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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO
DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS PROJETO “A VEZ DO MESTRE”
ÉTICA: princípios, meios e fins...
Por:Anete Barros Corrêa Gonçalves
Rio de Janeiro
2003
2
GONÇALVES, Anete Barros Corrêa.
ÉTICA: princípios, meios e fins... GONÇALVES, Anete Barros Corrêa -
Rio de Janeiro: Universidade Candido Mendes,2003.61 p.
3
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO
DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS PROJETO “A VEZ DO MESTRE”
ÉTICA: princípios, meios e fins...
Por:Anete Barros Corrêa Gonçalves
Trabalho monográfico apresentado como
requisito parcial para conclusão do Curso de
PÓS-GRADUAÇÃO “Latu Sensu” na
habilitação Supervisão Escolar, orientado
por Vilson Sergio Carvalho.
4
AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente a Deus sem ele eu não
conseguiria nada.
Agradeço a pessoa especial que sofreu todos os
enjôos, e sentiu todas as dores, que do seu ventre
trouxe – me ao mundo.
Agradeço – te, por limitar – se à vida para que eu
a pudesse ter.
A você que sorriu ou chorou, ou de tristeza ou de
alegria.
A você, que com sua força, com sua simplicidade
e amor, me ensinou a ser o que sou, a ser
alguém, devota por você torno-me grata pelo seu
amor mãe.
Agradeço também ao meu esposo, por acreditar
em mim, por me apoiar, e me entender, pelos
momentos em que as pedras cruzavam os meus
caminhos, e você ultrapassa – lãs e me estender
às mãos, ultrapassando – as eu também, e assim
na escuridão do final do túnel, através de você
enxergar a luz que me incendiou e me
transformou em águia, e a voar para conquistar os
meus ideais.
5
DEDICATÓRIA
Dedico esta monografia aos meus
filhos, Damaris e Danilo, meus eternos tesouros!
6
EPÍGRAFE
“ 1 Provérbios de Salomão,
filho de Davi, rei de Israel:
2 Para se conhecer a
sabedoria e a instrução; para se
entenderem as palavras de
inteligência;
3 para se instruir em
sábio procedimento, em retidão,
justiça e eqüidade;
4 para se dar aos simples
prudência, e aos jovens
conhecimento e bom siso.”
PROVÉRBIOS 1. 1:4
7
SUMÁRIO
Resumo
Introdução
I Capítulo - Ética : o conceito
08
09
1.1 - Conceituando 13
1.2 – Características da Ética 15
1.2 – Códigos de Ética 17
1.3 – Valores 18
II Capítulo - Ética : formação docente
2.1 – Competência social e ética dos professores 20
2.2 – Compromisso com a qualidade: educadores criativos...
educandos brilhantes.
22
2.3 – O compromisso social e ético dos professores 24
III Capítulo - Ética : em sala de aula
3.1 - O professor e prática educativa em sala de aula 28
3.1 – Os resultados não intencionais da prática em sala de aula 32
3.2 – Os resultados não intencionais da prática em sala de aula 34
3.2 – Os resultados não intencionais da prática em sala de aula 37
CAPÍTULO IV - Ética : vivenciando uma experiência
4.1 – A título de estudo de caso 47
Conclusão 53
Referências Bibliográficas 56
Anexos 58
Folha de Avaliação 62
8
RESUMO
Pesquisar um tema como Ética relacionada a prática pedagógica, demanda
não somente um aprofundamento teórico como principalmente um
envolvimento com as relações concretas que se estabelecem no cotidiano
da relação professor-aluno. Na elaboração desta monografia, o suporte
bibliográfico fundamentou a análise do discurso de alguns educadores do
ensino fundamental e, principalmente, de sua prática em sala de aula.
Ao final desta, compreende-se que alguns educadores, sem se dar conta da
unilateralidade de seu ponto de vista, atuam de forma que parcial
imaginando ser, aparentemente, o proprietário de um único critério moral
para todas as formas de moralidade, e por isso aplicam a ferro e fogo seus
conceitos de certo/errado, sem levar em consideração. o quanto é
necessário uma re-leitura das ações pedagógicas sob o ponto de vista ético,
considerando fundamental o papel do educador não somente na formação
acadêmica mas também holística do indivíduo.
9
INTRODUÇÃO
A presente monografia tem o objetivo de analisar com tem sido a prática e
os princípios éticos dos docentes de Escolas Estaduais de 1ª à 4ª série,do
Ensino Fundamental.
A saber que a ética estuda as diversas formas de comportamento do homem
(no caso deste estudo, o professor).
A palavra ética vem do grego ethos que significa analogicamente modo de
ser ou “caráter”.
A ética revela uma relação entre o comportamento moral, as necessidades e
interesses sociais, devendo fornecer a compreensão dos homens, podendo
contribuir para fundamentar ou justificar certas formas de comportamentos.
Neste estudo abordarei questões que se relacionam com a ética
profissional, que serão divididas em cinco capítulos, como: O conceito da
ética, As características das éticas, divididos em moral, valores e egoísmo.
O compromisso social e ético dos professores. As competências sociais e
éticas dos professores. O poder e a autoridade. O professor e a prática
educativa na sala de aula. A relação professor – aluno. E o estudo de caso,
que, baseado em autores conhecidos da educação, relacionarei a ética
profissional dos professores.
A razão ou razões de sua escolha profissão, pois, sabe – se que o professor
e o profissional mais responsável em formar indivíduos de gerações e
gerações inseridos na sociedade.
Neste primeiro capítulo, através de filosofo, definir o conceito de ética, parte
teórica deste estudo onde se entenderá o que é a ética como se apresenta
no individuo, e como faz parte do mesmo.
No segundo capítulo, dentro dos conhecimentos adquiridos com estudos de
conceitos da ética, definir suas características em relação do homem na
sociedade, para melhor elaboração de nosso estudo, deixando claro o que é
10
a moral, e o que ela significa, assim como os valores e como o indivíduo
pode transparecer o seu egoísmo que é uma conseqüência da falta de ética
e da moral com as pessoas vividas na sociedade.
A partir deste terceiro capítulo, baseados em Psicólogos, Pedagogos e
Professores conhecidos pela educação, ou através do ato de ensinar,
abordar as questões do compromisso com o aluno e a profissão, pois o
compromisso é a palavra chave da profissão, e sabemos que a falta desta
trás deficiências, no caso deste estudo à do conhecimento, que o aluno
deixa de receber do professor descomprometido com ele.
No quarto capítulo falar da competência profissional, de como ela deve ser
aplicada na profissão, e o quanto é necessário também na profissão. Falar
da questão do poder e da autoridade, saber se o professor sendo
transmissor de conhecimento na sala de aula deve exercer o pleno poder,
sobre os alunos por estar na condição de superior ao inferior.
A prática do professor na sala de aula, como o professor, exerce essa
prática, a partir dessa prática despertar o aluno para seu desenvolvimento,
como ele deve agir, nas aulas no cotidiano da sala de aula.
Finalizando no quinto capítulo a ralação do professor com o aluno, como ela
pode ajudar na aprendizagem do aluno, e em que ela pode influenciar na
questão cognitiva, afetiva e psicomotor da criança, este e a chave deste
estudo.
Entende – se que a relação professor – aluno quando não é bom o
aprendizado sofre certas deficiências e neste estudo abordarei a questão do
professor que é descomprometido com seu trabalho e este age de forma de
comportamento que foge da ética moral,onde através de tais
comportamentos destrata indivíduos causando muitos das vezes traumas
em crianças em início de vida escolar, acarretando mudanças em suas vidas
nas estruturas futuras.
Entender portanto a que razão foi à escolha de sua profissão, pessoal ou de
terceiros, pessoal ou de terceiros , não justifica suas reações, no caso de
11
destrato de um indivíduo, e sim a transformação no seu caráter moral, na
sua mudança de valores morais, e na criação crescentes do seu egoísmo
enquanto pessoa dentro de um grupo social e de uma mesma sociedade.
Esta questão, está com cada um de nós dia – a – dia, principalmente em
Escolas Estaduais de áreas bem carentes. E para isso o profissional de
educação não se identificar mesmo com que faz, a transmissão de
conhecimento necessária não acontecerá por motivos de deficiência
profissional.
O principal motivo da escolha deste tema e de entender como o cotidiano
influi na mudança de personalidade do professor,pois, uma vez que este
mesmo é ciente de sua responsabilidade com a sociedade de formar
pessoas capazes de serem críticas, sabendo ele que ao ingressar em um
concurso Público enfrentaria de todas as dificuldades possíveis que poderá
passar, interferindo no seu relacionamento com o aluno.
12
CAPÍTULO I
o conceito
13
1.1 Conceituando...
Segundo Aristóteles ética é “a busca do conhecimento do ser para construir
aquilo que deve ser.”( Fundamentos da Filosofia, 1998). Ética, neste
contexto, é estuda o comportamento do homem, levando em conta as
normas morais e seus valores construídos na sociedade.
O homem tem uma tendência inata para viver em sociedade, constituída por
seus semelhantes, recebendo dela o amparo de que necessita e utilizando –
a para desenvolver suas capacidades. Por isso se diz que o homem é um
ser social.
Para integrar – se a sociedade humana, o homem tem que abrir mão de
seus interesses sociais, além de ser capaz de sentir os problemas dessa
sociedade e de estar sempre predisposto a colaborar na solução dos
mesmos. Para assumir tais responsabilidades, o homem deve ser
convenientemente preparado para vivenciar tarefas e isto compete a
educação que fornece subsídios capazes de levar o indivíduo a conhecer os
princípios que norteiam a vida em sociedade e a uma conseqüente
adaptação destes a mesma.
Entende-se, então, que a ética é a “prática” do bem e do mal de acordo com
seu caráter social, ciente de uma ética moral que rege uma comunidade ou
uma sociedade. Indaga-se, neste ínterim, quais regras sociais estariam
regendo a ética profissional do professor do Ensino Fundamental – objeto de
nosso estudo - nos dias de hoje. Qual será o compromisso que atua como
pressuposto na prática docente?
A psicologia vem em ajuda da ética quando põe em evidência as leis que
regem as modificações internas do comportamento do indivíduo, assim
como quando nos mostra a estrutura do caráter e da personalidade. Essas
estruturas da ética, e que nos ajudará a situar no devido lugar a moral
efetiva, quando ela trata de definir o que é bom e recusa-se a reduzir-se
naquilo que satisfaz o interesse pessoal, exclusivo, evidentemente influirá na
prática moral de rejeitar um compromisso egoísta como moralmente válido.
14
“Não é possível pensar os seres humanos longe sequer da
ética, quanto mais fora dela. Estar longe ou pior, fora da
ética, entre nós, mulheres e homens é uma transgressão. É
por isso que transformar a experiência educativa em puro
treinamento técnico é amesquinhar o que há de
fundamentalmente humano no exercício educativo.”
(Paulo Freire,1979,p.68).
Para Paulo Freire (1979), a ética deve estar com o ser humano cada dia mais
interiorizado no mesmo e na sociedade por ele vivida, pois, ela é capaz de
transformar o caráter humano através da experi6encia educativa.
O caráter formador diz respeito a natureza do ser humano, o ensino dos
conteúdos não pode dar-se alheiro a formação moral do educador. Educar é
substantivamente formar, divinizar. A tecnologia ou a ciência é uma forma
altamente negativa e perigosa de pensar errado.
15
1.2 Característica da Ética.
Entende-se que a moral efetiva compreende não somente normas ou regras
de ação, mas também as atitudes – respostas dadas a cada uma delas. A
moral, como forma de comportamento humano, possui um caráter social,
pois, é característica de um ser que em sua totalidade engloba
comportamentos basicamente individuais e, ao mesmo tempo, comporta um
ser social sujeito moralmente a determinados princípios, valores ou normas
morais coletivas.
Dizemos que o homem age, ao longo de sua história, moralmente e que
apresenta vários traços característicos que o diferenciam de outras formas
de condutas humanas dentro de uma visão macro da sociedade. O
comportamento humano prático moral, ainda que sujeito a variações de uma
época para outra ou de uma sociedade para outra, remonta até as próprias
origens do homem como ser social, de acordo com os bons costumes que, é
próprio para favorecer estes costumes ao espírito intelectual.
A moral é a ciência do bem e do mal, teoria do comportamento humano
enquanto regido por princípios éticos (variam de cultura para cultura e se
modificam com o tempo no âmbito de uma mesma sociedade) que, com
regras, visam direcionar as ações do homem, segundo a justiça e a
equidade natural de honestidade.
A moral propõe, através de normas, uma melhor convivência entre os
indivíduos, orientada pelos valores próprios a uma determinada sociedade e
tem valor histórico que muda de acordo com a sociedade.
As normas morais são cumpridas a partir da convicção íntima de cada
indivíduo, enquanto as normas jurídicas devem ser cumpridas, havendo ou
não a adesão do indivíduo a elas, sob pena de punição do Estado em casos
de desobediência. A esfera da moral é mais ampla, atingindo diversos
aspectos da vida humana e não se traduz em um código formal. A
consciência moral é a característica que melhor distingue o homem dos
16
outros animais, pois permite o desenvolvimento do saber e de toda essa
racionalidade que se empenha em distinguir o verdadeiro do falso.
Mas, além dessa consciência lógica, o ser humano possui também uma
consciência moral, isto é, a faculdade de observar a própria conduta e
formular juízos sobre os atos passados, presentes e as intenções futuras.
Contudo, depois de julgar, o Homem tem condições de escolher, dentre as
circunstâncias possíveis, seu próprio caminho na vida e construir sua
historia.
A consciência moral está relacionada com a liberdade que também difere de
outros animais, pois lhe foi outorgado a liberdade de julgamento, um direito
dado ao homem e só ele pode decidir o que é bom (bem) ou ruim (o mau).
Esta capacidade/possibilidade é definida – e respeitada pelo todo- de acordo
com a conduta do indivíduo e da sociedade, baseando – se no senso de
responsabilidade do ser humano e o compromisso com o seu grupo social.
Karl Marx acreditava que o Homem não é nem uma essência nem um
recipiente no qual o espírito se manifesta, mas um indivíduo que se forma e
se constitui no interior das relações sociais nas quais vive. Acreditava que o
indivíduo é o ser social, assim a moral é uma produção social e atende a
determinadas demandas sociais que devem contribuir para a regulação das
relações sociais e que se transformam ao longo da história e onde ocorre a
transformação do ser humano. A moral torna – se uma forma de consciência
própria a cada momento, determinando o desenvolvimento da existência
social.
17
1.3 Códigos de ética
A relação entre os indivíduos e a sociedades em geral, deve seguir
princípios que garantam a integridade moral das atividades desenvolvidas.
Como cada profissão tem suas especificidades, a maioria delas dispõe de
códigos de ética próprios que impõem limites de condutas aos profissionais
da área. Em alguns casos, o descumprimento do código pode até resultar
em cassação do registro profissional.
Os conselhos Regionais e o conselho Federal de cada profissão são os
órgãos responsáveis pela fiscalização do cumprimento dos códigos de ética.
O código de ética não quer dizer que o profissional é competente, porém se
o profissional o deixa de cumprir, tem uma maneira de ser punido.
A consciência ética é o melhor regulador para o exercício da competência e
sabemos que o professor não dispõe de um código de ética oficial, o que é
uma falha muito grande, pois este profissional é responsável por contribuir
na formação de outros profissionais.
A sociedade, então, vive apoiada na certeza a priori de que o professor é um
ser naturalmente comprometido e quando esse sentimento e as atitudes
correlacionadas não são apresentadas em sua prática profissional, toda a
classe a que este profissional esta associado passa a carregar o estigma de
ineficiente, deixando de cumprir seu papel de transmissor de conhecimento
e de mediador na formação da identidade humana. A sociedade, quando
age de maneira alienada, perde quando um profissional não assume seu
papel, papel este que ele mesmo escolheu para exercer. No entanto, cabe
ressaltarmos que a responsabilidade pela atuação de um profissional cabe
não somente a sociedade como um todo mas ao elemento formador da
mesma: o próprio indivíduo.
18
1.4 Valores
Compreende – se que aos valores éticos se atribue a coragem, a audácia, a
valentia, a utilidade, a bondade, a justiça, etc. É a atribuição concedida a
algo ou alguém por merecimento ou mérito próprio, também como os
respectivos pólos negativos como a inutilidade, a maldade, a injustiça, etc.
Atribuímos estes valores à coisas, pessoas ou objetos, quer sejam naturais
ou não, para mais tarde, ocupar valor nas relações de conduta humana,
particularmente a conduta moral.
19
CAPÍTULO II
A prática
20
2.1 Competência social e ética dos professores.
Competência é a palavra mais necessária para a educação de hoje. Pois é
através dela que se formarão pessoas preparadas para a nova realidade
social. Essa abordagem por competências é uma maneira de levar a sério
um problema antigo, o de transferir conhecimentos. Para desenvolver estas
competências é preciso trabalhar resoluções de problemas e por projetos,
propôr tarefas complexas e desafios que incitem os alunos a mobilizarem–
se em seus conhecimentos.
Os professores devem parar de pensar que dar o curso é o cerne da
profissão. Ensinar hoje deve ser regular situações de aprendizagem,
seguida os princípios pedagógicos construtivistas. Os docentes, habituados
a cumprir rotinas, devem repensar sua profissão, pois sabe – se que assim
eles não desenvolverão competências.
Ele deverá ser capaz de identificar e valorizar suas próprias competências,
dentro de sua profissão e de outras praticas sociais. Só então o docente
poderá ajudar os alunos a desenvolverem competências e futuros objetivos
profissionais nestes últimos.
Vivemos em época de amplas reflexões sobre o crescimento do seres
humanos no contexto individual, espiritual, cognitivo, físico, de valores
éticos, culturais e sociais. Iniciar um indivíduo em seu processo profissional
ou conduzir os que já estão no mercado de trabalho de maneira que
exerçam a profissão escolhida com efetividade contínua, é tarefa de todos.
Mas ao professor compete formar profissionais competentes, cidadãos
responsáveis, amigos legais, membros responsáveis de uma família,
produtores de valores.
Deve – se desenvolver no aluno o senso critico, ligado a objetivos futuros
onde os mesmos sejam preparados para o amanhã.
“A incompetência profissional desqualifica a
autoridade do professor...”
( Paulo Freire, 1979, p. 132)
21
A palavra incompetência possui uma carga emocional um tanto quanto forte
e quando relacionada ao exercício profissional, ela desqualifica o individuo.
22
2.2 Compromisso com a qualidade:
educadores criativos... Educandos brilhantes.
Aprender com as diferenças é a teoria e a ciência do ensino. A pedagogia
analisa princípios e métodos de instrução de acordo com uma concepção de
vida.
A dedicação dos professores e o comprometimento com a vida escolar e
futura do aluno são fatores fundamentais para o bom desempenho deste
último. Uma pesquisa realizada pela Fundação Carlos Chagas avaliou o
desempenho de dez escolas localizadas em regiões carentes de grandes
cidades brasileiras e revelou que os alunos dessas escolas, quando tinham
professores comprometidos com a profissão, criativos, inovadores em
métodos pedagógicos alcançavam ótimos desempenhos e habilidades
psíquicas e motoras.
Estas habilidades possibilitavam diferenças consideráveis nas práticas
pedagógicas. Os professores recorriam a métodos diferentes, que inovavam
seu conhecimento despertando a curiosidade e o interesse dos alunos.
Observou-se que, nestes espaços, a qualificação das informações levadas
através de seus docentes, que de maneira positiva criavam situações dentro
da realidade dos alunos em seus próprios cotidianos, contribuíram para
resultados significativos.
O professor trabalha com o aluno suas múltiplas inteligências,
desenvolvendo – as e assim preparando os mesmos para o futuro, através
da criatividade, da vontade de vencer, sem medos e traumas.
O professor comprometido com sua profissão, apresenta ao seu aluno
caminhos que se podem percorrer e se satisfaz ao ver o desempenho do
mesmo.
“... a coragem de querer bem aos educandos é a
própria prática educativa de que se participa, esta abertura
ao querer bem não significa na verdade, que porque
professores, me abrigam a querer bem a todos os alunos de
maneira igual, significa, de fato, que a afetividade não me
23
assusta, que não tenho medo de Express – lá . Significa esta
abertura ao querer bem a maneira que tenho de
autenticamente selar o meu compromisso com os
educandos, numa prática específica do ser humano...”
(Paulo Freire,1979, p. 81).
24
2.3 O compromisso social e ético dos professores.
O trabalho docente constitui o exercício profissional do professor e este é o
seu primeiro compromisso com a sociedade, sua responsabilidade é
preparar os alunos para se tornarem cidadãos ativos e participantes na
família, no trabalho, nas associações de classe, na vida cultural e política.
É uma atividade fundamentalmente social, porque contribui para a formação
cultural e científica do povo, tarefa indispensável para outras conquistas
democráticas.
Uma das características mais importantes da atividade do professor é a
mediação entre o aluno e a sociedade entre as condições de origem do
aluno e sua ocupação social na sociedade, papel que cumpre provendo as
condições e os meios conhecimentos, métodos, organização do ensino, que
assegure o encontro do aluno com as matérias de estudo. Para isso é
necessário desenvolver suas aulas, e avaliar o processo de ensino. Um sinal
indicativo da responsabilidade profissional do professor é seu permanente
empenho na instrução e educação dos seus alunos, dirigindo o ensino e as
atividades de estudo de modo que estes dominem os conhecimentos
básicos e as habilidades, e desenvolvam suas forças, capacidades físicas e
intelectuais, tendo em vista equipamentos para enfrentarem os desafios da
vida prática no trabalho e nas lutas sociais pela democratização da
sociedade.
O compromisso social, expresso primordialmente na competência
profissional, é exercido no âmbito da vida social e política. Como toda
profissão, o magistério é um ato político porque se realiza no contexto das
relações sociais onde se manifestam os interesses das classes sociais. O
compromisso ético político é uma tomada de posição frente aos interesses
sociais em jogo da sociedade. Quando o professor se posiciona, consciente
e explicitamente como classe de representação efetiva e majoritária da
sociedade, ele insere sua atividade profissional, ou seja, sua competência
técnica na luta ativa por esses interesses. A luta por melhores condições de
vida e do trabalho e a ação conjunta pela transformação das condições
25
gerais , econômica, política,culturas, da sociedade. Esta consideração
justifica a necessidade de uma sólida preparação profissional face ás
exigências colocadas pelos trabalhos docentes.
“Ensinar é uma especificidade humana, exige
segurança, competência profissional e generosidade.
A segurança com que a autoridade docente se
move implica uma outra, a que se funda na sua competência
profissional”.
(Paulo Freire,1979, p. 73).
“Nenhuma autoridade docente se exerce
ausente desta competência . O professor que não leve a
sério sua formação, que não estude, que não se esforce
para estar á altura de sua tarefa não tem força moral para
coordenar as atividades de sua classe.
(Paulo Freire,1979, p. 93).
O professor comprometido com seu trabalho é fundamental para a formação
do individuo, por isso, é necessário que o mesmo tenha em mente a
necessidade da formação e da preparação que se deve ter, a
responsabilidade de uma prática educativa que desperte e estimule os
alunos o gosto pelo estudo, pois, depende do professor o estimulo para que
o aluno tenha tal interesse.Pois o docente dosado da competência completa
as atividades necessárias do aluno, desenvolvendo o mesmo, para a
sociedade e desempenhando para a vida futura. O comprometimento
profissional cria novos caminhos, novos horizontes, descobre o mundo e o
vê de uma forma mais dinâmica e melhor. Educar para a vida não é tarefa
fácil. O professor precisa atuar como facilitador do conhecimento, estimular a
participação e não deve ser apenas um condutor.
O educador que se preocupa em educar para a vida não pode contentar – se
apenas com o conteúdo, como um mero transmissor de conhecimentos
universais. Ele deve exercer uma influência positiva sobre os educandos e
26
ser sempre uma presença amiga, passando bons exemplos e transmitindo
experiências adquiridas ao longo da vida. O professor deve ser um facilitador
que ajude a descobrir caminhos, a pensar alternativas. Deve formar
cidadãos críticos capazes de pensar e de agir e de se preparar para o futuro.
“Ensinar não é transferir conhecimentos, mas
criar possibilidades para a sua produção ou a sua
construção.”
(Paulo Freire,1979, p. 54).
O educador democrático não pode negar–se o dever de na sua prática
docente reforçar a capacidade crítica do educando sua curiosidade e o seu
pensar de forma a respeitar suas potencialidades, o professor comprometido
com o aluno sabe pensar a construção do conhecimento seja um ato
completo para o aluno.
27
CAPÍTULO III
Em sala de aula
28
3.1 O Professor e a prática educativa na sala de aula.
O professor quando entra na sala de aula, para desempenhar sua tarefa de
transmitir conteúdos curriculares, pode parecer ao observador menos atento,
que se trata de um trabalho neutro, que não exige opções e tomadas de
decisões. No entanto, ao momento da aula antecede várias opções sobre o
que ensinar como e porque a prática educativa do professor deve ser
coerente com sua postura em face da sociedade, as escolas, e de seus
alunos. O professor não pode adotar um discurso que não tenha seu
correspondente na prática, a identidade do profissional é construída com
base na significação social da pratica educativa.
Pimenta (1997), acredita que a identidade do professor é constituída através
da revisão constante dos significados sociais da profissão, na revisão das
tradições.
Mas também na reafirmação de práticas consagradas culturalmente e que
permanecer significativas. O professor que adotasse uma postura autoritária
impondo comportamentos e aplicando punições arbitrárias, afinal, a
sociedade esta consolidando a sua democratizando uma identidade
profissional constrói – se pelo significado que cada professor como ator, e
autor, confere a atividade docente no seu modo de situar – se no mundo sua
historia da vida suas representações seus, saberes, suas, angustias e seus
anseios, o professor cujo papel é o de mediador entre o conhecimento e o
aluno tem um grande trabalho a realizar com as crianças e jovens.
Proceder à mediação entre a sociedade da informação e os alunos, no
sentido de possibilitar – lhe, pelo desenvolvimento da reflexão, à aquisição
da soberania necessária a permanente construção do ser humano.
A vida cotidiana do professor consiste em construir e contribuir para a
construção de conhecimento. É através do cotidiano, na vida concreta, que
desenvolve – se a pratica pedagógica, que implementa a teoria, a
metodologia, as estratégias do ensino.
29
Analisando a vida cotidiana do professor (Cunha 1997), afirma que o fato de
que a realidade da vida cotidiana e também inclui uma participação coletiva
o existir na vida cotidiana é estar continuamente em integração e
comunicação com os outros e os significados das outras pessoas, que vivem
também o cotidiano.
“Pensar na sala de aula como um lugar de relação professor
e aluno abrem inúmeras possibilidades de positivas
relações interpessoais de satisfações no processo ensino
aprendizado do aluno.”
(Cunha ,1997,p.47).
O compromisso do professor na sala de aula é um fator tão importante que
quando este falta, o professor deixa de transmitir o conhecimento e assume
um papel que desfavorece a ética profissional
Há muito tempo atrás quando se falava em curso superior a pessoa só tinha
algumas opções, engenharia, medicina e direito. Com o passar dos anos a
engenharia começou a abranger diversos pontos e era associada a
“máquinas”, o direito aos “papeis” e somente a medicina possuía relação
direta com as “pessoas”. O que dizer do magistério? Atua diretamente com
pessoas mas somente para repassar conhecimentos teóricos passíveis de “
decoreba”, falando popularmente.
O ser humano diferente da máquina e dos papeis, pois precisa de calor
humano, de atenção para se desenvolver como individuo, interado em sua
sociedade, porque a mesma tem suas necessidades. Para isso, o individuo
que ingressa em um curso preparatório para professores primários, deve
identificar todas as questões humanas e agir dentro de uma ética moral, e se
ele não gosta das características de sua profissão, não deve dar
continuidade a sua escolha profissional inicial, porque ensinar é um ato de
amor e de dedicação ao próximo.
30
Quando estuda-se, Paulo Freire, Freinet, Emilia Ferreiro, Skinell, e outros,
perceberemos que educar ou ensinar e um dom um talento mágico que não
é dado a qualquer pessoa. E não é tarefa fácil, por isso a pessoa ao
ingressar em uma instituição para estudar e mais tarde atuar com pessoas,
deve estar ciente de todas essas questões ou todas as questões que regem
sua profissão (escolha). No caso do professor, formar cidadãos preparados
para o futuro dentro de cada realidade.
O professor ao prestar um concurso público deve está ciente de seu papel
de transmitir o conhecimento porém como um mediador e não somente
detentor do mesmo. Além disto, não poderá esquece-se de seu público será
variado deste a formação cultural, familiar quanto cognitiva.
Os alunos especiais conseguem executar certas tarefas e acompanham
programas escolares especiais tanto quanto os indivíduos normais são
capazes de acompanhar os programas escolares. A inteligência é como a
capacidade que o individuo tem de aplicar conhecimentos que lhes foram
adquiridos pela sua própria construção constante
Quando o professor age na sala de aula, agredindo verbalmente a criança,
dizendo que as crianças são pobres e sempre vão ser assim, rotulam o
aluno porque não tem condições de desenvolver seu conhecimento dentro
de sua própria perspectiva e tem dificuldades de aprendizagem, exprime
todo seu preconceito contra os alunos e esses preconceitos muita vezes se
originam na própria formação pessoal do professor.
O preconceito não passa de uma avaliação negativa, realizada sem
fundamentos suficiente e sem objetivos. Os preconceitos não nos dize como
os outros são realmente e sim a idéia que se tem dentro de si mesmo de
uma realidade que não se conhece realmente. Essas idéias podem ser
mudadas desde que a pessoa preconceituosa não resista a mudanças.
Atualmente é difícil encontrar pessoas que assumam seus preconceitos,
principalmente os associados à raça. No entanto, observa-se isto nas piadas
de mal gosto que algumas pessoas dizem e em sala de aula não é diferente.
Deve-se entender que um comentário de cunho preconceituoso é a
31
assinatura de um professor sem ética e descomprometido com sua
profissão.
O professor comprometido mesmo que tenha dificuldades na escola que
leciona sabe que seu público não deve pagar por alogo que não podem
mudar.O educador que desempenha o seu papel, estimula os alunos,
mantém uma relação professor- aluno onde cada um assuma o seu papel,
onde não deixe de inovar os conhecimentos de acordo com cada realidade,
e desenvolver na sala de aula uma comunicação interpessoal, onde segundo
pesquisas em psicologia, a abertura na comunicação contribui para criar
boas relações. .(Jourard ,1964).
Assim será possível na sala de aula centrar a atenção dos alunos e
estimular seu interesse, desenvolver suas potencialidades e conseguir passo
a passo envolver – se na aprendizagem, tomando gosto por ela e se
preparando para o futuro.O que o professor faz é criar uma situação de
comunicação entre os alunos com um propósito educativo, de acordo com o
que importa é colocar os alunos como sujeitos de sua própria reflexão, na
relação professor – aluno os professores respeitam os alunos como pessoas
humanas, usam justiça nos tratamentos aos alunos, usa o dialogo como
meio de proporcionar o crescimento do educando, interessa-se pelas
diferenças individuais e pelos problemas particulares de cada aluno, estão
conscientizados de que seus procedimentos são modelos para os
educandos , e procura o pleno desenvolvimento do processo da construção
do conhecimento, onde a aprendizagem e constante e individual de cada
aluno, através de sua vida cotidiana e sua realidade que é diferenciada uma
da outra.
A escola é uma instituição que tem por finalidade o oferecimento de
oportunidades para que o educando desenvolva suas potencialidades em
seus múltiplos aspectos, e levando-se em conta que deve atender ao
máximo as características individuais, não se poderá prescindir de um bom
conhecimento do aluno, seu nível mental, suas aptidões, seus interesses
seus traços de personalidade assim por diante.
32
3.2 Os resultados não intencionais da prática na sala
de aula.
A importância dessa relação com os alunos é pensar nos resultados não –
intencionais. Pretende-se que os alunos aprendam alguma coisa, mas às
vezes eles aprendem outras que não queriam que ele aprendesse. É de
máxima importância que a relação com os alunos, e se saiba que se ensina
sem querer ensinar e o que se aprender sem querer aprender, o processo
ensino – aprendizado depende em boa medida do estilo de relação que
estabelecemos com os alunos quando tratamos desse processo ensino –
aprendizado nos firmamos em aspectos formais e temos objetivos de
resultados em métodos e exercícios. Comprovamos então os resultados
obtidos nas salas de aula.Se os alunos têm realmente aprendido algo ou se
tem aprendido a detestar o estudo.
Em todos os casos o aluno aprende e o professor ensina, mas algumas
vezes intencionalmente e outras vezes não intencionalmente, a
intencionalidade ou não refere – se tanto ao professor que ensina como ao
aluno que aprende. É claro que aprender e ensinar não radicalizam as
possibilidades que mais propriamente poderiam ser situadas ao longo de um
contínuo mas sim e o não referente aprender.
Quando o aprendizado é intencional o professor ensina o que quer explicar e
o aluno aprende. Os professores tornam – se modelos de identificação,
quando queridos pelos alunos o professor e capaz de transmitir um
conhecimento que ele mesmo não sabe, muitas das vezes transmitindo de
maneiras verbais e não – verbais, o professor pode ensinar mais do que
aquilo que pretende ensinar a fazer coisa que podem ser positivas ou
negativas,se aceitam ou recusam suas atitudes e seus valores, reforça – se
o interesse ou o desinteresse pelo aprendido.
Uma influencia especifica vem da relação do professor com os alunos
disponibilidade, interesse manifesto por todos os alunos.Eles podem estar
aprendendo, de bom ou de mal, independentemente da avaliação que
fazemos dos conhecimentos e das habilidades que eles vão adquirindo,
33
cada professor pode fazer também em nível institucional, a verdadeira
mensagem é o que transmitimos como importante,se transmitir por meio
daquilo que de fato fazem.E assim como transmitimos o que nos importa
com o que fazemos igualmente tiramos importância mediante o não fazer ou
o fazer menos. A aprendizado das relações interpessoais se da em boa
medida nessa área, aprender atitudes e condutas que delas procedem a
negativas como a hipocrisia.
34
3.2.1 Poder e Autoridade.
Poder, palavra original de um termo sociológico usado para descrever as
ações do exercito e de nações. Mas para os filósofos gregos, Platão,
Sócrates, e Heráclito,definia o poder com o ser. E com o poder é a
capacidade de mudar.
Heráclito (May, 1981), afirma que o ser se encontra em continuo fluxo,
quanto mais se estudava percebendo que o poder defende de emoções,
atitudes e motivos, onde volta – se para a psicologia, em psicologia poder
significa a capacidade de afeto, influenciar e mudar as pessoas, que a cada
uma delas atrai, e liga – se e identifica – se de maneira diferente tais como
as de status, autoridade, prestígios, dinheiro posição, são questões básicas
para o problema de poder.
May (1981), acreditava que o poder e a capacidade de causar ou impedir
mudanças, porque uma pessoa que possui o poder, a maioria das vezes
sofre mudanças em sua identidade.Tomamos o professor como exemplo o
professor em sala de aula possui pleno poder sobre os alunos, ali este esta
como ser superior aos inferiores ( alunos), cabe a este primeiro que esse
poder se direcione para o lado bom como para o lado ruim. Uma vez que
não se tenha o domínio sobre situações e o docente venha abusar de tal
poder que lhe é concedido, este sofre o impedimento de mudanças em sua
identidade causando, certo bloqueio na relação pedagógico.
Determinando o lugar de cada um o aluno como aquele que esta ali para
aprender como o inferior que não se pode colocar e nem pode expor suas
opiniões.
O professor como o superior aquele que sabe é que não aceita criticas,
sugestões .O mesmo acha que por ter o domínio da sala de aula, tudo deve
acontecer como ele quer, ele se torna um ditador, um tradicionalista, que
não precisa de métodos novos ou qualquer outro aperfeiçoamento pois ele já
tem a situação em mãos mesmo que seus alunos não estejam
desenvolvendo, este professor não o olha, ele olha para si, e o que ele esta
35
ensinando para seus alunos, será que este docente tem ensinado ou só tem
feito crescer o medo do aluno de estudar.
“O temor é a angustia pertence mais aos
superiores do que aos inferiores, aos fortes do que aos
fracos.”
(Lobrot ,1977, p. 122)
O temor gera o medo e este o impede de desempenhar plenamente suas
potencialidades. A autoridade não deve ser encarada apenas por quem
obedece ou baseada na relação que une superior e inferior, mas
principalmente por aquele que representa o chamado “superior”. Não é
qualquer um que pode ser detentor da autoridade, pois ela exige
características particulares que nem sempre todos possuem.
Nesse caso, o individuo ignora as alegrias da vontade próprias e da criação
pessoal, ele não é mais, em nenhum sentido o autor de seu ato, assim
vemos que a autoridade é triste e gera tristeza. É preciso que aquele que
possui a capacidade de comandar ou ao menos a possibilidade de exercer o
comando, introduza no campo psicológico do indivíduo que neste momento
é passível de obedecer, elementos que sejam decisivos para este ultimo
sinta-se estimulador a cumprir o comando sugerido.
Em situações de medo, a submissão torna-se o único recurso. O aluno ou
responsável pelo mesmo tem medo de perder a vaga ou teme pela
reprovação, os professores tem medo de perder sua autoridade e, muitas
vezes, de ser identificar com a clientela.
O poder professoral manifesta-se através de um sistema de provas ou
exames, onde ele pretende avaliar o aluno. Na realidade o que está sendo
feito é uma seleção, pois, uma avaliação de uma classe pressupõe um
contato demorado com a mesma, prática impossível no atual sistema de
ensino, a avaliação deixa de ser um instrumento auxiliar do conhecimento e
torna – se um fim em si mesma.
36
A criança e sua família, encontra-se tolhida entre a coerção e a punição,
repressão .
“Como método educativo , o que se exige da
criança submeter – se ás exigências e aos este tipos de um
códigos de boa conduta o discurso em que ela foi colhida
nada mais ,é por, tanto, se não ritual definidor de condutas a
respeitar, determinados os papeis que devem ser
desempenhados.”
(Lobrot, 1977, p. 49)
A noção de poder guarda dentro de si duas idéias, a de força e de
autoridade. A primeira, a força, poder ou abuso. A segunda, a autoridade
tomada no sentido de reconhecimento do prestígio moral, da habilidade, da
experiência, do conhecimento científico, do carisma etc, e não de
autoritarismo.
A autoridade docente “mandonista”, rígida não conta com nenhuma
criatividade do educador. A autoridade coerentemente democrática,
fundamenta – se na certeza da importância, quer de si mesma, quer da
liberdade dos educandos para a construção de um clima de real disciplina,
jamais minimiza a liberdade, esta autoridade esta convicta de que a
disciplina não existe, no silêncio dos silenciados, mas no alvoroço dos
inquietos, na dúvida que investiga na esperança que desperta, mais ainda
que reconhece a eticidade de nossa presença, a das mulheres e homens, no
mundo reconhece, também necessariamente,que não se vive a eticidade
sem liberdade e não se tem liberdade sem risco.
O educador que exercita sua liberdade ficará tão mais livre quanto mais
eticamente vá assumindo a responsabilidade de suas ações .
“A autoridade docente se move e implica uma
outra a que se funda na sua competência
profissional.Nenhuma autoridade docente se exerce ausente
desta competência.” (Paulo Freire,1979, p. 27).
37
3.3 A Relação Professor - Aluno
“Quem ensina aprende ao ensinar e quem
aprende ensina ao aprender.Quem ensina, ensina alguma
coisa a alguém.”
(Paulo Freire,1979, p. 17).
Para Paulo Freire, todas as relações entre pessoas podem acabar sendo
determinantes de mudanças, o que torna a relação professor – aluno
diferente de outros tipos de interação é que nela existe explicitamente é não
de maneira latente um propósito de mudanças e atitudes, habilidades e
idéias do aprendiz.
Na relação pedagógica, o vinculo entre professor e aluno, esgota seu
sentido na intenção de modificar o comportamento deste
ultimo.(aluno).Diante destas afirmações, entendamos que a aprendizagem é
exatamente uma decorrência da interação entre quem ensina e quem
aprende. Segundo Freire o ato de ensinar deve ser uma relação de transmitir
conhecimentos.
“O papel do professor constitui – se
basicamente, em ajudar o educando a aprender em todos os
aspectos, isto é, na aquisição e desenvolvimento de
conhecimento habilidades, hábitos, atitudes, valores,
ideais,ou qualquer tipo de aprendizagem ainda não
desenvolvida e julgada importante e necessária para o
educando tanto pessoal como socialmente.”
(Reeder, 1943, p. 48).
A relação professor – aluno pode ser considerado o momento ótimo para a
construção do ato educativo, o professor é visto pelo aluno como alguém
hierarquicamente superior, mas essa superioridade não pode ser entendida
como uma submissão humilhante a uma postura autoridade, ela deve ser
38
vista sobre tudo como uma posição de ajuda, os alunos guardam a imagem
dos professores que os viram como pessoas e a dos que tiveram efetiva
participação na construção de suas personalidades e visões de mundo.Isto
quer dizer que o bom professor é aquele que esta sempre presente na
construção do ‘ser’dos alunos.
É preciso mostrar ao educando que o uso ingênuo da curiosidade altera a
sua capacidade de achar e obstaculizar a exatidão do achado.É preciso por
outro lado e, sobre tudo, que o educando vá assumindo o papel de sujeito da
produção de sua inteligência do mundo e não apenas o de recebedor da que
lhe seja transferida pelo professor.
Para Pichon – Riviere (1991), o processo de aprendizagem da realidade é
determinado então, pelas características resultantes da aprendizagem previa
da realidade interna estabelecida.
Uma relação docente e discente pode ser preventiva pelo desejo
inconsciente do mestre, favorecendo assim, o surgimento de vários conflitos
no relacionamento entre os mesmos.
“Se á aprendizagem for uma experiência bem
sucedida, o aluno constrói uma representação de si mesma
como alguém capaz de aprender.Se, ao contrário, for uma
experiência mal sucedida, o ato de aprender tenderá a se
transformar em ameaças, e a ousadia necessária á
aprendizagem se transformara em medo, para o qual a
defesa possível é a manifestação de desinteresse.”
(PCNs ,1998, p.72).
A compreensão e o uso adequado das técnicas motivadoras resultarão em
interesse, concentração da atenção, atividades produtividade e atividade
eficiente de uma classe.
A falta de motivação conduzirá no aumento de tensão emocional,
aborrecimentos, fadiga, aprendizagem pouco eficiente da classe com
problemas disciplinares.
39
A boa relação com os alunos deve ser um ato de eficácia profissional, esta
relação é clara diferenciada e importante, comunicar, pode ser muito
condicionante, para bem ou para mal.As expectativas os modos, a
disposição da classe depende em boa medida das primeiras séries
subseqüentes, nossas relações pessoais em geral levemos nossas relações
com os alunos que temos claro em outras relações.
A relação professor – aluno na sala de aula é complexa a abarca vários
aspectos, não se pode reduzi – lá a uma fria relação didática, nem a uma
relação humana calorosa, a relação com os alunos dentro da sala de
aula.Essa relação é entendida do menos para começar a tratar desses
temas de maneira global, tudo é relação e comunicação, ate mesmo o modo
de olhar os alunos diz algo para eles.Enfatizando a relação pedagógica o
professor é aquele que de alguma maneira, inicia a relação e influi nos
alunos o despertar pela relação de ambos, reforça a auto confiança, o êxito
e define do tipo de relação do professor com o aluno, a fim de que eles se
sintam bem, e sim para ajuda – luz em sua tarefa de aprender, a qualidade
do aprendizado padecerá e ate mesmo se deixará de ensinar e aprender
fatos importantes.A eficácia das condutas do professor derivar – se por sua
vez, da eficácia que tais condutas tenham para satisfazer as necessidades
básicas dos alunos, das quais como observamos os alunos podem não ter
uma consciência clara.É na sala de aula e nas tarefas derivadas da aula
que os alunos gastam seu tempo e suas energias, aprendem a respeitar –
se entre si, trabalham em grupo desenvolve – se bem na sociedade a
comunicar – se de maneira competente podem aprender a pensar, os alunos
devem sentir – se livres para errar e aprender com seus erros, o sentir – se
livre se traduz aqui por ausência de medo, de angustia.
“Aprender com os próprios erros é importante
para o crescimento pessoal, seja emocional social ou
cognitivo.”
(Pedro Moraes, 1998, p.37).
40
O ambiente de segurança de paz de confiança é necessário para aprender e
internalizar o que se vai aprendendo, pois, um ambiente de segurança
melhora a capacidade de aprendizado do aluno, proporciona melhorias na
qualidade de raciocínio e desempenha funções que os alunos demonstre
serem capazes de praticar. A sala de aula é lugar onde o professor pode
despertar o interesse do aluno e fazer com que se sinta seguro para um
aprendizado apropriado. O clima de confiança ajuda e faz fluir bons
resultados, vemos que muitas das vezes as situações educativas
conflitantes, são situações de não escuta, o professor no seu papel age
como a autoridade não ouve e não quer ouvir a criança.Ele dentro de seu
tradicionalismo leva a criança à submissão impedindo e não permitindo o
dialogo entre educador e educando.
Para Vygotsky (1984), a escola é o locais da aprendizagem escolar, onde o
papel do professor e das relações interpessoais é fundamental, contudo ele
acredita que a aprendizagem vem muito antes da criança freqüentar a
escola.Quando por exemplo ela começa a ter o contato com a mãe, quando
ouve a voz e procura quando ela começa a se descobrir já ali ela começa a
aprender, no dia – a – dia com a família, ate que vai para escola onde
completa sua aprendizagem.
Para Smolka (1993), a relação de ensino parece constituir nas interações
sociais já a tarefa de ensinar que é organizada é imposta pela sociedade
baseia – se na relação de ensino mas muitas das vezes oculta e torce esta
relação, ensinar é esclarecer, não oculta disfarçar é informar
adequadamente a criança, supondo que ela é capaz de aprender, ouvir a
criança e entender o que ela tem a dizer, já aprender significado poder falar,
perguntar, perceber a seu modo o mundo.
A postura dos que trabalho com educação principalmente, deve ser de
aprendizado constante, pois as pessoas, o conhecimento as técnicas e as
matérias estão sempre mudando.
O professor que acredita que só há uma maneira de ensinar e um só ritmo
para aprender não aceitar as idéias novas nem de outros educadores e
muito menos das próprias crianças que nos mostram de uma simples e até
41
mesmo engraçado o jeito que pensa e o estágio de construção mental em
que se encontram.
“Prepare gerações de construtores que cavem o
solo, subam aos andaimes, lancem de novo para o céu as
flechas ousadas do próprio gênio, perscrutem o universo
sempre ávido do seu mistério. Leve para as suas
ferramentas de construtores, de engenheiros, de
pesquisadores, mesmo se for para a sua escola permanecer
um eterno canteiro de obras, pois nada é tão grandioso do
que isso”.
(Freinet ,1985, p. 57)
O professor deve – se colocar de uma maneira que o aluno sinta – se livre
para aprender, discordar e ensinar de forma democrática, e ouvir a criança.
“Sem dúvida o professor não gosta da
velocidade porque não esta equipada para suporta – luz,
tem raiva do aluno que sempre tem dificuldades e que pelas
suas exigências rompe o ritmo calmo da aula”.
(Freinet, 1985, p. 89).
As relações de ensino então é aquele onde o lugar do ‘quem’ podem ser
preenchidos tanto pelo aluno como pelo professor ou qualquer outra pessoa
que queira transmitir conhecimentos.
O professor distante do aluno não atende ao desejo deste, o processo
ensino aprendizado não se dará de maneira positiva, pode fazer com que a
criança torna – se retraída, uma vez que ela não vê em seu educador
alguém em que ela possa confiar, tirar suas duvidas, expressar suas idéias,
apóia-la, motiva – la a sempre buscar mais, e não desistir, ensinar a ser
critica, pensante, um indivíduo capaz de expor suas opiniões sem medo ou
42
temores, de expor suas opiniões, suas idéias sem medo de ser taxados
como tolos, seres humanos firmes em opiniões e preparados para conseguir
um trabalho no mundo que vão enfrentar todas estas questões só e possível
quando o educador assume o seu papel e este com competência e
compromisso.
O professor na maioria das vezes torna – se um modelo de identificação
para o aluno, e quando estes são queridos por este ultimo a relação torna –
se aberta e direta de maneira que possa ser modelo no qual o aluno aprende
de maneira positiva,o professor pode ensinar mais com o que é, do que com
aquilo que pretende ensinar, seu modo de fazer as coisas implica
mensagens implícitas de efeitos que podem ser positivos ou negativos se
aceitam ou recusam suas atitudes e seus valores, reforça – se o interesse
ou o desinteresse pelo aprendido o aluno pode não ter interesse pelo
estudo, e achar que o esforço pelo aprendido o aluno pode não ter interesse
pelo estudo, e achar que o esforço não compensa, porque não é
reconhecido, porque o custo é superior ao beneficio, que não vale a pena
estudar seriamente, porque o aluno pode ser aprovado colocando ou
simplesmente decorando a matéria é inútil e não vale a pena, não contribui
em nada para a própria formação nem diz nada para a vida, é necessário
que os valores que o professor parece defender ou que representa não
valem a pena, porque ele o aluno tampouco vale a pena,não tem valor, não
é capaz, conseguindo o mínimo para ser aprovado, já é mais que o
suficiente.
O aluno pode pensar em todas essas questões negativas e tomar para si e
deixar que todas estas questões venham afetar seu aprendizado é o seu
desenvolvimento.
É importante que o professor observe o aluno é que através de uma boa
relação possa fazer a criança perceber que ele é capaz e que todo seu
negativismo pode ser vencido, através da ajuda do professor que tem o
compromisso com o aluno e o compromisso com sua profissão de ajudar,
induzir e encaminhar o aluno para caminhos que os ajude a descobrir o
mundo de maneira se relacionar com ele e estar preparado para ele.
43
O professor que não consegue aceitar o fato de que os erros são parte
natural da aprendizagem e do desenvolvimento não pode ter esperança de
criar um clima de franqueza e de confiança, nem de proporcionar condições
adequadas para que cada aluno desenvolva o que possui de melhor em si
mesmo.
O bom professor deve demonstrar capacidades em escolher e empregar
meios de diagnósticos as predisposições de aprendizagem de um aluno
planejar unidades e atividades de estudos, empregar procedimentos e
processos mais adequados de aproveitamento, para aferir com precisão, o
desempenho.
A verdadeira função do diagnóstico é identificar o aluno no ponto em que
está, e então determinar as condições mais apropriadas para o seu
desenvolvimento, de acordo com suas necessidades e suas potencialidades.
A relação dentro da sala de aula é entendida de maneira geral, ou seja, tudo
é ralação e comunicação, ate mesmo o modo de olhar os alunos diz algo
para ele, o aluno se senti seguro a ponto de poder desenvolver suas
potencialidades. O professor é o sujeito principal, aquele que de alguma
maneira inicia a relação, pois, depende do professor que se inicie esta
relação, o aluno vê o professor como alguém muito importante e se este
mesmo não tornar a relação agradável os resultados podem não ser bem
tolerados.
O professor deve estimular esta relação através da motivação, que é
necessária para a relação pedagógica é para o desenvolvimento da criança,
seguem em sala de aula, como dar orientação, mostrar entusiasmos, propor
alternativas para a escolha dos alunos, elogios sinceros, reforço do êxito,
estimular a curiosidade, estimular o interesse centrar a atenção, mostrar a
relevância do que se estuda, criar um clima de confiança e satisfação.
A motivação é interna e floresce, cresce quando os alunos vêem satisfeitas
suas necessidades psicológicas, eles têm necessidades, embora não
tenham uma consciência clara delas e não as expressem, e ate presumam
não te – lãs, os professores eficazes na medida em que levarmos em conta
essas necessidades, de ser aprovado na matéria é algo mais profundamente
44
humano. A eficácia das condutas do professor deriva por sua vez, da
eficácia que tais condutas tenham para satisfazer as necessidades básicas
dos alunos podem não ter uma consciência clara.
As condutas do professor são em boa medida condutas verbais o que
comunica aos alunos e como comunica, mas são também comunicações
não – verbais, gestos, sorrisos, olhares, e,é claro, são também em um
sentido mais próprio o que faz e organiza, o professor se traduz em sua
relação global com os alunos na sala de aula, sua própria concepção do que
é ser professor se expressa continuamente de múltiplas maneiras de forma
natural e espontânea.
As relações interpessoais são de uma necessidade grande é manifesta – se
de muitas maneiras, dedicar o tempo à comunicação com os alunos, a
manifestar afeto e interesse expressar que eles importam para nós, a elogiar
com sinceridade, a interagir com os alunos com prazer o gosto é a rejeição,
a distancia a simples ignorância a respeito dos alunos, o desinteresse.
Deiro (1995), para ele é preciso saber criar um ambiente ou uma atmosfera
de segurança, de paz, de maneira que os alunos possam sentir que aqui se
deve trabalhar, mas o ambiente é bom uma matéria pode ser difícil e exigir
muita atenção e esforço mas isso não significa que se deva estar tenso na
classe e que se pense na prova em um horizonte de angustia e incerteza.
Os alunos devem sentir – se livres para errar e aprender com seus erros,o
sentir – se livres se traduz aqui por ausência de medo, de angustia, aprender
com os próprios erros é importante para o crescimento pessoal, seja
emocional, social ou cognitivo, um ambiente de segurança, de paz, de
confiança é necessário para aprender e internalizar o que se vai
aprendendo, dar estruturas ao seu aprendizado que se refere à quantidade e
qualidade de informação que se da aos alunos em favor da eficácia do
aprendizado, e manifestar expectativas a responder de maneira consistente,
da informação de ajuda, ajustar – se ao nível dos alunos, a informação é
uma fonte de poder sobretudo no terreno da avaliação existe a tentação de
manipular a informação como arma de controle, de castigo, de auto defesa.
45
A organização requer flexibilidade e capacidade de adaptação. Ser
organizado na classe e no planejamento, está estreitamente relacionado a
capacidade do professor de ser flexível, de saber adaptar-se ao que
acontece na sala de aula e nas tarefas derivadas da aula em que os alunos
gastam suas energias, podem aprender a colaborar, a respeitar-se entre si
quando trabalham em grupos em projetos cooperativos, podem aprender
apreciar outras culturas, a desenvolver–se bem na sociedade, a comunicar –
se de maneira competente, podem aprender a pensar construtivamente.
46
CAPÍTULO IV
Ética
Vivenciando uma realidade
47
4.1 A título de Estudo de Caso.
Depoimento de uma professora Catia Cilene dos Santos, atuante na rede
estadual- RJ no ensino fundamental – 3ª séria.
“Lembro – me ainda do meu início na vida escolar. Tinha eu por
volta de 2 anos e meio, era tudo muito novo, muito dinâmico, onde
eu queria está durante muito tempo... Eu não tinha vontade de ir
para casa.
Na pequena escola onde iniciei minha Educação Infantil, aprendi
a desenhar, a pintar, a correr e a falar, e cantar as musicas que a
professora Marizete ensinava, tinha muitos sonhos e muitas
ilusões, o meu mundo era lúdico e cheios de promessas segundo
a tia, que era um doce de pessoa .
O tempo passou. Eu cresci e me transferi de escola, uma
municipal onde iniciei na primeira série, meu raciocínio sempre
foi muito lento... Foi quando eu conheci a professora Luzinete,
que me deu aula durante 2 anos. Ainda na primeira série, pude
conhecer seu caráter e o quanto ela odiava a profissão, ou pelo
menos parecia, com tantas ofensas verbais e corporais com os
alunos dia – a – dia, os alunos daquela turma ouvia as mesmas
coisas, chamava a todos nós de burros, imbecis, débios
mentais... Isso quando alguém n~são trazia o dever de casa
pronto ou mesmo se o trouxesse errado, se não estivesse do
jeitinho do livro, sem tirar e sem acrescentar nada. Horrível era
quando, na aula, ela perguntava de uma matéria já passada e
ninguém respondiam. Começava o terror! Ela sentada no seu
trono,não saia de lá para nada, só para ir ao recreio ou para sair
(ir embora). Chamava o aluno e a ofensa era direta, olho no olho,
corpo a corpo. A sala de aula era aquele silêncio, porque não se
podia falar, sem permissão, às vezes eu a ouvia dizer que a
48
nossa voz a irritava. Ninguém fazia perguntas, falava,
simplesmente ouvia e copiava no quadro negro o “dever”. Era tão
horrível ir para a escola que eu passei a odiar o ato de estudar,
nada entrava em minha mente e eu não conseguia aprender
nada.
Fui então a vitima desse ser que se dizia professora. Lembro
ainda dos empurrões,daquelas mãos brancas e grandes me
sacudindo pelos braços e me dizendo que eu era inútil e não
servia para nada, nem para fazer o dever, comecei então a tentar
entender porque ela não gostava de mim: era eu feia, burra
mesmo. Passei a fazer de tudo que ela gostava , a pintar como
ela queria a desenhar como ela queria a escrever como ela
queria, eu não mais vivia em um mundo lúdico, não mais tinha
sonhos, eu só queria deixar de ir a escola, pois, não me sentia
mais gente, e sim um robô, manipulado todo tempo pelo
professor, mesmo assim não se agradava ela, com isso tudo eu e
a maioria da minha turma não atingimos os objetivos, repetindo o
ano de novo na primeira série, com a mesma professora. Pensava
eu o que fazer: contar para mãe e pedir para sair daquela escola?
Essa sim parecia uma boa solução. Só que foi inútil.O medo e o
trauma não me deixavam mais, cercada por uma escola
tradicionalista, onde seria difícil identificar as atitudes e os
procedimentos do professor, estávamos ali indefesos ao seu
egoísmo, ao seu descompromisso ético.
Iniciei meu tratamento com minha primeira psicóloga, Mariza, do
Menino Jesus. Claro, não só por questão da escola, mas de
problemas familiares também. Consegui ir para a segunda série,
achei que fosse ficar livre desta professora, de suas atitudes, de
suas ameaças, de suas ofensas verbais e corporais, estava eu
enganada. Naquele ano ela conseguiu ir para outra turma e claro,
foi a segunda série. Estava eu na mesma situação, nesse ponto
eu já odiava estudar, não queria ser nada mais, não acreditava
em nada.
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Hoje, fazendo este relato, fecho os olhos e vejo o primeiro dia de
aula. Lembro sua risada falsa , quando passava a mão pelo meu
cabelo na frente de minha mãe e dizia: “Fugiu tanto de mim, agora
continua comigo...” Parece macabro, não é?
Da turma nova , a metade repetiu. Antes do fim do ano letivo
comecei a ver certas preferências entre ela e alguns alunos.
Nesta turma ela não ficava só no trono, andava pela sala, e nesse
espaço eu me perguntava o tempo inteiro o que ela iria fazer, no
principio pensei que ela tinha mudado. Foi quando começou seu
ataque, nos deixava sem recreio, gritava o tempo inteiro e agora
era pior pois não existia o silêncio conseguido através do medo,
característico da turma antiga. Aquelas crianças era tão cheios de
energia, com tanta vida, tão cheios de vontades e de sonhos, que
era difícil manter a quietude. Isso a irritava ainda mais e eu como
já á conhecia, morria de medo e ficava apavorada, queria sair
correndo e agradecia quando a vítima não era eu. Observava
como ela sacudia os alunos, jogava-os na carteira para sentarem-
se, parecia que o choro da criança a acalmava (sei que não é
bem assim!). Às vezes me perguntava se todos os professores
eram assim, acreditava que não pois,já tinha tido uma professora
boa.
Lembro–me como era ir ao recreio naquele pátio imenso, cheios
de brinquedos que alguns membros da associação de moradores
doava ou dava a escola por que sabiam fazer, porém não tinham
utilidade porque nós, crianças, tínhamos que ficar sentados como
estatua, sem nos mexermos nem falarmos alto.
Na cozinha da escola, tinha uma mesa enorme de azulejo azul de
concreto, onde se sentava para merendar, todos éramos
obrigados a ir merendar. Nesse tempo, eu e as outras crianças
devíamos até ter estado com problemas de estomago, de tanto
que ela nos obrigava a comer, dizendo que todos morríamos de
fome e tínhamos que comer. Ela lá, sentada, nos obrigando a
50
comer, quando muitas vezes eu ouvia ela própria dizendo que não
queria merendar,
Nós mal sabíamos que ali na cozinha, em um desses dias que
tínhamos que merendar, iria acabar nosso sofrimento. Um dia um
aluno subiu no banco para passar, pois, já tinha acabado, e tanto
a mesa como os assentos eram de concreto com azulejo azul, ela
viu e mandou ele voltar pelo mesmo lugar, e ele subiu de novo, e
ela o puxou pela perna, o menino desequilibrou – se e caiu,
batendo a boca na quina da mesa. Todo mundo da cozinha
começou a correr para parar o sangue, e ela friamente lá sentada.
Correram com ele para o hospital não me lembro qual e durante
três dias eu não vi o menino na aula. No quarto dia após o
acidente, a diretora estava na escola pela manhã (ela só estava à
tarde três dias na semana) o menino apareceu com a mãe e o pai,
e ela teve que se explicar, nesse tempo já tinha sido marcada
uma reunião para entregar testes e provas. No dia da reunião nós
ficávamos na sala ou no pátio e se ouvia a mãe do menino
Charles gritar com ela, pois mãe acreditava na versão do filho e
queria denunciar. Nesta altura, a mãe já sabia de tudo o que
acontecia. As outras mães chegaram para levar seus filhos e
perguntavam se realmente acontecia aquilo comentado. Foi um
reboliço só! Não era só a mãe do Charles mas sim todas as mães
querendo “pegar” a professora. É claro que a diretora Virginia não
deixou e tentou acalmar as mães.
No outro dia, a aula foi normal e ficamos sabendo que a
professora foi punida pela diretora. Não sei qual foi a punição pois
ela era concursada e continuou a dar aulas na nossa turma. É
certo que ela mudou um pouco, não tinha mais agressões,
também não éramos mais obrigados a ir para o recreio. No
entanto, também não se tinha quase matéria e ela voltou a ficar
só sentada na cadeira lendo, fazendo unha, vendo revista, e
quando o barulho estava demais ela dava uns gritos...
51
Sinceramente, ela “empurrou com a barriga” até o final do ano e
quase toda turma passou de ano.
Não sei se no outro ano ela continuou assim. Na terceira série a
professora Leila era muito legal. Era até um pouco “lerda” e a
turma já estava tão acostumada a ser mandada a fazer tudo que
nós ficávamos lá sem saber o que fazer.
Não sei bem quando aconteceu mas eu voltei a querer ser
alguém. Queria ser professora e agora eu tinha um motivo maior,
estudar e entender, porque de tal comportamento daquela
professora. Naquele tempo, quase 20 anos atrás, eu já ouvia falar
em atraso no pagamento, em dificuldades para ensinar com
pouco material, só que nenhuma destas questões justificaria este
comportamento. Naquele tempo, já se sorria com certo deboche
quando alguém queria ser professor, as pessoas diziam que tinha
que ter muita paciência e muito amor, para ser professor.Talvez o
stress e o lado psicológico, desta professora, tenha se abalado,
só penso o quanto ela deixou de nós ensinar, de transmitir
conhecimentos em minha turma. Muitos perderam o gosto de
estudar, alguns só estudaram até a quarta série. Eu sou
professora e estou concluindo a faculdade, sem contar os que
morreram porque se tornaram bandidos.
Estudei sim, diversos tipos de distúrbios e outros mais, e sei que
ela deveria ter um desses. Eu hoje a perdôo, estou tentando ser a
cidadã que ela quase me impediu de ser. Lembro das vezes em
ela não me deixava falar em aula ou produzir sozinha meus
desenhos e minhas pinturas feias. Estou tentando ser uma
cidadã crítica e pensante, o que a escola deveria fazer com os
alunos.
Desenvolvi o gosto por estudar e não quero parar aqui, gosto este
que desenvolvi através da necessidade de trabalhar e de me
deparar com diversas portas fechadas por não saber produzir
textos e fazer questões dissertativas.
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Acredito que na relação professor – aluno o professor influi muito
no desenvolvimento do aluno e como ele pode ajudar o aluno a
caminhar, a despertar o gosto pela vida, ativar a curiosidade
através da motivação e do compromisso do educador, ajudar a
desenvolver as potencialidades do aluno.
Todo esse depoimento é verdadeiro e aconteceu na Escola
Municipal Casimiro de Abreu, localizada na rua Comendador
Teles, Jardim Sumaré em 1980 ,1981 e 1982.
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Conclusão.
Conclui – se, a partir deste estudo, que ao mesmo tempo em que a ética é
responsável por moldar o comportamento e a índole humana ela é também o
conjunto de reações apresentadas pelo homem seja em situações positivas
ou negativas. É primordial, para todos nós seres humanos que vivemos em
um grupo social, conhecer os princípios éticos que regem nossa sociedade.
Sabemos que educar não é tarefa fácil. No Brasil o professor enfrenta
diversas dificuldades, como a deficiência salarial, assim como a falta de
recursos e materiais didáticos. O docente que ingressa por meio de
concursos públicos e que vai trabalhar em áreas carentes passa por
situação mais difícil, pois enfrenta além de tudo alta desvalorização
profissional. Frente a esses problemas o educador deve estar convicto de
seu papel, de mediador compromissado não só com seus estudos e
investimentos pessoais mas principalmente com a sociedade e com o aluno.
O compromisso no professor é essencial pois desta maneira o aluno passa
desenvolver suas potencialidades baseado na observação do
comportamento de um exemplo vivo e não meramente de teorias.
A qualidade no ensino deve contribuir para a formação social e cultural do
educando. O professor que exerce sua ética moral diante da sociedade, e
que é comprometido em seu empenho de assegurar as estruturas futuras de
seu educando, mesmo diante de uma realidade difícil em que o aluno vive e
nas dificuldades encontradas para exercer sua pratica educativa, a executa
com responsabilidade é um profissional realmente competente.
A competência e o compromisso são necessários para a educação de hoje.
Entendemos que competência é a habilidade especifica, desenvolvida pelo
professor e que vem diversificar suas potencialidades, resultando em um
trabalho eficaz, levando o aluno a desenvolver-se sem dificuldades de
compreender, e sim que possa se qualificar para a construção do seu
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processo de ensino aprendizado, onde este seja continuo e compensador
para a prática de seu cotidiano.
Entendemos que para isso não é necessário que o professor exerça sua
autoridade (poder), onde se coloque em lugar de superior, do dono da
verdade, do que sabe tudo, de não ouvinte, de ditador, tradicionalista que
impõe o que quer, suas opiniões é que não aceita a sugestão de quem é
inferior no caso o aluno, onde o professor acaba deixando uma sensação de
medo de temor e acaba deixando um ambiente não seguro para a
aprendizagem. Na sala de aula o educador deve exercer seu pratica
educativa de maneira, que o ambiente seja propício para a aprendizagem,
com diálogos abertos, em que o aluno possa expor suas opiniões e suas
idéias, assim ele se sentirá seguro para um aprendizado diversificado, onde
o educador o motive e o estimule, para a construção de novos conceitos de
seu cotidiano, um cotidiano inovador, em que a construção seja continua
dentro de uma progressão que atinja aos alunos de maneira qualitativa e
quantitativa, otimizando e envolvendo não só a sala de aula, mas a escola
em total integração.
Para que haja eficácia na prática educativa da sala de aula, a relação
professor – aluno deve ser explícita, onde o ato de transmitir conhecimento
seja pleno.
Vimos através de livros, tv, revistas, pesquisas, que a relação
professor – aluno influi muito na aprendizagem do aluno, o professor que
tem boa relação com seus alunos os resultados são bem sucedidos e com
objetivos concretos. O educador no qual o papel principal é de
mediador/transmissor, com básica função de ajudar ao aluno a desenvolver
suas habilidades.
O professor é responsável por formar cidadãos críticos,
pensantes, ativos na sociedade (por ele vivida), responsáveis na construção
da identidade e personalidade humana. Quando a aprendizagem é uma
experiência bem sucedida, o aluno é capaz de globalizar – se de maneira
inerente,de forma que quando estimulado, seu resultado é eficiente no
ensino proporcionando o desempenho que demonstre as funções em que o
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aluno seja capaz de praticar, com ambiente seguro e de confiança que
contribui nas interações sociais.
A interação social e o futuro de cada aluno dependem
em grande parte do professor, dele pode depender o gostar ou não pelo
estudo, uma vez que ele mantenha um clima de compromisso e dedicação,
de incentivo o educador despertará para desenvolver no futuro e se preparar
para atuar na sociedade, no trabalho e na família.
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João Dell. Anna. 17 edição RJ civilização brasileira, 1997. 272. paginas
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ANEXOS
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FOLHA DE AVALIAÇÃO
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PROJETO A VEZ DO MESTRE Pós-Graduação “ Latu Sensu” Título: ÉTICA: princípios, meios e fins... Data de Entrega: Auto Avaliação: Como você avaliaria este livro? ________________________________________________________________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________________________________________________________________ Avaliado por: __________________________________ Grau:_________________ _____________________________________, ________de______________2003