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EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO TURISMO
IDADE CLÁSSICA
Período que vai desde os primórdios das primeiras civilizações até à primeira metade
do século XVIII
Sumérios
invenção da moeda desenvolvimento do comércio escrita cuneiforme invenção da roda
Primeiras condições que possibilitaram a realização das viagens
Romanos e Gregos
criaram maior rede de estradas (100.000 km), alguns dos traçados ainda hoje são utilizados;
possibilidade de viajar mais de 100 km por dia utilizando mudas de cavalos;
Pausanias (geógrafo e viajante grego) escreveu “Descrição da Grécia”, que pode ser considerado como o primeiro guia turístico, indicando os diversos caminhos, as estátuas, os túmulos, as ruas, os templos, os estádios, os teatros, etc.;
Junto dos templos gregos existiam facilidades para pernoitar e diversões como teatros e estádios para eventos atléticos;
Romanos e Gregos
Desenvolveu-se o espírito de hospitalidade, que passou a ser um acto honroso, e institui-se a obrigação de receber com benevolência os estrangeiros que chegassem a uma cidade;
Com os romanos desenvolveram-se os Hospes (estalagens), os Hospitium (Hotéis) e os Hospitalia (Estalagens Públicas);
Heródoto, o pai da História e o primeiro grande escritor de viagens percorreu toda a Grécia, norte de África, Sicília, Éfeso na Turquia, Babilónia, Egipto, Líbia e Síria. Os seus livros descrevem os países que visitou e os seus costumes.
Cristãos
A hospitalidade continuou a ser um dever e um direito sagrado que devia ser concedida gratuitamente;
No século IV foram abertas as primeiras casas de refúgio para os viajantes e asilos, as Xenodochia;
Uma das exigências do concílio de Niceia foi que toda a cidade deveria possuir as suas Xenodochias e os seus Hospitia, dos quais o mais célebre foi o Hospice du Grand-Saint-Bernard, estabelecido em 962, nos Alpes;
Cristãos
As viagens tinham como principal razão as peregrinações sendo célebres as que se dirigiam a Santiago de Compustela, em Espanha, Canterbury, em Inglaterra, à Terra Santa, na Palestina e a Meca, na Arábia;
No século XIV, existiam já guias de viagem que forneciam aos peregrinos informações detalhadas sobre as regiões que tinham de atravessar e os tipos de alojamento que poderiam utilizar;
Para apoiar as peregrinações à Terra Santa foram criadas diversas Ordens que construíram centros de assistência aos viajantes;
Cristãos
Com as Descobertas iniciadas pelos portugueses e continuadas pelos espanhóis, franceses, ingleses e holandeses chegou uma nova era para o mundo das viagens;
Atracções turísticas da idade clássica
há mais de 500 anos eram organizadas viagens pelo Nilo para visitar vários templos;
romanos e gregos viajavam para visitar os templos e as sete maravilhas do mundo (Pirâmides de Gize, Jardins Suspensos da Babilónia, Estátua de Zeus em Olímpia, Mausoléu de Halicarnasso, Templo de Artémis em Éfeso, Colosso de Rodes e o Farol de Alexandria);
Jogos Olímpicos, Píticos, Ístmicos e Nemeus ofereciam grande número de atracções (produções teatrais, banhos termais, competições atléticas e festivais);
Atracções turísticas da idade clássica
Prognósticos dos Oráculos (Dodona e Delfos). Eram oferecidos objectos para agradecimento aos deuses que deram origem aos primeiros museus;
Termas, iniciadas por Agripa, verdadeiros centros de turismo (existiam em todo o território imperial: Itália, França, Espanha, Portugal, Inglaterra, Roménia, Norte de África e Ásia Menor)
A idade clássica do turismo, que se prolonga até ao século XVIII, caracteriza-se pelo facto das viagens serem individuais e se realizarem, predominantemente, por necessidades fundamentais como o comércio, as peregrinações religiosas, a saúde ou por razões políticas e de estudo.
IDADE MODERNA
A partir de meados do século XVIII produzem-se grandes mudanças, tanto do ponto de vista tecnológico, como do ponto de vista económico, social e cultural, que introduzem alterações significativas nas viagens.
Nesta época popularizam-se as viagens de recreio, entre as camadas sociais mais abastadas, como forma de aumentar os conhecimentos, procurar novos encontros e experiências.
IDADE MODERNA
Em França desenvolve-se a construção de estradas e de redes de comunicação necessárias à circulação de toda a espécie de carruagens puxadas a cavalo: diligências, coches, carroças, etc.
Os diplomatas, estudantes e membros de famílias ricas inglesas faziam a Grand Tour (viagem de três anos, pela Europa, com paragens obrigatórias em Paris, Florença, Roma ou Veneza). Pela primeira vez passam a designar-se as pessoas que viajam como turistas;
IDADE MODERNA
Muitos dos grandes escritores da época dedicam alguns dos seus livros às viagens (Montesquieu “Lettres Persanes, Goethe “Viagem em Itália”, Stendhal “Mémoires d’un Touriste”, Victor Hugo “Le Rhin”);
Multiplicam-se os guias turísticos que fornecem informações e conselhos úteis (Ebel “Manuel dés Voyageurs en Suisse”, Hans Ottokar Reichard “ Guide des Voyageurs en Europe”, “Conseils aux Touristes”, “Le Guide d’Espagne et Portugal”;
IDADE MODERNA
O movimento dos ingleses para o continente europeu influencia o desenvolvimento dos transportes, da hotelaria e da restauração;
No século XIX, o progresso da ciência, a revolução industrial, a multiplicação das trocas, o desenvolvimento dos transportes, em particular do comboio e a transmissão de ideias com a generalização da publicação de jornais, dão um novo impulso às viagens que começam a encontrar a sua verdadeira identidade: um meio de as pessoas se interessarem pelas particularidades de cada povo, pelas tradições, pelo exotismo e por outros modos de vida e novas culturas;
IDADE MODERNA
Surgem os primeiros hotéis alguns de cadeias ainda hoje existentes como a Pullman e a Ritz;
Thomas Cook inventou o turismo organizado. A primeira viagem organizada foi num comboio alugado por Thomas Cook, entre Leicester e Loughborough, destinada aos participantes de um congresso de médicos. As viagens organizadas de Thomas Cook, o lançamento de uma nota circular, antecessora dos travellers cheques, marcaram uma das mais importantes etapas na história do turismo e estão na origem do turismo dos nossos dias;
IDADE MODERNA
Em 1840 nasce a primeira organização de viagens em Portugal, a Agência Abreu;
A primeira década do século XX caracterizou-se por transformações e inovações que alteraram profundamente os modos de vida: a descoberta do telégrafo e do telefone, o alargamento da rede de caminhos de ferro, a extensão das redes de estradas, o grande desenvolvimento industrial, que todos conduzem a uma maior democratização das sociedades e a novos conceitos de vida;
IDADE MODERNA
O tempo de trabalho diminui e alcança-se o direito ao repouso semanal pelo que o conceito de lazer surge como uma nova noção;
O turismo transforma-se num fenómeno da sociedade, influencia o comportamento das pessoas e começa a alcançar uma dimensão económica sem precedentes;
IDADE MODERNA
O reconhecimento da importância do turismo leva a que quase todos os países da Europa criem instituições governamentais com o fim de o promover e organizar, sendo a Áustria o primeiro país a fazê-lo;
Em Portugal surge, em 1911, a Repartição de Turismo de Portugal;
Os grandes destinos turísticos são as estâncias termais, as estações climáticas da montanha com o lançamento da helioterapia, as estãncias balneares (Biarritz, Deauville, Miami, Riviera francesa e italiana);
IDADE MODERNA
A Organização Internacional de Trabalho estabelece o princípio das férias pagas;
Após a I Guerra Mundial e as evoluções aeronáuticas a ela ligadas, surgem as primeiras companhias aéreas comerciais (1918 Deutsche Lufthansa);
Estão criadas as condições para o arranque do turismo enquanto actividade económica, porém a eclosão da II Guerra Mundial faz atrasar o seu avanço.
Neste período o turismo inicia a sua expansão mundial, caracterizando-se pela procura de diversão e descanso e pelas viagens culturais.
IDADE CONTEMPORÂNEA
O desenvolvimento dos transportes, o reconhecimento do direito às férias pagas, a criação de organizações nacionais e internacionais destinadas a promover o turismo e as novas ideias levaram a que, a partir do inicio do século XX, o turismo passasse a ser considerado como uma actividade económica relevante.
Até ao início da II Guerra Mundial, o turismo alcançou dimensões significativas para, a partir daí, ter praticamente desaparecido. Só a partir dos anos 50 e aliado à fase de progresso económico e social é que o turismo se desenvolveu e consolidou.
IDADE CONTEMPORÂNEA
A análise das alterações produzidas, mais do que quaisquer outras considerações, deixam perceber não só a natureza do turismo e também as influências que nele exercem as alterações que se produzem nos vários domínios do saber e do conhecimento, mas também que o turismo tem de ter capacidade para dar resposta às necessidades de cada época que aquelas alterações determinam.
1945 a 1973
Ascensão de um grande número de países à independência;
Produção mundial aumentou à média anual de 5%; Crescimento de rendimento real por habitante de 3%; Trocas internacionais multiplicaram-se por seis; Os créditos internacionais, o capital, a tecnologia e a mão-
de-obra registaram uma enorme mobilidade; Emergência de grandes multinacionais; Constituição de grupos económicos (CEE); Aumento dos dias de férias pagas dos trabalhadores; Lançamento dos primeiros satélites e primeira viagem à
Lua;
Efeitos produzidos a nível do turismo A nível da procura registou-se um aumento do tempo livre, um
aumento do rendimento, uma transformação nas motivações (necessidade de diversificação e diferenciação – necessidade de compensar os desequilíbrios psicológicos ligados à vida profissional pela evasão ao meio);
A nível da oferta as viagens aéreas conheceram um desenvolvimento rápido e as viaturas individuais tornaram-se mais correntes. Os organizadores de viagens iniciaram a produção em série de produtos de massa (período fordista) tendo por base os transportes por avião fretado e as cadeias de hotéis do litoral. Foi a célebre época dos 3 S: Sun, Sea and Sand.
Neste período, o turismo interno era ainda um subproduto do turismo internacional nas orientações das políticas turísticas, estando todas as preocupações concentradas no desenvolvimento do turismo internacional.
1973 a 1990
Acentua-se a diferença entre o nível de vida dos países em vias de desenvolvimento e dos países industrializados;
A crise ou choque do petróleo ocorrida em 1973 pôs fim à era da energia a baixo preço.;
As tensões políticas e o rápido aumento das despesas militares intensificaram os problemas internacionais;
Variações rápidas das taxas de câmbio e crise de confiança no sistema monetário mundial;
1973 a 1990
Afrouxamento do crescimento económico mundial, diminuição da produção, acompanhados da estagflação e do desemprego;
Endividamento externo da generalidade dos países atingiu um nível tal que abalou os fundamentos do sistema financeiro internacional;
O homem dá-se conta de que a sua actividade põe cada vez mais em perigo o ambiente físico em que vive, originando novas atitudes e novos comportamentos dos consumidores;
Dá-se o colapso do comunismo e do bloco socialista dos países da Europa de Leste.
Efeitos produzidos a nível do turismo O turismo mundial não se reduziu mas sofreu uma
alteração estrutural ao mesmo tempo que reduziu o ritmo de crescimento;
A distância e a duração das viagens encurtaram-se e as fórmulas de alojamento a baixo preço passaram a ser as mais procuradas;
Do lado da oferta multiplicaram-se os equipamentos desportivos e de animação e surgiram novas fórmulas para a utilização dos meios de alojamento turístico em regime de compropriedade e de utilização periódica com carácter de permanência;
Efeitos produzidos a nível do turismo O turismo interno passou a adquirir uma
importância cada vez maior com o consequente desenvolvimento de equipamentos e promoção susceptíveis de enquadrarem o turismo dos nacionais no interior do seu próprio país;
Passou a enfatizar-se menos o papel económico do turismo para atribuir importância ao seu papel social, político, ecológico, cultural e educativo. Passou a ser encarado como uma das componentes essenciais da vida do homem (identidade, valorização);
Efeitos produzidos a nível do turismo Relativamente à procura, houve uma redução ainda
maior da duração do trabalho diário e semanal, os rendimentos reais diminuíram, porém sem renúncia às viagens, que passaram a ser encaradas como um bem de primeira necessidade (em contrapartida – férias mais económicas e destinos mais próximos). No domínio das motivações destaca-se a procura de programas de férias com a inclusão de actividades culturais e desportivas.