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FACULDADE DE ECONOMIA E FINANÇAS IBMEC PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA EM ADMINISTRAÇÃO E ECONOMIA
DISSERTAÇÃO DE MESTRADO PROFISSIONAL EM ADMINISTRAÇÃO
EVIDÊNCIA DE GERENCIAMENTO DE RESULTADOS EM EVENTOS DE
AQUISIÇÃO NO BRASIL
PEDRO DE CAMPOS VIDAL CAMILO
ORIENTADOR: PROF. DR. PER MAGNUS AXELSON
Rio de Janeiro, 29 de agosto de 2014.
EVIDÊNCIA DE GERENCIAMENTO DE RESULTADOS EM EVENTOS DE AQUISIÇÃO NO BRASIL
PEDRO DE CAMPOS VIDAL CAMILO
Dissertação apresentada ao curso de Mestrado Profissionalizante em Administração como requisito parcial para obtenção do Grau de Mestre em Administração. Área de Concentração: Segurança Empresarial ORIENTADOR: PER MAGNUS AXELSON
Rio de Janeiro, 29 de agosto de 2014.
FICHA CATALOGRÁFICA
C183 Camilo, Pedro de Campos Vidal 2014 Evidência de gerenciamento de resultados em eventos de aquisição no Brasil / Pedro De Campos Vidal Camilo; Per Magnus Axelson, orientador. Rio de Janeiro, 2014. 53 f. Dissertação (Mestrado Profissional em Administração) – Faculdade de Economia e Finanças Ibmec, 2014.
1. Gerenciamento de resultados. 2. Teoria da agência. 3. Assimetria de
informação. I.Título. II. Axelson, Per Magnus (orientador). III. Faculdade de Economia
e Finanças, Ibmec.
657.33 (CDD)
Dedico este trabalho aos meus pais, Sérgio e Ebia, por jamais pouparem esforços para me
fazer entender o valor da educação.
AGRADECIMENTOS
Incialmente, agradeço ao Sr. Bob Buckman por ter patrocinado minha educação durante a
maior parte da vida acadêmica. Agradeço aos meus pais e irmãos pela motivação durante essa
jornada.
Um agradecimento especial aos amigos Flávia, Ângela e Flavio pelo apoio oferecido ao longo
da graduação.
Agradeço ao professor Per Magnus Axelson pela orientação neste trabalho. Sem a ajuda dele
seria impossível concluir este desafio.
Gostaria de agradecer ao IBMEC por ter me oferecido a oportunidade do contato com
professores de primeira linha. Finalmente, gostaria de prestigiar os amigos que conquistei ao
longo desse processo. Em especial aos amigos Maria, Carla, Tiago, Julio, Rodrigo, Eduardo e
Rodrigo.
RESUMO
O principal objetivo desta pesquisa é investigar se as empresas brasileiras de capital aberto
tendem a gerenciar os resultados no trimestre anterior à realização de aquisições. Foram
utilizados os modelos de Jones e de Jones Modificado para verificar a existência de
gerenciamento de resultados. Referenciado pelo tamanho das aquisições, os resultados
apresentados em ambos os modelos são compatíveis com a hipótese de que as empresas
brasileiras manipulam os resultados para cima no trimestre anterior à aquisição. Em média,
nos trimestres precedentes às aquisições, as empresas apresentaram viés para aumentar os
resultados entre 1,1% e 1,9% dos ativos totais.
Palavras- chave: Gerenciamento de Resultado, Contabilidade Criativa, Teoria da Agência,
Assimetria de Informação.
ABSTRACT
The main purpose of this survey is to investigate if publicly traded Brazilian companies tend
to manage their earnings the quarter before they make acquisitions. The Jones and Modified
Jones models were used to check for the existence of earnings management. Controlling for
the size of the upcoming acquisitions, the results of both models are compatible with the
hypothesis that Brazilian firms manage their earnings upward before they make acquisitions.
On average, firms appear to bias their earnings upwards by an amount equal to 1.1 – 1.9
percent of their total assets prior to acquisitions.
Keywords: Earnings Management, Creative Accounting, Agency Theory, Asymmetric
Information.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
QUADROS
Quadro 1 – Principais mecanismos para gerenciamento de resultados .................................... 14!Quadro 2 – Estudos relacionados aos incentivos do gerenciamento de resultados
(continua) .......................................................................................................................... 22!Quadro 3 – Incentivos e a influência sobre gerenciamento de resultados nos estudos
realizados no Brasil .......................................................................................................... 27!Quadro 4 – Estatísticas descritivas da amostra desbalanceada ................................................. 32!Quadro 5 – Distribuição de frequência dos setores da economia confirme classificação
NAICS da amostra desbalanceada .................................................................................... 33!Quadro 6 – Frequência por número de aquisições no trimestre seguinte da amostra
desbalanceada ................................................................................................................... 34!Quadro 7 – Estatística descritiva das variáveis dos modelos de Jones e Jones Modificado para
a amostra desbalanceada ................................................................................................... 34!Quadro 8 – Frequência do número de trimestres disponíveis para todas as variáveis relevantes
dos modelos ...................................................................................................................... 35!Quadro 9 – Distribuição de frequência de eventos de aquisição por número de trimestres ..... 36!Quadro 10 – Resultados das regressões para amostras desbalanceadas ................................... 39!Quadro 11 – Resultados das regressões para amostra balanceada ........................................... 40! FÓRMULAS Fórmula 1 – Definindo accruals totais ..................................................................................... 20!Fórmula 2 – Cálculo dos accruals totais por meio das contas patrimoniais ............................ 21!Fórmula 3 – Cálculo dos accruals discricionários ................................................................... 21!Fórmula 4 – Modelo de Jones ................................................................................................... 24!Fórmula 5 – Modelo proposto por Jones com variável Dummy .............................................. 25!Fórmula 6- Modelo proposto por Jones com variável Dummy para amostras com várias ...... 25!Fórmula 7 – Modelo de Jones Modificado ............................................................................... 26!Fórmula 8– Jones Modificado com variável Dummy para amostra com várias empresas ...... 26!Fórmula 9 – Cálculo dos accruals totais por meio das contas patrimoniais ............................ 36!Fórmula 10- Modelo proposto por Jones com variável Dummy para amostras com várias
empresas ........................................................................................................................... 37!Fórmula 11 – Modelo de Jones com variável Dummy e variável de interação para tamanho da
aquisição ........................................................................................................................... 37!Fórmula 12 – Jones Modificado com variável Dummy para amostra com várias empresas ... 37!Fórmula 13- Jones Modificado com variável Dummy e variável de interação para tamanho da
aquisição ........................................................................................................................... 38!
SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 12!1.1 GERENCIAMENTO DE RESULTADOS POR ACCRUALS DISCRICIONÁRIOS ............................. 13!1.2 OBJETIVO GERAL ...................................................................................................................................... 15!1.2.1 Objetivos Específicos ...................................................................................................... 15!1.3 JUSTIFICATIVAS ......................................................................................................................................... 16!1.4 HIPÓTESE DE PESQUISA .......................................................................................................................... 16!1.5 ESTRUTURAÇÃO DO TRABALHO .......................................................................................................... 17!2. CONCEITOS ......................................................................................................... 18!2.1 CONCEITOS SOBRE AQUISIÇÕES ......................................................................................................... 18!2.2 GERENCIAMENTOS DE RESULTADOS CONTÁBEIS ........................................................................ 18!2.2.1 Accruals, Accruals discricionários e Accruals não discricionários. ................................ 20!3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .................................................................................. 22!3.1 HEALY (1985) ................................................................................................................................................ 23!3.2 JONES (1991) .................................................................................................................................................. 24!3.3 JONES MODIFICADO – DECHOW SLOAN E SWEENEY (1995) ....................................................... 25!3.4 GERENCIAMENTO DE RESULTADO NO BRASIL .............................................................................. 26!3.5 ESTUDOS ANTERIORES SOBRE GERENCIAMENTO DE RESULTADOS EM FUSÕES E AQUISIÇÕES ....................................................................................................................................................... 30!4 METODOLOGIA DE PESQUISA ........................................................................... 31!4.1 AMOSTRA E FONTE DE DADOS .............................................................................................................. 31!4.2 MODELAGEM DO ESTUDO ...................................................................................................................... 36!4.3 RESULTADOS DA PESQUISA ................................................................................................................... 38!5 CONCLUSÃO ......................................................................................................... 42!
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................... 43!
APÊNDICE A - AMOSTRA BALANCEADA ............................................................. 49!
ANEXO A .................................................................................................................. 51!
GLOSSÁRIO ............................................................................................................. 53
12
1 INTRODUÇÃO
Segundo McNichols e Wilson1 (1988), gerenciamento de resultados tem recebido
grande atenção popular e acadêmica nos últimos anos. O assunto atraiu a atenção
principalmente pelos escândalos contábeis conhecidos mundialmente (Ex. Enron, WorldCom
e Parmalat) e posteriormente a maior regulação imposta (ex. Sarbanes – Oxley).
Nas últimas duas décadas as empresas abertas brasileiras passaram por transformações
intensas. Muitas delas envolveram-se em processos de M&A motivadas por expectativas de
criação de sinergias operacionais, construção de um conglomerado, compra de ativos
subvalorizados, ganhos de eficiência por meio de cortes de custos e reestruturação,
manutenção da independência ou motivos fiscais. Dessa forma, este estudo busca evidências
de gerenciamento de resultado nas empresas brasileiras de capital aberto que atuaram como
adquirentes em eventos de M&A, ocorridos entre os anos de 2009 até 2013. O objetivo,
portanto, é verificar se existem comprovações de gerenciamento de resultados discricionários
para alterar os resultados contábeis no trimestre anterior à realização de uma operação de
aquisição. Após a realização dos testes, confirmamos a hipótese de que os gestores praticam
gerenciamento de resultados no trimestre anterior às operações de aquisição. Conforme
Iudícibus e Lopes (2004, p. 19): “Seguindo os princípios da teoria econômica, o ponto de
partida para decifrar essa questão é a ideia de que os indivíduos agem basicamente em função
de interesses pessoais, procurando maximizar o bem-estar”.
Existem diversos estudos voltados a verificar gerenciamento de resultado motivado pelo
conflito entre os gestores e acionistas. A hipótese desses estudos considera que a remuneração
dos gestores, associada ao lucro apresentado pela empresa, criam incentivos para o
gerenciamento de resultados. Como ocorreu no caso Enron, os gestores podem ser
incentivados a praticar gerenciamento de lucro para aumentar a remuneração variável. Em
situação oposta, os gestores podem demonstrar interesse em diminuir o lucro apresentado, a
fim de obter subsídios governamentais (JONES, 1991) ou forçar o mercado com a prática de
preços favoráveis à recompra de ações (DEANGELO, 1986). A assimetria de informação
permite que gestores busquem no gerenciamento contábil condições melhores de mercado.
Na maioria das relações da agência, o principal e o agente incorrerão em custos
positivos de monitoramento e, além disso, sempre haverá algum nível de divergência entre as
decisões dos agentes e as decisões que maximizariam o bem-estar do principal.
1 Earnings management has received significant attention in the popular press and academic accounting literature (MCNICHOLS e WILSON, 1988).
13
Dado que existe espaço para gerenciamento de resultados, os analistas e acionistas
minoritários não conseguem identificar totalmente a possível falta de lisura nas informações
contábeis para que possam fundamentar a decisão de investimentos ou concessão de crédito.
Visto que existe essa flexibilidade, os analistas não conseguem internalizar todas as
informações necessárias para eliminar a assimetria de informação. Logo, buscam obter
informações mais fundamentadas para análises mais consequentes.
A fim de auxiliar a redução da assimetria de informação e facilitar convergência com as
normas contábeis internacionais foi criado o Comitê de Pronunciamentos Contábeis. Segundo
o Comitê de Pronunciamentos Contábeis (2013, p. 29), as características qualitativas da
informação contábil-financeira útil, identificam os tipos de informação que muito
provavelmente serão reputadas como as mais úteis para investidores, credores por
empréstimos e outros credores, existentes e em potencial, para tomada de decisões acerca da
entidade que reporta com base na informação contida nos relatórios contábil-financeiros
(informação contábil-financeira).
Conforme Rajan (2009), a regulação é aplicada por considerar que os agentes são
estáticos e passivos. Assim, apesar do esforço do Comitê de Pronunciamentos Contábeis, os
gestores das empresas são criativos e utilizam de artifícios contábeis para produzir resultados,
que em algumas vezes não traduzem a realidade econômico-financeira das empresas.
1.1 GERENCIAMENTO DE RESULTADOS POR ACCRUALS DISCRICIONÁRIOS
O presente estudo busca identificar o comportamento discricionário dos gestores por
meio do gerenciamento de resultados por accruals. Segundo (JOOSTEN, 2012), os accruals
são a diferença entre o lucro e o fluxo de caixa.
Considerando que os gestores têm à disposição o gerenciamento de resultados por
accruals e o gerenciamento de resultados por decisões operacionais, o quadro abaixo
contextualiza os mecanismos de gerenciamento de resultados por accruals e de
gerenciamento de resultados por decisões operacionais.
14
Quadro 1 – Principais mecanismos para gerenciamento de resultados
Gerenciamento de resultados por accruals Gerenciamento de resultados por decisões operacionais
Gestão Conservadora Visando à redução de fluxo de caixa líquido
! Reconhecimento de provisões ! Retardar as vendas
! Aceleração de despesas de depreciação
! Acelerar gastos associados à propaganda, ao treinamento e ao P&D.
! Reconhecer receitas apenas de vendas efetivadas
! Aumentar despesas não operacionais
Gestão Agressiva Visando aumentar fluxo de caixa líquido
! Reduzir o reconhecimento de provisões
! Antecipar ou acelerar vendas
! Reduzir cotas de depreciação e amortização
! Adiar a realização de despesas de propaganda, treinamento e P&D
! Reconhecimento de receitas durante a produção
! Aumentar receitas não operacionais pela venda de ativos
Contabilidade Fraudulenta e Práticas Inaceitáveis
! Superestimar o estoque pelo registro de inventário fictício
! Não honrar com tributos
! Registrar vendas fictícias ! Receber e não entregar o produto
! Antecipar a data de realização das vendas
! Não honrar compromissos financeiros
Fonte: Adaptado de Dechow e Skinner (2000).
Já os accruals podem ser divididos em accruals discricionários e não discricionários.
Os accruals não discricionários são aquelas inerentes ao negócio, por exemplo, a
contabilização da variação cambial, que afeta o resultado, porém sem efeito no fluxo de caixa.
Já os accruals discricionários são aqueles modificados discricionariamente pelos gestores
com o objetivo de aumentar ou diminuir o lucro de acordo com seus interesses, por exemplo,
em um ano de resultados fracos, os gestores podem reduzir as provisões aos devedores
duvidosos, a fim de aumentar os resultados. Logo, é por meio do uso de acumulações
discricionárias que os gestores podem manipular os resultados.
Conforme Jones (1991) e Martinez (2001) é preciso deixar claro que “gerenciamento de
resultados” não se caracteriza como fraude contábil. Dado que todas as movimentações
operam dentro da legislação contábil, entretanto alguns preceitos das normas contábeis
facultam certa discricionariedade aos gestores, que escolhe não em função da realidade
15
concreta dos negócios, mas em razão de outros incentivos, que resultam em reporte de
resultado distinto. Logo, não é o escopo deste trabalho a identificação de fraudes contábeis.
Para encontrar evidências de gerenciamento de resultados por parte dos gestores,
utilizaremos as acumulações discricionárias encontradas por meio dos modelos de Jones e de
Jones Modificado (JONES, 1991; DECHOW, SLOAN, SWEENEY, 1995).
1.2 OBJETIVO GERAL
Este estudo objetiva identificar e analisar o gerenciamento de resultados em empresas
brasileiras listadas na Bolsa de Valores de São Paulo, que realizaram algum tipo de operação
de aquisição durante o quarto trimestre de 2008 até o quarto trimestre de 2013. A motivação
deste trabalho, portanto, decorre do fato de que as empresas brasileiras passaram por um
período de consolidação nos últimos anos. Um grande número de empresas que estavam
capitalizadas, utilizaram o caixa ou a capacidade de alavancagem para aquisições. Foi
observado na base de dados que todos os ativos comprados pelas empresas abertas brasileiras
eram empresas de capital fechado que atuavam como concorrentes ou que apresentavam
sinergias estratégicas.
1.2.1 Objetivos Específicos
Considerados os estudos ligados ao tema “gerenciamento de resultados” realizados
anteriormente, os objetivos específicos serão:
Identificar as empresas abertas que participaram de operações de aquisições durante o
período de análise.
Análise dos principais artigos acadêmicos sobre o tema ‘gerenciamento de resultados’
publicados no Brasil e no exterior.
Identificar o modelo de gerenciamento de resultados mais adequado para este estudo.
Verificar a existência de maior nível de gerenciamento de resultados nos períodos que
antecedem às operações de aquisições.
16
1.3 JUSTIFICATIVAS
Com a suposição de que os agentes tomam decisões baseadas nas informações
disponíveis nas demonstrações contábeis, os trabalhos sobre gerenciamento de resultados são
fundamentais para acompanhar a evolução do tema ao longo do tempo.
Não foram encontrados na literatura nacional trabalhos específicos no estudo de
gerenciamento de resultados ligados aos processos de aquisições no Brasil. Já na literatura
internacional os estudos anteriores reportaram a evidência de gerenciamento de resultados no
trimestre anterior quando a aquisição é realizada por meio de troca de ações. A evidência
demonstra o incentivo dos gestores das empresas adquirentes em gerenciar os resultados com
o objetivo de se beneficiar, ao buscar a relação de troca de ações mais vantajosa.
Dada a importância do assunto, o trabalho justifica-se, portanto, pela carência de
estudos sobre o tema específico, pois irá contribuir para a literatura relacionada ao segmento
de gerenciamento de resultados, qualidade da informação contábil, assim como governança e
assimetria de informações.
1.4 HIPÓTESE DE PESQUISA
Neste trabalho serão analisadas as seguintes hipóteses:
H0: As empresas brasileiras de capital aberto que fazem algum tipo de operação de
aquisição não apresentam diferente nível de gerenciamento de resultados por meio de
accruals discricionários no trimestre que antecede à operação.
H1: As empresas brasileiras de capital aberto que fazem algum tipo de operação de
aquisição apresentam diferente de gerenciamento de resultados por meio de accruals
discricionários no trimestre que antecede à operação.
17
1.5 ESTRUTURAÇÃO DO TRABALHO
Por ser uma pesquisa confirmatória serão utilizados os modelos existentes na literatura.
Nesse sentido o estudo caracteriza-se pelo empirismo, pois por meio dos modelos
econométricos descritos na literatura específica, buscou-se comprovar evidências de
gerenciamento de resultados nas empresas da amostra.
O trabalho está dividido em cinco sessões. A primeira sessão é a introdução, que
oferece um panorama da fundamentação do estudo. A segunda discorre sobre os conceitos de
gerenciamento de resultados. A sessão seguinte abrange a revisão de literatura nacional e
internacional. A quarta descreve a metodologia adotada e a análise dos resultados. A última
sessão perfaz-se nas considerações finais e conclusões do trabalho.
18
2. CONCEITOS
O objetivo deste capítulo é definir os conceitos-chave sobre aquisições e acerca do tema
gerenciamento de resultados com o objetivo de viabilizar análise correta nos resultados
obtidos.
2.1 CONCEITOS SOBRE AQUISIÇÕES
Segundo Ross, Westerfield e Jaffe (1995) nas operações de fusão ou consolidação as
corporações envolvidas geralmente possuem porte semelhante e combinam-se mediante uma
simples permuta de ações, que originam outra empresa, enquanto na aquisição ocorre a
compra de uma por outra, e somente uma delas mantém a identidade. Dessas definições é
possível depreender algumas distinções básicas entre fusão ou consolidação e aquisição:
a) na fusão seguida de consolidação há a criação de nova firma, enquanto na aquisição
uma das empresas envolvidas mantém a identidade jurídica;
b) na fusão, a forma de pagamento utilizada perfaz-se na permuta de ações, enquanto na
aquisição a forma de pagamento pode ser viabilizada em dinheiro, ações, títulos;
c) na fusão, as firmas geralmente são do mesmo setor, atuam na mesma atividade-fim,
enquanto nas aquisições as firmas podem ser de setores diferentes.
2.2 GERENCIAMENTOS DE RESULTADOS CONTÁBEIS
O gerenciamento de resultados está intimamente vinculado ao conflito de agência. As
companhias constituem-se como reunião de agentes que possuem interesses não
necessariamente convergentes. O contrato entre as empresas e os administradores
normalmente são ligadas a resultados financeiros de curto-prazo. Essa característica orienta os
19
gestores a tomarem decisões de curto prazo em detrimento da criação de valor para empresa
no longo prazo. Conforme Healy e Wahlen 2 (1999, p.368):
Gerenciamento de resultado ocorre quando os gestores usam seu julgamento nas
demonstrações financeiras e na estruturação das operações com o objetivo de alterar
os resultados, seja para disfarçar uma informação sobre o desempenho econômico
da empresa ou para influenciar os resultados contratuais que dependem de números
contábeis apresentados (tradução própria).
De acordo com o estudo de Axioma de Jensen e Meckling (1976), não existe um agente
perfeito. Logo, para minimizar os efeitos negativos desse conflito de interesses, as empresas
enfrentam o desafio de buscar outras formas para conciliar o conflito entre os acionistas e os
administradores. Nessa busca, porém, existe o problema da existência de um contrato
completo (KLEIN, 1985). Os contratos não conseguem eliminar totalmente a assimetria de
informação, pois não é possível considerar todos os cenários.
Ciente disso os gestores decidem fora do contrato para maximizar a utilidade, que nem
sempre converge com a maximização da utilidade da firma. Logo, as firmas sempre estão
expostas ao moral hazard (risco moral) dos gestores.
Conforme classificado por Martinez (2001), existem três tipos de gerenciamento de
resultados contábeis:
Target earnings que é o gerenciamento para melhorar ou piorar os resultados contábeis
no intuito de alcançar metas estabelecidas,
Income smoothing que é o gerenciamento visando à redução da variabilidade de
resultados.
Take bath accounting quando se pratica o gerenciamento a fim de reduzir os resultados
contábeis e com o propósito de aumentar os resultados futuros.
As demonstrações contábeis são o instrumento que o mercado utiliza para analisar a
realidade econômica e financeira de uma empresa, ao auxiliá-la na tomada de decisão. A
forma de reduzir a assimetria de informação entre o mercado e os administradores é retratar
contabilmente de forma exata a situação financeira da companhia. Na busca de maximizar os
ganhos individuais, porém, os administradores podem discricionariamente realizar alterações
contábeis a fim de “camuflar” as demonstrações financeiras. 2 Earnings management occurs when managers use judgment in financial reporting and in structuring transactions to alter financial reports to wither mislead some stakeholders about the underlying economic performance of the company or to influence contractual outcomes that depend on reported accounting numbers. (HEALY e WAHLEN, 1999, p. 368).
20
Pode-se concluir, portanto, que o gerenciamento de resultados aponta para as decisões
discricionárias dos administradores que não busquem exclusivamente retratar a realidade da
empresa.
2.2.1 Accruals, Accruals discricionários e Accruals não discricionários.
A diferença entre o lucro líquido e o fluxo de caixa operacional líquido é conhecida
como accruals. Accruals, portanto, seriam todas as contas de resultado que entraram no
cômputo do lucro, mas que não implicam em necessária movimentação de disponibilidades,
conforme demonstrado na fórmula abaixo:
Fórmula 1 – Definindo accruals totais
Caso a diferença entre o lucro líquido e o fluxo de caixa líquido seja igual a zero, o
valor dos accruals totais será nulo. As acumulações são todas as contas de resultado que
constituem o lucro, mas não necessariamente movimentam disponibilidades (MARTINEZ,
2001).
Adicionalmente, Healy (1985) e Jones utilizam no estudo o cálculo realizado pelos
accruals totais por meio das contas patrimoniais. Nele, os accruals correntes são calculados
com base no capital de giro líquido, com a exclusão de disponibilidades e dos financiamentos
de curto prazo. Sendo assim, centra-se nas variações das rubricas “contas a receber”,
estoques, despesas antecipadas e outras contas a pagar. Para estimar as acumulações não
correntes, apenas computam-se as despesas de depreciação e amortização. Ignora-se, portanto,
a existência de qualquer outra acumulação não corrente. Com o total das acumulações
correntes e não correntes chega-se às acumulações totais, sendo:
AT = LL – FCXO …(1)
Sendo:
AT = Accruals Totais
LL= Lucro Líquido
FCXO = Fluxo de Caixa Operacional
21
Fórmula 2 – Cálculo dos accruals totais por meio das contas patrimoniais
Segundo Healy (1985) e DeAngelo (1986), os accruals podem ser divididos em dois
componentes, os accruals não discricionários, não gerenciado, inerentes às atividades das
empresas e os discricionários, parte gerenciada, dependentes da decisão dos administradores.
Os modelos de mensuração de gerenciamento de resultados, em sua maioria, tratam de
accruals discricionários, que pressupõe seja somente a manipulação da informação contábil.
Os accruals não discricionários são os inerentes à atividade da empresa; portanto eles não
sofrem alterações por escolhas contábeis que favoreçam uma das partes envolvidas. Enfim, a
soma dos dois representa os accruals totais, que é a diferença entre fluxo de caixa e o lucro da
empresa. Essa operação é descrita na equação abaixo:
Fórmula 3 – Cálculo dos accruals discricionários
Utilizaremos os estimados das acumulações discricionárias como Proxy para
gerenciamento de resultados, por capturar as atitudes oportunistas dos gestores com o objetivo
de produzir resultados financeiros favoráveis.
Dentre os principais métodos de mensuraçã o das acumulações discricionárias
podemos destacar o modelo de Healy (1985, p. 94), Modelo de Jones (1991, p. 211), Modelo
de Jones Modificado por Dechow, Sloan e Sweeney (1995, p. 199) e o Modelo de Kang e
Sivaramakrishnan (1995, p. 357). Os modelos serão descritos no capítulo seguinte.
!"! = !!"! + !"#! …(3) Onde: ATt = Accruals Totais da empresa no período t ADt = Accruals Discricionários da empresa no período t ANDt = Accruals Não Discricionários da empresa no período t
Accrual total = [!∆(AC!"! − !Dispon!") − ∆!(PC!" − !PFinCP!") − Dep!" ] ...(2) Onde: AC!"! = Ativo Circulante da empresa i no período t Dispon!"!= Disponibilidades da empresa i no período t PC!" = Passivo Circulante da empresa i no período t PFinCP!"!= Passivo Financeiro de curto prazo da empresa i no período t !Dep!"= Depreciação e Amortização da empresa i no período t
22
3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Existe ampla literatura sobre o tema gerenciamento de resultado tanto no cenário
nacional quanto internacional. Neste capítulo destaco os fundamentos-chave dos estudos
anteriores. Nesses estudos, propuseram modelos de estimação de gerenciamento com base na
pesquisa de relação entre accruals totais e alguma variável de interesse (forma de
remuneração, HEALY, 1985; management buyouts, DEANGELO, 1986; regulação, JONES,
1991) ou aperfeiçoamentos a modelos anteriormente desenvolvidos (KANG e
SIVARAMAKRISHMAN, 1995; DECHOW, SLOAN, SWEENEY, 1995; DECHOW,
RICHARDSON, TUNA, 2003; PAE, 2005; BALL, SHIVAKUMAR, 2006).
Conforme mencionado, nesta pesquisa haverá destaque ao gerenciamento de resultados,
mais especificamente por meio das acumulações discricionárias. Dentro dessa categoria
alguns trabalhos merecem maior destaque3 por desenvolverem modelos de grande
contribuição para a literatura existente.
Segundo Healy e Wahlen (1999), a abordagem mais usual para investigação da
existência de gerenciamento de resultados é a identificação dos incentivos que os gestores
teriam e testar se os padrões de accruals discricionários são consistentes com esses
incentivos. Esses autores classificaram a pesquisa empírica em gerenciamento de resultados
em três incentivos conforme demonstrado no quadro abaixo: Quadro 2 – Estudos relacionados aos incentivos do gerenciamento de resultados (continua)
Incentivos Contratuais Estudos Relacionados
Contrato de dívida (lending agreements) Dhaliwal (1980)
Contratos de Compensação de Executivos
Healy (1985)
Carter, Lynch and Zechman (2005) Kedia (2003)
Negociação de Convenções coletivas de trabalho
Liberty e Zimmerman (1986)
Contratos implícitos e Stakeholders Costs Browen, Ducharme e Shores (1995)
Incentivos de Mercado de Capitais Estudos Relacionados
Busca de financiamento externo, com o lançamento de títulos
Dechow, Sloan and Sweenwy (1995)
Pagar regularmente dividendos aos Kasanen, Kinnuanen e Niskanen (1996)
3 O modelo de Kang e Sivaramakrishnan (1995) não será incluído neste estudo, pois nem todas as informações necessárias para sua implementação estão disponíveis às empresas brasileiras.
23
acionistas Melhorar termo em lançamentos em um IPO Teoh, Welch e Wong (1998)
Efeito do gerenciamento de resultado no custo da dívida bancária.
Shen, C. e Huang,Y. (2012)
Evitar perdas e manter a continuidade dos resultados
Degeorge, Patel, Zeckhauser (1999)
Atender às expectativas de lucro dos analistas
Bartov, Givoly e Hayn (1999)
Incentivos Reguladores Estudos Relacionados
Processos Políticos Watts e Zimmerman (1978)
Proteção de Mercado (restrições alfandegárias)
Jones (1991)
Empresas investigadas Nadeu e Cornmiers (1999)
Estudos comportamentais sobre gerenciamento de resultados e escolha contábil
Libby e Seybert (2009)
Fonte: Adaptado de Dechow, Skinner (2000); Martinez (2001).
3.1 HEALY (1985)
Healy foi um dos primeiros a destacar-se no segmento do estudo de gerenciamento de
resultados (1985). O autor investigou se gerenciamento de resultado está relacionado à forma
de remuneração dos executivos, quando essa é atrelada ao resultado da companhia (bonus
schemes). O autor evidenciou que o gerenciamento é praticado não somente para elevação dos
resultados como também para redução deles. Caso o resultado no exercício ultrapasse o limite
máximo da bonificação, os executivos têm incentivos a “poupar” resultado para os exercícios
seguintes. A conclusão alcançada foi a de que a atitude dos gestores em relação às
acumulações está vinculada aos contratos de bônus, e mudanças nos procedimentos contábeis
dos gestores estão associadas à adoção ou à modificação do plano de bônus. Esse texto se
tornou um clássico na área de gerenciamento de resultados contábeis, ao perpetrar-se como
pioneiro no modelo de avaliação (MARTINEZ, 2001).
Healy (1985) divide a amostra em dois períodos. O primeiro é a calibragem, no qual o
autor estima que não ocorra o gerenciamento de resultado, e o segundo, no qual o autor
suspeita ter ocorrido gerenciamento de resultados. Um dos problemas apontados é que Healy
(1985) assume que a porção não discricionária dos accruals é constante ao longo do tempo.
Dessa forma, somente as acumulações discricionárias poderiam variar, o que não se constitui
24
em verdade, dado que os accruals não discricionários variam de acordo com o desempenho
da empresa. Outro problema apontado revela a hipótese de que se durante o período de
calibração os accruals totais forem diferentes da média, o modelo de Healy (1985) irá apontar
equivocadamente a existência de gerenciamento de resultados.
3.2 JONES (1991)
Jones é o mais citado na literatura sobre o assunto “gerenciamento de resultados”. O
estudo da autora traduz-se na investigação acerca da manipulação contábil das empresas, com
interesse em receber benefícios alfandegários do governo americano. A pesquisa revelou
conclusões tais como as de que nos períodos de investigação do governo, as empresas
pioravam os resultados com o objetivo de conseguir a proteção alfandegária (ex. aumento de
tarifas e quotas).
Diferentemente de Healy (1985), o modelo de Jones inovou ao permitir aos accruals
não discricionários a possibilidade de variação de acordo com as condições econômicas ao
longo do tempo. De acordo com a equação abaixo, é possível observar o modelo de Jones, no
qual considera os accruals não discricionários (AND) como proporcionais à variação da
receita e da rubrica de PP&E.
Fórmula 4 – Modelo de Jones
O modelo de Jones assim como o modelo de Healy (1985), também divide sua amostra
em dois segmentos, a saber: período de calibragem, no qual se supõe não existir
gerenciamento. Nele, os accruals totais são iguais aos accruals não discricionários. Há, ainda,
o período no qual se suspeita da existência de gerenciamento de resultados. Aqui, assume-se
ANDit = α + β(Δreceitasit) + γ(Ativo Imobilizadoit) + εit ...(4)
Onde:
ANDit = accruals não discricionários
Δreceitasit = receitas operacionais líquidas no ano t menos receitas operacionais liquidas no ano t – 1
25
os accruals totais como iguais aos accruals não discricionários mais os accruals
discricionários.
Considerada a amostra com apenas uma empresa e definida uma variável Dummy I para
ser igual a zero (0) no período de calibração e igual a um (1) no período do evento, teríamos a
seguinte regressão:
Fórmula 5 – Modelo proposto por Jones com variável Dummy
Se o ! assumir valor positivo, sugere a situação na qual a empresa gerenciou resultados
com o objetivo de aumentar os resultados no período de teste, e um ! negativo sugere o
oposto. O ! deve ser estatisticamente significativo para sugerir o gerenciamento de resultados
no período estudado.
Considerada a amostra com mais de uma empresa, a fórmula deve permitir a variação
entre as empresas do processo de determinação dos accruals não discricionários. A regressão,
assim, é viabilizada pela seguinte fórmula, na qual F! é uma variável Dummy igual a um para
a empresa i, e zero caso contrário:
Fórmula 6- Modelo proposto por Jones com variável Dummy para amostras com várias
empresas
Um coeficiente ! estatisticamente significativo sugere às empresas a prática do
gerenciamento de resultados no período de suspeita.
É importante notar que o modelo de Jones assuma a condição na qual os gestores não
exercem gestão discricionária sobre a receita, seja no período de suspeita quanto no período
de calibração.
3.3 JONES MODIFICADO – DECHOW SLOAN E SWEENEY (1995)
O modelo de Jones modificado foi sugerido por Dechow, Sloan e Sweeney (1995).
Trata-se da evolução do modelo original de Jones, porém inova ao incluir a possibilidade de
!"! = !! + !!!(∆!"#"$%&'! !) + !!!(!". !"#$%&%'()#!) + !!(!!!) + !!! ...(5)
!
...(6)!
26
manipulação das receitas pelos gestores. Esse modelo assume mudanças na política de vendas
a crédito durante o período de suspeita, pois aceita sejam consideradas como gerenciamento
de resultado.
Especificamente, o modelo de Jones modificado assuma que os accruals não
discricionários são determinados conforme a seguinte fórmula:
Fórmula 7 – Modelo de Jones Modificado
Para testar gerenciamento de resultados nos períodos de suspeita deve-se aplicar a
equação abaixo:
Fórmula 8– Jones Modificado com variável Dummy para amostra com várias empresas
Como mencionado, o ! precisa ser estatisticamente significante durante o período de
suspeita.
3.4 GERENCIAMENTO DE RESULTADO NO BRASIL
O tema gerenciamento de resultados, no Brasil, teve maior atenção da academia a partir
de 2001. Baptista (2008) realizou uma revisão dos estudos publicados no país e encontrou
mais de 40 pesquisas no período. De acordo com Baptista (2009), a maioria dos trabalhos
ANDit = α + β(Δreceitasit – Δrecebíveisit) + γ(Ativo Imobilizadoit) + εit ...(7)
Onde: Δreceitasit = receitas operacionais líquidas no ano t menos receitas operacionais liquidas no ano t – 1
Δrecebíveisit = contas a receber da empresa i no ano t menos contas a receber no ano t – 1
Ativo Imobilizadoit = Ativo Imobilizado da emprasa i no ano t
...(8)
27
utilizou como Proxy de gerenciamento contábil o erro dos modelos de estimação das
acumulações não discricionárias agregadas. Os trabalhos brasileiros apresentam a
característica de concentrarem-se mais em confirmações empíricas do que em formulação de
novos modelos econométricos.
De acordo com Martinez (2001), o Modelo de Jones Modificado e o Modelo KS são os
mais populares para detectar gerenciamento de resultados por accruals, não podendo se
identificar um aparente predomínio de um sobre o outro. Os estudos brasileiros, em sua
maioria, calculam os accruals totais pela diferença entre o lucro líquido e o fluxo de caixa das
empresas. Considerada a exigibilidade das demonstrações de fluxo de caixa somente a partir
da Lei n. 11.638/07, a maioria dos estudos efetua a estimativa dos accruals pelo destaque do
balanço. Acredita-se que o enfoque do balanço continue sendo o mais popular devido à
necessidade de constituir amostras com grande número de observações para garantir maior
contundência e confiabilidade dos resultados. No quadro abaixo (BAPTISTA, 2009)
apresenta os incentivos e a influência sobre gerenciamento de resultados nos estudos
realizados no Brasil.
Quadro 3 – Incentivos e a influência sobre gerenciamento de resultados nos estudos realizados no Brasil
(continua) Incentivo Influência sobre o gerenciamento de resultados
Acompanhamento de analistas
• O acompanhamento de analistas não influencia a prática de gerenciamento (Paulo, Lima e Lima, 2006)
• A influência da cobertura das empresas de rating sobre o gerenciamento de resultados das companhias abertas brasileiras (Vasconcelos, Reis, Miyashiro e Paulo, 2008)
Emissão de ADRs • O Processo de emissão de ADR não exerce influência sobre o gerenciamento de resultados, ou seja, empresas emissoras e não emissoras de ADRs não apresentam níveis de gerenciamento diferentes (Lopes e Tukamoto e Galsi, 2007)
Emissão de dívida • Emissão de debêntures e earnings management no Brasil (Martinez e Faria, 2007)
• Gerenciamento de Resultados e o impacto no custo de captação das empresas brasileiras (Nardi, Silva, Nakao e Valle, 2008)
Endividamento • Endividamento estimula a prática do gerenciamento de resultados (Martinez, 2001)
• Gerenciamento não pode ser associado ao
28
endividamento (Coelho e Lopes, 2005)
• Endividamento estimula a prática do gerenciamento mediante decisões operacionais, mas não influencia a prática do gerenciamento por meio de escolhas contábeis (Cardoso e Martinez, 2006)
• Gerenciamento de resultados e a relação com o custo da dívida das empresas brasileiras abertas (Nardi e Nakao, 2009)
Estrutura de propriedade • A estrutura de propriedade influencia o gerenciamento (Ramos e Martinez, 2006).
• Gerenciamento de resultado e a Oferta Pública de Ações pelas Companhias Abertas Brasileiras (Paulo, 2006)
• Ownership and Control Structure, Corporate Governance and Income Smoothing in Brazil (Torres, 2010)
Investidores institucionais
• Empresas com investidores institucionais entre os maiores acionistas privilegiam o curto prazo, em detrimento do longo prazo, comportamento que pode ser associado ao gerenciamento de resultados (Ferri e Soares, 2007)
Liquidez em bolsa • A liquidez em bolsa não influencia o gerenciamento (Cardoso et al, 2006)
Mecanismos de Governança
• Os mecanismos de governança não influenciam o gerenciamento (Ramos e Martinez, 2006)
• Eficiência do conselho de administração influencia o gerenciamento: Empresas com menor número de integrantes, e cuja a frequência das reuniões é maior, apresentam menores níveis de gerenciamento (Martinez, 2001)
• A adesão aos níveis de governança corporativa da Bovespa não inibe o gerenciamento (Ramos e Martinez, 2006)
Padrão Contábil • O padrão contábil (USGAAP versus PCAB) não exerce influência sobre o gerenciamento de resultados (Lopes e Tokumoto, 2007)
Parecer de auditoria com ressalvas
• Empresas que apresentam parecer com ressalvas têm níveis maiores de gerenciamento de resultado do que empresas com parecer sem ressalvas (Ramos e Martinez, 2006)
Qualidade das informações
• Análise da Qualidade das Informações Contábeis nas Companhias Abertas (Paulo e Martins, 2007)
29
Regulação • A regulação estimula o gerenciamento de resultado (Cardose, 2005)
Remuneração • Remuneração por meio de opções não influencia a prática do gerenciamento (Silveira, 2006)
Retorno anormal • Gerenciamento de resultados contábeis e retorno anormal: O mercado Brasileiro reage ao gerenciamento de resultados contábeis? (Soutes, 2011)
Setor • O gerenciamento é praticado em empresas de todos os setores da economia, observados os níveis de gerenciamento diferenciados entre os setores (Martinez, 2001)
• Não há evidências de gerenciamento para todos os setores da economia (Almeida et al, 2005)
• Dentro de um mesmo setor podem ser observados níveis diferenciados de gerenciamento (Almeida et al, 2006)
• Gerenciamento de resultados contábeis por meio de decisões operacionais e a governança corporativa: Uma análise nas indústrias siderúrgicas e metalúrgicas (Verhagem, Santos e Bezerra, 2011)
Tamanho • Empresas com alto valor de mercado têm maior propensão ao gerenciamento (Martinez, 2001)
• Conglomerados financeiros de menor porte (segundo o Ativo Total) apresentam maiores níveis de gerenciamento (Zandersky e Silva, 2007)
Tipo de auditoria • Empresas investigadas por uma auditoria Big Four apresentam menores níveis de gerenciamento (Martinez, 2001; Almeida e Almeida, 2007)
• Tipo de auditoria não influencia a prática de gerenciamento (Ramos e Martinez, 2006)
Tipo de companhia • Estudo sobre o gerenciamento de resultados contábeis pelas companhias abertas e fechadas brasileiras (Formigone, Paulo e Pereira, 2006)
Tributário • Diferença entre o Lucro Contábil e o Lucro Tributário: Análise acerca do Gerenciamento de Resultados Contábeis e Gerenciamento Tributário nas Companhias Abertas Brasileiras (Formigoni, Pompa Antunes e Paulo, 2009)
• Detectando Gerenciamento de Resultados pela Análise do Diferimento Tributário (Paulo, Corrar e Martins, 2006)
30
Fonte: BAPTISTA (2009)
3.5 ESTUDOS ANTERIORES SOBRE GERENCIAMENTO DE RESULTADOS EM
FUSÕES E AQUISIÇÕES
Não foi encontrado na literatura nacional estudo que investigue evidências de
gerenciamento de resultados em operações de fusões e aquisições. Na literatura internacional
o estudo com maior relevância foi o realizado por Louis (2004).
Louis (2004) examinou as práticas de gerenciamento de resultados nos processos de
fusão em empresas norte-americanas de capital aberto. O estudo compreende o período de
janeiro de 1992 até dezembro de 2000. As evidências encontradas pelo autor demonstraram
que as empresas adquirentes praticavam gerenciamento de resultados, pois possuíam accruals
discricionários positivos no trimestre anterior ao anúncio da fusão.
Goodwin (2009) defendeu a tese de doutorado sobre gerenciamento de resultados
durante os processos de fusão e aquisição ocorridos entre os anos de 1989 e 2005. Nesse
estudo a autora trabalha com a hipótese de que os gestores da empresa compradora possuíam
incentivos para manipular os resultados durante os processos de fusão e aquisição, a fim de
obter melhor relação de troca entre as ações das empresas vendedoras e compradoras.
31
4 METODOLOGIA DE PESQUISA
O trabalho utilizará o modelo de Jones e o Modelo de Jones Modificado (JONES,1991;
DECHOW, SLOAN, SWEENEY, 1995) para testar se as empresas brasileiras de capital
aberto praticam gerenciamento de resultado nos períodos anteriores aos processos de
aquisições.
4.1 AMOSTRA E FONTE DE DADOS
A pesquisa utilizará duas bases de dados. A primeira, extraída do sistema Economática,
contendo o valor de mercado e as informações contábeis das empresas brasileiras de capital
aberto. A segunda base de dado foi retirada do sistema Emis e contém a data de realização das
aquisições, além do valor da transação. O período de análise compreende o quarto trimestre
de 2008 e o quarto trimestre de 2013, perfazendo o total de 16 trimestres.
Os filtros para se obter a amostra no sistema Economática foram:
- Pais sede: Brasil;
- Tipo de ativo: Ações;
- Data base: informação trimestral;
- Bolsa: Bovespa;
- Consolidado, caso não tenha, usar dados da demonstração individual;
- Toda a informação foi extraída em milhares de Reais;
- Foram excluídas empresas financeiras, seguradoras e fundos, devido às
diferenças no perfil de balanço em relação a empresas.
Devido ao grande número de informações necessárias para construção do modelo, a
amostra foi trabalhada de duas maneiras, a saber:
a) Amostra desbalanceada: considera as entradas iguais a zero e as entradas negativas
das variáveis relevantes para cálculo dos accruals totais e dos modelos de Jones e
Jones Modificado como valores ausentes. A amostra desbalanceada utiliza dados de
32
empresas com informação relevante em no mínimo 10 trimestres. A amostra
desbalanceada contém 201 empresas. A tabela abaixo apresenta as estatísticas
descritivas das variáveis utilizadas4 nos modelos, elaboradas com base na última
informação disponível para cada empresa;
b) Amostra balanceada: considera apenas empresas com informações completas para
todos os 16 trimestres do estudo. A amostra balanceada contém 129 empresas.
Considerando que o resultado das duas amostras foi muito semelhante serão
apresentados abaixo as estatísticas da amostra desbalanceada. As estatísticas da amostra
balanceada encontram-se no apêndice A.
Observa-se variação considerável no valor dos ativos totais das empresas da amostra,
sendo que a mediana revela empresas com R$ 3,614 bilhões em ativos totais. Grande parte
dos accruals totais apresentaram resultados negativos. Conforme demonstrado, os accruals
são calculados pela variação de determinadas contas do balanço patrimonial das empresas.
Dessa forma, grande número de accruals negativo pode indicar o encolhimento da atividade
das empresas brasileiras. Também vale ressaltar que a variável “tamanho da aquisição”
representa, na média, 10% do valor de mercado da empresa que realizou a aquisição, porém é
possível observar que a distribuição é fortemente enviesada para aquisições menores.
Quadro 4 – Estatísticas descritivas da amostra desbalanceada
Fonte: Elaborado pelo autor
O quadro abaixo demonstra a distribuição da frequência dos setores conforme a
classificação do North American Industry Classification System (NAICS). Observa-se, no
setor de geração, transmissão e distribuição de energia elétrica, maior frequência na amostra
desbalanceada. 4 O Anexo A descreve individualmente as variáveis conforme orientação do Plano Contábil de Instituições do Sistema Financeiro Nacional (COSIF)
Min. p10 p20 p30 p40 Med. p60 p70 p80 p90 Max. Média Desvio Padrão
Ativos Totais 16 417 711 1326 2219 3614 4692 7246 12654 23760 752967 12395 54773
Valor de mercado 9 91 259 576 1012 1871 2638 4483 6562 14155 270935 7134 25266
Ativo Circulante 4 149 325 437 748 1096 1471 2219 3774 7152 123350 3362 9786
Passivo Circulante 7 113 208 352 484 731 1055 1620 2700 4831 82525 2354 6654
Caixa 0 4 14 40 80 154 283 533 949 2099 37172 888 2942
Endividamento 0 20 56 84 120 188 273 465 731 1217 18477 588 1570
Depreciação 0 6 10 21 36 63 109 159 348 865 28467 443 2105Accruals totais -52136 -896 -546 -257 -168 -103 -52 -28 -11 11 1087 -646 3763
Tamanho da aquisição 0,000 0,002 0,004 0,008 0,013 0,025 0,043 0,631 0,148 0,263 1,855 0,112 0,253
* Tamanho da aquisição é equivalente ao custo total da aquisição dividido pelo valor de mercado do adquirente
33
Quadro 5 – Distribuição de frequência dos setores da economia confirme classificação NAICS da amostra desbalanceada
Fonte: Elaborado pelo autor
O quadro abaixo apresenta o número de trimestres no qual as empresas realizaram uma
ou mais aquisições no trimestre seguinte. Nele, é possível observar 40,80% das empresas
brasileiras de capital aberto com registro de pelo menos uma aquisição no período de estudo,
e aproximadamente 18% das empresas realizaram três aquisições ou mais. É possível, assim,
afirmar a ocorrência de variação razoável na base de dados, que permite estimar a relação
entre aquisições e gerenciamento de resultados.
# Setor Freq. Percent Cum. # Setor Freq. Percent Cum.1 Abatedouros 4 1,99 1,99 41 Indústria de máquinas indústriais 1 0,50 58,212 Administração de empresas e empreendimentos 7 3,48 5,47 42 Indústria de móveis e afins 1 0,50 58,713 Agricultura 1 0,50 5,97 43 Indústria de outros produtos de minerais não metálicos 1 0,50 59,204 Agua, esgoto e outros sistemas 4 1,99 7,96 44 Indústria de papel , celulose e papelão 3 1,49 60,705 Atividades auxiliares ao transporte 3 1,49 9,45 45 Indústria de produtos de cerâmica e refratários 1 0,50 61,196 Atividades auxiliares ao transporte aquático 2 1,00 10,45 46 Indústria de produtos de madeira compensada e afins 1 0,50 61,697 Atividades auxiliares ao transporte rodoviário 3 1,49 11,94 47 Indústria de produtos de papel e papelão 1 0,50 62,198 Bolsa de valores e commodities 1 0,50 12,44 48 Indústria de produtos de petróleo e carvão 1 0,50 62,699 Comércio atacadista de remédios 1 0,50 12,94 49 Indústria de produtos de plástico 2 1,00 63,6810 Concessionárias de outros veículos motorizados 2 1,00 13,93 50 Indústria de roupas de malha 1 0,50 64,1811 Construção de edifícios residenciais 16 7,96 21,89 51 Indústria de roupas de tecido 6 2,99 67,1612 Construção de estradas, ruas, pontes e tuneis 1 0,50 22,39 52 Indústria de vidro e produtos de vidro 1 0,50 67,6613 Construção e empreendimentos imobiliarios 1 0,50 22,89 53 Indústria química 5 2,49 70,1514 Distribuição de gas natural 1 0,50 23,38 54 Indústria química básica 2 1,00 71,1415 Editoras de jornais, livros e base de dados 1 0,50 23,88 55 Laboratório de exames médicos 2 1,00 72,1416 Editoras de software 1 0,50 24,38 56 Locadora de automóveis 1 0,50 72,6417 Educacão 1 0,50 24,88 57 Locadora de imóveis 9 4,98 77,1118 Empresa de eletricidade, gas e agua 3 1,49 26,37 58 Loja de artigos para saúde e cuidados pessoais 2 1,00 78,1119 Escola de ensino superior 1 0,50 26,87 59 Loja de departamentos 3 1,49 79,6020 Extração de minerais não metálicos 1 0,50 27,36 60 Loja de roupas 2 1,00 80,6021 Extração de petróleo e gas 1 0,50 27,86 61 Mineração de metais 1 0,50 81,0922 Forjarias e estamparias 2 1,00 28,86 62 Moinho de grãos 3 1,49 82,5923 Geração, transmissão e distribuição de energia elétrica 28 13,93 42,79 63 Outras construções pesadas 1 0,50 83,0824 Hotel, motel ou similar 1 0,50 43,28 64 Outras indústrias da recreação 1 0,50 83,5825 Impressão e atividades auxiliares 1 0,50 43,78 65 Outras indústrias de alimentos 2 1,00 84,5826 Indústria de artigos de limpeza 1 0,50 44,28 66 Outras indústrias de produtos de metal 3 1,49 86,0727 Indústria de autopeças 8 3,98 48,26 67 Outras indústrias de tecidos 1 0,50 86,5728 Indústria de açúcar e produtos de confeitaria 1 0,50 48,76 68 Outras lojas de mercadorias variadas 1 0,50 87,0629 Indústria de bebidas 1 0,50 49,25 69 Outras outras indústrias 4 1,99 89,0530 Indústria de calçados 5 2,49 51,74 70 Outros tipos de escolas 1 0,50 89,5531 Indústria de carrocerias e trailers 2 1,00 52,74 71 Serviços de apoio a empresas 2 1,00 90,5532 Indústria de computadores e periféricos 1 0,50 53,23 72 Serviços de engenharia e arquitetura 1 0,50 91,0433 Indústria de computadores e produtos eletrônicos 1 0,50 53,73 73 TV a cabo 1 0,50 91,5434 Indústria de eletrodomésticos 1 0,50 54,23 74 Tecelagens 4 1,99 93,5335 Indústria de equipamentos aeroespacias 1 0,50 53,73 75 Telecomunicações 7 3,48 97,0136 Indústria de estruturas metálicas 1 0,50 55,22 76 Transformação de aço em produtos de aço 3 1,49 98,5137 Indústria de fertilizantes e pesticidas 1 0,50 55,72 77 Transporte ferroviário 1 0,50 99,0038 Indústria de fumo 1 0,50 56,22 78 Transporte rodoviário 1 0,50 99,5039 Indústria de molas e produtos de arame 2 1,00 57,21 79 Vendas por correio ou meio eletrônico 1 0,50 100,0040 Indústria de motores, turbinas e transmissores de energia 1 0,50 57,71 Total 201 100,00
34
Quadro 6 – Frequência por número de aquisições no trimestre seguinte da amostra desbalanceada
Número de aquisições Frequência Percentil Acumulada
0 119 59,20 59,20
1 25 12,44 71,64
2 21 10,45 82,09
3 16 7,96 90,05
4 5 2,49 92,54
5 4 1,99 94,53
6 4 1,99 96,52
7 1 0,50 97,01
8 3 1,49 98,51
9 1 0,50 99,00
10 1 0,50 99,50
11 1 0,50 100,00
Total 201 100,00
Fonte: Elaborado pelo autor
O quadro abaixo apresenta a estatística descritiva das variáveis que compõem os
modelos de Jones e Jones Modificado. No cálculo foram utilizados todos os trimestres
disponíveis para cada empresa.
Quadro 7 – Estatística descritiva das variáveis dos modelos de Jones e Jones Modificado para a amostra
desbalanceada
Fonte: Elaborado pelo autor
O quadro abaixo apresenta o número de trimestres disponíveis para todas as variáveis
relevantes ao modelo.
Min. p10 p20 p30 p40 Med. p60 p70 p80 p90 Max. Média Desvio Padrão
Accruals totais* -0,834 -0,085 -0,060 -0,044 -0,032 -0,023 -0,013 -0,003 0,009 0,039 1,525 -0,021 0,085
Δ Receitas* -0,832 0,043 0,083 0,109 0,134 0,163 0,199 0,231 0,285 0,375 1,745 0,198 0,171
(Δ Receitas - Δ Recebíveis)* -0,831 0,040 0,076 0,105 0,130 0,162 0,196 0,231 0,283 0,371 1,337 0,194 0,169
Ativo Permanente* 0,000 0,017 0,096 0,178 0,254 0,330 0,397 0,480 0,584 0,735 3,248 0,358 0,276
* Divido pelo ativos totais do trimestre anterior.
35
Quadro 8 – Frequência do número de trimestres disponíveis para todas as variáveis relevantes dos
modelos
Número de
trimesters
Frequência Percentil Acumulada
0 61 18,05 10,05
1 5 1,48 19,53
2 9 2,66 22,19
3 10 2,96 25,15
4 5 1,48 26,63
5 7 2,07 28,7
6 14 4,14 32,84
7 7 2,07 34,91
8 7 2,07 36,98
9 12 3,55 40,53
10 3 0,89 41,42
11 10 2,96 44,38
12 17 5,03 49,41
13 13 3,85 53,25
14 20 5,92 59,17
15 9 2,66 61,83
16 129 38,17 100
Total 338 100
Fonte: Elaborado pelo autor
36
O quadro abaixo demonstra a distribuição de frequência dos trimestres utilizados na
amostra desbalanceada. Quadro 9 – Distribuição de frequência de eventos de aquisição por número de trimestres
Número de
trimestres
Frequência Percentil Acumulada
10 3 1,49 1,49
11 10 4,98 6,47
12 17 8,46 14,93
13 13 6,47 21,39
14 20 9,95 31,34
15 9 4,48 35,82
16 129 64,18 100
Total 201 100
Fonte: Elaborado pelo autor
4.2 MODELAGEM DO ESTUDO
Inicialmente, calculou-se os accruals totais, conforme utilizado nos estudos de
McNichols e Wilson (1988) e Jones (1991), seguindo a formula conforme mencionado
anteriormente, sendo:
Fórmula 9 – Cálculo dos accruals totais por meio das contas patrimoniais
Para estimar os accruals discricionários foram geradas seis regressões para cada
amostra, a saber:
A. Modelo de Jones, sem a variável Dummy para aquisição no próximo trimestre e
sem a variável de interação para o tamanho da aquisição;
B. Modelo de Jones, com a variável Dummy para aquisição no próximo trimestre e
sem a variável de interação para o tamanho da aquisição;
Accrual total = [!∆(AC!"! − !Dispon!") − ∆!(PC!" − !PFinCP!") − Dep!" ] ...(2)
37
C. Modelo de Jones, com a variável Dummy para aquisição no próximo trimestre e
com a variável de interação para o tamanho da aquisição;
D. Modelo de Jones Modificado, sem a variável Dummy para aquisição no próximo
trimestre e sem a variável de interação para o tamanho da aquisição;
E. Modelo de Jones Modificado, com a variável Dummy para aquisição no
próximo trimestre e sem a variável de interação para o tamanho da aquisição;
F. Modelo de Jones Modificado, com a variável Dummy para aquisição no
próximo trimestre e com a variável de interação para o tamanho da aquisição.
A regressão do modelo de Jones, conforme descrição anterior, é estimada tal qual o que
se segue:
Fórmula 10- Modelo proposto por Jones com variável Dummy para amostras com várias empresas
A variável dummy I!", nesse caso, é igual a um para o trimestre que a determinada
empresa realizou pelo menos uma aquisição no trimestre seguinte e, caso contrário, é igual a
zero. Se κ for estatisticamente significante, logo existe evidência de que a empresa realizou
gerenciamento de resultados no trimestre anterior à aquisição.
Com o objetivo de controlar o possível viés – dado não ser possível considerar que o
gerenciamento de resultados ocorra no mesmo grau, independentemente do tamanho da
aquisição –, no modelo de regressão [C], portanto, foi incluída uma variável de interação5 que
permite a variação do efeito em função do tamanho da aquisição6.
Fórmula 11 – Modelo de Jones com variável Dummy e variável de interação para tamanho da
aquisição
Correspondentemente, o modelo de Jones modificado é estimado conforme abaixo:
Correspondentemente, o modelo do Jones modificado é estimado conforme abaixo:
5 Variável de interação definida como I!" * tamanho da aquisição. 6 Tamanho da aquisição definido como o valor do negócio dividido pelo valor de mercado da adquirente.
...(9)
...(6)
38
Fórmula 12 – Jones Modificado com variável Dummy para amostra com várias empresas
No modelo de regressão [F], o efeito de uma futura aquisição no gerenciamento de
resultado é permitido variar com o tamanho da aquisição:
Fórmula 13- Jones Modificado com variável Dummy e variável de interação para tamanho da aquisição
4.3 RESULTADOS DA PESQUISA
Após geradas as seis regressões para cada amostra, chegamos aos resultados
apresentados nos quadros abaixo:
...(8)
…(10)
41
Em ambas as amostras, o coeficiente do efeito fixo para aquisição no trimestre seguinte
apresentou-se significante apenas nas equações [C] e [F] ao nível de significância de 5%.
Na amostra balanceada, o coeficiente da regressão de efeito fixo para aquisição é
estatisticamente significante ao nível de 10% com ou sem a variável de interação para o
tamanho da aquisição. Os resultados foram semelhantes para ambos os modelos. Na amostra
desequilibrada, as regressões suportam o gerenciamento de resultados a um nível significativo
(5%), apenas quando permitimos que o gerenciamento de resultados varie com o tamanho da
aquisição. Os coeficientes sugerem, em média, a possibilidade de as empresas manipularem
as provisões para cima entre, 1,1% e 1,9% dos ativos totais. Sob a hipótese de que os modelos
de Jones e Jones modificado captam com precisão os accruals discricionários, este estudo
oferece, assim, suporte à hipótese de que os lucros são gerenciados para cima antes das
aquisições.
Um dos modos de expressar o nível de precisão da previsão é o coeficiente de
determinação R², que é a razão entra a soma de quadrados da regressão e a soma total de
quadrados. Quanto mais o R² for próximo de 1, melhor é o modelo de previsão e,
inversamente, quanto mais próximo de zero, pior é o modelo de previsão.
É importante mencionar que o R² de todas as regressões do estudo são semelhantes em
magnitude, além de superiores ao reportado no estudo de Jones. O estudo original publicado
por Jones alcança um R² de modelo de Jones aproximadamente 25%.
42
5 CONCLUSÃO
Esta pesquisa almejou pesquisar a existência de indícios de gerenciamento de resultado
em maior grau em empresas brasileiras de capital aberto, que realizaram aquisições durante o
quarto trimestre de 2008 e o quarto trimestre de 2013.
Foram utilizadas seis regressões em cada uma das duas amostras. A escolha do modelo
de Jones e Jones Modificado foi motivada após vasta pesquisa na literatura nacional e
internacional. A amostra balanceada demonstrou-se mais adequada, devido aos melhores
resultados apresentados.
Os dados foram obtidos por meio de pesquisa no sistema Economática e na EMIS. Após
as eliminações necessárias, a amostra desbalanceada contém 201 empresas e a amostra
balanceada 129 empresas.
Os testes estatísticos aplicados – segundo o modelo Jones e Jones Modificado – indicam
a evidência de gerenciamento de resultados no trimestre anterior à realização do negócio entre
empresas brasileiras de capital aberto que realizaram aquisições durante o período de estudo.
Os resultados apresentados nesta pesquisa são, portanto, consistentes com as pesquisas
anteriores realizadas no âmbito internacional.
O segmento de gerenciamento de resultados perfaz-se como campo fértil para a
pesquisa e a produção acadêmica. Sugiro estudos futuros, tais como (i) testar as bases de
dados deste estudo com outros modelos de detecção de gerenciamento de resultados, (ii)
analisar a prática de gerenciamento de resultados em empresas de capital fechado, (iii)
implementar novas metodologias para verificar “gerenciamento” de resultados contábeis para
setores específicos, (iv) verificar se empresas brasileiras gerenciam resultados em maior grau
do que empresas no exterior e (v) buscar desenvolver modelos econométricos mais
contundentes, a fim de estimar de forma mais precisa as acumulações discricionárias à
realidade das empresas brasileiras.
43
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APÊNDICE A - Amostra balanceada
O quadro abaixo apresenta as estatísticas descritivas das variáveis utilizadas nos modelos,
elaboradas com base na ultima informação disponível para cada empresa.
Estatísticas descritivas da amostra balanceada
O quadro a seguir demonstra a distribuição da frequência dos setores conforme a classificação
do North American Industry Classification System (NAICS). Podemos observar que, assim
como a amostra desbalanceada, o setor de Geração, transmissão e distribuição de energia
elétrica é o que apresenta maior frequência na amostra.
Distribuição de frequência dos setores da economia confirme classificação NAICS da amostra balanceada
Fonte: Elaborado pelo autor
Min. p10 p20 p30 p40 Med. p60 p70 p80 p90 Max. Média Desvio Padrão
Ativos Totais 142,0 696,0 1421,0 2329,0 3791,0 4805,0 6748,0 10198,0 16799,0 29814,0 752967,0 17029,0 67695,0
Valor de mercado 9,0 172,0 476,0 855,0 1705,0 2638,0 4485,0 6270,0 10245,0 20943,0 270935,0 10129,0 31139,0
Ativo Circulante 52,0 306,0 565,0 935,0 1294,0 1692,0 2338,0 3443,0 5680,0 9460,0 123350,0 4612,0 11917,0
Passivo Circulante 61,0 208,0 378,0 562,0 855,0 1154,0 1660,0 2310,0 3328,0 6777,0 82525,0 3157,0 8057,0
Caixa 1,0 13,0 40,0 80,0 154,0 283,0 520,0 924,0 1309,0 3509,0 37172,0 1260,0 3612,0
Endividamento 2,0 43,0 84,0 129,0 197,0 266,0 404,0 585,0 913,0 1426,0 18477,0 731,0 1879,0
Depreciação 1,0 11,0 23,0 36,0 63,0 111,0 159,0 253,0 582,0 1072,0 28467,0 605,0 2587,0
Accruals totais -52136,0 -1478,0 -741,0 -491,0 -254,0 -179,0 -103,0 -51,0 -18,0 21,0 1087,0 -931,0 4673,0
Tamanho da aquisição 0,00006 0,00220 0,00410 0,00755 0,01161 0,02210 0,03605 0,57200 0,11946 0,24034 1,58179 0,08872 0,19288* Tamanho da aquisição é equivalente ao custo total da aquisição dividido pelo valor de mercado do adquirente
# Sector Freq. Percent Cum. # Sector Freq. Percent Cum.
1 Abatedouros 3 2,33 2,33 32 Indústria de motores, turbinas e transmissores de energia 1 0,78 59,692 Administração de empresas e empreendimentos 3 2,33 4,65 33 Indústria de máquinas indústriais 1 0,78 60,473 Agricultura 1 0,78 5,43 34 Indústria de móveis e afins 1 0,78 61,244 Agua, esgoto e outros sistemas 4 3,1 8,53 35 Indústria de outros produtos de minerais não metálicos 1 0,78 62,025 Atividades auxiliares ao transporte 1 0,78 9,3 36 Indústria de papel , celulose e papelão 2 1,55 63,576 Atividades auxiliares ao transporte aquático 1 0,78 10,08 37 Indústria de produtos de plástico 1 0,78 64,347 Atividades auxiliares ao transporte rodoviário 2 1,55 11,63 38 Indústria de roupas de malha 1 0,78 65,128 Bolsa de valores e commodities 1 0,78 12,4 39 Indústria de roupas de tecido 3 2,33 67,449 Comércio atacadista de remédios 1 0,78 13,18 40 Indústria química 3 2,33 69,7710 Concessionárias de outros veículos motorizados 1 0,78 13,95 41 Indústria química básica 2 1,55 71,3211 Construção de edifícios residenciais 11 8,53 22,48 42 Laboratório de exames médicos 1 0,78 72,0912 Construção e empreendimentos imobiliarios 1 0,78 23,26 43 Locadora de automóveis 1 0,78 72,8713 Distribuição de gas natural 1 0,78 24,03 44 Locadora de imóveis 5 3,88 76,7414 Editoras de jornais, livros e base de dados 1 0,78 24,81 45 Loja de artigos para saúde e cuidados pessoais 1 0,78 77,5215 Editoras de software 1 0,78 25,58 46 Loja de departamentos 3 2,33 79,8416 Empresa de eletricidade, gas e agua 2 1,55 27,13 47 Loja de roupas 2 1,55 81,417 Escola de ensino superior 1 0,78 27,91 48 Mineração de metais 1 0,78 82,1718 Extração de minerais não metálicos 1 0,78 28,68 49 Moinho de grãos 2 1,55 83,7219 Extração de petróleo e gas 1 0,78 29,46 50 Outras indústrias da recreação 1 0,78 84,520 Forjarias e estamparias 2 1,55 31,01 51 Outras indústrias de alimentos 1 0,78 85,2721 Geração, transmissão e distribuição de energia elétrica 20 15,5 46,51 52 Outras indústrias de produtos de metal 2 1,55 86,8222 Indústria de artigos de limpeza 1 0,78 47,29 53 Outras indústrias de tecidos 1 0,78 87,623 Indústria de autopeças 5 3,88 51,16 54 Outras outras indústrias 3 2,33 89,9224 Indústria de bebidas 1 0,78 51,94 55 Serviços de apoio a empresas 2 1,55 91,4725 Indústria de calçados 2 1,55 53,49 56 TV a cabo 1 0,78 92,2526 Indústria de carrocerias e trailers 2 1,55 55,04 57 Tecelagens 1 0,78 93,0227 Indústria de computadores e periféricos 1 0,78 55,81 58 Telecomunicações 4 3,1 96,1228 Indústria de computadores e produtos eletrônicos 1 0,78 56,59 59 Transformação de aço em produtos de aço 3 2,33 98,4529 Indústria de equipamentos aeroespacias 1 0,78 57,36 60 Transporte ferroviário 1 0,78 99,2230 Indústria de fertilizantes e pesticidas 1 0,78 58,14 61 Vendas por correio ou meio eletrônico 1 0,78 100,0031 Indústria de fumo 1 0,78 58,91 Total 129 100,00
50
No quadro abaixo apresenta o número de trimestres onde as empresas firma realizaram uma
ou mais aquisições no trimestre seguinte.
Frequência por número de aquisições no trimestre seguinte da amostra balanceada Número de aquisições
Frequência Percentil Acumulada
0 65 50,39 50,39 1 16 12,40 62,79 2 20 15,50 78,29 3 13 10,08 88,37 4 3 2,33 90,70 5 3 2,33 93,02 6 3 2,33 95,35 7 1 0,78 96,12 8 2 1,55 97,67 9 1 0,78 98,45 10 1 0,78 99,22 11 1 0,78 100 Total 129 100,00
No quadro abaixo o apresenta a estatística descritiva das variáveis que compõem os modelos
de Jones e Jones Modificado. No cálculo foram utilizados todos os trimestres disponíveis para
cada empresa.
Estatística descritiva das variáveis dos modelos de Jones e Jones Modificado para a amostra balanceada.
Min. p10 p20 p30 p40 med p60 p70 p80 p90 max mean Desvio Padrão
Accruals totais* -0,425 -0,086 0,060 -0,045 -0,032 -0,023 -0,014 -0,004 0,009 0,038 1,168 -0,021 0,078Δ Receitas* -0,040 0,051 0,087 0,110 0,133 0,164 0,200 0,231 0,287 0,363 1,745 0,199 0,155(Δ Receitas - Δ Recebíveis)* -0,323 0,048 0,080 0,106 0,127 0,160 0,195 0,225 0,281 0,358 1,215 0,193 0,153Ativo Permanente* 0,001 0,014 0,074 0,146 0,223 0,295 0,364 0,442 0,550 0,687 3,248 0,327 0,264* Divido pelo ativos totais do trimestre anterior.
ANEXO A
Rubrica Definição Ativo Circulante
Os Ativos Circulantes são as aplicações de curto prazo (Valores e Direitos). Considera-se de curto prazo aqueles direitos vencíveis no prazo de um ano. O Ativo Circulante compõe-se de: (i) Caixa e Equivalentes de Caixa (são as Disponibilidades e as Aplicações em Títulos e Valores Mobiliários), (ii) Direitos, Créditos ou Clientes (São títulos de crédito contra clientes), (iii) Estoques e Créditos Tributários (Estoques são os valores referentes as exigências de produtos acabados, produtos em elaboração, matérias-primas, mercadorias, materiais de consumo, serviços em andamento e outros valores relacionados as atividades objeto da Entidade). Entre os Créditos Tributários (Tributos a compensar, incidentes sobre os estoques de produtos ou mercadorias para revenda), (iv) Outros Valores e Bens (São os valores não relacionados à atividade fim da entidade, (v) Despesas Antecipadas (São as aplicações em gastos que tenham realização no curso do período subsequente à data do balancete).
Ativo Permanente Ativos Permanentes são os bens e direitos não destinados à transformação direta em meios de pagamento e cuja perspectiva de permanência na Entidade, ultrapasse um exercício. A rubrica de compõe-se de (i) Investimentos (Participação em sociedades além dos bens e direitos que não se destinem à manutenção das atividades-fim da Entidade), (ii) Imobilizado (Bens e direitos), tangíveis e intangíveis, utilizados na consecução das atividades-fim da Entidade, (iii) Diferido (São as aplicações de recursos em despesas que contribuirão para a formação do resultado de mais de um exercício social) e (iv) Intangível (São as aplicações em bens não corpóreos, aqueles que não se pode tocar porque não existem fisicamente).
Ativo Total O Ativo Total compõe-se de todos os bens e direitos de uma empresa.
Caixa Caixa e Equivalentes de Caixa são as Disponibilidades e as aplicações em Títulos e Valores Mobiliários livremente negociados no mercado de capitais por intermédio de instituições financeiras autorizadas a funcionar pelo Banco Central do Brasil. Isto é, são os recursos financeiros que se encontram à disposição imediata da Entidade, compreendendo os meios de pagamento em moeda e em outras espécies, os depósitos bancário à vista e os títulos escriturais com liquidez imediata.
Depreciação
A diminuição parcelada de valor que sofrem os ativos de uso da empresa. A depreciação poderá ser computada como custo ou despesa operacional, conforme o caso. A depreciação dos bens utilizados na produção será custo, enquanto a depreciação dos demais bens há de ser registrada
52
como despesa operacional. Financiamento de curto prazo
A Rubrica de Financiamentos a Curto Prazo compõe-se de (i) Financiamento Bancário de Curto Prazo, (ii) Arrendamento Mercantil de Curto Prazo e (iii) Outros financiamentos de Curto Prazo.
Passivo Circulante No Passivo Circulante estão contabilizadas as obrigações conhecidas cujos prazos estabelecidos ou esperados, situem-se no curso do exercício seguinte. O Passivo Circulante compõe-se de (i) Fornecedores, (ii) Adiantamento de Clientes (iii) Financiamentos de Curto Prazo, (iv) Obrigações tributárias, (v) Obrigações trabalhistas, (vi) Dividendos Propostos ou Lucros Creditados, (vii) Provisões para Contingências, (viii) Doações e Subvenções para Investimentos, (ix) Outras Contas e (x) Contas Retificadoras.
Recebíveis Créditos a Receber, que está no Ativo Circulante, são registrados os valores a receber de vendas a prazo direta ou indiretamente ligadas à atividade principal das entidades comerciais, industriais ou prestadoras de serviços.
Receita líquida Receita operacional liquida da atividade principal da companhia Fonte: PLANO CONTÁBIL DE INSTITUIÇÕES DO SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL (COSIF)
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GLOSSÁRIO
Accruals: Equivalente a acumulações
Big four: Refere-se às quatro maiores empresas de auditoria do mundo, KPMG, Price
Waterhouse, Ernest Young e Deloitte Touche
BOVESPA: Bolsa de Valores de São Paulo
Due diligence: É o processo de investigação de informações com o objetivo de identificar
fatores de risco que possam gerar consequências a determinada transação de M&A e/ou o
valor do negócio
Income smoothing: Resultado estável com pequenas flutuações ao longo do tempo
IPO: Sigla do inglês Initial Public Offering
M&A: Do inglês merger & acquisition equivalente a fusões & aquisições
PP&E: Do inglês Property, Plant and Equipment