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Ética na enfermagem

éTica e enfermagem

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Ética na enfermagem

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Valores, atitudes ecomportamentos na área da saúde:

o cuidado na dimensão éticaLéa Depresbiteris

Você não pode me ensinar a pensar por mimmesmo, porém pode criar um ambiente no qual eu possadescobrir como ensinar a mim mesmo a pensar por mimmesmo.

Matthew Lipman

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Cenas para reflexão

Cena 1

Luísa chamou em voz alta o próximo usuário a ser atendido.

– Sr. Cláudio!

Seu olhar percorreu a sala, repleta de gente, mas não viu movimento algum. Então, repetiu:

– Sr. Cláudio, Sr. Cláudio!

Quando ia desistir da chamada, a profissional de saúde sentiu uma mão levemente pousada em seu ombro. Virou-se e viu uma mulher jovem, que falou timidamente:

– Cláudio é meu nome na certidão de nascimento. Eu não escutei a senhora chamar, porque estou acostumada a ser chamada de Valéria.

Luísa pareceu surpresa. Tratava-se de uma mulher alta, com cabelos bem-cuidados.

Muito sem jeito, Luísa encaminha Valéria para a sala de atendimento, parecendo constrangida em lidar com a usuária.

Cena 2Um profissional de saúde atende uma pessoa com uma doença sexualmentetransmissível e se mostra extremamente competente ao orientá-la.Além de dar informações claras e precisas sobre a doença, interage demodo a acolhê-la, utilizando linguagens verbal e não verbal adequadasao contexto. Esse profissional aprendeu, com estudos e vivências, que acomunicação verbal exterioriza o ser social e a não verbal, o ser psicológico,ou seja, aquele que tem sentimentos, emoções que devem ser consideradasno tratamento.

Cena 3Carmem sempre foi uma profissional de saúde devotada. Ela se lembrava,contudo, com angústia e tristeza, de um caso, logo no início de suacarreira. Na época, estava atendendo uma mulher com sífilis e mencionouque precisaria conversar com o marido. Carmem sentiu que a usuária aolhou com tristeza.– Ele não vem, não – falou a mulher, constrangida. – Ele não liganada para mim. Imagine agora que estou doente!Carmem, desconsertada, mas decidida, disse:– Ele vem, sim. Não vou aceitar um não do seu marido, mesmo porque,se ele não vier, a senhora não poderá continuar o tratamento.Carmem nunca mais viu a mulher.

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• Para compreender melhor quais são as atitudes mais significativas para mobilizaras competências, na dimensão do saber-ser da saúde, é preciso refletir sobre osprincípios éticos que permeiam o trabalho nessa área;

• Cumpre enfatizar que os valores éticos de uma profissão são especificados nadeontologia, que é um conjunto de normas que indicam como os indivíduosdevem se comportar na qualidade de membros de um determinado corposocioprofissional. A deontologia é denominada comumente ética profissional(FORTES, 1998

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• Na Constituição de 1988 conhecida como Constituição Cidadã e que temcomo princípio essencial o reconhecimento de muitos direitos dacidadania, a saúde é concebida como direito de todos e como um dever doEstado;

• A finalidade principal é o acesso universal e igualitário às ações e serviçospara promoção, proteção e recuperação das pessoas;

• Um dos valores essenciais na área da saúde é o da integralidade, que seapresenta indissociável de outro valor: o cuidado. A origem do cuidar é dolatim antigo – cura –, termo que era usado em um contexto de relações deamor e amizade. Expressava a atitude de desvelo, de preocupação e deinquietação pela pessoa amada ou por um objeto de estimação.

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Quais são as atitudes amplas e comportamentospossíveis desejados na área da saúde?• (1) Atitudes

Na perspectiva dos valores éticos orientadores da área dasaúde, destacam-se atitudes de dimensão mais ampla, como:respeito, responsabilidade, solidariedade e empatia. Todas elas têmuma relação direta, mas, para fins didáticos, aparecem descritas emseparado.

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Respeito

• Na área da saúde, o respeito humaniza o atendimento dousuário, entendendo-o em sua singularidade, com necessidadesespecíficas, e criando condições para que tenha maiorespossibilidades para exercer sua vontade de forma autônoma.

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• Responsabilidade

Na área da saúde, a responsabilidade é desvelada na consciência doprofissional que pondera as consequências de um passo a serdado, buscando assegurar a integridade, a coerência e a harmonia daquiloque acredita e os propósitos éticos e educativos da conduta e práticaprofissional;

Responsabilidade na área da saúde pode ser entendida em mão dupla, vistatanto do lado do profissional como do lado do próprio usuário. Do lado doprofissional, pode ser entendida como a capacidade para assumir aresponsabilidade pelos problemas da saúde do usuário. Do lado dousuário, implica o abandono de uma atitude passiva com relação à sua saúdee na busca da melhor qualidade de vida possível;

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Solidariedade

• A solidariedade não pode ser compreendida como sentimento deternura, simpatia ou piedade. Implica compromisso para com o próximo. Ocompromisso profissional pode ser entendido como o grau pelo qual umapessoa identifica-se com seu trabalho, participa dele ativamente e oconsidera importante para sua própria valorização

Empatia

• empatia pode ser definida como a união, a fusão emotiva de uma pessoacom outras. Na área da saúde, procurar sentir o que a outra pessoa sentecomo se estivesse nessa mesma situação é extremamente efetivo notratamento. Contudo, alguns profissionais argumentam que se deve evitaro perigo da permissividade, estabelecendo limites. A percepção quanto aesse limite está muito ligada à maturidade emocional e à experiência emrelações interpessoais. Na verdade, quem fica muito tempoempático, sofrendo com a dor do outro, perde a mobilidade de ações quepoderiam ser úteis para o cuidado.

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Respeito, responsabilidade, solidariedade e empatia são

algumas atitudes com potencial de tornar o cuidado mais

humano e efetivo.

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• (2) Comportamentos

• Respeito, responsabilidade, solidariedade e empatiasão algumas atitudes com potencial de tornar ocuidado mais humano e efetivo. Mas quecomportamentos observar para inferir se estas seencontram ou não incorporadas? Alguns dessescomportamentos podem ser: planejar otrabalho, comunicar-se de maneira clara eprecisa, promover ambiente de diálogo econfiança, e zelar pelo sigilo e preservar a discrição.

Planejar o trabalho, antecipar situações

• Planejar é o processo de pensar antecipadamenteum trabalho. Compreende um conjunto deconhecimentos ordenados, de modo a possibilitarmudanças na realidade. Trata-se de umcomportamento de respeito na saúde.

• Na enfermagem, o planejamento é visto como um processo intelectual, isto é, a determinação consciente do curso de ação, a tomada de decisões com base em objetivos, fatos e estimativas submetidos à análise (HORTA, 1977).

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Comunicar-se de maneira clara e precisa

• A comunicação diz respeito às informações apropriadas àsnecessidades do usuário, adequadas do ponto de vista técnico ecientífico da linguagem empregada

Realizado sala de espera pelos profissionais da eq. Bariri - RJ

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• Promover ambiente de diálogo e confiança

Para romper com a visão assistencialista, mecanicista, na área da saúde, deve-sebuscar sempre um ambiente que favoreça o diálogo. O diálogo vai além de umasimples conversação entre o profissional da saúde e o usuário.

• Zelar pelo sigilo e preservar a discrição

palavra discrição é originária do latim discretione e diz respeito à qualidade dealguém em ser discreto, reservado ou de agir com sensatez e modéstia. Comrelação ao termo sigilo, Gobbeti (2006)24 diz que devemos ter clareza da diferençaentre esse termo e a palavra “segredo”. Segredo é tudo aquilo que não pode serrevelado. Sigilo é um elemento característico das relações de confiança. Para ele, osigilo profissional está relacionado a todas as profissões da área da saúde. Osegredo profissional diz respeito àqueles profissionais que têm acesso ainformações e que devem mantê-las preservadas.

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Trabalhar em equipe – uma atitude indispensável para a competênciaprofissional na saúde

• As características mais fortes do processo de trabalho em saúde são acomplexidade, a heterogeneidade e a fragmentação;

• Decorre daí a necessidade de uma ação interdisciplinar na saúde

Equipe de saúde de UBSF de Campina Grande-PB Equipe multiprofissional do Centro Intergado de Referencia Secondária Viva Vida e Hiperdia - Santo Antônio do Monte

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O trabalho em equipe surge como uma estratégia pararedesenhar o trabalho e promover a qualidade dosserviços, quando promove movimentos coletivos de:planejamento, estabelecimento de prioridades, duplicidadedos serviços, geração de intervenções maiscriativas, redução de intervenções desnecessárias pela faltade comunicação entre os profissionais. O trabalho emequipe tem como objetivo a obtenção de impactos sobre osdiferentes fatores que interferem no processo saúde–doença.

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A evolução do ensino da ética para enfermeiros e fundamentos

éticos e morais na prática de enfermagem

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• Uma apreciação acerca do ensino da ética na enfermagem brasileirapassa necessariamente pelo estudo da mais importante entidade dacategoria, a Associação Brasileira de Enfermagem (ABEn), fundada noano de 1926, e de sua principal revista, criada em 1932 sob adenominação de Annaes de Enfermagem, atual Revista Brasileira deEnfermagem (REBEn).

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A preocupação com o ensino da ética na enfermagembrasileira nasce e evolui paralelamente à organização eestruturação da profissão, sofrendo influência dosmesmos princípios que fundamentaram seus marcosconceituais, dos objetivos que sustentaram ou queembasaram a criação de suas váriasentidades, enfim, das próprias lutas ideológicas que setravam a partir das diferentes concepções de mundopresentes na sociedade e que repercutem na práticaprofissional dos enfermeiros. Portanto, o ensino da éticana enfermagem surge com a criação do própriocurso, em 1923, no Rio de Janeiro, na então Escola deEnfermeiros do Departamento Nacional de SaúdePública (DNSP), hoje, Escola Ana Néri.

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• De acordo com inúmeras análises já efetuadas acerca do ensino deenfermagem no Brasil, a principal conclusão é que o mesmo sepautou por trilhas muito conservadoras;

• Particularizando a formação ética, o seu ensino e suas bases sefundamentam em um profundo sentimento de religiosidade.

• Nesse sentido vale destacar que, dentre as qualidades inerentes aobom profissional: "a obediência, o respeito à hierarquia, ahumildade, o espírito de servir, entre outros"

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• O "Juramento e Profissão de Fé dos Enfermeiros Brasileiros", prestado pelaprimeira turma da Escola Ana Néri, em 1925, retrata o forte traço dareligiosidade e submissão que marcaram e até hoje se refletem na formaçãodos enfermeiros. Assim, vejamos:

"Comprometo-me solenemente a servir de todo o coração a aqueles cujos cuidados me forem

confiados (...) Trabalharei sempre com fidelidade e obediência para com os meus superiores e peço a Deus que me conceda paciência, benevolência e

compreensão, no santo mistério de cuidar dos que sofrem".

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• A bibliografia que orientava os programas de ética nas primeiras décadasde realização do Curso de Enfermagem se fundamentava, sobretudo, emtextos direcionados para uma religiosidade extremamente conservadora econformista em face dos problemas no âmbito do exercício profissional eda sociedade estabelecida;

• Desse modo, empreendendo uma breve análise histórica do pensamentoético, verificamos existir uma possível identidade da ética preconizadapela enfermagem com os fundamentos da ética cristã.

• Em outras palavras, existem raízes históricas profundas que precisam serconsideradas quando analisamos o ensino de enfermagem e a ética queenforma seus profissionais.

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• Portanto, de acordo com o ideário cristão, a partir de sua própria interpretaçãoacerca da doença ou enfermidade (entendida como castigo divino), aqueles quese dedicavam ao cuidado dos enfermos vislumbravam a possibilidade de salvarsua própria alma.

• Assim, muitas organizações de cunho religioso foram fundadas com o objetivo deatender aos pobres e doentes desamparados, fato este que, sem dúvida, exerceuinfluência no sentido caritativo concedido à enfermagem ao longo de suahistória.

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• Um outro aspecto a ser considerado, quando analisamos a ética naenfermagem, diz respeito à sua fase denominada crítica ou decadente,

• Ocorreu exatamente na transição do feudalismo para o capitalismo e naqual se registra uma diminuição do espírito religioso, e também comgrande significado, o movimento de reforma;

• Muitas religiosas que se dedicavam aos cuidados dos doentes foramexpulsas dos hospitais e a atenção aos pacientes passou a ser exercida pormulheres sem qualquer preparo, na maioriabêbadas, prostitutas, analfabetas;

• Talvez aí resida a intensa preocupação com a questão da moralidade naprofissão, bem como com o sentimento de religiosidade por partedaqueles que, no início desse século, organizaram no Brasil o ensinosistematizado de enfermagem, e também daqueles que os sucederam.

Voltando na história...

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• Em pesquisa recente acerca do ensino de ética naenfermagem, tomamos, entre outros instrumentos de análise, aRevista Brasileira de Enfermagem (REBEn), o periódico de maiorcirculação e importância para essa categoria profissional em todo opaís;

• Assim sendo, a revista se reveste de grande significação na formaçãodos enfermeiros e, principalmente no que diz respeito à formação deuma ética

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• Segue trecho de outro discurso publicado na mesma revista, no ano de1935:

"Sem vocação e sem abnegação faz-se da enfermagem um meio de vida, umoffício e não o que ela deva ser: um sacerdócio..."(6).

• Na década seguinte, a de 40, a linha do discurso entre os articulistas daREBEn permanece mais ou menos inalterada quanto ao apelo àreligiosidade;

• Os períodos seguintes, as décadas de 50 e 60, foram ainda mais pródigas;

• Eventos proporcionaram não somente uma significativa discussão emtorno do "sentido cristão de servir" mas também uma intensa produção deartigos para a revista, em torno da mesma temática.

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• Nesse período, em 1958 exatamente, foi também aprovado oPrimeiro Código de Ética para Enfermeiros, sob a responsabilidadeda Associação Brasileira de Enfermagem (ABEn)

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• E, acerca do ensino de ética propriamente, vejamos o que afirma a diretora daEscola Ana Neri, à época: "A ética nas escolas deve ser objeto de cuidadosoensino, elaborando-se para isso bons programas que respeitem e desenvolvam osprincípios da moral natural e cristã".

• Prosseguindo na análise a respeito da religiosidade, em artigo intitulado"Formação moral da enfermeira", a articulista, professora de ética de uma escolade enfermagem do Rio Grande do Sul, ressalta

• "As aulas de ética profissional devem complementar o curso de religião e a éticaprofissional devem ser como que um entremeio que acompanha e passa portodas as matérias ou um fio de ouro que une o estudo científico ao estudoprático".

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Na década de 7O, começam a surgir algumas publicações críticas narevista, embora sutis, no que se refere à formação do enfermeiro, ao mesmotempo que decrescem o número de artigos dentro de uma visão conservadora.

A partir de então, mais precisamente na década de 8O, essa dimensão seintensifica na REBEn e as matérias acerca do ensino de ética, por exemplo, contêmcríticas tanto ao conteúdo quanto à forma como o mesmo vem sendo posto emprática.

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• Essa nova vertente abre espaços para um ensino mais reflexivo, quer nocampo da ética, quer nas áreas técnicas e propicia uma análise daenfermagem como prática social, relacionada, portanto, às estruturaseconômica, política, social e ideológica da própria sociedade brasileira;

• Como exemplo dessa nova fase, observemos o que declara a coordenadorada comissão de educação da ABEn, em editorial da revista:

"O projeto de educação em enfermagem não significa apenas a montagemde novo currículo mínimo, novas metodologias; (...) esse projeto deveenfrentar o desafio da profissionalização do nível elementar, ultrapassar adimensão técnica do ensino para outra de maior abrangência, ou seja, adimensão técnico-política (...) e, acima de tudo, superar a neutralidade daeducação e assumi-la como um ato político”

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Concluindo as citações mais atuais, de textos do início da década de90, o discurso das articulistas, em análise efetuada acerca do setorsaúde, é diametralmente oposto aos de épocas anteriores.Assim, vejamos:

"As dificuldades no processo de construção do SUS, ou seja, de um novomodelo de prestação de serviços, não se encontram apenas nos planoseconômico, político e técnico. Elas estão também no planoideológico, na cultura institucional vigente no serviço público e na faltade um compromisso social e ético da maioria dos servidores com asaúde da população..."

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Ao pensarmos sobre os fundamentos ou princípios éticos quepautam a ação do enfermeiro, não podemos negligenciar asquestões sobre as quais estamos discorrendo. Pois o exercícioda enfermagemengloba, basicamente, consciência, liberdade, valores eresponsabilidades, que se encontram inseridos no contextoculturalmente construído ou transformado de nossostempos, como significados atribuídos socialmente ao fazer doenfermeiro.

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• Assim, a cultura histórica sobre o processo saúde-doença, por exemplo, seriaresultado das interpretações que as ditas situações produzem em umadeterminada sociedade através dos tempos;

• Outro fundamento da ação profissional são os valores que ajudam as pessoas atomarem decisões, possibilitando a eleição de um caminho, de uma direçãodeterminada, assumindo um posicionamento a partir de suas escolhas.

• Ao considerarmos a dimensão ética do agir do enfermeiro, é preciso pensar naquestão da heteronomia e da autonomia.

• A primeira aceita a norma externa, por conformismo ou coerção (desse modo, alei é considerada a principal fonte do direito positivista e se impõe de modocoercitivo, independentemente das vontades individuais).

• Por outro ângulo, na autonomia, não se nega a influência externa das normaspostas nem das regras jurídicas, porém há um espaço de reflexão sobre aspróprias contingências e limitações das normas.

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• A liberdade, como elemento fundamental da ação humanae, particularmente, da ação profissional, engloba a diversidade e aspossibilidades;

• A autonomia, desse modo, quer dizer o direito de dirigir-se, degovernar-se e de escolher;

• A responsabilidade profissional consiste na perspectiva dosfundamentos éticos da ação e no ato de responder pelos própriosatos ou pelos de outrem, sempre que esses resultem em prejuízo aterceiros. Por outro lado, a responsabilidade consiste no fato depoder estar em condições de tornar-se responsável por algo oualguém;

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• Os fundamentos éticos da ação do enfermeiro (como gerente oueducador e ao prestar o cuidado direto ao paciente) devem pautartoda a sua ação, auxiliando-o no discernimento e na escolha;

• Diante de contingências cotidianas, com base nos valoresprofissionais e na consciência dos direitos e dos deveres profissionais(deontologia e diceologia), bem como a partir da percepção darealidade que vivencia, o enfermeiro age e decide como e quandofazer algo;

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Ao agir de modo ético, o enfermeiro repensa aresponsabilidade individual e institucional, englobandoas relações do mundo do trabalho (os recursos humanose materiais de que dispõe), avaliando e transformandoas condições de trabalho e modificando as relações, afim de garantir uma assistência de enfermagem seguraà clientela por ele assistida, com isenção de riscos epropiciando maiores benefícios possíveis.

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• A ação do enfermeiro não se pauta, unicamente, na competência do saberfazer, englobando outras dimensões igualmente relevantes, como o saberconviver e saber ser, relacionar-se e comunicar-se com os demais;

• Com isso, o pensamento ético propulsiona a avaliação das atribuições ouações profissionais da enfermagem, englobando as competências(privativas e exclusivas) do enfermeiro;

• O Código de Ética dos Profissionais de Enfermagem (Cepe) faz um rol deresponsabilidades dos profissionais dessa área, incluindo a obrigação deassegurar à clientela uma assistência segura, isento de riscos ou deprejuízos decorrentes de negligência, imperícia ou imprudência (artigos 12e 21 do Cepe)

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Entretanto, a simples existência de códigos de ética não torna asrelações mais ou menos éticas, pois essas normatizações assinalamapenas os valores que uma determinada coletividade considera comosendo necessários para que cada membro possa interagir e trabalhar.Ademais, os códigos de ética devem ajustar-se, continuamente, àssituações novas que as transformações sociais e científicas suscitam acada momento.

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