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Ética aplicada
O conceito “Ética Aplicada” surgiu nos anos 60 do séc. XX, por
analogia com outras disciplinas, como a física aplicada, a sociologia
aplicada, etc. e pretendeu, sobretudo, dar uma resposta às
incertezas relativamente ao futuro das próximas gerações humanas
provocadas pelo desenvolvimento tecnocientífico.
Conceito
Os desastres ecológicos, a manipulação genética, a
energia nuclear, etc., criaram preocupações relativamente à perversão das características únicas e essenciais do homem
e relativamente aos efeitos remotos, cumulativos e
irreversíveis da intervenção tecnológica sobre a natureza.
Depois da queda do muro de Berlim (1989), acelerou-se o fenômeno da globalização, com os novos problemas econômicos, políticos, sociais e culturais. Mudou a natureza do capital: apareceram os fluxos financeiros internacionais, com as multinacionais. Mudou a natureza do trabalho-- antes, os fatores de produção eram três: o Trabalho, o Capital e a Terra; -- Hoje, a produção tornou-se mais intensiva no conhecimento. O saber constitui um fator de diferenciação no trabalho. Com a globalização, o Estado tem de saber conciliar o nacional e o internacional e criar condições estruturais de competitividade em escala global.
Globalização
A moral tradicional (normativa), fundada na consciência individual, revela-se totalmente incapaz de responder aos problemas de um novo mundo e de uma nova sociedade. É preciso uma moral que parta dum conceito de responsabilidade solidária.
Vivemos num “novo mundo”: a aldeia global
Nesta aldeia global o que mais conta é a informação e conhecimento.
Vivemos numa “nova sociedade”: a sociedade do conhecimento”
O conhecimento exige capacidade de organizar a informação. E isso exige capacidade de dar á informação um valor, traçar-lhe um sentido e uma finalidade
É preciso criar uma ética que conjugue o saber científico com o saber antropológico e cultural, que se harmonize com a globalização e a sociedade do conhecimento.
A ética aplicada procura harmonizar-se com um mundo da complementaridade, supondo uma razão comunicativa e solidária. Parte da realidade (é indutiva) e serve-se de princípios para avaliar as consequências das ideias que orientam a intervenção na realidade.
1º princípio da autonomia (PA): «Não faças a outrem (pessoa ou grupo) aquilo que ele não faria a si mesmo, e faz-lhe aquilo que te prometeste a fazer-lhe de acordo com ele.»
2º Princípio da não-maleficência (PnM): «Na ignorância das reais consequências da nossa acção devemos ser cautelosos, de modo a que se não cause a terceiros maleficências que podem ser evitadas».
3º Princípio da beneficência (PB): «Faz aos outros o que é bom para eles».
4º Princípio da justiça (PJ) «Os iguais devem ser tratados de igual forma e os diferentes de forma diferente».
Tais princípios resumem-se a quatro:
1.-exige-se que a opinião pública manifeste sua posição.
2.-exige-se que os interesses particulares de cada grupo social se subordinem aos interesses coletivos.
3.- Exige-se que os objetivos econômicos, sociais, culturais e políticos sejam articulados entre si e com o princípio de um progresso orientado pelo respeito da solidariedade antropocosmica.
Três exigências orientam a ética aplicada: