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Etnia Cigana No dia 5 de Dezembro saímos em reportagem, na cidade de Coimbra. Falámos com nove pessoas, no qual só quatro deixaram-se ser entrevistadas, por ser um tema bastante rígido. Perante as sociedades, a comunidade cigana sempre mal encarada. Nos dias que decorrem, a palavra discriminação está bastante patente. Para Gonçalo Matos, de 23 anos de idade, discriminar significa "fazer uma distinção", é “algo que é indesejável”, “algo de mau”. No nosso quotidiano existem diversos tipos de discriminação como a social, racial, religiosa, sexual, a discriminação por idade ou nacionalidade, que podem levar à exclusão social. Segundo Gonçalo Matos, considera-se discriminação quando “as pessoas são tratadas de maneira diferente”. Define-se também como um “preconceito enraizado na mente das pessoas”, afirma Francisca Lima de 27 anos. Entendemos por etnia cigana como “um grupo de ciganos”, como uma “comunidade nómada” que existe há bastante tempo. Quanto à comunidade da etnia cigana, Luísa dos Santos relata “que se reflecte cada vez mais a discriminação a nível profissional, só pelo facto de serem ciganos”; como podemos comprovar “as pessoas não lhe dão a oportunidade em termos de emprego”. Luísa, de 38 anos, releva-nos que com este grandioso “preconceito associa-mos os ciganos a ladrões, a pessoas aldrabonas”. Na nossa sociedade esta etnia é “uma das mais discriminadas”, “são excluídos quanto ao desemprego”, acrescenta Gonçalo Matos. Para Francisca Lima “enfrentam vários obstáculos para aceder a bens, serviços essenciais e garantir os seus direitos fundamentais, como o direito à saúde, à habitação e o direito ao trabalho”. Os ciganos estão espalhados um pouco por todo o Mundo, mas maior parte encontra- se em Espanha, no Brasil e na Bulgária. “Noto que sim. Existe um número significativo de ciganos no nosso país. Vivem em barracas sem as condições mínimas.”, afirma Gonçalo Matos. As comunidades ciganas, em Portugal estão sobretudo concentradas no litoral e nas zonas fronteiriças, como em Lisboa, em Castelo Branco, em Coimbra, Évora e em Viana do Castelo. João Silva, de 20 anos, confirmou “não se pode negar” que órgãos de comunicação social transmitem uma imagem negativa à sociedade em que estamos inseridos. “A maior parte das pessoas inconscientemente têm o estereótipo quanto a esta comunidade, como não pagam impostos, roubam, são poucos higiénicos e vivem em condições miseráveis”, diz-nos Gonçalo. Na nossa sociedade, umas das tradições mais conhecidas é o facto das raparigas ciganas não frequentarem a escola, “sempre será um costume desta etnia, mesmo que exista uma percentagem reduzida das que frequentam”, acrescenta Gonçalo Matos. Pode dizer-se que parte significativa dos portugueses de etnia cigana não se interessa pela escola, mas não se pode afirmar que “não gostam da escola”, sublinha. “Cada vez mais se nota a alfabetização nessa comunidade. Devido aos diferentes costumes, principalmente porque a ideologia desta cigana consiste em casarem-se entre eles, ter filhos, ou seja,

Etnia Cigana

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Page 1: Etnia Cigana

Etnia Cigana No dia 5 de Dezembro saímos em reportagem, na cidade de Coimbra. Falámos com nove pessoas, no qual só quatro deixaram-se ser entrevistadas, por ser um tema bastante rígido. Perante as sociedades, a comunidade cigana sempre mal encarada.

Nos dias que decorrem, a palavra discriminação está bastante patente. Para Gonçalo Matos, de 23 anos de idade, discriminar significa "fazer uma distinção", é “algo que é indesejável”, “algo de mau”. No nosso quotidiano existem diversos tipos de discriminação como a social, racial, religiosa, sexual, a discriminação por idade ou nacionalidade, que podem levar à exclusão social. Segundo Gonçalo Matos, considera-se discriminação quando “as pessoas são tratadas de maneira diferente”. Define-se também como um “preconceito enraizado na mente das pessoas”, afirma Francisca Lima de 27 anos. Entendemos por etnia cigana como “um grupo de ciganos”, como uma “comunidade nómada” que existe há bastante tempo. Quanto à comunidade da etnia cigana, Luísa dos Santos relata “que se reflecte cada vez mais a discriminação a nível profissional, só pelo facto de serem ciganos”; como podemos comprovar “as pessoas não lhe dão a oportunidade em termos de emprego”. Luísa, de 38 anos, releva-nos que com este grandioso “preconceito associa-mos os ciganos a ladrões, a pessoas aldrabonas”. Na nossa sociedade esta etnia é “uma das mais discriminadas”, “são excluídos quanto ao desemprego”, acrescenta Gonçalo Matos. Para Francisca Lima “enfrentam vários obstáculos para aceder a bens, serviços essenciais e garantir os seus direitos fundamentais, como o direito à saúde, à habitação e o direito ao trabalho”. Os ciganos estão espalhados um pouco por todo o Mundo, mas maior parte encontra-se em Espanha, no Brasil e na Bulgária. “Noto que sim. Existe um número significativo de ciganos no nosso país. Vivem em barracas sem as condições mínimas.”, afirma Gonçalo Matos. As comunidades ciganas, em Portugal estão sobretudo concentradas no litoral e nas zonas fronteiriças, como em Lisboa, em Castelo Branco, em Coimbra, Évora e em Viana do Castelo. João Silva, de 20 anos, confirmou “não se pode negar” que órgãos de comunicação social transmitem uma imagem negativa à sociedade em que estamos inseridos. “A maior parte das pessoas inconscientemente têm o estereótipo quanto a esta comunidade, como não pagam impostos, roubam, são poucos higiénicos e vivem em condições miseráveis”, diz-nos Gonçalo. Na nossa sociedade, umas das tradições mais conhecidas é o facto das raparigas ciganas não frequentarem a escola, “sempre será um costume desta etnia, mesmo que exista uma percentagem reduzida das que frequentam”, acrescenta Gonçalo Matos. Pode dizer-se que parte significativa dos portugueses de etnia cigana não se interessa pela escola, mas não se pode afirmar que “não gostam da escola”, sublinha. “Cada vez mais se nota a alfabetização nessa comunidade. Devido aos diferentes costumes, principalmente porque a ideologia desta cigana consiste em casarem-se entre eles, ter filhos, ou seja,

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vivem para a família”, relevou Luísa dos Santos. Como cada comunidade tem as suas tradições, na etnia cigana “a família é sagrada para os ciganos”, “os filhos são uma grande fonte de rendimento” e tem-se a ideia que “as mulheres são videntes”, declara Gonçalo Matos. Francisca Lima diz-nos que o casamento desta comunidade “dura uns largos dias” o que diferência das outras comunidades, todavia “só é permitido casarem-se entre membros da mesma comunidade”. “Tenho a ideia de que os filhos e as mulheres têm tendência para pedirem esmolas, e os homens estão mais destinados para a venda de produtos. Sempre ouvi e já pode comprovar em novelas brasileiras que existe a chamada prova do lenço, penso que é assim o nome. Um dos seus maiores costumes.” Essa prova consiste num teste de virgindade. Acrescenta ainda, que “no nosso quotidiano as crianças ciganas são olhadas de lado”. Segundo João Silva “as raparigas desde pequenas são logo comprometidas” e que são identificadas por “usarem o cabelo comprido e vistoso.” “Pode mesmo dizer que defendo esta etnia e que existe uma percentagem muito medíocre das pessoas não-ciganas terem relações com a comunidade cigana”, certifica Francisca Lima. Um dos maiores obstáculos para esta comunidade é o facto de perspectivarem a diferença a partir da própria diferença.