciais de capital financeiro e intelectual por parte do sector público e privado. As

células de combustível têm-se provado capazes de fornecer uma eficiência de energia e

desempenho ambiental superior, e contudo a sua adopção para uso generalizado tem

ainda é incerta devido ao capital inicial ser elevado. Embora já se façam testes de campo

e projectos de demonstrações, com potências eléctricas de 30kW a 2MW em hospitais,

hotéis, edifícios de escritórios e aplicações industriais, ainda se trabalha em laboratório

procurando maneiras de melhorar a tecnologia. Este trabalho considera três objectivos

principais:

• melhoramento da durabilidade de componentes para atingir períodos de operação mais

longos para as pilhas, tendo como objectivo 40000h (como descrito no sub-capítulo

anterior);

• aumento do desempenho da célula;

• redução de custos para tornar os sistemas competitivos no mercado para equipamento

de produção eléctrica [Bischoff (2006)].

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Cap. 3. – Apresentação do Modelo

3.1. – Modelo básico para análise do comportamento de uma célula de

combustível de carbonato fundido

Em paralelo aos estudos experimentais, estudos de modelação e de simulação têm

sido feitos para responder a muitos aspectos relacionados à CCFC, como materiais

melhores, um entendimento melhor dos processos electroquímicos e do fenómeno de

transporte, melhor desenho de componentes e sistemas e as perdas de tensão reduzidas

para superar estes problemas. Até agora, muitos modelos teóricos da CCCF foram

desenvolvidos para vários propósitos. Um dos estudos elaborados sobre características

de transferência de calor de células de combustível dos primórdios foi feito por Baker

[Baranak e Atak¨ul (2007)].

A distribuição de calor na CCCF foi analisada por outros estudos de modelos,

referenciados em [Baranak e Atak¨ul (2007)]. Kobayashi et al. e Fujimura et al.,

[Baranak e Atak¨ul (2007)], desenvolveram modelos para a previsão da distribuição de

temperatura num conjunto de células de combustível com 12 células. Nestes estudos a

análise do calor foi baseada no balanço de massas das reacções químicas ocorrendo em

células do tipo fluxo cruzado à pressão atmosférica. De forma similar, no seu estudo de

modelação Koh et al. (2001) e (2002) [Baranak e Atak¨ul (2007)], aplicaram teorias da

mecânica de fluidos e da transferência de calor para prever a pressão dinâmica e a

distribuição de temperatura numa CCCF tipo fluxo paralelo assumindo densidade de

corrente uniforme. Técnicas computacionais da dinâmica de fluidos e análise numérica

também foram usadas para investigar o desempenho de conjuntos de células de

combustível por cálculo da distribuição tridimensional de parâmetros cruciais. Por outro

lado, uma modelação em estado não-estável de uma CCCF de pequena dimensão

mostrou que a célula de combustível obtém um estado estável muito rapidamente,

dependendo das condições operativas. Foi mostrado que os resultados do modelo

podem ser uma ferramenta útil em avaliar a acção do conjunto em condições transitórias

e que modelos simples produzem previsões razoáveis do comportamento de uma célula

de combustível comparáveis às de modelos complexos [Baranak e Atak¨ul (2007)].

Neste caso, um modelo básico simples é introduzido para a CCCF com dois

electrólitos diferentes para condições de operação num estado estável. É usado para

investigar os efeitos de parâmetros básicos no desempenho da célula de combustível.

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Serão discutidos os efeitos da temperatura e pressão na tensão da célula, mudança nos

rácios de fluxo de gás através da célula de combustível e a dependência do rendimento

na utilização do combustível [Baranak e Atak¨ul (2007)].

Um modelo matemático simples, baseado nas reacções químicas básicas e

transferência de massa, foi desenvolvido para prever algumas características

importantes das células de combustível de carbonato fundido (CCCF) com electrólitos

de LiNaCO3 e LiKCO3 para condições de operação em estado estável. O modelo

simula características de polarização, o efeito da temperatura, a pressão e o tipo de

electrólito no desempenho da célula, perdas várias na célula e mudanças do rácio dos

caudais de gás através da célula. O modelo prevê um melhor desempenho para a CCCF

com electrólito de LiNaCO3, em geral. Os resultados mostram uma forte influência da

temperatura operatória no potencial da célula a temperaturas abaixo de 625ºC, onde o

potencial da célula aumenta rapidamente com o aumento da temperatura. Acima desta

temperatura, contudo, o potencial da célula tem um perfil assimptótico quase estável. O

potencial da célula diminui quase linearmente com o aumento da percentagem do uso de

combustível por ambos os electrólitos. Os resultados do modelo mostram uma

dependência maior do potencial da célula em relação à pressão operativa do que é

descrito pela equação de Nerst, o que consiste com o facto de as variações reais no

potencial da célula poderem ser maiores devido a várias perdas decrescentes [Baranak e

Atak¨ul (2007)].

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Fig.5 – Exemplo de uma bancada de teste.

Fig.6 – Componentes necessários para montar uma única célula. São mostrados

ânodo, cátodo eléctrodo, matriz, e electrólito.

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3.2. – Formulação do modelo

Foi desenvolvido um modelo para investigar os efeitos de vários parâmetros no

potencial e desempenho da CCCF. Este modelo permite a obtenção de curvas de

polarização, efeito da temperatura e pressão no desempenho da célula, assim como o

efeito destes dois parâmetros sobre a evolução dos diversos tipos de perdas.

3.2.1 – Pressupostos do modelo

Os principais pressupostos do modelo são:

• Os reagentes e produtos são uma mistura de gases ideais;

• As placas são um condutor ideal para que os gradientes de tensão através das

placas sejam negligenciáveis;

• A reacção de equilíbrio gás água a acontecer na superfície do ânodo é rápida e em

equilíbrio;

• A célula de combustível opera isotermicamente;

• A queda de pressão na célula de combustível é negligenciável;

• A célula opera sob condições de regime estacionário.

3.2.2. – Processos químicos

As reacções electroquímicas que se seguem são consideradas como acontecendo nos

eléctrodos da CCCF:

ânodo : H2 +CO32 – → H2O + CO2 +2e – (i)

cátodo : CO2 +1/2O2 +2e – → CO32 – (ii)

reacção de equilíbrio gás água : CO + H2O ↔ H2 +CO2 (iii)

O processo químico a acontecer no ânodo também inclui a reacção de equilíbrio gás

água (iii) o que produz combustível adicional (i.e., H2) no ânodo da célula de

combustível.

É conhecido dos fundamentos da célula de combustível que o rendimento da mesma

é inversamente proporcional à corrente. Já que as placas, que são de aço inoxidável, são

assumidas como condutor perfeito, o potencial da célula é quase constante. As perdas de

rendimento totais desta célula de combustível com potencial uniforme podem ser

determinadas dependendo da corrente específica e composições de gases.

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Neste estudo os eléctrodos da CCCF são assumidos como constando de unidades

discretas onde mudanças de gás na composição de gás e de corrente específica podem

ser negligenciadas.

3.2.3. – Equações aproximadas e governativas

A tensão operativa da célula (V) pode ser descrita como [Baranak e Atak¨ul (2007)]

ne totV E jR= − −η (1)

onde E é o potencial reversível máximo teoricamente alcançável, ηne é a perda de

Nernst, j é a corrente específica, e Rtot é a soma da irreversibilidade ocorrida no ânodo,

cátodo e eléctrodo.

O potencial reversível máximo da célula de combustível é obtido da variação da

energia livre de Gibbs da reacção da oxidação de hidrogénio:

2

GE

f

−= ∆ (2)

onde ∆G é a energia livre de Gibbs e f é a constante de Faraday. A variação da energia

livre de Gibbs pode ser expressa como função da temperatura por [Baranak e Atak¨ul

(2007)],

242000 45,8G T= − +∆ (3)

onde T é a temperatura (ºK).

O potencial standard da célula é obtido da energia livre de Gibbs de reacção. O

segundo termo no lado direito da Eq. (2) é a perda de Nernst descrita por [Baranak e

Atak¨ul (2007)],

( )

2 2

2 2 2

H O,an CO ,an

1/ 2

H ,an O ,ca CO ,ca

Nerst ln2

P PRT

f P P P

=

η (4)

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14

As perdas irreversíveis totais, Rtot, consistem em sobre tensões e resistência da

célula:

tol an ca irR R R R= + + (5)

onde Ran e Rca são as perdas irreversíveis do ânodo e cátodo, respectivamente, e Rir é a

resistência interna da célula. Perdas para as CCCF´s podem ser calculadas pelas

seguintes equações [Baranak e Atak¨ul (2007)]:

2

/ 0,5an a H ,ane Ha RTR C P−= ∆

(6)

( ) ( )C C1 2

2 2 2

/ /0,75 0,5 1ca 1 O ,ca CO ,ca 2 CO ,cae e

H RT H RTR C P P C C

∆ ∆− −= + (7)

ir/

ir ir eH RT

R C∆= (8)

onde R é a resistência (Ωcm-2), Ci o parâmetro relativo aos eléctrodos e electrólitos, P a

pressão (atm) e ∆H a entalpia (J mol-1). Estas equações indicam que, perdas

irreversíveis nos eléctrodos dependem de temperatura, pressão, pressões parciais de

gases, H2 no ânodo, CO2 e O2 no cátodo, e alguns parâmetros relativos a eléctrodos e

electrólitos. A resistência interna da célula depende da condutividade iónica do

electrólito e da condutividade eléctrica das placas.

O potencial da célula (V) é constante, mas E, ηne e Rtot, contudo, mudam desde a

entrada à saída ao longo da superfície da célula devido ao decréscimo das concentrações

dos gases ou das suas pressões parciais. Conformemente, a corrente específica muda

simultaneamente ao longo da superfície da célula. A corrente específica (j) para uma

célula é determinada por,

ne

tol

E Vj

R

η− −= (9)

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15

A corrente (i) numa célula é obtida como o produto da corrente específica pela área

da superfície:

efecti jA= (10)

onde Aefect é a área que é efectivamente usada, 75 cm2, de uma célula normal de 100

cm2. A célula é considerada como tendo forma quadrada. A corrente produzida é

proporcional à quantidade de regentes consumidos nas reacções. Relações entre a

corrente e os rácios molares do fluxo dos gases são definidos pelas seguintes equações:

2H ,an 0,018655F i= −∆ (11)

2CO ,ca 0,018655F i= −∆ (12)

2O ,ca 0,0093275F i= −∆ (13)

2H O,an 0,018655F i=∆ (14)

2CO ,an 0,018655F i=∆ (15)

onde ∆F i,an e ∆F i,ca são as variações do fluxo dos rácios molares do género i no ânodo e

cátodo respectivamente. Os coeficientes nestas equações têm as seguintes unidades de

molih-1A-1.

A reacção de equilíbrio gás água, REGA que acontece no catalizador de níquel a

altas temperaturas é muito rápida e alcança rapidamente o equilíbrio. Um decréscimo na

concentração de hidrogénio e aumento na concentração de água e dióxido de carbono

conduz a um estado de não-equilíbrio nesta reacção [Baranak e Atak¨ul (2007)].

A constante de equilíbrio (KP) para a REGA é descrita baseada na termodinâmica

por:

2 2

2

CO HP

CO H O

P PK

P P= (16)

Page 23: Estudo umérico do Desempenho de uma Célula de Combustível de … · pressão e temperatura de operação. Para se perceber melhor o que é exactamente uma célula de combustível

16

A equação seguinte foi usada para descrever a relação entre a constante de equilíbrio

da RMAG e a temperatura [Baranak e Atak¨ul (2007)]:

4276

ln( ) 3,961PKT

= − (17)

Para um grau de conversão de X, a constante de equilíbrio (KP) é obtida como:

( )( )( )( )

2 2

2

CO H

p

CO H O

P X P XK

P X P X

+ +=

− − (18)

A pressão parcial dos gases é descrita por,

ii tot

tot

FP P

F= (19)

sendo Pi a pressão parcial da espécie i, Ptot a pressão total, Fi o rácio molar de fluxo do

género i e Ftot o rácio molar de fluxo total das misturas de gás. Todas as espécies têm os

mesmos valores de Ptot e Ftot. O rearranjo da Eq. (18) conduz à seguinte equação:

2 2 2 2 2 2

2P H CO P CO H O CO H CO H O P(1 ) [ ( )] [( ) ( ) ] 0K X F F K F F X F F F F K− + + + + + − = (20)

A solução para esta equação dá os rácios molares de fluxo de gases como uma

função de conversão:

2 2H HF F X= + (21)

2 2CO COF F X= + (22)

CO COF F X= − (23)

2 2H O H OF F X= − (24)

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17

As soluções das quatro últimas equações, Eqs. (21) – (24), dão a composição de

saída da célula [Baranak e Atak¨ul (2007)].

3.2.4. – Solução numérica

De notar que neste caso, havendo apenas uma unidade discreta e relativamente

pequena, considerou-se que a célula é um reactor uniformemente misturado. O potencial

da célula, que é função de vários parâmetros, foi neste caso, imposto, como função de E,

usando as equações de modelo descritas acima e considerando apenas os valores de

tensão correspondentes a correntes específicas positivas. A tensão operatória é assumida

constante porque é apenas uma unidade discreta. Aqui consideramos a variação das

pressões parciais como método para determinar os diferentes valores para a tensão e

corrente específica em variações de temperatura e pressão totais na célula. A corrente

específica e as pressões parciais na célula foram calculadas conforme as Eqs. (1) – (9),

(16-18). A corrente total da célula foi calculada pela Eq. (10).

As condições de operação iniciais da célula usada no modelo estão registadas na

Tabela 1. A composição dos gases no ânodo e no cátodo foi proposta na referência

[Baranak e Atak¨ul (2007)] sendo que as alterações em função da temperatura e da

pressão foram calculadas através das Eqs. (17) – (24).

Os valores numéricos de parâmetros envolvidos nas Eqs. (6) – (8) são adoptados de

[Baranak e Atak¨ul (2007)] e apresentados na Tabela 2, com excepção do parâmetro

2CO ,caC que foi calculado pela equação dos gases perfeitos

2 ,CO ca

n ppV nRT C C

V RT= ⇔ = = ⇒ (25)

com [p] = Pa ; [T] = ºK ; 8,314J/mol KR =

Page 25: Estudo umérico do Desempenho de uma Célula de Combustível de … · pressão e temperatura de operação. Para se perceber melhor o que é exactamente uma célula de combustível

18

Tabela 2

Parâmetros nas equações de desempenho (Eqs. (6)–(8))

Parâmetro LiNaCO3-2 LiKCO3

-2

C1 3,28×10-9 1,97×10-6

C2 3,39×10-6 2,2×10-3

Ca 2,04×10-3 1,39×10-6

Cir 1,12×10-2 0,0128

∆HC1 (J mol-1) 132000 83400

∆HC2 (J mol-1) 67100 22800

∆Ha (J mol-1) 23700 77800

∆Hir (J mol-1) 23000 25200

Tabela 1

Condições operativas consideradas no modelo

Gases Entrada do ânodo (%) Entrada do cátodo (%)

H2 26.60 –

CO 4.40 –

CO2 10.70 12.90

Vapor de água 34.00 29.20

O2 – 5.70

N2 24.30 52.20

Page 26: Estudo umérico do Desempenho de uma Célula de Combustível de … · pressão e temperatura de operação. Para se perceber melhor o que é exactamente uma célula de combustível

19

Cap. 4 – Resultados do Modelo

Nesta secção são relatados os resultados previstos da curva de polarização (V–I), de

várias perdas na célula de combustível, os efeitos da pressão e temperatura operatória no

potencial da célula, mudanças nos rácios de fluxo de H2, O2, CO e CO2 ao longo da

célula de combustível, o efeito da utilização do combustível no potencial da célula de

combustível. Estes resultados previstos foram produzidos para células de combustível

de carbonato fundido de ambos os tipos de electrólitos LiNaCO3 e LiKCO3 na

suposição de que a célula é um reactor uniformemente misturado.

4.1. – Previsão da curva de desempenho da CCCF

Este modelo foi usado para investigar os efeitos de vários parâmetros operativos no

desempenho de uma CCCF. Os parâmetros considerados são a pressão e temperatura

operativas, corrente específica e tipos de electrólito. A modelação considerou

electrólitos de LiNaCO3 e LiKCO3.

A curva de polarização, também conhecida como curva de desempenho, é uma das

ferramentas mais úteis para caracterizar o comportamento duma célula de combustível.

As curvas de polarização características produzidas pelo modelo para CCCF com

electrólitos LiNaCO3 e LiKCO3 são mostradas na Fig.7. Os resultados obtidos com o

modelo estão em conformidade com os dados fornecidos na literatura, a qual afirma que

o potencial operacional de uma célula de combustível decresce com o aumento da

corrente específica [Baranak e Atak¨ul (2007)]. Este é um resultado esperado, já que as

irreversibilidades do ânodo, cátodo e electrólito são proporcionais à corrente específica.

Na amplitude operacional considerada neste estudo, é observada uma relação linear

entre o potencial operativo e a corrente específica para ambos os electrólitos. Contudo o

potencial operativo da célula de combustível com o electrólito LiNaCO3 é maior do que

o da célula de combustível com o electrólito LiKCO3 e a diferença entre o potencial dos

dois electrólitos torna-se mais evidente a correntes específicas altas. Este

comportamento indica que as células de combustível com o electrólito LiNaCO3 são

comparativamente mais eficientes.

Page 27: Estudo umérico do Desempenho de uma Célula de Combustível de … · pressão e temperatura de operação. Para se perceber melhor o que é exactamente uma célula de combustível

20

Curvas de desempenho

0,25

0,35

0,45

0,55

0,65

0,75

0,85

0,95

1,05

20 170 320 470 620 770 920 1070

Corrente especifíca (mA/cm2)

Tens

ão o

pera

tiva

(V)

LiNa

LiK

Fig.7 – Curvas de polarização de células de combustível de carbonato fundido com

electrólitos LiNaCO3 e LiKCO3

Várias perdas e uma rede de valores de potencial previstos pelo modelo na célula de

combustível são comparadas na Fig.8 para ambos os electrólitos LiNaCO3 e LiKCO3.

Esta figura foi produzida baseada numa corrente específica média de 150 mAcm-2. A

rede de valores de potencial das células de combustível foi calculada por subtracção da

perda total do potencial reversível máximo teoricamente alcançável. A comparação feita

na Fig.8 revela, no geral, uma imagem semelhante para ambos os electrólitos. A

resistência interna da célula e perdas do cátodo do electrólito LiNaCO3 são menores que

as do LiKCO3. A diferença prevista entre as resistências internas das células de

combustível, que representa a resistência do electrólito à condução iónica, pode ser

atribuída às suas condições iónicas que são 2.40Ωcm-1 e 1.60Ωm-1, para o primeiro e

último, respectivamente. Embora as perdas do ânodo e cátodo sejam conhecidas como

originadas da activação, a transferência de massas e perdas de concentração, e a relação

delas com mecanismos de reacção ainda não foram bem estabelecidos. A perda menor

do cátodo LiNaCO3 é provavelmente devido à maior solução de dióxido de carbono

neste electrólito. Por outro lado, a solubilidade do oxigénio do electrólito LiKCO3 é

maior do que a do electrólito LiNaCO3. Mas a solubilidade do dióxido de carbono tem

uma maior influência na polarização do cátodo [Baranak e Atak¨ul (2007)].

Page 28: Estudo umérico do Desempenho de uma Célula de Combustível de … · pressão e temperatura de operação. Para se perceber melhor o que é exactamente uma célula de combustível

21

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

V ηNerst Ran Rca Rir

Potencial final e tipos de perdas

Per

cent

agem

LiNaCO3

LiKCO3

Fig.8 – Várias perdas e rede de valores do potencial de células de combustível de

carbonato fundido com electrólito de LiNaCO3 e com electrólito de LiKCO3.

4.2. – Previsão do efeito da temperatura no desempenho da CCCF

Tensão em função da temperatura

0,56

0,60

0,64

0,68

0,72

0,76

0,80

0,84

0,88

0,92

500 550 600 650 700 750 800Temperatura (ºC)

Tens

ão (V

) LiNa

LiK

Fig.9a) – Efeito da temperatura no potencial da célula de combustível de carbonato

fundido com electrólitos LiNaCO3 e LiKCO3 (P=1atm; j=150mAcm-2).

Page 29: Estudo umérico do Desempenho de uma Célula de Combustível de … · pressão e temperatura de operação. Para se perceber melhor o que é exactamente uma célula de combustível

22

Tensão em função da temperatura

0,40

0,44

0,48

0,52

0,56

0,60

0,64

0,68

0,72

0,76

0,80

0,84

0,88

0,92

500 550 600 650 700 750 800

Temperatura (ºC)

Ten

são

(V) LiNa

LiK

Fig.9b) – Efeito da temperatura no potencial da célula de combustível de carbonato

fundido com electrólitos LiNaCO3 e LiKCO3 (P=1atm; j=200mAcm-2).

Tensão em função da temperatura

0,240,280,320,360,400,440,480,520,560,600,640,680,720,760,800,840,880,92

500 550 600 650 700 750 800

Temperatura (ºC)

Ten

são

(V) LiNa

LiK

Fig.9c) – Efeito da temperatura no potencial da célula de combustível de carbonato

fundido com electrólitos LiNaCO3 e LiKCO3 (P=1atm; j=250mAcm-2).

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23

A dependência do potencial da célula da temperatura prevista pelo modelo é traçada

nas Fig.9a), b) e c) para ambos os electrólitos. Estes resultados foram calculados e

representados pelo programa Excel, seguindo os passos descritos:

1) Pela Eq.(1) sabe-se quais os parâmetros que definem directamente o valor da

tensão operativa, designadamente E, ηne, j e Rtot. Cada um destes parâmetros por sua vez

é definido pelas Eqs.(2) e (3) para o E, a Eq.(4) para a ηne e as Eq.(5), (6), (7) e (8) para

a Rtot sendo que j foi considerado como uma constante para todos os casos de variação

de temperatura. Assim pode-se definir a primeira parte de uma tabela para calcular o

valor da tensão operativa como é descrita na Fig.10.a

V T ∆G f

E R ηNerst j Ran Rca Rir Rtot

Fig 10.a) – 1º grupo de variáveis da tabela de cálculo do Excel

É de notar que o R usado acima não significa nenhuma das perdas irreversíveis, mas o

valor da constante universal dos gases (R=8,314J/molºK) usado na Eq.(4). Também

convém realçar que antes de se definir o valor de j usado como constante, foi primeiro

feita uma interpolação com a Eq.(1), usando percentagens de E como valores de V, de

forma a saber a partir de que valor de V, j deixava de ser negativo e passava a positivo,

para assim garantir valores da tensão operativa consistentes. Com os valores presentes

neste 1º grupo pode-se definir o parâmetro E, sendo as perdas de Nerst e irreversíveis,

calculadas pelos processos descritos a seguir.

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24

2) Para saber o valor das perdas irreversíveis e consequentemente da soma de todas

elas, Rtot, usa-se os valores da Tabela 2, que são parâmetros constantes para cada

electrólito, no cálculo das perdas irreversíveis, juntamente com o parâmetro 2 ,CO caC

calculado pela Eq.(25), e que é usado pela Eq.(7) no cálculo de Rca. A ordem pela qual

eles foram dispostos a seguir aos da Fig.10.a na tabela de cálculo é mostrada na Fig.10.b

Ca C1 C2 Cir

2 ,CO caC

∆Ha ∆HC1 ∆HC2 ∆Hir

Fig 10.b) – 2º grupo de variáveis da tabela de cálculo do Excel

3) Para obter o valor da perda de Nerst, são necessárias as pressões parciais, sendo os

valores da Tabela 1, o ponto de partida para obter esses valores, no ânodo e no cátodo,

ao multiplicar pela Ptot que neste caso é constante e igual à pressão atmosférica (Ptot =

1,01325bar). Os valores da Tabela 1, que são iguais para os dois eléctrodos, foram

dispostos na tabela de cálculo pela ordem descrita na Fig.10.d), seguidas pelas pressões

parciais iniciais dispostas na Fig.10.d)

Gases Ânodo Cátodo entrada

H2 26,6 0

CO 4,4 0

CO2 10,7 12,9

H2O 34 29,2

O2 0 5,7

N2 24,3 52,2

Fig 10.c) – grupo de constantes da tabela de cálculo do Excel

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25

Fig 10.d) – 3ºgrupo de variáveis da tabela de cálculo do Excel

4) Para se calcular os valores finais das pressões parciais para cada temperatura, é

necessário saber o valor do parâmetro grau de conversão X. Primeiro calcula-se o valor

de Kp pela Eq.(17), resolvendo-a em relação a Kp, ou seja, Kp = exp (4276/T-3,961). A

este resultado subtrai-se o 2º membro da equação da Eq.(18) e por meio da função

Solver do Excel, o resultado (ou resto) é condicionado a ser 0, obtendo-se assim o valor

do parâmetro grau de conversão X, sendo estes parâmetros dispostos pela ordem

mostrada na Fig.10.e)

Fig 10.e) – 4º grupo de variáveis da tabela de cálculo do Excel

5) Após se obter o valor do parâmetro grau de conversão X, basta calcular as pressões

parciais definitivas para os dois eléctrodos, usando as relações dessas pressões com o

parâmetro X, indicadas no numerador e denominador da Eq.(18). É importante notar que

apenas as pressões parciais no ânodo são alteradas, já que as do cátodo são as da saída

da célula, logo não há necessidade de serem modificadas. Estas pressões parciais são

dispostas como mostra a Fig.10.f)

P(CO) ânodo (real)

P(H2) ânodo (real)

P(O2) ânodo (real)

P(H2O) ânodo (real)

P(CO2) ânodo (real) Fig 10.f) – 5º grupo de variáveis da tabela de cálculo do Excel

P(CO) ânodo (inicial)

P(H2) ânodo (inicial)

P(O2) ânodo (inicial)

P(H2O) ânodo (inicial)

P(CO2) ânodo (inicial)

P(H2) cátodo (inicial)

P(O2) cátodo (inicial)

P(H2O) cátodo (inicial)

P(CO2) cátodo (inicial)

Ptot

KP Resto

X

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26

6) Tendo-se obtido os valores definitivos de todas as pressões parciais, pode-se agora

calcular o parâmetro da perda de Nerst, como é explicado no parágrafo 1). Juntamente

com a soma das perdas irreversíveis, Rtot, calculada da maneira descrita nos parágrafos

1) e 2), já se pode obter o valor da tensão operativa, V, calculada pela fórmula descrita

no parágrafo 1).

7) Para construir o gráfico das Figs.9.a), b) e c), tem-se apenas de juntar os valores das

tensões operativas e os valores de temperatura que lhe correspondem, para cada

electrólito, numa tabela, exemplificado a seguir na Fig.10.g)

LiNaCO3 LiKCO3 T (ºC) V (V) V (V)

Fig 10.g) – grupo de variáveis da tabela usada para obter o gráfico das Figs.9.a), b) e c)

As Figs. 9a), b) e c) mostram uma forte influência da temperatura operatória no

potencial da célula a temperaturas abaixo de 625ºC, com o potencial da célula a

aumentar rapidamente com o aumento da temperatura. A razão pela qual se fez três

gráficos com correntes específicas de valor diferente foi demonstrar a diminuição do

potencial operativo com o aumento da corrente específica, como a Eq.(1) sugere, sendo

contudo de realçar os seguintes aspectos:

– as tensões nas temperaturas mais altas não diferem muito com a variação de j;

– o electrólito de LiNaCO3 tem uma diminuição das tensões maior do que o electrólito

de LiKCO3 a temperaturas mais baixas com o aumento de j..

Embora os cálculos termodinâmicos mostrassem que o potencial operativo da célula, e

consequentemente o rendimento da célula, pudessem melhorar quando a temperatura

aumenta, acima dos 625ºC de temperatura o potencial da célula alcança valores

assimptóticos quase estáveis e estes não mudam consideravelmente. Os sistemas das

CCCF operam geralmente no campo de temperaturas de 600-750ºC. Logo, os resultados

do modelo indicando que os potenciais máximos da célula são obtidos neste campo de

temperaturas condizem bem com os dados obtidos de estudos experimentais a este

respeito [Baranak e Atak¨ul (2007)].

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27

As curvas na figura também comparam os desempenhos dos dois tipos de células de

combustível baseados na relação entre potencial da célula e temperatura e mostram que

a CCCF com o electrólito de LiNaCO3 produz potenciais ligeiramente maiores que a

CCCF que o electrólito de LiKCO3 a temperaturas maiores do que 600ºC (600-750ºC),

o campo de temperaturas em que as CCCF geralmente operam. Abaixo desta

temperatura, contudo, a última parece ter um melhor rendimento do que a primeira. Isto

pode ser atribuído à solubilidade do oxigénio, a qual diminui mais rapidamente ao

aumentar a temperatura para o LiNaCO3, que para o LiKCO3. Uma temperatura de

650ºC aparenta ser a temperatura operatória óptima para ambas as células de

combustível, já que a vaporização dos electrólitos cresce e a corrosão das placas

separatórias aumenta consideravelmente acima deste nível de temperatura enquanto a

tensão operatória permanece constante. Acima de 650ºC, contudo, a dependência do

potencial da célula para a temperatura operatória vai-se extinguindo.

4.3. – Previsão do efeito da pressão no desempenho da CCCF

A pressão operacional tem sido envolvida nos parâmetros operativos que podem

afectar consideravelmente o desempenho da CCCF.

Variação da tensão com a pressão

0,86

0,87

0,88

0,89

0,90

0,91

0,92

0,93

0,94

0,95

0,96

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9Pressão (bar)

Ten

são

oper

ativ

a (V

)

LiNa

LiK

Fig.11 – Efeito da pressão no potencial da célula de combustível de carbonato fundido

para electrólitos LiNaCO3 e LiKCO3. (T = 650ºC; j=150mAcm-2)

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28

Variações dos potenciais da CCCF com a pressão operativa obtidas por cálculos estão

descritas na Fig.11. Da mesma forma que para o gráfico de temperatura, os resultados e

gráfico foram calculados usando o mesmo método com a diferença de considerar a

variação de pressões como factor de mudança para as outras variáveis, mantendo

sempre a corrente especifica e a temperatura constantes para cada caso. Como é visto na

Fig.11, os potenciais da célula aumentam de forma estável com o aumento da pressão

operativa para ambos os electrólitos. Aumentos na pressão resultam em tensões da

célula mais altas devido ao aumento da pressão parcial dos gases, solubilidade dos gases

melhorada e características de transporte de massa da célula [Baranak e Atak¨ul (2007)].

Os resultados do modelo sugerem uma dependência maior do potencial da célula em

relação à pressão, do que é descrito pela equação de Nerst. De acordo com a equação de

Nerst, um aumento de 8x na pressão resulta num aumento de 41,4mV no potencial

reversível da célula a 650ºC, tendo sido calculado um acréscimo médio para ambas as

CCCF’s de aproximadamente 70mV. Isto vem do facto de a variação real no potencial

da célula ser maior que a calculada pela equação de Nerst, devido ao decréscimo de

sobre tensões consistindo de perdas no ânodo, cátodo e internas.

A CCCF com um electrólito de LiNaCO3 é claramente superior à CCCF com um

electrólito de LiKCO3. Contudo, ambas as células de combustível mostram uma

inclinação semelhante na variação de potencial, uma dependência mais forte da pressão

até às 3 atm e uma dependência relativamente mais fraca após este valor. Estes dados

estão consistentes com os resultados previamente apresentados nas Fig.7 e 9 e indicam

também um melhor desempenho da CCCF com o electrólito de LiNaCO3 com respeito à

curva de desempenho e o potencial da célula.

4.4. – As diversas perdas e o efeito das condições de operação, temperatura e

pressão, na variação do seu peso relativo.

As perdas distintas que ocorrem, de Nerst, resistência interna, no ânodo e no cátodo,

já foram mencionadas, no seu geral, no parágrafo 4.1. Aqui, contudo, procurar-se-á

evidenciar a influência das condições operatórias, temperatura e pressão, na variação

destas perdas.

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29

ηNerst em função da temperatura

5,00

5,40

5,80

6,20

525 575 625 675 725

Temperatura (ºC)

%

LiNa e LiK

Fig.12 – Efeito da temperatura no peso relativo das perdas de Nerst de uma CCCF com

electrólitos LiNaCO3 e LiKCO3 (P=1,01325bar e j=150mAcm-2).

Como se vê pela Fig.12, o peso relativo das perdas de Nerst aumenta linearmente

com a temperatura, como seria de esperar pelo enunciado da Eq.(4), sendo igual para

ambos os electrólitos, já que a temperatura e as pressões parciais são iguais para os dois.

Ran em função da temperatura

0,40

0,80

1,20

1,60

2,00

2,40

2,80

3,20

525 575 625 675 725

Temperatura (ºC)

%

LiNa

LiK

Fig.13 – Efeito da temperatura no peso relativo das perdas no ânodo de uma CCCF com

electrólitos de LiNaCO3 e LiKCO3 (P=1,01325bar e j=150mAcm-2).

Page 37: Estudo umérico do Desempenho de uma Célula de Combustível de … · pressão e temperatura de operação. Para se perceber melhor o que é exactamente uma célula de combustível

30

Na Fig.13 verifica-se que o peso relativo das perdas no ânodo diminui com o

aumento da temperatura para os dois electrólitos, mas esse peso com o electrólito

LiNaCO3, que começa por ser menor que aquele com o electrólito LiKCO3 a

temperaturas baixas, a partir do patamar de 625ºC passa a ser maior e esta diferença vai-

se acentuando com o aumento da temperatura. A variação neste caso, ao contrário do

anterior, não é linear, devido a depender mais da pressão do que da temperatura.

Rca em função da temperatura

0,60

4,20

7,80

11,40

15,00

18,60

22,20

25,80

29,40

33,00

36,60

525 575 625 675 725

Temperatura

%

LiNa

LiK

Fig.14 – Efeito da temperatura no peso relativo das perdas no cátodo de uma CCCF

com electrólitos de LiNaCO3 e LiKCO3 (P=1,01325bar e j=150mAcm-2).

Constata-se pela Fig.14, que tal como o peso relativo das perdas no ânodo, o peso

relativo das perdas no cátodo diminui com o aumento da temperatura, embora de uma

forma muito mais brusca, e ao contrário do caso no ânodo, aqui é o peso com o

electrólito LiKCO3 que começa por ser menor a temperaturas mais baixas e a partir de

um patamar de 630ªC, passa a ser maior. No entanto, ao contrário do caso anterior, não

é uma diferença que se acentue com o aumento da temperatura, estabilizando a

temperaturas mais altas.

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31

Rir em função da temperatura

2,40

3,00

3,60

4,20

4,80

5,40

6,00

6,60

7,20

525 575 625 675 725

Temperatura

%

LiNa

LiK

Fig.15 – Efeito da temperatura no peso relativo das perdas internas de uma CCCF com

electrólitos LiNaCO3 e LiKCO3 (P=1,01325bar e j=150mAcm-2).

No caso das perdas internas, a Fig.15 demonstra mais uma vez, que o peso relativo

das perdas diminui com o aumento da temperatura, mas aqui o peso relativo com o

electrólito LiKCO3 evolui quase de forma paralela com o do LiNaCO3 nessa

diminuição, sendo o peso relativo da perda com o electrólito LiKCO3 sempre maior.

Page 39: Estudo umérico do Desempenho de uma Célula de Combustível de … · pressão e temperatura de operação. Para se perceber melhor o que é exactamente uma célula de combustível

32

ηNerst em função da pressão

1,50

2,10

2,70

3,30

3,90

4,50

5,10

5,70

0,6 1,4 2,2 3 3,8 4,6 5,4 6,2 7 7,8 8,6

Pressão (bar)

%

LiNa e LiK

Fig.16 – Efeito da pressão no peso relativo das perdas de Nerst de uma CCCF com

electrólitos LiNaCO3 e LiKCO3 (T=650ºC e j=150mAcm-2).

Observa-se na Fig.16 que com o aumento da pressão, o peso relativo das perdas de

Nerst varia, tal como no caso da temperatura, com os mesmos valores para ambos os

electrólitos, só que agora decresce e não de forma linear, devido às variações das

pressões parciais.

LiNaCO 3 LiKCO 3

Rca Rca P 3,249707 4,946789

Tabela 3 – Efeito da pressão no peso relativo das perdas internas de uma CCCF com

electrólitos LiNaCO3 e LiKCO3 (T=650ºC e j=150mAcm-2).

Como se vê pela tabela 3, o peso relativo das perdas internas da célula têm sempre o

mesmo valor, para cada um dos electrólitos, quando apenas varia a pressão, o que

corresponde ao enunciado na Eq.(8).

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33

Ran em função da pressão

0,30

0,50

0,70

0,90

1,10

1,30

0,6 1,4 2,2 3 3,8 4,6 5,4 6,2 7 7,8 8,6

Pressão (bar)

%

LiNa

LiK

Fig.17 – Efeito da pressão no peso relativo das perdas no ânodo de uma CCCF com

electrólitos LiNaCO3 e LiKCO3 (T=650ºC e j=150mAcm-2)

Rca em função da pressão

2,40

2,80

3,20

3,60

4,00

4,40

4,80

5,20

0,6 1,4 2,2 3 3,8 4,6 5,4 6,2 7 7,8 8,6

Pressão (bar)

%

LiNa

LiK

Fig.18 – Efeito da pressão no peso relativo das perdas no ânodo de uma CCCF com

electrólitos LiNaCO3 e LiKCO3 (T=650ºC e j=150mAcm-2)

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34

Pelo que é observado na Fig.17 e na Fig.18, o peso relativo das perdas no ânodo e no

cátodo decresce em ambos os casos com o aumento da pressão, e de uma forma

semelhante para os dois electrólitos, mantendo uma diferença relativamente constante

entre um electrólito e outro. Deve-se notar o seguinte:

– o peso relativo das perdas no cátodo é sempre maior do que o no ânodo,

independentemente da pressão e do electrólito;

– o peso relativo das perdas no ânodo com o electrólito LiNaCO3 é sempre maior

que com o electrólito LiKCO3;

– o peso relativo das perdas no cátodo com o electrólito LiKCO3 é sempre maior

que com o electrólito LiNaCO3.

4.5. – Rácios do fluxo de gás e o efeito da percentagem de utilização do combustível

no desempenho da CCCF

Como o modelo adoptado neste trabalho ainda está numa versão muito simples, que

não contabiliza as penalizações práticas do funcionamento da célula, nesta fase não é

possível calcular o rendimento da célula de acordo com a formulação teórica

.

célcél .

comb

W

m PCIη =

Também por ter sido analisada apenas uma célula unitária, considerada com

escoamento uniformemente misturado, não foram avaliadas as diferenças de

desempenho em função do tipo de escoamento gasoso.

Page 42: Estudo umérico do Desempenho de uma Célula de Combustível de … · pressão e temperatura de operação. Para se perceber melhor o que é exactamente uma célula de combustível

35

Cap. 5 – Conclusões

Um modelo matemático simplificado, caracterizador dos processos químicos

envolvidos, foi usado para fazer o estudo numérico do desempenho duma célula de

combustível de carbonato fundido, em estado estacionário, com electrólitos LiNaCO3 e

LiKCO3. Do comportamento da célula, em termos da curva de desempenho, efeitos da

temperatura e pressão na curva de desempenho, peso e evolução das várias perdas, foi

concluído o que se segue:

Em geral, a CCCF com o electrólito LiNaCO3 tem um desempenho melhor que uma

CCCF com o electrólito LiKCO3, mas ambas as células de combustível têm

comportamentos similares com respeito aos efeitos de vários parâmetros considerados

no estudo;

A temperatura operativa afecta fortemente o potencial da célula com temperaturas

abaixo de 630ºC, onde o potencial da célula aumenta com o aumento da temperatura.

Acima desta temperatura, contudo, o potencial da célula mantém um padrão constante e

assimptótico sem mudanças consideráveis;

Os resultados obtidos indicam também uma dependência relativamente grande do

potencial da célula em relação à pressão operativa. O potencial da célula aumenta com o

aumento da pressão operativa tanto para a CCCF com electrólito LiNaCO3 como para a

CCCF com electrólito LiKCO3. Os valores calculados pelo modelo usado são, contudo,

maiores do que os obtidos pela equação de Nernst;

A temperatura operativa afecta linearmente o peso relativo da perda de Nerst, com

este a crescer à medida que a temperatura aumenta, na mesma proporção

independentemente do electrólito usado;

Em relação às outras perdas, a temperatura de operação ao aumentar, diminui sempre

o peso relativo destas, com uma diminuição bastante maior no caso da perda no cátodo.

Esta diminuição varia conforme o electrólito que a célula use, sendo que para o caso da

perda interna, a CCCF com o electrólito LiNaCO3 tem sempre um menor peso relativo,

(à mesma temperatura e corrente especifica) que a CCCF com electrólito LiKCO3;

A pressão de operação ao aumentar diminui o peso relativo das perdas de Nerst,

sempre na mesma proporção, independentemente do electrólito usado;

O peso relativo das perdas internas é único para cada electrólito e não varia com a

pressão (mantendo a temperatura e a corrente específica constantes);

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36

No caso das perdas no ânodo e no cátodo, o peso relativo destas diminui sempre

com o aumento da pressão e com uma diferença relativamente constante entre os dois

eléctrodos. É de notar que o peso relativo da perda no ânodo para uma CCCF com

electrólito LiKCO3 é sempre menor do que o de uma CCCF com electrólito LiNaCO3,

nestas condições, quando no caso da perda no cátodo, acontece exactamente o contrário.

Como foi explicado no final do capítulo quatro, não foi possível demonstrar as

influências da percentagem de combustível utilizado no desempenho da célula, nem do

tipo de escoamento de gás ao longo da mesma.

Sugere-se como trabalho futuro, melhorar o modelo para analisar o aspecto sobre a

percentagem de combustível, assim como o peso do tipo de escoamento, cruzado ou

paralelo, no desempenho da célula

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37

Referências

Literatura

Baranak M., Atak¨ul H., Journal of Power Sources 172 (2007) 831–839.

Bischoff M., Journal of Power Sources 160 (2006) 842-845.

Sundmacher K., Kienle A., Pesch H. J., Berndt J. F., Huppmann G. (Eds.), Molten

Carbonate Fuel Cells (2007) 8-10.

Imagens

Fig.1 – http://www1.eere.energy.gov/hydrogenandfuelcells/fuelcells/fc_types.html.

Fig.2 – http://americanhistory.si.edu/fuelcells/mc/mcfc1.htm.

Fig.3 – http://americanhistory.si.edu/fuelcells/mc/mcfc2.htm.

Fig.4 – http://americanhistory.si.edu/fuelcells/mc/mcfc3.htm.

Fig.5 e 6 – http://www.nfcrc.uci.edu/2/ACTIVITIES/RESEARCH_STUDIES/

RESEARCH_ARCHIVES/carbonateFuelCells.aspx.

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38

Anexo 1 – Cap.4.

Fig.7 –

Fig.8 –

Fig.9.a) e 10.g) –

LiNaCO3 LiKCO3 LiNaCO3 LiKCO3 j(mA/cm2) j(mA/cm2) V (V) V (V)

71,7 59,1 0,9315 0,9315

138,5 114,3 0,8901 0,8901

205,4 169,4 0,8487 0,8487

305,7 252,1 0,7866 0,7866

405,9 334,9 0,7245 0,7245

506,2 417,6 0,6624 0,6624

639,9 527,9 0,5796 0,5796

773,6 638,2 0,4968 0,4968

907,3 748,4 0,4140 0,4140

1041,0 858,7 0,3312 0,3312

LiNaCO3 LiKCO3 V 85,31 83,41

ηNerst 5,71 5,71

Ran 1,25 0,98

Rca 4,48 4,95

Rir 3,25 4,95

LiNaCO3 LiKCO3 T (ºC) V (V) V (V)

550 0,5741 0,7122

575 0,7299 0,7762

600 0,8132 0,8179

615 0,8435 0,8358

630 0,8646 0,8496

645 0,8792 0,8603

660 0,8892 0,8685

670 0,8939 0,8728

690 0,9001 0,8793

710 0,9031 0,8834

730 0,9040 0,8858

750 0,9034 0,8868

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39

Fig.9.b) –

Fig.9.c) –

LiNaCO3 LiKCO3 T (ºC) V (V) V (V)

550 0,4304 0,6146

575 0,6407 0,7023

600 0,7541 0,7605

615 0,7961 0,7857

630 0,8256 0,8056

645 0,8465 0,8213

660 0,8612 0,8336

670 0,8685 0,8403

690 0,8787 0,8509

710 0,8846 0,8583

730 0,8876 0,8634

750 0,8887 0,8667

LiNaCO3 LiKCO3 T (ºC) V (V) V (V)

550 0,2868 0,5169

575 0,5514 0,6285

600 0,6951 0,7030

615 0,7486 0,7356

630 0,7866 0,7615

645 0,8138 0,7822

660 0,8333 0,7988

670 0,8431 0,8079

690 0,8572 0,8225

710 0,8660 0,8332

730 0,8713 0,8410

750 0,8740 0,8465

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Figs.10.a), b) e c) –

LiNaCO 3 LiKCO 3 V

T

∆G

f

E

R

ηNerst

j

Ran

Rca

Rir

Rtot

Ca 2,04E-03 1,39E-06

C1 3,28E-09 1,97E-06

C2 3,39E-06 2,20E-03

Cir 1,12E-02 1,28E-02

CCO2

∆Ha 2,37E+04 7,78E+04

∆HC1 1,32E+05 8,34E+04

∆HC2 6,71E+04 22800

∆Hir 23000 25200

LiKCO 3 LiNaCO 3 LiNaCO 3 LiKCO 3 Gases Ânodo Cátodo

entrada

H2 26,6 0

CO 4,4 0

CO2 10,7 12,9

H2O 34 29,2

O2 0 5,7

N2 24,3 52,2

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41

Figs.10.d), e) e f) –

Fig.11 –

LiNaCO 3 LiKCO 3 P(CO) ânodo (inicial)

P(H2) ânodo (inicial)

P(O2) ânodo (inicial)

P(H2O) ânodo (inicial)

P(CO2) ânodo (inicial)

P(H2) cátodo (inicial)

P(O2) cátodo (inicial)

P(H2O) cátodo (inicial)

P(CO2) cátodo (inicial)

Ptot

KP

Resto

X

P(CO) ânodo (final)

P(H2) ânodo (final)

P(O2) ânodo (final)

P(H2O) ânodo (final)

P(CO2) ânodo (final)

LiNaCO3 LiKCO3 P (bar) V (V) V (V)

1,01325 0,8830 0,8632

2,0265 0,9086 0,8895

3,03975 0,9222 0,9033

4,053 0,9315 0,9127

5,06625 0,9384 0,9197

6,0795 0,9439 0,9252

7,09275 0,9485 0,9298

8,106 0,9524 0,9338

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42

Fig.12 –

Fig.13 –

Fig.14 –

LiNaCO 3 LiKCO 3

T ηNerst ηNerst 550 5,07 5,07 575 5,23 5,23 600 5,40 5,40 625 5,55 5,55 650 5,71 5,71 675 5,87 5,87 700 6,02 6,02 725 6,17 6,17

LiNaCO 3 LiKCO 3

T Ran Ran 550 1,73 3,20 575 1,58 2,32 600 1,45 1,71 625 1,34 1,28 650 1,25 0,98 675 1,16 0,76 700 1,09 0,60 725 1,02 0,47

LiNaCO 3 LiKCO 3

T Rca Rca 550 34,40 17,25 575 19,69 12,22 600 11,66 8,86 625 7,12 6,56 650 4,48 4,95 675 2,89 3,82 700 1,92 2,99 725 1,30 2,39

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Fig.15 –

Fig.16 –

Tabela 3 –

LiNaCO 3 LiKCO 3

T Rir Rir 550 4,57 7,21 575 4,16 6,50 600 3,81 5,90 625 3,51 5,39 650 3,25 4,95 675 3,02 4,56 700 2,82 4,23 725 2,64 3,93

LiNaCO 3 LiKCO 3

P ηNerst ηNerst 1,01325 5,71 5,71

2,0265 4,38 4,38

3,03975 3,60 3,60

4,053 3,05 3,05

5,06625 2,62 2,62

6,0795 2,27 2,27

7,09275 1,97 1,97

8,106 1,72 1,72

LiNaCO 3 LiKCO 3

P Rir Rir 1,01325 3,25 4,95

2,0265 3,25 4,95

3,03975 3,25 4,95

4,053 3,25 4,95

5,06625 3,25 4,95

6,0795 3,25 4,95

7,09275 3,25 4,95

8,106 3,25 4,95

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44

Fig.17 –

Fig.18 –

LiNaCO 3 LiKCO 3

P Ran Ran 1,01325 1,25 0,98

2,0265 0,88 0,69

3,03975 0,72 0,57

4,053 0,62 0,49

5,06625 0,56 0,44

6,0795 0,51 0,40

7,09275 0,47 0,37

8,106 0,44 0,35

LiNaCO 3 LiKCO 3

P Rca Rca 1,01325 4,48 4,95

2,0265 3,70 4,04

3,03975 3,33 3,61

4,053 3,08 3,34

5,06625 2,91 3,14

6,0795 2,78 2,99

7,09275 2,67 2,87

8,106 2,58 2,77