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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS Curso de Especializaccedilatildeo em Atenccedilatildeo Baacutesica em Sauacutede da Famiacutelia
EXAME CITOLOacuteGICO ndash AMPLIACcedilAtildeO DA COBERTURA NO CENTRO DE SAUacuteDE FELICIDADE II- BELO HORIZONTEMG
FERNANDA BELIZARIO DOS SANTOS INNECCO
Belo Horizonte ndash Minas Gerais 2011
FERNANDA BELIZARIO DOS SANTOS INNECCO
EXAME CITOLOacuteGICO ndash AMPLIACcedilAtildeO DA COBERTURA NO CENTRO DE SAUacuteDE FELICIDADE II - BELO HORIZONTEMG
Trabalho de conclusatildeo de curso apresentado ao Curso de Especializaccedilatildeo em Atenccedilatildeo Baacutesica em Sauacutede da Famiacutelia da Universidade Federal de Minas Gerais para obtenccedilatildeo do certificado de Especialista Orientadora Profa Dra Suelene Coelho
Belo Horizonte ndash Minas Gerais 2011
FERNANDA BELIZARIO DOS SANTOS INNECCO
EXAME CITOLOacuteGICO ndash AMPLIACcedilAtildeO DA COBERTURA NO CENTRO DE SAUDE FELICIDADE II EM BELO HORIZONTE MG
Trabalho de conclusatildeo de curso apresentado ao Curso de Especializaccedilatildeo em Atenccedilatildeo Baacutesica em Sauacutede da Famiacutelia da Universidade Federal de Minas Gerais para obtenccedilatildeo do certificado de Especialista Orientadora Profa Dra Suelene Coelho
Banca Examinadora
Profa Dra Suelene Coelho ndash Orientadora Profa Eulita Maria Barcelos
Aprovada em Belo Horizonte 17092011
Ao meu marido pelo amor
dedicaccedilatildeo e incentivo
AGRADECIMENTOS
Primeiramente a Deus pelo dom da vida
Ao meu marido pela confianccedila amor e companheirismo nessa importante
etapa de minha vida
Aos meus pais pelo amor incondicional e incentivo
Aos professores pelos ensinamentos em especial agrave professora Suelene
pela dedicaccedilatildeo ensinamentos e sabedoria
Aos colegas pelo companheirismo durante este percurso em que estivemos
juntos
ldquoO saber a gente aprende com os mestres e os livros
A sabedoria se aprende eacute com a vida e com os humildesrdquo
Cora Coralina
RESUMO
O objetivo principal deste estudo foi elaborar um plano de accedilatildeo para ampliar a cobertura do exame colpocitoloacutegico no Centro de Sauacutede Felicidade II da Secretaria Municipal de Sauacutede de Belo Horizonte MG promovendo assim a melhoria das condiccedilotildees de vida e sauacutede das mulheres A metodologia utilizada se baseou na revisatildeo de literatura do tipo narrativa Ao final do estudo foi apresentado um plano de accedilatildeo pois diante dos resultados apurados percebeu-se a necessidade das intervenccedilotildees a serem efetuadas no Centro de Sauacutede Felicidade II visando melhorar o iacutendice de cobertura dos exames preventivos Sabe-se que a poliacutetica da sauacutede tem como principal objetivo promover mudanccedilas no intuito de melhorar o niacutevel da sauacutede da populaccedilatildeo A realidade percebida no Centro de Sauacutede Felicidade II eacute que o desempenho da equipe exerce grande impacto no desenvolvimento das accedilotildees alcanccedilando dessa forma o objetivo de contribuir com o aprimoramento e a consolidaccedilatildeo da assistecircncia agrave sauacutede da populaccedilatildeo em especial a cobertura da populaccedilatildeo feminina na prevenccedilatildeo do cacircncer cervico-uterino
Palavras-chave Sauacutede Prevenccedilatildeo Cacircncer do Colo do Uacutetero
ABSTRACT
The main purpose of this study was to elaborate an action plan to expand the coverage of colpocytological examination at the Center for Health Felicidade II of Municipal Secretary of Health of Belo Horizonte MG thus promoting the improvement of living conditions and health of women The methodology used was based on a review of the literature about the narrative At the end of the study was presented an action plan because of the key results before it was noticed the need for interventions to be made at the Center for Health Felicidade II to improve the coverage of preventive exams It is known that health policy has as main objective to promote changes in order to improve the level of population health The perceived reality at the Center for Health Felicidade II is that the teams performance has great impact on the development of actions achieving in this way the objective of contributing to the improvement and consolidation of health care to the population in particular the coverage of the female population in prevention of uterine cervical cancer Keywords Health Prevention Cervical Cancer
LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS
ACS Agente Comunitaacuterio de Sauacutede
Aids Acquired Immunodeficiency Syndrome
CCU Cacircncer do Colo do Uacutetero
DST Doenccedila Sexualmente Transmissiacutevel
HPV Human Papiloma Viacuterus
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica
INCA Instituto Nacional de Cacircncer
Km Quilometro
NESCON Nuacutecleo de Educaccedilatildeo em Sauacutede Coletiva
OMS Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede
p paacutegina
PAISM Programa de Assistecircncia Integral agrave Sauacutede da Mulher
PSF Programa de Sauacutede da Famiacutelia
SUS Sistema Uacutenico de Sauacutede
TCC Trabalho de Conclusatildeo de Curso
UBS Unidade Baacutesica de Sauacutede UPA Unidade de Pronto Atendimento
USF Unidade de Sauacutede da Famiacutelia
SUMAacuteRIO
1 INTRODUCcedilAtildeO 10 2 OBJETIVOS 15 21 Objetivo geral 15 22 Objetivos especiacuteficos 15 3 METODOLOGIA 16 4 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO 17 41 A promoccedilatildeo da sauacutede das mulheres 17 42 A prevenccedilatildeo do cacircncer do colo do uacutetero 17 43 Contexto histoacuterico da citologia oncoacutetica 23 44 Conceitos e caracteriacutesticas do exame de prevenccedilatildeo do cacircncer 25 45 O cacircncer do colo do uacutetero 25 5 PLANO DE ACcedilAtildeO PARA A AMPLIACcedilAtildeO DA COBERTURA DO EXAME COLPOCITOLOacuteGICO NO CENTRO DE SAUacuteDE FELICIDADE II 30 6 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS 34 REFEREcircNCIAS 35
10
1 INTRODUCcedilAtildeO
O Curso de Especializaccedilatildeo em Atenccedilatildeo Baacutesica em Sauacutede da Famiacutelia eacute
oferecido pelo Nescon aos profissionais de sauacutede das prefeituras municipais do
estado de Minas Gerais na perspectiva de que cumpra seu importante papel na
consolidaccedilatildeo da estrateacutegia e no desenvolvimento de um Sistema Uacutenico de Sauacutede
universal e com maior grau de equumlidade (NESCON 2009)
O Nescon oacutergatildeo complementar da Faculdade de Medicina da Universidade
Federal de Minas Gerais vem se caracterizando como uma das instacircncias de
cooperaccedilatildeo mais atuantes na organizaccedilatildeo de serviccedilos de sauacutede no Brasil Desde
sua criaccedilatildeo em 1983 e reativaccedilatildeo em 1986 o Nescon tem acumulado experiecircncias
que o capacitaram institucionalmente para atividades de pesquisa assessoria e
formaccedilatildeo de recursos humanos (NESCON 2009)
No art 3 do Capiacutetulo I - Da Conceituaccedilatildeo e Objetivos do Regulamento de
Orientaccedilatildeo do Trabalho de Conclusatildeo de Curso do Curso de Licenciatura em Letras
ndash Portuguecircs-Espanhol da Universidade Estadual de Ponta (2010) define que ldquoO
Trabalho de Conclusatildeo de Curso (TCC) constitui uma atividade acadecircmica de
pesquisa e sistematizaccedilatildeo do conhecimento sobre um objeto de estudo pertinente agrave
profissatildeo do licenciado e agrave realidade social em suas diferentes expressotildeesrdquo Ele eacute
desenvolvido mediante controle orientaccedilatildeo e avaliaccedilatildeo docente cuja exigecircncia eacute
um requisito essencial para o crescimento pessoal e profissional do aluno uma vez
que possibilita integrar os conhecimentos acumulados durante o curso
(UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA - 2010)
Neste sentido a motivaccedilatildeo para desenvolver este estudo surgiu da
necessidade de ampliar a cobertura de exame colpocitoloacutegico agraves mulheres
pertencentes agrave aacuterea de abrangecircncia do Centro de Sauacutede Felicidade II A
identificaccedilatildeo do baixo acesso das mulheres a esta modalidade de exame foi
percebida graccedilas agrave realizaccedilatildeo da atividade de coleta de dados realizada por ocasiatildeo
do desenvolvimento do Moacutedulo Sauacutede da Mulher do Curso de Especializaccedilatildeo em
Atenccedilatildeo Baacutesica em Sauacutede da Famiacutelia Esta atividade consistia no levantamento da
cobertura do exame citoloacutegico aplicado agraves mulheres em idade feacutertil da aacuterea de
abrangecircncia do Centro de Sauacutede em que atuo como enfermeira A anaacutelise dos
dados apontou que o nuacutemero de exames realizados no referido Centro de Sauacutede
11
natildeo atingia a cobertura preconizada pela Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede (OMS) que
eacute de 85 das mulheres adscritas na aacuterea de abrangecircncia da equipe
Apoacutes a coleta e anaacutelise dos dados para a apresentaccedilatildeo da atividade referente
ao Moacutedulo Sauacutede da Mulher deparei-me coma seguinte situaccedilatildeo no ano de 2008
foram realizados 507 exames preventivos do cacircncer de colo do uacutetero o que
correspondia a 1878 de cobertura e no periacuteodo de setembro2009 a setembro de
2010 foram realizados 583 exames preventivos correspondendo a 2159 de
cobertura Considerou-se como fonte de registro do exame citoloacutegico o livro do
consultoacuterio ginecoloacutegico no periacuteodo total de um ano
A anaacutelise da cobertura foi feita com base no total de mulheres entre 19 e 59
anos (aproximadamente 2700 mulheres) de um total aproximado de 9000
moradores O valor da cobertura populacional encontrado estaacute muito abaixo do
preconizado pela OMS para se atingir a meta de prevenccedilatildeo de morbimortalidade
por cacircncer do colo do uacutetero (BELO HORIZONTE 2008)
Contribuiacuteram tambeacutem para a escolha do tema deste trabalho a necessidade
de estudar e analisar as causas da deficiecircncia na cobertura e principalmente propor
accedilotildees com o intuito de atingir o objetivo preconizado pela OMS e referecircncia para a
Secretaria Municipal de Sauacutede de Belo Horizonte Outro fato que contribuiu tambeacutem
foi a anaacutelise da atenccedilatildeo primaacuteria agrave sauacutede realizada por ocasiatildeo das Oficinas de
Qualificaccedilatildeo da Atenccedilatildeo Primaacuteria agrave Sauacutede em Belo Horizonte (Plano Diretor da
Atenccedilatildeo Primaacuteria agrave SauacutedeSESMG) ministradas no Centro de Sauacutede
O Centro de Sauacutede surgiu em 26 de novembro de 2001 como um anexo do
Centro de Sauacutede Felicidade I em funccedilatildeo do aumento do nuacutemero de equipes de
sauacutede e o local natildeo comportou esse aumento Hoje em dia os dois Centros de
Sauacutede funcionam em unidades separadas onde cada uma possui uma estrutura
proacutepria e tem aacutereas de abrangecircncia diferentes o que divide as duas Unidades eacute o
coacuterrego Tamboril A aacuterea de abrangecircncia do Centro de Sauacutede Felicidade II tem uma
populaccedilatildeo de aproximadamente 9000 pessoas que se encontram em alta
vulnerabilidade social e assim como toda regiatildeo Norte estaacute classificada em risco
elevado e muito elevado O atendimento da populaccedilatildeo no Programa de Sauacutede da
Famiacutelia eacute coberto por trecircs equipes completas e constituiacutedas por meacutedico enfermeiro
dois auxiliares e quatro ACS (Agente Comunitaacuterio de Sauacutede)
12
O Centro de Sauacutede possui uma populaccedilatildeo de aproximadamente 9000
pessoas em sua aacuterea de abrangecircncia das quais 2700 satildeo mulheres com idade
entre 19 e 59 anos Estaacute localizado atualmente na Rua Pau Brasil 160 no bairro
Jardim Felicidade Distrito Sanitaacuterio Norte e funciona neste endereccedilo desde
novembro de 2006
O Distrito Sanitaacuterio Norte ocupa uma aacuterea de 3432 kmsup2 limitando-se com o
Municiacutepio de Santa Luzia e com os Distritos Sanitaacuterios de Venda Nova Pampulha e
Nordeste sendo sua sede localizada na Avenida Cristiano Machado 10657 Bairro
Planalto Abrange 47 bairros da regiatildeo Metropolitana de Belo Horizonte
Segundo o Censo do IBGE (2000) o Distrito Sanitaacuterio Norte possui uma
populaccedilatildeo de 193764 habitantes compondo um quadro de grandes contrastes
Possui de um lado bairros com razoaacutevel infra-estrutura urbana e poder aquisitivo da
populaccedilatildeo como por exemplo Campo Alegre Helioacutepolis Planalto Floramar e de
outro bairros vilas e assentamentos que oferecem condiccedilotildees inadequadas de
habitaccedilatildeo como Mariquinhas Zilah de Souza Spoacutesito Novo Aaratildeo Reis e o
Conjunto Jardim Felicidade que contam com uma infra-estrutura urbaniacutestica
precaacuteria
Os serviccedilos de atenccedilatildeo baacutesica agrave sauacutede do Distrito Norte satildeo realizados em
suas 19 unidades de sauacutede com funcionamento de 2ordf a 6ordf feira de 0700 agraves 1900
horas no geral sendo o atendimento de urgecircncia realizado na UPA Norte (Unidade
de Pronto Atendimento Norte) com funcionamento diaacuterio de 24 horas Contam ainda
com atendimento de sauacutede mental em 06 unidades
No Brasil o Programa de Sauacutede da Famiacutelia (PSF) iniciou-se em 1994 como
resultado do avanccedilo do Sistema Uacutenico de Sauacutede Este programa aumentou
significativamente ao longo da uacuteltima deacutecada oferecendo um novo modelo de
cuidado agrave sauacutede capaz de melhorar a qualidade de vida da populaccedilatildeo por meio de
novas poliacuteticas e organizaccedilatildeo dos serviccedilos O PSF representa uma maneira de levar
a sauacutede para mais perto das famiacutelias De acordo com o Ministeacuterio da Sauacutede
O programa de Sauacutede da Famiacutelia eacute uma proposta concreta na mudanccedila do modelo assistencial tradicional capaz de romper com o comportamento passivo das unidades baacutesicas de sauacutede O programa prioriza as accedilotildees de prevenccedilatildeo de doenccedilas e a promoccedilatildeo da sauacutede junto agrave comunidade estabelece uma relaccedilatildeo permanente entre os profissionais de sauacutede e a populaccedilatildeo assistida marcada por um atendimento humanizado e resolutivo dos problemas de sauacutede mais frequumlentes (BRASIL 2002 p 5)
13
Segundo Pinto e Coelho (2011) a Secretaria Municipal de Sauacutede de Belo
Horizonte aderiu ao Programa Sauacutede da Famiacutelia em maio de 2000 O projeto foi
implantado dando prioridade agraves aacutereas onde a populaccedilatildeo estava exposta e a
implantaccedilatildeo comeccedilou pelos Centros de Sauacutede com populaccedilatildeo de muito elevado
risco e foi se estendendo gradativamente para as populaccedilotildees de elevado risco e
meacutedio risco De laacute ateacute os dias atuais ficou evidente a importacircncia da mobilizaccedilatildeo
social para manutenccedilatildeo das equipes e com isso o projeto jaacute natildeo pertencia mais ao
governo pois foi incorporado pela cidade de Belo Horizonte como direito
De acordo com os autores passados mais de 10 anos o programa continua e
o nuacutemero de equipes de sauacutede da famiacutelia alcanccedilou as 506 equipes planejadas em
2001 mas isso natildeo se deveu agrave cobertura da populaccedilatildeo de baixo risco e sim ao
crescimento populacional
Os agentes comunitaacuterios de sauacutede fazem cerca de 2900000 visitas
domiciliares por ano O nuacutemero de consultas meacutedicas realizadas pelas equipes de
Sauacutede da Famiacutelia foi de 1899347 em 2002 (ano de implantaccedilatildeo das equipes) e de
2203257 em 2004 Em marccedilo de 2010 apenas 3 das equipes de Sauacutede da
Famiacutelia estavam desfalcadas de meacutedico generalista e mais da metade dos meacutedicos
de sauacutede da famiacutelia tinham mais de 5 anos de trabalho na Prefeitura de Belo
Horizonte (PINTO e COELHO 2011)
O exame de citologia oncoacutetica tambeacutem conhecido como Papanicolaou ou
preventivo foi introduzido na atenccedilatildeo baacutesica na deacutecada de 1970 Em Belo Horizonte
por meio da Secretaria Municipal de Sauacutede criou um protocolo o qual eacute um
instrumento que estabelece normas para intervenccedilotildees teacutecnicas o qual uniformiza e
atualiza conceitos e condutas referentes ao processo assistencial na rede de
serviccedilos Um desses protocolos aborda especificamente o controle e prevenccedilatildeo do
cacircncer de colo de uacutetero (BELO HORIZONTE 2008)
A colpocitologia oncoacutetica eacute utilizada principalmente para determinar o risco de
uma mulher vir a desenvolver o cacircncer de colo do uacutetero natildeo se tratando somente de
uma maneira de diagnosticar a doenccedila Ele eacute essencial tambeacutem para determinar
outras condiccedilotildees de sauacutede como niacutevel hormonal doenccedilas da vulva do canal
vaginal do acircnus das mamas entre outros O exame deve ser realizado
prioritariamente em mulheres de 25 a 59 anos de idade com intervalo de trecircs em
trecircs anos se os dois primeiros exames realizados a cada ano forem normais Toda
14
mulher que tem ou jaacute teve atividade sexual deve submeter-se ao exame preventivo
ateacute os 69 anos de idade (BELO HORIZONTE 2008)
Destaca-se ainda que a importacircncia do exame consiste no fato de que eacute
nessa oportunidade que o profissional avalia a sauacutede sexual e reprodutiva da
mulher pois tais fatores raramente satildeo considerados durante uma consulta cliacutenica
geral Ressalta-se tambeacutem que o acesso das mulheres ao exame colpocitoloacutegico faz parte da garantia de direitos legalmente constituiacutedos com a ampliaccedilatildeo dos
serviccedilos de promoccedilatildeo prevenccedilatildeo e assistecircncia ao cacircncer de colo de uacutetero
Espera-se que este estudo possa contribuir para a humanizaccedilatildeo da atenccedilatildeo agrave
sauacutede da mulher proporcionando um olhar mais amplo e integral sobre o estado de
sauacutede das mulheres e seus determinantes sociais Para tal buscar-se-aacute sensibilizar
a equipe do Centro de Sauacutede Felicidade II quanto agrave importacircncia da assistecircncia
integral agrave sauacutede da mulher promover a educaccedilatildeo em sauacutede para as usuaacuterias quanto
agrave importacircncia de realizar o exame preventivo de cacircncer de colo do uacutetero expandir a
agenda de consultas de assistecircncia agrave mulher garantindo aumento da cobertura de
exames preventivos e proporcionar educaccedilatildeo permanente agrave toda a equipe em
especial os ACS para uma abordagem humanizada eficaz e efetiva das usuaacuterias
15
2 OBJETIVOS
21 Geral Elaborar um plano de accedilatildeo para ampliar a cobertura do exame colpocitoloacutegico
no Centro de Sauacutede Felicidade II da Secretaria Municipal de Sauacutede de Belo
Horizonte MG promovendo assim a melhoria das condiccedilotildees de vida e sauacutede das
mulheres
22 Especiacutefico
Realizar uma revisatildeo de literatura sobre a promoccedilatildeo da sauacutede das mulheres
dando ecircnfase agrave prevenccedilatildeo do cacircncer do colo do uacutetero no sentido de subsidiar o
plano de accedilatildeo
16
3 METODOLOGIA
Trata-se de um estudo bibliograacutefico tipo revisatildeo narrativa com natureza
compreensiva do tema proposto realizada por meio da consultas a livros e artigos
em revistas cientiacuteficas do acervo de bibliotecas e base de dados virtuais no sentido
de subsidiar a elaboraccedilatildeo de um plano de accedilatildeo para o Centro de Sauacutede Felicidade
II buscando ampliar a cobertura do exame de Papanicolaou
A busca foi efetuada nas bases de dados SCIELO (Scientific Electronic
Library Online) MEDLINE(Medical Literature Analysis and Retrieval System Online -
Sistema Online de Busca e Anaacutelise de Literatura Meacutedica) LILACS (Literatura Latino-
americana em ciecircncia da Sauacutede) e outras Foram utilizados os descritores ldquosauacutede
das mulheresrdquo ldquocacircncerrdquo ldquocacircncer do colo do uacuteterordquo ldquocitologia oncoacuteticardquo e
ldquoprevenccedilatildeordquo
17
4 APRESENTACcedilAtildeO DOS RESULTADOS
41 A promoccedilatildeo da sauacutede das mulheres
Correcirca e Villela (2008) relatam que foi nas primeiras deacutecadas do seacuteculo XX
que o Brasil passou a incorporar a questatildeo da sauacutede da mulher nas poliacuteticas
nacionais cujo enfoque estava em prestar assistecircncia aos filhos das mulheres que
natildeo tinham acesso aos serviccedilos de sauacutede constituindo a atenccedilatildeo preacute-natal como
uacutenica accedilatildeo de caraacuteter universalista com relaccedilatildeo agrave sauacutede da mulher
Com as mudanccedilas na condiccedilatildeo social das mulheres ocorridas ao longo da segunda metade do seacuteculo XX as propostas de atenccedilatildeo materno-infantil mostram-se insuficientes Em 1984 eacute proposto pelo Ministeacuterio da Sauacutede o Programa de Assistecircncia Integral agrave Sauacutede da Mulher (PAISM) visando agrave extensatildeo das accedilotildees baacutesicas em sauacutede da mulher e incluindo entre outras atividades preventivas e de diagnoacutestico do cacircncer do colo do uacutetero e mamaacuterio A assistecircncia integral envolvia o atendimento de todas as necessidades da populaccedilatildeo feminina enfatizando as accedilotildees dirigidas ao controle das patologias mais prevalentes incluindo accedilotildees educativas Poreacutem a implementaccedilatildeo efetiva do Programa natildeo aconteceu como desejado ficando as atividades nos serviccedilos de sauacutede bastante focalizadas nas demandas relativas agrave contracepccedilatildeo acompanhamento da gravidez e ao parto A prevenccedilatildeo e controle do cacircncer ginecoloacutegico continuaram em segundo plano (CORREcircA e VILLELA 2008p1)
Domingos et al (2008 p 1) afirmam que ldquopor meio da promoccedilatildeo da sauacutede
caracterizada como sendo promoccedilatildeo primaacuteria e detecccedilatildeo precoce das lesotildees
precursoras (exame de Papanicolaou) eacute possiacutevel reduzir a mortalidade e
incidecircnciardquo
Em 1997 foi implantado no Paranaacute o Programa de Prevenccedilatildeo do Cacircncer do Colo do Uacutetero que prioriza inicialmente o atendimento da faixa etaacuteria de 30 a 49 anos (a mais acometida pela doenccedila no Estado) atendendo na sequumlecircncia todas as faixas etaacuterias expostas ao risco O intervalo entre os exames para controle dos casos negativos eacute de trecircs anos (DOMINGOS et al 2008 p 1)
42 A prevenccedilatildeo do cacircncer do colo do uacutetero
Narchi Janicas e Fernandes (2007) ensinam que a prevenccedilatildeo do cacircncer
ceacutervico-uterino eacute realizada em dois planos a prevenccedilatildeo primaacuteria e a secundaacuteria Na
forma primaacuteria conforme os autores deve-se atentar para os fatores de risco
18
evitaacuteveis e na atuaccedilatildeo do enfermeiro Jaacute na fase de prevenccedilatildeo secundaacuteria deve ser
feito o rastreamento captaccedilatildeo e identificar a vulnerabilidade do cacircncer
Domingos et al (2007) afirmam que a principal estrateacutegia para a prevenccedilatildeo
primaacuteria da doenccedila eacute o uso de preservativo (masculino ou feminino) durante as
relaccedilotildees sexuais visto que a infecccedilatildeo pelo viacuterus papiloma humano (HPV) estaacute
presente em 90 dos casos A prevenccedilatildeo secundaacuteria eacute realizada por meio do
exame preventivo (Papanicolaou) para a detecccedilatildeo precoce da doenccedila
Albuquerque et al (2007) afirmam que desde 1988 o Ministeacuterio da Sauacutede tem
como objetivo reduzir as taxas de morbimortalidade e com isso adota como norma
a recomendaccedilatildeo da Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede a qual propotildee que seja feito a
cada trecircs anos a realizaccedilatildeo do exame citoloacutegico do colo do uacutetero sendo dois
exames anuais consecutivos negativos para mulheres na faixa de idade de 25 a 59
anos ou que jaacute tenham atividade sexual
Iniciativas como o Programa Viva Mulher lanccedilado em 1996 e o desenvolvimento de campanhas nacionais sistemaacuteticas tecircm contribuiacutedo para o aumento da cobertura do exame no paiacutes Contudo verifica-se que as taxas de incidecircncia e de mortalidade ainda permanecem desafiando as medidas ateacute entatildeo adotadas sinalizando possiacuteveis deficiecircncias na oferta no acesso e na qualidade das referidas accedilotildees (ALBUQUERQUE et al 2007 p 1)
Nakagawa Schirmer e Barbieri (2007) relatam que a associaccedilatildeo do viacuterus
HPV com o cacircncer de colo de uacutetero comeccedilou em 1949 quando o patologista George
Papanicolaou introduziu o exame mais difundido no mundo para detectar a doenccedila
o exame que leva o seu proacuteprio nome ou seja Papanicolaou
De acordo com o desenvolvimento do carcinoma de colo de uacutetero Nakagawa
Schirmer e Barbieri (2007 p 1) afirmam que
Esse exame permitiu identificar mulheres com alteraccedilotildees celulares preacute-maligna possibilitando observar uma associaccedilatildeo da atividade sexual com o desenvolvimento do cacircncer de colo de uacutetero No entanto somente na deacutecada de 70 o conhecimento acerca da etiologia da doenccedila teve consideraacutevel avanccedilo Estudos constataram que tal associaccedilatildeo implicava na presenccedila de um agente etioloacutegico de transmissatildeo sexual Harold zur Hausen um infectologista alematildeo constatou que o Papiloma Viacuterus Humano (viacuterus HPV) poderia ser esse agente estabelecendo inicialmente a relaccedilatildeo do viacuterus com as verrugas e condilomas Somente anos mais tarde o viacuterus foi relacionado com o desenvolvimento do carcinoma de colo de uacutetero (NAKAGAWA SCHIRMER e BARBIERI 2007 p 1)
19
Os autores relatam que devido ao advento da clonagem molecular na deacutecada
de 90 e a utilizaccedilatildeo de tal tecnologia na replicaccedilatildeo do genoma do Papiloma Viacuterus
outros aspectos da infecccedilatildeo foram elucidados
Devido agrave discrepacircncia entre a alta frequumlecircncia de infecccedilotildees HPV em mulheres jovens sexualmente ativas e a ocorrecircncia relativamente baixa de lesotildees cervicais nas mesmas colocou-se em duacutevida a etiologia viral da doenccedila e concluiu-se que a infecccedilatildeo era causa necessaacuteria mas natildeo suficiente para o desenvolvimento da doenccedila uma vez que virtualmente somente uma fraccedilatildeo de mulheres portadoras do viacuterus a desenvolveria Estudos preacutevios jaacute sugeriam que um forte fator diferenciava a progressatildeo ou natildeo da doenccedila sugerindo que isto estaria relacionada aos diversos tipos do viacuterus HPV Estudos posteriores mostraram que a sua progressatildeo depende natildeo somente da presenccedila do viacuterus mas tambeacutem do tipo de viacuterus da persistecircncia da infecccedilatildeo e da evoluccedilatildeo das lesotildees precursoras para o carcinoma invasivo (NAKAGAWA SCHIRMER e BARBIERI 2007 p 1)
Segundo Narchi Janicas e Fernandes (2007) a prevenccedilatildeo primaacuteria do cacircncer
ceacutervico-uterino refere-se agrave reduccedilatildeo da exposiccedilatildeo aos fatores de risco como o iniacutecio
precoce da atividade sexual a multiplicidade de parceiros as doenccedilas sexualmente
transmissiacuteveis especialmente a infecccedilatildeo causada pelo HPV e multiparidade Aleacutem
disso outros fatores tecircm sido relacionados ao cacircncer ceacutervico-uterino em estudos
epidemioloacutegicos ainda natildeo conclusivos dentre eles o uso de anticoncepcional oral
as situaccedilotildees de imunossupressatildeo como diabete lupus corticoterapia e Aids o
tabagismo e a alimentaccedilatildeo pobre em folatos vitaminas A e C e betacaroteno
Atualmente considera-se fundamental a relaccedilatildeo entre o desenvolvimento do cacircncer ceacutervico-uterino e a transmissatildeo sexual HPV Nesse sentido a prevenccedilatildeo primaacuteria tem como foco a praacutetica de sexo seguro No entanto apesar da divulgaccedilatildeo da importacircncia do uso de preservativos para diminuiccedilatildeo potencial do risco de transmissatildeo do HPV observa-se que seu uso depende de uma serie de fatores como o conhecimento a respeito da doenccedila e suas formas de prevenccedilatildeo a percepccedilatildeo de risco de infecccedilatildeo as crenccedilas e valores culturais as iniquidades de gecircnero e como elas se revelam o grau de autonomia e poder de negociaccedilatildeo sexual nas relaccedilotildees afetivo-sexuais acesso ao serviccedilo de sauacutede e a oferta de preservativos (NARCHI JANICAS e FERNANDES 2007 p 129)
Ceacutesar et al (2003) afirmam que exames preventivos perioacutedicos permitem
reduzir em ateacute 70 a sua mortalidade na populaccedilatildeo de risco A faixa etaacuteria mais
acometida vai dos 25 aos 60 anos e o seu mais importante determinante eacute o
papilomaviacuterus humano De acordo com o Instituto Nacional de Cacircncer (INCA)
O Instituto Nacional de Cacircncer (INCA) recomenda o exame citopatoloacutegico para cacircncer de colo uterino a toda mulher com idade entre 20 e 60 anos e que possua vida sexual ativa Inicialmente o exame deve ser feito a cada trecircs anos Em caso de dois resultados negativos para displasia ou
20
neoplasia um novo exame deveraacute ser repetido uma vez a cada trecircs anos (BRASIL 2002 apud CEacuteSAR et al 2003 p 1371)
Narchi Janicas e Fernandes (2007) afirmam que de modo contextual a
prevenccedilatildeo primaacuteria eacute realizada a partir identificaccedilatildeo da presenccedila de fatores de risco
com vistas a prevenir o surgimento da doenccedila Sabe-se que o cacircncer ceacutervico-uterino
haacute muito vem sendo associado ao baixo niacutevel socioeconocircmico tanto a exposiccedilatildeo
aos fatores de risco quanto especialmente pela desigualdade no acesso aos
serviccedilos de sauacutede Essas barreiras satildeo multidimensionais inserindo-se em um
contexto social amplo que a barca desde dificuldades geograacuteficas de informaccedilatildeo
familiares econocircmicas culturais religiosas e emocionais ateacute as relacionadas agraves
poliacuteticas de sauacutede Diante dessa constataccedilatildeo acredita-se que a anaacutelise dos
programas e a proposiccedilatildeo de estrateacutegias devam tambeacutem corresponder agrave amplitude
dos fatores intervenientes
De acordo com as autoras no que diz respeito agrave prevenccedilatildeo primaacuteria o
Programa de Sauacutede da Famiacutelia (PSF) tem importante papel na identificaccedilatildeo de
grupos de mulheres com perfil de risco para desenvolver o cacircncer ceacutervico-uterino e
com base nas necessidades levantadas implementar accedilotildees de intervenccedilatildeo no meio
ambiente e em seus fatores de risco De acordo com as autoras diversas
estrateacutegias podem reduzir os fatores de risco para cacircncer ceacutervico-uterino dentre as
quais destacam-se realizaccedilatildeo de grupos educativos que permitam a discussatildeo de
temas como sexualidade e gecircnero vulnerabilidade e prevenccedilatildeo as DST
planejamento familiar qualidade de vida e prevenccedilatildeo do cacircncer ginecoloacutegico entre
outros As autoras destacam tambeacutem a importacircncia mobilizaccedilatildeo das mulheres para
o autocuidado e a busca de melhor qualidade de vida (grupos de caminhada cultivo
de hortas caseiras por exemplo) valorizaccedilatildeo da integralidade na assistecircncia e no
estiacutemulo a uma participaccedilatildeo ativa das mulheres com atitudes assertivas em relaccedilatildeo
a sauacutede identificaccedilatildeo e minimizaccedilatildeo das dificuldades de acesso ao serviccedilo de
sauacutede sejam elas barreiras individuais e institucionais (NARCHI JANICAS e
FERNANDES 2007)
Ainda conforme as autoras aleacutem das atividades comunitaacuterias que podem ser
realizadas pela equipe de sauacutede da famiacutelia o enfermeiro tambeacutem pode instituir
grupos educativos de coleta ou de resultados da colpocitologia na unidade baacutesica de
sauacutede (UBS) ou na unidade de sauacutede da famiacutelia (USF) abordando temaacuteticas
21
voltadas agrave sexualidade higiene iacutentima prevenccedilatildeo de DST prevenccedilatildeo do cacircncer
ginecoloacutegico e teacutecnica de coleta do exame As autoras afirmam que esses grupos
aleacutem de disponibilizarem um espaccedilo para a socializaccedilatildeo do conhecimento
possibilitam a integraccedilatildeo entre profissionais e pacientes e estimulam o
autoconhecimento do corpo e da sexualidade familiarizando a mulher ao ambiente e
ao exame e minimizando sentimentos negativos como o medo a vergonha o
nervosismo e o constrangimento que por vezes as impedem de aderir ao programa
Essa estrateacutegia seraacute possiacutevel agrave medida que o profissional estiver sensibilizado e
capacitado para implementaacute-la utilizando habilidades de aconselhamento e
abordagem empaacutetica (NARCHI JANICAS e FERNANDES 2007)
O enfermeiro deve ainda avaliar a presenccedila de fatores de risco na consulta
de enfermagem agrave mulher com vistas a realizar as intervenccedilotildees necessaacuterias e o
acompanhamento mais frequente Diante disso eacute recomendado que na consulta de
retorno para recebimento do laudo da colpocitologia seja realizado procedimento de
aconselhamento sobre DST e Aids antes de discutir o resultado e a conduta
No que diz respeito agrave prevenccedilatildeo secundaacuteria do cacircncer ceacutervico-uterino Narchi
Janicas e Fernandes (2007) afirmam que se deve realizar o exame citopatoloacutegico
para que seja feita a detecccedilatildeo do cacircncer in situ ou das lesotildees precursoras trataacuteveis
e curaacuteveis em ateacute 100 dos casos Para as autoras o acolhimento deveraacute ocorrer
em todas as fases da assistecircncia ou seja desde o primeiro contato com a mulher o
que pode ocorrer em seu domiciacutelio quanto no agendamento ao se verificar acerca
do aprazamento da colpocitologia Citam tambeacutem que esse exame tem sido
utilizado em programas de rastreamento do cacircncer ceacutervico-uterino em todo o mundo
(screening) para interromper o ciclo evolutivo da doenccedila detectando-a em fase preacute-
invasiva trataacutevel e curaacutevel Relatam ainda que os paiacuteses que desenvolveram o
programa tanto com identificaccedilatildeo efetiva da populaccedilatildeo de risco qualidade coleta e
na interpretaccedilatildeo dos resultados quanto com tratamento e acompanhamento
adequados dos casos de alto risco lograram reduccedilatildeo significativa na incidecircncia e na
mortalidade por essa patologia
Segundo a OMS para que um programa de rastreamento do cacircncer ceacutervico-
uterino cause impacto epidemioloacutegico eacute necessaacuterio realizar uma cobertura superior a
80 o que representaria um impacto de 50 na reduccedilatildeo da mortalidade por essa
doenccedila Entretanto nos paiacuteses em desenvolvimento como o Brasil a cobertura
22
desse teste ainda natildeo alcanccedilou niacuteveis suficientes e coerentes com as necessidades
da populaccedilatildeo feminina sob maior risco de contrair a doenccedila
Narchi Janicas e Fernandes (2007) relatam que no Brasil as accedilotildees de
intervenccedilatildeo e controle do cacircncer ceacutervico-uterino tecircm sido norteadas pela distribuiccedilatildeo
das lesotildees cervicais segundo as faixas etaacuterias de mulheres mais acometidas pela
doenccedila e pela periodicidade dos exames citopatoloacutegicos seguindo a loacutegica
epidemioloacutegica do risco e da relaccedilatildeo custobenefiacutecio que norteiam as intervenccedilotildees
em sauacutede publica Poreacutem por vaacuterios anos essa cobertura esteve descontextualiza
da no paiacutes de forma a disponibilizar a citopatologia apenas durante o preacute-natal natildeo
atingindo a populaccedilatildeo de mulheres da faixa etaacuteria de maior risco subutilizando os
equipamentos de sauacutede e tornando o programa ineficiente Conforme as autoras
vaacuterios estudos que investigaram os motivos que dificultam a captaccedilatildeo das mulheres
para a prevenccedilatildeo do cacircncer ginecoloacutegico ressaltam a amplitude do problema que
perpassa por diversas esferas assumindo aspecto multidimensional
Narchi Janicas e Fernandes (2007) ressaltam ainda que o modelo
contextual proposto por Pinho amp Franccedila-Junior analisa o acesso e a utilizaccedilatildeo dos
serviccedilos preventivos em trecircs planos individual organizacionalprogramaacutetico e social
dispostos em uma estrutura dinacircmica e relacional Esse modelo propotildee que a
realizaccedilatildeo da colpocitologia seja produto da interaccedilatildeo desses trecircs planos dos quais
emergem os elementos necessaacuterios para definir uma situaccedilatildeo de vulnerabilidade
individual programaacuteticaorganizacional e social do cacircncer ceacutervico-uterino Para as
autoras o plano individual representado por caracteriacutesticas relacionadas agrave
realizaccedilatildeo do exame definiraacute a vulnerabilidade individual da mulher a doenccedila A
vulnerabilidade eacute representada por um conjunto de fatores cognitivos relacionados a
real falta de conhecimento sobre a doenccedila e o exame o que contribui para a
reduccedilatildeo de praacuteticas sexuais seguras e de prevenccedilatildeo secundaacuteria Tal vulnerabilidade
individual pode ser criada e percebida pelas mulheres ou a elas imposta no
momento em que se enfatiza o risco da natildeo-realizaccedilatildeo da colpocitologia em vez da
ecircnfase ao benefiacutecio da accedilatildeo gerando ou reforccedilando sentimento de medo em
relaccedilatildeo ao cacircncer que pode provocar tanto um efeito propulsor que induz a mulher
para a realizaccedilatildeo do exame quanto um efeito mais restritivo ao exame pelo medo
de sentir dor ou de receber um resultado positivo concluem as autoras
23
No plano organizacional ou programaacutetico inserem-se as caracteriacutesticas
relacionadas agrave disponibilidade de serviccedilos de sauacutede em relaccedilatildeo agrave demanda e a sua
acessibilidade geograacutefica a organizaccedilatildeo e as necessidades da populaccedilatildeo usuaacuteria e
ao planejamento das accedilotildees efetivas na prevenccedilatildeo e na promoccedilatildeo a sauacutede sob a
forma de programas organizados de rastreamento do cacircncer cervical que primem
pelo respeito agrave autonomia individual e pela abordagem integral mulher (NARCHI
JANICAS e FERNANDES 2007)
Ainda segundo os autores um dos fatores que contribuem para a baixa
adesatildeo das mulheres ao programa eacute a falta de humanizaccedilatildeo na assistecircncia pois a
violecircncia institucional sofrida pelas mulheres durante a consulta ginecoloacutegica pode
ser traduzida pela humilhaccedilatildeo por constrangimento e pela forma fria e
despersonalizada com que satildeo atendidas sem serem esclarecidas quanto ao
resultado do exame ou por realizarem tratamentos por vaacuterios anos sem sequer
terem noccedilatildeo dos seus objetivos Isso submete a mulher a uma assistecircncia
medicalizada e indigna na qual se perde a oportunidade de investir em prevenccedilatildeo
primaacuteria (NARCHI JANICAS E FERNANDES 2007)
De acordo com Dias-da-Costa et al (2003) quando se fala acerca da sauacutede
puacuteblica eacute sabido que a efetividade do programa de controle do cacircncer de colo do
uacutetero depende da cobertura populacional alcanccedilada Poreacutem no Brasil a avaliaccedilatildeo
da efetividade de programas de prevenccedilatildeo e accedilotildees de sauacutede puacuteblica ainda eacute
considerada incipiente
43 Contexto histoacuterico da citologia oncoacutetica
Montemor et al (2008 p 45) relatam que na eacutepoca em que a citologia
ginecoloacutegica estava em desenvolvimento agrave ideacuteia preponderante entre os
ginecologistas era que sendo o colo uterino facilmente acessiacutevel agrave bioacutepsia dava-se
preferecircncia ao estudo histoloacutegico pois a citologia ainda carecia de credibilidade
diagnoacutestica
Os autores afirmam que foi Aureli Babes um patologista romeno em 1928
que sugeriu que fosse feita a coleta direta de material do colo uterino para o
diagnoacutestico do cacircncer sendo que o mesmo foi o primeiro pesquisador que
descreveu de forma minuciosa a teacutecnica de coleta utilizando a coloraccedilatildeo atraveacutes do
24
meacutetodo de Giemsa Entretanto ainda de acordo com os autores foi George
Nicholas Papanicolaou um grego nascido em 1883 em Kymi na ilha grega de
Euboea que se aprofundou nos estudos acerca da citologia ginecoloacutegica o qual em
1913 se fixou nos Eua como pesquisador do laboratoacuterio do Hospital de Nova Iorque
Segundo os autores Neste sentido os autores afirmam que
Papanicolaou quando estudava as alteraccedilotildees hormonais das ceacutelulas nas diferentes fases do ciclo menstrual observou que tambeacutem era possiacutevel o diagnoacutestico das ceacutelulas tumorais do colo uterino Em 1941 publicou no American Journal of Obstetrics and Gynecology em co-autoria com Traut um trabalho com o tiacutetulo de O valor diagnoacutestico dos esfregaccedilos vaginais no carcinoma do uacutetero Nessa publicaccedilatildeo mostra a possibilidade de fazer diagnoacutestico de carcinoma do colo uterino atraveacutes de ceacutelulas atiacutepicas presentes nos esfregaccedilos bem como enfatiza a necessidade de aplicar esse meacutetodo simples e de baixo custo a um grande nuacutemero de mulheres O meacutetodo de coloraccedilatildeo dos esfregaccedilos citoloacutegicos que leva o nome de ldquoColoraccedilatildeo de Papanicolaourdquo eacute ainda hoje largamente utilizado (MONTEMOR et al 2008 p 46)
Os autores relatam ainda que em meados de 1940 o J Ernest Ayre um
meacutedico canadense utilizou uma espaacutetula a qual leva o seu nome para obter
raspados do colo uterino possibilitando dessa forma uma maneira praacutetica e
eficiente de coleta de material para a realizaccedilatildeo de exames em grande escala
(MONTEMOR et al 2008) De acordo com Tavares et al (2007) o exame
citopatoloacutegico foi sugerido como uma ferramenta para a detecccedilatildeo precoce do cacircncer
do colo do uacutetero em 1941
Conforme Hackenhaar Ceacutesar e Domingues (2006) a prevenccedilatildeo considerada
como secundaacuteria do cacircncer do colo uterino tem se centralizado no rastreamento de
mulheres sexualmente ativas atraveacutes do exame citopatoloacutegico do colo uterino O
qual foi adotado para rastreamento na deacutecada de 50 em vaacuterios paiacuteses uma vez que
identifica lesotildees preacute-cancerosas que se tratadas minimizam a incidecircncia de
carcinoma invasor e com isso a mortalidade pelo cacircncer de colo uterino Segundo
os autores
Em 1998 o Ministeacuterio da Sauacutede do Brasil estabeleceu que o exame para a detecccedilatildeo precoce do cacircncer do colo uterino deveria ser realizado por mulheres com idade entre 25 e 60 anos ou antes desta faixa etaacuteria caso jaacute tivessem mantido relaccedilotildees sexuais Para estas mulheres a periodicidade deveria ser de trecircs em trecircs anos se os dois primeiros exames realizados a cada ano fossem normais Em 2002 ocorreu a fase de intensificaccedilatildeo da campanha que tinha por objetivo realizar exames nas mulheres de 35 a 49 anos que nunca haviam realizado este tipo de exame ou que o houvessem
25
realizado haacute mais de trecircs anos (HACKENHAAR CEacuteSAR e DOMINGUES 2006 p 1)
44 Conceitos e caracteriacutesticas do exame de prevenccedilatildeo do cacircncer
Conforme Montemor et al (2008) o exame citopatoloacutegico tambeacutem conhecido
como exame Papanicolaou ou ainda exame preventivo do cacircncer do colo do uacutetero
tem como objetivo a anaacutelise das ceacutelulas obtidas por raspagem do colo uterino
(ectoceacutervice e canal endocervical) com as quais eacute realizado esfregaccedilo sobre uma
lacircmina de vidro De acordo com os autores as caracteriacutesticas morfoloacutegicas das
ceacutelulas satildeo observadas ao microscoacutepio e quando alteradas ou seja quando estatildeo
diferentes daquelas consideradas normais sugerem tratar-se de processo preacute-
neoplaacutesico ou neoplaacutesico Os autores afirmam ainda que atualmente o exame
citopatoloacutegico eacute o meacutetodo de rastreamento para cacircncer do colo uterino mais utilizado
em todo o mundo
De acordo com Tavares (2007) o exame citopatoloacutegico eacute considerado um
meacutetodo eficiente pois tem a habilidade de identificar lesotildees precursoras do cacircncer
do colo do uacutetero que naquele momento satildeo trataacuteveis podendo resultar em
significante decreacutescimo da mortalidade por esse tipo de cacircncer
45 O cacircncer do colo do uacutetero
Segundo Zeferino (2008) o cacircncer do colo uterino tem sido um desafio para a
sauacutede puacuteblica na reduccedilatildeo de morte de mulheres por causa desse mal uma vez que
se trata de uma doenccedila que pode ser evitada por meio do diagnoacutestico e do
tratamento de suas lesotildees precursoras Neste sentido Narchi Janicas e Fernandes
(2007) concordam com Zeferino (2008) quando afirmam que o cacircncer chamado por
eles de cacircncer ceacutervico-uterino vem sendo alvo de atenccedilatildeo por parte da comunidade
cientiacutefica devido ocupar lugar de destaque no que diz respeito agraves elevadas taxas de
morbidade e mortalidade entre a populaccedilatildeo feminina principalmente em paiacuteses em
desenvolvimento uma vez que trata-se de um tipo de cacircncer que estaacute relacionado
ao perfil epidemioloacutegico das mulheres cuja frequecircncia dos fatores de risco e do grau
de implementaccedilatildeo de accedilotildees de curto e longo prazos em todos os niacuteveis de atenccedilatildeo
26
De acordo com Hackenhaar Ceacutesar e Domingues (2006 p1) ldquoo cacircncer do
colo uterino eacute um problema de sauacutede puacuteblica mundialrdquo Segundo os autores
Em 2000 havia uma estimativa de 468000 casos com 233000 mortes por este tipo de cacircncer em todo o mundo Destas mortes 80 ocorreriam nos paiacuteses em desenvolvimento No Brasil o cacircncer de colo uterino representa a segunda maior causa de morte por cacircncer entre as mulheres (HACKENHAAR CEacuteSAR e DOMINGUES 2006 p 1)
Por meio do controle perioacutedico utilizando-se o exame citoloacutegico eacute possiacutevel
reduzir sua incidecircncia pois dados da Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede (OMS)
afirmam que a cada ano surgem cerca de 500 mil novos casos de cacircncer do colo
uterino por ano no mundo todo sendo que mais de 400 mil ocorrem em paiacuteses em
desenvolvimento (ZEFERINO 2008) Este dado eacute confirmado por Ceacutesar et al
(2003) quando os autores afirmam que cerca de 80 dos casos de cacircncer de colo
uterino ocorrem nos paiacuteses pobres
Domingos et al (2007 p 1) explicam que ldquoo cacircncer de colo de uacutetero eacute uma
doenccedila de evoluccedilatildeo lenta levando em meacutedia 14 anos para sua evoluccedilatildeo total
Inicia-se com alteraccedilotildees miacutenimas nas ceacutelulas denominadas displasia e se natildeo
forem tratadas estas alteraccedilotildees evoluemrdquo De acordo com os autores
Com o desenvolvimento da doenccedila em meacutedia trecircs anos apoacutes a constataccedilatildeo das primeiras alteraccedilotildees celulares surge um tumor localizado chamado carcinoma in situ Este cacircncer desenvolve-se por mais seis anos invadindo a mucosa do uacutetero quando recebe o nome de carcinoma invasor Apoacutes 14 anos das primeiras alteraccedilotildees celulares o cacircncer atinge a forma mais grave com o aparecimento de metaacutestase espalhando-se assim por outras regiotildees do corpo (DOMINGOS et al 2007 p 1)
Conforme Rodrigues Neto Figueiredo e Siqueira (2008 p 1) o cacircncer tem
sido responsaacutevel por seis milhotildees de mortes por ano correspondendo a 12 das
mortes mundiais ldquoEstima-se a ocorrecircncia de mais de dez milhotildees de novos casos
de cacircncer por ano sendo que para o ano de 2020 espera-se que haja mais de 15
milhotildees de casos novosrdquo Para os autores
O cacircncer do colo do uacutetero (CCU) ocupa o 2ordm lugar na incidecircncia mundial de neoplasias estando atraacutes apenas do cacircncer de mama Por ano no mundo ocorrem cerca de 235 mil mortes devido ao CCU sendo 218 mil em paiacuteses considerados pobres ou emergentes(4) onde ocorre quase 60 dos casos novos de cacircncer ocupando um lugar de destaque nas taxas de morbimortalidade entre a populaccedilatildeo feminina Ressalta-se que na Ameacuterica Latina se encontram as mais altas taxas de incidecircncia desta doenccedila
27
representando uma das causas de oacutebito mais frequumlente entre as mulheres [] Natildeo considerando os carcinomas de pele natildeo melanoma o CCU eacute o mais incidente na Regiatildeo Norte (22100000) Jaacute nas regiotildees Sul (24100000) Centro-Oeste (19100000) e Nordeste (18100000) ocupa a segunda posiccedilatildeo e no Sudeste (18100000) a quarta posiccedilatildeo estando assim associado a regiotildees brasileiras de baixo niacutevel socioeconocircmico (RODRIGUES NETO FIGUEIREDO e SIQUEIRA 2008 p 1)
Dentre os fatores causadores e facilitadores desse tipo de cacircncer Ceacutesar et al
(2003) citam fatores reprodutivos maternos tais como iniacutecio precoce de atividade
sexual e comportamento sexual masculino baixo niacutevel socioeconocircmico muacuteltiplos
parceiros sexuais higiene sexual precaacuteria ocorrecircncia de abortos (particularmente os
induzidos) alcoolismo e tabagismo e uso de anticoncepcional oral Domingos et al
(2007 p 1) afirmam que ldquoo cacircncer do colo do uacutetero eacute um dos maiores problemas da
sauacutede da mulher em todo o mundo Estima-se que a cada ano ocorram no mundo
493000 novos casos da doenccedila e 274000 mortesrdquo
ldquoSegundo dados do Ministeacuterio da Sauacutede (MS) no ano de 2002 4091
mulheres morreram no Brasil vitimadas por este tipo de cacircncer Destas 297
ocorreram no Estado do Paranaacute na faixa etaacuteria de 30 a 49 anosrdquo (DOMINGOS et al
2007 p 1)
Zeferino (2008) relata que no Brasil o cacircncer do colo uterino eacute o terceiro mais
frequumlente o qual eacute superado apenas pelos cacircnceres de pele e de mama Trata-se
da quarta causa de oacutebito entre as mulheres superado apenas pelos cacircnceres de
mama do pulmatildeo e do coacutelon-reto No ano de 2003 foram registradas 4110 mortes
com cacircncer de colo uterino correspondendo a 7 do total dos oacutebitos devido a
cacircncer em mulheres De acordo com o autor
Cerca de 90 dos cacircnceres de colo uterino originaram-se de ceacutelulas escamosas sendo chamados de carcinomas escamosos ou carcinomas epidermoacuteides e outros 10 originaram-se de ceacutelulas glandulares sendo entatildeo chamados de adenocarcinomas Raramente podem aparecer os dois tipos de ceacutelulas e satildeo chamados carcinomas adenoescamosos Todavia tem sido observado que a proporccedilatildeo de adenocarcinoma do colo uterino tem aumentado nas uacuteltimas deacutecadas particularmente em mulheres jovens (BULK et al 2005 apud ZEFERINO 2008 p 68)
Segundo dados do INCA (2002 apud Ceacutesar et al 2003 p 1366) ldquono Brasil
o cacircncer de colo uterino eacute o segundo entre os tumores ginecoloacutegicos malignos e o
terceiro mais comum na populaccedilatildeo feminina Representa 10 de todos os cacircnceres
malignos em mulheresrdquo
28
De acordo com Albuquerque et al (2009) ldquoa infecccedilatildeo preacutevia pelo papiloma
viacuterus humano (HPV) tem sido apontada como o principal fator de risco para o cacircncer
de colo de uacuteterordquo Fatores como iniacutecio precoce da atividade sexual multiplicidade de
parceiros sexuais uso de contraceptivos orais tabagismo situaccedilatildeo conjugal e baixa
condiccedilatildeo soacutecio-econocircmica tecircm sido apontados como fatores de risco importantes
para o desenvolvimento dessa neoplasia
Narchi Janicas e Fernandes (2007) relatam que o cacircncer ceacutervico-uterino tem
sua origem a partir de uma lesatildeo intra-epitelial progressiva a qual pode evoluir para
um cacircncer invasivo dentro de um prazo em torno de 10 a 20 anos caso natildeo seja
oferecido tratamento
Conforme as autoras durante o periacuteodo de evoluccedilatildeo da doenccedila ela passa por
fases preacute-cliacutenicas detectaacuteveis e curaacuteveis lhe conferindo elevado potencial de
prevenccedilatildeo e cura Corresponde a cerca de 15 de todos os cacircnceres femininos
sendo o segundo tipo mais comum entre as mulheres Ainda na visatildeo das autoras a
mortalidade pelo cacircncer ceacutervico-uterino pode ser evitada devido agrave lenta evoluccedilatildeo da
doenccedila e devido aos recursos tecnoloacutegicos o diagnoacutestico e o tratamento oportunos
das lesotildees precursoras as quais satildeo curaacuteveis em ateacute 100 dos casos Entretanto
conforme as autoras mesmo o Brasil ter sido um dos primeiros paiacuteses a realizar os
exames de colpocitologia e colposcopia esse tipo de cacircncer ainda continua sendo
um seacuterio problema de sauacutede puacuteblica por manter uma das mais elevadas taxas de
oacutebito como pode ser verificado a seguir
No Brasil as accedilotildees de controle do cacircncer ginecoloacutegico iniciaram-se de forma programaacutetica em 1983 eacutepoca de implantaccedilatildeo do Programa de Assistecircncia Integral agrave Sauacutede da Mulher (PAISM) que representou uma ampliaccedilatildeo do foco de assistecircncia agrave mulher para aleacutem do ciclo graviacutedico-puerperal No entanto apesar das recomendaccedilotildees de implantaccedilatildeo ou ampliaccedilatildeo das atividades de diagnoacutestico do cacircncer ceacutervico-uterino e de educativas com vistas agrave prevenccedilatildeo da doenccedila por mais de uma deacutecada as accedilotildees de combate a essa doenccedila foram desenvolvidas no paiacutes de forma desarticulada por iniciativa de apenas alguns Estados e municiacutepios (NARCHI JANICAS e FERNANDES 2007 p 128)
Os autores pesquisados nesta revisatildeo narrativa serviram de subsiacutedios para a
elaboraccedilatildeo do plano de accedilatildeo apresentado no proacuteximo capiacutetulo cujo objetivo eacute
aumentar a cobertura do exame de prevenccedilatildeo do cacircncer do colo do uacutetero no Centro
de Sauacutede Felicidade II
29
5 PLANO DE ACcedilAtildeO PARA A AMPLIACcedilAtildeO DA COBERTURA DO EXAME COLPOCITOLOacuteGICO NO CENTRO DE SAUacuteDE FELICIDADE II
De acordo com a atividade realizada no Moacutedulo da Sauacutede da Mulher foram
constatados alguns problemas em relaccedilatildeo agrave cobertura do exame colpocitoloacutegico no
Centro de Sauacutede Felicidade II o qual apresentou em 2009 baixa cobertura A partir
daiacute foram detectados outros fatores que contribuem para o baixo iacutendice de
cobertura aqueacutem do que eacute preconizado pela Secretaacuteria Municipal de Sauacutede Neste
sentido o plano de accedilatildeo descrito no Quadro 1 vem propor estrateacutegias visando
ampliar da cobertura do exame colpocitoloacutegico e minimizar os problemas levantados
Acredita-se que por meio da implantaccedilatildeo do plano de accedilatildeo sugerido o
Centro de Sauacutede Felicidade II teraacute maior e melhor desempenho de sua equipe
alcanccedilando com isso o aprimoramento no atendimento da populaccedilatildeo alvo da
instituiccedilatildeo
30
QUADRO1 - PLANO DE ACcedilAtildeO PARA AUMENTAR A COBERTURA DO EXAME DE PREVEN9AO DO COLO DO UTERO PARA A EQUIPE DE SAUDE DO CENTRO DE SAUDE FELICIDADE II
PROBLEMA ATIVIDADES ACcedilOtildeES META RESPONSAVEL PERIODO
As ACS sentem inseguros para orientar agraves mulheres em relaccedilatildeo aos cuidados para realizar o exame preventivo por falta de conhecimento
Educaccedilatildeo em Sauacutede
Capacitaccedilatildeo da equipe sobre a importacircncia do exame colpocitoloacutegico
Nivelar o conhecimento dos membros da equipe
Municiacutepio Gerecircncia Regional de Sauacutede
Outubro2011
Enfermeiro natildeo se sente capacitado para a realizaccedilatildeo do exame de Papanicolaou
Capacitaccedilatildeo Teacutecnica do enfermeiro para a realizaccedilatildeo do exame de Papanicolaou
Solicitar agrave Ginecologista enfermeira treinamentocapacitaccedilatildeo do enfermeiro
Instrumentalizar o enfermeiro para a realizaccedilatildeo coleta de material
Enfermeira de outra Unidade Baacutesica de Sauacutede Meacutedico Ginecologista
Outubro2011
Baixo iacutendice de cobertura do exame citoloacutegico
Elaboraccedilatildeo de um instrumento para coleta de dados para identificar as mulheres de 25 a 59 anos na aacuterea de abrangecircncia do centro de sauacutede e tambeacutem para levantar quais os fatores que impeditivos para a realizaccedilatildeo do exame Incluir as mulheres identificadas no arquivo rotativo
Visita domiciliar
Visitar todas as mulheres dentro da aacuterea de abrangecircncia da UBS
ACS Novembro2011 Dezembro2011
Baixo iacutendice de cobertura do exame citoloacutegico
Agendamento da consulta de enfermagem consulta meacutedica para atender as prioridades levantadas no diagnoacutestico da atividade anterior para realizaccedilatildeo do exame Priorizar mulheres que nunca fizeram o exame ou que fizeram a mais de trecircs anos
Visita domiciliar Consulta de Enfermagem e consulta meacutedica
Orientar as mulheres sobre o exame preventivo Realizar o exame
ACS Meacutedico e enfermeira
Janeiro2012
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O agendamento das consultas e marcado para datas muito distantes o que geralmente faz com que a mulher esqueccedila
Comunicaccedilatildeo da data do exame com antecedecircncia
Elaborar uma forma de entrar em contato com a paciente cinco dias antes da consulta agendada
Diminuir o iacutendice de ausecircncia agraves consultas
ACS Novembro2011
Desconhecimento das mulheres sobre o exame preventivo e os cuidados preparativos para o exame
Orientaccedilatildeo das mulheres sobre o exame e os cuidados preparativos para o exame
Criar um informativo contendo as orientaccedilotildees sobre o exame e os cuidados para serem entregue as usuaacuterias no momento da visita do ACS para informaacute-las da data e horaacuterio da consulta
Orientar todas usuaacuterias
Enfermeiro ACS
Janeiro2011
Entrega de resultados dos preventivos sem alteraccediloespelos ACSrsquos
Entrega do resultado do exame
Agendar um dia na semana para a entrega dos resultados dos exames Todos os exames deveratildeo ser vistos pelo enfermeiro Aqueles que apresentarem alguma alteraccedilatildeo a paciente deve ser encaminhada ao meacutedico Teacutecnico de Enfermagem Enfermeiro
Orientar as usuaacuterias
Os exames com resultados normais seratildeo entregues pelo teacutecnico de enfermagem Aqueles que apresentarem alguma alteraccedilatildeo seratildeo entregues pelo enfermeiro que deveraacute fazer os devidos encaminhamentos quando necessaacuterios
Dezembro2011
Entrega dos resultados de exames com alteraccedilotildees apoacutes consultas de retorno agendadas para usuaacuterias
Orientaccedilatildeo encaminhamento e acompanhamento da usuaacuteria
Visita domicilar Consulta de enfermagemconsulta meacutedica
Avaliar o estado de sauacutede da mulher Acompanhamento e orientaccedilotildees
Meacutedico e enfermeira Janeiro2012
Monitoramento e acompanhamento
- Agendamentos anuais - Elaboraccedilatildeo um arquivo rotativo - Estabelecimento de Indicadores de acompanhamento e
- Controlar a marcaccedilatildeo de consulta no intervalo de trecircs anos se apoacutes dois anos consecutivos de coleta os resultados forem negativos para
Monitorar o exame preventivo Acompanhar o estado de sauacutede das mulheres pela
Enfermeira e Teacutecnico de enfermagem
Novembro2011
32
avaliaccedilatildeo das accedilotildees votadas agrave sauacutede da mulher pela equipe de sauacutede
displasia ou neoplasia - Fazer a busca das usuaacuterias faltosas aos exames e consultas
equipe
Falta de interesse e conscientizaccedilatildeo em relaccedilatildeo agrave importacircncia do exame preventivo
Atendimento de Grupos Retomar o grupo de mulheres onde seratildeo abordados temas relativos agrave sauacutede da mulher Realizar orientaccedilotildees por meio de palestras nos grupos operativos
Conscientizar as mulheres sobre a importacircncia da realizaccedilatildeo do exame
Equipe de Sauacutede Fevereiro2012
Consulta eacute marcada com um meacutedico do sexo masculino
Agendamento com o enfermeiro quando possiacutevel
Reforccedilar com a paciente que durante a consulta estaraacute presente uma Auxiliar de Enfermagem
Diminuir a evasatildeo do exame prevenccedilatildeo Diminuir a resistecircncia ao atendimento masculino
Disponibilizar uma auxiliar ou teacutecnica de enfemagem para acompanhar o meacutedico durante o exame
Dezembro2011
Falta disponibilidade de horaacuterios mais flexiacuteveis pois haacute concentraccedilatildeo de horaacuterio pela manhatilde
Adequaccedilatildeo da Agenda Alteraccedilotildees na agenda com horaacuterios para adequar agraves necessidades dos usuaacuterios
Marcar os exames preventivos para o horaacuterio da tarde
Enfermeira e meacutedico Janeiro2012
33
6 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
A poliacutetica da sauacutede tem como principal objetivo promover mudanccedilas no intuito
de melhorar o niacutevel da sauacutede da populaccedilatildeo Diante dos resultados apurados nesse
estudo percebe-se a necessidade das intervenccedilotildees a serem efetuadas no Centro de
Sauacutede Felicidade II visando melhorar o iacutendice de cobertura dos exames
preventivos
Assim a realidade percebida no Centro de Sauacutede Felicidade II eacute que o
desempenho da equipe exerce grande impacto no desenvolvimento das accedilotildees
alcanccedilando dessa forma o objetivo de contribuir com o aprimoramento e a
consolidaccedilatildeo da assistecircncia agrave sauacutede da populaccedilatildeo
Como problemas levantados em relaccedilatildeo a baixa cobertura da prevenccedilatildeo do
cacircncer do colo do uacutetero identificamos as seguintes o ACS sentir inseguro para
orientar agraves mulheres em relaccedilatildeo aos cuidados para realizar o exame preventivo a
falta de capacitaccedilatildeo teacutecnica para o enfermeiro realizar o exame de Papanicolaou
consultas agendadas para datas muito distantes fazendo com que a mulher se
esqueccedila do diadesconhecimento das mulheres sobre o exame preventivo e os
cuidados preparativos para o mesmo falta de interesse e conscientizaccedilatildeo em
relaccedilatildeo agrave importacircncia do exame preventivo por parte das usuaacuteriaspudor da mulher
diante do profissional de sexo masculino e falta de disponibilidade de horaacuterios mais
flexiacuteveis com concentraccedilatildeo das consultas no horaacuterio da manhatilde
A partir dos problemas levantados foram propostas as atividades accedilotildees
metas e os responsaacuteveis pelas atividades no sentido de ampliar a cobertura das
mulheres por meio da participaccedilatildeo de toda a equipe de sauacutede Desse modo foi
muito importante tambeacutem a elaboraccedilatildeo das estrateacutegias para que o nuacutemero de
usuaacuterias seja aumentado Neste sentido destaca-se o papel do enfermeiro como
parte integrante da equipe de sauacutede e que desempenha um importante papel na
promoccedilatildeo da prevenccedilatildeo educaccedilatildeo e melhorias constantes nos serviccedilos oferecidos
agrave populaccedilatildeo
Nesta direccedilatildeo o Centro de Sauacutede Felicidade II deve se preocupar com a
capacitaccedilatildeo de seus funcionaacuterios com a organizaccedilatildeo do processo de trabalho das
equipes bem com um investimento maior nas accedilotildees de promoccedilatildeo e prevenccedilatildeo da
saude conforme abordado neste estudo
34
Desse modo cabe a todos os profissionais atuar mais na prevenccedilatildeo
promoccedilatildeo e recuperaccedilatildeo por meio de praacuteticas educativas promovendo campanhas
palestras sobre a sauacutede da mulher fornecendo orientaccedilotildees durante as consultas
para que se possa reverter o quadro de baixo iacutendice de cobertura no exame
preventivo de cacircncer do colo do uacutetero alcance assim a cobertura preconizada pela
Secretaacuteria de Sauacutede o que vai refletir na melhoria da assistecircncia a sauacutede agrave mulher
35
REFEREcircNCIAS ALBUQUERQUE KM et al Cobertura do Teste de Papanicolau e Fatores associados agrave Natildeo-Realizaccedilatildeo um olhar sobre o Programa de Prevenccedilatildeo do Cacircncer do Colo do Uacutetero em Pernambuco Brasil Caderno de Sauacutede Puacuteblica v 25 supl 2 Rio de Janeiro 2009 Disponiacutevel em lthttpwwwscielosporgscielophpscript=sci_arttextamppid=S0102-311X2009001400012gt Acesso em 6 nov 2010 BELO HORIZONTE Secretaria Municipal de Sauacutede Prevenccedilatildeo e Controle do Cacircncer do Colo de Uacutetero Belo Horizonte 2008 BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede O Programa Sauacutede da Famiacutelia e a Atenccedilatildeo Baacutesica no Brasil Brasiacutelia 2002 Disponiacutevel em lthttpwwwccssaudegovbrsaudebatea portamostravirtualpublicacoespsf_atencaobasicapdfgt Acesso em 01 abr 2010 CEacuteSAR JA et al Fatores Associados agrave natildeo Realizaccedilatildeo de Exame Citopatoloacutegico de Colo Uterino no Extremo Sul do Brasil Caderno de Sauacutede Puacuteblica Rio de Janeiro v19n5 p1365-1372 setout 2003 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrpdf0Dcspv19n517808pdfgt Acesso em 16 jul 2010 CORREcircA DA D VILLELA WV O Controle do Cacircncer do Colo do Uacutetero desafios para implementaccedilatildeo de accedilotildees programaacuteticas no Amazonas Brasil Rev bras sauacutede matern infantil v8 n4p491-497 outdez 2008 DIAS-DA-COSTA J S et al Cobertura do Exame Citopatoloacutegico na Cidade de Pelotas Rio Grande do Sul Brasil Caderno de Sauacutede Puacuteblica Rio de Janeiro v19 n1 p191-197 janfev 2003 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrpdfcspv19n114919pdfgt Acesso em 16 jul 2010 DOMINGOS ACP et al Cacircncer do Colo do Uacutetero comportamento preventivo de auto-cuidado agrave sauacutede Revista Ciecircncia Cuidado e Sauacutede 6 (Suplem 2) p 397-403 2007 Disponiacutevel em lthttpperiodicosuembrojsindexphpCiencCuidSaudearticleviewFile53373385gt Acesso em 5 nov 2010 HACKENHAAR AAC JURACI A DOMINGUES MR Exame Citopatoloacutegico de Colo Uterino em Mulheres com Idade entre 20 e 59 anos em Pelotas RS prevalecircncia foco e fatores associados agrave sua natildeo realizaccedilatildeo Revista Brasileira de EpidemiologiaSatildeo Paulo v9n1 Mar 2006 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S1415-790X2006000100013gt Acesso em 16 jul 2010 MONTEMOR EBL et al Controle do Cacircncer de Colo de Uacutetero o exame citopatoloacutegico In LOPES MHBde M (org) Enfermagem na Sauacutede da Mulher Goiacircnia AB 2006 p 45-65 NAKAGAWA JTT SCHIRMER J BARBIERI M Viacuterua HPV e Cacircncer de Colo de Uacutetero Revista Brasileira de Enfermagem v 63 n 2 Brasiacutelia marabri 2010
36
Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S0034-71672010000200021gt Acesso em 6 nov 2010 NARCHI NZ JANICAS Rde CS V FERNANDES RAacuteQ Prevenccedilatildeo e Controle do Cacircncer Ceacutervico-Uterino In FERNANDES RAacuteQ NARCHI NZ Enfermagem e Sauacutede da Mulher Barueri SP Manole 2007 p 127-149 NUacuteCLEO DE EDUCACcedilAtildeO EM SAUacuteDE COLETIVA ndash NESCON Faculdade de Medicina ndash UFMG Belo Horizonte Disponiacutevel em lthttpwwwnesconmedicinaufmgbrgt Acesso em 12 dez 2009 PINTO CAG COELHO IB BH Vida pensando a implantaccedilatildeo da Estrateacutegia de Sauacutede da Famiacutelia na cidade de Belo Horizonte passados 10 anos lthttpxayimgcomkqgroups15983109953140003nameImplantacao+do+BH+VIDA+-+Carlos+Gama+e+Ivan+Coelho5B15Dpdf gt Acesso em 01 mar 2011 RODRIGUES NETO JF FIGUEIREDO MFS SIQUEIRA LG Exame Citopatoloacutegico do Colo do Uacutetero fatores associados a natildeo realizaccedilatildeo em ESF Revista Eletrocircnica de Enfermagem 10 (3) 610-21 2008 Disponiacutevel em lthttpwwwfenufgbrrevistav10n3pdfv10n3a07pdfgt Acesso em 17 jul 2010 TAVARES SB do N et al Controle da Qualidade em Citopatologia Cervical revisatildeo de literatura Revista Brasileira de Cancerologia 53(3) 355-364 2007 Disponiacutevel em lthttpwwwincagovbrrbcn_53v03pdfrevisao6pdfgt Acesso em 17 jul 2010 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA Regulamento de Orientaccedilatildeo Do Trabalho De Conclusatildeo De Curso Do Curso De Licenciatura Em Letras ndashPORTUGUEcircS-ESPANHOL Disponiacutevel em lt httpwwwuepgbruepg_departamentosdeletpdfREG20PORT20ESPANHOLpdf gt Acesso em 23 set 2011 ZEFERINO L Prevenccedilatildeo e Controle do Cacircncer Ceacutervico-Uterino In LOPES MHB de M (org) Enfermagem na Sauacutede da Mulher Goiacircnia AB p 67-80 2006
FERNANDA BELIZARIO DOS SANTOS INNECCO
EXAME CITOLOacuteGICO ndash AMPLIACcedilAtildeO DA COBERTURA NO CENTRO DE SAUacuteDE FELICIDADE II - BELO HORIZONTEMG
Trabalho de conclusatildeo de curso apresentado ao Curso de Especializaccedilatildeo em Atenccedilatildeo Baacutesica em Sauacutede da Famiacutelia da Universidade Federal de Minas Gerais para obtenccedilatildeo do certificado de Especialista Orientadora Profa Dra Suelene Coelho
Belo Horizonte ndash Minas Gerais 2011
FERNANDA BELIZARIO DOS SANTOS INNECCO
EXAME CITOLOacuteGICO ndash AMPLIACcedilAtildeO DA COBERTURA NO CENTRO DE SAUDE FELICIDADE II EM BELO HORIZONTE MG
Trabalho de conclusatildeo de curso apresentado ao Curso de Especializaccedilatildeo em Atenccedilatildeo Baacutesica em Sauacutede da Famiacutelia da Universidade Federal de Minas Gerais para obtenccedilatildeo do certificado de Especialista Orientadora Profa Dra Suelene Coelho
Banca Examinadora
Profa Dra Suelene Coelho ndash Orientadora Profa Eulita Maria Barcelos
Aprovada em Belo Horizonte 17092011
Ao meu marido pelo amor
dedicaccedilatildeo e incentivo
AGRADECIMENTOS
Primeiramente a Deus pelo dom da vida
Ao meu marido pela confianccedila amor e companheirismo nessa importante
etapa de minha vida
Aos meus pais pelo amor incondicional e incentivo
Aos professores pelos ensinamentos em especial agrave professora Suelene
pela dedicaccedilatildeo ensinamentos e sabedoria
Aos colegas pelo companheirismo durante este percurso em que estivemos
juntos
ldquoO saber a gente aprende com os mestres e os livros
A sabedoria se aprende eacute com a vida e com os humildesrdquo
Cora Coralina
RESUMO
O objetivo principal deste estudo foi elaborar um plano de accedilatildeo para ampliar a cobertura do exame colpocitoloacutegico no Centro de Sauacutede Felicidade II da Secretaria Municipal de Sauacutede de Belo Horizonte MG promovendo assim a melhoria das condiccedilotildees de vida e sauacutede das mulheres A metodologia utilizada se baseou na revisatildeo de literatura do tipo narrativa Ao final do estudo foi apresentado um plano de accedilatildeo pois diante dos resultados apurados percebeu-se a necessidade das intervenccedilotildees a serem efetuadas no Centro de Sauacutede Felicidade II visando melhorar o iacutendice de cobertura dos exames preventivos Sabe-se que a poliacutetica da sauacutede tem como principal objetivo promover mudanccedilas no intuito de melhorar o niacutevel da sauacutede da populaccedilatildeo A realidade percebida no Centro de Sauacutede Felicidade II eacute que o desempenho da equipe exerce grande impacto no desenvolvimento das accedilotildees alcanccedilando dessa forma o objetivo de contribuir com o aprimoramento e a consolidaccedilatildeo da assistecircncia agrave sauacutede da populaccedilatildeo em especial a cobertura da populaccedilatildeo feminina na prevenccedilatildeo do cacircncer cervico-uterino
Palavras-chave Sauacutede Prevenccedilatildeo Cacircncer do Colo do Uacutetero
ABSTRACT
The main purpose of this study was to elaborate an action plan to expand the coverage of colpocytological examination at the Center for Health Felicidade II of Municipal Secretary of Health of Belo Horizonte MG thus promoting the improvement of living conditions and health of women The methodology used was based on a review of the literature about the narrative At the end of the study was presented an action plan because of the key results before it was noticed the need for interventions to be made at the Center for Health Felicidade II to improve the coverage of preventive exams It is known that health policy has as main objective to promote changes in order to improve the level of population health The perceived reality at the Center for Health Felicidade II is that the teams performance has great impact on the development of actions achieving in this way the objective of contributing to the improvement and consolidation of health care to the population in particular the coverage of the female population in prevention of uterine cervical cancer Keywords Health Prevention Cervical Cancer
LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS
ACS Agente Comunitaacuterio de Sauacutede
Aids Acquired Immunodeficiency Syndrome
CCU Cacircncer do Colo do Uacutetero
DST Doenccedila Sexualmente Transmissiacutevel
HPV Human Papiloma Viacuterus
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica
INCA Instituto Nacional de Cacircncer
Km Quilometro
NESCON Nuacutecleo de Educaccedilatildeo em Sauacutede Coletiva
OMS Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede
p paacutegina
PAISM Programa de Assistecircncia Integral agrave Sauacutede da Mulher
PSF Programa de Sauacutede da Famiacutelia
SUS Sistema Uacutenico de Sauacutede
TCC Trabalho de Conclusatildeo de Curso
UBS Unidade Baacutesica de Sauacutede UPA Unidade de Pronto Atendimento
USF Unidade de Sauacutede da Famiacutelia
SUMAacuteRIO
1 INTRODUCcedilAtildeO 10 2 OBJETIVOS 15 21 Objetivo geral 15 22 Objetivos especiacuteficos 15 3 METODOLOGIA 16 4 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO 17 41 A promoccedilatildeo da sauacutede das mulheres 17 42 A prevenccedilatildeo do cacircncer do colo do uacutetero 17 43 Contexto histoacuterico da citologia oncoacutetica 23 44 Conceitos e caracteriacutesticas do exame de prevenccedilatildeo do cacircncer 25 45 O cacircncer do colo do uacutetero 25 5 PLANO DE ACcedilAtildeO PARA A AMPLIACcedilAtildeO DA COBERTURA DO EXAME COLPOCITOLOacuteGICO NO CENTRO DE SAUacuteDE FELICIDADE II 30 6 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS 34 REFEREcircNCIAS 35
10
1 INTRODUCcedilAtildeO
O Curso de Especializaccedilatildeo em Atenccedilatildeo Baacutesica em Sauacutede da Famiacutelia eacute
oferecido pelo Nescon aos profissionais de sauacutede das prefeituras municipais do
estado de Minas Gerais na perspectiva de que cumpra seu importante papel na
consolidaccedilatildeo da estrateacutegia e no desenvolvimento de um Sistema Uacutenico de Sauacutede
universal e com maior grau de equumlidade (NESCON 2009)
O Nescon oacutergatildeo complementar da Faculdade de Medicina da Universidade
Federal de Minas Gerais vem se caracterizando como uma das instacircncias de
cooperaccedilatildeo mais atuantes na organizaccedilatildeo de serviccedilos de sauacutede no Brasil Desde
sua criaccedilatildeo em 1983 e reativaccedilatildeo em 1986 o Nescon tem acumulado experiecircncias
que o capacitaram institucionalmente para atividades de pesquisa assessoria e
formaccedilatildeo de recursos humanos (NESCON 2009)
No art 3 do Capiacutetulo I - Da Conceituaccedilatildeo e Objetivos do Regulamento de
Orientaccedilatildeo do Trabalho de Conclusatildeo de Curso do Curso de Licenciatura em Letras
ndash Portuguecircs-Espanhol da Universidade Estadual de Ponta (2010) define que ldquoO
Trabalho de Conclusatildeo de Curso (TCC) constitui uma atividade acadecircmica de
pesquisa e sistematizaccedilatildeo do conhecimento sobre um objeto de estudo pertinente agrave
profissatildeo do licenciado e agrave realidade social em suas diferentes expressotildeesrdquo Ele eacute
desenvolvido mediante controle orientaccedilatildeo e avaliaccedilatildeo docente cuja exigecircncia eacute
um requisito essencial para o crescimento pessoal e profissional do aluno uma vez
que possibilita integrar os conhecimentos acumulados durante o curso
(UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA - 2010)
Neste sentido a motivaccedilatildeo para desenvolver este estudo surgiu da
necessidade de ampliar a cobertura de exame colpocitoloacutegico agraves mulheres
pertencentes agrave aacuterea de abrangecircncia do Centro de Sauacutede Felicidade II A
identificaccedilatildeo do baixo acesso das mulheres a esta modalidade de exame foi
percebida graccedilas agrave realizaccedilatildeo da atividade de coleta de dados realizada por ocasiatildeo
do desenvolvimento do Moacutedulo Sauacutede da Mulher do Curso de Especializaccedilatildeo em
Atenccedilatildeo Baacutesica em Sauacutede da Famiacutelia Esta atividade consistia no levantamento da
cobertura do exame citoloacutegico aplicado agraves mulheres em idade feacutertil da aacuterea de
abrangecircncia do Centro de Sauacutede em que atuo como enfermeira A anaacutelise dos
dados apontou que o nuacutemero de exames realizados no referido Centro de Sauacutede
11
natildeo atingia a cobertura preconizada pela Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede (OMS) que
eacute de 85 das mulheres adscritas na aacuterea de abrangecircncia da equipe
Apoacutes a coleta e anaacutelise dos dados para a apresentaccedilatildeo da atividade referente
ao Moacutedulo Sauacutede da Mulher deparei-me coma seguinte situaccedilatildeo no ano de 2008
foram realizados 507 exames preventivos do cacircncer de colo do uacutetero o que
correspondia a 1878 de cobertura e no periacuteodo de setembro2009 a setembro de
2010 foram realizados 583 exames preventivos correspondendo a 2159 de
cobertura Considerou-se como fonte de registro do exame citoloacutegico o livro do
consultoacuterio ginecoloacutegico no periacuteodo total de um ano
A anaacutelise da cobertura foi feita com base no total de mulheres entre 19 e 59
anos (aproximadamente 2700 mulheres) de um total aproximado de 9000
moradores O valor da cobertura populacional encontrado estaacute muito abaixo do
preconizado pela OMS para se atingir a meta de prevenccedilatildeo de morbimortalidade
por cacircncer do colo do uacutetero (BELO HORIZONTE 2008)
Contribuiacuteram tambeacutem para a escolha do tema deste trabalho a necessidade
de estudar e analisar as causas da deficiecircncia na cobertura e principalmente propor
accedilotildees com o intuito de atingir o objetivo preconizado pela OMS e referecircncia para a
Secretaria Municipal de Sauacutede de Belo Horizonte Outro fato que contribuiu tambeacutem
foi a anaacutelise da atenccedilatildeo primaacuteria agrave sauacutede realizada por ocasiatildeo das Oficinas de
Qualificaccedilatildeo da Atenccedilatildeo Primaacuteria agrave Sauacutede em Belo Horizonte (Plano Diretor da
Atenccedilatildeo Primaacuteria agrave SauacutedeSESMG) ministradas no Centro de Sauacutede
O Centro de Sauacutede surgiu em 26 de novembro de 2001 como um anexo do
Centro de Sauacutede Felicidade I em funccedilatildeo do aumento do nuacutemero de equipes de
sauacutede e o local natildeo comportou esse aumento Hoje em dia os dois Centros de
Sauacutede funcionam em unidades separadas onde cada uma possui uma estrutura
proacutepria e tem aacutereas de abrangecircncia diferentes o que divide as duas Unidades eacute o
coacuterrego Tamboril A aacuterea de abrangecircncia do Centro de Sauacutede Felicidade II tem uma
populaccedilatildeo de aproximadamente 9000 pessoas que se encontram em alta
vulnerabilidade social e assim como toda regiatildeo Norte estaacute classificada em risco
elevado e muito elevado O atendimento da populaccedilatildeo no Programa de Sauacutede da
Famiacutelia eacute coberto por trecircs equipes completas e constituiacutedas por meacutedico enfermeiro
dois auxiliares e quatro ACS (Agente Comunitaacuterio de Sauacutede)
12
O Centro de Sauacutede possui uma populaccedilatildeo de aproximadamente 9000
pessoas em sua aacuterea de abrangecircncia das quais 2700 satildeo mulheres com idade
entre 19 e 59 anos Estaacute localizado atualmente na Rua Pau Brasil 160 no bairro
Jardim Felicidade Distrito Sanitaacuterio Norte e funciona neste endereccedilo desde
novembro de 2006
O Distrito Sanitaacuterio Norte ocupa uma aacuterea de 3432 kmsup2 limitando-se com o
Municiacutepio de Santa Luzia e com os Distritos Sanitaacuterios de Venda Nova Pampulha e
Nordeste sendo sua sede localizada na Avenida Cristiano Machado 10657 Bairro
Planalto Abrange 47 bairros da regiatildeo Metropolitana de Belo Horizonte
Segundo o Censo do IBGE (2000) o Distrito Sanitaacuterio Norte possui uma
populaccedilatildeo de 193764 habitantes compondo um quadro de grandes contrastes
Possui de um lado bairros com razoaacutevel infra-estrutura urbana e poder aquisitivo da
populaccedilatildeo como por exemplo Campo Alegre Helioacutepolis Planalto Floramar e de
outro bairros vilas e assentamentos que oferecem condiccedilotildees inadequadas de
habitaccedilatildeo como Mariquinhas Zilah de Souza Spoacutesito Novo Aaratildeo Reis e o
Conjunto Jardim Felicidade que contam com uma infra-estrutura urbaniacutestica
precaacuteria
Os serviccedilos de atenccedilatildeo baacutesica agrave sauacutede do Distrito Norte satildeo realizados em
suas 19 unidades de sauacutede com funcionamento de 2ordf a 6ordf feira de 0700 agraves 1900
horas no geral sendo o atendimento de urgecircncia realizado na UPA Norte (Unidade
de Pronto Atendimento Norte) com funcionamento diaacuterio de 24 horas Contam ainda
com atendimento de sauacutede mental em 06 unidades
No Brasil o Programa de Sauacutede da Famiacutelia (PSF) iniciou-se em 1994 como
resultado do avanccedilo do Sistema Uacutenico de Sauacutede Este programa aumentou
significativamente ao longo da uacuteltima deacutecada oferecendo um novo modelo de
cuidado agrave sauacutede capaz de melhorar a qualidade de vida da populaccedilatildeo por meio de
novas poliacuteticas e organizaccedilatildeo dos serviccedilos O PSF representa uma maneira de levar
a sauacutede para mais perto das famiacutelias De acordo com o Ministeacuterio da Sauacutede
O programa de Sauacutede da Famiacutelia eacute uma proposta concreta na mudanccedila do modelo assistencial tradicional capaz de romper com o comportamento passivo das unidades baacutesicas de sauacutede O programa prioriza as accedilotildees de prevenccedilatildeo de doenccedilas e a promoccedilatildeo da sauacutede junto agrave comunidade estabelece uma relaccedilatildeo permanente entre os profissionais de sauacutede e a populaccedilatildeo assistida marcada por um atendimento humanizado e resolutivo dos problemas de sauacutede mais frequumlentes (BRASIL 2002 p 5)
13
Segundo Pinto e Coelho (2011) a Secretaria Municipal de Sauacutede de Belo
Horizonte aderiu ao Programa Sauacutede da Famiacutelia em maio de 2000 O projeto foi
implantado dando prioridade agraves aacutereas onde a populaccedilatildeo estava exposta e a
implantaccedilatildeo comeccedilou pelos Centros de Sauacutede com populaccedilatildeo de muito elevado
risco e foi se estendendo gradativamente para as populaccedilotildees de elevado risco e
meacutedio risco De laacute ateacute os dias atuais ficou evidente a importacircncia da mobilizaccedilatildeo
social para manutenccedilatildeo das equipes e com isso o projeto jaacute natildeo pertencia mais ao
governo pois foi incorporado pela cidade de Belo Horizonte como direito
De acordo com os autores passados mais de 10 anos o programa continua e
o nuacutemero de equipes de sauacutede da famiacutelia alcanccedilou as 506 equipes planejadas em
2001 mas isso natildeo se deveu agrave cobertura da populaccedilatildeo de baixo risco e sim ao
crescimento populacional
Os agentes comunitaacuterios de sauacutede fazem cerca de 2900000 visitas
domiciliares por ano O nuacutemero de consultas meacutedicas realizadas pelas equipes de
Sauacutede da Famiacutelia foi de 1899347 em 2002 (ano de implantaccedilatildeo das equipes) e de
2203257 em 2004 Em marccedilo de 2010 apenas 3 das equipes de Sauacutede da
Famiacutelia estavam desfalcadas de meacutedico generalista e mais da metade dos meacutedicos
de sauacutede da famiacutelia tinham mais de 5 anos de trabalho na Prefeitura de Belo
Horizonte (PINTO e COELHO 2011)
O exame de citologia oncoacutetica tambeacutem conhecido como Papanicolaou ou
preventivo foi introduzido na atenccedilatildeo baacutesica na deacutecada de 1970 Em Belo Horizonte
por meio da Secretaria Municipal de Sauacutede criou um protocolo o qual eacute um
instrumento que estabelece normas para intervenccedilotildees teacutecnicas o qual uniformiza e
atualiza conceitos e condutas referentes ao processo assistencial na rede de
serviccedilos Um desses protocolos aborda especificamente o controle e prevenccedilatildeo do
cacircncer de colo de uacutetero (BELO HORIZONTE 2008)
A colpocitologia oncoacutetica eacute utilizada principalmente para determinar o risco de
uma mulher vir a desenvolver o cacircncer de colo do uacutetero natildeo se tratando somente de
uma maneira de diagnosticar a doenccedila Ele eacute essencial tambeacutem para determinar
outras condiccedilotildees de sauacutede como niacutevel hormonal doenccedilas da vulva do canal
vaginal do acircnus das mamas entre outros O exame deve ser realizado
prioritariamente em mulheres de 25 a 59 anos de idade com intervalo de trecircs em
trecircs anos se os dois primeiros exames realizados a cada ano forem normais Toda
14
mulher que tem ou jaacute teve atividade sexual deve submeter-se ao exame preventivo
ateacute os 69 anos de idade (BELO HORIZONTE 2008)
Destaca-se ainda que a importacircncia do exame consiste no fato de que eacute
nessa oportunidade que o profissional avalia a sauacutede sexual e reprodutiva da
mulher pois tais fatores raramente satildeo considerados durante uma consulta cliacutenica
geral Ressalta-se tambeacutem que o acesso das mulheres ao exame colpocitoloacutegico faz parte da garantia de direitos legalmente constituiacutedos com a ampliaccedilatildeo dos
serviccedilos de promoccedilatildeo prevenccedilatildeo e assistecircncia ao cacircncer de colo de uacutetero
Espera-se que este estudo possa contribuir para a humanizaccedilatildeo da atenccedilatildeo agrave
sauacutede da mulher proporcionando um olhar mais amplo e integral sobre o estado de
sauacutede das mulheres e seus determinantes sociais Para tal buscar-se-aacute sensibilizar
a equipe do Centro de Sauacutede Felicidade II quanto agrave importacircncia da assistecircncia
integral agrave sauacutede da mulher promover a educaccedilatildeo em sauacutede para as usuaacuterias quanto
agrave importacircncia de realizar o exame preventivo de cacircncer de colo do uacutetero expandir a
agenda de consultas de assistecircncia agrave mulher garantindo aumento da cobertura de
exames preventivos e proporcionar educaccedilatildeo permanente agrave toda a equipe em
especial os ACS para uma abordagem humanizada eficaz e efetiva das usuaacuterias
15
2 OBJETIVOS
21 Geral Elaborar um plano de accedilatildeo para ampliar a cobertura do exame colpocitoloacutegico
no Centro de Sauacutede Felicidade II da Secretaria Municipal de Sauacutede de Belo
Horizonte MG promovendo assim a melhoria das condiccedilotildees de vida e sauacutede das
mulheres
22 Especiacutefico
Realizar uma revisatildeo de literatura sobre a promoccedilatildeo da sauacutede das mulheres
dando ecircnfase agrave prevenccedilatildeo do cacircncer do colo do uacutetero no sentido de subsidiar o
plano de accedilatildeo
16
3 METODOLOGIA
Trata-se de um estudo bibliograacutefico tipo revisatildeo narrativa com natureza
compreensiva do tema proposto realizada por meio da consultas a livros e artigos
em revistas cientiacuteficas do acervo de bibliotecas e base de dados virtuais no sentido
de subsidiar a elaboraccedilatildeo de um plano de accedilatildeo para o Centro de Sauacutede Felicidade
II buscando ampliar a cobertura do exame de Papanicolaou
A busca foi efetuada nas bases de dados SCIELO (Scientific Electronic
Library Online) MEDLINE(Medical Literature Analysis and Retrieval System Online -
Sistema Online de Busca e Anaacutelise de Literatura Meacutedica) LILACS (Literatura Latino-
americana em ciecircncia da Sauacutede) e outras Foram utilizados os descritores ldquosauacutede
das mulheresrdquo ldquocacircncerrdquo ldquocacircncer do colo do uacuteterordquo ldquocitologia oncoacuteticardquo e
ldquoprevenccedilatildeordquo
17
4 APRESENTACcedilAtildeO DOS RESULTADOS
41 A promoccedilatildeo da sauacutede das mulheres
Correcirca e Villela (2008) relatam que foi nas primeiras deacutecadas do seacuteculo XX
que o Brasil passou a incorporar a questatildeo da sauacutede da mulher nas poliacuteticas
nacionais cujo enfoque estava em prestar assistecircncia aos filhos das mulheres que
natildeo tinham acesso aos serviccedilos de sauacutede constituindo a atenccedilatildeo preacute-natal como
uacutenica accedilatildeo de caraacuteter universalista com relaccedilatildeo agrave sauacutede da mulher
Com as mudanccedilas na condiccedilatildeo social das mulheres ocorridas ao longo da segunda metade do seacuteculo XX as propostas de atenccedilatildeo materno-infantil mostram-se insuficientes Em 1984 eacute proposto pelo Ministeacuterio da Sauacutede o Programa de Assistecircncia Integral agrave Sauacutede da Mulher (PAISM) visando agrave extensatildeo das accedilotildees baacutesicas em sauacutede da mulher e incluindo entre outras atividades preventivas e de diagnoacutestico do cacircncer do colo do uacutetero e mamaacuterio A assistecircncia integral envolvia o atendimento de todas as necessidades da populaccedilatildeo feminina enfatizando as accedilotildees dirigidas ao controle das patologias mais prevalentes incluindo accedilotildees educativas Poreacutem a implementaccedilatildeo efetiva do Programa natildeo aconteceu como desejado ficando as atividades nos serviccedilos de sauacutede bastante focalizadas nas demandas relativas agrave contracepccedilatildeo acompanhamento da gravidez e ao parto A prevenccedilatildeo e controle do cacircncer ginecoloacutegico continuaram em segundo plano (CORREcircA e VILLELA 2008p1)
Domingos et al (2008 p 1) afirmam que ldquopor meio da promoccedilatildeo da sauacutede
caracterizada como sendo promoccedilatildeo primaacuteria e detecccedilatildeo precoce das lesotildees
precursoras (exame de Papanicolaou) eacute possiacutevel reduzir a mortalidade e
incidecircnciardquo
Em 1997 foi implantado no Paranaacute o Programa de Prevenccedilatildeo do Cacircncer do Colo do Uacutetero que prioriza inicialmente o atendimento da faixa etaacuteria de 30 a 49 anos (a mais acometida pela doenccedila no Estado) atendendo na sequumlecircncia todas as faixas etaacuterias expostas ao risco O intervalo entre os exames para controle dos casos negativos eacute de trecircs anos (DOMINGOS et al 2008 p 1)
42 A prevenccedilatildeo do cacircncer do colo do uacutetero
Narchi Janicas e Fernandes (2007) ensinam que a prevenccedilatildeo do cacircncer
ceacutervico-uterino eacute realizada em dois planos a prevenccedilatildeo primaacuteria e a secundaacuteria Na
forma primaacuteria conforme os autores deve-se atentar para os fatores de risco
18
evitaacuteveis e na atuaccedilatildeo do enfermeiro Jaacute na fase de prevenccedilatildeo secundaacuteria deve ser
feito o rastreamento captaccedilatildeo e identificar a vulnerabilidade do cacircncer
Domingos et al (2007) afirmam que a principal estrateacutegia para a prevenccedilatildeo
primaacuteria da doenccedila eacute o uso de preservativo (masculino ou feminino) durante as
relaccedilotildees sexuais visto que a infecccedilatildeo pelo viacuterus papiloma humano (HPV) estaacute
presente em 90 dos casos A prevenccedilatildeo secundaacuteria eacute realizada por meio do
exame preventivo (Papanicolaou) para a detecccedilatildeo precoce da doenccedila
Albuquerque et al (2007) afirmam que desde 1988 o Ministeacuterio da Sauacutede tem
como objetivo reduzir as taxas de morbimortalidade e com isso adota como norma
a recomendaccedilatildeo da Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede a qual propotildee que seja feito a
cada trecircs anos a realizaccedilatildeo do exame citoloacutegico do colo do uacutetero sendo dois
exames anuais consecutivos negativos para mulheres na faixa de idade de 25 a 59
anos ou que jaacute tenham atividade sexual
Iniciativas como o Programa Viva Mulher lanccedilado em 1996 e o desenvolvimento de campanhas nacionais sistemaacuteticas tecircm contribuiacutedo para o aumento da cobertura do exame no paiacutes Contudo verifica-se que as taxas de incidecircncia e de mortalidade ainda permanecem desafiando as medidas ateacute entatildeo adotadas sinalizando possiacuteveis deficiecircncias na oferta no acesso e na qualidade das referidas accedilotildees (ALBUQUERQUE et al 2007 p 1)
Nakagawa Schirmer e Barbieri (2007) relatam que a associaccedilatildeo do viacuterus
HPV com o cacircncer de colo de uacutetero comeccedilou em 1949 quando o patologista George
Papanicolaou introduziu o exame mais difundido no mundo para detectar a doenccedila
o exame que leva o seu proacuteprio nome ou seja Papanicolaou
De acordo com o desenvolvimento do carcinoma de colo de uacutetero Nakagawa
Schirmer e Barbieri (2007 p 1) afirmam que
Esse exame permitiu identificar mulheres com alteraccedilotildees celulares preacute-maligna possibilitando observar uma associaccedilatildeo da atividade sexual com o desenvolvimento do cacircncer de colo de uacutetero No entanto somente na deacutecada de 70 o conhecimento acerca da etiologia da doenccedila teve consideraacutevel avanccedilo Estudos constataram que tal associaccedilatildeo implicava na presenccedila de um agente etioloacutegico de transmissatildeo sexual Harold zur Hausen um infectologista alematildeo constatou que o Papiloma Viacuterus Humano (viacuterus HPV) poderia ser esse agente estabelecendo inicialmente a relaccedilatildeo do viacuterus com as verrugas e condilomas Somente anos mais tarde o viacuterus foi relacionado com o desenvolvimento do carcinoma de colo de uacutetero (NAKAGAWA SCHIRMER e BARBIERI 2007 p 1)
19
Os autores relatam que devido ao advento da clonagem molecular na deacutecada
de 90 e a utilizaccedilatildeo de tal tecnologia na replicaccedilatildeo do genoma do Papiloma Viacuterus
outros aspectos da infecccedilatildeo foram elucidados
Devido agrave discrepacircncia entre a alta frequumlecircncia de infecccedilotildees HPV em mulheres jovens sexualmente ativas e a ocorrecircncia relativamente baixa de lesotildees cervicais nas mesmas colocou-se em duacutevida a etiologia viral da doenccedila e concluiu-se que a infecccedilatildeo era causa necessaacuteria mas natildeo suficiente para o desenvolvimento da doenccedila uma vez que virtualmente somente uma fraccedilatildeo de mulheres portadoras do viacuterus a desenvolveria Estudos preacutevios jaacute sugeriam que um forte fator diferenciava a progressatildeo ou natildeo da doenccedila sugerindo que isto estaria relacionada aos diversos tipos do viacuterus HPV Estudos posteriores mostraram que a sua progressatildeo depende natildeo somente da presenccedila do viacuterus mas tambeacutem do tipo de viacuterus da persistecircncia da infecccedilatildeo e da evoluccedilatildeo das lesotildees precursoras para o carcinoma invasivo (NAKAGAWA SCHIRMER e BARBIERI 2007 p 1)
Segundo Narchi Janicas e Fernandes (2007) a prevenccedilatildeo primaacuteria do cacircncer
ceacutervico-uterino refere-se agrave reduccedilatildeo da exposiccedilatildeo aos fatores de risco como o iniacutecio
precoce da atividade sexual a multiplicidade de parceiros as doenccedilas sexualmente
transmissiacuteveis especialmente a infecccedilatildeo causada pelo HPV e multiparidade Aleacutem
disso outros fatores tecircm sido relacionados ao cacircncer ceacutervico-uterino em estudos
epidemioloacutegicos ainda natildeo conclusivos dentre eles o uso de anticoncepcional oral
as situaccedilotildees de imunossupressatildeo como diabete lupus corticoterapia e Aids o
tabagismo e a alimentaccedilatildeo pobre em folatos vitaminas A e C e betacaroteno
Atualmente considera-se fundamental a relaccedilatildeo entre o desenvolvimento do cacircncer ceacutervico-uterino e a transmissatildeo sexual HPV Nesse sentido a prevenccedilatildeo primaacuteria tem como foco a praacutetica de sexo seguro No entanto apesar da divulgaccedilatildeo da importacircncia do uso de preservativos para diminuiccedilatildeo potencial do risco de transmissatildeo do HPV observa-se que seu uso depende de uma serie de fatores como o conhecimento a respeito da doenccedila e suas formas de prevenccedilatildeo a percepccedilatildeo de risco de infecccedilatildeo as crenccedilas e valores culturais as iniquidades de gecircnero e como elas se revelam o grau de autonomia e poder de negociaccedilatildeo sexual nas relaccedilotildees afetivo-sexuais acesso ao serviccedilo de sauacutede e a oferta de preservativos (NARCHI JANICAS e FERNANDES 2007 p 129)
Ceacutesar et al (2003) afirmam que exames preventivos perioacutedicos permitem
reduzir em ateacute 70 a sua mortalidade na populaccedilatildeo de risco A faixa etaacuteria mais
acometida vai dos 25 aos 60 anos e o seu mais importante determinante eacute o
papilomaviacuterus humano De acordo com o Instituto Nacional de Cacircncer (INCA)
O Instituto Nacional de Cacircncer (INCA) recomenda o exame citopatoloacutegico para cacircncer de colo uterino a toda mulher com idade entre 20 e 60 anos e que possua vida sexual ativa Inicialmente o exame deve ser feito a cada trecircs anos Em caso de dois resultados negativos para displasia ou
20
neoplasia um novo exame deveraacute ser repetido uma vez a cada trecircs anos (BRASIL 2002 apud CEacuteSAR et al 2003 p 1371)
Narchi Janicas e Fernandes (2007) afirmam que de modo contextual a
prevenccedilatildeo primaacuteria eacute realizada a partir identificaccedilatildeo da presenccedila de fatores de risco
com vistas a prevenir o surgimento da doenccedila Sabe-se que o cacircncer ceacutervico-uterino
haacute muito vem sendo associado ao baixo niacutevel socioeconocircmico tanto a exposiccedilatildeo
aos fatores de risco quanto especialmente pela desigualdade no acesso aos
serviccedilos de sauacutede Essas barreiras satildeo multidimensionais inserindo-se em um
contexto social amplo que a barca desde dificuldades geograacuteficas de informaccedilatildeo
familiares econocircmicas culturais religiosas e emocionais ateacute as relacionadas agraves
poliacuteticas de sauacutede Diante dessa constataccedilatildeo acredita-se que a anaacutelise dos
programas e a proposiccedilatildeo de estrateacutegias devam tambeacutem corresponder agrave amplitude
dos fatores intervenientes
De acordo com as autoras no que diz respeito agrave prevenccedilatildeo primaacuteria o
Programa de Sauacutede da Famiacutelia (PSF) tem importante papel na identificaccedilatildeo de
grupos de mulheres com perfil de risco para desenvolver o cacircncer ceacutervico-uterino e
com base nas necessidades levantadas implementar accedilotildees de intervenccedilatildeo no meio
ambiente e em seus fatores de risco De acordo com as autoras diversas
estrateacutegias podem reduzir os fatores de risco para cacircncer ceacutervico-uterino dentre as
quais destacam-se realizaccedilatildeo de grupos educativos que permitam a discussatildeo de
temas como sexualidade e gecircnero vulnerabilidade e prevenccedilatildeo as DST
planejamento familiar qualidade de vida e prevenccedilatildeo do cacircncer ginecoloacutegico entre
outros As autoras destacam tambeacutem a importacircncia mobilizaccedilatildeo das mulheres para
o autocuidado e a busca de melhor qualidade de vida (grupos de caminhada cultivo
de hortas caseiras por exemplo) valorizaccedilatildeo da integralidade na assistecircncia e no
estiacutemulo a uma participaccedilatildeo ativa das mulheres com atitudes assertivas em relaccedilatildeo
a sauacutede identificaccedilatildeo e minimizaccedilatildeo das dificuldades de acesso ao serviccedilo de
sauacutede sejam elas barreiras individuais e institucionais (NARCHI JANICAS e
FERNANDES 2007)
Ainda conforme as autoras aleacutem das atividades comunitaacuterias que podem ser
realizadas pela equipe de sauacutede da famiacutelia o enfermeiro tambeacutem pode instituir
grupos educativos de coleta ou de resultados da colpocitologia na unidade baacutesica de
sauacutede (UBS) ou na unidade de sauacutede da famiacutelia (USF) abordando temaacuteticas
21
voltadas agrave sexualidade higiene iacutentima prevenccedilatildeo de DST prevenccedilatildeo do cacircncer
ginecoloacutegico e teacutecnica de coleta do exame As autoras afirmam que esses grupos
aleacutem de disponibilizarem um espaccedilo para a socializaccedilatildeo do conhecimento
possibilitam a integraccedilatildeo entre profissionais e pacientes e estimulam o
autoconhecimento do corpo e da sexualidade familiarizando a mulher ao ambiente e
ao exame e minimizando sentimentos negativos como o medo a vergonha o
nervosismo e o constrangimento que por vezes as impedem de aderir ao programa
Essa estrateacutegia seraacute possiacutevel agrave medida que o profissional estiver sensibilizado e
capacitado para implementaacute-la utilizando habilidades de aconselhamento e
abordagem empaacutetica (NARCHI JANICAS e FERNANDES 2007)
O enfermeiro deve ainda avaliar a presenccedila de fatores de risco na consulta
de enfermagem agrave mulher com vistas a realizar as intervenccedilotildees necessaacuterias e o
acompanhamento mais frequente Diante disso eacute recomendado que na consulta de
retorno para recebimento do laudo da colpocitologia seja realizado procedimento de
aconselhamento sobre DST e Aids antes de discutir o resultado e a conduta
No que diz respeito agrave prevenccedilatildeo secundaacuteria do cacircncer ceacutervico-uterino Narchi
Janicas e Fernandes (2007) afirmam que se deve realizar o exame citopatoloacutegico
para que seja feita a detecccedilatildeo do cacircncer in situ ou das lesotildees precursoras trataacuteveis
e curaacuteveis em ateacute 100 dos casos Para as autoras o acolhimento deveraacute ocorrer
em todas as fases da assistecircncia ou seja desde o primeiro contato com a mulher o
que pode ocorrer em seu domiciacutelio quanto no agendamento ao se verificar acerca
do aprazamento da colpocitologia Citam tambeacutem que esse exame tem sido
utilizado em programas de rastreamento do cacircncer ceacutervico-uterino em todo o mundo
(screening) para interromper o ciclo evolutivo da doenccedila detectando-a em fase preacute-
invasiva trataacutevel e curaacutevel Relatam ainda que os paiacuteses que desenvolveram o
programa tanto com identificaccedilatildeo efetiva da populaccedilatildeo de risco qualidade coleta e
na interpretaccedilatildeo dos resultados quanto com tratamento e acompanhamento
adequados dos casos de alto risco lograram reduccedilatildeo significativa na incidecircncia e na
mortalidade por essa patologia
Segundo a OMS para que um programa de rastreamento do cacircncer ceacutervico-
uterino cause impacto epidemioloacutegico eacute necessaacuterio realizar uma cobertura superior a
80 o que representaria um impacto de 50 na reduccedilatildeo da mortalidade por essa
doenccedila Entretanto nos paiacuteses em desenvolvimento como o Brasil a cobertura
22
desse teste ainda natildeo alcanccedilou niacuteveis suficientes e coerentes com as necessidades
da populaccedilatildeo feminina sob maior risco de contrair a doenccedila
Narchi Janicas e Fernandes (2007) relatam que no Brasil as accedilotildees de
intervenccedilatildeo e controle do cacircncer ceacutervico-uterino tecircm sido norteadas pela distribuiccedilatildeo
das lesotildees cervicais segundo as faixas etaacuterias de mulheres mais acometidas pela
doenccedila e pela periodicidade dos exames citopatoloacutegicos seguindo a loacutegica
epidemioloacutegica do risco e da relaccedilatildeo custobenefiacutecio que norteiam as intervenccedilotildees
em sauacutede publica Poreacutem por vaacuterios anos essa cobertura esteve descontextualiza
da no paiacutes de forma a disponibilizar a citopatologia apenas durante o preacute-natal natildeo
atingindo a populaccedilatildeo de mulheres da faixa etaacuteria de maior risco subutilizando os
equipamentos de sauacutede e tornando o programa ineficiente Conforme as autoras
vaacuterios estudos que investigaram os motivos que dificultam a captaccedilatildeo das mulheres
para a prevenccedilatildeo do cacircncer ginecoloacutegico ressaltam a amplitude do problema que
perpassa por diversas esferas assumindo aspecto multidimensional
Narchi Janicas e Fernandes (2007) ressaltam ainda que o modelo
contextual proposto por Pinho amp Franccedila-Junior analisa o acesso e a utilizaccedilatildeo dos
serviccedilos preventivos em trecircs planos individual organizacionalprogramaacutetico e social
dispostos em uma estrutura dinacircmica e relacional Esse modelo propotildee que a
realizaccedilatildeo da colpocitologia seja produto da interaccedilatildeo desses trecircs planos dos quais
emergem os elementos necessaacuterios para definir uma situaccedilatildeo de vulnerabilidade
individual programaacuteticaorganizacional e social do cacircncer ceacutervico-uterino Para as
autoras o plano individual representado por caracteriacutesticas relacionadas agrave
realizaccedilatildeo do exame definiraacute a vulnerabilidade individual da mulher a doenccedila A
vulnerabilidade eacute representada por um conjunto de fatores cognitivos relacionados a
real falta de conhecimento sobre a doenccedila e o exame o que contribui para a
reduccedilatildeo de praacuteticas sexuais seguras e de prevenccedilatildeo secundaacuteria Tal vulnerabilidade
individual pode ser criada e percebida pelas mulheres ou a elas imposta no
momento em que se enfatiza o risco da natildeo-realizaccedilatildeo da colpocitologia em vez da
ecircnfase ao benefiacutecio da accedilatildeo gerando ou reforccedilando sentimento de medo em
relaccedilatildeo ao cacircncer que pode provocar tanto um efeito propulsor que induz a mulher
para a realizaccedilatildeo do exame quanto um efeito mais restritivo ao exame pelo medo
de sentir dor ou de receber um resultado positivo concluem as autoras
23
No plano organizacional ou programaacutetico inserem-se as caracteriacutesticas
relacionadas agrave disponibilidade de serviccedilos de sauacutede em relaccedilatildeo agrave demanda e a sua
acessibilidade geograacutefica a organizaccedilatildeo e as necessidades da populaccedilatildeo usuaacuteria e
ao planejamento das accedilotildees efetivas na prevenccedilatildeo e na promoccedilatildeo a sauacutede sob a
forma de programas organizados de rastreamento do cacircncer cervical que primem
pelo respeito agrave autonomia individual e pela abordagem integral mulher (NARCHI
JANICAS e FERNANDES 2007)
Ainda segundo os autores um dos fatores que contribuem para a baixa
adesatildeo das mulheres ao programa eacute a falta de humanizaccedilatildeo na assistecircncia pois a
violecircncia institucional sofrida pelas mulheres durante a consulta ginecoloacutegica pode
ser traduzida pela humilhaccedilatildeo por constrangimento e pela forma fria e
despersonalizada com que satildeo atendidas sem serem esclarecidas quanto ao
resultado do exame ou por realizarem tratamentos por vaacuterios anos sem sequer
terem noccedilatildeo dos seus objetivos Isso submete a mulher a uma assistecircncia
medicalizada e indigna na qual se perde a oportunidade de investir em prevenccedilatildeo
primaacuteria (NARCHI JANICAS E FERNANDES 2007)
De acordo com Dias-da-Costa et al (2003) quando se fala acerca da sauacutede
puacuteblica eacute sabido que a efetividade do programa de controle do cacircncer de colo do
uacutetero depende da cobertura populacional alcanccedilada Poreacutem no Brasil a avaliaccedilatildeo
da efetividade de programas de prevenccedilatildeo e accedilotildees de sauacutede puacuteblica ainda eacute
considerada incipiente
43 Contexto histoacuterico da citologia oncoacutetica
Montemor et al (2008 p 45) relatam que na eacutepoca em que a citologia
ginecoloacutegica estava em desenvolvimento agrave ideacuteia preponderante entre os
ginecologistas era que sendo o colo uterino facilmente acessiacutevel agrave bioacutepsia dava-se
preferecircncia ao estudo histoloacutegico pois a citologia ainda carecia de credibilidade
diagnoacutestica
Os autores afirmam que foi Aureli Babes um patologista romeno em 1928
que sugeriu que fosse feita a coleta direta de material do colo uterino para o
diagnoacutestico do cacircncer sendo que o mesmo foi o primeiro pesquisador que
descreveu de forma minuciosa a teacutecnica de coleta utilizando a coloraccedilatildeo atraveacutes do
24
meacutetodo de Giemsa Entretanto ainda de acordo com os autores foi George
Nicholas Papanicolaou um grego nascido em 1883 em Kymi na ilha grega de
Euboea que se aprofundou nos estudos acerca da citologia ginecoloacutegica o qual em
1913 se fixou nos Eua como pesquisador do laboratoacuterio do Hospital de Nova Iorque
Segundo os autores Neste sentido os autores afirmam que
Papanicolaou quando estudava as alteraccedilotildees hormonais das ceacutelulas nas diferentes fases do ciclo menstrual observou que tambeacutem era possiacutevel o diagnoacutestico das ceacutelulas tumorais do colo uterino Em 1941 publicou no American Journal of Obstetrics and Gynecology em co-autoria com Traut um trabalho com o tiacutetulo de O valor diagnoacutestico dos esfregaccedilos vaginais no carcinoma do uacutetero Nessa publicaccedilatildeo mostra a possibilidade de fazer diagnoacutestico de carcinoma do colo uterino atraveacutes de ceacutelulas atiacutepicas presentes nos esfregaccedilos bem como enfatiza a necessidade de aplicar esse meacutetodo simples e de baixo custo a um grande nuacutemero de mulheres O meacutetodo de coloraccedilatildeo dos esfregaccedilos citoloacutegicos que leva o nome de ldquoColoraccedilatildeo de Papanicolaourdquo eacute ainda hoje largamente utilizado (MONTEMOR et al 2008 p 46)
Os autores relatam ainda que em meados de 1940 o J Ernest Ayre um
meacutedico canadense utilizou uma espaacutetula a qual leva o seu nome para obter
raspados do colo uterino possibilitando dessa forma uma maneira praacutetica e
eficiente de coleta de material para a realizaccedilatildeo de exames em grande escala
(MONTEMOR et al 2008) De acordo com Tavares et al (2007) o exame
citopatoloacutegico foi sugerido como uma ferramenta para a detecccedilatildeo precoce do cacircncer
do colo do uacutetero em 1941
Conforme Hackenhaar Ceacutesar e Domingues (2006) a prevenccedilatildeo considerada
como secundaacuteria do cacircncer do colo uterino tem se centralizado no rastreamento de
mulheres sexualmente ativas atraveacutes do exame citopatoloacutegico do colo uterino O
qual foi adotado para rastreamento na deacutecada de 50 em vaacuterios paiacuteses uma vez que
identifica lesotildees preacute-cancerosas que se tratadas minimizam a incidecircncia de
carcinoma invasor e com isso a mortalidade pelo cacircncer de colo uterino Segundo
os autores
Em 1998 o Ministeacuterio da Sauacutede do Brasil estabeleceu que o exame para a detecccedilatildeo precoce do cacircncer do colo uterino deveria ser realizado por mulheres com idade entre 25 e 60 anos ou antes desta faixa etaacuteria caso jaacute tivessem mantido relaccedilotildees sexuais Para estas mulheres a periodicidade deveria ser de trecircs em trecircs anos se os dois primeiros exames realizados a cada ano fossem normais Em 2002 ocorreu a fase de intensificaccedilatildeo da campanha que tinha por objetivo realizar exames nas mulheres de 35 a 49 anos que nunca haviam realizado este tipo de exame ou que o houvessem
25
realizado haacute mais de trecircs anos (HACKENHAAR CEacuteSAR e DOMINGUES 2006 p 1)
44 Conceitos e caracteriacutesticas do exame de prevenccedilatildeo do cacircncer
Conforme Montemor et al (2008) o exame citopatoloacutegico tambeacutem conhecido
como exame Papanicolaou ou ainda exame preventivo do cacircncer do colo do uacutetero
tem como objetivo a anaacutelise das ceacutelulas obtidas por raspagem do colo uterino
(ectoceacutervice e canal endocervical) com as quais eacute realizado esfregaccedilo sobre uma
lacircmina de vidro De acordo com os autores as caracteriacutesticas morfoloacutegicas das
ceacutelulas satildeo observadas ao microscoacutepio e quando alteradas ou seja quando estatildeo
diferentes daquelas consideradas normais sugerem tratar-se de processo preacute-
neoplaacutesico ou neoplaacutesico Os autores afirmam ainda que atualmente o exame
citopatoloacutegico eacute o meacutetodo de rastreamento para cacircncer do colo uterino mais utilizado
em todo o mundo
De acordo com Tavares (2007) o exame citopatoloacutegico eacute considerado um
meacutetodo eficiente pois tem a habilidade de identificar lesotildees precursoras do cacircncer
do colo do uacutetero que naquele momento satildeo trataacuteveis podendo resultar em
significante decreacutescimo da mortalidade por esse tipo de cacircncer
45 O cacircncer do colo do uacutetero
Segundo Zeferino (2008) o cacircncer do colo uterino tem sido um desafio para a
sauacutede puacuteblica na reduccedilatildeo de morte de mulheres por causa desse mal uma vez que
se trata de uma doenccedila que pode ser evitada por meio do diagnoacutestico e do
tratamento de suas lesotildees precursoras Neste sentido Narchi Janicas e Fernandes
(2007) concordam com Zeferino (2008) quando afirmam que o cacircncer chamado por
eles de cacircncer ceacutervico-uterino vem sendo alvo de atenccedilatildeo por parte da comunidade
cientiacutefica devido ocupar lugar de destaque no que diz respeito agraves elevadas taxas de
morbidade e mortalidade entre a populaccedilatildeo feminina principalmente em paiacuteses em
desenvolvimento uma vez que trata-se de um tipo de cacircncer que estaacute relacionado
ao perfil epidemioloacutegico das mulheres cuja frequecircncia dos fatores de risco e do grau
de implementaccedilatildeo de accedilotildees de curto e longo prazos em todos os niacuteveis de atenccedilatildeo
26
De acordo com Hackenhaar Ceacutesar e Domingues (2006 p1) ldquoo cacircncer do
colo uterino eacute um problema de sauacutede puacuteblica mundialrdquo Segundo os autores
Em 2000 havia uma estimativa de 468000 casos com 233000 mortes por este tipo de cacircncer em todo o mundo Destas mortes 80 ocorreriam nos paiacuteses em desenvolvimento No Brasil o cacircncer de colo uterino representa a segunda maior causa de morte por cacircncer entre as mulheres (HACKENHAAR CEacuteSAR e DOMINGUES 2006 p 1)
Por meio do controle perioacutedico utilizando-se o exame citoloacutegico eacute possiacutevel
reduzir sua incidecircncia pois dados da Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede (OMS)
afirmam que a cada ano surgem cerca de 500 mil novos casos de cacircncer do colo
uterino por ano no mundo todo sendo que mais de 400 mil ocorrem em paiacuteses em
desenvolvimento (ZEFERINO 2008) Este dado eacute confirmado por Ceacutesar et al
(2003) quando os autores afirmam que cerca de 80 dos casos de cacircncer de colo
uterino ocorrem nos paiacuteses pobres
Domingos et al (2007 p 1) explicam que ldquoo cacircncer de colo de uacutetero eacute uma
doenccedila de evoluccedilatildeo lenta levando em meacutedia 14 anos para sua evoluccedilatildeo total
Inicia-se com alteraccedilotildees miacutenimas nas ceacutelulas denominadas displasia e se natildeo
forem tratadas estas alteraccedilotildees evoluemrdquo De acordo com os autores
Com o desenvolvimento da doenccedila em meacutedia trecircs anos apoacutes a constataccedilatildeo das primeiras alteraccedilotildees celulares surge um tumor localizado chamado carcinoma in situ Este cacircncer desenvolve-se por mais seis anos invadindo a mucosa do uacutetero quando recebe o nome de carcinoma invasor Apoacutes 14 anos das primeiras alteraccedilotildees celulares o cacircncer atinge a forma mais grave com o aparecimento de metaacutestase espalhando-se assim por outras regiotildees do corpo (DOMINGOS et al 2007 p 1)
Conforme Rodrigues Neto Figueiredo e Siqueira (2008 p 1) o cacircncer tem
sido responsaacutevel por seis milhotildees de mortes por ano correspondendo a 12 das
mortes mundiais ldquoEstima-se a ocorrecircncia de mais de dez milhotildees de novos casos
de cacircncer por ano sendo que para o ano de 2020 espera-se que haja mais de 15
milhotildees de casos novosrdquo Para os autores
O cacircncer do colo do uacutetero (CCU) ocupa o 2ordm lugar na incidecircncia mundial de neoplasias estando atraacutes apenas do cacircncer de mama Por ano no mundo ocorrem cerca de 235 mil mortes devido ao CCU sendo 218 mil em paiacuteses considerados pobres ou emergentes(4) onde ocorre quase 60 dos casos novos de cacircncer ocupando um lugar de destaque nas taxas de morbimortalidade entre a populaccedilatildeo feminina Ressalta-se que na Ameacuterica Latina se encontram as mais altas taxas de incidecircncia desta doenccedila
27
representando uma das causas de oacutebito mais frequumlente entre as mulheres [] Natildeo considerando os carcinomas de pele natildeo melanoma o CCU eacute o mais incidente na Regiatildeo Norte (22100000) Jaacute nas regiotildees Sul (24100000) Centro-Oeste (19100000) e Nordeste (18100000) ocupa a segunda posiccedilatildeo e no Sudeste (18100000) a quarta posiccedilatildeo estando assim associado a regiotildees brasileiras de baixo niacutevel socioeconocircmico (RODRIGUES NETO FIGUEIREDO e SIQUEIRA 2008 p 1)
Dentre os fatores causadores e facilitadores desse tipo de cacircncer Ceacutesar et al
(2003) citam fatores reprodutivos maternos tais como iniacutecio precoce de atividade
sexual e comportamento sexual masculino baixo niacutevel socioeconocircmico muacuteltiplos
parceiros sexuais higiene sexual precaacuteria ocorrecircncia de abortos (particularmente os
induzidos) alcoolismo e tabagismo e uso de anticoncepcional oral Domingos et al
(2007 p 1) afirmam que ldquoo cacircncer do colo do uacutetero eacute um dos maiores problemas da
sauacutede da mulher em todo o mundo Estima-se que a cada ano ocorram no mundo
493000 novos casos da doenccedila e 274000 mortesrdquo
ldquoSegundo dados do Ministeacuterio da Sauacutede (MS) no ano de 2002 4091
mulheres morreram no Brasil vitimadas por este tipo de cacircncer Destas 297
ocorreram no Estado do Paranaacute na faixa etaacuteria de 30 a 49 anosrdquo (DOMINGOS et al
2007 p 1)
Zeferino (2008) relata que no Brasil o cacircncer do colo uterino eacute o terceiro mais
frequumlente o qual eacute superado apenas pelos cacircnceres de pele e de mama Trata-se
da quarta causa de oacutebito entre as mulheres superado apenas pelos cacircnceres de
mama do pulmatildeo e do coacutelon-reto No ano de 2003 foram registradas 4110 mortes
com cacircncer de colo uterino correspondendo a 7 do total dos oacutebitos devido a
cacircncer em mulheres De acordo com o autor
Cerca de 90 dos cacircnceres de colo uterino originaram-se de ceacutelulas escamosas sendo chamados de carcinomas escamosos ou carcinomas epidermoacuteides e outros 10 originaram-se de ceacutelulas glandulares sendo entatildeo chamados de adenocarcinomas Raramente podem aparecer os dois tipos de ceacutelulas e satildeo chamados carcinomas adenoescamosos Todavia tem sido observado que a proporccedilatildeo de adenocarcinoma do colo uterino tem aumentado nas uacuteltimas deacutecadas particularmente em mulheres jovens (BULK et al 2005 apud ZEFERINO 2008 p 68)
Segundo dados do INCA (2002 apud Ceacutesar et al 2003 p 1366) ldquono Brasil
o cacircncer de colo uterino eacute o segundo entre os tumores ginecoloacutegicos malignos e o
terceiro mais comum na populaccedilatildeo feminina Representa 10 de todos os cacircnceres
malignos em mulheresrdquo
28
De acordo com Albuquerque et al (2009) ldquoa infecccedilatildeo preacutevia pelo papiloma
viacuterus humano (HPV) tem sido apontada como o principal fator de risco para o cacircncer
de colo de uacuteterordquo Fatores como iniacutecio precoce da atividade sexual multiplicidade de
parceiros sexuais uso de contraceptivos orais tabagismo situaccedilatildeo conjugal e baixa
condiccedilatildeo soacutecio-econocircmica tecircm sido apontados como fatores de risco importantes
para o desenvolvimento dessa neoplasia
Narchi Janicas e Fernandes (2007) relatam que o cacircncer ceacutervico-uterino tem
sua origem a partir de uma lesatildeo intra-epitelial progressiva a qual pode evoluir para
um cacircncer invasivo dentro de um prazo em torno de 10 a 20 anos caso natildeo seja
oferecido tratamento
Conforme as autoras durante o periacuteodo de evoluccedilatildeo da doenccedila ela passa por
fases preacute-cliacutenicas detectaacuteveis e curaacuteveis lhe conferindo elevado potencial de
prevenccedilatildeo e cura Corresponde a cerca de 15 de todos os cacircnceres femininos
sendo o segundo tipo mais comum entre as mulheres Ainda na visatildeo das autoras a
mortalidade pelo cacircncer ceacutervico-uterino pode ser evitada devido agrave lenta evoluccedilatildeo da
doenccedila e devido aos recursos tecnoloacutegicos o diagnoacutestico e o tratamento oportunos
das lesotildees precursoras as quais satildeo curaacuteveis em ateacute 100 dos casos Entretanto
conforme as autoras mesmo o Brasil ter sido um dos primeiros paiacuteses a realizar os
exames de colpocitologia e colposcopia esse tipo de cacircncer ainda continua sendo
um seacuterio problema de sauacutede puacuteblica por manter uma das mais elevadas taxas de
oacutebito como pode ser verificado a seguir
No Brasil as accedilotildees de controle do cacircncer ginecoloacutegico iniciaram-se de forma programaacutetica em 1983 eacutepoca de implantaccedilatildeo do Programa de Assistecircncia Integral agrave Sauacutede da Mulher (PAISM) que representou uma ampliaccedilatildeo do foco de assistecircncia agrave mulher para aleacutem do ciclo graviacutedico-puerperal No entanto apesar das recomendaccedilotildees de implantaccedilatildeo ou ampliaccedilatildeo das atividades de diagnoacutestico do cacircncer ceacutervico-uterino e de educativas com vistas agrave prevenccedilatildeo da doenccedila por mais de uma deacutecada as accedilotildees de combate a essa doenccedila foram desenvolvidas no paiacutes de forma desarticulada por iniciativa de apenas alguns Estados e municiacutepios (NARCHI JANICAS e FERNANDES 2007 p 128)
Os autores pesquisados nesta revisatildeo narrativa serviram de subsiacutedios para a
elaboraccedilatildeo do plano de accedilatildeo apresentado no proacuteximo capiacutetulo cujo objetivo eacute
aumentar a cobertura do exame de prevenccedilatildeo do cacircncer do colo do uacutetero no Centro
de Sauacutede Felicidade II
29
5 PLANO DE ACcedilAtildeO PARA A AMPLIACcedilAtildeO DA COBERTURA DO EXAME COLPOCITOLOacuteGICO NO CENTRO DE SAUacuteDE FELICIDADE II
De acordo com a atividade realizada no Moacutedulo da Sauacutede da Mulher foram
constatados alguns problemas em relaccedilatildeo agrave cobertura do exame colpocitoloacutegico no
Centro de Sauacutede Felicidade II o qual apresentou em 2009 baixa cobertura A partir
daiacute foram detectados outros fatores que contribuem para o baixo iacutendice de
cobertura aqueacutem do que eacute preconizado pela Secretaacuteria Municipal de Sauacutede Neste
sentido o plano de accedilatildeo descrito no Quadro 1 vem propor estrateacutegias visando
ampliar da cobertura do exame colpocitoloacutegico e minimizar os problemas levantados
Acredita-se que por meio da implantaccedilatildeo do plano de accedilatildeo sugerido o
Centro de Sauacutede Felicidade II teraacute maior e melhor desempenho de sua equipe
alcanccedilando com isso o aprimoramento no atendimento da populaccedilatildeo alvo da
instituiccedilatildeo
30
QUADRO1 - PLANO DE ACcedilAtildeO PARA AUMENTAR A COBERTURA DO EXAME DE PREVEN9AO DO COLO DO UTERO PARA A EQUIPE DE SAUDE DO CENTRO DE SAUDE FELICIDADE II
PROBLEMA ATIVIDADES ACcedilOtildeES META RESPONSAVEL PERIODO
As ACS sentem inseguros para orientar agraves mulheres em relaccedilatildeo aos cuidados para realizar o exame preventivo por falta de conhecimento
Educaccedilatildeo em Sauacutede
Capacitaccedilatildeo da equipe sobre a importacircncia do exame colpocitoloacutegico
Nivelar o conhecimento dos membros da equipe
Municiacutepio Gerecircncia Regional de Sauacutede
Outubro2011
Enfermeiro natildeo se sente capacitado para a realizaccedilatildeo do exame de Papanicolaou
Capacitaccedilatildeo Teacutecnica do enfermeiro para a realizaccedilatildeo do exame de Papanicolaou
Solicitar agrave Ginecologista enfermeira treinamentocapacitaccedilatildeo do enfermeiro
Instrumentalizar o enfermeiro para a realizaccedilatildeo coleta de material
Enfermeira de outra Unidade Baacutesica de Sauacutede Meacutedico Ginecologista
Outubro2011
Baixo iacutendice de cobertura do exame citoloacutegico
Elaboraccedilatildeo de um instrumento para coleta de dados para identificar as mulheres de 25 a 59 anos na aacuterea de abrangecircncia do centro de sauacutede e tambeacutem para levantar quais os fatores que impeditivos para a realizaccedilatildeo do exame Incluir as mulheres identificadas no arquivo rotativo
Visita domiciliar
Visitar todas as mulheres dentro da aacuterea de abrangecircncia da UBS
ACS Novembro2011 Dezembro2011
Baixo iacutendice de cobertura do exame citoloacutegico
Agendamento da consulta de enfermagem consulta meacutedica para atender as prioridades levantadas no diagnoacutestico da atividade anterior para realizaccedilatildeo do exame Priorizar mulheres que nunca fizeram o exame ou que fizeram a mais de trecircs anos
Visita domiciliar Consulta de Enfermagem e consulta meacutedica
Orientar as mulheres sobre o exame preventivo Realizar o exame
ACS Meacutedico e enfermeira
Janeiro2012
31
O agendamento das consultas e marcado para datas muito distantes o que geralmente faz com que a mulher esqueccedila
Comunicaccedilatildeo da data do exame com antecedecircncia
Elaborar uma forma de entrar em contato com a paciente cinco dias antes da consulta agendada
Diminuir o iacutendice de ausecircncia agraves consultas
ACS Novembro2011
Desconhecimento das mulheres sobre o exame preventivo e os cuidados preparativos para o exame
Orientaccedilatildeo das mulheres sobre o exame e os cuidados preparativos para o exame
Criar um informativo contendo as orientaccedilotildees sobre o exame e os cuidados para serem entregue as usuaacuterias no momento da visita do ACS para informaacute-las da data e horaacuterio da consulta
Orientar todas usuaacuterias
Enfermeiro ACS
Janeiro2011
Entrega de resultados dos preventivos sem alteraccediloespelos ACSrsquos
Entrega do resultado do exame
Agendar um dia na semana para a entrega dos resultados dos exames Todos os exames deveratildeo ser vistos pelo enfermeiro Aqueles que apresentarem alguma alteraccedilatildeo a paciente deve ser encaminhada ao meacutedico Teacutecnico de Enfermagem Enfermeiro
Orientar as usuaacuterias
Os exames com resultados normais seratildeo entregues pelo teacutecnico de enfermagem Aqueles que apresentarem alguma alteraccedilatildeo seratildeo entregues pelo enfermeiro que deveraacute fazer os devidos encaminhamentos quando necessaacuterios
Dezembro2011
Entrega dos resultados de exames com alteraccedilotildees apoacutes consultas de retorno agendadas para usuaacuterias
Orientaccedilatildeo encaminhamento e acompanhamento da usuaacuteria
Visita domicilar Consulta de enfermagemconsulta meacutedica
Avaliar o estado de sauacutede da mulher Acompanhamento e orientaccedilotildees
Meacutedico e enfermeira Janeiro2012
Monitoramento e acompanhamento
- Agendamentos anuais - Elaboraccedilatildeo um arquivo rotativo - Estabelecimento de Indicadores de acompanhamento e
- Controlar a marcaccedilatildeo de consulta no intervalo de trecircs anos se apoacutes dois anos consecutivos de coleta os resultados forem negativos para
Monitorar o exame preventivo Acompanhar o estado de sauacutede das mulheres pela
Enfermeira e Teacutecnico de enfermagem
Novembro2011
32
avaliaccedilatildeo das accedilotildees votadas agrave sauacutede da mulher pela equipe de sauacutede
displasia ou neoplasia - Fazer a busca das usuaacuterias faltosas aos exames e consultas
equipe
Falta de interesse e conscientizaccedilatildeo em relaccedilatildeo agrave importacircncia do exame preventivo
Atendimento de Grupos Retomar o grupo de mulheres onde seratildeo abordados temas relativos agrave sauacutede da mulher Realizar orientaccedilotildees por meio de palestras nos grupos operativos
Conscientizar as mulheres sobre a importacircncia da realizaccedilatildeo do exame
Equipe de Sauacutede Fevereiro2012
Consulta eacute marcada com um meacutedico do sexo masculino
Agendamento com o enfermeiro quando possiacutevel
Reforccedilar com a paciente que durante a consulta estaraacute presente uma Auxiliar de Enfermagem
Diminuir a evasatildeo do exame prevenccedilatildeo Diminuir a resistecircncia ao atendimento masculino
Disponibilizar uma auxiliar ou teacutecnica de enfemagem para acompanhar o meacutedico durante o exame
Dezembro2011
Falta disponibilidade de horaacuterios mais flexiacuteveis pois haacute concentraccedilatildeo de horaacuterio pela manhatilde
Adequaccedilatildeo da Agenda Alteraccedilotildees na agenda com horaacuterios para adequar agraves necessidades dos usuaacuterios
Marcar os exames preventivos para o horaacuterio da tarde
Enfermeira e meacutedico Janeiro2012
33
6 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
A poliacutetica da sauacutede tem como principal objetivo promover mudanccedilas no intuito
de melhorar o niacutevel da sauacutede da populaccedilatildeo Diante dos resultados apurados nesse
estudo percebe-se a necessidade das intervenccedilotildees a serem efetuadas no Centro de
Sauacutede Felicidade II visando melhorar o iacutendice de cobertura dos exames
preventivos
Assim a realidade percebida no Centro de Sauacutede Felicidade II eacute que o
desempenho da equipe exerce grande impacto no desenvolvimento das accedilotildees
alcanccedilando dessa forma o objetivo de contribuir com o aprimoramento e a
consolidaccedilatildeo da assistecircncia agrave sauacutede da populaccedilatildeo
Como problemas levantados em relaccedilatildeo a baixa cobertura da prevenccedilatildeo do
cacircncer do colo do uacutetero identificamos as seguintes o ACS sentir inseguro para
orientar agraves mulheres em relaccedilatildeo aos cuidados para realizar o exame preventivo a
falta de capacitaccedilatildeo teacutecnica para o enfermeiro realizar o exame de Papanicolaou
consultas agendadas para datas muito distantes fazendo com que a mulher se
esqueccedila do diadesconhecimento das mulheres sobre o exame preventivo e os
cuidados preparativos para o mesmo falta de interesse e conscientizaccedilatildeo em
relaccedilatildeo agrave importacircncia do exame preventivo por parte das usuaacuteriaspudor da mulher
diante do profissional de sexo masculino e falta de disponibilidade de horaacuterios mais
flexiacuteveis com concentraccedilatildeo das consultas no horaacuterio da manhatilde
A partir dos problemas levantados foram propostas as atividades accedilotildees
metas e os responsaacuteveis pelas atividades no sentido de ampliar a cobertura das
mulheres por meio da participaccedilatildeo de toda a equipe de sauacutede Desse modo foi
muito importante tambeacutem a elaboraccedilatildeo das estrateacutegias para que o nuacutemero de
usuaacuterias seja aumentado Neste sentido destaca-se o papel do enfermeiro como
parte integrante da equipe de sauacutede e que desempenha um importante papel na
promoccedilatildeo da prevenccedilatildeo educaccedilatildeo e melhorias constantes nos serviccedilos oferecidos
agrave populaccedilatildeo
Nesta direccedilatildeo o Centro de Sauacutede Felicidade II deve se preocupar com a
capacitaccedilatildeo de seus funcionaacuterios com a organizaccedilatildeo do processo de trabalho das
equipes bem com um investimento maior nas accedilotildees de promoccedilatildeo e prevenccedilatildeo da
saude conforme abordado neste estudo
34
Desse modo cabe a todos os profissionais atuar mais na prevenccedilatildeo
promoccedilatildeo e recuperaccedilatildeo por meio de praacuteticas educativas promovendo campanhas
palestras sobre a sauacutede da mulher fornecendo orientaccedilotildees durante as consultas
para que se possa reverter o quadro de baixo iacutendice de cobertura no exame
preventivo de cacircncer do colo do uacutetero alcance assim a cobertura preconizada pela
Secretaacuteria de Sauacutede o que vai refletir na melhoria da assistecircncia a sauacutede agrave mulher
35
REFEREcircNCIAS ALBUQUERQUE KM et al Cobertura do Teste de Papanicolau e Fatores associados agrave Natildeo-Realizaccedilatildeo um olhar sobre o Programa de Prevenccedilatildeo do Cacircncer do Colo do Uacutetero em Pernambuco Brasil Caderno de Sauacutede Puacuteblica v 25 supl 2 Rio de Janeiro 2009 Disponiacutevel em lthttpwwwscielosporgscielophpscript=sci_arttextamppid=S0102-311X2009001400012gt Acesso em 6 nov 2010 BELO HORIZONTE Secretaria Municipal de Sauacutede Prevenccedilatildeo e Controle do Cacircncer do Colo de Uacutetero Belo Horizonte 2008 BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede O Programa Sauacutede da Famiacutelia e a Atenccedilatildeo Baacutesica no Brasil Brasiacutelia 2002 Disponiacutevel em lthttpwwwccssaudegovbrsaudebatea portamostravirtualpublicacoespsf_atencaobasicapdfgt Acesso em 01 abr 2010 CEacuteSAR JA et al Fatores Associados agrave natildeo Realizaccedilatildeo de Exame Citopatoloacutegico de Colo Uterino no Extremo Sul do Brasil Caderno de Sauacutede Puacuteblica Rio de Janeiro v19n5 p1365-1372 setout 2003 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrpdf0Dcspv19n517808pdfgt Acesso em 16 jul 2010 CORREcircA DA D VILLELA WV O Controle do Cacircncer do Colo do Uacutetero desafios para implementaccedilatildeo de accedilotildees programaacuteticas no Amazonas Brasil Rev bras sauacutede matern infantil v8 n4p491-497 outdez 2008 DIAS-DA-COSTA J S et al Cobertura do Exame Citopatoloacutegico na Cidade de Pelotas Rio Grande do Sul Brasil Caderno de Sauacutede Puacuteblica Rio de Janeiro v19 n1 p191-197 janfev 2003 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrpdfcspv19n114919pdfgt Acesso em 16 jul 2010 DOMINGOS ACP et al Cacircncer do Colo do Uacutetero comportamento preventivo de auto-cuidado agrave sauacutede Revista Ciecircncia Cuidado e Sauacutede 6 (Suplem 2) p 397-403 2007 Disponiacutevel em lthttpperiodicosuembrojsindexphpCiencCuidSaudearticleviewFile53373385gt Acesso em 5 nov 2010 HACKENHAAR AAC JURACI A DOMINGUES MR Exame Citopatoloacutegico de Colo Uterino em Mulheres com Idade entre 20 e 59 anos em Pelotas RS prevalecircncia foco e fatores associados agrave sua natildeo realizaccedilatildeo Revista Brasileira de EpidemiologiaSatildeo Paulo v9n1 Mar 2006 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S1415-790X2006000100013gt Acesso em 16 jul 2010 MONTEMOR EBL et al Controle do Cacircncer de Colo de Uacutetero o exame citopatoloacutegico In LOPES MHBde M (org) Enfermagem na Sauacutede da Mulher Goiacircnia AB 2006 p 45-65 NAKAGAWA JTT SCHIRMER J BARBIERI M Viacuterua HPV e Cacircncer de Colo de Uacutetero Revista Brasileira de Enfermagem v 63 n 2 Brasiacutelia marabri 2010
36
Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S0034-71672010000200021gt Acesso em 6 nov 2010 NARCHI NZ JANICAS Rde CS V FERNANDES RAacuteQ Prevenccedilatildeo e Controle do Cacircncer Ceacutervico-Uterino In FERNANDES RAacuteQ NARCHI NZ Enfermagem e Sauacutede da Mulher Barueri SP Manole 2007 p 127-149 NUacuteCLEO DE EDUCACcedilAtildeO EM SAUacuteDE COLETIVA ndash NESCON Faculdade de Medicina ndash UFMG Belo Horizonte Disponiacutevel em lthttpwwwnesconmedicinaufmgbrgt Acesso em 12 dez 2009 PINTO CAG COELHO IB BH Vida pensando a implantaccedilatildeo da Estrateacutegia de Sauacutede da Famiacutelia na cidade de Belo Horizonte passados 10 anos lthttpxayimgcomkqgroups15983109953140003nameImplantacao+do+BH+VIDA+-+Carlos+Gama+e+Ivan+Coelho5B15Dpdf gt Acesso em 01 mar 2011 RODRIGUES NETO JF FIGUEIREDO MFS SIQUEIRA LG Exame Citopatoloacutegico do Colo do Uacutetero fatores associados a natildeo realizaccedilatildeo em ESF Revista Eletrocircnica de Enfermagem 10 (3) 610-21 2008 Disponiacutevel em lthttpwwwfenufgbrrevistav10n3pdfv10n3a07pdfgt Acesso em 17 jul 2010 TAVARES SB do N et al Controle da Qualidade em Citopatologia Cervical revisatildeo de literatura Revista Brasileira de Cancerologia 53(3) 355-364 2007 Disponiacutevel em lthttpwwwincagovbrrbcn_53v03pdfrevisao6pdfgt Acesso em 17 jul 2010 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA Regulamento de Orientaccedilatildeo Do Trabalho De Conclusatildeo De Curso Do Curso De Licenciatura Em Letras ndashPORTUGUEcircS-ESPANHOL Disponiacutevel em lt httpwwwuepgbruepg_departamentosdeletpdfREG20PORT20ESPANHOLpdf gt Acesso em 23 set 2011 ZEFERINO L Prevenccedilatildeo e Controle do Cacircncer Ceacutervico-Uterino In LOPES MHB de M (org) Enfermagem na Sauacutede da Mulher Goiacircnia AB p 67-80 2006
FERNANDA BELIZARIO DOS SANTOS INNECCO
EXAME CITOLOacuteGICO ndash AMPLIACcedilAtildeO DA COBERTURA NO CENTRO DE SAUDE FELICIDADE II EM BELO HORIZONTE MG
Trabalho de conclusatildeo de curso apresentado ao Curso de Especializaccedilatildeo em Atenccedilatildeo Baacutesica em Sauacutede da Famiacutelia da Universidade Federal de Minas Gerais para obtenccedilatildeo do certificado de Especialista Orientadora Profa Dra Suelene Coelho
Banca Examinadora
Profa Dra Suelene Coelho ndash Orientadora Profa Eulita Maria Barcelos
Aprovada em Belo Horizonte 17092011
Ao meu marido pelo amor
dedicaccedilatildeo e incentivo
AGRADECIMENTOS
Primeiramente a Deus pelo dom da vida
Ao meu marido pela confianccedila amor e companheirismo nessa importante
etapa de minha vida
Aos meus pais pelo amor incondicional e incentivo
Aos professores pelos ensinamentos em especial agrave professora Suelene
pela dedicaccedilatildeo ensinamentos e sabedoria
Aos colegas pelo companheirismo durante este percurso em que estivemos
juntos
ldquoO saber a gente aprende com os mestres e os livros
A sabedoria se aprende eacute com a vida e com os humildesrdquo
Cora Coralina
RESUMO
O objetivo principal deste estudo foi elaborar um plano de accedilatildeo para ampliar a cobertura do exame colpocitoloacutegico no Centro de Sauacutede Felicidade II da Secretaria Municipal de Sauacutede de Belo Horizonte MG promovendo assim a melhoria das condiccedilotildees de vida e sauacutede das mulheres A metodologia utilizada se baseou na revisatildeo de literatura do tipo narrativa Ao final do estudo foi apresentado um plano de accedilatildeo pois diante dos resultados apurados percebeu-se a necessidade das intervenccedilotildees a serem efetuadas no Centro de Sauacutede Felicidade II visando melhorar o iacutendice de cobertura dos exames preventivos Sabe-se que a poliacutetica da sauacutede tem como principal objetivo promover mudanccedilas no intuito de melhorar o niacutevel da sauacutede da populaccedilatildeo A realidade percebida no Centro de Sauacutede Felicidade II eacute que o desempenho da equipe exerce grande impacto no desenvolvimento das accedilotildees alcanccedilando dessa forma o objetivo de contribuir com o aprimoramento e a consolidaccedilatildeo da assistecircncia agrave sauacutede da populaccedilatildeo em especial a cobertura da populaccedilatildeo feminina na prevenccedilatildeo do cacircncer cervico-uterino
Palavras-chave Sauacutede Prevenccedilatildeo Cacircncer do Colo do Uacutetero
ABSTRACT
The main purpose of this study was to elaborate an action plan to expand the coverage of colpocytological examination at the Center for Health Felicidade II of Municipal Secretary of Health of Belo Horizonte MG thus promoting the improvement of living conditions and health of women The methodology used was based on a review of the literature about the narrative At the end of the study was presented an action plan because of the key results before it was noticed the need for interventions to be made at the Center for Health Felicidade II to improve the coverage of preventive exams It is known that health policy has as main objective to promote changes in order to improve the level of population health The perceived reality at the Center for Health Felicidade II is that the teams performance has great impact on the development of actions achieving in this way the objective of contributing to the improvement and consolidation of health care to the population in particular the coverage of the female population in prevention of uterine cervical cancer Keywords Health Prevention Cervical Cancer
LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS
ACS Agente Comunitaacuterio de Sauacutede
Aids Acquired Immunodeficiency Syndrome
CCU Cacircncer do Colo do Uacutetero
DST Doenccedila Sexualmente Transmissiacutevel
HPV Human Papiloma Viacuterus
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica
INCA Instituto Nacional de Cacircncer
Km Quilometro
NESCON Nuacutecleo de Educaccedilatildeo em Sauacutede Coletiva
OMS Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede
p paacutegina
PAISM Programa de Assistecircncia Integral agrave Sauacutede da Mulher
PSF Programa de Sauacutede da Famiacutelia
SUS Sistema Uacutenico de Sauacutede
TCC Trabalho de Conclusatildeo de Curso
UBS Unidade Baacutesica de Sauacutede UPA Unidade de Pronto Atendimento
USF Unidade de Sauacutede da Famiacutelia
SUMAacuteRIO
1 INTRODUCcedilAtildeO 10 2 OBJETIVOS 15 21 Objetivo geral 15 22 Objetivos especiacuteficos 15 3 METODOLOGIA 16 4 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO 17 41 A promoccedilatildeo da sauacutede das mulheres 17 42 A prevenccedilatildeo do cacircncer do colo do uacutetero 17 43 Contexto histoacuterico da citologia oncoacutetica 23 44 Conceitos e caracteriacutesticas do exame de prevenccedilatildeo do cacircncer 25 45 O cacircncer do colo do uacutetero 25 5 PLANO DE ACcedilAtildeO PARA A AMPLIACcedilAtildeO DA COBERTURA DO EXAME COLPOCITOLOacuteGICO NO CENTRO DE SAUacuteDE FELICIDADE II 30 6 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS 34 REFEREcircNCIAS 35
10
1 INTRODUCcedilAtildeO
O Curso de Especializaccedilatildeo em Atenccedilatildeo Baacutesica em Sauacutede da Famiacutelia eacute
oferecido pelo Nescon aos profissionais de sauacutede das prefeituras municipais do
estado de Minas Gerais na perspectiva de que cumpra seu importante papel na
consolidaccedilatildeo da estrateacutegia e no desenvolvimento de um Sistema Uacutenico de Sauacutede
universal e com maior grau de equumlidade (NESCON 2009)
O Nescon oacutergatildeo complementar da Faculdade de Medicina da Universidade
Federal de Minas Gerais vem se caracterizando como uma das instacircncias de
cooperaccedilatildeo mais atuantes na organizaccedilatildeo de serviccedilos de sauacutede no Brasil Desde
sua criaccedilatildeo em 1983 e reativaccedilatildeo em 1986 o Nescon tem acumulado experiecircncias
que o capacitaram institucionalmente para atividades de pesquisa assessoria e
formaccedilatildeo de recursos humanos (NESCON 2009)
No art 3 do Capiacutetulo I - Da Conceituaccedilatildeo e Objetivos do Regulamento de
Orientaccedilatildeo do Trabalho de Conclusatildeo de Curso do Curso de Licenciatura em Letras
ndash Portuguecircs-Espanhol da Universidade Estadual de Ponta (2010) define que ldquoO
Trabalho de Conclusatildeo de Curso (TCC) constitui uma atividade acadecircmica de
pesquisa e sistematizaccedilatildeo do conhecimento sobre um objeto de estudo pertinente agrave
profissatildeo do licenciado e agrave realidade social em suas diferentes expressotildeesrdquo Ele eacute
desenvolvido mediante controle orientaccedilatildeo e avaliaccedilatildeo docente cuja exigecircncia eacute
um requisito essencial para o crescimento pessoal e profissional do aluno uma vez
que possibilita integrar os conhecimentos acumulados durante o curso
(UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA - 2010)
Neste sentido a motivaccedilatildeo para desenvolver este estudo surgiu da
necessidade de ampliar a cobertura de exame colpocitoloacutegico agraves mulheres
pertencentes agrave aacuterea de abrangecircncia do Centro de Sauacutede Felicidade II A
identificaccedilatildeo do baixo acesso das mulheres a esta modalidade de exame foi
percebida graccedilas agrave realizaccedilatildeo da atividade de coleta de dados realizada por ocasiatildeo
do desenvolvimento do Moacutedulo Sauacutede da Mulher do Curso de Especializaccedilatildeo em
Atenccedilatildeo Baacutesica em Sauacutede da Famiacutelia Esta atividade consistia no levantamento da
cobertura do exame citoloacutegico aplicado agraves mulheres em idade feacutertil da aacuterea de
abrangecircncia do Centro de Sauacutede em que atuo como enfermeira A anaacutelise dos
dados apontou que o nuacutemero de exames realizados no referido Centro de Sauacutede
11
natildeo atingia a cobertura preconizada pela Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede (OMS) que
eacute de 85 das mulheres adscritas na aacuterea de abrangecircncia da equipe
Apoacutes a coleta e anaacutelise dos dados para a apresentaccedilatildeo da atividade referente
ao Moacutedulo Sauacutede da Mulher deparei-me coma seguinte situaccedilatildeo no ano de 2008
foram realizados 507 exames preventivos do cacircncer de colo do uacutetero o que
correspondia a 1878 de cobertura e no periacuteodo de setembro2009 a setembro de
2010 foram realizados 583 exames preventivos correspondendo a 2159 de
cobertura Considerou-se como fonte de registro do exame citoloacutegico o livro do
consultoacuterio ginecoloacutegico no periacuteodo total de um ano
A anaacutelise da cobertura foi feita com base no total de mulheres entre 19 e 59
anos (aproximadamente 2700 mulheres) de um total aproximado de 9000
moradores O valor da cobertura populacional encontrado estaacute muito abaixo do
preconizado pela OMS para se atingir a meta de prevenccedilatildeo de morbimortalidade
por cacircncer do colo do uacutetero (BELO HORIZONTE 2008)
Contribuiacuteram tambeacutem para a escolha do tema deste trabalho a necessidade
de estudar e analisar as causas da deficiecircncia na cobertura e principalmente propor
accedilotildees com o intuito de atingir o objetivo preconizado pela OMS e referecircncia para a
Secretaria Municipal de Sauacutede de Belo Horizonte Outro fato que contribuiu tambeacutem
foi a anaacutelise da atenccedilatildeo primaacuteria agrave sauacutede realizada por ocasiatildeo das Oficinas de
Qualificaccedilatildeo da Atenccedilatildeo Primaacuteria agrave Sauacutede em Belo Horizonte (Plano Diretor da
Atenccedilatildeo Primaacuteria agrave SauacutedeSESMG) ministradas no Centro de Sauacutede
O Centro de Sauacutede surgiu em 26 de novembro de 2001 como um anexo do
Centro de Sauacutede Felicidade I em funccedilatildeo do aumento do nuacutemero de equipes de
sauacutede e o local natildeo comportou esse aumento Hoje em dia os dois Centros de
Sauacutede funcionam em unidades separadas onde cada uma possui uma estrutura
proacutepria e tem aacutereas de abrangecircncia diferentes o que divide as duas Unidades eacute o
coacuterrego Tamboril A aacuterea de abrangecircncia do Centro de Sauacutede Felicidade II tem uma
populaccedilatildeo de aproximadamente 9000 pessoas que se encontram em alta
vulnerabilidade social e assim como toda regiatildeo Norte estaacute classificada em risco
elevado e muito elevado O atendimento da populaccedilatildeo no Programa de Sauacutede da
Famiacutelia eacute coberto por trecircs equipes completas e constituiacutedas por meacutedico enfermeiro
dois auxiliares e quatro ACS (Agente Comunitaacuterio de Sauacutede)
12
O Centro de Sauacutede possui uma populaccedilatildeo de aproximadamente 9000
pessoas em sua aacuterea de abrangecircncia das quais 2700 satildeo mulheres com idade
entre 19 e 59 anos Estaacute localizado atualmente na Rua Pau Brasil 160 no bairro
Jardim Felicidade Distrito Sanitaacuterio Norte e funciona neste endereccedilo desde
novembro de 2006
O Distrito Sanitaacuterio Norte ocupa uma aacuterea de 3432 kmsup2 limitando-se com o
Municiacutepio de Santa Luzia e com os Distritos Sanitaacuterios de Venda Nova Pampulha e
Nordeste sendo sua sede localizada na Avenida Cristiano Machado 10657 Bairro
Planalto Abrange 47 bairros da regiatildeo Metropolitana de Belo Horizonte
Segundo o Censo do IBGE (2000) o Distrito Sanitaacuterio Norte possui uma
populaccedilatildeo de 193764 habitantes compondo um quadro de grandes contrastes
Possui de um lado bairros com razoaacutevel infra-estrutura urbana e poder aquisitivo da
populaccedilatildeo como por exemplo Campo Alegre Helioacutepolis Planalto Floramar e de
outro bairros vilas e assentamentos que oferecem condiccedilotildees inadequadas de
habitaccedilatildeo como Mariquinhas Zilah de Souza Spoacutesito Novo Aaratildeo Reis e o
Conjunto Jardim Felicidade que contam com uma infra-estrutura urbaniacutestica
precaacuteria
Os serviccedilos de atenccedilatildeo baacutesica agrave sauacutede do Distrito Norte satildeo realizados em
suas 19 unidades de sauacutede com funcionamento de 2ordf a 6ordf feira de 0700 agraves 1900
horas no geral sendo o atendimento de urgecircncia realizado na UPA Norte (Unidade
de Pronto Atendimento Norte) com funcionamento diaacuterio de 24 horas Contam ainda
com atendimento de sauacutede mental em 06 unidades
No Brasil o Programa de Sauacutede da Famiacutelia (PSF) iniciou-se em 1994 como
resultado do avanccedilo do Sistema Uacutenico de Sauacutede Este programa aumentou
significativamente ao longo da uacuteltima deacutecada oferecendo um novo modelo de
cuidado agrave sauacutede capaz de melhorar a qualidade de vida da populaccedilatildeo por meio de
novas poliacuteticas e organizaccedilatildeo dos serviccedilos O PSF representa uma maneira de levar
a sauacutede para mais perto das famiacutelias De acordo com o Ministeacuterio da Sauacutede
O programa de Sauacutede da Famiacutelia eacute uma proposta concreta na mudanccedila do modelo assistencial tradicional capaz de romper com o comportamento passivo das unidades baacutesicas de sauacutede O programa prioriza as accedilotildees de prevenccedilatildeo de doenccedilas e a promoccedilatildeo da sauacutede junto agrave comunidade estabelece uma relaccedilatildeo permanente entre os profissionais de sauacutede e a populaccedilatildeo assistida marcada por um atendimento humanizado e resolutivo dos problemas de sauacutede mais frequumlentes (BRASIL 2002 p 5)
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Segundo Pinto e Coelho (2011) a Secretaria Municipal de Sauacutede de Belo
Horizonte aderiu ao Programa Sauacutede da Famiacutelia em maio de 2000 O projeto foi
implantado dando prioridade agraves aacutereas onde a populaccedilatildeo estava exposta e a
implantaccedilatildeo comeccedilou pelos Centros de Sauacutede com populaccedilatildeo de muito elevado
risco e foi se estendendo gradativamente para as populaccedilotildees de elevado risco e
meacutedio risco De laacute ateacute os dias atuais ficou evidente a importacircncia da mobilizaccedilatildeo
social para manutenccedilatildeo das equipes e com isso o projeto jaacute natildeo pertencia mais ao
governo pois foi incorporado pela cidade de Belo Horizonte como direito
De acordo com os autores passados mais de 10 anos o programa continua e
o nuacutemero de equipes de sauacutede da famiacutelia alcanccedilou as 506 equipes planejadas em
2001 mas isso natildeo se deveu agrave cobertura da populaccedilatildeo de baixo risco e sim ao
crescimento populacional
Os agentes comunitaacuterios de sauacutede fazem cerca de 2900000 visitas
domiciliares por ano O nuacutemero de consultas meacutedicas realizadas pelas equipes de
Sauacutede da Famiacutelia foi de 1899347 em 2002 (ano de implantaccedilatildeo das equipes) e de
2203257 em 2004 Em marccedilo de 2010 apenas 3 das equipes de Sauacutede da
Famiacutelia estavam desfalcadas de meacutedico generalista e mais da metade dos meacutedicos
de sauacutede da famiacutelia tinham mais de 5 anos de trabalho na Prefeitura de Belo
Horizonte (PINTO e COELHO 2011)
O exame de citologia oncoacutetica tambeacutem conhecido como Papanicolaou ou
preventivo foi introduzido na atenccedilatildeo baacutesica na deacutecada de 1970 Em Belo Horizonte
por meio da Secretaria Municipal de Sauacutede criou um protocolo o qual eacute um
instrumento que estabelece normas para intervenccedilotildees teacutecnicas o qual uniformiza e
atualiza conceitos e condutas referentes ao processo assistencial na rede de
serviccedilos Um desses protocolos aborda especificamente o controle e prevenccedilatildeo do
cacircncer de colo de uacutetero (BELO HORIZONTE 2008)
A colpocitologia oncoacutetica eacute utilizada principalmente para determinar o risco de
uma mulher vir a desenvolver o cacircncer de colo do uacutetero natildeo se tratando somente de
uma maneira de diagnosticar a doenccedila Ele eacute essencial tambeacutem para determinar
outras condiccedilotildees de sauacutede como niacutevel hormonal doenccedilas da vulva do canal
vaginal do acircnus das mamas entre outros O exame deve ser realizado
prioritariamente em mulheres de 25 a 59 anos de idade com intervalo de trecircs em
trecircs anos se os dois primeiros exames realizados a cada ano forem normais Toda
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mulher que tem ou jaacute teve atividade sexual deve submeter-se ao exame preventivo
ateacute os 69 anos de idade (BELO HORIZONTE 2008)
Destaca-se ainda que a importacircncia do exame consiste no fato de que eacute
nessa oportunidade que o profissional avalia a sauacutede sexual e reprodutiva da
mulher pois tais fatores raramente satildeo considerados durante uma consulta cliacutenica
geral Ressalta-se tambeacutem que o acesso das mulheres ao exame colpocitoloacutegico faz parte da garantia de direitos legalmente constituiacutedos com a ampliaccedilatildeo dos
serviccedilos de promoccedilatildeo prevenccedilatildeo e assistecircncia ao cacircncer de colo de uacutetero
Espera-se que este estudo possa contribuir para a humanizaccedilatildeo da atenccedilatildeo agrave
sauacutede da mulher proporcionando um olhar mais amplo e integral sobre o estado de
sauacutede das mulheres e seus determinantes sociais Para tal buscar-se-aacute sensibilizar
a equipe do Centro de Sauacutede Felicidade II quanto agrave importacircncia da assistecircncia
integral agrave sauacutede da mulher promover a educaccedilatildeo em sauacutede para as usuaacuterias quanto
agrave importacircncia de realizar o exame preventivo de cacircncer de colo do uacutetero expandir a
agenda de consultas de assistecircncia agrave mulher garantindo aumento da cobertura de
exames preventivos e proporcionar educaccedilatildeo permanente agrave toda a equipe em
especial os ACS para uma abordagem humanizada eficaz e efetiva das usuaacuterias
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2 OBJETIVOS
21 Geral Elaborar um plano de accedilatildeo para ampliar a cobertura do exame colpocitoloacutegico
no Centro de Sauacutede Felicidade II da Secretaria Municipal de Sauacutede de Belo
Horizonte MG promovendo assim a melhoria das condiccedilotildees de vida e sauacutede das
mulheres
22 Especiacutefico
Realizar uma revisatildeo de literatura sobre a promoccedilatildeo da sauacutede das mulheres
dando ecircnfase agrave prevenccedilatildeo do cacircncer do colo do uacutetero no sentido de subsidiar o
plano de accedilatildeo
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3 METODOLOGIA
Trata-se de um estudo bibliograacutefico tipo revisatildeo narrativa com natureza
compreensiva do tema proposto realizada por meio da consultas a livros e artigos
em revistas cientiacuteficas do acervo de bibliotecas e base de dados virtuais no sentido
de subsidiar a elaboraccedilatildeo de um plano de accedilatildeo para o Centro de Sauacutede Felicidade
II buscando ampliar a cobertura do exame de Papanicolaou
A busca foi efetuada nas bases de dados SCIELO (Scientific Electronic
Library Online) MEDLINE(Medical Literature Analysis and Retrieval System Online -
Sistema Online de Busca e Anaacutelise de Literatura Meacutedica) LILACS (Literatura Latino-
americana em ciecircncia da Sauacutede) e outras Foram utilizados os descritores ldquosauacutede
das mulheresrdquo ldquocacircncerrdquo ldquocacircncer do colo do uacuteterordquo ldquocitologia oncoacuteticardquo e
ldquoprevenccedilatildeordquo
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4 APRESENTACcedilAtildeO DOS RESULTADOS
41 A promoccedilatildeo da sauacutede das mulheres
Correcirca e Villela (2008) relatam que foi nas primeiras deacutecadas do seacuteculo XX
que o Brasil passou a incorporar a questatildeo da sauacutede da mulher nas poliacuteticas
nacionais cujo enfoque estava em prestar assistecircncia aos filhos das mulheres que
natildeo tinham acesso aos serviccedilos de sauacutede constituindo a atenccedilatildeo preacute-natal como
uacutenica accedilatildeo de caraacuteter universalista com relaccedilatildeo agrave sauacutede da mulher
Com as mudanccedilas na condiccedilatildeo social das mulheres ocorridas ao longo da segunda metade do seacuteculo XX as propostas de atenccedilatildeo materno-infantil mostram-se insuficientes Em 1984 eacute proposto pelo Ministeacuterio da Sauacutede o Programa de Assistecircncia Integral agrave Sauacutede da Mulher (PAISM) visando agrave extensatildeo das accedilotildees baacutesicas em sauacutede da mulher e incluindo entre outras atividades preventivas e de diagnoacutestico do cacircncer do colo do uacutetero e mamaacuterio A assistecircncia integral envolvia o atendimento de todas as necessidades da populaccedilatildeo feminina enfatizando as accedilotildees dirigidas ao controle das patologias mais prevalentes incluindo accedilotildees educativas Poreacutem a implementaccedilatildeo efetiva do Programa natildeo aconteceu como desejado ficando as atividades nos serviccedilos de sauacutede bastante focalizadas nas demandas relativas agrave contracepccedilatildeo acompanhamento da gravidez e ao parto A prevenccedilatildeo e controle do cacircncer ginecoloacutegico continuaram em segundo plano (CORREcircA e VILLELA 2008p1)
Domingos et al (2008 p 1) afirmam que ldquopor meio da promoccedilatildeo da sauacutede
caracterizada como sendo promoccedilatildeo primaacuteria e detecccedilatildeo precoce das lesotildees
precursoras (exame de Papanicolaou) eacute possiacutevel reduzir a mortalidade e
incidecircnciardquo
Em 1997 foi implantado no Paranaacute o Programa de Prevenccedilatildeo do Cacircncer do Colo do Uacutetero que prioriza inicialmente o atendimento da faixa etaacuteria de 30 a 49 anos (a mais acometida pela doenccedila no Estado) atendendo na sequumlecircncia todas as faixas etaacuterias expostas ao risco O intervalo entre os exames para controle dos casos negativos eacute de trecircs anos (DOMINGOS et al 2008 p 1)
42 A prevenccedilatildeo do cacircncer do colo do uacutetero
Narchi Janicas e Fernandes (2007) ensinam que a prevenccedilatildeo do cacircncer
ceacutervico-uterino eacute realizada em dois planos a prevenccedilatildeo primaacuteria e a secundaacuteria Na
forma primaacuteria conforme os autores deve-se atentar para os fatores de risco
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evitaacuteveis e na atuaccedilatildeo do enfermeiro Jaacute na fase de prevenccedilatildeo secundaacuteria deve ser
feito o rastreamento captaccedilatildeo e identificar a vulnerabilidade do cacircncer
Domingos et al (2007) afirmam que a principal estrateacutegia para a prevenccedilatildeo
primaacuteria da doenccedila eacute o uso de preservativo (masculino ou feminino) durante as
relaccedilotildees sexuais visto que a infecccedilatildeo pelo viacuterus papiloma humano (HPV) estaacute
presente em 90 dos casos A prevenccedilatildeo secundaacuteria eacute realizada por meio do
exame preventivo (Papanicolaou) para a detecccedilatildeo precoce da doenccedila
Albuquerque et al (2007) afirmam que desde 1988 o Ministeacuterio da Sauacutede tem
como objetivo reduzir as taxas de morbimortalidade e com isso adota como norma
a recomendaccedilatildeo da Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede a qual propotildee que seja feito a
cada trecircs anos a realizaccedilatildeo do exame citoloacutegico do colo do uacutetero sendo dois
exames anuais consecutivos negativos para mulheres na faixa de idade de 25 a 59
anos ou que jaacute tenham atividade sexual
Iniciativas como o Programa Viva Mulher lanccedilado em 1996 e o desenvolvimento de campanhas nacionais sistemaacuteticas tecircm contribuiacutedo para o aumento da cobertura do exame no paiacutes Contudo verifica-se que as taxas de incidecircncia e de mortalidade ainda permanecem desafiando as medidas ateacute entatildeo adotadas sinalizando possiacuteveis deficiecircncias na oferta no acesso e na qualidade das referidas accedilotildees (ALBUQUERQUE et al 2007 p 1)
Nakagawa Schirmer e Barbieri (2007) relatam que a associaccedilatildeo do viacuterus
HPV com o cacircncer de colo de uacutetero comeccedilou em 1949 quando o patologista George
Papanicolaou introduziu o exame mais difundido no mundo para detectar a doenccedila
o exame que leva o seu proacuteprio nome ou seja Papanicolaou
De acordo com o desenvolvimento do carcinoma de colo de uacutetero Nakagawa
Schirmer e Barbieri (2007 p 1) afirmam que
Esse exame permitiu identificar mulheres com alteraccedilotildees celulares preacute-maligna possibilitando observar uma associaccedilatildeo da atividade sexual com o desenvolvimento do cacircncer de colo de uacutetero No entanto somente na deacutecada de 70 o conhecimento acerca da etiologia da doenccedila teve consideraacutevel avanccedilo Estudos constataram que tal associaccedilatildeo implicava na presenccedila de um agente etioloacutegico de transmissatildeo sexual Harold zur Hausen um infectologista alematildeo constatou que o Papiloma Viacuterus Humano (viacuterus HPV) poderia ser esse agente estabelecendo inicialmente a relaccedilatildeo do viacuterus com as verrugas e condilomas Somente anos mais tarde o viacuterus foi relacionado com o desenvolvimento do carcinoma de colo de uacutetero (NAKAGAWA SCHIRMER e BARBIERI 2007 p 1)
19
Os autores relatam que devido ao advento da clonagem molecular na deacutecada
de 90 e a utilizaccedilatildeo de tal tecnologia na replicaccedilatildeo do genoma do Papiloma Viacuterus
outros aspectos da infecccedilatildeo foram elucidados
Devido agrave discrepacircncia entre a alta frequumlecircncia de infecccedilotildees HPV em mulheres jovens sexualmente ativas e a ocorrecircncia relativamente baixa de lesotildees cervicais nas mesmas colocou-se em duacutevida a etiologia viral da doenccedila e concluiu-se que a infecccedilatildeo era causa necessaacuteria mas natildeo suficiente para o desenvolvimento da doenccedila uma vez que virtualmente somente uma fraccedilatildeo de mulheres portadoras do viacuterus a desenvolveria Estudos preacutevios jaacute sugeriam que um forte fator diferenciava a progressatildeo ou natildeo da doenccedila sugerindo que isto estaria relacionada aos diversos tipos do viacuterus HPV Estudos posteriores mostraram que a sua progressatildeo depende natildeo somente da presenccedila do viacuterus mas tambeacutem do tipo de viacuterus da persistecircncia da infecccedilatildeo e da evoluccedilatildeo das lesotildees precursoras para o carcinoma invasivo (NAKAGAWA SCHIRMER e BARBIERI 2007 p 1)
Segundo Narchi Janicas e Fernandes (2007) a prevenccedilatildeo primaacuteria do cacircncer
ceacutervico-uterino refere-se agrave reduccedilatildeo da exposiccedilatildeo aos fatores de risco como o iniacutecio
precoce da atividade sexual a multiplicidade de parceiros as doenccedilas sexualmente
transmissiacuteveis especialmente a infecccedilatildeo causada pelo HPV e multiparidade Aleacutem
disso outros fatores tecircm sido relacionados ao cacircncer ceacutervico-uterino em estudos
epidemioloacutegicos ainda natildeo conclusivos dentre eles o uso de anticoncepcional oral
as situaccedilotildees de imunossupressatildeo como diabete lupus corticoterapia e Aids o
tabagismo e a alimentaccedilatildeo pobre em folatos vitaminas A e C e betacaroteno
Atualmente considera-se fundamental a relaccedilatildeo entre o desenvolvimento do cacircncer ceacutervico-uterino e a transmissatildeo sexual HPV Nesse sentido a prevenccedilatildeo primaacuteria tem como foco a praacutetica de sexo seguro No entanto apesar da divulgaccedilatildeo da importacircncia do uso de preservativos para diminuiccedilatildeo potencial do risco de transmissatildeo do HPV observa-se que seu uso depende de uma serie de fatores como o conhecimento a respeito da doenccedila e suas formas de prevenccedilatildeo a percepccedilatildeo de risco de infecccedilatildeo as crenccedilas e valores culturais as iniquidades de gecircnero e como elas se revelam o grau de autonomia e poder de negociaccedilatildeo sexual nas relaccedilotildees afetivo-sexuais acesso ao serviccedilo de sauacutede e a oferta de preservativos (NARCHI JANICAS e FERNANDES 2007 p 129)
Ceacutesar et al (2003) afirmam que exames preventivos perioacutedicos permitem
reduzir em ateacute 70 a sua mortalidade na populaccedilatildeo de risco A faixa etaacuteria mais
acometida vai dos 25 aos 60 anos e o seu mais importante determinante eacute o
papilomaviacuterus humano De acordo com o Instituto Nacional de Cacircncer (INCA)
O Instituto Nacional de Cacircncer (INCA) recomenda o exame citopatoloacutegico para cacircncer de colo uterino a toda mulher com idade entre 20 e 60 anos e que possua vida sexual ativa Inicialmente o exame deve ser feito a cada trecircs anos Em caso de dois resultados negativos para displasia ou
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neoplasia um novo exame deveraacute ser repetido uma vez a cada trecircs anos (BRASIL 2002 apud CEacuteSAR et al 2003 p 1371)
Narchi Janicas e Fernandes (2007) afirmam que de modo contextual a
prevenccedilatildeo primaacuteria eacute realizada a partir identificaccedilatildeo da presenccedila de fatores de risco
com vistas a prevenir o surgimento da doenccedila Sabe-se que o cacircncer ceacutervico-uterino
haacute muito vem sendo associado ao baixo niacutevel socioeconocircmico tanto a exposiccedilatildeo
aos fatores de risco quanto especialmente pela desigualdade no acesso aos
serviccedilos de sauacutede Essas barreiras satildeo multidimensionais inserindo-se em um
contexto social amplo que a barca desde dificuldades geograacuteficas de informaccedilatildeo
familiares econocircmicas culturais religiosas e emocionais ateacute as relacionadas agraves
poliacuteticas de sauacutede Diante dessa constataccedilatildeo acredita-se que a anaacutelise dos
programas e a proposiccedilatildeo de estrateacutegias devam tambeacutem corresponder agrave amplitude
dos fatores intervenientes
De acordo com as autoras no que diz respeito agrave prevenccedilatildeo primaacuteria o
Programa de Sauacutede da Famiacutelia (PSF) tem importante papel na identificaccedilatildeo de
grupos de mulheres com perfil de risco para desenvolver o cacircncer ceacutervico-uterino e
com base nas necessidades levantadas implementar accedilotildees de intervenccedilatildeo no meio
ambiente e em seus fatores de risco De acordo com as autoras diversas
estrateacutegias podem reduzir os fatores de risco para cacircncer ceacutervico-uterino dentre as
quais destacam-se realizaccedilatildeo de grupos educativos que permitam a discussatildeo de
temas como sexualidade e gecircnero vulnerabilidade e prevenccedilatildeo as DST
planejamento familiar qualidade de vida e prevenccedilatildeo do cacircncer ginecoloacutegico entre
outros As autoras destacam tambeacutem a importacircncia mobilizaccedilatildeo das mulheres para
o autocuidado e a busca de melhor qualidade de vida (grupos de caminhada cultivo
de hortas caseiras por exemplo) valorizaccedilatildeo da integralidade na assistecircncia e no
estiacutemulo a uma participaccedilatildeo ativa das mulheres com atitudes assertivas em relaccedilatildeo
a sauacutede identificaccedilatildeo e minimizaccedilatildeo das dificuldades de acesso ao serviccedilo de
sauacutede sejam elas barreiras individuais e institucionais (NARCHI JANICAS e
FERNANDES 2007)
Ainda conforme as autoras aleacutem das atividades comunitaacuterias que podem ser
realizadas pela equipe de sauacutede da famiacutelia o enfermeiro tambeacutem pode instituir
grupos educativos de coleta ou de resultados da colpocitologia na unidade baacutesica de
sauacutede (UBS) ou na unidade de sauacutede da famiacutelia (USF) abordando temaacuteticas
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voltadas agrave sexualidade higiene iacutentima prevenccedilatildeo de DST prevenccedilatildeo do cacircncer
ginecoloacutegico e teacutecnica de coleta do exame As autoras afirmam que esses grupos
aleacutem de disponibilizarem um espaccedilo para a socializaccedilatildeo do conhecimento
possibilitam a integraccedilatildeo entre profissionais e pacientes e estimulam o
autoconhecimento do corpo e da sexualidade familiarizando a mulher ao ambiente e
ao exame e minimizando sentimentos negativos como o medo a vergonha o
nervosismo e o constrangimento que por vezes as impedem de aderir ao programa
Essa estrateacutegia seraacute possiacutevel agrave medida que o profissional estiver sensibilizado e
capacitado para implementaacute-la utilizando habilidades de aconselhamento e
abordagem empaacutetica (NARCHI JANICAS e FERNANDES 2007)
O enfermeiro deve ainda avaliar a presenccedila de fatores de risco na consulta
de enfermagem agrave mulher com vistas a realizar as intervenccedilotildees necessaacuterias e o
acompanhamento mais frequente Diante disso eacute recomendado que na consulta de
retorno para recebimento do laudo da colpocitologia seja realizado procedimento de
aconselhamento sobre DST e Aids antes de discutir o resultado e a conduta
No que diz respeito agrave prevenccedilatildeo secundaacuteria do cacircncer ceacutervico-uterino Narchi
Janicas e Fernandes (2007) afirmam que se deve realizar o exame citopatoloacutegico
para que seja feita a detecccedilatildeo do cacircncer in situ ou das lesotildees precursoras trataacuteveis
e curaacuteveis em ateacute 100 dos casos Para as autoras o acolhimento deveraacute ocorrer
em todas as fases da assistecircncia ou seja desde o primeiro contato com a mulher o
que pode ocorrer em seu domiciacutelio quanto no agendamento ao se verificar acerca
do aprazamento da colpocitologia Citam tambeacutem que esse exame tem sido
utilizado em programas de rastreamento do cacircncer ceacutervico-uterino em todo o mundo
(screening) para interromper o ciclo evolutivo da doenccedila detectando-a em fase preacute-
invasiva trataacutevel e curaacutevel Relatam ainda que os paiacuteses que desenvolveram o
programa tanto com identificaccedilatildeo efetiva da populaccedilatildeo de risco qualidade coleta e
na interpretaccedilatildeo dos resultados quanto com tratamento e acompanhamento
adequados dos casos de alto risco lograram reduccedilatildeo significativa na incidecircncia e na
mortalidade por essa patologia
Segundo a OMS para que um programa de rastreamento do cacircncer ceacutervico-
uterino cause impacto epidemioloacutegico eacute necessaacuterio realizar uma cobertura superior a
80 o que representaria um impacto de 50 na reduccedilatildeo da mortalidade por essa
doenccedila Entretanto nos paiacuteses em desenvolvimento como o Brasil a cobertura
22
desse teste ainda natildeo alcanccedilou niacuteveis suficientes e coerentes com as necessidades
da populaccedilatildeo feminina sob maior risco de contrair a doenccedila
Narchi Janicas e Fernandes (2007) relatam que no Brasil as accedilotildees de
intervenccedilatildeo e controle do cacircncer ceacutervico-uterino tecircm sido norteadas pela distribuiccedilatildeo
das lesotildees cervicais segundo as faixas etaacuterias de mulheres mais acometidas pela
doenccedila e pela periodicidade dos exames citopatoloacutegicos seguindo a loacutegica
epidemioloacutegica do risco e da relaccedilatildeo custobenefiacutecio que norteiam as intervenccedilotildees
em sauacutede publica Poreacutem por vaacuterios anos essa cobertura esteve descontextualiza
da no paiacutes de forma a disponibilizar a citopatologia apenas durante o preacute-natal natildeo
atingindo a populaccedilatildeo de mulheres da faixa etaacuteria de maior risco subutilizando os
equipamentos de sauacutede e tornando o programa ineficiente Conforme as autoras
vaacuterios estudos que investigaram os motivos que dificultam a captaccedilatildeo das mulheres
para a prevenccedilatildeo do cacircncer ginecoloacutegico ressaltam a amplitude do problema que
perpassa por diversas esferas assumindo aspecto multidimensional
Narchi Janicas e Fernandes (2007) ressaltam ainda que o modelo
contextual proposto por Pinho amp Franccedila-Junior analisa o acesso e a utilizaccedilatildeo dos
serviccedilos preventivos em trecircs planos individual organizacionalprogramaacutetico e social
dispostos em uma estrutura dinacircmica e relacional Esse modelo propotildee que a
realizaccedilatildeo da colpocitologia seja produto da interaccedilatildeo desses trecircs planos dos quais
emergem os elementos necessaacuterios para definir uma situaccedilatildeo de vulnerabilidade
individual programaacuteticaorganizacional e social do cacircncer ceacutervico-uterino Para as
autoras o plano individual representado por caracteriacutesticas relacionadas agrave
realizaccedilatildeo do exame definiraacute a vulnerabilidade individual da mulher a doenccedila A
vulnerabilidade eacute representada por um conjunto de fatores cognitivos relacionados a
real falta de conhecimento sobre a doenccedila e o exame o que contribui para a
reduccedilatildeo de praacuteticas sexuais seguras e de prevenccedilatildeo secundaacuteria Tal vulnerabilidade
individual pode ser criada e percebida pelas mulheres ou a elas imposta no
momento em que se enfatiza o risco da natildeo-realizaccedilatildeo da colpocitologia em vez da
ecircnfase ao benefiacutecio da accedilatildeo gerando ou reforccedilando sentimento de medo em
relaccedilatildeo ao cacircncer que pode provocar tanto um efeito propulsor que induz a mulher
para a realizaccedilatildeo do exame quanto um efeito mais restritivo ao exame pelo medo
de sentir dor ou de receber um resultado positivo concluem as autoras
23
No plano organizacional ou programaacutetico inserem-se as caracteriacutesticas
relacionadas agrave disponibilidade de serviccedilos de sauacutede em relaccedilatildeo agrave demanda e a sua
acessibilidade geograacutefica a organizaccedilatildeo e as necessidades da populaccedilatildeo usuaacuteria e
ao planejamento das accedilotildees efetivas na prevenccedilatildeo e na promoccedilatildeo a sauacutede sob a
forma de programas organizados de rastreamento do cacircncer cervical que primem
pelo respeito agrave autonomia individual e pela abordagem integral mulher (NARCHI
JANICAS e FERNANDES 2007)
Ainda segundo os autores um dos fatores que contribuem para a baixa
adesatildeo das mulheres ao programa eacute a falta de humanizaccedilatildeo na assistecircncia pois a
violecircncia institucional sofrida pelas mulheres durante a consulta ginecoloacutegica pode
ser traduzida pela humilhaccedilatildeo por constrangimento e pela forma fria e
despersonalizada com que satildeo atendidas sem serem esclarecidas quanto ao
resultado do exame ou por realizarem tratamentos por vaacuterios anos sem sequer
terem noccedilatildeo dos seus objetivos Isso submete a mulher a uma assistecircncia
medicalizada e indigna na qual se perde a oportunidade de investir em prevenccedilatildeo
primaacuteria (NARCHI JANICAS E FERNANDES 2007)
De acordo com Dias-da-Costa et al (2003) quando se fala acerca da sauacutede
puacuteblica eacute sabido que a efetividade do programa de controle do cacircncer de colo do
uacutetero depende da cobertura populacional alcanccedilada Poreacutem no Brasil a avaliaccedilatildeo
da efetividade de programas de prevenccedilatildeo e accedilotildees de sauacutede puacuteblica ainda eacute
considerada incipiente
43 Contexto histoacuterico da citologia oncoacutetica
Montemor et al (2008 p 45) relatam que na eacutepoca em que a citologia
ginecoloacutegica estava em desenvolvimento agrave ideacuteia preponderante entre os
ginecologistas era que sendo o colo uterino facilmente acessiacutevel agrave bioacutepsia dava-se
preferecircncia ao estudo histoloacutegico pois a citologia ainda carecia de credibilidade
diagnoacutestica
Os autores afirmam que foi Aureli Babes um patologista romeno em 1928
que sugeriu que fosse feita a coleta direta de material do colo uterino para o
diagnoacutestico do cacircncer sendo que o mesmo foi o primeiro pesquisador que
descreveu de forma minuciosa a teacutecnica de coleta utilizando a coloraccedilatildeo atraveacutes do
24
meacutetodo de Giemsa Entretanto ainda de acordo com os autores foi George
Nicholas Papanicolaou um grego nascido em 1883 em Kymi na ilha grega de
Euboea que se aprofundou nos estudos acerca da citologia ginecoloacutegica o qual em
1913 se fixou nos Eua como pesquisador do laboratoacuterio do Hospital de Nova Iorque
Segundo os autores Neste sentido os autores afirmam que
Papanicolaou quando estudava as alteraccedilotildees hormonais das ceacutelulas nas diferentes fases do ciclo menstrual observou que tambeacutem era possiacutevel o diagnoacutestico das ceacutelulas tumorais do colo uterino Em 1941 publicou no American Journal of Obstetrics and Gynecology em co-autoria com Traut um trabalho com o tiacutetulo de O valor diagnoacutestico dos esfregaccedilos vaginais no carcinoma do uacutetero Nessa publicaccedilatildeo mostra a possibilidade de fazer diagnoacutestico de carcinoma do colo uterino atraveacutes de ceacutelulas atiacutepicas presentes nos esfregaccedilos bem como enfatiza a necessidade de aplicar esse meacutetodo simples e de baixo custo a um grande nuacutemero de mulheres O meacutetodo de coloraccedilatildeo dos esfregaccedilos citoloacutegicos que leva o nome de ldquoColoraccedilatildeo de Papanicolaourdquo eacute ainda hoje largamente utilizado (MONTEMOR et al 2008 p 46)
Os autores relatam ainda que em meados de 1940 o J Ernest Ayre um
meacutedico canadense utilizou uma espaacutetula a qual leva o seu nome para obter
raspados do colo uterino possibilitando dessa forma uma maneira praacutetica e
eficiente de coleta de material para a realizaccedilatildeo de exames em grande escala
(MONTEMOR et al 2008) De acordo com Tavares et al (2007) o exame
citopatoloacutegico foi sugerido como uma ferramenta para a detecccedilatildeo precoce do cacircncer
do colo do uacutetero em 1941
Conforme Hackenhaar Ceacutesar e Domingues (2006) a prevenccedilatildeo considerada
como secundaacuteria do cacircncer do colo uterino tem se centralizado no rastreamento de
mulheres sexualmente ativas atraveacutes do exame citopatoloacutegico do colo uterino O
qual foi adotado para rastreamento na deacutecada de 50 em vaacuterios paiacuteses uma vez que
identifica lesotildees preacute-cancerosas que se tratadas minimizam a incidecircncia de
carcinoma invasor e com isso a mortalidade pelo cacircncer de colo uterino Segundo
os autores
Em 1998 o Ministeacuterio da Sauacutede do Brasil estabeleceu que o exame para a detecccedilatildeo precoce do cacircncer do colo uterino deveria ser realizado por mulheres com idade entre 25 e 60 anos ou antes desta faixa etaacuteria caso jaacute tivessem mantido relaccedilotildees sexuais Para estas mulheres a periodicidade deveria ser de trecircs em trecircs anos se os dois primeiros exames realizados a cada ano fossem normais Em 2002 ocorreu a fase de intensificaccedilatildeo da campanha que tinha por objetivo realizar exames nas mulheres de 35 a 49 anos que nunca haviam realizado este tipo de exame ou que o houvessem
25
realizado haacute mais de trecircs anos (HACKENHAAR CEacuteSAR e DOMINGUES 2006 p 1)
44 Conceitos e caracteriacutesticas do exame de prevenccedilatildeo do cacircncer
Conforme Montemor et al (2008) o exame citopatoloacutegico tambeacutem conhecido
como exame Papanicolaou ou ainda exame preventivo do cacircncer do colo do uacutetero
tem como objetivo a anaacutelise das ceacutelulas obtidas por raspagem do colo uterino
(ectoceacutervice e canal endocervical) com as quais eacute realizado esfregaccedilo sobre uma
lacircmina de vidro De acordo com os autores as caracteriacutesticas morfoloacutegicas das
ceacutelulas satildeo observadas ao microscoacutepio e quando alteradas ou seja quando estatildeo
diferentes daquelas consideradas normais sugerem tratar-se de processo preacute-
neoplaacutesico ou neoplaacutesico Os autores afirmam ainda que atualmente o exame
citopatoloacutegico eacute o meacutetodo de rastreamento para cacircncer do colo uterino mais utilizado
em todo o mundo
De acordo com Tavares (2007) o exame citopatoloacutegico eacute considerado um
meacutetodo eficiente pois tem a habilidade de identificar lesotildees precursoras do cacircncer
do colo do uacutetero que naquele momento satildeo trataacuteveis podendo resultar em
significante decreacutescimo da mortalidade por esse tipo de cacircncer
45 O cacircncer do colo do uacutetero
Segundo Zeferino (2008) o cacircncer do colo uterino tem sido um desafio para a
sauacutede puacuteblica na reduccedilatildeo de morte de mulheres por causa desse mal uma vez que
se trata de uma doenccedila que pode ser evitada por meio do diagnoacutestico e do
tratamento de suas lesotildees precursoras Neste sentido Narchi Janicas e Fernandes
(2007) concordam com Zeferino (2008) quando afirmam que o cacircncer chamado por
eles de cacircncer ceacutervico-uterino vem sendo alvo de atenccedilatildeo por parte da comunidade
cientiacutefica devido ocupar lugar de destaque no que diz respeito agraves elevadas taxas de
morbidade e mortalidade entre a populaccedilatildeo feminina principalmente em paiacuteses em
desenvolvimento uma vez que trata-se de um tipo de cacircncer que estaacute relacionado
ao perfil epidemioloacutegico das mulheres cuja frequecircncia dos fatores de risco e do grau
de implementaccedilatildeo de accedilotildees de curto e longo prazos em todos os niacuteveis de atenccedilatildeo
26
De acordo com Hackenhaar Ceacutesar e Domingues (2006 p1) ldquoo cacircncer do
colo uterino eacute um problema de sauacutede puacuteblica mundialrdquo Segundo os autores
Em 2000 havia uma estimativa de 468000 casos com 233000 mortes por este tipo de cacircncer em todo o mundo Destas mortes 80 ocorreriam nos paiacuteses em desenvolvimento No Brasil o cacircncer de colo uterino representa a segunda maior causa de morte por cacircncer entre as mulheres (HACKENHAAR CEacuteSAR e DOMINGUES 2006 p 1)
Por meio do controle perioacutedico utilizando-se o exame citoloacutegico eacute possiacutevel
reduzir sua incidecircncia pois dados da Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede (OMS)
afirmam que a cada ano surgem cerca de 500 mil novos casos de cacircncer do colo
uterino por ano no mundo todo sendo que mais de 400 mil ocorrem em paiacuteses em
desenvolvimento (ZEFERINO 2008) Este dado eacute confirmado por Ceacutesar et al
(2003) quando os autores afirmam que cerca de 80 dos casos de cacircncer de colo
uterino ocorrem nos paiacuteses pobres
Domingos et al (2007 p 1) explicam que ldquoo cacircncer de colo de uacutetero eacute uma
doenccedila de evoluccedilatildeo lenta levando em meacutedia 14 anos para sua evoluccedilatildeo total
Inicia-se com alteraccedilotildees miacutenimas nas ceacutelulas denominadas displasia e se natildeo
forem tratadas estas alteraccedilotildees evoluemrdquo De acordo com os autores
Com o desenvolvimento da doenccedila em meacutedia trecircs anos apoacutes a constataccedilatildeo das primeiras alteraccedilotildees celulares surge um tumor localizado chamado carcinoma in situ Este cacircncer desenvolve-se por mais seis anos invadindo a mucosa do uacutetero quando recebe o nome de carcinoma invasor Apoacutes 14 anos das primeiras alteraccedilotildees celulares o cacircncer atinge a forma mais grave com o aparecimento de metaacutestase espalhando-se assim por outras regiotildees do corpo (DOMINGOS et al 2007 p 1)
Conforme Rodrigues Neto Figueiredo e Siqueira (2008 p 1) o cacircncer tem
sido responsaacutevel por seis milhotildees de mortes por ano correspondendo a 12 das
mortes mundiais ldquoEstima-se a ocorrecircncia de mais de dez milhotildees de novos casos
de cacircncer por ano sendo que para o ano de 2020 espera-se que haja mais de 15
milhotildees de casos novosrdquo Para os autores
O cacircncer do colo do uacutetero (CCU) ocupa o 2ordm lugar na incidecircncia mundial de neoplasias estando atraacutes apenas do cacircncer de mama Por ano no mundo ocorrem cerca de 235 mil mortes devido ao CCU sendo 218 mil em paiacuteses considerados pobres ou emergentes(4) onde ocorre quase 60 dos casos novos de cacircncer ocupando um lugar de destaque nas taxas de morbimortalidade entre a populaccedilatildeo feminina Ressalta-se que na Ameacuterica Latina se encontram as mais altas taxas de incidecircncia desta doenccedila
27
representando uma das causas de oacutebito mais frequumlente entre as mulheres [] Natildeo considerando os carcinomas de pele natildeo melanoma o CCU eacute o mais incidente na Regiatildeo Norte (22100000) Jaacute nas regiotildees Sul (24100000) Centro-Oeste (19100000) e Nordeste (18100000) ocupa a segunda posiccedilatildeo e no Sudeste (18100000) a quarta posiccedilatildeo estando assim associado a regiotildees brasileiras de baixo niacutevel socioeconocircmico (RODRIGUES NETO FIGUEIREDO e SIQUEIRA 2008 p 1)
Dentre os fatores causadores e facilitadores desse tipo de cacircncer Ceacutesar et al
(2003) citam fatores reprodutivos maternos tais como iniacutecio precoce de atividade
sexual e comportamento sexual masculino baixo niacutevel socioeconocircmico muacuteltiplos
parceiros sexuais higiene sexual precaacuteria ocorrecircncia de abortos (particularmente os
induzidos) alcoolismo e tabagismo e uso de anticoncepcional oral Domingos et al
(2007 p 1) afirmam que ldquoo cacircncer do colo do uacutetero eacute um dos maiores problemas da
sauacutede da mulher em todo o mundo Estima-se que a cada ano ocorram no mundo
493000 novos casos da doenccedila e 274000 mortesrdquo
ldquoSegundo dados do Ministeacuterio da Sauacutede (MS) no ano de 2002 4091
mulheres morreram no Brasil vitimadas por este tipo de cacircncer Destas 297
ocorreram no Estado do Paranaacute na faixa etaacuteria de 30 a 49 anosrdquo (DOMINGOS et al
2007 p 1)
Zeferino (2008) relata que no Brasil o cacircncer do colo uterino eacute o terceiro mais
frequumlente o qual eacute superado apenas pelos cacircnceres de pele e de mama Trata-se
da quarta causa de oacutebito entre as mulheres superado apenas pelos cacircnceres de
mama do pulmatildeo e do coacutelon-reto No ano de 2003 foram registradas 4110 mortes
com cacircncer de colo uterino correspondendo a 7 do total dos oacutebitos devido a
cacircncer em mulheres De acordo com o autor
Cerca de 90 dos cacircnceres de colo uterino originaram-se de ceacutelulas escamosas sendo chamados de carcinomas escamosos ou carcinomas epidermoacuteides e outros 10 originaram-se de ceacutelulas glandulares sendo entatildeo chamados de adenocarcinomas Raramente podem aparecer os dois tipos de ceacutelulas e satildeo chamados carcinomas adenoescamosos Todavia tem sido observado que a proporccedilatildeo de adenocarcinoma do colo uterino tem aumentado nas uacuteltimas deacutecadas particularmente em mulheres jovens (BULK et al 2005 apud ZEFERINO 2008 p 68)
Segundo dados do INCA (2002 apud Ceacutesar et al 2003 p 1366) ldquono Brasil
o cacircncer de colo uterino eacute o segundo entre os tumores ginecoloacutegicos malignos e o
terceiro mais comum na populaccedilatildeo feminina Representa 10 de todos os cacircnceres
malignos em mulheresrdquo
28
De acordo com Albuquerque et al (2009) ldquoa infecccedilatildeo preacutevia pelo papiloma
viacuterus humano (HPV) tem sido apontada como o principal fator de risco para o cacircncer
de colo de uacuteterordquo Fatores como iniacutecio precoce da atividade sexual multiplicidade de
parceiros sexuais uso de contraceptivos orais tabagismo situaccedilatildeo conjugal e baixa
condiccedilatildeo soacutecio-econocircmica tecircm sido apontados como fatores de risco importantes
para o desenvolvimento dessa neoplasia
Narchi Janicas e Fernandes (2007) relatam que o cacircncer ceacutervico-uterino tem
sua origem a partir de uma lesatildeo intra-epitelial progressiva a qual pode evoluir para
um cacircncer invasivo dentro de um prazo em torno de 10 a 20 anos caso natildeo seja
oferecido tratamento
Conforme as autoras durante o periacuteodo de evoluccedilatildeo da doenccedila ela passa por
fases preacute-cliacutenicas detectaacuteveis e curaacuteveis lhe conferindo elevado potencial de
prevenccedilatildeo e cura Corresponde a cerca de 15 de todos os cacircnceres femininos
sendo o segundo tipo mais comum entre as mulheres Ainda na visatildeo das autoras a
mortalidade pelo cacircncer ceacutervico-uterino pode ser evitada devido agrave lenta evoluccedilatildeo da
doenccedila e devido aos recursos tecnoloacutegicos o diagnoacutestico e o tratamento oportunos
das lesotildees precursoras as quais satildeo curaacuteveis em ateacute 100 dos casos Entretanto
conforme as autoras mesmo o Brasil ter sido um dos primeiros paiacuteses a realizar os
exames de colpocitologia e colposcopia esse tipo de cacircncer ainda continua sendo
um seacuterio problema de sauacutede puacuteblica por manter uma das mais elevadas taxas de
oacutebito como pode ser verificado a seguir
No Brasil as accedilotildees de controle do cacircncer ginecoloacutegico iniciaram-se de forma programaacutetica em 1983 eacutepoca de implantaccedilatildeo do Programa de Assistecircncia Integral agrave Sauacutede da Mulher (PAISM) que representou uma ampliaccedilatildeo do foco de assistecircncia agrave mulher para aleacutem do ciclo graviacutedico-puerperal No entanto apesar das recomendaccedilotildees de implantaccedilatildeo ou ampliaccedilatildeo das atividades de diagnoacutestico do cacircncer ceacutervico-uterino e de educativas com vistas agrave prevenccedilatildeo da doenccedila por mais de uma deacutecada as accedilotildees de combate a essa doenccedila foram desenvolvidas no paiacutes de forma desarticulada por iniciativa de apenas alguns Estados e municiacutepios (NARCHI JANICAS e FERNANDES 2007 p 128)
Os autores pesquisados nesta revisatildeo narrativa serviram de subsiacutedios para a
elaboraccedilatildeo do plano de accedilatildeo apresentado no proacuteximo capiacutetulo cujo objetivo eacute
aumentar a cobertura do exame de prevenccedilatildeo do cacircncer do colo do uacutetero no Centro
de Sauacutede Felicidade II
29
5 PLANO DE ACcedilAtildeO PARA A AMPLIACcedilAtildeO DA COBERTURA DO EXAME COLPOCITOLOacuteGICO NO CENTRO DE SAUacuteDE FELICIDADE II
De acordo com a atividade realizada no Moacutedulo da Sauacutede da Mulher foram
constatados alguns problemas em relaccedilatildeo agrave cobertura do exame colpocitoloacutegico no
Centro de Sauacutede Felicidade II o qual apresentou em 2009 baixa cobertura A partir
daiacute foram detectados outros fatores que contribuem para o baixo iacutendice de
cobertura aqueacutem do que eacute preconizado pela Secretaacuteria Municipal de Sauacutede Neste
sentido o plano de accedilatildeo descrito no Quadro 1 vem propor estrateacutegias visando
ampliar da cobertura do exame colpocitoloacutegico e minimizar os problemas levantados
Acredita-se que por meio da implantaccedilatildeo do plano de accedilatildeo sugerido o
Centro de Sauacutede Felicidade II teraacute maior e melhor desempenho de sua equipe
alcanccedilando com isso o aprimoramento no atendimento da populaccedilatildeo alvo da
instituiccedilatildeo
30
QUADRO1 - PLANO DE ACcedilAtildeO PARA AUMENTAR A COBERTURA DO EXAME DE PREVEN9AO DO COLO DO UTERO PARA A EQUIPE DE SAUDE DO CENTRO DE SAUDE FELICIDADE II
PROBLEMA ATIVIDADES ACcedilOtildeES META RESPONSAVEL PERIODO
As ACS sentem inseguros para orientar agraves mulheres em relaccedilatildeo aos cuidados para realizar o exame preventivo por falta de conhecimento
Educaccedilatildeo em Sauacutede
Capacitaccedilatildeo da equipe sobre a importacircncia do exame colpocitoloacutegico
Nivelar o conhecimento dos membros da equipe
Municiacutepio Gerecircncia Regional de Sauacutede
Outubro2011
Enfermeiro natildeo se sente capacitado para a realizaccedilatildeo do exame de Papanicolaou
Capacitaccedilatildeo Teacutecnica do enfermeiro para a realizaccedilatildeo do exame de Papanicolaou
Solicitar agrave Ginecologista enfermeira treinamentocapacitaccedilatildeo do enfermeiro
Instrumentalizar o enfermeiro para a realizaccedilatildeo coleta de material
Enfermeira de outra Unidade Baacutesica de Sauacutede Meacutedico Ginecologista
Outubro2011
Baixo iacutendice de cobertura do exame citoloacutegico
Elaboraccedilatildeo de um instrumento para coleta de dados para identificar as mulheres de 25 a 59 anos na aacuterea de abrangecircncia do centro de sauacutede e tambeacutem para levantar quais os fatores que impeditivos para a realizaccedilatildeo do exame Incluir as mulheres identificadas no arquivo rotativo
Visita domiciliar
Visitar todas as mulheres dentro da aacuterea de abrangecircncia da UBS
ACS Novembro2011 Dezembro2011
Baixo iacutendice de cobertura do exame citoloacutegico
Agendamento da consulta de enfermagem consulta meacutedica para atender as prioridades levantadas no diagnoacutestico da atividade anterior para realizaccedilatildeo do exame Priorizar mulheres que nunca fizeram o exame ou que fizeram a mais de trecircs anos
Visita domiciliar Consulta de Enfermagem e consulta meacutedica
Orientar as mulheres sobre o exame preventivo Realizar o exame
ACS Meacutedico e enfermeira
Janeiro2012
31
O agendamento das consultas e marcado para datas muito distantes o que geralmente faz com que a mulher esqueccedila
Comunicaccedilatildeo da data do exame com antecedecircncia
Elaborar uma forma de entrar em contato com a paciente cinco dias antes da consulta agendada
Diminuir o iacutendice de ausecircncia agraves consultas
ACS Novembro2011
Desconhecimento das mulheres sobre o exame preventivo e os cuidados preparativos para o exame
Orientaccedilatildeo das mulheres sobre o exame e os cuidados preparativos para o exame
Criar um informativo contendo as orientaccedilotildees sobre o exame e os cuidados para serem entregue as usuaacuterias no momento da visita do ACS para informaacute-las da data e horaacuterio da consulta
Orientar todas usuaacuterias
Enfermeiro ACS
Janeiro2011
Entrega de resultados dos preventivos sem alteraccediloespelos ACSrsquos
Entrega do resultado do exame
Agendar um dia na semana para a entrega dos resultados dos exames Todos os exames deveratildeo ser vistos pelo enfermeiro Aqueles que apresentarem alguma alteraccedilatildeo a paciente deve ser encaminhada ao meacutedico Teacutecnico de Enfermagem Enfermeiro
Orientar as usuaacuterias
Os exames com resultados normais seratildeo entregues pelo teacutecnico de enfermagem Aqueles que apresentarem alguma alteraccedilatildeo seratildeo entregues pelo enfermeiro que deveraacute fazer os devidos encaminhamentos quando necessaacuterios
Dezembro2011
Entrega dos resultados de exames com alteraccedilotildees apoacutes consultas de retorno agendadas para usuaacuterias
Orientaccedilatildeo encaminhamento e acompanhamento da usuaacuteria
Visita domicilar Consulta de enfermagemconsulta meacutedica
Avaliar o estado de sauacutede da mulher Acompanhamento e orientaccedilotildees
Meacutedico e enfermeira Janeiro2012
Monitoramento e acompanhamento
- Agendamentos anuais - Elaboraccedilatildeo um arquivo rotativo - Estabelecimento de Indicadores de acompanhamento e
- Controlar a marcaccedilatildeo de consulta no intervalo de trecircs anos se apoacutes dois anos consecutivos de coleta os resultados forem negativos para
Monitorar o exame preventivo Acompanhar o estado de sauacutede das mulheres pela
Enfermeira e Teacutecnico de enfermagem
Novembro2011
32
avaliaccedilatildeo das accedilotildees votadas agrave sauacutede da mulher pela equipe de sauacutede
displasia ou neoplasia - Fazer a busca das usuaacuterias faltosas aos exames e consultas
equipe
Falta de interesse e conscientizaccedilatildeo em relaccedilatildeo agrave importacircncia do exame preventivo
Atendimento de Grupos Retomar o grupo de mulheres onde seratildeo abordados temas relativos agrave sauacutede da mulher Realizar orientaccedilotildees por meio de palestras nos grupos operativos
Conscientizar as mulheres sobre a importacircncia da realizaccedilatildeo do exame
Equipe de Sauacutede Fevereiro2012
Consulta eacute marcada com um meacutedico do sexo masculino
Agendamento com o enfermeiro quando possiacutevel
Reforccedilar com a paciente que durante a consulta estaraacute presente uma Auxiliar de Enfermagem
Diminuir a evasatildeo do exame prevenccedilatildeo Diminuir a resistecircncia ao atendimento masculino
Disponibilizar uma auxiliar ou teacutecnica de enfemagem para acompanhar o meacutedico durante o exame
Dezembro2011
Falta disponibilidade de horaacuterios mais flexiacuteveis pois haacute concentraccedilatildeo de horaacuterio pela manhatilde
Adequaccedilatildeo da Agenda Alteraccedilotildees na agenda com horaacuterios para adequar agraves necessidades dos usuaacuterios
Marcar os exames preventivos para o horaacuterio da tarde
Enfermeira e meacutedico Janeiro2012
33
6 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
A poliacutetica da sauacutede tem como principal objetivo promover mudanccedilas no intuito
de melhorar o niacutevel da sauacutede da populaccedilatildeo Diante dos resultados apurados nesse
estudo percebe-se a necessidade das intervenccedilotildees a serem efetuadas no Centro de
Sauacutede Felicidade II visando melhorar o iacutendice de cobertura dos exames
preventivos
Assim a realidade percebida no Centro de Sauacutede Felicidade II eacute que o
desempenho da equipe exerce grande impacto no desenvolvimento das accedilotildees
alcanccedilando dessa forma o objetivo de contribuir com o aprimoramento e a
consolidaccedilatildeo da assistecircncia agrave sauacutede da populaccedilatildeo
Como problemas levantados em relaccedilatildeo a baixa cobertura da prevenccedilatildeo do
cacircncer do colo do uacutetero identificamos as seguintes o ACS sentir inseguro para
orientar agraves mulheres em relaccedilatildeo aos cuidados para realizar o exame preventivo a
falta de capacitaccedilatildeo teacutecnica para o enfermeiro realizar o exame de Papanicolaou
consultas agendadas para datas muito distantes fazendo com que a mulher se
esqueccedila do diadesconhecimento das mulheres sobre o exame preventivo e os
cuidados preparativos para o mesmo falta de interesse e conscientizaccedilatildeo em
relaccedilatildeo agrave importacircncia do exame preventivo por parte das usuaacuteriaspudor da mulher
diante do profissional de sexo masculino e falta de disponibilidade de horaacuterios mais
flexiacuteveis com concentraccedilatildeo das consultas no horaacuterio da manhatilde
A partir dos problemas levantados foram propostas as atividades accedilotildees
metas e os responsaacuteveis pelas atividades no sentido de ampliar a cobertura das
mulheres por meio da participaccedilatildeo de toda a equipe de sauacutede Desse modo foi
muito importante tambeacutem a elaboraccedilatildeo das estrateacutegias para que o nuacutemero de
usuaacuterias seja aumentado Neste sentido destaca-se o papel do enfermeiro como
parte integrante da equipe de sauacutede e que desempenha um importante papel na
promoccedilatildeo da prevenccedilatildeo educaccedilatildeo e melhorias constantes nos serviccedilos oferecidos
agrave populaccedilatildeo
Nesta direccedilatildeo o Centro de Sauacutede Felicidade II deve se preocupar com a
capacitaccedilatildeo de seus funcionaacuterios com a organizaccedilatildeo do processo de trabalho das
equipes bem com um investimento maior nas accedilotildees de promoccedilatildeo e prevenccedilatildeo da
saude conforme abordado neste estudo
34
Desse modo cabe a todos os profissionais atuar mais na prevenccedilatildeo
promoccedilatildeo e recuperaccedilatildeo por meio de praacuteticas educativas promovendo campanhas
palestras sobre a sauacutede da mulher fornecendo orientaccedilotildees durante as consultas
para que se possa reverter o quadro de baixo iacutendice de cobertura no exame
preventivo de cacircncer do colo do uacutetero alcance assim a cobertura preconizada pela
Secretaacuteria de Sauacutede o que vai refletir na melhoria da assistecircncia a sauacutede agrave mulher
35
REFEREcircNCIAS ALBUQUERQUE KM et al Cobertura do Teste de Papanicolau e Fatores associados agrave Natildeo-Realizaccedilatildeo um olhar sobre o Programa de Prevenccedilatildeo do Cacircncer do Colo do Uacutetero em Pernambuco Brasil Caderno de Sauacutede Puacuteblica v 25 supl 2 Rio de Janeiro 2009 Disponiacutevel em lthttpwwwscielosporgscielophpscript=sci_arttextamppid=S0102-311X2009001400012gt Acesso em 6 nov 2010 BELO HORIZONTE Secretaria Municipal de Sauacutede Prevenccedilatildeo e Controle do Cacircncer do Colo de Uacutetero Belo Horizonte 2008 BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede O Programa Sauacutede da Famiacutelia e a Atenccedilatildeo Baacutesica no Brasil Brasiacutelia 2002 Disponiacutevel em lthttpwwwccssaudegovbrsaudebatea portamostravirtualpublicacoespsf_atencaobasicapdfgt Acesso em 01 abr 2010 CEacuteSAR JA et al Fatores Associados agrave natildeo Realizaccedilatildeo de Exame Citopatoloacutegico de Colo Uterino no Extremo Sul do Brasil Caderno de Sauacutede Puacuteblica Rio de Janeiro v19n5 p1365-1372 setout 2003 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrpdf0Dcspv19n517808pdfgt Acesso em 16 jul 2010 CORREcircA DA D VILLELA WV O Controle do Cacircncer do Colo do Uacutetero desafios para implementaccedilatildeo de accedilotildees programaacuteticas no Amazonas Brasil Rev bras sauacutede matern infantil v8 n4p491-497 outdez 2008 DIAS-DA-COSTA J S et al Cobertura do Exame Citopatoloacutegico na Cidade de Pelotas Rio Grande do Sul Brasil Caderno de Sauacutede Puacuteblica Rio de Janeiro v19 n1 p191-197 janfev 2003 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrpdfcspv19n114919pdfgt Acesso em 16 jul 2010 DOMINGOS ACP et al Cacircncer do Colo do Uacutetero comportamento preventivo de auto-cuidado agrave sauacutede Revista Ciecircncia Cuidado e Sauacutede 6 (Suplem 2) p 397-403 2007 Disponiacutevel em lthttpperiodicosuembrojsindexphpCiencCuidSaudearticleviewFile53373385gt Acesso em 5 nov 2010 HACKENHAAR AAC JURACI A DOMINGUES MR Exame Citopatoloacutegico de Colo Uterino em Mulheres com Idade entre 20 e 59 anos em Pelotas RS prevalecircncia foco e fatores associados agrave sua natildeo realizaccedilatildeo Revista Brasileira de EpidemiologiaSatildeo Paulo v9n1 Mar 2006 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S1415-790X2006000100013gt Acesso em 16 jul 2010 MONTEMOR EBL et al Controle do Cacircncer de Colo de Uacutetero o exame citopatoloacutegico In LOPES MHBde M (org) Enfermagem na Sauacutede da Mulher Goiacircnia AB 2006 p 45-65 NAKAGAWA JTT SCHIRMER J BARBIERI M Viacuterua HPV e Cacircncer de Colo de Uacutetero Revista Brasileira de Enfermagem v 63 n 2 Brasiacutelia marabri 2010
36
Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S0034-71672010000200021gt Acesso em 6 nov 2010 NARCHI NZ JANICAS Rde CS V FERNANDES RAacuteQ Prevenccedilatildeo e Controle do Cacircncer Ceacutervico-Uterino In FERNANDES RAacuteQ NARCHI NZ Enfermagem e Sauacutede da Mulher Barueri SP Manole 2007 p 127-149 NUacuteCLEO DE EDUCACcedilAtildeO EM SAUacuteDE COLETIVA ndash NESCON Faculdade de Medicina ndash UFMG Belo Horizonte Disponiacutevel em lthttpwwwnesconmedicinaufmgbrgt Acesso em 12 dez 2009 PINTO CAG COELHO IB BH Vida pensando a implantaccedilatildeo da Estrateacutegia de Sauacutede da Famiacutelia na cidade de Belo Horizonte passados 10 anos lthttpxayimgcomkqgroups15983109953140003nameImplantacao+do+BH+VIDA+-+Carlos+Gama+e+Ivan+Coelho5B15Dpdf gt Acesso em 01 mar 2011 RODRIGUES NETO JF FIGUEIREDO MFS SIQUEIRA LG Exame Citopatoloacutegico do Colo do Uacutetero fatores associados a natildeo realizaccedilatildeo em ESF Revista Eletrocircnica de Enfermagem 10 (3) 610-21 2008 Disponiacutevel em lthttpwwwfenufgbrrevistav10n3pdfv10n3a07pdfgt Acesso em 17 jul 2010 TAVARES SB do N et al Controle da Qualidade em Citopatologia Cervical revisatildeo de literatura Revista Brasileira de Cancerologia 53(3) 355-364 2007 Disponiacutevel em lthttpwwwincagovbrrbcn_53v03pdfrevisao6pdfgt Acesso em 17 jul 2010 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA Regulamento de Orientaccedilatildeo Do Trabalho De Conclusatildeo De Curso Do Curso De Licenciatura Em Letras ndashPORTUGUEcircS-ESPANHOL Disponiacutevel em lt httpwwwuepgbruepg_departamentosdeletpdfREG20PORT20ESPANHOLpdf gt Acesso em 23 set 2011 ZEFERINO L Prevenccedilatildeo e Controle do Cacircncer Ceacutervico-Uterino In LOPES MHB de M (org) Enfermagem na Sauacutede da Mulher Goiacircnia AB p 67-80 2006
Ao meu marido pelo amor
dedicaccedilatildeo e incentivo
AGRADECIMENTOS
Primeiramente a Deus pelo dom da vida
Ao meu marido pela confianccedila amor e companheirismo nessa importante
etapa de minha vida
Aos meus pais pelo amor incondicional e incentivo
Aos professores pelos ensinamentos em especial agrave professora Suelene
pela dedicaccedilatildeo ensinamentos e sabedoria
Aos colegas pelo companheirismo durante este percurso em que estivemos
juntos
ldquoO saber a gente aprende com os mestres e os livros
A sabedoria se aprende eacute com a vida e com os humildesrdquo
Cora Coralina
RESUMO
O objetivo principal deste estudo foi elaborar um plano de accedilatildeo para ampliar a cobertura do exame colpocitoloacutegico no Centro de Sauacutede Felicidade II da Secretaria Municipal de Sauacutede de Belo Horizonte MG promovendo assim a melhoria das condiccedilotildees de vida e sauacutede das mulheres A metodologia utilizada se baseou na revisatildeo de literatura do tipo narrativa Ao final do estudo foi apresentado um plano de accedilatildeo pois diante dos resultados apurados percebeu-se a necessidade das intervenccedilotildees a serem efetuadas no Centro de Sauacutede Felicidade II visando melhorar o iacutendice de cobertura dos exames preventivos Sabe-se que a poliacutetica da sauacutede tem como principal objetivo promover mudanccedilas no intuito de melhorar o niacutevel da sauacutede da populaccedilatildeo A realidade percebida no Centro de Sauacutede Felicidade II eacute que o desempenho da equipe exerce grande impacto no desenvolvimento das accedilotildees alcanccedilando dessa forma o objetivo de contribuir com o aprimoramento e a consolidaccedilatildeo da assistecircncia agrave sauacutede da populaccedilatildeo em especial a cobertura da populaccedilatildeo feminina na prevenccedilatildeo do cacircncer cervico-uterino
Palavras-chave Sauacutede Prevenccedilatildeo Cacircncer do Colo do Uacutetero
ABSTRACT
The main purpose of this study was to elaborate an action plan to expand the coverage of colpocytological examination at the Center for Health Felicidade II of Municipal Secretary of Health of Belo Horizonte MG thus promoting the improvement of living conditions and health of women The methodology used was based on a review of the literature about the narrative At the end of the study was presented an action plan because of the key results before it was noticed the need for interventions to be made at the Center for Health Felicidade II to improve the coverage of preventive exams It is known that health policy has as main objective to promote changes in order to improve the level of population health The perceived reality at the Center for Health Felicidade II is that the teams performance has great impact on the development of actions achieving in this way the objective of contributing to the improvement and consolidation of health care to the population in particular the coverage of the female population in prevention of uterine cervical cancer Keywords Health Prevention Cervical Cancer
LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS
ACS Agente Comunitaacuterio de Sauacutede
Aids Acquired Immunodeficiency Syndrome
CCU Cacircncer do Colo do Uacutetero
DST Doenccedila Sexualmente Transmissiacutevel
HPV Human Papiloma Viacuterus
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica
INCA Instituto Nacional de Cacircncer
Km Quilometro
NESCON Nuacutecleo de Educaccedilatildeo em Sauacutede Coletiva
OMS Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede
p paacutegina
PAISM Programa de Assistecircncia Integral agrave Sauacutede da Mulher
PSF Programa de Sauacutede da Famiacutelia
SUS Sistema Uacutenico de Sauacutede
TCC Trabalho de Conclusatildeo de Curso
UBS Unidade Baacutesica de Sauacutede UPA Unidade de Pronto Atendimento
USF Unidade de Sauacutede da Famiacutelia
SUMAacuteRIO
1 INTRODUCcedilAtildeO 10 2 OBJETIVOS 15 21 Objetivo geral 15 22 Objetivos especiacuteficos 15 3 METODOLOGIA 16 4 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO 17 41 A promoccedilatildeo da sauacutede das mulheres 17 42 A prevenccedilatildeo do cacircncer do colo do uacutetero 17 43 Contexto histoacuterico da citologia oncoacutetica 23 44 Conceitos e caracteriacutesticas do exame de prevenccedilatildeo do cacircncer 25 45 O cacircncer do colo do uacutetero 25 5 PLANO DE ACcedilAtildeO PARA A AMPLIACcedilAtildeO DA COBERTURA DO EXAME COLPOCITOLOacuteGICO NO CENTRO DE SAUacuteDE FELICIDADE II 30 6 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS 34 REFEREcircNCIAS 35
10
1 INTRODUCcedilAtildeO
O Curso de Especializaccedilatildeo em Atenccedilatildeo Baacutesica em Sauacutede da Famiacutelia eacute
oferecido pelo Nescon aos profissionais de sauacutede das prefeituras municipais do
estado de Minas Gerais na perspectiva de que cumpra seu importante papel na
consolidaccedilatildeo da estrateacutegia e no desenvolvimento de um Sistema Uacutenico de Sauacutede
universal e com maior grau de equumlidade (NESCON 2009)
O Nescon oacutergatildeo complementar da Faculdade de Medicina da Universidade
Federal de Minas Gerais vem se caracterizando como uma das instacircncias de
cooperaccedilatildeo mais atuantes na organizaccedilatildeo de serviccedilos de sauacutede no Brasil Desde
sua criaccedilatildeo em 1983 e reativaccedilatildeo em 1986 o Nescon tem acumulado experiecircncias
que o capacitaram institucionalmente para atividades de pesquisa assessoria e
formaccedilatildeo de recursos humanos (NESCON 2009)
No art 3 do Capiacutetulo I - Da Conceituaccedilatildeo e Objetivos do Regulamento de
Orientaccedilatildeo do Trabalho de Conclusatildeo de Curso do Curso de Licenciatura em Letras
ndash Portuguecircs-Espanhol da Universidade Estadual de Ponta (2010) define que ldquoO
Trabalho de Conclusatildeo de Curso (TCC) constitui uma atividade acadecircmica de
pesquisa e sistematizaccedilatildeo do conhecimento sobre um objeto de estudo pertinente agrave
profissatildeo do licenciado e agrave realidade social em suas diferentes expressotildeesrdquo Ele eacute
desenvolvido mediante controle orientaccedilatildeo e avaliaccedilatildeo docente cuja exigecircncia eacute
um requisito essencial para o crescimento pessoal e profissional do aluno uma vez
que possibilita integrar os conhecimentos acumulados durante o curso
(UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA - 2010)
Neste sentido a motivaccedilatildeo para desenvolver este estudo surgiu da
necessidade de ampliar a cobertura de exame colpocitoloacutegico agraves mulheres
pertencentes agrave aacuterea de abrangecircncia do Centro de Sauacutede Felicidade II A
identificaccedilatildeo do baixo acesso das mulheres a esta modalidade de exame foi
percebida graccedilas agrave realizaccedilatildeo da atividade de coleta de dados realizada por ocasiatildeo
do desenvolvimento do Moacutedulo Sauacutede da Mulher do Curso de Especializaccedilatildeo em
Atenccedilatildeo Baacutesica em Sauacutede da Famiacutelia Esta atividade consistia no levantamento da
cobertura do exame citoloacutegico aplicado agraves mulheres em idade feacutertil da aacuterea de
abrangecircncia do Centro de Sauacutede em que atuo como enfermeira A anaacutelise dos
dados apontou que o nuacutemero de exames realizados no referido Centro de Sauacutede
11
natildeo atingia a cobertura preconizada pela Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede (OMS) que
eacute de 85 das mulheres adscritas na aacuterea de abrangecircncia da equipe
Apoacutes a coleta e anaacutelise dos dados para a apresentaccedilatildeo da atividade referente
ao Moacutedulo Sauacutede da Mulher deparei-me coma seguinte situaccedilatildeo no ano de 2008
foram realizados 507 exames preventivos do cacircncer de colo do uacutetero o que
correspondia a 1878 de cobertura e no periacuteodo de setembro2009 a setembro de
2010 foram realizados 583 exames preventivos correspondendo a 2159 de
cobertura Considerou-se como fonte de registro do exame citoloacutegico o livro do
consultoacuterio ginecoloacutegico no periacuteodo total de um ano
A anaacutelise da cobertura foi feita com base no total de mulheres entre 19 e 59
anos (aproximadamente 2700 mulheres) de um total aproximado de 9000
moradores O valor da cobertura populacional encontrado estaacute muito abaixo do
preconizado pela OMS para se atingir a meta de prevenccedilatildeo de morbimortalidade
por cacircncer do colo do uacutetero (BELO HORIZONTE 2008)
Contribuiacuteram tambeacutem para a escolha do tema deste trabalho a necessidade
de estudar e analisar as causas da deficiecircncia na cobertura e principalmente propor
accedilotildees com o intuito de atingir o objetivo preconizado pela OMS e referecircncia para a
Secretaria Municipal de Sauacutede de Belo Horizonte Outro fato que contribuiu tambeacutem
foi a anaacutelise da atenccedilatildeo primaacuteria agrave sauacutede realizada por ocasiatildeo das Oficinas de
Qualificaccedilatildeo da Atenccedilatildeo Primaacuteria agrave Sauacutede em Belo Horizonte (Plano Diretor da
Atenccedilatildeo Primaacuteria agrave SauacutedeSESMG) ministradas no Centro de Sauacutede
O Centro de Sauacutede surgiu em 26 de novembro de 2001 como um anexo do
Centro de Sauacutede Felicidade I em funccedilatildeo do aumento do nuacutemero de equipes de
sauacutede e o local natildeo comportou esse aumento Hoje em dia os dois Centros de
Sauacutede funcionam em unidades separadas onde cada uma possui uma estrutura
proacutepria e tem aacutereas de abrangecircncia diferentes o que divide as duas Unidades eacute o
coacuterrego Tamboril A aacuterea de abrangecircncia do Centro de Sauacutede Felicidade II tem uma
populaccedilatildeo de aproximadamente 9000 pessoas que se encontram em alta
vulnerabilidade social e assim como toda regiatildeo Norte estaacute classificada em risco
elevado e muito elevado O atendimento da populaccedilatildeo no Programa de Sauacutede da
Famiacutelia eacute coberto por trecircs equipes completas e constituiacutedas por meacutedico enfermeiro
dois auxiliares e quatro ACS (Agente Comunitaacuterio de Sauacutede)
12
O Centro de Sauacutede possui uma populaccedilatildeo de aproximadamente 9000
pessoas em sua aacuterea de abrangecircncia das quais 2700 satildeo mulheres com idade
entre 19 e 59 anos Estaacute localizado atualmente na Rua Pau Brasil 160 no bairro
Jardim Felicidade Distrito Sanitaacuterio Norte e funciona neste endereccedilo desde
novembro de 2006
O Distrito Sanitaacuterio Norte ocupa uma aacuterea de 3432 kmsup2 limitando-se com o
Municiacutepio de Santa Luzia e com os Distritos Sanitaacuterios de Venda Nova Pampulha e
Nordeste sendo sua sede localizada na Avenida Cristiano Machado 10657 Bairro
Planalto Abrange 47 bairros da regiatildeo Metropolitana de Belo Horizonte
Segundo o Censo do IBGE (2000) o Distrito Sanitaacuterio Norte possui uma
populaccedilatildeo de 193764 habitantes compondo um quadro de grandes contrastes
Possui de um lado bairros com razoaacutevel infra-estrutura urbana e poder aquisitivo da
populaccedilatildeo como por exemplo Campo Alegre Helioacutepolis Planalto Floramar e de
outro bairros vilas e assentamentos que oferecem condiccedilotildees inadequadas de
habitaccedilatildeo como Mariquinhas Zilah de Souza Spoacutesito Novo Aaratildeo Reis e o
Conjunto Jardim Felicidade que contam com uma infra-estrutura urbaniacutestica
precaacuteria
Os serviccedilos de atenccedilatildeo baacutesica agrave sauacutede do Distrito Norte satildeo realizados em
suas 19 unidades de sauacutede com funcionamento de 2ordf a 6ordf feira de 0700 agraves 1900
horas no geral sendo o atendimento de urgecircncia realizado na UPA Norte (Unidade
de Pronto Atendimento Norte) com funcionamento diaacuterio de 24 horas Contam ainda
com atendimento de sauacutede mental em 06 unidades
No Brasil o Programa de Sauacutede da Famiacutelia (PSF) iniciou-se em 1994 como
resultado do avanccedilo do Sistema Uacutenico de Sauacutede Este programa aumentou
significativamente ao longo da uacuteltima deacutecada oferecendo um novo modelo de
cuidado agrave sauacutede capaz de melhorar a qualidade de vida da populaccedilatildeo por meio de
novas poliacuteticas e organizaccedilatildeo dos serviccedilos O PSF representa uma maneira de levar
a sauacutede para mais perto das famiacutelias De acordo com o Ministeacuterio da Sauacutede
O programa de Sauacutede da Famiacutelia eacute uma proposta concreta na mudanccedila do modelo assistencial tradicional capaz de romper com o comportamento passivo das unidades baacutesicas de sauacutede O programa prioriza as accedilotildees de prevenccedilatildeo de doenccedilas e a promoccedilatildeo da sauacutede junto agrave comunidade estabelece uma relaccedilatildeo permanente entre os profissionais de sauacutede e a populaccedilatildeo assistida marcada por um atendimento humanizado e resolutivo dos problemas de sauacutede mais frequumlentes (BRASIL 2002 p 5)
13
Segundo Pinto e Coelho (2011) a Secretaria Municipal de Sauacutede de Belo
Horizonte aderiu ao Programa Sauacutede da Famiacutelia em maio de 2000 O projeto foi
implantado dando prioridade agraves aacutereas onde a populaccedilatildeo estava exposta e a
implantaccedilatildeo comeccedilou pelos Centros de Sauacutede com populaccedilatildeo de muito elevado
risco e foi se estendendo gradativamente para as populaccedilotildees de elevado risco e
meacutedio risco De laacute ateacute os dias atuais ficou evidente a importacircncia da mobilizaccedilatildeo
social para manutenccedilatildeo das equipes e com isso o projeto jaacute natildeo pertencia mais ao
governo pois foi incorporado pela cidade de Belo Horizonte como direito
De acordo com os autores passados mais de 10 anos o programa continua e
o nuacutemero de equipes de sauacutede da famiacutelia alcanccedilou as 506 equipes planejadas em
2001 mas isso natildeo se deveu agrave cobertura da populaccedilatildeo de baixo risco e sim ao
crescimento populacional
Os agentes comunitaacuterios de sauacutede fazem cerca de 2900000 visitas
domiciliares por ano O nuacutemero de consultas meacutedicas realizadas pelas equipes de
Sauacutede da Famiacutelia foi de 1899347 em 2002 (ano de implantaccedilatildeo das equipes) e de
2203257 em 2004 Em marccedilo de 2010 apenas 3 das equipes de Sauacutede da
Famiacutelia estavam desfalcadas de meacutedico generalista e mais da metade dos meacutedicos
de sauacutede da famiacutelia tinham mais de 5 anos de trabalho na Prefeitura de Belo
Horizonte (PINTO e COELHO 2011)
O exame de citologia oncoacutetica tambeacutem conhecido como Papanicolaou ou
preventivo foi introduzido na atenccedilatildeo baacutesica na deacutecada de 1970 Em Belo Horizonte
por meio da Secretaria Municipal de Sauacutede criou um protocolo o qual eacute um
instrumento que estabelece normas para intervenccedilotildees teacutecnicas o qual uniformiza e
atualiza conceitos e condutas referentes ao processo assistencial na rede de
serviccedilos Um desses protocolos aborda especificamente o controle e prevenccedilatildeo do
cacircncer de colo de uacutetero (BELO HORIZONTE 2008)
A colpocitologia oncoacutetica eacute utilizada principalmente para determinar o risco de
uma mulher vir a desenvolver o cacircncer de colo do uacutetero natildeo se tratando somente de
uma maneira de diagnosticar a doenccedila Ele eacute essencial tambeacutem para determinar
outras condiccedilotildees de sauacutede como niacutevel hormonal doenccedilas da vulva do canal
vaginal do acircnus das mamas entre outros O exame deve ser realizado
prioritariamente em mulheres de 25 a 59 anos de idade com intervalo de trecircs em
trecircs anos se os dois primeiros exames realizados a cada ano forem normais Toda
14
mulher que tem ou jaacute teve atividade sexual deve submeter-se ao exame preventivo
ateacute os 69 anos de idade (BELO HORIZONTE 2008)
Destaca-se ainda que a importacircncia do exame consiste no fato de que eacute
nessa oportunidade que o profissional avalia a sauacutede sexual e reprodutiva da
mulher pois tais fatores raramente satildeo considerados durante uma consulta cliacutenica
geral Ressalta-se tambeacutem que o acesso das mulheres ao exame colpocitoloacutegico faz parte da garantia de direitos legalmente constituiacutedos com a ampliaccedilatildeo dos
serviccedilos de promoccedilatildeo prevenccedilatildeo e assistecircncia ao cacircncer de colo de uacutetero
Espera-se que este estudo possa contribuir para a humanizaccedilatildeo da atenccedilatildeo agrave
sauacutede da mulher proporcionando um olhar mais amplo e integral sobre o estado de
sauacutede das mulheres e seus determinantes sociais Para tal buscar-se-aacute sensibilizar
a equipe do Centro de Sauacutede Felicidade II quanto agrave importacircncia da assistecircncia
integral agrave sauacutede da mulher promover a educaccedilatildeo em sauacutede para as usuaacuterias quanto
agrave importacircncia de realizar o exame preventivo de cacircncer de colo do uacutetero expandir a
agenda de consultas de assistecircncia agrave mulher garantindo aumento da cobertura de
exames preventivos e proporcionar educaccedilatildeo permanente agrave toda a equipe em
especial os ACS para uma abordagem humanizada eficaz e efetiva das usuaacuterias
15
2 OBJETIVOS
21 Geral Elaborar um plano de accedilatildeo para ampliar a cobertura do exame colpocitoloacutegico
no Centro de Sauacutede Felicidade II da Secretaria Municipal de Sauacutede de Belo
Horizonte MG promovendo assim a melhoria das condiccedilotildees de vida e sauacutede das
mulheres
22 Especiacutefico
Realizar uma revisatildeo de literatura sobre a promoccedilatildeo da sauacutede das mulheres
dando ecircnfase agrave prevenccedilatildeo do cacircncer do colo do uacutetero no sentido de subsidiar o
plano de accedilatildeo
16
3 METODOLOGIA
Trata-se de um estudo bibliograacutefico tipo revisatildeo narrativa com natureza
compreensiva do tema proposto realizada por meio da consultas a livros e artigos
em revistas cientiacuteficas do acervo de bibliotecas e base de dados virtuais no sentido
de subsidiar a elaboraccedilatildeo de um plano de accedilatildeo para o Centro de Sauacutede Felicidade
II buscando ampliar a cobertura do exame de Papanicolaou
A busca foi efetuada nas bases de dados SCIELO (Scientific Electronic
Library Online) MEDLINE(Medical Literature Analysis and Retrieval System Online -
Sistema Online de Busca e Anaacutelise de Literatura Meacutedica) LILACS (Literatura Latino-
americana em ciecircncia da Sauacutede) e outras Foram utilizados os descritores ldquosauacutede
das mulheresrdquo ldquocacircncerrdquo ldquocacircncer do colo do uacuteterordquo ldquocitologia oncoacuteticardquo e
ldquoprevenccedilatildeordquo
17
4 APRESENTACcedilAtildeO DOS RESULTADOS
41 A promoccedilatildeo da sauacutede das mulheres
Correcirca e Villela (2008) relatam que foi nas primeiras deacutecadas do seacuteculo XX
que o Brasil passou a incorporar a questatildeo da sauacutede da mulher nas poliacuteticas
nacionais cujo enfoque estava em prestar assistecircncia aos filhos das mulheres que
natildeo tinham acesso aos serviccedilos de sauacutede constituindo a atenccedilatildeo preacute-natal como
uacutenica accedilatildeo de caraacuteter universalista com relaccedilatildeo agrave sauacutede da mulher
Com as mudanccedilas na condiccedilatildeo social das mulheres ocorridas ao longo da segunda metade do seacuteculo XX as propostas de atenccedilatildeo materno-infantil mostram-se insuficientes Em 1984 eacute proposto pelo Ministeacuterio da Sauacutede o Programa de Assistecircncia Integral agrave Sauacutede da Mulher (PAISM) visando agrave extensatildeo das accedilotildees baacutesicas em sauacutede da mulher e incluindo entre outras atividades preventivas e de diagnoacutestico do cacircncer do colo do uacutetero e mamaacuterio A assistecircncia integral envolvia o atendimento de todas as necessidades da populaccedilatildeo feminina enfatizando as accedilotildees dirigidas ao controle das patologias mais prevalentes incluindo accedilotildees educativas Poreacutem a implementaccedilatildeo efetiva do Programa natildeo aconteceu como desejado ficando as atividades nos serviccedilos de sauacutede bastante focalizadas nas demandas relativas agrave contracepccedilatildeo acompanhamento da gravidez e ao parto A prevenccedilatildeo e controle do cacircncer ginecoloacutegico continuaram em segundo plano (CORREcircA e VILLELA 2008p1)
Domingos et al (2008 p 1) afirmam que ldquopor meio da promoccedilatildeo da sauacutede
caracterizada como sendo promoccedilatildeo primaacuteria e detecccedilatildeo precoce das lesotildees
precursoras (exame de Papanicolaou) eacute possiacutevel reduzir a mortalidade e
incidecircnciardquo
Em 1997 foi implantado no Paranaacute o Programa de Prevenccedilatildeo do Cacircncer do Colo do Uacutetero que prioriza inicialmente o atendimento da faixa etaacuteria de 30 a 49 anos (a mais acometida pela doenccedila no Estado) atendendo na sequumlecircncia todas as faixas etaacuterias expostas ao risco O intervalo entre os exames para controle dos casos negativos eacute de trecircs anos (DOMINGOS et al 2008 p 1)
42 A prevenccedilatildeo do cacircncer do colo do uacutetero
Narchi Janicas e Fernandes (2007) ensinam que a prevenccedilatildeo do cacircncer
ceacutervico-uterino eacute realizada em dois planos a prevenccedilatildeo primaacuteria e a secundaacuteria Na
forma primaacuteria conforme os autores deve-se atentar para os fatores de risco
18
evitaacuteveis e na atuaccedilatildeo do enfermeiro Jaacute na fase de prevenccedilatildeo secundaacuteria deve ser
feito o rastreamento captaccedilatildeo e identificar a vulnerabilidade do cacircncer
Domingos et al (2007) afirmam que a principal estrateacutegia para a prevenccedilatildeo
primaacuteria da doenccedila eacute o uso de preservativo (masculino ou feminino) durante as
relaccedilotildees sexuais visto que a infecccedilatildeo pelo viacuterus papiloma humano (HPV) estaacute
presente em 90 dos casos A prevenccedilatildeo secundaacuteria eacute realizada por meio do
exame preventivo (Papanicolaou) para a detecccedilatildeo precoce da doenccedila
Albuquerque et al (2007) afirmam que desde 1988 o Ministeacuterio da Sauacutede tem
como objetivo reduzir as taxas de morbimortalidade e com isso adota como norma
a recomendaccedilatildeo da Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede a qual propotildee que seja feito a
cada trecircs anos a realizaccedilatildeo do exame citoloacutegico do colo do uacutetero sendo dois
exames anuais consecutivos negativos para mulheres na faixa de idade de 25 a 59
anos ou que jaacute tenham atividade sexual
Iniciativas como o Programa Viva Mulher lanccedilado em 1996 e o desenvolvimento de campanhas nacionais sistemaacuteticas tecircm contribuiacutedo para o aumento da cobertura do exame no paiacutes Contudo verifica-se que as taxas de incidecircncia e de mortalidade ainda permanecem desafiando as medidas ateacute entatildeo adotadas sinalizando possiacuteveis deficiecircncias na oferta no acesso e na qualidade das referidas accedilotildees (ALBUQUERQUE et al 2007 p 1)
Nakagawa Schirmer e Barbieri (2007) relatam que a associaccedilatildeo do viacuterus
HPV com o cacircncer de colo de uacutetero comeccedilou em 1949 quando o patologista George
Papanicolaou introduziu o exame mais difundido no mundo para detectar a doenccedila
o exame que leva o seu proacuteprio nome ou seja Papanicolaou
De acordo com o desenvolvimento do carcinoma de colo de uacutetero Nakagawa
Schirmer e Barbieri (2007 p 1) afirmam que
Esse exame permitiu identificar mulheres com alteraccedilotildees celulares preacute-maligna possibilitando observar uma associaccedilatildeo da atividade sexual com o desenvolvimento do cacircncer de colo de uacutetero No entanto somente na deacutecada de 70 o conhecimento acerca da etiologia da doenccedila teve consideraacutevel avanccedilo Estudos constataram que tal associaccedilatildeo implicava na presenccedila de um agente etioloacutegico de transmissatildeo sexual Harold zur Hausen um infectologista alematildeo constatou que o Papiloma Viacuterus Humano (viacuterus HPV) poderia ser esse agente estabelecendo inicialmente a relaccedilatildeo do viacuterus com as verrugas e condilomas Somente anos mais tarde o viacuterus foi relacionado com o desenvolvimento do carcinoma de colo de uacutetero (NAKAGAWA SCHIRMER e BARBIERI 2007 p 1)
19
Os autores relatam que devido ao advento da clonagem molecular na deacutecada
de 90 e a utilizaccedilatildeo de tal tecnologia na replicaccedilatildeo do genoma do Papiloma Viacuterus
outros aspectos da infecccedilatildeo foram elucidados
Devido agrave discrepacircncia entre a alta frequumlecircncia de infecccedilotildees HPV em mulheres jovens sexualmente ativas e a ocorrecircncia relativamente baixa de lesotildees cervicais nas mesmas colocou-se em duacutevida a etiologia viral da doenccedila e concluiu-se que a infecccedilatildeo era causa necessaacuteria mas natildeo suficiente para o desenvolvimento da doenccedila uma vez que virtualmente somente uma fraccedilatildeo de mulheres portadoras do viacuterus a desenvolveria Estudos preacutevios jaacute sugeriam que um forte fator diferenciava a progressatildeo ou natildeo da doenccedila sugerindo que isto estaria relacionada aos diversos tipos do viacuterus HPV Estudos posteriores mostraram que a sua progressatildeo depende natildeo somente da presenccedila do viacuterus mas tambeacutem do tipo de viacuterus da persistecircncia da infecccedilatildeo e da evoluccedilatildeo das lesotildees precursoras para o carcinoma invasivo (NAKAGAWA SCHIRMER e BARBIERI 2007 p 1)
Segundo Narchi Janicas e Fernandes (2007) a prevenccedilatildeo primaacuteria do cacircncer
ceacutervico-uterino refere-se agrave reduccedilatildeo da exposiccedilatildeo aos fatores de risco como o iniacutecio
precoce da atividade sexual a multiplicidade de parceiros as doenccedilas sexualmente
transmissiacuteveis especialmente a infecccedilatildeo causada pelo HPV e multiparidade Aleacutem
disso outros fatores tecircm sido relacionados ao cacircncer ceacutervico-uterino em estudos
epidemioloacutegicos ainda natildeo conclusivos dentre eles o uso de anticoncepcional oral
as situaccedilotildees de imunossupressatildeo como diabete lupus corticoterapia e Aids o
tabagismo e a alimentaccedilatildeo pobre em folatos vitaminas A e C e betacaroteno
Atualmente considera-se fundamental a relaccedilatildeo entre o desenvolvimento do cacircncer ceacutervico-uterino e a transmissatildeo sexual HPV Nesse sentido a prevenccedilatildeo primaacuteria tem como foco a praacutetica de sexo seguro No entanto apesar da divulgaccedilatildeo da importacircncia do uso de preservativos para diminuiccedilatildeo potencial do risco de transmissatildeo do HPV observa-se que seu uso depende de uma serie de fatores como o conhecimento a respeito da doenccedila e suas formas de prevenccedilatildeo a percepccedilatildeo de risco de infecccedilatildeo as crenccedilas e valores culturais as iniquidades de gecircnero e como elas se revelam o grau de autonomia e poder de negociaccedilatildeo sexual nas relaccedilotildees afetivo-sexuais acesso ao serviccedilo de sauacutede e a oferta de preservativos (NARCHI JANICAS e FERNANDES 2007 p 129)
Ceacutesar et al (2003) afirmam que exames preventivos perioacutedicos permitem
reduzir em ateacute 70 a sua mortalidade na populaccedilatildeo de risco A faixa etaacuteria mais
acometida vai dos 25 aos 60 anos e o seu mais importante determinante eacute o
papilomaviacuterus humano De acordo com o Instituto Nacional de Cacircncer (INCA)
O Instituto Nacional de Cacircncer (INCA) recomenda o exame citopatoloacutegico para cacircncer de colo uterino a toda mulher com idade entre 20 e 60 anos e que possua vida sexual ativa Inicialmente o exame deve ser feito a cada trecircs anos Em caso de dois resultados negativos para displasia ou
20
neoplasia um novo exame deveraacute ser repetido uma vez a cada trecircs anos (BRASIL 2002 apud CEacuteSAR et al 2003 p 1371)
Narchi Janicas e Fernandes (2007) afirmam que de modo contextual a
prevenccedilatildeo primaacuteria eacute realizada a partir identificaccedilatildeo da presenccedila de fatores de risco
com vistas a prevenir o surgimento da doenccedila Sabe-se que o cacircncer ceacutervico-uterino
haacute muito vem sendo associado ao baixo niacutevel socioeconocircmico tanto a exposiccedilatildeo
aos fatores de risco quanto especialmente pela desigualdade no acesso aos
serviccedilos de sauacutede Essas barreiras satildeo multidimensionais inserindo-se em um
contexto social amplo que a barca desde dificuldades geograacuteficas de informaccedilatildeo
familiares econocircmicas culturais religiosas e emocionais ateacute as relacionadas agraves
poliacuteticas de sauacutede Diante dessa constataccedilatildeo acredita-se que a anaacutelise dos
programas e a proposiccedilatildeo de estrateacutegias devam tambeacutem corresponder agrave amplitude
dos fatores intervenientes
De acordo com as autoras no que diz respeito agrave prevenccedilatildeo primaacuteria o
Programa de Sauacutede da Famiacutelia (PSF) tem importante papel na identificaccedilatildeo de
grupos de mulheres com perfil de risco para desenvolver o cacircncer ceacutervico-uterino e
com base nas necessidades levantadas implementar accedilotildees de intervenccedilatildeo no meio
ambiente e em seus fatores de risco De acordo com as autoras diversas
estrateacutegias podem reduzir os fatores de risco para cacircncer ceacutervico-uterino dentre as
quais destacam-se realizaccedilatildeo de grupos educativos que permitam a discussatildeo de
temas como sexualidade e gecircnero vulnerabilidade e prevenccedilatildeo as DST
planejamento familiar qualidade de vida e prevenccedilatildeo do cacircncer ginecoloacutegico entre
outros As autoras destacam tambeacutem a importacircncia mobilizaccedilatildeo das mulheres para
o autocuidado e a busca de melhor qualidade de vida (grupos de caminhada cultivo
de hortas caseiras por exemplo) valorizaccedilatildeo da integralidade na assistecircncia e no
estiacutemulo a uma participaccedilatildeo ativa das mulheres com atitudes assertivas em relaccedilatildeo
a sauacutede identificaccedilatildeo e minimizaccedilatildeo das dificuldades de acesso ao serviccedilo de
sauacutede sejam elas barreiras individuais e institucionais (NARCHI JANICAS e
FERNANDES 2007)
Ainda conforme as autoras aleacutem das atividades comunitaacuterias que podem ser
realizadas pela equipe de sauacutede da famiacutelia o enfermeiro tambeacutem pode instituir
grupos educativos de coleta ou de resultados da colpocitologia na unidade baacutesica de
sauacutede (UBS) ou na unidade de sauacutede da famiacutelia (USF) abordando temaacuteticas
21
voltadas agrave sexualidade higiene iacutentima prevenccedilatildeo de DST prevenccedilatildeo do cacircncer
ginecoloacutegico e teacutecnica de coleta do exame As autoras afirmam que esses grupos
aleacutem de disponibilizarem um espaccedilo para a socializaccedilatildeo do conhecimento
possibilitam a integraccedilatildeo entre profissionais e pacientes e estimulam o
autoconhecimento do corpo e da sexualidade familiarizando a mulher ao ambiente e
ao exame e minimizando sentimentos negativos como o medo a vergonha o
nervosismo e o constrangimento que por vezes as impedem de aderir ao programa
Essa estrateacutegia seraacute possiacutevel agrave medida que o profissional estiver sensibilizado e
capacitado para implementaacute-la utilizando habilidades de aconselhamento e
abordagem empaacutetica (NARCHI JANICAS e FERNANDES 2007)
O enfermeiro deve ainda avaliar a presenccedila de fatores de risco na consulta
de enfermagem agrave mulher com vistas a realizar as intervenccedilotildees necessaacuterias e o
acompanhamento mais frequente Diante disso eacute recomendado que na consulta de
retorno para recebimento do laudo da colpocitologia seja realizado procedimento de
aconselhamento sobre DST e Aids antes de discutir o resultado e a conduta
No que diz respeito agrave prevenccedilatildeo secundaacuteria do cacircncer ceacutervico-uterino Narchi
Janicas e Fernandes (2007) afirmam que se deve realizar o exame citopatoloacutegico
para que seja feita a detecccedilatildeo do cacircncer in situ ou das lesotildees precursoras trataacuteveis
e curaacuteveis em ateacute 100 dos casos Para as autoras o acolhimento deveraacute ocorrer
em todas as fases da assistecircncia ou seja desde o primeiro contato com a mulher o
que pode ocorrer em seu domiciacutelio quanto no agendamento ao se verificar acerca
do aprazamento da colpocitologia Citam tambeacutem que esse exame tem sido
utilizado em programas de rastreamento do cacircncer ceacutervico-uterino em todo o mundo
(screening) para interromper o ciclo evolutivo da doenccedila detectando-a em fase preacute-
invasiva trataacutevel e curaacutevel Relatam ainda que os paiacuteses que desenvolveram o
programa tanto com identificaccedilatildeo efetiva da populaccedilatildeo de risco qualidade coleta e
na interpretaccedilatildeo dos resultados quanto com tratamento e acompanhamento
adequados dos casos de alto risco lograram reduccedilatildeo significativa na incidecircncia e na
mortalidade por essa patologia
Segundo a OMS para que um programa de rastreamento do cacircncer ceacutervico-
uterino cause impacto epidemioloacutegico eacute necessaacuterio realizar uma cobertura superior a
80 o que representaria um impacto de 50 na reduccedilatildeo da mortalidade por essa
doenccedila Entretanto nos paiacuteses em desenvolvimento como o Brasil a cobertura
22
desse teste ainda natildeo alcanccedilou niacuteveis suficientes e coerentes com as necessidades
da populaccedilatildeo feminina sob maior risco de contrair a doenccedila
Narchi Janicas e Fernandes (2007) relatam que no Brasil as accedilotildees de
intervenccedilatildeo e controle do cacircncer ceacutervico-uterino tecircm sido norteadas pela distribuiccedilatildeo
das lesotildees cervicais segundo as faixas etaacuterias de mulheres mais acometidas pela
doenccedila e pela periodicidade dos exames citopatoloacutegicos seguindo a loacutegica
epidemioloacutegica do risco e da relaccedilatildeo custobenefiacutecio que norteiam as intervenccedilotildees
em sauacutede publica Poreacutem por vaacuterios anos essa cobertura esteve descontextualiza
da no paiacutes de forma a disponibilizar a citopatologia apenas durante o preacute-natal natildeo
atingindo a populaccedilatildeo de mulheres da faixa etaacuteria de maior risco subutilizando os
equipamentos de sauacutede e tornando o programa ineficiente Conforme as autoras
vaacuterios estudos que investigaram os motivos que dificultam a captaccedilatildeo das mulheres
para a prevenccedilatildeo do cacircncer ginecoloacutegico ressaltam a amplitude do problema que
perpassa por diversas esferas assumindo aspecto multidimensional
Narchi Janicas e Fernandes (2007) ressaltam ainda que o modelo
contextual proposto por Pinho amp Franccedila-Junior analisa o acesso e a utilizaccedilatildeo dos
serviccedilos preventivos em trecircs planos individual organizacionalprogramaacutetico e social
dispostos em uma estrutura dinacircmica e relacional Esse modelo propotildee que a
realizaccedilatildeo da colpocitologia seja produto da interaccedilatildeo desses trecircs planos dos quais
emergem os elementos necessaacuterios para definir uma situaccedilatildeo de vulnerabilidade
individual programaacuteticaorganizacional e social do cacircncer ceacutervico-uterino Para as
autoras o plano individual representado por caracteriacutesticas relacionadas agrave
realizaccedilatildeo do exame definiraacute a vulnerabilidade individual da mulher a doenccedila A
vulnerabilidade eacute representada por um conjunto de fatores cognitivos relacionados a
real falta de conhecimento sobre a doenccedila e o exame o que contribui para a
reduccedilatildeo de praacuteticas sexuais seguras e de prevenccedilatildeo secundaacuteria Tal vulnerabilidade
individual pode ser criada e percebida pelas mulheres ou a elas imposta no
momento em que se enfatiza o risco da natildeo-realizaccedilatildeo da colpocitologia em vez da
ecircnfase ao benefiacutecio da accedilatildeo gerando ou reforccedilando sentimento de medo em
relaccedilatildeo ao cacircncer que pode provocar tanto um efeito propulsor que induz a mulher
para a realizaccedilatildeo do exame quanto um efeito mais restritivo ao exame pelo medo
de sentir dor ou de receber um resultado positivo concluem as autoras
23
No plano organizacional ou programaacutetico inserem-se as caracteriacutesticas
relacionadas agrave disponibilidade de serviccedilos de sauacutede em relaccedilatildeo agrave demanda e a sua
acessibilidade geograacutefica a organizaccedilatildeo e as necessidades da populaccedilatildeo usuaacuteria e
ao planejamento das accedilotildees efetivas na prevenccedilatildeo e na promoccedilatildeo a sauacutede sob a
forma de programas organizados de rastreamento do cacircncer cervical que primem
pelo respeito agrave autonomia individual e pela abordagem integral mulher (NARCHI
JANICAS e FERNANDES 2007)
Ainda segundo os autores um dos fatores que contribuem para a baixa
adesatildeo das mulheres ao programa eacute a falta de humanizaccedilatildeo na assistecircncia pois a
violecircncia institucional sofrida pelas mulheres durante a consulta ginecoloacutegica pode
ser traduzida pela humilhaccedilatildeo por constrangimento e pela forma fria e
despersonalizada com que satildeo atendidas sem serem esclarecidas quanto ao
resultado do exame ou por realizarem tratamentos por vaacuterios anos sem sequer
terem noccedilatildeo dos seus objetivos Isso submete a mulher a uma assistecircncia
medicalizada e indigna na qual se perde a oportunidade de investir em prevenccedilatildeo
primaacuteria (NARCHI JANICAS E FERNANDES 2007)
De acordo com Dias-da-Costa et al (2003) quando se fala acerca da sauacutede
puacuteblica eacute sabido que a efetividade do programa de controle do cacircncer de colo do
uacutetero depende da cobertura populacional alcanccedilada Poreacutem no Brasil a avaliaccedilatildeo
da efetividade de programas de prevenccedilatildeo e accedilotildees de sauacutede puacuteblica ainda eacute
considerada incipiente
43 Contexto histoacuterico da citologia oncoacutetica
Montemor et al (2008 p 45) relatam que na eacutepoca em que a citologia
ginecoloacutegica estava em desenvolvimento agrave ideacuteia preponderante entre os
ginecologistas era que sendo o colo uterino facilmente acessiacutevel agrave bioacutepsia dava-se
preferecircncia ao estudo histoloacutegico pois a citologia ainda carecia de credibilidade
diagnoacutestica
Os autores afirmam que foi Aureli Babes um patologista romeno em 1928
que sugeriu que fosse feita a coleta direta de material do colo uterino para o
diagnoacutestico do cacircncer sendo que o mesmo foi o primeiro pesquisador que
descreveu de forma minuciosa a teacutecnica de coleta utilizando a coloraccedilatildeo atraveacutes do
24
meacutetodo de Giemsa Entretanto ainda de acordo com os autores foi George
Nicholas Papanicolaou um grego nascido em 1883 em Kymi na ilha grega de
Euboea que se aprofundou nos estudos acerca da citologia ginecoloacutegica o qual em
1913 se fixou nos Eua como pesquisador do laboratoacuterio do Hospital de Nova Iorque
Segundo os autores Neste sentido os autores afirmam que
Papanicolaou quando estudava as alteraccedilotildees hormonais das ceacutelulas nas diferentes fases do ciclo menstrual observou que tambeacutem era possiacutevel o diagnoacutestico das ceacutelulas tumorais do colo uterino Em 1941 publicou no American Journal of Obstetrics and Gynecology em co-autoria com Traut um trabalho com o tiacutetulo de O valor diagnoacutestico dos esfregaccedilos vaginais no carcinoma do uacutetero Nessa publicaccedilatildeo mostra a possibilidade de fazer diagnoacutestico de carcinoma do colo uterino atraveacutes de ceacutelulas atiacutepicas presentes nos esfregaccedilos bem como enfatiza a necessidade de aplicar esse meacutetodo simples e de baixo custo a um grande nuacutemero de mulheres O meacutetodo de coloraccedilatildeo dos esfregaccedilos citoloacutegicos que leva o nome de ldquoColoraccedilatildeo de Papanicolaourdquo eacute ainda hoje largamente utilizado (MONTEMOR et al 2008 p 46)
Os autores relatam ainda que em meados de 1940 o J Ernest Ayre um
meacutedico canadense utilizou uma espaacutetula a qual leva o seu nome para obter
raspados do colo uterino possibilitando dessa forma uma maneira praacutetica e
eficiente de coleta de material para a realizaccedilatildeo de exames em grande escala
(MONTEMOR et al 2008) De acordo com Tavares et al (2007) o exame
citopatoloacutegico foi sugerido como uma ferramenta para a detecccedilatildeo precoce do cacircncer
do colo do uacutetero em 1941
Conforme Hackenhaar Ceacutesar e Domingues (2006) a prevenccedilatildeo considerada
como secundaacuteria do cacircncer do colo uterino tem se centralizado no rastreamento de
mulheres sexualmente ativas atraveacutes do exame citopatoloacutegico do colo uterino O
qual foi adotado para rastreamento na deacutecada de 50 em vaacuterios paiacuteses uma vez que
identifica lesotildees preacute-cancerosas que se tratadas minimizam a incidecircncia de
carcinoma invasor e com isso a mortalidade pelo cacircncer de colo uterino Segundo
os autores
Em 1998 o Ministeacuterio da Sauacutede do Brasil estabeleceu que o exame para a detecccedilatildeo precoce do cacircncer do colo uterino deveria ser realizado por mulheres com idade entre 25 e 60 anos ou antes desta faixa etaacuteria caso jaacute tivessem mantido relaccedilotildees sexuais Para estas mulheres a periodicidade deveria ser de trecircs em trecircs anos se os dois primeiros exames realizados a cada ano fossem normais Em 2002 ocorreu a fase de intensificaccedilatildeo da campanha que tinha por objetivo realizar exames nas mulheres de 35 a 49 anos que nunca haviam realizado este tipo de exame ou que o houvessem
25
realizado haacute mais de trecircs anos (HACKENHAAR CEacuteSAR e DOMINGUES 2006 p 1)
44 Conceitos e caracteriacutesticas do exame de prevenccedilatildeo do cacircncer
Conforme Montemor et al (2008) o exame citopatoloacutegico tambeacutem conhecido
como exame Papanicolaou ou ainda exame preventivo do cacircncer do colo do uacutetero
tem como objetivo a anaacutelise das ceacutelulas obtidas por raspagem do colo uterino
(ectoceacutervice e canal endocervical) com as quais eacute realizado esfregaccedilo sobre uma
lacircmina de vidro De acordo com os autores as caracteriacutesticas morfoloacutegicas das
ceacutelulas satildeo observadas ao microscoacutepio e quando alteradas ou seja quando estatildeo
diferentes daquelas consideradas normais sugerem tratar-se de processo preacute-
neoplaacutesico ou neoplaacutesico Os autores afirmam ainda que atualmente o exame
citopatoloacutegico eacute o meacutetodo de rastreamento para cacircncer do colo uterino mais utilizado
em todo o mundo
De acordo com Tavares (2007) o exame citopatoloacutegico eacute considerado um
meacutetodo eficiente pois tem a habilidade de identificar lesotildees precursoras do cacircncer
do colo do uacutetero que naquele momento satildeo trataacuteveis podendo resultar em
significante decreacutescimo da mortalidade por esse tipo de cacircncer
45 O cacircncer do colo do uacutetero
Segundo Zeferino (2008) o cacircncer do colo uterino tem sido um desafio para a
sauacutede puacuteblica na reduccedilatildeo de morte de mulheres por causa desse mal uma vez que
se trata de uma doenccedila que pode ser evitada por meio do diagnoacutestico e do
tratamento de suas lesotildees precursoras Neste sentido Narchi Janicas e Fernandes
(2007) concordam com Zeferino (2008) quando afirmam que o cacircncer chamado por
eles de cacircncer ceacutervico-uterino vem sendo alvo de atenccedilatildeo por parte da comunidade
cientiacutefica devido ocupar lugar de destaque no que diz respeito agraves elevadas taxas de
morbidade e mortalidade entre a populaccedilatildeo feminina principalmente em paiacuteses em
desenvolvimento uma vez que trata-se de um tipo de cacircncer que estaacute relacionado
ao perfil epidemioloacutegico das mulheres cuja frequecircncia dos fatores de risco e do grau
de implementaccedilatildeo de accedilotildees de curto e longo prazos em todos os niacuteveis de atenccedilatildeo
26
De acordo com Hackenhaar Ceacutesar e Domingues (2006 p1) ldquoo cacircncer do
colo uterino eacute um problema de sauacutede puacuteblica mundialrdquo Segundo os autores
Em 2000 havia uma estimativa de 468000 casos com 233000 mortes por este tipo de cacircncer em todo o mundo Destas mortes 80 ocorreriam nos paiacuteses em desenvolvimento No Brasil o cacircncer de colo uterino representa a segunda maior causa de morte por cacircncer entre as mulheres (HACKENHAAR CEacuteSAR e DOMINGUES 2006 p 1)
Por meio do controle perioacutedico utilizando-se o exame citoloacutegico eacute possiacutevel
reduzir sua incidecircncia pois dados da Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede (OMS)
afirmam que a cada ano surgem cerca de 500 mil novos casos de cacircncer do colo
uterino por ano no mundo todo sendo que mais de 400 mil ocorrem em paiacuteses em
desenvolvimento (ZEFERINO 2008) Este dado eacute confirmado por Ceacutesar et al
(2003) quando os autores afirmam que cerca de 80 dos casos de cacircncer de colo
uterino ocorrem nos paiacuteses pobres
Domingos et al (2007 p 1) explicam que ldquoo cacircncer de colo de uacutetero eacute uma
doenccedila de evoluccedilatildeo lenta levando em meacutedia 14 anos para sua evoluccedilatildeo total
Inicia-se com alteraccedilotildees miacutenimas nas ceacutelulas denominadas displasia e se natildeo
forem tratadas estas alteraccedilotildees evoluemrdquo De acordo com os autores
Com o desenvolvimento da doenccedila em meacutedia trecircs anos apoacutes a constataccedilatildeo das primeiras alteraccedilotildees celulares surge um tumor localizado chamado carcinoma in situ Este cacircncer desenvolve-se por mais seis anos invadindo a mucosa do uacutetero quando recebe o nome de carcinoma invasor Apoacutes 14 anos das primeiras alteraccedilotildees celulares o cacircncer atinge a forma mais grave com o aparecimento de metaacutestase espalhando-se assim por outras regiotildees do corpo (DOMINGOS et al 2007 p 1)
Conforme Rodrigues Neto Figueiredo e Siqueira (2008 p 1) o cacircncer tem
sido responsaacutevel por seis milhotildees de mortes por ano correspondendo a 12 das
mortes mundiais ldquoEstima-se a ocorrecircncia de mais de dez milhotildees de novos casos
de cacircncer por ano sendo que para o ano de 2020 espera-se que haja mais de 15
milhotildees de casos novosrdquo Para os autores
O cacircncer do colo do uacutetero (CCU) ocupa o 2ordm lugar na incidecircncia mundial de neoplasias estando atraacutes apenas do cacircncer de mama Por ano no mundo ocorrem cerca de 235 mil mortes devido ao CCU sendo 218 mil em paiacuteses considerados pobres ou emergentes(4) onde ocorre quase 60 dos casos novos de cacircncer ocupando um lugar de destaque nas taxas de morbimortalidade entre a populaccedilatildeo feminina Ressalta-se que na Ameacuterica Latina se encontram as mais altas taxas de incidecircncia desta doenccedila
27
representando uma das causas de oacutebito mais frequumlente entre as mulheres [] Natildeo considerando os carcinomas de pele natildeo melanoma o CCU eacute o mais incidente na Regiatildeo Norte (22100000) Jaacute nas regiotildees Sul (24100000) Centro-Oeste (19100000) e Nordeste (18100000) ocupa a segunda posiccedilatildeo e no Sudeste (18100000) a quarta posiccedilatildeo estando assim associado a regiotildees brasileiras de baixo niacutevel socioeconocircmico (RODRIGUES NETO FIGUEIREDO e SIQUEIRA 2008 p 1)
Dentre os fatores causadores e facilitadores desse tipo de cacircncer Ceacutesar et al
(2003) citam fatores reprodutivos maternos tais como iniacutecio precoce de atividade
sexual e comportamento sexual masculino baixo niacutevel socioeconocircmico muacuteltiplos
parceiros sexuais higiene sexual precaacuteria ocorrecircncia de abortos (particularmente os
induzidos) alcoolismo e tabagismo e uso de anticoncepcional oral Domingos et al
(2007 p 1) afirmam que ldquoo cacircncer do colo do uacutetero eacute um dos maiores problemas da
sauacutede da mulher em todo o mundo Estima-se que a cada ano ocorram no mundo
493000 novos casos da doenccedila e 274000 mortesrdquo
ldquoSegundo dados do Ministeacuterio da Sauacutede (MS) no ano de 2002 4091
mulheres morreram no Brasil vitimadas por este tipo de cacircncer Destas 297
ocorreram no Estado do Paranaacute na faixa etaacuteria de 30 a 49 anosrdquo (DOMINGOS et al
2007 p 1)
Zeferino (2008) relata que no Brasil o cacircncer do colo uterino eacute o terceiro mais
frequumlente o qual eacute superado apenas pelos cacircnceres de pele e de mama Trata-se
da quarta causa de oacutebito entre as mulheres superado apenas pelos cacircnceres de
mama do pulmatildeo e do coacutelon-reto No ano de 2003 foram registradas 4110 mortes
com cacircncer de colo uterino correspondendo a 7 do total dos oacutebitos devido a
cacircncer em mulheres De acordo com o autor
Cerca de 90 dos cacircnceres de colo uterino originaram-se de ceacutelulas escamosas sendo chamados de carcinomas escamosos ou carcinomas epidermoacuteides e outros 10 originaram-se de ceacutelulas glandulares sendo entatildeo chamados de adenocarcinomas Raramente podem aparecer os dois tipos de ceacutelulas e satildeo chamados carcinomas adenoescamosos Todavia tem sido observado que a proporccedilatildeo de adenocarcinoma do colo uterino tem aumentado nas uacuteltimas deacutecadas particularmente em mulheres jovens (BULK et al 2005 apud ZEFERINO 2008 p 68)
Segundo dados do INCA (2002 apud Ceacutesar et al 2003 p 1366) ldquono Brasil
o cacircncer de colo uterino eacute o segundo entre os tumores ginecoloacutegicos malignos e o
terceiro mais comum na populaccedilatildeo feminina Representa 10 de todos os cacircnceres
malignos em mulheresrdquo
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De acordo com Albuquerque et al (2009) ldquoa infecccedilatildeo preacutevia pelo papiloma
viacuterus humano (HPV) tem sido apontada como o principal fator de risco para o cacircncer
de colo de uacuteterordquo Fatores como iniacutecio precoce da atividade sexual multiplicidade de
parceiros sexuais uso de contraceptivos orais tabagismo situaccedilatildeo conjugal e baixa
condiccedilatildeo soacutecio-econocircmica tecircm sido apontados como fatores de risco importantes
para o desenvolvimento dessa neoplasia
Narchi Janicas e Fernandes (2007) relatam que o cacircncer ceacutervico-uterino tem
sua origem a partir de uma lesatildeo intra-epitelial progressiva a qual pode evoluir para
um cacircncer invasivo dentro de um prazo em torno de 10 a 20 anos caso natildeo seja
oferecido tratamento
Conforme as autoras durante o periacuteodo de evoluccedilatildeo da doenccedila ela passa por
fases preacute-cliacutenicas detectaacuteveis e curaacuteveis lhe conferindo elevado potencial de
prevenccedilatildeo e cura Corresponde a cerca de 15 de todos os cacircnceres femininos
sendo o segundo tipo mais comum entre as mulheres Ainda na visatildeo das autoras a
mortalidade pelo cacircncer ceacutervico-uterino pode ser evitada devido agrave lenta evoluccedilatildeo da
doenccedila e devido aos recursos tecnoloacutegicos o diagnoacutestico e o tratamento oportunos
das lesotildees precursoras as quais satildeo curaacuteveis em ateacute 100 dos casos Entretanto
conforme as autoras mesmo o Brasil ter sido um dos primeiros paiacuteses a realizar os
exames de colpocitologia e colposcopia esse tipo de cacircncer ainda continua sendo
um seacuterio problema de sauacutede puacuteblica por manter uma das mais elevadas taxas de
oacutebito como pode ser verificado a seguir
No Brasil as accedilotildees de controle do cacircncer ginecoloacutegico iniciaram-se de forma programaacutetica em 1983 eacutepoca de implantaccedilatildeo do Programa de Assistecircncia Integral agrave Sauacutede da Mulher (PAISM) que representou uma ampliaccedilatildeo do foco de assistecircncia agrave mulher para aleacutem do ciclo graviacutedico-puerperal No entanto apesar das recomendaccedilotildees de implantaccedilatildeo ou ampliaccedilatildeo das atividades de diagnoacutestico do cacircncer ceacutervico-uterino e de educativas com vistas agrave prevenccedilatildeo da doenccedila por mais de uma deacutecada as accedilotildees de combate a essa doenccedila foram desenvolvidas no paiacutes de forma desarticulada por iniciativa de apenas alguns Estados e municiacutepios (NARCHI JANICAS e FERNANDES 2007 p 128)
Os autores pesquisados nesta revisatildeo narrativa serviram de subsiacutedios para a
elaboraccedilatildeo do plano de accedilatildeo apresentado no proacuteximo capiacutetulo cujo objetivo eacute
aumentar a cobertura do exame de prevenccedilatildeo do cacircncer do colo do uacutetero no Centro
de Sauacutede Felicidade II
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5 PLANO DE ACcedilAtildeO PARA A AMPLIACcedilAtildeO DA COBERTURA DO EXAME COLPOCITOLOacuteGICO NO CENTRO DE SAUacuteDE FELICIDADE II
De acordo com a atividade realizada no Moacutedulo da Sauacutede da Mulher foram
constatados alguns problemas em relaccedilatildeo agrave cobertura do exame colpocitoloacutegico no
Centro de Sauacutede Felicidade II o qual apresentou em 2009 baixa cobertura A partir
daiacute foram detectados outros fatores que contribuem para o baixo iacutendice de
cobertura aqueacutem do que eacute preconizado pela Secretaacuteria Municipal de Sauacutede Neste
sentido o plano de accedilatildeo descrito no Quadro 1 vem propor estrateacutegias visando
ampliar da cobertura do exame colpocitoloacutegico e minimizar os problemas levantados
Acredita-se que por meio da implantaccedilatildeo do plano de accedilatildeo sugerido o
Centro de Sauacutede Felicidade II teraacute maior e melhor desempenho de sua equipe
alcanccedilando com isso o aprimoramento no atendimento da populaccedilatildeo alvo da
instituiccedilatildeo
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QUADRO1 - PLANO DE ACcedilAtildeO PARA AUMENTAR A COBERTURA DO EXAME DE PREVEN9AO DO COLO DO UTERO PARA A EQUIPE DE SAUDE DO CENTRO DE SAUDE FELICIDADE II
PROBLEMA ATIVIDADES ACcedilOtildeES META RESPONSAVEL PERIODO
As ACS sentem inseguros para orientar agraves mulheres em relaccedilatildeo aos cuidados para realizar o exame preventivo por falta de conhecimento
Educaccedilatildeo em Sauacutede
Capacitaccedilatildeo da equipe sobre a importacircncia do exame colpocitoloacutegico
Nivelar o conhecimento dos membros da equipe
Municiacutepio Gerecircncia Regional de Sauacutede
Outubro2011
Enfermeiro natildeo se sente capacitado para a realizaccedilatildeo do exame de Papanicolaou
Capacitaccedilatildeo Teacutecnica do enfermeiro para a realizaccedilatildeo do exame de Papanicolaou
Solicitar agrave Ginecologista enfermeira treinamentocapacitaccedilatildeo do enfermeiro
Instrumentalizar o enfermeiro para a realizaccedilatildeo coleta de material
Enfermeira de outra Unidade Baacutesica de Sauacutede Meacutedico Ginecologista
Outubro2011
Baixo iacutendice de cobertura do exame citoloacutegico
Elaboraccedilatildeo de um instrumento para coleta de dados para identificar as mulheres de 25 a 59 anos na aacuterea de abrangecircncia do centro de sauacutede e tambeacutem para levantar quais os fatores que impeditivos para a realizaccedilatildeo do exame Incluir as mulheres identificadas no arquivo rotativo
Visita domiciliar
Visitar todas as mulheres dentro da aacuterea de abrangecircncia da UBS
ACS Novembro2011 Dezembro2011
Baixo iacutendice de cobertura do exame citoloacutegico
Agendamento da consulta de enfermagem consulta meacutedica para atender as prioridades levantadas no diagnoacutestico da atividade anterior para realizaccedilatildeo do exame Priorizar mulheres que nunca fizeram o exame ou que fizeram a mais de trecircs anos
Visita domiciliar Consulta de Enfermagem e consulta meacutedica
Orientar as mulheres sobre o exame preventivo Realizar o exame
ACS Meacutedico e enfermeira
Janeiro2012
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O agendamento das consultas e marcado para datas muito distantes o que geralmente faz com que a mulher esqueccedila
Comunicaccedilatildeo da data do exame com antecedecircncia
Elaborar uma forma de entrar em contato com a paciente cinco dias antes da consulta agendada
Diminuir o iacutendice de ausecircncia agraves consultas
ACS Novembro2011
Desconhecimento das mulheres sobre o exame preventivo e os cuidados preparativos para o exame
Orientaccedilatildeo das mulheres sobre o exame e os cuidados preparativos para o exame
Criar um informativo contendo as orientaccedilotildees sobre o exame e os cuidados para serem entregue as usuaacuterias no momento da visita do ACS para informaacute-las da data e horaacuterio da consulta
Orientar todas usuaacuterias
Enfermeiro ACS
Janeiro2011
Entrega de resultados dos preventivos sem alteraccediloespelos ACSrsquos
Entrega do resultado do exame
Agendar um dia na semana para a entrega dos resultados dos exames Todos os exames deveratildeo ser vistos pelo enfermeiro Aqueles que apresentarem alguma alteraccedilatildeo a paciente deve ser encaminhada ao meacutedico Teacutecnico de Enfermagem Enfermeiro
Orientar as usuaacuterias
Os exames com resultados normais seratildeo entregues pelo teacutecnico de enfermagem Aqueles que apresentarem alguma alteraccedilatildeo seratildeo entregues pelo enfermeiro que deveraacute fazer os devidos encaminhamentos quando necessaacuterios
Dezembro2011
Entrega dos resultados de exames com alteraccedilotildees apoacutes consultas de retorno agendadas para usuaacuterias
Orientaccedilatildeo encaminhamento e acompanhamento da usuaacuteria
Visita domicilar Consulta de enfermagemconsulta meacutedica
Avaliar o estado de sauacutede da mulher Acompanhamento e orientaccedilotildees
Meacutedico e enfermeira Janeiro2012
Monitoramento e acompanhamento
- Agendamentos anuais - Elaboraccedilatildeo um arquivo rotativo - Estabelecimento de Indicadores de acompanhamento e
- Controlar a marcaccedilatildeo de consulta no intervalo de trecircs anos se apoacutes dois anos consecutivos de coleta os resultados forem negativos para
Monitorar o exame preventivo Acompanhar o estado de sauacutede das mulheres pela
Enfermeira e Teacutecnico de enfermagem
Novembro2011
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avaliaccedilatildeo das accedilotildees votadas agrave sauacutede da mulher pela equipe de sauacutede
displasia ou neoplasia - Fazer a busca das usuaacuterias faltosas aos exames e consultas
equipe
Falta de interesse e conscientizaccedilatildeo em relaccedilatildeo agrave importacircncia do exame preventivo
Atendimento de Grupos Retomar o grupo de mulheres onde seratildeo abordados temas relativos agrave sauacutede da mulher Realizar orientaccedilotildees por meio de palestras nos grupos operativos
Conscientizar as mulheres sobre a importacircncia da realizaccedilatildeo do exame
Equipe de Sauacutede Fevereiro2012
Consulta eacute marcada com um meacutedico do sexo masculino
Agendamento com o enfermeiro quando possiacutevel
Reforccedilar com a paciente que durante a consulta estaraacute presente uma Auxiliar de Enfermagem
Diminuir a evasatildeo do exame prevenccedilatildeo Diminuir a resistecircncia ao atendimento masculino
Disponibilizar uma auxiliar ou teacutecnica de enfemagem para acompanhar o meacutedico durante o exame
Dezembro2011
Falta disponibilidade de horaacuterios mais flexiacuteveis pois haacute concentraccedilatildeo de horaacuterio pela manhatilde
Adequaccedilatildeo da Agenda Alteraccedilotildees na agenda com horaacuterios para adequar agraves necessidades dos usuaacuterios
Marcar os exames preventivos para o horaacuterio da tarde
Enfermeira e meacutedico Janeiro2012
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6 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
A poliacutetica da sauacutede tem como principal objetivo promover mudanccedilas no intuito
de melhorar o niacutevel da sauacutede da populaccedilatildeo Diante dos resultados apurados nesse
estudo percebe-se a necessidade das intervenccedilotildees a serem efetuadas no Centro de
Sauacutede Felicidade II visando melhorar o iacutendice de cobertura dos exames
preventivos
Assim a realidade percebida no Centro de Sauacutede Felicidade II eacute que o
desempenho da equipe exerce grande impacto no desenvolvimento das accedilotildees
alcanccedilando dessa forma o objetivo de contribuir com o aprimoramento e a
consolidaccedilatildeo da assistecircncia agrave sauacutede da populaccedilatildeo
Como problemas levantados em relaccedilatildeo a baixa cobertura da prevenccedilatildeo do
cacircncer do colo do uacutetero identificamos as seguintes o ACS sentir inseguro para
orientar agraves mulheres em relaccedilatildeo aos cuidados para realizar o exame preventivo a
falta de capacitaccedilatildeo teacutecnica para o enfermeiro realizar o exame de Papanicolaou
consultas agendadas para datas muito distantes fazendo com que a mulher se
esqueccedila do diadesconhecimento das mulheres sobre o exame preventivo e os
cuidados preparativos para o mesmo falta de interesse e conscientizaccedilatildeo em
relaccedilatildeo agrave importacircncia do exame preventivo por parte das usuaacuteriaspudor da mulher
diante do profissional de sexo masculino e falta de disponibilidade de horaacuterios mais
flexiacuteveis com concentraccedilatildeo das consultas no horaacuterio da manhatilde
A partir dos problemas levantados foram propostas as atividades accedilotildees
metas e os responsaacuteveis pelas atividades no sentido de ampliar a cobertura das
mulheres por meio da participaccedilatildeo de toda a equipe de sauacutede Desse modo foi
muito importante tambeacutem a elaboraccedilatildeo das estrateacutegias para que o nuacutemero de
usuaacuterias seja aumentado Neste sentido destaca-se o papel do enfermeiro como
parte integrante da equipe de sauacutede e que desempenha um importante papel na
promoccedilatildeo da prevenccedilatildeo educaccedilatildeo e melhorias constantes nos serviccedilos oferecidos
agrave populaccedilatildeo
Nesta direccedilatildeo o Centro de Sauacutede Felicidade II deve se preocupar com a
capacitaccedilatildeo de seus funcionaacuterios com a organizaccedilatildeo do processo de trabalho das
equipes bem com um investimento maior nas accedilotildees de promoccedilatildeo e prevenccedilatildeo da
saude conforme abordado neste estudo
34
Desse modo cabe a todos os profissionais atuar mais na prevenccedilatildeo
promoccedilatildeo e recuperaccedilatildeo por meio de praacuteticas educativas promovendo campanhas
palestras sobre a sauacutede da mulher fornecendo orientaccedilotildees durante as consultas
para que se possa reverter o quadro de baixo iacutendice de cobertura no exame
preventivo de cacircncer do colo do uacutetero alcance assim a cobertura preconizada pela
Secretaacuteria de Sauacutede o que vai refletir na melhoria da assistecircncia a sauacutede agrave mulher
35
REFEREcircNCIAS ALBUQUERQUE KM et al Cobertura do Teste de Papanicolau e Fatores associados agrave Natildeo-Realizaccedilatildeo um olhar sobre o Programa de Prevenccedilatildeo do Cacircncer do Colo do Uacutetero em Pernambuco Brasil Caderno de Sauacutede Puacuteblica v 25 supl 2 Rio de Janeiro 2009 Disponiacutevel em lthttpwwwscielosporgscielophpscript=sci_arttextamppid=S0102-311X2009001400012gt Acesso em 6 nov 2010 BELO HORIZONTE Secretaria Municipal de Sauacutede Prevenccedilatildeo e Controle do Cacircncer do Colo de Uacutetero Belo Horizonte 2008 BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede O Programa Sauacutede da Famiacutelia e a Atenccedilatildeo Baacutesica no Brasil Brasiacutelia 2002 Disponiacutevel em lthttpwwwccssaudegovbrsaudebatea portamostravirtualpublicacoespsf_atencaobasicapdfgt Acesso em 01 abr 2010 CEacuteSAR JA et al Fatores Associados agrave natildeo Realizaccedilatildeo de Exame Citopatoloacutegico de Colo Uterino no Extremo Sul do Brasil Caderno de Sauacutede Puacuteblica Rio de Janeiro v19n5 p1365-1372 setout 2003 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrpdf0Dcspv19n517808pdfgt Acesso em 16 jul 2010 CORREcircA DA D VILLELA WV O Controle do Cacircncer do Colo do Uacutetero desafios para implementaccedilatildeo de accedilotildees programaacuteticas no Amazonas Brasil Rev bras sauacutede matern infantil v8 n4p491-497 outdez 2008 DIAS-DA-COSTA J S et al Cobertura do Exame Citopatoloacutegico na Cidade de Pelotas Rio Grande do Sul Brasil Caderno de Sauacutede Puacuteblica Rio de Janeiro v19 n1 p191-197 janfev 2003 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrpdfcspv19n114919pdfgt Acesso em 16 jul 2010 DOMINGOS ACP et al Cacircncer do Colo do Uacutetero comportamento preventivo de auto-cuidado agrave sauacutede Revista Ciecircncia Cuidado e Sauacutede 6 (Suplem 2) p 397-403 2007 Disponiacutevel em lthttpperiodicosuembrojsindexphpCiencCuidSaudearticleviewFile53373385gt Acesso em 5 nov 2010 HACKENHAAR AAC JURACI A DOMINGUES MR Exame Citopatoloacutegico de Colo Uterino em Mulheres com Idade entre 20 e 59 anos em Pelotas RS prevalecircncia foco e fatores associados agrave sua natildeo realizaccedilatildeo Revista Brasileira de EpidemiologiaSatildeo Paulo v9n1 Mar 2006 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S1415-790X2006000100013gt Acesso em 16 jul 2010 MONTEMOR EBL et al Controle do Cacircncer de Colo de Uacutetero o exame citopatoloacutegico In LOPES MHBde M (org) Enfermagem na Sauacutede da Mulher Goiacircnia AB 2006 p 45-65 NAKAGAWA JTT SCHIRMER J BARBIERI M Viacuterua HPV e Cacircncer de Colo de Uacutetero Revista Brasileira de Enfermagem v 63 n 2 Brasiacutelia marabri 2010
36
Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S0034-71672010000200021gt Acesso em 6 nov 2010 NARCHI NZ JANICAS Rde CS V FERNANDES RAacuteQ Prevenccedilatildeo e Controle do Cacircncer Ceacutervico-Uterino In FERNANDES RAacuteQ NARCHI NZ Enfermagem e Sauacutede da Mulher Barueri SP Manole 2007 p 127-149 NUacuteCLEO DE EDUCACcedilAtildeO EM SAUacuteDE COLETIVA ndash NESCON Faculdade de Medicina ndash UFMG Belo Horizonte Disponiacutevel em lthttpwwwnesconmedicinaufmgbrgt Acesso em 12 dez 2009 PINTO CAG COELHO IB BH Vida pensando a implantaccedilatildeo da Estrateacutegia de Sauacutede da Famiacutelia na cidade de Belo Horizonte passados 10 anos lthttpxayimgcomkqgroups15983109953140003nameImplantacao+do+BH+VIDA+-+Carlos+Gama+e+Ivan+Coelho5B15Dpdf gt Acesso em 01 mar 2011 RODRIGUES NETO JF FIGUEIREDO MFS SIQUEIRA LG Exame Citopatoloacutegico do Colo do Uacutetero fatores associados a natildeo realizaccedilatildeo em ESF Revista Eletrocircnica de Enfermagem 10 (3) 610-21 2008 Disponiacutevel em lthttpwwwfenufgbrrevistav10n3pdfv10n3a07pdfgt Acesso em 17 jul 2010 TAVARES SB do N et al Controle da Qualidade em Citopatologia Cervical revisatildeo de literatura Revista Brasileira de Cancerologia 53(3) 355-364 2007 Disponiacutevel em lthttpwwwincagovbrrbcn_53v03pdfrevisao6pdfgt Acesso em 17 jul 2010 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA Regulamento de Orientaccedilatildeo Do Trabalho De Conclusatildeo De Curso Do Curso De Licenciatura Em Letras ndashPORTUGUEcircS-ESPANHOL Disponiacutevel em lt httpwwwuepgbruepg_departamentosdeletpdfREG20PORT20ESPANHOLpdf gt Acesso em 23 set 2011 ZEFERINO L Prevenccedilatildeo e Controle do Cacircncer Ceacutervico-Uterino In LOPES MHB de M (org) Enfermagem na Sauacutede da Mulher Goiacircnia AB p 67-80 2006
AGRADECIMENTOS
Primeiramente a Deus pelo dom da vida
Ao meu marido pela confianccedila amor e companheirismo nessa importante
etapa de minha vida
Aos meus pais pelo amor incondicional e incentivo
Aos professores pelos ensinamentos em especial agrave professora Suelene
pela dedicaccedilatildeo ensinamentos e sabedoria
Aos colegas pelo companheirismo durante este percurso em que estivemos
juntos
ldquoO saber a gente aprende com os mestres e os livros
A sabedoria se aprende eacute com a vida e com os humildesrdquo
Cora Coralina
RESUMO
O objetivo principal deste estudo foi elaborar um plano de accedilatildeo para ampliar a cobertura do exame colpocitoloacutegico no Centro de Sauacutede Felicidade II da Secretaria Municipal de Sauacutede de Belo Horizonte MG promovendo assim a melhoria das condiccedilotildees de vida e sauacutede das mulheres A metodologia utilizada se baseou na revisatildeo de literatura do tipo narrativa Ao final do estudo foi apresentado um plano de accedilatildeo pois diante dos resultados apurados percebeu-se a necessidade das intervenccedilotildees a serem efetuadas no Centro de Sauacutede Felicidade II visando melhorar o iacutendice de cobertura dos exames preventivos Sabe-se que a poliacutetica da sauacutede tem como principal objetivo promover mudanccedilas no intuito de melhorar o niacutevel da sauacutede da populaccedilatildeo A realidade percebida no Centro de Sauacutede Felicidade II eacute que o desempenho da equipe exerce grande impacto no desenvolvimento das accedilotildees alcanccedilando dessa forma o objetivo de contribuir com o aprimoramento e a consolidaccedilatildeo da assistecircncia agrave sauacutede da populaccedilatildeo em especial a cobertura da populaccedilatildeo feminina na prevenccedilatildeo do cacircncer cervico-uterino
Palavras-chave Sauacutede Prevenccedilatildeo Cacircncer do Colo do Uacutetero
ABSTRACT
The main purpose of this study was to elaborate an action plan to expand the coverage of colpocytological examination at the Center for Health Felicidade II of Municipal Secretary of Health of Belo Horizonte MG thus promoting the improvement of living conditions and health of women The methodology used was based on a review of the literature about the narrative At the end of the study was presented an action plan because of the key results before it was noticed the need for interventions to be made at the Center for Health Felicidade II to improve the coverage of preventive exams It is known that health policy has as main objective to promote changes in order to improve the level of population health The perceived reality at the Center for Health Felicidade II is that the teams performance has great impact on the development of actions achieving in this way the objective of contributing to the improvement and consolidation of health care to the population in particular the coverage of the female population in prevention of uterine cervical cancer Keywords Health Prevention Cervical Cancer
LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS
ACS Agente Comunitaacuterio de Sauacutede
Aids Acquired Immunodeficiency Syndrome
CCU Cacircncer do Colo do Uacutetero
DST Doenccedila Sexualmente Transmissiacutevel
HPV Human Papiloma Viacuterus
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica
INCA Instituto Nacional de Cacircncer
Km Quilometro
NESCON Nuacutecleo de Educaccedilatildeo em Sauacutede Coletiva
OMS Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede
p paacutegina
PAISM Programa de Assistecircncia Integral agrave Sauacutede da Mulher
PSF Programa de Sauacutede da Famiacutelia
SUS Sistema Uacutenico de Sauacutede
TCC Trabalho de Conclusatildeo de Curso
UBS Unidade Baacutesica de Sauacutede UPA Unidade de Pronto Atendimento
USF Unidade de Sauacutede da Famiacutelia
SUMAacuteRIO
1 INTRODUCcedilAtildeO 10 2 OBJETIVOS 15 21 Objetivo geral 15 22 Objetivos especiacuteficos 15 3 METODOLOGIA 16 4 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO 17 41 A promoccedilatildeo da sauacutede das mulheres 17 42 A prevenccedilatildeo do cacircncer do colo do uacutetero 17 43 Contexto histoacuterico da citologia oncoacutetica 23 44 Conceitos e caracteriacutesticas do exame de prevenccedilatildeo do cacircncer 25 45 O cacircncer do colo do uacutetero 25 5 PLANO DE ACcedilAtildeO PARA A AMPLIACcedilAtildeO DA COBERTURA DO EXAME COLPOCITOLOacuteGICO NO CENTRO DE SAUacuteDE FELICIDADE II 30 6 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS 34 REFEREcircNCIAS 35
10
1 INTRODUCcedilAtildeO
O Curso de Especializaccedilatildeo em Atenccedilatildeo Baacutesica em Sauacutede da Famiacutelia eacute
oferecido pelo Nescon aos profissionais de sauacutede das prefeituras municipais do
estado de Minas Gerais na perspectiva de que cumpra seu importante papel na
consolidaccedilatildeo da estrateacutegia e no desenvolvimento de um Sistema Uacutenico de Sauacutede
universal e com maior grau de equumlidade (NESCON 2009)
O Nescon oacutergatildeo complementar da Faculdade de Medicina da Universidade
Federal de Minas Gerais vem se caracterizando como uma das instacircncias de
cooperaccedilatildeo mais atuantes na organizaccedilatildeo de serviccedilos de sauacutede no Brasil Desde
sua criaccedilatildeo em 1983 e reativaccedilatildeo em 1986 o Nescon tem acumulado experiecircncias
que o capacitaram institucionalmente para atividades de pesquisa assessoria e
formaccedilatildeo de recursos humanos (NESCON 2009)
No art 3 do Capiacutetulo I - Da Conceituaccedilatildeo e Objetivos do Regulamento de
Orientaccedilatildeo do Trabalho de Conclusatildeo de Curso do Curso de Licenciatura em Letras
ndash Portuguecircs-Espanhol da Universidade Estadual de Ponta (2010) define que ldquoO
Trabalho de Conclusatildeo de Curso (TCC) constitui uma atividade acadecircmica de
pesquisa e sistematizaccedilatildeo do conhecimento sobre um objeto de estudo pertinente agrave
profissatildeo do licenciado e agrave realidade social em suas diferentes expressotildeesrdquo Ele eacute
desenvolvido mediante controle orientaccedilatildeo e avaliaccedilatildeo docente cuja exigecircncia eacute
um requisito essencial para o crescimento pessoal e profissional do aluno uma vez
que possibilita integrar os conhecimentos acumulados durante o curso
(UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA - 2010)
Neste sentido a motivaccedilatildeo para desenvolver este estudo surgiu da
necessidade de ampliar a cobertura de exame colpocitoloacutegico agraves mulheres
pertencentes agrave aacuterea de abrangecircncia do Centro de Sauacutede Felicidade II A
identificaccedilatildeo do baixo acesso das mulheres a esta modalidade de exame foi
percebida graccedilas agrave realizaccedilatildeo da atividade de coleta de dados realizada por ocasiatildeo
do desenvolvimento do Moacutedulo Sauacutede da Mulher do Curso de Especializaccedilatildeo em
Atenccedilatildeo Baacutesica em Sauacutede da Famiacutelia Esta atividade consistia no levantamento da
cobertura do exame citoloacutegico aplicado agraves mulheres em idade feacutertil da aacuterea de
abrangecircncia do Centro de Sauacutede em que atuo como enfermeira A anaacutelise dos
dados apontou que o nuacutemero de exames realizados no referido Centro de Sauacutede
11
natildeo atingia a cobertura preconizada pela Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede (OMS) que
eacute de 85 das mulheres adscritas na aacuterea de abrangecircncia da equipe
Apoacutes a coleta e anaacutelise dos dados para a apresentaccedilatildeo da atividade referente
ao Moacutedulo Sauacutede da Mulher deparei-me coma seguinte situaccedilatildeo no ano de 2008
foram realizados 507 exames preventivos do cacircncer de colo do uacutetero o que
correspondia a 1878 de cobertura e no periacuteodo de setembro2009 a setembro de
2010 foram realizados 583 exames preventivos correspondendo a 2159 de
cobertura Considerou-se como fonte de registro do exame citoloacutegico o livro do
consultoacuterio ginecoloacutegico no periacuteodo total de um ano
A anaacutelise da cobertura foi feita com base no total de mulheres entre 19 e 59
anos (aproximadamente 2700 mulheres) de um total aproximado de 9000
moradores O valor da cobertura populacional encontrado estaacute muito abaixo do
preconizado pela OMS para se atingir a meta de prevenccedilatildeo de morbimortalidade
por cacircncer do colo do uacutetero (BELO HORIZONTE 2008)
Contribuiacuteram tambeacutem para a escolha do tema deste trabalho a necessidade
de estudar e analisar as causas da deficiecircncia na cobertura e principalmente propor
accedilotildees com o intuito de atingir o objetivo preconizado pela OMS e referecircncia para a
Secretaria Municipal de Sauacutede de Belo Horizonte Outro fato que contribuiu tambeacutem
foi a anaacutelise da atenccedilatildeo primaacuteria agrave sauacutede realizada por ocasiatildeo das Oficinas de
Qualificaccedilatildeo da Atenccedilatildeo Primaacuteria agrave Sauacutede em Belo Horizonte (Plano Diretor da
Atenccedilatildeo Primaacuteria agrave SauacutedeSESMG) ministradas no Centro de Sauacutede
O Centro de Sauacutede surgiu em 26 de novembro de 2001 como um anexo do
Centro de Sauacutede Felicidade I em funccedilatildeo do aumento do nuacutemero de equipes de
sauacutede e o local natildeo comportou esse aumento Hoje em dia os dois Centros de
Sauacutede funcionam em unidades separadas onde cada uma possui uma estrutura
proacutepria e tem aacutereas de abrangecircncia diferentes o que divide as duas Unidades eacute o
coacuterrego Tamboril A aacuterea de abrangecircncia do Centro de Sauacutede Felicidade II tem uma
populaccedilatildeo de aproximadamente 9000 pessoas que se encontram em alta
vulnerabilidade social e assim como toda regiatildeo Norte estaacute classificada em risco
elevado e muito elevado O atendimento da populaccedilatildeo no Programa de Sauacutede da
Famiacutelia eacute coberto por trecircs equipes completas e constituiacutedas por meacutedico enfermeiro
dois auxiliares e quatro ACS (Agente Comunitaacuterio de Sauacutede)
12
O Centro de Sauacutede possui uma populaccedilatildeo de aproximadamente 9000
pessoas em sua aacuterea de abrangecircncia das quais 2700 satildeo mulheres com idade
entre 19 e 59 anos Estaacute localizado atualmente na Rua Pau Brasil 160 no bairro
Jardim Felicidade Distrito Sanitaacuterio Norte e funciona neste endereccedilo desde
novembro de 2006
O Distrito Sanitaacuterio Norte ocupa uma aacuterea de 3432 kmsup2 limitando-se com o
Municiacutepio de Santa Luzia e com os Distritos Sanitaacuterios de Venda Nova Pampulha e
Nordeste sendo sua sede localizada na Avenida Cristiano Machado 10657 Bairro
Planalto Abrange 47 bairros da regiatildeo Metropolitana de Belo Horizonte
Segundo o Censo do IBGE (2000) o Distrito Sanitaacuterio Norte possui uma
populaccedilatildeo de 193764 habitantes compondo um quadro de grandes contrastes
Possui de um lado bairros com razoaacutevel infra-estrutura urbana e poder aquisitivo da
populaccedilatildeo como por exemplo Campo Alegre Helioacutepolis Planalto Floramar e de
outro bairros vilas e assentamentos que oferecem condiccedilotildees inadequadas de
habitaccedilatildeo como Mariquinhas Zilah de Souza Spoacutesito Novo Aaratildeo Reis e o
Conjunto Jardim Felicidade que contam com uma infra-estrutura urbaniacutestica
precaacuteria
Os serviccedilos de atenccedilatildeo baacutesica agrave sauacutede do Distrito Norte satildeo realizados em
suas 19 unidades de sauacutede com funcionamento de 2ordf a 6ordf feira de 0700 agraves 1900
horas no geral sendo o atendimento de urgecircncia realizado na UPA Norte (Unidade
de Pronto Atendimento Norte) com funcionamento diaacuterio de 24 horas Contam ainda
com atendimento de sauacutede mental em 06 unidades
No Brasil o Programa de Sauacutede da Famiacutelia (PSF) iniciou-se em 1994 como
resultado do avanccedilo do Sistema Uacutenico de Sauacutede Este programa aumentou
significativamente ao longo da uacuteltima deacutecada oferecendo um novo modelo de
cuidado agrave sauacutede capaz de melhorar a qualidade de vida da populaccedilatildeo por meio de
novas poliacuteticas e organizaccedilatildeo dos serviccedilos O PSF representa uma maneira de levar
a sauacutede para mais perto das famiacutelias De acordo com o Ministeacuterio da Sauacutede
O programa de Sauacutede da Famiacutelia eacute uma proposta concreta na mudanccedila do modelo assistencial tradicional capaz de romper com o comportamento passivo das unidades baacutesicas de sauacutede O programa prioriza as accedilotildees de prevenccedilatildeo de doenccedilas e a promoccedilatildeo da sauacutede junto agrave comunidade estabelece uma relaccedilatildeo permanente entre os profissionais de sauacutede e a populaccedilatildeo assistida marcada por um atendimento humanizado e resolutivo dos problemas de sauacutede mais frequumlentes (BRASIL 2002 p 5)
13
Segundo Pinto e Coelho (2011) a Secretaria Municipal de Sauacutede de Belo
Horizonte aderiu ao Programa Sauacutede da Famiacutelia em maio de 2000 O projeto foi
implantado dando prioridade agraves aacutereas onde a populaccedilatildeo estava exposta e a
implantaccedilatildeo comeccedilou pelos Centros de Sauacutede com populaccedilatildeo de muito elevado
risco e foi se estendendo gradativamente para as populaccedilotildees de elevado risco e
meacutedio risco De laacute ateacute os dias atuais ficou evidente a importacircncia da mobilizaccedilatildeo
social para manutenccedilatildeo das equipes e com isso o projeto jaacute natildeo pertencia mais ao
governo pois foi incorporado pela cidade de Belo Horizonte como direito
De acordo com os autores passados mais de 10 anos o programa continua e
o nuacutemero de equipes de sauacutede da famiacutelia alcanccedilou as 506 equipes planejadas em
2001 mas isso natildeo se deveu agrave cobertura da populaccedilatildeo de baixo risco e sim ao
crescimento populacional
Os agentes comunitaacuterios de sauacutede fazem cerca de 2900000 visitas
domiciliares por ano O nuacutemero de consultas meacutedicas realizadas pelas equipes de
Sauacutede da Famiacutelia foi de 1899347 em 2002 (ano de implantaccedilatildeo das equipes) e de
2203257 em 2004 Em marccedilo de 2010 apenas 3 das equipes de Sauacutede da
Famiacutelia estavam desfalcadas de meacutedico generalista e mais da metade dos meacutedicos
de sauacutede da famiacutelia tinham mais de 5 anos de trabalho na Prefeitura de Belo
Horizonte (PINTO e COELHO 2011)
O exame de citologia oncoacutetica tambeacutem conhecido como Papanicolaou ou
preventivo foi introduzido na atenccedilatildeo baacutesica na deacutecada de 1970 Em Belo Horizonte
por meio da Secretaria Municipal de Sauacutede criou um protocolo o qual eacute um
instrumento que estabelece normas para intervenccedilotildees teacutecnicas o qual uniformiza e
atualiza conceitos e condutas referentes ao processo assistencial na rede de
serviccedilos Um desses protocolos aborda especificamente o controle e prevenccedilatildeo do
cacircncer de colo de uacutetero (BELO HORIZONTE 2008)
A colpocitologia oncoacutetica eacute utilizada principalmente para determinar o risco de
uma mulher vir a desenvolver o cacircncer de colo do uacutetero natildeo se tratando somente de
uma maneira de diagnosticar a doenccedila Ele eacute essencial tambeacutem para determinar
outras condiccedilotildees de sauacutede como niacutevel hormonal doenccedilas da vulva do canal
vaginal do acircnus das mamas entre outros O exame deve ser realizado
prioritariamente em mulheres de 25 a 59 anos de idade com intervalo de trecircs em
trecircs anos se os dois primeiros exames realizados a cada ano forem normais Toda
14
mulher que tem ou jaacute teve atividade sexual deve submeter-se ao exame preventivo
ateacute os 69 anos de idade (BELO HORIZONTE 2008)
Destaca-se ainda que a importacircncia do exame consiste no fato de que eacute
nessa oportunidade que o profissional avalia a sauacutede sexual e reprodutiva da
mulher pois tais fatores raramente satildeo considerados durante uma consulta cliacutenica
geral Ressalta-se tambeacutem que o acesso das mulheres ao exame colpocitoloacutegico faz parte da garantia de direitos legalmente constituiacutedos com a ampliaccedilatildeo dos
serviccedilos de promoccedilatildeo prevenccedilatildeo e assistecircncia ao cacircncer de colo de uacutetero
Espera-se que este estudo possa contribuir para a humanizaccedilatildeo da atenccedilatildeo agrave
sauacutede da mulher proporcionando um olhar mais amplo e integral sobre o estado de
sauacutede das mulheres e seus determinantes sociais Para tal buscar-se-aacute sensibilizar
a equipe do Centro de Sauacutede Felicidade II quanto agrave importacircncia da assistecircncia
integral agrave sauacutede da mulher promover a educaccedilatildeo em sauacutede para as usuaacuterias quanto
agrave importacircncia de realizar o exame preventivo de cacircncer de colo do uacutetero expandir a
agenda de consultas de assistecircncia agrave mulher garantindo aumento da cobertura de
exames preventivos e proporcionar educaccedilatildeo permanente agrave toda a equipe em
especial os ACS para uma abordagem humanizada eficaz e efetiva das usuaacuterias
15
2 OBJETIVOS
21 Geral Elaborar um plano de accedilatildeo para ampliar a cobertura do exame colpocitoloacutegico
no Centro de Sauacutede Felicidade II da Secretaria Municipal de Sauacutede de Belo
Horizonte MG promovendo assim a melhoria das condiccedilotildees de vida e sauacutede das
mulheres
22 Especiacutefico
Realizar uma revisatildeo de literatura sobre a promoccedilatildeo da sauacutede das mulheres
dando ecircnfase agrave prevenccedilatildeo do cacircncer do colo do uacutetero no sentido de subsidiar o
plano de accedilatildeo
16
3 METODOLOGIA
Trata-se de um estudo bibliograacutefico tipo revisatildeo narrativa com natureza
compreensiva do tema proposto realizada por meio da consultas a livros e artigos
em revistas cientiacuteficas do acervo de bibliotecas e base de dados virtuais no sentido
de subsidiar a elaboraccedilatildeo de um plano de accedilatildeo para o Centro de Sauacutede Felicidade
II buscando ampliar a cobertura do exame de Papanicolaou
A busca foi efetuada nas bases de dados SCIELO (Scientific Electronic
Library Online) MEDLINE(Medical Literature Analysis and Retrieval System Online -
Sistema Online de Busca e Anaacutelise de Literatura Meacutedica) LILACS (Literatura Latino-
americana em ciecircncia da Sauacutede) e outras Foram utilizados os descritores ldquosauacutede
das mulheresrdquo ldquocacircncerrdquo ldquocacircncer do colo do uacuteterordquo ldquocitologia oncoacuteticardquo e
ldquoprevenccedilatildeordquo
17
4 APRESENTACcedilAtildeO DOS RESULTADOS
41 A promoccedilatildeo da sauacutede das mulheres
Correcirca e Villela (2008) relatam que foi nas primeiras deacutecadas do seacuteculo XX
que o Brasil passou a incorporar a questatildeo da sauacutede da mulher nas poliacuteticas
nacionais cujo enfoque estava em prestar assistecircncia aos filhos das mulheres que
natildeo tinham acesso aos serviccedilos de sauacutede constituindo a atenccedilatildeo preacute-natal como
uacutenica accedilatildeo de caraacuteter universalista com relaccedilatildeo agrave sauacutede da mulher
Com as mudanccedilas na condiccedilatildeo social das mulheres ocorridas ao longo da segunda metade do seacuteculo XX as propostas de atenccedilatildeo materno-infantil mostram-se insuficientes Em 1984 eacute proposto pelo Ministeacuterio da Sauacutede o Programa de Assistecircncia Integral agrave Sauacutede da Mulher (PAISM) visando agrave extensatildeo das accedilotildees baacutesicas em sauacutede da mulher e incluindo entre outras atividades preventivas e de diagnoacutestico do cacircncer do colo do uacutetero e mamaacuterio A assistecircncia integral envolvia o atendimento de todas as necessidades da populaccedilatildeo feminina enfatizando as accedilotildees dirigidas ao controle das patologias mais prevalentes incluindo accedilotildees educativas Poreacutem a implementaccedilatildeo efetiva do Programa natildeo aconteceu como desejado ficando as atividades nos serviccedilos de sauacutede bastante focalizadas nas demandas relativas agrave contracepccedilatildeo acompanhamento da gravidez e ao parto A prevenccedilatildeo e controle do cacircncer ginecoloacutegico continuaram em segundo plano (CORREcircA e VILLELA 2008p1)
Domingos et al (2008 p 1) afirmam que ldquopor meio da promoccedilatildeo da sauacutede
caracterizada como sendo promoccedilatildeo primaacuteria e detecccedilatildeo precoce das lesotildees
precursoras (exame de Papanicolaou) eacute possiacutevel reduzir a mortalidade e
incidecircnciardquo
Em 1997 foi implantado no Paranaacute o Programa de Prevenccedilatildeo do Cacircncer do Colo do Uacutetero que prioriza inicialmente o atendimento da faixa etaacuteria de 30 a 49 anos (a mais acometida pela doenccedila no Estado) atendendo na sequumlecircncia todas as faixas etaacuterias expostas ao risco O intervalo entre os exames para controle dos casos negativos eacute de trecircs anos (DOMINGOS et al 2008 p 1)
42 A prevenccedilatildeo do cacircncer do colo do uacutetero
Narchi Janicas e Fernandes (2007) ensinam que a prevenccedilatildeo do cacircncer
ceacutervico-uterino eacute realizada em dois planos a prevenccedilatildeo primaacuteria e a secundaacuteria Na
forma primaacuteria conforme os autores deve-se atentar para os fatores de risco
18
evitaacuteveis e na atuaccedilatildeo do enfermeiro Jaacute na fase de prevenccedilatildeo secundaacuteria deve ser
feito o rastreamento captaccedilatildeo e identificar a vulnerabilidade do cacircncer
Domingos et al (2007) afirmam que a principal estrateacutegia para a prevenccedilatildeo
primaacuteria da doenccedila eacute o uso de preservativo (masculino ou feminino) durante as
relaccedilotildees sexuais visto que a infecccedilatildeo pelo viacuterus papiloma humano (HPV) estaacute
presente em 90 dos casos A prevenccedilatildeo secundaacuteria eacute realizada por meio do
exame preventivo (Papanicolaou) para a detecccedilatildeo precoce da doenccedila
Albuquerque et al (2007) afirmam que desde 1988 o Ministeacuterio da Sauacutede tem
como objetivo reduzir as taxas de morbimortalidade e com isso adota como norma
a recomendaccedilatildeo da Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede a qual propotildee que seja feito a
cada trecircs anos a realizaccedilatildeo do exame citoloacutegico do colo do uacutetero sendo dois
exames anuais consecutivos negativos para mulheres na faixa de idade de 25 a 59
anos ou que jaacute tenham atividade sexual
Iniciativas como o Programa Viva Mulher lanccedilado em 1996 e o desenvolvimento de campanhas nacionais sistemaacuteticas tecircm contribuiacutedo para o aumento da cobertura do exame no paiacutes Contudo verifica-se que as taxas de incidecircncia e de mortalidade ainda permanecem desafiando as medidas ateacute entatildeo adotadas sinalizando possiacuteveis deficiecircncias na oferta no acesso e na qualidade das referidas accedilotildees (ALBUQUERQUE et al 2007 p 1)
Nakagawa Schirmer e Barbieri (2007) relatam que a associaccedilatildeo do viacuterus
HPV com o cacircncer de colo de uacutetero comeccedilou em 1949 quando o patologista George
Papanicolaou introduziu o exame mais difundido no mundo para detectar a doenccedila
o exame que leva o seu proacuteprio nome ou seja Papanicolaou
De acordo com o desenvolvimento do carcinoma de colo de uacutetero Nakagawa
Schirmer e Barbieri (2007 p 1) afirmam que
Esse exame permitiu identificar mulheres com alteraccedilotildees celulares preacute-maligna possibilitando observar uma associaccedilatildeo da atividade sexual com o desenvolvimento do cacircncer de colo de uacutetero No entanto somente na deacutecada de 70 o conhecimento acerca da etiologia da doenccedila teve consideraacutevel avanccedilo Estudos constataram que tal associaccedilatildeo implicava na presenccedila de um agente etioloacutegico de transmissatildeo sexual Harold zur Hausen um infectologista alematildeo constatou que o Papiloma Viacuterus Humano (viacuterus HPV) poderia ser esse agente estabelecendo inicialmente a relaccedilatildeo do viacuterus com as verrugas e condilomas Somente anos mais tarde o viacuterus foi relacionado com o desenvolvimento do carcinoma de colo de uacutetero (NAKAGAWA SCHIRMER e BARBIERI 2007 p 1)
19
Os autores relatam que devido ao advento da clonagem molecular na deacutecada
de 90 e a utilizaccedilatildeo de tal tecnologia na replicaccedilatildeo do genoma do Papiloma Viacuterus
outros aspectos da infecccedilatildeo foram elucidados
Devido agrave discrepacircncia entre a alta frequumlecircncia de infecccedilotildees HPV em mulheres jovens sexualmente ativas e a ocorrecircncia relativamente baixa de lesotildees cervicais nas mesmas colocou-se em duacutevida a etiologia viral da doenccedila e concluiu-se que a infecccedilatildeo era causa necessaacuteria mas natildeo suficiente para o desenvolvimento da doenccedila uma vez que virtualmente somente uma fraccedilatildeo de mulheres portadoras do viacuterus a desenvolveria Estudos preacutevios jaacute sugeriam que um forte fator diferenciava a progressatildeo ou natildeo da doenccedila sugerindo que isto estaria relacionada aos diversos tipos do viacuterus HPV Estudos posteriores mostraram que a sua progressatildeo depende natildeo somente da presenccedila do viacuterus mas tambeacutem do tipo de viacuterus da persistecircncia da infecccedilatildeo e da evoluccedilatildeo das lesotildees precursoras para o carcinoma invasivo (NAKAGAWA SCHIRMER e BARBIERI 2007 p 1)
Segundo Narchi Janicas e Fernandes (2007) a prevenccedilatildeo primaacuteria do cacircncer
ceacutervico-uterino refere-se agrave reduccedilatildeo da exposiccedilatildeo aos fatores de risco como o iniacutecio
precoce da atividade sexual a multiplicidade de parceiros as doenccedilas sexualmente
transmissiacuteveis especialmente a infecccedilatildeo causada pelo HPV e multiparidade Aleacutem
disso outros fatores tecircm sido relacionados ao cacircncer ceacutervico-uterino em estudos
epidemioloacutegicos ainda natildeo conclusivos dentre eles o uso de anticoncepcional oral
as situaccedilotildees de imunossupressatildeo como diabete lupus corticoterapia e Aids o
tabagismo e a alimentaccedilatildeo pobre em folatos vitaminas A e C e betacaroteno
Atualmente considera-se fundamental a relaccedilatildeo entre o desenvolvimento do cacircncer ceacutervico-uterino e a transmissatildeo sexual HPV Nesse sentido a prevenccedilatildeo primaacuteria tem como foco a praacutetica de sexo seguro No entanto apesar da divulgaccedilatildeo da importacircncia do uso de preservativos para diminuiccedilatildeo potencial do risco de transmissatildeo do HPV observa-se que seu uso depende de uma serie de fatores como o conhecimento a respeito da doenccedila e suas formas de prevenccedilatildeo a percepccedilatildeo de risco de infecccedilatildeo as crenccedilas e valores culturais as iniquidades de gecircnero e como elas se revelam o grau de autonomia e poder de negociaccedilatildeo sexual nas relaccedilotildees afetivo-sexuais acesso ao serviccedilo de sauacutede e a oferta de preservativos (NARCHI JANICAS e FERNANDES 2007 p 129)
Ceacutesar et al (2003) afirmam que exames preventivos perioacutedicos permitem
reduzir em ateacute 70 a sua mortalidade na populaccedilatildeo de risco A faixa etaacuteria mais
acometida vai dos 25 aos 60 anos e o seu mais importante determinante eacute o
papilomaviacuterus humano De acordo com o Instituto Nacional de Cacircncer (INCA)
O Instituto Nacional de Cacircncer (INCA) recomenda o exame citopatoloacutegico para cacircncer de colo uterino a toda mulher com idade entre 20 e 60 anos e que possua vida sexual ativa Inicialmente o exame deve ser feito a cada trecircs anos Em caso de dois resultados negativos para displasia ou
20
neoplasia um novo exame deveraacute ser repetido uma vez a cada trecircs anos (BRASIL 2002 apud CEacuteSAR et al 2003 p 1371)
Narchi Janicas e Fernandes (2007) afirmam que de modo contextual a
prevenccedilatildeo primaacuteria eacute realizada a partir identificaccedilatildeo da presenccedila de fatores de risco
com vistas a prevenir o surgimento da doenccedila Sabe-se que o cacircncer ceacutervico-uterino
haacute muito vem sendo associado ao baixo niacutevel socioeconocircmico tanto a exposiccedilatildeo
aos fatores de risco quanto especialmente pela desigualdade no acesso aos
serviccedilos de sauacutede Essas barreiras satildeo multidimensionais inserindo-se em um
contexto social amplo que a barca desde dificuldades geograacuteficas de informaccedilatildeo
familiares econocircmicas culturais religiosas e emocionais ateacute as relacionadas agraves
poliacuteticas de sauacutede Diante dessa constataccedilatildeo acredita-se que a anaacutelise dos
programas e a proposiccedilatildeo de estrateacutegias devam tambeacutem corresponder agrave amplitude
dos fatores intervenientes
De acordo com as autoras no que diz respeito agrave prevenccedilatildeo primaacuteria o
Programa de Sauacutede da Famiacutelia (PSF) tem importante papel na identificaccedilatildeo de
grupos de mulheres com perfil de risco para desenvolver o cacircncer ceacutervico-uterino e
com base nas necessidades levantadas implementar accedilotildees de intervenccedilatildeo no meio
ambiente e em seus fatores de risco De acordo com as autoras diversas
estrateacutegias podem reduzir os fatores de risco para cacircncer ceacutervico-uterino dentre as
quais destacam-se realizaccedilatildeo de grupos educativos que permitam a discussatildeo de
temas como sexualidade e gecircnero vulnerabilidade e prevenccedilatildeo as DST
planejamento familiar qualidade de vida e prevenccedilatildeo do cacircncer ginecoloacutegico entre
outros As autoras destacam tambeacutem a importacircncia mobilizaccedilatildeo das mulheres para
o autocuidado e a busca de melhor qualidade de vida (grupos de caminhada cultivo
de hortas caseiras por exemplo) valorizaccedilatildeo da integralidade na assistecircncia e no
estiacutemulo a uma participaccedilatildeo ativa das mulheres com atitudes assertivas em relaccedilatildeo
a sauacutede identificaccedilatildeo e minimizaccedilatildeo das dificuldades de acesso ao serviccedilo de
sauacutede sejam elas barreiras individuais e institucionais (NARCHI JANICAS e
FERNANDES 2007)
Ainda conforme as autoras aleacutem das atividades comunitaacuterias que podem ser
realizadas pela equipe de sauacutede da famiacutelia o enfermeiro tambeacutem pode instituir
grupos educativos de coleta ou de resultados da colpocitologia na unidade baacutesica de
sauacutede (UBS) ou na unidade de sauacutede da famiacutelia (USF) abordando temaacuteticas
21
voltadas agrave sexualidade higiene iacutentima prevenccedilatildeo de DST prevenccedilatildeo do cacircncer
ginecoloacutegico e teacutecnica de coleta do exame As autoras afirmam que esses grupos
aleacutem de disponibilizarem um espaccedilo para a socializaccedilatildeo do conhecimento
possibilitam a integraccedilatildeo entre profissionais e pacientes e estimulam o
autoconhecimento do corpo e da sexualidade familiarizando a mulher ao ambiente e
ao exame e minimizando sentimentos negativos como o medo a vergonha o
nervosismo e o constrangimento que por vezes as impedem de aderir ao programa
Essa estrateacutegia seraacute possiacutevel agrave medida que o profissional estiver sensibilizado e
capacitado para implementaacute-la utilizando habilidades de aconselhamento e
abordagem empaacutetica (NARCHI JANICAS e FERNANDES 2007)
O enfermeiro deve ainda avaliar a presenccedila de fatores de risco na consulta
de enfermagem agrave mulher com vistas a realizar as intervenccedilotildees necessaacuterias e o
acompanhamento mais frequente Diante disso eacute recomendado que na consulta de
retorno para recebimento do laudo da colpocitologia seja realizado procedimento de
aconselhamento sobre DST e Aids antes de discutir o resultado e a conduta
No que diz respeito agrave prevenccedilatildeo secundaacuteria do cacircncer ceacutervico-uterino Narchi
Janicas e Fernandes (2007) afirmam que se deve realizar o exame citopatoloacutegico
para que seja feita a detecccedilatildeo do cacircncer in situ ou das lesotildees precursoras trataacuteveis
e curaacuteveis em ateacute 100 dos casos Para as autoras o acolhimento deveraacute ocorrer
em todas as fases da assistecircncia ou seja desde o primeiro contato com a mulher o
que pode ocorrer em seu domiciacutelio quanto no agendamento ao se verificar acerca
do aprazamento da colpocitologia Citam tambeacutem que esse exame tem sido
utilizado em programas de rastreamento do cacircncer ceacutervico-uterino em todo o mundo
(screening) para interromper o ciclo evolutivo da doenccedila detectando-a em fase preacute-
invasiva trataacutevel e curaacutevel Relatam ainda que os paiacuteses que desenvolveram o
programa tanto com identificaccedilatildeo efetiva da populaccedilatildeo de risco qualidade coleta e
na interpretaccedilatildeo dos resultados quanto com tratamento e acompanhamento
adequados dos casos de alto risco lograram reduccedilatildeo significativa na incidecircncia e na
mortalidade por essa patologia
Segundo a OMS para que um programa de rastreamento do cacircncer ceacutervico-
uterino cause impacto epidemioloacutegico eacute necessaacuterio realizar uma cobertura superior a
80 o que representaria um impacto de 50 na reduccedilatildeo da mortalidade por essa
doenccedila Entretanto nos paiacuteses em desenvolvimento como o Brasil a cobertura
22
desse teste ainda natildeo alcanccedilou niacuteveis suficientes e coerentes com as necessidades
da populaccedilatildeo feminina sob maior risco de contrair a doenccedila
Narchi Janicas e Fernandes (2007) relatam que no Brasil as accedilotildees de
intervenccedilatildeo e controle do cacircncer ceacutervico-uterino tecircm sido norteadas pela distribuiccedilatildeo
das lesotildees cervicais segundo as faixas etaacuterias de mulheres mais acometidas pela
doenccedila e pela periodicidade dos exames citopatoloacutegicos seguindo a loacutegica
epidemioloacutegica do risco e da relaccedilatildeo custobenefiacutecio que norteiam as intervenccedilotildees
em sauacutede publica Poreacutem por vaacuterios anos essa cobertura esteve descontextualiza
da no paiacutes de forma a disponibilizar a citopatologia apenas durante o preacute-natal natildeo
atingindo a populaccedilatildeo de mulheres da faixa etaacuteria de maior risco subutilizando os
equipamentos de sauacutede e tornando o programa ineficiente Conforme as autoras
vaacuterios estudos que investigaram os motivos que dificultam a captaccedilatildeo das mulheres
para a prevenccedilatildeo do cacircncer ginecoloacutegico ressaltam a amplitude do problema que
perpassa por diversas esferas assumindo aspecto multidimensional
Narchi Janicas e Fernandes (2007) ressaltam ainda que o modelo
contextual proposto por Pinho amp Franccedila-Junior analisa o acesso e a utilizaccedilatildeo dos
serviccedilos preventivos em trecircs planos individual organizacionalprogramaacutetico e social
dispostos em uma estrutura dinacircmica e relacional Esse modelo propotildee que a
realizaccedilatildeo da colpocitologia seja produto da interaccedilatildeo desses trecircs planos dos quais
emergem os elementos necessaacuterios para definir uma situaccedilatildeo de vulnerabilidade
individual programaacuteticaorganizacional e social do cacircncer ceacutervico-uterino Para as
autoras o plano individual representado por caracteriacutesticas relacionadas agrave
realizaccedilatildeo do exame definiraacute a vulnerabilidade individual da mulher a doenccedila A
vulnerabilidade eacute representada por um conjunto de fatores cognitivos relacionados a
real falta de conhecimento sobre a doenccedila e o exame o que contribui para a
reduccedilatildeo de praacuteticas sexuais seguras e de prevenccedilatildeo secundaacuteria Tal vulnerabilidade
individual pode ser criada e percebida pelas mulheres ou a elas imposta no
momento em que se enfatiza o risco da natildeo-realizaccedilatildeo da colpocitologia em vez da
ecircnfase ao benefiacutecio da accedilatildeo gerando ou reforccedilando sentimento de medo em
relaccedilatildeo ao cacircncer que pode provocar tanto um efeito propulsor que induz a mulher
para a realizaccedilatildeo do exame quanto um efeito mais restritivo ao exame pelo medo
de sentir dor ou de receber um resultado positivo concluem as autoras
23
No plano organizacional ou programaacutetico inserem-se as caracteriacutesticas
relacionadas agrave disponibilidade de serviccedilos de sauacutede em relaccedilatildeo agrave demanda e a sua
acessibilidade geograacutefica a organizaccedilatildeo e as necessidades da populaccedilatildeo usuaacuteria e
ao planejamento das accedilotildees efetivas na prevenccedilatildeo e na promoccedilatildeo a sauacutede sob a
forma de programas organizados de rastreamento do cacircncer cervical que primem
pelo respeito agrave autonomia individual e pela abordagem integral mulher (NARCHI
JANICAS e FERNANDES 2007)
Ainda segundo os autores um dos fatores que contribuem para a baixa
adesatildeo das mulheres ao programa eacute a falta de humanizaccedilatildeo na assistecircncia pois a
violecircncia institucional sofrida pelas mulheres durante a consulta ginecoloacutegica pode
ser traduzida pela humilhaccedilatildeo por constrangimento e pela forma fria e
despersonalizada com que satildeo atendidas sem serem esclarecidas quanto ao
resultado do exame ou por realizarem tratamentos por vaacuterios anos sem sequer
terem noccedilatildeo dos seus objetivos Isso submete a mulher a uma assistecircncia
medicalizada e indigna na qual se perde a oportunidade de investir em prevenccedilatildeo
primaacuteria (NARCHI JANICAS E FERNANDES 2007)
De acordo com Dias-da-Costa et al (2003) quando se fala acerca da sauacutede
puacuteblica eacute sabido que a efetividade do programa de controle do cacircncer de colo do
uacutetero depende da cobertura populacional alcanccedilada Poreacutem no Brasil a avaliaccedilatildeo
da efetividade de programas de prevenccedilatildeo e accedilotildees de sauacutede puacuteblica ainda eacute
considerada incipiente
43 Contexto histoacuterico da citologia oncoacutetica
Montemor et al (2008 p 45) relatam que na eacutepoca em que a citologia
ginecoloacutegica estava em desenvolvimento agrave ideacuteia preponderante entre os
ginecologistas era que sendo o colo uterino facilmente acessiacutevel agrave bioacutepsia dava-se
preferecircncia ao estudo histoloacutegico pois a citologia ainda carecia de credibilidade
diagnoacutestica
Os autores afirmam que foi Aureli Babes um patologista romeno em 1928
que sugeriu que fosse feita a coleta direta de material do colo uterino para o
diagnoacutestico do cacircncer sendo que o mesmo foi o primeiro pesquisador que
descreveu de forma minuciosa a teacutecnica de coleta utilizando a coloraccedilatildeo atraveacutes do
24
meacutetodo de Giemsa Entretanto ainda de acordo com os autores foi George
Nicholas Papanicolaou um grego nascido em 1883 em Kymi na ilha grega de
Euboea que se aprofundou nos estudos acerca da citologia ginecoloacutegica o qual em
1913 se fixou nos Eua como pesquisador do laboratoacuterio do Hospital de Nova Iorque
Segundo os autores Neste sentido os autores afirmam que
Papanicolaou quando estudava as alteraccedilotildees hormonais das ceacutelulas nas diferentes fases do ciclo menstrual observou que tambeacutem era possiacutevel o diagnoacutestico das ceacutelulas tumorais do colo uterino Em 1941 publicou no American Journal of Obstetrics and Gynecology em co-autoria com Traut um trabalho com o tiacutetulo de O valor diagnoacutestico dos esfregaccedilos vaginais no carcinoma do uacutetero Nessa publicaccedilatildeo mostra a possibilidade de fazer diagnoacutestico de carcinoma do colo uterino atraveacutes de ceacutelulas atiacutepicas presentes nos esfregaccedilos bem como enfatiza a necessidade de aplicar esse meacutetodo simples e de baixo custo a um grande nuacutemero de mulheres O meacutetodo de coloraccedilatildeo dos esfregaccedilos citoloacutegicos que leva o nome de ldquoColoraccedilatildeo de Papanicolaourdquo eacute ainda hoje largamente utilizado (MONTEMOR et al 2008 p 46)
Os autores relatam ainda que em meados de 1940 o J Ernest Ayre um
meacutedico canadense utilizou uma espaacutetula a qual leva o seu nome para obter
raspados do colo uterino possibilitando dessa forma uma maneira praacutetica e
eficiente de coleta de material para a realizaccedilatildeo de exames em grande escala
(MONTEMOR et al 2008) De acordo com Tavares et al (2007) o exame
citopatoloacutegico foi sugerido como uma ferramenta para a detecccedilatildeo precoce do cacircncer
do colo do uacutetero em 1941
Conforme Hackenhaar Ceacutesar e Domingues (2006) a prevenccedilatildeo considerada
como secundaacuteria do cacircncer do colo uterino tem se centralizado no rastreamento de
mulheres sexualmente ativas atraveacutes do exame citopatoloacutegico do colo uterino O
qual foi adotado para rastreamento na deacutecada de 50 em vaacuterios paiacuteses uma vez que
identifica lesotildees preacute-cancerosas que se tratadas minimizam a incidecircncia de
carcinoma invasor e com isso a mortalidade pelo cacircncer de colo uterino Segundo
os autores
Em 1998 o Ministeacuterio da Sauacutede do Brasil estabeleceu que o exame para a detecccedilatildeo precoce do cacircncer do colo uterino deveria ser realizado por mulheres com idade entre 25 e 60 anos ou antes desta faixa etaacuteria caso jaacute tivessem mantido relaccedilotildees sexuais Para estas mulheres a periodicidade deveria ser de trecircs em trecircs anos se os dois primeiros exames realizados a cada ano fossem normais Em 2002 ocorreu a fase de intensificaccedilatildeo da campanha que tinha por objetivo realizar exames nas mulheres de 35 a 49 anos que nunca haviam realizado este tipo de exame ou que o houvessem
25
realizado haacute mais de trecircs anos (HACKENHAAR CEacuteSAR e DOMINGUES 2006 p 1)
44 Conceitos e caracteriacutesticas do exame de prevenccedilatildeo do cacircncer
Conforme Montemor et al (2008) o exame citopatoloacutegico tambeacutem conhecido
como exame Papanicolaou ou ainda exame preventivo do cacircncer do colo do uacutetero
tem como objetivo a anaacutelise das ceacutelulas obtidas por raspagem do colo uterino
(ectoceacutervice e canal endocervical) com as quais eacute realizado esfregaccedilo sobre uma
lacircmina de vidro De acordo com os autores as caracteriacutesticas morfoloacutegicas das
ceacutelulas satildeo observadas ao microscoacutepio e quando alteradas ou seja quando estatildeo
diferentes daquelas consideradas normais sugerem tratar-se de processo preacute-
neoplaacutesico ou neoplaacutesico Os autores afirmam ainda que atualmente o exame
citopatoloacutegico eacute o meacutetodo de rastreamento para cacircncer do colo uterino mais utilizado
em todo o mundo
De acordo com Tavares (2007) o exame citopatoloacutegico eacute considerado um
meacutetodo eficiente pois tem a habilidade de identificar lesotildees precursoras do cacircncer
do colo do uacutetero que naquele momento satildeo trataacuteveis podendo resultar em
significante decreacutescimo da mortalidade por esse tipo de cacircncer
45 O cacircncer do colo do uacutetero
Segundo Zeferino (2008) o cacircncer do colo uterino tem sido um desafio para a
sauacutede puacuteblica na reduccedilatildeo de morte de mulheres por causa desse mal uma vez que
se trata de uma doenccedila que pode ser evitada por meio do diagnoacutestico e do
tratamento de suas lesotildees precursoras Neste sentido Narchi Janicas e Fernandes
(2007) concordam com Zeferino (2008) quando afirmam que o cacircncer chamado por
eles de cacircncer ceacutervico-uterino vem sendo alvo de atenccedilatildeo por parte da comunidade
cientiacutefica devido ocupar lugar de destaque no que diz respeito agraves elevadas taxas de
morbidade e mortalidade entre a populaccedilatildeo feminina principalmente em paiacuteses em
desenvolvimento uma vez que trata-se de um tipo de cacircncer que estaacute relacionado
ao perfil epidemioloacutegico das mulheres cuja frequecircncia dos fatores de risco e do grau
de implementaccedilatildeo de accedilotildees de curto e longo prazos em todos os niacuteveis de atenccedilatildeo
26
De acordo com Hackenhaar Ceacutesar e Domingues (2006 p1) ldquoo cacircncer do
colo uterino eacute um problema de sauacutede puacuteblica mundialrdquo Segundo os autores
Em 2000 havia uma estimativa de 468000 casos com 233000 mortes por este tipo de cacircncer em todo o mundo Destas mortes 80 ocorreriam nos paiacuteses em desenvolvimento No Brasil o cacircncer de colo uterino representa a segunda maior causa de morte por cacircncer entre as mulheres (HACKENHAAR CEacuteSAR e DOMINGUES 2006 p 1)
Por meio do controle perioacutedico utilizando-se o exame citoloacutegico eacute possiacutevel
reduzir sua incidecircncia pois dados da Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede (OMS)
afirmam que a cada ano surgem cerca de 500 mil novos casos de cacircncer do colo
uterino por ano no mundo todo sendo que mais de 400 mil ocorrem em paiacuteses em
desenvolvimento (ZEFERINO 2008) Este dado eacute confirmado por Ceacutesar et al
(2003) quando os autores afirmam que cerca de 80 dos casos de cacircncer de colo
uterino ocorrem nos paiacuteses pobres
Domingos et al (2007 p 1) explicam que ldquoo cacircncer de colo de uacutetero eacute uma
doenccedila de evoluccedilatildeo lenta levando em meacutedia 14 anos para sua evoluccedilatildeo total
Inicia-se com alteraccedilotildees miacutenimas nas ceacutelulas denominadas displasia e se natildeo
forem tratadas estas alteraccedilotildees evoluemrdquo De acordo com os autores
Com o desenvolvimento da doenccedila em meacutedia trecircs anos apoacutes a constataccedilatildeo das primeiras alteraccedilotildees celulares surge um tumor localizado chamado carcinoma in situ Este cacircncer desenvolve-se por mais seis anos invadindo a mucosa do uacutetero quando recebe o nome de carcinoma invasor Apoacutes 14 anos das primeiras alteraccedilotildees celulares o cacircncer atinge a forma mais grave com o aparecimento de metaacutestase espalhando-se assim por outras regiotildees do corpo (DOMINGOS et al 2007 p 1)
Conforme Rodrigues Neto Figueiredo e Siqueira (2008 p 1) o cacircncer tem
sido responsaacutevel por seis milhotildees de mortes por ano correspondendo a 12 das
mortes mundiais ldquoEstima-se a ocorrecircncia de mais de dez milhotildees de novos casos
de cacircncer por ano sendo que para o ano de 2020 espera-se que haja mais de 15
milhotildees de casos novosrdquo Para os autores
O cacircncer do colo do uacutetero (CCU) ocupa o 2ordm lugar na incidecircncia mundial de neoplasias estando atraacutes apenas do cacircncer de mama Por ano no mundo ocorrem cerca de 235 mil mortes devido ao CCU sendo 218 mil em paiacuteses considerados pobres ou emergentes(4) onde ocorre quase 60 dos casos novos de cacircncer ocupando um lugar de destaque nas taxas de morbimortalidade entre a populaccedilatildeo feminina Ressalta-se que na Ameacuterica Latina se encontram as mais altas taxas de incidecircncia desta doenccedila
27
representando uma das causas de oacutebito mais frequumlente entre as mulheres [] Natildeo considerando os carcinomas de pele natildeo melanoma o CCU eacute o mais incidente na Regiatildeo Norte (22100000) Jaacute nas regiotildees Sul (24100000) Centro-Oeste (19100000) e Nordeste (18100000) ocupa a segunda posiccedilatildeo e no Sudeste (18100000) a quarta posiccedilatildeo estando assim associado a regiotildees brasileiras de baixo niacutevel socioeconocircmico (RODRIGUES NETO FIGUEIREDO e SIQUEIRA 2008 p 1)
Dentre os fatores causadores e facilitadores desse tipo de cacircncer Ceacutesar et al
(2003) citam fatores reprodutivos maternos tais como iniacutecio precoce de atividade
sexual e comportamento sexual masculino baixo niacutevel socioeconocircmico muacuteltiplos
parceiros sexuais higiene sexual precaacuteria ocorrecircncia de abortos (particularmente os
induzidos) alcoolismo e tabagismo e uso de anticoncepcional oral Domingos et al
(2007 p 1) afirmam que ldquoo cacircncer do colo do uacutetero eacute um dos maiores problemas da
sauacutede da mulher em todo o mundo Estima-se que a cada ano ocorram no mundo
493000 novos casos da doenccedila e 274000 mortesrdquo
ldquoSegundo dados do Ministeacuterio da Sauacutede (MS) no ano de 2002 4091
mulheres morreram no Brasil vitimadas por este tipo de cacircncer Destas 297
ocorreram no Estado do Paranaacute na faixa etaacuteria de 30 a 49 anosrdquo (DOMINGOS et al
2007 p 1)
Zeferino (2008) relata que no Brasil o cacircncer do colo uterino eacute o terceiro mais
frequumlente o qual eacute superado apenas pelos cacircnceres de pele e de mama Trata-se
da quarta causa de oacutebito entre as mulheres superado apenas pelos cacircnceres de
mama do pulmatildeo e do coacutelon-reto No ano de 2003 foram registradas 4110 mortes
com cacircncer de colo uterino correspondendo a 7 do total dos oacutebitos devido a
cacircncer em mulheres De acordo com o autor
Cerca de 90 dos cacircnceres de colo uterino originaram-se de ceacutelulas escamosas sendo chamados de carcinomas escamosos ou carcinomas epidermoacuteides e outros 10 originaram-se de ceacutelulas glandulares sendo entatildeo chamados de adenocarcinomas Raramente podem aparecer os dois tipos de ceacutelulas e satildeo chamados carcinomas adenoescamosos Todavia tem sido observado que a proporccedilatildeo de adenocarcinoma do colo uterino tem aumentado nas uacuteltimas deacutecadas particularmente em mulheres jovens (BULK et al 2005 apud ZEFERINO 2008 p 68)
Segundo dados do INCA (2002 apud Ceacutesar et al 2003 p 1366) ldquono Brasil
o cacircncer de colo uterino eacute o segundo entre os tumores ginecoloacutegicos malignos e o
terceiro mais comum na populaccedilatildeo feminina Representa 10 de todos os cacircnceres
malignos em mulheresrdquo
28
De acordo com Albuquerque et al (2009) ldquoa infecccedilatildeo preacutevia pelo papiloma
viacuterus humano (HPV) tem sido apontada como o principal fator de risco para o cacircncer
de colo de uacuteterordquo Fatores como iniacutecio precoce da atividade sexual multiplicidade de
parceiros sexuais uso de contraceptivos orais tabagismo situaccedilatildeo conjugal e baixa
condiccedilatildeo soacutecio-econocircmica tecircm sido apontados como fatores de risco importantes
para o desenvolvimento dessa neoplasia
Narchi Janicas e Fernandes (2007) relatam que o cacircncer ceacutervico-uterino tem
sua origem a partir de uma lesatildeo intra-epitelial progressiva a qual pode evoluir para
um cacircncer invasivo dentro de um prazo em torno de 10 a 20 anos caso natildeo seja
oferecido tratamento
Conforme as autoras durante o periacuteodo de evoluccedilatildeo da doenccedila ela passa por
fases preacute-cliacutenicas detectaacuteveis e curaacuteveis lhe conferindo elevado potencial de
prevenccedilatildeo e cura Corresponde a cerca de 15 de todos os cacircnceres femininos
sendo o segundo tipo mais comum entre as mulheres Ainda na visatildeo das autoras a
mortalidade pelo cacircncer ceacutervico-uterino pode ser evitada devido agrave lenta evoluccedilatildeo da
doenccedila e devido aos recursos tecnoloacutegicos o diagnoacutestico e o tratamento oportunos
das lesotildees precursoras as quais satildeo curaacuteveis em ateacute 100 dos casos Entretanto
conforme as autoras mesmo o Brasil ter sido um dos primeiros paiacuteses a realizar os
exames de colpocitologia e colposcopia esse tipo de cacircncer ainda continua sendo
um seacuterio problema de sauacutede puacuteblica por manter uma das mais elevadas taxas de
oacutebito como pode ser verificado a seguir
No Brasil as accedilotildees de controle do cacircncer ginecoloacutegico iniciaram-se de forma programaacutetica em 1983 eacutepoca de implantaccedilatildeo do Programa de Assistecircncia Integral agrave Sauacutede da Mulher (PAISM) que representou uma ampliaccedilatildeo do foco de assistecircncia agrave mulher para aleacutem do ciclo graviacutedico-puerperal No entanto apesar das recomendaccedilotildees de implantaccedilatildeo ou ampliaccedilatildeo das atividades de diagnoacutestico do cacircncer ceacutervico-uterino e de educativas com vistas agrave prevenccedilatildeo da doenccedila por mais de uma deacutecada as accedilotildees de combate a essa doenccedila foram desenvolvidas no paiacutes de forma desarticulada por iniciativa de apenas alguns Estados e municiacutepios (NARCHI JANICAS e FERNANDES 2007 p 128)
Os autores pesquisados nesta revisatildeo narrativa serviram de subsiacutedios para a
elaboraccedilatildeo do plano de accedilatildeo apresentado no proacuteximo capiacutetulo cujo objetivo eacute
aumentar a cobertura do exame de prevenccedilatildeo do cacircncer do colo do uacutetero no Centro
de Sauacutede Felicidade II
29
5 PLANO DE ACcedilAtildeO PARA A AMPLIACcedilAtildeO DA COBERTURA DO EXAME COLPOCITOLOacuteGICO NO CENTRO DE SAUacuteDE FELICIDADE II
De acordo com a atividade realizada no Moacutedulo da Sauacutede da Mulher foram
constatados alguns problemas em relaccedilatildeo agrave cobertura do exame colpocitoloacutegico no
Centro de Sauacutede Felicidade II o qual apresentou em 2009 baixa cobertura A partir
daiacute foram detectados outros fatores que contribuem para o baixo iacutendice de
cobertura aqueacutem do que eacute preconizado pela Secretaacuteria Municipal de Sauacutede Neste
sentido o plano de accedilatildeo descrito no Quadro 1 vem propor estrateacutegias visando
ampliar da cobertura do exame colpocitoloacutegico e minimizar os problemas levantados
Acredita-se que por meio da implantaccedilatildeo do plano de accedilatildeo sugerido o
Centro de Sauacutede Felicidade II teraacute maior e melhor desempenho de sua equipe
alcanccedilando com isso o aprimoramento no atendimento da populaccedilatildeo alvo da
instituiccedilatildeo
30
QUADRO1 - PLANO DE ACcedilAtildeO PARA AUMENTAR A COBERTURA DO EXAME DE PREVEN9AO DO COLO DO UTERO PARA A EQUIPE DE SAUDE DO CENTRO DE SAUDE FELICIDADE II
PROBLEMA ATIVIDADES ACcedilOtildeES META RESPONSAVEL PERIODO
As ACS sentem inseguros para orientar agraves mulheres em relaccedilatildeo aos cuidados para realizar o exame preventivo por falta de conhecimento
Educaccedilatildeo em Sauacutede
Capacitaccedilatildeo da equipe sobre a importacircncia do exame colpocitoloacutegico
Nivelar o conhecimento dos membros da equipe
Municiacutepio Gerecircncia Regional de Sauacutede
Outubro2011
Enfermeiro natildeo se sente capacitado para a realizaccedilatildeo do exame de Papanicolaou
Capacitaccedilatildeo Teacutecnica do enfermeiro para a realizaccedilatildeo do exame de Papanicolaou
Solicitar agrave Ginecologista enfermeira treinamentocapacitaccedilatildeo do enfermeiro
Instrumentalizar o enfermeiro para a realizaccedilatildeo coleta de material
Enfermeira de outra Unidade Baacutesica de Sauacutede Meacutedico Ginecologista
Outubro2011
Baixo iacutendice de cobertura do exame citoloacutegico
Elaboraccedilatildeo de um instrumento para coleta de dados para identificar as mulheres de 25 a 59 anos na aacuterea de abrangecircncia do centro de sauacutede e tambeacutem para levantar quais os fatores que impeditivos para a realizaccedilatildeo do exame Incluir as mulheres identificadas no arquivo rotativo
Visita domiciliar
Visitar todas as mulheres dentro da aacuterea de abrangecircncia da UBS
ACS Novembro2011 Dezembro2011
Baixo iacutendice de cobertura do exame citoloacutegico
Agendamento da consulta de enfermagem consulta meacutedica para atender as prioridades levantadas no diagnoacutestico da atividade anterior para realizaccedilatildeo do exame Priorizar mulheres que nunca fizeram o exame ou que fizeram a mais de trecircs anos
Visita domiciliar Consulta de Enfermagem e consulta meacutedica
Orientar as mulheres sobre o exame preventivo Realizar o exame
ACS Meacutedico e enfermeira
Janeiro2012
31
O agendamento das consultas e marcado para datas muito distantes o que geralmente faz com que a mulher esqueccedila
Comunicaccedilatildeo da data do exame com antecedecircncia
Elaborar uma forma de entrar em contato com a paciente cinco dias antes da consulta agendada
Diminuir o iacutendice de ausecircncia agraves consultas
ACS Novembro2011
Desconhecimento das mulheres sobre o exame preventivo e os cuidados preparativos para o exame
Orientaccedilatildeo das mulheres sobre o exame e os cuidados preparativos para o exame
Criar um informativo contendo as orientaccedilotildees sobre o exame e os cuidados para serem entregue as usuaacuterias no momento da visita do ACS para informaacute-las da data e horaacuterio da consulta
Orientar todas usuaacuterias
Enfermeiro ACS
Janeiro2011
Entrega de resultados dos preventivos sem alteraccediloespelos ACSrsquos
Entrega do resultado do exame
Agendar um dia na semana para a entrega dos resultados dos exames Todos os exames deveratildeo ser vistos pelo enfermeiro Aqueles que apresentarem alguma alteraccedilatildeo a paciente deve ser encaminhada ao meacutedico Teacutecnico de Enfermagem Enfermeiro
Orientar as usuaacuterias
Os exames com resultados normais seratildeo entregues pelo teacutecnico de enfermagem Aqueles que apresentarem alguma alteraccedilatildeo seratildeo entregues pelo enfermeiro que deveraacute fazer os devidos encaminhamentos quando necessaacuterios
Dezembro2011
Entrega dos resultados de exames com alteraccedilotildees apoacutes consultas de retorno agendadas para usuaacuterias
Orientaccedilatildeo encaminhamento e acompanhamento da usuaacuteria
Visita domicilar Consulta de enfermagemconsulta meacutedica
Avaliar o estado de sauacutede da mulher Acompanhamento e orientaccedilotildees
Meacutedico e enfermeira Janeiro2012
Monitoramento e acompanhamento
- Agendamentos anuais - Elaboraccedilatildeo um arquivo rotativo - Estabelecimento de Indicadores de acompanhamento e
- Controlar a marcaccedilatildeo de consulta no intervalo de trecircs anos se apoacutes dois anos consecutivos de coleta os resultados forem negativos para
Monitorar o exame preventivo Acompanhar o estado de sauacutede das mulheres pela
Enfermeira e Teacutecnico de enfermagem
Novembro2011
32
avaliaccedilatildeo das accedilotildees votadas agrave sauacutede da mulher pela equipe de sauacutede
displasia ou neoplasia - Fazer a busca das usuaacuterias faltosas aos exames e consultas
equipe
Falta de interesse e conscientizaccedilatildeo em relaccedilatildeo agrave importacircncia do exame preventivo
Atendimento de Grupos Retomar o grupo de mulheres onde seratildeo abordados temas relativos agrave sauacutede da mulher Realizar orientaccedilotildees por meio de palestras nos grupos operativos
Conscientizar as mulheres sobre a importacircncia da realizaccedilatildeo do exame
Equipe de Sauacutede Fevereiro2012
Consulta eacute marcada com um meacutedico do sexo masculino
Agendamento com o enfermeiro quando possiacutevel
Reforccedilar com a paciente que durante a consulta estaraacute presente uma Auxiliar de Enfermagem
Diminuir a evasatildeo do exame prevenccedilatildeo Diminuir a resistecircncia ao atendimento masculino
Disponibilizar uma auxiliar ou teacutecnica de enfemagem para acompanhar o meacutedico durante o exame
Dezembro2011
Falta disponibilidade de horaacuterios mais flexiacuteveis pois haacute concentraccedilatildeo de horaacuterio pela manhatilde
Adequaccedilatildeo da Agenda Alteraccedilotildees na agenda com horaacuterios para adequar agraves necessidades dos usuaacuterios
Marcar os exames preventivos para o horaacuterio da tarde
Enfermeira e meacutedico Janeiro2012
33
6 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
A poliacutetica da sauacutede tem como principal objetivo promover mudanccedilas no intuito
de melhorar o niacutevel da sauacutede da populaccedilatildeo Diante dos resultados apurados nesse
estudo percebe-se a necessidade das intervenccedilotildees a serem efetuadas no Centro de
Sauacutede Felicidade II visando melhorar o iacutendice de cobertura dos exames
preventivos
Assim a realidade percebida no Centro de Sauacutede Felicidade II eacute que o
desempenho da equipe exerce grande impacto no desenvolvimento das accedilotildees
alcanccedilando dessa forma o objetivo de contribuir com o aprimoramento e a
consolidaccedilatildeo da assistecircncia agrave sauacutede da populaccedilatildeo
Como problemas levantados em relaccedilatildeo a baixa cobertura da prevenccedilatildeo do
cacircncer do colo do uacutetero identificamos as seguintes o ACS sentir inseguro para
orientar agraves mulheres em relaccedilatildeo aos cuidados para realizar o exame preventivo a
falta de capacitaccedilatildeo teacutecnica para o enfermeiro realizar o exame de Papanicolaou
consultas agendadas para datas muito distantes fazendo com que a mulher se
esqueccedila do diadesconhecimento das mulheres sobre o exame preventivo e os
cuidados preparativos para o mesmo falta de interesse e conscientizaccedilatildeo em
relaccedilatildeo agrave importacircncia do exame preventivo por parte das usuaacuteriaspudor da mulher
diante do profissional de sexo masculino e falta de disponibilidade de horaacuterios mais
flexiacuteveis com concentraccedilatildeo das consultas no horaacuterio da manhatilde
A partir dos problemas levantados foram propostas as atividades accedilotildees
metas e os responsaacuteveis pelas atividades no sentido de ampliar a cobertura das
mulheres por meio da participaccedilatildeo de toda a equipe de sauacutede Desse modo foi
muito importante tambeacutem a elaboraccedilatildeo das estrateacutegias para que o nuacutemero de
usuaacuterias seja aumentado Neste sentido destaca-se o papel do enfermeiro como
parte integrante da equipe de sauacutede e que desempenha um importante papel na
promoccedilatildeo da prevenccedilatildeo educaccedilatildeo e melhorias constantes nos serviccedilos oferecidos
agrave populaccedilatildeo
Nesta direccedilatildeo o Centro de Sauacutede Felicidade II deve se preocupar com a
capacitaccedilatildeo de seus funcionaacuterios com a organizaccedilatildeo do processo de trabalho das
equipes bem com um investimento maior nas accedilotildees de promoccedilatildeo e prevenccedilatildeo da
saude conforme abordado neste estudo
34
Desse modo cabe a todos os profissionais atuar mais na prevenccedilatildeo
promoccedilatildeo e recuperaccedilatildeo por meio de praacuteticas educativas promovendo campanhas
palestras sobre a sauacutede da mulher fornecendo orientaccedilotildees durante as consultas
para que se possa reverter o quadro de baixo iacutendice de cobertura no exame
preventivo de cacircncer do colo do uacutetero alcance assim a cobertura preconizada pela
Secretaacuteria de Sauacutede o que vai refletir na melhoria da assistecircncia a sauacutede agrave mulher
35
REFEREcircNCIAS ALBUQUERQUE KM et al Cobertura do Teste de Papanicolau e Fatores associados agrave Natildeo-Realizaccedilatildeo um olhar sobre o Programa de Prevenccedilatildeo do Cacircncer do Colo do Uacutetero em Pernambuco Brasil Caderno de Sauacutede Puacuteblica v 25 supl 2 Rio de Janeiro 2009 Disponiacutevel em lthttpwwwscielosporgscielophpscript=sci_arttextamppid=S0102-311X2009001400012gt Acesso em 6 nov 2010 BELO HORIZONTE Secretaria Municipal de Sauacutede Prevenccedilatildeo e Controle do Cacircncer do Colo de Uacutetero Belo Horizonte 2008 BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede O Programa Sauacutede da Famiacutelia e a Atenccedilatildeo Baacutesica no Brasil Brasiacutelia 2002 Disponiacutevel em lthttpwwwccssaudegovbrsaudebatea portamostravirtualpublicacoespsf_atencaobasicapdfgt Acesso em 01 abr 2010 CEacuteSAR JA et al Fatores Associados agrave natildeo Realizaccedilatildeo de Exame Citopatoloacutegico de Colo Uterino no Extremo Sul do Brasil Caderno de Sauacutede Puacuteblica Rio de Janeiro v19n5 p1365-1372 setout 2003 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrpdf0Dcspv19n517808pdfgt Acesso em 16 jul 2010 CORREcircA DA D VILLELA WV O Controle do Cacircncer do Colo do Uacutetero desafios para implementaccedilatildeo de accedilotildees programaacuteticas no Amazonas Brasil Rev bras sauacutede matern infantil v8 n4p491-497 outdez 2008 DIAS-DA-COSTA J S et al Cobertura do Exame Citopatoloacutegico na Cidade de Pelotas Rio Grande do Sul Brasil Caderno de Sauacutede Puacuteblica Rio de Janeiro v19 n1 p191-197 janfev 2003 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrpdfcspv19n114919pdfgt Acesso em 16 jul 2010 DOMINGOS ACP et al Cacircncer do Colo do Uacutetero comportamento preventivo de auto-cuidado agrave sauacutede Revista Ciecircncia Cuidado e Sauacutede 6 (Suplem 2) p 397-403 2007 Disponiacutevel em lthttpperiodicosuembrojsindexphpCiencCuidSaudearticleviewFile53373385gt Acesso em 5 nov 2010 HACKENHAAR AAC JURACI A DOMINGUES MR Exame Citopatoloacutegico de Colo Uterino em Mulheres com Idade entre 20 e 59 anos em Pelotas RS prevalecircncia foco e fatores associados agrave sua natildeo realizaccedilatildeo Revista Brasileira de EpidemiologiaSatildeo Paulo v9n1 Mar 2006 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S1415-790X2006000100013gt Acesso em 16 jul 2010 MONTEMOR EBL et al Controle do Cacircncer de Colo de Uacutetero o exame citopatoloacutegico In LOPES MHBde M (org) Enfermagem na Sauacutede da Mulher Goiacircnia AB 2006 p 45-65 NAKAGAWA JTT SCHIRMER J BARBIERI M Viacuterua HPV e Cacircncer de Colo de Uacutetero Revista Brasileira de Enfermagem v 63 n 2 Brasiacutelia marabri 2010
36
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ldquoO saber a gente aprende com os mestres e os livros
A sabedoria se aprende eacute com a vida e com os humildesrdquo
Cora Coralina
RESUMO
O objetivo principal deste estudo foi elaborar um plano de accedilatildeo para ampliar a cobertura do exame colpocitoloacutegico no Centro de Sauacutede Felicidade II da Secretaria Municipal de Sauacutede de Belo Horizonte MG promovendo assim a melhoria das condiccedilotildees de vida e sauacutede das mulheres A metodologia utilizada se baseou na revisatildeo de literatura do tipo narrativa Ao final do estudo foi apresentado um plano de accedilatildeo pois diante dos resultados apurados percebeu-se a necessidade das intervenccedilotildees a serem efetuadas no Centro de Sauacutede Felicidade II visando melhorar o iacutendice de cobertura dos exames preventivos Sabe-se que a poliacutetica da sauacutede tem como principal objetivo promover mudanccedilas no intuito de melhorar o niacutevel da sauacutede da populaccedilatildeo A realidade percebida no Centro de Sauacutede Felicidade II eacute que o desempenho da equipe exerce grande impacto no desenvolvimento das accedilotildees alcanccedilando dessa forma o objetivo de contribuir com o aprimoramento e a consolidaccedilatildeo da assistecircncia agrave sauacutede da populaccedilatildeo em especial a cobertura da populaccedilatildeo feminina na prevenccedilatildeo do cacircncer cervico-uterino
Palavras-chave Sauacutede Prevenccedilatildeo Cacircncer do Colo do Uacutetero
ABSTRACT
The main purpose of this study was to elaborate an action plan to expand the coverage of colpocytological examination at the Center for Health Felicidade II of Municipal Secretary of Health of Belo Horizonte MG thus promoting the improvement of living conditions and health of women The methodology used was based on a review of the literature about the narrative At the end of the study was presented an action plan because of the key results before it was noticed the need for interventions to be made at the Center for Health Felicidade II to improve the coverage of preventive exams It is known that health policy has as main objective to promote changes in order to improve the level of population health The perceived reality at the Center for Health Felicidade II is that the teams performance has great impact on the development of actions achieving in this way the objective of contributing to the improvement and consolidation of health care to the population in particular the coverage of the female population in prevention of uterine cervical cancer Keywords Health Prevention Cervical Cancer
LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS
ACS Agente Comunitaacuterio de Sauacutede
Aids Acquired Immunodeficiency Syndrome
CCU Cacircncer do Colo do Uacutetero
DST Doenccedila Sexualmente Transmissiacutevel
HPV Human Papiloma Viacuterus
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica
INCA Instituto Nacional de Cacircncer
Km Quilometro
NESCON Nuacutecleo de Educaccedilatildeo em Sauacutede Coletiva
OMS Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede
p paacutegina
PAISM Programa de Assistecircncia Integral agrave Sauacutede da Mulher
PSF Programa de Sauacutede da Famiacutelia
SUS Sistema Uacutenico de Sauacutede
TCC Trabalho de Conclusatildeo de Curso
UBS Unidade Baacutesica de Sauacutede UPA Unidade de Pronto Atendimento
USF Unidade de Sauacutede da Famiacutelia
SUMAacuteRIO
1 INTRODUCcedilAtildeO 10 2 OBJETIVOS 15 21 Objetivo geral 15 22 Objetivos especiacuteficos 15 3 METODOLOGIA 16 4 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO 17 41 A promoccedilatildeo da sauacutede das mulheres 17 42 A prevenccedilatildeo do cacircncer do colo do uacutetero 17 43 Contexto histoacuterico da citologia oncoacutetica 23 44 Conceitos e caracteriacutesticas do exame de prevenccedilatildeo do cacircncer 25 45 O cacircncer do colo do uacutetero 25 5 PLANO DE ACcedilAtildeO PARA A AMPLIACcedilAtildeO DA COBERTURA DO EXAME COLPOCITOLOacuteGICO NO CENTRO DE SAUacuteDE FELICIDADE II 30 6 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS 34 REFEREcircNCIAS 35
10
1 INTRODUCcedilAtildeO
O Curso de Especializaccedilatildeo em Atenccedilatildeo Baacutesica em Sauacutede da Famiacutelia eacute
oferecido pelo Nescon aos profissionais de sauacutede das prefeituras municipais do
estado de Minas Gerais na perspectiva de que cumpra seu importante papel na
consolidaccedilatildeo da estrateacutegia e no desenvolvimento de um Sistema Uacutenico de Sauacutede
universal e com maior grau de equumlidade (NESCON 2009)
O Nescon oacutergatildeo complementar da Faculdade de Medicina da Universidade
Federal de Minas Gerais vem se caracterizando como uma das instacircncias de
cooperaccedilatildeo mais atuantes na organizaccedilatildeo de serviccedilos de sauacutede no Brasil Desde
sua criaccedilatildeo em 1983 e reativaccedilatildeo em 1986 o Nescon tem acumulado experiecircncias
que o capacitaram institucionalmente para atividades de pesquisa assessoria e
formaccedilatildeo de recursos humanos (NESCON 2009)
No art 3 do Capiacutetulo I - Da Conceituaccedilatildeo e Objetivos do Regulamento de
Orientaccedilatildeo do Trabalho de Conclusatildeo de Curso do Curso de Licenciatura em Letras
ndash Portuguecircs-Espanhol da Universidade Estadual de Ponta (2010) define que ldquoO
Trabalho de Conclusatildeo de Curso (TCC) constitui uma atividade acadecircmica de
pesquisa e sistematizaccedilatildeo do conhecimento sobre um objeto de estudo pertinente agrave
profissatildeo do licenciado e agrave realidade social em suas diferentes expressotildeesrdquo Ele eacute
desenvolvido mediante controle orientaccedilatildeo e avaliaccedilatildeo docente cuja exigecircncia eacute
um requisito essencial para o crescimento pessoal e profissional do aluno uma vez
que possibilita integrar os conhecimentos acumulados durante o curso
(UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA - 2010)
Neste sentido a motivaccedilatildeo para desenvolver este estudo surgiu da
necessidade de ampliar a cobertura de exame colpocitoloacutegico agraves mulheres
pertencentes agrave aacuterea de abrangecircncia do Centro de Sauacutede Felicidade II A
identificaccedilatildeo do baixo acesso das mulheres a esta modalidade de exame foi
percebida graccedilas agrave realizaccedilatildeo da atividade de coleta de dados realizada por ocasiatildeo
do desenvolvimento do Moacutedulo Sauacutede da Mulher do Curso de Especializaccedilatildeo em
Atenccedilatildeo Baacutesica em Sauacutede da Famiacutelia Esta atividade consistia no levantamento da
cobertura do exame citoloacutegico aplicado agraves mulheres em idade feacutertil da aacuterea de
abrangecircncia do Centro de Sauacutede em que atuo como enfermeira A anaacutelise dos
dados apontou que o nuacutemero de exames realizados no referido Centro de Sauacutede
11
natildeo atingia a cobertura preconizada pela Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede (OMS) que
eacute de 85 das mulheres adscritas na aacuterea de abrangecircncia da equipe
Apoacutes a coleta e anaacutelise dos dados para a apresentaccedilatildeo da atividade referente
ao Moacutedulo Sauacutede da Mulher deparei-me coma seguinte situaccedilatildeo no ano de 2008
foram realizados 507 exames preventivos do cacircncer de colo do uacutetero o que
correspondia a 1878 de cobertura e no periacuteodo de setembro2009 a setembro de
2010 foram realizados 583 exames preventivos correspondendo a 2159 de
cobertura Considerou-se como fonte de registro do exame citoloacutegico o livro do
consultoacuterio ginecoloacutegico no periacuteodo total de um ano
A anaacutelise da cobertura foi feita com base no total de mulheres entre 19 e 59
anos (aproximadamente 2700 mulheres) de um total aproximado de 9000
moradores O valor da cobertura populacional encontrado estaacute muito abaixo do
preconizado pela OMS para se atingir a meta de prevenccedilatildeo de morbimortalidade
por cacircncer do colo do uacutetero (BELO HORIZONTE 2008)
Contribuiacuteram tambeacutem para a escolha do tema deste trabalho a necessidade
de estudar e analisar as causas da deficiecircncia na cobertura e principalmente propor
accedilotildees com o intuito de atingir o objetivo preconizado pela OMS e referecircncia para a
Secretaria Municipal de Sauacutede de Belo Horizonte Outro fato que contribuiu tambeacutem
foi a anaacutelise da atenccedilatildeo primaacuteria agrave sauacutede realizada por ocasiatildeo das Oficinas de
Qualificaccedilatildeo da Atenccedilatildeo Primaacuteria agrave Sauacutede em Belo Horizonte (Plano Diretor da
Atenccedilatildeo Primaacuteria agrave SauacutedeSESMG) ministradas no Centro de Sauacutede
O Centro de Sauacutede surgiu em 26 de novembro de 2001 como um anexo do
Centro de Sauacutede Felicidade I em funccedilatildeo do aumento do nuacutemero de equipes de
sauacutede e o local natildeo comportou esse aumento Hoje em dia os dois Centros de
Sauacutede funcionam em unidades separadas onde cada uma possui uma estrutura
proacutepria e tem aacutereas de abrangecircncia diferentes o que divide as duas Unidades eacute o
coacuterrego Tamboril A aacuterea de abrangecircncia do Centro de Sauacutede Felicidade II tem uma
populaccedilatildeo de aproximadamente 9000 pessoas que se encontram em alta
vulnerabilidade social e assim como toda regiatildeo Norte estaacute classificada em risco
elevado e muito elevado O atendimento da populaccedilatildeo no Programa de Sauacutede da
Famiacutelia eacute coberto por trecircs equipes completas e constituiacutedas por meacutedico enfermeiro
dois auxiliares e quatro ACS (Agente Comunitaacuterio de Sauacutede)
12
O Centro de Sauacutede possui uma populaccedilatildeo de aproximadamente 9000
pessoas em sua aacuterea de abrangecircncia das quais 2700 satildeo mulheres com idade
entre 19 e 59 anos Estaacute localizado atualmente na Rua Pau Brasil 160 no bairro
Jardim Felicidade Distrito Sanitaacuterio Norte e funciona neste endereccedilo desde
novembro de 2006
O Distrito Sanitaacuterio Norte ocupa uma aacuterea de 3432 kmsup2 limitando-se com o
Municiacutepio de Santa Luzia e com os Distritos Sanitaacuterios de Venda Nova Pampulha e
Nordeste sendo sua sede localizada na Avenida Cristiano Machado 10657 Bairro
Planalto Abrange 47 bairros da regiatildeo Metropolitana de Belo Horizonte
Segundo o Censo do IBGE (2000) o Distrito Sanitaacuterio Norte possui uma
populaccedilatildeo de 193764 habitantes compondo um quadro de grandes contrastes
Possui de um lado bairros com razoaacutevel infra-estrutura urbana e poder aquisitivo da
populaccedilatildeo como por exemplo Campo Alegre Helioacutepolis Planalto Floramar e de
outro bairros vilas e assentamentos que oferecem condiccedilotildees inadequadas de
habitaccedilatildeo como Mariquinhas Zilah de Souza Spoacutesito Novo Aaratildeo Reis e o
Conjunto Jardim Felicidade que contam com uma infra-estrutura urbaniacutestica
precaacuteria
Os serviccedilos de atenccedilatildeo baacutesica agrave sauacutede do Distrito Norte satildeo realizados em
suas 19 unidades de sauacutede com funcionamento de 2ordf a 6ordf feira de 0700 agraves 1900
horas no geral sendo o atendimento de urgecircncia realizado na UPA Norte (Unidade
de Pronto Atendimento Norte) com funcionamento diaacuterio de 24 horas Contam ainda
com atendimento de sauacutede mental em 06 unidades
No Brasil o Programa de Sauacutede da Famiacutelia (PSF) iniciou-se em 1994 como
resultado do avanccedilo do Sistema Uacutenico de Sauacutede Este programa aumentou
significativamente ao longo da uacuteltima deacutecada oferecendo um novo modelo de
cuidado agrave sauacutede capaz de melhorar a qualidade de vida da populaccedilatildeo por meio de
novas poliacuteticas e organizaccedilatildeo dos serviccedilos O PSF representa uma maneira de levar
a sauacutede para mais perto das famiacutelias De acordo com o Ministeacuterio da Sauacutede
O programa de Sauacutede da Famiacutelia eacute uma proposta concreta na mudanccedila do modelo assistencial tradicional capaz de romper com o comportamento passivo das unidades baacutesicas de sauacutede O programa prioriza as accedilotildees de prevenccedilatildeo de doenccedilas e a promoccedilatildeo da sauacutede junto agrave comunidade estabelece uma relaccedilatildeo permanente entre os profissionais de sauacutede e a populaccedilatildeo assistida marcada por um atendimento humanizado e resolutivo dos problemas de sauacutede mais frequumlentes (BRASIL 2002 p 5)
13
Segundo Pinto e Coelho (2011) a Secretaria Municipal de Sauacutede de Belo
Horizonte aderiu ao Programa Sauacutede da Famiacutelia em maio de 2000 O projeto foi
implantado dando prioridade agraves aacutereas onde a populaccedilatildeo estava exposta e a
implantaccedilatildeo comeccedilou pelos Centros de Sauacutede com populaccedilatildeo de muito elevado
risco e foi se estendendo gradativamente para as populaccedilotildees de elevado risco e
meacutedio risco De laacute ateacute os dias atuais ficou evidente a importacircncia da mobilizaccedilatildeo
social para manutenccedilatildeo das equipes e com isso o projeto jaacute natildeo pertencia mais ao
governo pois foi incorporado pela cidade de Belo Horizonte como direito
De acordo com os autores passados mais de 10 anos o programa continua e
o nuacutemero de equipes de sauacutede da famiacutelia alcanccedilou as 506 equipes planejadas em
2001 mas isso natildeo se deveu agrave cobertura da populaccedilatildeo de baixo risco e sim ao
crescimento populacional
Os agentes comunitaacuterios de sauacutede fazem cerca de 2900000 visitas
domiciliares por ano O nuacutemero de consultas meacutedicas realizadas pelas equipes de
Sauacutede da Famiacutelia foi de 1899347 em 2002 (ano de implantaccedilatildeo das equipes) e de
2203257 em 2004 Em marccedilo de 2010 apenas 3 das equipes de Sauacutede da
Famiacutelia estavam desfalcadas de meacutedico generalista e mais da metade dos meacutedicos
de sauacutede da famiacutelia tinham mais de 5 anos de trabalho na Prefeitura de Belo
Horizonte (PINTO e COELHO 2011)
O exame de citologia oncoacutetica tambeacutem conhecido como Papanicolaou ou
preventivo foi introduzido na atenccedilatildeo baacutesica na deacutecada de 1970 Em Belo Horizonte
por meio da Secretaria Municipal de Sauacutede criou um protocolo o qual eacute um
instrumento que estabelece normas para intervenccedilotildees teacutecnicas o qual uniformiza e
atualiza conceitos e condutas referentes ao processo assistencial na rede de
serviccedilos Um desses protocolos aborda especificamente o controle e prevenccedilatildeo do
cacircncer de colo de uacutetero (BELO HORIZONTE 2008)
A colpocitologia oncoacutetica eacute utilizada principalmente para determinar o risco de
uma mulher vir a desenvolver o cacircncer de colo do uacutetero natildeo se tratando somente de
uma maneira de diagnosticar a doenccedila Ele eacute essencial tambeacutem para determinar
outras condiccedilotildees de sauacutede como niacutevel hormonal doenccedilas da vulva do canal
vaginal do acircnus das mamas entre outros O exame deve ser realizado
prioritariamente em mulheres de 25 a 59 anos de idade com intervalo de trecircs em
trecircs anos se os dois primeiros exames realizados a cada ano forem normais Toda
14
mulher que tem ou jaacute teve atividade sexual deve submeter-se ao exame preventivo
ateacute os 69 anos de idade (BELO HORIZONTE 2008)
Destaca-se ainda que a importacircncia do exame consiste no fato de que eacute
nessa oportunidade que o profissional avalia a sauacutede sexual e reprodutiva da
mulher pois tais fatores raramente satildeo considerados durante uma consulta cliacutenica
geral Ressalta-se tambeacutem que o acesso das mulheres ao exame colpocitoloacutegico faz parte da garantia de direitos legalmente constituiacutedos com a ampliaccedilatildeo dos
serviccedilos de promoccedilatildeo prevenccedilatildeo e assistecircncia ao cacircncer de colo de uacutetero
Espera-se que este estudo possa contribuir para a humanizaccedilatildeo da atenccedilatildeo agrave
sauacutede da mulher proporcionando um olhar mais amplo e integral sobre o estado de
sauacutede das mulheres e seus determinantes sociais Para tal buscar-se-aacute sensibilizar
a equipe do Centro de Sauacutede Felicidade II quanto agrave importacircncia da assistecircncia
integral agrave sauacutede da mulher promover a educaccedilatildeo em sauacutede para as usuaacuterias quanto
agrave importacircncia de realizar o exame preventivo de cacircncer de colo do uacutetero expandir a
agenda de consultas de assistecircncia agrave mulher garantindo aumento da cobertura de
exames preventivos e proporcionar educaccedilatildeo permanente agrave toda a equipe em
especial os ACS para uma abordagem humanizada eficaz e efetiva das usuaacuterias
15
2 OBJETIVOS
21 Geral Elaborar um plano de accedilatildeo para ampliar a cobertura do exame colpocitoloacutegico
no Centro de Sauacutede Felicidade II da Secretaria Municipal de Sauacutede de Belo
Horizonte MG promovendo assim a melhoria das condiccedilotildees de vida e sauacutede das
mulheres
22 Especiacutefico
Realizar uma revisatildeo de literatura sobre a promoccedilatildeo da sauacutede das mulheres
dando ecircnfase agrave prevenccedilatildeo do cacircncer do colo do uacutetero no sentido de subsidiar o
plano de accedilatildeo
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3 METODOLOGIA
Trata-se de um estudo bibliograacutefico tipo revisatildeo narrativa com natureza
compreensiva do tema proposto realizada por meio da consultas a livros e artigos
em revistas cientiacuteficas do acervo de bibliotecas e base de dados virtuais no sentido
de subsidiar a elaboraccedilatildeo de um plano de accedilatildeo para o Centro de Sauacutede Felicidade
II buscando ampliar a cobertura do exame de Papanicolaou
A busca foi efetuada nas bases de dados SCIELO (Scientific Electronic
Library Online) MEDLINE(Medical Literature Analysis and Retrieval System Online -
Sistema Online de Busca e Anaacutelise de Literatura Meacutedica) LILACS (Literatura Latino-
americana em ciecircncia da Sauacutede) e outras Foram utilizados os descritores ldquosauacutede
das mulheresrdquo ldquocacircncerrdquo ldquocacircncer do colo do uacuteterordquo ldquocitologia oncoacuteticardquo e
ldquoprevenccedilatildeordquo
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4 APRESENTACcedilAtildeO DOS RESULTADOS
41 A promoccedilatildeo da sauacutede das mulheres
Correcirca e Villela (2008) relatam que foi nas primeiras deacutecadas do seacuteculo XX
que o Brasil passou a incorporar a questatildeo da sauacutede da mulher nas poliacuteticas
nacionais cujo enfoque estava em prestar assistecircncia aos filhos das mulheres que
natildeo tinham acesso aos serviccedilos de sauacutede constituindo a atenccedilatildeo preacute-natal como
uacutenica accedilatildeo de caraacuteter universalista com relaccedilatildeo agrave sauacutede da mulher
Com as mudanccedilas na condiccedilatildeo social das mulheres ocorridas ao longo da segunda metade do seacuteculo XX as propostas de atenccedilatildeo materno-infantil mostram-se insuficientes Em 1984 eacute proposto pelo Ministeacuterio da Sauacutede o Programa de Assistecircncia Integral agrave Sauacutede da Mulher (PAISM) visando agrave extensatildeo das accedilotildees baacutesicas em sauacutede da mulher e incluindo entre outras atividades preventivas e de diagnoacutestico do cacircncer do colo do uacutetero e mamaacuterio A assistecircncia integral envolvia o atendimento de todas as necessidades da populaccedilatildeo feminina enfatizando as accedilotildees dirigidas ao controle das patologias mais prevalentes incluindo accedilotildees educativas Poreacutem a implementaccedilatildeo efetiva do Programa natildeo aconteceu como desejado ficando as atividades nos serviccedilos de sauacutede bastante focalizadas nas demandas relativas agrave contracepccedilatildeo acompanhamento da gravidez e ao parto A prevenccedilatildeo e controle do cacircncer ginecoloacutegico continuaram em segundo plano (CORREcircA e VILLELA 2008p1)
Domingos et al (2008 p 1) afirmam que ldquopor meio da promoccedilatildeo da sauacutede
caracterizada como sendo promoccedilatildeo primaacuteria e detecccedilatildeo precoce das lesotildees
precursoras (exame de Papanicolaou) eacute possiacutevel reduzir a mortalidade e
incidecircnciardquo
Em 1997 foi implantado no Paranaacute o Programa de Prevenccedilatildeo do Cacircncer do Colo do Uacutetero que prioriza inicialmente o atendimento da faixa etaacuteria de 30 a 49 anos (a mais acometida pela doenccedila no Estado) atendendo na sequumlecircncia todas as faixas etaacuterias expostas ao risco O intervalo entre os exames para controle dos casos negativos eacute de trecircs anos (DOMINGOS et al 2008 p 1)
42 A prevenccedilatildeo do cacircncer do colo do uacutetero
Narchi Janicas e Fernandes (2007) ensinam que a prevenccedilatildeo do cacircncer
ceacutervico-uterino eacute realizada em dois planos a prevenccedilatildeo primaacuteria e a secundaacuteria Na
forma primaacuteria conforme os autores deve-se atentar para os fatores de risco
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evitaacuteveis e na atuaccedilatildeo do enfermeiro Jaacute na fase de prevenccedilatildeo secundaacuteria deve ser
feito o rastreamento captaccedilatildeo e identificar a vulnerabilidade do cacircncer
Domingos et al (2007) afirmam que a principal estrateacutegia para a prevenccedilatildeo
primaacuteria da doenccedila eacute o uso de preservativo (masculino ou feminino) durante as
relaccedilotildees sexuais visto que a infecccedilatildeo pelo viacuterus papiloma humano (HPV) estaacute
presente em 90 dos casos A prevenccedilatildeo secundaacuteria eacute realizada por meio do
exame preventivo (Papanicolaou) para a detecccedilatildeo precoce da doenccedila
Albuquerque et al (2007) afirmam que desde 1988 o Ministeacuterio da Sauacutede tem
como objetivo reduzir as taxas de morbimortalidade e com isso adota como norma
a recomendaccedilatildeo da Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede a qual propotildee que seja feito a
cada trecircs anos a realizaccedilatildeo do exame citoloacutegico do colo do uacutetero sendo dois
exames anuais consecutivos negativos para mulheres na faixa de idade de 25 a 59
anos ou que jaacute tenham atividade sexual
Iniciativas como o Programa Viva Mulher lanccedilado em 1996 e o desenvolvimento de campanhas nacionais sistemaacuteticas tecircm contribuiacutedo para o aumento da cobertura do exame no paiacutes Contudo verifica-se que as taxas de incidecircncia e de mortalidade ainda permanecem desafiando as medidas ateacute entatildeo adotadas sinalizando possiacuteveis deficiecircncias na oferta no acesso e na qualidade das referidas accedilotildees (ALBUQUERQUE et al 2007 p 1)
Nakagawa Schirmer e Barbieri (2007) relatam que a associaccedilatildeo do viacuterus
HPV com o cacircncer de colo de uacutetero comeccedilou em 1949 quando o patologista George
Papanicolaou introduziu o exame mais difundido no mundo para detectar a doenccedila
o exame que leva o seu proacuteprio nome ou seja Papanicolaou
De acordo com o desenvolvimento do carcinoma de colo de uacutetero Nakagawa
Schirmer e Barbieri (2007 p 1) afirmam que
Esse exame permitiu identificar mulheres com alteraccedilotildees celulares preacute-maligna possibilitando observar uma associaccedilatildeo da atividade sexual com o desenvolvimento do cacircncer de colo de uacutetero No entanto somente na deacutecada de 70 o conhecimento acerca da etiologia da doenccedila teve consideraacutevel avanccedilo Estudos constataram que tal associaccedilatildeo implicava na presenccedila de um agente etioloacutegico de transmissatildeo sexual Harold zur Hausen um infectologista alematildeo constatou que o Papiloma Viacuterus Humano (viacuterus HPV) poderia ser esse agente estabelecendo inicialmente a relaccedilatildeo do viacuterus com as verrugas e condilomas Somente anos mais tarde o viacuterus foi relacionado com o desenvolvimento do carcinoma de colo de uacutetero (NAKAGAWA SCHIRMER e BARBIERI 2007 p 1)
19
Os autores relatam que devido ao advento da clonagem molecular na deacutecada
de 90 e a utilizaccedilatildeo de tal tecnologia na replicaccedilatildeo do genoma do Papiloma Viacuterus
outros aspectos da infecccedilatildeo foram elucidados
Devido agrave discrepacircncia entre a alta frequumlecircncia de infecccedilotildees HPV em mulheres jovens sexualmente ativas e a ocorrecircncia relativamente baixa de lesotildees cervicais nas mesmas colocou-se em duacutevida a etiologia viral da doenccedila e concluiu-se que a infecccedilatildeo era causa necessaacuteria mas natildeo suficiente para o desenvolvimento da doenccedila uma vez que virtualmente somente uma fraccedilatildeo de mulheres portadoras do viacuterus a desenvolveria Estudos preacutevios jaacute sugeriam que um forte fator diferenciava a progressatildeo ou natildeo da doenccedila sugerindo que isto estaria relacionada aos diversos tipos do viacuterus HPV Estudos posteriores mostraram que a sua progressatildeo depende natildeo somente da presenccedila do viacuterus mas tambeacutem do tipo de viacuterus da persistecircncia da infecccedilatildeo e da evoluccedilatildeo das lesotildees precursoras para o carcinoma invasivo (NAKAGAWA SCHIRMER e BARBIERI 2007 p 1)
Segundo Narchi Janicas e Fernandes (2007) a prevenccedilatildeo primaacuteria do cacircncer
ceacutervico-uterino refere-se agrave reduccedilatildeo da exposiccedilatildeo aos fatores de risco como o iniacutecio
precoce da atividade sexual a multiplicidade de parceiros as doenccedilas sexualmente
transmissiacuteveis especialmente a infecccedilatildeo causada pelo HPV e multiparidade Aleacutem
disso outros fatores tecircm sido relacionados ao cacircncer ceacutervico-uterino em estudos
epidemioloacutegicos ainda natildeo conclusivos dentre eles o uso de anticoncepcional oral
as situaccedilotildees de imunossupressatildeo como diabete lupus corticoterapia e Aids o
tabagismo e a alimentaccedilatildeo pobre em folatos vitaminas A e C e betacaroteno
Atualmente considera-se fundamental a relaccedilatildeo entre o desenvolvimento do cacircncer ceacutervico-uterino e a transmissatildeo sexual HPV Nesse sentido a prevenccedilatildeo primaacuteria tem como foco a praacutetica de sexo seguro No entanto apesar da divulgaccedilatildeo da importacircncia do uso de preservativos para diminuiccedilatildeo potencial do risco de transmissatildeo do HPV observa-se que seu uso depende de uma serie de fatores como o conhecimento a respeito da doenccedila e suas formas de prevenccedilatildeo a percepccedilatildeo de risco de infecccedilatildeo as crenccedilas e valores culturais as iniquidades de gecircnero e como elas se revelam o grau de autonomia e poder de negociaccedilatildeo sexual nas relaccedilotildees afetivo-sexuais acesso ao serviccedilo de sauacutede e a oferta de preservativos (NARCHI JANICAS e FERNANDES 2007 p 129)
Ceacutesar et al (2003) afirmam que exames preventivos perioacutedicos permitem
reduzir em ateacute 70 a sua mortalidade na populaccedilatildeo de risco A faixa etaacuteria mais
acometida vai dos 25 aos 60 anos e o seu mais importante determinante eacute o
papilomaviacuterus humano De acordo com o Instituto Nacional de Cacircncer (INCA)
O Instituto Nacional de Cacircncer (INCA) recomenda o exame citopatoloacutegico para cacircncer de colo uterino a toda mulher com idade entre 20 e 60 anos e que possua vida sexual ativa Inicialmente o exame deve ser feito a cada trecircs anos Em caso de dois resultados negativos para displasia ou
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neoplasia um novo exame deveraacute ser repetido uma vez a cada trecircs anos (BRASIL 2002 apud CEacuteSAR et al 2003 p 1371)
Narchi Janicas e Fernandes (2007) afirmam que de modo contextual a
prevenccedilatildeo primaacuteria eacute realizada a partir identificaccedilatildeo da presenccedila de fatores de risco
com vistas a prevenir o surgimento da doenccedila Sabe-se que o cacircncer ceacutervico-uterino
haacute muito vem sendo associado ao baixo niacutevel socioeconocircmico tanto a exposiccedilatildeo
aos fatores de risco quanto especialmente pela desigualdade no acesso aos
serviccedilos de sauacutede Essas barreiras satildeo multidimensionais inserindo-se em um
contexto social amplo que a barca desde dificuldades geograacuteficas de informaccedilatildeo
familiares econocircmicas culturais religiosas e emocionais ateacute as relacionadas agraves
poliacuteticas de sauacutede Diante dessa constataccedilatildeo acredita-se que a anaacutelise dos
programas e a proposiccedilatildeo de estrateacutegias devam tambeacutem corresponder agrave amplitude
dos fatores intervenientes
De acordo com as autoras no que diz respeito agrave prevenccedilatildeo primaacuteria o
Programa de Sauacutede da Famiacutelia (PSF) tem importante papel na identificaccedilatildeo de
grupos de mulheres com perfil de risco para desenvolver o cacircncer ceacutervico-uterino e
com base nas necessidades levantadas implementar accedilotildees de intervenccedilatildeo no meio
ambiente e em seus fatores de risco De acordo com as autoras diversas
estrateacutegias podem reduzir os fatores de risco para cacircncer ceacutervico-uterino dentre as
quais destacam-se realizaccedilatildeo de grupos educativos que permitam a discussatildeo de
temas como sexualidade e gecircnero vulnerabilidade e prevenccedilatildeo as DST
planejamento familiar qualidade de vida e prevenccedilatildeo do cacircncer ginecoloacutegico entre
outros As autoras destacam tambeacutem a importacircncia mobilizaccedilatildeo das mulheres para
o autocuidado e a busca de melhor qualidade de vida (grupos de caminhada cultivo
de hortas caseiras por exemplo) valorizaccedilatildeo da integralidade na assistecircncia e no
estiacutemulo a uma participaccedilatildeo ativa das mulheres com atitudes assertivas em relaccedilatildeo
a sauacutede identificaccedilatildeo e minimizaccedilatildeo das dificuldades de acesso ao serviccedilo de
sauacutede sejam elas barreiras individuais e institucionais (NARCHI JANICAS e
FERNANDES 2007)
Ainda conforme as autoras aleacutem das atividades comunitaacuterias que podem ser
realizadas pela equipe de sauacutede da famiacutelia o enfermeiro tambeacutem pode instituir
grupos educativos de coleta ou de resultados da colpocitologia na unidade baacutesica de
sauacutede (UBS) ou na unidade de sauacutede da famiacutelia (USF) abordando temaacuteticas
21
voltadas agrave sexualidade higiene iacutentima prevenccedilatildeo de DST prevenccedilatildeo do cacircncer
ginecoloacutegico e teacutecnica de coleta do exame As autoras afirmam que esses grupos
aleacutem de disponibilizarem um espaccedilo para a socializaccedilatildeo do conhecimento
possibilitam a integraccedilatildeo entre profissionais e pacientes e estimulam o
autoconhecimento do corpo e da sexualidade familiarizando a mulher ao ambiente e
ao exame e minimizando sentimentos negativos como o medo a vergonha o
nervosismo e o constrangimento que por vezes as impedem de aderir ao programa
Essa estrateacutegia seraacute possiacutevel agrave medida que o profissional estiver sensibilizado e
capacitado para implementaacute-la utilizando habilidades de aconselhamento e
abordagem empaacutetica (NARCHI JANICAS e FERNANDES 2007)
O enfermeiro deve ainda avaliar a presenccedila de fatores de risco na consulta
de enfermagem agrave mulher com vistas a realizar as intervenccedilotildees necessaacuterias e o
acompanhamento mais frequente Diante disso eacute recomendado que na consulta de
retorno para recebimento do laudo da colpocitologia seja realizado procedimento de
aconselhamento sobre DST e Aids antes de discutir o resultado e a conduta
No que diz respeito agrave prevenccedilatildeo secundaacuteria do cacircncer ceacutervico-uterino Narchi
Janicas e Fernandes (2007) afirmam que se deve realizar o exame citopatoloacutegico
para que seja feita a detecccedilatildeo do cacircncer in situ ou das lesotildees precursoras trataacuteveis
e curaacuteveis em ateacute 100 dos casos Para as autoras o acolhimento deveraacute ocorrer
em todas as fases da assistecircncia ou seja desde o primeiro contato com a mulher o
que pode ocorrer em seu domiciacutelio quanto no agendamento ao se verificar acerca
do aprazamento da colpocitologia Citam tambeacutem que esse exame tem sido
utilizado em programas de rastreamento do cacircncer ceacutervico-uterino em todo o mundo
(screening) para interromper o ciclo evolutivo da doenccedila detectando-a em fase preacute-
invasiva trataacutevel e curaacutevel Relatam ainda que os paiacuteses que desenvolveram o
programa tanto com identificaccedilatildeo efetiva da populaccedilatildeo de risco qualidade coleta e
na interpretaccedilatildeo dos resultados quanto com tratamento e acompanhamento
adequados dos casos de alto risco lograram reduccedilatildeo significativa na incidecircncia e na
mortalidade por essa patologia
Segundo a OMS para que um programa de rastreamento do cacircncer ceacutervico-
uterino cause impacto epidemioloacutegico eacute necessaacuterio realizar uma cobertura superior a
80 o que representaria um impacto de 50 na reduccedilatildeo da mortalidade por essa
doenccedila Entretanto nos paiacuteses em desenvolvimento como o Brasil a cobertura
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desse teste ainda natildeo alcanccedilou niacuteveis suficientes e coerentes com as necessidades
da populaccedilatildeo feminina sob maior risco de contrair a doenccedila
Narchi Janicas e Fernandes (2007) relatam que no Brasil as accedilotildees de
intervenccedilatildeo e controle do cacircncer ceacutervico-uterino tecircm sido norteadas pela distribuiccedilatildeo
das lesotildees cervicais segundo as faixas etaacuterias de mulheres mais acometidas pela
doenccedila e pela periodicidade dos exames citopatoloacutegicos seguindo a loacutegica
epidemioloacutegica do risco e da relaccedilatildeo custobenefiacutecio que norteiam as intervenccedilotildees
em sauacutede publica Poreacutem por vaacuterios anos essa cobertura esteve descontextualiza
da no paiacutes de forma a disponibilizar a citopatologia apenas durante o preacute-natal natildeo
atingindo a populaccedilatildeo de mulheres da faixa etaacuteria de maior risco subutilizando os
equipamentos de sauacutede e tornando o programa ineficiente Conforme as autoras
vaacuterios estudos que investigaram os motivos que dificultam a captaccedilatildeo das mulheres
para a prevenccedilatildeo do cacircncer ginecoloacutegico ressaltam a amplitude do problema que
perpassa por diversas esferas assumindo aspecto multidimensional
Narchi Janicas e Fernandes (2007) ressaltam ainda que o modelo
contextual proposto por Pinho amp Franccedila-Junior analisa o acesso e a utilizaccedilatildeo dos
serviccedilos preventivos em trecircs planos individual organizacionalprogramaacutetico e social
dispostos em uma estrutura dinacircmica e relacional Esse modelo propotildee que a
realizaccedilatildeo da colpocitologia seja produto da interaccedilatildeo desses trecircs planos dos quais
emergem os elementos necessaacuterios para definir uma situaccedilatildeo de vulnerabilidade
individual programaacuteticaorganizacional e social do cacircncer ceacutervico-uterino Para as
autoras o plano individual representado por caracteriacutesticas relacionadas agrave
realizaccedilatildeo do exame definiraacute a vulnerabilidade individual da mulher a doenccedila A
vulnerabilidade eacute representada por um conjunto de fatores cognitivos relacionados a
real falta de conhecimento sobre a doenccedila e o exame o que contribui para a
reduccedilatildeo de praacuteticas sexuais seguras e de prevenccedilatildeo secundaacuteria Tal vulnerabilidade
individual pode ser criada e percebida pelas mulheres ou a elas imposta no
momento em que se enfatiza o risco da natildeo-realizaccedilatildeo da colpocitologia em vez da
ecircnfase ao benefiacutecio da accedilatildeo gerando ou reforccedilando sentimento de medo em
relaccedilatildeo ao cacircncer que pode provocar tanto um efeito propulsor que induz a mulher
para a realizaccedilatildeo do exame quanto um efeito mais restritivo ao exame pelo medo
de sentir dor ou de receber um resultado positivo concluem as autoras
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No plano organizacional ou programaacutetico inserem-se as caracteriacutesticas
relacionadas agrave disponibilidade de serviccedilos de sauacutede em relaccedilatildeo agrave demanda e a sua
acessibilidade geograacutefica a organizaccedilatildeo e as necessidades da populaccedilatildeo usuaacuteria e
ao planejamento das accedilotildees efetivas na prevenccedilatildeo e na promoccedilatildeo a sauacutede sob a
forma de programas organizados de rastreamento do cacircncer cervical que primem
pelo respeito agrave autonomia individual e pela abordagem integral mulher (NARCHI
JANICAS e FERNANDES 2007)
Ainda segundo os autores um dos fatores que contribuem para a baixa
adesatildeo das mulheres ao programa eacute a falta de humanizaccedilatildeo na assistecircncia pois a
violecircncia institucional sofrida pelas mulheres durante a consulta ginecoloacutegica pode
ser traduzida pela humilhaccedilatildeo por constrangimento e pela forma fria e
despersonalizada com que satildeo atendidas sem serem esclarecidas quanto ao
resultado do exame ou por realizarem tratamentos por vaacuterios anos sem sequer
terem noccedilatildeo dos seus objetivos Isso submete a mulher a uma assistecircncia
medicalizada e indigna na qual se perde a oportunidade de investir em prevenccedilatildeo
primaacuteria (NARCHI JANICAS E FERNANDES 2007)
De acordo com Dias-da-Costa et al (2003) quando se fala acerca da sauacutede
puacuteblica eacute sabido que a efetividade do programa de controle do cacircncer de colo do
uacutetero depende da cobertura populacional alcanccedilada Poreacutem no Brasil a avaliaccedilatildeo
da efetividade de programas de prevenccedilatildeo e accedilotildees de sauacutede puacuteblica ainda eacute
considerada incipiente
43 Contexto histoacuterico da citologia oncoacutetica
Montemor et al (2008 p 45) relatam que na eacutepoca em que a citologia
ginecoloacutegica estava em desenvolvimento agrave ideacuteia preponderante entre os
ginecologistas era que sendo o colo uterino facilmente acessiacutevel agrave bioacutepsia dava-se
preferecircncia ao estudo histoloacutegico pois a citologia ainda carecia de credibilidade
diagnoacutestica
Os autores afirmam que foi Aureli Babes um patologista romeno em 1928
que sugeriu que fosse feita a coleta direta de material do colo uterino para o
diagnoacutestico do cacircncer sendo que o mesmo foi o primeiro pesquisador que
descreveu de forma minuciosa a teacutecnica de coleta utilizando a coloraccedilatildeo atraveacutes do
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meacutetodo de Giemsa Entretanto ainda de acordo com os autores foi George
Nicholas Papanicolaou um grego nascido em 1883 em Kymi na ilha grega de
Euboea que se aprofundou nos estudos acerca da citologia ginecoloacutegica o qual em
1913 se fixou nos Eua como pesquisador do laboratoacuterio do Hospital de Nova Iorque
Segundo os autores Neste sentido os autores afirmam que
Papanicolaou quando estudava as alteraccedilotildees hormonais das ceacutelulas nas diferentes fases do ciclo menstrual observou que tambeacutem era possiacutevel o diagnoacutestico das ceacutelulas tumorais do colo uterino Em 1941 publicou no American Journal of Obstetrics and Gynecology em co-autoria com Traut um trabalho com o tiacutetulo de O valor diagnoacutestico dos esfregaccedilos vaginais no carcinoma do uacutetero Nessa publicaccedilatildeo mostra a possibilidade de fazer diagnoacutestico de carcinoma do colo uterino atraveacutes de ceacutelulas atiacutepicas presentes nos esfregaccedilos bem como enfatiza a necessidade de aplicar esse meacutetodo simples e de baixo custo a um grande nuacutemero de mulheres O meacutetodo de coloraccedilatildeo dos esfregaccedilos citoloacutegicos que leva o nome de ldquoColoraccedilatildeo de Papanicolaourdquo eacute ainda hoje largamente utilizado (MONTEMOR et al 2008 p 46)
Os autores relatam ainda que em meados de 1940 o J Ernest Ayre um
meacutedico canadense utilizou uma espaacutetula a qual leva o seu nome para obter
raspados do colo uterino possibilitando dessa forma uma maneira praacutetica e
eficiente de coleta de material para a realizaccedilatildeo de exames em grande escala
(MONTEMOR et al 2008) De acordo com Tavares et al (2007) o exame
citopatoloacutegico foi sugerido como uma ferramenta para a detecccedilatildeo precoce do cacircncer
do colo do uacutetero em 1941
Conforme Hackenhaar Ceacutesar e Domingues (2006) a prevenccedilatildeo considerada
como secundaacuteria do cacircncer do colo uterino tem se centralizado no rastreamento de
mulheres sexualmente ativas atraveacutes do exame citopatoloacutegico do colo uterino O
qual foi adotado para rastreamento na deacutecada de 50 em vaacuterios paiacuteses uma vez que
identifica lesotildees preacute-cancerosas que se tratadas minimizam a incidecircncia de
carcinoma invasor e com isso a mortalidade pelo cacircncer de colo uterino Segundo
os autores
Em 1998 o Ministeacuterio da Sauacutede do Brasil estabeleceu que o exame para a detecccedilatildeo precoce do cacircncer do colo uterino deveria ser realizado por mulheres com idade entre 25 e 60 anos ou antes desta faixa etaacuteria caso jaacute tivessem mantido relaccedilotildees sexuais Para estas mulheres a periodicidade deveria ser de trecircs em trecircs anos se os dois primeiros exames realizados a cada ano fossem normais Em 2002 ocorreu a fase de intensificaccedilatildeo da campanha que tinha por objetivo realizar exames nas mulheres de 35 a 49 anos que nunca haviam realizado este tipo de exame ou que o houvessem
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realizado haacute mais de trecircs anos (HACKENHAAR CEacuteSAR e DOMINGUES 2006 p 1)
44 Conceitos e caracteriacutesticas do exame de prevenccedilatildeo do cacircncer
Conforme Montemor et al (2008) o exame citopatoloacutegico tambeacutem conhecido
como exame Papanicolaou ou ainda exame preventivo do cacircncer do colo do uacutetero
tem como objetivo a anaacutelise das ceacutelulas obtidas por raspagem do colo uterino
(ectoceacutervice e canal endocervical) com as quais eacute realizado esfregaccedilo sobre uma
lacircmina de vidro De acordo com os autores as caracteriacutesticas morfoloacutegicas das
ceacutelulas satildeo observadas ao microscoacutepio e quando alteradas ou seja quando estatildeo
diferentes daquelas consideradas normais sugerem tratar-se de processo preacute-
neoplaacutesico ou neoplaacutesico Os autores afirmam ainda que atualmente o exame
citopatoloacutegico eacute o meacutetodo de rastreamento para cacircncer do colo uterino mais utilizado
em todo o mundo
De acordo com Tavares (2007) o exame citopatoloacutegico eacute considerado um
meacutetodo eficiente pois tem a habilidade de identificar lesotildees precursoras do cacircncer
do colo do uacutetero que naquele momento satildeo trataacuteveis podendo resultar em
significante decreacutescimo da mortalidade por esse tipo de cacircncer
45 O cacircncer do colo do uacutetero
Segundo Zeferino (2008) o cacircncer do colo uterino tem sido um desafio para a
sauacutede puacuteblica na reduccedilatildeo de morte de mulheres por causa desse mal uma vez que
se trata de uma doenccedila que pode ser evitada por meio do diagnoacutestico e do
tratamento de suas lesotildees precursoras Neste sentido Narchi Janicas e Fernandes
(2007) concordam com Zeferino (2008) quando afirmam que o cacircncer chamado por
eles de cacircncer ceacutervico-uterino vem sendo alvo de atenccedilatildeo por parte da comunidade
cientiacutefica devido ocupar lugar de destaque no que diz respeito agraves elevadas taxas de
morbidade e mortalidade entre a populaccedilatildeo feminina principalmente em paiacuteses em
desenvolvimento uma vez que trata-se de um tipo de cacircncer que estaacute relacionado
ao perfil epidemioloacutegico das mulheres cuja frequecircncia dos fatores de risco e do grau
de implementaccedilatildeo de accedilotildees de curto e longo prazos em todos os niacuteveis de atenccedilatildeo
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De acordo com Hackenhaar Ceacutesar e Domingues (2006 p1) ldquoo cacircncer do
colo uterino eacute um problema de sauacutede puacuteblica mundialrdquo Segundo os autores
Em 2000 havia uma estimativa de 468000 casos com 233000 mortes por este tipo de cacircncer em todo o mundo Destas mortes 80 ocorreriam nos paiacuteses em desenvolvimento No Brasil o cacircncer de colo uterino representa a segunda maior causa de morte por cacircncer entre as mulheres (HACKENHAAR CEacuteSAR e DOMINGUES 2006 p 1)
Por meio do controle perioacutedico utilizando-se o exame citoloacutegico eacute possiacutevel
reduzir sua incidecircncia pois dados da Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede (OMS)
afirmam que a cada ano surgem cerca de 500 mil novos casos de cacircncer do colo
uterino por ano no mundo todo sendo que mais de 400 mil ocorrem em paiacuteses em
desenvolvimento (ZEFERINO 2008) Este dado eacute confirmado por Ceacutesar et al
(2003) quando os autores afirmam que cerca de 80 dos casos de cacircncer de colo
uterino ocorrem nos paiacuteses pobres
Domingos et al (2007 p 1) explicam que ldquoo cacircncer de colo de uacutetero eacute uma
doenccedila de evoluccedilatildeo lenta levando em meacutedia 14 anos para sua evoluccedilatildeo total
Inicia-se com alteraccedilotildees miacutenimas nas ceacutelulas denominadas displasia e se natildeo
forem tratadas estas alteraccedilotildees evoluemrdquo De acordo com os autores
Com o desenvolvimento da doenccedila em meacutedia trecircs anos apoacutes a constataccedilatildeo das primeiras alteraccedilotildees celulares surge um tumor localizado chamado carcinoma in situ Este cacircncer desenvolve-se por mais seis anos invadindo a mucosa do uacutetero quando recebe o nome de carcinoma invasor Apoacutes 14 anos das primeiras alteraccedilotildees celulares o cacircncer atinge a forma mais grave com o aparecimento de metaacutestase espalhando-se assim por outras regiotildees do corpo (DOMINGOS et al 2007 p 1)
Conforme Rodrigues Neto Figueiredo e Siqueira (2008 p 1) o cacircncer tem
sido responsaacutevel por seis milhotildees de mortes por ano correspondendo a 12 das
mortes mundiais ldquoEstima-se a ocorrecircncia de mais de dez milhotildees de novos casos
de cacircncer por ano sendo que para o ano de 2020 espera-se que haja mais de 15
milhotildees de casos novosrdquo Para os autores
O cacircncer do colo do uacutetero (CCU) ocupa o 2ordm lugar na incidecircncia mundial de neoplasias estando atraacutes apenas do cacircncer de mama Por ano no mundo ocorrem cerca de 235 mil mortes devido ao CCU sendo 218 mil em paiacuteses considerados pobres ou emergentes(4) onde ocorre quase 60 dos casos novos de cacircncer ocupando um lugar de destaque nas taxas de morbimortalidade entre a populaccedilatildeo feminina Ressalta-se que na Ameacuterica Latina se encontram as mais altas taxas de incidecircncia desta doenccedila
27
representando uma das causas de oacutebito mais frequumlente entre as mulheres [] Natildeo considerando os carcinomas de pele natildeo melanoma o CCU eacute o mais incidente na Regiatildeo Norte (22100000) Jaacute nas regiotildees Sul (24100000) Centro-Oeste (19100000) e Nordeste (18100000) ocupa a segunda posiccedilatildeo e no Sudeste (18100000) a quarta posiccedilatildeo estando assim associado a regiotildees brasileiras de baixo niacutevel socioeconocircmico (RODRIGUES NETO FIGUEIREDO e SIQUEIRA 2008 p 1)
Dentre os fatores causadores e facilitadores desse tipo de cacircncer Ceacutesar et al
(2003) citam fatores reprodutivos maternos tais como iniacutecio precoce de atividade
sexual e comportamento sexual masculino baixo niacutevel socioeconocircmico muacuteltiplos
parceiros sexuais higiene sexual precaacuteria ocorrecircncia de abortos (particularmente os
induzidos) alcoolismo e tabagismo e uso de anticoncepcional oral Domingos et al
(2007 p 1) afirmam que ldquoo cacircncer do colo do uacutetero eacute um dos maiores problemas da
sauacutede da mulher em todo o mundo Estima-se que a cada ano ocorram no mundo
493000 novos casos da doenccedila e 274000 mortesrdquo
ldquoSegundo dados do Ministeacuterio da Sauacutede (MS) no ano de 2002 4091
mulheres morreram no Brasil vitimadas por este tipo de cacircncer Destas 297
ocorreram no Estado do Paranaacute na faixa etaacuteria de 30 a 49 anosrdquo (DOMINGOS et al
2007 p 1)
Zeferino (2008) relata que no Brasil o cacircncer do colo uterino eacute o terceiro mais
frequumlente o qual eacute superado apenas pelos cacircnceres de pele e de mama Trata-se
da quarta causa de oacutebito entre as mulheres superado apenas pelos cacircnceres de
mama do pulmatildeo e do coacutelon-reto No ano de 2003 foram registradas 4110 mortes
com cacircncer de colo uterino correspondendo a 7 do total dos oacutebitos devido a
cacircncer em mulheres De acordo com o autor
Cerca de 90 dos cacircnceres de colo uterino originaram-se de ceacutelulas escamosas sendo chamados de carcinomas escamosos ou carcinomas epidermoacuteides e outros 10 originaram-se de ceacutelulas glandulares sendo entatildeo chamados de adenocarcinomas Raramente podem aparecer os dois tipos de ceacutelulas e satildeo chamados carcinomas adenoescamosos Todavia tem sido observado que a proporccedilatildeo de adenocarcinoma do colo uterino tem aumentado nas uacuteltimas deacutecadas particularmente em mulheres jovens (BULK et al 2005 apud ZEFERINO 2008 p 68)
Segundo dados do INCA (2002 apud Ceacutesar et al 2003 p 1366) ldquono Brasil
o cacircncer de colo uterino eacute o segundo entre os tumores ginecoloacutegicos malignos e o
terceiro mais comum na populaccedilatildeo feminina Representa 10 de todos os cacircnceres
malignos em mulheresrdquo
28
De acordo com Albuquerque et al (2009) ldquoa infecccedilatildeo preacutevia pelo papiloma
viacuterus humano (HPV) tem sido apontada como o principal fator de risco para o cacircncer
de colo de uacuteterordquo Fatores como iniacutecio precoce da atividade sexual multiplicidade de
parceiros sexuais uso de contraceptivos orais tabagismo situaccedilatildeo conjugal e baixa
condiccedilatildeo soacutecio-econocircmica tecircm sido apontados como fatores de risco importantes
para o desenvolvimento dessa neoplasia
Narchi Janicas e Fernandes (2007) relatam que o cacircncer ceacutervico-uterino tem
sua origem a partir de uma lesatildeo intra-epitelial progressiva a qual pode evoluir para
um cacircncer invasivo dentro de um prazo em torno de 10 a 20 anos caso natildeo seja
oferecido tratamento
Conforme as autoras durante o periacuteodo de evoluccedilatildeo da doenccedila ela passa por
fases preacute-cliacutenicas detectaacuteveis e curaacuteveis lhe conferindo elevado potencial de
prevenccedilatildeo e cura Corresponde a cerca de 15 de todos os cacircnceres femininos
sendo o segundo tipo mais comum entre as mulheres Ainda na visatildeo das autoras a
mortalidade pelo cacircncer ceacutervico-uterino pode ser evitada devido agrave lenta evoluccedilatildeo da
doenccedila e devido aos recursos tecnoloacutegicos o diagnoacutestico e o tratamento oportunos
das lesotildees precursoras as quais satildeo curaacuteveis em ateacute 100 dos casos Entretanto
conforme as autoras mesmo o Brasil ter sido um dos primeiros paiacuteses a realizar os
exames de colpocitologia e colposcopia esse tipo de cacircncer ainda continua sendo
um seacuterio problema de sauacutede puacuteblica por manter uma das mais elevadas taxas de
oacutebito como pode ser verificado a seguir
No Brasil as accedilotildees de controle do cacircncer ginecoloacutegico iniciaram-se de forma programaacutetica em 1983 eacutepoca de implantaccedilatildeo do Programa de Assistecircncia Integral agrave Sauacutede da Mulher (PAISM) que representou uma ampliaccedilatildeo do foco de assistecircncia agrave mulher para aleacutem do ciclo graviacutedico-puerperal No entanto apesar das recomendaccedilotildees de implantaccedilatildeo ou ampliaccedilatildeo das atividades de diagnoacutestico do cacircncer ceacutervico-uterino e de educativas com vistas agrave prevenccedilatildeo da doenccedila por mais de uma deacutecada as accedilotildees de combate a essa doenccedila foram desenvolvidas no paiacutes de forma desarticulada por iniciativa de apenas alguns Estados e municiacutepios (NARCHI JANICAS e FERNANDES 2007 p 128)
Os autores pesquisados nesta revisatildeo narrativa serviram de subsiacutedios para a
elaboraccedilatildeo do plano de accedilatildeo apresentado no proacuteximo capiacutetulo cujo objetivo eacute
aumentar a cobertura do exame de prevenccedilatildeo do cacircncer do colo do uacutetero no Centro
de Sauacutede Felicidade II
29
5 PLANO DE ACcedilAtildeO PARA A AMPLIACcedilAtildeO DA COBERTURA DO EXAME COLPOCITOLOacuteGICO NO CENTRO DE SAUacuteDE FELICIDADE II
De acordo com a atividade realizada no Moacutedulo da Sauacutede da Mulher foram
constatados alguns problemas em relaccedilatildeo agrave cobertura do exame colpocitoloacutegico no
Centro de Sauacutede Felicidade II o qual apresentou em 2009 baixa cobertura A partir
daiacute foram detectados outros fatores que contribuem para o baixo iacutendice de
cobertura aqueacutem do que eacute preconizado pela Secretaacuteria Municipal de Sauacutede Neste
sentido o plano de accedilatildeo descrito no Quadro 1 vem propor estrateacutegias visando
ampliar da cobertura do exame colpocitoloacutegico e minimizar os problemas levantados
Acredita-se que por meio da implantaccedilatildeo do plano de accedilatildeo sugerido o
Centro de Sauacutede Felicidade II teraacute maior e melhor desempenho de sua equipe
alcanccedilando com isso o aprimoramento no atendimento da populaccedilatildeo alvo da
instituiccedilatildeo
30
QUADRO1 - PLANO DE ACcedilAtildeO PARA AUMENTAR A COBERTURA DO EXAME DE PREVEN9AO DO COLO DO UTERO PARA A EQUIPE DE SAUDE DO CENTRO DE SAUDE FELICIDADE II
PROBLEMA ATIVIDADES ACcedilOtildeES META RESPONSAVEL PERIODO
As ACS sentem inseguros para orientar agraves mulheres em relaccedilatildeo aos cuidados para realizar o exame preventivo por falta de conhecimento
Educaccedilatildeo em Sauacutede
Capacitaccedilatildeo da equipe sobre a importacircncia do exame colpocitoloacutegico
Nivelar o conhecimento dos membros da equipe
Municiacutepio Gerecircncia Regional de Sauacutede
Outubro2011
Enfermeiro natildeo se sente capacitado para a realizaccedilatildeo do exame de Papanicolaou
Capacitaccedilatildeo Teacutecnica do enfermeiro para a realizaccedilatildeo do exame de Papanicolaou
Solicitar agrave Ginecologista enfermeira treinamentocapacitaccedilatildeo do enfermeiro
Instrumentalizar o enfermeiro para a realizaccedilatildeo coleta de material
Enfermeira de outra Unidade Baacutesica de Sauacutede Meacutedico Ginecologista
Outubro2011
Baixo iacutendice de cobertura do exame citoloacutegico
Elaboraccedilatildeo de um instrumento para coleta de dados para identificar as mulheres de 25 a 59 anos na aacuterea de abrangecircncia do centro de sauacutede e tambeacutem para levantar quais os fatores que impeditivos para a realizaccedilatildeo do exame Incluir as mulheres identificadas no arquivo rotativo
Visita domiciliar
Visitar todas as mulheres dentro da aacuterea de abrangecircncia da UBS
ACS Novembro2011 Dezembro2011
Baixo iacutendice de cobertura do exame citoloacutegico
Agendamento da consulta de enfermagem consulta meacutedica para atender as prioridades levantadas no diagnoacutestico da atividade anterior para realizaccedilatildeo do exame Priorizar mulheres que nunca fizeram o exame ou que fizeram a mais de trecircs anos
Visita domiciliar Consulta de Enfermagem e consulta meacutedica
Orientar as mulheres sobre o exame preventivo Realizar o exame
ACS Meacutedico e enfermeira
Janeiro2012
31
O agendamento das consultas e marcado para datas muito distantes o que geralmente faz com que a mulher esqueccedila
Comunicaccedilatildeo da data do exame com antecedecircncia
Elaborar uma forma de entrar em contato com a paciente cinco dias antes da consulta agendada
Diminuir o iacutendice de ausecircncia agraves consultas
ACS Novembro2011
Desconhecimento das mulheres sobre o exame preventivo e os cuidados preparativos para o exame
Orientaccedilatildeo das mulheres sobre o exame e os cuidados preparativos para o exame
Criar um informativo contendo as orientaccedilotildees sobre o exame e os cuidados para serem entregue as usuaacuterias no momento da visita do ACS para informaacute-las da data e horaacuterio da consulta
Orientar todas usuaacuterias
Enfermeiro ACS
Janeiro2011
Entrega de resultados dos preventivos sem alteraccediloespelos ACSrsquos
Entrega do resultado do exame
Agendar um dia na semana para a entrega dos resultados dos exames Todos os exames deveratildeo ser vistos pelo enfermeiro Aqueles que apresentarem alguma alteraccedilatildeo a paciente deve ser encaminhada ao meacutedico Teacutecnico de Enfermagem Enfermeiro
Orientar as usuaacuterias
Os exames com resultados normais seratildeo entregues pelo teacutecnico de enfermagem Aqueles que apresentarem alguma alteraccedilatildeo seratildeo entregues pelo enfermeiro que deveraacute fazer os devidos encaminhamentos quando necessaacuterios
Dezembro2011
Entrega dos resultados de exames com alteraccedilotildees apoacutes consultas de retorno agendadas para usuaacuterias
Orientaccedilatildeo encaminhamento e acompanhamento da usuaacuteria
Visita domicilar Consulta de enfermagemconsulta meacutedica
Avaliar o estado de sauacutede da mulher Acompanhamento e orientaccedilotildees
Meacutedico e enfermeira Janeiro2012
Monitoramento e acompanhamento
- Agendamentos anuais - Elaboraccedilatildeo um arquivo rotativo - Estabelecimento de Indicadores de acompanhamento e
- Controlar a marcaccedilatildeo de consulta no intervalo de trecircs anos se apoacutes dois anos consecutivos de coleta os resultados forem negativos para
Monitorar o exame preventivo Acompanhar o estado de sauacutede das mulheres pela
Enfermeira e Teacutecnico de enfermagem
Novembro2011
32
avaliaccedilatildeo das accedilotildees votadas agrave sauacutede da mulher pela equipe de sauacutede
displasia ou neoplasia - Fazer a busca das usuaacuterias faltosas aos exames e consultas
equipe
Falta de interesse e conscientizaccedilatildeo em relaccedilatildeo agrave importacircncia do exame preventivo
Atendimento de Grupos Retomar o grupo de mulheres onde seratildeo abordados temas relativos agrave sauacutede da mulher Realizar orientaccedilotildees por meio de palestras nos grupos operativos
Conscientizar as mulheres sobre a importacircncia da realizaccedilatildeo do exame
Equipe de Sauacutede Fevereiro2012
Consulta eacute marcada com um meacutedico do sexo masculino
Agendamento com o enfermeiro quando possiacutevel
Reforccedilar com a paciente que durante a consulta estaraacute presente uma Auxiliar de Enfermagem
Diminuir a evasatildeo do exame prevenccedilatildeo Diminuir a resistecircncia ao atendimento masculino
Disponibilizar uma auxiliar ou teacutecnica de enfemagem para acompanhar o meacutedico durante o exame
Dezembro2011
Falta disponibilidade de horaacuterios mais flexiacuteveis pois haacute concentraccedilatildeo de horaacuterio pela manhatilde
Adequaccedilatildeo da Agenda Alteraccedilotildees na agenda com horaacuterios para adequar agraves necessidades dos usuaacuterios
Marcar os exames preventivos para o horaacuterio da tarde
Enfermeira e meacutedico Janeiro2012
33
6 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
A poliacutetica da sauacutede tem como principal objetivo promover mudanccedilas no intuito
de melhorar o niacutevel da sauacutede da populaccedilatildeo Diante dos resultados apurados nesse
estudo percebe-se a necessidade das intervenccedilotildees a serem efetuadas no Centro de
Sauacutede Felicidade II visando melhorar o iacutendice de cobertura dos exames
preventivos
Assim a realidade percebida no Centro de Sauacutede Felicidade II eacute que o
desempenho da equipe exerce grande impacto no desenvolvimento das accedilotildees
alcanccedilando dessa forma o objetivo de contribuir com o aprimoramento e a
consolidaccedilatildeo da assistecircncia agrave sauacutede da populaccedilatildeo
Como problemas levantados em relaccedilatildeo a baixa cobertura da prevenccedilatildeo do
cacircncer do colo do uacutetero identificamos as seguintes o ACS sentir inseguro para
orientar agraves mulheres em relaccedilatildeo aos cuidados para realizar o exame preventivo a
falta de capacitaccedilatildeo teacutecnica para o enfermeiro realizar o exame de Papanicolaou
consultas agendadas para datas muito distantes fazendo com que a mulher se
esqueccedila do diadesconhecimento das mulheres sobre o exame preventivo e os
cuidados preparativos para o mesmo falta de interesse e conscientizaccedilatildeo em
relaccedilatildeo agrave importacircncia do exame preventivo por parte das usuaacuteriaspudor da mulher
diante do profissional de sexo masculino e falta de disponibilidade de horaacuterios mais
flexiacuteveis com concentraccedilatildeo das consultas no horaacuterio da manhatilde
A partir dos problemas levantados foram propostas as atividades accedilotildees
metas e os responsaacuteveis pelas atividades no sentido de ampliar a cobertura das
mulheres por meio da participaccedilatildeo de toda a equipe de sauacutede Desse modo foi
muito importante tambeacutem a elaboraccedilatildeo das estrateacutegias para que o nuacutemero de
usuaacuterias seja aumentado Neste sentido destaca-se o papel do enfermeiro como
parte integrante da equipe de sauacutede e que desempenha um importante papel na
promoccedilatildeo da prevenccedilatildeo educaccedilatildeo e melhorias constantes nos serviccedilos oferecidos
agrave populaccedilatildeo
Nesta direccedilatildeo o Centro de Sauacutede Felicidade II deve se preocupar com a
capacitaccedilatildeo de seus funcionaacuterios com a organizaccedilatildeo do processo de trabalho das
equipes bem com um investimento maior nas accedilotildees de promoccedilatildeo e prevenccedilatildeo da
saude conforme abordado neste estudo
34
Desse modo cabe a todos os profissionais atuar mais na prevenccedilatildeo
promoccedilatildeo e recuperaccedilatildeo por meio de praacuteticas educativas promovendo campanhas
palestras sobre a sauacutede da mulher fornecendo orientaccedilotildees durante as consultas
para que se possa reverter o quadro de baixo iacutendice de cobertura no exame
preventivo de cacircncer do colo do uacutetero alcance assim a cobertura preconizada pela
Secretaacuteria de Sauacutede o que vai refletir na melhoria da assistecircncia a sauacutede agrave mulher
35
REFEREcircNCIAS ALBUQUERQUE KM et al Cobertura do Teste de Papanicolau e Fatores associados agrave Natildeo-Realizaccedilatildeo um olhar sobre o Programa de Prevenccedilatildeo do Cacircncer do Colo do Uacutetero em Pernambuco Brasil Caderno de Sauacutede Puacuteblica v 25 supl 2 Rio de Janeiro 2009 Disponiacutevel em lthttpwwwscielosporgscielophpscript=sci_arttextamppid=S0102-311X2009001400012gt Acesso em 6 nov 2010 BELO HORIZONTE Secretaria Municipal de Sauacutede Prevenccedilatildeo e Controle do Cacircncer do Colo de Uacutetero Belo Horizonte 2008 BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede O Programa Sauacutede da Famiacutelia e a Atenccedilatildeo Baacutesica no Brasil Brasiacutelia 2002 Disponiacutevel em lthttpwwwccssaudegovbrsaudebatea portamostravirtualpublicacoespsf_atencaobasicapdfgt Acesso em 01 abr 2010 CEacuteSAR JA et al Fatores Associados agrave natildeo Realizaccedilatildeo de Exame Citopatoloacutegico de Colo Uterino no Extremo Sul do Brasil Caderno de Sauacutede Puacuteblica Rio de Janeiro v19n5 p1365-1372 setout 2003 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrpdf0Dcspv19n517808pdfgt Acesso em 16 jul 2010 CORREcircA DA D VILLELA WV O Controle do Cacircncer do Colo do Uacutetero desafios para implementaccedilatildeo de accedilotildees programaacuteticas no Amazonas Brasil Rev bras sauacutede matern infantil v8 n4p491-497 outdez 2008 DIAS-DA-COSTA J S et al Cobertura do Exame Citopatoloacutegico na Cidade de Pelotas Rio Grande do Sul Brasil Caderno de Sauacutede Puacuteblica Rio de Janeiro v19 n1 p191-197 janfev 2003 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrpdfcspv19n114919pdfgt Acesso em 16 jul 2010 DOMINGOS ACP et al Cacircncer do Colo do Uacutetero comportamento preventivo de auto-cuidado agrave sauacutede Revista Ciecircncia Cuidado e Sauacutede 6 (Suplem 2) p 397-403 2007 Disponiacutevel em lthttpperiodicosuembrojsindexphpCiencCuidSaudearticleviewFile53373385gt Acesso em 5 nov 2010 HACKENHAAR AAC JURACI A DOMINGUES MR Exame Citopatoloacutegico de Colo Uterino em Mulheres com Idade entre 20 e 59 anos em Pelotas RS prevalecircncia foco e fatores associados agrave sua natildeo realizaccedilatildeo Revista Brasileira de EpidemiologiaSatildeo Paulo v9n1 Mar 2006 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S1415-790X2006000100013gt Acesso em 16 jul 2010 MONTEMOR EBL et al Controle do Cacircncer de Colo de Uacutetero o exame citopatoloacutegico In LOPES MHBde M (org) Enfermagem na Sauacutede da Mulher Goiacircnia AB 2006 p 45-65 NAKAGAWA JTT SCHIRMER J BARBIERI M Viacuterua HPV e Cacircncer de Colo de Uacutetero Revista Brasileira de Enfermagem v 63 n 2 Brasiacutelia marabri 2010
36
Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S0034-71672010000200021gt Acesso em 6 nov 2010 NARCHI NZ JANICAS Rde CS V FERNANDES RAacuteQ Prevenccedilatildeo e Controle do Cacircncer Ceacutervico-Uterino In FERNANDES RAacuteQ NARCHI NZ Enfermagem e Sauacutede da Mulher Barueri SP Manole 2007 p 127-149 NUacuteCLEO DE EDUCACcedilAtildeO EM SAUacuteDE COLETIVA ndash NESCON Faculdade de Medicina ndash UFMG Belo Horizonte Disponiacutevel em lthttpwwwnesconmedicinaufmgbrgt Acesso em 12 dez 2009 PINTO CAG COELHO IB BH Vida pensando a implantaccedilatildeo da Estrateacutegia de Sauacutede da Famiacutelia na cidade de Belo Horizonte passados 10 anos lthttpxayimgcomkqgroups15983109953140003nameImplantacao+do+BH+VIDA+-+Carlos+Gama+e+Ivan+Coelho5B15Dpdf gt Acesso em 01 mar 2011 RODRIGUES NETO JF FIGUEIREDO MFS SIQUEIRA LG Exame Citopatoloacutegico do Colo do Uacutetero fatores associados a natildeo realizaccedilatildeo em ESF Revista Eletrocircnica de Enfermagem 10 (3) 610-21 2008 Disponiacutevel em lthttpwwwfenufgbrrevistav10n3pdfv10n3a07pdfgt Acesso em 17 jul 2010 TAVARES SB do N et al Controle da Qualidade em Citopatologia Cervical revisatildeo de literatura Revista Brasileira de Cancerologia 53(3) 355-364 2007 Disponiacutevel em lthttpwwwincagovbrrbcn_53v03pdfrevisao6pdfgt Acesso em 17 jul 2010 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA Regulamento de Orientaccedilatildeo Do Trabalho De Conclusatildeo De Curso Do Curso De Licenciatura Em Letras ndashPORTUGUEcircS-ESPANHOL Disponiacutevel em lt httpwwwuepgbruepg_departamentosdeletpdfREG20PORT20ESPANHOLpdf gt Acesso em 23 set 2011 ZEFERINO L Prevenccedilatildeo e Controle do Cacircncer Ceacutervico-Uterino In LOPES MHB de M (org) Enfermagem na Sauacutede da Mulher Goiacircnia AB p 67-80 2006
RESUMO
O objetivo principal deste estudo foi elaborar um plano de accedilatildeo para ampliar a cobertura do exame colpocitoloacutegico no Centro de Sauacutede Felicidade II da Secretaria Municipal de Sauacutede de Belo Horizonte MG promovendo assim a melhoria das condiccedilotildees de vida e sauacutede das mulheres A metodologia utilizada se baseou na revisatildeo de literatura do tipo narrativa Ao final do estudo foi apresentado um plano de accedilatildeo pois diante dos resultados apurados percebeu-se a necessidade das intervenccedilotildees a serem efetuadas no Centro de Sauacutede Felicidade II visando melhorar o iacutendice de cobertura dos exames preventivos Sabe-se que a poliacutetica da sauacutede tem como principal objetivo promover mudanccedilas no intuito de melhorar o niacutevel da sauacutede da populaccedilatildeo A realidade percebida no Centro de Sauacutede Felicidade II eacute que o desempenho da equipe exerce grande impacto no desenvolvimento das accedilotildees alcanccedilando dessa forma o objetivo de contribuir com o aprimoramento e a consolidaccedilatildeo da assistecircncia agrave sauacutede da populaccedilatildeo em especial a cobertura da populaccedilatildeo feminina na prevenccedilatildeo do cacircncer cervico-uterino
Palavras-chave Sauacutede Prevenccedilatildeo Cacircncer do Colo do Uacutetero
ABSTRACT
The main purpose of this study was to elaborate an action plan to expand the coverage of colpocytological examination at the Center for Health Felicidade II of Municipal Secretary of Health of Belo Horizonte MG thus promoting the improvement of living conditions and health of women The methodology used was based on a review of the literature about the narrative At the end of the study was presented an action plan because of the key results before it was noticed the need for interventions to be made at the Center for Health Felicidade II to improve the coverage of preventive exams It is known that health policy has as main objective to promote changes in order to improve the level of population health The perceived reality at the Center for Health Felicidade II is that the teams performance has great impact on the development of actions achieving in this way the objective of contributing to the improvement and consolidation of health care to the population in particular the coverage of the female population in prevention of uterine cervical cancer Keywords Health Prevention Cervical Cancer
LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS
ACS Agente Comunitaacuterio de Sauacutede
Aids Acquired Immunodeficiency Syndrome
CCU Cacircncer do Colo do Uacutetero
DST Doenccedila Sexualmente Transmissiacutevel
HPV Human Papiloma Viacuterus
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica
INCA Instituto Nacional de Cacircncer
Km Quilometro
NESCON Nuacutecleo de Educaccedilatildeo em Sauacutede Coletiva
OMS Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede
p paacutegina
PAISM Programa de Assistecircncia Integral agrave Sauacutede da Mulher
PSF Programa de Sauacutede da Famiacutelia
SUS Sistema Uacutenico de Sauacutede
TCC Trabalho de Conclusatildeo de Curso
UBS Unidade Baacutesica de Sauacutede UPA Unidade de Pronto Atendimento
USF Unidade de Sauacutede da Famiacutelia
SUMAacuteRIO
1 INTRODUCcedilAtildeO 10 2 OBJETIVOS 15 21 Objetivo geral 15 22 Objetivos especiacuteficos 15 3 METODOLOGIA 16 4 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO 17 41 A promoccedilatildeo da sauacutede das mulheres 17 42 A prevenccedilatildeo do cacircncer do colo do uacutetero 17 43 Contexto histoacuterico da citologia oncoacutetica 23 44 Conceitos e caracteriacutesticas do exame de prevenccedilatildeo do cacircncer 25 45 O cacircncer do colo do uacutetero 25 5 PLANO DE ACcedilAtildeO PARA A AMPLIACcedilAtildeO DA COBERTURA DO EXAME COLPOCITOLOacuteGICO NO CENTRO DE SAUacuteDE FELICIDADE II 30 6 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS 34 REFEREcircNCIAS 35
10
1 INTRODUCcedilAtildeO
O Curso de Especializaccedilatildeo em Atenccedilatildeo Baacutesica em Sauacutede da Famiacutelia eacute
oferecido pelo Nescon aos profissionais de sauacutede das prefeituras municipais do
estado de Minas Gerais na perspectiva de que cumpra seu importante papel na
consolidaccedilatildeo da estrateacutegia e no desenvolvimento de um Sistema Uacutenico de Sauacutede
universal e com maior grau de equumlidade (NESCON 2009)
O Nescon oacutergatildeo complementar da Faculdade de Medicina da Universidade
Federal de Minas Gerais vem se caracterizando como uma das instacircncias de
cooperaccedilatildeo mais atuantes na organizaccedilatildeo de serviccedilos de sauacutede no Brasil Desde
sua criaccedilatildeo em 1983 e reativaccedilatildeo em 1986 o Nescon tem acumulado experiecircncias
que o capacitaram institucionalmente para atividades de pesquisa assessoria e
formaccedilatildeo de recursos humanos (NESCON 2009)
No art 3 do Capiacutetulo I - Da Conceituaccedilatildeo e Objetivos do Regulamento de
Orientaccedilatildeo do Trabalho de Conclusatildeo de Curso do Curso de Licenciatura em Letras
ndash Portuguecircs-Espanhol da Universidade Estadual de Ponta (2010) define que ldquoO
Trabalho de Conclusatildeo de Curso (TCC) constitui uma atividade acadecircmica de
pesquisa e sistematizaccedilatildeo do conhecimento sobre um objeto de estudo pertinente agrave
profissatildeo do licenciado e agrave realidade social em suas diferentes expressotildeesrdquo Ele eacute
desenvolvido mediante controle orientaccedilatildeo e avaliaccedilatildeo docente cuja exigecircncia eacute
um requisito essencial para o crescimento pessoal e profissional do aluno uma vez
que possibilita integrar os conhecimentos acumulados durante o curso
(UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA - 2010)
Neste sentido a motivaccedilatildeo para desenvolver este estudo surgiu da
necessidade de ampliar a cobertura de exame colpocitoloacutegico agraves mulheres
pertencentes agrave aacuterea de abrangecircncia do Centro de Sauacutede Felicidade II A
identificaccedilatildeo do baixo acesso das mulheres a esta modalidade de exame foi
percebida graccedilas agrave realizaccedilatildeo da atividade de coleta de dados realizada por ocasiatildeo
do desenvolvimento do Moacutedulo Sauacutede da Mulher do Curso de Especializaccedilatildeo em
Atenccedilatildeo Baacutesica em Sauacutede da Famiacutelia Esta atividade consistia no levantamento da
cobertura do exame citoloacutegico aplicado agraves mulheres em idade feacutertil da aacuterea de
abrangecircncia do Centro de Sauacutede em que atuo como enfermeira A anaacutelise dos
dados apontou que o nuacutemero de exames realizados no referido Centro de Sauacutede
11
natildeo atingia a cobertura preconizada pela Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede (OMS) que
eacute de 85 das mulheres adscritas na aacuterea de abrangecircncia da equipe
Apoacutes a coleta e anaacutelise dos dados para a apresentaccedilatildeo da atividade referente
ao Moacutedulo Sauacutede da Mulher deparei-me coma seguinte situaccedilatildeo no ano de 2008
foram realizados 507 exames preventivos do cacircncer de colo do uacutetero o que
correspondia a 1878 de cobertura e no periacuteodo de setembro2009 a setembro de
2010 foram realizados 583 exames preventivos correspondendo a 2159 de
cobertura Considerou-se como fonte de registro do exame citoloacutegico o livro do
consultoacuterio ginecoloacutegico no periacuteodo total de um ano
A anaacutelise da cobertura foi feita com base no total de mulheres entre 19 e 59
anos (aproximadamente 2700 mulheres) de um total aproximado de 9000
moradores O valor da cobertura populacional encontrado estaacute muito abaixo do
preconizado pela OMS para se atingir a meta de prevenccedilatildeo de morbimortalidade
por cacircncer do colo do uacutetero (BELO HORIZONTE 2008)
Contribuiacuteram tambeacutem para a escolha do tema deste trabalho a necessidade
de estudar e analisar as causas da deficiecircncia na cobertura e principalmente propor
accedilotildees com o intuito de atingir o objetivo preconizado pela OMS e referecircncia para a
Secretaria Municipal de Sauacutede de Belo Horizonte Outro fato que contribuiu tambeacutem
foi a anaacutelise da atenccedilatildeo primaacuteria agrave sauacutede realizada por ocasiatildeo das Oficinas de
Qualificaccedilatildeo da Atenccedilatildeo Primaacuteria agrave Sauacutede em Belo Horizonte (Plano Diretor da
Atenccedilatildeo Primaacuteria agrave SauacutedeSESMG) ministradas no Centro de Sauacutede
O Centro de Sauacutede surgiu em 26 de novembro de 2001 como um anexo do
Centro de Sauacutede Felicidade I em funccedilatildeo do aumento do nuacutemero de equipes de
sauacutede e o local natildeo comportou esse aumento Hoje em dia os dois Centros de
Sauacutede funcionam em unidades separadas onde cada uma possui uma estrutura
proacutepria e tem aacutereas de abrangecircncia diferentes o que divide as duas Unidades eacute o
coacuterrego Tamboril A aacuterea de abrangecircncia do Centro de Sauacutede Felicidade II tem uma
populaccedilatildeo de aproximadamente 9000 pessoas que se encontram em alta
vulnerabilidade social e assim como toda regiatildeo Norte estaacute classificada em risco
elevado e muito elevado O atendimento da populaccedilatildeo no Programa de Sauacutede da
Famiacutelia eacute coberto por trecircs equipes completas e constituiacutedas por meacutedico enfermeiro
dois auxiliares e quatro ACS (Agente Comunitaacuterio de Sauacutede)
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O Centro de Sauacutede possui uma populaccedilatildeo de aproximadamente 9000
pessoas em sua aacuterea de abrangecircncia das quais 2700 satildeo mulheres com idade
entre 19 e 59 anos Estaacute localizado atualmente na Rua Pau Brasil 160 no bairro
Jardim Felicidade Distrito Sanitaacuterio Norte e funciona neste endereccedilo desde
novembro de 2006
O Distrito Sanitaacuterio Norte ocupa uma aacuterea de 3432 kmsup2 limitando-se com o
Municiacutepio de Santa Luzia e com os Distritos Sanitaacuterios de Venda Nova Pampulha e
Nordeste sendo sua sede localizada na Avenida Cristiano Machado 10657 Bairro
Planalto Abrange 47 bairros da regiatildeo Metropolitana de Belo Horizonte
Segundo o Censo do IBGE (2000) o Distrito Sanitaacuterio Norte possui uma
populaccedilatildeo de 193764 habitantes compondo um quadro de grandes contrastes
Possui de um lado bairros com razoaacutevel infra-estrutura urbana e poder aquisitivo da
populaccedilatildeo como por exemplo Campo Alegre Helioacutepolis Planalto Floramar e de
outro bairros vilas e assentamentos que oferecem condiccedilotildees inadequadas de
habitaccedilatildeo como Mariquinhas Zilah de Souza Spoacutesito Novo Aaratildeo Reis e o
Conjunto Jardim Felicidade que contam com uma infra-estrutura urbaniacutestica
precaacuteria
Os serviccedilos de atenccedilatildeo baacutesica agrave sauacutede do Distrito Norte satildeo realizados em
suas 19 unidades de sauacutede com funcionamento de 2ordf a 6ordf feira de 0700 agraves 1900
horas no geral sendo o atendimento de urgecircncia realizado na UPA Norte (Unidade
de Pronto Atendimento Norte) com funcionamento diaacuterio de 24 horas Contam ainda
com atendimento de sauacutede mental em 06 unidades
No Brasil o Programa de Sauacutede da Famiacutelia (PSF) iniciou-se em 1994 como
resultado do avanccedilo do Sistema Uacutenico de Sauacutede Este programa aumentou
significativamente ao longo da uacuteltima deacutecada oferecendo um novo modelo de
cuidado agrave sauacutede capaz de melhorar a qualidade de vida da populaccedilatildeo por meio de
novas poliacuteticas e organizaccedilatildeo dos serviccedilos O PSF representa uma maneira de levar
a sauacutede para mais perto das famiacutelias De acordo com o Ministeacuterio da Sauacutede
O programa de Sauacutede da Famiacutelia eacute uma proposta concreta na mudanccedila do modelo assistencial tradicional capaz de romper com o comportamento passivo das unidades baacutesicas de sauacutede O programa prioriza as accedilotildees de prevenccedilatildeo de doenccedilas e a promoccedilatildeo da sauacutede junto agrave comunidade estabelece uma relaccedilatildeo permanente entre os profissionais de sauacutede e a populaccedilatildeo assistida marcada por um atendimento humanizado e resolutivo dos problemas de sauacutede mais frequumlentes (BRASIL 2002 p 5)
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Segundo Pinto e Coelho (2011) a Secretaria Municipal de Sauacutede de Belo
Horizonte aderiu ao Programa Sauacutede da Famiacutelia em maio de 2000 O projeto foi
implantado dando prioridade agraves aacutereas onde a populaccedilatildeo estava exposta e a
implantaccedilatildeo comeccedilou pelos Centros de Sauacutede com populaccedilatildeo de muito elevado
risco e foi se estendendo gradativamente para as populaccedilotildees de elevado risco e
meacutedio risco De laacute ateacute os dias atuais ficou evidente a importacircncia da mobilizaccedilatildeo
social para manutenccedilatildeo das equipes e com isso o projeto jaacute natildeo pertencia mais ao
governo pois foi incorporado pela cidade de Belo Horizonte como direito
De acordo com os autores passados mais de 10 anos o programa continua e
o nuacutemero de equipes de sauacutede da famiacutelia alcanccedilou as 506 equipes planejadas em
2001 mas isso natildeo se deveu agrave cobertura da populaccedilatildeo de baixo risco e sim ao
crescimento populacional
Os agentes comunitaacuterios de sauacutede fazem cerca de 2900000 visitas
domiciliares por ano O nuacutemero de consultas meacutedicas realizadas pelas equipes de
Sauacutede da Famiacutelia foi de 1899347 em 2002 (ano de implantaccedilatildeo das equipes) e de
2203257 em 2004 Em marccedilo de 2010 apenas 3 das equipes de Sauacutede da
Famiacutelia estavam desfalcadas de meacutedico generalista e mais da metade dos meacutedicos
de sauacutede da famiacutelia tinham mais de 5 anos de trabalho na Prefeitura de Belo
Horizonte (PINTO e COELHO 2011)
O exame de citologia oncoacutetica tambeacutem conhecido como Papanicolaou ou
preventivo foi introduzido na atenccedilatildeo baacutesica na deacutecada de 1970 Em Belo Horizonte
por meio da Secretaria Municipal de Sauacutede criou um protocolo o qual eacute um
instrumento que estabelece normas para intervenccedilotildees teacutecnicas o qual uniformiza e
atualiza conceitos e condutas referentes ao processo assistencial na rede de
serviccedilos Um desses protocolos aborda especificamente o controle e prevenccedilatildeo do
cacircncer de colo de uacutetero (BELO HORIZONTE 2008)
A colpocitologia oncoacutetica eacute utilizada principalmente para determinar o risco de
uma mulher vir a desenvolver o cacircncer de colo do uacutetero natildeo se tratando somente de
uma maneira de diagnosticar a doenccedila Ele eacute essencial tambeacutem para determinar
outras condiccedilotildees de sauacutede como niacutevel hormonal doenccedilas da vulva do canal
vaginal do acircnus das mamas entre outros O exame deve ser realizado
prioritariamente em mulheres de 25 a 59 anos de idade com intervalo de trecircs em
trecircs anos se os dois primeiros exames realizados a cada ano forem normais Toda
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mulher que tem ou jaacute teve atividade sexual deve submeter-se ao exame preventivo
ateacute os 69 anos de idade (BELO HORIZONTE 2008)
Destaca-se ainda que a importacircncia do exame consiste no fato de que eacute
nessa oportunidade que o profissional avalia a sauacutede sexual e reprodutiva da
mulher pois tais fatores raramente satildeo considerados durante uma consulta cliacutenica
geral Ressalta-se tambeacutem que o acesso das mulheres ao exame colpocitoloacutegico faz parte da garantia de direitos legalmente constituiacutedos com a ampliaccedilatildeo dos
serviccedilos de promoccedilatildeo prevenccedilatildeo e assistecircncia ao cacircncer de colo de uacutetero
Espera-se que este estudo possa contribuir para a humanizaccedilatildeo da atenccedilatildeo agrave
sauacutede da mulher proporcionando um olhar mais amplo e integral sobre o estado de
sauacutede das mulheres e seus determinantes sociais Para tal buscar-se-aacute sensibilizar
a equipe do Centro de Sauacutede Felicidade II quanto agrave importacircncia da assistecircncia
integral agrave sauacutede da mulher promover a educaccedilatildeo em sauacutede para as usuaacuterias quanto
agrave importacircncia de realizar o exame preventivo de cacircncer de colo do uacutetero expandir a
agenda de consultas de assistecircncia agrave mulher garantindo aumento da cobertura de
exames preventivos e proporcionar educaccedilatildeo permanente agrave toda a equipe em
especial os ACS para uma abordagem humanizada eficaz e efetiva das usuaacuterias
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2 OBJETIVOS
21 Geral Elaborar um plano de accedilatildeo para ampliar a cobertura do exame colpocitoloacutegico
no Centro de Sauacutede Felicidade II da Secretaria Municipal de Sauacutede de Belo
Horizonte MG promovendo assim a melhoria das condiccedilotildees de vida e sauacutede das
mulheres
22 Especiacutefico
Realizar uma revisatildeo de literatura sobre a promoccedilatildeo da sauacutede das mulheres
dando ecircnfase agrave prevenccedilatildeo do cacircncer do colo do uacutetero no sentido de subsidiar o
plano de accedilatildeo
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3 METODOLOGIA
Trata-se de um estudo bibliograacutefico tipo revisatildeo narrativa com natureza
compreensiva do tema proposto realizada por meio da consultas a livros e artigos
em revistas cientiacuteficas do acervo de bibliotecas e base de dados virtuais no sentido
de subsidiar a elaboraccedilatildeo de um plano de accedilatildeo para o Centro de Sauacutede Felicidade
II buscando ampliar a cobertura do exame de Papanicolaou
A busca foi efetuada nas bases de dados SCIELO (Scientific Electronic
Library Online) MEDLINE(Medical Literature Analysis and Retrieval System Online -
Sistema Online de Busca e Anaacutelise de Literatura Meacutedica) LILACS (Literatura Latino-
americana em ciecircncia da Sauacutede) e outras Foram utilizados os descritores ldquosauacutede
das mulheresrdquo ldquocacircncerrdquo ldquocacircncer do colo do uacuteterordquo ldquocitologia oncoacuteticardquo e
ldquoprevenccedilatildeordquo
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4 APRESENTACcedilAtildeO DOS RESULTADOS
41 A promoccedilatildeo da sauacutede das mulheres
Correcirca e Villela (2008) relatam que foi nas primeiras deacutecadas do seacuteculo XX
que o Brasil passou a incorporar a questatildeo da sauacutede da mulher nas poliacuteticas
nacionais cujo enfoque estava em prestar assistecircncia aos filhos das mulheres que
natildeo tinham acesso aos serviccedilos de sauacutede constituindo a atenccedilatildeo preacute-natal como
uacutenica accedilatildeo de caraacuteter universalista com relaccedilatildeo agrave sauacutede da mulher
Com as mudanccedilas na condiccedilatildeo social das mulheres ocorridas ao longo da segunda metade do seacuteculo XX as propostas de atenccedilatildeo materno-infantil mostram-se insuficientes Em 1984 eacute proposto pelo Ministeacuterio da Sauacutede o Programa de Assistecircncia Integral agrave Sauacutede da Mulher (PAISM) visando agrave extensatildeo das accedilotildees baacutesicas em sauacutede da mulher e incluindo entre outras atividades preventivas e de diagnoacutestico do cacircncer do colo do uacutetero e mamaacuterio A assistecircncia integral envolvia o atendimento de todas as necessidades da populaccedilatildeo feminina enfatizando as accedilotildees dirigidas ao controle das patologias mais prevalentes incluindo accedilotildees educativas Poreacutem a implementaccedilatildeo efetiva do Programa natildeo aconteceu como desejado ficando as atividades nos serviccedilos de sauacutede bastante focalizadas nas demandas relativas agrave contracepccedilatildeo acompanhamento da gravidez e ao parto A prevenccedilatildeo e controle do cacircncer ginecoloacutegico continuaram em segundo plano (CORREcircA e VILLELA 2008p1)
Domingos et al (2008 p 1) afirmam que ldquopor meio da promoccedilatildeo da sauacutede
caracterizada como sendo promoccedilatildeo primaacuteria e detecccedilatildeo precoce das lesotildees
precursoras (exame de Papanicolaou) eacute possiacutevel reduzir a mortalidade e
incidecircnciardquo
Em 1997 foi implantado no Paranaacute o Programa de Prevenccedilatildeo do Cacircncer do Colo do Uacutetero que prioriza inicialmente o atendimento da faixa etaacuteria de 30 a 49 anos (a mais acometida pela doenccedila no Estado) atendendo na sequumlecircncia todas as faixas etaacuterias expostas ao risco O intervalo entre os exames para controle dos casos negativos eacute de trecircs anos (DOMINGOS et al 2008 p 1)
42 A prevenccedilatildeo do cacircncer do colo do uacutetero
Narchi Janicas e Fernandes (2007) ensinam que a prevenccedilatildeo do cacircncer
ceacutervico-uterino eacute realizada em dois planos a prevenccedilatildeo primaacuteria e a secundaacuteria Na
forma primaacuteria conforme os autores deve-se atentar para os fatores de risco
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evitaacuteveis e na atuaccedilatildeo do enfermeiro Jaacute na fase de prevenccedilatildeo secundaacuteria deve ser
feito o rastreamento captaccedilatildeo e identificar a vulnerabilidade do cacircncer
Domingos et al (2007) afirmam que a principal estrateacutegia para a prevenccedilatildeo
primaacuteria da doenccedila eacute o uso de preservativo (masculino ou feminino) durante as
relaccedilotildees sexuais visto que a infecccedilatildeo pelo viacuterus papiloma humano (HPV) estaacute
presente em 90 dos casos A prevenccedilatildeo secundaacuteria eacute realizada por meio do
exame preventivo (Papanicolaou) para a detecccedilatildeo precoce da doenccedila
Albuquerque et al (2007) afirmam que desde 1988 o Ministeacuterio da Sauacutede tem
como objetivo reduzir as taxas de morbimortalidade e com isso adota como norma
a recomendaccedilatildeo da Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede a qual propotildee que seja feito a
cada trecircs anos a realizaccedilatildeo do exame citoloacutegico do colo do uacutetero sendo dois
exames anuais consecutivos negativos para mulheres na faixa de idade de 25 a 59
anos ou que jaacute tenham atividade sexual
Iniciativas como o Programa Viva Mulher lanccedilado em 1996 e o desenvolvimento de campanhas nacionais sistemaacuteticas tecircm contribuiacutedo para o aumento da cobertura do exame no paiacutes Contudo verifica-se que as taxas de incidecircncia e de mortalidade ainda permanecem desafiando as medidas ateacute entatildeo adotadas sinalizando possiacuteveis deficiecircncias na oferta no acesso e na qualidade das referidas accedilotildees (ALBUQUERQUE et al 2007 p 1)
Nakagawa Schirmer e Barbieri (2007) relatam que a associaccedilatildeo do viacuterus
HPV com o cacircncer de colo de uacutetero comeccedilou em 1949 quando o patologista George
Papanicolaou introduziu o exame mais difundido no mundo para detectar a doenccedila
o exame que leva o seu proacuteprio nome ou seja Papanicolaou
De acordo com o desenvolvimento do carcinoma de colo de uacutetero Nakagawa
Schirmer e Barbieri (2007 p 1) afirmam que
Esse exame permitiu identificar mulheres com alteraccedilotildees celulares preacute-maligna possibilitando observar uma associaccedilatildeo da atividade sexual com o desenvolvimento do cacircncer de colo de uacutetero No entanto somente na deacutecada de 70 o conhecimento acerca da etiologia da doenccedila teve consideraacutevel avanccedilo Estudos constataram que tal associaccedilatildeo implicava na presenccedila de um agente etioloacutegico de transmissatildeo sexual Harold zur Hausen um infectologista alematildeo constatou que o Papiloma Viacuterus Humano (viacuterus HPV) poderia ser esse agente estabelecendo inicialmente a relaccedilatildeo do viacuterus com as verrugas e condilomas Somente anos mais tarde o viacuterus foi relacionado com o desenvolvimento do carcinoma de colo de uacutetero (NAKAGAWA SCHIRMER e BARBIERI 2007 p 1)
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Os autores relatam que devido ao advento da clonagem molecular na deacutecada
de 90 e a utilizaccedilatildeo de tal tecnologia na replicaccedilatildeo do genoma do Papiloma Viacuterus
outros aspectos da infecccedilatildeo foram elucidados
Devido agrave discrepacircncia entre a alta frequumlecircncia de infecccedilotildees HPV em mulheres jovens sexualmente ativas e a ocorrecircncia relativamente baixa de lesotildees cervicais nas mesmas colocou-se em duacutevida a etiologia viral da doenccedila e concluiu-se que a infecccedilatildeo era causa necessaacuteria mas natildeo suficiente para o desenvolvimento da doenccedila uma vez que virtualmente somente uma fraccedilatildeo de mulheres portadoras do viacuterus a desenvolveria Estudos preacutevios jaacute sugeriam que um forte fator diferenciava a progressatildeo ou natildeo da doenccedila sugerindo que isto estaria relacionada aos diversos tipos do viacuterus HPV Estudos posteriores mostraram que a sua progressatildeo depende natildeo somente da presenccedila do viacuterus mas tambeacutem do tipo de viacuterus da persistecircncia da infecccedilatildeo e da evoluccedilatildeo das lesotildees precursoras para o carcinoma invasivo (NAKAGAWA SCHIRMER e BARBIERI 2007 p 1)
Segundo Narchi Janicas e Fernandes (2007) a prevenccedilatildeo primaacuteria do cacircncer
ceacutervico-uterino refere-se agrave reduccedilatildeo da exposiccedilatildeo aos fatores de risco como o iniacutecio
precoce da atividade sexual a multiplicidade de parceiros as doenccedilas sexualmente
transmissiacuteveis especialmente a infecccedilatildeo causada pelo HPV e multiparidade Aleacutem
disso outros fatores tecircm sido relacionados ao cacircncer ceacutervico-uterino em estudos
epidemioloacutegicos ainda natildeo conclusivos dentre eles o uso de anticoncepcional oral
as situaccedilotildees de imunossupressatildeo como diabete lupus corticoterapia e Aids o
tabagismo e a alimentaccedilatildeo pobre em folatos vitaminas A e C e betacaroteno
Atualmente considera-se fundamental a relaccedilatildeo entre o desenvolvimento do cacircncer ceacutervico-uterino e a transmissatildeo sexual HPV Nesse sentido a prevenccedilatildeo primaacuteria tem como foco a praacutetica de sexo seguro No entanto apesar da divulgaccedilatildeo da importacircncia do uso de preservativos para diminuiccedilatildeo potencial do risco de transmissatildeo do HPV observa-se que seu uso depende de uma serie de fatores como o conhecimento a respeito da doenccedila e suas formas de prevenccedilatildeo a percepccedilatildeo de risco de infecccedilatildeo as crenccedilas e valores culturais as iniquidades de gecircnero e como elas se revelam o grau de autonomia e poder de negociaccedilatildeo sexual nas relaccedilotildees afetivo-sexuais acesso ao serviccedilo de sauacutede e a oferta de preservativos (NARCHI JANICAS e FERNANDES 2007 p 129)
Ceacutesar et al (2003) afirmam que exames preventivos perioacutedicos permitem
reduzir em ateacute 70 a sua mortalidade na populaccedilatildeo de risco A faixa etaacuteria mais
acometida vai dos 25 aos 60 anos e o seu mais importante determinante eacute o
papilomaviacuterus humano De acordo com o Instituto Nacional de Cacircncer (INCA)
O Instituto Nacional de Cacircncer (INCA) recomenda o exame citopatoloacutegico para cacircncer de colo uterino a toda mulher com idade entre 20 e 60 anos e que possua vida sexual ativa Inicialmente o exame deve ser feito a cada trecircs anos Em caso de dois resultados negativos para displasia ou
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neoplasia um novo exame deveraacute ser repetido uma vez a cada trecircs anos (BRASIL 2002 apud CEacuteSAR et al 2003 p 1371)
Narchi Janicas e Fernandes (2007) afirmam que de modo contextual a
prevenccedilatildeo primaacuteria eacute realizada a partir identificaccedilatildeo da presenccedila de fatores de risco
com vistas a prevenir o surgimento da doenccedila Sabe-se que o cacircncer ceacutervico-uterino
haacute muito vem sendo associado ao baixo niacutevel socioeconocircmico tanto a exposiccedilatildeo
aos fatores de risco quanto especialmente pela desigualdade no acesso aos
serviccedilos de sauacutede Essas barreiras satildeo multidimensionais inserindo-se em um
contexto social amplo que a barca desde dificuldades geograacuteficas de informaccedilatildeo
familiares econocircmicas culturais religiosas e emocionais ateacute as relacionadas agraves
poliacuteticas de sauacutede Diante dessa constataccedilatildeo acredita-se que a anaacutelise dos
programas e a proposiccedilatildeo de estrateacutegias devam tambeacutem corresponder agrave amplitude
dos fatores intervenientes
De acordo com as autoras no que diz respeito agrave prevenccedilatildeo primaacuteria o
Programa de Sauacutede da Famiacutelia (PSF) tem importante papel na identificaccedilatildeo de
grupos de mulheres com perfil de risco para desenvolver o cacircncer ceacutervico-uterino e
com base nas necessidades levantadas implementar accedilotildees de intervenccedilatildeo no meio
ambiente e em seus fatores de risco De acordo com as autoras diversas
estrateacutegias podem reduzir os fatores de risco para cacircncer ceacutervico-uterino dentre as
quais destacam-se realizaccedilatildeo de grupos educativos que permitam a discussatildeo de
temas como sexualidade e gecircnero vulnerabilidade e prevenccedilatildeo as DST
planejamento familiar qualidade de vida e prevenccedilatildeo do cacircncer ginecoloacutegico entre
outros As autoras destacam tambeacutem a importacircncia mobilizaccedilatildeo das mulheres para
o autocuidado e a busca de melhor qualidade de vida (grupos de caminhada cultivo
de hortas caseiras por exemplo) valorizaccedilatildeo da integralidade na assistecircncia e no
estiacutemulo a uma participaccedilatildeo ativa das mulheres com atitudes assertivas em relaccedilatildeo
a sauacutede identificaccedilatildeo e minimizaccedilatildeo das dificuldades de acesso ao serviccedilo de
sauacutede sejam elas barreiras individuais e institucionais (NARCHI JANICAS e
FERNANDES 2007)
Ainda conforme as autoras aleacutem das atividades comunitaacuterias que podem ser
realizadas pela equipe de sauacutede da famiacutelia o enfermeiro tambeacutem pode instituir
grupos educativos de coleta ou de resultados da colpocitologia na unidade baacutesica de
sauacutede (UBS) ou na unidade de sauacutede da famiacutelia (USF) abordando temaacuteticas
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voltadas agrave sexualidade higiene iacutentima prevenccedilatildeo de DST prevenccedilatildeo do cacircncer
ginecoloacutegico e teacutecnica de coleta do exame As autoras afirmam que esses grupos
aleacutem de disponibilizarem um espaccedilo para a socializaccedilatildeo do conhecimento
possibilitam a integraccedilatildeo entre profissionais e pacientes e estimulam o
autoconhecimento do corpo e da sexualidade familiarizando a mulher ao ambiente e
ao exame e minimizando sentimentos negativos como o medo a vergonha o
nervosismo e o constrangimento que por vezes as impedem de aderir ao programa
Essa estrateacutegia seraacute possiacutevel agrave medida que o profissional estiver sensibilizado e
capacitado para implementaacute-la utilizando habilidades de aconselhamento e
abordagem empaacutetica (NARCHI JANICAS e FERNANDES 2007)
O enfermeiro deve ainda avaliar a presenccedila de fatores de risco na consulta
de enfermagem agrave mulher com vistas a realizar as intervenccedilotildees necessaacuterias e o
acompanhamento mais frequente Diante disso eacute recomendado que na consulta de
retorno para recebimento do laudo da colpocitologia seja realizado procedimento de
aconselhamento sobre DST e Aids antes de discutir o resultado e a conduta
No que diz respeito agrave prevenccedilatildeo secundaacuteria do cacircncer ceacutervico-uterino Narchi
Janicas e Fernandes (2007) afirmam que se deve realizar o exame citopatoloacutegico
para que seja feita a detecccedilatildeo do cacircncer in situ ou das lesotildees precursoras trataacuteveis
e curaacuteveis em ateacute 100 dos casos Para as autoras o acolhimento deveraacute ocorrer
em todas as fases da assistecircncia ou seja desde o primeiro contato com a mulher o
que pode ocorrer em seu domiciacutelio quanto no agendamento ao se verificar acerca
do aprazamento da colpocitologia Citam tambeacutem que esse exame tem sido
utilizado em programas de rastreamento do cacircncer ceacutervico-uterino em todo o mundo
(screening) para interromper o ciclo evolutivo da doenccedila detectando-a em fase preacute-
invasiva trataacutevel e curaacutevel Relatam ainda que os paiacuteses que desenvolveram o
programa tanto com identificaccedilatildeo efetiva da populaccedilatildeo de risco qualidade coleta e
na interpretaccedilatildeo dos resultados quanto com tratamento e acompanhamento
adequados dos casos de alto risco lograram reduccedilatildeo significativa na incidecircncia e na
mortalidade por essa patologia
Segundo a OMS para que um programa de rastreamento do cacircncer ceacutervico-
uterino cause impacto epidemioloacutegico eacute necessaacuterio realizar uma cobertura superior a
80 o que representaria um impacto de 50 na reduccedilatildeo da mortalidade por essa
doenccedila Entretanto nos paiacuteses em desenvolvimento como o Brasil a cobertura
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desse teste ainda natildeo alcanccedilou niacuteveis suficientes e coerentes com as necessidades
da populaccedilatildeo feminina sob maior risco de contrair a doenccedila
Narchi Janicas e Fernandes (2007) relatam que no Brasil as accedilotildees de
intervenccedilatildeo e controle do cacircncer ceacutervico-uterino tecircm sido norteadas pela distribuiccedilatildeo
das lesotildees cervicais segundo as faixas etaacuterias de mulheres mais acometidas pela
doenccedila e pela periodicidade dos exames citopatoloacutegicos seguindo a loacutegica
epidemioloacutegica do risco e da relaccedilatildeo custobenefiacutecio que norteiam as intervenccedilotildees
em sauacutede publica Poreacutem por vaacuterios anos essa cobertura esteve descontextualiza
da no paiacutes de forma a disponibilizar a citopatologia apenas durante o preacute-natal natildeo
atingindo a populaccedilatildeo de mulheres da faixa etaacuteria de maior risco subutilizando os
equipamentos de sauacutede e tornando o programa ineficiente Conforme as autoras
vaacuterios estudos que investigaram os motivos que dificultam a captaccedilatildeo das mulheres
para a prevenccedilatildeo do cacircncer ginecoloacutegico ressaltam a amplitude do problema que
perpassa por diversas esferas assumindo aspecto multidimensional
Narchi Janicas e Fernandes (2007) ressaltam ainda que o modelo
contextual proposto por Pinho amp Franccedila-Junior analisa o acesso e a utilizaccedilatildeo dos
serviccedilos preventivos em trecircs planos individual organizacionalprogramaacutetico e social
dispostos em uma estrutura dinacircmica e relacional Esse modelo propotildee que a
realizaccedilatildeo da colpocitologia seja produto da interaccedilatildeo desses trecircs planos dos quais
emergem os elementos necessaacuterios para definir uma situaccedilatildeo de vulnerabilidade
individual programaacuteticaorganizacional e social do cacircncer ceacutervico-uterino Para as
autoras o plano individual representado por caracteriacutesticas relacionadas agrave
realizaccedilatildeo do exame definiraacute a vulnerabilidade individual da mulher a doenccedila A
vulnerabilidade eacute representada por um conjunto de fatores cognitivos relacionados a
real falta de conhecimento sobre a doenccedila e o exame o que contribui para a
reduccedilatildeo de praacuteticas sexuais seguras e de prevenccedilatildeo secundaacuteria Tal vulnerabilidade
individual pode ser criada e percebida pelas mulheres ou a elas imposta no
momento em que se enfatiza o risco da natildeo-realizaccedilatildeo da colpocitologia em vez da
ecircnfase ao benefiacutecio da accedilatildeo gerando ou reforccedilando sentimento de medo em
relaccedilatildeo ao cacircncer que pode provocar tanto um efeito propulsor que induz a mulher
para a realizaccedilatildeo do exame quanto um efeito mais restritivo ao exame pelo medo
de sentir dor ou de receber um resultado positivo concluem as autoras
23
No plano organizacional ou programaacutetico inserem-se as caracteriacutesticas
relacionadas agrave disponibilidade de serviccedilos de sauacutede em relaccedilatildeo agrave demanda e a sua
acessibilidade geograacutefica a organizaccedilatildeo e as necessidades da populaccedilatildeo usuaacuteria e
ao planejamento das accedilotildees efetivas na prevenccedilatildeo e na promoccedilatildeo a sauacutede sob a
forma de programas organizados de rastreamento do cacircncer cervical que primem
pelo respeito agrave autonomia individual e pela abordagem integral mulher (NARCHI
JANICAS e FERNANDES 2007)
Ainda segundo os autores um dos fatores que contribuem para a baixa
adesatildeo das mulheres ao programa eacute a falta de humanizaccedilatildeo na assistecircncia pois a
violecircncia institucional sofrida pelas mulheres durante a consulta ginecoloacutegica pode
ser traduzida pela humilhaccedilatildeo por constrangimento e pela forma fria e
despersonalizada com que satildeo atendidas sem serem esclarecidas quanto ao
resultado do exame ou por realizarem tratamentos por vaacuterios anos sem sequer
terem noccedilatildeo dos seus objetivos Isso submete a mulher a uma assistecircncia
medicalizada e indigna na qual se perde a oportunidade de investir em prevenccedilatildeo
primaacuteria (NARCHI JANICAS E FERNANDES 2007)
De acordo com Dias-da-Costa et al (2003) quando se fala acerca da sauacutede
puacuteblica eacute sabido que a efetividade do programa de controle do cacircncer de colo do
uacutetero depende da cobertura populacional alcanccedilada Poreacutem no Brasil a avaliaccedilatildeo
da efetividade de programas de prevenccedilatildeo e accedilotildees de sauacutede puacuteblica ainda eacute
considerada incipiente
43 Contexto histoacuterico da citologia oncoacutetica
Montemor et al (2008 p 45) relatam que na eacutepoca em que a citologia
ginecoloacutegica estava em desenvolvimento agrave ideacuteia preponderante entre os
ginecologistas era que sendo o colo uterino facilmente acessiacutevel agrave bioacutepsia dava-se
preferecircncia ao estudo histoloacutegico pois a citologia ainda carecia de credibilidade
diagnoacutestica
Os autores afirmam que foi Aureli Babes um patologista romeno em 1928
que sugeriu que fosse feita a coleta direta de material do colo uterino para o
diagnoacutestico do cacircncer sendo que o mesmo foi o primeiro pesquisador que
descreveu de forma minuciosa a teacutecnica de coleta utilizando a coloraccedilatildeo atraveacutes do
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meacutetodo de Giemsa Entretanto ainda de acordo com os autores foi George
Nicholas Papanicolaou um grego nascido em 1883 em Kymi na ilha grega de
Euboea que se aprofundou nos estudos acerca da citologia ginecoloacutegica o qual em
1913 se fixou nos Eua como pesquisador do laboratoacuterio do Hospital de Nova Iorque
Segundo os autores Neste sentido os autores afirmam que
Papanicolaou quando estudava as alteraccedilotildees hormonais das ceacutelulas nas diferentes fases do ciclo menstrual observou que tambeacutem era possiacutevel o diagnoacutestico das ceacutelulas tumorais do colo uterino Em 1941 publicou no American Journal of Obstetrics and Gynecology em co-autoria com Traut um trabalho com o tiacutetulo de O valor diagnoacutestico dos esfregaccedilos vaginais no carcinoma do uacutetero Nessa publicaccedilatildeo mostra a possibilidade de fazer diagnoacutestico de carcinoma do colo uterino atraveacutes de ceacutelulas atiacutepicas presentes nos esfregaccedilos bem como enfatiza a necessidade de aplicar esse meacutetodo simples e de baixo custo a um grande nuacutemero de mulheres O meacutetodo de coloraccedilatildeo dos esfregaccedilos citoloacutegicos que leva o nome de ldquoColoraccedilatildeo de Papanicolaourdquo eacute ainda hoje largamente utilizado (MONTEMOR et al 2008 p 46)
Os autores relatam ainda que em meados de 1940 o J Ernest Ayre um
meacutedico canadense utilizou uma espaacutetula a qual leva o seu nome para obter
raspados do colo uterino possibilitando dessa forma uma maneira praacutetica e
eficiente de coleta de material para a realizaccedilatildeo de exames em grande escala
(MONTEMOR et al 2008) De acordo com Tavares et al (2007) o exame
citopatoloacutegico foi sugerido como uma ferramenta para a detecccedilatildeo precoce do cacircncer
do colo do uacutetero em 1941
Conforme Hackenhaar Ceacutesar e Domingues (2006) a prevenccedilatildeo considerada
como secundaacuteria do cacircncer do colo uterino tem se centralizado no rastreamento de
mulheres sexualmente ativas atraveacutes do exame citopatoloacutegico do colo uterino O
qual foi adotado para rastreamento na deacutecada de 50 em vaacuterios paiacuteses uma vez que
identifica lesotildees preacute-cancerosas que se tratadas minimizam a incidecircncia de
carcinoma invasor e com isso a mortalidade pelo cacircncer de colo uterino Segundo
os autores
Em 1998 o Ministeacuterio da Sauacutede do Brasil estabeleceu que o exame para a detecccedilatildeo precoce do cacircncer do colo uterino deveria ser realizado por mulheres com idade entre 25 e 60 anos ou antes desta faixa etaacuteria caso jaacute tivessem mantido relaccedilotildees sexuais Para estas mulheres a periodicidade deveria ser de trecircs em trecircs anos se os dois primeiros exames realizados a cada ano fossem normais Em 2002 ocorreu a fase de intensificaccedilatildeo da campanha que tinha por objetivo realizar exames nas mulheres de 35 a 49 anos que nunca haviam realizado este tipo de exame ou que o houvessem
25
realizado haacute mais de trecircs anos (HACKENHAAR CEacuteSAR e DOMINGUES 2006 p 1)
44 Conceitos e caracteriacutesticas do exame de prevenccedilatildeo do cacircncer
Conforme Montemor et al (2008) o exame citopatoloacutegico tambeacutem conhecido
como exame Papanicolaou ou ainda exame preventivo do cacircncer do colo do uacutetero
tem como objetivo a anaacutelise das ceacutelulas obtidas por raspagem do colo uterino
(ectoceacutervice e canal endocervical) com as quais eacute realizado esfregaccedilo sobre uma
lacircmina de vidro De acordo com os autores as caracteriacutesticas morfoloacutegicas das
ceacutelulas satildeo observadas ao microscoacutepio e quando alteradas ou seja quando estatildeo
diferentes daquelas consideradas normais sugerem tratar-se de processo preacute-
neoplaacutesico ou neoplaacutesico Os autores afirmam ainda que atualmente o exame
citopatoloacutegico eacute o meacutetodo de rastreamento para cacircncer do colo uterino mais utilizado
em todo o mundo
De acordo com Tavares (2007) o exame citopatoloacutegico eacute considerado um
meacutetodo eficiente pois tem a habilidade de identificar lesotildees precursoras do cacircncer
do colo do uacutetero que naquele momento satildeo trataacuteveis podendo resultar em
significante decreacutescimo da mortalidade por esse tipo de cacircncer
45 O cacircncer do colo do uacutetero
Segundo Zeferino (2008) o cacircncer do colo uterino tem sido um desafio para a
sauacutede puacuteblica na reduccedilatildeo de morte de mulheres por causa desse mal uma vez que
se trata de uma doenccedila que pode ser evitada por meio do diagnoacutestico e do
tratamento de suas lesotildees precursoras Neste sentido Narchi Janicas e Fernandes
(2007) concordam com Zeferino (2008) quando afirmam que o cacircncer chamado por
eles de cacircncer ceacutervico-uterino vem sendo alvo de atenccedilatildeo por parte da comunidade
cientiacutefica devido ocupar lugar de destaque no que diz respeito agraves elevadas taxas de
morbidade e mortalidade entre a populaccedilatildeo feminina principalmente em paiacuteses em
desenvolvimento uma vez que trata-se de um tipo de cacircncer que estaacute relacionado
ao perfil epidemioloacutegico das mulheres cuja frequecircncia dos fatores de risco e do grau
de implementaccedilatildeo de accedilotildees de curto e longo prazos em todos os niacuteveis de atenccedilatildeo
26
De acordo com Hackenhaar Ceacutesar e Domingues (2006 p1) ldquoo cacircncer do
colo uterino eacute um problema de sauacutede puacuteblica mundialrdquo Segundo os autores
Em 2000 havia uma estimativa de 468000 casos com 233000 mortes por este tipo de cacircncer em todo o mundo Destas mortes 80 ocorreriam nos paiacuteses em desenvolvimento No Brasil o cacircncer de colo uterino representa a segunda maior causa de morte por cacircncer entre as mulheres (HACKENHAAR CEacuteSAR e DOMINGUES 2006 p 1)
Por meio do controle perioacutedico utilizando-se o exame citoloacutegico eacute possiacutevel
reduzir sua incidecircncia pois dados da Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede (OMS)
afirmam que a cada ano surgem cerca de 500 mil novos casos de cacircncer do colo
uterino por ano no mundo todo sendo que mais de 400 mil ocorrem em paiacuteses em
desenvolvimento (ZEFERINO 2008) Este dado eacute confirmado por Ceacutesar et al
(2003) quando os autores afirmam que cerca de 80 dos casos de cacircncer de colo
uterino ocorrem nos paiacuteses pobres
Domingos et al (2007 p 1) explicam que ldquoo cacircncer de colo de uacutetero eacute uma
doenccedila de evoluccedilatildeo lenta levando em meacutedia 14 anos para sua evoluccedilatildeo total
Inicia-se com alteraccedilotildees miacutenimas nas ceacutelulas denominadas displasia e se natildeo
forem tratadas estas alteraccedilotildees evoluemrdquo De acordo com os autores
Com o desenvolvimento da doenccedila em meacutedia trecircs anos apoacutes a constataccedilatildeo das primeiras alteraccedilotildees celulares surge um tumor localizado chamado carcinoma in situ Este cacircncer desenvolve-se por mais seis anos invadindo a mucosa do uacutetero quando recebe o nome de carcinoma invasor Apoacutes 14 anos das primeiras alteraccedilotildees celulares o cacircncer atinge a forma mais grave com o aparecimento de metaacutestase espalhando-se assim por outras regiotildees do corpo (DOMINGOS et al 2007 p 1)
Conforme Rodrigues Neto Figueiredo e Siqueira (2008 p 1) o cacircncer tem
sido responsaacutevel por seis milhotildees de mortes por ano correspondendo a 12 das
mortes mundiais ldquoEstima-se a ocorrecircncia de mais de dez milhotildees de novos casos
de cacircncer por ano sendo que para o ano de 2020 espera-se que haja mais de 15
milhotildees de casos novosrdquo Para os autores
O cacircncer do colo do uacutetero (CCU) ocupa o 2ordm lugar na incidecircncia mundial de neoplasias estando atraacutes apenas do cacircncer de mama Por ano no mundo ocorrem cerca de 235 mil mortes devido ao CCU sendo 218 mil em paiacuteses considerados pobres ou emergentes(4) onde ocorre quase 60 dos casos novos de cacircncer ocupando um lugar de destaque nas taxas de morbimortalidade entre a populaccedilatildeo feminina Ressalta-se que na Ameacuterica Latina se encontram as mais altas taxas de incidecircncia desta doenccedila
27
representando uma das causas de oacutebito mais frequumlente entre as mulheres [] Natildeo considerando os carcinomas de pele natildeo melanoma o CCU eacute o mais incidente na Regiatildeo Norte (22100000) Jaacute nas regiotildees Sul (24100000) Centro-Oeste (19100000) e Nordeste (18100000) ocupa a segunda posiccedilatildeo e no Sudeste (18100000) a quarta posiccedilatildeo estando assim associado a regiotildees brasileiras de baixo niacutevel socioeconocircmico (RODRIGUES NETO FIGUEIREDO e SIQUEIRA 2008 p 1)
Dentre os fatores causadores e facilitadores desse tipo de cacircncer Ceacutesar et al
(2003) citam fatores reprodutivos maternos tais como iniacutecio precoce de atividade
sexual e comportamento sexual masculino baixo niacutevel socioeconocircmico muacuteltiplos
parceiros sexuais higiene sexual precaacuteria ocorrecircncia de abortos (particularmente os
induzidos) alcoolismo e tabagismo e uso de anticoncepcional oral Domingos et al
(2007 p 1) afirmam que ldquoo cacircncer do colo do uacutetero eacute um dos maiores problemas da
sauacutede da mulher em todo o mundo Estima-se que a cada ano ocorram no mundo
493000 novos casos da doenccedila e 274000 mortesrdquo
ldquoSegundo dados do Ministeacuterio da Sauacutede (MS) no ano de 2002 4091
mulheres morreram no Brasil vitimadas por este tipo de cacircncer Destas 297
ocorreram no Estado do Paranaacute na faixa etaacuteria de 30 a 49 anosrdquo (DOMINGOS et al
2007 p 1)
Zeferino (2008) relata que no Brasil o cacircncer do colo uterino eacute o terceiro mais
frequumlente o qual eacute superado apenas pelos cacircnceres de pele e de mama Trata-se
da quarta causa de oacutebito entre as mulheres superado apenas pelos cacircnceres de
mama do pulmatildeo e do coacutelon-reto No ano de 2003 foram registradas 4110 mortes
com cacircncer de colo uterino correspondendo a 7 do total dos oacutebitos devido a
cacircncer em mulheres De acordo com o autor
Cerca de 90 dos cacircnceres de colo uterino originaram-se de ceacutelulas escamosas sendo chamados de carcinomas escamosos ou carcinomas epidermoacuteides e outros 10 originaram-se de ceacutelulas glandulares sendo entatildeo chamados de adenocarcinomas Raramente podem aparecer os dois tipos de ceacutelulas e satildeo chamados carcinomas adenoescamosos Todavia tem sido observado que a proporccedilatildeo de adenocarcinoma do colo uterino tem aumentado nas uacuteltimas deacutecadas particularmente em mulheres jovens (BULK et al 2005 apud ZEFERINO 2008 p 68)
Segundo dados do INCA (2002 apud Ceacutesar et al 2003 p 1366) ldquono Brasil
o cacircncer de colo uterino eacute o segundo entre os tumores ginecoloacutegicos malignos e o
terceiro mais comum na populaccedilatildeo feminina Representa 10 de todos os cacircnceres
malignos em mulheresrdquo
28
De acordo com Albuquerque et al (2009) ldquoa infecccedilatildeo preacutevia pelo papiloma
viacuterus humano (HPV) tem sido apontada como o principal fator de risco para o cacircncer
de colo de uacuteterordquo Fatores como iniacutecio precoce da atividade sexual multiplicidade de
parceiros sexuais uso de contraceptivos orais tabagismo situaccedilatildeo conjugal e baixa
condiccedilatildeo soacutecio-econocircmica tecircm sido apontados como fatores de risco importantes
para o desenvolvimento dessa neoplasia
Narchi Janicas e Fernandes (2007) relatam que o cacircncer ceacutervico-uterino tem
sua origem a partir de uma lesatildeo intra-epitelial progressiva a qual pode evoluir para
um cacircncer invasivo dentro de um prazo em torno de 10 a 20 anos caso natildeo seja
oferecido tratamento
Conforme as autoras durante o periacuteodo de evoluccedilatildeo da doenccedila ela passa por
fases preacute-cliacutenicas detectaacuteveis e curaacuteveis lhe conferindo elevado potencial de
prevenccedilatildeo e cura Corresponde a cerca de 15 de todos os cacircnceres femininos
sendo o segundo tipo mais comum entre as mulheres Ainda na visatildeo das autoras a
mortalidade pelo cacircncer ceacutervico-uterino pode ser evitada devido agrave lenta evoluccedilatildeo da
doenccedila e devido aos recursos tecnoloacutegicos o diagnoacutestico e o tratamento oportunos
das lesotildees precursoras as quais satildeo curaacuteveis em ateacute 100 dos casos Entretanto
conforme as autoras mesmo o Brasil ter sido um dos primeiros paiacuteses a realizar os
exames de colpocitologia e colposcopia esse tipo de cacircncer ainda continua sendo
um seacuterio problema de sauacutede puacuteblica por manter uma das mais elevadas taxas de
oacutebito como pode ser verificado a seguir
No Brasil as accedilotildees de controle do cacircncer ginecoloacutegico iniciaram-se de forma programaacutetica em 1983 eacutepoca de implantaccedilatildeo do Programa de Assistecircncia Integral agrave Sauacutede da Mulher (PAISM) que representou uma ampliaccedilatildeo do foco de assistecircncia agrave mulher para aleacutem do ciclo graviacutedico-puerperal No entanto apesar das recomendaccedilotildees de implantaccedilatildeo ou ampliaccedilatildeo das atividades de diagnoacutestico do cacircncer ceacutervico-uterino e de educativas com vistas agrave prevenccedilatildeo da doenccedila por mais de uma deacutecada as accedilotildees de combate a essa doenccedila foram desenvolvidas no paiacutes de forma desarticulada por iniciativa de apenas alguns Estados e municiacutepios (NARCHI JANICAS e FERNANDES 2007 p 128)
Os autores pesquisados nesta revisatildeo narrativa serviram de subsiacutedios para a
elaboraccedilatildeo do plano de accedilatildeo apresentado no proacuteximo capiacutetulo cujo objetivo eacute
aumentar a cobertura do exame de prevenccedilatildeo do cacircncer do colo do uacutetero no Centro
de Sauacutede Felicidade II
29
5 PLANO DE ACcedilAtildeO PARA A AMPLIACcedilAtildeO DA COBERTURA DO EXAME COLPOCITOLOacuteGICO NO CENTRO DE SAUacuteDE FELICIDADE II
De acordo com a atividade realizada no Moacutedulo da Sauacutede da Mulher foram
constatados alguns problemas em relaccedilatildeo agrave cobertura do exame colpocitoloacutegico no
Centro de Sauacutede Felicidade II o qual apresentou em 2009 baixa cobertura A partir
daiacute foram detectados outros fatores que contribuem para o baixo iacutendice de
cobertura aqueacutem do que eacute preconizado pela Secretaacuteria Municipal de Sauacutede Neste
sentido o plano de accedilatildeo descrito no Quadro 1 vem propor estrateacutegias visando
ampliar da cobertura do exame colpocitoloacutegico e minimizar os problemas levantados
Acredita-se que por meio da implantaccedilatildeo do plano de accedilatildeo sugerido o
Centro de Sauacutede Felicidade II teraacute maior e melhor desempenho de sua equipe
alcanccedilando com isso o aprimoramento no atendimento da populaccedilatildeo alvo da
instituiccedilatildeo
30
QUADRO1 - PLANO DE ACcedilAtildeO PARA AUMENTAR A COBERTURA DO EXAME DE PREVEN9AO DO COLO DO UTERO PARA A EQUIPE DE SAUDE DO CENTRO DE SAUDE FELICIDADE II
PROBLEMA ATIVIDADES ACcedilOtildeES META RESPONSAVEL PERIODO
As ACS sentem inseguros para orientar agraves mulheres em relaccedilatildeo aos cuidados para realizar o exame preventivo por falta de conhecimento
Educaccedilatildeo em Sauacutede
Capacitaccedilatildeo da equipe sobre a importacircncia do exame colpocitoloacutegico
Nivelar o conhecimento dos membros da equipe
Municiacutepio Gerecircncia Regional de Sauacutede
Outubro2011
Enfermeiro natildeo se sente capacitado para a realizaccedilatildeo do exame de Papanicolaou
Capacitaccedilatildeo Teacutecnica do enfermeiro para a realizaccedilatildeo do exame de Papanicolaou
Solicitar agrave Ginecologista enfermeira treinamentocapacitaccedilatildeo do enfermeiro
Instrumentalizar o enfermeiro para a realizaccedilatildeo coleta de material
Enfermeira de outra Unidade Baacutesica de Sauacutede Meacutedico Ginecologista
Outubro2011
Baixo iacutendice de cobertura do exame citoloacutegico
Elaboraccedilatildeo de um instrumento para coleta de dados para identificar as mulheres de 25 a 59 anos na aacuterea de abrangecircncia do centro de sauacutede e tambeacutem para levantar quais os fatores que impeditivos para a realizaccedilatildeo do exame Incluir as mulheres identificadas no arquivo rotativo
Visita domiciliar
Visitar todas as mulheres dentro da aacuterea de abrangecircncia da UBS
ACS Novembro2011 Dezembro2011
Baixo iacutendice de cobertura do exame citoloacutegico
Agendamento da consulta de enfermagem consulta meacutedica para atender as prioridades levantadas no diagnoacutestico da atividade anterior para realizaccedilatildeo do exame Priorizar mulheres que nunca fizeram o exame ou que fizeram a mais de trecircs anos
Visita domiciliar Consulta de Enfermagem e consulta meacutedica
Orientar as mulheres sobre o exame preventivo Realizar o exame
ACS Meacutedico e enfermeira
Janeiro2012
31
O agendamento das consultas e marcado para datas muito distantes o que geralmente faz com que a mulher esqueccedila
Comunicaccedilatildeo da data do exame com antecedecircncia
Elaborar uma forma de entrar em contato com a paciente cinco dias antes da consulta agendada
Diminuir o iacutendice de ausecircncia agraves consultas
ACS Novembro2011
Desconhecimento das mulheres sobre o exame preventivo e os cuidados preparativos para o exame
Orientaccedilatildeo das mulheres sobre o exame e os cuidados preparativos para o exame
Criar um informativo contendo as orientaccedilotildees sobre o exame e os cuidados para serem entregue as usuaacuterias no momento da visita do ACS para informaacute-las da data e horaacuterio da consulta
Orientar todas usuaacuterias
Enfermeiro ACS
Janeiro2011
Entrega de resultados dos preventivos sem alteraccediloespelos ACSrsquos
Entrega do resultado do exame
Agendar um dia na semana para a entrega dos resultados dos exames Todos os exames deveratildeo ser vistos pelo enfermeiro Aqueles que apresentarem alguma alteraccedilatildeo a paciente deve ser encaminhada ao meacutedico Teacutecnico de Enfermagem Enfermeiro
Orientar as usuaacuterias
Os exames com resultados normais seratildeo entregues pelo teacutecnico de enfermagem Aqueles que apresentarem alguma alteraccedilatildeo seratildeo entregues pelo enfermeiro que deveraacute fazer os devidos encaminhamentos quando necessaacuterios
Dezembro2011
Entrega dos resultados de exames com alteraccedilotildees apoacutes consultas de retorno agendadas para usuaacuterias
Orientaccedilatildeo encaminhamento e acompanhamento da usuaacuteria
Visita domicilar Consulta de enfermagemconsulta meacutedica
Avaliar o estado de sauacutede da mulher Acompanhamento e orientaccedilotildees
Meacutedico e enfermeira Janeiro2012
Monitoramento e acompanhamento
- Agendamentos anuais - Elaboraccedilatildeo um arquivo rotativo - Estabelecimento de Indicadores de acompanhamento e
- Controlar a marcaccedilatildeo de consulta no intervalo de trecircs anos se apoacutes dois anos consecutivos de coleta os resultados forem negativos para
Monitorar o exame preventivo Acompanhar o estado de sauacutede das mulheres pela
Enfermeira e Teacutecnico de enfermagem
Novembro2011
32
avaliaccedilatildeo das accedilotildees votadas agrave sauacutede da mulher pela equipe de sauacutede
displasia ou neoplasia - Fazer a busca das usuaacuterias faltosas aos exames e consultas
equipe
Falta de interesse e conscientizaccedilatildeo em relaccedilatildeo agrave importacircncia do exame preventivo
Atendimento de Grupos Retomar o grupo de mulheres onde seratildeo abordados temas relativos agrave sauacutede da mulher Realizar orientaccedilotildees por meio de palestras nos grupos operativos
Conscientizar as mulheres sobre a importacircncia da realizaccedilatildeo do exame
Equipe de Sauacutede Fevereiro2012
Consulta eacute marcada com um meacutedico do sexo masculino
Agendamento com o enfermeiro quando possiacutevel
Reforccedilar com a paciente que durante a consulta estaraacute presente uma Auxiliar de Enfermagem
Diminuir a evasatildeo do exame prevenccedilatildeo Diminuir a resistecircncia ao atendimento masculino
Disponibilizar uma auxiliar ou teacutecnica de enfemagem para acompanhar o meacutedico durante o exame
Dezembro2011
Falta disponibilidade de horaacuterios mais flexiacuteveis pois haacute concentraccedilatildeo de horaacuterio pela manhatilde
Adequaccedilatildeo da Agenda Alteraccedilotildees na agenda com horaacuterios para adequar agraves necessidades dos usuaacuterios
Marcar os exames preventivos para o horaacuterio da tarde
Enfermeira e meacutedico Janeiro2012
33
6 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
A poliacutetica da sauacutede tem como principal objetivo promover mudanccedilas no intuito
de melhorar o niacutevel da sauacutede da populaccedilatildeo Diante dos resultados apurados nesse
estudo percebe-se a necessidade das intervenccedilotildees a serem efetuadas no Centro de
Sauacutede Felicidade II visando melhorar o iacutendice de cobertura dos exames
preventivos
Assim a realidade percebida no Centro de Sauacutede Felicidade II eacute que o
desempenho da equipe exerce grande impacto no desenvolvimento das accedilotildees
alcanccedilando dessa forma o objetivo de contribuir com o aprimoramento e a
consolidaccedilatildeo da assistecircncia agrave sauacutede da populaccedilatildeo
Como problemas levantados em relaccedilatildeo a baixa cobertura da prevenccedilatildeo do
cacircncer do colo do uacutetero identificamos as seguintes o ACS sentir inseguro para
orientar agraves mulheres em relaccedilatildeo aos cuidados para realizar o exame preventivo a
falta de capacitaccedilatildeo teacutecnica para o enfermeiro realizar o exame de Papanicolaou
consultas agendadas para datas muito distantes fazendo com que a mulher se
esqueccedila do diadesconhecimento das mulheres sobre o exame preventivo e os
cuidados preparativos para o mesmo falta de interesse e conscientizaccedilatildeo em
relaccedilatildeo agrave importacircncia do exame preventivo por parte das usuaacuteriaspudor da mulher
diante do profissional de sexo masculino e falta de disponibilidade de horaacuterios mais
flexiacuteveis com concentraccedilatildeo das consultas no horaacuterio da manhatilde
A partir dos problemas levantados foram propostas as atividades accedilotildees
metas e os responsaacuteveis pelas atividades no sentido de ampliar a cobertura das
mulheres por meio da participaccedilatildeo de toda a equipe de sauacutede Desse modo foi
muito importante tambeacutem a elaboraccedilatildeo das estrateacutegias para que o nuacutemero de
usuaacuterias seja aumentado Neste sentido destaca-se o papel do enfermeiro como
parte integrante da equipe de sauacutede e que desempenha um importante papel na
promoccedilatildeo da prevenccedilatildeo educaccedilatildeo e melhorias constantes nos serviccedilos oferecidos
agrave populaccedilatildeo
Nesta direccedilatildeo o Centro de Sauacutede Felicidade II deve se preocupar com a
capacitaccedilatildeo de seus funcionaacuterios com a organizaccedilatildeo do processo de trabalho das
equipes bem com um investimento maior nas accedilotildees de promoccedilatildeo e prevenccedilatildeo da
saude conforme abordado neste estudo
34
Desse modo cabe a todos os profissionais atuar mais na prevenccedilatildeo
promoccedilatildeo e recuperaccedilatildeo por meio de praacuteticas educativas promovendo campanhas
palestras sobre a sauacutede da mulher fornecendo orientaccedilotildees durante as consultas
para que se possa reverter o quadro de baixo iacutendice de cobertura no exame
preventivo de cacircncer do colo do uacutetero alcance assim a cobertura preconizada pela
Secretaacuteria de Sauacutede o que vai refletir na melhoria da assistecircncia a sauacutede agrave mulher
35
REFEREcircNCIAS ALBUQUERQUE KM et al Cobertura do Teste de Papanicolau e Fatores associados agrave Natildeo-Realizaccedilatildeo um olhar sobre o Programa de Prevenccedilatildeo do Cacircncer do Colo do Uacutetero em Pernambuco Brasil Caderno de Sauacutede Puacuteblica v 25 supl 2 Rio de Janeiro 2009 Disponiacutevel em lthttpwwwscielosporgscielophpscript=sci_arttextamppid=S0102-311X2009001400012gt Acesso em 6 nov 2010 BELO HORIZONTE Secretaria Municipal de Sauacutede Prevenccedilatildeo e Controle do Cacircncer do Colo de Uacutetero Belo Horizonte 2008 BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede O Programa Sauacutede da Famiacutelia e a Atenccedilatildeo Baacutesica no Brasil Brasiacutelia 2002 Disponiacutevel em lthttpwwwccssaudegovbrsaudebatea portamostravirtualpublicacoespsf_atencaobasicapdfgt Acesso em 01 abr 2010 CEacuteSAR JA et al Fatores Associados agrave natildeo Realizaccedilatildeo de Exame Citopatoloacutegico de Colo Uterino no Extremo Sul do Brasil Caderno de Sauacutede Puacuteblica Rio de Janeiro v19n5 p1365-1372 setout 2003 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrpdf0Dcspv19n517808pdfgt Acesso em 16 jul 2010 CORREcircA DA D VILLELA WV O Controle do Cacircncer do Colo do Uacutetero desafios para implementaccedilatildeo de accedilotildees programaacuteticas no Amazonas Brasil Rev bras sauacutede matern infantil v8 n4p491-497 outdez 2008 DIAS-DA-COSTA J S et al Cobertura do Exame Citopatoloacutegico na Cidade de Pelotas Rio Grande do Sul Brasil Caderno de Sauacutede Puacuteblica Rio de Janeiro v19 n1 p191-197 janfev 2003 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrpdfcspv19n114919pdfgt Acesso em 16 jul 2010 DOMINGOS ACP et al Cacircncer do Colo do Uacutetero comportamento preventivo de auto-cuidado agrave sauacutede Revista Ciecircncia Cuidado e Sauacutede 6 (Suplem 2) p 397-403 2007 Disponiacutevel em lthttpperiodicosuembrojsindexphpCiencCuidSaudearticleviewFile53373385gt Acesso em 5 nov 2010 HACKENHAAR AAC JURACI A DOMINGUES MR Exame Citopatoloacutegico de Colo Uterino em Mulheres com Idade entre 20 e 59 anos em Pelotas RS prevalecircncia foco e fatores associados agrave sua natildeo realizaccedilatildeo Revista Brasileira de EpidemiologiaSatildeo Paulo v9n1 Mar 2006 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S1415-790X2006000100013gt Acesso em 16 jul 2010 MONTEMOR EBL et al Controle do Cacircncer de Colo de Uacutetero o exame citopatoloacutegico In LOPES MHBde M (org) Enfermagem na Sauacutede da Mulher Goiacircnia AB 2006 p 45-65 NAKAGAWA JTT SCHIRMER J BARBIERI M Viacuterua HPV e Cacircncer de Colo de Uacutetero Revista Brasileira de Enfermagem v 63 n 2 Brasiacutelia marabri 2010
36
Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S0034-71672010000200021gt Acesso em 6 nov 2010 NARCHI NZ JANICAS Rde CS V FERNANDES RAacuteQ Prevenccedilatildeo e Controle do Cacircncer Ceacutervico-Uterino In FERNANDES RAacuteQ NARCHI NZ Enfermagem e Sauacutede da Mulher Barueri SP Manole 2007 p 127-149 NUacuteCLEO DE EDUCACcedilAtildeO EM SAUacuteDE COLETIVA ndash NESCON Faculdade de Medicina ndash UFMG Belo Horizonte Disponiacutevel em lthttpwwwnesconmedicinaufmgbrgt Acesso em 12 dez 2009 PINTO CAG COELHO IB BH Vida pensando a implantaccedilatildeo da Estrateacutegia de Sauacutede da Famiacutelia na cidade de Belo Horizonte passados 10 anos lthttpxayimgcomkqgroups15983109953140003nameImplantacao+do+BH+VIDA+-+Carlos+Gama+e+Ivan+Coelho5B15Dpdf gt Acesso em 01 mar 2011 RODRIGUES NETO JF FIGUEIREDO MFS SIQUEIRA LG Exame Citopatoloacutegico do Colo do Uacutetero fatores associados a natildeo realizaccedilatildeo em ESF Revista Eletrocircnica de Enfermagem 10 (3) 610-21 2008 Disponiacutevel em lthttpwwwfenufgbrrevistav10n3pdfv10n3a07pdfgt Acesso em 17 jul 2010 TAVARES SB do N et al Controle da Qualidade em Citopatologia Cervical revisatildeo de literatura Revista Brasileira de Cancerologia 53(3) 355-364 2007 Disponiacutevel em lthttpwwwincagovbrrbcn_53v03pdfrevisao6pdfgt Acesso em 17 jul 2010 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA Regulamento de Orientaccedilatildeo Do Trabalho De Conclusatildeo De Curso Do Curso De Licenciatura Em Letras ndashPORTUGUEcircS-ESPANHOL Disponiacutevel em lt httpwwwuepgbruepg_departamentosdeletpdfREG20PORT20ESPANHOLpdf gt Acesso em 23 set 2011 ZEFERINO L Prevenccedilatildeo e Controle do Cacircncer Ceacutervico-Uterino In LOPES MHB de M (org) Enfermagem na Sauacutede da Mulher Goiacircnia AB p 67-80 2006
ABSTRACT
The main purpose of this study was to elaborate an action plan to expand the coverage of colpocytological examination at the Center for Health Felicidade II of Municipal Secretary of Health of Belo Horizonte MG thus promoting the improvement of living conditions and health of women The methodology used was based on a review of the literature about the narrative At the end of the study was presented an action plan because of the key results before it was noticed the need for interventions to be made at the Center for Health Felicidade II to improve the coverage of preventive exams It is known that health policy has as main objective to promote changes in order to improve the level of population health The perceived reality at the Center for Health Felicidade II is that the teams performance has great impact on the development of actions achieving in this way the objective of contributing to the improvement and consolidation of health care to the population in particular the coverage of the female population in prevention of uterine cervical cancer Keywords Health Prevention Cervical Cancer
LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS
ACS Agente Comunitaacuterio de Sauacutede
Aids Acquired Immunodeficiency Syndrome
CCU Cacircncer do Colo do Uacutetero
DST Doenccedila Sexualmente Transmissiacutevel
HPV Human Papiloma Viacuterus
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica
INCA Instituto Nacional de Cacircncer
Km Quilometro
NESCON Nuacutecleo de Educaccedilatildeo em Sauacutede Coletiva
OMS Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede
p paacutegina
PAISM Programa de Assistecircncia Integral agrave Sauacutede da Mulher
PSF Programa de Sauacutede da Famiacutelia
SUS Sistema Uacutenico de Sauacutede
TCC Trabalho de Conclusatildeo de Curso
UBS Unidade Baacutesica de Sauacutede UPA Unidade de Pronto Atendimento
USF Unidade de Sauacutede da Famiacutelia
SUMAacuteRIO
1 INTRODUCcedilAtildeO 10 2 OBJETIVOS 15 21 Objetivo geral 15 22 Objetivos especiacuteficos 15 3 METODOLOGIA 16 4 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO 17 41 A promoccedilatildeo da sauacutede das mulheres 17 42 A prevenccedilatildeo do cacircncer do colo do uacutetero 17 43 Contexto histoacuterico da citologia oncoacutetica 23 44 Conceitos e caracteriacutesticas do exame de prevenccedilatildeo do cacircncer 25 45 O cacircncer do colo do uacutetero 25 5 PLANO DE ACcedilAtildeO PARA A AMPLIACcedilAtildeO DA COBERTURA DO EXAME COLPOCITOLOacuteGICO NO CENTRO DE SAUacuteDE FELICIDADE II 30 6 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS 34 REFEREcircNCIAS 35
10
1 INTRODUCcedilAtildeO
O Curso de Especializaccedilatildeo em Atenccedilatildeo Baacutesica em Sauacutede da Famiacutelia eacute
oferecido pelo Nescon aos profissionais de sauacutede das prefeituras municipais do
estado de Minas Gerais na perspectiva de que cumpra seu importante papel na
consolidaccedilatildeo da estrateacutegia e no desenvolvimento de um Sistema Uacutenico de Sauacutede
universal e com maior grau de equumlidade (NESCON 2009)
O Nescon oacutergatildeo complementar da Faculdade de Medicina da Universidade
Federal de Minas Gerais vem se caracterizando como uma das instacircncias de
cooperaccedilatildeo mais atuantes na organizaccedilatildeo de serviccedilos de sauacutede no Brasil Desde
sua criaccedilatildeo em 1983 e reativaccedilatildeo em 1986 o Nescon tem acumulado experiecircncias
que o capacitaram institucionalmente para atividades de pesquisa assessoria e
formaccedilatildeo de recursos humanos (NESCON 2009)
No art 3 do Capiacutetulo I - Da Conceituaccedilatildeo e Objetivos do Regulamento de
Orientaccedilatildeo do Trabalho de Conclusatildeo de Curso do Curso de Licenciatura em Letras
ndash Portuguecircs-Espanhol da Universidade Estadual de Ponta (2010) define que ldquoO
Trabalho de Conclusatildeo de Curso (TCC) constitui uma atividade acadecircmica de
pesquisa e sistematizaccedilatildeo do conhecimento sobre um objeto de estudo pertinente agrave
profissatildeo do licenciado e agrave realidade social em suas diferentes expressotildeesrdquo Ele eacute
desenvolvido mediante controle orientaccedilatildeo e avaliaccedilatildeo docente cuja exigecircncia eacute
um requisito essencial para o crescimento pessoal e profissional do aluno uma vez
que possibilita integrar os conhecimentos acumulados durante o curso
(UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA - 2010)
Neste sentido a motivaccedilatildeo para desenvolver este estudo surgiu da
necessidade de ampliar a cobertura de exame colpocitoloacutegico agraves mulheres
pertencentes agrave aacuterea de abrangecircncia do Centro de Sauacutede Felicidade II A
identificaccedilatildeo do baixo acesso das mulheres a esta modalidade de exame foi
percebida graccedilas agrave realizaccedilatildeo da atividade de coleta de dados realizada por ocasiatildeo
do desenvolvimento do Moacutedulo Sauacutede da Mulher do Curso de Especializaccedilatildeo em
Atenccedilatildeo Baacutesica em Sauacutede da Famiacutelia Esta atividade consistia no levantamento da
cobertura do exame citoloacutegico aplicado agraves mulheres em idade feacutertil da aacuterea de
abrangecircncia do Centro de Sauacutede em que atuo como enfermeira A anaacutelise dos
dados apontou que o nuacutemero de exames realizados no referido Centro de Sauacutede
11
natildeo atingia a cobertura preconizada pela Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede (OMS) que
eacute de 85 das mulheres adscritas na aacuterea de abrangecircncia da equipe
Apoacutes a coleta e anaacutelise dos dados para a apresentaccedilatildeo da atividade referente
ao Moacutedulo Sauacutede da Mulher deparei-me coma seguinte situaccedilatildeo no ano de 2008
foram realizados 507 exames preventivos do cacircncer de colo do uacutetero o que
correspondia a 1878 de cobertura e no periacuteodo de setembro2009 a setembro de
2010 foram realizados 583 exames preventivos correspondendo a 2159 de
cobertura Considerou-se como fonte de registro do exame citoloacutegico o livro do
consultoacuterio ginecoloacutegico no periacuteodo total de um ano
A anaacutelise da cobertura foi feita com base no total de mulheres entre 19 e 59
anos (aproximadamente 2700 mulheres) de um total aproximado de 9000
moradores O valor da cobertura populacional encontrado estaacute muito abaixo do
preconizado pela OMS para se atingir a meta de prevenccedilatildeo de morbimortalidade
por cacircncer do colo do uacutetero (BELO HORIZONTE 2008)
Contribuiacuteram tambeacutem para a escolha do tema deste trabalho a necessidade
de estudar e analisar as causas da deficiecircncia na cobertura e principalmente propor
accedilotildees com o intuito de atingir o objetivo preconizado pela OMS e referecircncia para a
Secretaria Municipal de Sauacutede de Belo Horizonte Outro fato que contribuiu tambeacutem
foi a anaacutelise da atenccedilatildeo primaacuteria agrave sauacutede realizada por ocasiatildeo das Oficinas de
Qualificaccedilatildeo da Atenccedilatildeo Primaacuteria agrave Sauacutede em Belo Horizonte (Plano Diretor da
Atenccedilatildeo Primaacuteria agrave SauacutedeSESMG) ministradas no Centro de Sauacutede
O Centro de Sauacutede surgiu em 26 de novembro de 2001 como um anexo do
Centro de Sauacutede Felicidade I em funccedilatildeo do aumento do nuacutemero de equipes de
sauacutede e o local natildeo comportou esse aumento Hoje em dia os dois Centros de
Sauacutede funcionam em unidades separadas onde cada uma possui uma estrutura
proacutepria e tem aacutereas de abrangecircncia diferentes o que divide as duas Unidades eacute o
coacuterrego Tamboril A aacuterea de abrangecircncia do Centro de Sauacutede Felicidade II tem uma
populaccedilatildeo de aproximadamente 9000 pessoas que se encontram em alta
vulnerabilidade social e assim como toda regiatildeo Norte estaacute classificada em risco
elevado e muito elevado O atendimento da populaccedilatildeo no Programa de Sauacutede da
Famiacutelia eacute coberto por trecircs equipes completas e constituiacutedas por meacutedico enfermeiro
dois auxiliares e quatro ACS (Agente Comunitaacuterio de Sauacutede)
12
O Centro de Sauacutede possui uma populaccedilatildeo de aproximadamente 9000
pessoas em sua aacuterea de abrangecircncia das quais 2700 satildeo mulheres com idade
entre 19 e 59 anos Estaacute localizado atualmente na Rua Pau Brasil 160 no bairro
Jardim Felicidade Distrito Sanitaacuterio Norte e funciona neste endereccedilo desde
novembro de 2006
O Distrito Sanitaacuterio Norte ocupa uma aacuterea de 3432 kmsup2 limitando-se com o
Municiacutepio de Santa Luzia e com os Distritos Sanitaacuterios de Venda Nova Pampulha e
Nordeste sendo sua sede localizada na Avenida Cristiano Machado 10657 Bairro
Planalto Abrange 47 bairros da regiatildeo Metropolitana de Belo Horizonte
Segundo o Censo do IBGE (2000) o Distrito Sanitaacuterio Norte possui uma
populaccedilatildeo de 193764 habitantes compondo um quadro de grandes contrastes
Possui de um lado bairros com razoaacutevel infra-estrutura urbana e poder aquisitivo da
populaccedilatildeo como por exemplo Campo Alegre Helioacutepolis Planalto Floramar e de
outro bairros vilas e assentamentos que oferecem condiccedilotildees inadequadas de
habitaccedilatildeo como Mariquinhas Zilah de Souza Spoacutesito Novo Aaratildeo Reis e o
Conjunto Jardim Felicidade que contam com uma infra-estrutura urbaniacutestica
precaacuteria
Os serviccedilos de atenccedilatildeo baacutesica agrave sauacutede do Distrito Norte satildeo realizados em
suas 19 unidades de sauacutede com funcionamento de 2ordf a 6ordf feira de 0700 agraves 1900
horas no geral sendo o atendimento de urgecircncia realizado na UPA Norte (Unidade
de Pronto Atendimento Norte) com funcionamento diaacuterio de 24 horas Contam ainda
com atendimento de sauacutede mental em 06 unidades
No Brasil o Programa de Sauacutede da Famiacutelia (PSF) iniciou-se em 1994 como
resultado do avanccedilo do Sistema Uacutenico de Sauacutede Este programa aumentou
significativamente ao longo da uacuteltima deacutecada oferecendo um novo modelo de
cuidado agrave sauacutede capaz de melhorar a qualidade de vida da populaccedilatildeo por meio de
novas poliacuteticas e organizaccedilatildeo dos serviccedilos O PSF representa uma maneira de levar
a sauacutede para mais perto das famiacutelias De acordo com o Ministeacuterio da Sauacutede
O programa de Sauacutede da Famiacutelia eacute uma proposta concreta na mudanccedila do modelo assistencial tradicional capaz de romper com o comportamento passivo das unidades baacutesicas de sauacutede O programa prioriza as accedilotildees de prevenccedilatildeo de doenccedilas e a promoccedilatildeo da sauacutede junto agrave comunidade estabelece uma relaccedilatildeo permanente entre os profissionais de sauacutede e a populaccedilatildeo assistida marcada por um atendimento humanizado e resolutivo dos problemas de sauacutede mais frequumlentes (BRASIL 2002 p 5)
13
Segundo Pinto e Coelho (2011) a Secretaria Municipal de Sauacutede de Belo
Horizonte aderiu ao Programa Sauacutede da Famiacutelia em maio de 2000 O projeto foi
implantado dando prioridade agraves aacutereas onde a populaccedilatildeo estava exposta e a
implantaccedilatildeo comeccedilou pelos Centros de Sauacutede com populaccedilatildeo de muito elevado
risco e foi se estendendo gradativamente para as populaccedilotildees de elevado risco e
meacutedio risco De laacute ateacute os dias atuais ficou evidente a importacircncia da mobilizaccedilatildeo
social para manutenccedilatildeo das equipes e com isso o projeto jaacute natildeo pertencia mais ao
governo pois foi incorporado pela cidade de Belo Horizonte como direito
De acordo com os autores passados mais de 10 anos o programa continua e
o nuacutemero de equipes de sauacutede da famiacutelia alcanccedilou as 506 equipes planejadas em
2001 mas isso natildeo se deveu agrave cobertura da populaccedilatildeo de baixo risco e sim ao
crescimento populacional
Os agentes comunitaacuterios de sauacutede fazem cerca de 2900000 visitas
domiciliares por ano O nuacutemero de consultas meacutedicas realizadas pelas equipes de
Sauacutede da Famiacutelia foi de 1899347 em 2002 (ano de implantaccedilatildeo das equipes) e de
2203257 em 2004 Em marccedilo de 2010 apenas 3 das equipes de Sauacutede da
Famiacutelia estavam desfalcadas de meacutedico generalista e mais da metade dos meacutedicos
de sauacutede da famiacutelia tinham mais de 5 anos de trabalho na Prefeitura de Belo
Horizonte (PINTO e COELHO 2011)
O exame de citologia oncoacutetica tambeacutem conhecido como Papanicolaou ou
preventivo foi introduzido na atenccedilatildeo baacutesica na deacutecada de 1970 Em Belo Horizonte
por meio da Secretaria Municipal de Sauacutede criou um protocolo o qual eacute um
instrumento que estabelece normas para intervenccedilotildees teacutecnicas o qual uniformiza e
atualiza conceitos e condutas referentes ao processo assistencial na rede de
serviccedilos Um desses protocolos aborda especificamente o controle e prevenccedilatildeo do
cacircncer de colo de uacutetero (BELO HORIZONTE 2008)
A colpocitologia oncoacutetica eacute utilizada principalmente para determinar o risco de
uma mulher vir a desenvolver o cacircncer de colo do uacutetero natildeo se tratando somente de
uma maneira de diagnosticar a doenccedila Ele eacute essencial tambeacutem para determinar
outras condiccedilotildees de sauacutede como niacutevel hormonal doenccedilas da vulva do canal
vaginal do acircnus das mamas entre outros O exame deve ser realizado
prioritariamente em mulheres de 25 a 59 anos de idade com intervalo de trecircs em
trecircs anos se os dois primeiros exames realizados a cada ano forem normais Toda
14
mulher que tem ou jaacute teve atividade sexual deve submeter-se ao exame preventivo
ateacute os 69 anos de idade (BELO HORIZONTE 2008)
Destaca-se ainda que a importacircncia do exame consiste no fato de que eacute
nessa oportunidade que o profissional avalia a sauacutede sexual e reprodutiva da
mulher pois tais fatores raramente satildeo considerados durante uma consulta cliacutenica
geral Ressalta-se tambeacutem que o acesso das mulheres ao exame colpocitoloacutegico faz parte da garantia de direitos legalmente constituiacutedos com a ampliaccedilatildeo dos
serviccedilos de promoccedilatildeo prevenccedilatildeo e assistecircncia ao cacircncer de colo de uacutetero
Espera-se que este estudo possa contribuir para a humanizaccedilatildeo da atenccedilatildeo agrave
sauacutede da mulher proporcionando um olhar mais amplo e integral sobre o estado de
sauacutede das mulheres e seus determinantes sociais Para tal buscar-se-aacute sensibilizar
a equipe do Centro de Sauacutede Felicidade II quanto agrave importacircncia da assistecircncia
integral agrave sauacutede da mulher promover a educaccedilatildeo em sauacutede para as usuaacuterias quanto
agrave importacircncia de realizar o exame preventivo de cacircncer de colo do uacutetero expandir a
agenda de consultas de assistecircncia agrave mulher garantindo aumento da cobertura de
exames preventivos e proporcionar educaccedilatildeo permanente agrave toda a equipe em
especial os ACS para uma abordagem humanizada eficaz e efetiva das usuaacuterias
15
2 OBJETIVOS
21 Geral Elaborar um plano de accedilatildeo para ampliar a cobertura do exame colpocitoloacutegico
no Centro de Sauacutede Felicidade II da Secretaria Municipal de Sauacutede de Belo
Horizonte MG promovendo assim a melhoria das condiccedilotildees de vida e sauacutede das
mulheres
22 Especiacutefico
Realizar uma revisatildeo de literatura sobre a promoccedilatildeo da sauacutede das mulheres
dando ecircnfase agrave prevenccedilatildeo do cacircncer do colo do uacutetero no sentido de subsidiar o
plano de accedilatildeo
16
3 METODOLOGIA
Trata-se de um estudo bibliograacutefico tipo revisatildeo narrativa com natureza
compreensiva do tema proposto realizada por meio da consultas a livros e artigos
em revistas cientiacuteficas do acervo de bibliotecas e base de dados virtuais no sentido
de subsidiar a elaboraccedilatildeo de um plano de accedilatildeo para o Centro de Sauacutede Felicidade
II buscando ampliar a cobertura do exame de Papanicolaou
A busca foi efetuada nas bases de dados SCIELO (Scientific Electronic
Library Online) MEDLINE(Medical Literature Analysis and Retrieval System Online -
Sistema Online de Busca e Anaacutelise de Literatura Meacutedica) LILACS (Literatura Latino-
americana em ciecircncia da Sauacutede) e outras Foram utilizados os descritores ldquosauacutede
das mulheresrdquo ldquocacircncerrdquo ldquocacircncer do colo do uacuteterordquo ldquocitologia oncoacuteticardquo e
ldquoprevenccedilatildeordquo
17
4 APRESENTACcedilAtildeO DOS RESULTADOS
41 A promoccedilatildeo da sauacutede das mulheres
Correcirca e Villela (2008) relatam que foi nas primeiras deacutecadas do seacuteculo XX
que o Brasil passou a incorporar a questatildeo da sauacutede da mulher nas poliacuteticas
nacionais cujo enfoque estava em prestar assistecircncia aos filhos das mulheres que
natildeo tinham acesso aos serviccedilos de sauacutede constituindo a atenccedilatildeo preacute-natal como
uacutenica accedilatildeo de caraacuteter universalista com relaccedilatildeo agrave sauacutede da mulher
Com as mudanccedilas na condiccedilatildeo social das mulheres ocorridas ao longo da segunda metade do seacuteculo XX as propostas de atenccedilatildeo materno-infantil mostram-se insuficientes Em 1984 eacute proposto pelo Ministeacuterio da Sauacutede o Programa de Assistecircncia Integral agrave Sauacutede da Mulher (PAISM) visando agrave extensatildeo das accedilotildees baacutesicas em sauacutede da mulher e incluindo entre outras atividades preventivas e de diagnoacutestico do cacircncer do colo do uacutetero e mamaacuterio A assistecircncia integral envolvia o atendimento de todas as necessidades da populaccedilatildeo feminina enfatizando as accedilotildees dirigidas ao controle das patologias mais prevalentes incluindo accedilotildees educativas Poreacutem a implementaccedilatildeo efetiva do Programa natildeo aconteceu como desejado ficando as atividades nos serviccedilos de sauacutede bastante focalizadas nas demandas relativas agrave contracepccedilatildeo acompanhamento da gravidez e ao parto A prevenccedilatildeo e controle do cacircncer ginecoloacutegico continuaram em segundo plano (CORREcircA e VILLELA 2008p1)
Domingos et al (2008 p 1) afirmam que ldquopor meio da promoccedilatildeo da sauacutede
caracterizada como sendo promoccedilatildeo primaacuteria e detecccedilatildeo precoce das lesotildees
precursoras (exame de Papanicolaou) eacute possiacutevel reduzir a mortalidade e
incidecircnciardquo
Em 1997 foi implantado no Paranaacute o Programa de Prevenccedilatildeo do Cacircncer do Colo do Uacutetero que prioriza inicialmente o atendimento da faixa etaacuteria de 30 a 49 anos (a mais acometida pela doenccedila no Estado) atendendo na sequumlecircncia todas as faixas etaacuterias expostas ao risco O intervalo entre os exames para controle dos casos negativos eacute de trecircs anos (DOMINGOS et al 2008 p 1)
42 A prevenccedilatildeo do cacircncer do colo do uacutetero
Narchi Janicas e Fernandes (2007) ensinam que a prevenccedilatildeo do cacircncer
ceacutervico-uterino eacute realizada em dois planos a prevenccedilatildeo primaacuteria e a secundaacuteria Na
forma primaacuteria conforme os autores deve-se atentar para os fatores de risco
18
evitaacuteveis e na atuaccedilatildeo do enfermeiro Jaacute na fase de prevenccedilatildeo secundaacuteria deve ser
feito o rastreamento captaccedilatildeo e identificar a vulnerabilidade do cacircncer
Domingos et al (2007) afirmam que a principal estrateacutegia para a prevenccedilatildeo
primaacuteria da doenccedila eacute o uso de preservativo (masculino ou feminino) durante as
relaccedilotildees sexuais visto que a infecccedilatildeo pelo viacuterus papiloma humano (HPV) estaacute
presente em 90 dos casos A prevenccedilatildeo secundaacuteria eacute realizada por meio do
exame preventivo (Papanicolaou) para a detecccedilatildeo precoce da doenccedila
Albuquerque et al (2007) afirmam que desde 1988 o Ministeacuterio da Sauacutede tem
como objetivo reduzir as taxas de morbimortalidade e com isso adota como norma
a recomendaccedilatildeo da Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede a qual propotildee que seja feito a
cada trecircs anos a realizaccedilatildeo do exame citoloacutegico do colo do uacutetero sendo dois
exames anuais consecutivos negativos para mulheres na faixa de idade de 25 a 59
anos ou que jaacute tenham atividade sexual
Iniciativas como o Programa Viva Mulher lanccedilado em 1996 e o desenvolvimento de campanhas nacionais sistemaacuteticas tecircm contribuiacutedo para o aumento da cobertura do exame no paiacutes Contudo verifica-se que as taxas de incidecircncia e de mortalidade ainda permanecem desafiando as medidas ateacute entatildeo adotadas sinalizando possiacuteveis deficiecircncias na oferta no acesso e na qualidade das referidas accedilotildees (ALBUQUERQUE et al 2007 p 1)
Nakagawa Schirmer e Barbieri (2007) relatam que a associaccedilatildeo do viacuterus
HPV com o cacircncer de colo de uacutetero comeccedilou em 1949 quando o patologista George
Papanicolaou introduziu o exame mais difundido no mundo para detectar a doenccedila
o exame que leva o seu proacuteprio nome ou seja Papanicolaou
De acordo com o desenvolvimento do carcinoma de colo de uacutetero Nakagawa
Schirmer e Barbieri (2007 p 1) afirmam que
Esse exame permitiu identificar mulheres com alteraccedilotildees celulares preacute-maligna possibilitando observar uma associaccedilatildeo da atividade sexual com o desenvolvimento do cacircncer de colo de uacutetero No entanto somente na deacutecada de 70 o conhecimento acerca da etiologia da doenccedila teve consideraacutevel avanccedilo Estudos constataram que tal associaccedilatildeo implicava na presenccedila de um agente etioloacutegico de transmissatildeo sexual Harold zur Hausen um infectologista alematildeo constatou que o Papiloma Viacuterus Humano (viacuterus HPV) poderia ser esse agente estabelecendo inicialmente a relaccedilatildeo do viacuterus com as verrugas e condilomas Somente anos mais tarde o viacuterus foi relacionado com o desenvolvimento do carcinoma de colo de uacutetero (NAKAGAWA SCHIRMER e BARBIERI 2007 p 1)
19
Os autores relatam que devido ao advento da clonagem molecular na deacutecada
de 90 e a utilizaccedilatildeo de tal tecnologia na replicaccedilatildeo do genoma do Papiloma Viacuterus
outros aspectos da infecccedilatildeo foram elucidados
Devido agrave discrepacircncia entre a alta frequumlecircncia de infecccedilotildees HPV em mulheres jovens sexualmente ativas e a ocorrecircncia relativamente baixa de lesotildees cervicais nas mesmas colocou-se em duacutevida a etiologia viral da doenccedila e concluiu-se que a infecccedilatildeo era causa necessaacuteria mas natildeo suficiente para o desenvolvimento da doenccedila uma vez que virtualmente somente uma fraccedilatildeo de mulheres portadoras do viacuterus a desenvolveria Estudos preacutevios jaacute sugeriam que um forte fator diferenciava a progressatildeo ou natildeo da doenccedila sugerindo que isto estaria relacionada aos diversos tipos do viacuterus HPV Estudos posteriores mostraram que a sua progressatildeo depende natildeo somente da presenccedila do viacuterus mas tambeacutem do tipo de viacuterus da persistecircncia da infecccedilatildeo e da evoluccedilatildeo das lesotildees precursoras para o carcinoma invasivo (NAKAGAWA SCHIRMER e BARBIERI 2007 p 1)
Segundo Narchi Janicas e Fernandes (2007) a prevenccedilatildeo primaacuteria do cacircncer
ceacutervico-uterino refere-se agrave reduccedilatildeo da exposiccedilatildeo aos fatores de risco como o iniacutecio
precoce da atividade sexual a multiplicidade de parceiros as doenccedilas sexualmente
transmissiacuteveis especialmente a infecccedilatildeo causada pelo HPV e multiparidade Aleacutem
disso outros fatores tecircm sido relacionados ao cacircncer ceacutervico-uterino em estudos
epidemioloacutegicos ainda natildeo conclusivos dentre eles o uso de anticoncepcional oral
as situaccedilotildees de imunossupressatildeo como diabete lupus corticoterapia e Aids o
tabagismo e a alimentaccedilatildeo pobre em folatos vitaminas A e C e betacaroteno
Atualmente considera-se fundamental a relaccedilatildeo entre o desenvolvimento do cacircncer ceacutervico-uterino e a transmissatildeo sexual HPV Nesse sentido a prevenccedilatildeo primaacuteria tem como foco a praacutetica de sexo seguro No entanto apesar da divulgaccedilatildeo da importacircncia do uso de preservativos para diminuiccedilatildeo potencial do risco de transmissatildeo do HPV observa-se que seu uso depende de uma serie de fatores como o conhecimento a respeito da doenccedila e suas formas de prevenccedilatildeo a percepccedilatildeo de risco de infecccedilatildeo as crenccedilas e valores culturais as iniquidades de gecircnero e como elas se revelam o grau de autonomia e poder de negociaccedilatildeo sexual nas relaccedilotildees afetivo-sexuais acesso ao serviccedilo de sauacutede e a oferta de preservativos (NARCHI JANICAS e FERNANDES 2007 p 129)
Ceacutesar et al (2003) afirmam que exames preventivos perioacutedicos permitem
reduzir em ateacute 70 a sua mortalidade na populaccedilatildeo de risco A faixa etaacuteria mais
acometida vai dos 25 aos 60 anos e o seu mais importante determinante eacute o
papilomaviacuterus humano De acordo com o Instituto Nacional de Cacircncer (INCA)
O Instituto Nacional de Cacircncer (INCA) recomenda o exame citopatoloacutegico para cacircncer de colo uterino a toda mulher com idade entre 20 e 60 anos e que possua vida sexual ativa Inicialmente o exame deve ser feito a cada trecircs anos Em caso de dois resultados negativos para displasia ou
20
neoplasia um novo exame deveraacute ser repetido uma vez a cada trecircs anos (BRASIL 2002 apud CEacuteSAR et al 2003 p 1371)
Narchi Janicas e Fernandes (2007) afirmam que de modo contextual a
prevenccedilatildeo primaacuteria eacute realizada a partir identificaccedilatildeo da presenccedila de fatores de risco
com vistas a prevenir o surgimento da doenccedila Sabe-se que o cacircncer ceacutervico-uterino
haacute muito vem sendo associado ao baixo niacutevel socioeconocircmico tanto a exposiccedilatildeo
aos fatores de risco quanto especialmente pela desigualdade no acesso aos
serviccedilos de sauacutede Essas barreiras satildeo multidimensionais inserindo-se em um
contexto social amplo que a barca desde dificuldades geograacuteficas de informaccedilatildeo
familiares econocircmicas culturais religiosas e emocionais ateacute as relacionadas agraves
poliacuteticas de sauacutede Diante dessa constataccedilatildeo acredita-se que a anaacutelise dos
programas e a proposiccedilatildeo de estrateacutegias devam tambeacutem corresponder agrave amplitude
dos fatores intervenientes
De acordo com as autoras no que diz respeito agrave prevenccedilatildeo primaacuteria o
Programa de Sauacutede da Famiacutelia (PSF) tem importante papel na identificaccedilatildeo de
grupos de mulheres com perfil de risco para desenvolver o cacircncer ceacutervico-uterino e
com base nas necessidades levantadas implementar accedilotildees de intervenccedilatildeo no meio
ambiente e em seus fatores de risco De acordo com as autoras diversas
estrateacutegias podem reduzir os fatores de risco para cacircncer ceacutervico-uterino dentre as
quais destacam-se realizaccedilatildeo de grupos educativos que permitam a discussatildeo de
temas como sexualidade e gecircnero vulnerabilidade e prevenccedilatildeo as DST
planejamento familiar qualidade de vida e prevenccedilatildeo do cacircncer ginecoloacutegico entre
outros As autoras destacam tambeacutem a importacircncia mobilizaccedilatildeo das mulheres para
o autocuidado e a busca de melhor qualidade de vida (grupos de caminhada cultivo
de hortas caseiras por exemplo) valorizaccedilatildeo da integralidade na assistecircncia e no
estiacutemulo a uma participaccedilatildeo ativa das mulheres com atitudes assertivas em relaccedilatildeo
a sauacutede identificaccedilatildeo e minimizaccedilatildeo das dificuldades de acesso ao serviccedilo de
sauacutede sejam elas barreiras individuais e institucionais (NARCHI JANICAS e
FERNANDES 2007)
Ainda conforme as autoras aleacutem das atividades comunitaacuterias que podem ser
realizadas pela equipe de sauacutede da famiacutelia o enfermeiro tambeacutem pode instituir
grupos educativos de coleta ou de resultados da colpocitologia na unidade baacutesica de
sauacutede (UBS) ou na unidade de sauacutede da famiacutelia (USF) abordando temaacuteticas
21
voltadas agrave sexualidade higiene iacutentima prevenccedilatildeo de DST prevenccedilatildeo do cacircncer
ginecoloacutegico e teacutecnica de coleta do exame As autoras afirmam que esses grupos
aleacutem de disponibilizarem um espaccedilo para a socializaccedilatildeo do conhecimento
possibilitam a integraccedilatildeo entre profissionais e pacientes e estimulam o
autoconhecimento do corpo e da sexualidade familiarizando a mulher ao ambiente e
ao exame e minimizando sentimentos negativos como o medo a vergonha o
nervosismo e o constrangimento que por vezes as impedem de aderir ao programa
Essa estrateacutegia seraacute possiacutevel agrave medida que o profissional estiver sensibilizado e
capacitado para implementaacute-la utilizando habilidades de aconselhamento e
abordagem empaacutetica (NARCHI JANICAS e FERNANDES 2007)
O enfermeiro deve ainda avaliar a presenccedila de fatores de risco na consulta
de enfermagem agrave mulher com vistas a realizar as intervenccedilotildees necessaacuterias e o
acompanhamento mais frequente Diante disso eacute recomendado que na consulta de
retorno para recebimento do laudo da colpocitologia seja realizado procedimento de
aconselhamento sobre DST e Aids antes de discutir o resultado e a conduta
No que diz respeito agrave prevenccedilatildeo secundaacuteria do cacircncer ceacutervico-uterino Narchi
Janicas e Fernandes (2007) afirmam que se deve realizar o exame citopatoloacutegico
para que seja feita a detecccedilatildeo do cacircncer in situ ou das lesotildees precursoras trataacuteveis
e curaacuteveis em ateacute 100 dos casos Para as autoras o acolhimento deveraacute ocorrer
em todas as fases da assistecircncia ou seja desde o primeiro contato com a mulher o
que pode ocorrer em seu domiciacutelio quanto no agendamento ao se verificar acerca
do aprazamento da colpocitologia Citam tambeacutem que esse exame tem sido
utilizado em programas de rastreamento do cacircncer ceacutervico-uterino em todo o mundo
(screening) para interromper o ciclo evolutivo da doenccedila detectando-a em fase preacute-
invasiva trataacutevel e curaacutevel Relatam ainda que os paiacuteses que desenvolveram o
programa tanto com identificaccedilatildeo efetiva da populaccedilatildeo de risco qualidade coleta e
na interpretaccedilatildeo dos resultados quanto com tratamento e acompanhamento
adequados dos casos de alto risco lograram reduccedilatildeo significativa na incidecircncia e na
mortalidade por essa patologia
Segundo a OMS para que um programa de rastreamento do cacircncer ceacutervico-
uterino cause impacto epidemioloacutegico eacute necessaacuterio realizar uma cobertura superior a
80 o que representaria um impacto de 50 na reduccedilatildeo da mortalidade por essa
doenccedila Entretanto nos paiacuteses em desenvolvimento como o Brasil a cobertura
22
desse teste ainda natildeo alcanccedilou niacuteveis suficientes e coerentes com as necessidades
da populaccedilatildeo feminina sob maior risco de contrair a doenccedila
Narchi Janicas e Fernandes (2007) relatam que no Brasil as accedilotildees de
intervenccedilatildeo e controle do cacircncer ceacutervico-uterino tecircm sido norteadas pela distribuiccedilatildeo
das lesotildees cervicais segundo as faixas etaacuterias de mulheres mais acometidas pela
doenccedila e pela periodicidade dos exames citopatoloacutegicos seguindo a loacutegica
epidemioloacutegica do risco e da relaccedilatildeo custobenefiacutecio que norteiam as intervenccedilotildees
em sauacutede publica Poreacutem por vaacuterios anos essa cobertura esteve descontextualiza
da no paiacutes de forma a disponibilizar a citopatologia apenas durante o preacute-natal natildeo
atingindo a populaccedilatildeo de mulheres da faixa etaacuteria de maior risco subutilizando os
equipamentos de sauacutede e tornando o programa ineficiente Conforme as autoras
vaacuterios estudos que investigaram os motivos que dificultam a captaccedilatildeo das mulheres
para a prevenccedilatildeo do cacircncer ginecoloacutegico ressaltam a amplitude do problema que
perpassa por diversas esferas assumindo aspecto multidimensional
Narchi Janicas e Fernandes (2007) ressaltam ainda que o modelo
contextual proposto por Pinho amp Franccedila-Junior analisa o acesso e a utilizaccedilatildeo dos
serviccedilos preventivos em trecircs planos individual organizacionalprogramaacutetico e social
dispostos em uma estrutura dinacircmica e relacional Esse modelo propotildee que a
realizaccedilatildeo da colpocitologia seja produto da interaccedilatildeo desses trecircs planos dos quais
emergem os elementos necessaacuterios para definir uma situaccedilatildeo de vulnerabilidade
individual programaacuteticaorganizacional e social do cacircncer ceacutervico-uterino Para as
autoras o plano individual representado por caracteriacutesticas relacionadas agrave
realizaccedilatildeo do exame definiraacute a vulnerabilidade individual da mulher a doenccedila A
vulnerabilidade eacute representada por um conjunto de fatores cognitivos relacionados a
real falta de conhecimento sobre a doenccedila e o exame o que contribui para a
reduccedilatildeo de praacuteticas sexuais seguras e de prevenccedilatildeo secundaacuteria Tal vulnerabilidade
individual pode ser criada e percebida pelas mulheres ou a elas imposta no
momento em que se enfatiza o risco da natildeo-realizaccedilatildeo da colpocitologia em vez da
ecircnfase ao benefiacutecio da accedilatildeo gerando ou reforccedilando sentimento de medo em
relaccedilatildeo ao cacircncer que pode provocar tanto um efeito propulsor que induz a mulher
para a realizaccedilatildeo do exame quanto um efeito mais restritivo ao exame pelo medo
de sentir dor ou de receber um resultado positivo concluem as autoras
23
No plano organizacional ou programaacutetico inserem-se as caracteriacutesticas
relacionadas agrave disponibilidade de serviccedilos de sauacutede em relaccedilatildeo agrave demanda e a sua
acessibilidade geograacutefica a organizaccedilatildeo e as necessidades da populaccedilatildeo usuaacuteria e
ao planejamento das accedilotildees efetivas na prevenccedilatildeo e na promoccedilatildeo a sauacutede sob a
forma de programas organizados de rastreamento do cacircncer cervical que primem
pelo respeito agrave autonomia individual e pela abordagem integral mulher (NARCHI
JANICAS e FERNANDES 2007)
Ainda segundo os autores um dos fatores que contribuem para a baixa
adesatildeo das mulheres ao programa eacute a falta de humanizaccedilatildeo na assistecircncia pois a
violecircncia institucional sofrida pelas mulheres durante a consulta ginecoloacutegica pode
ser traduzida pela humilhaccedilatildeo por constrangimento e pela forma fria e
despersonalizada com que satildeo atendidas sem serem esclarecidas quanto ao
resultado do exame ou por realizarem tratamentos por vaacuterios anos sem sequer
terem noccedilatildeo dos seus objetivos Isso submete a mulher a uma assistecircncia
medicalizada e indigna na qual se perde a oportunidade de investir em prevenccedilatildeo
primaacuteria (NARCHI JANICAS E FERNANDES 2007)
De acordo com Dias-da-Costa et al (2003) quando se fala acerca da sauacutede
puacuteblica eacute sabido que a efetividade do programa de controle do cacircncer de colo do
uacutetero depende da cobertura populacional alcanccedilada Poreacutem no Brasil a avaliaccedilatildeo
da efetividade de programas de prevenccedilatildeo e accedilotildees de sauacutede puacuteblica ainda eacute
considerada incipiente
43 Contexto histoacuterico da citologia oncoacutetica
Montemor et al (2008 p 45) relatam que na eacutepoca em que a citologia
ginecoloacutegica estava em desenvolvimento agrave ideacuteia preponderante entre os
ginecologistas era que sendo o colo uterino facilmente acessiacutevel agrave bioacutepsia dava-se
preferecircncia ao estudo histoloacutegico pois a citologia ainda carecia de credibilidade
diagnoacutestica
Os autores afirmam que foi Aureli Babes um patologista romeno em 1928
que sugeriu que fosse feita a coleta direta de material do colo uterino para o
diagnoacutestico do cacircncer sendo que o mesmo foi o primeiro pesquisador que
descreveu de forma minuciosa a teacutecnica de coleta utilizando a coloraccedilatildeo atraveacutes do
24
meacutetodo de Giemsa Entretanto ainda de acordo com os autores foi George
Nicholas Papanicolaou um grego nascido em 1883 em Kymi na ilha grega de
Euboea que se aprofundou nos estudos acerca da citologia ginecoloacutegica o qual em
1913 se fixou nos Eua como pesquisador do laboratoacuterio do Hospital de Nova Iorque
Segundo os autores Neste sentido os autores afirmam que
Papanicolaou quando estudava as alteraccedilotildees hormonais das ceacutelulas nas diferentes fases do ciclo menstrual observou que tambeacutem era possiacutevel o diagnoacutestico das ceacutelulas tumorais do colo uterino Em 1941 publicou no American Journal of Obstetrics and Gynecology em co-autoria com Traut um trabalho com o tiacutetulo de O valor diagnoacutestico dos esfregaccedilos vaginais no carcinoma do uacutetero Nessa publicaccedilatildeo mostra a possibilidade de fazer diagnoacutestico de carcinoma do colo uterino atraveacutes de ceacutelulas atiacutepicas presentes nos esfregaccedilos bem como enfatiza a necessidade de aplicar esse meacutetodo simples e de baixo custo a um grande nuacutemero de mulheres O meacutetodo de coloraccedilatildeo dos esfregaccedilos citoloacutegicos que leva o nome de ldquoColoraccedilatildeo de Papanicolaourdquo eacute ainda hoje largamente utilizado (MONTEMOR et al 2008 p 46)
Os autores relatam ainda que em meados de 1940 o J Ernest Ayre um
meacutedico canadense utilizou uma espaacutetula a qual leva o seu nome para obter
raspados do colo uterino possibilitando dessa forma uma maneira praacutetica e
eficiente de coleta de material para a realizaccedilatildeo de exames em grande escala
(MONTEMOR et al 2008) De acordo com Tavares et al (2007) o exame
citopatoloacutegico foi sugerido como uma ferramenta para a detecccedilatildeo precoce do cacircncer
do colo do uacutetero em 1941
Conforme Hackenhaar Ceacutesar e Domingues (2006) a prevenccedilatildeo considerada
como secundaacuteria do cacircncer do colo uterino tem se centralizado no rastreamento de
mulheres sexualmente ativas atraveacutes do exame citopatoloacutegico do colo uterino O
qual foi adotado para rastreamento na deacutecada de 50 em vaacuterios paiacuteses uma vez que
identifica lesotildees preacute-cancerosas que se tratadas minimizam a incidecircncia de
carcinoma invasor e com isso a mortalidade pelo cacircncer de colo uterino Segundo
os autores
Em 1998 o Ministeacuterio da Sauacutede do Brasil estabeleceu que o exame para a detecccedilatildeo precoce do cacircncer do colo uterino deveria ser realizado por mulheres com idade entre 25 e 60 anos ou antes desta faixa etaacuteria caso jaacute tivessem mantido relaccedilotildees sexuais Para estas mulheres a periodicidade deveria ser de trecircs em trecircs anos se os dois primeiros exames realizados a cada ano fossem normais Em 2002 ocorreu a fase de intensificaccedilatildeo da campanha que tinha por objetivo realizar exames nas mulheres de 35 a 49 anos que nunca haviam realizado este tipo de exame ou que o houvessem
25
realizado haacute mais de trecircs anos (HACKENHAAR CEacuteSAR e DOMINGUES 2006 p 1)
44 Conceitos e caracteriacutesticas do exame de prevenccedilatildeo do cacircncer
Conforme Montemor et al (2008) o exame citopatoloacutegico tambeacutem conhecido
como exame Papanicolaou ou ainda exame preventivo do cacircncer do colo do uacutetero
tem como objetivo a anaacutelise das ceacutelulas obtidas por raspagem do colo uterino
(ectoceacutervice e canal endocervical) com as quais eacute realizado esfregaccedilo sobre uma
lacircmina de vidro De acordo com os autores as caracteriacutesticas morfoloacutegicas das
ceacutelulas satildeo observadas ao microscoacutepio e quando alteradas ou seja quando estatildeo
diferentes daquelas consideradas normais sugerem tratar-se de processo preacute-
neoplaacutesico ou neoplaacutesico Os autores afirmam ainda que atualmente o exame
citopatoloacutegico eacute o meacutetodo de rastreamento para cacircncer do colo uterino mais utilizado
em todo o mundo
De acordo com Tavares (2007) o exame citopatoloacutegico eacute considerado um
meacutetodo eficiente pois tem a habilidade de identificar lesotildees precursoras do cacircncer
do colo do uacutetero que naquele momento satildeo trataacuteveis podendo resultar em
significante decreacutescimo da mortalidade por esse tipo de cacircncer
45 O cacircncer do colo do uacutetero
Segundo Zeferino (2008) o cacircncer do colo uterino tem sido um desafio para a
sauacutede puacuteblica na reduccedilatildeo de morte de mulheres por causa desse mal uma vez que
se trata de uma doenccedila que pode ser evitada por meio do diagnoacutestico e do
tratamento de suas lesotildees precursoras Neste sentido Narchi Janicas e Fernandes
(2007) concordam com Zeferino (2008) quando afirmam que o cacircncer chamado por
eles de cacircncer ceacutervico-uterino vem sendo alvo de atenccedilatildeo por parte da comunidade
cientiacutefica devido ocupar lugar de destaque no que diz respeito agraves elevadas taxas de
morbidade e mortalidade entre a populaccedilatildeo feminina principalmente em paiacuteses em
desenvolvimento uma vez que trata-se de um tipo de cacircncer que estaacute relacionado
ao perfil epidemioloacutegico das mulheres cuja frequecircncia dos fatores de risco e do grau
de implementaccedilatildeo de accedilotildees de curto e longo prazos em todos os niacuteveis de atenccedilatildeo
26
De acordo com Hackenhaar Ceacutesar e Domingues (2006 p1) ldquoo cacircncer do
colo uterino eacute um problema de sauacutede puacuteblica mundialrdquo Segundo os autores
Em 2000 havia uma estimativa de 468000 casos com 233000 mortes por este tipo de cacircncer em todo o mundo Destas mortes 80 ocorreriam nos paiacuteses em desenvolvimento No Brasil o cacircncer de colo uterino representa a segunda maior causa de morte por cacircncer entre as mulheres (HACKENHAAR CEacuteSAR e DOMINGUES 2006 p 1)
Por meio do controle perioacutedico utilizando-se o exame citoloacutegico eacute possiacutevel
reduzir sua incidecircncia pois dados da Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede (OMS)
afirmam que a cada ano surgem cerca de 500 mil novos casos de cacircncer do colo
uterino por ano no mundo todo sendo que mais de 400 mil ocorrem em paiacuteses em
desenvolvimento (ZEFERINO 2008) Este dado eacute confirmado por Ceacutesar et al
(2003) quando os autores afirmam que cerca de 80 dos casos de cacircncer de colo
uterino ocorrem nos paiacuteses pobres
Domingos et al (2007 p 1) explicam que ldquoo cacircncer de colo de uacutetero eacute uma
doenccedila de evoluccedilatildeo lenta levando em meacutedia 14 anos para sua evoluccedilatildeo total
Inicia-se com alteraccedilotildees miacutenimas nas ceacutelulas denominadas displasia e se natildeo
forem tratadas estas alteraccedilotildees evoluemrdquo De acordo com os autores
Com o desenvolvimento da doenccedila em meacutedia trecircs anos apoacutes a constataccedilatildeo das primeiras alteraccedilotildees celulares surge um tumor localizado chamado carcinoma in situ Este cacircncer desenvolve-se por mais seis anos invadindo a mucosa do uacutetero quando recebe o nome de carcinoma invasor Apoacutes 14 anos das primeiras alteraccedilotildees celulares o cacircncer atinge a forma mais grave com o aparecimento de metaacutestase espalhando-se assim por outras regiotildees do corpo (DOMINGOS et al 2007 p 1)
Conforme Rodrigues Neto Figueiredo e Siqueira (2008 p 1) o cacircncer tem
sido responsaacutevel por seis milhotildees de mortes por ano correspondendo a 12 das
mortes mundiais ldquoEstima-se a ocorrecircncia de mais de dez milhotildees de novos casos
de cacircncer por ano sendo que para o ano de 2020 espera-se que haja mais de 15
milhotildees de casos novosrdquo Para os autores
O cacircncer do colo do uacutetero (CCU) ocupa o 2ordm lugar na incidecircncia mundial de neoplasias estando atraacutes apenas do cacircncer de mama Por ano no mundo ocorrem cerca de 235 mil mortes devido ao CCU sendo 218 mil em paiacuteses considerados pobres ou emergentes(4) onde ocorre quase 60 dos casos novos de cacircncer ocupando um lugar de destaque nas taxas de morbimortalidade entre a populaccedilatildeo feminina Ressalta-se que na Ameacuterica Latina se encontram as mais altas taxas de incidecircncia desta doenccedila
27
representando uma das causas de oacutebito mais frequumlente entre as mulheres [] Natildeo considerando os carcinomas de pele natildeo melanoma o CCU eacute o mais incidente na Regiatildeo Norte (22100000) Jaacute nas regiotildees Sul (24100000) Centro-Oeste (19100000) e Nordeste (18100000) ocupa a segunda posiccedilatildeo e no Sudeste (18100000) a quarta posiccedilatildeo estando assim associado a regiotildees brasileiras de baixo niacutevel socioeconocircmico (RODRIGUES NETO FIGUEIREDO e SIQUEIRA 2008 p 1)
Dentre os fatores causadores e facilitadores desse tipo de cacircncer Ceacutesar et al
(2003) citam fatores reprodutivos maternos tais como iniacutecio precoce de atividade
sexual e comportamento sexual masculino baixo niacutevel socioeconocircmico muacuteltiplos
parceiros sexuais higiene sexual precaacuteria ocorrecircncia de abortos (particularmente os
induzidos) alcoolismo e tabagismo e uso de anticoncepcional oral Domingos et al
(2007 p 1) afirmam que ldquoo cacircncer do colo do uacutetero eacute um dos maiores problemas da
sauacutede da mulher em todo o mundo Estima-se que a cada ano ocorram no mundo
493000 novos casos da doenccedila e 274000 mortesrdquo
ldquoSegundo dados do Ministeacuterio da Sauacutede (MS) no ano de 2002 4091
mulheres morreram no Brasil vitimadas por este tipo de cacircncer Destas 297
ocorreram no Estado do Paranaacute na faixa etaacuteria de 30 a 49 anosrdquo (DOMINGOS et al
2007 p 1)
Zeferino (2008) relata que no Brasil o cacircncer do colo uterino eacute o terceiro mais
frequumlente o qual eacute superado apenas pelos cacircnceres de pele e de mama Trata-se
da quarta causa de oacutebito entre as mulheres superado apenas pelos cacircnceres de
mama do pulmatildeo e do coacutelon-reto No ano de 2003 foram registradas 4110 mortes
com cacircncer de colo uterino correspondendo a 7 do total dos oacutebitos devido a
cacircncer em mulheres De acordo com o autor
Cerca de 90 dos cacircnceres de colo uterino originaram-se de ceacutelulas escamosas sendo chamados de carcinomas escamosos ou carcinomas epidermoacuteides e outros 10 originaram-se de ceacutelulas glandulares sendo entatildeo chamados de adenocarcinomas Raramente podem aparecer os dois tipos de ceacutelulas e satildeo chamados carcinomas adenoescamosos Todavia tem sido observado que a proporccedilatildeo de adenocarcinoma do colo uterino tem aumentado nas uacuteltimas deacutecadas particularmente em mulheres jovens (BULK et al 2005 apud ZEFERINO 2008 p 68)
Segundo dados do INCA (2002 apud Ceacutesar et al 2003 p 1366) ldquono Brasil
o cacircncer de colo uterino eacute o segundo entre os tumores ginecoloacutegicos malignos e o
terceiro mais comum na populaccedilatildeo feminina Representa 10 de todos os cacircnceres
malignos em mulheresrdquo
28
De acordo com Albuquerque et al (2009) ldquoa infecccedilatildeo preacutevia pelo papiloma
viacuterus humano (HPV) tem sido apontada como o principal fator de risco para o cacircncer
de colo de uacuteterordquo Fatores como iniacutecio precoce da atividade sexual multiplicidade de
parceiros sexuais uso de contraceptivos orais tabagismo situaccedilatildeo conjugal e baixa
condiccedilatildeo soacutecio-econocircmica tecircm sido apontados como fatores de risco importantes
para o desenvolvimento dessa neoplasia
Narchi Janicas e Fernandes (2007) relatam que o cacircncer ceacutervico-uterino tem
sua origem a partir de uma lesatildeo intra-epitelial progressiva a qual pode evoluir para
um cacircncer invasivo dentro de um prazo em torno de 10 a 20 anos caso natildeo seja
oferecido tratamento
Conforme as autoras durante o periacuteodo de evoluccedilatildeo da doenccedila ela passa por
fases preacute-cliacutenicas detectaacuteveis e curaacuteveis lhe conferindo elevado potencial de
prevenccedilatildeo e cura Corresponde a cerca de 15 de todos os cacircnceres femininos
sendo o segundo tipo mais comum entre as mulheres Ainda na visatildeo das autoras a
mortalidade pelo cacircncer ceacutervico-uterino pode ser evitada devido agrave lenta evoluccedilatildeo da
doenccedila e devido aos recursos tecnoloacutegicos o diagnoacutestico e o tratamento oportunos
das lesotildees precursoras as quais satildeo curaacuteveis em ateacute 100 dos casos Entretanto
conforme as autoras mesmo o Brasil ter sido um dos primeiros paiacuteses a realizar os
exames de colpocitologia e colposcopia esse tipo de cacircncer ainda continua sendo
um seacuterio problema de sauacutede puacuteblica por manter uma das mais elevadas taxas de
oacutebito como pode ser verificado a seguir
No Brasil as accedilotildees de controle do cacircncer ginecoloacutegico iniciaram-se de forma programaacutetica em 1983 eacutepoca de implantaccedilatildeo do Programa de Assistecircncia Integral agrave Sauacutede da Mulher (PAISM) que representou uma ampliaccedilatildeo do foco de assistecircncia agrave mulher para aleacutem do ciclo graviacutedico-puerperal No entanto apesar das recomendaccedilotildees de implantaccedilatildeo ou ampliaccedilatildeo das atividades de diagnoacutestico do cacircncer ceacutervico-uterino e de educativas com vistas agrave prevenccedilatildeo da doenccedila por mais de uma deacutecada as accedilotildees de combate a essa doenccedila foram desenvolvidas no paiacutes de forma desarticulada por iniciativa de apenas alguns Estados e municiacutepios (NARCHI JANICAS e FERNANDES 2007 p 128)
Os autores pesquisados nesta revisatildeo narrativa serviram de subsiacutedios para a
elaboraccedilatildeo do plano de accedilatildeo apresentado no proacuteximo capiacutetulo cujo objetivo eacute
aumentar a cobertura do exame de prevenccedilatildeo do cacircncer do colo do uacutetero no Centro
de Sauacutede Felicidade II
29
5 PLANO DE ACcedilAtildeO PARA A AMPLIACcedilAtildeO DA COBERTURA DO EXAME COLPOCITOLOacuteGICO NO CENTRO DE SAUacuteDE FELICIDADE II
De acordo com a atividade realizada no Moacutedulo da Sauacutede da Mulher foram
constatados alguns problemas em relaccedilatildeo agrave cobertura do exame colpocitoloacutegico no
Centro de Sauacutede Felicidade II o qual apresentou em 2009 baixa cobertura A partir
daiacute foram detectados outros fatores que contribuem para o baixo iacutendice de
cobertura aqueacutem do que eacute preconizado pela Secretaacuteria Municipal de Sauacutede Neste
sentido o plano de accedilatildeo descrito no Quadro 1 vem propor estrateacutegias visando
ampliar da cobertura do exame colpocitoloacutegico e minimizar os problemas levantados
Acredita-se que por meio da implantaccedilatildeo do plano de accedilatildeo sugerido o
Centro de Sauacutede Felicidade II teraacute maior e melhor desempenho de sua equipe
alcanccedilando com isso o aprimoramento no atendimento da populaccedilatildeo alvo da
instituiccedilatildeo
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QUADRO1 - PLANO DE ACcedilAtildeO PARA AUMENTAR A COBERTURA DO EXAME DE PREVEN9AO DO COLO DO UTERO PARA A EQUIPE DE SAUDE DO CENTRO DE SAUDE FELICIDADE II
PROBLEMA ATIVIDADES ACcedilOtildeES META RESPONSAVEL PERIODO
As ACS sentem inseguros para orientar agraves mulheres em relaccedilatildeo aos cuidados para realizar o exame preventivo por falta de conhecimento
Educaccedilatildeo em Sauacutede
Capacitaccedilatildeo da equipe sobre a importacircncia do exame colpocitoloacutegico
Nivelar o conhecimento dos membros da equipe
Municiacutepio Gerecircncia Regional de Sauacutede
Outubro2011
Enfermeiro natildeo se sente capacitado para a realizaccedilatildeo do exame de Papanicolaou
Capacitaccedilatildeo Teacutecnica do enfermeiro para a realizaccedilatildeo do exame de Papanicolaou
Solicitar agrave Ginecologista enfermeira treinamentocapacitaccedilatildeo do enfermeiro
Instrumentalizar o enfermeiro para a realizaccedilatildeo coleta de material
Enfermeira de outra Unidade Baacutesica de Sauacutede Meacutedico Ginecologista
Outubro2011
Baixo iacutendice de cobertura do exame citoloacutegico
Elaboraccedilatildeo de um instrumento para coleta de dados para identificar as mulheres de 25 a 59 anos na aacuterea de abrangecircncia do centro de sauacutede e tambeacutem para levantar quais os fatores que impeditivos para a realizaccedilatildeo do exame Incluir as mulheres identificadas no arquivo rotativo
Visita domiciliar
Visitar todas as mulheres dentro da aacuterea de abrangecircncia da UBS
ACS Novembro2011 Dezembro2011
Baixo iacutendice de cobertura do exame citoloacutegico
Agendamento da consulta de enfermagem consulta meacutedica para atender as prioridades levantadas no diagnoacutestico da atividade anterior para realizaccedilatildeo do exame Priorizar mulheres que nunca fizeram o exame ou que fizeram a mais de trecircs anos
Visita domiciliar Consulta de Enfermagem e consulta meacutedica
Orientar as mulheres sobre o exame preventivo Realizar o exame
ACS Meacutedico e enfermeira
Janeiro2012
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O agendamento das consultas e marcado para datas muito distantes o que geralmente faz com que a mulher esqueccedila
Comunicaccedilatildeo da data do exame com antecedecircncia
Elaborar uma forma de entrar em contato com a paciente cinco dias antes da consulta agendada
Diminuir o iacutendice de ausecircncia agraves consultas
ACS Novembro2011
Desconhecimento das mulheres sobre o exame preventivo e os cuidados preparativos para o exame
Orientaccedilatildeo das mulheres sobre o exame e os cuidados preparativos para o exame
Criar um informativo contendo as orientaccedilotildees sobre o exame e os cuidados para serem entregue as usuaacuterias no momento da visita do ACS para informaacute-las da data e horaacuterio da consulta
Orientar todas usuaacuterias
Enfermeiro ACS
Janeiro2011
Entrega de resultados dos preventivos sem alteraccediloespelos ACSrsquos
Entrega do resultado do exame
Agendar um dia na semana para a entrega dos resultados dos exames Todos os exames deveratildeo ser vistos pelo enfermeiro Aqueles que apresentarem alguma alteraccedilatildeo a paciente deve ser encaminhada ao meacutedico Teacutecnico de Enfermagem Enfermeiro
Orientar as usuaacuterias
Os exames com resultados normais seratildeo entregues pelo teacutecnico de enfermagem Aqueles que apresentarem alguma alteraccedilatildeo seratildeo entregues pelo enfermeiro que deveraacute fazer os devidos encaminhamentos quando necessaacuterios
Dezembro2011
Entrega dos resultados de exames com alteraccedilotildees apoacutes consultas de retorno agendadas para usuaacuterias
Orientaccedilatildeo encaminhamento e acompanhamento da usuaacuteria
Visita domicilar Consulta de enfermagemconsulta meacutedica
Avaliar o estado de sauacutede da mulher Acompanhamento e orientaccedilotildees
Meacutedico e enfermeira Janeiro2012
Monitoramento e acompanhamento
- Agendamentos anuais - Elaboraccedilatildeo um arquivo rotativo - Estabelecimento de Indicadores de acompanhamento e
- Controlar a marcaccedilatildeo de consulta no intervalo de trecircs anos se apoacutes dois anos consecutivos de coleta os resultados forem negativos para
Monitorar o exame preventivo Acompanhar o estado de sauacutede das mulheres pela
Enfermeira e Teacutecnico de enfermagem
Novembro2011
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avaliaccedilatildeo das accedilotildees votadas agrave sauacutede da mulher pela equipe de sauacutede
displasia ou neoplasia - Fazer a busca das usuaacuterias faltosas aos exames e consultas
equipe
Falta de interesse e conscientizaccedilatildeo em relaccedilatildeo agrave importacircncia do exame preventivo
Atendimento de Grupos Retomar o grupo de mulheres onde seratildeo abordados temas relativos agrave sauacutede da mulher Realizar orientaccedilotildees por meio de palestras nos grupos operativos
Conscientizar as mulheres sobre a importacircncia da realizaccedilatildeo do exame
Equipe de Sauacutede Fevereiro2012
Consulta eacute marcada com um meacutedico do sexo masculino
Agendamento com o enfermeiro quando possiacutevel
Reforccedilar com a paciente que durante a consulta estaraacute presente uma Auxiliar de Enfermagem
Diminuir a evasatildeo do exame prevenccedilatildeo Diminuir a resistecircncia ao atendimento masculino
Disponibilizar uma auxiliar ou teacutecnica de enfemagem para acompanhar o meacutedico durante o exame
Dezembro2011
Falta disponibilidade de horaacuterios mais flexiacuteveis pois haacute concentraccedilatildeo de horaacuterio pela manhatilde
Adequaccedilatildeo da Agenda Alteraccedilotildees na agenda com horaacuterios para adequar agraves necessidades dos usuaacuterios
Marcar os exames preventivos para o horaacuterio da tarde
Enfermeira e meacutedico Janeiro2012
33
6 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
A poliacutetica da sauacutede tem como principal objetivo promover mudanccedilas no intuito
de melhorar o niacutevel da sauacutede da populaccedilatildeo Diante dos resultados apurados nesse
estudo percebe-se a necessidade das intervenccedilotildees a serem efetuadas no Centro de
Sauacutede Felicidade II visando melhorar o iacutendice de cobertura dos exames
preventivos
Assim a realidade percebida no Centro de Sauacutede Felicidade II eacute que o
desempenho da equipe exerce grande impacto no desenvolvimento das accedilotildees
alcanccedilando dessa forma o objetivo de contribuir com o aprimoramento e a
consolidaccedilatildeo da assistecircncia agrave sauacutede da populaccedilatildeo
Como problemas levantados em relaccedilatildeo a baixa cobertura da prevenccedilatildeo do
cacircncer do colo do uacutetero identificamos as seguintes o ACS sentir inseguro para
orientar agraves mulheres em relaccedilatildeo aos cuidados para realizar o exame preventivo a
falta de capacitaccedilatildeo teacutecnica para o enfermeiro realizar o exame de Papanicolaou
consultas agendadas para datas muito distantes fazendo com que a mulher se
esqueccedila do diadesconhecimento das mulheres sobre o exame preventivo e os
cuidados preparativos para o mesmo falta de interesse e conscientizaccedilatildeo em
relaccedilatildeo agrave importacircncia do exame preventivo por parte das usuaacuteriaspudor da mulher
diante do profissional de sexo masculino e falta de disponibilidade de horaacuterios mais
flexiacuteveis com concentraccedilatildeo das consultas no horaacuterio da manhatilde
A partir dos problemas levantados foram propostas as atividades accedilotildees
metas e os responsaacuteveis pelas atividades no sentido de ampliar a cobertura das
mulheres por meio da participaccedilatildeo de toda a equipe de sauacutede Desse modo foi
muito importante tambeacutem a elaboraccedilatildeo das estrateacutegias para que o nuacutemero de
usuaacuterias seja aumentado Neste sentido destaca-se o papel do enfermeiro como
parte integrante da equipe de sauacutede e que desempenha um importante papel na
promoccedilatildeo da prevenccedilatildeo educaccedilatildeo e melhorias constantes nos serviccedilos oferecidos
agrave populaccedilatildeo
Nesta direccedilatildeo o Centro de Sauacutede Felicidade II deve se preocupar com a
capacitaccedilatildeo de seus funcionaacuterios com a organizaccedilatildeo do processo de trabalho das
equipes bem com um investimento maior nas accedilotildees de promoccedilatildeo e prevenccedilatildeo da
saude conforme abordado neste estudo
34
Desse modo cabe a todos os profissionais atuar mais na prevenccedilatildeo
promoccedilatildeo e recuperaccedilatildeo por meio de praacuteticas educativas promovendo campanhas
palestras sobre a sauacutede da mulher fornecendo orientaccedilotildees durante as consultas
para que se possa reverter o quadro de baixo iacutendice de cobertura no exame
preventivo de cacircncer do colo do uacutetero alcance assim a cobertura preconizada pela
Secretaacuteria de Sauacutede o que vai refletir na melhoria da assistecircncia a sauacutede agrave mulher
35
REFEREcircNCIAS ALBUQUERQUE KM et al Cobertura do Teste de Papanicolau e Fatores associados agrave Natildeo-Realizaccedilatildeo um olhar sobre o Programa de Prevenccedilatildeo do Cacircncer do Colo do Uacutetero em Pernambuco Brasil Caderno de Sauacutede Puacuteblica v 25 supl 2 Rio de Janeiro 2009 Disponiacutevel em lthttpwwwscielosporgscielophpscript=sci_arttextamppid=S0102-311X2009001400012gt Acesso em 6 nov 2010 BELO HORIZONTE Secretaria Municipal de Sauacutede Prevenccedilatildeo e Controle do Cacircncer do Colo de Uacutetero Belo Horizonte 2008 BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede O Programa Sauacutede da Famiacutelia e a Atenccedilatildeo Baacutesica no Brasil Brasiacutelia 2002 Disponiacutevel em lthttpwwwccssaudegovbrsaudebatea portamostravirtualpublicacoespsf_atencaobasicapdfgt Acesso em 01 abr 2010 CEacuteSAR JA et al Fatores Associados agrave natildeo Realizaccedilatildeo de Exame Citopatoloacutegico de Colo Uterino no Extremo Sul do Brasil Caderno de Sauacutede Puacuteblica Rio de Janeiro v19n5 p1365-1372 setout 2003 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrpdf0Dcspv19n517808pdfgt Acesso em 16 jul 2010 CORREcircA DA D VILLELA WV O Controle do Cacircncer do Colo do Uacutetero desafios para implementaccedilatildeo de accedilotildees programaacuteticas no Amazonas Brasil Rev bras sauacutede matern infantil v8 n4p491-497 outdez 2008 DIAS-DA-COSTA J S et al Cobertura do Exame Citopatoloacutegico na Cidade de Pelotas Rio Grande do Sul Brasil Caderno de Sauacutede Puacuteblica Rio de Janeiro v19 n1 p191-197 janfev 2003 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrpdfcspv19n114919pdfgt Acesso em 16 jul 2010 DOMINGOS ACP et al Cacircncer do Colo do Uacutetero comportamento preventivo de auto-cuidado agrave sauacutede Revista Ciecircncia Cuidado e Sauacutede 6 (Suplem 2) p 397-403 2007 Disponiacutevel em lthttpperiodicosuembrojsindexphpCiencCuidSaudearticleviewFile53373385gt Acesso em 5 nov 2010 HACKENHAAR AAC JURACI A DOMINGUES MR Exame Citopatoloacutegico de Colo Uterino em Mulheres com Idade entre 20 e 59 anos em Pelotas RS prevalecircncia foco e fatores associados agrave sua natildeo realizaccedilatildeo Revista Brasileira de EpidemiologiaSatildeo Paulo v9n1 Mar 2006 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S1415-790X2006000100013gt Acesso em 16 jul 2010 MONTEMOR EBL et al Controle do Cacircncer de Colo de Uacutetero o exame citopatoloacutegico In LOPES MHBde M (org) Enfermagem na Sauacutede da Mulher Goiacircnia AB 2006 p 45-65 NAKAGAWA JTT SCHIRMER J BARBIERI M Viacuterua HPV e Cacircncer de Colo de Uacutetero Revista Brasileira de Enfermagem v 63 n 2 Brasiacutelia marabri 2010
36
Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S0034-71672010000200021gt Acesso em 6 nov 2010 NARCHI NZ JANICAS Rde CS V FERNANDES RAacuteQ Prevenccedilatildeo e Controle do Cacircncer Ceacutervico-Uterino In FERNANDES RAacuteQ NARCHI NZ Enfermagem e Sauacutede da Mulher Barueri SP Manole 2007 p 127-149 NUacuteCLEO DE EDUCACcedilAtildeO EM SAUacuteDE COLETIVA ndash NESCON Faculdade de Medicina ndash UFMG Belo Horizonte Disponiacutevel em lthttpwwwnesconmedicinaufmgbrgt Acesso em 12 dez 2009 PINTO CAG COELHO IB BH Vida pensando a implantaccedilatildeo da Estrateacutegia de Sauacutede da Famiacutelia na cidade de Belo Horizonte passados 10 anos lthttpxayimgcomkqgroups15983109953140003nameImplantacao+do+BH+VIDA+-+Carlos+Gama+e+Ivan+Coelho5B15Dpdf gt Acesso em 01 mar 2011 RODRIGUES NETO JF FIGUEIREDO MFS SIQUEIRA LG Exame Citopatoloacutegico do Colo do Uacutetero fatores associados a natildeo realizaccedilatildeo em ESF Revista Eletrocircnica de Enfermagem 10 (3) 610-21 2008 Disponiacutevel em lthttpwwwfenufgbrrevistav10n3pdfv10n3a07pdfgt Acesso em 17 jul 2010 TAVARES SB do N et al Controle da Qualidade em Citopatologia Cervical revisatildeo de literatura Revista Brasileira de Cancerologia 53(3) 355-364 2007 Disponiacutevel em lthttpwwwincagovbrrbcn_53v03pdfrevisao6pdfgt Acesso em 17 jul 2010 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA Regulamento de Orientaccedilatildeo Do Trabalho De Conclusatildeo De Curso Do Curso De Licenciatura Em Letras ndashPORTUGUEcircS-ESPANHOL Disponiacutevel em lt httpwwwuepgbruepg_departamentosdeletpdfREG20PORT20ESPANHOLpdf gt Acesso em 23 set 2011 ZEFERINO L Prevenccedilatildeo e Controle do Cacircncer Ceacutervico-Uterino In LOPES MHB de M (org) Enfermagem na Sauacutede da Mulher Goiacircnia AB p 67-80 2006
LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS
ACS Agente Comunitaacuterio de Sauacutede
Aids Acquired Immunodeficiency Syndrome
CCU Cacircncer do Colo do Uacutetero
DST Doenccedila Sexualmente Transmissiacutevel
HPV Human Papiloma Viacuterus
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica
INCA Instituto Nacional de Cacircncer
Km Quilometro
NESCON Nuacutecleo de Educaccedilatildeo em Sauacutede Coletiva
OMS Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede
p paacutegina
PAISM Programa de Assistecircncia Integral agrave Sauacutede da Mulher
PSF Programa de Sauacutede da Famiacutelia
SUS Sistema Uacutenico de Sauacutede
TCC Trabalho de Conclusatildeo de Curso
UBS Unidade Baacutesica de Sauacutede UPA Unidade de Pronto Atendimento
USF Unidade de Sauacutede da Famiacutelia
SUMAacuteRIO
1 INTRODUCcedilAtildeO 10 2 OBJETIVOS 15 21 Objetivo geral 15 22 Objetivos especiacuteficos 15 3 METODOLOGIA 16 4 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO 17 41 A promoccedilatildeo da sauacutede das mulheres 17 42 A prevenccedilatildeo do cacircncer do colo do uacutetero 17 43 Contexto histoacuterico da citologia oncoacutetica 23 44 Conceitos e caracteriacutesticas do exame de prevenccedilatildeo do cacircncer 25 45 O cacircncer do colo do uacutetero 25 5 PLANO DE ACcedilAtildeO PARA A AMPLIACcedilAtildeO DA COBERTURA DO EXAME COLPOCITOLOacuteGICO NO CENTRO DE SAUacuteDE FELICIDADE II 30 6 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS 34 REFEREcircNCIAS 35
10
1 INTRODUCcedilAtildeO
O Curso de Especializaccedilatildeo em Atenccedilatildeo Baacutesica em Sauacutede da Famiacutelia eacute
oferecido pelo Nescon aos profissionais de sauacutede das prefeituras municipais do
estado de Minas Gerais na perspectiva de que cumpra seu importante papel na
consolidaccedilatildeo da estrateacutegia e no desenvolvimento de um Sistema Uacutenico de Sauacutede
universal e com maior grau de equumlidade (NESCON 2009)
O Nescon oacutergatildeo complementar da Faculdade de Medicina da Universidade
Federal de Minas Gerais vem se caracterizando como uma das instacircncias de
cooperaccedilatildeo mais atuantes na organizaccedilatildeo de serviccedilos de sauacutede no Brasil Desde
sua criaccedilatildeo em 1983 e reativaccedilatildeo em 1986 o Nescon tem acumulado experiecircncias
que o capacitaram institucionalmente para atividades de pesquisa assessoria e
formaccedilatildeo de recursos humanos (NESCON 2009)
No art 3 do Capiacutetulo I - Da Conceituaccedilatildeo e Objetivos do Regulamento de
Orientaccedilatildeo do Trabalho de Conclusatildeo de Curso do Curso de Licenciatura em Letras
ndash Portuguecircs-Espanhol da Universidade Estadual de Ponta (2010) define que ldquoO
Trabalho de Conclusatildeo de Curso (TCC) constitui uma atividade acadecircmica de
pesquisa e sistematizaccedilatildeo do conhecimento sobre um objeto de estudo pertinente agrave
profissatildeo do licenciado e agrave realidade social em suas diferentes expressotildeesrdquo Ele eacute
desenvolvido mediante controle orientaccedilatildeo e avaliaccedilatildeo docente cuja exigecircncia eacute
um requisito essencial para o crescimento pessoal e profissional do aluno uma vez
que possibilita integrar os conhecimentos acumulados durante o curso
(UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA - 2010)
Neste sentido a motivaccedilatildeo para desenvolver este estudo surgiu da
necessidade de ampliar a cobertura de exame colpocitoloacutegico agraves mulheres
pertencentes agrave aacuterea de abrangecircncia do Centro de Sauacutede Felicidade II A
identificaccedilatildeo do baixo acesso das mulheres a esta modalidade de exame foi
percebida graccedilas agrave realizaccedilatildeo da atividade de coleta de dados realizada por ocasiatildeo
do desenvolvimento do Moacutedulo Sauacutede da Mulher do Curso de Especializaccedilatildeo em
Atenccedilatildeo Baacutesica em Sauacutede da Famiacutelia Esta atividade consistia no levantamento da
cobertura do exame citoloacutegico aplicado agraves mulheres em idade feacutertil da aacuterea de
abrangecircncia do Centro de Sauacutede em que atuo como enfermeira A anaacutelise dos
dados apontou que o nuacutemero de exames realizados no referido Centro de Sauacutede
11
natildeo atingia a cobertura preconizada pela Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede (OMS) que
eacute de 85 das mulheres adscritas na aacuterea de abrangecircncia da equipe
Apoacutes a coleta e anaacutelise dos dados para a apresentaccedilatildeo da atividade referente
ao Moacutedulo Sauacutede da Mulher deparei-me coma seguinte situaccedilatildeo no ano de 2008
foram realizados 507 exames preventivos do cacircncer de colo do uacutetero o que
correspondia a 1878 de cobertura e no periacuteodo de setembro2009 a setembro de
2010 foram realizados 583 exames preventivos correspondendo a 2159 de
cobertura Considerou-se como fonte de registro do exame citoloacutegico o livro do
consultoacuterio ginecoloacutegico no periacuteodo total de um ano
A anaacutelise da cobertura foi feita com base no total de mulheres entre 19 e 59
anos (aproximadamente 2700 mulheres) de um total aproximado de 9000
moradores O valor da cobertura populacional encontrado estaacute muito abaixo do
preconizado pela OMS para se atingir a meta de prevenccedilatildeo de morbimortalidade
por cacircncer do colo do uacutetero (BELO HORIZONTE 2008)
Contribuiacuteram tambeacutem para a escolha do tema deste trabalho a necessidade
de estudar e analisar as causas da deficiecircncia na cobertura e principalmente propor
accedilotildees com o intuito de atingir o objetivo preconizado pela OMS e referecircncia para a
Secretaria Municipal de Sauacutede de Belo Horizonte Outro fato que contribuiu tambeacutem
foi a anaacutelise da atenccedilatildeo primaacuteria agrave sauacutede realizada por ocasiatildeo das Oficinas de
Qualificaccedilatildeo da Atenccedilatildeo Primaacuteria agrave Sauacutede em Belo Horizonte (Plano Diretor da
Atenccedilatildeo Primaacuteria agrave SauacutedeSESMG) ministradas no Centro de Sauacutede
O Centro de Sauacutede surgiu em 26 de novembro de 2001 como um anexo do
Centro de Sauacutede Felicidade I em funccedilatildeo do aumento do nuacutemero de equipes de
sauacutede e o local natildeo comportou esse aumento Hoje em dia os dois Centros de
Sauacutede funcionam em unidades separadas onde cada uma possui uma estrutura
proacutepria e tem aacutereas de abrangecircncia diferentes o que divide as duas Unidades eacute o
coacuterrego Tamboril A aacuterea de abrangecircncia do Centro de Sauacutede Felicidade II tem uma
populaccedilatildeo de aproximadamente 9000 pessoas que se encontram em alta
vulnerabilidade social e assim como toda regiatildeo Norte estaacute classificada em risco
elevado e muito elevado O atendimento da populaccedilatildeo no Programa de Sauacutede da
Famiacutelia eacute coberto por trecircs equipes completas e constituiacutedas por meacutedico enfermeiro
dois auxiliares e quatro ACS (Agente Comunitaacuterio de Sauacutede)
12
O Centro de Sauacutede possui uma populaccedilatildeo de aproximadamente 9000
pessoas em sua aacuterea de abrangecircncia das quais 2700 satildeo mulheres com idade
entre 19 e 59 anos Estaacute localizado atualmente na Rua Pau Brasil 160 no bairro
Jardim Felicidade Distrito Sanitaacuterio Norte e funciona neste endereccedilo desde
novembro de 2006
O Distrito Sanitaacuterio Norte ocupa uma aacuterea de 3432 kmsup2 limitando-se com o
Municiacutepio de Santa Luzia e com os Distritos Sanitaacuterios de Venda Nova Pampulha e
Nordeste sendo sua sede localizada na Avenida Cristiano Machado 10657 Bairro
Planalto Abrange 47 bairros da regiatildeo Metropolitana de Belo Horizonte
Segundo o Censo do IBGE (2000) o Distrito Sanitaacuterio Norte possui uma
populaccedilatildeo de 193764 habitantes compondo um quadro de grandes contrastes
Possui de um lado bairros com razoaacutevel infra-estrutura urbana e poder aquisitivo da
populaccedilatildeo como por exemplo Campo Alegre Helioacutepolis Planalto Floramar e de
outro bairros vilas e assentamentos que oferecem condiccedilotildees inadequadas de
habitaccedilatildeo como Mariquinhas Zilah de Souza Spoacutesito Novo Aaratildeo Reis e o
Conjunto Jardim Felicidade que contam com uma infra-estrutura urbaniacutestica
precaacuteria
Os serviccedilos de atenccedilatildeo baacutesica agrave sauacutede do Distrito Norte satildeo realizados em
suas 19 unidades de sauacutede com funcionamento de 2ordf a 6ordf feira de 0700 agraves 1900
horas no geral sendo o atendimento de urgecircncia realizado na UPA Norte (Unidade
de Pronto Atendimento Norte) com funcionamento diaacuterio de 24 horas Contam ainda
com atendimento de sauacutede mental em 06 unidades
No Brasil o Programa de Sauacutede da Famiacutelia (PSF) iniciou-se em 1994 como
resultado do avanccedilo do Sistema Uacutenico de Sauacutede Este programa aumentou
significativamente ao longo da uacuteltima deacutecada oferecendo um novo modelo de
cuidado agrave sauacutede capaz de melhorar a qualidade de vida da populaccedilatildeo por meio de
novas poliacuteticas e organizaccedilatildeo dos serviccedilos O PSF representa uma maneira de levar
a sauacutede para mais perto das famiacutelias De acordo com o Ministeacuterio da Sauacutede
O programa de Sauacutede da Famiacutelia eacute uma proposta concreta na mudanccedila do modelo assistencial tradicional capaz de romper com o comportamento passivo das unidades baacutesicas de sauacutede O programa prioriza as accedilotildees de prevenccedilatildeo de doenccedilas e a promoccedilatildeo da sauacutede junto agrave comunidade estabelece uma relaccedilatildeo permanente entre os profissionais de sauacutede e a populaccedilatildeo assistida marcada por um atendimento humanizado e resolutivo dos problemas de sauacutede mais frequumlentes (BRASIL 2002 p 5)
13
Segundo Pinto e Coelho (2011) a Secretaria Municipal de Sauacutede de Belo
Horizonte aderiu ao Programa Sauacutede da Famiacutelia em maio de 2000 O projeto foi
implantado dando prioridade agraves aacutereas onde a populaccedilatildeo estava exposta e a
implantaccedilatildeo comeccedilou pelos Centros de Sauacutede com populaccedilatildeo de muito elevado
risco e foi se estendendo gradativamente para as populaccedilotildees de elevado risco e
meacutedio risco De laacute ateacute os dias atuais ficou evidente a importacircncia da mobilizaccedilatildeo
social para manutenccedilatildeo das equipes e com isso o projeto jaacute natildeo pertencia mais ao
governo pois foi incorporado pela cidade de Belo Horizonte como direito
De acordo com os autores passados mais de 10 anos o programa continua e
o nuacutemero de equipes de sauacutede da famiacutelia alcanccedilou as 506 equipes planejadas em
2001 mas isso natildeo se deveu agrave cobertura da populaccedilatildeo de baixo risco e sim ao
crescimento populacional
Os agentes comunitaacuterios de sauacutede fazem cerca de 2900000 visitas
domiciliares por ano O nuacutemero de consultas meacutedicas realizadas pelas equipes de
Sauacutede da Famiacutelia foi de 1899347 em 2002 (ano de implantaccedilatildeo das equipes) e de
2203257 em 2004 Em marccedilo de 2010 apenas 3 das equipes de Sauacutede da
Famiacutelia estavam desfalcadas de meacutedico generalista e mais da metade dos meacutedicos
de sauacutede da famiacutelia tinham mais de 5 anos de trabalho na Prefeitura de Belo
Horizonte (PINTO e COELHO 2011)
O exame de citologia oncoacutetica tambeacutem conhecido como Papanicolaou ou
preventivo foi introduzido na atenccedilatildeo baacutesica na deacutecada de 1970 Em Belo Horizonte
por meio da Secretaria Municipal de Sauacutede criou um protocolo o qual eacute um
instrumento que estabelece normas para intervenccedilotildees teacutecnicas o qual uniformiza e
atualiza conceitos e condutas referentes ao processo assistencial na rede de
serviccedilos Um desses protocolos aborda especificamente o controle e prevenccedilatildeo do
cacircncer de colo de uacutetero (BELO HORIZONTE 2008)
A colpocitologia oncoacutetica eacute utilizada principalmente para determinar o risco de
uma mulher vir a desenvolver o cacircncer de colo do uacutetero natildeo se tratando somente de
uma maneira de diagnosticar a doenccedila Ele eacute essencial tambeacutem para determinar
outras condiccedilotildees de sauacutede como niacutevel hormonal doenccedilas da vulva do canal
vaginal do acircnus das mamas entre outros O exame deve ser realizado
prioritariamente em mulheres de 25 a 59 anos de idade com intervalo de trecircs em
trecircs anos se os dois primeiros exames realizados a cada ano forem normais Toda
14
mulher que tem ou jaacute teve atividade sexual deve submeter-se ao exame preventivo
ateacute os 69 anos de idade (BELO HORIZONTE 2008)
Destaca-se ainda que a importacircncia do exame consiste no fato de que eacute
nessa oportunidade que o profissional avalia a sauacutede sexual e reprodutiva da
mulher pois tais fatores raramente satildeo considerados durante uma consulta cliacutenica
geral Ressalta-se tambeacutem que o acesso das mulheres ao exame colpocitoloacutegico faz parte da garantia de direitos legalmente constituiacutedos com a ampliaccedilatildeo dos
serviccedilos de promoccedilatildeo prevenccedilatildeo e assistecircncia ao cacircncer de colo de uacutetero
Espera-se que este estudo possa contribuir para a humanizaccedilatildeo da atenccedilatildeo agrave
sauacutede da mulher proporcionando um olhar mais amplo e integral sobre o estado de
sauacutede das mulheres e seus determinantes sociais Para tal buscar-se-aacute sensibilizar
a equipe do Centro de Sauacutede Felicidade II quanto agrave importacircncia da assistecircncia
integral agrave sauacutede da mulher promover a educaccedilatildeo em sauacutede para as usuaacuterias quanto
agrave importacircncia de realizar o exame preventivo de cacircncer de colo do uacutetero expandir a
agenda de consultas de assistecircncia agrave mulher garantindo aumento da cobertura de
exames preventivos e proporcionar educaccedilatildeo permanente agrave toda a equipe em
especial os ACS para uma abordagem humanizada eficaz e efetiva das usuaacuterias
15
2 OBJETIVOS
21 Geral Elaborar um plano de accedilatildeo para ampliar a cobertura do exame colpocitoloacutegico
no Centro de Sauacutede Felicidade II da Secretaria Municipal de Sauacutede de Belo
Horizonte MG promovendo assim a melhoria das condiccedilotildees de vida e sauacutede das
mulheres
22 Especiacutefico
Realizar uma revisatildeo de literatura sobre a promoccedilatildeo da sauacutede das mulheres
dando ecircnfase agrave prevenccedilatildeo do cacircncer do colo do uacutetero no sentido de subsidiar o
plano de accedilatildeo
16
3 METODOLOGIA
Trata-se de um estudo bibliograacutefico tipo revisatildeo narrativa com natureza
compreensiva do tema proposto realizada por meio da consultas a livros e artigos
em revistas cientiacuteficas do acervo de bibliotecas e base de dados virtuais no sentido
de subsidiar a elaboraccedilatildeo de um plano de accedilatildeo para o Centro de Sauacutede Felicidade
II buscando ampliar a cobertura do exame de Papanicolaou
A busca foi efetuada nas bases de dados SCIELO (Scientific Electronic
Library Online) MEDLINE(Medical Literature Analysis and Retrieval System Online -
Sistema Online de Busca e Anaacutelise de Literatura Meacutedica) LILACS (Literatura Latino-
americana em ciecircncia da Sauacutede) e outras Foram utilizados os descritores ldquosauacutede
das mulheresrdquo ldquocacircncerrdquo ldquocacircncer do colo do uacuteterordquo ldquocitologia oncoacuteticardquo e
ldquoprevenccedilatildeordquo
17
4 APRESENTACcedilAtildeO DOS RESULTADOS
41 A promoccedilatildeo da sauacutede das mulheres
Correcirca e Villela (2008) relatam que foi nas primeiras deacutecadas do seacuteculo XX
que o Brasil passou a incorporar a questatildeo da sauacutede da mulher nas poliacuteticas
nacionais cujo enfoque estava em prestar assistecircncia aos filhos das mulheres que
natildeo tinham acesso aos serviccedilos de sauacutede constituindo a atenccedilatildeo preacute-natal como
uacutenica accedilatildeo de caraacuteter universalista com relaccedilatildeo agrave sauacutede da mulher
Com as mudanccedilas na condiccedilatildeo social das mulheres ocorridas ao longo da segunda metade do seacuteculo XX as propostas de atenccedilatildeo materno-infantil mostram-se insuficientes Em 1984 eacute proposto pelo Ministeacuterio da Sauacutede o Programa de Assistecircncia Integral agrave Sauacutede da Mulher (PAISM) visando agrave extensatildeo das accedilotildees baacutesicas em sauacutede da mulher e incluindo entre outras atividades preventivas e de diagnoacutestico do cacircncer do colo do uacutetero e mamaacuterio A assistecircncia integral envolvia o atendimento de todas as necessidades da populaccedilatildeo feminina enfatizando as accedilotildees dirigidas ao controle das patologias mais prevalentes incluindo accedilotildees educativas Poreacutem a implementaccedilatildeo efetiva do Programa natildeo aconteceu como desejado ficando as atividades nos serviccedilos de sauacutede bastante focalizadas nas demandas relativas agrave contracepccedilatildeo acompanhamento da gravidez e ao parto A prevenccedilatildeo e controle do cacircncer ginecoloacutegico continuaram em segundo plano (CORREcircA e VILLELA 2008p1)
Domingos et al (2008 p 1) afirmam que ldquopor meio da promoccedilatildeo da sauacutede
caracterizada como sendo promoccedilatildeo primaacuteria e detecccedilatildeo precoce das lesotildees
precursoras (exame de Papanicolaou) eacute possiacutevel reduzir a mortalidade e
incidecircnciardquo
Em 1997 foi implantado no Paranaacute o Programa de Prevenccedilatildeo do Cacircncer do Colo do Uacutetero que prioriza inicialmente o atendimento da faixa etaacuteria de 30 a 49 anos (a mais acometida pela doenccedila no Estado) atendendo na sequumlecircncia todas as faixas etaacuterias expostas ao risco O intervalo entre os exames para controle dos casos negativos eacute de trecircs anos (DOMINGOS et al 2008 p 1)
42 A prevenccedilatildeo do cacircncer do colo do uacutetero
Narchi Janicas e Fernandes (2007) ensinam que a prevenccedilatildeo do cacircncer
ceacutervico-uterino eacute realizada em dois planos a prevenccedilatildeo primaacuteria e a secundaacuteria Na
forma primaacuteria conforme os autores deve-se atentar para os fatores de risco
18
evitaacuteveis e na atuaccedilatildeo do enfermeiro Jaacute na fase de prevenccedilatildeo secundaacuteria deve ser
feito o rastreamento captaccedilatildeo e identificar a vulnerabilidade do cacircncer
Domingos et al (2007) afirmam que a principal estrateacutegia para a prevenccedilatildeo
primaacuteria da doenccedila eacute o uso de preservativo (masculino ou feminino) durante as
relaccedilotildees sexuais visto que a infecccedilatildeo pelo viacuterus papiloma humano (HPV) estaacute
presente em 90 dos casos A prevenccedilatildeo secundaacuteria eacute realizada por meio do
exame preventivo (Papanicolaou) para a detecccedilatildeo precoce da doenccedila
Albuquerque et al (2007) afirmam que desde 1988 o Ministeacuterio da Sauacutede tem
como objetivo reduzir as taxas de morbimortalidade e com isso adota como norma
a recomendaccedilatildeo da Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede a qual propotildee que seja feito a
cada trecircs anos a realizaccedilatildeo do exame citoloacutegico do colo do uacutetero sendo dois
exames anuais consecutivos negativos para mulheres na faixa de idade de 25 a 59
anos ou que jaacute tenham atividade sexual
Iniciativas como o Programa Viva Mulher lanccedilado em 1996 e o desenvolvimento de campanhas nacionais sistemaacuteticas tecircm contribuiacutedo para o aumento da cobertura do exame no paiacutes Contudo verifica-se que as taxas de incidecircncia e de mortalidade ainda permanecem desafiando as medidas ateacute entatildeo adotadas sinalizando possiacuteveis deficiecircncias na oferta no acesso e na qualidade das referidas accedilotildees (ALBUQUERQUE et al 2007 p 1)
Nakagawa Schirmer e Barbieri (2007) relatam que a associaccedilatildeo do viacuterus
HPV com o cacircncer de colo de uacutetero comeccedilou em 1949 quando o patologista George
Papanicolaou introduziu o exame mais difundido no mundo para detectar a doenccedila
o exame que leva o seu proacuteprio nome ou seja Papanicolaou
De acordo com o desenvolvimento do carcinoma de colo de uacutetero Nakagawa
Schirmer e Barbieri (2007 p 1) afirmam que
Esse exame permitiu identificar mulheres com alteraccedilotildees celulares preacute-maligna possibilitando observar uma associaccedilatildeo da atividade sexual com o desenvolvimento do cacircncer de colo de uacutetero No entanto somente na deacutecada de 70 o conhecimento acerca da etiologia da doenccedila teve consideraacutevel avanccedilo Estudos constataram que tal associaccedilatildeo implicava na presenccedila de um agente etioloacutegico de transmissatildeo sexual Harold zur Hausen um infectologista alematildeo constatou que o Papiloma Viacuterus Humano (viacuterus HPV) poderia ser esse agente estabelecendo inicialmente a relaccedilatildeo do viacuterus com as verrugas e condilomas Somente anos mais tarde o viacuterus foi relacionado com o desenvolvimento do carcinoma de colo de uacutetero (NAKAGAWA SCHIRMER e BARBIERI 2007 p 1)
19
Os autores relatam que devido ao advento da clonagem molecular na deacutecada
de 90 e a utilizaccedilatildeo de tal tecnologia na replicaccedilatildeo do genoma do Papiloma Viacuterus
outros aspectos da infecccedilatildeo foram elucidados
Devido agrave discrepacircncia entre a alta frequumlecircncia de infecccedilotildees HPV em mulheres jovens sexualmente ativas e a ocorrecircncia relativamente baixa de lesotildees cervicais nas mesmas colocou-se em duacutevida a etiologia viral da doenccedila e concluiu-se que a infecccedilatildeo era causa necessaacuteria mas natildeo suficiente para o desenvolvimento da doenccedila uma vez que virtualmente somente uma fraccedilatildeo de mulheres portadoras do viacuterus a desenvolveria Estudos preacutevios jaacute sugeriam que um forte fator diferenciava a progressatildeo ou natildeo da doenccedila sugerindo que isto estaria relacionada aos diversos tipos do viacuterus HPV Estudos posteriores mostraram que a sua progressatildeo depende natildeo somente da presenccedila do viacuterus mas tambeacutem do tipo de viacuterus da persistecircncia da infecccedilatildeo e da evoluccedilatildeo das lesotildees precursoras para o carcinoma invasivo (NAKAGAWA SCHIRMER e BARBIERI 2007 p 1)
Segundo Narchi Janicas e Fernandes (2007) a prevenccedilatildeo primaacuteria do cacircncer
ceacutervico-uterino refere-se agrave reduccedilatildeo da exposiccedilatildeo aos fatores de risco como o iniacutecio
precoce da atividade sexual a multiplicidade de parceiros as doenccedilas sexualmente
transmissiacuteveis especialmente a infecccedilatildeo causada pelo HPV e multiparidade Aleacutem
disso outros fatores tecircm sido relacionados ao cacircncer ceacutervico-uterino em estudos
epidemioloacutegicos ainda natildeo conclusivos dentre eles o uso de anticoncepcional oral
as situaccedilotildees de imunossupressatildeo como diabete lupus corticoterapia e Aids o
tabagismo e a alimentaccedilatildeo pobre em folatos vitaminas A e C e betacaroteno
Atualmente considera-se fundamental a relaccedilatildeo entre o desenvolvimento do cacircncer ceacutervico-uterino e a transmissatildeo sexual HPV Nesse sentido a prevenccedilatildeo primaacuteria tem como foco a praacutetica de sexo seguro No entanto apesar da divulgaccedilatildeo da importacircncia do uso de preservativos para diminuiccedilatildeo potencial do risco de transmissatildeo do HPV observa-se que seu uso depende de uma serie de fatores como o conhecimento a respeito da doenccedila e suas formas de prevenccedilatildeo a percepccedilatildeo de risco de infecccedilatildeo as crenccedilas e valores culturais as iniquidades de gecircnero e como elas se revelam o grau de autonomia e poder de negociaccedilatildeo sexual nas relaccedilotildees afetivo-sexuais acesso ao serviccedilo de sauacutede e a oferta de preservativos (NARCHI JANICAS e FERNANDES 2007 p 129)
Ceacutesar et al (2003) afirmam que exames preventivos perioacutedicos permitem
reduzir em ateacute 70 a sua mortalidade na populaccedilatildeo de risco A faixa etaacuteria mais
acometida vai dos 25 aos 60 anos e o seu mais importante determinante eacute o
papilomaviacuterus humano De acordo com o Instituto Nacional de Cacircncer (INCA)
O Instituto Nacional de Cacircncer (INCA) recomenda o exame citopatoloacutegico para cacircncer de colo uterino a toda mulher com idade entre 20 e 60 anos e que possua vida sexual ativa Inicialmente o exame deve ser feito a cada trecircs anos Em caso de dois resultados negativos para displasia ou
20
neoplasia um novo exame deveraacute ser repetido uma vez a cada trecircs anos (BRASIL 2002 apud CEacuteSAR et al 2003 p 1371)
Narchi Janicas e Fernandes (2007) afirmam que de modo contextual a
prevenccedilatildeo primaacuteria eacute realizada a partir identificaccedilatildeo da presenccedila de fatores de risco
com vistas a prevenir o surgimento da doenccedila Sabe-se que o cacircncer ceacutervico-uterino
haacute muito vem sendo associado ao baixo niacutevel socioeconocircmico tanto a exposiccedilatildeo
aos fatores de risco quanto especialmente pela desigualdade no acesso aos
serviccedilos de sauacutede Essas barreiras satildeo multidimensionais inserindo-se em um
contexto social amplo que a barca desde dificuldades geograacuteficas de informaccedilatildeo
familiares econocircmicas culturais religiosas e emocionais ateacute as relacionadas agraves
poliacuteticas de sauacutede Diante dessa constataccedilatildeo acredita-se que a anaacutelise dos
programas e a proposiccedilatildeo de estrateacutegias devam tambeacutem corresponder agrave amplitude
dos fatores intervenientes
De acordo com as autoras no que diz respeito agrave prevenccedilatildeo primaacuteria o
Programa de Sauacutede da Famiacutelia (PSF) tem importante papel na identificaccedilatildeo de
grupos de mulheres com perfil de risco para desenvolver o cacircncer ceacutervico-uterino e
com base nas necessidades levantadas implementar accedilotildees de intervenccedilatildeo no meio
ambiente e em seus fatores de risco De acordo com as autoras diversas
estrateacutegias podem reduzir os fatores de risco para cacircncer ceacutervico-uterino dentre as
quais destacam-se realizaccedilatildeo de grupos educativos que permitam a discussatildeo de
temas como sexualidade e gecircnero vulnerabilidade e prevenccedilatildeo as DST
planejamento familiar qualidade de vida e prevenccedilatildeo do cacircncer ginecoloacutegico entre
outros As autoras destacam tambeacutem a importacircncia mobilizaccedilatildeo das mulheres para
o autocuidado e a busca de melhor qualidade de vida (grupos de caminhada cultivo
de hortas caseiras por exemplo) valorizaccedilatildeo da integralidade na assistecircncia e no
estiacutemulo a uma participaccedilatildeo ativa das mulheres com atitudes assertivas em relaccedilatildeo
a sauacutede identificaccedilatildeo e minimizaccedilatildeo das dificuldades de acesso ao serviccedilo de
sauacutede sejam elas barreiras individuais e institucionais (NARCHI JANICAS e
FERNANDES 2007)
Ainda conforme as autoras aleacutem das atividades comunitaacuterias que podem ser
realizadas pela equipe de sauacutede da famiacutelia o enfermeiro tambeacutem pode instituir
grupos educativos de coleta ou de resultados da colpocitologia na unidade baacutesica de
sauacutede (UBS) ou na unidade de sauacutede da famiacutelia (USF) abordando temaacuteticas
21
voltadas agrave sexualidade higiene iacutentima prevenccedilatildeo de DST prevenccedilatildeo do cacircncer
ginecoloacutegico e teacutecnica de coleta do exame As autoras afirmam que esses grupos
aleacutem de disponibilizarem um espaccedilo para a socializaccedilatildeo do conhecimento
possibilitam a integraccedilatildeo entre profissionais e pacientes e estimulam o
autoconhecimento do corpo e da sexualidade familiarizando a mulher ao ambiente e
ao exame e minimizando sentimentos negativos como o medo a vergonha o
nervosismo e o constrangimento que por vezes as impedem de aderir ao programa
Essa estrateacutegia seraacute possiacutevel agrave medida que o profissional estiver sensibilizado e
capacitado para implementaacute-la utilizando habilidades de aconselhamento e
abordagem empaacutetica (NARCHI JANICAS e FERNANDES 2007)
O enfermeiro deve ainda avaliar a presenccedila de fatores de risco na consulta
de enfermagem agrave mulher com vistas a realizar as intervenccedilotildees necessaacuterias e o
acompanhamento mais frequente Diante disso eacute recomendado que na consulta de
retorno para recebimento do laudo da colpocitologia seja realizado procedimento de
aconselhamento sobre DST e Aids antes de discutir o resultado e a conduta
No que diz respeito agrave prevenccedilatildeo secundaacuteria do cacircncer ceacutervico-uterino Narchi
Janicas e Fernandes (2007) afirmam que se deve realizar o exame citopatoloacutegico
para que seja feita a detecccedilatildeo do cacircncer in situ ou das lesotildees precursoras trataacuteveis
e curaacuteveis em ateacute 100 dos casos Para as autoras o acolhimento deveraacute ocorrer
em todas as fases da assistecircncia ou seja desde o primeiro contato com a mulher o
que pode ocorrer em seu domiciacutelio quanto no agendamento ao se verificar acerca
do aprazamento da colpocitologia Citam tambeacutem que esse exame tem sido
utilizado em programas de rastreamento do cacircncer ceacutervico-uterino em todo o mundo
(screening) para interromper o ciclo evolutivo da doenccedila detectando-a em fase preacute-
invasiva trataacutevel e curaacutevel Relatam ainda que os paiacuteses que desenvolveram o
programa tanto com identificaccedilatildeo efetiva da populaccedilatildeo de risco qualidade coleta e
na interpretaccedilatildeo dos resultados quanto com tratamento e acompanhamento
adequados dos casos de alto risco lograram reduccedilatildeo significativa na incidecircncia e na
mortalidade por essa patologia
Segundo a OMS para que um programa de rastreamento do cacircncer ceacutervico-
uterino cause impacto epidemioloacutegico eacute necessaacuterio realizar uma cobertura superior a
80 o que representaria um impacto de 50 na reduccedilatildeo da mortalidade por essa
doenccedila Entretanto nos paiacuteses em desenvolvimento como o Brasil a cobertura
22
desse teste ainda natildeo alcanccedilou niacuteveis suficientes e coerentes com as necessidades
da populaccedilatildeo feminina sob maior risco de contrair a doenccedila
Narchi Janicas e Fernandes (2007) relatam que no Brasil as accedilotildees de
intervenccedilatildeo e controle do cacircncer ceacutervico-uterino tecircm sido norteadas pela distribuiccedilatildeo
das lesotildees cervicais segundo as faixas etaacuterias de mulheres mais acometidas pela
doenccedila e pela periodicidade dos exames citopatoloacutegicos seguindo a loacutegica
epidemioloacutegica do risco e da relaccedilatildeo custobenefiacutecio que norteiam as intervenccedilotildees
em sauacutede publica Poreacutem por vaacuterios anos essa cobertura esteve descontextualiza
da no paiacutes de forma a disponibilizar a citopatologia apenas durante o preacute-natal natildeo
atingindo a populaccedilatildeo de mulheres da faixa etaacuteria de maior risco subutilizando os
equipamentos de sauacutede e tornando o programa ineficiente Conforme as autoras
vaacuterios estudos que investigaram os motivos que dificultam a captaccedilatildeo das mulheres
para a prevenccedilatildeo do cacircncer ginecoloacutegico ressaltam a amplitude do problema que
perpassa por diversas esferas assumindo aspecto multidimensional
Narchi Janicas e Fernandes (2007) ressaltam ainda que o modelo
contextual proposto por Pinho amp Franccedila-Junior analisa o acesso e a utilizaccedilatildeo dos
serviccedilos preventivos em trecircs planos individual organizacionalprogramaacutetico e social
dispostos em uma estrutura dinacircmica e relacional Esse modelo propotildee que a
realizaccedilatildeo da colpocitologia seja produto da interaccedilatildeo desses trecircs planos dos quais
emergem os elementos necessaacuterios para definir uma situaccedilatildeo de vulnerabilidade
individual programaacuteticaorganizacional e social do cacircncer ceacutervico-uterino Para as
autoras o plano individual representado por caracteriacutesticas relacionadas agrave
realizaccedilatildeo do exame definiraacute a vulnerabilidade individual da mulher a doenccedila A
vulnerabilidade eacute representada por um conjunto de fatores cognitivos relacionados a
real falta de conhecimento sobre a doenccedila e o exame o que contribui para a
reduccedilatildeo de praacuteticas sexuais seguras e de prevenccedilatildeo secundaacuteria Tal vulnerabilidade
individual pode ser criada e percebida pelas mulheres ou a elas imposta no
momento em que se enfatiza o risco da natildeo-realizaccedilatildeo da colpocitologia em vez da
ecircnfase ao benefiacutecio da accedilatildeo gerando ou reforccedilando sentimento de medo em
relaccedilatildeo ao cacircncer que pode provocar tanto um efeito propulsor que induz a mulher
para a realizaccedilatildeo do exame quanto um efeito mais restritivo ao exame pelo medo
de sentir dor ou de receber um resultado positivo concluem as autoras
23
No plano organizacional ou programaacutetico inserem-se as caracteriacutesticas
relacionadas agrave disponibilidade de serviccedilos de sauacutede em relaccedilatildeo agrave demanda e a sua
acessibilidade geograacutefica a organizaccedilatildeo e as necessidades da populaccedilatildeo usuaacuteria e
ao planejamento das accedilotildees efetivas na prevenccedilatildeo e na promoccedilatildeo a sauacutede sob a
forma de programas organizados de rastreamento do cacircncer cervical que primem
pelo respeito agrave autonomia individual e pela abordagem integral mulher (NARCHI
JANICAS e FERNANDES 2007)
Ainda segundo os autores um dos fatores que contribuem para a baixa
adesatildeo das mulheres ao programa eacute a falta de humanizaccedilatildeo na assistecircncia pois a
violecircncia institucional sofrida pelas mulheres durante a consulta ginecoloacutegica pode
ser traduzida pela humilhaccedilatildeo por constrangimento e pela forma fria e
despersonalizada com que satildeo atendidas sem serem esclarecidas quanto ao
resultado do exame ou por realizarem tratamentos por vaacuterios anos sem sequer
terem noccedilatildeo dos seus objetivos Isso submete a mulher a uma assistecircncia
medicalizada e indigna na qual se perde a oportunidade de investir em prevenccedilatildeo
primaacuteria (NARCHI JANICAS E FERNANDES 2007)
De acordo com Dias-da-Costa et al (2003) quando se fala acerca da sauacutede
puacuteblica eacute sabido que a efetividade do programa de controle do cacircncer de colo do
uacutetero depende da cobertura populacional alcanccedilada Poreacutem no Brasil a avaliaccedilatildeo
da efetividade de programas de prevenccedilatildeo e accedilotildees de sauacutede puacuteblica ainda eacute
considerada incipiente
43 Contexto histoacuterico da citologia oncoacutetica
Montemor et al (2008 p 45) relatam que na eacutepoca em que a citologia
ginecoloacutegica estava em desenvolvimento agrave ideacuteia preponderante entre os
ginecologistas era que sendo o colo uterino facilmente acessiacutevel agrave bioacutepsia dava-se
preferecircncia ao estudo histoloacutegico pois a citologia ainda carecia de credibilidade
diagnoacutestica
Os autores afirmam que foi Aureli Babes um patologista romeno em 1928
que sugeriu que fosse feita a coleta direta de material do colo uterino para o
diagnoacutestico do cacircncer sendo que o mesmo foi o primeiro pesquisador que
descreveu de forma minuciosa a teacutecnica de coleta utilizando a coloraccedilatildeo atraveacutes do
24
meacutetodo de Giemsa Entretanto ainda de acordo com os autores foi George
Nicholas Papanicolaou um grego nascido em 1883 em Kymi na ilha grega de
Euboea que se aprofundou nos estudos acerca da citologia ginecoloacutegica o qual em
1913 se fixou nos Eua como pesquisador do laboratoacuterio do Hospital de Nova Iorque
Segundo os autores Neste sentido os autores afirmam que
Papanicolaou quando estudava as alteraccedilotildees hormonais das ceacutelulas nas diferentes fases do ciclo menstrual observou que tambeacutem era possiacutevel o diagnoacutestico das ceacutelulas tumorais do colo uterino Em 1941 publicou no American Journal of Obstetrics and Gynecology em co-autoria com Traut um trabalho com o tiacutetulo de O valor diagnoacutestico dos esfregaccedilos vaginais no carcinoma do uacutetero Nessa publicaccedilatildeo mostra a possibilidade de fazer diagnoacutestico de carcinoma do colo uterino atraveacutes de ceacutelulas atiacutepicas presentes nos esfregaccedilos bem como enfatiza a necessidade de aplicar esse meacutetodo simples e de baixo custo a um grande nuacutemero de mulheres O meacutetodo de coloraccedilatildeo dos esfregaccedilos citoloacutegicos que leva o nome de ldquoColoraccedilatildeo de Papanicolaourdquo eacute ainda hoje largamente utilizado (MONTEMOR et al 2008 p 46)
Os autores relatam ainda que em meados de 1940 o J Ernest Ayre um
meacutedico canadense utilizou uma espaacutetula a qual leva o seu nome para obter
raspados do colo uterino possibilitando dessa forma uma maneira praacutetica e
eficiente de coleta de material para a realizaccedilatildeo de exames em grande escala
(MONTEMOR et al 2008) De acordo com Tavares et al (2007) o exame
citopatoloacutegico foi sugerido como uma ferramenta para a detecccedilatildeo precoce do cacircncer
do colo do uacutetero em 1941
Conforme Hackenhaar Ceacutesar e Domingues (2006) a prevenccedilatildeo considerada
como secundaacuteria do cacircncer do colo uterino tem se centralizado no rastreamento de
mulheres sexualmente ativas atraveacutes do exame citopatoloacutegico do colo uterino O
qual foi adotado para rastreamento na deacutecada de 50 em vaacuterios paiacuteses uma vez que
identifica lesotildees preacute-cancerosas que se tratadas minimizam a incidecircncia de
carcinoma invasor e com isso a mortalidade pelo cacircncer de colo uterino Segundo
os autores
Em 1998 o Ministeacuterio da Sauacutede do Brasil estabeleceu que o exame para a detecccedilatildeo precoce do cacircncer do colo uterino deveria ser realizado por mulheres com idade entre 25 e 60 anos ou antes desta faixa etaacuteria caso jaacute tivessem mantido relaccedilotildees sexuais Para estas mulheres a periodicidade deveria ser de trecircs em trecircs anos se os dois primeiros exames realizados a cada ano fossem normais Em 2002 ocorreu a fase de intensificaccedilatildeo da campanha que tinha por objetivo realizar exames nas mulheres de 35 a 49 anos que nunca haviam realizado este tipo de exame ou que o houvessem
25
realizado haacute mais de trecircs anos (HACKENHAAR CEacuteSAR e DOMINGUES 2006 p 1)
44 Conceitos e caracteriacutesticas do exame de prevenccedilatildeo do cacircncer
Conforme Montemor et al (2008) o exame citopatoloacutegico tambeacutem conhecido
como exame Papanicolaou ou ainda exame preventivo do cacircncer do colo do uacutetero
tem como objetivo a anaacutelise das ceacutelulas obtidas por raspagem do colo uterino
(ectoceacutervice e canal endocervical) com as quais eacute realizado esfregaccedilo sobre uma
lacircmina de vidro De acordo com os autores as caracteriacutesticas morfoloacutegicas das
ceacutelulas satildeo observadas ao microscoacutepio e quando alteradas ou seja quando estatildeo
diferentes daquelas consideradas normais sugerem tratar-se de processo preacute-
neoplaacutesico ou neoplaacutesico Os autores afirmam ainda que atualmente o exame
citopatoloacutegico eacute o meacutetodo de rastreamento para cacircncer do colo uterino mais utilizado
em todo o mundo
De acordo com Tavares (2007) o exame citopatoloacutegico eacute considerado um
meacutetodo eficiente pois tem a habilidade de identificar lesotildees precursoras do cacircncer
do colo do uacutetero que naquele momento satildeo trataacuteveis podendo resultar em
significante decreacutescimo da mortalidade por esse tipo de cacircncer
45 O cacircncer do colo do uacutetero
Segundo Zeferino (2008) o cacircncer do colo uterino tem sido um desafio para a
sauacutede puacuteblica na reduccedilatildeo de morte de mulheres por causa desse mal uma vez que
se trata de uma doenccedila que pode ser evitada por meio do diagnoacutestico e do
tratamento de suas lesotildees precursoras Neste sentido Narchi Janicas e Fernandes
(2007) concordam com Zeferino (2008) quando afirmam que o cacircncer chamado por
eles de cacircncer ceacutervico-uterino vem sendo alvo de atenccedilatildeo por parte da comunidade
cientiacutefica devido ocupar lugar de destaque no que diz respeito agraves elevadas taxas de
morbidade e mortalidade entre a populaccedilatildeo feminina principalmente em paiacuteses em
desenvolvimento uma vez que trata-se de um tipo de cacircncer que estaacute relacionado
ao perfil epidemioloacutegico das mulheres cuja frequecircncia dos fatores de risco e do grau
de implementaccedilatildeo de accedilotildees de curto e longo prazos em todos os niacuteveis de atenccedilatildeo
26
De acordo com Hackenhaar Ceacutesar e Domingues (2006 p1) ldquoo cacircncer do
colo uterino eacute um problema de sauacutede puacuteblica mundialrdquo Segundo os autores
Em 2000 havia uma estimativa de 468000 casos com 233000 mortes por este tipo de cacircncer em todo o mundo Destas mortes 80 ocorreriam nos paiacuteses em desenvolvimento No Brasil o cacircncer de colo uterino representa a segunda maior causa de morte por cacircncer entre as mulheres (HACKENHAAR CEacuteSAR e DOMINGUES 2006 p 1)
Por meio do controle perioacutedico utilizando-se o exame citoloacutegico eacute possiacutevel
reduzir sua incidecircncia pois dados da Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede (OMS)
afirmam que a cada ano surgem cerca de 500 mil novos casos de cacircncer do colo
uterino por ano no mundo todo sendo que mais de 400 mil ocorrem em paiacuteses em
desenvolvimento (ZEFERINO 2008) Este dado eacute confirmado por Ceacutesar et al
(2003) quando os autores afirmam que cerca de 80 dos casos de cacircncer de colo
uterino ocorrem nos paiacuteses pobres
Domingos et al (2007 p 1) explicam que ldquoo cacircncer de colo de uacutetero eacute uma
doenccedila de evoluccedilatildeo lenta levando em meacutedia 14 anos para sua evoluccedilatildeo total
Inicia-se com alteraccedilotildees miacutenimas nas ceacutelulas denominadas displasia e se natildeo
forem tratadas estas alteraccedilotildees evoluemrdquo De acordo com os autores
Com o desenvolvimento da doenccedila em meacutedia trecircs anos apoacutes a constataccedilatildeo das primeiras alteraccedilotildees celulares surge um tumor localizado chamado carcinoma in situ Este cacircncer desenvolve-se por mais seis anos invadindo a mucosa do uacutetero quando recebe o nome de carcinoma invasor Apoacutes 14 anos das primeiras alteraccedilotildees celulares o cacircncer atinge a forma mais grave com o aparecimento de metaacutestase espalhando-se assim por outras regiotildees do corpo (DOMINGOS et al 2007 p 1)
Conforme Rodrigues Neto Figueiredo e Siqueira (2008 p 1) o cacircncer tem
sido responsaacutevel por seis milhotildees de mortes por ano correspondendo a 12 das
mortes mundiais ldquoEstima-se a ocorrecircncia de mais de dez milhotildees de novos casos
de cacircncer por ano sendo que para o ano de 2020 espera-se que haja mais de 15
milhotildees de casos novosrdquo Para os autores
O cacircncer do colo do uacutetero (CCU) ocupa o 2ordm lugar na incidecircncia mundial de neoplasias estando atraacutes apenas do cacircncer de mama Por ano no mundo ocorrem cerca de 235 mil mortes devido ao CCU sendo 218 mil em paiacuteses considerados pobres ou emergentes(4) onde ocorre quase 60 dos casos novos de cacircncer ocupando um lugar de destaque nas taxas de morbimortalidade entre a populaccedilatildeo feminina Ressalta-se que na Ameacuterica Latina se encontram as mais altas taxas de incidecircncia desta doenccedila
27
representando uma das causas de oacutebito mais frequumlente entre as mulheres [] Natildeo considerando os carcinomas de pele natildeo melanoma o CCU eacute o mais incidente na Regiatildeo Norte (22100000) Jaacute nas regiotildees Sul (24100000) Centro-Oeste (19100000) e Nordeste (18100000) ocupa a segunda posiccedilatildeo e no Sudeste (18100000) a quarta posiccedilatildeo estando assim associado a regiotildees brasileiras de baixo niacutevel socioeconocircmico (RODRIGUES NETO FIGUEIREDO e SIQUEIRA 2008 p 1)
Dentre os fatores causadores e facilitadores desse tipo de cacircncer Ceacutesar et al
(2003) citam fatores reprodutivos maternos tais como iniacutecio precoce de atividade
sexual e comportamento sexual masculino baixo niacutevel socioeconocircmico muacuteltiplos
parceiros sexuais higiene sexual precaacuteria ocorrecircncia de abortos (particularmente os
induzidos) alcoolismo e tabagismo e uso de anticoncepcional oral Domingos et al
(2007 p 1) afirmam que ldquoo cacircncer do colo do uacutetero eacute um dos maiores problemas da
sauacutede da mulher em todo o mundo Estima-se que a cada ano ocorram no mundo
493000 novos casos da doenccedila e 274000 mortesrdquo
ldquoSegundo dados do Ministeacuterio da Sauacutede (MS) no ano de 2002 4091
mulheres morreram no Brasil vitimadas por este tipo de cacircncer Destas 297
ocorreram no Estado do Paranaacute na faixa etaacuteria de 30 a 49 anosrdquo (DOMINGOS et al
2007 p 1)
Zeferino (2008) relata que no Brasil o cacircncer do colo uterino eacute o terceiro mais
frequumlente o qual eacute superado apenas pelos cacircnceres de pele e de mama Trata-se
da quarta causa de oacutebito entre as mulheres superado apenas pelos cacircnceres de
mama do pulmatildeo e do coacutelon-reto No ano de 2003 foram registradas 4110 mortes
com cacircncer de colo uterino correspondendo a 7 do total dos oacutebitos devido a
cacircncer em mulheres De acordo com o autor
Cerca de 90 dos cacircnceres de colo uterino originaram-se de ceacutelulas escamosas sendo chamados de carcinomas escamosos ou carcinomas epidermoacuteides e outros 10 originaram-se de ceacutelulas glandulares sendo entatildeo chamados de adenocarcinomas Raramente podem aparecer os dois tipos de ceacutelulas e satildeo chamados carcinomas adenoescamosos Todavia tem sido observado que a proporccedilatildeo de adenocarcinoma do colo uterino tem aumentado nas uacuteltimas deacutecadas particularmente em mulheres jovens (BULK et al 2005 apud ZEFERINO 2008 p 68)
Segundo dados do INCA (2002 apud Ceacutesar et al 2003 p 1366) ldquono Brasil
o cacircncer de colo uterino eacute o segundo entre os tumores ginecoloacutegicos malignos e o
terceiro mais comum na populaccedilatildeo feminina Representa 10 de todos os cacircnceres
malignos em mulheresrdquo
28
De acordo com Albuquerque et al (2009) ldquoa infecccedilatildeo preacutevia pelo papiloma
viacuterus humano (HPV) tem sido apontada como o principal fator de risco para o cacircncer
de colo de uacuteterordquo Fatores como iniacutecio precoce da atividade sexual multiplicidade de
parceiros sexuais uso de contraceptivos orais tabagismo situaccedilatildeo conjugal e baixa
condiccedilatildeo soacutecio-econocircmica tecircm sido apontados como fatores de risco importantes
para o desenvolvimento dessa neoplasia
Narchi Janicas e Fernandes (2007) relatam que o cacircncer ceacutervico-uterino tem
sua origem a partir de uma lesatildeo intra-epitelial progressiva a qual pode evoluir para
um cacircncer invasivo dentro de um prazo em torno de 10 a 20 anos caso natildeo seja
oferecido tratamento
Conforme as autoras durante o periacuteodo de evoluccedilatildeo da doenccedila ela passa por
fases preacute-cliacutenicas detectaacuteveis e curaacuteveis lhe conferindo elevado potencial de
prevenccedilatildeo e cura Corresponde a cerca de 15 de todos os cacircnceres femininos
sendo o segundo tipo mais comum entre as mulheres Ainda na visatildeo das autoras a
mortalidade pelo cacircncer ceacutervico-uterino pode ser evitada devido agrave lenta evoluccedilatildeo da
doenccedila e devido aos recursos tecnoloacutegicos o diagnoacutestico e o tratamento oportunos
das lesotildees precursoras as quais satildeo curaacuteveis em ateacute 100 dos casos Entretanto
conforme as autoras mesmo o Brasil ter sido um dos primeiros paiacuteses a realizar os
exames de colpocitologia e colposcopia esse tipo de cacircncer ainda continua sendo
um seacuterio problema de sauacutede puacuteblica por manter uma das mais elevadas taxas de
oacutebito como pode ser verificado a seguir
No Brasil as accedilotildees de controle do cacircncer ginecoloacutegico iniciaram-se de forma programaacutetica em 1983 eacutepoca de implantaccedilatildeo do Programa de Assistecircncia Integral agrave Sauacutede da Mulher (PAISM) que representou uma ampliaccedilatildeo do foco de assistecircncia agrave mulher para aleacutem do ciclo graviacutedico-puerperal No entanto apesar das recomendaccedilotildees de implantaccedilatildeo ou ampliaccedilatildeo das atividades de diagnoacutestico do cacircncer ceacutervico-uterino e de educativas com vistas agrave prevenccedilatildeo da doenccedila por mais de uma deacutecada as accedilotildees de combate a essa doenccedila foram desenvolvidas no paiacutes de forma desarticulada por iniciativa de apenas alguns Estados e municiacutepios (NARCHI JANICAS e FERNANDES 2007 p 128)
Os autores pesquisados nesta revisatildeo narrativa serviram de subsiacutedios para a
elaboraccedilatildeo do plano de accedilatildeo apresentado no proacuteximo capiacutetulo cujo objetivo eacute
aumentar a cobertura do exame de prevenccedilatildeo do cacircncer do colo do uacutetero no Centro
de Sauacutede Felicidade II
29
5 PLANO DE ACcedilAtildeO PARA A AMPLIACcedilAtildeO DA COBERTURA DO EXAME COLPOCITOLOacuteGICO NO CENTRO DE SAUacuteDE FELICIDADE II
De acordo com a atividade realizada no Moacutedulo da Sauacutede da Mulher foram
constatados alguns problemas em relaccedilatildeo agrave cobertura do exame colpocitoloacutegico no
Centro de Sauacutede Felicidade II o qual apresentou em 2009 baixa cobertura A partir
daiacute foram detectados outros fatores que contribuem para o baixo iacutendice de
cobertura aqueacutem do que eacute preconizado pela Secretaacuteria Municipal de Sauacutede Neste
sentido o plano de accedilatildeo descrito no Quadro 1 vem propor estrateacutegias visando
ampliar da cobertura do exame colpocitoloacutegico e minimizar os problemas levantados
Acredita-se que por meio da implantaccedilatildeo do plano de accedilatildeo sugerido o
Centro de Sauacutede Felicidade II teraacute maior e melhor desempenho de sua equipe
alcanccedilando com isso o aprimoramento no atendimento da populaccedilatildeo alvo da
instituiccedilatildeo
30
QUADRO1 - PLANO DE ACcedilAtildeO PARA AUMENTAR A COBERTURA DO EXAME DE PREVEN9AO DO COLO DO UTERO PARA A EQUIPE DE SAUDE DO CENTRO DE SAUDE FELICIDADE II
PROBLEMA ATIVIDADES ACcedilOtildeES META RESPONSAVEL PERIODO
As ACS sentem inseguros para orientar agraves mulheres em relaccedilatildeo aos cuidados para realizar o exame preventivo por falta de conhecimento
Educaccedilatildeo em Sauacutede
Capacitaccedilatildeo da equipe sobre a importacircncia do exame colpocitoloacutegico
Nivelar o conhecimento dos membros da equipe
Municiacutepio Gerecircncia Regional de Sauacutede
Outubro2011
Enfermeiro natildeo se sente capacitado para a realizaccedilatildeo do exame de Papanicolaou
Capacitaccedilatildeo Teacutecnica do enfermeiro para a realizaccedilatildeo do exame de Papanicolaou
Solicitar agrave Ginecologista enfermeira treinamentocapacitaccedilatildeo do enfermeiro
Instrumentalizar o enfermeiro para a realizaccedilatildeo coleta de material
Enfermeira de outra Unidade Baacutesica de Sauacutede Meacutedico Ginecologista
Outubro2011
Baixo iacutendice de cobertura do exame citoloacutegico
Elaboraccedilatildeo de um instrumento para coleta de dados para identificar as mulheres de 25 a 59 anos na aacuterea de abrangecircncia do centro de sauacutede e tambeacutem para levantar quais os fatores que impeditivos para a realizaccedilatildeo do exame Incluir as mulheres identificadas no arquivo rotativo
Visita domiciliar
Visitar todas as mulheres dentro da aacuterea de abrangecircncia da UBS
ACS Novembro2011 Dezembro2011
Baixo iacutendice de cobertura do exame citoloacutegico
Agendamento da consulta de enfermagem consulta meacutedica para atender as prioridades levantadas no diagnoacutestico da atividade anterior para realizaccedilatildeo do exame Priorizar mulheres que nunca fizeram o exame ou que fizeram a mais de trecircs anos
Visita domiciliar Consulta de Enfermagem e consulta meacutedica
Orientar as mulheres sobre o exame preventivo Realizar o exame
ACS Meacutedico e enfermeira
Janeiro2012
31
O agendamento das consultas e marcado para datas muito distantes o que geralmente faz com que a mulher esqueccedila
Comunicaccedilatildeo da data do exame com antecedecircncia
Elaborar uma forma de entrar em contato com a paciente cinco dias antes da consulta agendada
Diminuir o iacutendice de ausecircncia agraves consultas
ACS Novembro2011
Desconhecimento das mulheres sobre o exame preventivo e os cuidados preparativos para o exame
Orientaccedilatildeo das mulheres sobre o exame e os cuidados preparativos para o exame
Criar um informativo contendo as orientaccedilotildees sobre o exame e os cuidados para serem entregue as usuaacuterias no momento da visita do ACS para informaacute-las da data e horaacuterio da consulta
Orientar todas usuaacuterias
Enfermeiro ACS
Janeiro2011
Entrega de resultados dos preventivos sem alteraccediloespelos ACSrsquos
Entrega do resultado do exame
Agendar um dia na semana para a entrega dos resultados dos exames Todos os exames deveratildeo ser vistos pelo enfermeiro Aqueles que apresentarem alguma alteraccedilatildeo a paciente deve ser encaminhada ao meacutedico Teacutecnico de Enfermagem Enfermeiro
Orientar as usuaacuterias
Os exames com resultados normais seratildeo entregues pelo teacutecnico de enfermagem Aqueles que apresentarem alguma alteraccedilatildeo seratildeo entregues pelo enfermeiro que deveraacute fazer os devidos encaminhamentos quando necessaacuterios
Dezembro2011
Entrega dos resultados de exames com alteraccedilotildees apoacutes consultas de retorno agendadas para usuaacuterias
Orientaccedilatildeo encaminhamento e acompanhamento da usuaacuteria
Visita domicilar Consulta de enfermagemconsulta meacutedica
Avaliar o estado de sauacutede da mulher Acompanhamento e orientaccedilotildees
Meacutedico e enfermeira Janeiro2012
Monitoramento e acompanhamento
- Agendamentos anuais - Elaboraccedilatildeo um arquivo rotativo - Estabelecimento de Indicadores de acompanhamento e
- Controlar a marcaccedilatildeo de consulta no intervalo de trecircs anos se apoacutes dois anos consecutivos de coleta os resultados forem negativos para
Monitorar o exame preventivo Acompanhar o estado de sauacutede das mulheres pela
Enfermeira e Teacutecnico de enfermagem
Novembro2011
32
avaliaccedilatildeo das accedilotildees votadas agrave sauacutede da mulher pela equipe de sauacutede
displasia ou neoplasia - Fazer a busca das usuaacuterias faltosas aos exames e consultas
equipe
Falta de interesse e conscientizaccedilatildeo em relaccedilatildeo agrave importacircncia do exame preventivo
Atendimento de Grupos Retomar o grupo de mulheres onde seratildeo abordados temas relativos agrave sauacutede da mulher Realizar orientaccedilotildees por meio de palestras nos grupos operativos
Conscientizar as mulheres sobre a importacircncia da realizaccedilatildeo do exame
Equipe de Sauacutede Fevereiro2012
Consulta eacute marcada com um meacutedico do sexo masculino
Agendamento com o enfermeiro quando possiacutevel
Reforccedilar com a paciente que durante a consulta estaraacute presente uma Auxiliar de Enfermagem
Diminuir a evasatildeo do exame prevenccedilatildeo Diminuir a resistecircncia ao atendimento masculino
Disponibilizar uma auxiliar ou teacutecnica de enfemagem para acompanhar o meacutedico durante o exame
Dezembro2011
Falta disponibilidade de horaacuterios mais flexiacuteveis pois haacute concentraccedilatildeo de horaacuterio pela manhatilde
Adequaccedilatildeo da Agenda Alteraccedilotildees na agenda com horaacuterios para adequar agraves necessidades dos usuaacuterios
Marcar os exames preventivos para o horaacuterio da tarde
Enfermeira e meacutedico Janeiro2012
33
6 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
A poliacutetica da sauacutede tem como principal objetivo promover mudanccedilas no intuito
de melhorar o niacutevel da sauacutede da populaccedilatildeo Diante dos resultados apurados nesse
estudo percebe-se a necessidade das intervenccedilotildees a serem efetuadas no Centro de
Sauacutede Felicidade II visando melhorar o iacutendice de cobertura dos exames
preventivos
Assim a realidade percebida no Centro de Sauacutede Felicidade II eacute que o
desempenho da equipe exerce grande impacto no desenvolvimento das accedilotildees
alcanccedilando dessa forma o objetivo de contribuir com o aprimoramento e a
consolidaccedilatildeo da assistecircncia agrave sauacutede da populaccedilatildeo
Como problemas levantados em relaccedilatildeo a baixa cobertura da prevenccedilatildeo do
cacircncer do colo do uacutetero identificamos as seguintes o ACS sentir inseguro para
orientar agraves mulheres em relaccedilatildeo aos cuidados para realizar o exame preventivo a
falta de capacitaccedilatildeo teacutecnica para o enfermeiro realizar o exame de Papanicolaou
consultas agendadas para datas muito distantes fazendo com que a mulher se
esqueccedila do diadesconhecimento das mulheres sobre o exame preventivo e os
cuidados preparativos para o mesmo falta de interesse e conscientizaccedilatildeo em
relaccedilatildeo agrave importacircncia do exame preventivo por parte das usuaacuteriaspudor da mulher
diante do profissional de sexo masculino e falta de disponibilidade de horaacuterios mais
flexiacuteveis com concentraccedilatildeo das consultas no horaacuterio da manhatilde
A partir dos problemas levantados foram propostas as atividades accedilotildees
metas e os responsaacuteveis pelas atividades no sentido de ampliar a cobertura das
mulheres por meio da participaccedilatildeo de toda a equipe de sauacutede Desse modo foi
muito importante tambeacutem a elaboraccedilatildeo das estrateacutegias para que o nuacutemero de
usuaacuterias seja aumentado Neste sentido destaca-se o papel do enfermeiro como
parte integrante da equipe de sauacutede e que desempenha um importante papel na
promoccedilatildeo da prevenccedilatildeo educaccedilatildeo e melhorias constantes nos serviccedilos oferecidos
agrave populaccedilatildeo
Nesta direccedilatildeo o Centro de Sauacutede Felicidade II deve se preocupar com a
capacitaccedilatildeo de seus funcionaacuterios com a organizaccedilatildeo do processo de trabalho das
equipes bem com um investimento maior nas accedilotildees de promoccedilatildeo e prevenccedilatildeo da
saude conforme abordado neste estudo
34
Desse modo cabe a todos os profissionais atuar mais na prevenccedilatildeo
promoccedilatildeo e recuperaccedilatildeo por meio de praacuteticas educativas promovendo campanhas
palestras sobre a sauacutede da mulher fornecendo orientaccedilotildees durante as consultas
para que se possa reverter o quadro de baixo iacutendice de cobertura no exame
preventivo de cacircncer do colo do uacutetero alcance assim a cobertura preconizada pela
Secretaacuteria de Sauacutede o que vai refletir na melhoria da assistecircncia a sauacutede agrave mulher
35
REFEREcircNCIAS ALBUQUERQUE KM et al Cobertura do Teste de Papanicolau e Fatores associados agrave Natildeo-Realizaccedilatildeo um olhar sobre o Programa de Prevenccedilatildeo do Cacircncer do Colo do Uacutetero em Pernambuco Brasil Caderno de Sauacutede Puacuteblica v 25 supl 2 Rio de Janeiro 2009 Disponiacutevel em lthttpwwwscielosporgscielophpscript=sci_arttextamppid=S0102-311X2009001400012gt Acesso em 6 nov 2010 BELO HORIZONTE Secretaria Municipal de Sauacutede Prevenccedilatildeo e Controle do Cacircncer do Colo de Uacutetero Belo Horizonte 2008 BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede O Programa Sauacutede da Famiacutelia e a Atenccedilatildeo Baacutesica no Brasil Brasiacutelia 2002 Disponiacutevel em lthttpwwwccssaudegovbrsaudebatea portamostravirtualpublicacoespsf_atencaobasicapdfgt Acesso em 01 abr 2010 CEacuteSAR JA et al Fatores Associados agrave natildeo Realizaccedilatildeo de Exame Citopatoloacutegico de Colo Uterino no Extremo Sul do Brasil Caderno de Sauacutede Puacuteblica Rio de Janeiro v19n5 p1365-1372 setout 2003 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrpdf0Dcspv19n517808pdfgt Acesso em 16 jul 2010 CORREcircA DA D VILLELA WV O Controle do Cacircncer do Colo do Uacutetero desafios para implementaccedilatildeo de accedilotildees programaacuteticas no Amazonas Brasil Rev bras sauacutede matern infantil v8 n4p491-497 outdez 2008 DIAS-DA-COSTA J S et al Cobertura do Exame Citopatoloacutegico na Cidade de Pelotas Rio Grande do Sul Brasil Caderno de Sauacutede Puacuteblica Rio de Janeiro v19 n1 p191-197 janfev 2003 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrpdfcspv19n114919pdfgt Acesso em 16 jul 2010 DOMINGOS ACP et al Cacircncer do Colo do Uacutetero comportamento preventivo de auto-cuidado agrave sauacutede Revista Ciecircncia Cuidado e Sauacutede 6 (Suplem 2) p 397-403 2007 Disponiacutevel em lthttpperiodicosuembrojsindexphpCiencCuidSaudearticleviewFile53373385gt Acesso em 5 nov 2010 HACKENHAAR AAC JURACI A DOMINGUES MR Exame Citopatoloacutegico de Colo Uterino em Mulheres com Idade entre 20 e 59 anos em Pelotas RS prevalecircncia foco e fatores associados agrave sua natildeo realizaccedilatildeo Revista Brasileira de EpidemiologiaSatildeo Paulo v9n1 Mar 2006 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S1415-790X2006000100013gt Acesso em 16 jul 2010 MONTEMOR EBL et al Controle do Cacircncer de Colo de Uacutetero o exame citopatoloacutegico In LOPES MHBde M (org) Enfermagem na Sauacutede da Mulher Goiacircnia AB 2006 p 45-65 NAKAGAWA JTT SCHIRMER J BARBIERI M Viacuterua HPV e Cacircncer de Colo de Uacutetero Revista Brasileira de Enfermagem v 63 n 2 Brasiacutelia marabri 2010
36
Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S0034-71672010000200021gt Acesso em 6 nov 2010 NARCHI NZ JANICAS Rde CS V FERNANDES RAacuteQ Prevenccedilatildeo e Controle do Cacircncer Ceacutervico-Uterino In FERNANDES RAacuteQ NARCHI NZ Enfermagem e Sauacutede da Mulher Barueri SP Manole 2007 p 127-149 NUacuteCLEO DE EDUCACcedilAtildeO EM SAUacuteDE COLETIVA ndash NESCON Faculdade de Medicina ndash UFMG Belo Horizonte Disponiacutevel em lthttpwwwnesconmedicinaufmgbrgt Acesso em 12 dez 2009 PINTO CAG COELHO IB BH Vida pensando a implantaccedilatildeo da Estrateacutegia de Sauacutede da Famiacutelia na cidade de Belo Horizonte passados 10 anos lthttpxayimgcomkqgroups15983109953140003nameImplantacao+do+BH+VIDA+-+Carlos+Gama+e+Ivan+Coelho5B15Dpdf gt Acesso em 01 mar 2011 RODRIGUES NETO JF FIGUEIREDO MFS SIQUEIRA LG Exame Citopatoloacutegico do Colo do Uacutetero fatores associados a natildeo realizaccedilatildeo em ESF Revista Eletrocircnica de Enfermagem 10 (3) 610-21 2008 Disponiacutevel em lthttpwwwfenufgbrrevistav10n3pdfv10n3a07pdfgt Acesso em 17 jul 2010 TAVARES SB do N et al Controle da Qualidade em Citopatologia Cervical revisatildeo de literatura Revista Brasileira de Cancerologia 53(3) 355-364 2007 Disponiacutevel em lthttpwwwincagovbrrbcn_53v03pdfrevisao6pdfgt Acesso em 17 jul 2010 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA Regulamento de Orientaccedilatildeo Do Trabalho De Conclusatildeo De Curso Do Curso De Licenciatura Em Letras ndashPORTUGUEcircS-ESPANHOL Disponiacutevel em lt httpwwwuepgbruepg_departamentosdeletpdfREG20PORT20ESPANHOLpdf gt Acesso em 23 set 2011 ZEFERINO L Prevenccedilatildeo e Controle do Cacircncer Ceacutervico-Uterino In LOPES MHB de M (org) Enfermagem na Sauacutede da Mulher Goiacircnia AB p 67-80 2006
SUMAacuteRIO
1 INTRODUCcedilAtildeO 10 2 OBJETIVOS 15 21 Objetivo geral 15 22 Objetivos especiacuteficos 15 3 METODOLOGIA 16 4 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO 17 41 A promoccedilatildeo da sauacutede das mulheres 17 42 A prevenccedilatildeo do cacircncer do colo do uacutetero 17 43 Contexto histoacuterico da citologia oncoacutetica 23 44 Conceitos e caracteriacutesticas do exame de prevenccedilatildeo do cacircncer 25 45 O cacircncer do colo do uacutetero 25 5 PLANO DE ACcedilAtildeO PARA A AMPLIACcedilAtildeO DA COBERTURA DO EXAME COLPOCITOLOacuteGICO NO CENTRO DE SAUacuteDE FELICIDADE II 30 6 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS 34 REFEREcircNCIAS 35
10
1 INTRODUCcedilAtildeO
O Curso de Especializaccedilatildeo em Atenccedilatildeo Baacutesica em Sauacutede da Famiacutelia eacute
oferecido pelo Nescon aos profissionais de sauacutede das prefeituras municipais do
estado de Minas Gerais na perspectiva de que cumpra seu importante papel na
consolidaccedilatildeo da estrateacutegia e no desenvolvimento de um Sistema Uacutenico de Sauacutede
universal e com maior grau de equumlidade (NESCON 2009)
O Nescon oacutergatildeo complementar da Faculdade de Medicina da Universidade
Federal de Minas Gerais vem se caracterizando como uma das instacircncias de
cooperaccedilatildeo mais atuantes na organizaccedilatildeo de serviccedilos de sauacutede no Brasil Desde
sua criaccedilatildeo em 1983 e reativaccedilatildeo em 1986 o Nescon tem acumulado experiecircncias
que o capacitaram institucionalmente para atividades de pesquisa assessoria e
formaccedilatildeo de recursos humanos (NESCON 2009)
No art 3 do Capiacutetulo I - Da Conceituaccedilatildeo e Objetivos do Regulamento de
Orientaccedilatildeo do Trabalho de Conclusatildeo de Curso do Curso de Licenciatura em Letras
ndash Portuguecircs-Espanhol da Universidade Estadual de Ponta (2010) define que ldquoO
Trabalho de Conclusatildeo de Curso (TCC) constitui uma atividade acadecircmica de
pesquisa e sistematizaccedilatildeo do conhecimento sobre um objeto de estudo pertinente agrave
profissatildeo do licenciado e agrave realidade social em suas diferentes expressotildeesrdquo Ele eacute
desenvolvido mediante controle orientaccedilatildeo e avaliaccedilatildeo docente cuja exigecircncia eacute
um requisito essencial para o crescimento pessoal e profissional do aluno uma vez
que possibilita integrar os conhecimentos acumulados durante o curso
(UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA - 2010)
Neste sentido a motivaccedilatildeo para desenvolver este estudo surgiu da
necessidade de ampliar a cobertura de exame colpocitoloacutegico agraves mulheres
pertencentes agrave aacuterea de abrangecircncia do Centro de Sauacutede Felicidade II A
identificaccedilatildeo do baixo acesso das mulheres a esta modalidade de exame foi
percebida graccedilas agrave realizaccedilatildeo da atividade de coleta de dados realizada por ocasiatildeo
do desenvolvimento do Moacutedulo Sauacutede da Mulher do Curso de Especializaccedilatildeo em
Atenccedilatildeo Baacutesica em Sauacutede da Famiacutelia Esta atividade consistia no levantamento da
cobertura do exame citoloacutegico aplicado agraves mulheres em idade feacutertil da aacuterea de
abrangecircncia do Centro de Sauacutede em que atuo como enfermeira A anaacutelise dos
dados apontou que o nuacutemero de exames realizados no referido Centro de Sauacutede
11
natildeo atingia a cobertura preconizada pela Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede (OMS) que
eacute de 85 das mulheres adscritas na aacuterea de abrangecircncia da equipe
Apoacutes a coleta e anaacutelise dos dados para a apresentaccedilatildeo da atividade referente
ao Moacutedulo Sauacutede da Mulher deparei-me coma seguinte situaccedilatildeo no ano de 2008
foram realizados 507 exames preventivos do cacircncer de colo do uacutetero o que
correspondia a 1878 de cobertura e no periacuteodo de setembro2009 a setembro de
2010 foram realizados 583 exames preventivos correspondendo a 2159 de
cobertura Considerou-se como fonte de registro do exame citoloacutegico o livro do
consultoacuterio ginecoloacutegico no periacuteodo total de um ano
A anaacutelise da cobertura foi feita com base no total de mulheres entre 19 e 59
anos (aproximadamente 2700 mulheres) de um total aproximado de 9000
moradores O valor da cobertura populacional encontrado estaacute muito abaixo do
preconizado pela OMS para se atingir a meta de prevenccedilatildeo de morbimortalidade
por cacircncer do colo do uacutetero (BELO HORIZONTE 2008)
Contribuiacuteram tambeacutem para a escolha do tema deste trabalho a necessidade
de estudar e analisar as causas da deficiecircncia na cobertura e principalmente propor
accedilotildees com o intuito de atingir o objetivo preconizado pela OMS e referecircncia para a
Secretaria Municipal de Sauacutede de Belo Horizonte Outro fato que contribuiu tambeacutem
foi a anaacutelise da atenccedilatildeo primaacuteria agrave sauacutede realizada por ocasiatildeo das Oficinas de
Qualificaccedilatildeo da Atenccedilatildeo Primaacuteria agrave Sauacutede em Belo Horizonte (Plano Diretor da
Atenccedilatildeo Primaacuteria agrave SauacutedeSESMG) ministradas no Centro de Sauacutede
O Centro de Sauacutede surgiu em 26 de novembro de 2001 como um anexo do
Centro de Sauacutede Felicidade I em funccedilatildeo do aumento do nuacutemero de equipes de
sauacutede e o local natildeo comportou esse aumento Hoje em dia os dois Centros de
Sauacutede funcionam em unidades separadas onde cada uma possui uma estrutura
proacutepria e tem aacutereas de abrangecircncia diferentes o que divide as duas Unidades eacute o
coacuterrego Tamboril A aacuterea de abrangecircncia do Centro de Sauacutede Felicidade II tem uma
populaccedilatildeo de aproximadamente 9000 pessoas que se encontram em alta
vulnerabilidade social e assim como toda regiatildeo Norte estaacute classificada em risco
elevado e muito elevado O atendimento da populaccedilatildeo no Programa de Sauacutede da
Famiacutelia eacute coberto por trecircs equipes completas e constituiacutedas por meacutedico enfermeiro
dois auxiliares e quatro ACS (Agente Comunitaacuterio de Sauacutede)
12
O Centro de Sauacutede possui uma populaccedilatildeo de aproximadamente 9000
pessoas em sua aacuterea de abrangecircncia das quais 2700 satildeo mulheres com idade
entre 19 e 59 anos Estaacute localizado atualmente na Rua Pau Brasil 160 no bairro
Jardim Felicidade Distrito Sanitaacuterio Norte e funciona neste endereccedilo desde
novembro de 2006
O Distrito Sanitaacuterio Norte ocupa uma aacuterea de 3432 kmsup2 limitando-se com o
Municiacutepio de Santa Luzia e com os Distritos Sanitaacuterios de Venda Nova Pampulha e
Nordeste sendo sua sede localizada na Avenida Cristiano Machado 10657 Bairro
Planalto Abrange 47 bairros da regiatildeo Metropolitana de Belo Horizonte
Segundo o Censo do IBGE (2000) o Distrito Sanitaacuterio Norte possui uma
populaccedilatildeo de 193764 habitantes compondo um quadro de grandes contrastes
Possui de um lado bairros com razoaacutevel infra-estrutura urbana e poder aquisitivo da
populaccedilatildeo como por exemplo Campo Alegre Helioacutepolis Planalto Floramar e de
outro bairros vilas e assentamentos que oferecem condiccedilotildees inadequadas de
habitaccedilatildeo como Mariquinhas Zilah de Souza Spoacutesito Novo Aaratildeo Reis e o
Conjunto Jardim Felicidade que contam com uma infra-estrutura urbaniacutestica
precaacuteria
Os serviccedilos de atenccedilatildeo baacutesica agrave sauacutede do Distrito Norte satildeo realizados em
suas 19 unidades de sauacutede com funcionamento de 2ordf a 6ordf feira de 0700 agraves 1900
horas no geral sendo o atendimento de urgecircncia realizado na UPA Norte (Unidade
de Pronto Atendimento Norte) com funcionamento diaacuterio de 24 horas Contam ainda
com atendimento de sauacutede mental em 06 unidades
No Brasil o Programa de Sauacutede da Famiacutelia (PSF) iniciou-se em 1994 como
resultado do avanccedilo do Sistema Uacutenico de Sauacutede Este programa aumentou
significativamente ao longo da uacuteltima deacutecada oferecendo um novo modelo de
cuidado agrave sauacutede capaz de melhorar a qualidade de vida da populaccedilatildeo por meio de
novas poliacuteticas e organizaccedilatildeo dos serviccedilos O PSF representa uma maneira de levar
a sauacutede para mais perto das famiacutelias De acordo com o Ministeacuterio da Sauacutede
O programa de Sauacutede da Famiacutelia eacute uma proposta concreta na mudanccedila do modelo assistencial tradicional capaz de romper com o comportamento passivo das unidades baacutesicas de sauacutede O programa prioriza as accedilotildees de prevenccedilatildeo de doenccedilas e a promoccedilatildeo da sauacutede junto agrave comunidade estabelece uma relaccedilatildeo permanente entre os profissionais de sauacutede e a populaccedilatildeo assistida marcada por um atendimento humanizado e resolutivo dos problemas de sauacutede mais frequumlentes (BRASIL 2002 p 5)
13
Segundo Pinto e Coelho (2011) a Secretaria Municipal de Sauacutede de Belo
Horizonte aderiu ao Programa Sauacutede da Famiacutelia em maio de 2000 O projeto foi
implantado dando prioridade agraves aacutereas onde a populaccedilatildeo estava exposta e a
implantaccedilatildeo comeccedilou pelos Centros de Sauacutede com populaccedilatildeo de muito elevado
risco e foi se estendendo gradativamente para as populaccedilotildees de elevado risco e
meacutedio risco De laacute ateacute os dias atuais ficou evidente a importacircncia da mobilizaccedilatildeo
social para manutenccedilatildeo das equipes e com isso o projeto jaacute natildeo pertencia mais ao
governo pois foi incorporado pela cidade de Belo Horizonte como direito
De acordo com os autores passados mais de 10 anos o programa continua e
o nuacutemero de equipes de sauacutede da famiacutelia alcanccedilou as 506 equipes planejadas em
2001 mas isso natildeo se deveu agrave cobertura da populaccedilatildeo de baixo risco e sim ao
crescimento populacional
Os agentes comunitaacuterios de sauacutede fazem cerca de 2900000 visitas
domiciliares por ano O nuacutemero de consultas meacutedicas realizadas pelas equipes de
Sauacutede da Famiacutelia foi de 1899347 em 2002 (ano de implantaccedilatildeo das equipes) e de
2203257 em 2004 Em marccedilo de 2010 apenas 3 das equipes de Sauacutede da
Famiacutelia estavam desfalcadas de meacutedico generalista e mais da metade dos meacutedicos
de sauacutede da famiacutelia tinham mais de 5 anos de trabalho na Prefeitura de Belo
Horizonte (PINTO e COELHO 2011)
O exame de citologia oncoacutetica tambeacutem conhecido como Papanicolaou ou
preventivo foi introduzido na atenccedilatildeo baacutesica na deacutecada de 1970 Em Belo Horizonte
por meio da Secretaria Municipal de Sauacutede criou um protocolo o qual eacute um
instrumento que estabelece normas para intervenccedilotildees teacutecnicas o qual uniformiza e
atualiza conceitos e condutas referentes ao processo assistencial na rede de
serviccedilos Um desses protocolos aborda especificamente o controle e prevenccedilatildeo do
cacircncer de colo de uacutetero (BELO HORIZONTE 2008)
A colpocitologia oncoacutetica eacute utilizada principalmente para determinar o risco de
uma mulher vir a desenvolver o cacircncer de colo do uacutetero natildeo se tratando somente de
uma maneira de diagnosticar a doenccedila Ele eacute essencial tambeacutem para determinar
outras condiccedilotildees de sauacutede como niacutevel hormonal doenccedilas da vulva do canal
vaginal do acircnus das mamas entre outros O exame deve ser realizado
prioritariamente em mulheres de 25 a 59 anos de idade com intervalo de trecircs em
trecircs anos se os dois primeiros exames realizados a cada ano forem normais Toda
14
mulher que tem ou jaacute teve atividade sexual deve submeter-se ao exame preventivo
ateacute os 69 anos de idade (BELO HORIZONTE 2008)
Destaca-se ainda que a importacircncia do exame consiste no fato de que eacute
nessa oportunidade que o profissional avalia a sauacutede sexual e reprodutiva da
mulher pois tais fatores raramente satildeo considerados durante uma consulta cliacutenica
geral Ressalta-se tambeacutem que o acesso das mulheres ao exame colpocitoloacutegico faz parte da garantia de direitos legalmente constituiacutedos com a ampliaccedilatildeo dos
serviccedilos de promoccedilatildeo prevenccedilatildeo e assistecircncia ao cacircncer de colo de uacutetero
Espera-se que este estudo possa contribuir para a humanizaccedilatildeo da atenccedilatildeo agrave
sauacutede da mulher proporcionando um olhar mais amplo e integral sobre o estado de
sauacutede das mulheres e seus determinantes sociais Para tal buscar-se-aacute sensibilizar
a equipe do Centro de Sauacutede Felicidade II quanto agrave importacircncia da assistecircncia
integral agrave sauacutede da mulher promover a educaccedilatildeo em sauacutede para as usuaacuterias quanto
agrave importacircncia de realizar o exame preventivo de cacircncer de colo do uacutetero expandir a
agenda de consultas de assistecircncia agrave mulher garantindo aumento da cobertura de
exames preventivos e proporcionar educaccedilatildeo permanente agrave toda a equipe em
especial os ACS para uma abordagem humanizada eficaz e efetiva das usuaacuterias
15
2 OBJETIVOS
21 Geral Elaborar um plano de accedilatildeo para ampliar a cobertura do exame colpocitoloacutegico
no Centro de Sauacutede Felicidade II da Secretaria Municipal de Sauacutede de Belo
Horizonte MG promovendo assim a melhoria das condiccedilotildees de vida e sauacutede das
mulheres
22 Especiacutefico
Realizar uma revisatildeo de literatura sobre a promoccedilatildeo da sauacutede das mulheres
dando ecircnfase agrave prevenccedilatildeo do cacircncer do colo do uacutetero no sentido de subsidiar o
plano de accedilatildeo
16
3 METODOLOGIA
Trata-se de um estudo bibliograacutefico tipo revisatildeo narrativa com natureza
compreensiva do tema proposto realizada por meio da consultas a livros e artigos
em revistas cientiacuteficas do acervo de bibliotecas e base de dados virtuais no sentido
de subsidiar a elaboraccedilatildeo de um plano de accedilatildeo para o Centro de Sauacutede Felicidade
II buscando ampliar a cobertura do exame de Papanicolaou
A busca foi efetuada nas bases de dados SCIELO (Scientific Electronic
Library Online) MEDLINE(Medical Literature Analysis and Retrieval System Online -
Sistema Online de Busca e Anaacutelise de Literatura Meacutedica) LILACS (Literatura Latino-
americana em ciecircncia da Sauacutede) e outras Foram utilizados os descritores ldquosauacutede
das mulheresrdquo ldquocacircncerrdquo ldquocacircncer do colo do uacuteterordquo ldquocitologia oncoacuteticardquo e
ldquoprevenccedilatildeordquo
17
4 APRESENTACcedilAtildeO DOS RESULTADOS
41 A promoccedilatildeo da sauacutede das mulheres
Correcirca e Villela (2008) relatam que foi nas primeiras deacutecadas do seacuteculo XX
que o Brasil passou a incorporar a questatildeo da sauacutede da mulher nas poliacuteticas
nacionais cujo enfoque estava em prestar assistecircncia aos filhos das mulheres que
natildeo tinham acesso aos serviccedilos de sauacutede constituindo a atenccedilatildeo preacute-natal como
uacutenica accedilatildeo de caraacuteter universalista com relaccedilatildeo agrave sauacutede da mulher
Com as mudanccedilas na condiccedilatildeo social das mulheres ocorridas ao longo da segunda metade do seacuteculo XX as propostas de atenccedilatildeo materno-infantil mostram-se insuficientes Em 1984 eacute proposto pelo Ministeacuterio da Sauacutede o Programa de Assistecircncia Integral agrave Sauacutede da Mulher (PAISM) visando agrave extensatildeo das accedilotildees baacutesicas em sauacutede da mulher e incluindo entre outras atividades preventivas e de diagnoacutestico do cacircncer do colo do uacutetero e mamaacuterio A assistecircncia integral envolvia o atendimento de todas as necessidades da populaccedilatildeo feminina enfatizando as accedilotildees dirigidas ao controle das patologias mais prevalentes incluindo accedilotildees educativas Poreacutem a implementaccedilatildeo efetiva do Programa natildeo aconteceu como desejado ficando as atividades nos serviccedilos de sauacutede bastante focalizadas nas demandas relativas agrave contracepccedilatildeo acompanhamento da gravidez e ao parto A prevenccedilatildeo e controle do cacircncer ginecoloacutegico continuaram em segundo plano (CORREcircA e VILLELA 2008p1)
Domingos et al (2008 p 1) afirmam que ldquopor meio da promoccedilatildeo da sauacutede
caracterizada como sendo promoccedilatildeo primaacuteria e detecccedilatildeo precoce das lesotildees
precursoras (exame de Papanicolaou) eacute possiacutevel reduzir a mortalidade e
incidecircnciardquo
Em 1997 foi implantado no Paranaacute o Programa de Prevenccedilatildeo do Cacircncer do Colo do Uacutetero que prioriza inicialmente o atendimento da faixa etaacuteria de 30 a 49 anos (a mais acometida pela doenccedila no Estado) atendendo na sequumlecircncia todas as faixas etaacuterias expostas ao risco O intervalo entre os exames para controle dos casos negativos eacute de trecircs anos (DOMINGOS et al 2008 p 1)
42 A prevenccedilatildeo do cacircncer do colo do uacutetero
Narchi Janicas e Fernandes (2007) ensinam que a prevenccedilatildeo do cacircncer
ceacutervico-uterino eacute realizada em dois planos a prevenccedilatildeo primaacuteria e a secundaacuteria Na
forma primaacuteria conforme os autores deve-se atentar para os fatores de risco
18
evitaacuteveis e na atuaccedilatildeo do enfermeiro Jaacute na fase de prevenccedilatildeo secundaacuteria deve ser
feito o rastreamento captaccedilatildeo e identificar a vulnerabilidade do cacircncer
Domingos et al (2007) afirmam que a principal estrateacutegia para a prevenccedilatildeo
primaacuteria da doenccedila eacute o uso de preservativo (masculino ou feminino) durante as
relaccedilotildees sexuais visto que a infecccedilatildeo pelo viacuterus papiloma humano (HPV) estaacute
presente em 90 dos casos A prevenccedilatildeo secundaacuteria eacute realizada por meio do
exame preventivo (Papanicolaou) para a detecccedilatildeo precoce da doenccedila
Albuquerque et al (2007) afirmam que desde 1988 o Ministeacuterio da Sauacutede tem
como objetivo reduzir as taxas de morbimortalidade e com isso adota como norma
a recomendaccedilatildeo da Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede a qual propotildee que seja feito a
cada trecircs anos a realizaccedilatildeo do exame citoloacutegico do colo do uacutetero sendo dois
exames anuais consecutivos negativos para mulheres na faixa de idade de 25 a 59
anos ou que jaacute tenham atividade sexual
Iniciativas como o Programa Viva Mulher lanccedilado em 1996 e o desenvolvimento de campanhas nacionais sistemaacuteticas tecircm contribuiacutedo para o aumento da cobertura do exame no paiacutes Contudo verifica-se que as taxas de incidecircncia e de mortalidade ainda permanecem desafiando as medidas ateacute entatildeo adotadas sinalizando possiacuteveis deficiecircncias na oferta no acesso e na qualidade das referidas accedilotildees (ALBUQUERQUE et al 2007 p 1)
Nakagawa Schirmer e Barbieri (2007) relatam que a associaccedilatildeo do viacuterus
HPV com o cacircncer de colo de uacutetero comeccedilou em 1949 quando o patologista George
Papanicolaou introduziu o exame mais difundido no mundo para detectar a doenccedila
o exame que leva o seu proacuteprio nome ou seja Papanicolaou
De acordo com o desenvolvimento do carcinoma de colo de uacutetero Nakagawa
Schirmer e Barbieri (2007 p 1) afirmam que
Esse exame permitiu identificar mulheres com alteraccedilotildees celulares preacute-maligna possibilitando observar uma associaccedilatildeo da atividade sexual com o desenvolvimento do cacircncer de colo de uacutetero No entanto somente na deacutecada de 70 o conhecimento acerca da etiologia da doenccedila teve consideraacutevel avanccedilo Estudos constataram que tal associaccedilatildeo implicava na presenccedila de um agente etioloacutegico de transmissatildeo sexual Harold zur Hausen um infectologista alematildeo constatou que o Papiloma Viacuterus Humano (viacuterus HPV) poderia ser esse agente estabelecendo inicialmente a relaccedilatildeo do viacuterus com as verrugas e condilomas Somente anos mais tarde o viacuterus foi relacionado com o desenvolvimento do carcinoma de colo de uacutetero (NAKAGAWA SCHIRMER e BARBIERI 2007 p 1)
19
Os autores relatam que devido ao advento da clonagem molecular na deacutecada
de 90 e a utilizaccedilatildeo de tal tecnologia na replicaccedilatildeo do genoma do Papiloma Viacuterus
outros aspectos da infecccedilatildeo foram elucidados
Devido agrave discrepacircncia entre a alta frequumlecircncia de infecccedilotildees HPV em mulheres jovens sexualmente ativas e a ocorrecircncia relativamente baixa de lesotildees cervicais nas mesmas colocou-se em duacutevida a etiologia viral da doenccedila e concluiu-se que a infecccedilatildeo era causa necessaacuteria mas natildeo suficiente para o desenvolvimento da doenccedila uma vez que virtualmente somente uma fraccedilatildeo de mulheres portadoras do viacuterus a desenvolveria Estudos preacutevios jaacute sugeriam que um forte fator diferenciava a progressatildeo ou natildeo da doenccedila sugerindo que isto estaria relacionada aos diversos tipos do viacuterus HPV Estudos posteriores mostraram que a sua progressatildeo depende natildeo somente da presenccedila do viacuterus mas tambeacutem do tipo de viacuterus da persistecircncia da infecccedilatildeo e da evoluccedilatildeo das lesotildees precursoras para o carcinoma invasivo (NAKAGAWA SCHIRMER e BARBIERI 2007 p 1)
Segundo Narchi Janicas e Fernandes (2007) a prevenccedilatildeo primaacuteria do cacircncer
ceacutervico-uterino refere-se agrave reduccedilatildeo da exposiccedilatildeo aos fatores de risco como o iniacutecio
precoce da atividade sexual a multiplicidade de parceiros as doenccedilas sexualmente
transmissiacuteveis especialmente a infecccedilatildeo causada pelo HPV e multiparidade Aleacutem
disso outros fatores tecircm sido relacionados ao cacircncer ceacutervico-uterino em estudos
epidemioloacutegicos ainda natildeo conclusivos dentre eles o uso de anticoncepcional oral
as situaccedilotildees de imunossupressatildeo como diabete lupus corticoterapia e Aids o
tabagismo e a alimentaccedilatildeo pobre em folatos vitaminas A e C e betacaroteno
Atualmente considera-se fundamental a relaccedilatildeo entre o desenvolvimento do cacircncer ceacutervico-uterino e a transmissatildeo sexual HPV Nesse sentido a prevenccedilatildeo primaacuteria tem como foco a praacutetica de sexo seguro No entanto apesar da divulgaccedilatildeo da importacircncia do uso de preservativos para diminuiccedilatildeo potencial do risco de transmissatildeo do HPV observa-se que seu uso depende de uma serie de fatores como o conhecimento a respeito da doenccedila e suas formas de prevenccedilatildeo a percepccedilatildeo de risco de infecccedilatildeo as crenccedilas e valores culturais as iniquidades de gecircnero e como elas se revelam o grau de autonomia e poder de negociaccedilatildeo sexual nas relaccedilotildees afetivo-sexuais acesso ao serviccedilo de sauacutede e a oferta de preservativos (NARCHI JANICAS e FERNANDES 2007 p 129)
Ceacutesar et al (2003) afirmam que exames preventivos perioacutedicos permitem
reduzir em ateacute 70 a sua mortalidade na populaccedilatildeo de risco A faixa etaacuteria mais
acometida vai dos 25 aos 60 anos e o seu mais importante determinante eacute o
papilomaviacuterus humano De acordo com o Instituto Nacional de Cacircncer (INCA)
O Instituto Nacional de Cacircncer (INCA) recomenda o exame citopatoloacutegico para cacircncer de colo uterino a toda mulher com idade entre 20 e 60 anos e que possua vida sexual ativa Inicialmente o exame deve ser feito a cada trecircs anos Em caso de dois resultados negativos para displasia ou
20
neoplasia um novo exame deveraacute ser repetido uma vez a cada trecircs anos (BRASIL 2002 apud CEacuteSAR et al 2003 p 1371)
Narchi Janicas e Fernandes (2007) afirmam que de modo contextual a
prevenccedilatildeo primaacuteria eacute realizada a partir identificaccedilatildeo da presenccedila de fatores de risco
com vistas a prevenir o surgimento da doenccedila Sabe-se que o cacircncer ceacutervico-uterino
haacute muito vem sendo associado ao baixo niacutevel socioeconocircmico tanto a exposiccedilatildeo
aos fatores de risco quanto especialmente pela desigualdade no acesso aos
serviccedilos de sauacutede Essas barreiras satildeo multidimensionais inserindo-se em um
contexto social amplo que a barca desde dificuldades geograacuteficas de informaccedilatildeo
familiares econocircmicas culturais religiosas e emocionais ateacute as relacionadas agraves
poliacuteticas de sauacutede Diante dessa constataccedilatildeo acredita-se que a anaacutelise dos
programas e a proposiccedilatildeo de estrateacutegias devam tambeacutem corresponder agrave amplitude
dos fatores intervenientes
De acordo com as autoras no que diz respeito agrave prevenccedilatildeo primaacuteria o
Programa de Sauacutede da Famiacutelia (PSF) tem importante papel na identificaccedilatildeo de
grupos de mulheres com perfil de risco para desenvolver o cacircncer ceacutervico-uterino e
com base nas necessidades levantadas implementar accedilotildees de intervenccedilatildeo no meio
ambiente e em seus fatores de risco De acordo com as autoras diversas
estrateacutegias podem reduzir os fatores de risco para cacircncer ceacutervico-uterino dentre as
quais destacam-se realizaccedilatildeo de grupos educativos que permitam a discussatildeo de
temas como sexualidade e gecircnero vulnerabilidade e prevenccedilatildeo as DST
planejamento familiar qualidade de vida e prevenccedilatildeo do cacircncer ginecoloacutegico entre
outros As autoras destacam tambeacutem a importacircncia mobilizaccedilatildeo das mulheres para
o autocuidado e a busca de melhor qualidade de vida (grupos de caminhada cultivo
de hortas caseiras por exemplo) valorizaccedilatildeo da integralidade na assistecircncia e no
estiacutemulo a uma participaccedilatildeo ativa das mulheres com atitudes assertivas em relaccedilatildeo
a sauacutede identificaccedilatildeo e minimizaccedilatildeo das dificuldades de acesso ao serviccedilo de
sauacutede sejam elas barreiras individuais e institucionais (NARCHI JANICAS e
FERNANDES 2007)
Ainda conforme as autoras aleacutem das atividades comunitaacuterias que podem ser
realizadas pela equipe de sauacutede da famiacutelia o enfermeiro tambeacutem pode instituir
grupos educativos de coleta ou de resultados da colpocitologia na unidade baacutesica de
sauacutede (UBS) ou na unidade de sauacutede da famiacutelia (USF) abordando temaacuteticas
21
voltadas agrave sexualidade higiene iacutentima prevenccedilatildeo de DST prevenccedilatildeo do cacircncer
ginecoloacutegico e teacutecnica de coleta do exame As autoras afirmam que esses grupos
aleacutem de disponibilizarem um espaccedilo para a socializaccedilatildeo do conhecimento
possibilitam a integraccedilatildeo entre profissionais e pacientes e estimulam o
autoconhecimento do corpo e da sexualidade familiarizando a mulher ao ambiente e
ao exame e minimizando sentimentos negativos como o medo a vergonha o
nervosismo e o constrangimento que por vezes as impedem de aderir ao programa
Essa estrateacutegia seraacute possiacutevel agrave medida que o profissional estiver sensibilizado e
capacitado para implementaacute-la utilizando habilidades de aconselhamento e
abordagem empaacutetica (NARCHI JANICAS e FERNANDES 2007)
O enfermeiro deve ainda avaliar a presenccedila de fatores de risco na consulta
de enfermagem agrave mulher com vistas a realizar as intervenccedilotildees necessaacuterias e o
acompanhamento mais frequente Diante disso eacute recomendado que na consulta de
retorno para recebimento do laudo da colpocitologia seja realizado procedimento de
aconselhamento sobre DST e Aids antes de discutir o resultado e a conduta
No que diz respeito agrave prevenccedilatildeo secundaacuteria do cacircncer ceacutervico-uterino Narchi
Janicas e Fernandes (2007) afirmam que se deve realizar o exame citopatoloacutegico
para que seja feita a detecccedilatildeo do cacircncer in situ ou das lesotildees precursoras trataacuteveis
e curaacuteveis em ateacute 100 dos casos Para as autoras o acolhimento deveraacute ocorrer
em todas as fases da assistecircncia ou seja desde o primeiro contato com a mulher o
que pode ocorrer em seu domiciacutelio quanto no agendamento ao se verificar acerca
do aprazamento da colpocitologia Citam tambeacutem que esse exame tem sido
utilizado em programas de rastreamento do cacircncer ceacutervico-uterino em todo o mundo
(screening) para interromper o ciclo evolutivo da doenccedila detectando-a em fase preacute-
invasiva trataacutevel e curaacutevel Relatam ainda que os paiacuteses que desenvolveram o
programa tanto com identificaccedilatildeo efetiva da populaccedilatildeo de risco qualidade coleta e
na interpretaccedilatildeo dos resultados quanto com tratamento e acompanhamento
adequados dos casos de alto risco lograram reduccedilatildeo significativa na incidecircncia e na
mortalidade por essa patologia
Segundo a OMS para que um programa de rastreamento do cacircncer ceacutervico-
uterino cause impacto epidemioloacutegico eacute necessaacuterio realizar uma cobertura superior a
80 o que representaria um impacto de 50 na reduccedilatildeo da mortalidade por essa
doenccedila Entretanto nos paiacuteses em desenvolvimento como o Brasil a cobertura
22
desse teste ainda natildeo alcanccedilou niacuteveis suficientes e coerentes com as necessidades
da populaccedilatildeo feminina sob maior risco de contrair a doenccedila
Narchi Janicas e Fernandes (2007) relatam que no Brasil as accedilotildees de
intervenccedilatildeo e controle do cacircncer ceacutervico-uterino tecircm sido norteadas pela distribuiccedilatildeo
das lesotildees cervicais segundo as faixas etaacuterias de mulheres mais acometidas pela
doenccedila e pela periodicidade dos exames citopatoloacutegicos seguindo a loacutegica
epidemioloacutegica do risco e da relaccedilatildeo custobenefiacutecio que norteiam as intervenccedilotildees
em sauacutede publica Poreacutem por vaacuterios anos essa cobertura esteve descontextualiza
da no paiacutes de forma a disponibilizar a citopatologia apenas durante o preacute-natal natildeo
atingindo a populaccedilatildeo de mulheres da faixa etaacuteria de maior risco subutilizando os
equipamentos de sauacutede e tornando o programa ineficiente Conforme as autoras
vaacuterios estudos que investigaram os motivos que dificultam a captaccedilatildeo das mulheres
para a prevenccedilatildeo do cacircncer ginecoloacutegico ressaltam a amplitude do problema que
perpassa por diversas esferas assumindo aspecto multidimensional
Narchi Janicas e Fernandes (2007) ressaltam ainda que o modelo
contextual proposto por Pinho amp Franccedila-Junior analisa o acesso e a utilizaccedilatildeo dos
serviccedilos preventivos em trecircs planos individual organizacionalprogramaacutetico e social
dispostos em uma estrutura dinacircmica e relacional Esse modelo propotildee que a
realizaccedilatildeo da colpocitologia seja produto da interaccedilatildeo desses trecircs planos dos quais
emergem os elementos necessaacuterios para definir uma situaccedilatildeo de vulnerabilidade
individual programaacuteticaorganizacional e social do cacircncer ceacutervico-uterino Para as
autoras o plano individual representado por caracteriacutesticas relacionadas agrave
realizaccedilatildeo do exame definiraacute a vulnerabilidade individual da mulher a doenccedila A
vulnerabilidade eacute representada por um conjunto de fatores cognitivos relacionados a
real falta de conhecimento sobre a doenccedila e o exame o que contribui para a
reduccedilatildeo de praacuteticas sexuais seguras e de prevenccedilatildeo secundaacuteria Tal vulnerabilidade
individual pode ser criada e percebida pelas mulheres ou a elas imposta no
momento em que se enfatiza o risco da natildeo-realizaccedilatildeo da colpocitologia em vez da
ecircnfase ao benefiacutecio da accedilatildeo gerando ou reforccedilando sentimento de medo em
relaccedilatildeo ao cacircncer que pode provocar tanto um efeito propulsor que induz a mulher
para a realizaccedilatildeo do exame quanto um efeito mais restritivo ao exame pelo medo
de sentir dor ou de receber um resultado positivo concluem as autoras
23
No plano organizacional ou programaacutetico inserem-se as caracteriacutesticas
relacionadas agrave disponibilidade de serviccedilos de sauacutede em relaccedilatildeo agrave demanda e a sua
acessibilidade geograacutefica a organizaccedilatildeo e as necessidades da populaccedilatildeo usuaacuteria e
ao planejamento das accedilotildees efetivas na prevenccedilatildeo e na promoccedilatildeo a sauacutede sob a
forma de programas organizados de rastreamento do cacircncer cervical que primem
pelo respeito agrave autonomia individual e pela abordagem integral mulher (NARCHI
JANICAS e FERNANDES 2007)
Ainda segundo os autores um dos fatores que contribuem para a baixa
adesatildeo das mulheres ao programa eacute a falta de humanizaccedilatildeo na assistecircncia pois a
violecircncia institucional sofrida pelas mulheres durante a consulta ginecoloacutegica pode
ser traduzida pela humilhaccedilatildeo por constrangimento e pela forma fria e
despersonalizada com que satildeo atendidas sem serem esclarecidas quanto ao
resultado do exame ou por realizarem tratamentos por vaacuterios anos sem sequer
terem noccedilatildeo dos seus objetivos Isso submete a mulher a uma assistecircncia
medicalizada e indigna na qual se perde a oportunidade de investir em prevenccedilatildeo
primaacuteria (NARCHI JANICAS E FERNANDES 2007)
De acordo com Dias-da-Costa et al (2003) quando se fala acerca da sauacutede
puacuteblica eacute sabido que a efetividade do programa de controle do cacircncer de colo do
uacutetero depende da cobertura populacional alcanccedilada Poreacutem no Brasil a avaliaccedilatildeo
da efetividade de programas de prevenccedilatildeo e accedilotildees de sauacutede puacuteblica ainda eacute
considerada incipiente
43 Contexto histoacuterico da citologia oncoacutetica
Montemor et al (2008 p 45) relatam que na eacutepoca em que a citologia
ginecoloacutegica estava em desenvolvimento agrave ideacuteia preponderante entre os
ginecologistas era que sendo o colo uterino facilmente acessiacutevel agrave bioacutepsia dava-se
preferecircncia ao estudo histoloacutegico pois a citologia ainda carecia de credibilidade
diagnoacutestica
Os autores afirmam que foi Aureli Babes um patologista romeno em 1928
que sugeriu que fosse feita a coleta direta de material do colo uterino para o
diagnoacutestico do cacircncer sendo que o mesmo foi o primeiro pesquisador que
descreveu de forma minuciosa a teacutecnica de coleta utilizando a coloraccedilatildeo atraveacutes do
24
meacutetodo de Giemsa Entretanto ainda de acordo com os autores foi George
Nicholas Papanicolaou um grego nascido em 1883 em Kymi na ilha grega de
Euboea que se aprofundou nos estudos acerca da citologia ginecoloacutegica o qual em
1913 se fixou nos Eua como pesquisador do laboratoacuterio do Hospital de Nova Iorque
Segundo os autores Neste sentido os autores afirmam que
Papanicolaou quando estudava as alteraccedilotildees hormonais das ceacutelulas nas diferentes fases do ciclo menstrual observou que tambeacutem era possiacutevel o diagnoacutestico das ceacutelulas tumorais do colo uterino Em 1941 publicou no American Journal of Obstetrics and Gynecology em co-autoria com Traut um trabalho com o tiacutetulo de O valor diagnoacutestico dos esfregaccedilos vaginais no carcinoma do uacutetero Nessa publicaccedilatildeo mostra a possibilidade de fazer diagnoacutestico de carcinoma do colo uterino atraveacutes de ceacutelulas atiacutepicas presentes nos esfregaccedilos bem como enfatiza a necessidade de aplicar esse meacutetodo simples e de baixo custo a um grande nuacutemero de mulheres O meacutetodo de coloraccedilatildeo dos esfregaccedilos citoloacutegicos que leva o nome de ldquoColoraccedilatildeo de Papanicolaourdquo eacute ainda hoje largamente utilizado (MONTEMOR et al 2008 p 46)
Os autores relatam ainda que em meados de 1940 o J Ernest Ayre um
meacutedico canadense utilizou uma espaacutetula a qual leva o seu nome para obter
raspados do colo uterino possibilitando dessa forma uma maneira praacutetica e
eficiente de coleta de material para a realizaccedilatildeo de exames em grande escala
(MONTEMOR et al 2008) De acordo com Tavares et al (2007) o exame
citopatoloacutegico foi sugerido como uma ferramenta para a detecccedilatildeo precoce do cacircncer
do colo do uacutetero em 1941
Conforme Hackenhaar Ceacutesar e Domingues (2006) a prevenccedilatildeo considerada
como secundaacuteria do cacircncer do colo uterino tem se centralizado no rastreamento de
mulheres sexualmente ativas atraveacutes do exame citopatoloacutegico do colo uterino O
qual foi adotado para rastreamento na deacutecada de 50 em vaacuterios paiacuteses uma vez que
identifica lesotildees preacute-cancerosas que se tratadas minimizam a incidecircncia de
carcinoma invasor e com isso a mortalidade pelo cacircncer de colo uterino Segundo
os autores
Em 1998 o Ministeacuterio da Sauacutede do Brasil estabeleceu que o exame para a detecccedilatildeo precoce do cacircncer do colo uterino deveria ser realizado por mulheres com idade entre 25 e 60 anos ou antes desta faixa etaacuteria caso jaacute tivessem mantido relaccedilotildees sexuais Para estas mulheres a periodicidade deveria ser de trecircs em trecircs anos se os dois primeiros exames realizados a cada ano fossem normais Em 2002 ocorreu a fase de intensificaccedilatildeo da campanha que tinha por objetivo realizar exames nas mulheres de 35 a 49 anos que nunca haviam realizado este tipo de exame ou que o houvessem
25
realizado haacute mais de trecircs anos (HACKENHAAR CEacuteSAR e DOMINGUES 2006 p 1)
44 Conceitos e caracteriacutesticas do exame de prevenccedilatildeo do cacircncer
Conforme Montemor et al (2008) o exame citopatoloacutegico tambeacutem conhecido
como exame Papanicolaou ou ainda exame preventivo do cacircncer do colo do uacutetero
tem como objetivo a anaacutelise das ceacutelulas obtidas por raspagem do colo uterino
(ectoceacutervice e canal endocervical) com as quais eacute realizado esfregaccedilo sobre uma
lacircmina de vidro De acordo com os autores as caracteriacutesticas morfoloacutegicas das
ceacutelulas satildeo observadas ao microscoacutepio e quando alteradas ou seja quando estatildeo
diferentes daquelas consideradas normais sugerem tratar-se de processo preacute-
neoplaacutesico ou neoplaacutesico Os autores afirmam ainda que atualmente o exame
citopatoloacutegico eacute o meacutetodo de rastreamento para cacircncer do colo uterino mais utilizado
em todo o mundo
De acordo com Tavares (2007) o exame citopatoloacutegico eacute considerado um
meacutetodo eficiente pois tem a habilidade de identificar lesotildees precursoras do cacircncer
do colo do uacutetero que naquele momento satildeo trataacuteveis podendo resultar em
significante decreacutescimo da mortalidade por esse tipo de cacircncer
45 O cacircncer do colo do uacutetero
Segundo Zeferino (2008) o cacircncer do colo uterino tem sido um desafio para a
sauacutede puacuteblica na reduccedilatildeo de morte de mulheres por causa desse mal uma vez que
se trata de uma doenccedila que pode ser evitada por meio do diagnoacutestico e do
tratamento de suas lesotildees precursoras Neste sentido Narchi Janicas e Fernandes
(2007) concordam com Zeferino (2008) quando afirmam que o cacircncer chamado por
eles de cacircncer ceacutervico-uterino vem sendo alvo de atenccedilatildeo por parte da comunidade
cientiacutefica devido ocupar lugar de destaque no que diz respeito agraves elevadas taxas de
morbidade e mortalidade entre a populaccedilatildeo feminina principalmente em paiacuteses em
desenvolvimento uma vez que trata-se de um tipo de cacircncer que estaacute relacionado
ao perfil epidemioloacutegico das mulheres cuja frequecircncia dos fatores de risco e do grau
de implementaccedilatildeo de accedilotildees de curto e longo prazos em todos os niacuteveis de atenccedilatildeo
26
De acordo com Hackenhaar Ceacutesar e Domingues (2006 p1) ldquoo cacircncer do
colo uterino eacute um problema de sauacutede puacuteblica mundialrdquo Segundo os autores
Em 2000 havia uma estimativa de 468000 casos com 233000 mortes por este tipo de cacircncer em todo o mundo Destas mortes 80 ocorreriam nos paiacuteses em desenvolvimento No Brasil o cacircncer de colo uterino representa a segunda maior causa de morte por cacircncer entre as mulheres (HACKENHAAR CEacuteSAR e DOMINGUES 2006 p 1)
Por meio do controle perioacutedico utilizando-se o exame citoloacutegico eacute possiacutevel
reduzir sua incidecircncia pois dados da Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede (OMS)
afirmam que a cada ano surgem cerca de 500 mil novos casos de cacircncer do colo
uterino por ano no mundo todo sendo que mais de 400 mil ocorrem em paiacuteses em
desenvolvimento (ZEFERINO 2008) Este dado eacute confirmado por Ceacutesar et al
(2003) quando os autores afirmam que cerca de 80 dos casos de cacircncer de colo
uterino ocorrem nos paiacuteses pobres
Domingos et al (2007 p 1) explicam que ldquoo cacircncer de colo de uacutetero eacute uma
doenccedila de evoluccedilatildeo lenta levando em meacutedia 14 anos para sua evoluccedilatildeo total
Inicia-se com alteraccedilotildees miacutenimas nas ceacutelulas denominadas displasia e se natildeo
forem tratadas estas alteraccedilotildees evoluemrdquo De acordo com os autores
Com o desenvolvimento da doenccedila em meacutedia trecircs anos apoacutes a constataccedilatildeo das primeiras alteraccedilotildees celulares surge um tumor localizado chamado carcinoma in situ Este cacircncer desenvolve-se por mais seis anos invadindo a mucosa do uacutetero quando recebe o nome de carcinoma invasor Apoacutes 14 anos das primeiras alteraccedilotildees celulares o cacircncer atinge a forma mais grave com o aparecimento de metaacutestase espalhando-se assim por outras regiotildees do corpo (DOMINGOS et al 2007 p 1)
Conforme Rodrigues Neto Figueiredo e Siqueira (2008 p 1) o cacircncer tem
sido responsaacutevel por seis milhotildees de mortes por ano correspondendo a 12 das
mortes mundiais ldquoEstima-se a ocorrecircncia de mais de dez milhotildees de novos casos
de cacircncer por ano sendo que para o ano de 2020 espera-se que haja mais de 15
milhotildees de casos novosrdquo Para os autores
O cacircncer do colo do uacutetero (CCU) ocupa o 2ordm lugar na incidecircncia mundial de neoplasias estando atraacutes apenas do cacircncer de mama Por ano no mundo ocorrem cerca de 235 mil mortes devido ao CCU sendo 218 mil em paiacuteses considerados pobres ou emergentes(4) onde ocorre quase 60 dos casos novos de cacircncer ocupando um lugar de destaque nas taxas de morbimortalidade entre a populaccedilatildeo feminina Ressalta-se que na Ameacuterica Latina se encontram as mais altas taxas de incidecircncia desta doenccedila
27
representando uma das causas de oacutebito mais frequumlente entre as mulheres [] Natildeo considerando os carcinomas de pele natildeo melanoma o CCU eacute o mais incidente na Regiatildeo Norte (22100000) Jaacute nas regiotildees Sul (24100000) Centro-Oeste (19100000) e Nordeste (18100000) ocupa a segunda posiccedilatildeo e no Sudeste (18100000) a quarta posiccedilatildeo estando assim associado a regiotildees brasileiras de baixo niacutevel socioeconocircmico (RODRIGUES NETO FIGUEIREDO e SIQUEIRA 2008 p 1)
Dentre os fatores causadores e facilitadores desse tipo de cacircncer Ceacutesar et al
(2003) citam fatores reprodutivos maternos tais como iniacutecio precoce de atividade
sexual e comportamento sexual masculino baixo niacutevel socioeconocircmico muacuteltiplos
parceiros sexuais higiene sexual precaacuteria ocorrecircncia de abortos (particularmente os
induzidos) alcoolismo e tabagismo e uso de anticoncepcional oral Domingos et al
(2007 p 1) afirmam que ldquoo cacircncer do colo do uacutetero eacute um dos maiores problemas da
sauacutede da mulher em todo o mundo Estima-se que a cada ano ocorram no mundo
493000 novos casos da doenccedila e 274000 mortesrdquo
ldquoSegundo dados do Ministeacuterio da Sauacutede (MS) no ano de 2002 4091
mulheres morreram no Brasil vitimadas por este tipo de cacircncer Destas 297
ocorreram no Estado do Paranaacute na faixa etaacuteria de 30 a 49 anosrdquo (DOMINGOS et al
2007 p 1)
Zeferino (2008) relata que no Brasil o cacircncer do colo uterino eacute o terceiro mais
frequumlente o qual eacute superado apenas pelos cacircnceres de pele e de mama Trata-se
da quarta causa de oacutebito entre as mulheres superado apenas pelos cacircnceres de
mama do pulmatildeo e do coacutelon-reto No ano de 2003 foram registradas 4110 mortes
com cacircncer de colo uterino correspondendo a 7 do total dos oacutebitos devido a
cacircncer em mulheres De acordo com o autor
Cerca de 90 dos cacircnceres de colo uterino originaram-se de ceacutelulas escamosas sendo chamados de carcinomas escamosos ou carcinomas epidermoacuteides e outros 10 originaram-se de ceacutelulas glandulares sendo entatildeo chamados de adenocarcinomas Raramente podem aparecer os dois tipos de ceacutelulas e satildeo chamados carcinomas adenoescamosos Todavia tem sido observado que a proporccedilatildeo de adenocarcinoma do colo uterino tem aumentado nas uacuteltimas deacutecadas particularmente em mulheres jovens (BULK et al 2005 apud ZEFERINO 2008 p 68)
Segundo dados do INCA (2002 apud Ceacutesar et al 2003 p 1366) ldquono Brasil
o cacircncer de colo uterino eacute o segundo entre os tumores ginecoloacutegicos malignos e o
terceiro mais comum na populaccedilatildeo feminina Representa 10 de todos os cacircnceres
malignos em mulheresrdquo
28
De acordo com Albuquerque et al (2009) ldquoa infecccedilatildeo preacutevia pelo papiloma
viacuterus humano (HPV) tem sido apontada como o principal fator de risco para o cacircncer
de colo de uacuteterordquo Fatores como iniacutecio precoce da atividade sexual multiplicidade de
parceiros sexuais uso de contraceptivos orais tabagismo situaccedilatildeo conjugal e baixa
condiccedilatildeo soacutecio-econocircmica tecircm sido apontados como fatores de risco importantes
para o desenvolvimento dessa neoplasia
Narchi Janicas e Fernandes (2007) relatam que o cacircncer ceacutervico-uterino tem
sua origem a partir de uma lesatildeo intra-epitelial progressiva a qual pode evoluir para
um cacircncer invasivo dentro de um prazo em torno de 10 a 20 anos caso natildeo seja
oferecido tratamento
Conforme as autoras durante o periacuteodo de evoluccedilatildeo da doenccedila ela passa por
fases preacute-cliacutenicas detectaacuteveis e curaacuteveis lhe conferindo elevado potencial de
prevenccedilatildeo e cura Corresponde a cerca de 15 de todos os cacircnceres femininos
sendo o segundo tipo mais comum entre as mulheres Ainda na visatildeo das autoras a
mortalidade pelo cacircncer ceacutervico-uterino pode ser evitada devido agrave lenta evoluccedilatildeo da
doenccedila e devido aos recursos tecnoloacutegicos o diagnoacutestico e o tratamento oportunos
das lesotildees precursoras as quais satildeo curaacuteveis em ateacute 100 dos casos Entretanto
conforme as autoras mesmo o Brasil ter sido um dos primeiros paiacuteses a realizar os
exames de colpocitologia e colposcopia esse tipo de cacircncer ainda continua sendo
um seacuterio problema de sauacutede puacuteblica por manter uma das mais elevadas taxas de
oacutebito como pode ser verificado a seguir
No Brasil as accedilotildees de controle do cacircncer ginecoloacutegico iniciaram-se de forma programaacutetica em 1983 eacutepoca de implantaccedilatildeo do Programa de Assistecircncia Integral agrave Sauacutede da Mulher (PAISM) que representou uma ampliaccedilatildeo do foco de assistecircncia agrave mulher para aleacutem do ciclo graviacutedico-puerperal No entanto apesar das recomendaccedilotildees de implantaccedilatildeo ou ampliaccedilatildeo das atividades de diagnoacutestico do cacircncer ceacutervico-uterino e de educativas com vistas agrave prevenccedilatildeo da doenccedila por mais de uma deacutecada as accedilotildees de combate a essa doenccedila foram desenvolvidas no paiacutes de forma desarticulada por iniciativa de apenas alguns Estados e municiacutepios (NARCHI JANICAS e FERNANDES 2007 p 128)
Os autores pesquisados nesta revisatildeo narrativa serviram de subsiacutedios para a
elaboraccedilatildeo do plano de accedilatildeo apresentado no proacuteximo capiacutetulo cujo objetivo eacute
aumentar a cobertura do exame de prevenccedilatildeo do cacircncer do colo do uacutetero no Centro
de Sauacutede Felicidade II
29
5 PLANO DE ACcedilAtildeO PARA A AMPLIACcedilAtildeO DA COBERTURA DO EXAME COLPOCITOLOacuteGICO NO CENTRO DE SAUacuteDE FELICIDADE II
De acordo com a atividade realizada no Moacutedulo da Sauacutede da Mulher foram
constatados alguns problemas em relaccedilatildeo agrave cobertura do exame colpocitoloacutegico no
Centro de Sauacutede Felicidade II o qual apresentou em 2009 baixa cobertura A partir
daiacute foram detectados outros fatores que contribuem para o baixo iacutendice de
cobertura aqueacutem do que eacute preconizado pela Secretaacuteria Municipal de Sauacutede Neste
sentido o plano de accedilatildeo descrito no Quadro 1 vem propor estrateacutegias visando
ampliar da cobertura do exame colpocitoloacutegico e minimizar os problemas levantados
Acredita-se que por meio da implantaccedilatildeo do plano de accedilatildeo sugerido o
Centro de Sauacutede Felicidade II teraacute maior e melhor desempenho de sua equipe
alcanccedilando com isso o aprimoramento no atendimento da populaccedilatildeo alvo da
instituiccedilatildeo
30
QUADRO1 - PLANO DE ACcedilAtildeO PARA AUMENTAR A COBERTURA DO EXAME DE PREVEN9AO DO COLO DO UTERO PARA A EQUIPE DE SAUDE DO CENTRO DE SAUDE FELICIDADE II
PROBLEMA ATIVIDADES ACcedilOtildeES META RESPONSAVEL PERIODO
As ACS sentem inseguros para orientar agraves mulheres em relaccedilatildeo aos cuidados para realizar o exame preventivo por falta de conhecimento
Educaccedilatildeo em Sauacutede
Capacitaccedilatildeo da equipe sobre a importacircncia do exame colpocitoloacutegico
Nivelar o conhecimento dos membros da equipe
Municiacutepio Gerecircncia Regional de Sauacutede
Outubro2011
Enfermeiro natildeo se sente capacitado para a realizaccedilatildeo do exame de Papanicolaou
Capacitaccedilatildeo Teacutecnica do enfermeiro para a realizaccedilatildeo do exame de Papanicolaou
Solicitar agrave Ginecologista enfermeira treinamentocapacitaccedilatildeo do enfermeiro
Instrumentalizar o enfermeiro para a realizaccedilatildeo coleta de material
Enfermeira de outra Unidade Baacutesica de Sauacutede Meacutedico Ginecologista
Outubro2011
Baixo iacutendice de cobertura do exame citoloacutegico
Elaboraccedilatildeo de um instrumento para coleta de dados para identificar as mulheres de 25 a 59 anos na aacuterea de abrangecircncia do centro de sauacutede e tambeacutem para levantar quais os fatores que impeditivos para a realizaccedilatildeo do exame Incluir as mulheres identificadas no arquivo rotativo
Visita domiciliar
Visitar todas as mulheres dentro da aacuterea de abrangecircncia da UBS
ACS Novembro2011 Dezembro2011
Baixo iacutendice de cobertura do exame citoloacutegico
Agendamento da consulta de enfermagem consulta meacutedica para atender as prioridades levantadas no diagnoacutestico da atividade anterior para realizaccedilatildeo do exame Priorizar mulheres que nunca fizeram o exame ou que fizeram a mais de trecircs anos
Visita domiciliar Consulta de Enfermagem e consulta meacutedica
Orientar as mulheres sobre o exame preventivo Realizar o exame
ACS Meacutedico e enfermeira
Janeiro2012
31
O agendamento das consultas e marcado para datas muito distantes o que geralmente faz com que a mulher esqueccedila
Comunicaccedilatildeo da data do exame com antecedecircncia
Elaborar uma forma de entrar em contato com a paciente cinco dias antes da consulta agendada
Diminuir o iacutendice de ausecircncia agraves consultas
ACS Novembro2011
Desconhecimento das mulheres sobre o exame preventivo e os cuidados preparativos para o exame
Orientaccedilatildeo das mulheres sobre o exame e os cuidados preparativos para o exame
Criar um informativo contendo as orientaccedilotildees sobre o exame e os cuidados para serem entregue as usuaacuterias no momento da visita do ACS para informaacute-las da data e horaacuterio da consulta
Orientar todas usuaacuterias
Enfermeiro ACS
Janeiro2011
Entrega de resultados dos preventivos sem alteraccediloespelos ACSrsquos
Entrega do resultado do exame
Agendar um dia na semana para a entrega dos resultados dos exames Todos os exames deveratildeo ser vistos pelo enfermeiro Aqueles que apresentarem alguma alteraccedilatildeo a paciente deve ser encaminhada ao meacutedico Teacutecnico de Enfermagem Enfermeiro
Orientar as usuaacuterias
Os exames com resultados normais seratildeo entregues pelo teacutecnico de enfermagem Aqueles que apresentarem alguma alteraccedilatildeo seratildeo entregues pelo enfermeiro que deveraacute fazer os devidos encaminhamentos quando necessaacuterios
Dezembro2011
Entrega dos resultados de exames com alteraccedilotildees apoacutes consultas de retorno agendadas para usuaacuterias
Orientaccedilatildeo encaminhamento e acompanhamento da usuaacuteria
Visita domicilar Consulta de enfermagemconsulta meacutedica
Avaliar o estado de sauacutede da mulher Acompanhamento e orientaccedilotildees
Meacutedico e enfermeira Janeiro2012
Monitoramento e acompanhamento
- Agendamentos anuais - Elaboraccedilatildeo um arquivo rotativo - Estabelecimento de Indicadores de acompanhamento e
- Controlar a marcaccedilatildeo de consulta no intervalo de trecircs anos se apoacutes dois anos consecutivos de coleta os resultados forem negativos para
Monitorar o exame preventivo Acompanhar o estado de sauacutede das mulheres pela
Enfermeira e Teacutecnico de enfermagem
Novembro2011
32
avaliaccedilatildeo das accedilotildees votadas agrave sauacutede da mulher pela equipe de sauacutede
displasia ou neoplasia - Fazer a busca das usuaacuterias faltosas aos exames e consultas
equipe
Falta de interesse e conscientizaccedilatildeo em relaccedilatildeo agrave importacircncia do exame preventivo
Atendimento de Grupos Retomar o grupo de mulheres onde seratildeo abordados temas relativos agrave sauacutede da mulher Realizar orientaccedilotildees por meio de palestras nos grupos operativos
Conscientizar as mulheres sobre a importacircncia da realizaccedilatildeo do exame
Equipe de Sauacutede Fevereiro2012
Consulta eacute marcada com um meacutedico do sexo masculino
Agendamento com o enfermeiro quando possiacutevel
Reforccedilar com a paciente que durante a consulta estaraacute presente uma Auxiliar de Enfermagem
Diminuir a evasatildeo do exame prevenccedilatildeo Diminuir a resistecircncia ao atendimento masculino
Disponibilizar uma auxiliar ou teacutecnica de enfemagem para acompanhar o meacutedico durante o exame
Dezembro2011
Falta disponibilidade de horaacuterios mais flexiacuteveis pois haacute concentraccedilatildeo de horaacuterio pela manhatilde
Adequaccedilatildeo da Agenda Alteraccedilotildees na agenda com horaacuterios para adequar agraves necessidades dos usuaacuterios
Marcar os exames preventivos para o horaacuterio da tarde
Enfermeira e meacutedico Janeiro2012
33
6 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
A poliacutetica da sauacutede tem como principal objetivo promover mudanccedilas no intuito
de melhorar o niacutevel da sauacutede da populaccedilatildeo Diante dos resultados apurados nesse
estudo percebe-se a necessidade das intervenccedilotildees a serem efetuadas no Centro de
Sauacutede Felicidade II visando melhorar o iacutendice de cobertura dos exames
preventivos
Assim a realidade percebida no Centro de Sauacutede Felicidade II eacute que o
desempenho da equipe exerce grande impacto no desenvolvimento das accedilotildees
alcanccedilando dessa forma o objetivo de contribuir com o aprimoramento e a
consolidaccedilatildeo da assistecircncia agrave sauacutede da populaccedilatildeo
Como problemas levantados em relaccedilatildeo a baixa cobertura da prevenccedilatildeo do
cacircncer do colo do uacutetero identificamos as seguintes o ACS sentir inseguro para
orientar agraves mulheres em relaccedilatildeo aos cuidados para realizar o exame preventivo a
falta de capacitaccedilatildeo teacutecnica para o enfermeiro realizar o exame de Papanicolaou
consultas agendadas para datas muito distantes fazendo com que a mulher se
esqueccedila do diadesconhecimento das mulheres sobre o exame preventivo e os
cuidados preparativos para o mesmo falta de interesse e conscientizaccedilatildeo em
relaccedilatildeo agrave importacircncia do exame preventivo por parte das usuaacuteriaspudor da mulher
diante do profissional de sexo masculino e falta de disponibilidade de horaacuterios mais
flexiacuteveis com concentraccedilatildeo das consultas no horaacuterio da manhatilde
A partir dos problemas levantados foram propostas as atividades accedilotildees
metas e os responsaacuteveis pelas atividades no sentido de ampliar a cobertura das
mulheres por meio da participaccedilatildeo de toda a equipe de sauacutede Desse modo foi
muito importante tambeacutem a elaboraccedilatildeo das estrateacutegias para que o nuacutemero de
usuaacuterias seja aumentado Neste sentido destaca-se o papel do enfermeiro como
parte integrante da equipe de sauacutede e que desempenha um importante papel na
promoccedilatildeo da prevenccedilatildeo educaccedilatildeo e melhorias constantes nos serviccedilos oferecidos
agrave populaccedilatildeo
Nesta direccedilatildeo o Centro de Sauacutede Felicidade II deve se preocupar com a
capacitaccedilatildeo de seus funcionaacuterios com a organizaccedilatildeo do processo de trabalho das
equipes bem com um investimento maior nas accedilotildees de promoccedilatildeo e prevenccedilatildeo da
saude conforme abordado neste estudo
34
Desse modo cabe a todos os profissionais atuar mais na prevenccedilatildeo
promoccedilatildeo e recuperaccedilatildeo por meio de praacuteticas educativas promovendo campanhas
palestras sobre a sauacutede da mulher fornecendo orientaccedilotildees durante as consultas
para que se possa reverter o quadro de baixo iacutendice de cobertura no exame
preventivo de cacircncer do colo do uacutetero alcance assim a cobertura preconizada pela
Secretaacuteria de Sauacutede o que vai refletir na melhoria da assistecircncia a sauacutede agrave mulher
35
REFEREcircNCIAS ALBUQUERQUE KM et al Cobertura do Teste de Papanicolau e Fatores associados agrave Natildeo-Realizaccedilatildeo um olhar sobre o Programa de Prevenccedilatildeo do Cacircncer do Colo do Uacutetero em Pernambuco Brasil Caderno de Sauacutede Puacuteblica v 25 supl 2 Rio de Janeiro 2009 Disponiacutevel em lthttpwwwscielosporgscielophpscript=sci_arttextamppid=S0102-311X2009001400012gt Acesso em 6 nov 2010 BELO HORIZONTE Secretaria Municipal de Sauacutede Prevenccedilatildeo e Controle do Cacircncer do Colo de Uacutetero Belo Horizonte 2008 BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede O Programa Sauacutede da Famiacutelia e a Atenccedilatildeo Baacutesica no Brasil Brasiacutelia 2002 Disponiacutevel em lthttpwwwccssaudegovbrsaudebatea portamostravirtualpublicacoespsf_atencaobasicapdfgt Acesso em 01 abr 2010 CEacuteSAR JA et al Fatores Associados agrave natildeo Realizaccedilatildeo de Exame Citopatoloacutegico de Colo Uterino no Extremo Sul do Brasil Caderno de Sauacutede Puacuteblica Rio de Janeiro v19n5 p1365-1372 setout 2003 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrpdf0Dcspv19n517808pdfgt Acesso em 16 jul 2010 CORREcircA DA D VILLELA WV O Controle do Cacircncer do Colo do Uacutetero desafios para implementaccedilatildeo de accedilotildees programaacuteticas no Amazonas Brasil Rev bras sauacutede matern infantil v8 n4p491-497 outdez 2008 DIAS-DA-COSTA J S et al Cobertura do Exame Citopatoloacutegico na Cidade de Pelotas Rio Grande do Sul Brasil Caderno de Sauacutede Puacuteblica Rio de Janeiro v19 n1 p191-197 janfev 2003 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrpdfcspv19n114919pdfgt Acesso em 16 jul 2010 DOMINGOS ACP et al Cacircncer do Colo do Uacutetero comportamento preventivo de auto-cuidado agrave sauacutede Revista Ciecircncia Cuidado e Sauacutede 6 (Suplem 2) p 397-403 2007 Disponiacutevel em lthttpperiodicosuembrojsindexphpCiencCuidSaudearticleviewFile53373385gt Acesso em 5 nov 2010 HACKENHAAR AAC JURACI A DOMINGUES MR Exame Citopatoloacutegico de Colo Uterino em Mulheres com Idade entre 20 e 59 anos em Pelotas RS prevalecircncia foco e fatores associados agrave sua natildeo realizaccedilatildeo Revista Brasileira de EpidemiologiaSatildeo Paulo v9n1 Mar 2006 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S1415-790X2006000100013gt Acesso em 16 jul 2010 MONTEMOR EBL et al Controle do Cacircncer de Colo de Uacutetero o exame citopatoloacutegico In LOPES MHBde M (org) Enfermagem na Sauacutede da Mulher Goiacircnia AB 2006 p 45-65 NAKAGAWA JTT SCHIRMER J BARBIERI M Viacuterua HPV e Cacircncer de Colo de Uacutetero Revista Brasileira de Enfermagem v 63 n 2 Brasiacutelia marabri 2010
36
Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S0034-71672010000200021gt Acesso em 6 nov 2010 NARCHI NZ JANICAS Rde CS V FERNANDES RAacuteQ Prevenccedilatildeo e Controle do Cacircncer Ceacutervico-Uterino In FERNANDES RAacuteQ NARCHI NZ Enfermagem e Sauacutede da Mulher Barueri SP Manole 2007 p 127-149 NUacuteCLEO DE EDUCACcedilAtildeO EM SAUacuteDE COLETIVA ndash NESCON Faculdade de Medicina ndash UFMG Belo Horizonte Disponiacutevel em lthttpwwwnesconmedicinaufmgbrgt Acesso em 12 dez 2009 PINTO CAG COELHO IB BH Vida pensando a implantaccedilatildeo da Estrateacutegia de Sauacutede da Famiacutelia na cidade de Belo Horizonte passados 10 anos lthttpxayimgcomkqgroups15983109953140003nameImplantacao+do+BH+VIDA+-+Carlos+Gama+e+Ivan+Coelho5B15Dpdf gt Acesso em 01 mar 2011 RODRIGUES NETO JF FIGUEIREDO MFS SIQUEIRA LG Exame Citopatoloacutegico do Colo do Uacutetero fatores associados a natildeo realizaccedilatildeo em ESF Revista Eletrocircnica de Enfermagem 10 (3) 610-21 2008 Disponiacutevel em lthttpwwwfenufgbrrevistav10n3pdfv10n3a07pdfgt Acesso em 17 jul 2010 TAVARES SB do N et al Controle da Qualidade em Citopatologia Cervical revisatildeo de literatura Revista Brasileira de Cancerologia 53(3) 355-364 2007 Disponiacutevel em lthttpwwwincagovbrrbcn_53v03pdfrevisao6pdfgt Acesso em 17 jul 2010 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA Regulamento de Orientaccedilatildeo Do Trabalho De Conclusatildeo De Curso Do Curso De Licenciatura Em Letras ndashPORTUGUEcircS-ESPANHOL Disponiacutevel em lt httpwwwuepgbruepg_departamentosdeletpdfREG20PORT20ESPANHOLpdf gt Acesso em 23 set 2011 ZEFERINO L Prevenccedilatildeo e Controle do Cacircncer Ceacutervico-Uterino In LOPES MHB de M (org) Enfermagem na Sauacutede da Mulher Goiacircnia AB p 67-80 2006
10
1 INTRODUCcedilAtildeO
O Curso de Especializaccedilatildeo em Atenccedilatildeo Baacutesica em Sauacutede da Famiacutelia eacute
oferecido pelo Nescon aos profissionais de sauacutede das prefeituras municipais do
estado de Minas Gerais na perspectiva de que cumpra seu importante papel na
consolidaccedilatildeo da estrateacutegia e no desenvolvimento de um Sistema Uacutenico de Sauacutede
universal e com maior grau de equumlidade (NESCON 2009)
O Nescon oacutergatildeo complementar da Faculdade de Medicina da Universidade
Federal de Minas Gerais vem se caracterizando como uma das instacircncias de
cooperaccedilatildeo mais atuantes na organizaccedilatildeo de serviccedilos de sauacutede no Brasil Desde
sua criaccedilatildeo em 1983 e reativaccedilatildeo em 1986 o Nescon tem acumulado experiecircncias
que o capacitaram institucionalmente para atividades de pesquisa assessoria e
formaccedilatildeo de recursos humanos (NESCON 2009)
No art 3 do Capiacutetulo I - Da Conceituaccedilatildeo e Objetivos do Regulamento de
Orientaccedilatildeo do Trabalho de Conclusatildeo de Curso do Curso de Licenciatura em Letras
ndash Portuguecircs-Espanhol da Universidade Estadual de Ponta (2010) define que ldquoO
Trabalho de Conclusatildeo de Curso (TCC) constitui uma atividade acadecircmica de
pesquisa e sistematizaccedilatildeo do conhecimento sobre um objeto de estudo pertinente agrave
profissatildeo do licenciado e agrave realidade social em suas diferentes expressotildeesrdquo Ele eacute
desenvolvido mediante controle orientaccedilatildeo e avaliaccedilatildeo docente cuja exigecircncia eacute
um requisito essencial para o crescimento pessoal e profissional do aluno uma vez
que possibilita integrar os conhecimentos acumulados durante o curso
(UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA - 2010)
Neste sentido a motivaccedilatildeo para desenvolver este estudo surgiu da
necessidade de ampliar a cobertura de exame colpocitoloacutegico agraves mulheres
pertencentes agrave aacuterea de abrangecircncia do Centro de Sauacutede Felicidade II A
identificaccedilatildeo do baixo acesso das mulheres a esta modalidade de exame foi
percebida graccedilas agrave realizaccedilatildeo da atividade de coleta de dados realizada por ocasiatildeo
do desenvolvimento do Moacutedulo Sauacutede da Mulher do Curso de Especializaccedilatildeo em
Atenccedilatildeo Baacutesica em Sauacutede da Famiacutelia Esta atividade consistia no levantamento da
cobertura do exame citoloacutegico aplicado agraves mulheres em idade feacutertil da aacuterea de
abrangecircncia do Centro de Sauacutede em que atuo como enfermeira A anaacutelise dos
dados apontou que o nuacutemero de exames realizados no referido Centro de Sauacutede
11
natildeo atingia a cobertura preconizada pela Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede (OMS) que
eacute de 85 das mulheres adscritas na aacuterea de abrangecircncia da equipe
Apoacutes a coleta e anaacutelise dos dados para a apresentaccedilatildeo da atividade referente
ao Moacutedulo Sauacutede da Mulher deparei-me coma seguinte situaccedilatildeo no ano de 2008
foram realizados 507 exames preventivos do cacircncer de colo do uacutetero o que
correspondia a 1878 de cobertura e no periacuteodo de setembro2009 a setembro de
2010 foram realizados 583 exames preventivos correspondendo a 2159 de
cobertura Considerou-se como fonte de registro do exame citoloacutegico o livro do
consultoacuterio ginecoloacutegico no periacuteodo total de um ano
A anaacutelise da cobertura foi feita com base no total de mulheres entre 19 e 59
anos (aproximadamente 2700 mulheres) de um total aproximado de 9000
moradores O valor da cobertura populacional encontrado estaacute muito abaixo do
preconizado pela OMS para se atingir a meta de prevenccedilatildeo de morbimortalidade
por cacircncer do colo do uacutetero (BELO HORIZONTE 2008)
Contribuiacuteram tambeacutem para a escolha do tema deste trabalho a necessidade
de estudar e analisar as causas da deficiecircncia na cobertura e principalmente propor
accedilotildees com o intuito de atingir o objetivo preconizado pela OMS e referecircncia para a
Secretaria Municipal de Sauacutede de Belo Horizonte Outro fato que contribuiu tambeacutem
foi a anaacutelise da atenccedilatildeo primaacuteria agrave sauacutede realizada por ocasiatildeo das Oficinas de
Qualificaccedilatildeo da Atenccedilatildeo Primaacuteria agrave Sauacutede em Belo Horizonte (Plano Diretor da
Atenccedilatildeo Primaacuteria agrave SauacutedeSESMG) ministradas no Centro de Sauacutede
O Centro de Sauacutede surgiu em 26 de novembro de 2001 como um anexo do
Centro de Sauacutede Felicidade I em funccedilatildeo do aumento do nuacutemero de equipes de
sauacutede e o local natildeo comportou esse aumento Hoje em dia os dois Centros de
Sauacutede funcionam em unidades separadas onde cada uma possui uma estrutura
proacutepria e tem aacutereas de abrangecircncia diferentes o que divide as duas Unidades eacute o
coacuterrego Tamboril A aacuterea de abrangecircncia do Centro de Sauacutede Felicidade II tem uma
populaccedilatildeo de aproximadamente 9000 pessoas que se encontram em alta
vulnerabilidade social e assim como toda regiatildeo Norte estaacute classificada em risco
elevado e muito elevado O atendimento da populaccedilatildeo no Programa de Sauacutede da
Famiacutelia eacute coberto por trecircs equipes completas e constituiacutedas por meacutedico enfermeiro
dois auxiliares e quatro ACS (Agente Comunitaacuterio de Sauacutede)
12
O Centro de Sauacutede possui uma populaccedilatildeo de aproximadamente 9000
pessoas em sua aacuterea de abrangecircncia das quais 2700 satildeo mulheres com idade
entre 19 e 59 anos Estaacute localizado atualmente na Rua Pau Brasil 160 no bairro
Jardim Felicidade Distrito Sanitaacuterio Norte e funciona neste endereccedilo desde
novembro de 2006
O Distrito Sanitaacuterio Norte ocupa uma aacuterea de 3432 kmsup2 limitando-se com o
Municiacutepio de Santa Luzia e com os Distritos Sanitaacuterios de Venda Nova Pampulha e
Nordeste sendo sua sede localizada na Avenida Cristiano Machado 10657 Bairro
Planalto Abrange 47 bairros da regiatildeo Metropolitana de Belo Horizonte
Segundo o Censo do IBGE (2000) o Distrito Sanitaacuterio Norte possui uma
populaccedilatildeo de 193764 habitantes compondo um quadro de grandes contrastes
Possui de um lado bairros com razoaacutevel infra-estrutura urbana e poder aquisitivo da
populaccedilatildeo como por exemplo Campo Alegre Helioacutepolis Planalto Floramar e de
outro bairros vilas e assentamentos que oferecem condiccedilotildees inadequadas de
habitaccedilatildeo como Mariquinhas Zilah de Souza Spoacutesito Novo Aaratildeo Reis e o
Conjunto Jardim Felicidade que contam com uma infra-estrutura urbaniacutestica
precaacuteria
Os serviccedilos de atenccedilatildeo baacutesica agrave sauacutede do Distrito Norte satildeo realizados em
suas 19 unidades de sauacutede com funcionamento de 2ordf a 6ordf feira de 0700 agraves 1900
horas no geral sendo o atendimento de urgecircncia realizado na UPA Norte (Unidade
de Pronto Atendimento Norte) com funcionamento diaacuterio de 24 horas Contam ainda
com atendimento de sauacutede mental em 06 unidades
No Brasil o Programa de Sauacutede da Famiacutelia (PSF) iniciou-se em 1994 como
resultado do avanccedilo do Sistema Uacutenico de Sauacutede Este programa aumentou
significativamente ao longo da uacuteltima deacutecada oferecendo um novo modelo de
cuidado agrave sauacutede capaz de melhorar a qualidade de vida da populaccedilatildeo por meio de
novas poliacuteticas e organizaccedilatildeo dos serviccedilos O PSF representa uma maneira de levar
a sauacutede para mais perto das famiacutelias De acordo com o Ministeacuterio da Sauacutede
O programa de Sauacutede da Famiacutelia eacute uma proposta concreta na mudanccedila do modelo assistencial tradicional capaz de romper com o comportamento passivo das unidades baacutesicas de sauacutede O programa prioriza as accedilotildees de prevenccedilatildeo de doenccedilas e a promoccedilatildeo da sauacutede junto agrave comunidade estabelece uma relaccedilatildeo permanente entre os profissionais de sauacutede e a populaccedilatildeo assistida marcada por um atendimento humanizado e resolutivo dos problemas de sauacutede mais frequumlentes (BRASIL 2002 p 5)
13
Segundo Pinto e Coelho (2011) a Secretaria Municipal de Sauacutede de Belo
Horizonte aderiu ao Programa Sauacutede da Famiacutelia em maio de 2000 O projeto foi
implantado dando prioridade agraves aacutereas onde a populaccedilatildeo estava exposta e a
implantaccedilatildeo comeccedilou pelos Centros de Sauacutede com populaccedilatildeo de muito elevado
risco e foi se estendendo gradativamente para as populaccedilotildees de elevado risco e
meacutedio risco De laacute ateacute os dias atuais ficou evidente a importacircncia da mobilizaccedilatildeo
social para manutenccedilatildeo das equipes e com isso o projeto jaacute natildeo pertencia mais ao
governo pois foi incorporado pela cidade de Belo Horizonte como direito
De acordo com os autores passados mais de 10 anos o programa continua e
o nuacutemero de equipes de sauacutede da famiacutelia alcanccedilou as 506 equipes planejadas em
2001 mas isso natildeo se deveu agrave cobertura da populaccedilatildeo de baixo risco e sim ao
crescimento populacional
Os agentes comunitaacuterios de sauacutede fazem cerca de 2900000 visitas
domiciliares por ano O nuacutemero de consultas meacutedicas realizadas pelas equipes de
Sauacutede da Famiacutelia foi de 1899347 em 2002 (ano de implantaccedilatildeo das equipes) e de
2203257 em 2004 Em marccedilo de 2010 apenas 3 das equipes de Sauacutede da
Famiacutelia estavam desfalcadas de meacutedico generalista e mais da metade dos meacutedicos
de sauacutede da famiacutelia tinham mais de 5 anos de trabalho na Prefeitura de Belo
Horizonte (PINTO e COELHO 2011)
O exame de citologia oncoacutetica tambeacutem conhecido como Papanicolaou ou
preventivo foi introduzido na atenccedilatildeo baacutesica na deacutecada de 1970 Em Belo Horizonte
por meio da Secretaria Municipal de Sauacutede criou um protocolo o qual eacute um
instrumento que estabelece normas para intervenccedilotildees teacutecnicas o qual uniformiza e
atualiza conceitos e condutas referentes ao processo assistencial na rede de
serviccedilos Um desses protocolos aborda especificamente o controle e prevenccedilatildeo do
cacircncer de colo de uacutetero (BELO HORIZONTE 2008)
A colpocitologia oncoacutetica eacute utilizada principalmente para determinar o risco de
uma mulher vir a desenvolver o cacircncer de colo do uacutetero natildeo se tratando somente de
uma maneira de diagnosticar a doenccedila Ele eacute essencial tambeacutem para determinar
outras condiccedilotildees de sauacutede como niacutevel hormonal doenccedilas da vulva do canal
vaginal do acircnus das mamas entre outros O exame deve ser realizado
prioritariamente em mulheres de 25 a 59 anos de idade com intervalo de trecircs em
trecircs anos se os dois primeiros exames realizados a cada ano forem normais Toda
14
mulher que tem ou jaacute teve atividade sexual deve submeter-se ao exame preventivo
ateacute os 69 anos de idade (BELO HORIZONTE 2008)
Destaca-se ainda que a importacircncia do exame consiste no fato de que eacute
nessa oportunidade que o profissional avalia a sauacutede sexual e reprodutiva da
mulher pois tais fatores raramente satildeo considerados durante uma consulta cliacutenica
geral Ressalta-se tambeacutem que o acesso das mulheres ao exame colpocitoloacutegico faz parte da garantia de direitos legalmente constituiacutedos com a ampliaccedilatildeo dos
serviccedilos de promoccedilatildeo prevenccedilatildeo e assistecircncia ao cacircncer de colo de uacutetero
Espera-se que este estudo possa contribuir para a humanizaccedilatildeo da atenccedilatildeo agrave
sauacutede da mulher proporcionando um olhar mais amplo e integral sobre o estado de
sauacutede das mulheres e seus determinantes sociais Para tal buscar-se-aacute sensibilizar
a equipe do Centro de Sauacutede Felicidade II quanto agrave importacircncia da assistecircncia
integral agrave sauacutede da mulher promover a educaccedilatildeo em sauacutede para as usuaacuterias quanto
agrave importacircncia de realizar o exame preventivo de cacircncer de colo do uacutetero expandir a
agenda de consultas de assistecircncia agrave mulher garantindo aumento da cobertura de
exames preventivos e proporcionar educaccedilatildeo permanente agrave toda a equipe em
especial os ACS para uma abordagem humanizada eficaz e efetiva das usuaacuterias
15
2 OBJETIVOS
21 Geral Elaborar um plano de accedilatildeo para ampliar a cobertura do exame colpocitoloacutegico
no Centro de Sauacutede Felicidade II da Secretaria Municipal de Sauacutede de Belo
Horizonte MG promovendo assim a melhoria das condiccedilotildees de vida e sauacutede das
mulheres
22 Especiacutefico
Realizar uma revisatildeo de literatura sobre a promoccedilatildeo da sauacutede das mulheres
dando ecircnfase agrave prevenccedilatildeo do cacircncer do colo do uacutetero no sentido de subsidiar o
plano de accedilatildeo
16
3 METODOLOGIA
Trata-se de um estudo bibliograacutefico tipo revisatildeo narrativa com natureza
compreensiva do tema proposto realizada por meio da consultas a livros e artigos
em revistas cientiacuteficas do acervo de bibliotecas e base de dados virtuais no sentido
de subsidiar a elaboraccedilatildeo de um plano de accedilatildeo para o Centro de Sauacutede Felicidade
II buscando ampliar a cobertura do exame de Papanicolaou
A busca foi efetuada nas bases de dados SCIELO (Scientific Electronic
Library Online) MEDLINE(Medical Literature Analysis and Retrieval System Online -
Sistema Online de Busca e Anaacutelise de Literatura Meacutedica) LILACS (Literatura Latino-
americana em ciecircncia da Sauacutede) e outras Foram utilizados os descritores ldquosauacutede
das mulheresrdquo ldquocacircncerrdquo ldquocacircncer do colo do uacuteterordquo ldquocitologia oncoacuteticardquo e
ldquoprevenccedilatildeordquo
17
4 APRESENTACcedilAtildeO DOS RESULTADOS
41 A promoccedilatildeo da sauacutede das mulheres
Correcirca e Villela (2008) relatam que foi nas primeiras deacutecadas do seacuteculo XX
que o Brasil passou a incorporar a questatildeo da sauacutede da mulher nas poliacuteticas
nacionais cujo enfoque estava em prestar assistecircncia aos filhos das mulheres que
natildeo tinham acesso aos serviccedilos de sauacutede constituindo a atenccedilatildeo preacute-natal como
uacutenica accedilatildeo de caraacuteter universalista com relaccedilatildeo agrave sauacutede da mulher
Com as mudanccedilas na condiccedilatildeo social das mulheres ocorridas ao longo da segunda metade do seacuteculo XX as propostas de atenccedilatildeo materno-infantil mostram-se insuficientes Em 1984 eacute proposto pelo Ministeacuterio da Sauacutede o Programa de Assistecircncia Integral agrave Sauacutede da Mulher (PAISM) visando agrave extensatildeo das accedilotildees baacutesicas em sauacutede da mulher e incluindo entre outras atividades preventivas e de diagnoacutestico do cacircncer do colo do uacutetero e mamaacuterio A assistecircncia integral envolvia o atendimento de todas as necessidades da populaccedilatildeo feminina enfatizando as accedilotildees dirigidas ao controle das patologias mais prevalentes incluindo accedilotildees educativas Poreacutem a implementaccedilatildeo efetiva do Programa natildeo aconteceu como desejado ficando as atividades nos serviccedilos de sauacutede bastante focalizadas nas demandas relativas agrave contracepccedilatildeo acompanhamento da gravidez e ao parto A prevenccedilatildeo e controle do cacircncer ginecoloacutegico continuaram em segundo plano (CORREcircA e VILLELA 2008p1)
Domingos et al (2008 p 1) afirmam que ldquopor meio da promoccedilatildeo da sauacutede
caracterizada como sendo promoccedilatildeo primaacuteria e detecccedilatildeo precoce das lesotildees
precursoras (exame de Papanicolaou) eacute possiacutevel reduzir a mortalidade e
incidecircnciardquo
Em 1997 foi implantado no Paranaacute o Programa de Prevenccedilatildeo do Cacircncer do Colo do Uacutetero que prioriza inicialmente o atendimento da faixa etaacuteria de 30 a 49 anos (a mais acometida pela doenccedila no Estado) atendendo na sequumlecircncia todas as faixas etaacuterias expostas ao risco O intervalo entre os exames para controle dos casos negativos eacute de trecircs anos (DOMINGOS et al 2008 p 1)
42 A prevenccedilatildeo do cacircncer do colo do uacutetero
Narchi Janicas e Fernandes (2007) ensinam que a prevenccedilatildeo do cacircncer
ceacutervico-uterino eacute realizada em dois planos a prevenccedilatildeo primaacuteria e a secundaacuteria Na
forma primaacuteria conforme os autores deve-se atentar para os fatores de risco
18
evitaacuteveis e na atuaccedilatildeo do enfermeiro Jaacute na fase de prevenccedilatildeo secundaacuteria deve ser
feito o rastreamento captaccedilatildeo e identificar a vulnerabilidade do cacircncer
Domingos et al (2007) afirmam que a principal estrateacutegia para a prevenccedilatildeo
primaacuteria da doenccedila eacute o uso de preservativo (masculino ou feminino) durante as
relaccedilotildees sexuais visto que a infecccedilatildeo pelo viacuterus papiloma humano (HPV) estaacute
presente em 90 dos casos A prevenccedilatildeo secundaacuteria eacute realizada por meio do
exame preventivo (Papanicolaou) para a detecccedilatildeo precoce da doenccedila
Albuquerque et al (2007) afirmam que desde 1988 o Ministeacuterio da Sauacutede tem
como objetivo reduzir as taxas de morbimortalidade e com isso adota como norma
a recomendaccedilatildeo da Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede a qual propotildee que seja feito a
cada trecircs anos a realizaccedilatildeo do exame citoloacutegico do colo do uacutetero sendo dois
exames anuais consecutivos negativos para mulheres na faixa de idade de 25 a 59
anos ou que jaacute tenham atividade sexual
Iniciativas como o Programa Viva Mulher lanccedilado em 1996 e o desenvolvimento de campanhas nacionais sistemaacuteticas tecircm contribuiacutedo para o aumento da cobertura do exame no paiacutes Contudo verifica-se que as taxas de incidecircncia e de mortalidade ainda permanecem desafiando as medidas ateacute entatildeo adotadas sinalizando possiacuteveis deficiecircncias na oferta no acesso e na qualidade das referidas accedilotildees (ALBUQUERQUE et al 2007 p 1)
Nakagawa Schirmer e Barbieri (2007) relatam que a associaccedilatildeo do viacuterus
HPV com o cacircncer de colo de uacutetero comeccedilou em 1949 quando o patologista George
Papanicolaou introduziu o exame mais difundido no mundo para detectar a doenccedila
o exame que leva o seu proacuteprio nome ou seja Papanicolaou
De acordo com o desenvolvimento do carcinoma de colo de uacutetero Nakagawa
Schirmer e Barbieri (2007 p 1) afirmam que
Esse exame permitiu identificar mulheres com alteraccedilotildees celulares preacute-maligna possibilitando observar uma associaccedilatildeo da atividade sexual com o desenvolvimento do cacircncer de colo de uacutetero No entanto somente na deacutecada de 70 o conhecimento acerca da etiologia da doenccedila teve consideraacutevel avanccedilo Estudos constataram que tal associaccedilatildeo implicava na presenccedila de um agente etioloacutegico de transmissatildeo sexual Harold zur Hausen um infectologista alematildeo constatou que o Papiloma Viacuterus Humano (viacuterus HPV) poderia ser esse agente estabelecendo inicialmente a relaccedilatildeo do viacuterus com as verrugas e condilomas Somente anos mais tarde o viacuterus foi relacionado com o desenvolvimento do carcinoma de colo de uacutetero (NAKAGAWA SCHIRMER e BARBIERI 2007 p 1)
19
Os autores relatam que devido ao advento da clonagem molecular na deacutecada
de 90 e a utilizaccedilatildeo de tal tecnologia na replicaccedilatildeo do genoma do Papiloma Viacuterus
outros aspectos da infecccedilatildeo foram elucidados
Devido agrave discrepacircncia entre a alta frequumlecircncia de infecccedilotildees HPV em mulheres jovens sexualmente ativas e a ocorrecircncia relativamente baixa de lesotildees cervicais nas mesmas colocou-se em duacutevida a etiologia viral da doenccedila e concluiu-se que a infecccedilatildeo era causa necessaacuteria mas natildeo suficiente para o desenvolvimento da doenccedila uma vez que virtualmente somente uma fraccedilatildeo de mulheres portadoras do viacuterus a desenvolveria Estudos preacutevios jaacute sugeriam que um forte fator diferenciava a progressatildeo ou natildeo da doenccedila sugerindo que isto estaria relacionada aos diversos tipos do viacuterus HPV Estudos posteriores mostraram que a sua progressatildeo depende natildeo somente da presenccedila do viacuterus mas tambeacutem do tipo de viacuterus da persistecircncia da infecccedilatildeo e da evoluccedilatildeo das lesotildees precursoras para o carcinoma invasivo (NAKAGAWA SCHIRMER e BARBIERI 2007 p 1)
Segundo Narchi Janicas e Fernandes (2007) a prevenccedilatildeo primaacuteria do cacircncer
ceacutervico-uterino refere-se agrave reduccedilatildeo da exposiccedilatildeo aos fatores de risco como o iniacutecio
precoce da atividade sexual a multiplicidade de parceiros as doenccedilas sexualmente
transmissiacuteveis especialmente a infecccedilatildeo causada pelo HPV e multiparidade Aleacutem
disso outros fatores tecircm sido relacionados ao cacircncer ceacutervico-uterino em estudos
epidemioloacutegicos ainda natildeo conclusivos dentre eles o uso de anticoncepcional oral
as situaccedilotildees de imunossupressatildeo como diabete lupus corticoterapia e Aids o
tabagismo e a alimentaccedilatildeo pobre em folatos vitaminas A e C e betacaroteno
Atualmente considera-se fundamental a relaccedilatildeo entre o desenvolvimento do cacircncer ceacutervico-uterino e a transmissatildeo sexual HPV Nesse sentido a prevenccedilatildeo primaacuteria tem como foco a praacutetica de sexo seguro No entanto apesar da divulgaccedilatildeo da importacircncia do uso de preservativos para diminuiccedilatildeo potencial do risco de transmissatildeo do HPV observa-se que seu uso depende de uma serie de fatores como o conhecimento a respeito da doenccedila e suas formas de prevenccedilatildeo a percepccedilatildeo de risco de infecccedilatildeo as crenccedilas e valores culturais as iniquidades de gecircnero e como elas se revelam o grau de autonomia e poder de negociaccedilatildeo sexual nas relaccedilotildees afetivo-sexuais acesso ao serviccedilo de sauacutede e a oferta de preservativos (NARCHI JANICAS e FERNANDES 2007 p 129)
Ceacutesar et al (2003) afirmam que exames preventivos perioacutedicos permitem
reduzir em ateacute 70 a sua mortalidade na populaccedilatildeo de risco A faixa etaacuteria mais
acometida vai dos 25 aos 60 anos e o seu mais importante determinante eacute o
papilomaviacuterus humano De acordo com o Instituto Nacional de Cacircncer (INCA)
O Instituto Nacional de Cacircncer (INCA) recomenda o exame citopatoloacutegico para cacircncer de colo uterino a toda mulher com idade entre 20 e 60 anos e que possua vida sexual ativa Inicialmente o exame deve ser feito a cada trecircs anos Em caso de dois resultados negativos para displasia ou
20
neoplasia um novo exame deveraacute ser repetido uma vez a cada trecircs anos (BRASIL 2002 apud CEacuteSAR et al 2003 p 1371)
Narchi Janicas e Fernandes (2007) afirmam que de modo contextual a
prevenccedilatildeo primaacuteria eacute realizada a partir identificaccedilatildeo da presenccedila de fatores de risco
com vistas a prevenir o surgimento da doenccedila Sabe-se que o cacircncer ceacutervico-uterino
haacute muito vem sendo associado ao baixo niacutevel socioeconocircmico tanto a exposiccedilatildeo
aos fatores de risco quanto especialmente pela desigualdade no acesso aos
serviccedilos de sauacutede Essas barreiras satildeo multidimensionais inserindo-se em um
contexto social amplo que a barca desde dificuldades geograacuteficas de informaccedilatildeo
familiares econocircmicas culturais religiosas e emocionais ateacute as relacionadas agraves
poliacuteticas de sauacutede Diante dessa constataccedilatildeo acredita-se que a anaacutelise dos
programas e a proposiccedilatildeo de estrateacutegias devam tambeacutem corresponder agrave amplitude
dos fatores intervenientes
De acordo com as autoras no que diz respeito agrave prevenccedilatildeo primaacuteria o
Programa de Sauacutede da Famiacutelia (PSF) tem importante papel na identificaccedilatildeo de
grupos de mulheres com perfil de risco para desenvolver o cacircncer ceacutervico-uterino e
com base nas necessidades levantadas implementar accedilotildees de intervenccedilatildeo no meio
ambiente e em seus fatores de risco De acordo com as autoras diversas
estrateacutegias podem reduzir os fatores de risco para cacircncer ceacutervico-uterino dentre as
quais destacam-se realizaccedilatildeo de grupos educativos que permitam a discussatildeo de
temas como sexualidade e gecircnero vulnerabilidade e prevenccedilatildeo as DST
planejamento familiar qualidade de vida e prevenccedilatildeo do cacircncer ginecoloacutegico entre
outros As autoras destacam tambeacutem a importacircncia mobilizaccedilatildeo das mulheres para
o autocuidado e a busca de melhor qualidade de vida (grupos de caminhada cultivo
de hortas caseiras por exemplo) valorizaccedilatildeo da integralidade na assistecircncia e no
estiacutemulo a uma participaccedilatildeo ativa das mulheres com atitudes assertivas em relaccedilatildeo
a sauacutede identificaccedilatildeo e minimizaccedilatildeo das dificuldades de acesso ao serviccedilo de
sauacutede sejam elas barreiras individuais e institucionais (NARCHI JANICAS e
FERNANDES 2007)
Ainda conforme as autoras aleacutem das atividades comunitaacuterias que podem ser
realizadas pela equipe de sauacutede da famiacutelia o enfermeiro tambeacutem pode instituir
grupos educativos de coleta ou de resultados da colpocitologia na unidade baacutesica de
sauacutede (UBS) ou na unidade de sauacutede da famiacutelia (USF) abordando temaacuteticas
21
voltadas agrave sexualidade higiene iacutentima prevenccedilatildeo de DST prevenccedilatildeo do cacircncer
ginecoloacutegico e teacutecnica de coleta do exame As autoras afirmam que esses grupos
aleacutem de disponibilizarem um espaccedilo para a socializaccedilatildeo do conhecimento
possibilitam a integraccedilatildeo entre profissionais e pacientes e estimulam o
autoconhecimento do corpo e da sexualidade familiarizando a mulher ao ambiente e
ao exame e minimizando sentimentos negativos como o medo a vergonha o
nervosismo e o constrangimento que por vezes as impedem de aderir ao programa
Essa estrateacutegia seraacute possiacutevel agrave medida que o profissional estiver sensibilizado e
capacitado para implementaacute-la utilizando habilidades de aconselhamento e
abordagem empaacutetica (NARCHI JANICAS e FERNANDES 2007)
O enfermeiro deve ainda avaliar a presenccedila de fatores de risco na consulta
de enfermagem agrave mulher com vistas a realizar as intervenccedilotildees necessaacuterias e o
acompanhamento mais frequente Diante disso eacute recomendado que na consulta de
retorno para recebimento do laudo da colpocitologia seja realizado procedimento de
aconselhamento sobre DST e Aids antes de discutir o resultado e a conduta
No que diz respeito agrave prevenccedilatildeo secundaacuteria do cacircncer ceacutervico-uterino Narchi
Janicas e Fernandes (2007) afirmam que se deve realizar o exame citopatoloacutegico
para que seja feita a detecccedilatildeo do cacircncer in situ ou das lesotildees precursoras trataacuteveis
e curaacuteveis em ateacute 100 dos casos Para as autoras o acolhimento deveraacute ocorrer
em todas as fases da assistecircncia ou seja desde o primeiro contato com a mulher o
que pode ocorrer em seu domiciacutelio quanto no agendamento ao se verificar acerca
do aprazamento da colpocitologia Citam tambeacutem que esse exame tem sido
utilizado em programas de rastreamento do cacircncer ceacutervico-uterino em todo o mundo
(screening) para interromper o ciclo evolutivo da doenccedila detectando-a em fase preacute-
invasiva trataacutevel e curaacutevel Relatam ainda que os paiacuteses que desenvolveram o
programa tanto com identificaccedilatildeo efetiva da populaccedilatildeo de risco qualidade coleta e
na interpretaccedilatildeo dos resultados quanto com tratamento e acompanhamento
adequados dos casos de alto risco lograram reduccedilatildeo significativa na incidecircncia e na
mortalidade por essa patologia
Segundo a OMS para que um programa de rastreamento do cacircncer ceacutervico-
uterino cause impacto epidemioloacutegico eacute necessaacuterio realizar uma cobertura superior a
80 o que representaria um impacto de 50 na reduccedilatildeo da mortalidade por essa
doenccedila Entretanto nos paiacuteses em desenvolvimento como o Brasil a cobertura
22
desse teste ainda natildeo alcanccedilou niacuteveis suficientes e coerentes com as necessidades
da populaccedilatildeo feminina sob maior risco de contrair a doenccedila
Narchi Janicas e Fernandes (2007) relatam que no Brasil as accedilotildees de
intervenccedilatildeo e controle do cacircncer ceacutervico-uterino tecircm sido norteadas pela distribuiccedilatildeo
das lesotildees cervicais segundo as faixas etaacuterias de mulheres mais acometidas pela
doenccedila e pela periodicidade dos exames citopatoloacutegicos seguindo a loacutegica
epidemioloacutegica do risco e da relaccedilatildeo custobenefiacutecio que norteiam as intervenccedilotildees
em sauacutede publica Poreacutem por vaacuterios anos essa cobertura esteve descontextualiza
da no paiacutes de forma a disponibilizar a citopatologia apenas durante o preacute-natal natildeo
atingindo a populaccedilatildeo de mulheres da faixa etaacuteria de maior risco subutilizando os
equipamentos de sauacutede e tornando o programa ineficiente Conforme as autoras
vaacuterios estudos que investigaram os motivos que dificultam a captaccedilatildeo das mulheres
para a prevenccedilatildeo do cacircncer ginecoloacutegico ressaltam a amplitude do problema que
perpassa por diversas esferas assumindo aspecto multidimensional
Narchi Janicas e Fernandes (2007) ressaltam ainda que o modelo
contextual proposto por Pinho amp Franccedila-Junior analisa o acesso e a utilizaccedilatildeo dos
serviccedilos preventivos em trecircs planos individual organizacionalprogramaacutetico e social
dispostos em uma estrutura dinacircmica e relacional Esse modelo propotildee que a
realizaccedilatildeo da colpocitologia seja produto da interaccedilatildeo desses trecircs planos dos quais
emergem os elementos necessaacuterios para definir uma situaccedilatildeo de vulnerabilidade
individual programaacuteticaorganizacional e social do cacircncer ceacutervico-uterino Para as
autoras o plano individual representado por caracteriacutesticas relacionadas agrave
realizaccedilatildeo do exame definiraacute a vulnerabilidade individual da mulher a doenccedila A
vulnerabilidade eacute representada por um conjunto de fatores cognitivos relacionados a
real falta de conhecimento sobre a doenccedila e o exame o que contribui para a
reduccedilatildeo de praacuteticas sexuais seguras e de prevenccedilatildeo secundaacuteria Tal vulnerabilidade
individual pode ser criada e percebida pelas mulheres ou a elas imposta no
momento em que se enfatiza o risco da natildeo-realizaccedilatildeo da colpocitologia em vez da
ecircnfase ao benefiacutecio da accedilatildeo gerando ou reforccedilando sentimento de medo em
relaccedilatildeo ao cacircncer que pode provocar tanto um efeito propulsor que induz a mulher
para a realizaccedilatildeo do exame quanto um efeito mais restritivo ao exame pelo medo
de sentir dor ou de receber um resultado positivo concluem as autoras
23
No plano organizacional ou programaacutetico inserem-se as caracteriacutesticas
relacionadas agrave disponibilidade de serviccedilos de sauacutede em relaccedilatildeo agrave demanda e a sua
acessibilidade geograacutefica a organizaccedilatildeo e as necessidades da populaccedilatildeo usuaacuteria e
ao planejamento das accedilotildees efetivas na prevenccedilatildeo e na promoccedilatildeo a sauacutede sob a
forma de programas organizados de rastreamento do cacircncer cervical que primem
pelo respeito agrave autonomia individual e pela abordagem integral mulher (NARCHI
JANICAS e FERNANDES 2007)
Ainda segundo os autores um dos fatores que contribuem para a baixa
adesatildeo das mulheres ao programa eacute a falta de humanizaccedilatildeo na assistecircncia pois a
violecircncia institucional sofrida pelas mulheres durante a consulta ginecoloacutegica pode
ser traduzida pela humilhaccedilatildeo por constrangimento e pela forma fria e
despersonalizada com que satildeo atendidas sem serem esclarecidas quanto ao
resultado do exame ou por realizarem tratamentos por vaacuterios anos sem sequer
terem noccedilatildeo dos seus objetivos Isso submete a mulher a uma assistecircncia
medicalizada e indigna na qual se perde a oportunidade de investir em prevenccedilatildeo
primaacuteria (NARCHI JANICAS E FERNANDES 2007)
De acordo com Dias-da-Costa et al (2003) quando se fala acerca da sauacutede
puacuteblica eacute sabido que a efetividade do programa de controle do cacircncer de colo do
uacutetero depende da cobertura populacional alcanccedilada Poreacutem no Brasil a avaliaccedilatildeo
da efetividade de programas de prevenccedilatildeo e accedilotildees de sauacutede puacuteblica ainda eacute
considerada incipiente
43 Contexto histoacuterico da citologia oncoacutetica
Montemor et al (2008 p 45) relatam que na eacutepoca em que a citologia
ginecoloacutegica estava em desenvolvimento agrave ideacuteia preponderante entre os
ginecologistas era que sendo o colo uterino facilmente acessiacutevel agrave bioacutepsia dava-se
preferecircncia ao estudo histoloacutegico pois a citologia ainda carecia de credibilidade
diagnoacutestica
Os autores afirmam que foi Aureli Babes um patologista romeno em 1928
que sugeriu que fosse feita a coleta direta de material do colo uterino para o
diagnoacutestico do cacircncer sendo que o mesmo foi o primeiro pesquisador que
descreveu de forma minuciosa a teacutecnica de coleta utilizando a coloraccedilatildeo atraveacutes do
24
meacutetodo de Giemsa Entretanto ainda de acordo com os autores foi George
Nicholas Papanicolaou um grego nascido em 1883 em Kymi na ilha grega de
Euboea que se aprofundou nos estudos acerca da citologia ginecoloacutegica o qual em
1913 se fixou nos Eua como pesquisador do laboratoacuterio do Hospital de Nova Iorque
Segundo os autores Neste sentido os autores afirmam que
Papanicolaou quando estudava as alteraccedilotildees hormonais das ceacutelulas nas diferentes fases do ciclo menstrual observou que tambeacutem era possiacutevel o diagnoacutestico das ceacutelulas tumorais do colo uterino Em 1941 publicou no American Journal of Obstetrics and Gynecology em co-autoria com Traut um trabalho com o tiacutetulo de O valor diagnoacutestico dos esfregaccedilos vaginais no carcinoma do uacutetero Nessa publicaccedilatildeo mostra a possibilidade de fazer diagnoacutestico de carcinoma do colo uterino atraveacutes de ceacutelulas atiacutepicas presentes nos esfregaccedilos bem como enfatiza a necessidade de aplicar esse meacutetodo simples e de baixo custo a um grande nuacutemero de mulheres O meacutetodo de coloraccedilatildeo dos esfregaccedilos citoloacutegicos que leva o nome de ldquoColoraccedilatildeo de Papanicolaourdquo eacute ainda hoje largamente utilizado (MONTEMOR et al 2008 p 46)
Os autores relatam ainda que em meados de 1940 o J Ernest Ayre um
meacutedico canadense utilizou uma espaacutetula a qual leva o seu nome para obter
raspados do colo uterino possibilitando dessa forma uma maneira praacutetica e
eficiente de coleta de material para a realizaccedilatildeo de exames em grande escala
(MONTEMOR et al 2008) De acordo com Tavares et al (2007) o exame
citopatoloacutegico foi sugerido como uma ferramenta para a detecccedilatildeo precoce do cacircncer
do colo do uacutetero em 1941
Conforme Hackenhaar Ceacutesar e Domingues (2006) a prevenccedilatildeo considerada
como secundaacuteria do cacircncer do colo uterino tem se centralizado no rastreamento de
mulheres sexualmente ativas atraveacutes do exame citopatoloacutegico do colo uterino O
qual foi adotado para rastreamento na deacutecada de 50 em vaacuterios paiacuteses uma vez que
identifica lesotildees preacute-cancerosas que se tratadas minimizam a incidecircncia de
carcinoma invasor e com isso a mortalidade pelo cacircncer de colo uterino Segundo
os autores
Em 1998 o Ministeacuterio da Sauacutede do Brasil estabeleceu que o exame para a detecccedilatildeo precoce do cacircncer do colo uterino deveria ser realizado por mulheres com idade entre 25 e 60 anos ou antes desta faixa etaacuteria caso jaacute tivessem mantido relaccedilotildees sexuais Para estas mulheres a periodicidade deveria ser de trecircs em trecircs anos se os dois primeiros exames realizados a cada ano fossem normais Em 2002 ocorreu a fase de intensificaccedilatildeo da campanha que tinha por objetivo realizar exames nas mulheres de 35 a 49 anos que nunca haviam realizado este tipo de exame ou que o houvessem
25
realizado haacute mais de trecircs anos (HACKENHAAR CEacuteSAR e DOMINGUES 2006 p 1)
44 Conceitos e caracteriacutesticas do exame de prevenccedilatildeo do cacircncer
Conforme Montemor et al (2008) o exame citopatoloacutegico tambeacutem conhecido
como exame Papanicolaou ou ainda exame preventivo do cacircncer do colo do uacutetero
tem como objetivo a anaacutelise das ceacutelulas obtidas por raspagem do colo uterino
(ectoceacutervice e canal endocervical) com as quais eacute realizado esfregaccedilo sobre uma
lacircmina de vidro De acordo com os autores as caracteriacutesticas morfoloacutegicas das
ceacutelulas satildeo observadas ao microscoacutepio e quando alteradas ou seja quando estatildeo
diferentes daquelas consideradas normais sugerem tratar-se de processo preacute-
neoplaacutesico ou neoplaacutesico Os autores afirmam ainda que atualmente o exame
citopatoloacutegico eacute o meacutetodo de rastreamento para cacircncer do colo uterino mais utilizado
em todo o mundo
De acordo com Tavares (2007) o exame citopatoloacutegico eacute considerado um
meacutetodo eficiente pois tem a habilidade de identificar lesotildees precursoras do cacircncer
do colo do uacutetero que naquele momento satildeo trataacuteveis podendo resultar em
significante decreacutescimo da mortalidade por esse tipo de cacircncer
45 O cacircncer do colo do uacutetero
Segundo Zeferino (2008) o cacircncer do colo uterino tem sido um desafio para a
sauacutede puacuteblica na reduccedilatildeo de morte de mulheres por causa desse mal uma vez que
se trata de uma doenccedila que pode ser evitada por meio do diagnoacutestico e do
tratamento de suas lesotildees precursoras Neste sentido Narchi Janicas e Fernandes
(2007) concordam com Zeferino (2008) quando afirmam que o cacircncer chamado por
eles de cacircncer ceacutervico-uterino vem sendo alvo de atenccedilatildeo por parte da comunidade
cientiacutefica devido ocupar lugar de destaque no que diz respeito agraves elevadas taxas de
morbidade e mortalidade entre a populaccedilatildeo feminina principalmente em paiacuteses em
desenvolvimento uma vez que trata-se de um tipo de cacircncer que estaacute relacionado
ao perfil epidemioloacutegico das mulheres cuja frequecircncia dos fatores de risco e do grau
de implementaccedilatildeo de accedilotildees de curto e longo prazos em todos os niacuteveis de atenccedilatildeo
26
De acordo com Hackenhaar Ceacutesar e Domingues (2006 p1) ldquoo cacircncer do
colo uterino eacute um problema de sauacutede puacuteblica mundialrdquo Segundo os autores
Em 2000 havia uma estimativa de 468000 casos com 233000 mortes por este tipo de cacircncer em todo o mundo Destas mortes 80 ocorreriam nos paiacuteses em desenvolvimento No Brasil o cacircncer de colo uterino representa a segunda maior causa de morte por cacircncer entre as mulheres (HACKENHAAR CEacuteSAR e DOMINGUES 2006 p 1)
Por meio do controle perioacutedico utilizando-se o exame citoloacutegico eacute possiacutevel
reduzir sua incidecircncia pois dados da Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede (OMS)
afirmam que a cada ano surgem cerca de 500 mil novos casos de cacircncer do colo
uterino por ano no mundo todo sendo que mais de 400 mil ocorrem em paiacuteses em
desenvolvimento (ZEFERINO 2008) Este dado eacute confirmado por Ceacutesar et al
(2003) quando os autores afirmam que cerca de 80 dos casos de cacircncer de colo
uterino ocorrem nos paiacuteses pobres
Domingos et al (2007 p 1) explicam que ldquoo cacircncer de colo de uacutetero eacute uma
doenccedila de evoluccedilatildeo lenta levando em meacutedia 14 anos para sua evoluccedilatildeo total
Inicia-se com alteraccedilotildees miacutenimas nas ceacutelulas denominadas displasia e se natildeo
forem tratadas estas alteraccedilotildees evoluemrdquo De acordo com os autores
Com o desenvolvimento da doenccedila em meacutedia trecircs anos apoacutes a constataccedilatildeo das primeiras alteraccedilotildees celulares surge um tumor localizado chamado carcinoma in situ Este cacircncer desenvolve-se por mais seis anos invadindo a mucosa do uacutetero quando recebe o nome de carcinoma invasor Apoacutes 14 anos das primeiras alteraccedilotildees celulares o cacircncer atinge a forma mais grave com o aparecimento de metaacutestase espalhando-se assim por outras regiotildees do corpo (DOMINGOS et al 2007 p 1)
Conforme Rodrigues Neto Figueiredo e Siqueira (2008 p 1) o cacircncer tem
sido responsaacutevel por seis milhotildees de mortes por ano correspondendo a 12 das
mortes mundiais ldquoEstima-se a ocorrecircncia de mais de dez milhotildees de novos casos
de cacircncer por ano sendo que para o ano de 2020 espera-se que haja mais de 15
milhotildees de casos novosrdquo Para os autores
O cacircncer do colo do uacutetero (CCU) ocupa o 2ordm lugar na incidecircncia mundial de neoplasias estando atraacutes apenas do cacircncer de mama Por ano no mundo ocorrem cerca de 235 mil mortes devido ao CCU sendo 218 mil em paiacuteses considerados pobres ou emergentes(4) onde ocorre quase 60 dos casos novos de cacircncer ocupando um lugar de destaque nas taxas de morbimortalidade entre a populaccedilatildeo feminina Ressalta-se que na Ameacuterica Latina se encontram as mais altas taxas de incidecircncia desta doenccedila
27
representando uma das causas de oacutebito mais frequumlente entre as mulheres [] Natildeo considerando os carcinomas de pele natildeo melanoma o CCU eacute o mais incidente na Regiatildeo Norte (22100000) Jaacute nas regiotildees Sul (24100000) Centro-Oeste (19100000) e Nordeste (18100000) ocupa a segunda posiccedilatildeo e no Sudeste (18100000) a quarta posiccedilatildeo estando assim associado a regiotildees brasileiras de baixo niacutevel socioeconocircmico (RODRIGUES NETO FIGUEIREDO e SIQUEIRA 2008 p 1)
Dentre os fatores causadores e facilitadores desse tipo de cacircncer Ceacutesar et al
(2003) citam fatores reprodutivos maternos tais como iniacutecio precoce de atividade
sexual e comportamento sexual masculino baixo niacutevel socioeconocircmico muacuteltiplos
parceiros sexuais higiene sexual precaacuteria ocorrecircncia de abortos (particularmente os
induzidos) alcoolismo e tabagismo e uso de anticoncepcional oral Domingos et al
(2007 p 1) afirmam que ldquoo cacircncer do colo do uacutetero eacute um dos maiores problemas da
sauacutede da mulher em todo o mundo Estima-se que a cada ano ocorram no mundo
493000 novos casos da doenccedila e 274000 mortesrdquo
ldquoSegundo dados do Ministeacuterio da Sauacutede (MS) no ano de 2002 4091
mulheres morreram no Brasil vitimadas por este tipo de cacircncer Destas 297
ocorreram no Estado do Paranaacute na faixa etaacuteria de 30 a 49 anosrdquo (DOMINGOS et al
2007 p 1)
Zeferino (2008) relata que no Brasil o cacircncer do colo uterino eacute o terceiro mais
frequumlente o qual eacute superado apenas pelos cacircnceres de pele e de mama Trata-se
da quarta causa de oacutebito entre as mulheres superado apenas pelos cacircnceres de
mama do pulmatildeo e do coacutelon-reto No ano de 2003 foram registradas 4110 mortes
com cacircncer de colo uterino correspondendo a 7 do total dos oacutebitos devido a
cacircncer em mulheres De acordo com o autor
Cerca de 90 dos cacircnceres de colo uterino originaram-se de ceacutelulas escamosas sendo chamados de carcinomas escamosos ou carcinomas epidermoacuteides e outros 10 originaram-se de ceacutelulas glandulares sendo entatildeo chamados de adenocarcinomas Raramente podem aparecer os dois tipos de ceacutelulas e satildeo chamados carcinomas adenoescamosos Todavia tem sido observado que a proporccedilatildeo de adenocarcinoma do colo uterino tem aumentado nas uacuteltimas deacutecadas particularmente em mulheres jovens (BULK et al 2005 apud ZEFERINO 2008 p 68)
Segundo dados do INCA (2002 apud Ceacutesar et al 2003 p 1366) ldquono Brasil
o cacircncer de colo uterino eacute o segundo entre os tumores ginecoloacutegicos malignos e o
terceiro mais comum na populaccedilatildeo feminina Representa 10 de todos os cacircnceres
malignos em mulheresrdquo
28
De acordo com Albuquerque et al (2009) ldquoa infecccedilatildeo preacutevia pelo papiloma
viacuterus humano (HPV) tem sido apontada como o principal fator de risco para o cacircncer
de colo de uacuteterordquo Fatores como iniacutecio precoce da atividade sexual multiplicidade de
parceiros sexuais uso de contraceptivos orais tabagismo situaccedilatildeo conjugal e baixa
condiccedilatildeo soacutecio-econocircmica tecircm sido apontados como fatores de risco importantes
para o desenvolvimento dessa neoplasia
Narchi Janicas e Fernandes (2007) relatam que o cacircncer ceacutervico-uterino tem
sua origem a partir de uma lesatildeo intra-epitelial progressiva a qual pode evoluir para
um cacircncer invasivo dentro de um prazo em torno de 10 a 20 anos caso natildeo seja
oferecido tratamento
Conforme as autoras durante o periacuteodo de evoluccedilatildeo da doenccedila ela passa por
fases preacute-cliacutenicas detectaacuteveis e curaacuteveis lhe conferindo elevado potencial de
prevenccedilatildeo e cura Corresponde a cerca de 15 de todos os cacircnceres femininos
sendo o segundo tipo mais comum entre as mulheres Ainda na visatildeo das autoras a
mortalidade pelo cacircncer ceacutervico-uterino pode ser evitada devido agrave lenta evoluccedilatildeo da
doenccedila e devido aos recursos tecnoloacutegicos o diagnoacutestico e o tratamento oportunos
das lesotildees precursoras as quais satildeo curaacuteveis em ateacute 100 dos casos Entretanto
conforme as autoras mesmo o Brasil ter sido um dos primeiros paiacuteses a realizar os
exames de colpocitologia e colposcopia esse tipo de cacircncer ainda continua sendo
um seacuterio problema de sauacutede puacuteblica por manter uma das mais elevadas taxas de
oacutebito como pode ser verificado a seguir
No Brasil as accedilotildees de controle do cacircncer ginecoloacutegico iniciaram-se de forma programaacutetica em 1983 eacutepoca de implantaccedilatildeo do Programa de Assistecircncia Integral agrave Sauacutede da Mulher (PAISM) que representou uma ampliaccedilatildeo do foco de assistecircncia agrave mulher para aleacutem do ciclo graviacutedico-puerperal No entanto apesar das recomendaccedilotildees de implantaccedilatildeo ou ampliaccedilatildeo das atividades de diagnoacutestico do cacircncer ceacutervico-uterino e de educativas com vistas agrave prevenccedilatildeo da doenccedila por mais de uma deacutecada as accedilotildees de combate a essa doenccedila foram desenvolvidas no paiacutes de forma desarticulada por iniciativa de apenas alguns Estados e municiacutepios (NARCHI JANICAS e FERNANDES 2007 p 128)
Os autores pesquisados nesta revisatildeo narrativa serviram de subsiacutedios para a
elaboraccedilatildeo do plano de accedilatildeo apresentado no proacuteximo capiacutetulo cujo objetivo eacute
aumentar a cobertura do exame de prevenccedilatildeo do cacircncer do colo do uacutetero no Centro
de Sauacutede Felicidade II
29
5 PLANO DE ACcedilAtildeO PARA A AMPLIACcedilAtildeO DA COBERTURA DO EXAME COLPOCITOLOacuteGICO NO CENTRO DE SAUacuteDE FELICIDADE II
De acordo com a atividade realizada no Moacutedulo da Sauacutede da Mulher foram
constatados alguns problemas em relaccedilatildeo agrave cobertura do exame colpocitoloacutegico no
Centro de Sauacutede Felicidade II o qual apresentou em 2009 baixa cobertura A partir
daiacute foram detectados outros fatores que contribuem para o baixo iacutendice de
cobertura aqueacutem do que eacute preconizado pela Secretaacuteria Municipal de Sauacutede Neste
sentido o plano de accedilatildeo descrito no Quadro 1 vem propor estrateacutegias visando
ampliar da cobertura do exame colpocitoloacutegico e minimizar os problemas levantados
Acredita-se que por meio da implantaccedilatildeo do plano de accedilatildeo sugerido o
Centro de Sauacutede Felicidade II teraacute maior e melhor desempenho de sua equipe
alcanccedilando com isso o aprimoramento no atendimento da populaccedilatildeo alvo da
instituiccedilatildeo
30
QUADRO1 - PLANO DE ACcedilAtildeO PARA AUMENTAR A COBERTURA DO EXAME DE PREVEN9AO DO COLO DO UTERO PARA A EQUIPE DE SAUDE DO CENTRO DE SAUDE FELICIDADE II
PROBLEMA ATIVIDADES ACcedilOtildeES META RESPONSAVEL PERIODO
As ACS sentem inseguros para orientar agraves mulheres em relaccedilatildeo aos cuidados para realizar o exame preventivo por falta de conhecimento
Educaccedilatildeo em Sauacutede
Capacitaccedilatildeo da equipe sobre a importacircncia do exame colpocitoloacutegico
Nivelar o conhecimento dos membros da equipe
Municiacutepio Gerecircncia Regional de Sauacutede
Outubro2011
Enfermeiro natildeo se sente capacitado para a realizaccedilatildeo do exame de Papanicolaou
Capacitaccedilatildeo Teacutecnica do enfermeiro para a realizaccedilatildeo do exame de Papanicolaou
Solicitar agrave Ginecologista enfermeira treinamentocapacitaccedilatildeo do enfermeiro
Instrumentalizar o enfermeiro para a realizaccedilatildeo coleta de material
Enfermeira de outra Unidade Baacutesica de Sauacutede Meacutedico Ginecologista
Outubro2011
Baixo iacutendice de cobertura do exame citoloacutegico
Elaboraccedilatildeo de um instrumento para coleta de dados para identificar as mulheres de 25 a 59 anos na aacuterea de abrangecircncia do centro de sauacutede e tambeacutem para levantar quais os fatores que impeditivos para a realizaccedilatildeo do exame Incluir as mulheres identificadas no arquivo rotativo
Visita domiciliar
Visitar todas as mulheres dentro da aacuterea de abrangecircncia da UBS
ACS Novembro2011 Dezembro2011
Baixo iacutendice de cobertura do exame citoloacutegico
Agendamento da consulta de enfermagem consulta meacutedica para atender as prioridades levantadas no diagnoacutestico da atividade anterior para realizaccedilatildeo do exame Priorizar mulheres que nunca fizeram o exame ou que fizeram a mais de trecircs anos
Visita domiciliar Consulta de Enfermagem e consulta meacutedica
Orientar as mulheres sobre o exame preventivo Realizar o exame
ACS Meacutedico e enfermeira
Janeiro2012
31
O agendamento das consultas e marcado para datas muito distantes o que geralmente faz com que a mulher esqueccedila
Comunicaccedilatildeo da data do exame com antecedecircncia
Elaborar uma forma de entrar em contato com a paciente cinco dias antes da consulta agendada
Diminuir o iacutendice de ausecircncia agraves consultas
ACS Novembro2011
Desconhecimento das mulheres sobre o exame preventivo e os cuidados preparativos para o exame
Orientaccedilatildeo das mulheres sobre o exame e os cuidados preparativos para o exame
Criar um informativo contendo as orientaccedilotildees sobre o exame e os cuidados para serem entregue as usuaacuterias no momento da visita do ACS para informaacute-las da data e horaacuterio da consulta
Orientar todas usuaacuterias
Enfermeiro ACS
Janeiro2011
Entrega de resultados dos preventivos sem alteraccediloespelos ACSrsquos
Entrega do resultado do exame
Agendar um dia na semana para a entrega dos resultados dos exames Todos os exames deveratildeo ser vistos pelo enfermeiro Aqueles que apresentarem alguma alteraccedilatildeo a paciente deve ser encaminhada ao meacutedico Teacutecnico de Enfermagem Enfermeiro
Orientar as usuaacuterias
Os exames com resultados normais seratildeo entregues pelo teacutecnico de enfermagem Aqueles que apresentarem alguma alteraccedilatildeo seratildeo entregues pelo enfermeiro que deveraacute fazer os devidos encaminhamentos quando necessaacuterios
Dezembro2011
Entrega dos resultados de exames com alteraccedilotildees apoacutes consultas de retorno agendadas para usuaacuterias
Orientaccedilatildeo encaminhamento e acompanhamento da usuaacuteria
Visita domicilar Consulta de enfermagemconsulta meacutedica
Avaliar o estado de sauacutede da mulher Acompanhamento e orientaccedilotildees
Meacutedico e enfermeira Janeiro2012
Monitoramento e acompanhamento
- Agendamentos anuais - Elaboraccedilatildeo um arquivo rotativo - Estabelecimento de Indicadores de acompanhamento e
- Controlar a marcaccedilatildeo de consulta no intervalo de trecircs anos se apoacutes dois anos consecutivos de coleta os resultados forem negativos para
Monitorar o exame preventivo Acompanhar o estado de sauacutede das mulheres pela
Enfermeira e Teacutecnico de enfermagem
Novembro2011
32
avaliaccedilatildeo das accedilotildees votadas agrave sauacutede da mulher pela equipe de sauacutede
displasia ou neoplasia - Fazer a busca das usuaacuterias faltosas aos exames e consultas
equipe
Falta de interesse e conscientizaccedilatildeo em relaccedilatildeo agrave importacircncia do exame preventivo
Atendimento de Grupos Retomar o grupo de mulheres onde seratildeo abordados temas relativos agrave sauacutede da mulher Realizar orientaccedilotildees por meio de palestras nos grupos operativos
Conscientizar as mulheres sobre a importacircncia da realizaccedilatildeo do exame
Equipe de Sauacutede Fevereiro2012
Consulta eacute marcada com um meacutedico do sexo masculino
Agendamento com o enfermeiro quando possiacutevel
Reforccedilar com a paciente que durante a consulta estaraacute presente uma Auxiliar de Enfermagem
Diminuir a evasatildeo do exame prevenccedilatildeo Diminuir a resistecircncia ao atendimento masculino
Disponibilizar uma auxiliar ou teacutecnica de enfemagem para acompanhar o meacutedico durante o exame
Dezembro2011
Falta disponibilidade de horaacuterios mais flexiacuteveis pois haacute concentraccedilatildeo de horaacuterio pela manhatilde
Adequaccedilatildeo da Agenda Alteraccedilotildees na agenda com horaacuterios para adequar agraves necessidades dos usuaacuterios
Marcar os exames preventivos para o horaacuterio da tarde
Enfermeira e meacutedico Janeiro2012
33
6 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
A poliacutetica da sauacutede tem como principal objetivo promover mudanccedilas no intuito
de melhorar o niacutevel da sauacutede da populaccedilatildeo Diante dos resultados apurados nesse
estudo percebe-se a necessidade das intervenccedilotildees a serem efetuadas no Centro de
Sauacutede Felicidade II visando melhorar o iacutendice de cobertura dos exames
preventivos
Assim a realidade percebida no Centro de Sauacutede Felicidade II eacute que o
desempenho da equipe exerce grande impacto no desenvolvimento das accedilotildees
alcanccedilando dessa forma o objetivo de contribuir com o aprimoramento e a
consolidaccedilatildeo da assistecircncia agrave sauacutede da populaccedilatildeo
Como problemas levantados em relaccedilatildeo a baixa cobertura da prevenccedilatildeo do
cacircncer do colo do uacutetero identificamos as seguintes o ACS sentir inseguro para
orientar agraves mulheres em relaccedilatildeo aos cuidados para realizar o exame preventivo a
falta de capacitaccedilatildeo teacutecnica para o enfermeiro realizar o exame de Papanicolaou
consultas agendadas para datas muito distantes fazendo com que a mulher se
esqueccedila do diadesconhecimento das mulheres sobre o exame preventivo e os
cuidados preparativos para o mesmo falta de interesse e conscientizaccedilatildeo em
relaccedilatildeo agrave importacircncia do exame preventivo por parte das usuaacuteriaspudor da mulher
diante do profissional de sexo masculino e falta de disponibilidade de horaacuterios mais
flexiacuteveis com concentraccedilatildeo das consultas no horaacuterio da manhatilde
A partir dos problemas levantados foram propostas as atividades accedilotildees
metas e os responsaacuteveis pelas atividades no sentido de ampliar a cobertura das
mulheres por meio da participaccedilatildeo de toda a equipe de sauacutede Desse modo foi
muito importante tambeacutem a elaboraccedilatildeo das estrateacutegias para que o nuacutemero de
usuaacuterias seja aumentado Neste sentido destaca-se o papel do enfermeiro como
parte integrante da equipe de sauacutede e que desempenha um importante papel na
promoccedilatildeo da prevenccedilatildeo educaccedilatildeo e melhorias constantes nos serviccedilos oferecidos
agrave populaccedilatildeo
Nesta direccedilatildeo o Centro de Sauacutede Felicidade II deve se preocupar com a
capacitaccedilatildeo de seus funcionaacuterios com a organizaccedilatildeo do processo de trabalho das
equipes bem com um investimento maior nas accedilotildees de promoccedilatildeo e prevenccedilatildeo da
saude conforme abordado neste estudo
34
Desse modo cabe a todos os profissionais atuar mais na prevenccedilatildeo
promoccedilatildeo e recuperaccedilatildeo por meio de praacuteticas educativas promovendo campanhas
palestras sobre a sauacutede da mulher fornecendo orientaccedilotildees durante as consultas
para que se possa reverter o quadro de baixo iacutendice de cobertura no exame
preventivo de cacircncer do colo do uacutetero alcance assim a cobertura preconizada pela
Secretaacuteria de Sauacutede o que vai refletir na melhoria da assistecircncia a sauacutede agrave mulher
35
REFEREcircNCIAS ALBUQUERQUE KM et al Cobertura do Teste de Papanicolau e Fatores associados agrave Natildeo-Realizaccedilatildeo um olhar sobre o Programa de Prevenccedilatildeo do Cacircncer do Colo do Uacutetero em Pernambuco Brasil Caderno de Sauacutede Puacuteblica v 25 supl 2 Rio de Janeiro 2009 Disponiacutevel em lthttpwwwscielosporgscielophpscript=sci_arttextamppid=S0102-311X2009001400012gt Acesso em 6 nov 2010 BELO HORIZONTE Secretaria Municipal de Sauacutede Prevenccedilatildeo e Controle do Cacircncer do Colo de Uacutetero Belo Horizonte 2008 BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede O Programa Sauacutede da Famiacutelia e a Atenccedilatildeo Baacutesica no Brasil Brasiacutelia 2002 Disponiacutevel em lthttpwwwccssaudegovbrsaudebatea portamostravirtualpublicacoespsf_atencaobasicapdfgt Acesso em 01 abr 2010 CEacuteSAR JA et al Fatores Associados agrave natildeo Realizaccedilatildeo de Exame Citopatoloacutegico de Colo Uterino no Extremo Sul do Brasil Caderno de Sauacutede Puacuteblica Rio de Janeiro v19n5 p1365-1372 setout 2003 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrpdf0Dcspv19n517808pdfgt Acesso em 16 jul 2010 CORREcircA DA D VILLELA WV O Controle do Cacircncer do Colo do Uacutetero desafios para implementaccedilatildeo de accedilotildees programaacuteticas no Amazonas Brasil Rev bras sauacutede matern infantil v8 n4p491-497 outdez 2008 DIAS-DA-COSTA J S et al Cobertura do Exame Citopatoloacutegico na Cidade de Pelotas Rio Grande do Sul Brasil Caderno de Sauacutede Puacuteblica Rio de Janeiro v19 n1 p191-197 janfev 2003 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrpdfcspv19n114919pdfgt Acesso em 16 jul 2010 DOMINGOS ACP et al Cacircncer do Colo do Uacutetero comportamento preventivo de auto-cuidado agrave sauacutede Revista Ciecircncia Cuidado e Sauacutede 6 (Suplem 2) p 397-403 2007 Disponiacutevel em lthttpperiodicosuembrojsindexphpCiencCuidSaudearticleviewFile53373385gt Acesso em 5 nov 2010 HACKENHAAR AAC JURACI A DOMINGUES MR Exame Citopatoloacutegico de Colo Uterino em Mulheres com Idade entre 20 e 59 anos em Pelotas RS prevalecircncia foco e fatores associados agrave sua natildeo realizaccedilatildeo Revista Brasileira de EpidemiologiaSatildeo Paulo v9n1 Mar 2006 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S1415-790X2006000100013gt Acesso em 16 jul 2010 MONTEMOR EBL et al Controle do Cacircncer de Colo de Uacutetero o exame citopatoloacutegico In LOPES MHBde M (org) Enfermagem na Sauacutede da Mulher Goiacircnia AB 2006 p 45-65 NAKAGAWA JTT SCHIRMER J BARBIERI M Viacuterua HPV e Cacircncer de Colo de Uacutetero Revista Brasileira de Enfermagem v 63 n 2 Brasiacutelia marabri 2010
36
Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S0034-71672010000200021gt Acesso em 6 nov 2010 NARCHI NZ JANICAS Rde CS V FERNANDES RAacuteQ Prevenccedilatildeo e Controle do Cacircncer Ceacutervico-Uterino In FERNANDES RAacuteQ NARCHI NZ Enfermagem e Sauacutede da Mulher Barueri SP Manole 2007 p 127-149 NUacuteCLEO DE EDUCACcedilAtildeO EM SAUacuteDE COLETIVA ndash NESCON Faculdade de Medicina ndash UFMG Belo Horizonte Disponiacutevel em lthttpwwwnesconmedicinaufmgbrgt Acesso em 12 dez 2009 PINTO CAG COELHO IB BH Vida pensando a implantaccedilatildeo da Estrateacutegia de Sauacutede da Famiacutelia na cidade de Belo Horizonte passados 10 anos lthttpxayimgcomkqgroups15983109953140003nameImplantacao+do+BH+VIDA+-+Carlos+Gama+e+Ivan+Coelho5B15Dpdf gt Acesso em 01 mar 2011 RODRIGUES NETO JF FIGUEIREDO MFS SIQUEIRA LG Exame Citopatoloacutegico do Colo do Uacutetero fatores associados a natildeo realizaccedilatildeo em ESF Revista Eletrocircnica de Enfermagem 10 (3) 610-21 2008 Disponiacutevel em lthttpwwwfenufgbrrevistav10n3pdfv10n3a07pdfgt Acesso em 17 jul 2010 TAVARES SB do N et al Controle da Qualidade em Citopatologia Cervical revisatildeo de literatura Revista Brasileira de Cancerologia 53(3) 355-364 2007 Disponiacutevel em lthttpwwwincagovbrrbcn_53v03pdfrevisao6pdfgt Acesso em 17 jul 2010 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA Regulamento de Orientaccedilatildeo Do Trabalho De Conclusatildeo De Curso Do Curso De Licenciatura Em Letras ndashPORTUGUEcircS-ESPANHOL Disponiacutevel em lt httpwwwuepgbruepg_departamentosdeletpdfREG20PORT20ESPANHOLpdf gt Acesso em 23 set 2011 ZEFERINO L Prevenccedilatildeo e Controle do Cacircncer Ceacutervico-Uterino In LOPES MHB de M (org) Enfermagem na Sauacutede da Mulher Goiacircnia AB p 67-80 2006
11
natildeo atingia a cobertura preconizada pela Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede (OMS) que
eacute de 85 das mulheres adscritas na aacuterea de abrangecircncia da equipe
Apoacutes a coleta e anaacutelise dos dados para a apresentaccedilatildeo da atividade referente
ao Moacutedulo Sauacutede da Mulher deparei-me coma seguinte situaccedilatildeo no ano de 2008
foram realizados 507 exames preventivos do cacircncer de colo do uacutetero o que
correspondia a 1878 de cobertura e no periacuteodo de setembro2009 a setembro de
2010 foram realizados 583 exames preventivos correspondendo a 2159 de
cobertura Considerou-se como fonte de registro do exame citoloacutegico o livro do
consultoacuterio ginecoloacutegico no periacuteodo total de um ano
A anaacutelise da cobertura foi feita com base no total de mulheres entre 19 e 59
anos (aproximadamente 2700 mulheres) de um total aproximado de 9000
moradores O valor da cobertura populacional encontrado estaacute muito abaixo do
preconizado pela OMS para se atingir a meta de prevenccedilatildeo de morbimortalidade
por cacircncer do colo do uacutetero (BELO HORIZONTE 2008)
Contribuiacuteram tambeacutem para a escolha do tema deste trabalho a necessidade
de estudar e analisar as causas da deficiecircncia na cobertura e principalmente propor
accedilotildees com o intuito de atingir o objetivo preconizado pela OMS e referecircncia para a
Secretaria Municipal de Sauacutede de Belo Horizonte Outro fato que contribuiu tambeacutem
foi a anaacutelise da atenccedilatildeo primaacuteria agrave sauacutede realizada por ocasiatildeo das Oficinas de
Qualificaccedilatildeo da Atenccedilatildeo Primaacuteria agrave Sauacutede em Belo Horizonte (Plano Diretor da
Atenccedilatildeo Primaacuteria agrave SauacutedeSESMG) ministradas no Centro de Sauacutede
O Centro de Sauacutede surgiu em 26 de novembro de 2001 como um anexo do
Centro de Sauacutede Felicidade I em funccedilatildeo do aumento do nuacutemero de equipes de
sauacutede e o local natildeo comportou esse aumento Hoje em dia os dois Centros de
Sauacutede funcionam em unidades separadas onde cada uma possui uma estrutura
proacutepria e tem aacutereas de abrangecircncia diferentes o que divide as duas Unidades eacute o
coacuterrego Tamboril A aacuterea de abrangecircncia do Centro de Sauacutede Felicidade II tem uma
populaccedilatildeo de aproximadamente 9000 pessoas que se encontram em alta
vulnerabilidade social e assim como toda regiatildeo Norte estaacute classificada em risco
elevado e muito elevado O atendimento da populaccedilatildeo no Programa de Sauacutede da
Famiacutelia eacute coberto por trecircs equipes completas e constituiacutedas por meacutedico enfermeiro
dois auxiliares e quatro ACS (Agente Comunitaacuterio de Sauacutede)
12
O Centro de Sauacutede possui uma populaccedilatildeo de aproximadamente 9000
pessoas em sua aacuterea de abrangecircncia das quais 2700 satildeo mulheres com idade
entre 19 e 59 anos Estaacute localizado atualmente na Rua Pau Brasil 160 no bairro
Jardim Felicidade Distrito Sanitaacuterio Norte e funciona neste endereccedilo desde
novembro de 2006
O Distrito Sanitaacuterio Norte ocupa uma aacuterea de 3432 kmsup2 limitando-se com o
Municiacutepio de Santa Luzia e com os Distritos Sanitaacuterios de Venda Nova Pampulha e
Nordeste sendo sua sede localizada na Avenida Cristiano Machado 10657 Bairro
Planalto Abrange 47 bairros da regiatildeo Metropolitana de Belo Horizonte
Segundo o Censo do IBGE (2000) o Distrito Sanitaacuterio Norte possui uma
populaccedilatildeo de 193764 habitantes compondo um quadro de grandes contrastes
Possui de um lado bairros com razoaacutevel infra-estrutura urbana e poder aquisitivo da
populaccedilatildeo como por exemplo Campo Alegre Helioacutepolis Planalto Floramar e de
outro bairros vilas e assentamentos que oferecem condiccedilotildees inadequadas de
habitaccedilatildeo como Mariquinhas Zilah de Souza Spoacutesito Novo Aaratildeo Reis e o
Conjunto Jardim Felicidade que contam com uma infra-estrutura urbaniacutestica
precaacuteria
Os serviccedilos de atenccedilatildeo baacutesica agrave sauacutede do Distrito Norte satildeo realizados em
suas 19 unidades de sauacutede com funcionamento de 2ordf a 6ordf feira de 0700 agraves 1900
horas no geral sendo o atendimento de urgecircncia realizado na UPA Norte (Unidade
de Pronto Atendimento Norte) com funcionamento diaacuterio de 24 horas Contam ainda
com atendimento de sauacutede mental em 06 unidades
No Brasil o Programa de Sauacutede da Famiacutelia (PSF) iniciou-se em 1994 como
resultado do avanccedilo do Sistema Uacutenico de Sauacutede Este programa aumentou
significativamente ao longo da uacuteltima deacutecada oferecendo um novo modelo de
cuidado agrave sauacutede capaz de melhorar a qualidade de vida da populaccedilatildeo por meio de
novas poliacuteticas e organizaccedilatildeo dos serviccedilos O PSF representa uma maneira de levar
a sauacutede para mais perto das famiacutelias De acordo com o Ministeacuterio da Sauacutede
O programa de Sauacutede da Famiacutelia eacute uma proposta concreta na mudanccedila do modelo assistencial tradicional capaz de romper com o comportamento passivo das unidades baacutesicas de sauacutede O programa prioriza as accedilotildees de prevenccedilatildeo de doenccedilas e a promoccedilatildeo da sauacutede junto agrave comunidade estabelece uma relaccedilatildeo permanente entre os profissionais de sauacutede e a populaccedilatildeo assistida marcada por um atendimento humanizado e resolutivo dos problemas de sauacutede mais frequumlentes (BRASIL 2002 p 5)
13
Segundo Pinto e Coelho (2011) a Secretaria Municipal de Sauacutede de Belo
Horizonte aderiu ao Programa Sauacutede da Famiacutelia em maio de 2000 O projeto foi
implantado dando prioridade agraves aacutereas onde a populaccedilatildeo estava exposta e a
implantaccedilatildeo comeccedilou pelos Centros de Sauacutede com populaccedilatildeo de muito elevado
risco e foi se estendendo gradativamente para as populaccedilotildees de elevado risco e
meacutedio risco De laacute ateacute os dias atuais ficou evidente a importacircncia da mobilizaccedilatildeo
social para manutenccedilatildeo das equipes e com isso o projeto jaacute natildeo pertencia mais ao
governo pois foi incorporado pela cidade de Belo Horizonte como direito
De acordo com os autores passados mais de 10 anos o programa continua e
o nuacutemero de equipes de sauacutede da famiacutelia alcanccedilou as 506 equipes planejadas em
2001 mas isso natildeo se deveu agrave cobertura da populaccedilatildeo de baixo risco e sim ao
crescimento populacional
Os agentes comunitaacuterios de sauacutede fazem cerca de 2900000 visitas
domiciliares por ano O nuacutemero de consultas meacutedicas realizadas pelas equipes de
Sauacutede da Famiacutelia foi de 1899347 em 2002 (ano de implantaccedilatildeo das equipes) e de
2203257 em 2004 Em marccedilo de 2010 apenas 3 das equipes de Sauacutede da
Famiacutelia estavam desfalcadas de meacutedico generalista e mais da metade dos meacutedicos
de sauacutede da famiacutelia tinham mais de 5 anos de trabalho na Prefeitura de Belo
Horizonte (PINTO e COELHO 2011)
O exame de citologia oncoacutetica tambeacutem conhecido como Papanicolaou ou
preventivo foi introduzido na atenccedilatildeo baacutesica na deacutecada de 1970 Em Belo Horizonte
por meio da Secretaria Municipal de Sauacutede criou um protocolo o qual eacute um
instrumento que estabelece normas para intervenccedilotildees teacutecnicas o qual uniformiza e
atualiza conceitos e condutas referentes ao processo assistencial na rede de
serviccedilos Um desses protocolos aborda especificamente o controle e prevenccedilatildeo do
cacircncer de colo de uacutetero (BELO HORIZONTE 2008)
A colpocitologia oncoacutetica eacute utilizada principalmente para determinar o risco de
uma mulher vir a desenvolver o cacircncer de colo do uacutetero natildeo se tratando somente de
uma maneira de diagnosticar a doenccedila Ele eacute essencial tambeacutem para determinar
outras condiccedilotildees de sauacutede como niacutevel hormonal doenccedilas da vulva do canal
vaginal do acircnus das mamas entre outros O exame deve ser realizado
prioritariamente em mulheres de 25 a 59 anos de idade com intervalo de trecircs em
trecircs anos se os dois primeiros exames realizados a cada ano forem normais Toda
14
mulher que tem ou jaacute teve atividade sexual deve submeter-se ao exame preventivo
ateacute os 69 anos de idade (BELO HORIZONTE 2008)
Destaca-se ainda que a importacircncia do exame consiste no fato de que eacute
nessa oportunidade que o profissional avalia a sauacutede sexual e reprodutiva da
mulher pois tais fatores raramente satildeo considerados durante uma consulta cliacutenica
geral Ressalta-se tambeacutem que o acesso das mulheres ao exame colpocitoloacutegico faz parte da garantia de direitos legalmente constituiacutedos com a ampliaccedilatildeo dos
serviccedilos de promoccedilatildeo prevenccedilatildeo e assistecircncia ao cacircncer de colo de uacutetero
Espera-se que este estudo possa contribuir para a humanizaccedilatildeo da atenccedilatildeo agrave
sauacutede da mulher proporcionando um olhar mais amplo e integral sobre o estado de
sauacutede das mulheres e seus determinantes sociais Para tal buscar-se-aacute sensibilizar
a equipe do Centro de Sauacutede Felicidade II quanto agrave importacircncia da assistecircncia
integral agrave sauacutede da mulher promover a educaccedilatildeo em sauacutede para as usuaacuterias quanto
agrave importacircncia de realizar o exame preventivo de cacircncer de colo do uacutetero expandir a
agenda de consultas de assistecircncia agrave mulher garantindo aumento da cobertura de
exames preventivos e proporcionar educaccedilatildeo permanente agrave toda a equipe em
especial os ACS para uma abordagem humanizada eficaz e efetiva das usuaacuterias
15
2 OBJETIVOS
21 Geral Elaborar um plano de accedilatildeo para ampliar a cobertura do exame colpocitoloacutegico
no Centro de Sauacutede Felicidade II da Secretaria Municipal de Sauacutede de Belo
Horizonte MG promovendo assim a melhoria das condiccedilotildees de vida e sauacutede das
mulheres
22 Especiacutefico
Realizar uma revisatildeo de literatura sobre a promoccedilatildeo da sauacutede das mulheres
dando ecircnfase agrave prevenccedilatildeo do cacircncer do colo do uacutetero no sentido de subsidiar o
plano de accedilatildeo
16
3 METODOLOGIA
Trata-se de um estudo bibliograacutefico tipo revisatildeo narrativa com natureza
compreensiva do tema proposto realizada por meio da consultas a livros e artigos
em revistas cientiacuteficas do acervo de bibliotecas e base de dados virtuais no sentido
de subsidiar a elaboraccedilatildeo de um plano de accedilatildeo para o Centro de Sauacutede Felicidade
II buscando ampliar a cobertura do exame de Papanicolaou
A busca foi efetuada nas bases de dados SCIELO (Scientific Electronic
Library Online) MEDLINE(Medical Literature Analysis and Retrieval System Online -
Sistema Online de Busca e Anaacutelise de Literatura Meacutedica) LILACS (Literatura Latino-
americana em ciecircncia da Sauacutede) e outras Foram utilizados os descritores ldquosauacutede
das mulheresrdquo ldquocacircncerrdquo ldquocacircncer do colo do uacuteterordquo ldquocitologia oncoacuteticardquo e
ldquoprevenccedilatildeordquo
17
4 APRESENTACcedilAtildeO DOS RESULTADOS
41 A promoccedilatildeo da sauacutede das mulheres
Correcirca e Villela (2008) relatam que foi nas primeiras deacutecadas do seacuteculo XX
que o Brasil passou a incorporar a questatildeo da sauacutede da mulher nas poliacuteticas
nacionais cujo enfoque estava em prestar assistecircncia aos filhos das mulheres que
natildeo tinham acesso aos serviccedilos de sauacutede constituindo a atenccedilatildeo preacute-natal como
uacutenica accedilatildeo de caraacuteter universalista com relaccedilatildeo agrave sauacutede da mulher
Com as mudanccedilas na condiccedilatildeo social das mulheres ocorridas ao longo da segunda metade do seacuteculo XX as propostas de atenccedilatildeo materno-infantil mostram-se insuficientes Em 1984 eacute proposto pelo Ministeacuterio da Sauacutede o Programa de Assistecircncia Integral agrave Sauacutede da Mulher (PAISM) visando agrave extensatildeo das accedilotildees baacutesicas em sauacutede da mulher e incluindo entre outras atividades preventivas e de diagnoacutestico do cacircncer do colo do uacutetero e mamaacuterio A assistecircncia integral envolvia o atendimento de todas as necessidades da populaccedilatildeo feminina enfatizando as accedilotildees dirigidas ao controle das patologias mais prevalentes incluindo accedilotildees educativas Poreacutem a implementaccedilatildeo efetiva do Programa natildeo aconteceu como desejado ficando as atividades nos serviccedilos de sauacutede bastante focalizadas nas demandas relativas agrave contracepccedilatildeo acompanhamento da gravidez e ao parto A prevenccedilatildeo e controle do cacircncer ginecoloacutegico continuaram em segundo plano (CORREcircA e VILLELA 2008p1)
Domingos et al (2008 p 1) afirmam que ldquopor meio da promoccedilatildeo da sauacutede
caracterizada como sendo promoccedilatildeo primaacuteria e detecccedilatildeo precoce das lesotildees
precursoras (exame de Papanicolaou) eacute possiacutevel reduzir a mortalidade e
incidecircnciardquo
Em 1997 foi implantado no Paranaacute o Programa de Prevenccedilatildeo do Cacircncer do Colo do Uacutetero que prioriza inicialmente o atendimento da faixa etaacuteria de 30 a 49 anos (a mais acometida pela doenccedila no Estado) atendendo na sequumlecircncia todas as faixas etaacuterias expostas ao risco O intervalo entre os exames para controle dos casos negativos eacute de trecircs anos (DOMINGOS et al 2008 p 1)
42 A prevenccedilatildeo do cacircncer do colo do uacutetero
Narchi Janicas e Fernandes (2007) ensinam que a prevenccedilatildeo do cacircncer
ceacutervico-uterino eacute realizada em dois planos a prevenccedilatildeo primaacuteria e a secundaacuteria Na
forma primaacuteria conforme os autores deve-se atentar para os fatores de risco
18
evitaacuteveis e na atuaccedilatildeo do enfermeiro Jaacute na fase de prevenccedilatildeo secundaacuteria deve ser
feito o rastreamento captaccedilatildeo e identificar a vulnerabilidade do cacircncer
Domingos et al (2007) afirmam que a principal estrateacutegia para a prevenccedilatildeo
primaacuteria da doenccedila eacute o uso de preservativo (masculino ou feminino) durante as
relaccedilotildees sexuais visto que a infecccedilatildeo pelo viacuterus papiloma humano (HPV) estaacute
presente em 90 dos casos A prevenccedilatildeo secundaacuteria eacute realizada por meio do
exame preventivo (Papanicolaou) para a detecccedilatildeo precoce da doenccedila
Albuquerque et al (2007) afirmam que desde 1988 o Ministeacuterio da Sauacutede tem
como objetivo reduzir as taxas de morbimortalidade e com isso adota como norma
a recomendaccedilatildeo da Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede a qual propotildee que seja feito a
cada trecircs anos a realizaccedilatildeo do exame citoloacutegico do colo do uacutetero sendo dois
exames anuais consecutivos negativos para mulheres na faixa de idade de 25 a 59
anos ou que jaacute tenham atividade sexual
Iniciativas como o Programa Viva Mulher lanccedilado em 1996 e o desenvolvimento de campanhas nacionais sistemaacuteticas tecircm contribuiacutedo para o aumento da cobertura do exame no paiacutes Contudo verifica-se que as taxas de incidecircncia e de mortalidade ainda permanecem desafiando as medidas ateacute entatildeo adotadas sinalizando possiacuteveis deficiecircncias na oferta no acesso e na qualidade das referidas accedilotildees (ALBUQUERQUE et al 2007 p 1)
Nakagawa Schirmer e Barbieri (2007) relatam que a associaccedilatildeo do viacuterus
HPV com o cacircncer de colo de uacutetero comeccedilou em 1949 quando o patologista George
Papanicolaou introduziu o exame mais difundido no mundo para detectar a doenccedila
o exame que leva o seu proacuteprio nome ou seja Papanicolaou
De acordo com o desenvolvimento do carcinoma de colo de uacutetero Nakagawa
Schirmer e Barbieri (2007 p 1) afirmam que
Esse exame permitiu identificar mulheres com alteraccedilotildees celulares preacute-maligna possibilitando observar uma associaccedilatildeo da atividade sexual com o desenvolvimento do cacircncer de colo de uacutetero No entanto somente na deacutecada de 70 o conhecimento acerca da etiologia da doenccedila teve consideraacutevel avanccedilo Estudos constataram que tal associaccedilatildeo implicava na presenccedila de um agente etioloacutegico de transmissatildeo sexual Harold zur Hausen um infectologista alematildeo constatou que o Papiloma Viacuterus Humano (viacuterus HPV) poderia ser esse agente estabelecendo inicialmente a relaccedilatildeo do viacuterus com as verrugas e condilomas Somente anos mais tarde o viacuterus foi relacionado com o desenvolvimento do carcinoma de colo de uacutetero (NAKAGAWA SCHIRMER e BARBIERI 2007 p 1)
19
Os autores relatam que devido ao advento da clonagem molecular na deacutecada
de 90 e a utilizaccedilatildeo de tal tecnologia na replicaccedilatildeo do genoma do Papiloma Viacuterus
outros aspectos da infecccedilatildeo foram elucidados
Devido agrave discrepacircncia entre a alta frequumlecircncia de infecccedilotildees HPV em mulheres jovens sexualmente ativas e a ocorrecircncia relativamente baixa de lesotildees cervicais nas mesmas colocou-se em duacutevida a etiologia viral da doenccedila e concluiu-se que a infecccedilatildeo era causa necessaacuteria mas natildeo suficiente para o desenvolvimento da doenccedila uma vez que virtualmente somente uma fraccedilatildeo de mulheres portadoras do viacuterus a desenvolveria Estudos preacutevios jaacute sugeriam que um forte fator diferenciava a progressatildeo ou natildeo da doenccedila sugerindo que isto estaria relacionada aos diversos tipos do viacuterus HPV Estudos posteriores mostraram que a sua progressatildeo depende natildeo somente da presenccedila do viacuterus mas tambeacutem do tipo de viacuterus da persistecircncia da infecccedilatildeo e da evoluccedilatildeo das lesotildees precursoras para o carcinoma invasivo (NAKAGAWA SCHIRMER e BARBIERI 2007 p 1)
Segundo Narchi Janicas e Fernandes (2007) a prevenccedilatildeo primaacuteria do cacircncer
ceacutervico-uterino refere-se agrave reduccedilatildeo da exposiccedilatildeo aos fatores de risco como o iniacutecio
precoce da atividade sexual a multiplicidade de parceiros as doenccedilas sexualmente
transmissiacuteveis especialmente a infecccedilatildeo causada pelo HPV e multiparidade Aleacutem
disso outros fatores tecircm sido relacionados ao cacircncer ceacutervico-uterino em estudos
epidemioloacutegicos ainda natildeo conclusivos dentre eles o uso de anticoncepcional oral
as situaccedilotildees de imunossupressatildeo como diabete lupus corticoterapia e Aids o
tabagismo e a alimentaccedilatildeo pobre em folatos vitaminas A e C e betacaroteno
Atualmente considera-se fundamental a relaccedilatildeo entre o desenvolvimento do cacircncer ceacutervico-uterino e a transmissatildeo sexual HPV Nesse sentido a prevenccedilatildeo primaacuteria tem como foco a praacutetica de sexo seguro No entanto apesar da divulgaccedilatildeo da importacircncia do uso de preservativos para diminuiccedilatildeo potencial do risco de transmissatildeo do HPV observa-se que seu uso depende de uma serie de fatores como o conhecimento a respeito da doenccedila e suas formas de prevenccedilatildeo a percepccedilatildeo de risco de infecccedilatildeo as crenccedilas e valores culturais as iniquidades de gecircnero e como elas se revelam o grau de autonomia e poder de negociaccedilatildeo sexual nas relaccedilotildees afetivo-sexuais acesso ao serviccedilo de sauacutede e a oferta de preservativos (NARCHI JANICAS e FERNANDES 2007 p 129)
Ceacutesar et al (2003) afirmam que exames preventivos perioacutedicos permitem
reduzir em ateacute 70 a sua mortalidade na populaccedilatildeo de risco A faixa etaacuteria mais
acometida vai dos 25 aos 60 anos e o seu mais importante determinante eacute o
papilomaviacuterus humano De acordo com o Instituto Nacional de Cacircncer (INCA)
O Instituto Nacional de Cacircncer (INCA) recomenda o exame citopatoloacutegico para cacircncer de colo uterino a toda mulher com idade entre 20 e 60 anos e que possua vida sexual ativa Inicialmente o exame deve ser feito a cada trecircs anos Em caso de dois resultados negativos para displasia ou
20
neoplasia um novo exame deveraacute ser repetido uma vez a cada trecircs anos (BRASIL 2002 apud CEacuteSAR et al 2003 p 1371)
Narchi Janicas e Fernandes (2007) afirmam que de modo contextual a
prevenccedilatildeo primaacuteria eacute realizada a partir identificaccedilatildeo da presenccedila de fatores de risco
com vistas a prevenir o surgimento da doenccedila Sabe-se que o cacircncer ceacutervico-uterino
haacute muito vem sendo associado ao baixo niacutevel socioeconocircmico tanto a exposiccedilatildeo
aos fatores de risco quanto especialmente pela desigualdade no acesso aos
serviccedilos de sauacutede Essas barreiras satildeo multidimensionais inserindo-se em um
contexto social amplo que a barca desde dificuldades geograacuteficas de informaccedilatildeo
familiares econocircmicas culturais religiosas e emocionais ateacute as relacionadas agraves
poliacuteticas de sauacutede Diante dessa constataccedilatildeo acredita-se que a anaacutelise dos
programas e a proposiccedilatildeo de estrateacutegias devam tambeacutem corresponder agrave amplitude
dos fatores intervenientes
De acordo com as autoras no que diz respeito agrave prevenccedilatildeo primaacuteria o
Programa de Sauacutede da Famiacutelia (PSF) tem importante papel na identificaccedilatildeo de
grupos de mulheres com perfil de risco para desenvolver o cacircncer ceacutervico-uterino e
com base nas necessidades levantadas implementar accedilotildees de intervenccedilatildeo no meio
ambiente e em seus fatores de risco De acordo com as autoras diversas
estrateacutegias podem reduzir os fatores de risco para cacircncer ceacutervico-uterino dentre as
quais destacam-se realizaccedilatildeo de grupos educativos que permitam a discussatildeo de
temas como sexualidade e gecircnero vulnerabilidade e prevenccedilatildeo as DST
planejamento familiar qualidade de vida e prevenccedilatildeo do cacircncer ginecoloacutegico entre
outros As autoras destacam tambeacutem a importacircncia mobilizaccedilatildeo das mulheres para
o autocuidado e a busca de melhor qualidade de vida (grupos de caminhada cultivo
de hortas caseiras por exemplo) valorizaccedilatildeo da integralidade na assistecircncia e no
estiacutemulo a uma participaccedilatildeo ativa das mulheres com atitudes assertivas em relaccedilatildeo
a sauacutede identificaccedilatildeo e minimizaccedilatildeo das dificuldades de acesso ao serviccedilo de
sauacutede sejam elas barreiras individuais e institucionais (NARCHI JANICAS e
FERNANDES 2007)
Ainda conforme as autoras aleacutem das atividades comunitaacuterias que podem ser
realizadas pela equipe de sauacutede da famiacutelia o enfermeiro tambeacutem pode instituir
grupos educativos de coleta ou de resultados da colpocitologia na unidade baacutesica de
sauacutede (UBS) ou na unidade de sauacutede da famiacutelia (USF) abordando temaacuteticas
21
voltadas agrave sexualidade higiene iacutentima prevenccedilatildeo de DST prevenccedilatildeo do cacircncer
ginecoloacutegico e teacutecnica de coleta do exame As autoras afirmam que esses grupos
aleacutem de disponibilizarem um espaccedilo para a socializaccedilatildeo do conhecimento
possibilitam a integraccedilatildeo entre profissionais e pacientes e estimulam o
autoconhecimento do corpo e da sexualidade familiarizando a mulher ao ambiente e
ao exame e minimizando sentimentos negativos como o medo a vergonha o
nervosismo e o constrangimento que por vezes as impedem de aderir ao programa
Essa estrateacutegia seraacute possiacutevel agrave medida que o profissional estiver sensibilizado e
capacitado para implementaacute-la utilizando habilidades de aconselhamento e
abordagem empaacutetica (NARCHI JANICAS e FERNANDES 2007)
O enfermeiro deve ainda avaliar a presenccedila de fatores de risco na consulta
de enfermagem agrave mulher com vistas a realizar as intervenccedilotildees necessaacuterias e o
acompanhamento mais frequente Diante disso eacute recomendado que na consulta de
retorno para recebimento do laudo da colpocitologia seja realizado procedimento de
aconselhamento sobre DST e Aids antes de discutir o resultado e a conduta
No que diz respeito agrave prevenccedilatildeo secundaacuteria do cacircncer ceacutervico-uterino Narchi
Janicas e Fernandes (2007) afirmam que se deve realizar o exame citopatoloacutegico
para que seja feita a detecccedilatildeo do cacircncer in situ ou das lesotildees precursoras trataacuteveis
e curaacuteveis em ateacute 100 dos casos Para as autoras o acolhimento deveraacute ocorrer
em todas as fases da assistecircncia ou seja desde o primeiro contato com a mulher o
que pode ocorrer em seu domiciacutelio quanto no agendamento ao se verificar acerca
do aprazamento da colpocitologia Citam tambeacutem que esse exame tem sido
utilizado em programas de rastreamento do cacircncer ceacutervico-uterino em todo o mundo
(screening) para interromper o ciclo evolutivo da doenccedila detectando-a em fase preacute-
invasiva trataacutevel e curaacutevel Relatam ainda que os paiacuteses que desenvolveram o
programa tanto com identificaccedilatildeo efetiva da populaccedilatildeo de risco qualidade coleta e
na interpretaccedilatildeo dos resultados quanto com tratamento e acompanhamento
adequados dos casos de alto risco lograram reduccedilatildeo significativa na incidecircncia e na
mortalidade por essa patologia
Segundo a OMS para que um programa de rastreamento do cacircncer ceacutervico-
uterino cause impacto epidemioloacutegico eacute necessaacuterio realizar uma cobertura superior a
80 o que representaria um impacto de 50 na reduccedilatildeo da mortalidade por essa
doenccedila Entretanto nos paiacuteses em desenvolvimento como o Brasil a cobertura
22
desse teste ainda natildeo alcanccedilou niacuteveis suficientes e coerentes com as necessidades
da populaccedilatildeo feminina sob maior risco de contrair a doenccedila
Narchi Janicas e Fernandes (2007) relatam que no Brasil as accedilotildees de
intervenccedilatildeo e controle do cacircncer ceacutervico-uterino tecircm sido norteadas pela distribuiccedilatildeo
das lesotildees cervicais segundo as faixas etaacuterias de mulheres mais acometidas pela
doenccedila e pela periodicidade dos exames citopatoloacutegicos seguindo a loacutegica
epidemioloacutegica do risco e da relaccedilatildeo custobenefiacutecio que norteiam as intervenccedilotildees
em sauacutede publica Poreacutem por vaacuterios anos essa cobertura esteve descontextualiza
da no paiacutes de forma a disponibilizar a citopatologia apenas durante o preacute-natal natildeo
atingindo a populaccedilatildeo de mulheres da faixa etaacuteria de maior risco subutilizando os
equipamentos de sauacutede e tornando o programa ineficiente Conforme as autoras
vaacuterios estudos que investigaram os motivos que dificultam a captaccedilatildeo das mulheres
para a prevenccedilatildeo do cacircncer ginecoloacutegico ressaltam a amplitude do problema que
perpassa por diversas esferas assumindo aspecto multidimensional
Narchi Janicas e Fernandes (2007) ressaltam ainda que o modelo
contextual proposto por Pinho amp Franccedila-Junior analisa o acesso e a utilizaccedilatildeo dos
serviccedilos preventivos em trecircs planos individual organizacionalprogramaacutetico e social
dispostos em uma estrutura dinacircmica e relacional Esse modelo propotildee que a
realizaccedilatildeo da colpocitologia seja produto da interaccedilatildeo desses trecircs planos dos quais
emergem os elementos necessaacuterios para definir uma situaccedilatildeo de vulnerabilidade
individual programaacuteticaorganizacional e social do cacircncer ceacutervico-uterino Para as
autoras o plano individual representado por caracteriacutesticas relacionadas agrave
realizaccedilatildeo do exame definiraacute a vulnerabilidade individual da mulher a doenccedila A
vulnerabilidade eacute representada por um conjunto de fatores cognitivos relacionados a
real falta de conhecimento sobre a doenccedila e o exame o que contribui para a
reduccedilatildeo de praacuteticas sexuais seguras e de prevenccedilatildeo secundaacuteria Tal vulnerabilidade
individual pode ser criada e percebida pelas mulheres ou a elas imposta no
momento em que se enfatiza o risco da natildeo-realizaccedilatildeo da colpocitologia em vez da
ecircnfase ao benefiacutecio da accedilatildeo gerando ou reforccedilando sentimento de medo em
relaccedilatildeo ao cacircncer que pode provocar tanto um efeito propulsor que induz a mulher
para a realizaccedilatildeo do exame quanto um efeito mais restritivo ao exame pelo medo
de sentir dor ou de receber um resultado positivo concluem as autoras
23
No plano organizacional ou programaacutetico inserem-se as caracteriacutesticas
relacionadas agrave disponibilidade de serviccedilos de sauacutede em relaccedilatildeo agrave demanda e a sua
acessibilidade geograacutefica a organizaccedilatildeo e as necessidades da populaccedilatildeo usuaacuteria e
ao planejamento das accedilotildees efetivas na prevenccedilatildeo e na promoccedilatildeo a sauacutede sob a
forma de programas organizados de rastreamento do cacircncer cervical que primem
pelo respeito agrave autonomia individual e pela abordagem integral mulher (NARCHI
JANICAS e FERNANDES 2007)
Ainda segundo os autores um dos fatores que contribuem para a baixa
adesatildeo das mulheres ao programa eacute a falta de humanizaccedilatildeo na assistecircncia pois a
violecircncia institucional sofrida pelas mulheres durante a consulta ginecoloacutegica pode
ser traduzida pela humilhaccedilatildeo por constrangimento e pela forma fria e
despersonalizada com que satildeo atendidas sem serem esclarecidas quanto ao
resultado do exame ou por realizarem tratamentos por vaacuterios anos sem sequer
terem noccedilatildeo dos seus objetivos Isso submete a mulher a uma assistecircncia
medicalizada e indigna na qual se perde a oportunidade de investir em prevenccedilatildeo
primaacuteria (NARCHI JANICAS E FERNANDES 2007)
De acordo com Dias-da-Costa et al (2003) quando se fala acerca da sauacutede
puacuteblica eacute sabido que a efetividade do programa de controle do cacircncer de colo do
uacutetero depende da cobertura populacional alcanccedilada Poreacutem no Brasil a avaliaccedilatildeo
da efetividade de programas de prevenccedilatildeo e accedilotildees de sauacutede puacuteblica ainda eacute
considerada incipiente
43 Contexto histoacuterico da citologia oncoacutetica
Montemor et al (2008 p 45) relatam que na eacutepoca em que a citologia
ginecoloacutegica estava em desenvolvimento agrave ideacuteia preponderante entre os
ginecologistas era que sendo o colo uterino facilmente acessiacutevel agrave bioacutepsia dava-se
preferecircncia ao estudo histoloacutegico pois a citologia ainda carecia de credibilidade
diagnoacutestica
Os autores afirmam que foi Aureli Babes um patologista romeno em 1928
que sugeriu que fosse feita a coleta direta de material do colo uterino para o
diagnoacutestico do cacircncer sendo que o mesmo foi o primeiro pesquisador que
descreveu de forma minuciosa a teacutecnica de coleta utilizando a coloraccedilatildeo atraveacutes do
24
meacutetodo de Giemsa Entretanto ainda de acordo com os autores foi George
Nicholas Papanicolaou um grego nascido em 1883 em Kymi na ilha grega de
Euboea que se aprofundou nos estudos acerca da citologia ginecoloacutegica o qual em
1913 se fixou nos Eua como pesquisador do laboratoacuterio do Hospital de Nova Iorque
Segundo os autores Neste sentido os autores afirmam que
Papanicolaou quando estudava as alteraccedilotildees hormonais das ceacutelulas nas diferentes fases do ciclo menstrual observou que tambeacutem era possiacutevel o diagnoacutestico das ceacutelulas tumorais do colo uterino Em 1941 publicou no American Journal of Obstetrics and Gynecology em co-autoria com Traut um trabalho com o tiacutetulo de O valor diagnoacutestico dos esfregaccedilos vaginais no carcinoma do uacutetero Nessa publicaccedilatildeo mostra a possibilidade de fazer diagnoacutestico de carcinoma do colo uterino atraveacutes de ceacutelulas atiacutepicas presentes nos esfregaccedilos bem como enfatiza a necessidade de aplicar esse meacutetodo simples e de baixo custo a um grande nuacutemero de mulheres O meacutetodo de coloraccedilatildeo dos esfregaccedilos citoloacutegicos que leva o nome de ldquoColoraccedilatildeo de Papanicolaourdquo eacute ainda hoje largamente utilizado (MONTEMOR et al 2008 p 46)
Os autores relatam ainda que em meados de 1940 o J Ernest Ayre um
meacutedico canadense utilizou uma espaacutetula a qual leva o seu nome para obter
raspados do colo uterino possibilitando dessa forma uma maneira praacutetica e
eficiente de coleta de material para a realizaccedilatildeo de exames em grande escala
(MONTEMOR et al 2008) De acordo com Tavares et al (2007) o exame
citopatoloacutegico foi sugerido como uma ferramenta para a detecccedilatildeo precoce do cacircncer
do colo do uacutetero em 1941
Conforme Hackenhaar Ceacutesar e Domingues (2006) a prevenccedilatildeo considerada
como secundaacuteria do cacircncer do colo uterino tem se centralizado no rastreamento de
mulheres sexualmente ativas atraveacutes do exame citopatoloacutegico do colo uterino O
qual foi adotado para rastreamento na deacutecada de 50 em vaacuterios paiacuteses uma vez que
identifica lesotildees preacute-cancerosas que se tratadas minimizam a incidecircncia de
carcinoma invasor e com isso a mortalidade pelo cacircncer de colo uterino Segundo
os autores
Em 1998 o Ministeacuterio da Sauacutede do Brasil estabeleceu que o exame para a detecccedilatildeo precoce do cacircncer do colo uterino deveria ser realizado por mulheres com idade entre 25 e 60 anos ou antes desta faixa etaacuteria caso jaacute tivessem mantido relaccedilotildees sexuais Para estas mulheres a periodicidade deveria ser de trecircs em trecircs anos se os dois primeiros exames realizados a cada ano fossem normais Em 2002 ocorreu a fase de intensificaccedilatildeo da campanha que tinha por objetivo realizar exames nas mulheres de 35 a 49 anos que nunca haviam realizado este tipo de exame ou que o houvessem
25
realizado haacute mais de trecircs anos (HACKENHAAR CEacuteSAR e DOMINGUES 2006 p 1)
44 Conceitos e caracteriacutesticas do exame de prevenccedilatildeo do cacircncer
Conforme Montemor et al (2008) o exame citopatoloacutegico tambeacutem conhecido
como exame Papanicolaou ou ainda exame preventivo do cacircncer do colo do uacutetero
tem como objetivo a anaacutelise das ceacutelulas obtidas por raspagem do colo uterino
(ectoceacutervice e canal endocervical) com as quais eacute realizado esfregaccedilo sobre uma
lacircmina de vidro De acordo com os autores as caracteriacutesticas morfoloacutegicas das
ceacutelulas satildeo observadas ao microscoacutepio e quando alteradas ou seja quando estatildeo
diferentes daquelas consideradas normais sugerem tratar-se de processo preacute-
neoplaacutesico ou neoplaacutesico Os autores afirmam ainda que atualmente o exame
citopatoloacutegico eacute o meacutetodo de rastreamento para cacircncer do colo uterino mais utilizado
em todo o mundo
De acordo com Tavares (2007) o exame citopatoloacutegico eacute considerado um
meacutetodo eficiente pois tem a habilidade de identificar lesotildees precursoras do cacircncer
do colo do uacutetero que naquele momento satildeo trataacuteveis podendo resultar em
significante decreacutescimo da mortalidade por esse tipo de cacircncer
45 O cacircncer do colo do uacutetero
Segundo Zeferino (2008) o cacircncer do colo uterino tem sido um desafio para a
sauacutede puacuteblica na reduccedilatildeo de morte de mulheres por causa desse mal uma vez que
se trata de uma doenccedila que pode ser evitada por meio do diagnoacutestico e do
tratamento de suas lesotildees precursoras Neste sentido Narchi Janicas e Fernandes
(2007) concordam com Zeferino (2008) quando afirmam que o cacircncer chamado por
eles de cacircncer ceacutervico-uterino vem sendo alvo de atenccedilatildeo por parte da comunidade
cientiacutefica devido ocupar lugar de destaque no que diz respeito agraves elevadas taxas de
morbidade e mortalidade entre a populaccedilatildeo feminina principalmente em paiacuteses em
desenvolvimento uma vez que trata-se de um tipo de cacircncer que estaacute relacionado
ao perfil epidemioloacutegico das mulheres cuja frequecircncia dos fatores de risco e do grau
de implementaccedilatildeo de accedilotildees de curto e longo prazos em todos os niacuteveis de atenccedilatildeo
26
De acordo com Hackenhaar Ceacutesar e Domingues (2006 p1) ldquoo cacircncer do
colo uterino eacute um problema de sauacutede puacuteblica mundialrdquo Segundo os autores
Em 2000 havia uma estimativa de 468000 casos com 233000 mortes por este tipo de cacircncer em todo o mundo Destas mortes 80 ocorreriam nos paiacuteses em desenvolvimento No Brasil o cacircncer de colo uterino representa a segunda maior causa de morte por cacircncer entre as mulheres (HACKENHAAR CEacuteSAR e DOMINGUES 2006 p 1)
Por meio do controle perioacutedico utilizando-se o exame citoloacutegico eacute possiacutevel
reduzir sua incidecircncia pois dados da Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede (OMS)
afirmam que a cada ano surgem cerca de 500 mil novos casos de cacircncer do colo
uterino por ano no mundo todo sendo que mais de 400 mil ocorrem em paiacuteses em
desenvolvimento (ZEFERINO 2008) Este dado eacute confirmado por Ceacutesar et al
(2003) quando os autores afirmam que cerca de 80 dos casos de cacircncer de colo
uterino ocorrem nos paiacuteses pobres
Domingos et al (2007 p 1) explicam que ldquoo cacircncer de colo de uacutetero eacute uma
doenccedila de evoluccedilatildeo lenta levando em meacutedia 14 anos para sua evoluccedilatildeo total
Inicia-se com alteraccedilotildees miacutenimas nas ceacutelulas denominadas displasia e se natildeo
forem tratadas estas alteraccedilotildees evoluemrdquo De acordo com os autores
Com o desenvolvimento da doenccedila em meacutedia trecircs anos apoacutes a constataccedilatildeo das primeiras alteraccedilotildees celulares surge um tumor localizado chamado carcinoma in situ Este cacircncer desenvolve-se por mais seis anos invadindo a mucosa do uacutetero quando recebe o nome de carcinoma invasor Apoacutes 14 anos das primeiras alteraccedilotildees celulares o cacircncer atinge a forma mais grave com o aparecimento de metaacutestase espalhando-se assim por outras regiotildees do corpo (DOMINGOS et al 2007 p 1)
Conforme Rodrigues Neto Figueiredo e Siqueira (2008 p 1) o cacircncer tem
sido responsaacutevel por seis milhotildees de mortes por ano correspondendo a 12 das
mortes mundiais ldquoEstima-se a ocorrecircncia de mais de dez milhotildees de novos casos
de cacircncer por ano sendo que para o ano de 2020 espera-se que haja mais de 15
milhotildees de casos novosrdquo Para os autores
O cacircncer do colo do uacutetero (CCU) ocupa o 2ordm lugar na incidecircncia mundial de neoplasias estando atraacutes apenas do cacircncer de mama Por ano no mundo ocorrem cerca de 235 mil mortes devido ao CCU sendo 218 mil em paiacuteses considerados pobres ou emergentes(4) onde ocorre quase 60 dos casos novos de cacircncer ocupando um lugar de destaque nas taxas de morbimortalidade entre a populaccedilatildeo feminina Ressalta-se que na Ameacuterica Latina se encontram as mais altas taxas de incidecircncia desta doenccedila
27
representando uma das causas de oacutebito mais frequumlente entre as mulheres [] Natildeo considerando os carcinomas de pele natildeo melanoma o CCU eacute o mais incidente na Regiatildeo Norte (22100000) Jaacute nas regiotildees Sul (24100000) Centro-Oeste (19100000) e Nordeste (18100000) ocupa a segunda posiccedilatildeo e no Sudeste (18100000) a quarta posiccedilatildeo estando assim associado a regiotildees brasileiras de baixo niacutevel socioeconocircmico (RODRIGUES NETO FIGUEIREDO e SIQUEIRA 2008 p 1)
Dentre os fatores causadores e facilitadores desse tipo de cacircncer Ceacutesar et al
(2003) citam fatores reprodutivos maternos tais como iniacutecio precoce de atividade
sexual e comportamento sexual masculino baixo niacutevel socioeconocircmico muacuteltiplos
parceiros sexuais higiene sexual precaacuteria ocorrecircncia de abortos (particularmente os
induzidos) alcoolismo e tabagismo e uso de anticoncepcional oral Domingos et al
(2007 p 1) afirmam que ldquoo cacircncer do colo do uacutetero eacute um dos maiores problemas da
sauacutede da mulher em todo o mundo Estima-se que a cada ano ocorram no mundo
493000 novos casos da doenccedila e 274000 mortesrdquo
ldquoSegundo dados do Ministeacuterio da Sauacutede (MS) no ano de 2002 4091
mulheres morreram no Brasil vitimadas por este tipo de cacircncer Destas 297
ocorreram no Estado do Paranaacute na faixa etaacuteria de 30 a 49 anosrdquo (DOMINGOS et al
2007 p 1)
Zeferino (2008) relata que no Brasil o cacircncer do colo uterino eacute o terceiro mais
frequumlente o qual eacute superado apenas pelos cacircnceres de pele e de mama Trata-se
da quarta causa de oacutebito entre as mulheres superado apenas pelos cacircnceres de
mama do pulmatildeo e do coacutelon-reto No ano de 2003 foram registradas 4110 mortes
com cacircncer de colo uterino correspondendo a 7 do total dos oacutebitos devido a
cacircncer em mulheres De acordo com o autor
Cerca de 90 dos cacircnceres de colo uterino originaram-se de ceacutelulas escamosas sendo chamados de carcinomas escamosos ou carcinomas epidermoacuteides e outros 10 originaram-se de ceacutelulas glandulares sendo entatildeo chamados de adenocarcinomas Raramente podem aparecer os dois tipos de ceacutelulas e satildeo chamados carcinomas adenoescamosos Todavia tem sido observado que a proporccedilatildeo de adenocarcinoma do colo uterino tem aumentado nas uacuteltimas deacutecadas particularmente em mulheres jovens (BULK et al 2005 apud ZEFERINO 2008 p 68)
Segundo dados do INCA (2002 apud Ceacutesar et al 2003 p 1366) ldquono Brasil
o cacircncer de colo uterino eacute o segundo entre os tumores ginecoloacutegicos malignos e o
terceiro mais comum na populaccedilatildeo feminina Representa 10 de todos os cacircnceres
malignos em mulheresrdquo
28
De acordo com Albuquerque et al (2009) ldquoa infecccedilatildeo preacutevia pelo papiloma
viacuterus humano (HPV) tem sido apontada como o principal fator de risco para o cacircncer
de colo de uacuteterordquo Fatores como iniacutecio precoce da atividade sexual multiplicidade de
parceiros sexuais uso de contraceptivos orais tabagismo situaccedilatildeo conjugal e baixa
condiccedilatildeo soacutecio-econocircmica tecircm sido apontados como fatores de risco importantes
para o desenvolvimento dessa neoplasia
Narchi Janicas e Fernandes (2007) relatam que o cacircncer ceacutervico-uterino tem
sua origem a partir de uma lesatildeo intra-epitelial progressiva a qual pode evoluir para
um cacircncer invasivo dentro de um prazo em torno de 10 a 20 anos caso natildeo seja
oferecido tratamento
Conforme as autoras durante o periacuteodo de evoluccedilatildeo da doenccedila ela passa por
fases preacute-cliacutenicas detectaacuteveis e curaacuteveis lhe conferindo elevado potencial de
prevenccedilatildeo e cura Corresponde a cerca de 15 de todos os cacircnceres femininos
sendo o segundo tipo mais comum entre as mulheres Ainda na visatildeo das autoras a
mortalidade pelo cacircncer ceacutervico-uterino pode ser evitada devido agrave lenta evoluccedilatildeo da
doenccedila e devido aos recursos tecnoloacutegicos o diagnoacutestico e o tratamento oportunos
das lesotildees precursoras as quais satildeo curaacuteveis em ateacute 100 dos casos Entretanto
conforme as autoras mesmo o Brasil ter sido um dos primeiros paiacuteses a realizar os
exames de colpocitologia e colposcopia esse tipo de cacircncer ainda continua sendo
um seacuterio problema de sauacutede puacuteblica por manter uma das mais elevadas taxas de
oacutebito como pode ser verificado a seguir
No Brasil as accedilotildees de controle do cacircncer ginecoloacutegico iniciaram-se de forma programaacutetica em 1983 eacutepoca de implantaccedilatildeo do Programa de Assistecircncia Integral agrave Sauacutede da Mulher (PAISM) que representou uma ampliaccedilatildeo do foco de assistecircncia agrave mulher para aleacutem do ciclo graviacutedico-puerperal No entanto apesar das recomendaccedilotildees de implantaccedilatildeo ou ampliaccedilatildeo das atividades de diagnoacutestico do cacircncer ceacutervico-uterino e de educativas com vistas agrave prevenccedilatildeo da doenccedila por mais de uma deacutecada as accedilotildees de combate a essa doenccedila foram desenvolvidas no paiacutes de forma desarticulada por iniciativa de apenas alguns Estados e municiacutepios (NARCHI JANICAS e FERNANDES 2007 p 128)
Os autores pesquisados nesta revisatildeo narrativa serviram de subsiacutedios para a
elaboraccedilatildeo do plano de accedilatildeo apresentado no proacuteximo capiacutetulo cujo objetivo eacute
aumentar a cobertura do exame de prevenccedilatildeo do cacircncer do colo do uacutetero no Centro
de Sauacutede Felicidade II
29
5 PLANO DE ACcedilAtildeO PARA A AMPLIACcedilAtildeO DA COBERTURA DO EXAME COLPOCITOLOacuteGICO NO CENTRO DE SAUacuteDE FELICIDADE II
De acordo com a atividade realizada no Moacutedulo da Sauacutede da Mulher foram
constatados alguns problemas em relaccedilatildeo agrave cobertura do exame colpocitoloacutegico no
Centro de Sauacutede Felicidade II o qual apresentou em 2009 baixa cobertura A partir
daiacute foram detectados outros fatores que contribuem para o baixo iacutendice de
cobertura aqueacutem do que eacute preconizado pela Secretaacuteria Municipal de Sauacutede Neste
sentido o plano de accedilatildeo descrito no Quadro 1 vem propor estrateacutegias visando
ampliar da cobertura do exame colpocitoloacutegico e minimizar os problemas levantados
Acredita-se que por meio da implantaccedilatildeo do plano de accedilatildeo sugerido o
Centro de Sauacutede Felicidade II teraacute maior e melhor desempenho de sua equipe
alcanccedilando com isso o aprimoramento no atendimento da populaccedilatildeo alvo da
instituiccedilatildeo
30
QUADRO1 - PLANO DE ACcedilAtildeO PARA AUMENTAR A COBERTURA DO EXAME DE PREVEN9AO DO COLO DO UTERO PARA A EQUIPE DE SAUDE DO CENTRO DE SAUDE FELICIDADE II
PROBLEMA ATIVIDADES ACcedilOtildeES META RESPONSAVEL PERIODO
As ACS sentem inseguros para orientar agraves mulheres em relaccedilatildeo aos cuidados para realizar o exame preventivo por falta de conhecimento
Educaccedilatildeo em Sauacutede
Capacitaccedilatildeo da equipe sobre a importacircncia do exame colpocitoloacutegico
Nivelar o conhecimento dos membros da equipe
Municiacutepio Gerecircncia Regional de Sauacutede
Outubro2011
Enfermeiro natildeo se sente capacitado para a realizaccedilatildeo do exame de Papanicolaou
Capacitaccedilatildeo Teacutecnica do enfermeiro para a realizaccedilatildeo do exame de Papanicolaou
Solicitar agrave Ginecologista enfermeira treinamentocapacitaccedilatildeo do enfermeiro
Instrumentalizar o enfermeiro para a realizaccedilatildeo coleta de material
Enfermeira de outra Unidade Baacutesica de Sauacutede Meacutedico Ginecologista
Outubro2011
Baixo iacutendice de cobertura do exame citoloacutegico
Elaboraccedilatildeo de um instrumento para coleta de dados para identificar as mulheres de 25 a 59 anos na aacuterea de abrangecircncia do centro de sauacutede e tambeacutem para levantar quais os fatores que impeditivos para a realizaccedilatildeo do exame Incluir as mulheres identificadas no arquivo rotativo
Visita domiciliar
Visitar todas as mulheres dentro da aacuterea de abrangecircncia da UBS
ACS Novembro2011 Dezembro2011
Baixo iacutendice de cobertura do exame citoloacutegico
Agendamento da consulta de enfermagem consulta meacutedica para atender as prioridades levantadas no diagnoacutestico da atividade anterior para realizaccedilatildeo do exame Priorizar mulheres que nunca fizeram o exame ou que fizeram a mais de trecircs anos
Visita domiciliar Consulta de Enfermagem e consulta meacutedica
Orientar as mulheres sobre o exame preventivo Realizar o exame
ACS Meacutedico e enfermeira
Janeiro2012
31
O agendamento das consultas e marcado para datas muito distantes o que geralmente faz com que a mulher esqueccedila
Comunicaccedilatildeo da data do exame com antecedecircncia
Elaborar uma forma de entrar em contato com a paciente cinco dias antes da consulta agendada
Diminuir o iacutendice de ausecircncia agraves consultas
ACS Novembro2011
Desconhecimento das mulheres sobre o exame preventivo e os cuidados preparativos para o exame
Orientaccedilatildeo das mulheres sobre o exame e os cuidados preparativos para o exame
Criar um informativo contendo as orientaccedilotildees sobre o exame e os cuidados para serem entregue as usuaacuterias no momento da visita do ACS para informaacute-las da data e horaacuterio da consulta
Orientar todas usuaacuterias
Enfermeiro ACS
Janeiro2011
Entrega de resultados dos preventivos sem alteraccediloespelos ACSrsquos
Entrega do resultado do exame
Agendar um dia na semana para a entrega dos resultados dos exames Todos os exames deveratildeo ser vistos pelo enfermeiro Aqueles que apresentarem alguma alteraccedilatildeo a paciente deve ser encaminhada ao meacutedico Teacutecnico de Enfermagem Enfermeiro
Orientar as usuaacuterias
Os exames com resultados normais seratildeo entregues pelo teacutecnico de enfermagem Aqueles que apresentarem alguma alteraccedilatildeo seratildeo entregues pelo enfermeiro que deveraacute fazer os devidos encaminhamentos quando necessaacuterios
Dezembro2011
Entrega dos resultados de exames com alteraccedilotildees apoacutes consultas de retorno agendadas para usuaacuterias
Orientaccedilatildeo encaminhamento e acompanhamento da usuaacuteria
Visita domicilar Consulta de enfermagemconsulta meacutedica
Avaliar o estado de sauacutede da mulher Acompanhamento e orientaccedilotildees
Meacutedico e enfermeira Janeiro2012
Monitoramento e acompanhamento
- Agendamentos anuais - Elaboraccedilatildeo um arquivo rotativo - Estabelecimento de Indicadores de acompanhamento e
- Controlar a marcaccedilatildeo de consulta no intervalo de trecircs anos se apoacutes dois anos consecutivos de coleta os resultados forem negativos para
Monitorar o exame preventivo Acompanhar o estado de sauacutede das mulheres pela
Enfermeira e Teacutecnico de enfermagem
Novembro2011
32
avaliaccedilatildeo das accedilotildees votadas agrave sauacutede da mulher pela equipe de sauacutede
displasia ou neoplasia - Fazer a busca das usuaacuterias faltosas aos exames e consultas
equipe
Falta de interesse e conscientizaccedilatildeo em relaccedilatildeo agrave importacircncia do exame preventivo
Atendimento de Grupos Retomar o grupo de mulheres onde seratildeo abordados temas relativos agrave sauacutede da mulher Realizar orientaccedilotildees por meio de palestras nos grupos operativos
Conscientizar as mulheres sobre a importacircncia da realizaccedilatildeo do exame
Equipe de Sauacutede Fevereiro2012
Consulta eacute marcada com um meacutedico do sexo masculino
Agendamento com o enfermeiro quando possiacutevel
Reforccedilar com a paciente que durante a consulta estaraacute presente uma Auxiliar de Enfermagem
Diminuir a evasatildeo do exame prevenccedilatildeo Diminuir a resistecircncia ao atendimento masculino
Disponibilizar uma auxiliar ou teacutecnica de enfemagem para acompanhar o meacutedico durante o exame
Dezembro2011
Falta disponibilidade de horaacuterios mais flexiacuteveis pois haacute concentraccedilatildeo de horaacuterio pela manhatilde
Adequaccedilatildeo da Agenda Alteraccedilotildees na agenda com horaacuterios para adequar agraves necessidades dos usuaacuterios
Marcar os exames preventivos para o horaacuterio da tarde
Enfermeira e meacutedico Janeiro2012
33
6 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
A poliacutetica da sauacutede tem como principal objetivo promover mudanccedilas no intuito
de melhorar o niacutevel da sauacutede da populaccedilatildeo Diante dos resultados apurados nesse
estudo percebe-se a necessidade das intervenccedilotildees a serem efetuadas no Centro de
Sauacutede Felicidade II visando melhorar o iacutendice de cobertura dos exames
preventivos
Assim a realidade percebida no Centro de Sauacutede Felicidade II eacute que o
desempenho da equipe exerce grande impacto no desenvolvimento das accedilotildees
alcanccedilando dessa forma o objetivo de contribuir com o aprimoramento e a
consolidaccedilatildeo da assistecircncia agrave sauacutede da populaccedilatildeo
Como problemas levantados em relaccedilatildeo a baixa cobertura da prevenccedilatildeo do
cacircncer do colo do uacutetero identificamos as seguintes o ACS sentir inseguro para
orientar agraves mulheres em relaccedilatildeo aos cuidados para realizar o exame preventivo a
falta de capacitaccedilatildeo teacutecnica para o enfermeiro realizar o exame de Papanicolaou
consultas agendadas para datas muito distantes fazendo com que a mulher se
esqueccedila do diadesconhecimento das mulheres sobre o exame preventivo e os
cuidados preparativos para o mesmo falta de interesse e conscientizaccedilatildeo em
relaccedilatildeo agrave importacircncia do exame preventivo por parte das usuaacuteriaspudor da mulher
diante do profissional de sexo masculino e falta de disponibilidade de horaacuterios mais
flexiacuteveis com concentraccedilatildeo das consultas no horaacuterio da manhatilde
A partir dos problemas levantados foram propostas as atividades accedilotildees
metas e os responsaacuteveis pelas atividades no sentido de ampliar a cobertura das
mulheres por meio da participaccedilatildeo de toda a equipe de sauacutede Desse modo foi
muito importante tambeacutem a elaboraccedilatildeo das estrateacutegias para que o nuacutemero de
usuaacuterias seja aumentado Neste sentido destaca-se o papel do enfermeiro como
parte integrante da equipe de sauacutede e que desempenha um importante papel na
promoccedilatildeo da prevenccedilatildeo educaccedilatildeo e melhorias constantes nos serviccedilos oferecidos
agrave populaccedilatildeo
Nesta direccedilatildeo o Centro de Sauacutede Felicidade II deve se preocupar com a
capacitaccedilatildeo de seus funcionaacuterios com a organizaccedilatildeo do processo de trabalho das
equipes bem com um investimento maior nas accedilotildees de promoccedilatildeo e prevenccedilatildeo da
saude conforme abordado neste estudo
34
Desse modo cabe a todos os profissionais atuar mais na prevenccedilatildeo
promoccedilatildeo e recuperaccedilatildeo por meio de praacuteticas educativas promovendo campanhas
palestras sobre a sauacutede da mulher fornecendo orientaccedilotildees durante as consultas
para que se possa reverter o quadro de baixo iacutendice de cobertura no exame
preventivo de cacircncer do colo do uacutetero alcance assim a cobertura preconizada pela
Secretaacuteria de Sauacutede o que vai refletir na melhoria da assistecircncia a sauacutede agrave mulher
35
REFEREcircNCIAS ALBUQUERQUE KM et al Cobertura do Teste de Papanicolau e Fatores associados agrave Natildeo-Realizaccedilatildeo um olhar sobre o Programa de Prevenccedilatildeo do Cacircncer do Colo do Uacutetero em Pernambuco Brasil Caderno de Sauacutede Puacuteblica v 25 supl 2 Rio de Janeiro 2009 Disponiacutevel em lthttpwwwscielosporgscielophpscript=sci_arttextamppid=S0102-311X2009001400012gt Acesso em 6 nov 2010 BELO HORIZONTE Secretaria Municipal de Sauacutede Prevenccedilatildeo e Controle do Cacircncer do Colo de Uacutetero Belo Horizonte 2008 BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede O Programa Sauacutede da Famiacutelia e a Atenccedilatildeo Baacutesica no Brasil Brasiacutelia 2002 Disponiacutevel em lthttpwwwccssaudegovbrsaudebatea portamostravirtualpublicacoespsf_atencaobasicapdfgt Acesso em 01 abr 2010 CEacuteSAR JA et al Fatores Associados agrave natildeo Realizaccedilatildeo de Exame Citopatoloacutegico de Colo Uterino no Extremo Sul do Brasil Caderno de Sauacutede Puacuteblica Rio de Janeiro v19n5 p1365-1372 setout 2003 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrpdf0Dcspv19n517808pdfgt Acesso em 16 jul 2010 CORREcircA DA D VILLELA WV O Controle do Cacircncer do Colo do Uacutetero desafios para implementaccedilatildeo de accedilotildees programaacuteticas no Amazonas Brasil Rev bras sauacutede matern infantil v8 n4p491-497 outdez 2008 DIAS-DA-COSTA J S et al Cobertura do Exame Citopatoloacutegico na Cidade de Pelotas Rio Grande do Sul Brasil Caderno de Sauacutede Puacuteblica Rio de Janeiro v19 n1 p191-197 janfev 2003 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrpdfcspv19n114919pdfgt Acesso em 16 jul 2010 DOMINGOS ACP et al Cacircncer do Colo do Uacutetero comportamento preventivo de auto-cuidado agrave sauacutede Revista Ciecircncia Cuidado e Sauacutede 6 (Suplem 2) p 397-403 2007 Disponiacutevel em lthttpperiodicosuembrojsindexphpCiencCuidSaudearticleviewFile53373385gt Acesso em 5 nov 2010 HACKENHAAR AAC JURACI A DOMINGUES MR Exame Citopatoloacutegico de Colo Uterino em Mulheres com Idade entre 20 e 59 anos em Pelotas RS prevalecircncia foco e fatores associados agrave sua natildeo realizaccedilatildeo Revista Brasileira de EpidemiologiaSatildeo Paulo v9n1 Mar 2006 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S1415-790X2006000100013gt Acesso em 16 jul 2010 MONTEMOR EBL et al Controle do Cacircncer de Colo de Uacutetero o exame citopatoloacutegico In LOPES MHBde M (org) Enfermagem na Sauacutede da Mulher Goiacircnia AB 2006 p 45-65 NAKAGAWA JTT SCHIRMER J BARBIERI M Viacuterua HPV e Cacircncer de Colo de Uacutetero Revista Brasileira de Enfermagem v 63 n 2 Brasiacutelia marabri 2010
36
Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S0034-71672010000200021gt Acesso em 6 nov 2010 NARCHI NZ JANICAS Rde CS V FERNANDES RAacuteQ Prevenccedilatildeo e Controle do Cacircncer Ceacutervico-Uterino In FERNANDES RAacuteQ NARCHI NZ Enfermagem e Sauacutede da Mulher Barueri SP Manole 2007 p 127-149 NUacuteCLEO DE EDUCACcedilAtildeO EM SAUacuteDE COLETIVA ndash NESCON Faculdade de Medicina ndash UFMG Belo Horizonte Disponiacutevel em lthttpwwwnesconmedicinaufmgbrgt Acesso em 12 dez 2009 PINTO CAG COELHO IB BH Vida pensando a implantaccedilatildeo da Estrateacutegia de Sauacutede da Famiacutelia na cidade de Belo Horizonte passados 10 anos lthttpxayimgcomkqgroups15983109953140003nameImplantacao+do+BH+VIDA+-+Carlos+Gama+e+Ivan+Coelho5B15Dpdf gt Acesso em 01 mar 2011 RODRIGUES NETO JF FIGUEIREDO MFS SIQUEIRA LG Exame Citopatoloacutegico do Colo do Uacutetero fatores associados a natildeo realizaccedilatildeo em ESF Revista Eletrocircnica de Enfermagem 10 (3) 610-21 2008 Disponiacutevel em lthttpwwwfenufgbrrevistav10n3pdfv10n3a07pdfgt Acesso em 17 jul 2010 TAVARES SB do N et al Controle da Qualidade em Citopatologia Cervical revisatildeo de literatura Revista Brasileira de Cancerologia 53(3) 355-364 2007 Disponiacutevel em lthttpwwwincagovbrrbcn_53v03pdfrevisao6pdfgt Acesso em 17 jul 2010 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA Regulamento de Orientaccedilatildeo Do Trabalho De Conclusatildeo De Curso Do Curso De Licenciatura Em Letras ndashPORTUGUEcircS-ESPANHOL Disponiacutevel em lt httpwwwuepgbruepg_departamentosdeletpdfREG20PORT20ESPANHOLpdf gt Acesso em 23 set 2011 ZEFERINO L Prevenccedilatildeo e Controle do Cacircncer Ceacutervico-Uterino In LOPES MHB de M (org) Enfermagem na Sauacutede da Mulher Goiacircnia AB p 67-80 2006
12
O Centro de Sauacutede possui uma populaccedilatildeo de aproximadamente 9000
pessoas em sua aacuterea de abrangecircncia das quais 2700 satildeo mulheres com idade
entre 19 e 59 anos Estaacute localizado atualmente na Rua Pau Brasil 160 no bairro
Jardim Felicidade Distrito Sanitaacuterio Norte e funciona neste endereccedilo desde
novembro de 2006
O Distrito Sanitaacuterio Norte ocupa uma aacuterea de 3432 kmsup2 limitando-se com o
Municiacutepio de Santa Luzia e com os Distritos Sanitaacuterios de Venda Nova Pampulha e
Nordeste sendo sua sede localizada na Avenida Cristiano Machado 10657 Bairro
Planalto Abrange 47 bairros da regiatildeo Metropolitana de Belo Horizonte
Segundo o Censo do IBGE (2000) o Distrito Sanitaacuterio Norte possui uma
populaccedilatildeo de 193764 habitantes compondo um quadro de grandes contrastes
Possui de um lado bairros com razoaacutevel infra-estrutura urbana e poder aquisitivo da
populaccedilatildeo como por exemplo Campo Alegre Helioacutepolis Planalto Floramar e de
outro bairros vilas e assentamentos que oferecem condiccedilotildees inadequadas de
habitaccedilatildeo como Mariquinhas Zilah de Souza Spoacutesito Novo Aaratildeo Reis e o
Conjunto Jardim Felicidade que contam com uma infra-estrutura urbaniacutestica
precaacuteria
Os serviccedilos de atenccedilatildeo baacutesica agrave sauacutede do Distrito Norte satildeo realizados em
suas 19 unidades de sauacutede com funcionamento de 2ordf a 6ordf feira de 0700 agraves 1900
horas no geral sendo o atendimento de urgecircncia realizado na UPA Norte (Unidade
de Pronto Atendimento Norte) com funcionamento diaacuterio de 24 horas Contam ainda
com atendimento de sauacutede mental em 06 unidades
No Brasil o Programa de Sauacutede da Famiacutelia (PSF) iniciou-se em 1994 como
resultado do avanccedilo do Sistema Uacutenico de Sauacutede Este programa aumentou
significativamente ao longo da uacuteltima deacutecada oferecendo um novo modelo de
cuidado agrave sauacutede capaz de melhorar a qualidade de vida da populaccedilatildeo por meio de
novas poliacuteticas e organizaccedilatildeo dos serviccedilos O PSF representa uma maneira de levar
a sauacutede para mais perto das famiacutelias De acordo com o Ministeacuterio da Sauacutede
O programa de Sauacutede da Famiacutelia eacute uma proposta concreta na mudanccedila do modelo assistencial tradicional capaz de romper com o comportamento passivo das unidades baacutesicas de sauacutede O programa prioriza as accedilotildees de prevenccedilatildeo de doenccedilas e a promoccedilatildeo da sauacutede junto agrave comunidade estabelece uma relaccedilatildeo permanente entre os profissionais de sauacutede e a populaccedilatildeo assistida marcada por um atendimento humanizado e resolutivo dos problemas de sauacutede mais frequumlentes (BRASIL 2002 p 5)
13
Segundo Pinto e Coelho (2011) a Secretaria Municipal de Sauacutede de Belo
Horizonte aderiu ao Programa Sauacutede da Famiacutelia em maio de 2000 O projeto foi
implantado dando prioridade agraves aacutereas onde a populaccedilatildeo estava exposta e a
implantaccedilatildeo comeccedilou pelos Centros de Sauacutede com populaccedilatildeo de muito elevado
risco e foi se estendendo gradativamente para as populaccedilotildees de elevado risco e
meacutedio risco De laacute ateacute os dias atuais ficou evidente a importacircncia da mobilizaccedilatildeo
social para manutenccedilatildeo das equipes e com isso o projeto jaacute natildeo pertencia mais ao
governo pois foi incorporado pela cidade de Belo Horizonte como direito
De acordo com os autores passados mais de 10 anos o programa continua e
o nuacutemero de equipes de sauacutede da famiacutelia alcanccedilou as 506 equipes planejadas em
2001 mas isso natildeo se deveu agrave cobertura da populaccedilatildeo de baixo risco e sim ao
crescimento populacional
Os agentes comunitaacuterios de sauacutede fazem cerca de 2900000 visitas
domiciliares por ano O nuacutemero de consultas meacutedicas realizadas pelas equipes de
Sauacutede da Famiacutelia foi de 1899347 em 2002 (ano de implantaccedilatildeo das equipes) e de
2203257 em 2004 Em marccedilo de 2010 apenas 3 das equipes de Sauacutede da
Famiacutelia estavam desfalcadas de meacutedico generalista e mais da metade dos meacutedicos
de sauacutede da famiacutelia tinham mais de 5 anos de trabalho na Prefeitura de Belo
Horizonte (PINTO e COELHO 2011)
O exame de citologia oncoacutetica tambeacutem conhecido como Papanicolaou ou
preventivo foi introduzido na atenccedilatildeo baacutesica na deacutecada de 1970 Em Belo Horizonte
por meio da Secretaria Municipal de Sauacutede criou um protocolo o qual eacute um
instrumento que estabelece normas para intervenccedilotildees teacutecnicas o qual uniformiza e
atualiza conceitos e condutas referentes ao processo assistencial na rede de
serviccedilos Um desses protocolos aborda especificamente o controle e prevenccedilatildeo do
cacircncer de colo de uacutetero (BELO HORIZONTE 2008)
A colpocitologia oncoacutetica eacute utilizada principalmente para determinar o risco de
uma mulher vir a desenvolver o cacircncer de colo do uacutetero natildeo se tratando somente de
uma maneira de diagnosticar a doenccedila Ele eacute essencial tambeacutem para determinar
outras condiccedilotildees de sauacutede como niacutevel hormonal doenccedilas da vulva do canal
vaginal do acircnus das mamas entre outros O exame deve ser realizado
prioritariamente em mulheres de 25 a 59 anos de idade com intervalo de trecircs em
trecircs anos se os dois primeiros exames realizados a cada ano forem normais Toda
14
mulher que tem ou jaacute teve atividade sexual deve submeter-se ao exame preventivo
ateacute os 69 anos de idade (BELO HORIZONTE 2008)
Destaca-se ainda que a importacircncia do exame consiste no fato de que eacute
nessa oportunidade que o profissional avalia a sauacutede sexual e reprodutiva da
mulher pois tais fatores raramente satildeo considerados durante uma consulta cliacutenica
geral Ressalta-se tambeacutem que o acesso das mulheres ao exame colpocitoloacutegico faz parte da garantia de direitos legalmente constituiacutedos com a ampliaccedilatildeo dos
serviccedilos de promoccedilatildeo prevenccedilatildeo e assistecircncia ao cacircncer de colo de uacutetero
Espera-se que este estudo possa contribuir para a humanizaccedilatildeo da atenccedilatildeo agrave
sauacutede da mulher proporcionando um olhar mais amplo e integral sobre o estado de
sauacutede das mulheres e seus determinantes sociais Para tal buscar-se-aacute sensibilizar
a equipe do Centro de Sauacutede Felicidade II quanto agrave importacircncia da assistecircncia
integral agrave sauacutede da mulher promover a educaccedilatildeo em sauacutede para as usuaacuterias quanto
agrave importacircncia de realizar o exame preventivo de cacircncer de colo do uacutetero expandir a
agenda de consultas de assistecircncia agrave mulher garantindo aumento da cobertura de
exames preventivos e proporcionar educaccedilatildeo permanente agrave toda a equipe em
especial os ACS para uma abordagem humanizada eficaz e efetiva das usuaacuterias
15
2 OBJETIVOS
21 Geral Elaborar um plano de accedilatildeo para ampliar a cobertura do exame colpocitoloacutegico
no Centro de Sauacutede Felicidade II da Secretaria Municipal de Sauacutede de Belo
Horizonte MG promovendo assim a melhoria das condiccedilotildees de vida e sauacutede das
mulheres
22 Especiacutefico
Realizar uma revisatildeo de literatura sobre a promoccedilatildeo da sauacutede das mulheres
dando ecircnfase agrave prevenccedilatildeo do cacircncer do colo do uacutetero no sentido de subsidiar o
plano de accedilatildeo
16
3 METODOLOGIA
Trata-se de um estudo bibliograacutefico tipo revisatildeo narrativa com natureza
compreensiva do tema proposto realizada por meio da consultas a livros e artigos
em revistas cientiacuteficas do acervo de bibliotecas e base de dados virtuais no sentido
de subsidiar a elaboraccedilatildeo de um plano de accedilatildeo para o Centro de Sauacutede Felicidade
II buscando ampliar a cobertura do exame de Papanicolaou
A busca foi efetuada nas bases de dados SCIELO (Scientific Electronic
Library Online) MEDLINE(Medical Literature Analysis and Retrieval System Online -
Sistema Online de Busca e Anaacutelise de Literatura Meacutedica) LILACS (Literatura Latino-
americana em ciecircncia da Sauacutede) e outras Foram utilizados os descritores ldquosauacutede
das mulheresrdquo ldquocacircncerrdquo ldquocacircncer do colo do uacuteterordquo ldquocitologia oncoacuteticardquo e
ldquoprevenccedilatildeordquo
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4 APRESENTACcedilAtildeO DOS RESULTADOS
41 A promoccedilatildeo da sauacutede das mulheres
Correcirca e Villela (2008) relatam que foi nas primeiras deacutecadas do seacuteculo XX
que o Brasil passou a incorporar a questatildeo da sauacutede da mulher nas poliacuteticas
nacionais cujo enfoque estava em prestar assistecircncia aos filhos das mulheres que
natildeo tinham acesso aos serviccedilos de sauacutede constituindo a atenccedilatildeo preacute-natal como
uacutenica accedilatildeo de caraacuteter universalista com relaccedilatildeo agrave sauacutede da mulher
Com as mudanccedilas na condiccedilatildeo social das mulheres ocorridas ao longo da segunda metade do seacuteculo XX as propostas de atenccedilatildeo materno-infantil mostram-se insuficientes Em 1984 eacute proposto pelo Ministeacuterio da Sauacutede o Programa de Assistecircncia Integral agrave Sauacutede da Mulher (PAISM) visando agrave extensatildeo das accedilotildees baacutesicas em sauacutede da mulher e incluindo entre outras atividades preventivas e de diagnoacutestico do cacircncer do colo do uacutetero e mamaacuterio A assistecircncia integral envolvia o atendimento de todas as necessidades da populaccedilatildeo feminina enfatizando as accedilotildees dirigidas ao controle das patologias mais prevalentes incluindo accedilotildees educativas Poreacutem a implementaccedilatildeo efetiva do Programa natildeo aconteceu como desejado ficando as atividades nos serviccedilos de sauacutede bastante focalizadas nas demandas relativas agrave contracepccedilatildeo acompanhamento da gravidez e ao parto A prevenccedilatildeo e controle do cacircncer ginecoloacutegico continuaram em segundo plano (CORREcircA e VILLELA 2008p1)
Domingos et al (2008 p 1) afirmam que ldquopor meio da promoccedilatildeo da sauacutede
caracterizada como sendo promoccedilatildeo primaacuteria e detecccedilatildeo precoce das lesotildees
precursoras (exame de Papanicolaou) eacute possiacutevel reduzir a mortalidade e
incidecircnciardquo
Em 1997 foi implantado no Paranaacute o Programa de Prevenccedilatildeo do Cacircncer do Colo do Uacutetero que prioriza inicialmente o atendimento da faixa etaacuteria de 30 a 49 anos (a mais acometida pela doenccedila no Estado) atendendo na sequumlecircncia todas as faixas etaacuterias expostas ao risco O intervalo entre os exames para controle dos casos negativos eacute de trecircs anos (DOMINGOS et al 2008 p 1)
42 A prevenccedilatildeo do cacircncer do colo do uacutetero
Narchi Janicas e Fernandes (2007) ensinam que a prevenccedilatildeo do cacircncer
ceacutervico-uterino eacute realizada em dois planos a prevenccedilatildeo primaacuteria e a secundaacuteria Na
forma primaacuteria conforme os autores deve-se atentar para os fatores de risco
18
evitaacuteveis e na atuaccedilatildeo do enfermeiro Jaacute na fase de prevenccedilatildeo secundaacuteria deve ser
feito o rastreamento captaccedilatildeo e identificar a vulnerabilidade do cacircncer
Domingos et al (2007) afirmam que a principal estrateacutegia para a prevenccedilatildeo
primaacuteria da doenccedila eacute o uso de preservativo (masculino ou feminino) durante as
relaccedilotildees sexuais visto que a infecccedilatildeo pelo viacuterus papiloma humano (HPV) estaacute
presente em 90 dos casos A prevenccedilatildeo secundaacuteria eacute realizada por meio do
exame preventivo (Papanicolaou) para a detecccedilatildeo precoce da doenccedila
Albuquerque et al (2007) afirmam que desde 1988 o Ministeacuterio da Sauacutede tem
como objetivo reduzir as taxas de morbimortalidade e com isso adota como norma
a recomendaccedilatildeo da Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede a qual propotildee que seja feito a
cada trecircs anos a realizaccedilatildeo do exame citoloacutegico do colo do uacutetero sendo dois
exames anuais consecutivos negativos para mulheres na faixa de idade de 25 a 59
anos ou que jaacute tenham atividade sexual
Iniciativas como o Programa Viva Mulher lanccedilado em 1996 e o desenvolvimento de campanhas nacionais sistemaacuteticas tecircm contribuiacutedo para o aumento da cobertura do exame no paiacutes Contudo verifica-se que as taxas de incidecircncia e de mortalidade ainda permanecem desafiando as medidas ateacute entatildeo adotadas sinalizando possiacuteveis deficiecircncias na oferta no acesso e na qualidade das referidas accedilotildees (ALBUQUERQUE et al 2007 p 1)
Nakagawa Schirmer e Barbieri (2007) relatam que a associaccedilatildeo do viacuterus
HPV com o cacircncer de colo de uacutetero comeccedilou em 1949 quando o patologista George
Papanicolaou introduziu o exame mais difundido no mundo para detectar a doenccedila
o exame que leva o seu proacuteprio nome ou seja Papanicolaou
De acordo com o desenvolvimento do carcinoma de colo de uacutetero Nakagawa
Schirmer e Barbieri (2007 p 1) afirmam que
Esse exame permitiu identificar mulheres com alteraccedilotildees celulares preacute-maligna possibilitando observar uma associaccedilatildeo da atividade sexual com o desenvolvimento do cacircncer de colo de uacutetero No entanto somente na deacutecada de 70 o conhecimento acerca da etiologia da doenccedila teve consideraacutevel avanccedilo Estudos constataram que tal associaccedilatildeo implicava na presenccedila de um agente etioloacutegico de transmissatildeo sexual Harold zur Hausen um infectologista alematildeo constatou que o Papiloma Viacuterus Humano (viacuterus HPV) poderia ser esse agente estabelecendo inicialmente a relaccedilatildeo do viacuterus com as verrugas e condilomas Somente anos mais tarde o viacuterus foi relacionado com o desenvolvimento do carcinoma de colo de uacutetero (NAKAGAWA SCHIRMER e BARBIERI 2007 p 1)
19
Os autores relatam que devido ao advento da clonagem molecular na deacutecada
de 90 e a utilizaccedilatildeo de tal tecnologia na replicaccedilatildeo do genoma do Papiloma Viacuterus
outros aspectos da infecccedilatildeo foram elucidados
Devido agrave discrepacircncia entre a alta frequumlecircncia de infecccedilotildees HPV em mulheres jovens sexualmente ativas e a ocorrecircncia relativamente baixa de lesotildees cervicais nas mesmas colocou-se em duacutevida a etiologia viral da doenccedila e concluiu-se que a infecccedilatildeo era causa necessaacuteria mas natildeo suficiente para o desenvolvimento da doenccedila uma vez que virtualmente somente uma fraccedilatildeo de mulheres portadoras do viacuterus a desenvolveria Estudos preacutevios jaacute sugeriam que um forte fator diferenciava a progressatildeo ou natildeo da doenccedila sugerindo que isto estaria relacionada aos diversos tipos do viacuterus HPV Estudos posteriores mostraram que a sua progressatildeo depende natildeo somente da presenccedila do viacuterus mas tambeacutem do tipo de viacuterus da persistecircncia da infecccedilatildeo e da evoluccedilatildeo das lesotildees precursoras para o carcinoma invasivo (NAKAGAWA SCHIRMER e BARBIERI 2007 p 1)
Segundo Narchi Janicas e Fernandes (2007) a prevenccedilatildeo primaacuteria do cacircncer
ceacutervico-uterino refere-se agrave reduccedilatildeo da exposiccedilatildeo aos fatores de risco como o iniacutecio
precoce da atividade sexual a multiplicidade de parceiros as doenccedilas sexualmente
transmissiacuteveis especialmente a infecccedilatildeo causada pelo HPV e multiparidade Aleacutem
disso outros fatores tecircm sido relacionados ao cacircncer ceacutervico-uterino em estudos
epidemioloacutegicos ainda natildeo conclusivos dentre eles o uso de anticoncepcional oral
as situaccedilotildees de imunossupressatildeo como diabete lupus corticoterapia e Aids o
tabagismo e a alimentaccedilatildeo pobre em folatos vitaminas A e C e betacaroteno
Atualmente considera-se fundamental a relaccedilatildeo entre o desenvolvimento do cacircncer ceacutervico-uterino e a transmissatildeo sexual HPV Nesse sentido a prevenccedilatildeo primaacuteria tem como foco a praacutetica de sexo seguro No entanto apesar da divulgaccedilatildeo da importacircncia do uso de preservativos para diminuiccedilatildeo potencial do risco de transmissatildeo do HPV observa-se que seu uso depende de uma serie de fatores como o conhecimento a respeito da doenccedila e suas formas de prevenccedilatildeo a percepccedilatildeo de risco de infecccedilatildeo as crenccedilas e valores culturais as iniquidades de gecircnero e como elas se revelam o grau de autonomia e poder de negociaccedilatildeo sexual nas relaccedilotildees afetivo-sexuais acesso ao serviccedilo de sauacutede e a oferta de preservativos (NARCHI JANICAS e FERNANDES 2007 p 129)
Ceacutesar et al (2003) afirmam que exames preventivos perioacutedicos permitem
reduzir em ateacute 70 a sua mortalidade na populaccedilatildeo de risco A faixa etaacuteria mais
acometida vai dos 25 aos 60 anos e o seu mais importante determinante eacute o
papilomaviacuterus humano De acordo com o Instituto Nacional de Cacircncer (INCA)
O Instituto Nacional de Cacircncer (INCA) recomenda o exame citopatoloacutegico para cacircncer de colo uterino a toda mulher com idade entre 20 e 60 anos e que possua vida sexual ativa Inicialmente o exame deve ser feito a cada trecircs anos Em caso de dois resultados negativos para displasia ou
20
neoplasia um novo exame deveraacute ser repetido uma vez a cada trecircs anos (BRASIL 2002 apud CEacuteSAR et al 2003 p 1371)
Narchi Janicas e Fernandes (2007) afirmam que de modo contextual a
prevenccedilatildeo primaacuteria eacute realizada a partir identificaccedilatildeo da presenccedila de fatores de risco
com vistas a prevenir o surgimento da doenccedila Sabe-se que o cacircncer ceacutervico-uterino
haacute muito vem sendo associado ao baixo niacutevel socioeconocircmico tanto a exposiccedilatildeo
aos fatores de risco quanto especialmente pela desigualdade no acesso aos
serviccedilos de sauacutede Essas barreiras satildeo multidimensionais inserindo-se em um
contexto social amplo que a barca desde dificuldades geograacuteficas de informaccedilatildeo
familiares econocircmicas culturais religiosas e emocionais ateacute as relacionadas agraves
poliacuteticas de sauacutede Diante dessa constataccedilatildeo acredita-se que a anaacutelise dos
programas e a proposiccedilatildeo de estrateacutegias devam tambeacutem corresponder agrave amplitude
dos fatores intervenientes
De acordo com as autoras no que diz respeito agrave prevenccedilatildeo primaacuteria o
Programa de Sauacutede da Famiacutelia (PSF) tem importante papel na identificaccedilatildeo de
grupos de mulheres com perfil de risco para desenvolver o cacircncer ceacutervico-uterino e
com base nas necessidades levantadas implementar accedilotildees de intervenccedilatildeo no meio
ambiente e em seus fatores de risco De acordo com as autoras diversas
estrateacutegias podem reduzir os fatores de risco para cacircncer ceacutervico-uterino dentre as
quais destacam-se realizaccedilatildeo de grupos educativos que permitam a discussatildeo de
temas como sexualidade e gecircnero vulnerabilidade e prevenccedilatildeo as DST
planejamento familiar qualidade de vida e prevenccedilatildeo do cacircncer ginecoloacutegico entre
outros As autoras destacam tambeacutem a importacircncia mobilizaccedilatildeo das mulheres para
o autocuidado e a busca de melhor qualidade de vida (grupos de caminhada cultivo
de hortas caseiras por exemplo) valorizaccedilatildeo da integralidade na assistecircncia e no
estiacutemulo a uma participaccedilatildeo ativa das mulheres com atitudes assertivas em relaccedilatildeo
a sauacutede identificaccedilatildeo e minimizaccedilatildeo das dificuldades de acesso ao serviccedilo de
sauacutede sejam elas barreiras individuais e institucionais (NARCHI JANICAS e
FERNANDES 2007)
Ainda conforme as autoras aleacutem das atividades comunitaacuterias que podem ser
realizadas pela equipe de sauacutede da famiacutelia o enfermeiro tambeacutem pode instituir
grupos educativos de coleta ou de resultados da colpocitologia na unidade baacutesica de
sauacutede (UBS) ou na unidade de sauacutede da famiacutelia (USF) abordando temaacuteticas
21
voltadas agrave sexualidade higiene iacutentima prevenccedilatildeo de DST prevenccedilatildeo do cacircncer
ginecoloacutegico e teacutecnica de coleta do exame As autoras afirmam que esses grupos
aleacutem de disponibilizarem um espaccedilo para a socializaccedilatildeo do conhecimento
possibilitam a integraccedilatildeo entre profissionais e pacientes e estimulam o
autoconhecimento do corpo e da sexualidade familiarizando a mulher ao ambiente e
ao exame e minimizando sentimentos negativos como o medo a vergonha o
nervosismo e o constrangimento que por vezes as impedem de aderir ao programa
Essa estrateacutegia seraacute possiacutevel agrave medida que o profissional estiver sensibilizado e
capacitado para implementaacute-la utilizando habilidades de aconselhamento e
abordagem empaacutetica (NARCHI JANICAS e FERNANDES 2007)
O enfermeiro deve ainda avaliar a presenccedila de fatores de risco na consulta
de enfermagem agrave mulher com vistas a realizar as intervenccedilotildees necessaacuterias e o
acompanhamento mais frequente Diante disso eacute recomendado que na consulta de
retorno para recebimento do laudo da colpocitologia seja realizado procedimento de
aconselhamento sobre DST e Aids antes de discutir o resultado e a conduta
No que diz respeito agrave prevenccedilatildeo secundaacuteria do cacircncer ceacutervico-uterino Narchi
Janicas e Fernandes (2007) afirmam que se deve realizar o exame citopatoloacutegico
para que seja feita a detecccedilatildeo do cacircncer in situ ou das lesotildees precursoras trataacuteveis
e curaacuteveis em ateacute 100 dos casos Para as autoras o acolhimento deveraacute ocorrer
em todas as fases da assistecircncia ou seja desde o primeiro contato com a mulher o
que pode ocorrer em seu domiciacutelio quanto no agendamento ao se verificar acerca
do aprazamento da colpocitologia Citam tambeacutem que esse exame tem sido
utilizado em programas de rastreamento do cacircncer ceacutervico-uterino em todo o mundo
(screening) para interromper o ciclo evolutivo da doenccedila detectando-a em fase preacute-
invasiva trataacutevel e curaacutevel Relatam ainda que os paiacuteses que desenvolveram o
programa tanto com identificaccedilatildeo efetiva da populaccedilatildeo de risco qualidade coleta e
na interpretaccedilatildeo dos resultados quanto com tratamento e acompanhamento
adequados dos casos de alto risco lograram reduccedilatildeo significativa na incidecircncia e na
mortalidade por essa patologia
Segundo a OMS para que um programa de rastreamento do cacircncer ceacutervico-
uterino cause impacto epidemioloacutegico eacute necessaacuterio realizar uma cobertura superior a
80 o que representaria um impacto de 50 na reduccedilatildeo da mortalidade por essa
doenccedila Entretanto nos paiacuteses em desenvolvimento como o Brasil a cobertura
22
desse teste ainda natildeo alcanccedilou niacuteveis suficientes e coerentes com as necessidades
da populaccedilatildeo feminina sob maior risco de contrair a doenccedila
Narchi Janicas e Fernandes (2007) relatam que no Brasil as accedilotildees de
intervenccedilatildeo e controle do cacircncer ceacutervico-uterino tecircm sido norteadas pela distribuiccedilatildeo
das lesotildees cervicais segundo as faixas etaacuterias de mulheres mais acometidas pela
doenccedila e pela periodicidade dos exames citopatoloacutegicos seguindo a loacutegica
epidemioloacutegica do risco e da relaccedilatildeo custobenefiacutecio que norteiam as intervenccedilotildees
em sauacutede publica Poreacutem por vaacuterios anos essa cobertura esteve descontextualiza
da no paiacutes de forma a disponibilizar a citopatologia apenas durante o preacute-natal natildeo
atingindo a populaccedilatildeo de mulheres da faixa etaacuteria de maior risco subutilizando os
equipamentos de sauacutede e tornando o programa ineficiente Conforme as autoras
vaacuterios estudos que investigaram os motivos que dificultam a captaccedilatildeo das mulheres
para a prevenccedilatildeo do cacircncer ginecoloacutegico ressaltam a amplitude do problema que
perpassa por diversas esferas assumindo aspecto multidimensional
Narchi Janicas e Fernandes (2007) ressaltam ainda que o modelo
contextual proposto por Pinho amp Franccedila-Junior analisa o acesso e a utilizaccedilatildeo dos
serviccedilos preventivos em trecircs planos individual organizacionalprogramaacutetico e social
dispostos em uma estrutura dinacircmica e relacional Esse modelo propotildee que a
realizaccedilatildeo da colpocitologia seja produto da interaccedilatildeo desses trecircs planos dos quais
emergem os elementos necessaacuterios para definir uma situaccedilatildeo de vulnerabilidade
individual programaacuteticaorganizacional e social do cacircncer ceacutervico-uterino Para as
autoras o plano individual representado por caracteriacutesticas relacionadas agrave
realizaccedilatildeo do exame definiraacute a vulnerabilidade individual da mulher a doenccedila A
vulnerabilidade eacute representada por um conjunto de fatores cognitivos relacionados a
real falta de conhecimento sobre a doenccedila e o exame o que contribui para a
reduccedilatildeo de praacuteticas sexuais seguras e de prevenccedilatildeo secundaacuteria Tal vulnerabilidade
individual pode ser criada e percebida pelas mulheres ou a elas imposta no
momento em que se enfatiza o risco da natildeo-realizaccedilatildeo da colpocitologia em vez da
ecircnfase ao benefiacutecio da accedilatildeo gerando ou reforccedilando sentimento de medo em
relaccedilatildeo ao cacircncer que pode provocar tanto um efeito propulsor que induz a mulher
para a realizaccedilatildeo do exame quanto um efeito mais restritivo ao exame pelo medo
de sentir dor ou de receber um resultado positivo concluem as autoras
23
No plano organizacional ou programaacutetico inserem-se as caracteriacutesticas
relacionadas agrave disponibilidade de serviccedilos de sauacutede em relaccedilatildeo agrave demanda e a sua
acessibilidade geograacutefica a organizaccedilatildeo e as necessidades da populaccedilatildeo usuaacuteria e
ao planejamento das accedilotildees efetivas na prevenccedilatildeo e na promoccedilatildeo a sauacutede sob a
forma de programas organizados de rastreamento do cacircncer cervical que primem
pelo respeito agrave autonomia individual e pela abordagem integral mulher (NARCHI
JANICAS e FERNANDES 2007)
Ainda segundo os autores um dos fatores que contribuem para a baixa
adesatildeo das mulheres ao programa eacute a falta de humanizaccedilatildeo na assistecircncia pois a
violecircncia institucional sofrida pelas mulheres durante a consulta ginecoloacutegica pode
ser traduzida pela humilhaccedilatildeo por constrangimento e pela forma fria e
despersonalizada com que satildeo atendidas sem serem esclarecidas quanto ao
resultado do exame ou por realizarem tratamentos por vaacuterios anos sem sequer
terem noccedilatildeo dos seus objetivos Isso submete a mulher a uma assistecircncia
medicalizada e indigna na qual se perde a oportunidade de investir em prevenccedilatildeo
primaacuteria (NARCHI JANICAS E FERNANDES 2007)
De acordo com Dias-da-Costa et al (2003) quando se fala acerca da sauacutede
puacuteblica eacute sabido que a efetividade do programa de controle do cacircncer de colo do
uacutetero depende da cobertura populacional alcanccedilada Poreacutem no Brasil a avaliaccedilatildeo
da efetividade de programas de prevenccedilatildeo e accedilotildees de sauacutede puacuteblica ainda eacute
considerada incipiente
43 Contexto histoacuterico da citologia oncoacutetica
Montemor et al (2008 p 45) relatam que na eacutepoca em que a citologia
ginecoloacutegica estava em desenvolvimento agrave ideacuteia preponderante entre os
ginecologistas era que sendo o colo uterino facilmente acessiacutevel agrave bioacutepsia dava-se
preferecircncia ao estudo histoloacutegico pois a citologia ainda carecia de credibilidade
diagnoacutestica
Os autores afirmam que foi Aureli Babes um patologista romeno em 1928
que sugeriu que fosse feita a coleta direta de material do colo uterino para o
diagnoacutestico do cacircncer sendo que o mesmo foi o primeiro pesquisador que
descreveu de forma minuciosa a teacutecnica de coleta utilizando a coloraccedilatildeo atraveacutes do
24
meacutetodo de Giemsa Entretanto ainda de acordo com os autores foi George
Nicholas Papanicolaou um grego nascido em 1883 em Kymi na ilha grega de
Euboea que se aprofundou nos estudos acerca da citologia ginecoloacutegica o qual em
1913 se fixou nos Eua como pesquisador do laboratoacuterio do Hospital de Nova Iorque
Segundo os autores Neste sentido os autores afirmam que
Papanicolaou quando estudava as alteraccedilotildees hormonais das ceacutelulas nas diferentes fases do ciclo menstrual observou que tambeacutem era possiacutevel o diagnoacutestico das ceacutelulas tumorais do colo uterino Em 1941 publicou no American Journal of Obstetrics and Gynecology em co-autoria com Traut um trabalho com o tiacutetulo de O valor diagnoacutestico dos esfregaccedilos vaginais no carcinoma do uacutetero Nessa publicaccedilatildeo mostra a possibilidade de fazer diagnoacutestico de carcinoma do colo uterino atraveacutes de ceacutelulas atiacutepicas presentes nos esfregaccedilos bem como enfatiza a necessidade de aplicar esse meacutetodo simples e de baixo custo a um grande nuacutemero de mulheres O meacutetodo de coloraccedilatildeo dos esfregaccedilos citoloacutegicos que leva o nome de ldquoColoraccedilatildeo de Papanicolaourdquo eacute ainda hoje largamente utilizado (MONTEMOR et al 2008 p 46)
Os autores relatam ainda que em meados de 1940 o J Ernest Ayre um
meacutedico canadense utilizou uma espaacutetula a qual leva o seu nome para obter
raspados do colo uterino possibilitando dessa forma uma maneira praacutetica e
eficiente de coleta de material para a realizaccedilatildeo de exames em grande escala
(MONTEMOR et al 2008) De acordo com Tavares et al (2007) o exame
citopatoloacutegico foi sugerido como uma ferramenta para a detecccedilatildeo precoce do cacircncer
do colo do uacutetero em 1941
Conforme Hackenhaar Ceacutesar e Domingues (2006) a prevenccedilatildeo considerada
como secundaacuteria do cacircncer do colo uterino tem se centralizado no rastreamento de
mulheres sexualmente ativas atraveacutes do exame citopatoloacutegico do colo uterino O
qual foi adotado para rastreamento na deacutecada de 50 em vaacuterios paiacuteses uma vez que
identifica lesotildees preacute-cancerosas que se tratadas minimizam a incidecircncia de
carcinoma invasor e com isso a mortalidade pelo cacircncer de colo uterino Segundo
os autores
Em 1998 o Ministeacuterio da Sauacutede do Brasil estabeleceu que o exame para a detecccedilatildeo precoce do cacircncer do colo uterino deveria ser realizado por mulheres com idade entre 25 e 60 anos ou antes desta faixa etaacuteria caso jaacute tivessem mantido relaccedilotildees sexuais Para estas mulheres a periodicidade deveria ser de trecircs em trecircs anos se os dois primeiros exames realizados a cada ano fossem normais Em 2002 ocorreu a fase de intensificaccedilatildeo da campanha que tinha por objetivo realizar exames nas mulheres de 35 a 49 anos que nunca haviam realizado este tipo de exame ou que o houvessem
25
realizado haacute mais de trecircs anos (HACKENHAAR CEacuteSAR e DOMINGUES 2006 p 1)
44 Conceitos e caracteriacutesticas do exame de prevenccedilatildeo do cacircncer
Conforme Montemor et al (2008) o exame citopatoloacutegico tambeacutem conhecido
como exame Papanicolaou ou ainda exame preventivo do cacircncer do colo do uacutetero
tem como objetivo a anaacutelise das ceacutelulas obtidas por raspagem do colo uterino
(ectoceacutervice e canal endocervical) com as quais eacute realizado esfregaccedilo sobre uma
lacircmina de vidro De acordo com os autores as caracteriacutesticas morfoloacutegicas das
ceacutelulas satildeo observadas ao microscoacutepio e quando alteradas ou seja quando estatildeo
diferentes daquelas consideradas normais sugerem tratar-se de processo preacute-
neoplaacutesico ou neoplaacutesico Os autores afirmam ainda que atualmente o exame
citopatoloacutegico eacute o meacutetodo de rastreamento para cacircncer do colo uterino mais utilizado
em todo o mundo
De acordo com Tavares (2007) o exame citopatoloacutegico eacute considerado um
meacutetodo eficiente pois tem a habilidade de identificar lesotildees precursoras do cacircncer
do colo do uacutetero que naquele momento satildeo trataacuteveis podendo resultar em
significante decreacutescimo da mortalidade por esse tipo de cacircncer
45 O cacircncer do colo do uacutetero
Segundo Zeferino (2008) o cacircncer do colo uterino tem sido um desafio para a
sauacutede puacuteblica na reduccedilatildeo de morte de mulheres por causa desse mal uma vez que
se trata de uma doenccedila que pode ser evitada por meio do diagnoacutestico e do
tratamento de suas lesotildees precursoras Neste sentido Narchi Janicas e Fernandes
(2007) concordam com Zeferino (2008) quando afirmam que o cacircncer chamado por
eles de cacircncer ceacutervico-uterino vem sendo alvo de atenccedilatildeo por parte da comunidade
cientiacutefica devido ocupar lugar de destaque no que diz respeito agraves elevadas taxas de
morbidade e mortalidade entre a populaccedilatildeo feminina principalmente em paiacuteses em
desenvolvimento uma vez que trata-se de um tipo de cacircncer que estaacute relacionado
ao perfil epidemioloacutegico das mulheres cuja frequecircncia dos fatores de risco e do grau
de implementaccedilatildeo de accedilotildees de curto e longo prazos em todos os niacuteveis de atenccedilatildeo
26
De acordo com Hackenhaar Ceacutesar e Domingues (2006 p1) ldquoo cacircncer do
colo uterino eacute um problema de sauacutede puacuteblica mundialrdquo Segundo os autores
Em 2000 havia uma estimativa de 468000 casos com 233000 mortes por este tipo de cacircncer em todo o mundo Destas mortes 80 ocorreriam nos paiacuteses em desenvolvimento No Brasil o cacircncer de colo uterino representa a segunda maior causa de morte por cacircncer entre as mulheres (HACKENHAAR CEacuteSAR e DOMINGUES 2006 p 1)
Por meio do controle perioacutedico utilizando-se o exame citoloacutegico eacute possiacutevel
reduzir sua incidecircncia pois dados da Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede (OMS)
afirmam que a cada ano surgem cerca de 500 mil novos casos de cacircncer do colo
uterino por ano no mundo todo sendo que mais de 400 mil ocorrem em paiacuteses em
desenvolvimento (ZEFERINO 2008) Este dado eacute confirmado por Ceacutesar et al
(2003) quando os autores afirmam que cerca de 80 dos casos de cacircncer de colo
uterino ocorrem nos paiacuteses pobres
Domingos et al (2007 p 1) explicam que ldquoo cacircncer de colo de uacutetero eacute uma
doenccedila de evoluccedilatildeo lenta levando em meacutedia 14 anos para sua evoluccedilatildeo total
Inicia-se com alteraccedilotildees miacutenimas nas ceacutelulas denominadas displasia e se natildeo
forem tratadas estas alteraccedilotildees evoluemrdquo De acordo com os autores
Com o desenvolvimento da doenccedila em meacutedia trecircs anos apoacutes a constataccedilatildeo das primeiras alteraccedilotildees celulares surge um tumor localizado chamado carcinoma in situ Este cacircncer desenvolve-se por mais seis anos invadindo a mucosa do uacutetero quando recebe o nome de carcinoma invasor Apoacutes 14 anos das primeiras alteraccedilotildees celulares o cacircncer atinge a forma mais grave com o aparecimento de metaacutestase espalhando-se assim por outras regiotildees do corpo (DOMINGOS et al 2007 p 1)
Conforme Rodrigues Neto Figueiredo e Siqueira (2008 p 1) o cacircncer tem
sido responsaacutevel por seis milhotildees de mortes por ano correspondendo a 12 das
mortes mundiais ldquoEstima-se a ocorrecircncia de mais de dez milhotildees de novos casos
de cacircncer por ano sendo que para o ano de 2020 espera-se que haja mais de 15
milhotildees de casos novosrdquo Para os autores
O cacircncer do colo do uacutetero (CCU) ocupa o 2ordm lugar na incidecircncia mundial de neoplasias estando atraacutes apenas do cacircncer de mama Por ano no mundo ocorrem cerca de 235 mil mortes devido ao CCU sendo 218 mil em paiacuteses considerados pobres ou emergentes(4) onde ocorre quase 60 dos casos novos de cacircncer ocupando um lugar de destaque nas taxas de morbimortalidade entre a populaccedilatildeo feminina Ressalta-se que na Ameacuterica Latina se encontram as mais altas taxas de incidecircncia desta doenccedila
27
representando uma das causas de oacutebito mais frequumlente entre as mulheres [] Natildeo considerando os carcinomas de pele natildeo melanoma o CCU eacute o mais incidente na Regiatildeo Norte (22100000) Jaacute nas regiotildees Sul (24100000) Centro-Oeste (19100000) e Nordeste (18100000) ocupa a segunda posiccedilatildeo e no Sudeste (18100000) a quarta posiccedilatildeo estando assim associado a regiotildees brasileiras de baixo niacutevel socioeconocircmico (RODRIGUES NETO FIGUEIREDO e SIQUEIRA 2008 p 1)
Dentre os fatores causadores e facilitadores desse tipo de cacircncer Ceacutesar et al
(2003) citam fatores reprodutivos maternos tais como iniacutecio precoce de atividade
sexual e comportamento sexual masculino baixo niacutevel socioeconocircmico muacuteltiplos
parceiros sexuais higiene sexual precaacuteria ocorrecircncia de abortos (particularmente os
induzidos) alcoolismo e tabagismo e uso de anticoncepcional oral Domingos et al
(2007 p 1) afirmam que ldquoo cacircncer do colo do uacutetero eacute um dos maiores problemas da
sauacutede da mulher em todo o mundo Estima-se que a cada ano ocorram no mundo
493000 novos casos da doenccedila e 274000 mortesrdquo
ldquoSegundo dados do Ministeacuterio da Sauacutede (MS) no ano de 2002 4091
mulheres morreram no Brasil vitimadas por este tipo de cacircncer Destas 297
ocorreram no Estado do Paranaacute na faixa etaacuteria de 30 a 49 anosrdquo (DOMINGOS et al
2007 p 1)
Zeferino (2008) relata que no Brasil o cacircncer do colo uterino eacute o terceiro mais
frequumlente o qual eacute superado apenas pelos cacircnceres de pele e de mama Trata-se
da quarta causa de oacutebito entre as mulheres superado apenas pelos cacircnceres de
mama do pulmatildeo e do coacutelon-reto No ano de 2003 foram registradas 4110 mortes
com cacircncer de colo uterino correspondendo a 7 do total dos oacutebitos devido a
cacircncer em mulheres De acordo com o autor
Cerca de 90 dos cacircnceres de colo uterino originaram-se de ceacutelulas escamosas sendo chamados de carcinomas escamosos ou carcinomas epidermoacuteides e outros 10 originaram-se de ceacutelulas glandulares sendo entatildeo chamados de adenocarcinomas Raramente podem aparecer os dois tipos de ceacutelulas e satildeo chamados carcinomas adenoescamosos Todavia tem sido observado que a proporccedilatildeo de adenocarcinoma do colo uterino tem aumentado nas uacuteltimas deacutecadas particularmente em mulheres jovens (BULK et al 2005 apud ZEFERINO 2008 p 68)
Segundo dados do INCA (2002 apud Ceacutesar et al 2003 p 1366) ldquono Brasil
o cacircncer de colo uterino eacute o segundo entre os tumores ginecoloacutegicos malignos e o
terceiro mais comum na populaccedilatildeo feminina Representa 10 de todos os cacircnceres
malignos em mulheresrdquo
28
De acordo com Albuquerque et al (2009) ldquoa infecccedilatildeo preacutevia pelo papiloma
viacuterus humano (HPV) tem sido apontada como o principal fator de risco para o cacircncer
de colo de uacuteterordquo Fatores como iniacutecio precoce da atividade sexual multiplicidade de
parceiros sexuais uso de contraceptivos orais tabagismo situaccedilatildeo conjugal e baixa
condiccedilatildeo soacutecio-econocircmica tecircm sido apontados como fatores de risco importantes
para o desenvolvimento dessa neoplasia
Narchi Janicas e Fernandes (2007) relatam que o cacircncer ceacutervico-uterino tem
sua origem a partir de uma lesatildeo intra-epitelial progressiva a qual pode evoluir para
um cacircncer invasivo dentro de um prazo em torno de 10 a 20 anos caso natildeo seja
oferecido tratamento
Conforme as autoras durante o periacuteodo de evoluccedilatildeo da doenccedila ela passa por
fases preacute-cliacutenicas detectaacuteveis e curaacuteveis lhe conferindo elevado potencial de
prevenccedilatildeo e cura Corresponde a cerca de 15 de todos os cacircnceres femininos
sendo o segundo tipo mais comum entre as mulheres Ainda na visatildeo das autoras a
mortalidade pelo cacircncer ceacutervico-uterino pode ser evitada devido agrave lenta evoluccedilatildeo da
doenccedila e devido aos recursos tecnoloacutegicos o diagnoacutestico e o tratamento oportunos
das lesotildees precursoras as quais satildeo curaacuteveis em ateacute 100 dos casos Entretanto
conforme as autoras mesmo o Brasil ter sido um dos primeiros paiacuteses a realizar os
exames de colpocitologia e colposcopia esse tipo de cacircncer ainda continua sendo
um seacuterio problema de sauacutede puacuteblica por manter uma das mais elevadas taxas de
oacutebito como pode ser verificado a seguir
No Brasil as accedilotildees de controle do cacircncer ginecoloacutegico iniciaram-se de forma programaacutetica em 1983 eacutepoca de implantaccedilatildeo do Programa de Assistecircncia Integral agrave Sauacutede da Mulher (PAISM) que representou uma ampliaccedilatildeo do foco de assistecircncia agrave mulher para aleacutem do ciclo graviacutedico-puerperal No entanto apesar das recomendaccedilotildees de implantaccedilatildeo ou ampliaccedilatildeo das atividades de diagnoacutestico do cacircncer ceacutervico-uterino e de educativas com vistas agrave prevenccedilatildeo da doenccedila por mais de uma deacutecada as accedilotildees de combate a essa doenccedila foram desenvolvidas no paiacutes de forma desarticulada por iniciativa de apenas alguns Estados e municiacutepios (NARCHI JANICAS e FERNANDES 2007 p 128)
Os autores pesquisados nesta revisatildeo narrativa serviram de subsiacutedios para a
elaboraccedilatildeo do plano de accedilatildeo apresentado no proacuteximo capiacutetulo cujo objetivo eacute
aumentar a cobertura do exame de prevenccedilatildeo do cacircncer do colo do uacutetero no Centro
de Sauacutede Felicidade II
29
5 PLANO DE ACcedilAtildeO PARA A AMPLIACcedilAtildeO DA COBERTURA DO EXAME COLPOCITOLOacuteGICO NO CENTRO DE SAUacuteDE FELICIDADE II
De acordo com a atividade realizada no Moacutedulo da Sauacutede da Mulher foram
constatados alguns problemas em relaccedilatildeo agrave cobertura do exame colpocitoloacutegico no
Centro de Sauacutede Felicidade II o qual apresentou em 2009 baixa cobertura A partir
daiacute foram detectados outros fatores que contribuem para o baixo iacutendice de
cobertura aqueacutem do que eacute preconizado pela Secretaacuteria Municipal de Sauacutede Neste
sentido o plano de accedilatildeo descrito no Quadro 1 vem propor estrateacutegias visando
ampliar da cobertura do exame colpocitoloacutegico e minimizar os problemas levantados
Acredita-se que por meio da implantaccedilatildeo do plano de accedilatildeo sugerido o
Centro de Sauacutede Felicidade II teraacute maior e melhor desempenho de sua equipe
alcanccedilando com isso o aprimoramento no atendimento da populaccedilatildeo alvo da
instituiccedilatildeo
30
QUADRO1 - PLANO DE ACcedilAtildeO PARA AUMENTAR A COBERTURA DO EXAME DE PREVEN9AO DO COLO DO UTERO PARA A EQUIPE DE SAUDE DO CENTRO DE SAUDE FELICIDADE II
PROBLEMA ATIVIDADES ACcedilOtildeES META RESPONSAVEL PERIODO
As ACS sentem inseguros para orientar agraves mulheres em relaccedilatildeo aos cuidados para realizar o exame preventivo por falta de conhecimento
Educaccedilatildeo em Sauacutede
Capacitaccedilatildeo da equipe sobre a importacircncia do exame colpocitoloacutegico
Nivelar o conhecimento dos membros da equipe
Municiacutepio Gerecircncia Regional de Sauacutede
Outubro2011
Enfermeiro natildeo se sente capacitado para a realizaccedilatildeo do exame de Papanicolaou
Capacitaccedilatildeo Teacutecnica do enfermeiro para a realizaccedilatildeo do exame de Papanicolaou
Solicitar agrave Ginecologista enfermeira treinamentocapacitaccedilatildeo do enfermeiro
Instrumentalizar o enfermeiro para a realizaccedilatildeo coleta de material
Enfermeira de outra Unidade Baacutesica de Sauacutede Meacutedico Ginecologista
Outubro2011
Baixo iacutendice de cobertura do exame citoloacutegico
Elaboraccedilatildeo de um instrumento para coleta de dados para identificar as mulheres de 25 a 59 anos na aacuterea de abrangecircncia do centro de sauacutede e tambeacutem para levantar quais os fatores que impeditivos para a realizaccedilatildeo do exame Incluir as mulheres identificadas no arquivo rotativo
Visita domiciliar
Visitar todas as mulheres dentro da aacuterea de abrangecircncia da UBS
ACS Novembro2011 Dezembro2011
Baixo iacutendice de cobertura do exame citoloacutegico
Agendamento da consulta de enfermagem consulta meacutedica para atender as prioridades levantadas no diagnoacutestico da atividade anterior para realizaccedilatildeo do exame Priorizar mulheres que nunca fizeram o exame ou que fizeram a mais de trecircs anos
Visita domiciliar Consulta de Enfermagem e consulta meacutedica
Orientar as mulheres sobre o exame preventivo Realizar o exame
ACS Meacutedico e enfermeira
Janeiro2012
31
O agendamento das consultas e marcado para datas muito distantes o que geralmente faz com que a mulher esqueccedila
Comunicaccedilatildeo da data do exame com antecedecircncia
Elaborar uma forma de entrar em contato com a paciente cinco dias antes da consulta agendada
Diminuir o iacutendice de ausecircncia agraves consultas
ACS Novembro2011
Desconhecimento das mulheres sobre o exame preventivo e os cuidados preparativos para o exame
Orientaccedilatildeo das mulheres sobre o exame e os cuidados preparativos para o exame
Criar um informativo contendo as orientaccedilotildees sobre o exame e os cuidados para serem entregue as usuaacuterias no momento da visita do ACS para informaacute-las da data e horaacuterio da consulta
Orientar todas usuaacuterias
Enfermeiro ACS
Janeiro2011
Entrega de resultados dos preventivos sem alteraccediloespelos ACSrsquos
Entrega do resultado do exame
Agendar um dia na semana para a entrega dos resultados dos exames Todos os exames deveratildeo ser vistos pelo enfermeiro Aqueles que apresentarem alguma alteraccedilatildeo a paciente deve ser encaminhada ao meacutedico Teacutecnico de Enfermagem Enfermeiro
Orientar as usuaacuterias
Os exames com resultados normais seratildeo entregues pelo teacutecnico de enfermagem Aqueles que apresentarem alguma alteraccedilatildeo seratildeo entregues pelo enfermeiro que deveraacute fazer os devidos encaminhamentos quando necessaacuterios
Dezembro2011
Entrega dos resultados de exames com alteraccedilotildees apoacutes consultas de retorno agendadas para usuaacuterias
Orientaccedilatildeo encaminhamento e acompanhamento da usuaacuteria
Visita domicilar Consulta de enfermagemconsulta meacutedica
Avaliar o estado de sauacutede da mulher Acompanhamento e orientaccedilotildees
Meacutedico e enfermeira Janeiro2012
Monitoramento e acompanhamento
- Agendamentos anuais - Elaboraccedilatildeo um arquivo rotativo - Estabelecimento de Indicadores de acompanhamento e
- Controlar a marcaccedilatildeo de consulta no intervalo de trecircs anos se apoacutes dois anos consecutivos de coleta os resultados forem negativos para
Monitorar o exame preventivo Acompanhar o estado de sauacutede das mulheres pela
Enfermeira e Teacutecnico de enfermagem
Novembro2011
32
avaliaccedilatildeo das accedilotildees votadas agrave sauacutede da mulher pela equipe de sauacutede
displasia ou neoplasia - Fazer a busca das usuaacuterias faltosas aos exames e consultas
equipe
Falta de interesse e conscientizaccedilatildeo em relaccedilatildeo agrave importacircncia do exame preventivo
Atendimento de Grupos Retomar o grupo de mulheres onde seratildeo abordados temas relativos agrave sauacutede da mulher Realizar orientaccedilotildees por meio de palestras nos grupos operativos
Conscientizar as mulheres sobre a importacircncia da realizaccedilatildeo do exame
Equipe de Sauacutede Fevereiro2012
Consulta eacute marcada com um meacutedico do sexo masculino
Agendamento com o enfermeiro quando possiacutevel
Reforccedilar com a paciente que durante a consulta estaraacute presente uma Auxiliar de Enfermagem
Diminuir a evasatildeo do exame prevenccedilatildeo Diminuir a resistecircncia ao atendimento masculino
Disponibilizar uma auxiliar ou teacutecnica de enfemagem para acompanhar o meacutedico durante o exame
Dezembro2011
Falta disponibilidade de horaacuterios mais flexiacuteveis pois haacute concentraccedilatildeo de horaacuterio pela manhatilde
Adequaccedilatildeo da Agenda Alteraccedilotildees na agenda com horaacuterios para adequar agraves necessidades dos usuaacuterios
Marcar os exames preventivos para o horaacuterio da tarde
Enfermeira e meacutedico Janeiro2012
33
6 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
A poliacutetica da sauacutede tem como principal objetivo promover mudanccedilas no intuito
de melhorar o niacutevel da sauacutede da populaccedilatildeo Diante dos resultados apurados nesse
estudo percebe-se a necessidade das intervenccedilotildees a serem efetuadas no Centro de
Sauacutede Felicidade II visando melhorar o iacutendice de cobertura dos exames
preventivos
Assim a realidade percebida no Centro de Sauacutede Felicidade II eacute que o
desempenho da equipe exerce grande impacto no desenvolvimento das accedilotildees
alcanccedilando dessa forma o objetivo de contribuir com o aprimoramento e a
consolidaccedilatildeo da assistecircncia agrave sauacutede da populaccedilatildeo
Como problemas levantados em relaccedilatildeo a baixa cobertura da prevenccedilatildeo do
cacircncer do colo do uacutetero identificamos as seguintes o ACS sentir inseguro para
orientar agraves mulheres em relaccedilatildeo aos cuidados para realizar o exame preventivo a
falta de capacitaccedilatildeo teacutecnica para o enfermeiro realizar o exame de Papanicolaou
consultas agendadas para datas muito distantes fazendo com que a mulher se
esqueccedila do diadesconhecimento das mulheres sobre o exame preventivo e os
cuidados preparativos para o mesmo falta de interesse e conscientizaccedilatildeo em
relaccedilatildeo agrave importacircncia do exame preventivo por parte das usuaacuteriaspudor da mulher
diante do profissional de sexo masculino e falta de disponibilidade de horaacuterios mais
flexiacuteveis com concentraccedilatildeo das consultas no horaacuterio da manhatilde
A partir dos problemas levantados foram propostas as atividades accedilotildees
metas e os responsaacuteveis pelas atividades no sentido de ampliar a cobertura das
mulheres por meio da participaccedilatildeo de toda a equipe de sauacutede Desse modo foi
muito importante tambeacutem a elaboraccedilatildeo das estrateacutegias para que o nuacutemero de
usuaacuterias seja aumentado Neste sentido destaca-se o papel do enfermeiro como
parte integrante da equipe de sauacutede e que desempenha um importante papel na
promoccedilatildeo da prevenccedilatildeo educaccedilatildeo e melhorias constantes nos serviccedilos oferecidos
agrave populaccedilatildeo
Nesta direccedilatildeo o Centro de Sauacutede Felicidade II deve se preocupar com a
capacitaccedilatildeo de seus funcionaacuterios com a organizaccedilatildeo do processo de trabalho das
equipes bem com um investimento maior nas accedilotildees de promoccedilatildeo e prevenccedilatildeo da
saude conforme abordado neste estudo
34
Desse modo cabe a todos os profissionais atuar mais na prevenccedilatildeo
promoccedilatildeo e recuperaccedilatildeo por meio de praacuteticas educativas promovendo campanhas
palestras sobre a sauacutede da mulher fornecendo orientaccedilotildees durante as consultas
para que se possa reverter o quadro de baixo iacutendice de cobertura no exame
preventivo de cacircncer do colo do uacutetero alcance assim a cobertura preconizada pela
Secretaacuteria de Sauacutede o que vai refletir na melhoria da assistecircncia a sauacutede agrave mulher
35
REFEREcircNCIAS ALBUQUERQUE KM et al Cobertura do Teste de Papanicolau e Fatores associados agrave Natildeo-Realizaccedilatildeo um olhar sobre o Programa de Prevenccedilatildeo do Cacircncer do Colo do Uacutetero em Pernambuco Brasil Caderno de Sauacutede Puacuteblica v 25 supl 2 Rio de Janeiro 2009 Disponiacutevel em lthttpwwwscielosporgscielophpscript=sci_arttextamppid=S0102-311X2009001400012gt Acesso em 6 nov 2010 BELO HORIZONTE Secretaria Municipal de Sauacutede Prevenccedilatildeo e Controle do Cacircncer do Colo de Uacutetero Belo Horizonte 2008 BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede O Programa Sauacutede da Famiacutelia e a Atenccedilatildeo Baacutesica no Brasil Brasiacutelia 2002 Disponiacutevel em lthttpwwwccssaudegovbrsaudebatea portamostravirtualpublicacoespsf_atencaobasicapdfgt Acesso em 01 abr 2010 CEacuteSAR JA et al Fatores Associados agrave natildeo Realizaccedilatildeo de Exame Citopatoloacutegico de Colo Uterino no Extremo Sul do Brasil Caderno de Sauacutede Puacuteblica Rio de Janeiro v19n5 p1365-1372 setout 2003 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrpdf0Dcspv19n517808pdfgt Acesso em 16 jul 2010 CORREcircA DA D VILLELA WV O Controle do Cacircncer do Colo do Uacutetero desafios para implementaccedilatildeo de accedilotildees programaacuteticas no Amazonas Brasil Rev bras sauacutede matern infantil v8 n4p491-497 outdez 2008 DIAS-DA-COSTA J S et al Cobertura do Exame Citopatoloacutegico na Cidade de Pelotas Rio Grande do Sul Brasil Caderno de Sauacutede Puacuteblica Rio de Janeiro v19 n1 p191-197 janfev 2003 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrpdfcspv19n114919pdfgt Acesso em 16 jul 2010 DOMINGOS ACP et al Cacircncer do Colo do Uacutetero comportamento preventivo de auto-cuidado agrave sauacutede Revista Ciecircncia Cuidado e Sauacutede 6 (Suplem 2) p 397-403 2007 Disponiacutevel em lthttpperiodicosuembrojsindexphpCiencCuidSaudearticleviewFile53373385gt Acesso em 5 nov 2010 HACKENHAAR AAC JURACI A DOMINGUES MR Exame Citopatoloacutegico de Colo Uterino em Mulheres com Idade entre 20 e 59 anos em Pelotas RS prevalecircncia foco e fatores associados agrave sua natildeo realizaccedilatildeo Revista Brasileira de EpidemiologiaSatildeo Paulo v9n1 Mar 2006 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S1415-790X2006000100013gt Acesso em 16 jul 2010 MONTEMOR EBL et al Controle do Cacircncer de Colo de Uacutetero o exame citopatoloacutegico In LOPES MHBde M (org) Enfermagem na Sauacutede da Mulher Goiacircnia AB 2006 p 45-65 NAKAGAWA JTT SCHIRMER J BARBIERI M Viacuterua HPV e Cacircncer de Colo de Uacutetero Revista Brasileira de Enfermagem v 63 n 2 Brasiacutelia marabri 2010
36
Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S0034-71672010000200021gt Acesso em 6 nov 2010 NARCHI NZ JANICAS Rde CS V FERNANDES RAacuteQ Prevenccedilatildeo e Controle do Cacircncer Ceacutervico-Uterino In FERNANDES RAacuteQ NARCHI NZ Enfermagem e Sauacutede da Mulher Barueri SP Manole 2007 p 127-149 NUacuteCLEO DE EDUCACcedilAtildeO EM SAUacuteDE COLETIVA ndash NESCON Faculdade de Medicina ndash UFMG Belo Horizonte Disponiacutevel em lthttpwwwnesconmedicinaufmgbrgt Acesso em 12 dez 2009 PINTO CAG COELHO IB BH Vida pensando a implantaccedilatildeo da Estrateacutegia de Sauacutede da Famiacutelia na cidade de Belo Horizonte passados 10 anos lthttpxayimgcomkqgroups15983109953140003nameImplantacao+do+BH+VIDA+-+Carlos+Gama+e+Ivan+Coelho5B15Dpdf gt Acesso em 01 mar 2011 RODRIGUES NETO JF FIGUEIREDO MFS SIQUEIRA LG Exame Citopatoloacutegico do Colo do Uacutetero fatores associados a natildeo realizaccedilatildeo em ESF Revista Eletrocircnica de Enfermagem 10 (3) 610-21 2008 Disponiacutevel em lthttpwwwfenufgbrrevistav10n3pdfv10n3a07pdfgt Acesso em 17 jul 2010 TAVARES SB do N et al Controle da Qualidade em Citopatologia Cervical revisatildeo de literatura Revista Brasileira de Cancerologia 53(3) 355-364 2007 Disponiacutevel em lthttpwwwincagovbrrbcn_53v03pdfrevisao6pdfgt Acesso em 17 jul 2010 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA Regulamento de Orientaccedilatildeo Do Trabalho De Conclusatildeo De Curso Do Curso De Licenciatura Em Letras ndashPORTUGUEcircS-ESPANHOL Disponiacutevel em lt httpwwwuepgbruepg_departamentosdeletpdfREG20PORT20ESPANHOLpdf gt Acesso em 23 set 2011 ZEFERINO L Prevenccedilatildeo e Controle do Cacircncer Ceacutervico-Uterino In LOPES MHB de M (org) Enfermagem na Sauacutede da Mulher Goiacircnia AB p 67-80 2006
13
Segundo Pinto e Coelho (2011) a Secretaria Municipal de Sauacutede de Belo
Horizonte aderiu ao Programa Sauacutede da Famiacutelia em maio de 2000 O projeto foi
implantado dando prioridade agraves aacutereas onde a populaccedilatildeo estava exposta e a
implantaccedilatildeo comeccedilou pelos Centros de Sauacutede com populaccedilatildeo de muito elevado
risco e foi se estendendo gradativamente para as populaccedilotildees de elevado risco e
meacutedio risco De laacute ateacute os dias atuais ficou evidente a importacircncia da mobilizaccedilatildeo
social para manutenccedilatildeo das equipes e com isso o projeto jaacute natildeo pertencia mais ao
governo pois foi incorporado pela cidade de Belo Horizonte como direito
De acordo com os autores passados mais de 10 anos o programa continua e
o nuacutemero de equipes de sauacutede da famiacutelia alcanccedilou as 506 equipes planejadas em
2001 mas isso natildeo se deveu agrave cobertura da populaccedilatildeo de baixo risco e sim ao
crescimento populacional
Os agentes comunitaacuterios de sauacutede fazem cerca de 2900000 visitas
domiciliares por ano O nuacutemero de consultas meacutedicas realizadas pelas equipes de
Sauacutede da Famiacutelia foi de 1899347 em 2002 (ano de implantaccedilatildeo das equipes) e de
2203257 em 2004 Em marccedilo de 2010 apenas 3 das equipes de Sauacutede da
Famiacutelia estavam desfalcadas de meacutedico generalista e mais da metade dos meacutedicos
de sauacutede da famiacutelia tinham mais de 5 anos de trabalho na Prefeitura de Belo
Horizonte (PINTO e COELHO 2011)
O exame de citologia oncoacutetica tambeacutem conhecido como Papanicolaou ou
preventivo foi introduzido na atenccedilatildeo baacutesica na deacutecada de 1970 Em Belo Horizonte
por meio da Secretaria Municipal de Sauacutede criou um protocolo o qual eacute um
instrumento que estabelece normas para intervenccedilotildees teacutecnicas o qual uniformiza e
atualiza conceitos e condutas referentes ao processo assistencial na rede de
serviccedilos Um desses protocolos aborda especificamente o controle e prevenccedilatildeo do
cacircncer de colo de uacutetero (BELO HORIZONTE 2008)
A colpocitologia oncoacutetica eacute utilizada principalmente para determinar o risco de
uma mulher vir a desenvolver o cacircncer de colo do uacutetero natildeo se tratando somente de
uma maneira de diagnosticar a doenccedila Ele eacute essencial tambeacutem para determinar
outras condiccedilotildees de sauacutede como niacutevel hormonal doenccedilas da vulva do canal
vaginal do acircnus das mamas entre outros O exame deve ser realizado
prioritariamente em mulheres de 25 a 59 anos de idade com intervalo de trecircs em
trecircs anos se os dois primeiros exames realizados a cada ano forem normais Toda
14
mulher que tem ou jaacute teve atividade sexual deve submeter-se ao exame preventivo
ateacute os 69 anos de idade (BELO HORIZONTE 2008)
Destaca-se ainda que a importacircncia do exame consiste no fato de que eacute
nessa oportunidade que o profissional avalia a sauacutede sexual e reprodutiva da
mulher pois tais fatores raramente satildeo considerados durante uma consulta cliacutenica
geral Ressalta-se tambeacutem que o acesso das mulheres ao exame colpocitoloacutegico faz parte da garantia de direitos legalmente constituiacutedos com a ampliaccedilatildeo dos
serviccedilos de promoccedilatildeo prevenccedilatildeo e assistecircncia ao cacircncer de colo de uacutetero
Espera-se que este estudo possa contribuir para a humanizaccedilatildeo da atenccedilatildeo agrave
sauacutede da mulher proporcionando um olhar mais amplo e integral sobre o estado de
sauacutede das mulheres e seus determinantes sociais Para tal buscar-se-aacute sensibilizar
a equipe do Centro de Sauacutede Felicidade II quanto agrave importacircncia da assistecircncia
integral agrave sauacutede da mulher promover a educaccedilatildeo em sauacutede para as usuaacuterias quanto
agrave importacircncia de realizar o exame preventivo de cacircncer de colo do uacutetero expandir a
agenda de consultas de assistecircncia agrave mulher garantindo aumento da cobertura de
exames preventivos e proporcionar educaccedilatildeo permanente agrave toda a equipe em
especial os ACS para uma abordagem humanizada eficaz e efetiva das usuaacuterias
15
2 OBJETIVOS
21 Geral Elaborar um plano de accedilatildeo para ampliar a cobertura do exame colpocitoloacutegico
no Centro de Sauacutede Felicidade II da Secretaria Municipal de Sauacutede de Belo
Horizonte MG promovendo assim a melhoria das condiccedilotildees de vida e sauacutede das
mulheres
22 Especiacutefico
Realizar uma revisatildeo de literatura sobre a promoccedilatildeo da sauacutede das mulheres
dando ecircnfase agrave prevenccedilatildeo do cacircncer do colo do uacutetero no sentido de subsidiar o
plano de accedilatildeo
16
3 METODOLOGIA
Trata-se de um estudo bibliograacutefico tipo revisatildeo narrativa com natureza
compreensiva do tema proposto realizada por meio da consultas a livros e artigos
em revistas cientiacuteficas do acervo de bibliotecas e base de dados virtuais no sentido
de subsidiar a elaboraccedilatildeo de um plano de accedilatildeo para o Centro de Sauacutede Felicidade
II buscando ampliar a cobertura do exame de Papanicolaou
A busca foi efetuada nas bases de dados SCIELO (Scientific Electronic
Library Online) MEDLINE(Medical Literature Analysis and Retrieval System Online -
Sistema Online de Busca e Anaacutelise de Literatura Meacutedica) LILACS (Literatura Latino-
americana em ciecircncia da Sauacutede) e outras Foram utilizados os descritores ldquosauacutede
das mulheresrdquo ldquocacircncerrdquo ldquocacircncer do colo do uacuteterordquo ldquocitologia oncoacuteticardquo e
ldquoprevenccedilatildeordquo
17
4 APRESENTACcedilAtildeO DOS RESULTADOS
41 A promoccedilatildeo da sauacutede das mulheres
Correcirca e Villela (2008) relatam que foi nas primeiras deacutecadas do seacuteculo XX
que o Brasil passou a incorporar a questatildeo da sauacutede da mulher nas poliacuteticas
nacionais cujo enfoque estava em prestar assistecircncia aos filhos das mulheres que
natildeo tinham acesso aos serviccedilos de sauacutede constituindo a atenccedilatildeo preacute-natal como
uacutenica accedilatildeo de caraacuteter universalista com relaccedilatildeo agrave sauacutede da mulher
Com as mudanccedilas na condiccedilatildeo social das mulheres ocorridas ao longo da segunda metade do seacuteculo XX as propostas de atenccedilatildeo materno-infantil mostram-se insuficientes Em 1984 eacute proposto pelo Ministeacuterio da Sauacutede o Programa de Assistecircncia Integral agrave Sauacutede da Mulher (PAISM) visando agrave extensatildeo das accedilotildees baacutesicas em sauacutede da mulher e incluindo entre outras atividades preventivas e de diagnoacutestico do cacircncer do colo do uacutetero e mamaacuterio A assistecircncia integral envolvia o atendimento de todas as necessidades da populaccedilatildeo feminina enfatizando as accedilotildees dirigidas ao controle das patologias mais prevalentes incluindo accedilotildees educativas Poreacutem a implementaccedilatildeo efetiva do Programa natildeo aconteceu como desejado ficando as atividades nos serviccedilos de sauacutede bastante focalizadas nas demandas relativas agrave contracepccedilatildeo acompanhamento da gravidez e ao parto A prevenccedilatildeo e controle do cacircncer ginecoloacutegico continuaram em segundo plano (CORREcircA e VILLELA 2008p1)
Domingos et al (2008 p 1) afirmam que ldquopor meio da promoccedilatildeo da sauacutede
caracterizada como sendo promoccedilatildeo primaacuteria e detecccedilatildeo precoce das lesotildees
precursoras (exame de Papanicolaou) eacute possiacutevel reduzir a mortalidade e
incidecircnciardquo
Em 1997 foi implantado no Paranaacute o Programa de Prevenccedilatildeo do Cacircncer do Colo do Uacutetero que prioriza inicialmente o atendimento da faixa etaacuteria de 30 a 49 anos (a mais acometida pela doenccedila no Estado) atendendo na sequumlecircncia todas as faixas etaacuterias expostas ao risco O intervalo entre os exames para controle dos casos negativos eacute de trecircs anos (DOMINGOS et al 2008 p 1)
42 A prevenccedilatildeo do cacircncer do colo do uacutetero
Narchi Janicas e Fernandes (2007) ensinam que a prevenccedilatildeo do cacircncer
ceacutervico-uterino eacute realizada em dois planos a prevenccedilatildeo primaacuteria e a secundaacuteria Na
forma primaacuteria conforme os autores deve-se atentar para os fatores de risco
18
evitaacuteveis e na atuaccedilatildeo do enfermeiro Jaacute na fase de prevenccedilatildeo secundaacuteria deve ser
feito o rastreamento captaccedilatildeo e identificar a vulnerabilidade do cacircncer
Domingos et al (2007) afirmam que a principal estrateacutegia para a prevenccedilatildeo
primaacuteria da doenccedila eacute o uso de preservativo (masculino ou feminino) durante as
relaccedilotildees sexuais visto que a infecccedilatildeo pelo viacuterus papiloma humano (HPV) estaacute
presente em 90 dos casos A prevenccedilatildeo secundaacuteria eacute realizada por meio do
exame preventivo (Papanicolaou) para a detecccedilatildeo precoce da doenccedila
Albuquerque et al (2007) afirmam que desde 1988 o Ministeacuterio da Sauacutede tem
como objetivo reduzir as taxas de morbimortalidade e com isso adota como norma
a recomendaccedilatildeo da Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede a qual propotildee que seja feito a
cada trecircs anos a realizaccedilatildeo do exame citoloacutegico do colo do uacutetero sendo dois
exames anuais consecutivos negativos para mulheres na faixa de idade de 25 a 59
anos ou que jaacute tenham atividade sexual
Iniciativas como o Programa Viva Mulher lanccedilado em 1996 e o desenvolvimento de campanhas nacionais sistemaacuteticas tecircm contribuiacutedo para o aumento da cobertura do exame no paiacutes Contudo verifica-se que as taxas de incidecircncia e de mortalidade ainda permanecem desafiando as medidas ateacute entatildeo adotadas sinalizando possiacuteveis deficiecircncias na oferta no acesso e na qualidade das referidas accedilotildees (ALBUQUERQUE et al 2007 p 1)
Nakagawa Schirmer e Barbieri (2007) relatam que a associaccedilatildeo do viacuterus
HPV com o cacircncer de colo de uacutetero comeccedilou em 1949 quando o patologista George
Papanicolaou introduziu o exame mais difundido no mundo para detectar a doenccedila
o exame que leva o seu proacuteprio nome ou seja Papanicolaou
De acordo com o desenvolvimento do carcinoma de colo de uacutetero Nakagawa
Schirmer e Barbieri (2007 p 1) afirmam que
Esse exame permitiu identificar mulheres com alteraccedilotildees celulares preacute-maligna possibilitando observar uma associaccedilatildeo da atividade sexual com o desenvolvimento do cacircncer de colo de uacutetero No entanto somente na deacutecada de 70 o conhecimento acerca da etiologia da doenccedila teve consideraacutevel avanccedilo Estudos constataram que tal associaccedilatildeo implicava na presenccedila de um agente etioloacutegico de transmissatildeo sexual Harold zur Hausen um infectologista alematildeo constatou que o Papiloma Viacuterus Humano (viacuterus HPV) poderia ser esse agente estabelecendo inicialmente a relaccedilatildeo do viacuterus com as verrugas e condilomas Somente anos mais tarde o viacuterus foi relacionado com o desenvolvimento do carcinoma de colo de uacutetero (NAKAGAWA SCHIRMER e BARBIERI 2007 p 1)
19
Os autores relatam que devido ao advento da clonagem molecular na deacutecada
de 90 e a utilizaccedilatildeo de tal tecnologia na replicaccedilatildeo do genoma do Papiloma Viacuterus
outros aspectos da infecccedilatildeo foram elucidados
Devido agrave discrepacircncia entre a alta frequumlecircncia de infecccedilotildees HPV em mulheres jovens sexualmente ativas e a ocorrecircncia relativamente baixa de lesotildees cervicais nas mesmas colocou-se em duacutevida a etiologia viral da doenccedila e concluiu-se que a infecccedilatildeo era causa necessaacuteria mas natildeo suficiente para o desenvolvimento da doenccedila uma vez que virtualmente somente uma fraccedilatildeo de mulheres portadoras do viacuterus a desenvolveria Estudos preacutevios jaacute sugeriam que um forte fator diferenciava a progressatildeo ou natildeo da doenccedila sugerindo que isto estaria relacionada aos diversos tipos do viacuterus HPV Estudos posteriores mostraram que a sua progressatildeo depende natildeo somente da presenccedila do viacuterus mas tambeacutem do tipo de viacuterus da persistecircncia da infecccedilatildeo e da evoluccedilatildeo das lesotildees precursoras para o carcinoma invasivo (NAKAGAWA SCHIRMER e BARBIERI 2007 p 1)
Segundo Narchi Janicas e Fernandes (2007) a prevenccedilatildeo primaacuteria do cacircncer
ceacutervico-uterino refere-se agrave reduccedilatildeo da exposiccedilatildeo aos fatores de risco como o iniacutecio
precoce da atividade sexual a multiplicidade de parceiros as doenccedilas sexualmente
transmissiacuteveis especialmente a infecccedilatildeo causada pelo HPV e multiparidade Aleacutem
disso outros fatores tecircm sido relacionados ao cacircncer ceacutervico-uterino em estudos
epidemioloacutegicos ainda natildeo conclusivos dentre eles o uso de anticoncepcional oral
as situaccedilotildees de imunossupressatildeo como diabete lupus corticoterapia e Aids o
tabagismo e a alimentaccedilatildeo pobre em folatos vitaminas A e C e betacaroteno
Atualmente considera-se fundamental a relaccedilatildeo entre o desenvolvimento do cacircncer ceacutervico-uterino e a transmissatildeo sexual HPV Nesse sentido a prevenccedilatildeo primaacuteria tem como foco a praacutetica de sexo seguro No entanto apesar da divulgaccedilatildeo da importacircncia do uso de preservativos para diminuiccedilatildeo potencial do risco de transmissatildeo do HPV observa-se que seu uso depende de uma serie de fatores como o conhecimento a respeito da doenccedila e suas formas de prevenccedilatildeo a percepccedilatildeo de risco de infecccedilatildeo as crenccedilas e valores culturais as iniquidades de gecircnero e como elas se revelam o grau de autonomia e poder de negociaccedilatildeo sexual nas relaccedilotildees afetivo-sexuais acesso ao serviccedilo de sauacutede e a oferta de preservativos (NARCHI JANICAS e FERNANDES 2007 p 129)
Ceacutesar et al (2003) afirmam que exames preventivos perioacutedicos permitem
reduzir em ateacute 70 a sua mortalidade na populaccedilatildeo de risco A faixa etaacuteria mais
acometida vai dos 25 aos 60 anos e o seu mais importante determinante eacute o
papilomaviacuterus humano De acordo com o Instituto Nacional de Cacircncer (INCA)
O Instituto Nacional de Cacircncer (INCA) recomenda o exame citopatoloacutegico para cacircncer de colo uterino a toda mulher com idade entre 20 e 60 anos e que possua vida sexual ativa Inicialmente o exame deve ser feito a cada trecircs anos Em caso de dois resultados negativos para displasia ou
20
neoplasia um novo exame deveraacute ser repetido uma vez a cada trecircs anos (BRASIL 2002 apud CEacuteSAR et al 2003 p 1371)
Narchi Janicas e Fernandes (2007) afirmam que de modo contextual a
prevenccedilatildeo primaacuteria eacute realizada a partir identificaccedilatildeo da presenccedila de fatores de risco
com vistas a prevenir o surgimento da doenccedila Sabe-se que o cacircncer ceacutervico-uterino
haacute muito vem sendo associado ao baixo niacutevel socioeconocircmico tanto a exposiccedilatildeo
aos fatores de risco quanto especialmente pela desigualdade no acesso aos
serviccedilos de sauacutede Essas barreiras satildeo multidimensionais inserindo-se em um
contexto social amplo que a barca desde dificuldades geograacuteficas de informaccedilatildeo
familiares econocircmicas culturais religiosas e emocionais ateacute as relacionadas agraves
poliacuteticas de sauacutede Diante dessa constataccedilatildeo acredita-se que a anaacutelise dos
programas e a proposiccedilatildeo de estrateacutegias devam tambeacutem corresponder agrave amplitude
dos fatores intervenientes
De acordo com as autoras no que diz respeito agrave prevenccedilatildeo primaacuteria o
Programa de Sauacutede da Famiacutelia (PSF) tem importante papel na identificaccedilatildeo de
grupos de mulheres com perfil de risco para desenvolver o cacircncer ceacutervico-uterino e
com base nas necessidades levantadas implementar accedilotildees de intervenccedilatildeo no meio
ambiente e em seus fatores de risco De acordo com as autoras diversas
estrateacutegias podem reduzir os fatores de risco para cacircncer ceacutervico-uterino dentre as
quais destacam-se realizaccedilatildeo de grupos educativos que permitam a discussatildeo de
temas como sexualidade e gecircnero vulnerabilidade e prevenccedilatildeo as DST
planejamento familiar qualidade de vida e prevenccedilatildeo do cacircncer ginecoloacutegico entre
outros As autoras destacam tambeacutem a importacircncia mobilizaccedilatildeo das mulheres para
o autocuidado e a busca de melhor qualidade de vida (grupos de caminhada cultivo
de hortas caseiras por exemplo) valorizaccedilatildeo da integralidade na assistecircncia e no
estiacutemulo a uma participaccedilatildeo ativa das mulheres com atitudes assertivas em relaccedilatildeo
a sauacutede identificaccedilatildeo e minimizaccedilatildeo das dificuldades de acesso ao serviccedilo de
sauacutede sejam elas barreiras individuais e institucionais (NARCHI JANICAS e
FERNANDES 2007)
Ainda conforme as autoras aleacutem das atividades comunitaacuterias que podem ser
realizadas pela equipe de sauacutede da famiacutelia o enfermeiro tambeacutem pode instituir
grupos educativos de coleta ou de resultados da colpocitologia na unidade baacutesica de
sauacutede (UBS) ou na unidade de sauacutede da famiacutelia (USF) abordando temaacuteticas
21
voltadas agrave sexualidade higiene iacutentima prevenccedilatildeo de DST prevenccedilatildeo do cacircncer
ginecoloacutegico e teacutecnica de coleta do exame As autoras afirmam que esses grupos
aleacutem de disponibilizarem um espaccedilo para a socializaccedilatildeo do conhecimento
possibilitam a integraccedilatildeo entre profissionais e pacientes e estimulam o
autoconhecimento do corpo e da sexualidade familiarizando a mulher ao ambiente e
ao exame e minimizando sentimentos negativos como o medo a vergonha o
nervosismo e o constrangimento que por vezes as impedem de aderir ao programa
Essa estrateacutegia seraacute possiacutevel agrave medida que o profissional estiver sensibilizado e
capacitado para implementaacute-la utilizando habilidades de aconselhamento e
abordagem empaacutetica (NARCHI JANICAS e FERNANDES 2007)
O enfermeiro deve ainda avaliar a presenccedila de fatores de risco na consulta
de enfermagem agrave mulher com vistas a realizar as intervenccedilotildees necessaacuterias e o
acompanhamento mais frequente Diante disso eacute recomendado que na consulta de
retorno para recebimento do laudo da colpocitologia seja realizado procedimento de
aconselhamento sobre DST e Aids antes de discutir o resultado e a conduta
No que diz respeito agrave prevenccedilatildeo secundaacuteria do cacircncer ceacutervico-uterino Narchi
Janicas e Fernandes (2007) afirmam que se deve realizar o exame citopatoloacutegico
para que seja feita a detecccedilatildeo do cacircncer in situ ou das lesotildees precursoras trataacuteveis
e curaacuteveis em ateacute 100 dos casos Para as autoras o acolhimento deveraacute ocorrer
em todas as fases da assistecircncia ou seja desde o primeiro contato com a mulher o
que pode ocorrer em seu domiciacutelio quanto no agendamento ao se verificar acerca
do aprazamento da colpocitologia Citam tambeacutem que esse exame tem sido
utilizado em programas de rastreamento do cacircncer ceacutervico-uterino em todo o mundo
(screening) para interromper o ciclo evolutivo da doenccedila detectando-a em fase preacute-
invasiva trataacutevel e curaacutevel Relatam ainda que os paiacuteses que desenvolveram o
programa tanto com identificaccedilatildeo efetiva da populaccedilatildeo de risco qualidade coleta e
na interpretaccedilatildeo dos resultados quanto com tratamento e acompanhamento
adequados dos casos de alto risco lograram reduccedilatildeo significativa na incidecircncia e na
mortalidade por essa patologia
Segundo a OMS para que um programa de rastreamento do cacircncer ceacutervico-
uterino cause impacto epidemioloacutegico eacute necessaacuterio realizar uma cobertura superior a
80 o que representaria um impacto de 50 na reduccedilatildeo da mortalidade por essa
doenccedila Entretanto nos paiacuteses em desenvolvimento como o Brasil a cobertura
22
desse teste ainda natildeo alcanccedilou niacuteveis suficientes e coerentes com as necessidades
da populaccedilatildeo feminina sob maior risco de contrair a doenccedila
Narchi Janicas e Fernandes (2007) relatam que no Brasil as accedilotildees de
intervenccedilatildeo e controle do cacircncer ceacutervico-uterino tecircm sido norteadas pela distribuiccedilatildeo
das lesotildees cervicais segundo as faixas etaacuterias de mulheres mais acometidas pela
doenccedila e pela periodicidade dos exames citopatoloacutegicos seguindo a loacutegica
epidemioloacutegica do risco e da relaccedilatildeo custobenefiacutecio que norteiam as intervenccedilotildees
em sauacutede publica Poreacutem por vaacuterios anos essa cobertura esteve descontextualiza
da no paiacutes de forma a disponibilizar a citopatologia apenas durante o preacute-natal natildeo
atingindo a populaccedilatildeo de mulheres da faixa etaacuteria de maior risco subutilizando os
equipamentos de sauacutede e tornando o programa ineficiente Conforme as autoras
vaacuterios estudos que investigaram os motivos que dificultam a captaccedilatildeo das mulheres
para a prevenccedilatildeo do cacircncer ginecoloacutegico ressaltam a amplitude do problema que
perpassa por diversas esferas assumindo aspecto multidimensional
Narchi Janicas e Fernandes (2007) ressaltam ainda que o modelo
contextual proposto por Pinho amp Franccedila-Junior analisa o acesso e a utilizaccedilatildeo dos
serviccedilos preventivos em trecircs planos individual organizacionalprogramaacutetico e social
dispostos em uma estrutura dinacircmica e relacional Esse modelo propotildee que a
realizaccedilatildeo da colpocitologia seja produto da interaccedilatildeo desses trecircs planos dos quais
emergem os elementos necessaacuterios para definir uma situaccedilatildeo de vulnerabilidade
individual programaacuteticaorganizacional e social do cacircncer ceacutervico-uterino Para as
autoras o plano individual representado por caracteriacutesticas relacionadas agrave
realizaccedilatildeo do exame definiraacute a vulnerabilidade individual da mulher a doenccedila A
vulnerabilidade eacute representada por um conjunto de fatores cognitivos relacionados a
real falta de conhecimento sobre a doenccedila e o exame o que contribui para a
reduccedilatildeo de praacuteticas sexuais seguras e de prevenccedilatildeo secundaacuteria Tal vulnerabilidade
individual pode ser criada e percebida pelas mulheres ou a elas imposta no
momento em que se enfatiza o risco da natildeo-realizaccedilatildeo da colpocitologia em vez da
ecircnfase ao benefiacutecio da accedilatildeo gerando ou reforccedilando sentimento de medo em
relaccedilatildeo ao cacircncer que pode provocar tanto um efeito propulsor que induz a mulher
para a realizaccedilatildeo do exame quanto um efeito mais restritivo ao exame pelo medo
de sentir dor ou de receber um resultado positivo concluem as autoras
23
No plano organizacional ou programaacutetico inserem-se as caracteriacutesticas
relacionadas agrave disponibilidade de serviccedilos de sauacutede em relaccedilatildeo agrave demanda e a sua
acessibilidade geograacutefica a organizaccedilatildeo e as necessidades da populaccedilatildeo usuaacuteria e
ao planejamento das accedilotildees efetivas na prevenccedilatildeo e na promoccedilatildeo a sauacutede sob a
forma de programas organizados de rastreamento do cacircncer cervical que primem
pelo respeito agrave autonomia individual e pela abordagem integral mulher (NARCHI
JANICAS e FERNANDES 2007)
Ainda segundo os autores um dos fatores que contribuem para a baixa
adesatildeo das mulheres ao programa eacute a falta de humanizaccedilatildeo na assistecircncia pois a
violecircncia institucional sofrida pelas mulheres durante a consulta ginecoloacutegica pode
ser traduzida pela humilhaccedilatildeo por constrangimento e pela forma fria e
despersonalizada com que satildeo atendidas sem serem esclarecidas quanto ao
resultado do exame ou por realizarem tratamentos por vaacuterios anos sem sequer
terem noccedilatildeo dos seus objetivos Isso submete a mulher a uma assistecircncia
medicalizada e indigna na qual se perde a oportunidade de investir em prevenccedilatildeo
primaacuteria (NARCHI JANICAS E FERNANDES 2007)
De acordo com Dias-da-Costa et al (2003) quando se fala acerca da sauacutede
puacuteblica eacute sabido que a efetividade do programa de controle do cacircncer de colo do
uacutetero depende da cobertura populacional alcanccedilada Poreacutem no Brasil a avaliaccedilatildeo
da efetividade de programas de prevenccedilatildeo e accedilotildees de sauacutede puacuteblica ainda eacute
considerada incipiente
43 Contexto histoacuterico da citologia oncoacutetica
Montemor et al (2008 p 45) relatam que na eacutepoca em que a citologia
ginecoloacutegica estava em desenvolvimento agrave ideacuteia preponderante entre os
ginecologistas era que sendo o colo uterino facilmente acessiacutevel agrave bioacutepsia dava-se
preferecircncia ao estudo histoloacutegico pois a citologia ainda carecia de credibilidade
diagnoacutestica
Os autores afirmam que foi Aureli Babes um patologista romeno em 1928
que sugeriu que fosse feita a coleta direta de material do colo uterino para o
diagnoacutestico do cacircncer sendo que o mesmo foi o primeiro pesquisador que
descreveu de forma minuciosa a teacutecnica de coleta utilizando a coloraccedilatildeo atraveacutes do
24
meacutetodo de Giemsa Entretanto ainda de acordo com os autores foi George
Nicholas Papanicolaou um grego nascido em 1883 em Kymi na ilha grega de
Euboea que se aprofundou nos estudos acerca da citologia ginecoloacutegica o qual em
1913 se fixou nos Eua como pesquisador do laboratoacuterio do Hospital de Nova Iorque
Segundo os autores Neste sentido os autores afirmam que
Papanicolaou quando estudava as alteraccedilotildees hormonais das ceacutelulas nas diferentes fases do ciclo menstrual observou que tambeacutem era possiacutevel o diagnoacutestico das ceacutelulas tumorais do colo uterino Em 1941 publicou no American Journal of Obstetrics and Gynecology em co-autoria com Traut um trabalho com o tiacutetulo de O valor diagnoacutestico dos esfregaccedilos vaginais no carcinoma do uacutetero Nessa publicaccedilatildeo mostra a possibilidade de fazer diagnoacutestico de carcinoma do colo uterino atraveacutes de ceacutelulas atiacutepicas presentes nos esfregaccedilos bem como enfatiza a necessidade de aplicar esse meacutetodo simples e de baixo custo a um grande nuacutemero de mulheres O meacutetodo de coloraccedilatildeo dos esfregaccedilos citoloacutegicos que leva o nome de ldquoColoraccedilatildeo de Papanicolaourdquo eacute ainda hoje largamente utilizado (MONTEMOR et al 2008 p 46)
Os autores relatam ainda que em meados de 1940 o J Ernest Ayre um
meacutedico canadense utilizou uma espaacutetula a qual leva o seu nome para obter
raspados do colo uterino possibilitando dessa forma uma maneira praacutetica e
eficiente de coleta de material para a realizaccedilatildeo de exames em grande escala
(MONTEMOR et al 2008) De acordo com Tavares et al (2007) o exame
citopatoloacutegico foi sugerido como uma ferramenta para a detecccedilatildeo precoce do cacircncer
do colo do uacutetero em 1941
Conforme Hackenhaar Ceacutesar e Domingues (2006) a prevenccedilatildeo considerada
como secundaacuteria do cacircncer do colo uterino tem se centralizado no rastreamento de
mulheres sexualmente ativas atraveacutes do exame citopatoloacutegico do colo uterino O
qual foi adotado para rastreamento na deacutecada de 50 em vaacuterios paiacuteses uma vez que
identifica lesotildees preacute-cancerosas que se tratadas minimizam a incidecircncia de
carcinoma invasor e com isso a mortalidade pelo cacircncer de colo uterino Segundo
os autores
Em 1998 o Ministeacuterio da Sauacutede do Brasil estabeleceu que o exame para a detecccedilatildeo precoce do cacircncer do colo uterino deveria ser realizado por mulheres com idade entre 25 e 60 anos ou antes desta faixa etaacuteria caso jaacute tivessem mantido relaccedilotildees sexuais Para estas mulheres a periodicidade deveria ser de trecircs em trecircs anos se os dois primeiros exames realizados a cada ano fossem normais Em 2002 ocorreu a fase de intensificaccedilatildeo da campanha que tinha por objetivo realizar exames nas mulheres de 35 a 49 anos que nunca haviam realizado este tipo de exame ou que o houvessem
25
realizado haacute mais de trecircs anos (HACKENHAAR CEacuteSAR e DOMINGUES 2006 p 1)
44 Conceitos e caracteriacutesticas do exame de prevenccedilatildeo do cacircncer
Conforme Montemor et al (2008) o exame citopatoloacutegico tambeacutem conhecido
como exame Papanicolaou ou ainda exame preventivo do cacircncer do colo do uacutetero
tem como objetivo a anaacutelise das ceacutelulas obtidas por raspagem do colo uterino
(ectoceacutervice e canal endocervical) com as quais eacute realizado esfregaccedilo sobre uma
lacircmina de vidro De acordo com os autores as caracteriacutesticas morfoloacutegicas das
ceacutelulas satildeo observadas ao microscoacutepio e quando alteradas ou seja quando estatildeo
diferentes daquelas consideradas normais sugerem tratar-se de processo preacute-
neoplaacutesico ou neoplaacutesico Os autores afirmam ainda que atualmente o exame
citopatoloacutegico eacute o meacutetodo de rastreamento para cacircncer do colo uterino mais utilizado
em todo o mundo
De acordo com Tavares (2007) o exame citopatoloacutegico eacute considerado um
meacutetodo eficiente pois tem a habilidade de identificar lesotildees precursoras do cacircncer
do colo do uacutetero que naquele momento satildeo trataacuteveis podendo resultar em
significante decreacutescimo da mortalidade por esse tipo de cacircncer
45 O cacircncer do colo do uacutetero
Segundo Zeferino (2008) o cacircncer do colo uterino tem sido um desafio para a
sauacutede puacuteblica na reduccedilatildeo de morte de mulheres por causa desse mal uma vez que
se trata de uma doenccedila que pode ser evitada por meio do diagnoacutestico e do
tratamento de suas lesotildees precursoras Neste sentido Narchi Janicas e Fernandes
(2007) concordam com Zeferino (2008) quando afirmam que o cacircncer chamado por
eles de cacircncer ceacutervico-uterino vem sendo alvo de atenccedilatildeo por parte da comunidade
cientiacutefica devido ocupar lugar de destaque no que diz respeito agraves elevadas taxas de
morbidade e mortalidade entre a populaccedilatildeo feminina principalmente em paiacuteses em
desenvolvimento uma vez que trata-se de um tipo de cacircncer que estaacute relacionado
ao perfil epidemioloacutegico das mulheres cuja frequecircncia dos fatores de risco e do grau
de implementaccedilatildeo de accedilotildees de curto e longo prazos em todos os niacuteveis de atenccedilatildeo
26
De acordo com Hackenhaar Ceacutesar e Domingues (2006 p1) ldquoo cacircncer do
colo uterino eacute um problema de sauacutede puacuteblica mundialrdquo Segundo os autores
Em 2000 havia uma estimativa de 468000 casos com 233000 mortes por este tipo de cacircncer em todo o mundo Destas mortes 80 ocorreriam nos paiacuteses em desenvolvimento No Brasil o cacircncer de colo uterino representa a segunda maior causa de morte por cacircncer entre as mulheres (HACKENHAAR CEacuteSAR e DOMINGUES 2006 p 1)
Por meio do controle perioacutedico utilizando-se o exame citoloacutegico eacute possiacutevel
reduzir sua incidecircncia pois dados da Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede (OMS)
afirmam que a cada ano surgem cerca de 500 mil novos casos de cacircncer do colo
uterino por ano no mundo todo sendo que mais de 400 mil ocorrem em paiacuteses em
desenvolvimento (ZEFERINO 2008) Este dado eacute confirmado por Ceacutesar et al
(2003) quando os autores afirmam que cerca de 80 dos casos de cacircncer de colo
uterino ocorrem nos paiacuteses pobres
Domingos et al (2007 p 1) explicam que ldquoo cacircncer de colo de uacutetero eacute uma
doenccedila de evoluccedilatildeo lenta levando em meacutedia 14 anos para sua evoluccedilatildeo total
Inicia-se com alteraccedilotildees miacutenimas nas ceacutelulas denominadas displasia e se natildeo
forem tratadas estas alteraccedilotildees evoluemrdquo De acordo com os autores
Com o desenvolvimento da doenccedila em meacutedia trecircs anos apoacutes a constataccedilatildeo das primeiras alteraccedilotildees celulares surge um tumor localizado chamado carcinoma in situ Este cacircncer desenvolve-se por mais seis anos invadindo a mucosa do uacutetero quando recebe o nome de carcinoma invasor Apoacutes 14 anos das primeiras alteraccedilotildees celulares o cacircncer atinge a forma mais grave com o aparecimento de metaacutestase espalhando-se assim por outras regiotildees do corpo (DOMINGOS et al 2007 p 1)
Conforme Rodrigues Neto Figueiredo e Siqueira (2008 p 1) o cacircncer tem
sido responsaacutevel por seis milhotildees de mortes por ano correspondendo a 12 das
mortes mundiais ldquoEstima-se a ocorrecircncia de mais de dez milhotildees de novos casos
de cacircncer por ano sendo que para o ano de 2020 espera-se que haja mais de 15
milhotildees de casos novosrdquo Para os autores
O cacircncer do colo do uacutetero (CCU) ocupa o 2ordm lugar na incidecircncia mundial de neoplasias estando atraacutes apenas do cacircncer de mama Por ano no mundo ocorrem cerca de 235 mil mortes devido ao CCU sendo 218 mil em paiacuteses considerados pobres ou emergentes(4) onde ocorre quase 60 dos casos novos de cacircncer ocupando um lugar de destaque nas taxas de morbimortalidade entre a populaccedilatildeo feminina Ressalta-se que na Ameacuterica Latina se encontram as mais altas taxas de incidecircncia desta doenccedila
27
representando uma das causas de oacutebito mais frequumlente entre as mulheres [] Natildeo considerando os carcinomas de pele natildeo melanoma o CCU eacute o mais incidente na Regiatildeo Norte (22100000) Jaacute nas regiotildees Sul (24100000) Centro-Oeste (19100000) e Nordeste (18100000) ocupa a segunda posiccedilatildeo e no Sudeste (18100000) a quarta posiccedilatildeo estando assim associado a regiotildees brasileiras de baixo niacutevel socioeconocircmico (RODRIGUES NETO FIGUEIREDO e SIQUEIRA 2008 p 1)
Dentre os fatores causadores e facilitadores desse tipo de cacircncer Ceacutesar et al
(2003) citam fatores reprodutivos maternos tais como iniacutecio precoce de atividade
sexual e comportamento sexual masculino baixo niacutevel socioeconocircmico muacuteltiplos
parceiros sexuais higiene sexual precaacuteria ocorrecircncia de abortos (particularmente os
induzidos) alcoolismo e tabagismo e uso de anticoncepcional oral Domingos et al
(2007 p 1) afirmam que ldquoo cacircncer do colo do uacutetero eacute um dos maiores problemas da
sauacutede da mulher em todo o mundo Estima-se que a cada ano ocorram no mundo
493000 novos casos da doenccedila e 274000 mortesrdquo
ldquoSegundo dados do Ministeacuterio da Sauacutede (MS) no ano de 2002 4091
mulheres morreram no Brasil vitimadas por este tipo de cacircncer Destas 297
ocorreram no Estado do Paranaacute na faixa etaacuteria de 30 a 49 anosrdquo (DOMINGOS et al
2007 p 1)
Zeferino (2008) relata que no Brasil o cacircncer do colo uterino eacute o terceiro mais
frequumlente o qual eacute superado apenas pelos cacircnceres de pele e de mama Trata-se
da quarta causa de oacutebito entre as mulheres superado apenas pelos cacircnceres de
mama do pulmatildeo e do coacutelon-reto No ano de 2003 foram registradas 4110 mortes
com cacircncer de colo uterino correspondendo a 7 do total dos oacutebitos devido a
cacircncer em mulheres De acordo com o autor
Cerca de 90 dos cacircnceres de colo uterino originaram-se de ceacutelulas escamosas sendo chamados de carcinomas escamosos ou carcinomas epidermoacuteides e outros 10 originaram-se de ceacutelulas glandulares sendo entatildeo chamados de adenocarcinomas Raramente podem aparecer os dois tipos de ceacutelulas e satildeo chamados carcinomas adenoescamosos Todavia tem sido observado que a proporccedilatildeo de adenocarcinoma do colo uterino tem aumentado nas uacuteltimas deacutecadas particularmente em mulheres jovens (BULK et al 2005 apud ZEFERINO 2008 p 68)
Segundo dados do INCA (2002 apud Ceacutesar et al 2003 p 1366) ldquono Brasil
o cacircncer de colo uterino eacute o segundo entre os tumores ginecoloacutegicos malignos e o
terceiro mais comum na populaccedilatildeo feminina Representa 10 de todos os cacircnceres
malignos em mulheresrdquo
28
De acordo com Albuquerque et al (2009) ldquoa infecccedilatildeo preacutevia pelo papiloma
viacuterus humano (HPV) tem sido apontada como o principal fator de risco para o cacircncer
de colo de uacuteterordquo Fatores como iniacutecio precoce da atividade sexual multiplicidade de
parceiros sexuais uso de contraceptivos orais tabagismo situaccedilatildeo conjugal e baixa
condiccedilatildeo soacutecio-econocircmica tecircm sido apontados como fatores de risco importantes
para o desenvolvimento dessa neoplasia
Narchi Janicas e Fernandes (2007) relatam que o cacircncer ceacutervico-uterino tem
sua origem a partir de uma lesatildeo intra-epitelial progressiva a qual pode evoluir para
um cacircncer invasivo dentro de um prazo em torno de 10 a 20 anos caso natildeo seja
oferecido tratamento
Conforme as autoras durante o periacuteodo de evoluccedilatildeo da doenccedila ela passa por
fases preacute-cliacutenicas detectaacuteveis e curaacuteveis lhe conferindo elevado potencial de
prevenccedilatildeo e cura Corresponde a cerca de 15 de todos os cacircnceres femininos
sendo o segundo tipo mais comum entre as mulheres Ainda na visatildeo das autoras a
mortalidade pelo cacircncer ceacutervico-uterino pode ser evitada devido agrave lenta evoluccedilatildeo da
doenccedila e devido aos recursos tecnoloacutegicos o diagnoacutestico e o tratamento oportunos
das lesotildees precursoras as quais satildeo curaacuteveis em ateacute 100 dos casos Entretanto
conforme as autoras mesmo o Brasil ter sido um dos primeiros paiacuteses a realizar os
exames de colpocitologia e colposcopia esse tipo de cacircncer ainda continua sendo
um seacuterio problema de sauacutede puacuteblica por manter uma das mais elevadas taxas de
oacutebito como pode ser verificado a seguir
No Brasil as accedilotildees de controle do cacircncer ginecoloacutegico iniciaram-se de forma programaacutetica em 1983 eacutepoca de implantaccedilatildeo do Programa de Assistecircncia Integral agrave Sauacutede da Mulher (PAISM) que representou uma ampliaccedilatildeo do foco de assistecircncia agrave mulher para aleacutem do ciclo graviacutedico-puerperal No entanto apesar das recomendaccedilotildees de implantaccedilatildeo ou ampliaccedilatildeo das atividades de diagnoacutestico do cacircncer ceacutervico-uterino e de educativas com vistas agrave prevenccedilatildeo da doenccedila por mais de uma deacutecada as accedilotildees de combate a essa doenccedila foram desenvolvidas no paiacutes de forma desarticulada por iniciativa de apenas alguns Estados e municiacutepios (NARCHI JANICAS e FERNANDES 2007 p 128)
Os autores pesquisados nesta revisatildeo narrativa serviram de subsiacutedios para a
elaboraccedilatildeo do plano de accedilatildeo apresentado no proacuteximo capiacutetulo cujo objetivo eacute
aumentar a cobertura do exame de prevenccedilatildeo do cacircncer do colo do uacutetero no Centro
de Sauacutede Felicidade II
29
5 PLANO DE ACcedilAtildeO PARA A AMPLIACcedilAtildeO DA COBERTURA DO EXAME COLPOCITOLOacuteGICO NO CENTRO DE SAUacuteDE FELICIDADE II
De acordo com a atividade realizada no Moacutedulo da Sauacutede da Mulher foram
constatados alguns problemas em relaccedilatildeo agrave cobertura do exame colpocitoloacutegico no
Centro de Sauacutede Felicidade II o qual apresentou em 2009 baixa cobertura A partir
daiacute foram detectados outros fatores que contribuem para o baixo iacutendice de
cobertura aqueacutem do que eacute preconizado pela Secretaacuteria Municipal de Sauacutede Neste
sentido o plano de accedilatildeo descrito no Quadro 1 vem propor estrateacutegias visando
ampliar da cobertura do exame colpocitoloacutegico e minimizar os problemas levantados
Acredita-se que por meio da implantaccedilatildeo do plano de accedilatildeo sugerido o
Centro de Sauacutede Felicidade II teraacute maior e melhor desempenho de sua equipe
alcanccedilando com isso o aprimoramento no atendimento da populaccedilatildeo alvo da
instituiccedilatildeo
30
QUADRO1 - PLANO DE ACcedilAtildeO PARA AUMENTAR A COBERTURA DO EXAME DE PREVEN9AO DO COLO DO UTERO PARA A EQUIPE DE SAUDE DO CENTRO DE SAUDE FELICIDADE II
PROBLEMA ATIVIDADES ACcedilOtildeES META RESPONSAVEL PERIODO
As ACS sentem inseguros para orientar agraves mulheres em relaccedilatildeo aos cuidados para realizar o exame preventivo por falta de conhecimento
Educaccedilatildeo em Sauacutede
Capacitaccedilatildeo da equipe sobre a importacircncia do exame colpocitoloacutegico
Nivelar o conhecimento dos membros da equipe
Municiacutepio Gerecircncia Regional de Sauacutede
Outubro2011
Enfermeiro natildeo se sente capacitado para a realizaccedilatildeo do exame de Papanicolaou
Capacitaccedilatildeo Teacutecnica do enfermeiro para a realizaccedilatildeo do exame de Papanicolaou
Solicitar agrave Ginecologista enfermeira treinamentocapacitaccedilatildeo do enfermeiro
Instrumentalizar o enfermeiro para a realizaccedilatildeo coleta de material
Enfermeira de outra Unidade Baacutesica de Sauacutede Meacutedico Ginecologista
Outubro2011
Baixo iacutendice de cobertura do exame citoloacutegico
Elaboraccedilatildeo de um instrumento para coleta de dados para identificar as mulheres de 25 a 59 anos na aacuterea de abrangecircncia do centro de sauacutede e tambeacutem para levantar quais os fatores que impeditivos para a realizaccedilatildeo do exame Incluir as mulheres identificadas no arquivo rotativo
Visita domiciliar
Visitar todas as mulheres dentro da aacuterea de abrangecircncia da UBS
ACS Novembro2011 Dezembro2011
Baixo iacutendice de cobertura do exame citoloacutegico
Agendamento da consulta de enfermagem consulta meacutedica para atender as prioridades levantadas no diagnoacutestico da atividade anterior para realizaccedilatildeo do exame Priorizar mulheres que nunca fizeram o exame ou que fizeram a mais de trecircs anos
Visita domiciliar Consulta de Enfermagem e consulta meacutedica
Orientar as mulheres sobre o exame preventivo Realizar o exame
ACS Meacutedico e enfermeira
Janeiro2012
31
O agendamento das consultas e marcado para datas muito distantes o que geralmente faz com que a mulher esqueccedila
Comunicaccedilatildeo da data do exame com antecedecircncia
Elaborar uma forma de entrar em contato com a paciente cinco dias antes da consulta agendada
Diminuir o iacutendice de ausecircncia agraves consultas
ACS Novembro2011
Desconhecimento das mulheres sobre o exame preventivo e os cuidados preparativos para o exame
Orientaccedilatildeo das mulheres sobre o exame e os cuidados preparativos para o exame
Criar um informativo contendo as orientaccedilotildees sobre o exame e os cuidados para serem entregue as usuaacuterias no momento da visita do ACS para informaacute-las da data e horaacuterio da consulta
Orientar todas usuaacuterias
Enfermeiro ACS
Janeiro2011
Entrega de resultados dos preventivos sem alteraccediloespelos ACSrsquos
Entrega do resultado do exame
Agendar um dia na semana para a entrega dos resultados dos exames Todos os exames deveratildeo ser vistos pelo enfermeiro Aqueles que apresentarem alguma alteraccedilatildeo a paciente deve ser encaminhada ao meacutedico Teacutecnico de Enfermagem Enfermeiro
Orientar as usuaacuterias
Os exames com resultados normais seratildeo entregues pelo teacutecnico de enfermagem Aqueles que apresentarem alguma alteraccedilatildeo seratildeo entregues pelo enfermeiro que deveraacute fazer os devidos encaminhamentos quando necessaacuterios
Dezembro2011
Entrega dos resultados de exames com alteraccedilotildees apoacutes consultas de retorno agendadas para usuaacuterias
Orientaccedilatildeo encaminhamento e acompanhamento da usuaacuteria
Visita domicilar Consulta de enfermagemconsulta meacutedica
Avaliar o estado de sauacutede da mulher Acompanhamento e orientaccedilotildees
Meacutedico e enfermeira Janeiro2012
Monitoramento e acompanhamento
- Agendamentos anuais - Elaboraccedilatildeo um arquivo rotativo - Estabelecimento de Indicadores de acompanhamento e
- Controlar a marcaccedilatildeo de consulta no intervalo de trecircs anos se apoacutes dois anos consecutivos de coleta os resultados forem negativos para
Monitorar o exame preventivo Acompanhar o estado de sauacutede das mulheres pela
Enfermeira e Teacutecnico de enfermagem
Novembro2011
32
avaliaccedilatildeo das accedilotildees votadas agrave sauacutede da mulher pela equipe de sauacutede
displasia ou neoplasia - Fazer a busca das usuaacuterias faltosas aos exames e consultas
equipe
Falta de interesse e conscientizaccedilatildeo em relaccedilatildeo agrave importacircncia do exame preventivo
Atendimento de Grupos Retomar o grupo de mulheres onde seratildeo abordados temas relativos agrave sauacutede da mulher Realizar orientaccedilotildees por meio de palestras nos grupos operativos
Conscientizar as mulheres sobre a importacircncia da realizaccedilatildeo do exame
Equipe de Sauacutede Fevereiro2012
Consulta eacute marcada com um meacutedico do sexo masculino
Agendamento com o enfermeiro quando possiacutevel
Reforccedilar com a paciente que durante a consulta estaraacute presente uma Auxiliar de Enfermagem
Diminuir a evasatildeo do exame prevenccedilatildeo Diminuir a resistecircncia ao atendimento masculino
Disponibilizar uma auxiliar ou teacutecnica de enfemagem para acompanhar o meacutedico durante o exame
Dezembro2011
Falta disponibilidade de horaacuterios mais flexiacuteveis pois haacute concentraccedilatildeo de horaacuterio pela manhatilde
Adequaccedilatildeo da Agenda Alteraccedilotildees na agenda com horaacuterios para adequar agraves necessidades dos usuaacuterios
Marcar os exames preventivos para o horaacuterio da tarde
Enfermeira e meacutedico Janeiro2012
33
6 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
A poliacutetica da sauacutede tem como principal objetivo promover mudanccedilas no intuito
de melhorar o niacutevel da sauacutede da populaccedilatildeo Diante dos resultados apurados nesse
estudo percebe-se a necessidade das intervenccedilotildees a serem efetuadas no Centro de
Sauacutede Felicidade II visando melhorar o iacutendice de cobertura dos exames
preventivos
Assim a realidade percebida no Centro de Sauacutede Felicidade II eacute que o
desempenho da equipe exerce grande impacto no desenvolvimento das accedilotildees
alcanccedilando dessa forma o objetivo de contribuir com o aprimoramento e a
consolidaccedilatildeo da assistecircncia agrave sauacutede da populaccedilatildeo
Como problemas levantados em relaccedilatildeo a baixa cobertura da prevenccedilatildeo do
cacircncer do colo do uacutetero identificamos as seguintes o ACS sentir inseguro para
orientar agraves mulheres em relaccedilatildeo aos cuidados para realizar o exame preventivo a
falta de capacitaccedilatildeo teacutecnica para o enfermeiro realizar o exame de Papanicolaou
consultas agendadas para datas muito distantes fazendo com que a mulher se
esqueccedila do diadesconhecimento das mulheres sobre o exame preventivo e os
cuidados preparativos para o mesmo falta de interesse e conscientizaccedilatildeo em
relaccedilatildeo agrave importacircncia do exame preventivo por parte das usuaacuteriaspudor da mulher
diante do profissional de sexo masculino e falta de disponibilidade de horaacuterios mais
flexiacuteveis com concentraccedilatildeo das consultas no horaacuterio da manhatilde
A partir dos problemas levantados foram propostas as atividades accedilotildees
metas e os responsaacuteveis pelas atividades no sentido de ampliar a cobertura das
mulheres por meio da participaccedilatildeo de toda a equipe de sauacutede Desse modo foi
muito importante tambeacutem a elaboraccedilatildeo das estrateacutegias para que o nuacutemero de
usuaacuterias seja aumentado Neste sentido destaca-se o papel do enfermeiro como
parte integrante da equipe de sauacutede e que desempenha um importante papel na
promoccedilatildeo da prevenccedilatildeo educaccedilatildeo e melhorias constantes nos serviccedilos oferecidos
agrave populaccedilatildeo
Nesta direccedilatildeo o Centro de Sauacutede Felicidade II deve se preocupar com a
capacitaccedilatildeo de seus funcionaacuterios com a organizaccedilatildeo do processo de trabalho das
equipes bem com um investimento maior nas accedilotildees de promoccedilatildeo e prevenccedilatildeo da
saude conforme abordado neste estudo
34
Desse modo cabe a todos os profissionais atuar mais na prevenccedilatildeo
promoccedilatildeo e recuperaccedilatildeo por meio de praacuteticas educativas promovendo campanhas
palestras sobre a sauacutede da mulher fornecendo orientaccedilotildees durante as consultas
para que se possa reverter o quadro de baixo iacutendice de cobertura no exame
preventivo de cacircncer do colo do uacutetero alcance assim a cobertura preconizada pela
Secretaacuteria de Sauacutede o que vai refletir na melhoria da assistecircncia a sauacutede agrave mulher
35
REFEREcircNCIAS ALBUQUERQUE KM et al Cobertura do Teste de Papanicolau e Fatores associados agrave Natildeo-Realizaccedilatildeo um olhar sobre o Programa de Prevenccedilatildeo do Cacircncer do Colo do Uacutetero em Pernambuco Brasil Caderno de Sauacutede Puacuteblica v 25 supl 2 Rio de Janeiro 2009 Disponiacutevel em lthttpwwwscielosporgscielophpscript=sci_arttextamppid=S0102-311X2009001400012gt Acesso em 6 nov 2010 BELO HORIZONTE Secretaria Municipal de Sauacutede Prevenccedilatildeo e Controle do Cacircncer do Colo de Uacutetero Belo Horizonte 2008 BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede O Programa Sauacutede da Famiacutelia e a Atenccedilatildeo Baacutesica no Brasil Brasiacutelia 2002 Disponiacutevel em lthttpwwwccssaudegovbrsaudebatea portamostravirtualpublicacoespsf_atencaobasicapdfgt Acesso em 01 abr 2010 CEacuteSAR JA et al Fatores Associados agrave natildeo Realizaccedilatildeo de Exame Citopatoloacutegico de Colo Uterino no Extremo Sul do Brasil Caderno de Sauacutede Puacuteblica Rio de Janeiro v19n5 p1365-1372 setout 2003 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrpdf0Dcspv19n517808pdfgt Acesso em 16 jul 2010 CORREcircA DA D VILLELA WV O Controle do Cacircncer do Colo do Uacutetero desafios para implementaccedilatildeo de accedilotildees programaacuteticas no Amazonas Brasil Rev bras sauacutede matern infantil v8 n4p491-497 outdez 2008 DIAS-DA-COSTA J S et al Cobertura do Exame Citopatoloacutegico na Cidade de Pelotas Rio Grande do Sul Brasil Caderno de Sauacutede Puacuteblica Rio de Janeiro v19 n1 p191-197 janfev 2003 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrpdfcspv19n114919pdfgt Acesso em 16 jul 2010 DOMINGOS ACP et al Cacircncer do Colo do Uacutetero comportamento preventivo de auto-cuidado agrave sauacutede Revista Ciecircncia Cuidado e Sauacutede 6 (Suplem 2) p 397-403 2007 Disponiacutevel em lthttpperiodicosuembrojsindexphpCiencCuidSaudearticleviewFile53373385gt Acesso em 5 nov 2010 HACKENHAAR AAC JURACI A DOMINGUES MR Exame Citopatoloacutegico de Colo Uterino em Mulheres com Idade entre 20 e 59 anos em Pelotas RS prevalecircncia foco e fatores associados agrave sua natildeo realizaccedilatildeo Revista Brasileira de EpidemiologiaSatildeo Paulo v9n1 Mar 2006 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S1415-790X2006000100013gt Acesso em 16 jul 2010 MONTEMOR EBL et al Controle do Cacircncer de Colo de Uacutetero o exame citopatoloacutegico In LOPES MHBde M (org) Enfermagem na Sauacutede da Mulher Goiacircnia AB 2006 p 45-65 NAKAGAWA JTT SCHIRMER J BARBIERI M Viacuterua HPV e Cacircncer de Colo de Uacutetero Revista Brasileira de Enfermagem v 63 n 2 Brasiacutelia marabri 2010
36
Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S0034-71672010000200021gt Acesso em 6 nov 2010 NARCHI NZ JANICAS Rde CS V FERNANDES RAacuteQ Prevenccedilatildeo e Controle do Cacircncer Ceacutervico-Uterino In FERNANDES RAacuteQ NARCHI NZ Enfermagem e Sauacutede da Mulher Barueri SP Manole 2007 p 127-149 NUacuteCLEO DE EDUCACcedilAtildeO EM SAUacuteDE COLETIVA ndash NESCON Faculdade de Medicina ndash UFMG Belo Horizonte Disponiacutevel em lthttpwwwnesconmedicinaufmgbrgt Acesso em 12 dez 2009 PINTO CAG COELHO IB BH Vida pensando a implantaccedilatildeo da Estrateacutegia de Sauacutede da Famiacutelia na cidade de Belo Horizonte passados 10 anos lthttpxayimgcomkqgroups15983109953140003nameImplantacao+do+BH+VIDA+-+Carlos+Gama+e+Ivan+Coelho5B15Dpdf gt Acesso em 01 mar 2011 RODRIGUES NETO JF FIGUEIREDO MFS SIQUEIRA LG Exame Citopatoloacutegico do Colo do Uacutetero fatores associados a natildeo realizaccedilatildeo em ESF Revista Eletrocircnica de Enfermagem 10 (3) 610-21 2008 Disponiacutevel em lthttpwwwfenufgbrrevistav10n3pdfv10n3a07pdfgt Acesso em 17 jul 2010 TAVARES SB do N et al Controle da Qualidade em Citopatologia Cervical revisatildeo de literatura Revista Brasileira de Cancerologia 53(3) 355-364 2007 Disponiacutevel em lthttpwwwincagovbrrbcn_53v03pdfrevisao6pdfgt Acesso em 17 jul 2010 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA Regulamento de Orientaccedilatildeo Do Trabalho De Conclusatildeo De Curso Do Curso De Licenciatura Em Letras ndashPORTUGUEcircS-ESPANHOL Disponiacutevel em lt httpwwwuepgbruepg_departamentosdeletpdfREG20PORT20ESPANHOLpdf gt Acesso em 23 set 2011 ZEFERINO L Prevenccedilatildeo e Controle do Cacircncer Ceacutervico-Uterino In LOPES MHB de M (org) Enfermagem na Sauacutede da Mulher Goiacircnia AB p 67-80 2006
14
mulher que tem ou jaacute teve atividade sexual deve submeter-se ao exame preventivo
ateacute os 69 anos de idade (BELO HORIZONTE 2008)
Destaca-se ainda que a importacircncia do exame consiste no fato de que eacute
nessa oportunidade que o profissional avalia a sauacutede sexual e reprodutiva da
mulher pois tais fatores raramente satildeo considerados durante uma consulta cliacutenica
geral Ressalta-se tambeacutem que o acesso das mulheres ao exame colpocitoloacutegico faz parte da garantia de direitos legalmente constituiacutedos com a ampliaccedilatildeo dos
serviccedilos de promoccedilatildeo prevenccedilatildeo e assistecircncia ao cacircncer de colo de uacutetero
Espera-se que este estudo possa contribuir para a humanizaccedilatildeo da atenccedilatildeo agrave
sauacutede da mulher proporcionando um olhar mais amplo e integral sobre o estado de
sauacutede das mulheres e seus determinantes sociais Para tal buscar-se-aacute sensibilizar
a equipe do Centro de Sauacutede Felicidade II quanto agrave importacircncia da assistecircncia
integral agrave sauacutede da mulher promover a educaccedilatildeo em sauacutede para as usuaacuterias quanto
agrave importacircncia de realizar o exame preventivo de cacircncer de colo do uacutetero expandir a
agenda de consultas de assistecircncia agrave mulher garantindo aumento da cobertura de
exames preventivos e proporcionar educaccedilatildeo permanente agrave toda a equipe em
especial os ACS para uma abordagem humanizada eficaz e efetiva das usuaacuterias
15
2 OBJETIVOS
21 Geral Elaborar um plano de accedilatildeo para ampliar a cobertura do exame colpocitoloacutegico
no Centro de Sauacutede Felicidade II da Secretaria Municipal de Sauacutede de Belo
Horizonte MG promovendo assim a melhoria das condiccedilotildees de vida e sauacutede das
mulheres
22 Especiacutefico
Realizar uma revisatildeo de literatura sobre a promoccedilatildeo da sauacutede das mulheres
dando ecircnfase agrave prevenccedilatildeo do cacircncer do colo do uacutetero no sentido de subsidiar o
plano de accedilatildeo
16
3 METODOLOGIA
Trata-se de um estudo bibliograacutefico tipo revisatildeo narrativa com natureza
compreensiva do tema proposto realizada por meio da consultas a livros e artigos
em revistas cientiacuteficas do acervo de bibliotecas e base de dados virtuais no sentido
de subsidiar a elaboraccedilatildeo de um plano de accedilatildeo para o Centro de Sauacutede Felicidade
II buscando ampliar a cobertura do exame de Papanicolaou
A busca foi efetuada nas bases de dados SCIELO (Scientific Electronic
Library Online) MEDLINE(Medical Literature Analysis and Retrieval System Online -
Sistema Online de Busca e Anaacutelise de Literatura Meacutedica) LILACS (Literatura Latino-
americana em ciecircncia da Sauacutede) e outras Foram utilizados os descritores ldquosauacutede
das mulheresrdquo ldquocacircncerrdquo ldquocacircncer do colo do uacuteterordquo ldquocitologia oncoacuteticardquo e
ldquoprevenccedilatildeordquo
17
4 APRESENTACcedilAtildeO DOS RESULTADOS
41 A promoccedilatildeo da sauacutede das mulheres
Correcirca e Villela (2008) relatam que foi nas primeiras deacutecadas do seacuteculo XX
que o Brasil passou a incorporar a questatildeo da sauacutede da mulher nas poliacuteticas
nacionais cujo enfoque estava em prestar assistecircncia aos filhos das mulheres que
natildeo tinham acesso aos serviccedilos de sauacutede constituindo a atenccedilatildeo preacute-natal como
uacutenica accedilatildeo de caraacuteter universalista com relaccedilatildeo agrave sauacutede da mulher
Com as mudanccedilas na condiccedilatildeo social das mulheres ocorridas ao longo da segunda metade do seacuteculo XX as propostas de atenccedilatildeo materno-infantil mostram-se insuficientes Em 1984 eacute proposto pelo Ministeacuterio da Sauacutede o Programa de Assistecircncia Integral agrave Sauacutede da Mulher (PAISM) visando agrave extensatildeo das accedilotildees baacutesicas em sauacutede da mulher e incluindo entre outras atividades preventivas e de diagnoacutestico do cacircncer do colo do uacutetero e mamaacuterio A assistecircncia integral envolvia o atendimento de todas as necessidades da populaccedilatildeo feminina enfatizando as accedilotildees dirigidas ao controle das patologias mais prevalentes incluindo accedilotildees educativas Poreacutem a implementaccedilatildeo efetiva do Programa natildeo aconteceu como desejado ficando as atividades nos serviccedilos de sauacutede bastante focalizadas nas demandas relativas agrave contracepccedilatildeo acompanhamento da gravidez e ao parto A prevenccedilatildeo e controle do cacircncer ginecoloacutegico continuaram em segundo plano (CORREcircA e VILLELA 2008p1)
Domingos et al (2008 p 1) afirmam que ldquopor meio da promoccedilatildeo da sauacutede
caracterizada como sendo promoccedilatildeo primaacuteria e detecccedilatildeo precoce das lesotildees
precursoras (exame de Papanicolaou) eacute possiacutevel reduzir a mortalidade e
incidecircnciardquo
Em 1997 foi implantado no Paranaacute o Programa de Prevenccedilatildeo do Cacircncer do Colo do Uacutetero que prioriza inicialmente o atendimento da faixa etaacuteria de 30 a 49 anos (a mais acometida pela doenccedila no Estado) atendendo na sequumlecircncia todas as faixas etaacuterias expostas ao risco O intervalo entre os exames para controle dos casos negativos eacute de trecircs anos (DOMINGOS et al 2008 p 1)
42 A prevenccedilatildeo do cacircncer do colo do uacutetero
Narchi Janicas e Fernandes (2007) ensinam que a prevenccedilatildeo do cacircncer
ceacutervico-uterino eacute realizada em dois planos a prevenccedilatildeo primaacuteria e a secundaacuteria Na
forma primaacuteria conforme os autores deve-se atentar para os fatores de risco
18
evitaacuteveis e na atuaccedilatildeo do enfermeiro Jaacute na fase de prevenccedilatildeo secundaacuteria deve ser
feito o rastreamento captaccedilatildeo e identificar a vulnerabilidade do cacircncer
Domingos et al (2007) afirmam que a principal estrateacutegia para a prevenccedilatildeo
primaacuteria da doenccedila eacute o uso de preservativo (masculino ou feminino) durante as
relaccedilotildees sexuais visto que a infecccedilatildeo pelo viacuterus papiloma humano (HPV) estaacute
presente em 90 dos casos A prevenccedilatildeo secundaacuteria eacute realizada por meio do
exame preventivo (Papanicolaou) para a detecccedilatildeo precoce da doenccedila
Albuquerque et al (2007) afirmam que desde 1988 o Ministeacuterio da Sauacutede tem
como objetivo reduzir as taxas de morbimortalidade e com isso adota como norma
a recomendaccedilatildeo da Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede a qual propotildee que seja feito a
cada trecircs anos a realizaccedilatildeo do exame citoloacutegico do colo do uacutetero sendo dois
exames anuais consecutivos negativos para mulheres na faixa de idade de 25 a 59
anos ou que jaacute tenham atividade sexual
Iniciativas como o Programa Viva Mulher lanccedilado em 1996 e o desenvolvimento de campanhas nacionais sistemaacuteticas tecircm contribuiacutedo para o aumento da cobertura do exame no paiacutes Contudo verifica-se que as taxas de incidecircncia e de mortalidade ainda permanecem desafiando as medidas ateacute entatildeo adotadas sinalizando possiacuteveis deficiecircncias na oferta no acesso e na qualidade das referidas accedilotildees (ALBUQUERQUE et al 2007 p 1)
Nakagawa Schirmer e Barbieri (2007) relatam que a associaccedilatildeo do viacuterus
HPV com o cacircncer de colo de uacutetero comeccedilou em 1949 quando o patologista George
Papanicolaou introduziu o exame mais difundido no mundo para detectar a doenccedila
o exame que leva o seu proacuteprio nome ou seja Papanicolaou
De acordo com o desenvolvimento do carcinoma de colo de uacutetero Nakagawa
Schirmer e Barbieri (2007 p 1) afirmam que
Esse exame permitiu identificar mulheres com alteraccedilotildees celulares preacute-maligna possibilitando observar uma associaccedilatildeo da atividade sexual com o desenvolvimento do cacircncer de colo de uacutetero No entanto somente na deacutecada de 70 o conhecimento acerca da etiologia da doenccedila teve consideraacutevel avanccedilo Estudos constataram que tal associaccedilatildeo implicava na presenccedila de um agente etioloacutegico de transmissatildeo sexual Harold zur Hausen um infectologista alematildeo constatou que o Papiloma Viacuterus Humano (viacuterus HPV) poderia ser esse agente estabelecendo inicialmente a relaccedilatildeo do viacuterus com as verrugas e condilomas Somente anos mais tarde o viacuterus foi relacionado com o desenvolvimento do carcinoma de colo de uacutetero (NAKAGAWA SCHIRMER e BARBIERI 2007 p 1)
19
Os autores relatam que devido ao advento da clonagem molecular na deacutecada
de 90 e a utilizaccedilatildeo de tal tecnologia na replicaccedilatildeo do genoma do Papiloma Viacuterus
outros aspectos da infecccedilatildeo foram elucidados
Devido agrave discrepacircncia entre a alta frequumlecircncia de infecccedilotildees HPV em mulheres jovens sexualmente ativas e a ocorrecircncia relativamente baixa de lesotildees cervicais nas mesmas colocou-se em duacutevida a etiologia viral da doenccedila e concluiu-se que a infecccedilatildeo era causa necessaacuteria mas natildeo suficiente para o desenvolvimento da doenccedila uma vez que virtualmente somente uma fraccedilatildeo de mulheres portadoras do viacuterus a desenvolveria Estudos preacutevios jaacute sugeriam que um forte fator diferenciava a progressatildeo ou natildeo da doenccedila sugerindo que isto estaria relacionada aos diversos tipos do viacuterus HPV Estudos posteriores mostraram que a sua progressatildeo depende natildeo somente da presenccedila do viacuterus mas tambeacutem do tipo de viacuterus da persistecircncia da infecccedilatildeo e da evoluccedilatildeo das lesotildees precursoras para o carcinoma invasivo (NAKAGAWA SCHIRMER e BARBIERI 2007 p 1)
Segundo Narchi Janicas e Fernandes (2007) a prevenccedilatildeo primaacuteria do cacircncer
ceacutervico-uterino refere-se agrave reduccedilatildeo da exposiccedilatildeo aos fatores de risco como o iniacutecio
precoce da atividade sexual a multiplicidade de parceiros as doenccedilas sexualmente
transmissiacuteveis especialmente a infecccedilatildeo causada pelo HPV e multiparidade Aleacutem
disso outros fatores tecircm sido relacionados ao cacircncer ceacutervico-uterino em estudos
epidemioloacutegicos ainda natildeo conclusivos dentre eles o uso de anticoncepcional oral
as situaccedilotildees de imunossupressatildeo como diabete lupus corticoterapia e Aids o
tabagismo e a alimentaccedilatildeo pobre em folatos vitaminas A e C e betacaroteno
Atualmente considera-se fundamental a relaccedilatildeo entre o desenvolvimento do cacircncer ceacutervico-uterino e a transmissatildeo sexual HPV Nesse sentido a prevenccedilatildeo primaacuteria tem como foco a praacutetica de sexo seguro No entanto apesar da divulgaccedilatildeo da importacircncia do uso de preservativos para diminuiccedilatildeo potencial do risco de transmissatildeo do HPV observa-se que seu uso depende de uma serie de fatores como o conhecimento a respeito da doenccedila e suas formas de prevenccedilatildeo a percepccedilatildeo de risco de infecccedilatildeo as crenccedilas e valores culturais as iniquidades de gecircnero e como elas se revelam o grau de autonomia e poder de negociaccedilatildeo sexual nas relaccedilotildees afetivo-sexuais acesso ao serviccedilo de sauacutede e a oferta de preservativos (NARCHI JANICAS e FERNANDES 2007 p 129)
Ceacutesar et al (2003) afirmam que exames preventivos perioacutedicos permitem
reduzir em ateacute 70 a sua mortalidade na populaccedilatildeo de risco A faixa etaacuteria mais
acometida vai dos 25 aos 60 anos e o seu mais importante determinante eacute o
papilomaviacuterus humano De acordo com o Instituto Nacional de Cacircncer (INCA)
O Instituto Nacional de Cacircncer (INCA) recomenda o exame citopatoloacutegico para cacircncer de colo uterino a toda mulher com idade entre 20 e 60 anos e que possua vida sexual ativa Inicialmente o exame deve ser feito a cada trecircs anos Em caso de dois resultados negativos para displasia ou
20
neoplasia um novo exame deveraacute ser repetido uma vez a cada trecircs anos (BRASIL 2002 apud CEacuteSAR et al 2003 p 1371)
Narchi Janicas e Fernandes (2007) afirmam que de modo contextual a
prevenccedilatildeo primaacuteria eacute realizada a partir identificaccedilatildeo da presenccedila de fatores de risco
com vistas a prevenir o surgimento da doenccedila Sabe-se que o cacircncer ceacutervico-uterino
haacute muito vem sendo associado ao baixo niacutevel socioeconocircmico tanto a exposiccedilatildeo
aos fatores de risco quanto especialmente pela desigualdade no acesso aos
serviccedilos de sauacutede Essas barreiras satildeo multidimensionais inserindo-se em um
contexto social amplo que a barca desde dificuldades geograacuteficas de informaccedilatildeo
familiares econocircmicas culturais religiosas e emocionais ateacute as relacionadas agraves
poliacuteticas de sauacutede Diante dessa constataccedilatildeo acredita-se que a anaacutelise dos
programas e a proposiccedilatildeo de estrateacutegias devam tambeacutem corresponder agrave amplitude
dos fatores intervenientes
De acordo com as autoras no que diz respeito agrave prevenccedilatildeo primaacuteria o
Programa de Sauacutede da Famiacutelia (PSF) tem importante papel na identificaccedilatildeo de
grupos de mulheres com perfil de risco para desenvolver o cacircncer ceacutervico-uterino e
com base nas necessidades levantadas implementar accedilotildees de intervenccedilatildeo no meio
ambiente e em seus fatores de risco De acordo com as autoras diversas
estrateacutegias podem reduzir os fatores de risco para cacircncer ceacutervico-uterino dentre as
quais destacam-se realizaccedilatildeo de grupos educativos que permitam a discussatildeo de
temas como sexualidade e gecircnero vulnerabilidade e prevenccedilatildeo as DST
planejamento familiar qualidade de vida e prevenccedilatildeo do cacircncer ginecoloacutegico entre
outros As autoras destacam tambeacutem a importacircncia mobilizaccedilatildeo das mulheres para
o autocuidado e a busca de melhor qualidade de vida (grupos de caminhada cultivo
de hortas caseiras por exemplo) valorizaccedilatildeo da integralidade na assistecircncia e no
estiacutemulo a uma participaccedilatildeo ativa das mulheres com atitudes assertivas em relaccedilatildeo
a sauacutede identificaccedilatildeo e minimizaccedilatildeo das dificuldades de acesso ao serviccedilo de
sauacutede sejam elas barreiras individuais e institucionais (NARCHI JANICAS e
FERNANDES 2007)
Ainda conforme as autoras aleacutem das atividades comunitaacuterias que podem ser
realizadas pela equipe de sauacutede da famiacutelia o enfermeiro tambeacutem pode instituir
grupos educativos de coleta ou de resultados da colpocitologia na unidade baacutesica de
sauacutede (UBS) ou na unidade de sauacutede da famiacutelia (USF) abordando temaacuteticas
21
voltadas agrave sexualidade higiene iacutentima prevenccedilatildeo de DST prevenccedilatildeo do cacircncer
ginecoloacutegico e teacutecnica de coleta do exame As autoras afirmam que esses grupos
aleacutem de disponibilizarem um espaccedilo para a socializaccedilatildeo do conhecimento
possibilitam a integraccedilatildeo entre profissionais e pacientes e estimulam o
autoconhecimento do corpo e da sexualidade familiarizando a mulher ao ambiente e
ao exame e minimizando sentimentos negativos como o medo a vergonha o
nervosismo e o constrangimento que por vezes as impedem de aderir ao programa
Essa estrateacutegia seraacute possiacutevel agrave medida que o profissional estiver sensibilizado e
capacitado para implementaacute-la utilizando habilidades de aconselhamento e
abordagem empaacutetica (NARCHI JANICAS e FERNANDES 2007)
O enfermeiro deve ainda avaliar a presenccedila de fatores de risco na consulta
de enfermagem agrave mulher com vistas a realizar as intervenccedilotildees necessaacuterias e o
acompanhamento mais frequente Diante disso eacute recomendado que na consulta de
retorno para recebimento do laudo da colpocitologia seja realizado procedimento de
aconselhamento sobre DST e Aids antes de discutir o resultado e a conduta
No que diz respeito agrave prevenccedilatildeo secundaacuteria do cacircncer ceacutervico-uterino Narchi
Janicas e Fernandes (2007) afirmam que se deve realizar o exame citopatoloacutegico
para que seja feita a detecccedilatildeo do cacircncer in situ ou das lesotildees precursoras trataacuteveis
e curaacuteveis em ateacute 100 dos casos Para as autoras o acolhimento deveraacute ocorrer
em todas as fases da assistecircncia ou seja desde o primeiro contato com a mulher o
que pode ocorrer em seu domiciacutelio quanto no agendamento ao se verificar acerca
do aprazamento da colpocitologia Citam tambeacutem que esse exame tem sido
utilizado em programas de rastreamento do cacircncer ceacutervico-uterino em todo o mundo
(screening) para interromper o ciclo evolutivo da doenccedila detectando-a em fase preacute-
invasiva trataacutevel e curaacutevel Relatam ainda que os paiacuteses que desenvolveram o
programa tanto com identificaccedilatildeo efetiva da populaccedilatildeo de risco qualidade coleta e
na interpretaccedilatildeo dos resultados quanto com tratamento e acompanhamento
adequados dos casos de alto risco lograram reduccedilatildeo significativa na incidecircncia e na
mortalidade por essa patologia
Segundo a OMS para que um programa de rastreamento do cacircncer ceacutervico-
uterino cause impacto epidemioloacutegico eacute necessaacuterio realizar uma cobertura superior a
80 o que representaria um impacto de 50 na reduccedilatildeo da mortalidade por essa
doenccedila Entretanto nos paiacuteses em desenvolvimento como o Brasil a cobertura
22
desse teste ainda natildeo alcanccedilou niacuteveis suficientes e coerentes com as necessidades
da populaccedilatildeo feminina sob maior risco de contrair a doenccedila
Narchi Janicas e Fernandes (2007) relatam que no Brasil as accedilotildees de
intervenccedilatildeo e controle do cacircncer ceacutervico-uterino tecircm sido norteadas pela distribuiccedilatildeo
das lesotildees cervicais segundo as faixas etaacuterias de mulheres mais acometidas pela
doenccedila e pela periodicidade dos exames citopatoloacutegicos seguindo a loacutegica
epidemioloacutegica do risco e da relaccedilatildeo custobenefiacutecio que norteiam as intervenccedilotildees
em sauacutede publica Poreacutem por vaacuterios anos essa cobertura esteve descontextualiza
da no paiacutes de forma a disponibilizar a citopatologia apenas durante o preacute-natal natildeo
atingindo a populaccedilatildeo de mulheres da faixa etaacuteria de maior risco subutilizando os
equipamentos de sauacutede e tornando o programa ineficiente Conforme as autoras
vaacuterios estudos que investigaram os motivos que dificultam a captaccedilatildeo das mulheres
para a prevenccedilatildeo do cacircncer ginecoloacutegico ressaltam a amplitude do problema que
perpassa por diversas esferas assumindo aspecto multidimensional
Narchi Janicas e Fernandes (2007) ressaltam ainda que o modelo
contextual proposto por Pinho amp Franccedila-Junior analisa o acesso e a utilizaccedilatildeo dos
serviccedilos preventivos em trecircs planos individual organizacionalprogramaacutetico e social
dispostos em uma estrutura dinacircmica e relacional Esse modelo propotildee que a
realizaccedilatildeo da colpocitologia seja produto da interaccedilatildeo desses trecircs planos dos quais
emergem os elementos necessaacuterios para definir uma situaccedilatildeo de vulnerabilidade
individual programaacuteticaorganizacional e social do cacircncer ceacutervico-uterino Para as
autoras o plano individual representado por caracteriacutesticas relacionadas agrave
realizaccedilatildeo do exame definiraacute a vulnerabilidade individual da mulher a doenccedila A
vulnerabilidade eacute representada por um conjunto de fatores cognitivos relacionados a
real falta de conhecimento sobre a doenccedila e o exame o que contribui para a
reduccedilatildeo de praacuteticas sexuais seguras e de prevenccedilatildeo secundaacuteria Tal vulnerabilidade
individual pode ser criada e percebida pelas mulheres ou a elas imposta no
momento em que se enfatiza o risco da natildeo-realizaccedilatildeo da colpocitologia em vez da
ecircnfase ao benefiacutecio da accedilatildeo gerando ou reforccedilando sentimento de medo em
relaccedilatildeo ao cacircncer que pode provocar tanto um efeito propulsor que induz a mulher
para a realizaccedilatildeo do exame quanto um efeito mais restritivo ao exame pelo medo
de sentir dor ou de receber um resultado positivo concluem as autoras
23
No plano organizacional ou programaacutetico inserem-se as caracteriacutesticas
relacionadas agrave disponibilidade de serviccedilos de sauacutede em relaccedilatildeo agrave demanda e a sua
acessibilidade geograacutefica a organizaccedilatildeo e as necessidades da populaccedilatildeo usuaacuteria e
ao planejamento das accedilotildees efetivas na prevenccedilatildeo e na promoccedilatildeo a sauacutede sob a
forma de programas organizados de rastreamento do cacircncer cervical que primem
pelo respeito agrave autonomia individual e pela abordagem integral mulher (NARCHI
JANICAS e FERNANDES 2007)
Ainda segundo os autores um dos fatores que contribuem para a baixa
adesatildeo das mulheres ao programa eacute a falta de humanizaccedilatildeo na assistecircncia pois a
violecircncia institucional sofrida pelas mulheres durante a consulta ginecoloacutegica pode
ser traduzida pela humilhaccedilatildeo por constrangimento e pela forma fria e
despersonalizada com que satildeo atendidas sem serem esclarecidas quanto ao
resultado do exame ou por realizarem tratamentos por vaacuterios anos sem sequer
terem noccedilatildeo dos seus objetivos Isso submete a mulher a uma assistecircncia
medicalizada e indigna na qual se perde a oportunidade de investir em prevenccedilatildeo
primaacuteria (NARCHI JANICAS E FERNANDES 2007)
De acordo com Dias-da-Costa et al (2003) quando se fala acerca da sauacutede
puacuteblica eacute sabido que a efetividade do programa de controle do cacircncer de colo do
uacutetero depende da cobertura populacional alcanccedilada Poreacutem no Brasil a avaliaccedilatildeo
da efetividade de programas de prevenccedilatildeo e accedilotildees de sauacutede puacuteblica ainda eacute
considerada incipiente
43 Contexto histoacuterico da citologia oncoacutetica
Montemor et al (2008 p 45) relatam que na eacutepoca em que a citologia
ginecoloacutegica estava em desenvolvimento agrave ideacuteia preponderante entre os
ginecologistas era que sendo o colo uterino facilmente acessiacutevel agrave bioacutepsia dava-se
preferecircncia ao estudo histoloacutegico pois a citologia ainda carecia de credibilidade
diagnoacutestica
Os autores afirmam que foi Aureli Babes um patologista romeno em 1928
que sugeriu que fosse feita a coleta direta de material do colo uterino para o
diagnoacutestico do cacircncer sendo que o mesmo foi o primeiro pesquisador que
descreveu de forma minuciosa a teacutecnica de coleta utilizando a coloraccedilatildeo atraveacutes do
24
meacutetodo de Giemsa Entretanto ainda de acordo com os autores foi George
Nicholas Papanicolaou um grego nascido em 1883 em Kymi na ilha grega de
Euboea que se aprofundou nos estudos acerca da citologia ginecoloacutegica o qual em
1913 se fixou nos Eua como pesquisador do laboratoacuterio do Hospital de Nova Iorque
Segundo os autores Neste sentido os autores afirmam que
Papanicolaou quando estudava as alteraccedilotildees hormonais das ceacutelulas nas diferentes fases do ciclo menstrual observou que tambeacutem era possiacutevel o diagnoacutestico das ceacutelulas tumorais do colo uterino Em 1941 publicou no American Journal of Obstetrics and Gynecology em co-autoria com Traut um trabalho com o tiacutetulo de O valor diagnoacutestico dos esfregaccedilos vaginais no carcinoma do uacutetero Nessa publicaccedilatildeo mostra a possibilidade de fazer diagnoacutestico de carcinoma do colo uterino atraveacutes de ceacutelulas atiacutepicas presentes nos esfregaccedilos bem como enfatiza a necessidade de aplicar esse meacutetodo simples e de baixo custo a um grande nuacutemero de mulheres O meacutetodo de coloraccedilatildeo dos esfregaccedilos citoloacutegicos que leva o nome de ldquoColoraccedilatildeo de Papanicolaourdquo eacute ainda hoje largamente utilizado (MONTEMOR et al 2008 p 46)
Os autores relatam ainda que em meados de 1940 o J Ernest Ayre um
meacutedico canadense utilizou uma espaacutetula a qual leva o seu nome para obter
raspados do colo uterino possibilitando dessa forma uma maneira praacutetica e
eficiente de coleta de material para a realizaccedilatildeo de exames em grande escala
(MONTEMOR et al 2008) De acordo com Tavares et al (2007) o exame
citopatoloacutegico foi sugerido como uma ferramenta para a detecccedilatildeo precoce do cacircncer
do colo do uacutetero em 1941
Conforme Hackenhaar Ceacutesar e Domingues (2006) a prevenccedilatildeo considerada
como secundaacuteria do cacircncer do colo uterino tem se centralizado no rastreamento de
mulheres sexualmente ativas atraveacutes do exame citopatoloacutegico do colo uterino O
qual foi adotado para rastreamento na deacutecada de 50 em vaacuterios paiacuteses uma vez que
identifica lesotildees preacute-cancerosas que se tratadas minimizam a incidecircncia de
carcinoma invasor e com isso a mortalidade pelo cacircncer de colo uterino Segundo
os autores
Em 1998 o Ministeacuterio da Sauacutede do Brasil estabeleceu que o exame para a detecccedilatildeo precoce do cacircncer do colo uterino deveria ser realizado por mulheres com idade entre 25 e 60 anos ou antes desta faixa etaacuteria caso jaacute tivessem mantido relaccedilotildees sexuais Para estas mulheres a periodicidade deveria ser de trecircs em trecircs anos se os dois primeiros exames realizados a cada ano fossem normais Em 2002 ocorreu a fase de intensificaccedilatildeo da campanha que tinha por objetivo realizar exames nas mulheres de 35 a 49 anos que nunca haviam realizado este tipo de exame ou que o houvessem
25
realizado haacute mais de trecircs anos (HACKENHAAR CEacuteSAR e DOMINGUES 2006 p 1)
44 Conceitos e caracteriacutesticas do exame de prevenccedilatildeo do cacircncer
Conforme Montemor et al (2008) o exame citopatoloacutegico tambeacutem conhecido
como exame Papanicolaou ou ainda exame preventivo do cacircncer do colo do uacutetero
tem como objetivo a anaacutelise das ceacutelulas obtidas por raspagem do colo uterino
(ectoceacutervice e canal endocervical) com as quais eacute realizado esfregaccedilo sobre uma
lacircmina de vidro De acordo com os autores as caracteriacutesticas morfoloacutegicas das
ceacutelulas satildeo observadas ao microscoacutepio e quando alteradas ou seja quando estatildeo
diferentes daquelas consideradas normais sugerem tratar-se de processo preacute-
neoplaacutesico ou neoplaacutesico Os autores afirmam ainda que atualmente o exame
citopatoloacutegico eacute o meacutetodo de rastreamento para cacircncer do colo uterino mais utilizado
em todo o mundo
De acordo com Tavares (2007) o exame citopatoloacutegico eacute considerado um
meacutetodo eficiente pois tem a habilidade de identificar lesotildees precursoras do cacircncer
do colo do uacutetero que naquele momento satildeo trataacuteveis podendo resultar em
significante decreacutescimo da mortalidade por esse tipo de cacircncer
45 O cacircncer do colo do uacutetero
Segundo Zeferino (2008) o cacircncer do colo uterino tem sido um desafio para a
sauacutede puacuteblica na reduccedilatildeo de morte de mulheres por causa desse mal uma vez que
se trata de uma doenccedila que pode ser evitada por meio do diagnoacutestico e do
tratamento de suas lesotildees precursoras Neste sentido Narchi Janicas e Fernandes
(2007) concordam com Zeferino (2008) quando afirmam que o cacircncer chamado por
eles de cacircncer ceacutervico-uterino vem sendo alvo de atenccedilatildeo por parte da comunidade
cientiacutefica devido ocupar lugar de destaque no que diz respeito agraves elevadas taxas de
morbidade e mortalidade entre a populaccedilatildeo feminina principalmente em paiacuteses em
desenvolvimento uma vez que trata-se de um tipo de cacircncer que estaacute relacionado
ao perfil epidemioloacutegico das mulheres cuja frequecircncia dos fatores de risco e do grau
de implementaccedilatildeo de accedilotildees de curto e longo prazos em todos os niacuteveis de atenccedilatildeo
26
De acordo com Hackenhaar Ceacutesar e Domingues (2006 p1) ldquoo cacircncer do
colo uterino eacute um problema de sauacutede puacuteblica mundialrdquo Segundo os autores
Em 2000 havia uma estimativa de 468000 casos com 233000 mortes por este tipo de cacircncer em todo o mundo Destas mortes 80 ocorreriam nos paiacuteses em desenvolvimento No Brasil o cacircncer de colo uterino representa a segunda maior causa de morte por cacircncer entre as mulheres (HACKENHAAR CEacuteSAR e DOMINGUES 2006 p 1)
Por meio do controle perioacutedico utilizando-se o exame citoloacutegico eacute possiacutevel
reduzir sua incidecircncia pois dados da Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede (OMS)
afirmam que a cada ano surgem cerca de 500 mil novos casos de cacircncer do colo
uterino por ano no mundo todo sendo que mais de 400 mil ocorrem em paiacuteses em
desenvolvimento (ZEFERINO 2008) Este dado eacute confirmado por Ceacutesar et al
(2003) quando os autores afirmam que cerca de 80 dos casos de cacircncer de colo
uterino ocorrem nos paiacuteses pobres
Domingos et al (2007 p 1) explicam que ldquoo cacircncer de colo de uacutetero eacute uma
doenccedila de evoluccedilatildeo lenta levando em meacutedia 14 anos para sua evoluccedilatildeo total
Inicia-se com alteraccedilotildees miacutenimas nas ceacutelulas denominadas displasia e se natildeo
forem tratadas estas alteraccedilotildees evoluemrdquo De acordo com os autores
Com o desenvolvimento da doenccedila em meacutedia trecircs anos apoacutes a constataccedilatildeo das primeiras alteraccedilotildees celulares surge um tumor localizado chamado carcinoma in situ Este cacircncer desenvolve-se por mais seis anos invadindo a mucosa do uacutetero quando recebe o nome de carcinoma invasor Apoacutes 14 anos das primeiras alteraccedilotildees celulares o cacircncer atinge a forma mais grave com o aparecimento de metaacutestase espalhando-se assim por outras regiotildees do corpo (DOMINGOS et al 2007 p 1)
Conforme Rodrigues Neto Figueiredo e Siqueira (2008 p 1) o cacircncer tem
sido responsaacutevel por seis milhotildees de mortes por ano correspondendo a 12 das
mortes mundiais ldquoEstima-se a ocorrecircncia de mais de dez milhotildees de novos casos
de cacircncer por ano sendo que para o ano de 2020 espera-se que haja mais de 15
milhotildees de casos novosrdquo Para os autores
O cacircncer do colo do uacutetero (CCU) ocupa o 2ordm lugar na incidecircncia mundial de neoplasias estando atraacutes apenas do cacircncer de mama Por ano no mundo ocorrem cerca de 235 mil mortes devido ao CCU sendo 218 mil em paiacuteses considerados pobres ou emergentes(4) onde ocorre quase 60 dos casos novos de cacircncer ocupando um lugar de destaque nas taxas de morbimortalidade entre a populaccedilatildeo feminina Ressalta-se que na Ameacuterica Latina se encontram as mais altas taxas de incidecircncia desta doenccedila
27
representando uma das causas de oacutebito mais frequumlente entre as mulheres [] Natildeo considerando os carcinomas de pele natildeo melanoma o CCU eacute o mais incidente na Regiatildeo Norte (22100000) Jaacute nas regiotildees Sul (24100000) Centro-Oeste (19100000) e Nordeste (18100000) ocupa a segunda posiccedilatildeo e no Sudeste (18100000) a quarta posiccedilatildeo estando assim associado a regiotildees brasileiras de baixo niacutevel socioeconocircmico (RODRIGUES NETO FIGUEIREDO e SIQUEIRA 2008 p 1)
Dentre os fatores causadores e facilitadores desse tipo de cacircncer Ceacutesar et al
(2003) citam fatores reprodutivos maternos tais como iniacutecio precoce de atividade
sexual e comportamento sexual masculino baixo niacutevel socioeconocircmico muacuteltiplos
parceiros sexuais higiene sexual precaacuteria ocorrecircncia de abortos (particularmente os
induzidos) alcoolismo e tabagismo e uso de anticoncepcional oral Domingos et al
(2007 p 1) afirmam que ldquoo cacircncer do colo do uacutetero eacute um dos maiores problemas da
sauacutede da mulher em todo o mundo Estima-se que a cada ano ocorram no mundo
493000 novos casos da doenccedila e 274000 mortesrdquo
ldquoSegundo dados do Ministeacuterio da Sauacutede (MS) no ano de 2002 4091
mulheres morreram no Brasil vitimadas por este tipo de cacircncer Destas 297
ocorreram no Estado do Paranaacute na faixa etaacuteria de 30 a 49 anosrdquo (DOMINGOS et al
2007 p 1)
Zeferino (2008) relata que no Brasil o cacircncer do colo uterino eacute o terceiro mais
frequumlente o qual eacute superado apenas pelos cacircnceres de pele e de mama Trata-se
da quarta causa de oacutebito entre as mulheres superado apenas pelos cacircnceres de
mama do pulmatildeo e do coacutelon-reto No ano de 2003 foram registradas 4110 mortes
com cacircncer de colo uterino correspondendo a 7 do total dos oacutebitos devido a
cacircncer em mulheres De acordo com o autor
Cerca de 90 dos cacircnceres de colo uterino originaram-se de ceacutelulas escamosas sendo chamados de carcinomas escamosos ou carcinomas epidermoacuteides e outros 10 originaram-se de ceacutelulas glandulares sendo entatildeo chamados de adenocarcinomas Raramente podem aparecer os dois tipos de ceacutelulas e satildeo chamados carcinomas adenoescamosos Todavia tem sido observado que a proporccedilatildeo de adenocarcinoma do colo uterino tem aumentado nas uacuteltimas deacutecadas particularmente em mulheres jovens (BULK et al 2005 apud ZEFERINO 2008 p 68)
Segundo dados do INCA (2002 apud Ceacutesar et al 2003 p 1366) ldquono Brasil
o cacircncer de colo uterino eacute o segundo entre os tumores ginecoloacutegicos malignos e o
terceiro mais comum na populaccedilatildeo feminina Representa 10 de todos os cacircnceres
malignos em mulheresrdquo
28
De acordo com Albuquerque et al (2009) ldquoa infecccedilatildeo preacutevia pelo papiloma
viacuterus humano (HPV) tem sido apontada como o principal fator de risco para o cacircncer
de colo de uacuteterordquo Fatores como iniacutecio precoce da atividade sexual multiplicidade de
parceiros sexuais uso de contraceptivos orais tabagismo situaccedilatildeo conjugal e baixa
condiccedilatildeo soacutecio-econocircmica tecircm sido apontados como fatores de risco importantes
para o desenvolvimento dessa neoplasia
Narchi Janicas e Fernandes (2007) relatam que o cacircncer ceacutervico-uterino tem
sua origem a partir de uma lesatildeo intra-epitelial progressiva a qual pode evoluir para
um cacircncer invasivo dentro de um prazo em torno de 10 a 20 anos caso natildeo seja
oferecido tratamento
Conforme as autoras durante o periacuteodo de evoluccedilatildeo da doenccedila ela passa por
fases preacute-cliacutenicas detectaacuteveis e curaacuteveis lhe conferindo elevado potencial de
prevenccedilatildeo e cura Corresponde a cerca de 15 de todos os cacircnceres femininos
sendo o segundo tipo mais comum entre as mulheres Ainda na visatildeo das autoras a
mortalidade pelo cacircncer ceacutervico-uterino pode ser evitada devido agrave lenta evoluccedilatildeo da
doenccedila e devido aos recursos tecnoloacutegicos o diagnoacutestico e o tratamento oportunos
das lesotildees precursoras as quais satildeo curaacuteveis em ateacute 100 dos casos Entretanto
conforme as autoras mesmo o Brasil ter sido um dos primeiros paiacuteses a realizar os
exames de colpocitologia e colposcopia esse tipo de cacircncer ainda continua sendo
um seacuterio problema de sauacutede puacuteblica por manter uma das mais elevadas taxas de
oacutebito como pode ser verificado a seguir
No Brasil as accedilotildees de controle do cacircncer ginecoloacutegico iniciaram-se de forma programaacutetica em 1983 eacutepoca de implantaccedilatildeo do Programa de Assistecircncia Integral agrave Sauacutede da Mulher (PAISM) que representou uma ampliaccedilatildeo do foco de assistecircncia agrave mulher para aleacutem do ciclo graviacutedico-puerperal No entanto apesar das recomendaccedilotildees de implantaccedilatildeo ou ampliaccedilatildeo das atividades de diagnoacutestico do cacircncer ceacutervico-uterino e de educativas com vistas agrave prevenccedilatildeo da doenccedila por mais de uma deacutecada as accedilotildees de combate a essa doenccedila foram desenvolvidas no paiacutes de forma desarticulada por iniciativa de apenas alguns Estados e municiacutepios (NARCHI JANICAS e FERNANDES 2007 p 128)
Os autores pesquisados nesta revisatildeo narrativa serviram de subsiacutedios para a
elaboraccedilatildeo do plano de accedilatildeo apresentado no proacuteximo capiacutetulo cujo objetivo eacute
aumentar a cobertura do exame de prevenccedilatildeo do cacircncer do colo do uacutetero no Centro
de Sauacutede Felicidade II
29
5 PLANO DE ACcedilAtildeO PARA A AMPLIACcedilAtildeO DA COBERTURA DO EXAME COLPOCITOLOacuteGICO NO CENTRO DE SAUacuteDE FELICIDADE II
De acordo com a atividade realizada no Moacutedulo da Sauacutede da Mulher foram
constatados alguns problemas em relaccedilatildeo agrave cobertura do exame colpocitoloacutegico no
Centro de Sauacutede Felicidade II o qual apresentou em 2009 baixa cobertura A partir
daiacute foram detectados outros fatores que contribuem para o baixo iacutendice de
cobertura aqueacutem do que eacute preconizado pela Secretaacuteria Municipal de Sauacutede Neste
sentido o plano de accedilatildeo descrito no Quadro 1 vem propor estrateacutegias visando
ampliar da cobertura do exame colpocitoloacutegico e minimizar os problemas levantados
Acredita-se que por meio da implantaccedilatildeo do plano de accedilatildeo sugerido o
Centro de Sauacutede Felicidade II teraacute maior e melhor desempenho de sua equipe
alcanccedilando com isso o aprimoramento no atendimento da populaccedilatildeo alvo da
instituiccedilatildeo
30
QUADRO1 - PLANO DE ACcedilAtildeO PARA AUMENTAR A COBERTURA DO EXAME DE PREVEN9AO DO COLO DO UTERO PARA A EQUIPE DE SAUDE DO CENTRO DE SAUDE FELICIDADE II
PROBLEMA ATIVIDADES ACcedilOtildeES META RESPONSAVEL PERIODO
As ACS sentem inseguros para orientar agraves mulheres em relaccedilatildeo aos cuidados para realizar o exame preventivo por falta de conhecimento
Educaccedilatildeo em Sauacutede
Capacitaccedilatildeo da equipe sobre a importacircncia do exame colpocitoloacutegico
Nivelar o conhecimento dos membros da equipe
Municiacutepio Gerecircncia Regional de Sauacutede
Outubro2011
Enfermeiro natildeo se sente capacitado para a realizaccedilatildeo do exame de Papanicolaou
Capacitaccedilatildeo Teacutecnica do enfermeiro para a realizaccedilatildeo do exame de Papanicolaou
Solicitar agrave Ginecologista enfermeira treinamentocapacitaccedilatildeo do enfermeiro
Instrumentalizar o enfermeiro para a realizaccedilatildeo coleta de material
Enfermeira de outra Unidade Baacutesica de Sauacutede Meacutedico Ginecologista
Outubro2011
Baixo iacutendice de cobertura do exame citoloacutegico
Elaboraccedilatildeo de um instrumento para coleta de dados para identificar as mulheres de 25 a 59 anos na aacuterea de abrangecircncia do centro de sauacutede e tambeacutem para levantar quais os fatores que impeditivos para a realizaccedilatildeo do exame Incluir as mulheres identificadas no arquivo rotativo
Visita domiciliar
Visitar todas as mulheres dentro da aacuterea de abrangecircncia da UBS
ACS Novembro2011 Dezembro2011
Baixo iacutendice de cobertura do exame citoloacutegico
Agendamento da consulta de enfermagem consulta meacutedica para atender as prioridades levantadas no diagnoacutestico da atividade anterior para realizaccedilatildeo do exame Priorizar mulheres que nunca fizeram o exame ou que fizeram a mais de trecircs anos
Visita domiciliar Consulta de Enfermagem e consulta meacutedica
Orientar as mulheres sobre o exame preventivo Realizar o exame
ACS Meacutedico e enfermeira
Janeiro2012
31
O agendamento das consultas e marcado para datas muito distantes o que geralmente faz com que a mulher esqueccedila
Comunicaccedilatildeo da data do exame com antecedecircncia
Elaborar uma forma de entrar em contato com a paciente cinco dias antes da consulta agendada
Diminuir o iacutendice de ausecircncia agraves consultas
ACS Novembro2011
Desconhecimento das mulheres sobre o exame preventivo e os cuidados preparativos para o exame
Orientaccedilatildeo das mulheres sobre o exame e os cuidados preparativos para o exame
Criar um informativo contendo as orientaccedilotildees sobre o exame e os cuidados para serem entregue as usuaacuterias no momento da visita do ACS para informaacute-las da data e horaacuterio da consulta
Orientar todas usuaacuterias
Enfermeiro ACS
Janeiro2011
Entrega de resultados dos preventivos sem alteraccediloespelos ACSrsquos
Entrega do resultado do exame
Agendar um dia na semana para a entrega dos resultados dos exames Todos os exames deveratildeo ser vistos pelo enfermeiro Aqueles que apresentarem alguma alteraccedilatildeo a paciente deve ser encaminhada ao meacutedico Teacutecnico de Enfermagem Enfermeiro
Orientar as usuaacuterias
Os exames com resultados normais seratildeo entregues pelo teacutecnico de enfermagem Aqueles que apresentarem alguma alteraccedilatildeo seratildeo entregues pelo enfermeiro que deveraacute fazer os devidos encaminhamentos quando necessaacuterios
Dezembro2011
Entrega dos resultados de exames com alteraccedilotildees apoacutes consultas de retorno agendadas para usuaacuterias
Orientaccedilatildeo encaminhamento e acompanhamento da usuaacuteria
Visita domicilar Consulta de enfermagemconsulta meacutedica
Avaliar o estado de sauacutede da mulher Acompanhamento e orientaccedilotildees
Meacutedico e enfermeira Janeiro2012
Monitoramento e acompanhamento
- Agendamentos anuais - Elaboraccedilatildeo um arquivo rotativo - Estabelecimento de Indicadores de acompanhamento e
- Controlar a marcaccedilatildeo de consulta no intervalo de trecircs anos se apoacutes dois anos consecutivos de coleta os resultados forem negativos para
Monitorar o exame preventivo Acompanhar o estado de sauacutede das mulheres pela
Enfermeira e Teacutecnico de enfermagem
Novembro2011
32
avaliaccedilatildeo das accedilotildees votadas agrave sauacutede da mulher pela equipe de sauacutede
displasia ou neoplasia - Fazer a busca das usuaacuterias faltosas aos exames e consultas
equipe
Falta de interesse e conscientizaccedilatildeo em relaccedilatildeo agrave importacircncia do exame preventivo
Atendimento de Grupos Retomar o grupo de mulheres onde seratildeo abordados temas relativos agrave sauacutede da mulher Realizar orientaccedilotildees por meio de palestras nos grupos operativos
Conscientizar as mulheres sobre a importacircncia da realizaccedilatildeo do exame
Equipe de Sauacutede Fevereiro2012
Consulta eacute marcada com um meacutedico do sexo masculino
Agendamento com o enfermeiro quando possiacutevel
Reforccedilar com a paciente que durante a consulta estaraacute presente uma Auxiliar de Enfermagem
Diminuir a evasatildeo do exame prevenccedilatildeo Diminuir a resistecircncia ao atendimento masculino
Disponibilizar uma auxiliar ou teacutecnica de enfemagem para acompanhar o meacutedico durante o exame
Dezembro2011
Falta disponibilidade de horaacuterios mais flexiacuteveis pois haacute concentraccedilatildeo de horaacuterio pela manhatilde
Adequaccedilatildeo da Agenda Alteraccedilotildees na agenda com horaacuterios para adequar agraves necessidades dos usuaacuterios
Marcar os exames preventivos para o horaacuterio da tarde
Enfermeira e meacutedico Janeiro2012
33
6 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
A poliacutetica da sauacutede tem como principal objetivo promover mudanccedilas no intuito
de melhorar o niacutevel da sauacutede da populaccedilatildeo Diante dos resultados apurados nesse
estudo percebe-se a necessidade das intervenccedilotildees a serem efetuadas no Centro de
Sauacutede Felicidade II visando melhorar o iacutendice de cobertura dos exames
preventivos
Assim a realidade percebida no Centro de Sauacutede Felicidade II eacute que o
desempenho da equipe exerce grande impacto no desenvolvimento das accedilotildees
alcanccedilando dessa forma o objetivo de contribuir com o aprimoramento e a
consolidaccedilatildeo da assistecircncia agrave sauacutede da populaccedilatildeo
Como problemas levantados em relaccedilatildeo a baixa cobertura da prevenccedilatildeo do
cacircncer do colo do uacutetero identificamos as seguintes o ACS sentir inseguro para
orientar agraves mulheres em relaccedilatildeo aos cuidados para realizar o exame preventivo a
falta de capacitaccedilatildeo teacutecnica para o enfermeiro realizar o exame de Papanicolaou
consultas agendadas para datas muito distantes fazendo com que a mulher se
esqueccedila do diadesconhecimento das mulheres sobre o exame preventivo e os
cuidados preparativos para o mesmo falta de interesse e conscientizaccedilatildeo em
relaccedilatildeo agrave importacircncia do exame preventivo por parte das usuaacuteriaspudor da mulher
diante do profissional de sexo masculino e falta de disponibilidade de horaacuterios mais
flexiacuteveis com concentraccedilatildeo das consultas no horaacuterio da manhatilde
A partir dos problemas levantados foram propostas as atividades accedilotildees
metas e os responsaacuteveis pelas atividades no sentido de ampliar a cobertura das
mulheres por meio da participaccedilatildeo de toda a equipe de sauacutede Desse modo foi
muito importante tambeacutem a elaboraccedilatildeo das estrateacutegias para que o nuacutemero de
usuaacuterias seja aumentado Neste sentido destaca-se o papel do enfermeiro como
parte integrante da equipe de sauacutede e que desempenha um importante papel na
promoccedilatildeo da prevenccedilatildeo educaccedilatildeo e melhorias constantes nos serviccedilos oferecidos
agrave populaccedilatildeo
Nesta direccedilatildeo o Centro de Sauacutede Felicidade II deve se preocupar com a
capacitaccedilatildeo de seus funcionaacuterios com a organizaccedilatildeo do processo de trabalho das
equipes bem com um investimento maior nas accedilotildees de promoccedilatildeo e prevenccedilatildeo da
saude conforme abordado neste estudo
34
Desse modo cabe a todos os profissionais atuar mais na prevenccedilatildeo
promoccedilatildeo e recuperaccedilatildeo por meio de praacuteticas educativas promovendo campanhas
palestras sobre a sauacutede da mulher fornecendo orientaccedilotildees durante as consultas
para que se possa reverter o quadro de baixo iacutendice de cobertura no exame
preventivo de cacircncer do colo do uacutetero alcance assim a cobertura preconizada pela
Secretaacuteria de Sauacutede o que vai refletir na melhoria da assistecircncia a sauacutede agrave mulher
35
REFEREcircNCIAS ALBUQUERQUE KM et al Cobertura do Teste de Papanicolau e Fatores associados agrave Natildeo-Realizaccedilatildeo um olhar sobre o Programa de Prevenccedilatildeo do Cacircncer do Colo do Uacutetero em Pernambuco Brasil Caderno de Sauacutede Puacuteblica v 25 supl 2 Rio de Janeiro 2009 Disponiacutevel em lthttpwwwscielosporgscielophpscript=sci_arttextamppid=S0102-311X2009001400012gt Acesso em 6 nov 2010 BELO HORIZONTE Secretaria Municipal de Sauacutede Prevenccedilatildeo e Controle do Cacircncer do Colo de Uacutetero Belo Horizonte 2008 BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede O Programa Sauacutede da Famiacutelia e a Atenccedilatildeo Baacutesica no Brasil Brasiacutelia 2002 Disponiacutevel em lthttpwwwccssaudegovbrsaudebatea portamostravirtualpublicacoespsf_atencaobasicapdfgt Acesso em 01 abr 2010 CEacuteSAR JA et al Fatores Associados agrave natildeo Realizaccedilatildeo de Exame Citopatoloacutegico de Colo Uterino no Extremo Sul do Brasil Caderno de Sauacutede Puacuteblica Rio de Janeiro v19n5 p1365-1372 setout 2003 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrpdf0Dcspv19n517808pdfgt Acesso em 16 jul 2010 CORREcircA DA D VILLELA WV O Controle do Cacircncer do Colo do Uacutetero desafios para implementaccedilatildeo de accedilotildees programaacuteticas no Amazonas Brasil Rev bras sauacutede matern infantil v8 n4p491-497 outdez 2008 DIAS-DA-COSTA J S et al Cobertura do Exame Citopatoloacutegico na Cidade de Pelotas Rio Grande do Sul Brasil Caderno de Sauacutede Puacuteblica Rio de Janeiro v19 n1 p191-197 janfev 2003 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrpdfcspv19n114919pdfgt Acesso em 16 jul 2010 DOMINGOS ACP et al Cacircncer do Colo do Uacutetero comportamento preventivo de auto-cuidado agrave sauacutede Revista Ciecircncia Cuidado e Sauacutede 6 (Suplem 2) p 397-403 2007 Disponiacutevel em lthttpperiodicosuembrojsindexphpCiencCuidSaudearticleviewFile53373385gt Acesso em 5 nov 2010 HACKENHAAR AAC JURACI A DOMINGUES MR Exame Citopatoloacutegico de Colo Uterino em Mulheres com Idade entre 20 e 59 anos em Pelotas RS prevalecircncia foco e fatores associados agrave sua natildeo realizaccedilatildeo Revista Brasileira de EpidemiologiaSatildeo Paulo v9n1 Mar 2006 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S1415-790X2006000100013gt Acesso em 16 jul 2010 MONTEMOR EBL et al Controle do Cacircncer de Colo de Uacutetero o exame citopatoloacutegico In LOPES MHBde M (org) Enfermagem na Sauacutede da Mulher Goiacircnia AB 2006 p 45-65 NAKAGAWA JTT SCHIRMER J BARBIERI M Viacuterua HPV e Cacircncer de Colo de Uacutetero Revista Brasileira de Enfermagem v 63 n 2 Brasiacutelia marabri 2010
36
Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S0034-71672010000200021gt Acesso em 6 nov 2010 NARCHI NZ JANICAS Rde CS V FERNANDES RAacuteQ Prevenccedilatildeo e Controle do Cacircncer Ceacutervico-Uterino In FERNANDES RAacuteQ NARCHI NZ Enfermagem e Sauacutede da Mulher Barueri SP Manole 2007 p 127-149 NUacuteCLEO DE EDUCACcedilAtildeO EM SAUacuteDE COLETIVA ndash NESCON Faculdade de Medicina ndash UFMG Belo Horizonte Disponiacutevel em lthttpwwwnesconmedicinaufmgbrgt Acesso em 12 dez 2009 PINTO CAG COELHO IB BH Vida pensando a implantaccedilatildeo da Estrateacutegia de Sauacutede da Famiacutelia na cidade de Belo Horizonte passados 10 anos lthttpxayimgcomkqgroups15983109953140003nameImplantacao+do+BH+VIDA+-+Carlos+Gama+e+Ivan+Coelho5B15Dpdf gt Acesso em 01 mar 2011 RODRIGUES NETO JF FIGUEIREDO MFS SIQUEIRA LG Exame Citopatoloacutegico do Colo do Uacutetero fatores associados a natildeo realizaccedilatildeo em ESF Revista Eletrocircnica de Enfermagem 10 (3) 610-21 2008 Disponiacutevel em lthttpwwwfenufgbrrevistav10n3pdfv10n3a07pdfgt Acesso em 17 jul 2010 TAVARES SB do N et al Controle da Qualidade em Citopatologia Cervical revisatildeo de literatura Revista Brasileira de Cancerologia 53(3) 355-364 2007 Disponiacutevel em lthttpwwwincagovbrrbcn_53v03pdfrevisao6pdfgt Acesso em 17 jul 2010 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA Regulamento de Orientaccedilatildeo Do Trabalho De Conclusatildeo De Curso Do Curso De Licenciatura Em Letras ndashPORTUGUEcircS-ESPANHOL Disponiacutevel em lt httpwwwuepgbruepg_departamentosdeletpdfREG20PORT20ESPANHOLpdf gt Acesso em 23 set 2011 ZEFERINO L Prevenccedilatildeo e Controle do Cacircncer Ceacutervico-Uterino In LOPES MHB de M (org) Enfermagem na Sauacutede da Mulher Goiacircnia AB p 67-80 2006
15
2 OBJETIVOS
21 Geral Elaborar um plano de accedilatildeo para ampliar a cobertura do exame colpocitoloacutegico
no Centro de Sauacutede Felicidade II da Secretaria Municipal de Sauacutede de Belo
Horizonte MG promovendo assim a melhoria das condiccedilotildees de vida e sauacutede das
mulheres
22 Especiacutefico
Realizar uma revisatildeo de literatura sobre a promoccedilatildeo da sauacutede das mulheres
dando ecircnfase agrave prevenccedilatildeo do cacircncer do colo do uacutetero no sentido de subsidiar o
plano de accedilatildeo
16
3 METODOLOGIA
Trata-se de um estudo bibliograacutefico tipo revisatildeo narrativa com natureza
compreensiva do tema proposto realizada por meio da consultas a livros e artigos
em revistas cientiacuteficas do acervo de bibliotecas e base de dados virtuais no sentido
de subsidiar a elaboraccedilatildeo de um plano de accedilatildeo para o Centro de Sauacutede Felicidade
II buscando ampliar a cobertura do exame de Papanicolaou
A busca foi efetuada nas bases de dados SCIELO (Scientific Electronic
Library Online) MEDLINE(Medical Literature Analysis and Retrieval System Online -
Sistema Online de Busca e Anaacutelise de Literatura Meacutedica) LILACS (Literatura Latino-
americana em ciecircncia da Sauacutede) e outras Foram utilizados os descritores ldquosauacutede
das mulheresrdquo ldquocacircncerrdquo ldquocacircncer do colo do uacuteterordquo ldquocitologia oncoacuteticardquo e
ldquoprevenccedilatildeordquo
17
4 APRESENTACcedilAtildeO DOS RESULTADOS
41 A promoccedilatildeo da sauacutede das mulheres
Correcirca e Villela (2008) relatam que foi nas primeiras deacutecadas do seacuteculo XX
que o Brasil passou a incorporar a questatildeo da sauacutede da mulher nas poliacuteticas
nacionais cujo enfoque estava em prestar assistecircncia aos filhos das mulheres que
natildeo tinham acesso aos serviccedilos de sauacutede constituindo a atenccedilatildeo preacute-natal como
uacutenica accedilatildeo de caraacuteter universalista com relaccedilatildeo agrave sauacutede da mulher
Com as mudanccedilas na condiccedilatildeo social das mulheres ocorridas ao longo da segunda metade do seacuteculo XX as propostas de atenccedilatildeo materno-infantil mostram-se insuficientes Em 1984 eacute proposto pelo Ministeacuterio da Sauacutede o Programa de Assistecircncia Integral agrave Sauacutede da Mulher (PAISM) visando agrave extensatildeo das accedilotildees baacutesicas em sauacutede da mulher e incluindo entre outras atividades preventivas e de diagnoacutestico do cacircncer do colo do uacutetero e mamaacuterio A assistecircncia integral envolvia o atendimento de todas as necessidades da populaccedilatildeo feminina enfatizando as accedilotildees dirigidas ao controle das patologias mais prevalentes incluindo accedilotildees educativas Poreacutem a implementaccedilatildeo efetiva do Programa natildeo aconteceu como desejado ficando as atividades nos serviccedilos de sauacutede bastante focalizadas nas demandas relativas agrave contracepccedilatildeo acompanhamento da gravidez e ao parto A prevenccedilatildeo e controle do cacircncer ginecoloacutegico continuaram em segundo plano (CORREcircA e VILLELA 2008p1)
Domingos et al (2008 p 1) afirmam que ldquopor meio da promoccedilatildeo da sauacutede
caracterizada como sendo promoccedilatildeo primaacuteria e detecccedilatildeo precoce das lesotildees
precursoras (exame de Papanicolaou) eacute possiacutevel reduzir a mortalidade e
incidecircnciardquo
Em 1997 foi implantado no Paranaacute o Programa de Prevenccedilatildeo do Cacircncer do Colo do Uacutetero que prioriza inicialmente o atendimento da faixa etaacuteria de 30 a 49 anos (a mais acometida pela doenccedila no Estado) atendendo na sequumlecircncia todas as faixas etaacuterias expostas ao risco O intervalo entre os exames para controle dos casos negativos eacute de trecircs anos (DOMINGOS et al 2008 p 1)
42 A prevenccedilatildeo do cacircncer do colo do uacutetero
Narchi Janicas e Fernandes (2007) ensinam que a prevenccedilatildeo do cacircncer
ceacutervico-uterino eacute realizada em dois planos a prevenccedilatildeo primaacuteria e a secundaacuteria Na
forma primaacuteria conforme os autores deve-se atentar para os fatores de risco
18
evitaacuteveis e na atuaccedilatildeo do enfermeiro Jaacute na fase de prevenccedilatildeo secundaacuteria deve ser
feito o rastreamento captaccedilatildeo e identificar a vulnerabilidade do cacircncer
Domingos et al (2007) afirmam que a principal estrateacutegia para a prevenccedilatildeo
primaacuteria da doenccedila eacute o uso de preservativo (masculino ou feminino) durante as
relaccedilotildees sexuais visto que a infecccedilatildeo pelo viacuterus papiloma humano (HPV) estaacute
presente em 90 dos casos A prevenccedilatildeo secundaacuteria eacute realizada por meio do
exame preventivo (Papanicolaou) para a detecccedilatildeo precoce da doenccedila
Albuquerque et al (2007) afirmam que desde 1988 o Ministeacuterio da Sauacutede tem
como objetivo reduzir as taxas de morbimortalidade e com isso adota como norma
a recomendaccedilatildeo da Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede a qual propotildee que seja feito a
cada trecircs anos a realizaccedilatildeo do exame citoloacutegico do colo do uacutetero sendo dois
exames anuais consecutivos negativos para mulheres na faixa de idade de 25 a 59
anos ou que jaacute tenham atividade sexual
Iniciativas como o Programa Viva Mulher lanccedilado em 1996 e o desenvolvimento de campanhas nacionais sistemaacuteticas tecircm contribuiacutedo para o aumento da cobertura do exame no paiacutes Contudo verifica-se que as taxas de incidecircncia e de mortalidade ainda permanecem desafiando as medidas ateacute entatildeo adotadas sinalizando possiacuteveis deficiecircncias na oferta no acesso e na qualidade das referidas accedilotildees (ALBUQUERQUE et al 2007 p 1)
Nakagawa Schirmer e Barbieri (2007) relatam que a associaccedilatildeo do viacuterus
HPV com o cacircncer de colo de uacutetero comeccedilou em 1949 quando o patologista George
Papanicolaou introduziu o exame mais difundido no mundo para detectar a doenccedila
o exame que leva o seu proacuteprio nome ou seja Papanicolaou
De acordo com o desenvolvimento do carcinoma de colo de uacutetero Nakagawa
Schirmer e Barbieri (2007 p 1) afirmam que
Esse exame permitiu identificar mulheres com alteraccedilotildees celulares preacute-maligna possibilitando observar uma associaccedilatildeo da atividade sexual com o desenvolvimento do cacircncer de colo de uacutetero No entanto somente na deacutecada de 70 o conhecimento acerca da etiologia da doenccedila teve consideraacutevel avanccedilo Estudos constataram que tal associaccedilatildeo implicava na presenccedila de um agente etioloacutegico de transmissatildeo sexual Harold zur Hausen um infectologista alematildeo constatou que o Papiloma Viacuterus Humano (viacuterus HPV) poderia ser esse agente estabelecendo inicialmente a relaccedilatildeo do viacuterus com as verrugas e condilomas Somente anos mais tarde o viacuterus foi relacionado com o desenvolvimento do carcinoma de colo de uacutetero (NAKAGAWA SCHIRMER e BARBIERI 2007 p 1)
19
Os autores relatam que devido ao advento da clonagem molecular na deacutecada
de 90 e a utilizaccedilatildeo de tal tecnologia na replicaccedilatildeo do genoma do Papiloma Viacuterus
outros aspectos da infecccedilatildeo foram elucidados
Devido agrave discrepacircncia entre a alta frequumlecircncia de infecccedilotildees HPV em mulheres jovens sexualmente ativas e a ocorrecircncia relativamente baixa de lesotildees cervicais nas mesmas colocou-se em duacutevida a etiologia viral da doenccedila e concluiu-se que a infecccedilatildeo era causa necessaacuteria mas natildeo suficiente para o desenvolvimento da doenccedila uma vez que virtualmente somente uma fraccedilatildeo de mulheres portadoras do viacuterus a desenvolveria Estudos preacutevios jaacute sugeriam que um forte fator diferenciava a progressatildeo ou natildeo da doenccedila sugerindo que isto estaria relacionada aos diversos tipos do viacuterus HPV Estudos posteriores mostraram que a sua progressatildeo depende natildeo somente da presenccedila do viacuterus mas tambeacutem do tipo de viacuterus da persistecircncia da infecccedilatildeo e da evoluccedilatildeo das lesotildees precursoras para o carcinoma invasivo (NAKAGAWA SCHIRMER e BARBIERI 2007 p 1)
Segundo Narchi Janicas e Fernandes (2007) a prevenccedilatildeo primaacuteria do cacircncer
ceacutervico-uterino refere-se agrave reduccedilatildeo da exposiccedilatildeo aos fatores de risco como o iniacutecio
precoce da atividade sexual a multiplicidade de parceiros as doenccedilas sexualmente
transmissiacuteveis especialmente a infecccedilatildeo causada pelo HPV e multiparidade Aleacutem
disso outros fatores tecircm sido relacionados ao cacircncer ceacutervico-uterino em estudos
epidemioloacutegicos ainda natildeo conclusivos dentre eles o uso de anticoncepcional oral
as situaccedilotildees de imunossupressatildeo como diabete lupus corticoterapia e Aids o
tabagismo e a alimentaccedilatildeo pobre em folatos vitaminas A e C e betacaroteno
Atualmente considera-se fundamental a relaccedilatildeo entre o desenvolvimento do cacircncer ceacutervico-uterino e a transmissatildeo sexual HPV Nesse sentido a prevenccedilatildeo primaacuteria tem como foco a praacutetica de sexo seguro No entanto apesar da divulgaccedilatildeo da importacircncia do uso de preservativos para diminuiccedilatildeo potencial do risco de transmissatildeo do HPV observa-se que seu uso depende de uma serie de fatores como o conhecimento a respeito da doenccedila e suas formas de prevenccedilatildeo a percepccedilatildeo de risco de infecccedilatildeo as crenccedilas e valores culturais as iniquidades de gecircnero e como elas se revelam o grau de autonomia e poder de negociaccedilatildeo sexual nas relaccedilotildees afetivo-sexuais acesso ao serviccedilo de sauacutede e a oferta de preservativos (NARCHI JANICAS e FERNANDES 2007 p 129)
Ceacutesar et al (2003) afirmam que exames preventivos perioacutedicos permitem
reduzir em ateacute 70 a sua mortalidade na populaccedilatildeo de risco A faixa etaacuteria mais
acometida vai dos 25 aos 60 anos e o seu mais importante determinante eacute o
papilomaviacuterus humano De acordo com o Instituto Nacional de Cacircncer (INCA)
O Instituto Nacional de Cacircncer (INCA) recomenda o exame citopatoloacutegico para cacircncer de colo uterino a toda mulher com idade entre 20 e 60 anos e que possua vida sexual ativa Inicialmente o exame deve ser feito a cada trecircs anos Em caso de dois resultados negativos para displasia ou
20
neoplasia um novo exame deveraacute ser repetido uma vez a cada trecircs anos (BRASIL 2002 apud CEacuteSAR et al 2003 p 1371)
Narchi Janicas e Fernandes (2007) afirmam que de modo contextual a
prevenccedilatildeo primaacuteria eacute realizada a partir identificaccedilatildeo da presenccedila de fatores de risco
com vistas a prevenir o surgimento da doenccedila Sabe-se que o cacircncer ceacutervico-uterino
haacute muito vem sendo associado ao baixo niacutevel socioeconocircmico tanto a exposiccedilatildeo
aos fatores de risco quanto especialmente pela desigualdade no acesso aos
serviccedilos de sauacutede Essas barreiras satildeo multidimensionais inserindo-se em um
contexto social amplo que a barca desde dificuldades geograacuteficas de informaccedilatildeo
familiares econocircmicas culturais religiosas e emocionais ateacute as relacionadas agraves
poliacuteticas de sauacutede Diante dessa constataccedilatildeo acredita-se que a anaacutelise dos
programas e a proposiccedilatildeo de estrateacutegias devam tambeacutem corresponder agrave amplitude
dos fatores intervenientes
De acordo com as autoras no que diz respeito agrave prevenccedilatildeo primaacuteria o
Programa de Sauacutede da Famiacutelia (PSF) tem importante papel na identificaccedilatildeo de
grupos de mulheres com perfil de risco para desenvolver o cacircncer ceacutervico-uterino e
com base nas necessidades levantadas implementar accedilotildees de intervenccedilatildeo no meio
ambiente e em seus fatores de risco De acordo com as autoras diversas
estrateacutegias podem reduzir os fatores de risco para cacircncer ceacutervico-uterino dentre as
quais destacam-se realizaccedilatildeo de grupos educativos que permitam a discussatildeo de
temas como sexualidade e gecircnero vulnerabilidade e prevenccedilatildeo as DST
planejamento familiar qualidade de vida e prevenccedilatildeo do cacircncer ginecoloacutegico entre
outros As autoras destacam tambeacutem a importacircncia mobilizaccedilatildeo das mulheres para
o autocuidado e a busca de melhor qualidade de vida (grupos de caminhada cultivo
de hortas caseiras por exemplo) valorizaccedilatildeo da integralidade na assistecircncia e no
estiacutemulo a uma participaccedilatildeo ativa das mulheres com atitudes assertivas em relaccedilatildeo
a sauacutede identificaccedilatildeo e minimizaccedilatildeo das dificuldades de acesso ao serviccedilo de
sauacutede sejam elas barreiras individuais e institucionais (NARCHI JANICAS e
FERNANDES 2007)
Ainda conforme as autoras aleacutem das atividades comunitaacuterias que podem ser
realizadas pela equipe de sauacutede da famiacutelia o enfermeiro tambeacutem pode instituir
grupos educativos de coleta ou de resultados da colpocitologia na unidade baacutesica de
sauacutede (UBS) ou na unidade de sauacutede da famiacutelia (USF) abordando temaacuteticas
21
voltadas agrave sexualidade higiene iacutentima prevenccedilatildeo de DST prevenccedilatildeo do cacircncer
ginecoloacutegico e teacutecnica de coleta do exame As autoras afirmam que esses grupos
aleacutem de disponibilizarem um espaccedilo para a socializaccedilatildeo do conhecimento
possibilitam a integraccedilatildeo entre profissionais e pacientes e estimulam o
autoconhecimento do corpo e da sexualidade familiarizando a mulher ao ambiente e
ao exame e minimizando sentimentos negativos como o medo a vergonha o
nervosismo e o constrangimento que por vezes as impedem de aderir ao programa
Essa estrateacutegia seraacute possiacutevel agrave medida que o profissional estiver sensibilizado e
capacitado para implementaacute-la utilizando habilidades de aconselhamento e
abordagem empaacutetica (NARCHI JANICAS e FERNANDES 2007)
O enfermeiro deve ainda avaliar a presenccedila de fatores de risco na consulta
de enfermagem agrave mulher com vistas a realizar as intervenccedilotildees necessaacuterias e o
acompanhamento mais frequente Diante disso eacute recomendado que na consulta de
retorno para recebimento do laudo da colpocitologia seja realizado procedimento de
aconselhamento sobre DST e Aids antes de discutir o resultado e a conduta
No que diz respeito agrave prevenccedilatildeo secundaacuteria do cacircncer ceacutervico-uterino Narchi
Janicas e Fernandes (2007) afirmam que se deve realizar o exame citopatoloacutegico
para que seja feita a detecccedilatildeo do cacircncer in situ ou das lesotildees precursoras trataacuteveis
e curaacuteveis em ateacute 100 dos casos Para as autoras o acolhimento deveraacute ocorrer
em todas as fases da assistecircncia ou seja desde o primeiro contato com a mulher o
que pode ocorrer em seu domiciacutelio quanto no agendamento ao se verificar acerca
do aprazamento da colpocitologia Citam tambeacutem que esse exame tem sido
utilizado em programas de rastreamento do cacircncer ceacutervico-uterino em todo o mundo
(screening) para interromper o ciclo evolutivo da doenccedila detectando-a em fase preacute-
invasiva trataacutevel e curaacutevel Relatam ainda que os paiacuteses que desenvolveram o
programa tanto com identificaccedilatildeo efetiva da populaccedilatildeo de risco qualidade coleta e
na interpretaccedilatildeo dos resultados quanto com tratamento e acompanhamento
adequados dos casos de alto risco lograram reduccedilatildeo significativa na incidecircncia e na
mortalidade por essa patologia
Segundo a OMS para que um programa de rastreamento do cacircncer ceacutervico-
uterino cause impacto epidemioloacutegico eacute necessaacuterio realizar uma cobertura superior a
80 o que representaria um impacto de 50 na reduccedilatildeo da mortalidade por essa
doenccedila Entretanto nos paiacuteses em desenvolvimento como o Brasil a cobertura
22
desse teste ainda natildeo alcanccedilou niacuteveis suficientes e coerentes com as necessidades
da populaccedilatildeo feminina sob maior risco de contrair a doenccedila
Narchi Janicas e Fernandes (2007) relatam que no Brasil as accedilotildees de
intervenccedilatildeo e controle do cacircncer ceacutervico-uterino tecircm sido norteadas pela distribuiccedilatildeo
das lesotildees cervicais segundo as faixas etaacuterias de mulheres mais acometidas pela
doenccedila e pela periodicidade dos exames citopatoloacutegicos seguindo a loacutegica
epidemioloacutegica do risco e da relaccedilatildeo custobenefiacutecio que norteiam as intervenccedilotildees
em sauacutede publica Poreacutem por vaacuterios anos essa cobertura esteve descontextualiza
da no paiacutes de forma a disponibilizar a citopatologia apenas durante o preacute-natal natildeo
atingindo a populaccedilatildeo de mulheres da faixa etaacuteria de maior risco subutilizando os
equipamentos de sauacutede e tornando o programa ineficiente Conforme as autoras
vaacuterios estudos que investigaram os motivos que dificultam a captaccedilatildeo das mulheres
para a prevenccedilatildeo do cacircncer ginecoloacutegico ressaltam a amplitude do problema que
perpassa por diversas esferas assumindo aspecto multidimensional
Narchi Janicas e Fernandes (2007) ressaltam ainda que o modelo
contextual proposto por Pinho amp Franccedila-Junior analisa o acesso e a utilizaccedilatildeo dos
serviccedilos preventivos em trecircs planos individual organizacionalprogramaacutetico e social
dispostos em uma estrutura dinacircmica e relacional Esse modelo propotildee que a
realizaccedilatildeo da colpocitologia seja produto da interaccedilatildeo desses trecircs planos dos quais
emergem os elementos necessaacuterios para definir uma situaccedilatildeo de vulnerabilidade
individual programaacuteticaorganizacional e social do cacircncer ceacutervico-uterino Para as
autoras o plano individual representado por caracteriacutesticas relacionadas agrave
realizaccedilatildeo do exame definiraacute a vulnerabilidade individual da mulher a doenccedila A
vulnerabilidade eacute representada por um conjunto de fatores cognitivos relacionados a
real falta de conhecimento sobre a doenccedila e o exame o que contribui para a
reduccedilatildeo de praacuteticas sexuais seguras e de prevenccedilatildeo secundaacuteria Tal vulnerabilidade
individual pode ser criada e percebida pelas mulheres ou a elas imposta no
momento em que se enfatiza o risco da natildeo-realizaccedilatildeo da colpocitologia em vez da
ecircnfase ao benefiacutecio da accedilatildeo gerando ou reforccedilando sentimento de medo em
relaccedilatildeo ao cacircncer que pode provocar tanto um efeito propulsor que induz a mulher
para a realizaccedilatildeo do exame quanto um efeito mais restritivo ao exame pelo medo
de sentir dor ou de receber um resultado positivo concluem as autoras
23
No plano organizacional ou programaacutetico inserem-se as caracteriacutesticas
relacionadas agrave disponibilidade de serviccedilos de sauacutede em relaccedilatildeo agrave demanda e a sua
acessibilidade geograacutefica a organizaccedilatildeo e as necessidades da populaccedilatildeo usuaacuteria e
ao planejamento das accedilotildees efetivas na prevenccedilatildeo e na promoccedilatildeo a sauacutede sob a
forma de programas organizados de rastreamento do cacircncer cervical que primem
pelo respeito agrave autonomia individual e pela abordagem integral mulher (NARCHI
JANICAS e FERNANDES 2007)
Ainda segundo os autores um dos fatores que contribuem para a baixa
adesatildeo das mulheres ao programa eacute a falta de humanizaccedilatildeo na assistecircncia pois a
violecircncia institucional sofrida pelas mulheres durante a consulta ginecoloacutegica pode
ser traduzida pela humilhaccedilatildeo por constrangimento e pela forma fria e
despersonalizada com que satildeo atendidas sem serem esclarecidas quanto ao
resultado do exame ou por realizarem tratamentos por vaacuterios anos sem sequer
terem noccedilatildeo dos seus objetivos Isso submete a mulher a uma assistecircncia
medicalizada e indigna na qual se perde a oportunidade de investir em prevenccedilatildeo
primaacuteria (NARCHI JANICAS E FERNANDES 2007)
De acordo com Dias-da-Costa et al (2003) quando se fala acerca da sauacutede
puacuteblica eacute sabido que a efetividade do programa de controle do cacircncer de colo do
uacutetero depende da cobertura populacional alcanccedilada Poreacutem no Brasil a avaliaccedilatildeo
da efetividade de programas de prevenccedilatildeo e accedilotildees de sauacutede puacuteblica ainda eacute
considerada incipiente
43 Contexto histoacuterico da citologia oncoacutetica
Montemor et al (2008 p 45) relatam que na eacutepoca em que a citologia
ginecoloacutegica estava em desenvolvimento agrave ideacuteia preponderante entre os
ginecologistas era que sendo o colo uterino facilmente acessiacutevel agrave bioacutepsia dava-se
preferecircncia ao estudo histoloacutegico pois a citologia ainda carecia de credibilidade
diagnoacutestica
Os autores afirmam que foi Aureli Babes um patologista romeno em 1928
que sugeriu que fosse feita a coleta direta de material do colo uterino para o
diagnoacutestico do cacircncer sendo que o mesmo foi o primeiro pesquisador que
descreveu de forma minuciosa a teacutecnica de coleta utilizando a coloraccedilatildeo atraveacutes do
24
meacutetodo de Giemsa Entretanto ainda de acordo com os autores foi George
Nicholas Papanicolaou um grego nascido em 1883 em Kymi na ilha grega de
Euboea que se aprofundou nos estudos acerca da citologia ginecoloacutegica o qual em
1913 se fixou nos Eua como pesquisador do laboratoacuterio do Hospital de Nova Iorque
Segundo os autores Neste sentido os autores afirmam que
Papanicolaou quando estudava as alteraccedilotildees hormonais das ceacutelulas nas diferentes fases do ciclo menstrual observou que tambeacutem era possiacutevel o diagnoacutestico das ceacutelulas tumorais do colo uterino Em 1941 publicou no American Journal of Obstetrics and Gynecology em co-autoria com Traut um trabalho com o tiacutetulo de O valor diagnoacutestico dos esfregaccedilos vaginais no carcinoma do uacutetero Nessa publicaccedilatildeo mostra a possibilidade de fazer diagnoacutestico de carcinoma do colo uterino atraveacutes de ceacutelulas atiacutepicas presentes nos esfregaccedilos bem como enfatiza a necessidade de aplicar esse meacutetodo simples e de baixo custo a um grande nuacutemero de mulheres O meacutetodo de coloraccedilatildeo dos esfregaccedilos citoloacutegicos que leva o nome de ldquoColoraccedilatildeo de Papanicolaourdquo eacute ainda hoje largamente utilizado (MONTEMOR et al 2008 p 46)
Os autores relatam ainda que em meados de 1940 o J Ernest Ayre um
meacutedico canadense utilizou uma espaacutetula a qual leva o seu nome para obter
raspados do colo uterino possibilitando dessa forma uma maneira praacutetica e
eficiente de coleta de material para a realizaccedilatildeo de exames em grande escala
(MONTEMOR et al 2008) De acordo com Tavares et al (2007) o exame
citopatoloacutegico foi sugerido como uma ferramenta para a detecccedilatildeo precoce do cacircncer
do colo do uacutetero em 1941
Conforme Hackenhaar Ceacutesar e Domingues (2006) a prevenccedilatildeo considerada
como secundaacuteria do cacircncer do colo uterino tem se centralizado no rastreamento de
mulheres sexualmente ativas atraveacutes do exame citopatoloacutegico do colo uterino O
qual foi adotado para rastreamento na deacutecada de 50 em vaacuterios paiacuteses uma vez que
identifica lesotildees preacute-cancerosas que se tratadas minimizam a incidecircncia de
carcinoma invasor e com isso a mortalidade pelo cacircncer de colo uterino Segundo
os autores
Em 1998 o Ministeacuterio da Sauacutede do Brasil estabeleceu que o exame para a detecccedilatildeo precoce do cacircncer do colo uterino deveria ser realizado por mulheres com idade entre 25 e 60 anos ou antes desta faixa etaacuteria caso jaacute tivessem mantido relaccedilotildees sexuais Para estas mulheres a periodicidade deveria ser de trecircs em trecircs anos se os dois primeiros exames realizados a cada ano fossem normais Em 2002 ocorreu a fase de intensificaccedilatildeo da campanha que tinha por objetivo realizar exames nas mulheres de 35 a 49 anos que nunca haviam realizado este tipo de exame ou que o houvessem
25
realizado haacute mais de trecircs anos (HACKENHAAR CEacuteSAR e DOMINGUES 2006 p 1)
44 Conceitos e caracteriacutesticas do exame de prevenccedilatildeo do cacircncer
Conforme Montemor et al (2008) o exame citopatoloacutegico tambeacutem conhecido
como exame Papanicolaou ou ainda exame preventivo do cacircncer do colo do uacutetero
tem como objetivo a anaacutelise das ceacutelulas obtidas por raspagem do colo uterino
(ectoceacutervice e canal endocervical) com as quais eacute realizado esfregaccedilo sobre uma
lacircmina de vidro De acordo com os autores as caracteriacutesticas morfoloacutegicas das
ceacutelulas satildeo observadas ao microscoacutepio e quando alteradas ou seja quando estatildeo
diferentes daquelas consideradas normais sugerem tratar-se de processo preacute-
neoplaacutesico ou neoplaacutesico Os autores afirmam ainda que atualmente o exame
citopatoloacutegico eacute o meacutetodo de rastreamento para cacircncer do colo uterino mais utilizado
em todo o mundo
De acordo com Tavares (2007) o exame citopatoloacutegico eacute considerado um
meacutetodo eficiente pois tem a habilidade de identificar lesotildees precursoras do cacircncer
do colo do uacutetero que naquele momento satildeo trataacuteveis podendo resultar em
significante decreacutescimo da mortalidade por esse tipo de cacircncer
45 O cacircncer do colo do uacutetero
Segundo Zeferino (2008) o cacircncer do colo uterino tem sido um desafio para a
sauacutede puacuteblica na reduccedilatildeo de morte de mulheres por causa desse mal uma vez que
se trata de uma doenccedila que pode ser evitada por meio do diagnoacutestico e do
tratamento de suas lesotildees precursoras Neste sentido Narchi Janicas e Fernandes
(2007) concordam com Zeferino (2008) quando afirmam que o cacircncer chamado por
eles de cacircncer ceacutervico-uterino vem sendo alvo de atenccedilatildeo por parte da comunidade
cientiacutefica devido ocupar lugar de destaque no que diz respeito agraves elevadas taxas de
morbidade e mortalidade entre a populaccedilatildeo feminina principalmente em paiacuteses em
desenvolvimento uma vez que trata-se de um tipo de cacircncer que estaacute relacionado
ao perfil epidemioloacutegico das mulheres cuja frequecircncia dos fatores de risco e do grau
de implementaccedilatildeo de accedilotildees de curto e longo prazos em todos os niacuteveis de atenccedilatildeo
26
De acordo com Hackenhaar Ceacutesar e Domingues (2006 p1) ldquoo cacircncer do
colo uterino eacute um problema de sauacutede puacuteblica mundialrdquo Segundo os autores
Em 2000 havia uma estimativa de 468000 casos com 233000 mortes por este tipo de cacircncer em todo o mundo Destas mortes 80 ocorreriam nos paiacuteses em desenvolvimento No Brasil o cacircncer de colo uterino representa a segunda maior causa de morte por cacircncer entre as mulheres (HACKENHAAR CEacuteSAR e DOMINGUES 2006 p 1)
Por meio do controle perioacutedico utilizando-se o exame citoloacutegico eacute possiacutevel
reduzir sua incidecircncia pois dados da Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede (OMS)
afirmam que a cada ano surgem cerca de 500 mil novos casos de cacircncer do colo
uterino por ano no mundo todo sendo que mais de 400 mil ocorrem em paiacuteses em
desenvolvimento (ZEFERINO 2008) Este dado eacute confirmado por Ceacutesar et al
(2003) quando os autores afirmam que cerca de 80 dos casos de cacircncer de colo
uterino ocorrem nos paiacuteses pobres
Domingos et al (2007 p 1) explicam que ldquoo cacircncer de colo de uacutetero eacute uma
doenccedila de evoluccedilatildeo lenta levando em meacutedia 14 anos para sua evoluccedilatildeo total
Inicia-se com alteraccedilotildees miacutenimas nas ceacutelulas denominadas displasia e se natildeo
forem tratadas estas alteraccedilotildees evoluemrdquo De acordo com os autores
Com o desenvolvimento da doenccedila em meacutedia trecircs anos apoacutes a constataccedilatildeo das primeiras alteraccedilotildees celulares surge um tumor localizado chamado carcinoma in situ Este cacircncer desenvolve-se por mais seis anos invadindo a mucosa do uacutetero quando recebe o nome de carcinoma invasor Apoacutes 14 anos das primeiras alteraccedilotildees celulares o cacircncer atinge a forma mais grave com o aparecimento de metaacutestase espalhando-se assim por outras regiotildees do corpo (DOMINGOS et al 2007 p 1)
Conforme Rodrigues Neto Figueiredo e Siqueira (2008 p 1) o cacircncer tem
sido responsaacutevel por seis milhotildees de mortes por ano correspondendo a 12 das
mortes mundiais ldquoEstima-se a ocorrecircncia de mais de dez milhotildees de novos casos
de cacircncer por ano sendo que para o ano de 2020 espera-se que haja mais de 15
milhotildees de casos novosrdquo Para os autores
O cacircncer do colo do uacutetero (CCU) ocupa o 2ordm lugar na incidecircncia mundial de neoplasias estando atraacutes apenas do cacircncer de mama Por ano no mundo ocorrem cerca de 235 mil mortes devido ao CCU sendo 218 mil em paiacuteses considerados pobres ou emergentes(4) onde ocorre quase 60 dos casos novos de cacircncer ocupando um lugar de destaque nas taxas de morbimortalidade entre a populaccedilatildeo feminina Ressalta-se que na Ameacuterica Latina se encontram as mais altas taxas de incidecircncia desta doenccedila
27
representando uma das causas de oacutebito mais frequumlente entre as mulheres [] Natildeo considerando os carcinomas de pele natildeo melanoma o CCU eacute o mais incidente na Regiatildeo Norte (22100000) Jaacute nas regiotildees Sul (24100000) Centro-Oeste (19100000) e Nordeste (18100000) ocupa a segunda posiccedilatildeo e no Sudeste (18100000) a quarta posiccedilatildeo estando assim associado a regiotildees brasileiras de baixo niacutevel socioeconocircmico (RODRIGUES NETO FIGUEIREDO e SIQUEIRA 2008 p 1)
Dentre os fatores causadores e facilitadores desse tipo de cacircncer Ceacutesar et al
(2003) citam fatores reprodutivos maternos tais como iniacutecio precoce de atividade
sexual e comportamento sexual masculino baixo niacutevel socioeconocircmico muacuteltiplos
parceiros sexuais higiene sexual precaacuteria ocorrecircncia de abortos (particularmente os
induzidos) alcoolismo e tabagismo e uso de anticoncepcional oral Domingos et al
(2007 p 1) afirmam que ldquoo cacircncer do colo do uacutetero eacute um dos maiores problemas da
sauacutede da mulher em todo o mundo Estima-se que a cada ano ocorram no mundo
493000 novos casos da doenccedila e 274000 mortesrdquo
ldquoSegundo dados do Ministeacuterio da Sauacutede (MS) no ano de 2002 4091
mulheres morreram no Brasil vitimadas por este tipo de cacircncer Destas 297
ocorreram no Estado do Paranaacute na faixa etaacuteria de 30 a 49 anosrdquo (DOMINGOS et al
2007 p 1)
Zeferino (2008) relata que no Brasil o cacircncer do colo uterino eacute o terceiro mais
frequumlente o qual eacute superado apenas pelos cacircnceres de pele e de mama Trata-se
da quarta causa de oacutebito entre as mulheres superado apenas pelos cacircnceres de
mama do pulmatildeo e do coacutelon-reto No ano de 2003 foram registradas 4110 mortes
com cacircncer de colo uterino correspondendo a 7 do total dos oacutebitos devido a
cacircncer em mulheres De acordo com o autor
Cerca de 90 dos cacircnceres de colo uterino originaram-se de ceacutelulas escamosas sendo chamados de carcinomas escamosos ou carcinomas epidermoacuteides e outros 10 originaram-se de ceacutelulas glandulares sendo entatildeo chamados de adenocarcinomas Raramente podem aparecer os dois tipos de ceacutelulas e satildeo chamados carcinomas adenoescamosos Todavia tem sido observado que a proporccedilatildeo de adenocarcinoma do colo uterino tem aumentado nas uacuteltimas deacutecadas particularmente em mulheres jovens (BULK et al 2005 apud ZEFERINO 2008 p 68)
Segundo dados do INCA (2002 apud Ceacutesar et al 2003 p 1366) ldquono Brasil
o cacircncer de colo uterino eacute o segundo entre os tumores ginecoloacutegicos malignos e o
terceiro mais comum na populaccedilatildeo feminina Representa 10 de todos os cacircnceres
malignos em mulheresrdquo
28
De acordo com Albuquerque et al (2009) ldquoa infecccedilatildeo preacutevia pelo papiloma
viacuterus humano (HPV) tem sido apontada como o principal fator de risco para o cacircncer
de colo de uacuteterordquo Fatores como iniacutecio precoce da atividade sexual multiplicidade de
parceiros sexuais uso de contraceptivos orais tabagismo situaccedilatildeo conjugal e baixa
condiccedilatildeo soacutecio-econocircmica tecircm sido apontados como fatores de risco importantes
para o desenvolvimento dessa neoplasia
Narchi Janicas e Fernandes (2007) relatam que o cacircncer ceacutervico-uterino tem
sua origem a partir de uma lesatildeo intra-epitelial progressiva a qual pode evoluir para
um cacircncer invasivo dentro de um prazo em torno de 10 a 20 anos caso natildeo seja
oferecido tratamento
Conforme as autoras durante o periacuteodo de evoluccedilatildeo da doenccedila ela passa por
fases preacute-cliacutenicas detectaacuteveis e curaacuteveis lhe conferindo elevado potencial de
prevenccedilatildeo e cura Corresponde a cerca de 15 de todos os cacircnceres femininos
sendo o segundo tipo mais comum entre as mulheres Ainda na visatildeo das autoras a
mortalidade pelo cacircncer ceacutervico-uterino pode ser evitada devido agrave lenta evoluccedilatildeo da
doenccedila e devido aos recursos tecnoloacutegicos o diagnoacutestico e o tratamento oportunos
das lesotildees precursoras as quais satildeo curaacuteveis em ateacute 100 dos casos Entretanto
conforme as autoras mesmo o Brasil ter sido um dos primeiros paiacuteses a realizar os
exames de colpocitologia e colposcopia esse tipo de cacircncer ainda continua sendo
um seacuterio problema de sauacutede puacuteblica por manter uma das mais elevadas taxas de
oacutebito como pode ser verificado a seguir
No Brasil as accedilotildees de controle do cacircncer ginecoloacutegico iniciaram-se de forma programaacutetica em 1983 eacutepoca de implantaccedilatildeo do Programa de Assistecircncia Integral agrave Sauacutede da Mulher (PAISM) que representou uma ampliaccedilatildeo do foco de assistecircncia agrave mulher para aleacutem do ciclo graviacutedico-puerperal No entanto apesar das recomendaccedilotildees de implantaccedilatildeo ou ampliaccedilatildeo das atividades de diagnoacutestico do cacircncer ceacutervico-uterino e de educativas com vistas agrave prevenccedilatildeo da doenccedila por mais de uma deacutecada as accedilotildees de combate a essa doenccedila foram desenvolvidas no paiacutes de forma desarticulada por iniciativa de apenas alguns Estados e municiacutepios (NARCHI JANICAS e FERNANDES 2007 p 128)
Os autores pesquisados nesta revisatildeo narrativa serviram de subsiacutedios para a
elaboraccedilatildeo do plano de accedilatildeo apresentado no proacuteximo capiacutetulo cujo objetivo eacute
aumentar a cobertura do exame de prevenccedilatildeo do cacircncer do colo do uacutetero no Centro
de Sauacutede Felicidade II
29
5 PLANO DE ACcedilAtildeO PARA A AMPLIACcedilAtildeO DA COBERTURA DO EXAME COLPOCITOLOacuteGICO NO CENTRO DE SAUacuteDE FELICIDADE II
De acordo com a atividade realizada no Moacutedulo da Sauacutede da Mulher foram
constatados alguns problemas em relaccedilatildeo agrave cobertura do exame colpocitoloacutegico no
Centro de Sauacutede Felicidade II o qual apresentou em 2009 baixa cobertura A partir
daiacute foram detectados outros fatores que contribuem para o baixo iacutendice de
cobertura aqueacutem do que eacute preconizado pela Secretaacuteria Municipal de Sauacutede Neste
sentido o plano de accedilatildeo descrito no Quadro 1 vem propor estrateacutegias visando
ampliar da cobertura do exame colpocitoloacutegico e minimizar os problemas levantados
Acredita-se que por meio da implantaccedilatildeo do plano de accedilatildeo sugerido o
Centro de Sauacutede Felicidade II teraacute maior e melhor desempenho de sua equipe
alcanccedilando com isso o aprimoramento no atendimento da populaccedilatildeo alvo da
instituiccedilatildeo
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QUADRO1 - PLANO DE ACcedilAtildeO PARA AUMENTAR A COBERTURA DO EXAME DE PREVEN9AO DO COLO DO UTERO PARA A EQUIPE DE SAUDE DO CENTRO DE SAUDE FELICIDADE II
PROBLEMA ATIVIDADES ACcedilOtildeES META RESPONSAVEL PERIODO
As ACS sentem inseguros para orientar agraves mulheres em relaccedilatildeo aos cuidados para realizar o exame preventivo por falta de conhecimento
Educaccedilatildeo em Sauacutede
Capacitaccedilatildeo da equipe sobre a importacircncia do exame colpocitoloacutegico
Nivelar o conhecimento dos membros da equipe
Municiacutepio Gerecircncia Regional de Sauacutede
Outubro2011
Enfermeiro natildeo se sente capacitado para a realizaccedilatildeo do exame de Papanicolaou
Capacitaccedilatildeo Teacutecnica do enfermeiro para a realizaccedilatildeo do exame de Papanicolaou
Solicitar agrave Ginecologista enfermeira treinamentocapacitaccedilatildeo do enfermeiro
Instrumentalizar o enfermeiro para a realizaccedilatildeo coleta de material
Enfermeira de outra Unidade Baacutesica de Sauacutede Meacutedico Ginecologista
Outubro2011
Baixo iacutendice de cobertura do exame citoloacutegico
Elaboraccedilatildeo de um instrumento para coleta de dados para identificar as mulheres de 25 a 59 anos na aacuterea de abrangecircncia do centro de sauacutede e tambeacutem para levantar quais os fatores que impeditivos para a realizaccedilatildeo do exame Incluir as mulheres identificadas no arquivo rotativo
Visita domiciliar
Visitar todas as mulheres dentro da aacuterea de abrangecircncia da UBS
ACS Novembro2011 Dezembro2011
Baixo iacutendice de cobertura do exame citoloacutegico
Agendamento da consulta de enfermagem consulta meacutedica para atender as prioridades levantadas no diagnoacutestico da atividade anterior para realizaccedilatildeo do exame Priorizar mulheres que nunca fizeram o exame ou que fizeram a mais de trecircs anos
Visita domiciliar Consulta de Enfermagem e consulta meacutedica
Orientar as mulheres sobre o exame preventivo Realizar o exame
ACS Meacutedico e enfermeira
Janeiro2012
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O agendamento das consultas e marcado para datas muito distantes o que geralmente faz com que a mulher esqueccedila
Comunicaccedilatildeo da data do exame com antecedecircncia
Elaborar uma forma de entrar em contato com a paciente cinco dias antes da consulta agendada
Diminuir o iacutendice de ausecircncia agraves consultas
ACS Novembro2011
Desconhecimento das mulheres sobre o exame preventivo e os cuidados preparativos para o exame
Orientaccedilatildeo das mulheres sobre o exame e os cuidados preparativos para o exame
Criar um informativo contendo as orientaccedilotildees sobre o exame e os cuidados para serem entregue as usuaacuterias no momento da visita do ACS para informaacute-las da data e horaacuterio da consulta
Orientar todas usuaacuterias
Enfermeiro ACS
Janeiro2011
Entrega de resultados dos preventivos sem alteraccediloespelos ACSrsquos
Entrega do resultado do exame
Agendar um dia na semana para a entrega dos resultados dos exames Todos os exames deveratildeo ser vistos pelo enfermeiro Aqueles que apresentarem alguma alteraccedilatildeo a paciente deve ser encaminhada ao meacutedico Teacutecnico de Enfermagem Enfermeiro
Orientar as usuaacuterias
Os exames com resultados normais seratildeo entregues pelo teacutecnico de enfermagem Aqueles que apresentarem alguma alteraccedilatildeo seratildeo entregues pelo enfermeiro que deveraacute fazer os devidos encaminhamentos quando necessaacuterios
Dezembro2011
Entrega dos resultados de exames com alteraccedilotildees apoacutes consultas de retorno agendadas para usuaacuterias
Orientaccedilatildeo encaminhamento e acompanhamento da usuaacuteria
Visita domicilar Consulta de enfermagemconsulta meacutedica
Avaliar o estado de sauacutede da mulher Acompanhamento e orientaccedilotildees
Meacutedico e enfermeira Janeiro2012
Monitoramento e acompanhamento
- Agendamentos anuais - Elaboraccedilatildeo um arquivo rotativo - Estabelecimento de Indicadores de acompanhamento e
- Controlar a marcaccedilatildeo de consulta no intervalo de trecircs anos se apoacutes dois anos consecutivos de coleta os resultados forem negativos para
Monitorar o exame preventivo Acompanhar o estado de sauacutede das mulheres pela
Enfermeira e Teacutecnico de enfermagem
Novembro2011
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avaliaccedilatildeo das accedilotildees votadas agrave sauacutede da mulher pela equipe de sauacutede
displasia ou neoplasia - Fazer a busca das usuaacuterias faltosas aos exames e consultas
equipe
Falta de interesse e conscientizaccedilatildeo em relaccedilatildeo agrave importacircncia do exame preventivo
Atendimento de Grupos Retomar o grupo de mulheres onde seratildeo abordados temas relativos agrave sauacutede da mulher Realizar orientaccedilotildees por meio de palestras nos grupos operativos
Conscientizar as mulheres sobre a importacircncia da realizaccedilatildeo do exame
Equipe de Sauacutede Fevereiro2012
Consulta eacute marcada com um meacutedico do sexo masculino
Agendamento com o enfermeiro quando possiacutevel
Reforccedilar com a paciente que durante a consulta estaraacute presente uma Auxiliar de Enfermagem
Diminuir a evasatildeo do exame prevenccedilatildeo Diminuir a resistecircncia ao atendimento masculino
Disponibilizar uma auxiliar ou teacutecnica de enfemagem para acompanhar o meacutedico durante o exame
Dezembro2011
Falta disponibilidade de horaacuterios mais flexiacuteveis pois haacute concentraccedilatildeo de horaacuterio pela manhatilde
Adequaccedilatildeo da Agenda Alteraccedilotildees na agenda com horaacuterios para adequar agraves necessidades dos usuaacuterios
Marcar os exames preventivos para o horaacuterio da tarde
Enfermeira e meacutedico Janeiro2012
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6 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
A poliacutetica da sauacutede tem como principal objetivo promover mudanccedilas no intuito
de melhorar o niacutevel da sauacutede da populaccedilatildeo Diante dos resultados apurados nesse
estudo percebe-se a necessidade das intervenccedilotildees a serem efetuadas no Centro de
Sauacutede Felicidade II visando melhorar o iacutendice de cobertura dos exames
preventivos
Assim a realidade percebida no Centro de Sauacutede Felicidade II eacute que o
desempenho da equipe exerce grande impacto no desenvolvimento das accedilotildees
alcanccedilando dessa forma o objetivo de contribuir com o aprimoramento e a
consolidaccedilatildeo da assistecircncia agrave sauacutede da populaccedilatildeo
Como problemas levantados em relaccedilatildeo a baixa cobertura da prevenccedilatildeo do
cacircncer do colo do uacutetero identificamos as seguintes o ACS sentir inseguro para
orientar agraves mulheres em relaccedilatildeo aos cuidados para realizar o exame preventivo a
falta de capacitaccedilatildeo teacutecnica para o enfermeiro realizar o exame de Papanicolaou
consultas agendadas para datas muito distantes fazendo com que a mulher se
esqueccedila do diadesconhecimento das mulheres sobre o exame preventivo e os
cuidados preparativos para o mesmo falta de interesse e conscientizaccedilatildeo em
relaccedilatildeo agrave importacircncia do exame preventivo por parte das usuaacuteriaspudor da mulher
diante do profissional de sexo masculino e falta de disponibilidade de horaacuterios mais
flexiacuteveis com concentraccedilatildeo das consultas no horaacuterio da manhatilde
A partir dos problemas levantados foram propostas as atividades accedilotildees
metas e os responsaacuteveis pelas atividades no sentido de ampliar a cobertura das
mulheres por meio da participaccedilatildeo de toda a equipe de sauacutede Desse modo foi
muito importante tambeacutem a elaboraccedilatildeo das estrateacutegias para que o nuacutemero de
usuaacuterias seja aumentado Neste sentido destaca-se o papel do enfermeiro como
parte integrante da equipe de sauacutede e que desempenha um importante papel na
promoccedilatildeo da prevenccedilatildeo educaccedilatildeo e melhorias constantes nos serviccedilos oferecidos
agrave populaccedilatildeo
Nesta direccedilatildeo o Centro de Sauacutede Felicidade II deve se preocupar com a
capacitaccedilatildeo de seus funcionaacuterios com a organizaccedilatildeo do processo de trabalho das
equipes bem com um investimento maior nas accedilotildees de promoccedilatildeo e prevenccedilatildeo da
saude conforme abordado neste estudo
34
Desse modo cabe a todos os profissionais atuar mais na prevenccedilatildeo
promoccedilatildeo e recuperaccedilatildeo por meio de praacuteticas educativas promovendo campanhas
palestras sobre a sauacutede da mulher fornecendo orientaccedilotildees durante as consultas
para que se possa reverter o quadro de baixo iacutendice de cobertura no exame
preventivo de cacircncer do colo do uacutetero alcance assim a cobertura preconizada pela
Secretaacuteria de Sauacutede o que vai refletir na melhoria da assistecircncia a sauacutede agrave mulher
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REFEREcircNCIAS ALBUQUERQUE KM et al Cobertura do Teste de Papanicolau e Fatores associados agrave Natildeo-Realizaccedilatildeo um olhar sobre o Programa de Prevenccedilatildeo do Cacircncer do Colo do Uacutetero em Pernambuco Brasil Caderno de Sauacutede Puacuteblica v 25 supl 2 Rio de Janeiro 2009 Disponiacutevel em lthttpwwwscielosporgscielophpscript=sci_arttextamppid=S0102-311X2009001400012gt Acesso em 6 nov 2010 BELO HORIZONTE Secretaria Municipal de Sauacutede Prevenccedilatildeo e Controle do Cacircncer do Colo de Uacutetero Belo Horizonte 2008 BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede O Programa Sauacutede da Famiacutelia e a Atenccedilatildeo Baacutesica no Brasil Brasiacutelia 2002 Disponiacutevel em lthttpwwwccssaudegovbrsaudebatea portamostravirtualpublicacoespsf_atencaobasicapdfgt Acesso em 01 abr 2010 CEacuteSAR JA et al Fatores Associados agrave natildeo Realizaccedilatildeo de Exame Citopatoloacutegico de Colo Uterino no Extremo Sul do Brasil Caderno de Sauacutede Puacuteblica Rio de Janeiro v19n5 p1365-1372 setout 2003 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrpdf0Dcspv19n517808pdfgt Acesso em 16 jul 2010 CORREcircA DA D VILLELA WV O Controle do Cacircncer do Colo do Uacutetero desafios para implementaccedilatildeo de accedilotildees programaacuteticas no Amazonas Brasil Rev bras sauacutede matern infantil v8 n4p491-497 outdez 2008 DIAS-DA-COSTA J S et al Cobertura do Exame Citopatoloacutegico na Cidade de Pelotas Rio Grande do Sul Brasil Caderno de Sauacutede Puacuteblica Rio de Janeiro v19 n1 p191-197 janfev 2003 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrpdfcspv19n114919pdfgt Acesso em 16 jul 2010 DOMINGOS ACP et al Cacircncer do Colo do Uacutetero comportamento preventivo de auto-cuidado agrave sauacutede Revista Ciecircncia Cuidado e Sauacutede 6 (Suplem 2) p 397-403 2007 Disponiacutevel em lthttpperiodicosuembrojsindexphpCiencCuidSaudearticleviewFile53373385gt Acesso em 5 nov 2010 HACKENHAAR AAC JURACI A DOMINGUES MR Exame Citopatoloacutegico de Colo Uterino em Mulheres com Idade entre 20 e 59 anos em Pelotas RS prevalecircncia foco e fatores associados agrave sua natildeo realizaccedilatildeo Revista Brasileira de EpidemiologiaSatildeo Paulo v9n1 Mar 2006 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S1415-790X2006000100013gt Acesso em 16 jul 2010 MONTEMOR EBL et al Controle do Cacircncer de Colo de Uacutetero o exame citopatoloacutegico In LOPES MHBde M (org) Enfermagem na Sauacutede da Mulher Goiacircnia AB 2006 p 45-65 NAKAGAWA JTT SCHIRMER J BARBIERI M Viacuterua HPV e Cacircncer de Colo de Uacutetero Revista Brasileira de Enfermagem v 63 n 2 Brasiacutelia marabri 2010
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Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S0034-71672010000200021gt Acesso em 6 nov 2010 NARCHI NZ JANICAS Rde CS V FERNANDES RAacuteQ Prevenccedilatildeo e Controle do Cacircncer Ceacutervico-Uterino In FERNANDES RAacuteQ NARCHI NZ Enfermagem e Sauacutede da Mulher Barueri SP Manole 2007 p 127-149 NUacuteCLEO DE EDUCACcedilAtildeO EM SAUacuteDE COLETIVA ndash NESCON Faculdade de Medicina ndash UFMG Belo Horizonte Disponiacutevel em lthttpwwwnesconmedicinaufmgbrgt Acesso em 12 dez 2009 PINTO CAG COELHO IB BH Vida pensando a implantaccedilatildeo da Estrateacutegia de Sauacutede da Famiacutelia na cidade de Belo Horizonte passados 10 anos lthttpxayimgcomkqgroups15983109953140003nameImplantacao+do+BH+VIDA+-+Carlos+Gama+e+Ivan+Coelho5B15Dpdf gt Acesso em 01 mar 2011 RODRIGUES NETO JF FIGUEIREDO MFS SIQUEIRA LG Exame Citopatoloacutegico do Colo do Uacutetero fatores associados a natildeo realizaccedilatildeo em ESF Revista Eletrocircnica de Enfermagem 10 (3) 610-21 2008 Disponiacutevel em lthttpwwwfenufgbrrevistav10n3pdfv10n3a07pdfgt Acesso em 17 jul 2010 TAVARES SB do N et al Controle da Qualidade em Citopatologia Cervical revisatildeo de literatura Revista Brasileira de Cancerologia 53(3) 355-364 2007 Disponiacutevel em lthttpwwwincagovbrrbcn_53v03pdfrevisao6pdfgt Acesso em 17 jul 2010 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA Regulamento de Orientaccedilatildeo Do Trabalho De Conclusatildeo De Curso Do Curso De Licenciatura Em Letras ndashPORTUGUEcircS-ESPANHOL Disponiacutevel em lt httpwwwuepgbruepg_departamentosdeletpdfREG20PORT20ESPANHOLpdf gt Acesso em 23 set 2011 ZEFERINO L Prevenccedilatildeo e Controle do Cacircncer Ceacutervico-Uterino In LOPES MHB de M (org) Enfermagem na Sauacutede da Mulher Goiacircnia AB p 67-80 2006
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3 METODOLOGIA
Trata-se de um estudo bibliograacutefico tipo revisatildeo narrativa com natureza
compreensiva do tema proposto realizada por meio da consultas a livros e artigos
em revistas cientiacuteficas do acervo de bibliotecas e base de dados virtuais no sentido
de subsidiar a elaboraccedilatildeo de um plano de accedilatildeo para o Centro de Sauacutede Felicidade
II buscando ampliar a cobertura do exame de Papanicolaou
A busca foi efetuada nas bases de dados SCIELO (Scientific Electronic
Library Online) MEDLINE(Medical Literature Analysis and Retrieval System Online -
Sistema Online de Busca e Anaacutelise de Literatura Meacutedica) LILACS (Literatura Latino-
americana em ciecircncia da Sauacutede) e outras Foram utilizados os descritores ldquosauacutede
das mulheresrdquo ldquocacircncerrdquo ldquocacircncer do colo do uacuteterordquo ldquocitologia oncoacuteticardquo e
ldquoprevenccedilatildeordquo
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4 APRESENTACcedilAtildeO DOS RESULTADOS
41 A promoccedilatildeo da sauacutede das mulheres
Correcirca e Villela (2008) relatam que foi nas primeiras deacutecadas do seacuteculo XX
que o Brasil passou a incorporar a questatildeo da sauacutede da mulher nas poliacuteticas
nacionais cujo enfoque estava em prestar assistecircncia aos filhos das mulheres que
natildeo tinham acesso aos serviccedilos de sauacutede constituindo a atenccedilatildeo preacute-natal como
uacutenica accedilatildeo de caraacuteter universalista com relaccedilatildeo agrave sauacutede da mulher
Com as mudanccedilas na condiccedilatildeo social das mulheres ocorridas ao longo da segunda metade do seacuteculo XX as propostas de atenccedilatildeo materno-infantil mostram-se insuficientes Em 1984 eacute proposto pelo Ministeacuterio da Sauacutede o Programa de Assistecircncia Integral agrave Sauacutede da Mulher (PAISM) visando agrave extensatildeo das accedilotildees baacutesicas em sauacutede da mulher e incluindo entre outras atividades preventivas e de diagnoacutestico do cacircncer do colo do uacutetero e mamaacuterio A assistecircncia integral envolvia o atendimento de todas as necessidades da populaccedilatildeo feminina enfatizando as accedilotildees dirigidas ao controle das patologias mais prevalentes incluindo accedilotildees educativas Poreacutem a implementaccedilatildeo efetiva do Programa natildeo aconteceu como desejado ficando as atividades nos serviccedilos de sauacutede bastante focalizadas nas demandas relativas agrave contracepccedilatildeo acompanhamento da gravidez e ao parto A prevenccedilatildeo e controle do cacircncer ginecoloacutegico continuaram em segundo plano (CORREcircA e VILLELA 2008p1)
Domingos et al (2008 p 1) afirmam que ldquopor meio da promoccedilatildeo da sauacutede
caracterizada como sendo promoccedilatildeo primaacuteria e detecccedilatildeo precoce das lesotildees
precursoras (exame de Papanicolaou) eacute possiacutevel reduzir a mortalidade e
incidecircnciardquo
Em 1997 foi implantado no Paranaacute o Programa de Prevenccedilatildeo do Cacircncer do Colo do Uacutetero que prioriza inicialmente o atendimento da faixa etaacuteria de 30 a 49 anos (a mais acometida pela doenccedila no Estado) atendendo na sequumlecircncia todas as faixas etaacuterias expostas ao risco O intervalo entre os exames para controle dos casos negativos eacute de trecircs anos (DOMINGOS et al 2008 p 1)
42 A prevenccedilatildeo do cacircncer do colo do uacutetero
Narchi Janicas e Fernandes (2007) ensinam que a prevenccedilatildeo do cacircncer
ceacutervico-uterino eacute realizada em dois planos a prevenccedilatildeo primaacuteria e a secundaacuteria Na
forma primaacuteria conforme os autores deve-se atentar para os fatores de risco
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evitaacuteveis e na atuaccedilatildeo do enfermeiro Jaacute na fase de prevenccedilatildeo secundaacuteria deve ser
feito o rastreamento captaccedilatildeo e identificar a vulnerabilidade do cacircncer
Domingos et al (2007) afirmam que a principal estrateacutegia para a prevenccedilatildeo
primaacuteria da doenccedila eacute o uso de preservativo (masculino ou feminino) durante as
relaccedilotildees sexuais visto que a infecccedilatildeo pelo viacuterus papiloma humano (HPV) estaacute
presente em 90 dos casos A prevenccedilatildeo secundaacuteria eacute realizada por meio do
exame preventivo (Papanicolaou) para a detecccedilatildeo precoce da doenccedila
Albuquerque et al (2007) afirmam que desde 1988 o Ministeacuterio da Sauacutede tem
como objetivo reduzir as taxas de morbimortalidade e com isso adota como norma
a recomendaccedilatildeo da Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede a qual propotildee que seja feito a
cada trecircs anos a realizaccedilatildeo do exame citoloacutegico do colo do uacutetero sendo dois
exames anuais consecutivos negativos para mulheres na faixa de idade de 25 a 59
anos ou que jaacute tenham atividade sexual
Iniciativas como o Programa Viva Mulher lanccedilado em 1996 e o desenvolvimento de campanhas nacionais sistemaacuteticas tecircm contribuiacutedo para o aumento da cobertura do exame no paiacutes Contudo verifica-se que as taxas de incidecircncia e de mortalidade ainda permanecem desafiando as medidas ateacute entatildeo adotadas sinalizando possiacuteveis deficiecircncias na oferta no acesso e na qualidade das referidas accedilotildees (ALBUQUERQUE et al 2007 p 1)
Nakagawa Schirmer e Barbieri (2007) relatam que a associaccedilatildeo do viacuterus
HPV com o cacircncer de colo de uacutetero comeccedilou em 1949 quando o patologista George
Papanicolaou introduziu o exame mais difundido no mundo para detectar a doenccedila
o exame que leva o seu proacuteprio nome ou seja Papanicolaou
De acordo com o desenvolvimento do carcinoma de colo de uacutetero Nakagawa
Schirmer e Barbieri (2007 p 1) afirmam que
Esse exame permitiu identificar mulheres com alteraccedilotildees celulares preacute-maligna possibilitando observar uma associaccedilatildeo da atividade sexual com o desenvolvimento do cacircncer de colo de uacutetero No entanto somente na deacutecada de 70 o conhecimento acerca da etiologia da doenccedila teve consideraacutevel avanccedilo Estudos constataram que tal associaccedilatildeo implicava na presenccedila de um agente etioloacutegico de transmissatildeo sexual Harold zur Hausen um infectologista alematildeo constatou que o Papiloma Viacuterus Humano (viacuterus HPV) poderia ser esse agente estabelecendo inicialmente a relaccedilatildeo do viacuterus com as verrugas e condilomas Somente anos mais tarde o viacuterus foi relacionado com o desenvolvimento do carcinoma de colo de uacutetero (NAKAGAWA SCHIRMER e BARBIERI 2007 p 1)
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Os autores relatam que devido ao advento da clonagem molecular na deacutecada
de 90 e a utilizaccedilatildeo de tal tecnologia na replicaccedilatildeo do genoma do Papiloma Viacuterus
outros aspectos da infecccedilatildeo foram elucidados
Devido agrave discrepacircncia entre a alta frequumlecircncia de infecccedilotildees HPV em mulheres jovens sexualmente ativas e a ocorrecircncia relativamente baixa de lesotildees cervicais nas mesmas colocou-se em duacutevida a etiologia viral da doenccedila e concluiu-se que a infecccedilatildeo era causa necessaacuteria mas natildeo suficiente para o desenvolvimento da doenccedila uma vez que virtualmente somente uma fraccedilatildeo de mulheres portadoras do viacuterus a desenvolveria Estudos preacutevios jaacute sugeriam que um forte fator diferenciava a progressatildeo ou natildeo da doenccedila sugerindo que isto estaria relacionada aos diversos tipos do viacuterus HPV Estudos posteriores mostraram que a sua progressatildeo depende natildeo somente da presenccedila do viacuterus mas tambeacutem do tipo de viacuterus da persistecircncia da infecccedilatildeo e da evoluccedilatildeo das lesotildees precursoras para o carcinoma invasivo (NAKAGAWA SCHIRMER e BARBIERI 2007 p 1)
Segundo Narchi Janicas e Fernandes (2007) a prevenccedilatildeo primaacuteria do cacircncer
ceacutervico-uterino refere-se agrave reduccedilatildeo da exposiccedilatildeo aos fatores de risco como o iniacutecio
precoce da atividade sexual a multiplicidade de parceiros as doenccedilas sexualmente
transmissiacuteveis especialmente a infecccedilatildeo causada pelo HPV e multiparidade Aleacutem
disso outros fatores tecircm sido relacionados ao cacircncer ceacutervico-uterino em estudos
epidemioloacutegicos ainda natildeo conclusivos dentre eles o uso de anticoncepcional oral
as situaccedilotildees de imunossupressatildeo como diabete lupus corticoterapia e Aids o
tabagismo e a alimentaccedilatildeo pobre em folatos vitaminas A e C e betacaroteno
Atualmente considera-se fundamental a relaccedilatildeo entre o desenvolvimento do cacircncer ceacutervico-uterino e a transmissatildeo sexual HPV Nesse sentido a prevenccedilatildeo primaacuteria tem como foco a praacutetica de sexo seguro No entanto apesar da divulgaccedilatildeo da importacircncia do uso de preservativos para diminuiccedilatildeo potencial do risco de transmissatildeo do HPV observa-se que seu uso depende de uma serie de fatores como o conhecimento a respeito da doenccedila e suas formas de prevenccedilatildeo a percepccedilatildeo de risco de infecccedilatildeo as crenccedilas e valores culturais as iniquidades de gecircnero e como elas se revelam o grau de autonomia e poder de negociaccedilatildeo sexual nas relaccedilotildees afetivo-sexuais acesso ao serviccedilo de sauacutede e a oferta de preservativos (NARCHI JANICAS e FERNANDES 2007 p 129)
Ceacutesar et al (2003) afirmam que exames preventivos perioacutedicos permitem
reduzir em ateacute 70 a sua mortalidade na populaccedilatildeo de risco A faixa etaacuteria mais
acometida vai dos 25 aos 60 anos e o seu mais importante determinante eacute o
papilomaviacuterus humano De acordo com o Instituto Nacional de Cacircncer (INCA)
O Instituto Nacional de Cacircncer (INCA) recomenda o exame citopatoloacutegico para cacircncer de colo uterino a toda mulher com idade entre 20 e 60 anos e que possua vida sexual ativa Inicialmente o exame deve ser feito a cada trecircs anos Em caso de dois resultados negativos para displasia ou
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neoplasia um novo exame deveraacute ser repetido uma vez a cada trecircs anos (BRASIL 2002 apud CEacuteSAR et al 2003 p 1371)
Narchi Janicas e Fernandes (2007) afirmam que de modo contextual a
prevenccedilatildeo primaacuteria eacute realizada a partir identificaccedilatildeo da presenccedila de fatores de risco
com vistas a prevenir o surgimento da doenccedila Sabe-se que o cacircncer ceacutervico-uterino
haacute muito vem sendo associado ao baixo niacutevel socioeconocircmico tanto a exposiccedilatildeo
aos fatores de risco quanto especialmente pela desigualdade no acesso aos
serviccedilos de sauacutede Essas barreiras satildeo multidimensionais inserindo-se em um
contexto social amplo que a barca desde dificuldades geograacuteficas de informaccedilatildeo
familiares econocircmicas culturais religiosas e emocionais ateacute as relacionadas agraves
poliacuteticas de sauacutede Diante dessa constataccedilatildeo acredita-se que a anaacutelise dos
programas e a proposiccedilatildeo de estrateacutegias devam tambeacutem corresponder agrave amplitude
dos fatores intervenientes
De acordo com as autoras no que diz respeito agrave prevenccedilatildeo primaacuteria o
Programa de Sauacutede da Famiacutelia (PSF) tem importante papel na identificaccedilatildeo de
grupos de mulheres com perfil de risco para desenvolver o cacircncer ceacutervico-uterino e
com base nas necessidades levantadas implementar accedilotildees de intervenccedilatildeo no meio
ambiente e em seus fatores de risco De acordo com as autoras diversas
estrateacutegias podem reduzir os fatores de risco para cacircncer ceacutervico-uterino dentre as
quais destacam-se realizaccedilatildeo de grupos educativos que permitam a discussatildeo de
temas como sexualidade e gecircnero vulnerabilidade e prevenccedilatildeo as DST
planejamento familiar qualidade de vida e prevenccedilatildeo do cacircncer ginecoloacutegico entre
outros As autoras destacam tambeacutem a importacircncia mobilizaccedilatildeo das mulheres para
o autocuidado e a busca de melhor qualidade de vida (grupos de caminhada cultivo
de hortas caseiras por exemplo) valorizaccedilatildeo da integralidade na assistecircncia e no
estiacutemulo a uma participaccedilatildeo ativa das mulheres com atitudes assertivas em relaccedilatildeo
a sauacutede identificaccedilatildeo e minimizaccedilatildeo das dificuldades de acesso ao serviccedilo de
sauacutede sejam elas barreiras individuais e institucionais (NARCHI JANICAS e
FERNANDES 2007)
Ainda conforme as autoras aleacutem das atividades comunitaacuterias que podem ser
realizadas pela equipe de sauacutede da famiacutelia o enfermeiro tambeacutem pode instituir
grupos educativos de coleta ou de resultados da colpocitologia na unidade baacutesica de
sauacutede (UBS) ou na unidade de sauacutede da famiacutelia (USF) abordando temaacuteticas
21
voltadas agrave sexualidade higiene iacutentima prevenccedilatildeo de DST prevenccedilatildeo do cacircncer
ginecoloacutegico e teacutecnica de coleta do exame As autoras afirmam que esses grupos
aleacutem de disponibilizarem um espaccedilo para a socializaccedilatildeo do conhecimento
possibilitam a integraccedilatildeo entre profissionais e pacientes e estimulam o
autoconhecimento do corpo e da sexualidade familiarizando a mulher ao ambiente e
ao exame e minimizando sentimentos negativos como o medo a vergonha o
nervosismo e o constrangimento que por vezes as impedem de aderir ao programa
Essa estrateacutegia seraacute possiacutevel agrave medida que o profissional estiver sensibilizado e
capacitado para implementaacute-la utilizando habilidades de aconselhamento e
abordagem empaacutetica (NARCHI JANICAS e FERNANDES 2007)
O enfermeiro deve ainda avaliar a presenccedila de fatores de risco na consulta
de enfermagem agrave mulher com vistas a realizar as intervenccedilotildees necessaacuterias e o
acompanhamento mais frequente Diante disso eacute recomendado que na consulta de
retorno para recebimento do laudo da colpocitologia seja realizado procedimento de
aconselhamento sobre DST e Aids antes de discutir o resultado e a conduta
No que diz respeito agrave prevenccedilatildeo secundaacuteria do cacircncer ceacutervico-uterino Narchi
Janicas e Fernandes (2007) afirmam que se deve realizar o exame citopatoloacutegico
para que seja feita a detecccedilatildeo do cacircncer in situ ou das lesotildees precursoras trataacuteveis
e curaacuteveis em ateacute 100 dos casos Para as autoras o acolhimento deveraacute ocorrer
em todas as fases da assistecircncia ou seja desde o primeiro contato com a mulher o
que pode ocorrer em seu domiciacutelio quanto no agendamento ao se verificar acerca
do aprazamento da colpocitologia Citam tambeacutem que esse exame tem sido
utilizado em programas de rastreamento do cacircncer ceacutervico-uterino em todo o mundo
(screening) para interromper o ciclo evolutivo da doenccedila detectando-a em fase preacute-
invasiva trataacutevel e curaacutevel Relatam ainda que os paiacuteses que desenvolveram o
programa tanto com identificaccedilatildeo efetiva da populaccedilatildeo de risco qualidade coleta e
na interpretaccedilatildeo dos resultados quanto com tratamento e acompanhamento
adequados dos casos de alto risco lograram reduccedilatildeo significativa na incidecircncia e na
mortalidade por essa patologia
Segundo a OMS para que um programa de rastreamento do cacircncer ceacutervico-
uterino cause impacto epidemioloacutegico eacute necessaacuterio realizar uma cobertura superior a
80 o que representaria um impacto de 50 na reduccedilatildeo da mortalidade por essa
doenccedila Entretanto nos paiacuteses em desenvolvimento como o Brasil a cobertura
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desse teste ainda natildeo alcanccedilou niacuteveis suficientes e coerentes com as necessidades
da populaccedilatildeo feminina sob maior risco de contrair a doenccedila
Narchi Janicas e Fernandes (2007) relatam que no Brasil as accedilotildees de
intervenccedilatildeo e controle do cacircncer ceacutervico-uterino tecircm sido norteadas pela distribuiccedilatildeo
das lesotildees cervicais segundo as faixas etaacuterias de mulheres mais acometidas pela
doenccedila e pela periodicidade dos exames citopatoloacutegicos seguindo a loacutegica
epidemioloacutegica do risco e da relaccedilatildeo custobenefiacutecio que norteiam as intervenccedilotildees
em sauacutede publica Poreacutem por vaacuterios anos essa cobertura esteve descontextualiza
da no paiacutes de forma a disponibilizar a citopatologia apenas durante o preacute-natal natildeo
atingindo a populaccedilatildeo de mulheres da faixa etaacuteria de maior risco subutilizando os
equipamentos de sauacutede e tornando o programa ineficiente Conforme as autoras
vaacuterios estudos que investigaram os motivos que dificultam a captaccedilatildeo das mulheres
para a prevenccedilatildeo do cacircncer ginecoloacutegico ressaltam a amplitude do problema que
perpassa por diversas esferas assumindo aspecto multidimensional
Narchi Janicas e Fernandes (2007) ressaltam ainda que o modelo
contextual proposto por Pinho amp Franccedila-Junior analisa o acesso e a utilizaccedilatildeo dos
serviccedilos preventivos em trecircs planos individual organizacionalprogramaacutetico e social
dispostos em uma estrutura dinacircmica e relacional Esse modelo propotildee que a
realizaccedilatildeo da colpocitologia seja produto da interaccedilatildeo desses trecircs planos dos quais
emergem os elementos necessaacuterios para definir uma situaccedilatildeo de vulnerabilidade
individual programaacuteticaorganizacional e social do cacircncer ceacutervico-uterino Para as
autoras o plano individual representado por caracteriacutesticas relacionadas agrave
realizaccedilatildeo do exame definiraacute a vulnerabilidade individual da mulher a doenccedila A
vulnerabilidade eacute representada por um conjunto de fatores cognitivos relacionados a
real falta de conhecimento sobre a doenccedila e o exame o que contribui para a
reduccedilatildeo de praacuteticas sexuais seguras e de prevenccedilatildeo secundaacuteria Tal vulnerabilidade
individual pode ser criada e percebida pelas mulheres ou a elas imposta no
momento em que se enfatiza o risco da natildeo-realizaccedilatildeo da colpocitologia em vez da
ecircnfase ao benefiacutecio da accedilatildeo gerando ou reforccedilando sentimento de medo em
relaccedilatildeo ao cacircncer que pode provocar tanto um efeito propulsor que induz a mulher
para a realizaccedilatildeo do exame quanto um efeito mais restritivo ao exame pelo medo
de sentir dor ou de receber um resultado positivo concluem as autoras
23
No plano organizacional ou programaacutetico inserem-se as caracteriacutesticas
relacionadas agrave disponibilidade de serviccedilos de sauacutede em relaccedilatildeo agrave demanda e a sua
acessibilidade geograacutefica a organizaccedilatildeo e as necessidades da populaccedilatildeo usuaacuteria e
ao planejamento das accedilotildees efetivas na prevenccedilatildeo e na promoccedilatildeo a sauacutede sob a
forma de programas organizados de rastreamento do cacircncer cervical que primem
pelo respeito agrave autonomia individual e pela abordagem integral mulher (NARCHI
JANICAS e FERNANDES 2007)
Ainda segundo os autores um dos fatores que contribuem para a baixa
adesatildeo das mulheres ao programa eacute a falta de humanizaccedilatildeo na assistecircncia pois a
violecircncia institucional sofrida pelas mulheres durante a consulta ginecoloacutegica pode
ser traduzida pela humilhaccedilatildeo por constrangimento e pela forma fria e
despersonalizada com que satildeo atendidas sem serem esclarecidas quanto ao
resultado do exame ou por realizarem tratamentos por vaacuterios anos sem sequer
terem noccedilatildeo dos seus objetivos Isso submete a mulher a uma assistecircncia
medicalizada e indigna na qual se perde a oportunidade de investir em prevenccedilatildeo
primaacuteria (NARCHI JANICAS E FERNANDES 2007)
De acordo com Dias-da-Costa et al (2003) quando se fala acerca da sauacutede
puacuteblica eacute sabido que a efetividade do programa de controle do cacircncer de colo do
uacutetero depende da cobertura populacional alcanccedilada Poreacutem no Brasil a avaliaccedilatildeo
da efetividade de programas de prevenccedilatildeo e accedilotildees de sauacutede puacuteblica ainda eacute
considerada incipiente
43 Contexto histoacuterico da citologia oncoacutetica
Montemor et al (2008 p 45) relatam que na eacutepoca em que a citologia
ginecoloacutegica estava em desenvolvimento agrave ideacuteia preponderante entre os
ginecologistas era que sendo o colo uterino facilmente acessiacutevel agrave bioacutepsia dava-se
preferecircncia ao estudo histoloacutegico pois a citologia ainda carecia de credibilidade
diagnoacutestica
Os autores afirmam que foi Aureli Babes um patologista romeno em 1928
que sugeriu que fosse feita a coleta direta de material do colo uterino para o
diagnoacutestico do cacircncer sendo que o mesmo foi o primeiro pesquisador que
descreveu de forma minuciosa a teacutecnica de coleta utilizando a coloraccedilatildeo atraveacutes do
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meacutetodo de Giemsa Entretanto ainda de acordo com os autores foi George
Nicholas Papanicolaou um grego nascido em 1883 em Kymi na ilha grega de
Euboea que se aprofundou nos estudos acerca da citologia ginecoloacutegica o qual em
1913 se fixou nos Eua como pesquisador do laboratoacuterio do Hospital de Nova Iorque
Segundo os autores Neste sentido os autores afirmam que
Papanicolaou quando estudava as alteraccedilotildees hormonais das ceacutelulas nas diferentes fases do ciclo menstrual observou que tambeacutem era possiacutevel o diagnoacutestico das ceacutelulas tumorais do colo uterino Em 1941 publicou no American Journal of Obstetrics and Gynecology em co-autoria com Traut um trabalho com o tiacutetulo de O valor diagnoacutestico dos esfregaccedilos vaginais no carcinoma do uacutetero Nessa publicaccedilatildeo mostra a possibilidade de fazer diagnoacutestico de carcinoma do colo uterino atraveacutes de ceacutelulas atiacutepicas presentes nos esfregaccedilos bem como enfatiza a necessidade de aplicar esse meacutetodo simples e de baixo custo a um grande nuacutemero de mulheres O meacutetodo de coloraccedilatildeo dos esfregaccedilos citoloacutegicos que leva o nome de ldquoColoraccedilatildeo de Papanicolaourdquo eacute ainda hoje largamente utilizado (MONTEMOR et al 2008 p 46)
Os autores relatam ainda que em meados de 1940 o J Ernest Ayre um
meacutedico canadense utilizou uma espaacutetula a qual leva o seu nome para obter
raspados do colo uterino possibilitando dessa forma uma maneira praacutetica e
eficiente de coleta de material para a realizaccedilatildeo de exames em grande escala
(MONTEMOR et al 2008) De acordo com Tavares et al (2007) o exame
citopatoloacutegico foi sugerido como uma ferramenta para a detecccedilatildeo precoce do cacircncer
do colo do uacutetero em 1941
Conforme Hackenhaar Ceacutesar e Domingues (2006) a prevenccedilatildeo considerada
como secundaacuteria do cacircncer do colo uterino tem se centralizado no rastreamento de
mulheres sexualmente ativas atraveacutes do exame citopatoloacutegico do colo uterino O
qual foi adotado para rastreamento na deacutecada de 50 em vaacuterios paiacuteses uma vez que
identifica lesotildees preacute-cancerosas que se tratadas minimizam a incidecircncia de
carcinoma invasor e com isso a mortalidade pelo cacircncer de colo uterino Segundo
os autores
Em 1998 o Ministeacuterio da Sauacutede do Brasil estabeleceu que o exame para a detecccedilatildeo precoce do cacircncer do colo uterino deveria ser realizado por mulheres com idade entre 25 e 60 anos ou antes desta faixa etaacuteria caso jaacute tivessem mantido relaccedilotildees sexuais Para estas mulheres a periodicidade deveria ser de trecircs em trecircs anos se os dois primeiros exames realizados a cada ano fossem normais Em 2002 ocorreu a fase de intensificaccedilatildeo da campanha que tinha por objetivo realizar exames nas mulheres de 35 a 49 anos que nunca haviam realizado este tipo de exame ou que o houvessem
25
realizado haacute mais de trecircs anos (HACKENHAAR CEacuteSAR e DOMINGUES 2006 p 1)
44 Conceitos e caracteriacutesticas do exame de prevenccedilatildeo do cacircncer
Conforme Montemor et al (2008) o exame citopatoloacutegico tambeacutem conhecido
como exame Papanicolaou ou ainda exame preventivo do cacircncer do colo do uacutetero
tem como objetivo a anaacutelise das ceacutelulas obtidas por raspagem do colo uterino
(ectoceacutervice e canal endocervical) com as quais eacute realizado esfregaccedilo sobre uma
lacircmina de vidro De acordo com os autores as caracteriacutesticas morfoloacutegicas das
ceacutelulas satildeo observadas ao microscoacutepio e quando alteradas ou seja quando estatildeo
diferentes daquelas consideradas normais sugerem tratar-se de processo preacute-
neoplaacutesico ou neoplaacutesico Os autores afirmam ainda que atualmente o exame
citopatoloacutegico eacute o meacutetodo de rastreamento para cacircncer do colo uterino mais utilizado
em todo o mundo
De acordo com Tavares (2007) o exame citopatoloacutegico eacute considerado um
meacutetodo eficiente pois tem a habilidade de identificar lesotildees precursoras do cacircncer
do colo do uacutetero que naquele momento satildeo trataacuteveis podendo resultar em
significante decreacutescimo da mortalidade por esse tipo de cacircncer
45 O cacircncer do colo do uacutetero
Segundo Zeferino (2008) o cacircncer do colo uterino tem sido um desafio para a
sauacutede puacuteblica na reduccedilatildeo de morte de mulheres por causa desse mal uma vez que
se trata de uma doenccedila que pode ser evitada por meio do diagnoacutestico e do
tratamento de suas lesotildees precursoras Neste sentido Narchi Janicas e Fernandes
(2007) concordam com Zeferino (2008) quando afirmam que o cacircncer chamado por
eles de cacircncer ceacutervico-uterino vem sendo alvo de atenccedilatildeo por parte da comunidade
cientiacutefica devido ocupar lugar de destaque no que diz respeito agraves elevadas taxas de
morbidade e mortalidade entre a populaccedilatildeo feminina principalmente em paiacuteses em
desenvolvimento uma vez que trata-se de um tipo de cacircncer que estaacute relacionado
ao perfil epidemioloacutegico das mulheres cuja frequecircncia dos fatores de risco e do grau
de implementaccedilatildeo de accedilotildees de curto e longo prazos em todos os niacuteveis de atenccedilatildeo
26
De acordo com Hackenhaar Ceacutesar e Domingues (2006 p1) ldquoo cacircncer do
colo uterino eacute um problema de sauacutede puacuteblica mundialrdquo Segundo os autores
Em 2000 havia uma estimativa de 468000 casos com 233000 mortes por este tipo de cacircncer em todo o mundo Destas mortes 80 ocorreriam nos paiacuteses em desenvolvimento No Brasil o cacircncer de colo uterino representa a segunda maior causa de morte por cacircncer entre as mulheres (HACKENHAAR CEacuteSAR e DOMINGUES 2006 p 1)
Por meio do controle perioacutedico utilizando-se o exame citoloacutegico eacute possiacutevel
reduzir sua incidecircncia pois dados da Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede (OMS)
afirmam que a cada ano surgem cerca de 500 mil novos casos de cacircncer do colo
uterino por ano no mundo todo sendo que mais de 400 mil ocorrem em paiacuteses em
desenvolvimento (ZEFERINO 2008) Este dado eacute confirmado por Ceacutesar et al
(2003) quando os autores afirmam que cerca de 80 dos casos de cacircncer de colo
uterino ocorrem nos paiacuteses pobres
Domingos et al (2007 p 1) explicam que ldquoo cacircncer de colo de uacutetero eacute uma
doenccedila de evoluccedilatildeo lenta levando em meacutedia 14 anos para sua evoluccedilatildeo total
Inicia-se com alteraccedilotildees miacutenimas nas ceacutelulas denominadas displasia e se natildeo
forem tratadas estas alteraccedilotildees evoluemrdquo De acordo com os autores
Com o desenvolvimento da doenccedila em meacutedia trecircs anos apoacutes a constataccedilatildeo das primeiras alteraccedilotildees celulares surge um tumor localizado chamado carcinoma in situ Este cacircncer desenvolve-se por mais seis anos invadindo a mucosa do uacutetero quando recebe o nome de carcinoma invasor Apoacutes 14 anos das primeiras alteraccedilotildees celulares o cacircncer atinge a forma mais grave com o aparecimento de metaacutestase espalhando-se assim por outras regiotildees do corpo (DOMINGOS et al 2007 p 1)
Conforme Rodrigues Neto Figueiredo e Siqueira (2008 p 1) o cacircncer tem
sido responsaacutevel por seis milhotildees de mortes por ano correspondendo a 12 das
mortes mundiais ldquoEstima-se a ocorrecircncia de mais de dez milhotildees de novos casos
de cacircncer por ano sendo que para o ano de 2020 espera-se que haja mais de 15
milhotildees de casos novosrdquo Para os autores
O cacircncer do colo do uacutetero (CCU) ocupa o 2ordm lugar na incidecircncia mundial de neoplasias estando atraacutes apenas do cacircncer de mama Por ano no mundo ocorrem cerca de 235 mil mortes devido ao CCU sendo 218 mil em paiacuteses considerados pobres ou emergentes(4) onde ocorre quase 60 dos casos novos de cacircncer ocupando um lugar de destaque nas taxas de morbimortalidade entre a populaccedilatildeo feminina Ressalta-se que na Ameacuterica Latina se encontram as mais altas taxas de incidecircncia desta doenccedila
27
representando uma das causas de oacutebito mais frequumlente entre as mulheres [] Natildeo considerando os carcinomas de pele natildeo melanoma o CCU eacute o mais incidente na Regiatildeo Norte (22100000) Jaacute nas regiotildees Sul (24100000) Centro-Oeste (19100000) e Nordeste (18100000) ocupa a segunda posiccedilatildeo e no Sudeste (18100000) a quarta posiccedilatildeo estando assim associado a regiotildees brasileiras de baixo niacutevel socioeconocircmico (RODRIGUES NETO FIGUEIREDO e SIQUEIRA 2008 p 1)
Dentre os fatores causadores e facilitadores desse tipo de cacircncer Ceacutesar et al
(2003) citam fatores reprodutivos maternos tais como iniacutecio precoce de atividade
sexual e comportamento sexual masculino baixo niacutevel socioeconocircmico muacuteltiplos
parceiros sexuais higiene sexual precaacuteria ocorrecircncia de abortos (particularmente os
induzidos) alcoolismo e tabagismo e uso de anticoncepcional oral Domingos et al
(2007 p 1) afirmam que ldquoo cacircncer do colo do uacutetero eacute um dos maiores problemas da
sauacutede da mulher em todo o mundo Estima-se que a cada ano ocorram no mundo
493000 novos casos da doenccedila e 274000 mortesrdquo
ldquoSegundo dados do Ministeacuterio da Sauacutede (MS) no ano de 2002 4091
mulheres morreram no Brasil vitimadas por este tipo de cacircncer Destas 297
ocorreram no Estado do Paranaacute na faixa etaacuteria de 30 a 49 anosrdquo (DOMINGOS et al
2007 p 1)
Zeferino (2008) relata que no Brasil o cacircncer do colo uterino eacute o terceiro mais
frequumlente o qual eacute superado apenas pelos cacircnceres de pele e de mama Trata-se
da quarta causa de oacutebito entre as mulheres superado apenas pelos cacircnceres de
mama do pulmatildeo e do coacutelon-reto No ano de 2003 foram registradas 4110 mortes
com cacircncer de colo uterino correspondendo a 7 do total dos oacutebitos devido a
cacircncer em mulheres De acordo com o autor
Cerca de 90 dos cacircnceres de colo uterino originaram-se de ceacutelulas escamosas sendo chamados de carcinomas escamosos ou carcinomas epidermoacuteides e outros 10 originaram-se de ceacutelulas glandulares sendo entatildeo chamados de adenocarcinomas Raramente podem aparecer os dois tipos de ceacutelulas e satildeo chamados carcinomas adenoescamosos Todavia tem sido observado que a proporccedilatildeo de adenocarcinoma do colo uterino tem aumentado nas uacuteltimas deacutecadas particularmente em mulheres jovens (BULK et al 2005 apud ZEFERINO 2008 p 68)
Segundo dados do INCA (2002 apud Ceacutesar et al 2003 p 1366) ldquono Brasil
o cacircncer de colo uterino eacute o segundo entre os tumores ginecoloacutegicos malignos e o
terceiro mais comum na populaccedilatildeo feminina Representa 10 de todos os cacircnceres
malignos em mulheresrdquo
28
De acordo com Albuquerque et al (2009) ldquoa infecccedilatildeo preacutevia pelo papiloma
viacuterus humano (HPV) tem sido apontada como o principal fator de risco para o cacircncer
de colo de uacuteterordquo Fatores como iniacutecio precoce da atividade sexual multiplicidade de
parceiros sexuais uso de contraceptivos orais tabagismo situaccedilatildeo conjugal e baixa
condiccedilatildeo soacutecio-econocircmica tecircm sido apontados como fatores de risco importantes
para o desenvolvimento dessa neoplasia
Narchi Janicas e Fernandes (2007) relatam que o cacircncer ceacutervico-uterino tem
sua origem a partir de uma lesatildeo intra-epitelial progressiva a qual pode evoluir para
um cacircncer invasivo dentro de um prazo em torno de 10 a 20 anos caso natildeo seja
oferecido tratamento
Conforme as autoras durante o periacuteodo de evoluccedilatildeo da doenccedila ela passa por
fases preacute-cliacutenicas detectaacuteveis e curaacuteveis lhe conferindo elevado potencial de
prevenccedilatildeo e cura Corresponde a cerca de 15 de todos os cacircnceres femininos
sendo o segundo tipo mais comum entre as mulheres Ainda na visatildeo das autoras a
mortalidade pelo cacircncer ceacutervico-uterino pode ser evitada devido agrave lenta evoluccedilatildeo da
doenccedila e devido aos recursos tecnoloacutegicos o diagnoacutestico e o tratamento oportunos
das lesotildees precursoras as quais satildeo curaacuteveis em ateacute 100 dos casos Entretanto
conforme as autoras mesmo o Brasil ter sido um dos primeiros paiacuteses a realizar os
exames de colpocitologia e colposcopia esse tipo de cacircncer ainda continua sendo
um seacuterio problema de sauacutede puacuteblica por manter uma das mais elevadas taxas de
oacutebito como pode ser verificado a seguir
No Brasil as accedilotildees de controle do cacircncer ginecoloacutegico iniciaram-se de forma programaacutetica em 1983 eacutepoca de implantaccedilatildeo do Programa de Assistecircncia Integral agrave Sauacutede da Mulher (PAISM) que representou uma ampliaccedilatildeo do foco de assistecircncia agrave mulher para aleacutem do ciclo graviacutedico-puerperal No entanto apesar das recomendaccedilotildees de implantaccedilatildeo ou ampliaccedilatildeo das atividades de diagnoacutestico do cacircncer ceacutervico-uterino e de educativas com vistas agrave prevenccedilatildeo da doenccedila por mais de uma deacutecada as accedilotildees de combate a essa doenccedila foram desenvolvidas no paiacutes de forma desarticulada por iniciativa de apenas alguns Estados e municiacutepios (NARCHI JANICAS e FERNANDES 2007 p 128)
Os autores pesquisados nesta revisatildeo narrativa serviram de subsiacutedios para a
elaboraccedilatildeo do plano de accedilatildeo apresentado no proacuteximo capiacutetulo cujo objetivo eacute
aumentar a cobertura do exame de prevenccedilatildeo do cacircncer do colo do uacutetero no Centro
de Sauacutede Felicidade II
29
5 PLANO DE ACcedilAtildeO PARA A AMPLIACcedilAtildeO DA COBERTURA DO EXAME COLPOCITOLOacuteGICO NO CENTRO DE SAUacuteDE FELICIDADE II
De acordo com a atividade realizada no Moacutedulo da Sauacutede da Mulher foram
constatados alguns problemas em relaccedilatildeo agrave cobertura do exame colpocitoloacutegico no
Centro de Sauacutede Felicidade II o qual apresentou em 2009 baixa cobertura A partir
daiacute foram detectados outros fatores que contribuem para o baixo iacutendice de
cobertura aqueacutem do que eacute preconizado pela Secretaacuteria Municipal de Sauacutede Neste
sentido o plano de accedilatildeo descrito no Quadro 1 vem propor estrateacutegias visando
ampliar da cobertura do exame colpocitoloacutegico e minimizar os problemas levantados
Acredita-se que por meio da implantaccedilatildeo do plano de accedilatildeo sugerido o
Centro de Sauacutede Felicidade II teraacute maior e melhor desempenho de sua equipe
alcanccedilando com isso o aprimoramento no atendimento da populaccedilatildeo alvo da
instituiccedilatildeo
30
QUADRO1 - PLANO DE ACcedilAtildeO PARA AUMENTAR A COBERTURA DO EXAME DE PREVEN9AO DO COLO DO UTERO PARA A EQUIPE DE SAUDE DO CENTRO DE SAUDE FELICIDADE II
PROBLEMA ATIVIDADES ACcedilOtildeES META RESPONSAVEL PERIODO
As ACS sentem inseguros para orientar agraves mulheres em relaccedilatildeo aos cuidados para realizar o exame preventivo por falta de conhecimento
Educaccedilatildeo em Sauacutede
Capacitaccedilatildeo da equipe sobre a importacircncia do exame colpocitoloacutegico
Nivelar o conhecimento dos membros da equipe
Municiacutepio Gerecircncia Regional de Sauacutede
Outubro2011
Enfermeiro natildeo se sente capacitado para a realizaccedilatildeo do exame de Papanicolaou
Capacitaccedilatildeo Teacutecnica do enfermeiro para a realizaccedilatildeo do exame de Papanicolaou
Solicitar agrave Ginecologista enfermeira treinamentocapacitaccedilatildeo do enfermeiro
Instrumentalizar o enfermeiro para a realizaccedilatildeo coleta de material
Enfermeira de outra Unidade Baacutesica de Sauacutede Meacutedico Ginecologista
Outubro2011
Baixo iacutendice de cobertura do exame citoloacutegico
Elaboraccedilatildeo de um instrumento para coleta de dados para identificar as mulheres de 25 a 59 anos na aacuterea de abrangecircncia do centro de sauacutede e tambeacutem para levantar quais os fatores que impeditivos para a realizaccedilatildeo do exame Incluir as mulheres identificadas no arquivo rotativo
Visita domiciliar
Visitar todas as mulheres dentro da aacuterea de abrangecircncia da UBS
ACS Novembro2011 Dezembro2011
Baixo iacutendice de cobertura do exame citoloacutegico
Agendamento da consulta de enfermagem consulta meacutedica para atender as prioridades levantadas no diagnoacutestico da atividade anterior para realizaccedilatildeo do exame Priorizar mulheres que nunca fizeram o exame ou que fizeram a mais de trecircs anos
Visita domiciliar Consulta de Enfermagem e consulta meacutedica
Orientar as mulheres sobre o exame preventivo Realizar o exame
ACS Meacutedico e enfermeira
Janeiro2012
31
O agendamento das consultas e marcado para datas muito distantes o que geralmente faz com que a mulher esqueccedila
Comunicaccedilatildeo da data do exame com antecedecircncia
Elaborar uma forma de entrar em contato com a paciente cinco dias antes da consulta agendada
Diminuir o iacutendice de ausecircncia agraves consultas
ACS Novembro2011
Desconhecimento das mulheres sobre o exame preventivo e os cuidados preparativos para o exame
Orientaccedilatildeo das mulheres sobre o exame e os cuidados preparativos para o exame
Criar um informativo contendo as orientaccedilotildees sobre o exame e os cuidados para serem entregue as usuaacuterias no momento da visita do ACS para informaacute-las da data e horaacuterio da consulta
Orientar todas usuaacuterias
Enfermeiro ACS
Janeiro2011
Entrega de resultados dos preventivos sem alteraccediloespelos ACSrsquos
Entrega do resultado do exame
Agendar um dia na semana para a entrega dos resultados dos exames Todos os exames deveratildeo ser vistos pelo enfermeiro Aqueles que apresentarem alguma alteraccedilatildeo a paciente deve ser encaminhada ao meacutedico Teacutecnico de Enfermagem Enfermeiro
Orientar as usuaacuterias
Os exames com resultados normais seratildeo entregues pelo teacutecnico de enfermagem Aqueles que apresentarem alguma alteraccedilatildeo seratildeo entregues pelo enfermeiro que deveraacute fazer os devidos encaminhamentos quando necessaacuterios
Dezembro2011
Entrega dos resultados de exames com alteraccedilotildees apoacutes consultas de retorno agendadas para usuaacuterias
Orientaccedilatildeo encaminhamento e acompanhamento da usuaacuteria
Visita domicilar Consulta de enfermagemconsulta meacutedica
Avaliar o estado de sauacutede da mulher Acompanhamento e orientaccedilotildees
Meacutedico e enfermeira Janeiro2012
Monitoramento e acompanhamento
- Agendamentos anuais - Elaboraccedilatildeo um arquivo rotativo - Estabelecimento de Indicadores de acompanhamento e
- Controlar a marcaccedilatildeo de consulta no intervalo de trecircs anos se apoacutes dois anos consecutivos de coleta os resultados forem negativos para
Monitorar o exame preventivo Acompanhar o estado de sauacutede das mulheres pela
Enfermeira e Teacutecnico de enfermagem
Novembro2011
32
avaliaccedilatildeo das accedilotildees votadas agrave sauacutede da mulher pela equipe de sauacutede
displasia ou neoplasia - Fazer a busca das usuaacuterias faltosas aos exames e consultas
equipe
Falta de interesse e conscientizaccedilatildeo em relaccedilatildeo agrave importacircncia do exame preventivo
Atendimento de Grupos Retomar o grupo de mulheres onde seratildeo abordados temas relativos agrave sauacutede da mulher Realizar orientaccedilotildees por meio de palestras nos grupos operativos
Conscientizar as mulheres sobre a importacircncia da realizaccedilatildeo do exame
Equipe de Sauacutede Fevereiro2012
Consulta eacute marcada com um meacutedico do sexo masculino
Agendamento com o enfermeiro quando possiacutevel
Reforccedilar com a paciente que durante a consulta estaraacute presente uma Auxiliar de Enfermagem
Diminuir a evasatildeo do exame prevenccedilatildeo Diminuir a resistecircncia ao atendimento masculino
Disponibilizar uma auxiliar ou teacutecnica de enfemagem para acompanhar o meacutedico durante o exame
Dezembro2011
Falta disponibilidade de horaacuterios mais flexiacuteveis pois haacute concentraccedilatildeo de horaacuterio pela manhatilde
Adequaccedilatildeo da Agenda Alteraccedilotildees na agenda com horaacuterios para adequar agraves necessidades dos usuaacuterios
Marcar os exames preventivos para o horaacuterio da tarde
Enfermeira e meacutedico Janeiro2012
33
6 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
A poliacutetica da sauacutede tem como principal objetivo promover mudanccedilas no intuito
de melhorar o niacutevel da sauacutede da populaccedilatildeo Diante dos resultados apurados nesse
estudo percebe-se a necessidade das intervenccedilotildees a serem efetuadas no Centro de
Sauacutede Felicidade II visando melhorar o iacutendice de cobertura dos exames
preventivos
Assim a realidade percebida no Centro de Sauacutede Felicidade II eacute que o
desempenho da equipe exerce grande impacto no desenvolvimento das accedilotildees
alcanccedilando dessa forma o objetivo de contribuir com o aprimoramento e a
consolidaccedilatildeo da assistecircncia agrave sauacutede da populaccedilatildeo
Como problemas levantados em relaccedilatildeo a baixa cobertura da prevenccedilatildeo do
cacircncer do colo do uacutetero identificamos as seguintes o ACS sentir inseguro para
orientar agraves mulheres em relaccedilatildeo aos cuidados para realizar o exame preventivo a
falta de capacitaccedilatildeo teacutecnica para o enfermeiro realizar o exame de Papanicolaou
consultas agendadas para datas muito distantes fazendo com que a mulher se
esqueccedila do diadesconhecimento das mulheres sobre o exame preventivo e os
cuidados preparativos para o mesmo falta de interesse e conscientizaccedilatildeo em
relaccedilatildeo agrave importacircncia do exame preventivo por parte das usuaacuteriaspudor da mulher
diante do profissional de sexo masculino e falta de disponibilidade de horaacuterios mais
flexiacuteveis com concentraccedilatildeo das consultas no horaacuterio da manhatilde
A partir dos problemas levantados foram propostas as atividades accedilotildees
metas e os responsaacuteveis pelas atividades no sentido de ampliar a cobertura das
mulheres por meio da participaccedilatildeo de toda a equipe de sauacutede Desse modo foi
muito importante tambeacutem a elaboraccedilatildeo das estrateacutegias para que o nuacutemero de
usuaacuterias seja aumentado Neste sentido destaca-se o papel do enfermeiro como
parte integrante da equipe de sauacutede e que desempenha um importante papel na
promoccedilatildeo da prevenccedilatildeo educaccedilatildeo e melhorias constantes nos serviccedilos oferecidos
agrave populaccedilatildeo
Nesta direccedilatildeo o Centro de Sauacutede Felicidade II deve se preocupar com a
capacitaccedilatildeo de seus funcionaacuterios com a organizaccedilatildeo do processo de trabalho das
equipes bem com um investimento maior nas accedilotildees de promoccedilatildeo e prevenccedilatildeo da
saude conforme abordado neste estudo
34
Desse modo cabe a todos os profissionais atuar mais na prevenccedilatildeo
promoccedilatildeo e recuperaccedilatildeo por meio de praacuteticas educativas promovendo campanhas
palestras sobre a sauacutede da mulher fornecendo orientaccedilotildees durante as consultas
para que se possa reverter o quadro de baixo iacutendice de cobertura no exame
preventivo de cacircncer do colo do uacutetero alcance assim a cobertura preconizada pela
Secretaacuteria de Sauacutede o que vai refletir na melhoria da assistecircncia a sauacutede agrave mulher
35
REFEREcircNCIAS ALBUQUERQUE KM et al Cobertura do Teste de Papanicolau e Fatores associados agrave Natildeo-Realizaccedilatildeo um olhar sobre o Programa de Prevenccedilatildeo do Cacircncer do Colo do Uacutetero em Pernambuco Brasil Caderno de Sauacutede Puacuteblica v 25 supl 2 Rio de Janeiro 2009 Disponiacutevel em lthttpwwwscielosporgscielophpscript=sci_arttextamppid=S0102-311X2009001400012gt Acesso em 6 nov 2010 BELO HORIZONTE Secretaria Municipal de Sauacutede Prevenccedilatildeo e Controle do Cacircncer do Colo de Uacutetero Belo Horizonte 2008 BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede O Programa Sauacutede da Famiacutelia e a Atenccedilatildeo Baacutesica no Brasil Brasiacutelia 2002 Disponiacutevel em lthttpwwwccssaudegovbrsaudebatea portamostravirtualpublicacoespsf_atencaobasicapdfgt Acesso em 01 abr 2010 CEacuteSAR JA et al Fatores Associados agrave natildeo Realizaccedilatildeo de Exame Citopatoloacutegico de Colo Uterino no Extremo Sul do Brasil Caderno de Sauacutede Puacuteblica Rio de Janeiro v19n5 p1365-1372 setout 2003 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrpdf0Dcspv19n517808pdfgt Acesso em 16 jul 2010 CORREcircA DA D VILLELA WV O Controle do Cacircncer do Colo do Uacutetero desafios para implementaccedilatildeo de accedilotildees programaacuteticas no Amazonas Brasil Rev bras sauacutede matern infantil v8 n4p491-497 outdez 2008 DIAS-DA-COSTA J S et al Cobertura do Exame Citopatoloacutegico na Cidade de Pelotas Rio Grande do Sul Brasil Caderno de Sauacutede Puacuteblica Rio de Janeiro v19 n1 p191-197 janfev 2003 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrpdfcspv19n114919pdfgt Acesso em 16 jul 2010 DOMINGOS ACP et al Cacircncer do Colo do Uacutetero comportamento preventivo de auto-cuidado agrave sauacutede Revista Ciecircncia Cuidado e Sauacutede 6 (Suplem 2) p 397-403 2007 Disponiacutevel em lthttpperiodicosuembrojsindexphpCiencCuidSaudearticleviewFile53373385gt Acesso em 5 nov 2010 HACKENHAAR AAC JURACI A DOMINGUES MR Exame Citopatoloacutegico de Colo Uterino em Mulheres com Idade entre 20 e 59 anos em Pelotas RS prevalecircncia foco e fatores associados agrave sua natildeo realizaccedilatildeo Revista Brasileira de EpidemiologiaSatildeo Paulo v9n1 Mar 2006 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S1415-790X2006000100013gt Acesso em 16 jul 2010 MONTEMOR EBL et al Controle do Cacircncer de Colo de Uacutetero o exame citopatoloacutegico In LOPES MHBde M (org) Enfermagem na Sauacutede da Mulher Goiacircnia AB 2006 p 45-65 NAKAGAWA JTT SCHIRMER J BARBIERI M Viacuterua HPV e Cacircncer de Colo de Uacutetero Revista Brasileira de Enfermagem v 63 n 2 Brasiacutelia marabri 2010
36
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17
4 APRESENTACcedilAtildeO DOS RESULTADOS
41 A promoccedilatildeo da sauacutede das mulheres
Correcirca e Villela (2008) relatam que foi nas primeiras deacutecadas do seacuteculo XX
que o Brasil passou a incorporar a questatildeo da sauacutede da mulher nas poliacuteticas
nacionais cujo enfoque estava em prestar assistecircncia aos filhos das mulheres que
natildeo tinham acesso aos serviccedilos de sauacutede constituindo a atenccedilatildeo preacute-natal como
uacutenica accedilatildeo de caraacuteter universalista com relaccedilatildeo agrave sauacutede da mulher
Com as mudanccedilas na condiccedilatildeo social das mulheres ocorridas ao longo da segunda metade do seacuteculo XX as propostas de atenccedilatildeo materno-infantil mostram-se insuficientes Em 1984 eacute proposto pelo Ministeacuterio da Sauacutede o Programa de Assistecircncia Integral agrave Sauacutede da Mulher (PAISM) visando agrave extensatildeo das accedilotildees baacutesicas em sauacutede da mulher e incluindo entre outras atividades preventivas e de diagnoacutestico do cacircncer do colo do uacutetero e mamaacuterio A assistecircncia integral envolvia o atendimento de todas as necessidades da populaccedilatildeo feminina enfatizando as accedilotildees dirigidas ao controle das patologias mais prevalentes incluindo accedilotildees educativas Poreacutem a implementaccedilatildeo efetiva do Programa natildeo aconteceu como desejado ficando as atividades nos serviccedilos de sauacutede bastante focalizadas nas demandas relativas agrave contracepccedilatildeo acompanhamento da gravidez e ao parto A prevenccedilatildeo e controle do cacircncer ginecoloacutegico continuaram em segundo plano (CORREcircA e VILLELA 2008p1)
Domingos et al (2008 p 1) afirmam que ldquopor meio da promoccedilatildeo da sauacutede
caracterizada como sendo promoccedilatildeo primaacuteria e detecccedilatildeo precoce das lesotildees
precursoras (exame de Papanicolaou) eacute possiacutevel reduzir a mortalidade e
incidecircnciardquo
Em 1997 foi implantado no Paranaacute o Programa de Prevenccedilatildeo do Cacircncer do Colo do Uacutetero que prioriza inicialmente o atendimento da faixa etaacuteria de 30 a 49 anos (a mais acometida pela doenccedila no Estado) atendendo na sequumlecircncia todas as faixas etaacuterias expostas ao risco O intervalo entre os exames para controle dos casos negativos eacute de trecircs anos (DOMINGOS et al 2008 p 1)
42 A prevenccedilatildeo do cacircncer do colo do uacutetero
Narchi Janicas e Fernandes (2007) ensinam que a prevenccedilatildeo do cacircncer
ceacutervico-uterino eacute realizada em dois planos a prevenccedilatildeo primaacuteria e a secundaacuteria Na
forma primaacuteria conforme os autores deve-se atentar para os fatores de risco
18
evitaacuteveis e na atuaccedilatildeo do enfermeiro Jaacute na fase de prevenccedilatildeo secundaacuteria deve ser
feito o rastreamento captaccedilatildeo e identificar a vulnerabilidade do cacircncer
Domingos et al (2007) afirmam que a principal estrateacutegia para a prevenccedilatildeo
primaacuteria da doenccedila eacute o uso de preservativo (masculino ou feminino) durante as
relaccedilotildees sexuais visto que a infecccedilatildeo pelo viacuterus papiloma humano (HPV) estaacute
presente em 90 dos casos A prevenccedilatildeo secundaacuteria eacute realizada por meio do
exame preventivo (Papanicolaou) para a detecccedilatildeo precoce da doenccedila
Albuquerque et al (2007) afirmam que desde 1988 o Ministeacuterio da Sauacutede tem
como objetivo reduzir as taxas de morbimortalidade e com isso adota como norma
a recomendaccedilatildeo da Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede a qual propotildee que seja feito a
cada trecircs anos a realizaccedilatildeo do exame citoloacutegico do colo do uacutetero sendo dois
exames anuais consecutivos negativos para mulheres na faixa de idade de 25 a 59
anos ou que jaacute tenham atividade sexual
Iniciativas como o Programa Viva Mulher lanccedilado em 1996 e o desenvolvimento de campanhas nacionais sistemaacuteticas tecircm contribuiacutedo para o aumento da cobertura do exame no paiacutes Contudo verifica-se que as taxas de incidecircncia e de mortalidade ainda permanecem desafiando as medidas ateacute entatildeo adotadas sinalizando possiacuteveis deficiecircncias na oferta no acesso e na qualidade das referidas accedilotildees (ALBUQUERQUE et al 2007 p 1)
Nakagawa Schirmer e Barbieri (2007) relatam que a associaccedilatildeo do viacuterus
HPV com o cacircncer de colo de uacutetero comeccedilou em 1949 quando o patologista George
Papanicolaou introduziu o exame mais difundido no mundo para detectar a doenccedila
o exame que leva o seu proacuteprio nome ou seja Papanicolaou
De acordo com o desenvolvimento do carcinoma de colo de uacutetero Nakagawa
Schirmer e Barbieri (2007 p 1) afirmam que
Esse exame permitiu identificar mulheres com alteraccedilotildees celulares preacute-maligna possibilitando observar uma associaccedilatildeo da atividade sexual com o desenvolvimento do cacircncer de colo de uacutetero No entanto somente na deacutecada de 70 o conhecimento acerca da etiologia da doenccedila teve consideraacutevel avanccedilo Estudos constataram que tal associaccedilatildeo implicava na presenccedila de um agente etioloacutegico de transmissatildeo sexual Harold zur Hausen um infectologista alematildeo constatou que o Papiloma Viacuterus Humano (viacuterus HPV) poderia ser esse agente estabelecendo inicialmente a relaccedilatildeo do viacuterus com as verrugas e condilomas Somente anos mais tarde o viacuterus foi relacionado com o desenvolvimento do carcinoma de colo de uacutetero (NAKAGAWA SCHIRMER e BARBIERI 2007 p 1)
19
Os autores relatam que devido ao advento da clonagem molecular na deacutecada
de 90 e a utilizaccedilatildeo de tal tecnologia na replicaccedilatildeo do genoma do Papiloma Viacuterus
outros aspectos da infecccedilatildeo foram elucidados
Devido agrave discrepacircncia entre a alta frequumlecircncia de infecccedilotildees HPV em mulheres jovens sexualmente ativas e a ocorrecircncia relativamente baixa de lesotildees cervicais nas mesmas colocou-se em duacutevida a etiologia viral da doenccedila e concluiu-se que a infecccedilatildeo era causa necessaacuteria mas natildeo suficiente para o desenvolvimento da doenccedila uma vez que virtualmente somente uma fraccedilatildeo de mulheres portadoras do viacuterus a desenvolveria Estudos preacutevios jaacute sugeriam que um forte fator diferenciava a progressatildeo ou natildeo da doenccedila sugerindo que isto estaria relacionada aos diversos tipos do viacuterus HPV Estudos posteriores mostraram que a sua progressatildeo depende natildeo somente da presenccedila do viacuterus mas tambeacutem do tipo de viacuterus da persistecircncia da infecccedilatildeo e da evoluccedilatildeo das lesotildees precursoras para o carcinoma invasivo (NAKAGAWA SCHIRMER e BARBIERI 2007 p 1)
Segundo Narchi Janicas e Fernandes (2007) a prevenccedilatildeo primaacuteria do cacircncer
ceacutervico-uterino refere-se agrave reduccedilatildeo da exposiccedilatildeo aos fatores de risco como o iniacutecio
precoce da atividade sexual a multiplicidade de parceiros as doenccedilas sexualmente
transmissiacuteveis especialmente a infecccedilatildeo causada pelo HPV e multiparidade Aleacutem
disso outros fatores tecircm sido relacionados ao cacircncer ceacutervico-uterino em estudos
epidemioloacutegicos ainda natildeo conclusivos dentre eles o uso de anticoncepcional oral
as situaccedilotildees de imunossupressatildeo como diabete lupus corticoterapia e Aids o
tabagismo e a alimentaccedilatildeo pobre em folatos vitaminas A e C e betacaroteno
Atualmente considera-se fundamental a relaccedilatildeo entre o desenvolvimento do cacircncer ceacutervico-uterino e a transmissatildeo sexual HPV Nesse sentido a prevenccedilatildeo primaacuteria tem como foco a praacutetica de sexo seguro No entanto apesar da divulgaccedilatildeo da importacircncia do uso de preservativos para diminuiccedilatildeo potencial do risco de transmissatildeo do HPV observa-se que seu uso depende de uma serie de fatores como o conhecimento a respeito da doenccedila e suas formas de prevenccedilatildeo a percepccedilatildeo de risco de infecccedilatildeo as crenccedilas e valores culturais as iniquidades de gecircnero e como elas se revelam o grau de autonomia e poder de negociaccedilatildeo sexual nas relaccedilotildees afetivo-sexuais acesso ao serviccedilo de sauacutede e a oferta de preservativos (NARCHI JANICAS e FERNANDES 2007 p 129)
Ceacutesar et al (2003) afirmam que exames preventivos perioacutedicos permitem
reduzir em ateacute 70 a sua mortalidade na populaccedilatildeo de risco A faixa etaacuteria mais
acometida vai dos 25 aos 60 anos e o seu mais importante determinante eacute o
papilomaviacuterus humano De acordo com o Instituto Nacional de Cacircncer (INCA)
O Instituto Nacional de Cacircncer (INCA) recomenda o exame citopatoloacutegico para cacircncer de colo uterino a toda mulher com idade entre 20 e 60 anos e que possua vida sexual ativa Inicialmente o exame deve ser feito a cada trecircs anos Em caso de dois resultados negativos para displasia ou
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neoplasia um novo exame deveraacute ser repetido uma vez a cada trecircs anos (BRASIL 2002 apud CEacuteSAR et al 2003 p 1371)
Narchi Janicas e Fernandes (2007) afirmam que de modo contextual a
prevenccedilatildeo primaacuteria eacute realizada a partir identificaccedilatildeo da presenccedila de fatores de risco
com vistas a prevenir o surgimento da doenccedila Sabe-se que o cacircncer ceacutervico-uterino
haacute muito vem sendo associado ao baixo niacutevel socioeconocircmico tanto a exposiccedilatildeo
aos fatores de risco quanto especialmente pela desigualdade no acesso aos
serviccedilos de sauacutede Essas barreiras satildeo multidimensionais inserindo-se em um
contexto social amplo que a barca desde dificuldades geograacuteficas de informaccedilatildeo
familiares econocircmicas culturais religiosas e emocionais ateacute as relacionadas agraves
poliacuteticas de sauacutede Diante dessa constataccedilatildeo acredita-se que a anaacutelise dos
programas e a proposiccedilatildeo de estrateacutegias devam tambeacutem corresponder agrave amplitude
dos fatores intervenientes
De acordo com as autoras no que diz respeito agrave prevenccedilatildeo primaacuteria o
Programa de Sauacutede da Famiacutelia (PSF) tem importante papel na identificaccedilatildeo de
grupos de mulheres com perfil de risco para desenvolver o cacircncer ceacutervico-uterino e
com base nas necessidades levantadas implementar accedilotildees de intervenccedilatildeo no meio
ambiente e em seus fatores de risco De acordo com as autoras diversas
estrateacutegias podem reduzir os fatores de risco para cacircncer ceacutervico-uterino dentre as
quais destacam-se realizaccedilatildeo de grupos educativos que permitam a discussatildeo de
temas como sexualidade e gecircnero vulnerabilidade e prevenccedilatildeo as DST
planejamento familiar qualidade de vida e prevenccedilatildeo do cacircncer ginecoloacutegico entre
outros As autoras destacam tambeacutem a importacircncia mobilizaccedilatildeo das mulheres para
o autocuidado e a busca de melhor qualidade de vida (grupos de caminhada cultivo
de hortas caseiras por exemplo) valorizaccedilatildeo da integralidade na assistecircncia e no
estiacutemulo a uma participaccedilatildeo ativa das mulheres com atitudes assertivas em relaccedilatildeo
a sauacutede identificaccedilatildeo e minimizaccedilatildeo das dificuldades de acesso ao serviccedilo de
sauacutede sejam elas barreiras individuais e institucionais (NARCHI JANICAS e
FERNANDES 2007)
Ainda conforme as autoras aleacutem das atividades comunitaacuterias que podem ser
realizadas pela equipe de sauacutede da famiacutelia o enfermeiro tambeacutem pode instituir
grupos educativos de coleta ou de resultados da colpocitologia na unidade baacutesica de
sauacutede (UBS) ou na unidade de sauacutede da famiacutelia (USF) abordando temaacuteticas
21
voltadas agrave sexualidade higiene iacutentima prevenccedilatildeo de DST prevenccedilatildeo do cacircncer
ginecoloacutegico e teacutecnica de coleta do exame As autoras afirmam que esses grupos
aleacutem de disponibilizarem um espaccedilo para a socializaccedilatildeo do conhecimento
possibilitam a integraccedilatildeo entre profissionais e pacientes e estimulam o
autoconhecimento do corpo e da sexualidade familiarizando a mulher ao ambiente e
ao exame e minimizando sentimentos negativos como o medo a vergonha o
nervosismo e o constrangimento que por vezes as impedem de aderir ao programa
Essa estrateacutegia seraacute possiacutevel agrave medida que o profissional estiver sensibilizado e
capacitado para implementaacute-la utilizando habilidades de aconselhamento e
abordagem empaacutetica (NARCHI JANICAS e FERNANDES 2007)
O enfermeiro deve ainda avaliar a presenccedila de fatores de risco na consulta
de enfermagem agrave mulher com vistas a realizar as intervenccedilotildees necessaacuterias e o
acompanhamento mais frequente Diante disso eacute recomendado que na consulta de
retorno para recebimento do laudo da colpocitologia seja realizado procedimento de
aconselhamento sobre DST e Aids antes de discutir o resultado e a conduta
No que diz respeito agrave prevenccedilatildeo secundaacuteria do cacircncer ceacutervico-uterino Narchi
Janicas e Fernandes (2007) afirmam que se deve realizar o exame citopatoloacutegico
para que seja feita a detecccedilatildeo do cacircncer in situ ou das lesotildees precursoras trataacuteveis
e curaacuteveis em ateacute 100 dos casos Para as autoras o acolhimento deveraacute ocorrer
em todas as fases da assistecircncia ou seja desde o primeiro contato com a mulher o
que pode ocorrer em seu domiciacutelio quanto no agendamento ao se verificar acerca
do aprazamento da colpocitologia Citam tambeacutem que esse exame tem sido
utilizado em programas de rastreamento do cacircncer ceacutervico-uterino em todo o mundo
(screening) para interromper o ciclo evolutivo da doenccedila detectando-a em fase preacute-
invasiva trataacutevel e curaacutevel Relatam ainda que os paiacuteses que desenvolveram o
programa tanto com identificaccedilatildeo efetiva da populaccedilatildeo de risco qualidade coleta e
na interpretaccedilatildeo dos resultados quanto com tratamento e acompanhamento
adequados dos casos de alto risco lograram reduccedilatildeo significativa na incidecircncia e na
mortalidade por essa patologia
Segundo a OMS para que um programa de rastreamento do cacircncer ceacutervico-
uterino cause impacto epidemioloacutegico eacute necessaacuterio realizar uma cobertura superior a
80 o que representaria um impacto de 50 na reduccedilatildeo da mortalidade por essa
doenccedila Entretanto nos paiacuteses em desenvolvimento como o Brasil a cobertura
22
desse teste ainda natildeo alcanccedilou niacuteveis suficientes e coerentes com as necessidades
da populaccedilatildeo feminina sob maior risco de contrair a doenccedila
Narchi Janicas e Fernandes (2007) relatam que no Brasil as accedilotildees de
intervenccedilatildeo e controle do cacircncer ceacutervico-uterino tecircm sido norteadas pela distribuiccedilatildeo
das lesotildees cervicais segundo as faixas etaacuterias de mulheres mais acometidas pela
doenccedila e pela periodicidade dos exames citopatoloacutegicos seguindo a loacutegica
epidemioloacutegica do risco e da relaccedilatildeo custobenefiacutecio que norteiam as intervenccedilotildees
em sauacutede publica Poreacutem por vaacuterios anos essa cobertura esteve descontextualiza
da no paiacutes de forma a disponibilizar a citopatologia apenas durante o preacute-natal natildeo
atingindo a populaccedilatildeo de mulheres da faixa etaacuteria de maior risco subutilizando os
equipamentos de sauacutede e tornando o programa ineficiente Conforme as autoras
vaacuterios estudos que investigaram os motivos que dificultam a captaccedilatildeo das mulheres
para a prevenccedilatildeo do cacircncer ginecoloacutegico ressaltam a amplitude do problema que
perpassa por diversas esferas assumindo aspecto multidimensional
Narchi Janicas e Fernandes (2007) ressaltam ainda que o modelo
contextual proposto por Pinho amp Franccedila-Junior analisa o acesso e a utilizaccedilatildeo dos
serviccedilos preventivos em trecircs planos individual organizacionalprogramaacutetico e social
dispostos em uma estrutura dinacircmica e relacional Esse modelo propotildee que a
realizaccedilatildeo da colpocitologia seja produto da interaccedilatildeo desses trecircs planos dos quais
emergem os elementos necessaacuterios para definir uma situaccedilatildeo de vulnerabilidade
individual programaacuteticaorganizacional e social do cacircncer ceacutervico-uterino Para as
autoras o plano individual representado por caracteriacutesticas relacionadas agrave
realizaccedilatildeo do exame definiraacute a vulnerabilidade individual da mulher a doenccedila A
vulnerabilidade eacute representada por um conjunto de fatores cognitivos relacionados a
real falta de conhecimento sobre a doenccedila e o exame o que contribui para a
reduccedilatildeo de praacuteticas sexuais seguras e de prevenccedilatildeo secundaacuteria Tal vulnerabilidade
individual pode ser criada e percebida pelas mulheres ou a elas imposta no
momento em que se enfatiza o risco da natildeo-realizaccedilatildeo da colpocitologia em vez da
ecircnfase ao benefiacutecio da accedilatildeo gerando ou reforccedilando sentimento de medo em
relaccedilatildeo ao cacircncer que pode provocar tanto um efeito propulsor que induz a mulher
para a realizaccedilatildeo do exame quanto um efeito mais restritivo ao exame pelo medo
de sentir dor ou de receber um resultado positivo concluem as autoras
23
No plano organizacional ou programaacutetico inserem-se as caracteriacutesticas
relacionadas agrave disponibilidade de serviccedilos de sauacutede em relaccedilatildeo agrave demanda e a sua
acessibilidade geograacutefica a organizaccedilatildeo e as necessidades da populaccedilatildeo usuaacuteria e
ao planejamento das accedilotildees efetivas na prevenccedilatildeo e na promoccedilatildeo a sauacutede sob a
forma de programas organizados de rastreamento do cacircncer cervical que primem
pelo respeito agrave autonomia individual e pela abordagem integral mulher (NARCHI
JANICAS e FERNANDES 2007)
Ainda segundo os autores um dos fatores que contribuem para a baixa
adesatildeo das mulheres ao programa eacute a falta de humanizaccedilatildeo na assistecircncia pois a
violecircncia institucional sofrida pelas mulheres durante a consulta ginecoloacutegica pode
ser traduzida pela humilhaccedilatildeo por constrangimento e pela forma fria e
despersonalizada com que satildeo atendidas sem serem esclarecidas quanto ao
resultado do exame ou por realizarem tratamentos por vaacuterios anos sem sequer
terem noccedilatildeo dos seus objetivos Isso submete a mulher a uma assistecircncia
medicalizada e indigna na qual se perde a oportunidade de investir em prevenccedilatildeo
primaacuteria (NARCHI JANICAS E FERNANDES 2007)
De acordo com Dias-da-Costa et al (2003) quando se fala acerca da sauacutede
puacuteblica eacute sabido que a efetividade do programa de controle do cacircncer de colo do
uacutetero depende da cobertura populacional alcanccedilada Poreacutem no Brasil a avaliaccedilatildeo
da efetividade de programas de prevenccedilatildeo e accedilotildees de sauacutede puacuteblica ainda eacute
considerada incipiente
43 Contexto histoacuterico da citologia oncoacutetica
Montemor et al (2008 p 45) relatam que na eacutepoca em que a citologia
ginecoloacutegica estava em desenvolvimento agrave ideacuteia preponderante entre os
ginecologistas era que sendo o colo uterino facilmente acessiacutevel agrave bioacutepsia dava-se
preferecircncia ao estudo histoloacutegico pois a citologia ainda carecia de credibilidade
diagnoacutestica
Os autores afirmam que foi Aureli Babes um patologista romeno em 1928
que sugeriu que fosse feita a coleta direta de material do colo uterino para o
diagnoacutestico do cacircncer sendo que o mesmo foi o primeiro pesquisador que
descreveu de forma minuciosa a teacutecnica de coleta utilizando a coloraccedilatildeo atraveacutes do
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meacutetodo de Giemsa Entretanto ainda de acordo com os autores foi George
Nicholas Papanicolaou um grego nascido em 1883 em Kymi na ilha grega de
Euboea que se aprofundou nos estudos acerca da citologia ginecoloacutegica o qual em
1913 se fixou nos Eua como pesquisador do laboratoacuterio do Hospital de Nova Iorque
Segundo os autores Neste sentido os autores afirmam que
Papanicolaou quando estudava as alteraccedilotildees hormonais das ceacutelulas nas diferentes fases do ciclo menstrual observou que tambeacutem era possiacutevel o diagnoacutestico das ceacutelulas tumorais do colo uterino Em 1941 publicou no American Journal of Obstetrics and Gynecology em co-autoria com Traut um trabalho com o tiacutetulo de O valor diagnoacutestico dos esfregaccedilos vaginais no carcinoma do uacutetero Nessa publicaccedilatildeo mostra a possibilidade de fazer diagnoacutestico de carcinoma do colo uterino atraveacutes de ceacutelulas atiacutepicas presentes nos esfregaccedilos bem como enfatiza a necessidade de aplicar esse meacutetodo simples e de baixo custo a um grande nuacutemero de mulheres O meacutetodo de coloraccedilatildeo dos esfregaccedilos citoloacutegicos que leva o nome de ldquoColoraccedilatildeo de Papanicolaourdquo eacute ainda hoje largamente utilizado (MONTEMOR et al 2008 p 46)
Os autores relatam ainda que em meados de 1940 o J Ernest Ayre um
meacutedico canadense utilizou uma espaacutetula a qual leva o seu nome para obter
raspados do colo uterino possibilitando dessa forma uma maneira praacutetica e
eficiente de coleta de material para a realizaccedilatildeo de exames em grande escala
(MONTEMOR et al 2008) De acordo com Tavares et al (2007) o exame
citopatoloacutegico foi sugerido como uma ferramenta para a detecccedilatildeo precoce do cacircncer
do colo do uacutetero em 1941
Conforme Hackenhaar Ceacutesar e Domingues (2006) a prevenccedilatildeo considerada
como secundaacuteria do cacircncer do colo uterino tem se centralizado no rastreamento de
mulheres sexualmente ativas atraveacutes do exame citopatoloacutegico do colo uterino O
qual foi adotado para rastreamento na deacutecada de 50 em vaacuterios paiacuteses uma vez que
identifica lesotildees preacute-cancerosas que se tratadas minimizam a incidecircncia de
carcinoma invasor e com isso a mortalidade pelo cacircncer de colo uterino Segundo
os autores
Em 1998 o Ministeacuterio da Sauacutede do Brasil estabeleceu que o exame para a detecccedilatildeo precoce do cacircncer do colo uterino deveria ser realizado por mulheres com idade entre 25 e 60 anos ou antes desta faixa etaacuteria caso jaacute tivessem mantido relaccedilotildees sexuais Para estas mulheres a periodicidade deveria ser de trecircs em trecircs anos se os dois primeiros exames realizados a cada ano fossem normais Em 2002 ocorreu a fase de intensificaccedilatildeo da campanha que tinha por objetivo realizar exames nas mulheres de 35 a 49 anos que nunca haviam realizado este tipo de exame ou que o houvessem
25
realizado haacute mais de trecircs anos (HACKENHAAR CEacuteSAR e DOMINGUES 2006 p 1)
44 Conceitos e caracteriacutesticas do exame de prevenccedilatildeo do cacircncer
Conforme Montemor et al (2008) o exame citopatoloacutegico tambeacutem conhecido
como exame Papanicolaou ou ainda exame preventivo do cacircncer do colo do uacutetero
tem como objetivo a anaacutelise das ceacutelulas obtidas por raspagem do colo uterino
(ectoceacutervice e canal endocervical) com as quais eacute realizado esfregaccedilo sobre uma
lacircmina de vidro De acordo com os autores as caracteriacutesticas morfoloacutegicas das
ceacutelulas satildeo observadas ao microscoacutepio e quando alteradas ou seja quando estatildeo
diferentes daquelas consideradas normais sugerem tratar-se de processo preacute-
neoplaacutesico ou neoplaacutesico Os autores afirmam ainda que atualmente o exame
citopatoloacutegico eacute o meacutetodo de rastreamento para cacircncer do colo uterino mais utilizado
em todo o mundo
De acordo com Tavares (2007) o exame citopatoloacutegico eacute considerado um
meacutetodo eficiente pois tem a habilidade de identificar lesotildees precursoras do cacircncer
do colo do uacutetero que naquele momento satildeo trataacuteveis podendo resultar em
significante decreacutescimo da mortalidade por esse tipo de cacircncer
45 O cacircncer do colo do uacutetero
Segundo Zeferino (2008) o cacircncer do colo uterino tem sido um desafio para a
sauacutede puacuteblica na reduccedilatildeo de morte de mulheres por causa desse mal uma vez que
se trata de uma doenccedila que pode ser evitada por meio do diagnoacutestico e do
tratamento de suas lesotildees precursoras Neste sentido Narchi Janicas e Fernandes
(2007) concordam com Zeferino (2008) quando afirmam que o cacircncer chamado por
eles de cacircncer ceacutervico-uterino vem sendo alvo de atenccedilatildeo por parte da comunidade
cientiacutefica devido ocupar lugar de destaque no que diz respeito agraves elevadas taxas de
morbidade e mortalidade entre a populaccedilatildeo feminina principalmente em paiacuteses em
desenvolvimento uma vez que trata-se de um tipo de cacircncer que estaacute relacionado
ao perfil epidemioloacutegico das mulheres cuja frequecircncia dos fatores de risco e do grau
de implementaccedilatildeo de accedilotildees de curto e longo prazos em todos os niacuteveis de atenccedilatildeo
26
De acordo com Hackenhaar Ceacutesar e Domingues (2006 p1) ldquoo cacircncer do
colo uterino eacute um problema de sauacutede puacuteblica mundialrdquo Segundo os autores
Em 2000 havia uma estimativa de 468000 casos com 233000 mortes por este tipo de cacircncer em todo o mundo Destas mortes 80 ocorreriam nos paiacuteses em desenvolvimento No Brasil o cacircncer de colo uterino representa a segunda maior causa de morte por cacircncer entre as mulheres (HACKENHAAR CEacuteSAR e DOMINGUES 2006 p 1)
Por meio do controle perioacutedico utilizando-se o exame citoloacutegico eacute possiacutevel
reduzir sua incidecircncia pois dados da Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede (OMS)
afirmam que a cada ano surgem cerca de 500 mil novos casos de cacircncer do colo
uterino por ano no mundo todo sendo que mais de 400 mil ocorrem em paiacuteses em
desenvolvimento (ZEFERINO 2008) Este dado eacute confirmado por Ceacutesar et al
(2003) quando os autores afirmam que cerca de 80 dos casos de cacircncer de colo
uterino ocorrem nos paiacuteses pobres
Domingos et al (2007 p 1) explicam que ldquoo cacircncer de colo de uacutetero eacute uma
doenccedila de evoluccedilatildeo lenta levando em meacutedia 14 anos para sua evoluccedilatildeo total
Inicia-se com alteraccedilotildees miacutenimas nas ceacutelulas denominadas displasia e se natildeo
forem tratadas estas alteraccedilotildees evoluemrdquo De acordo com os autores
Com o desenvolvimento da doenccedila em meacutedia trecircs anos apoacutes a constataccedilatildeo das primeiras alteraccedilotildees celulares surge um tumor localizado chamado carcinoma in situ Este cacircncer desenvolve-se por mais seis anos invadindo a mucosa do uacutetero quando recebe o nome de carcinoma invasor Apoacutes 14 anos das primeiras alteraccedilotildees celulares o cacircncer atinge a forma mais grave com o aparecimento de metaacutestase espalhando-se assim por outras regiotildees do corpo (DOMINGOS et al 2007 p 1)
Conforme Rodrigues Neto Figueiredo e Siqueira (2008 p 1) o cacircncer tem
sido responsaacutevel por seis milhotildees de mortes por ano correspondendo a 12 das
mortes mundiais ldquoEstima-se a ocorrecircncia de mais de dez milhotildees de novos casos
de cacircncer por ano sendo que para o ano de 2020 espera-se que haja mais de 15
milhotildees de casos novosrdquo Para os autores
O cacircncer do colo do uacutetero (CCU) ocupa o 2ordm lugar na incidecircncia mundial de neoplasias estando atraacutes apenas do cacircncer de mama Por ano no mundo ocorrem cerca de 235 mil mortes devido ao CCU sendo 218 mil em paiacuteses considerados pobres ou emergentes(4) onde ocorre quase 60 dos casos novos de cacircncer ocupando um lugar de destaque nas taxas de morbimortalidade entre a populaccedilatildeo feminina Ressalta-se que na Ameacuterica Latina se encontram as mais altas taxas de incidecircncia desta doenccedila
27
representando uma das causas de oacutebito mais frequumlente entre as mulheres [] Natildeo considerando os carcinomas de pele natildeo melanoma o CCU eacute o mais incidente na Regiatildeo Norte (22100000) Jaacute nas regiotildees Sul (24100000) Centro-Oeste (19100000) e Nordeste (18100000) ocupa a segunda posiccedilatildeo e no Sudeste (18100000) a quarta posiccedilatildeo estando assim associado a regiotildees brasileiras de baixo niacutevel socioeconocircmico (RODRIGUES NETO FIGUEIREDO e SIQUEIRA 2008 p 1)
Dentre os fatores causadores e facilitadores desse tipo de cacircncer Ceacutesar et al
(2003) citam fatores reprodutivos maternos tais como iniacutecio precoce de atividade
sexual e comportamento sexual masculino baixo niacutevel socioeconocircmico muacuteltiplos
parceiros sexuais higiene sexual precaacuteria ocorrecircncia de abortos (particularmente os
induzidos) alcoolismo e tabagismo e uso de anticoncepcional oral Domingos et al
(2007 p 1) afirmam que ldquoo cacircncer do colo do uacutetero eacute um dos maiores problemas da
sauacutede da mulher em todo o mundo Estima-se que a cada ano ocorram no mundo
493000 novos casos da doenccedila e 274000 mortesrdquo
ldquoSegundo dados do Ministeacuterio da Sauacutede (MS) no ano de 2002 4091
mulheres morreram no Brasil vitimadas por este tipo de cacircncer Destas 297
ocorreram no Estado do Paranaacute na faixa etaacuteria de 30 a 49 anosrdquo (DOMINGOS et al
2007 p 1)
Zeferino (2008) relata que no Brasil o cacircncer do colo uterino eacute o terceiro mais
frequumlente o qual eacute superado apenas pelos cacircnceres de pele e de mama Trata-se
da quarta causa de oacutebito entre as mulheres superado apenas pelos cacircnceres de
mama do pulmatildeo e do coacutelon-reto No ano de 2003 foram registradas 4110 mortes
com cacircncer de colo uterino correspondendo a 7 do total dos oacutebitos devido a
cacircncer em mulheres De acordo com o autor
Cerca de 90 dos cacircnceres de colo uterino originaram-se de ceacutelulas escamosas sendo chamados de carcinomas escamosos ou carcinomas epidermoacuteides e outros 10 originaram-se de ceacutelulas glandulares sendo entatildeo chamados de adenocarcinomas Raramente podem aparecer os dois tipos de ceacutelulas e satildeo chamados carcinomas adenoescamosos Todavia tem sido observado que a proporccedilatildeo de adenocarcinoma do colo uterino tem aumentado nas uacuteltimas deacutecadas particularmente em mulheres jovens (BULK et al 2005 apud ZEFERINO 2008 p 68)
Segundo dados do INCA (2002 apud Ceacutesar et al 2003 p 1366) ldquono Brasil
o cacircncer de colo uterino eacute o segundo entre os tumores ginecoloacutegicos malignos e o
terceiro mais comum na populaccedilatildeo feminina Representa 10 de todos os cacircnceres
malignos em mulheresrdquo
28
De acordo com Albuquerque et al (2009) ldquoa infecccedilatildeo preacutevia pelo papiloma
viacuterus humano (HPV) tem sido apontada como o principal fator de risco para o cacircncer
de colo de uacuteterordquo Fatores como iniacutecio precoce da atividade sexual multiplicidade de
parceiros sexuais uso de contraceptivos orais tabagismo situaccedilatildeo conjugal e baixa
condiccedilatildeo soacutecio-econocircmica tecircm sido apontados como fatores de risco importantes
para o desenvolvimento dessa neoplasia
Narchi Janicas e Fernandes (2007) relatam que o cacircncer ceacutervico-uterino tem
sua origem a partir de uma lesatildeo intra-epitelial progressiva a qual pode evoluir para
um cacircncer invasivo dentro de um prazo em torno de 10 a 20 anos caso natildeo seja
oferecido tratamento
Conforme as autoras durante o periacuteodo de evoluccedilatildeo da doenccedila ela passa por
fases preacute-cliacutenicas detectaacuteveis e curaacuteveis lhe conferindo elevado potencial de
prevenccedilatildeo e cura Corresponde a cerca de 15 de todos os cacircnceres femininos
sendo o segundo tipo mais comum entre as mulheres Ainda na visatildeo das autoras a
mortalidade pelo cacircncer ceacutervico-uterino pode ser evitada devido agrave lenta evoluccedilatildeo da
doenccedila e devido aos recursos tecnoloacutegicos o diagnoacutestico e o tratamento oportunos
das lesotildees precursoras as quais satildeo curaacuteveis em ateacute 100 dos casos Entretanto
conforme as autoras mesmo o Brasil ter sido um dos primeiros paiacuteses a realizar os
exames de colpocitologia e colposcopia esse tipo de cacircncer ainda continua sendo
um seacuterio problema de sauacutede puacuteblica por manter uma das mais elevadas taxas de
oacutebito como pode ser verificado a seguir
No Brasil as accedilotildees de controle do cacircncer ginecoloacutegico iniciaram-se de forma programaacutetica em 1983 eacutepoca de implantaccedilatildeo do Programa de Assistecircncia Integral agrave Sauacutede da Mulher (PAISM) que representou uma ampliaccedilatildeo do foco de assistecircncia agrave mulher para aleacutem do ciclo graviacutedico-puerperal No entanto apesar das recomendaccedilotildees de implantaccedilatildeo ou ampliaccedilatildeo das atividades de diagnoacutestico do cacircncer ceacutervico-uterino e de educativas com vistas agrave prevenccedilatildeo da doenccedila por mais de uma deacutecada as accedilotildees de combate a essa doenccedila foram desenvolvidas no paiacutes de forma desarticulada por iniciativa de apenas alguns Estados e municiacutepios (NARCHI JANICAS e FERNANDES 2007 p 128)
Os autores pesquisados nesta revisatildeo narrativa serviram de subsiacutedios para a
elaboraccedilatildeo do plano de accedilatildeo apresentado no proacuteximo capiacutetulo cujo objetivo eacute
aumentar a cobertura do exame de prevenccedilatildeo do cacircncer do colo do uacutetero no Centro
de Sauacutede Felicidade II
29
5 PLANO DE ACcedilAtildeO PARA A AMPLIACcedilAtildeO DA COBERTURA DO EXAME COLPOCITOLOacuteGICO NO CENTRO DE SAUacuteDE FELICIDADE II
De acordo com a atividade realizada no Moacutedulo da Sauacutede da Mulher foram
constatados alguns problemas em relaccedilatildeo agrave cobertura do exame colpocitoloacutegico no
Centro de Sauacutede Felicidade II o qual apresentou em 2009 baixa cobertura A partir
daiacute foram detectados outros fatores que contribuem para o baixo iacutendice de
cobertura aqueacutem do que eacute preconizado pela Secretaacuteria Municipal de Sauacutede Neste
sentido o plano de accedilatildeo descrito no Quadro 1 vem propor estrateacutegias visando
ampliar da cobertura do exame colpocitoloacutegico e minimizar os problemas levantados
Acredita-se que por meio da implantaccedilatildeo do plano de accedilatildeo sugerido o
Centro de Sauacutede Felicidade II teraacute maior e melhor desempenho de sua equipe
alcanccedilando com isso o aprimoramento no atendimento da populaccedilatildeo alvo da
instituiccedilatildeo
30
QUADRO1 - PLANO DE ACcedilAtildeO PARA AUMENTAR A COBERTURA DO EXAME DE PREVEN9AO DO COLO DO UTERO PARA A EQUIPE DE SAUDE DO CENTRO DE SAUDE FELICIDADE II
PROBLEMA ATIVIDADES ACcedilOtildeES META RESPONSAVEL PERIODO
As ACS sentem inseguros para orientar agraves mulheres em relaccedilatildeo aos cuidados para realizar o exame preventivo por falta de conhecimento
Educaccedilatildeo em Sauacutede
Capacitaccedilatildeo da equipe sobre a importacircncia do exame colpocitoloacutegico
Nivelar o conhecimento dos membros da equipe
Municiacutepio Gerecircncia Regional de Sauacutede
Outubro2011
Enfermeiro natildeo se sente capacitado para a realizaccedilatildeo do exame de Papanicolaou
Capacitaccedilatildeo Teacutecnica do enfermeiro para a realizaccedilatildeo do exame de Papanicolaou
Solicitar agrave Ginecologista enfermeira treinamentocapacitaccedilatildeo do enfermeiro
Instrumentalizar o enfermeiro para a realizaccedilatildeo coleta de material
Enfermeira de outra Unidade Baacutesica de Sauacutede Meacutedico Ginecologista
Outubro2011
Baixo iacutendice de cobertura do exame citoloacutegico
Elaboraccedilatildeo de um instrumento para coleta de dados para identificar as mulheres de 25 a 59 anos na aacuterea de abrangecircncia do centro de sauacutede e tambeacutem para levantar quais os fatores que impeditivos para a realizaccedilatildeo do exame Incluir as mulheres identificadas no arquivo rotativo
Visita domiciliar
Visitar todas as mulheres dentro da aacuterea de abrangecircncia da UBS
ACS Novembro2011 Dezembro2011
Baixo iacutendice de cobertura do exame citoloacutegico
Agendamento da consulta de enfermagem consulta meacutedica para atender as prioridades levantadas no diagnoacutestico da atividade anterior para realizaccedilatildeo do exame Priorizar mulheres que nunca fizeram o exame ou que fizeram a mais de trecircs anos
Visita domiciliar Consulta de Enfermagem e consulta meacutedica
Orientar as mulheres sobre o exame preventivo Realizar o exame
ACS Meacutedico e enfermeira
Janeiro2012
31
O agendamento das consultas e marcado para datas muito distantes o que geralmente faz com que a mulher esqueccedila
Comunicaccedilatildeo da data do exame com antecedecircncia
Elaborar uma forma de entrar em contato com a paciente cinco dias antes da consulta agendada
Diminuir o iacutendice de ausecircncia agraves consultas
ACS Novembro2011
Desconhecimento das mulheres sobre o exame preventivo e os cuidados preparativos para o exame
Orientaccedilatildeo das mulheres sobre o exame e os cuidados preparativos para o exame
Criar um informativo contendo as orientaccedilotildees sobre o exame e os cuidados para serem entregue as usuaacuterias no momento da visita do ACS para informaacute-las da data e horaacuterio da consulta
Orientar todas usuaacuterias
Enfermeiro ACS
Janeiro2011
Entrega de resultados dos preventivos sem alteraccediloespelos ACSrsquos
Entrega do resultado do exame
Agendar um dia na semana para a entrega dos resultados dos exames Todos os exames deveratildeo ser vistos pelo enfermeiro Aqueles que apresentarem alguma alteraccedilatildeo a paciente deve ser encaminhada ao meacutedico Teacutecnico de Enfermagem Enfermeiro
Orientar as usuaacuterias
Os exames com resultados normais seratildeo entregues pelo teacutecnico de enfermagem Aqueles que apresentarem alguma alteraccedilatildeo seratildeo entregues pelo enfermeiro que deveraacute fazer os devidos encaminhamentos quando necessaacuterios
Dezembro2011
Entrega dos resultados de exames com alteraccedilotildees apoacutes consultas de retorno agendadas para usuaacuterias
Orientaccedilatildeo encaminhamento e acompanhamento da usuaacuteria
Visita domicilar Consulta de enfermagemconsulta meacutedica
Avaliar o estado de sauacutede da mulher Acompanhamento e orientaccedilotildees
Meacutedico e enfermeira Janeiro2012
Monitoramento e acompanhamento
- Agendamentos anuais - Elaboraccedilatildeo um arquivo rotativo - Estabelecimento de Indicadores de acompanhamento e
- Controlar a marcaccedilatildeo de consulta no intervalo de trecircs anos se apoacutes dois anos consecutivos de coleta os resultados forem negativos para
Monitorar o exame preventivo Acompanhar o estado de sauacutede das mulheres pela
Enfermeira e Teacutecnico de enfermagem
Novembro2011
32
avaliaccedilatildeo das accedilotildees votadas agrave sauacutede da mulher pela equipe de sauacutede
displasia ou neoplasia - Fazer a busca das usuaacuterias faltosas aos exames e consultas
equipe
Falta de interesse e conscientizaccedilatildeo em relaccedilatildeo agrave importacircncia do exame preventivo
Atendimento de Grupos Retomar o grupo de mulheres onde seratildeo abordados temas relativos agrave sauacutede da mulher Realizar orientaccedilotildees por meio de palestras nos grupos operativos
Conscientizar as mulheres sobre a importacircncia da realizaccedilatildeo do exame
Equipe de Sauacutede Fevereiro2012
Consulta eacute marcada com um meacutedico do sexo masculino
Agendamento com o enfermeiro quando possiacutevel
Reforccedilar com a paciente que durante a consulta estaraacute presente uma Auxiliar de Enfermagem
Diminuir a evasatildeo do exame prevenccedilatildeo Diminuir a resistecircncia ao atendimento masculino
Disponibilizar uma auxiliar ou teacutecnica de enfemagem para acompanhar o meacutedico durante o exame
Dezembro2011
Falta disponibilidade de horaacuterios mais flexiacuteveis pois haacute concentraccedilatildeo de horaacuterio pela manhatilde
Adequaccedilatildeo da Agenda Alteraccedilotildees na agenda com horaacuterios para adequar agraves necessidades dos usuaacuterios
Marcar os exames preventivos para o horaacuterio da tarde
Enfermeira e meacutedico Janeiro2012
33
6 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
A poliacutetica da sauacutede tem como principal objetivo promover mudanccedilas no intuito
de melhorar o niacutevel da sauacutede da populaccedilatildeo Diante dos resultados apurados nesse
estudo percebe-se a necessidade das intervenccedilotildees a serem efetuadas no Centro de
Sauacutede Felicidade II visando melhorar o iacutendice de cobertura dos exames
preventivos
Assim a realidade percebida no Centro de Sauacutede Felicidade II eacute que o
desempenho da equipe exerce grande impacto no desenvolvimento das accedilotildees
alcanccedilando dessa forma o objetivo de contribuir com o aprimoramento e a
consolidaccedilatildeo da assistecircncia agrave sauacutede da populaccedilatildeo
Como problemas levantados em relaccedilatildeo a baixa cobertura da prevenccedilatildeo do
cacircncer do colo do uacutetero identificamos as seguintes o ACS sentir inseguro para
orientar agraves mulheres em relaccedilatildeo aos cuidados para realizar o exame preventivo a
falta de capacitaccedilatildeo teacutecnica para o enfermeiro realizar o exame de Papanicolaou
consultas agendadas para datas muito distantes fazendo com que a mulher se
esqueccedila do diadesconhecimento das mulheres sobre o exame preventivo e os
cuidados preparativos para o mesmo falta de interesse e conscientizaccedilatildeo em
relaccedilatildeo agrave importacircncia do exame preventivo por parte das usuaacuteriaspudor da mulher
diante do profissional de sexo masculino e falta de disponibilidade de horaacuterios mais
flexiacuteveis com concentraccedilatildeo das consultas no horaacuterio da manhatilde
A partir dos problemas levantados foram propostas as atividades accedilotildees
metas e os responsaacuteveis pelas atividades no sentido de ampliar a cobertura das
mulheres por meio da participaccedilatildeo de toda a equipe de sauacutede Desse modo foi
muito importante tambeacutem a elaboraccedilatildeo das estrateacutegias para que o nuacutemero de
usuaacuterias seja aumentado Neste sentido destaca-se o papel do enfermeiro como
parte integrante da equipe de sauacutede e que desempenha um importante papel na
promoccedilatildeo da prevenccedilatildeo educaccedilatildeo e melhorias constantes nos serviccedilos oferecidos
agrave populaccedilatildeo
Nesta direccedilatildeo o Centro de Sauacutede Felicidade II deve se preocupar com a
capacitaccedilatildeo de seus funcionaacuterios com a organizaccedilatildeo do processo de trabalho das
equipes bem com um investimento maior nas accedilotildees de promoccedilatildeo e prevenccedilatildeo da
saude conforme abordado neste estudo
34
Desse modo cabe a todos os profissionais atuar mais na prevenccedilatildeo
promoccedilatildeo e recuperaccedilatildeo por meio de praacuteticas educativas promovendo campanhas
palestras sobre a sauacutede da mulher fornecendo orientaccedilotildees durante as consultas
para que se possa reverter o quadro de baixo iacutendice de cobertura no exame
preventivo de cacircncer do colo do uacutetero alcance assim a cobertura preconizada pela
Secretaacuteria de Sauacutede o que vai refletir na melhoria da assistecircncia a sauacutede agrave mulher
35
REFEREcircNCIAS ALBUQUERQUE KM et al Cobertura do Teste de Papanicolau e Fatores associados agrave Natildeo-Realizaccedilatildeo um olhar sobre o Programa de Prevenccedilatildeo do Cacircncer do Colo do Uacutetero em Pernambuco Brasil Caderno de Sauacutede Puacuteblica v 25 supl 2 Rio de Janeiro 2009 Disponiacutevel em lthttpwwwscielosporgscielophpscript=sci_arttextamppid=S0102-311X2009001400012gt Acesso em 6 nov 2010 BELO HORIZONTE Secretaria Municipal de Sauacutede Prevenccedilatildeo e Controle do Cacircncer do Colo de Uacutetero Belo Horizonte 2008 BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede O Programa Sauacutede da Famiacutelia e a Atenccedilatildeo Baacutesica no Brasil Brasiacutelia 2002 Disponiacutevel em lthttpwwwccssaudegovbrsaudebatea portamostravirtualpublicacoespsf_atencaobasicapdfgt Acesso em 01 abr 2010 CEacuteSAR JA et al Fatores Associados agrave natildeo Realizaccedilatildeo de Exame Citopatoloacutegico de Colo Uterino no Extremo Sul do Brasil Caderno de Sauacutede Puacuteblica Rio de Janeiro v19n5 p1365-1372 setout 2003 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrpdf0Dcspv19n517808pdfgt Acesso em 16 jul 2010 CORREcircA DA D VILLELA WV O Controle do Cacircncer do Colo do Uacutetero desafios para implementaccedilatildeo de accedilotildees programaacuteticas no Amazonas Brasil Rev bras sauacutede matern infantil v8 n4p491-497 outdez 2008 DIAS-DA-COSTA J S et al Cobertura do Exame Citopatoloacutegico na Cidade de Pelotas Rio Grande do Sul Brasil Caderno de Sauacutede Puacuteblica Rio de Janeiro v19 n1 p191-197 janfev 2003 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrpdfcspv19n114919pdfgt Acesso em 16 jul 2010 DOMINGOS ACP et al Cacircncer do Colo do Uacutetero comportamento preventivo de auto-cuidado agrave sauacutede Revista Ciecircncia Cuidado e Sauacutede 6 (Suplem 2) p 397-403 2007 Disponiacutevel em lthttpperiodicosuembrojsindexphpCiencCuidSaudearticleviewFile53373385gt Acesso em 5 nov 2010 HACKENHAAR AAC JURACI A DOMINGUES MR Exame Citopatoloacutegico de Colo Uterino em Mulheres com Idade entre 20 e 59 anos em Pelotas RS prevalecircncia foco e fatores associados agrave sua natildeo realizaccedilatildeo Revista Brasileira de EpidemiologiaSatildeo Paulo v9n1 Mar 2006 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S1415-790X2006000100013gt Acesso em 16 jul 2010 MONTEMOR EBL et al Controle do Cacircncer de Colo de Uacutetero o exame citopatoloacutegico In LOPES MHBde M (org) Enfermagem na Sauacutede da Mulher Goiacircnia AB 2006 p 45-65 NAKAGAWA JTT SCHIRMER J BARBIERI M Viacuterua HPV e Cacircncer de Colo de Uacutetero Revista Brasileira de Enfermagem v 63 n 2 Brasiacutelia marabri 2010
36
Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S0034-71672010000200021gt Acesso em 6 nov 2010 NARCHI NZ JANICAS Rde CS V FERNANDES RAacuteQ Prevenccedilatildeo e Controle do Cacircncer Ceacutervico-Uterino In FERNANDES RAacuteQ NARCHI NZ Enfermagem e Sauacutede da Mulher Barueri SP Manole 2007 p 127-149 NUacuteCLEO DE EDUCACcedilAtildeO EM SAUacuteDE COLETIVA ndash NESCON Faculdade de Medicina ndash UFMG Belo Horizonte Disponiacutevel em lthttpwwwnesconmedicinaufmgbrgt Acesso em 12 dez 2009 PINTO CAG COELHO IB BH Vida pensando a implantaccedilatildeo da Estrateacutegia de Sauacutede da Famiacutelia na cidade de Belo Horizonte passados 10 anos lthttpxayimgcomkqgroups15983109953140003nameImplantacao+do+BH+VIDA+-+Carlos+Gama+e+Ivan+Coelho5B15Dpdf gt Acesso em 01 mar 2011 RODRIGUES NETO JF FIGUEIREDO MFS SIQUEIRA LG Exame Citopatoloacutegico do Colo do Uacutetero fatores associados a natildeo realizaccedilatildeo em ESF Revista Eletrocircnica de Enfermagem 10 (3) 610-21 2008 Disponiacutevel em lthttpwwwfenufgbrrevistav10n3pdfv10n3a07pdfgt Acesso em 17 jul 2010 TAVARES SB do N et al Controle da Qualidade em Citopatologia Cervical revisatildeo de literatura Revista Brasileira de Cancerologia 53(3) 355-364 2007 Disponiacutevel em lthttpwwwincagovbrrbcn_53v03pdfrevisao6pdfgt Acesso em 17 jul 2010 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA Regulamento de Orientaccedilatildeo Do Trabalho De Conclusatildeo De Curso Do Curso De Licenciatura Em Letras ndashPORTUGUEcircS-ESPANHOL Disponiacutevel em lt httpwwwuepgbruepg_departamentosdeletpdfREG20PORT20ESPANHOLpdf gt Acesso em 23 set 2011 ZEFERINO L Prevenccedilatildeo e Controle do Cacircncer Ceacutervico-Uterino In LOPES MHB de M (org) Enfermagem na Sauacutede da Mulher Goiacircnia AB p 67-80 2006
18
evitaacuteveis e na atuaccedilatildeo do enfermeiro Jaacute na fase de prevenccedilatildeo secundaacuteria deve ser
feito o rastreamento captaccedilatildeo e identificar a vulnerabilidade do cacircncer
Domingos et al (2007) afirmam que a principal estrateacutegia para a prevenccedilatildeo
primaacuteria da doenccedila eacute o uso de preservativo (masculino ou feminino) durante as
relaccedilotildees sexuais visto que a infecccedilatildeo pelo viacuterus papiloma humano (HPV) estaacute
presente em 90 dos casos A prevenccedilatildeo secundaacuteria eacute realizada por meio do
exame preventivo (Papanicolaou) para a detecccedilatildeo precoce da doenccedila
Albuquerque et al (2007) afirmam que desde 1988 o Ministeacuterio da Sauacutede tem
como objetivo reduzir as taxas de morbimortalidade e com isso adota como norma
a recomendaccedilatildeo da Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede a qual propotildee que seja feito a
cada trecircs anos a realizaccedilatildeo do exame citoloacutegico do colo do uacutetero sendo dois
exames anuais consecutivos negativos para mulheres na faixa de idade de 25 a 59
anos ou que jaacute tenham atividade sexual
Iniciativas como o Programa Viva Mulher lanccedilado em 1996 e o desenvolvimento de campanhas nacionais sistemaacuteticas tecircm contribuiacutedo para o aumento da cobertura do exame no paiacutes Contudo verifica-se que as taxas de incidecircncia e de mortalidade ainda permanecem desafiando as medidas ateacute entatildeo adotadas sinalizando possiacuteveis deficiecircncias na oferta no acesso e na qualidade das referidas accedilotildees (ALBUQUERQUE et al 2007 p 1)
Nakagawa Schirmer e Barbieri (2007) relatam que a associaccedilatildeo do viacuterus
HPV com o cacircncer de colo de uacutetero comeccedilou em 1949 quando o patologista George
Papanicolaou introduziu o exame mais difundido no mundo para detectar a doenccedila
o exame que leva o seu proacuteprio nome ou seja Papanicolaou
De acordo com o desenvolvimento do carcinoma de colo de uacutetero Nakagawa
Schirmer e Barbieri (2007 p 1) afirmam que
Esse exame permitiu identificar mulheres com alteraccedilotildees celulares preacute-maligna possibilitando observar uma associaccedilatildeo da atividade sexual com o desenvolvimento do cacircncer de colo de uacutetero No entanto somente na deacutecada de 70 o conhecimento acerca da etiologia da doenccedila teve consideraacutevel avanccedilo Estudos constataram que tal associaccedilatildeo implicava na presenccedila de um agente etioloacutegico de transmissatildeo sexual Harold zur Hausen um infectologista alematildeo constatou que o Papiloma Viacuterus Humano (viacuterus HPV) poderia ser esse agente estabelecendo inicialmente a relaccedilatildeo do viacuterus com as verrugas e condilomas Somente anos mais tarde o viacuterus foi relacionado com o desenvolvimento do carcinoma de colo de uacutetero (NAKAGAWA SCHIRMER e BARBIERI 2007 p 1)
19
Os autores relatam que devido ao advento da clonagem molecular na deacutecada
de 90 e a utilizaccedilatildeo de tal tecnologia na replicaccedilatildeo do genoma do Papiloma Viacuterus
outros aspectos da infecccedilatildeo foram elucidados
Devido agrave discrepacircncia entre a alta frequumlecircncia de infecccedilotildees HPV em mulheres jovens sexualmente ativas e a ocorrecircncia relativamente baixa de lesotildees cervicais nas mesmas colocou-se em duacutevida a etiologia viral da doenccedila e concluiu-se que a infecccedilatildeo era causa necessaacuteria mas natildeo suficiente para o desenvolvimento da doenccedila uma vez que virtualmente somente uma fraccedilatildeo de mulheres portadoras do viacuterus a desenvolveria Estudos preacutevios jaacute sugeriam que um forte fator diferenciava a progressatildeo ou natildeo da doenccedila sugerindo que isto estaria relacionada aos diversos tipos do viacuterus HPV Estudos posteriores mostraram que a sua progressatildeo depende natildeo somente da presenccedila do viacuterus mas tambeacutem do tipo de viacuterus da persistecircncia da infecccedilatildeo e da evoluccedilatildeo das lesotildees precursoras para o carcinoma invasivo (NAKAGAWA SCHIRMER e BARBIERI 2007 p 1)
Segundo Narchi Janicas e Fernandes (2007) a prevenccedilatildeo primaacuteria do cacircncer
ceacutervico-uterino refere-se agrave reduccedilatildeo da exposiccedilatildeo aos fatores de risco como o iniacutecio
precoce da atividade sexual a multiplicidade de parceiros as doenccedilas sexualmente
transmissiacuteveis especialmente a infecccedilatildeo causada pelo HPV e multiparidade Aleacutem
disso outros fatores tecircm sido relacionados ao cacircncer ceacutervico-uterino em estudos
epidemioloacutegicos ainda natildeo conclusivos dentre eles o uso de anticoncepcional oral
as situaccedilotildees de imunossupressatildeo como diabete lupus corticoterapia e Aids o
tabagismo e a alimentaccedilatildeo pobre em folatos vitaminas A e C e betacaroteno
Atualmente considera-se fundamental a relaccedilatildeo entre o desenvolvimento do cacircncer ceacutervico-uterino e a transmissatildeo sexual HPV Nesse sentido a prevenccedilatildeo primaacuteria tem como foco a praacutetica de sexo seguro No entanto apesar da divulgaccedilatildeo da importacircncia do uso de preservativos para diminuiccedilatildeo potencial do risco de transmissatildeo do HPV observa-se que seu uso depende de uma serie de fatores como o conhecimento a respeito da doenccedila e suas formas de prevenccedilatildeo a percepccedilatildeo de risco de infecccedilatildeo as crenccedilas e valores culturais as iniquidades de gecircnero e como elas se revelam o grau de autonomia e poder de negociaccedilatildeo sexual nas relaccedilotildees afetivo-sexuais acesso ao serviccedilo de sauacutede e a oferta de preservativos (NARCHI JANICAS e FERNANDES 2007 p 129)
Ceacutesar et al (2003) afirmam que exames preventivos perioacutedicos permitem
reduzir em ateacute 70 a sua mortalidade na populaccedilatildeo de risco A faixa etaacuteria mais
acometida vai dos 25 aos 60 anos e o seu mais importante determinante eacute o
papilomaviacuterus humano De acordo com o Instituto Nacional de Cacircncer (INCA)
O Instituto Nacional de Cacircncer (INCA) recomenda o exame citopatoloacutegico para cacircncer de colo uterino a toda mulher com idade entre 20 e 60 anos e que possua vida sexual ativa Inicialmente o exame deve ser feito a cada trecircs anos Em caso de dois resultados negativos para displasia ou
20
neoplasia um novo exame deveraacute ser repetido uma vez a cada trecircs anos (BRASIL 2002 apud CEacuteSAR et al 2003 p 1371)
Narchi Janicas e Fernandes (2007) afirmam que de modo contextual a
prevenccedilatildeo primaacuteria eacute realizada a partir identificaccedilatildeo da presenccedila de fatores de risco
com vistas a prevenir o surgimento da doenccedila Sabe-se que o cacircncer ceacutervico-uterino
haacute muito vem sendo associado ao baixo niacutevel socioeconocircmico tanto a exposiccedilatildeo
aos fatores de risco quanto especialmente pela desigualdade no acesso aos
serviccedilos de sauacutede Essas barreiras satildeo multidimensionais inserindo-se em um
contexto social amplo que a barca desde dificuldades geograacuteficas de informaccedilatildeo
familiares econocircmicas culturais religiosas e emocionais ateacute as relacionadas agraves
poliacuteticas de sauacutede Diante dessa constataccedilatildeo acredita-se que a anaacutelise dos
programas e a proposiccedilatildeo de estrateacutegias devam tambeacutem corresponder agrave amplitude
dos fatores intervenientes
De acordo com as autoras no que diz respeito agrave prevenccedilatildeo primaacuteria o
Programa de Sauacutede da Famiacutelia (PSF) tem importante papel na identificaccedilatildeo de
grupos de mulheres com perfil de risco para desenvolver o cacircncer ceacutervico-uterino e
com base nas necessidades levantadas implementar accedilotildees de intervenccedilatildeo no meio
ambiente e em seus fatores de risco De acordo com as autoras diversas
estrateacutegias podem reduzir os fatores de risco para cacircncer ceacutervico-uterino dentre as
quais destacam-se realizaccedilatildeo de grupos educativos que permitam a discussatildeo de
temas como sexualidade e gecircnero vulnerabilidade e prevenccedilatildeo as DST
planejamento familiar qualidade de vida e prevenccedilatildeo do cacircncer ginecoloacutegico entre
outros As autoras destacam tambeacutem a importacircncia mobilizaccedilatildeo das mulheres para
o autocuidado e a busca de melhor qualidade de vida (grupos de caminhada cultivo
de hortas caseiras por exemplo) valorizaccedilatildeo da integralidade na assistecircncia e no
estiacutemulo a uma participaccedilatildeo ativa das mulheres com atitudes assertivas em relaccedilatildeo
a sauacutede identificaccedilatildeo e minimizaccedilatildeo das dificuldades de acesso ao serviccedilo de
sauacutede sejam elas barreiras individuais e institucionais (NARCHI JANICAS e
FERNANDES 2007)
Ainda conforme as autoras aleacutem das atividades comunitaacuterias que podem ser
realizadas pela equipe de sauacutede da famiacutelia o enfermeiro tambeacutem pode instituir
grupos educativos de coleta ou de resultados da colpocitologia na unidade baacutesica de
sauacutede (UBS) ou na unidade de sauacutede da famiacutelia (USF) abordando temaacuteticas
21
voltadas agrave sexualidade higiene iacutentima prevenccedilatildeo de DST prevenccedilatildeo do cacircncer
ginecoloacutegico e teacutecnica de coleta do exame As autoras afirmam que esses grupos
aleacutem de disponibilizarem um espaccedilo para a socializaccedilatildeo do conhecimento
possibilitam a integraccedilatildeo entre profissionais e pacientes e estimulam o
autoconhecimento do corpo e da sexualidade familiarizando a mulher ao ambiente e
ao exame e minimizando sentimentos negativos como o medo a vergonha o
nervosismo e o constrangimento que por vezes as impedem de aderir ao programa
Essa estrateacutegia seraacute possiacutevel agrave medida que o profissional estiver sensibilizado e
capacitado para implementaacute-la utilizando habilidades de aconselhamento e
abordagem empaacutetica (NARCHI JANICAS e FERNANDES 2007)
O enfermeiro deve ainda avaliar a presenccedila de fatores de risco na consulta
de enfermagem agrave mulher com vistas a realizar as intervenccedilotildees necessaacuterias e o
acompanhamento mais frequente Diante disso eacute recomendado que na consulta de
retorno para recebimento do laudo da colpocitologia seja realizado procedimento de
aconselhamento sobre DST e Aids antes de discutir o resultado e a conduta
No que diz respeito agrave prevenccedilatildeo secundaacuteria do cacircncer ceacutervico-uterino Narchi
Janicas e Fernandes (2007) afirmam que se deve realizar o exame citopatoloacutegico
para que seja feita a detecccedilatildeo do cacircncer in situ ou das lesotildees precursoras trataacuteveis
e curaacuteveis em ateacute 100 dos casos Para as autoras o acolhimento deveraacute ocorrer
em todas as fases da assistecircncia ou seja desde o primeiro contato com a mulher o
que pode ocorrer em seu domiciacutelio quanto no agendamento ao se verificar acerca
do aprazamento da colpocitologia Citam tambeacutem que esse exame tem sido
utilizado em programas de rastreamento do cacircncer ceacutervico-uterino em todo o mundo
(screening) para interromper o ciclo evolutivo da doenccedila detectando-a em fase preacute-
invasiva trataacutevel e curaacutevel Relatam ainda que os paiacuteses que desenvolveram o
programa tanto com identificaccedilatildeo efetiva da populaccedilatildeo de risco qualidade coleta e
na interpretaccedilatildeo dos resultados quanto com tratamento e acompanhamento
adequados dos casos de alto risco lograram reduccedilatildeo significativa na incidecircncia e na
mortalidade por essa patologia
Segundo a OMS para que um programa de rastreamento do cacircncer ceacutervico-
uterino cause impacto epidemioloacutegico eacute necessaacuterio realizar uma cobertura superior a
80 o que representaria um impacto de 50 na reduccedilatildeo da mortalidade por essa
doenccedila Entretanto nos paiacuteses em desenvolvimento como o Brasil a cobertura
22
desse teste ainda natildeo alcanccedilou niacuteveis suficientes e coerentes com as necessidades
da populaccedilatildeo feminina sob maior risco de contrair a doenccedila
Narchi Janicas e Fernandes (2007) relatam que no Brasil as accedilotildees de
intervenccedilatildeo e controle do cacircncer ceacutervico-uterino tecircm sido norteadas pela distribuiccedilatildeo
das lesotildees cervicais segundo as faixas etaacuterias de mulheres mais acometidas pela
doenccedila e pela periodicidade dos exames citopatoloacutegicos seguindo a loacutegica
epidemioloacutegica do risco e da relaccedilatildeo custobenefiacutecio que norteiam as intervenccedilotildees
em sauacutede publica Poreacutem por vaacuterios anos essa cobertura esteve descontextualiza
da no paiacutes de forma a disponibilizar a citopatologia apenas durante o preacute-natal natildeo
atingindo a populaccedilatildeo de mulheres da faixa etaacuteria de maior risco subutilizando os
equipamentos de sauacutede e tornando o programa ineficiente Conforme as autoras
vaacuterios estudos que investigaram os motivos que dificultam a captaccedilatildeo das mulheres
para a prevenccedilatildeo do cacircncer ginecoloacutegico ressaltam a amplitude do problema que
perpassa por diversas esferas assumindo aspecto multidimensional
Narchi Janicas e Fernandes (2007) ressaltam ainda que o modelo
contextual proposto por Pinho amp Franccedila-Junior analisa o acesso e a utilizaccedilatildeo dos
serviccedilos preventivos em trecircs planos individual organizacionalprogramaacutetico e social
dispostos em uma estrutura dinacircmica e relacional Esse modelo propotildee que a
realizaccedilatildeo da colpocitologia seja produto da interaccedilatildeo desses trecircs planos dos quais
emergem os elementos necessaacuterios para definir uma situaccedilatildeo de vulnerabilidade
individual programaacuteticaorganizacional e social do cacircncer ceacutervico-uterino Para as
autoras o plano individual representado por caracteriacutesticas relacionadas agrave
realizaccedilatildeo do exame definiraacute a vulnerabilidade individual da mulher a doenccedila A
vulnerabilidade eacute representada por um conjunto de fatores cognitivos relacionados a
real falta de conhecimento sobre a doenccedila e o exame o que contribui para a
reduccedilatildeo de praacuteticas sexuais seguras e de prevenccedilatildeo secundaacuteria Tal vulnerabilidade
individual pode ser criada e percebida pelas mulheres ou a elas imposta no
momento em que se enfatiza o risco da natildeo-realizaccedilatildeo da colpocitologia em vez da
ecircnfase ao benefiacutecio da accedilatildeo gerando ou reforccedilando sentimento de medo em
relaccedilatildeo ao cacircncer que pode provocar tanto um efeito propulsor que induz a mulher
para a realizaccedilatildeo do exame quanto um efeito mais restritivo ao exame pelo medo
de sentir dor ou de receber um resultado positivo concluem as autoras
23
No plano organizacional ou programaacutetico inserem-se as caracteriacutesticas
relacionadas agrave disponibilidade de serviccedilos de sauacutede em relaccedilatildeo agrave demanda e a sua
acessibilidade geograacutefica a organizaccedilatildeo e as necessidades da populaccedilatildeo usuaacuteria e
ao planejamento das accedilotildees efetivas na prevenccedilatildeo e na promoccedilatildeo a sauacutede sob a
forma de programas organizados de rastreamento do cacircncer cervical que primem
pelo respeito agrave autonomia individual e pela abordagem integral mulher (NARCHI
JANICAS e FERNANDES 2007)
Ainda segundo os autores um dos fatores que contribuem para a baixa
adesatildeo das mulheres ao programa eacute a falta de humanizaccedilatildeo na assistecircncia pois a
violecircncia institucional sofrida pelas mulheres durante a consulta ginecoloacutegica pode
ser traduzida pela humilhaccedilatildeo por constrangimento e pela forma fria e
despersonalizada com que satildeo atendidas sem serem esclarecidas quanto ao
resultado do exame ou por realizarem tratamentos por vaacuterios anos sem sequer
terem noccedilatildeo dos seus objetivos Isso submete a mulher a uma assistecircncia
medicalizada e indigna na qual se perde a oportunidade de investir em prevenccedilatildeo
primaacuteria (NARCHI JANICAS E FERNANDES 2007)
De acordo com Dias-da-Costa et al (2003) quando se fala acerca da sauacutede
puacuteblica eacute sabido que a efetividade do programa de controle do cacircncer de colo do
uacutetero depende da cobertura populacional alcanccedilada Poreacutem no Brasil a avaliaccedilatildeo
da efetividade de programas de prevenccedilatildeo e accedilotildees de sauacutede puacuteblica ainda eacute
considerada incipiente
43 Contexto histoacuterico da citologia oncoacutetica
Montemor et al (2008 p 45) relatam que na eacutepoca em que a citologia
ginecoloacutegica estava em desenvolvimento agrave ideacuteia preponderante entre os
ginecologistas era que sendo o colo uterino facilmente acessiacutevel agrave bioacutepsia dava-se
preferecircncia ao estudo histoloacutegico pois a citologia ainda carecia de credibilidade
diagnoacutestica
Os autores afirmam que foi Aureli Babes um patologista romeno em 1928
que sugeriu que fosse feita a coleta direta de material do colo uterino para o
diagnoacutestico do cacircncer sendo que o mesmo foi o primeiro pesquisador que
descreveu de forma minuciosa a teacutecnica de coleta utilizando a coloraccedilatildeo atraveacutes do
24
meacutetodo de Giemsa Entretanto ainda de acordo com os autores foi George
Nicholas Papanicolaou um grego nascido em 1883 em Kymi na ilha grega de
Euboea que se aprofundou nos estudos acerca da citologia ginecoloacutegica o qual em
1913 se fixou nos Eua como pesquisador do laboratoacuterio do Hospital de Nova Iorque
Segundo os autores Neste sentido os autores afirmam que
Papanicolaou quando estudava as alteraccedilotildees hormonais das ceacutelulas nas diferentes fases do ciclo menstrual observou que tambeacutem era possiacutevel o diagnoacutestico das ceacutelulas tumorais do colo uterino Em 1941 publicou no American Journal of Obstetrics and Gynecology em co-autoria com Traut um trabalho com o tiacutetulo de O valor diagnoacutestico dos esfregaccedilos vaginais no carcinoma do uacutetero Nessa publicaccedilatildeo mostra a possibilidade de fazer diagnoacutestico de carcinoma do colo uterino atraveacutes de ceacutelulas atiacutepicas presentes nos esfregaccedilos bem como enfatiza a necessidade de aplicar esse meacutetodo simples e de baixo custo a um grande nuacutemero de mulheres O meacutetodo de coloraccedilatildeo dos esfregaccedilos citoloacutegicos que leva o nome de ldquoColoraccedilatildeo de Papanicolaourdquo eacute ainda hoje largamente utilizado (MONTEMOR et al 2008 p 46)
Os autores relatam ainda que em meados de 1940 o J Ernest Ayre um
meacutedico canadense utilizou uma espaacutetula a qual leva o seu nome para obter
raspados do colo uterino possibilitando dessa forma uma maneira praacutetica e
eficiente de coleta de material para a realizaccedilatildeo de exames em grande escala
(MONTEMOR et al 2008) De acordo com Tavares et al (2007) o exame
citopatoloacutegico foi sugerido como uma ferramenta para a detecccedilatildeo precoce do cacircncer
do colo do uacutetero em 1941
Conforme Hackenhaar Ceacutesar e Domingues (2006) a prevenccedilatildeo considerada
como secundaacuteria do cacircncer do colo uterino tem se centralizado no rastreamento de
mulheres sexualmente ativas atraveacutes do exame citopatoloacutegico do colo uterino O
qual foi adotado para rastreamento na deacutecada de 50 em vaacuterios paiacuteses uma vez que
identifica lesotildees preacute-cancerosas que se tratadas minimizam a incidecircncia de
carcinoma invasor e com isso a mortalidade pelo cacircncer de colo uterino Segundo
os autores
Em 1998 o Ministeacuterio da Sauacutede do Brasil estabeleceu que o exame para a detecccedilatildeo precoce do cacircncer do colo uterino deveria ser realizado por mulheres com idade entre 25 e 60 anos ou antes desta faixa etaacuteria caso jaacute tivessem mantido relaccedilotildees sexuais Para estas mulheres a periodicidade deveria ser de trecircs em trecircs anos se os dois primeiros exames realizados a cada ano fossem normais Em 2002 ocorreu a fase de intensificaccedilatildeo da campanha que tinha por objetivo realizar exames nas mulheres de 35 a 49 anos que nunca haviam realizado este tipo de exame ou que o houvessem
25
realizado haacute mais de trecircs anos (HACKENHAAR CEacuteSAR e DOMINGUES 2006 p 1)
44 Conceitos e caracteriacutesticas do exame de prevenccedilatildeo do cacircncer
Conforme Montemor et al (2008) o exame citopatoloacutegico tambeacutem conhecido
como exame Papanicolaou ou ainda exame preventivo do cacircncer do colo do uacutetero
tem como objetivo a anaacutelise das ceacutelulas obtidas por raspagem do colo uterino
(ectoceacutervice e canal endocervical) com as quais eacute realizado esfregaccedilo sobre uma
lacircmina de vidro De acordo com os autores as caracteriacutesticas morfoloacutegicas das
ceacutelulas satildeo observadas ao microscoacutepio e quando alteradas ou seja quando estatildeo
diferentes daquelas consideradas normais sugerem tratar-se de processo preacute-
neoplaacutesico ou neoplaacutesico Os autores afirmam ainda que atualmente o exame
citopatoloacutegico eacute o meacutetodo de rastreamento para cacircncer do colo uterino mais utilizado
em todo o mundo
De acordo com Tavares (2007) o exame citopatoloacutegico eacute considerado um
meacutetodo eficiente pois tem a habilidade de identificar lesotildees precursoras do cacircncer
do colo do uacutetero que naquele momento satildeo trataacuteveis podendo resultar em
significante decreacutescimo da mortalidade por esse tipo de cacircncer
45 O cacircncer do colo do uacutetero
Segundo Zeferino (2008) o cacircncer do colo uterino tem sido um desafio para a
sauacutede puacuteblica na reduccedilatildeo de morte de mulheres por causa desse mal uma vez que
se trata de uma doenccedila que pode ser evitada por meio do diagnoacutestico e do
tratamento de suas lesotildees precursoras Neste sentido Narchi Janicas e Fernandes
(2007) concordam com Zeferino (2008) quando afirmam que o cacircncer chamado por
eles de cacircncer ceacutervico-uterino vem sendo alvo de atenccedilatildeo por parte da comunidade
cientiacutefica devido ocupar lugar de destaque no que diz respeito agraves elevadas taxas de
morbidade e mortalidade entre a populaccedilatildeo feminina principalmente em paiacuteses em
desenvolvimento uma vez que trata-se de um tipo de cacircncer que estaacute relacionado
ao perfil epidemioloacutegico das mulheres cuja frequecircncia dos fatores de risco e do grau
de implementaccedilatildeo de accedilotildees de curto e longo prazos em todos os niacuteveis de atenccedilatildeo
26
De acordo com Hackenhaar Ceacutesar e Domingues (2006 p1) ldquoo cacircncer do
colo uterino eacute um problema de sauacutede puacuteblica mundialrdquo Segundo os autores
Em 2000 havia uma estimativa de 468000 casos com 233000 mortes por este tipo de cacircncer em todo o mundo Destas mortes 80 ocorreriam nos paiacuteses em desenvolvimento No Brasil o cacircncer de colo uterino representa a segunda maior causa de morte por cacircncer entre as mulheres (HACKENHAAR CEacuteSAR e DOMINGUES 2006 p 1)
Por meio do controle perioacutedico utilizando-se o exame citoloacutegico eacute possiacutevel
reduzir sua incidecircncia pois dados da Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede (OMS)
afirmam que a cada ano surgem cerca de 500 mil novos casos de cacircncer do colo
uterino por ano no mundo todo sendo que mais de 400 mil ocorrem em paiacuteses em
desenvolvimento (ZEFERINO 2008) Este dado eacute confirmado por Ceacutesar et al
(2003) quando os autores afirmam que cerca de 80 dos casos de cacircncer de colo
uterino ocorrem nos paiacuteses pobres
Domingos et al (2007 p 1) explicam que ldquoo cacircncer de colo de uacutetero eacute uma
doenccedila de evoluccedilatildeo lenta levando em meacutedia 14 anos para sua evoluccedilatildeo total
Inicia-se com alteraccedilotildees miacutenimas nas ceacutelulas denominadas displasia e se natildeo
forem tratadas estas alteraccedilotildees evoluemrdquo De acordo com os autores
Com o desenvolvimento da doenccedila em meacutedia trecircs anos apoacutes a constataccedilatildeo das primeiras alteraccedilotildees celulares surge um tumor localizado chamado carcinoma in situ Este cacircncer desenvolve-se por mais seis anos invadindo a mucosa do uacutetero quando recebe o nome de carcinoma invasor Apoacutes 14 anos das primeiras alteraccedilotildees celulares o cacircncer atinge a forma mais grave com o aparecimento de metaacutestase espalhando-se assim por outras regiotildees do corpo (DOMINGOS et al 2007 p 1)
Conforme Rodrigues Neto Figueiredo e Siqueira (2008 p 1) o cacircncer tem
sido responsaacutevel por seis milhotildees de mortes por ano correspondendo a 12 das
mortes mundiais ldquoEstima-se a ocorrecircncia de mais de dez milhotildees de novos casos
de cacircncer por ano sendo que para o ano de 2020 espera-se que haja mais de 15
milhotildees de casos novosrdquo Para os autores
O cacircncer do colo do uacutetero (CCU) ocupa o 2ordm lugar na incidecircncia mundial de neoplasias estando atraacutes apenas do cacircncer de mama Por ano no mundo ocorrem cerca de 235 mil mortes devido ao CCU sendo 218 mil em paiacuteses considerados pobres ou emergentes(4) onde ocorre quase 60 dos casos novos de cacircncer ocupando um lugar de destaque nas taxas de morbimortalidade entre a populaccedilatildeo feminina Ressalta-se que na Ameacuterica Latina se encontram as mais altas taxas de incidecircncia desta doenccedila
27
representando uma das causas de oacutebito mais frequumlente entre as mulheres [] Natildeo considerando os carcinomas de pele natildeo melanoma o CCU eacute o mais incidente na Regiatildeo Norte (22100000) Jaacute nas regiotildees Sul (24100000) Centro-Oeste (19100000) e Nordeste (18100000) ocupa a segunda posiccedilatildeo e no Sudeste (18100000) a quarta posiccedilatildeo estando assim associado a regiotildees brasileiras de baixo niacutevel socioeconocircmico (RODRIGUES NETO FIGUEIREDO e SIQUEIRA 2008 p 1)
Dentre os fatores causadores e facilitadores desse tipo de cacircncer Ceacutesar et al
(2003) citam fatores reprodutivos maternos tais como iniacutecio precoce de atividade
sexual e comportamento sexual masculino baixo niacutevel socioeconocircmico muacuteltiplos
parceiros sexuais higiene sexual precaacuteria ocorrecircncia de abortos (particularmente os
induzidos) alcoolismo e tabagismo e uso de anticoncepcional oral Domingos et al
(2007 p 1) afirmam que ldquoo cacircncer do colo do uacutetero eacute um dos maiores problemas da
sauacutede da mulher em todo o mundo Estima-se que a cada ano ocorram no mundo
493000 novos casos da doenccedila e 274000 mortesrdquo
ldquoSegundo dados do Ministeacuterio da Sauacutede (MS) no ano de 2002 4091
mulheres morreram no Brasil vitimadas por este tipo de cacircncer Destas 297
ocorreram no Estado do Paranaacute na faixa etaacuteria de 30 a 49 anosrdquo (DOMINGOS et al
2007 p 1)
Zeferino (2008) relata que no Brasil o cacircncer do colo uterino eacute o terceiro mais
frequumlente o qual eacute superado apenas pelos cacircnceres de pele e de mama Trata-se
da quarta causa de oacutebito entre as mulheres superado apenas pelos cacircnceres de
mama do pulmatildeo e do coacutelon-reto No ano de 2003 foram registradas 4110 mortes
com cacircncer de colo uterino correspondendo a 7 do total dos oacutebitos devido a
cacircncer em mulheres De acordo com o autor
Cerca de 90 dos cacircnceres de colo uterino originaram-se de ceacutelulas escamosas sendo chamados de carcinomas escamosos ou carcinomas epidermoacuteides e outros 10 originaram-se de ceacutelulas glandulares sendo entatildeo chamados de adenocarcinomas Raramente podem aparecer os dois tipos de ceacutelulas e satildeo chamados carcinomas adenoescamosos Todavia tem sido observado que a proporccedilatildeo de adenocarcinoma do colo uterino tem aumentado nas uacuteltimas deacutecadas particularmente em mulheres jovens (BULK et al 2005 apud ZEFERINO 2008 p 68)
Segundo dados do INCA (2002 apud Ceacutesar et al 2003 p 1366) ldquono Brasil
o cacircncer de colo uterino eacute o segundo entre os tumores ginecoloacutegicos malignos e o
terceiro mais comum na populaccedilatildeo feminina Representa 10 de todos os cacircnceres
malignos em mulheresrdquo
28
De acordo com Albuquerque et al (2009) ldquoa infecccedilatildeo preacutevia pelo papiloma
viacuterus humano (HPV) tem sido apontada como o principal fator de risco para o cacircncer
de colo de uacuteterordquo Fatores como iniacutecio precoce da atividade sexual multiplicidade de
parceiros sexuais uso de contraceptivos orais tabagismo situaccedilatildeo conjugal e baixa
condiccedilatildeo soacutecio-econocircmica tecircm sido apontados como fatores de risco importantes
para o desenvolvimento dessa neoplasia
Narchi Janicas e Fernandes (2007) relatam que o cacircncer ceacutervico-uterino tem
sua origem a partir de uma lesatildeo intra-epitelial progressiva a qual pode evoluir para
um cacircncer invasivo dentro de um prazo em torno de 10 a 20 anos caso natildeo seja
oferecido tratamento
Conforme as autoras durante o periacuteodo de evoluccedilatildeo da doenccedila ela passa por
fases preacute-cliacutenicas detectaacuteveis e curaacuteveis lhe conferindo elevado potencial de
prevenccedilatildeo e cura Corresponde a cerca de 15 de todos os cacircnceres femininos
sendo o segundo tipo mais comum entre as mulheres Ainda na visatildeo das autoras a
mortalidade pelo cacircncer ceacutervico-uterino pode ser evitada devido agrave lenta evoluccedilatildeo da
doenccedila e devido aos recursos tecnoloacutegicos o diagnoacutestico e o tratamento oportunos
das lesotildees precursoras as quais satildeo curaacuteveis em ateacute 100 dos casos Entretanto
conforme as autoras mesmo o Brasil ter sido um dos primeiros paiacuteses a realizar os
exames de colpocitologia e colposcopia esse tipo de cacircncer ainda continua sendo
um seacuterio problema de sauacutede puacuteblica por manter uma das mais elevadas taxas de
oacutebito como pode ser verificado a seguir
No Brasil as accedilotildees de controle do cacircncer ginecoloacutegico iniciaram-se de forma programaacutetica em 1983 eacutepoca de implantaccedilatildeo do Programa de Assistecircncia Integral agrave Sauacutede da Mulher (PAISM) que representou uma ampliaccedilatildeo do foco de assistecircncia agrave mulher para aleacutem do ciclo graviacutedico-puerperal No entanto apesar das recomendaccedilotildees de implantaccedilatildeo ou ampliaccedilatildeo das atividades de diagnoacutestico do cacircncer ceacutervico-uterino e de educativas com vistas agrave prevenccedilatildeo da doenccedila por mais de uma deacutecada as accedilotildees de combate a essa doenccedila foram desenvolvidas no paiacutes de forma desarticulada por iniciativa de apenas alguns Estados e municiacutepios (NARCHI JANICAS e FERNANDES 2007 p 128)
Os autores pesquisados nesta revisatildeo narrativa serviram de subsiacutedios para a
elaboraccedilatildeo do plano de accedilatildeo apresentado no proacuteximo capiacutetulo cujo objetivo eacute
aumentar a cobertura do exame de prevenccedilatildeo do cacircncer do colo do uacutetero no Centro
de Sauacutede Felicidade II
29
5 PLANO DE ACcedilAtildeO PARA A AMPLIACcedilAtildeO DA COBERTURA DO EXAME COLPOCITOLOacuteGICO NO CENTRO DE SAUacuteDE FELICIDADE II
De acordo com a atividade realizada no Moacutedulo da Sauacutede da Mulher foram
constatados alguns problemas em relaccedilatildeo agrave cobertura do exame colpocitoloacutegico no
Centro de Sauacutede Felicidade II o qual apresentou em 2009 baixa cobertura A partir
daiacute foram detectados outros fatores que contribuem para o baixo iacutendice de
cobertura aqueacutem do que eacute preconizado pela Secretaacuteria Municipal de Sauacutede Neste
sentido o plano de accedilatildeo descrito no Quadro 1 vem propor estrateacutegias visando
ampliar da cobertura do exame colpocitoloacutegico e minimizar os problemas levantados
Acredita-se que por meio da implantaccedilatildeo do plano de accedilatildeo sugerido o
Centro de Sauacutede Felicidade II teraacute maior e melhor desempenho de sua equipe
alcanccedilando com isso o aprimoramento no atendimento da populaccedilatildeo alvo da
instituiccedilatildeo
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QUADRO1 - PLANO DE ACcedilAtildeO PARA AUMENTAR A COBERTURA DO EXAME DE PREVEN9AO DO COLO DO UTERO PARA A EQUIPE DE SAUDE DO CENTRO DE SAUDE FELICIDADE II
PROBLEMA ATIVIDADES ACcedilOtildeES META RESPONSAVEL PERIODO
As ACS sentem inseguros para orientar agraves mulheres em relaccedilatildeo aos cuidados para realizar o exame preventivo por falta de conhecimento
Educaccedilatildeo em Sauacutede
Capacitaccedilatildeo da equipe sobre a importacircncia do exame colpocitoloacutegico
Nivelar o conhecimento dos membros da equipe
Municiacutepio Gerecircncia Regional de Sauacutede
Outubro2011
Enfermeiro natildeo se sente capacitado para a realizaccedilatildeo do exame de Papanicolaou
Capacitaccedilatildeo Teacutecnica do enfermeiro para a realizaccedilatildeo do exame de Papanicolaou
Solicitar agrave Ginecologista enfermeira treinamentocapacitaccedilatildeo do enfermeiro
Instrumentalizar o enfermeiro para a realizaccedilatildeo coleta de material
Enfermeira de outra Unidade Baacutesica de Sauacutede Meacutedico Ginecologista
Outubro2011
Baixo iacutendice de cobertura do exame citoloacutegico
Elaboraccedilatildeo de um instrumento para coleta de dados para identificar as mulheres de 25 a 59 anos na aacuterea de abrangecircncia do centro de sauacutede e tambeacutem para levantar quais os fatores que impeditivos para a realizaccedilatildeo do exame Incluir as mulheres identificadas no arquivo rotativo
Visita domiciliar
Visitar todas as mulheres dentro da aacuterea de abrangecircncia da UBS
ACS Novembro2011 Dezembro2011
Baixo iacutendice de cobertura do exame citoloacutegico
Agendamento da consulta de enfermagem consulta meacutedica para atender as prioridades levantadas no diagnoacutestico da atividade anterior para realizaccedilatildeo do exame Priorizar mulheres que nunca fizeram o exame ou que fizeram a mais de trecircs anos
Visita domiciliar Consulta de Enfermagem e consulta meacutedica
Orientar as mulheres sobre o exame preventivo Realizar o exame
ACS Meacutedico e enfermeira
Janeiro2012
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O agendamento das consultas e marcado para datas muito distantes o que geralmente faz com que a mulher esqueccedila
Comunicaccedilatildeo da data do exame com antecedecircncia
Elaborar uma forma de entrar em contato com a paciente cinco dias antes da consulta agendada
Diminuir o iacutendice de ausecircncia agraves consultas
ACS Novembro2011
Desconhecimento das mulheres sobre o exame preventivo e os cuidados preparativos para o exame
Orientaccedilatildeo das mulheres sobre o exame e os cuidados preparativos para o exame
Criar um informativo contendo as orientaccedilotildees sobre o exame e os cuidados para serem entregue as usuaacuterias no momento da visita do ACS para informaacute-las da data e horaacuterio da consulta
Orientar todas usuaacuterias
Enfermeiro ACS
Janeiro2011
Entrega de resultados dos preventivos sem alteraccediloespelos ACSrsquos
Entrega do resultado do exame
Agendar um dia na semana para a entrega dos resultados dos exames Todos os exames deveratildeo ser vistos pelo enfermeiro Aqueles que apresentarem alguma alteraccedilatildeo a paciente deve ser encaminhada ao meacutedico Teacutecnico de Enfermagem Enfermeiro
Orientar as usuaacuterias
Os exames com resultados normais seratildeo entregues pelo teacutecnico de enfermagem Aqueles que apresentarem alguma alteraccedilatildeo seratildeo entregues pelo enfermeiro que deveraacute fazer os devidos encaminhamentos quando necessaacuterios
Dezembro2011
Entrega dos resultados de exames com alteraccedilotildees apoacutes consultas de retorno agendadas para usuaacuterias
Orientaccedilatildeo encaminhamento e acompanhamento da usuaacuteria
Visita domicilar Consulta de enfermagemconsulta meacutedica
Avaliar o estado de sauacutede da mulher Acompanhamento e orientaccedilotildees
Meacutedico e enfermeira Janeiro2012
Monitoramento e acompanhamento
- Agendamentos anuais - Elaboraccedilatildeo um arquivo rotativo - Estabelecimento de Indicadores de acompanhamento e
- Controlar a marcaccedilatildeo de consulta no intervalo de trecircs anos se apoacutes dois anos consecutivos de coleta os resultados forem negativos para
Monitorar o exame preventivo Acompanhar o estado de sauacutede das mulheres pela
Enfermeira e Teacutecnico de enfermagem
Novembro2011
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avaliaccedilatildeo das accedilotildees votadas agrave sauacutede da mulher pela equipe de sauacutede
displasia ou neoplasia - Fazer a busca das usuaacuterias faltosas aos exames e consultas
equipe
Falta de interesse e conscientizaccedilatildeo em relaccedilatildeo agrave importacircncia do exame preventivo
Atendimento de Grupos Retomar o grupo de mulheres onde seratildeo abordados temas relativos agrave sauacutede da mulher Realizar orientaccedilotildees por meio de palestras nos grupos operativos
Conscientizar as mulheres sobre a importacircncia da realizaccedilatildeo do exame
Equipe de Sauacutede Fevereiro2012
Consulta eacute marcada com um meacutedico do sexo masculino
Agendamento com o enfermeiro quando possiacutevel
Reforccedilar com a paciente que durante a consulta estaraacute presente uma Auxiliar de Enfermagem
Diminuir a evasatildeo do exame prevenccedilatildeo Diminuir a resistecircncia ao atendimento masculino
Disponibilizar uma auxiliar ou teacutecnica de enfemagem para acompanhar o meacutedico durante o exame
Dezembro2011
Falta disponibilidade de horaacuterios mais flexiacuteveis pois haacute concentraccedilatildeo de horaacuterio pela manhatilde
Adequaccedilatildeo da Agenda Alteraccedilotildees na agenda com horaacuterios para adequar agraves necessidades dos usuaacuterios
Marcar os exames preventivos para o horaacuterio da tarde
Enfermeira e meacutedico Janeiro2012
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6 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
A poliacutetica da sauacutede tem como principal objetivo promover mudanccedilas no intuito
de melhorar o niacutevel da sauacutede da populaccedilatildeo Diante dos resultados apurados nesse
estudo percebe-se a necessidade das intervenccedilotildees a serem efetuadas no Centro de
Sauacutede Felicidade II visando melhorar o iacutendice de cobertura dos exames
preventivos
Assim a realidade percebida no Centro de Sauacutede Felicidade II eacute que o
desempenho da equipe exerce grande impacto no desenvolvimento das accedilotildees
alcanccedilando dessa forma o objetivo de contribuir com o aprimoramento e a
consolidaccedilatildeo da assistecircncia agrave sauacutede da populaccedilatildeo
Como problemas levantados em relaccedilatildeo a baixa cobertura da prevenccedilatildeo do
cacircncer do colo do uacutetero identificamos as seguintes o ACS sentir inseguro para
orientar agraves mulheres em relaccedilatildeo aos cuidados para realizar o exame preventivo a
falta de capacitaccedilatildeo teacutecnica para o enfermeiro realizar o exame de Papanicolaou
consultas agendadas para datas muito distantes fazendo com que a mulher se
esqueccedila do diadesconhecimento das mulheres sobre o exame preventivo e os
cuidados preparativos para o mesmo falta de interesse e conscientizaccedilatildeo em
relaccedilatildeo agrave importacircncia do exame preventivo por parte das usuaacuteriaspudor da mulher
diante do profissional de sexo masculino e falta de disponibilidade de horaacuterios mais
flexiacuteveis com concentraccedilatildeo das consultas no horaacuterio da manhatilde
A partir dos problemas levantados foram propostas as atividades accedilotildees
metas e os responsaacuteveis pelas atividades no sentido de ampliar a cobertura das
mulheres por meio da participaccedilatildeo de toda a equipe de sauacutede Desse modo foi
muito importante tambeacutem a elaboraccedilatildeo das estrateacutegias para que o nuacutemero de
usuaacuterias seja aumentado Neste sentido destaca-se o papel do enfermeiro como
parte integrante da equipe de sauacutede e que desempenha um importante papel na
promoccedilatildeo da prevenccedilatildeo educaccedilatildeo e melhorias constantes nos serviccedilos oferecidos
agrave populaccedilatildeo
Nesta direccedilatildeo o Centro de Sauacutede Felicidade II deve se preocupar com a
capacitaccedilatildeo de seus funcionaacuterios com a organizaccedilatildeo do processo de trabalho das
equipes bem com um investimento maior nas accedilotildees de promoccedilatildeo e prevenccedilatildeo da
saude conforme abordado neste estudo
34
Desse modo cabe a todos os profissionais atuar mais na prevenccedilatildeo
promoccedilatildeo e recuperaccedilatildeo por meio de praacuteticas educativas promovendo campanhas
palestras sobre a sauacutede da mulher fornecendo orientaccedilotildees durante as consultas
para que se possa reverter o quadro de baixo iacutendice de cobertura no exame
preventivo de cacircncer do colo do uacutetero alcance assim a cobertura preconizada pela
Secretaacuteria de Sauacutede o que vai refletir na melhoria da assistecircncia a sauacutede agrave mulher
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REFEREcircNCIAS ALBUQUERQUE KM et al Cobertura do Teste de Papanicolau e Fatores associados agrave Natildeo-Realizaccedilatildeo um olhar sobre o Programa de Prevenccedilatildeo do Cacircncer do Colo do Uacutetero em Pernambuco Brasil Caderno de Sauacutede Puacuteblica v 25 supl 2 Rio de Janeiro 2009 Disponiacutevel em lthttpwwwscielosporgscielophpscript=sci_arttextamppid=S0102-311X2009001400012gt Acesso em 6 nov 2010 BELO HORIZONTE Secretaria Municipal de Sauacutede Prevenccedilatildeo e Controle do Cacircncer do Colo de Uacutetero Belo Horizonte 2008 BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede O Programa Sauacutede da Famiacutelia e a Atenccedilatildeo Baacutesica no Brasil Brasiacutelia 2002 Disponiacutevel em lthttpwwwccssaudegovbrsaudebatea portamostravirtualpublicacoespsf_atencaobasicapdfgt Acesso em 01 abr 2010 CEacuteSAR JA et al Fatores Associados agrave natildeo Realizaccedilatildeo de Exame Citopatoloacutegico de Colo Uterino no Extremo Sul do Brasil Caderno de Sauacutede Puacuteblica Rio de Janeiro v19n5 p1365-1372 setout 2003 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrpdf0Dcspv19n517808pdfgt Acesso em 16 jul 2010 CORREcircA DA D VILLELA WV O Controle do Cacircncer do Colo do Uacutetero desafios para implementaccedilatildeo de accedilotildees programaacuteticas no Amazonas Brasil Rev bras sauacutede matern infantil v8 n4p491-497 outdez 2008 DIAS-DA-COSTA J S et al Cobertura do Exame Citopatoloacutegico na Cidade de Pelotas Rio Grande do Sul Brasil Caderno de Sauacutede Puacuteblica Rio de Janeiro v19 n1 p191-197 janfev 2003 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrpdfcspv19n114919pdfgt Acesso em 16 jul 2010 DOMINGOS ACP et al Cacircncer do Colo do Uacutetero comportamento preventivo de auto-cuidado agrave sauacutede Revista Ciecircncia Cuidado e Sauacutede 6 (Suplem 2) p 397-403 2007 Disponiacutevel em lthttpperiodicosuembrojsindexphpCiencCuidSaudearticleviewFile53373385gt Acesso em 5 nov 2010 HACKENHAAR AAC JURACI A DOMINGUES MR Exame Citopatoloacutegico de Colo Uterino em Mulheres com Idade entre 20 e 59 anos em Pelotas RS prevalecircncia foco e fatores associados agrave sua natildeo realizaccedilatildeo Revista Brasileira de EpidemiologiaSatildeo Paulo v9n1 Mar 2006 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S1415-790X2006000100013gt Acesso em 16 jul 2010 MONTEMOR EBL et al Controle do Cacircncer de Colo de Uacutetero o exame citopatoloacutegico In LOPES MHBde M (org) Enfermagem na Sauacutede da Mulher Goiacircnia AB 2006 p 45-65 NAKAGAWA JTT SCHIRMER J BARBIERI M Viacuterua HPV e Cacircncer de Colo de Uacutetero Revista Brasileira de Enfermagem v 63 n 2 Brasiacutelia marabri 2010
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Os autores relatam que devido ao advento da clonagem molecular na deacutecada
de 90 e a utilizaccedilatildeo de tal tecnologia na replicaccedilatildeo do genoma do Papiloma Viacuterus
outros aspectos da infecccedilatildeo foram elucidados
Devido agrave discrepacircncia entre a alta frequumlecircncia de infecccedilotildees HPV em mulheres jovens sexualmente ativas e a ocorrecircncia relativamente baixa de lesotildees cervicais nas mesmas colocou-se em duacutevida a etiologia viral da doenccedila e concluiu-se que a infecccedilatildeo era causa necessaacuteria mas natildeo suficiente para o desenvolvimento da doenccedila uma vez que virtualmente somente uma fraccedilatildeo de mulheres portadoras do viacuterus a desenvolveria Estudos preacutevios jaacute sugeriam que um forte fator diferenciava a progressatildeo ou natildeo da doenccedila sugerindo que isto estaria relacionada aos diversos tipos do viacuterus HPV Estudos posteriores mostraram que a sua progressatildeo depende natildeo somente da presenccedila do viacuterus mas tambeacutem do tipo de viacuterus da persistecircncia da infecccedilatildeo e da evoluccedilatildeo das lesotildees precursoras para o carcinoma invasivo (NAKAGAWA SCHIRMER e BARBIERI 2007 p 1)
Segundo Narchi Janicas e Fernandes (2007) a prevenccedilatildeo primaacuteria do cacircncer
ceacutervico-uterino refere-se agrave reduccedilatildeo da exposiccedilatildeo aos fatores de risco como o iniacutecio
precoce da atividade sexual a multiplicidade de parceiros as doenccedilas sexualmente
transmissiacuteveis especialmente a infecccedilatildeo causada pelo HPV e multiparidade Aleacutem
disso outros fatores tecircm sido relacionados ao cacircncer ceacutervico-uterino em estudos
epidemioloacutegicos ainda natildeo conclusivos dentre eles o uso de anticoncepcional oral
as situaccedilotildees de imunossupressatildeo como diabete lupus corticoterapia e Aids o
tabagismo e a alimentaccedilatildeo pobre em folatos vitaminas A e C e betacaroteno
Atualmente considera-se fundamental a relaccedilatildeo entre o desenvolvimento do cacircncer ceacutervico-uterino e a transmissatildeo sexual HPV Nesse sentido a prevenccedilatildeo primaacuteria tem como foco a praacutetica de sexo seguro No entanto apesar da divulgaccedilatildeo da importacircncia do uso de preservativos para diminuiccedilatildeo potencial do risco de transmissatildeo do HPV observa-se que seu uso depende de uma serie de fatores como o conhecimento a respeito da doenccedila e suas formas de prevenccedilatildeo a percepccedilatildeo de risco de infecccedilatildeo as crenccedilas e valores culturais as iniquidades de gecircnero e como elas se revelam o grau de autonomia e poder de negociaccedilatildeo sexual nas relaccedilotildees afetivo-sexuais acesso ao serviccedilo de sauacutede e a oferta de preservativos (NARCHI JANICAS e FERNANDES 2007 p 129)
Ceacutesar et al (2003) afirmam que exames preventivos perioacutedicos permitem
reduzir em ateacute 70 a sua mortalidade na populaccedilatildeo de risco A faixa etaacuteria mais
acometida vai dos 25 aos 60 anos e o seu mais importante determinante eacute o
papilomaviacuterus humano De acordo com o Instituto Nacional de Cacircncer (INCA)
O Instituto Nacional de Cacircncer (INCA) recomenda o exame citopatoloacutegico para cacircncer de colo uterino a toda mulher com idade entre 20 e 60 anos e que possua vida sexual ativa Inicialmente o exame deve ser feito a cada trecircs anos Em caso de dois resultados negativos para displasia ou
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neoplasia um novo exame deveraacute ser repetido uma vez a cada trecircs anos (BRASIL 2002 apud CEacuteSAR et al 2003 p 1371)
Narchi Janicas e Fernandes (2007) afirmam que de modo contextual a
prevenccedilatildeo primaacuteria eacute realizada a partir identificaccedilatildeo da presenccedila de fatores de risco
com vistas a prevenir o surgimento da doenccedila Sabe-se que o cacircncer ceacutervico-uterino
haacute muito vem sendo associado ao baixo niacutevel socioeconocircmico tanto a exposiccedilatildeo
aos fatores de risco quanto especialmente pela desigualdade no acesso aos
serviccedilos de sauacutede Essas barreiras satildeo multidimensionais inserindo-se em um
contexto social amplo que a barca desde dificuldades geograacuteficas de informaccedilatildeo
familiares econocircmicas culturais religiosas e emocionais ateacute as relacionadas agraves
poliacuteticas de sauacutede Diante dessa constataccedilatildeo acredita-se que a anaacutelise dos
programas e a proposiccedilatildeo de estrateacutegias devam tambeacutem corresponder agrave amplitude
dos fatores intervenientes
De acordo com as autoras no que diz respeito agrave prevenccedilatildeo primaacuteria o
Programa de Sauacutede da Famiacutelia (PSF) tem importante papel na identificaccedilatildeo de
grupos de mulheres com perfil de risco para desenvolver o cacircncer ceacutervico-uterino e
com base nas necessidades levantadas implementar accedilotildees de intervenccedilatildeo no meio
ambiente e em seus fatores de risco De acordo com as autoras diversas
estrateacutegias podem reduzir os fatores de risco para cacircncer ceacutervico-uterino dentre as
quais destacam-se realizaccedilatildeo de grupos educativos que permitam a discussatildeo de
temas como sexualidade e gecircnero vulnerabilidade e prevenccedilatildeo as DST
planejamento familiar qualidade de vida e prevenccedilatildeo do cacircncer ginecoloacutegico entre
outros As autoras destacam tambeacutem a importacircncia mobilizaccedilatildeo das mulheres para
o autocuidado e a busca de melhor qualidade de vida (grupos de caminhada cultivo
de hortas caseiras por exemplo) valorizaccedilatildeo da integralidade na assistecircncia e no
estiacutemulo a uma participaccedilatildeo ativa das mulheres com atitudes assertivas em relaccedilatildeo
a sauacutede identificaccedilatildeo e minimizaccedilatildeo das dificuldades de acesso ao serviccedilo de
sauacutede sejam elas barreiras individuais e institucionais (NARCHI JANICAS e
FERNANDES 2007)
Ainda conforme as autoras aleacutem das atividades comunitaacuterias que podem ser
realizadas pela equipe de sauacutede da famiacutelia o enfermeiro tambeacutem pode instituir
grupos educativos de coleta ou de resultados da colpocitologia na unidade baacutesica de
sauacutede (UBS) ou na unidade de sauacutede da famiacutelia (USF) abordando temaacuteticas
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voltadas agrave sexualidade higiene iacutentima prevenccedilatildeo de DST prevenccedilatildeo do cacircncer
ginecoloacutegico e teacutecnica de coleta do exame As autoras afirmam que esses grupos
aleacutem de disponibilizarem um espaccedilo para a socializaccedilatildeo do conhecimento
possibilitam a integraccedilatildeo entre profissionais e pacientes e estimulam o
autoconhecimento do corpo e da sexualidade familiarizando a mulher ao ambiente e
ao exame e minimizando sentimentos negativos como o medo a vergonha o
nervosismo e o constrangimento que por vezes as impedem de aderir ao programa
Essa estrateacutegia seraacute possiacutevel agrave medida que o profissional estiver sensibilizado e
capacitado para implementaacute-la utilizando habilidades de aconselhamento e
abordagem empaacutetica (NARCHI JANICAS e FERNANDES 2007)
O enfermeiro deve ainda avaliar a presenccedila de fatores de risco na consulta
de enfermagem agrave mulher com vistas a realizar as intervenccedilotildees necessaacuterias e o
acompanhamento mais frequente Diante disso eacute recomendado que na consulta de
retorno para recebimento do laudo da colpocitologia seja realizado procedimento de
aconselhamento sobre DST e Aids antes de discutir o resultado e a conduta
No que diz respeito agrave prevenccedilatildeo secundaacuteria do cacircncer ceacutervico-uterino Narchi
Janicas e Fernandes (2007) afirmam que se deve realizar o exame citopatoloacutegico
para que seja feita a detecccedilatildeo do cacircncer in situ ou das lesotildees precursoras trataacuteveis
e curaacuteveis em ateacute 100 dos casos Para as autoras o acolhimento deveraacute ocorrer
em todas as fases da assistecircncia ou seja desde o primeiro contato com a mulher o
que pode ocorrer em seu domiciacutelio quanto no agendamento ao se verificar acerca
do aprazamento da colpocitologia Citam tambeacutem que esse exame tem sido
utilizado em programas de rastreamento do cacircncer ceacutervico-uterino em todo o mundo
(screening) para interromper o ciclo evolutivo da doenccedila detectando-a em fase preacute-
invasiva trataacutevel e curaacutevel Relatam ainda que os paiacuteses que desenvolveram o
programa tanto com identificaccedilatildeo efetiva da populaccedilatildeo de risco qualidade coleta e
na interpretaccedilatildeo dos resultados quanto com tratamento e acompanhamento
adequados dos casos de alto risco lograram reduccedilatildeo significativa na incidecircncia e na
mortalidade por essa patologia
Segundo a OMS para que um programa de rastreamento do cacircncer ceacutervico-
uterino cause impacto epidemioloacutegico eacute necessaacuterio realizar uma cobertura superior a
80 o que representaria um impacto de 50 na reduccedilatildeo da mortalidade por essa
doenccedila Entretanto nos paiacuteses em desenvolvimento como o Brasil a cobertura
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desse teste ainda natildeo alcanccedilou niacuteveis suficientes e coerentes com as necessidades
da populaccedilatildeo feminina sob maior risco de contrair a doenccedila
Narchi Janicas e Fernandes (2007) relatam que no Brasil as accedilotildees de
intervenccedilatildeo e controle do cacircncer ceacutervico-uterino tecircm sido norteadas pela distribuiccedilatildeo
das lesotildees cervicais segundo as faixas etaacuterias de mulheres mais acometidas pela
doenccedila e pela periodicidade dos exames citopatoloacutegicos seguindo a loacutegica
epidemioloacutegica do risco e da relaccedilatildeo custobenefiacutecio que norteiam as intervenccedilotildees
em sauacutede publica Poreacutem por vaacuterios anos essa cobertura esteve descontextualiza
da no paiacutes de forma a disponibilizar a citopatologia apenas durante o preacute-natal natildeo
atingindo a populaccedilatildeo de mulheres da faixa etaacuteria de maior risco subutilizando os
equipamentos de sauacutede e tornando o programa ineficiente Conforme as autoras
vaacuterios estudos que investigaram os motivos que dificultam a captaccedilatildeo das mulheres
para a prevenccedilatildeo do cacircncer ginecoloacutegico ressaltam a amplitude do problema que
perpassa por diversas esferas assumindo aspecto multidimensional
Narchi Janicas e Fernandes (2007) ressaltam ainda que o modelo
contextual proposto por Pinho amp Franccedila-Junior analisa o acesso e a utilizaccedilatildeo dos
serviccedilos preventivos em trecircs planos individual organizacionalprogramaacutetico e social
dispostos em uma estrutura dinacircmica e relacional Esse modelo propotildee que a
realizaccedilatildeo da colpocitologia seja produto da interaccedilatildeo desses trecircs planos dos quais
emergem os elementos necessaacuterios para definir uma situaccedilatildeo de vulnerabilidade
individual programaacuteticaorganizacional e social do cacircncer ceacutervico-uterino Para as
autoras o plano individual representado por caracteriacutesticas relacionadas agrave
realizaccedilatildeo do exame definiraacute a vulnerabilidade individual da mulher a doenccedila A
vulnerabilidade eacute representada por um conjunto de fatores cognitivos relacionados a
real falta de conhecimento sobre a doenccedila e o exame o que contribui para a
reduccedilatildeo de praacuteticas sexuais seguras e de prevenccedilatildeo secundaacuteria Tal vulnerabilidade
individual pode ser criada e percebida pelas mulheres ou a elas imposta no
momento em que se enfatiza o risco da natildeo-realizaccedilatildeo da colpocitologia em vez da
ecircnfase ao benefiacutecio da accedilatildeo gerando ou reforccedilando sentimento de medo em
relaccedilatildeo ao cacircncer que pode provocar tanto um efeito propulsor que induz a mulher
para a realizaccedilatildeo do exame quanto um efeito mais restritivo ao exame pelo medo
de sentir dor ou de receber um resultado positivo concluem as autoras
23
No plano organizacional ou programaacutetico inserem-se as caracteriacutesticas
relacionadas agrave disponibilidade de serviccedilos de sauacutede em relaccedilatildeo agrave demanda e a sua
acessibilidade geograacutefica a organizaccedilatildeo e as necessidades da populaccedilatildeo usuaacuteria e
ao planejamento das accedilotildees efetivas na prevenccedilatildeo e na promoccedilatildeo a sauacutede sob a
forma de programas organizados de rastreamento do cacircncer cervical que primem
pelo respeito agrave autonomia individual e pela abordagem integral mulher (NARCHI
JANICAS e FERNANDES 2007)
Ainda segundo os autores um dos fatores que contribuem para a baixa
adesatildeo das mulheres ao programa eacute a falta de humanizaccedilatildeo na assistecircncia pois a
violecircncia institucional sofrida pelas mulheres durante a consulta ginecoloacutegica pode
ser traduzida pela humilhaccedilatildeo por constrangimento e pela forma fria e
despersonalizada com que satildeo atendidas sem serem esclarecidas quanto ao
resultado do exame ou por realizarem tratamentos por vaacuterios anos sem sequer
terem noccedilatildeo dos seus objetivos Isso submete a mulher a uma assistecircncia
medicalizada e indigna na qual se perde a oportunidade de investir em prevenccedilatildeo
primaacuteria (NARCHI JANICAS E FERNANDES 2007)
De acordo com Dias-da-Costa et al (2003) quando se fala acerca da sauacutede
puacuteblica eacute sabido que a efetividade do programa de controle do cacircncer de colo do
uacutetero depende da cobertura populacional alcanccedilada Poreacutem no Brasil a avaliaccedilatildeo
da efetividade de programas de prevenccedilatildeo e accedilotildees de sauacutede puacuteblica ainda eacute
considerada incipiente
43 Contexto histoacuterico da citologia oncoacutetica
Montemor et al (2008 p 45) relatam que na eacutepoca em que a citologia
ginecoloacutegica estava em desenvolvimento agrave ideacuteia preponderante entre os
ginecologistas era que sendo o colo uterino facilmente acessiacutevel agrave bioacutepsia dava-se
preferecircncia ao estudo histoloacutegico pois a citologia ainda carecia de credibilidade
diagnoacutestica
Os autores afirmam que foi Aureli Babes um patologista romeno em 1928
que sugeriu que fosse feita a coleta direta de material do colo uterino para o
diagnoacutestico do cacircncer sendo que o mesmo foi o primeiro pesquisador que
descreveu de forma minuciosa a teacutecnica de coleta utilizando a coloraccedilatildeo atraveacutes do
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meacutetodo de Giemsa Entretanto ainda de acordo com os autores foi George
Nicholas Papanicolaou um grego nascido em 1883 em Kymi na ilha grega de
Euboea que se aprofundou nos estudos acerca da citologia ginecoloacutegica o qual em
1913 se fixou nos Eua como pesquisador do laboratoacuterio do Hospital de Nova Iorque
Segundo os autores Neste sentido os autores afirmam que
Papanicolaou quando estudava as alteraccedilotildees hormonais das ceacutelulas nas diferentes fases do ciclo menstrual observou que tambeacutem era possiacutevel o diagnoacutestico das ceacutelulas tumorais do colo uterino Em 1941 publicou no American Journal of Obstetrics and Gynecology em co-autoria com Traut um trabalho com o tiacutetulo de O valor diagnoacutestico dos esfregaccedilos vaginais no carcinoma do uacutetero Nessa publicaccedilatildeo mostra a possibilidade de fazer diagnoacutestico de carcinoma do colo uterino atraveacutes de ceacutelulas atiacutepicas presentes nos esfregaccedilos bem como enfatiza a necessidade de aplicar esse meacutetodo simples e de baixo custo a um grande nuacutemero de mulheres O meacutetodo de coloraccedilatildeo dos esfregaccedilos citoloacutegicos que leva o nome de ldquoColoraccedilatildeo de Papanicolaourdquo eacute ainda hoje largamente utilizado (MONTEMOR et al 2008 p 46)
Os autores relatam ainda que em meados de 1940 o J Ernest Ayre um
meacutedico canadense utilizou uma espaacutetula a qual leva o seu nome para obter
raspados do colo uterino possibilitando dessa forma uma maneira praacutetica e
eficiente de coleta de material para a realizaccedilatildeo de exames em grande escala
(MONTEMOR et al 2008) De acordo com Tavares et al (2007) o exame
citopatoloacutegico foi sugerido como uma ferramenta para a detecccedilatildeo precoce do cacircncer
do colo do uacutetero em 1941
Conforme Hackenhaar Ceacutesar e Domingues (2006) a prevenccedilatildeo considerada
como secundaacuteria do cacircncer do colo uterino tem se centralizado no rastreamento de
mulheres sexualmente ativas atraveacutes do exame citopatoloacutegico do colo uterino O
qual foi adotado para rastreamento na deacutecada de 50 em vaacuterios paiacuteses uma vez que
identifica lesotildees preacute-cancerosas que se tratadas minimizam a incidecircncia de
carcinoma invasor e com isso a mortalidade pelo cacircncer de colo uterino Segundo
os autores
Em 1998 o Ministeacuterio da Sauacutede do Brasil estabeleceu que o exame para a detecccedilatildeo precoce do cacircncer do colo uterino deveria ser realizado por mulheres com idade entre 25 e 60 anos ou antes desta faixa etaacuteria caso jaacute tivessem mantido relaccedilotildees sexuais Para estas mulheres a periodicidade deveria ser de trecircs em trecircs anos se os dois primeiros exames realizados a cada ano fossem normais Em 2002 ocorreu a fase de intensificaccedilatildeo da campanha que tinha por objetivo realizar exames nas mulheres de 35 a 49 anos que nunca haviam realizado este tipo de exame ou que o houvessem
25
realizado haacute mais de trecircs anos (HACKENHAAR CEacuteSAR e DOMINGUES 2006 p 1)
44 Conceitos e caracteriacutesticas do exame de prevenccedilatildeo do cacircncer
Conforme Montemor et al (2008) o exame citopatoloacutegico tambeacutem conhecido
como exame Papanicolaou ou ainda exame preventivo do cacircncer do colo do uacutetero
tem como objetivo a anaacutelise das ceacutelulas obtidas por raspagem do colo uterino
(ectoceacutervice e canal endocervical) com as quais eacute realizado esfregaccedilo sobre uma
lacircmina de vidro De acordo com os autores as caracteriacutesticas morfoloacutegicas das
ceacutelulas satildeo observadas ao microscoacutepio e quando alteradas ou seja quando estatildeo
diferentes daquelas consideradas normais sugerem tratar-se de processo preacute-
neoplaacutesico ou neoplaacutesico Os autores afirmam ainda que atualmente o exame
citopatoloacutegico eacute o meacutetodo de rastreamento para cacircncer do colo uterino mais utilizado
em todo o mundo
De acordo com Tavares (2007) o exame citopatoloacutegico eacute considerado um
meacutetodo eficiente pois tem a habilidade de identificar lesotildees precursoras do cacircncer
do colo do uacutetero que naquele momento satildeo trataacuteveis podendo resultar em
significante decreacutescimo da mortalidade por esse tipo de cacircncer
45 O cacircncer do colo do uacutetero
Segundo Zeferino (2008) o cacircncer do colo uterino tem sido um desafio para a
sauacutede puacuteblica na reduccedilatildeo de morte de mulheres por causa desse mal uma vez que
se trata de uma doenccedila que pode ser evitada por meio do diagnoacutestico e do
tratamento de suas lesotildees precursoras Neste sentido Narchi Janicas e Fernandes
(2007) concordam com Zeferino (2008) quando afirmam que o cacircncer chamado por
eles de cacircncer ceacutervico-uterino vem sendo alvo de atenccedilatildeo por parte da comunidade
cientiacutefica devido ocupar lugar de destaque no que diz respeito agraves elevadas taxas de
morbidade e mortalidade entre a populaccedilatildeo feminina principalmente em paiacuteses em
desenvolvimento uma vez que trata-se de um tipo de cacircncer que estaacute relacionado
ao perfil epidemioloacutegico das mulheres cuja frequecircncia dos fatores de risco e do grau
de implementaccedilatildeo de accedilotildees de curto e longo prazos em todos os niacuteveis de atenccedilatildeo
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De acordo com Hackenhaar Ceacutesar e Domingues (2006 p1) ldquoo cacircncer do
colo uterino eacute um problema de sauacutede puacuteblica mundialrdquo Segundo os autores
Em 2000 havia uma estimativa de 468000 casos com 233000 mortes por este tipo de cacircncer em todo o mundo Destas mortes 80 ocorreriam nos paiacuteses em desenvolvimento No Brasil o cacircncer de colo uterino representa a segunda maior causa de morte por cacircncer entre as mulheres (HACKENHAAR CEacuteSAR e DOMINGUES 2006 p 1)
Por meio do controle perioacutedico utilizando-se o exame citoloacutegico eacute possiacutevel
reduzir sua incidecircncia pois dados da Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede (OMS)
afirmam que a cada ano surgem cerca de 500 mil novos casos de cacircncer do colo
uterino por ano no mundo todo sendo que mais de 400 mil ocorrem em paiacuteses em
desenvolvimento (ZEFERINO 2008) Este dado eacute confirmado por Ceacutesar et al
(2003) quando os autores afirmam que cerca de 80 dos casos de cacircncer de colo
uterino ocorrem nos paiacuteses pobres
Domingos et al (2007 p 1) explicam que ldquoo cacircncer de colo de uacutetero eacute uma
doenccedila de evoluccedilatildeo lenta levando em meacutedia 14 anos para sua evoluccedilatildeo total
Inicia-se com alteraccedilotildees miacutenimas nas ceacutelulas denominadas displasia e se natildeo
forem tratadas estas alteraccedilotildees evoluemrdquo De acordo com os autores
Com o desenvolvimento da doenccedila em meacutedia trecircs anos apoacutes a constataccedilatildeo das primeiras alteraccedilotildees celulares surge um tumor localizado chamado carcinoma in situ Este cacircncer desenvolve-se por mais seis anos invadindo a mucosa do uacutetero quando recebe o nome de carcinoma invasor Apoacutes 14 anos das primeiras alteraccedilotildees celulares o cacircncer atinge a forma mais grave com o aparecimento de metaacutestase espalhando-se assim por outras regiotildees do corpo (DOMINGOS et al 2007 p 1)
Conforme Rodrigues Neto Figueiredo e Siqueira (2008 p 1) o cacircncer tem
sido responsaacutevel por seis milhotildees de mortes por ano correspondendo a 12 das
mortes mundiais ldquoEstima-se a ocorrecircncia de mais de dez milhotildees de novos casos
de cacircncer por ano sendo que para o ano de 2020 espera-se que haja mais de 15
milhotildees de casos novosrdquo Para os autores
O cacircncer do colo do uacutetero (CCU) ocupa o 2ordm lugar na incidecircncia mundial de neoplasias estando atraacutes apenas do cacircncer de mama Por ano no mundo ocorrem cerca de 235 mil mortes devido ao CCU sendo 218 mil em paiacuteses considerados pobres ou emergentes(4) onde ocorre quase 60 dos casos novos de cacircncer ocupando um lugar de destaque nas taxas de morbimortalidade entre a populaccedilatildeo feminina Ressalta-se que na Ameacuterica Latina se encontram as mais altas taxas de incidecircncia desta doenccedila
27
representando uma das causas de oacutebito mais frequumlente entre as mulheres [] Natildeo considerando os carcinomas de pele natildeo melanoma o CCU eacute o mais incidente na Regiatildeo Norte (22100000) Jaacute nas regiotildees Sul (24100000) Centro-Oeste (19100000) e Nordeste (18100000) ocupa a segunda posiccedilatildeo e no Sudeste (18100000) a quarta posiccedilatildeo estando assim associado a regiotildees brasileiras de baixo niacutevel socioeconocircmico (RODRIGUES NETO FIGUEIREDO e SIQUEIRA 2008 p 1)
Dentre os fatores causadores e facilitadores desse tipo de cacircncer Ceacutesar et al
(2003) citam fatores reprodutivos maternos tais como iniacutecio precoce de atividade
sexual e comportamento sexual masculino baixo niacutevel socioeconocircmico muacuteltiplos
parceiros sexuais higiene sexual precaacuteria ocorrecircncia de abortos (particularmente os
induzidos) alcoolismo e tabagismo e uso de anticoncepcional oral Domingos et al
(2007 p 1) afirmam que ldquoo cacircncer do colo do uacutetero eacute um dos maiores problemas da
sauacutede da mulher em todo o mundo Estima-se que a cada ano ocorram no mundo
493000 novos casos da doenccedila e 274000 mortesrdquo
ldquoSegundo dados do Ministeacuterio da Sauacutede (MS) no ano de 2002 4091
mulheres morreram no Brasil vitimadas por este tipo de cacircncer Destas 297
ocorreram no Estado do Paranaacute na faixa etaacuteria de 30 a 49 anosrdquo (DOMINGOS et al
2007 p 1)
Zeferino (2008) relata que no Brasil o cacircncer do colo uterino eacute o terceiro mais
frequumlente o qual eacute superado apenas pelos cacircnceres de pele e de mama Trata-se
da quarta causa de oacutebito entre as mulheres superado apenas pelos cacircnceres de
mama do pulmatildeo e do coacutelon-reto No ano de 2003 foram registradas 4110 mortes
com cacircncer de colo uterino correspondendo a 7 do total dos oacutebitos devido a
cacircncer em mulheres De acordo com o autor
Cerca de 90 dos cacircnceres de colo uterino originaram-se de ceacutelulas escamosas sendo chamados de carcinomas escamosos ou carcinomas epidermoacuteides e outros 10 originaram-se de ceacutelulas glandulares sendo entatildeo chamados de adenocarcinomas Raramente podem aparecer os dois tipos de ceacutelulas e satildeo chamados carcinomas adenoescamosos Todavia tem sido observado que a proporccedilatildeo de adenocarcinoma do colo uterino tem aumentado nas uacuteltimas deacutecadas particularmente em mulheres jovens (BULK et al 2005 apud ZEFERINO 2008 p 68)
Segundo dados do INCA (2002 apud Ceacutesar et al 2003 p 1366) ldquono Brasil
o cacircncer de colo uterino eacute o segundo entre os tumores ginecoloacutegicos malignos e o
terceiro mais comum na populaccedilatildeo feminina Representa 10 de todos os cacircnceres
malignos em mulheresrdquo
28
De acordo com Albuquerque et al (2009) ldquoa infecccedilatildeo preacutevia pelo papiloma
viacuterus humano (HPV) tem sido apontada como o principal fator de risco para o cacircncer
de colo de uacuteterordquo Fatores como iniacutecio precoce da atividade sexual multiplicidade de
parceiros sexuais uso de contraceptivos orais tabagismo situaccedilatildeo conjugal e baixa
condiccedilatildeo soacutecio-econocircmica tecircm sido apontados como fatores de risco importantes
para o desenvolvimento dessa neoplasia
Narchi Janicas e Fernandes (2007) relatam que o cacircncer ceacutervico-uterino tem
sua origem a partir de uma lesatildeo intra-epitelial progressiva a qual pode evoluir para
um cacircncer invasivo dentro de um prazo em torno de 10 a 20 anos caso natildeo seja
oferecido tratamento
Conforme as autoras durante o periacuteodo de evoluccedilatildeo da doenccedila ela passa por
fases preacute-cliacutenicas detectaacuteveis e curaacuteveis lhe conferindo elevado potencial de
prevenccedilatildeo e cura Corresponde a cerca de 15 de todos os cacircnceres femininos
sendo o segundo tipo mais comum entre as mulheres Ainda na visatildeo das autoras a
mortalidade pelo cacircncer ceacutervico-uterino pode ser evitada devido agrave lenta evoluccedilatildeo da
doenccedila e devido aos recursos tecnoloacutegicos o diagnoacutestico e o tratamento oportunos
das lesotildees precursoras as quais satildeo curaacuteveis em ateacute 100 dos casos Entretanto
conforme as autoras mesmo o Brasil ter sido um dos primeiros paiacuteses a realizar os
exames de colpocitologia e colposcopia esse tipo de cacircncer ainda continua sendo
um seacuterio problema de sauacutede puacuteblica por manter uma das mais elevadas taxas de
oacutebito como pode ser verificado a seguir
No Brasil as accedilotildees de controle do cacircncer ginecoloacutegico iniciaram-se de forma programaacutetica em 1983 eacutepoca de implantaccedilatildeo do Programa de Assistecircncia Integral agrave Sauacutede da Mulher (PAISM) que representou uma ampliaccedilatildeo do foco de assistecircncia agrave mulher para aleacutem do ciclo graviacutedico-puerperal No entanto apesar das recomendaccedilotildees de implantaccedilatildeo ou ampliaccedilatildeo das atividades de diagnoacutestico do cacircncer ceacutervico-uterino e de educativas com vistas agrave prevenccedilatildeo da doenccedila por mais de uma deacutecada as accedilotildees de combate a essa doenccedila foram desenvolvidas no paiacutes de forma desarticulada por iniciativa de apenas alguns Estados e municiacutepios (NARCHI JANICAS e FERNANDES 2007 p 128)
Os autores pesquisados nesta revisatildeo narrativa serviram de subsiacutedios para a
elaboraccedilatildeo do plano de accedilatildeo apresentado no proacuteximo capiacutetulo cujo objetivo eacute
aumentar a cobertura do exame de prevenccedilatildeo do cacircncer do colo do uacutetero no Centro
de Sauacutede Felicidade II
29
5 PLANO DE ACcedilAtildeO PARA A AMPLIACcedilAtildeO DA COBERTURA DO EXAME COLPOCITOLOacuteGICO NO CENTRO DE SAUacuteDE FELICIDADE II
De acordo com a atividade realizada no Moacutedulo da Sauacutede da Mulher foram
constatados alguns problemas em relaccedilatildeo agrave cobertura do exame colpocitoloacutegico no
Centro de Sauacutede Felicidade II o qual apresentou em 2009 baixa cobertura A partir
daiacute foram detectados outros fatores que contribuem para o baixo iacutendice de
cobertura aqueacutem do que eacute preconizado pela Secretaacuteria Municipal de Sauacutede Neste
sentido o plano de accedilatildeo descrito no Quadro 1 vem propor estrateacutegias visando
ampliar da cobertura do exame colpocitoloacutegico e minimizar os problemas levantados
Acredita-se que por meio da implantaccedilatildeo do plano de accedilatildeo sugerido o
Centro de Sauacutede Felicidade II teraacute maior e melhor desempenho de sua equipe
alcanccedilando com isso o aprimoramento no atendimento da populaccedilatildeo alvo da
instituiccedilatildeo
30
QUADRO1 - PLANO DE ACcedilAtildeO PARA AUMENTAR A COBERTURA DO EXAME DE PREVEN9AO DO COLO DO UTERO PARA A EQUIPE DE SAUDE DO CENTRO DE SAUDE FELICIDADE II
PROBLEMA ATIVIDADES ACcedilOtildeES META RESPONSAVEL PERIODO
As ACS sentem inseguros para orientar agraves mulheres em relaccedilatildeo aos cuidados para realizar o exame preventivo por falta de conhecimento
Educaccedilatildeo em Sauacutede
Capacitaccedilatildeo da equipe sobre a importacircncia do exame colpocitoloacutegico
Nivelar o conhecimento dos membros da equipe
Municiacutepio Gerecircncia Regional de Sauacutede
Outubro2011
Enfermeiro natildeo se sente capacitado para a realizaccedilatildeo do exame de Papanicolaou
Capacitaccedilatildeo Teacutecnica do enfermeiro para a realizaccedilatildeo do exame de Papanicolaou
Solicitar agrave Ginecologista enfermeira treinamentocapacitaccedilatildeo do enfermeiro
Instrumentalizar o enfermeiro para a realizaccedilatildeo coleta de material
Enfermeira de outra Unidade Baacutesica de Sauacutede Meacutedico Ginecologista
Outubro2011
Baixo iacutendice de cobertura do exame citoloacutegico
Elaboraccedilatildeo de um instrumento para coleta de dados para identificar as mulheres de 25 a 59 anos na aacuterea de abrangecircncia do centro de sauacutede e tambeacutem para levantar quais os fatores que impeditivos para a realizaccedilatildeo do exame Incluir as mulheres identificadas no arquivo rotativo
Visita domiciliar
Visitar todas as mulheres dentro da aacuterea de abrangecircncia da UBS
ACS Novembro2011 Dezembro2011
Baixo iacutendice de cobertura do exame citoloacutegico
Agendamento da consulta de enfermagem consulta meacutedica para atender as prioridades levantadas no diagnoacutestico da atividade anterior para realizaccedilatildeo do exame Priorizar mulheres que nunca fizeram o exame ou que fizeram a mais de trecircs anos
Visita domiciliar Consulta de Enfermagem e consulta meacutedica
Orientar as mulheres sobre o exame preventivo Realizar o exame
ACS Meacutedico e enfermeira
Janeiro2012
31
O agendamento das consultas e marcado para datas muito distantes o que geralmente faz com que a mulher esqueccedila
Comunicaccedilatildeo da data do exame com antecedecircncia
Elaborar uma forma de entrar em contato com a paciente cinco dias antes da consulta agendada
Diminuir o iacutendice de ausecircncia agraves consultas
ACS Novembro2011
Desconhecimento das mulheres sobre o exame preventivo e os cuidados preparativos para o exame
Orientaccedilatildeo das mulheres sobre o exame e os cuidados preparativos para o exame
Criar um informativo contendo as orientaccedilotildees sobre o exame e os cuidados para serem entregue as usuaacuterias no momento da visita do ACS para informaacute-las da data e horaacuterio da consulta
Orientar todas usuaacuterias
Enfermeiro ACS
Janeiro2011
Entrega de resultados dos preventivos sem alteraccediloespelos ACSrsquos
Entrega do resultado do exame
Agendar um dia na semana para a entrega dos resultados dos exames Todos os exames deveratildeo ser vistos pelo enfermeiro Aqueles que apresentarem alguma alteraccedilatildeo a paciente deve ser encaminhada ao meacutedico Teacutecnico de Enfermagem Enfermeiro
Orientar as usuaacuterias
Os exames com resultados normais seratildeo entregues pelo teacutecnico de enfermagem Aqueles que apresentarem alguma alteraccedilatildeo seratildeo entregues pelo enfermeiro que deveraacute fazer os devidos encaminhamentos quando necessaacuterios
Dezembro2011
Entrega dos resultados de exames com alteraccedilotildees apoacutes consultas de retorno agendadas para usuaacuterias
Orientaccedilatildeo encaminhamento e acompanhamento da usuaacuteria
Visita domicilar Consulta de enfermagemconsulta meacutedica
Avaliar o estado de sauacutede da mulher Acompanhamento e orientaccedilotildees
Meacutedico e enfermeira Janeiro2012
Monitoramento e acompanhamento
- Agendamentos anuais - Elaboraccedilatildeo um arquivo rotativo - Estabelecimento de Indicadores de acompanhamento e
- Controlar a marcaccedilatildeo de consulta no intervalo de trecircs anos se apoacutes dois anos consecutivos de coleta os resultados forem negativos para
Monitorar o exame preventivo Acompanhar o estado de sauacutede das mulheres pela
Enfermeira e Teacutecnico de enfermagem
Novembro2011
32
avaliaccedilatildeo das accedilotildees votadas agrave sauacutede da mulher pela equipe de sauacutede
displasia ou neoplasia - Fazer a busca das usuaacuterias faltosas aos exames e consultas
equipe
Falta de interesse e conscientizaccedilatildeo em relaccedilatildeo agrave importacircncia do exame preventivo
Atendimento de Grupos Retomar o grupo de mulheres onde seratildeo abordados temas relativos agrave sauacutede da mulher Realizar orientaccedilotildees por meio de palestras nos grupos operativos
Conscientizar as mulheres sobre a importacircncia da realizaccedilatildeo do exame
Equipe de Sauacutede Fevereiro2012
Consulta eacute marcada com um meacutedico do sexo masculino
Agendamento com o enfermeiro quando possiacutevel
Reforccedilar com a paciente que durante a consulta estaraacute presente uma Auxiliar de Enfermagem
Diminuir a evasatildeo do exame prevenccedilatildeo Diminuir a resistecircncia ao atendimento masculino
Disponibilizar uma auxiliar ou teacutecnica de enfemagem para acompanhar o meacutedico durante o exame
Dezembro2011
Falta disponibilidade de horaacuterios mais flexiacuteveis pois haacute concentraccedilatildeo de horaacuterio pela manhatilde
Adequaccedilatildeo da Agenda Alteraccedilotildees na agenda com horaacuterios para adequar agraves necessidades dos usuaacuterios
Marcar os exames preventivos para o horaacuterio da tarde
Enfermeira e meacutedico Janeiro2012
33
6 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
A poliacutetica da sauacutede tem como principal objetivo promover mudanccedilas no intuito
de melhorar o niacutevel da sauacutede da populaccedilatildeo Diante dos resultados apurados nesse
estudo percebe-se a necessidade das intervenccedilotildees a serem efetuadas no Centro de
Sauacutede Felicidade II visando melhorar o iacutendice de cobertura dos exames
preventivos
Assim a realidade percebida no Centro de Sauacutede Felicidade II eacute que o
desempenho da equipe exerce grande impacto no desenvolvimento das accedilotildees
alcanccedilando dessa forma o objetivo de contribuir com o aprimoramento e a
consolidaccedilatildeo da assistecircncia agrave sauacutede da populaccedilatildeo
Como problemas levantados em relaccedilatildeo a baixa cobertura da prevenccedilatildeo do
cacircncer do colo do uacutetero identificamos as seguintes o ACS sentir inseguro para
orientar agraves mulheres em relaccedilatildeo aos cuidados para realizar o exame preventivo a
falta de capacitaccedilatildeo teacutecnica para o enfermeiro realizar o exame de Papanicolaou
consultas agendadas para datas muito distantes fazendo com que a mulher se
esqueccedila do diadesconhecimento das mulheres sobre o exame preventivo e os
cuidados preparativos para o mesmo falta de interesse e conscientizaccedilatildeo em
relaccedilatildeo agrave importacircncia do exame preventivo por parte das usuaacuteriaspudor da mulher
diante do profissional de sexo masculino e falta de disponibilidade de horaacuterios mais
flexiacuteveis com concentraccedilatildeo das consultas no horaacuterio da manhatilde
A partir dos problemas levantados foram propostas as atividades accedilotildees
metas e os responsaacuteveis pelas atividades no sentido de ampliar a cobertura das
mulheres por meio da participaccedilatildeo de toda a equipe de sauacutede Desse modo foi
muito importante tambeacutem a elaboraccedilatildeo das estrateacutegias para que o nuacutemero de
usuaacuterias seja aumentado Neste sentido destaca-se o papel do enfermeiro como
parte integrante da equipe de sauacutede e que desempenha um importante papel na
promoccedilatildeo da prevenccedilatildeo educaccedilatildeo e melhorias constantes nos serviccedilos oferecidos
agrave populaccedilatildeo
Nesta direccedilatildeo o Centro de Sauacutede Felicidade II deve se preocupar com a
capacitaccedilatildeo de seus funcionaacuterios com a organizaccedilatildeo do processo de trabalho das
equipes bem com um investimento maior nas accedilotildees de promoccedilatildeo e prevenccedilatildeo da
saude conforme abordado neste estudo
34
Desse modo cabe a todos os profissionais atuar mais na prevenccedilatildeo
promoccedilatildeo e recuperaccedilatildeo por meio de praacuteticas educativas promovendo campanhas
palestras sobre a sauacutede da mulher fornecendo orientaccedilotildees durante as consultas
para que se possa reverter o quadro de baixo iacutendice de cobertura no exame
preventivo de cacircncer do colo do uacutetero alcance assim a cobertura preconizada pela
Secretaacuteria de Sauacutede o que vai refletir na melhoria da assistecircncia a sauacutede agrave mulher
35
REFEREcircNCIAS ALBUQUERQUE KM et al Cobertura do Teste de Papanicolau e Fatores associados agrave Natildeo-Realizaccedilatildeo um olhar sobre o Programa de Prevenccedilatildeo do Cacircncer do Colo do Uacutetero em Pernambuco Brasil Caderno de Sauacutede Puacuteblica v 25 supl 2 Rio de Janeiro 2009 Disponiacutevel em lthttpwwwscielosporgscielophpscript=sci_arttextamppid=S0102-311X2009001400012gt Acesso em 6 nov 2010 BELO HORIZONTE Secretaria Municipal de Sauacutede Prevenccedilatildeo e Controle do Cacircncer do Colo de Uacutetero Belo Horizonte 2008 BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede O Programa Sauacutede da Famiacutelia e a Atenccedilatildeo Baacutesica no Brasil Brasiacutelia 2002 Disponiacutevel em lthttpwwwccssaudegovbrsaudebatea portamostravirtualpublicacoespsf_atencaobasicapdfgt Acesso em 01 abr 2010 CEacuteSAR JA et al Fatores Associados agrave natildeo Realizaccedilatildeo de Exame Citopatoloacutegico de Colo Uterino no Extremo Sul do Brasil Caderno de Sauacutede Puacuteblica Rio de Janeiro v19n5 p1365-1372 setout 2003 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrpdf0Dcspv19n517808pdfgt Acesso em 16 jul 2010 CORREcircA DA D VILLELA WV O Controle do Cacircncer do Colo do Uacutetero desafios para implementaccedilatildeo de accedilotildees programaacuteticas no Amazonas Brasil Rev bras sauacutede matern infantil v8 n4p491-497 outdez 2008 DIAS-DA-COSTA J S et al Cobertura do Exame Citopatoloacutegico na Cidade de Pelotas Rio Grande do Sul Brasil Caderno de Sauacutede Puacuteblica Rio de Janeiro v19 n1 p191-197 janfev 2003 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrpdfcspv19n114919pdfgt Acesso em 16 jul 2010 DOMINGOS ACP et al Cacircncer do Colo do Uacutetero comportamento preventivo de auto-cuidado agrave sauacutede Revista Ciecircncia Cuidado e Sauacutede 6 (Suplem 2) p 397-403 2007 Disponiacutevel em lthttpperiodicosuembrojsindexphpCiencCuidSaudearticleviewFile53373385gt Acesso em 5 nov 2010 HACKENHAAR AAC JURACI A DOMINGUES MR Exame Citopatoloacutegico de Colo Uterino em Mulheres com Idade entre 20 e 59 anos em Pelotas RS prevalecircncia foco e fatores associados agrave sua natildeo realizaccedilatildeo Revista Brasileira de EpidemiologiaSatildeo Paulo v9n1 Mar 2006 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S1415-790X2006000100013gt Acesso em 16 jul 2010 MONTEMOR EBL et al Controle do Cacircncer de Colo de Uacutetero o exame citopatoloacutegico In LOPES MHBde M (org) Enfermagem na Sauacutede da Mulher Goiacircnia AB 2006 p 45-65 NAKAGAWA JTT SCHIRMER J BARBIERI M Viacuterua HPV e Cacircncer de Colo de Uacutetero Revista Brasileira de Enfermagem v 63 n 2 Brasiacutelia marabri 2010
36
Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S0034-71672010000200021gt Acesso em 6 nov 2010 NARCHI NZ JANICAS Rde CS V FERNANDES RAacuteQ Prevenccedilatildeo e Controle do Cacircncer Ceacutervico-Uterino In FERNANDES RAacuteQ NARCHI NZ Enfermagem e Sauacutede da Mulher Barueri SP Manole 2007 p 127-149 NUacuteCLEO DE EDUCACcedilAtildeO EM SAUacuteDE COLETIVA ndash NESCON Faculdade de Medicina ndash UFMG Belo Horizonte Disponiacutevel em lthttpwwwnesconmedicinaufmgbrgt Acesso em 12 dez 2009 PINTO CAG COELHO IB BH Vida pensando a implantaccedilatildeo da Estrateacutegia de Sauacutede da Famiacutelia na cidade de Belo Horizonte passados 10 anos lthttpxayimgcomkqgroups15983109953140003nameImplantacao+do+BH+VIDA+-+Carlos+Gama+e+Ivan+Coelho5B15Dpdf gt Acesso em 01 mar 2011 RODRIGUES NETO JF FIGUEIREDO MFS SIQUEIRA LG Exame Citopatoloacutegico do Colo do Uacutetero fatores associados a natildeo realizaccedilatildeo em ESF Revista Eletrocircnica de Enfermagem 10 (3) 610-21 2008 Disponiacutevel em lthttpwwwfenufgbrrevistav10n3pdfv10n3a07pdfgt Acesso em 17 jul 2010 TAVARES SB do N et al Controle da Qualidade em Citopatologia Cervical revisatildeo de literatura Revista Brasileira de Cancerologia 53(3) 355-364 2007 Disponiacutevel em lthttpwwwincagovbrrbcn_53v03pdfrevisao6pdfgt Acesso em 17 jul 2010 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA Regulamento de Orientaccedilatildeo Do Trabalho De Conclusatildeo De Curso Do Curso De Licenciatura Em Letras ndashPORTUGUEcircS-ESPANHOL Disponiacutevel em lt httpwwwuepgbruepg_departamentosdeletpdfREG20PORT20ESPANHOLpdf gt Acesso em 23 set 2011 ZEFERINO L Prevenccedilatildeo e Controle do Cacircncer Ceacutervico-Uterino In LOPES MHB de M (org) Enfermagem na Sauacutede da Mulher Goiacircnia AB p 67-80 2006
20
neoplasia um novo exame deveraacute ser repetido uma vez a cada trecircs anos (BRASIL 2002 apud CEacuteSAR et al 2003 p 1371)
Narchi Janicas e Fernandes (2007) afirmam que de modo contextual a
prevenccedilatildeo primaacuteria eacute realizada a partir identificaccedilatildeo da presenccedila de fatores de risco
com vistas a prevenir o surgimento da doenccedila Sabe-se que o cacircncer ceacutervico-uterino
haacute muito vem sendo associado ao baixo niacutevel socioeconocircmico tanto a exposiccedilatildeo
aos fatores de risco quanto especialmente pela desigualdade no acesso aos
serviccedilos de sauacutede Essas barreiras satildeo multidimensionais inserindo-se em um
contexto social amplo que a barca desde dificuldades geograacuteficas de informaccedilatildeo
familiares econocircmicas culturais religiosas e emocionais ateacute as relacionadas agraves
poliacuteticas de sauacutede Diante dessa constataccedilatildeo acredita-se que a anaacutelise dos
programas e a proposiccedilatildeo de estrateacutegias devam tambeacutem corresponder agrave amplitude
dos fatores intervenientes
De acordo com as autoras no que diz respeito agrave prevenccedilatildeo primaacuteria o
Programa de Sauacutede da Famiacutelia (PSF) tem importante papel na identificaccedilatildeo de
grupos de mulheres com perfil de risco para desenvolver o cacircncer ceacutervico-uterino e
com base nas necessidades levantadas implementar accedilotildees de intervenccedilatildeo no meio
ambiente e em seus fatores de risco De acordo com as autoras diversas
estrateacutegias podem reduzir os fatores de risco para cacircncer ceacutervico-uterino dentre as
quais destacam-se realizaccedilatildeo de grupos educativos que permitam a discussatildeo de
temas como sexualidade e gecircnero vulnerabilidade e prevenccedilatildeo as DST
planejamento familiar qualidade de vida e prevenccedilatildeo do cacircncer ginecoloacutegico entre
outros As autoras destacam tambeacutem a importacircncia mobilizaccedilatildeo das mulheres para
o autocuidado e a busca de melhor qualidade de vida (grupos de caminhada cultivo
de hortas caseiras por exemplo) valorizaccedilatildeo da integralidade na assistecircncia e no
estiacutemulo a uma participaccedilatildeo ativa das mulheres com atitudes assertivas em relaccedilatildeo
a sauacutede identificaccedilatildeo e minimizaccedilatildeo das dificuldades de acesso ao serviccedilo de
sauacutede sejam elas barreiras individuais e institucionais (NARCHI JANICAS e
FERNANDES 2007)
Ainda conforme as autoras aleacutem das atividades comunitaacuterias que podem ser
realizadas pela equipe de sauacutede da famiacutelia o enfermeiro tambeacutem pode instituir
grupos educativos de coleta ou de resultados da colpocitologia na unidade baacutesica de
sauacutede (UBS) ou na unidade de sauacutede da famiacutelia (USF) abordando temaacuteticas
21
voltadas agrave sexualidade higiene iacutentima prevenccedilatildeo de DST prevenccedilatildeo do cacircncer
ginecoloacutegico e teacutecnica de coleta do exame As autoras afirmam que esses grupos
aleacutem de disponibilizarem um espaccedilo para a socializaccedilatildeo do conhecimento
possibilitam a integraccedilatildeo entre profissionais e pacientes e estimulam o
autoconhecimento do corpo e da sexualidade familiarizando a mulher ao ambiente e
ao exame e minimizando sentimentos negativos como o medo a vergonha o
nervosismo e o constrangimento que por vezes as impedem de aderir ao programa
Essa estrateacutegia seraacute possiacutevel agrave medida que o profissional estiver sensibilizado e
capacitado para implementaacute-la utilizando habilidades de aconselhamento e
abordagem empaacutetica (NARCHI JANICAS e FERNANDES 2007)
O enfermeiro deve ainda avaliar a presenccedila de fatores de risco na consulta
de enfermagem agrave mulher com vistas a realizar as intervenccedilotildees necessaacuterias e o
acompanhamento mais frequente Diante disso eacute recomendado que na consulta de
retorno para recebimento do laudo da colpocitologia seja realizado procedimento de
aconselhamento sobre DST e Aids antes de discutir o resultado e a conduta
No que diz respeito agrave prevenccedilatildeo secundaacuteria do cacircncer ceacutervico-uterino Narchi
Janicas e Fernandes (2007) afirmam que se deve realizar o exame citopatoloacutegico
para que seja feita a detecccedilatildeo do cacircncer in situ ou das lesotildees precursoras trataacuteveis
e curaacuteveis em ateacute 100 dos casos Para as autoras o acolhimento deveraacute ocorrer
em todas as fases da assistecircncia ou seja desde o primeiro contato com a mulher o
que pode ocorrer em seu domiciacutelio quanto no agendamento ao se verificar acerca
do aprazamento da colpocitologia Citam tambeacutem que esse exame tem sido
utilizado em programas de rastreamento do cacircncer ceacutervico-uterino em todo o mundo
(screening) para interromper o ciclo evolutivo da doenccedila detectando-a em fase preacute-
invasiva trataacutevel e curaacutevel Relatam ainda que os paiacuteses que desenvolveram o
programa tanto com identificaccedilatildeo efetiva da populaccedilatildeo de risco qualidade coleta e
na interpretaccedilatildeo dos resultados quanto com tratamento e acompanhamento
adequados dos casos de alto risco lograram reduccedilatildeo significativa na incidecircncia e na
mortalidade por essa patologia
Segundo a OMS para que um programa de rastreamento do cacircncer ceacutervico-
uterino cause impacto epidemioloacutegico eacute necessaacuterio realizar uma cobertura superior a
80 o que representaria um impacto de 50 na reduccedilatildeo da mortalidade por essa
doenccedila Entretanto nos paiacuteses em desenvolvimento como o Brasil a cobertura
22
desse teste ainda natildeo alcanccedilou niacuteveis suficientes e coerentes com as necessidades
da populaccedilatildeo feminina sob maior risco de contrair a doenccedila
Narchi Janicas e Fernandes (2007) relatam que no Brasil as accedilotildees de
intervenccedilatildeo e controle do cacircncer ceacutervico-uterino tecircm sido norteadas pela distribuiccedilatildeo
das lesotildees cervicais segundo as faixas etaacuterias de mulheres mais acometidas pela
doenccedila e pela periodicidade dos exames citopatoloacutegicos seguindo a loacutegica
epidemioloacutegica do risco e da relaccedilatildeo custobenefiacutecio que norteiam as intervenccedilotildees
em sauacutede publica Poreacutem por vaacuterios anos essa cobertura esteve descontextualiza
da no paiacutes de forma a disponibilizar a citopatologia apenas durante o preacute-natal natildeo
atingindo a populaccedilatildeo de mulheres da faixa etaacuteria de maior risco subutilizando os
equipamentos de sauacutede e tornando o programa ineficiente Conforme as autoras
vaacuterios estudos que investigaram os motivos que dificultam a captaccedilatildeo das mulheres
para a prevenccedilatildeo do cacircncer ginecoloacutegico ressaltam a amplitude do problema que
perpassa por diversas esferas assumindo aspecto multidimensional
Narchi Janicas e Fernandes (2007) ressaltam ainda que o modelo
contextual proposto por Pinho amp Franccedila-Junior analisa o acesso e a utilizaccedilatildeo dos
serviccedilos preventivos em trecircs planos individual organizacionalprogramaacutetico e social
dispostos em uma estrutura dinacircmica e relacional Esse modelo propotildee que a
realizaccedilatildeo da colpocitologia seja produto da interaccedilatildeo desses trecircs planos dos quais
emergem os elementos necessaacuterios para definir uma situaccedilatildeo de vulnerabilidade
individual programaacuteticaorganizacional e social do cacircncer ceacutervico-uterino Para as
autoras o plano individual representado por caracteriacutesticas relacionadas agrave
realizaccedilatildeo do exame definiraacute a vulnerabilidade individual da mulher a doenccedila A
vulnerabilidade eacute representada por um conjunto de fatores cognitivos relacionados a
real falta de conhecimento sobre a doenccedila e o exame o que contribui para a
reduccedilatildeo de praacuteticas sexuais seguras e de prevenccedilatildeo secundaacuteria Tal vulnerabilidade
individual pode ser criada e percebida pelas mulheres ou a elas imposta no
momento em que se enfatiza o risco da natildeo-realizaccedilatildeo da colpocitologia em vez da
ecircnfase ao benefiacutecio da accedilatildeo gerando ou reforccedilando sentimento de medo em
relaccedilatildeo ao cacircncer que pode provocar tanto um efeito propulsor que induz a mulher
para a realizaccedilatildeo do exame quanto um efeito mais restritivo ao exame pelo medo
de sentir dor ou de receber um resultado positivo concluem as autoras
23
No plano organizacional ou programaacutetico inserem-se as caracteriacutesticas
relacionadas agrave disponibilidade de serviccedilos de sauacutede em relaccedilatildeo agrave demanda e a sua
acessibilidade geograacutefica a organizaccedilatildeo e as necessidades da populaccedilatildeo usuaacuteria e
ao planejamento das accedilotildees efetivas na prevenccedilatildeo e na promoccedilatildeo a sauacutede sob a
forma de programas organizados de rastreamento do cacircncer cervical que primem
pelo respeito agrave autonomia individual e pela abordagem integral mulher (NARCHI
JANICAS e FERNANDES 2007)
Ainda segundo os autores um dos fatores que contribuem para a baixa
adesatildeo das mulheres ao programa eacute a falta de humanizaccedilatildeo na assistecircncia pois a
violecircncia institucional sofrida pelas mulheres durante a consulta ginecoloacutegica pode
ser traduzida pela humilhaccedilatildeo por constrangimento e pela forma fria e
despersonalizada com que satildeo atendidas sem serem esclarecidas quanto ao
resultado do exame ou por realizarem tratamentos por vaacuterios anos sem sequer
terem noccedilatildeo dos seus objetivos Isso submete a mulher a uma assistecircncia
medicalizada e indigna na qual se perde a oportunidade de investir em prevenccedilatildeo
primaacuteria (NARCHI JANICAS E FERNANDES 2007)
De acordo com Dias-da-Costa et al (2003) quando se fala acerca da sauacutede
puacuteblica eacute sabido que a efetividade do programa de controle do cacircncer de colo do
uacutetero depende da cobertura populacional alcanccedilada Poreacutem no Brasil a avaliaccedilatildeo
da efetividade de programas de prevenccedilatildeo e accedilotildees de sauacutede puacuteblica ainda eacute
considerada incipiente
43 Contexto histoacuterico da citologia oncoacutetica
Montemor et al (2008 p 45) relatam que na eacutepoca em que a citologia
ginecoloacutegica estava em desenvolvimento agrave ideacuteia preponderante entre os
ginecologistas era que sendo o colo uterino facilmente acessiacutevel agrave bioacutepsia dava-se
preferecircncia ao estudo histoloacutegico pois a citologia ainda carecia de credibilidade
diagnoacutestica
Os autores afirmam que foi Aureli Babes um patologista romeno em 1928
que sugeriu que fosse feita a coleta direta de material do colo uterino para o
diagnoacutestico do cacircncer sendo que o mesmo foi o primeiro pesquisador que
descreveu de forma minuciosa a teacutecnica de coleta utilizando a coloraccedilatildeo atraveacutes do
24
meacutetodo de Giemsa Entretanto ainda de acordo com os autores foi George
Nicholas Papanicolaou um grego nascido em 1883 em Kymi na ilha grega de
Euboea que se aprofundou nos estudos acerca da citologia ginecoloacutegica o qual em
1913 se fixou nos Eua como pesquisador do laboratoacuterio do Hospital de Nova Iorque
Segundo os autores Neste sentido os autores afirmam que
Papanicolaou quando estudava as alteraccedilotildees hormonais das ceacutelulas nas diferentes fases do ciclo menstrual observou que tambeacutem era possiacutevel o diagnoacutestico das ceacutelulas tumorais do colo uterino Em 1941 publicou no American Journal of Obstetrics and Gynecology em co-autoria com Traut um trabalho com o tiacutetulo de O valor diagnoacutestico dos esfregaccedilos vaginais no carcinoma do uacutetero Nessa publicaccedilatildeo mostra a possibilidade de fazer diagnoacutestico de carcinoma do colo uterino atraveacutes de ceacutelulas atiacutepicas presentes nos esfregaccedilos bem como enfatiza a necessidade de aplicar esse meacutetodo simples e de baixo custo a um grande nuacutemero de mulheres O meacutetodo de coloraccedilatildeo dos esfregaccedilos citoloacutegicos que leva o nome de ldquoColoraccedilatildeo de Papanicolaourdquo eacute ainda hoje largamente utilizado (MONTEMOR et al 2008 p 46)
Os autores relatam ainda que em meados de 1940 o J Ernest Ayre um
meacutedico canadense utilizou uma espaacutetula a qual leva o seu nome para obter
raspados do colo uterino possibilitando dessa forma uma maneira praacutetica e
eficiente de coleta de material para a realizaccedilatildeo de exames em grande escala
(MONTEMOR et al 2008) De acordo com Tavares et al (2007) o exame
citopatoloacutegico foi sugerido como uma ferramenta para a detecccedilatildeo precoce do cacircncer
do colo do uacutetero em 1941
Conforme Hackenhaar Ceacutesar e Domingues (2006) a prevenccedilatildeo considerada
como secundaacuteria do cacircncer do colo uterino tem se centralizado no rastreamento de
mulheres sexualmente ativas atraveacutes do exame citopatoloacutegico do colo uterino O
qual foi adotado para rastreamento na deacutecada de 50 em vaacuterios paiacuteses uma vez que
identifica lesotildees preacute-cancerosas que se tratadas minimizam a incidecircncia de
carcinoma invasor e com isso a mortalidade pelo cacircncer de colo uterino Segundo
os autores
Em 1998 o Ministeacuterio da Sauacutede do Brasil estabeleceu que o exame para a detecccedilatildeo precoce do cacircncer do colo uterino deveria ser realizado por mulheres com idade entre 25 e 60 anos ou antes desta faixa etaacuteria caso jaacute tivessem mantido relaccedilotildees sexuais Para estas mulheres a periodicidade deveria ser de trecircs em trecircs anos se os dois primeiros exames realizados a cada ano fossem normais Em 2002 ocorreu a fase de intensificaccedilatildeo da campanha que tinha por objetivo realizar exames nas mulheres de 35 a 49 anos que nunca haviam realizado este tipo de exame ou que o houvessem
25
realizado haacute mais de trecircs anos (HACKENHAAR CEacuteSAR e DOMINGUES 2006 p 1)
44 Conceitos e caracteriacutesticas do exame de prevenccedilatildeo do cacircncer
Conforme Montemor et al (2008) o exame citopatoloacutegico tambeacutem conhecido
como exame Papanicolaou ou ainda exame preventivo do cacircncer do colo do uacutetero
tem como objetivo a anaacutelise das ceacutelulas obtidas por raspagem do colo uterino
(ectoceacutervice e canal endocervical) com as quais eacute realizado esfregaccedilo sobre uma
lacircmina de vidro De acordo com os autores as caracteriacutesticas morfoloacutegicas das
ceacutelulas satildeo observadas ao microscoacutepio e quando alteradas ou seja quando estatildeo
diferentes daquelas consideradas normais sugerem tratar-se de processo preacute-
neoplaacutesico ou neoplaacutesico Os autores afirmam ainda que atualmente o exame
citopatoloacutegico eacute o meacutetodo de rastreamento para cacircncer do colo uterino mais utilizado
em todo o mundo
De acordo com Tavares (2007) o exame citopatoloacutegico eacute considerado um
meacutetodo eficiente pois tem a habilidade de identificar lesotildees precursoras do cacircncer
do colo do uacutetero que naquele momento satildeo trataacuteveis podendo resultar em
significante decreacutescimo da mortalidade por esse tipo de cacircncer
45 O cacircncer do colo do uacutetero
Segundo Zeferino (2008) o cacircncer do colo uterino tem sido um desafio para a
sauacutede puacuteblica na reduccedilatildeo de morte de mulheres por causa desse mal uma vez que
se trata de uma doenccedila que pode ser evitada por meio do diagnoacutestico e do
tratamento de suas lesotildees precursoras Neste sentido Narchi Janicas e Fernandes
(2007) concordam com Zeferino (2008) quando afirmam que o cacircncer chamado por
eles de cacircncer ceacutervico-uterino vem sendo alvo de atenccedilatildeo por parte da comunidade
cientiacutefica devido ocupar lugar de destaque no que diz respeito agraves elevadas taxas de
morbidade e mortalidade entre a populaccedilatildeo feminina principalmente em paiacuteses em
desenvolvimento uma vez que trata-se de um tipo de cacircncer que estaacute relacionado
ao perfil epidemioloacutegico das mulheres cuja frequecircncia dos fatores de risco e do grau
de implementaccedilatildeo de accedilotildees de curto e longo prazos em todos os niacuteveis de atenccedilatildeo
26
De acordo com Hackenhaar Ceacutesar e Domingues (2006 p1) ldquoo cacircncer do
colo uterino eacute um problema de sauacutede puacuteblica mundialrdquo Segundo os autores
Em 2000 havia uma estimativa de 468000 casos com 233000 mortes por este tipo de cacircncer em todo o mundo Destas mortes 80 ocorreriam nos paiacuteses em desenvolvimento No Brasil o cacircncer de colo uterino representa a segunda maior causa de morte por cacircncer entre as mulheres (HACKENHAAR CEacuteSAR e DOMINGUES 2006 p 1)
Por meio do controle perioacutedico utilizando-se o exame citoloacutegico eacute possiacutevel
reduzir sua incidecircncia pois dados da Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede (OMS)
afirmam que a cada ano surgem cerca de 500 mil novos casos de cacircncer do colo
uterino por ano no mundo todo sendo que mais de 400 mil ocorrem em paiacuteses em
desenvolvimento (ZEFERINO 2008) Este dado eacute confirmado por Ceacutesar et al
(2003) quando os autores afirmam que cerca de 80 dos casos de cacircncer de colo
uterino ocorrem nos paiacuteses pobres
Domingos et al (2007 p 1) explicam que ldquoo cacircncer de colo de uacutetero eacute uma
doenccedila de evoluccedilatildeo lenta levando em meacutedia 14 anos para sua evoluccedilatildeo total
Inicia-se com alteraccedilotildees miacutenimas nas ceacutelulas denominadas displasia e se natildeo
forem tratadas estas alteraccedilotildees evoluemrdquo De acordo com os autores
Com o desenvolvimento da doenccedila em meacutedia trecircs anos apoacutes a constataccedilatildeo das primeiras alteraccedilotildees celulares surge um tumor localizado chamado carcinoma in situ Este cacircncer desenvolve-se por mais seis anos invadindo a mucosa do uacutetero quando recebe o nome de carcinoma invasor Apoacutes 14 anos das primeiras alteraccedilotildees celulares o cacircncer atinge a forma mais grave com o aparecimento de metaacutestase espalhando-se assim por outras regiotildees do corpo (DOMINGOS et al 2007 p 1)
Conforme Rodrigues Neto Figueiredo e Siqueira (2008 p 1) o cacircncer tem
sido responsaacutevel por seis milhotildees de mortes por ano correspondendo a 12 das
mortes mundiais ldquoEstima-se a ocorrecircncia de mais de dez milhotildees de novos casos
de cacircncer por ano sendo que para o ano de 2020 espera-se que haja mais de 15
milhotildees de casos novosrdquo Para os autores
O cacircncer do colo do uacutetero (CCU) ocupa o 2ordm lugar na incidecircncia mundial de neoplasias estando atraacutes apenas do cacircncer de mama Por ano no mundo ocorrem cerca de 235 mil mortes devido ao CCU sendo 218 mil em paiacuteses considerados pobres ou emergentes(4) onde ocorre quase 60 dos casos novos de cacircncer ocupando um lugar de destaque nas taxas de morbimortalidade entre a populaccedilatildeo feminina Ressalta-se que na Ameacuterica Latina se encontram as mais altas taxas de incidecircncia desta doenccedila
27
representando uma das causas de oacutebito mais frequumlente entre as mulheres [] Natildeo considerando os carcinomas de pele natildeo melanoma o CCU eacute o mais incidente na Regiatildeo Norte (22100000) Jaacute nas regiotildees Sul (24100000) Centro-Oeste (19100000) e Nordeste (18100000) ocupa a segunda posiccedilatildeo e no Sudeste (18100000) a quarta posiccedilatildeo estando assim associado a regiotildees brasileiras de baixo niacutevel socioeconocircmico (RODRIGUES NETO FIGUEIREDO e SIQUEIRA 2008 p 1)
Dentre os fatores causadores e facilitadores desse tipo de cacircncer Ceacutesar et al
(2003) citam fatores reprodutivos maternos tais como iniacutecio precoce de atividade
sexual e comportamento sexual masculino baixo niacutevel socioeconocircmico muacuteltiplos
parceiros sexuais higiene sexual precaacuteria ocorrecircncia de abortos (particularmente os
induzidos) alcoolismo e tabagismo e uso de anticoncepcional oral Domingos et al
(2007 p 1) afirmam que ldquoo cacircncer do colo do uacutetero eacute um dos maiores problemas da
sauacutede da mulher em todo o mundo Estima-se que a cada ano ocorram no mundo
493000 novos casos da doenccedila e 274000 mortesrdquo
ldquoSegundo dados do Ministeacuterio da Sauacutede (MS) no ano de 2002 4091
mulheres morreram no Brasil vitimadas por este tipo de cacircncer Destas 297
ocorreram no Estado do Paranaacute na faixa etaacuteria de 30 a 49 anosrdquo (DOMINGOS et al
2007 p 1)
Zeferino (2008) relata que no Brasil o cacircncer do colo uterino eacute o terceiro mais
frequumlente o qual eacute superado apenas pelos cacircnceres de pele e de mama Trata-se
da quarta causa de oacutebito entre as mulheres superado apenas pelos cacircnceres de
mama do pulmatildeo e do coacutelon-reto No ano de 2003 foram registradas 4110 mortes
com cacircncer de colo uterino correspondendo a 7 do total dos oacutebitos devido a
cacircncer em mulheres De acordo com o autor
Cerca de 90 dos cacircnceres de colo uterino originaram-se de ceacutelulas escamosas sendo chamados de carcinomas escamosos ou carcinomas epidermoacuteides e outros 10 originaram-se de ceacutelulas glandulares sendo entatildeo chamados de adenocarcinomas Raramente podem aparecer os dois tipos de ceacutelulas e satildeo chamados carcinomas adenoescamosos Todavia tem sido observado que a proporccedilatildeo de adenocarcinoma do colo uterino tem aumentado nas uacuteltimas deacutecadas particularmente em mulheres jovens (BULK et al 2005 apud ZEFERINO 2008 p 68)
Segundo dados do INCA (2002 apud Ceacutesar et al 2003 p 1366) ldquono Brasil
o cacircncer de colo uterino eacute o segundo entre os tumores ginecoloacutegicos malignos e o
terceiro mais comum na populaccedilatildeo feminina Representa 10 de todos os cacircnceres
malignos em mulheresrdquo
28
De acordo com Albuquerque et al (2009) ldquoa infecccedilatildeo preacutevia pelo papiloma
viacuterus humano (HPV) tem sido apontada como o principal fator de risco para o cacircncer
de colo de uacuteterordquo Fatores como iniacutecio precoce da atividade sexual multiplicidade de
parceiros sexuais uso de contraceptivos orais tabagismo situaccedilatildeo conjugal e baixa
condiccedilatildeo soacutecio-econocircmica tecircm sido apontados como fatores de risco importantes
para o desenvolvimento dessa neoplasia
Narchi Janicas e Fernandes (2007) relatam que o cacircncer ceacutervico-uterino tem
sua origem a partir de uma lesatildeo intra-epitelial progressiva a qual pode evoluir para
um cacircncer invasivo dentro de um prazo em torno de 10 a 20 anos caso natildeo seja
oferecido tratamento
Conforme as autoras durante o periacuteodo de evoluccedilatildeo da doenccedila ela passa por
fases preacute-cliacutenicas detectaacuteveis e curaacuteveis lhe conferindo elevado potencial de
prevenccedilatildeo e cura Corresponde a cerca de 15 de todos os cacircnceres femininos
sendo o segundo tipo mais comum entre as mulheres Ainda na visatildeo das autoras a
mortalidade pelo cacircncer ceacutervico-uterino pode ser evitada devido agrave lenta evoluccedilatildeo da
doenccedila e devido aos recursos tecnoloacutegicos o diagnoacutestico e o tratamento oportunos
das lesotildees precursoras as quais satildeo curaacuteveis em ateacute 100 dos casos Entretanto
conforme as autoras mesmo o Brasil ter sido um dos primeiros paiacuteses a realizar os
exames de colpocitologia e colposcopia esse tipo de cacircncer ainda continua sendo
um seacuterio problema de sauacutede puacuteblica por manter uma das mais elevadas taxas de
oacutebito como pode ser verificado a seguir
No Brasil as accedilotildees de controle do cacircncer ginecoloacutegico iniciaram-se de forma programaacutetica em 1983 eacutepoca de implantaccedilatildeo do Programa de Assistecircncia Integral agrave Sauacutede da Mulher (PAISM) que representou uma ampliaccedilatildeo do foco de assistecircncia agrave mulher para aleacutem do ciclo graviacutedico-puerperal No entanto apesar das recomendaccedilotildees de implantaccedilatildeo ou ampliaccedilatildeo das atividades de diagnoacutestico do cacircncer ceacutervico-uterino e de educativas com vistas agrave prevenccedilatildeo da doenccedila por mais de uma deacutecada as accedilotildees de combate a essa doenccedila foram desenvolvidas no paiacutes de forma desarticulada por iniciativa de apenas alguns Estados e municiacutepios (NARCHI JANICAS e FERNANDES 2007 p 128)
Os autores pesquisados nesta revisatildeo narrativa serviram de subsiacutedios para a
elaboraccedilatildeo do plano de accedilatildeo apresentado no proacuteximo capiacutetulo cujo objetivo eacute
aumentar a cobertura do exame de prevenccedilatildeo do cacircncer do colo do uacutetero no Centro
de Sauacutede Felicidade II
29
5 PLANO DE ACcedilAtildeO PARA A AMPLIACcedilAtildeO DA COBERTURA DO EXAME COLPOCITOLOacuteGICO NO CENTRO DE SAUacuteDE FELICIDADE II
De acordo com a atividade realizada no Moacutedulo da Sauacutede da Mulher foram
constatados alguns problemas em relaccedilatildeo agrave cobertura do exame colpocitoloacutegico no
Centro de Sauacutede Felicidade II o qual apresentou em 2009 baixa cobertura A partir
daiacute foram detectados outros fatores que contribuem para o baixo iacutendice de
cobertura aqueacutem do que eacute preconizado pela Secretaacuteria Municipal de Sauacutede Neste
sentido o plano de accedilatildeo descrito no Quadro 1 vem propor estrateacutegias visando
ampliar da cobertura do exame colpocitoloacutegico e minimizar os problemas levantados
Acredita-se que por meio da implantaccedilatildeo do plano de accedilatildeo sugerido o
Centro de Sauacutede Felicidade II teraacute maior e melhor desempenho de sua equipe
alcanccedilando com isso o aprimoramento no atendimento da populaccedilatildeo alvo da
instituiccedilatildeo
30
QUADRO1 - PLANO DE ACcedilAtildeO PARA AUMENTAR A COBERTURA DO EXAME DE PREVEN9AO DO COLO DO UTERO PARA A EQUIPE DE SAUDE DO CENTRO DE SAUDE FELICIDADE II
PROBLEMA ATIVIDADES ACcedilOtildeES META RESPONSAVEL PERIODO
As ACS sentem inseguros para orientar agraves mulheres em relaccedilatildeo aos cuidados para realizar o exame preventivo por falta de conhecimento
Educaccedilatildeo em Sauacutede
Capacitaccedilatildeo da equipe sobre a importacircncia do exame colpocitoloacutegico
Nivelar o conhecimento dos membros da equipe
Municiacutepio Gerecircncia Regional de Sauacutede
Outubro2011
Enfermeiro natildeo se sente capacitado para a realizaccedilatildeo do exame de Papanicolaou
Capacitaccedilatildeo Teacutecnica do enfermeiro para a realizaccedilatildeo do exame de Papanicolaou
Solicitar agrave Ginecologista enfermeira treinamentocapacitaccedilatildeo do enfermeiro
Instrumentalizar o enfermeiro para a realizaccedilatildeo coleta de material
Enfermeira de outra Unidade Baacutesica de Sauacutede Meacutedico Ginecologista
Outubro2011
Baixo iacutendice de cobertura do exame citoloacutegico
Elaboraccedilatildeo de um instrumento para coleta de dados para identificar as mulheres de 25 a 59 anos na aacuterea de abrangecircncia do centro de sauacutede e tambeacutem para levantar quais os fatores que impeditivos para a realizaccedilatildeo do exame Incluir as mulheres identificadas no arquivo rotativo
Visita domiciliar
Visitar todas as mulheres dentro da aacuterea de abrangecircncia da UBS
ACS Novembro2011 Dezembro2011
Baixo iacutendice de cobertura do exame citoloacutegico
Agendamento da consulta de enfermagem consulta meacutedica para atender as prioridades levantadas no diagnoacutestico da atividade anterior para realizaccedilatildeo do exame Priorizar mulheres que nunca fizeram o exame ou que fizeram a mais de trecircs anos
Visita domiciliar Consulta de Enfermagem e consulta meacutedica
Orientar as mulheres sobre o exame preventivo Realizar o exame
ACS Meacutedico e enfermeira
Janeiro2012
31
O agendamento das consultas e marcado para datas muito distantes o que geralmente faz com que a mulher esqueccedila
Comunicaccedilatildeo da data do exame com antecedecircncia
Elaborar uma forma de entrar em contato com a paciente cinco dias antes da consulta agendada
Diminuir o iacutendice de ausecircncia agraves consultas
ACS Novembro2011
Desconhecimento das mulheres sobre o exame preventivo e os cuidados preparativos para o exame
Orientaccedilatildeo das mulheres sobre o exame e os cuidados preparativos para o exame
Criar um informativo contendo as orientaccedilotildees sobre o exame e os cuidados para serem entregue as usuaacuterias no momento da visita do ACS para informaacute-las da data e horaacuterio da consulta
Orientar todas usuaacuterias
Enfermeiro ACS
Janeiro2011
Entrega de resultados dos preventivos sem alteraccediloespelos ACSrsquos
Entrega do resultado do exame
Agendar um dia na semana para a entrega dos resultados dos exames Todos os exames deveratildeo ser vistos pelo enfermeiro Aqueles que apresentarem alguma alteraccedilatildeo a paciente deve ser encaminhada ao meacutedico Teacutecnico de Enfermagem Enfermeiro
Orientar as usuaacuterias
Os exames com resultados normais seratildeo entregues pelo teacutecnico de enfermagem Aqueles que apresentarem alguma alteraccedilatildeo seratildeo entregues pelo enfermeiro que deveraacute fazer os devidos encaminhamentos quando necessaacuterios
Dezembro2011
Entrega dos resultados de exames com alteraccedilotildees apoacutes consultas de retorno agendadas para usuaacuterias
Orientaccedilatildeo encaminhamento e acompanhamento da usuaacuteria
Visita domicilar Consulta de enfermagemconsulta meacutedica
Avaliar o estado de sauacutede da mulher Acompanhamento e orientaccedilotildees
Meacutedico e enfermeira Janeiro2012
Monitoramento e acompanhamento
- Agendamentos anuais - Elaboraccedilatildeo um arquivo rotativo - Estabelecimento de Indicadores de acompanhamento e
- Controlar a marcaccedilatildeo de consulta no intervalo de trecircs anos se apoacutes dois anos consecutivos de coleta os resultados forem negativos para
Monitorar o exame preventivo Acompanhar o estado de sauacutede das mulheres pela
Enfermeira e Teacutecnico de enfermagem
Novembro2011
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avaliaccedilatildeo das accedilotildees votadas agrave sauacutede da mulher pela equipe de sauacutede
displasia ou neoplasia - Fazer a busca das usuaacuterias faltosas aos exames e consultas
equipe
Falta de interesse e conscientizaccedilatildeo em relaccedilatildeo agrave importacircncia do exame preventivo
Atendimento de Grupos Retomar o grupo de mulheres onde seratildeo abordados temas relativos agrave sauacutede da mulher Realizar orientaccedilotildees por meio de palestras nos grupos operativos
Conscientizar as mulheres sobre a importacircncia da realizaccedilatildeo do exame
Equipe de Sauacutede Fevereiro2012
Consulta eacute marcada com um meacutedico do sexo masculino
Agendamento com o enfermeiro quando possiacutevel
Reforccedilar com a paciente que durante a consulta estaraacute presente uma Auxiliar de Enfermagem
Diminuir a evasatildeo do exame prevenccedilatildeo Diminuir a resistecircncia ao atendimento masculino
Disponibilizar uma auxiliar ou teacutecnica de enfemagem para acompanhar o meacutedico durante o exame
Dezembro2011
Falta disponibilidade de horaacuterios mais flexiacuteveis pois haacute concentraccedilatildeo de horaacuterio pela manhatilde
Adequaccedilatildeo da Agenda Alteraccedilotildees na agenda com horaacuterios para adequar agraves necessidades dos usuaacuterios
Marcar os exames preventivos para o horaacuterio da tarde
Enfermeira e meacutedico Janeiro2012
33
6 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
A poliacutetica da sauacutede tem como principal objetivo promover mudanccedilas no intuito
de melhorar o niacutevel da sauacutede da populaccedilatildeo Diante dos resultados apurados nesse
estudo percebe-se a necessidade das intervenccedilotildees a serem efetuadas no Centro de
Sauacutede Felicidade II visando melhorar o iacutendice de cobertura dos exames
preventivos
Assim a realidade percebida no Centro de Sauacutede Felicidade II eacute que o
desempenho da equipe exerce grande impacto no desenvolvimento das accedilotildees
alcanccedilando dessa forma o objetivo de contribuir com o aprimoramento e a
consolidaccedilatildeo da assistecircncia agrave sauacutede da populaccedilatildeo
Como problemas levantados em relaccedilatildeo a baixa cobertura da prevenccedilatildeo do
cacircncer do colo do uacutetero identificamos as seguintes o ACS sentir inseguro para
orientar agraves mulheres em relaccedilatildeo aos cuidados para realizar o exame preventivo a
falta de capacitaccedilatildeo teacutecnica para o enfermeiro realizar o exame de Papanicolaou
consultas agendadas para datas muito distantes fazendo com que a mulher se
esqueccedila do diadesconhecimento das mulheres sobre o exame preventivo e os
cuidados preparativos para o mesmo falta de interesse e conscientizaccedilatildeo em
relaccedilatildeo agrave importacircncia do exame preventivo por parte das usuaacuteriaspudor da mulher
diante do profissional de sexo masculino e falta de disponibilidade de horaacuterios mais
flexiacuteveis com concentraccedilatildeo das consultas no horaacuterio da manhatilde
A partir dos problemas levantados foram propostas as atividades accedilotildees
metas e os responsaacuteveis pelas atividades no sentido de ampliar a cobertura das
mulheres por meio da participaccedilatildeo de toda a equipe de sauacutede Desse modo foi
muito importante tambeacutem a elaboraccedilatildeo das estrateacutegias para que o nuacutemero de
usuaacuterias seja aumentado Neste sentido destaca-se o papel do enfermeiro como
parte integrante da equipe de sauacutede e que desempenha um importante papel na
promoccedilatildeo da prevenccedilatildeo educaccedilatildeo e melhorias constantes nos serviccedilos oferecidos
agrave populaccedilatildeo
Nesta direccedilatildeo o Centro de Sauacutede Felicidade II deve se preocupar com a
capacitaccedilatildeo de seus funcionaacuterios com a organizaccedilatildeo do processo de trabalho das
equipes bem com um investimento maior nas accedilotildees de promoccedilatildeo e prevenccedilatildeo da
saude conforme abordado neste estudo
34
Desse modo cabe a todos os profissionais atuar mais na prevenccedilatildeo
promoccedilatildeo e recuperaccedilatildeo por meio de praacuteticas educativas promovendo campanhas
palestras sobre a sauacutede da mulher fornecendo orientaccedilotildees durante as consultas
para que se possa reverter o quadro de baixo iacutendice de cobertura no exame
preventivo de cacircncer do colo do uacutetero alcance assim a cobertura preconizada pela
Secretaacuteria de Sauacutede o que vai refletir na melhoria da assistecircncia a sauacutede agrave mulher
35
REFEREcircNCIAS ALBUQUERQUE KM et al Cobertura do Teste de Papanicolau e Fatores associados agrave Natildeo-Realizaccedilatildeo um olhar sobre o Programa de Prevenccedilatildeo do Cacircncer do Colo do Uacutetero em Pernambuco Brasil Caderno de Sauacutede Puacuteblica v 25 supl 2 Rio de Janeiro 2009 Disponiacutevel em lthttpwwwscielosporgscielophpscript=sci_arttextamppid=S0102-311X2009001400012gt Acesso em 6 nov 2010 BELO HORIZONTE Secretaria Municipal de Sauacutede Prevenccedilatildeo e Controle do Cacircncer do Colo de Uacutetero Belo Horizonte 2008 BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede O Programa Sauacutede da Famiacutelia e a Atenccedilatildeo Baacutesica no Brasil Brasiacutelia 2002 Disponiacutevel em lthttpwwwccssaudegovbrsaudebatea portamostravirtualpublicacoespsf_atencaobasicapdfgt Acesso em 01 abr 2010 CEacuteSAR JA et al Fatores Associados agrave natildeo Realizaccedilatildeo de Exame Citopatoloacutegico de Colo Uterino no Extremo Sul do Brasil Caderno de Sauacutede Puacuteblica Rio de Janeiro v19n5 p1365-1372 setout 2003 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrpdf0Dcspv19n517808pdfgt Acesso em 16 jul 2010 CORREcircA DA D VILLELA WV O Controle do Cacircncer do Colo do Uacutetero desafios para implementaccedilatildeo de accedilotildees programaacuteticas no Amazonas Brasil Rev bras sauacutede matern infantil v8 n4p491-497 outdez 2008 DIAS-DA-COSTA J S et al Cobertura do Exame Citopatoloacutegico na Cidade de Pelotas Rio Grande do Sul Brasil Caderno de Sauacutede Puacuteblica Rio de Janeiro v19 n1 p191-197 janfev 2003 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrpdfcspv19n114919pdfgt Acesso em 16 jul 2010 DOMINGOS ACP et al Cacircncer do Colo do Uacutetero comportamento preventivo de auto-cuidado agrave sauacutede Revista Ciecircncia Cuidado e Sauacutede 6 (Suplem 2) p 397-403 2007 Disponiacutevel em lthttpperiodicosuembrojsindexphpCiencCuidSaudearticleviewFile53373385gt Acesso em 5 nov 2010 HACKENHAAR AAC JURACI A DOMINGUES MR Exame Citopatoloacutegico de Colo Uterino em Mulheres com Idade entre 20 e 59 anos em Pelotas RS prevalecircncia foco e fatores associados agrave sua natildeo realizaccedilatildeo Revista Brasileira de EpidemiologiaSatildeo Paulo v9n1 Mar 2006 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S1415-790X2006000100013gt Acesso em 16 jul 2010 MONTEMOR EBL et al Controle do Cacircncer de Colo de Uacutetero o exame citopatoloacutegico In LOPES MHBde M (org) Enfermagem na Sauacutede da Mulher Goiacircnia AB 2006 p 45-65 NAKAGAWA JTT SCHIRMER J BARBIERI M Viacuterua HPV e Cacircncer de Colo de Uacutetero Revista Brasileira de Enfermagem v 63 n 2 Brasiacutelia marabri 2010
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voltadas agrave sexualidade higiene iacutentima prevenccedilatildeo de DST prevenccedilatildeo do cacircncer
ginecoloacutegico e teacutecnica de coleta do exame As autoras afirmam que esses grupos
aleacutem de disponibilizarem um espaccedilo para a socializaccedilatildeo do conhecimento
possibilitam a integraccedilatildeo entre profissionais e pacientes e estimulam o
autoconhecimento do corpo e da sexualidade familiarizando a mulher ao ambiente e
ao exame e minimizando sentimentos negativos como o medo a vergonha o
nervosismo e o constrangimento que por vezes as impedem de aderir ao programa
Essa estrateacutegia seraacute possiacutevel agrave medida que o profissional estiver sensibilizado e
capacitado para implementaacute-la utilizando habilidades de aconselhamento e
abordagem empaacutetica (NARCHI JANICAS e FERNANDES 2007)
O enfermeiro deve ainda avaliar a presenccedila de fatores de risco na consulta
de enfermagem agrave mulher com vistas a realizar as intervenccedilotildees necessaacuterias e o
acompanhamento mais frequente Diante disso eacute recomendado que na consulta de
retorno para recebimento do laudo da colpocitologia seja realizado procedimento de
aconselhamento sobre DST e Aids antes de discutir o resultado e a conduta
No que diz respeito agrave prevenccedilatildeo secundaacuteria do cacircncer ceacutervico-uterino Narchi
Janicas e Fernandes (2007) afirmam que se deve realizar o exame citopatoloacutegico
para que seja feita a detecccedilatildeo do cacircncer in situ ou das lesotildees precursoras trataacuteveis
e curaacuteveis em ateacute 100 dos casos Para as autoras o acolhimento deveraacute ocorrer
em todas as fases da assistecircncia ou seja desde o primeiro contato com a mulher o
que pode ocorrer em seu domiciacutelio quanto no agendamento ao se verificar acerca
do aprazamento da colpocitologia Citam tambeacutem que esse exame tem sido
utilizado em programas de rastreamento do cacircncer ceacutervico-uterino em todo o mundo
(screening) para interromper o ciclo evolutivo da doenccedila detectando-a em fase preacute-
invasiva trataacutevel e curaacutevel Relatam ainda que os paiacuteses que desenvolveram o
programa tanto com identificaccedilatildeo efetiva da populaccedilatildeo de risco qualidade coleta e
na interpretaccedilatildeo dos resultados quanto com tratamento e acompanhamento
adequados dos casos de alto risco lograram reduccedilatildeo significativa na incidecircncia e na
mortalidade por essa patologia
Segundo a OMS para que um programa de rastreamento do cacircncer ceacutervico-
uterino cause impacto epidemioloacutegico eacute necessaacuterio realizar uma cobertura superior a
80 o que representaria um impacto de 50 na reduccedilatildeo da mortalidade por essa
doenccedila Entretanto nos paiacuteses em desenvolvimento como o Brasil a cobertura
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desse teste ainda natildeo alcanccedilou niacuteveis suficientes e coerentes com as necessidades
da populaccedilatildeo feminina sob maior risco de contrair a doenccedila
Narchi Janicas e Fernandes (2007) relatam que no Brasil as accedilotildees de
intervenccedilatildeo e controle do cacircncer ceacutervico-uterino tecircm sido norteadas pela distribuiccedilatildeo
das lesotildees cervicais segundo as faixas etaacuterias de mulheres mais acometidas pela
doenccedila e pela periodicidade dos exames citopatoloacutegicos seguindo a loacutegica
epidemioloacutegica do risco e da relaccedilatildeo custobenefiacutecio que norteiam as intervenccedilotildees
em sauacutede publica Poreacutem por vaacuterios anos essa cobertura esteve descontextualiza
da no paiacutes de forma a disponibilizar a citopatologia apenas durante o preacute-natal natildeo
atingindo a populaccedilatildeo de mulheres da faixa etaacuteria de maior risco subutilizando os
equipamentos de sauacutede e tornando o programa ineficiente Conforme as autoras
vaacuterios estudos que investigaram os motivos que dificultam a captaccedilatildeo das mulheres
para a prevenccedilatildeo do cacircncer ginecoloacutegico ressaltam a amplitude do problema que
perpassa por diversas esferas assumindo aspecto multidimensional
Narchi Janicas e Fernandes (2007) ressaltam ainda que o modelo
contextual proposto por Pinho amp Franccedila-Junior analisa o acesso e a utilizaccedilatildeo dos
serviccedilos preventivos em trecircs planos individual organizacionalprogramaacutetico e social
dispostos em uma estrutura dinacircmica e relacional Esse modelo propotildee que a
realizaccedilatildeo da colpocitologia seja produto da interaccedilatildeo desses trecircs planos dos quais
emergem os elementos necessaacuterios para definir uma situaccedilatildeo de vulnerabilidade
individual programaacuteticaorganizacional e social do cacircncer ceacutervico-uterino Para as
autoras o plano individual representado por caracteriacutesticas relacionadas agrave
realizaccedilatildeo do exame definiraacute a vulnerabilidade individual da mulher a doenccedila A
vulnerabilidade eacute representada por um conjunto de fatores cognitivos relacionados a
real falta de conhecimento sobre a doenccedila e o exame o que contribui para a
reduccedilatildeo de praacuteticas sexuais seguras e de prevenccedilatildeo secundaacuteria Tal vulnerabilidade
individual pode ser criada e percebida pelas mulheres ou a elas imposta no
momento em que se enfatiza o risco da natildeo-realizaccedilatildeo da colpocitologia em vez da
ecircnfase ao benefiacutecio da accedilatildeo gerando ou reforccedilando sentimento de medo em
relaccedilatildeo ao cacircncer que pode provocar tanto um efeito propulsor que induz a mulher
para a realizaccedilatildeo do exame quanto um efeito mais restritivo ao exame pelo medo
de sentir dor ou de receber um resultado positivo concluem as autoras
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No plano organizacional ou programaacutetico inserem-se as caracteriacutesticas
relacionadas agrave disponibilidade de serviccedilos de sauacutede em relaccedilatildeo agrave demanda e a sua
acessibilidade geograacutefica a organizaccedilatildeo e as necessidades da populaccedilatildeo usuaacuteria e
ao planejamento das accedilotildees efetivas na prevenccedilatildeo e na promoccedilatildeo a sauacutede sob a
forma de programas organizados de rastreamento do cacircncer cervical que primem
pelo respeito agrave autonomia individual e pela abordagem integral mulher (NARCHI
JANICAS e FERNANDES 2007)
Ainda segundo os autores um dos fatores que contribuem para a baixa
adesatildeo das mulheres ao programa eacute a falta de humanizaccedilatildeo na assistecircncia pois a
violecircncia institucional sofrida pelas mulheres durante a consulta ginecoloacutegica pode
ser traduzida pela humilhaccedilatildeo por constrangimento e pela forma fria e
despersonalizada com que satildeo atendidas sem serem esclarecidas quanto ao
resultado do exame ou por realizarem tratamentos por vaacuterios anos sem sequer
terem noccedilatildeo dos seus objetivos Isso submete a mulher a uma assistecircncia
medicalizada e indigna na qual se perde a oportunidade de investir em prevenccedilatildeo
primaacuteria (NARCHI JANICAS E FERNANDES 2007)
De acordo com Dias-da-Costa et al (2003) quando se fala acerca da sauacutede
puacuteblica eacute sabido que a efetividade do programa de controle do cacircncer de colo do
uacutetero depende da cobertura populacional alcanccedilada Poreacutem no Brasil a avaliaccedilatildeo
da efetividade de programas de prevenccedilatildeo e accedilotildees de sauacutede puacuteblica ainda eacute
considerada incipiente
43 Contexto histoacuterico da citologia oncoacutetica
Montemor et al (2008 p 45) relatam que na eacutepoca em que a citologia
ginecoloacutegica estava em desenvolvimento agrave ideacuteia preponderante entre os
ginecologistas era que sendo o colo uterino facilmente acessiacutevel agrave bioacutepsia dava-se
preferecircncia ao estudo histoloacutegico pois a citologia ainda carecia de credibilidade
diagnoacutestica
Os autores afirmam que foi Aureli Babes um patologista romeno em 1928
que sugeriu que fosse feita a coleta direta de material do colo uterino para o
diagnoacutestico do cacircncer sendo que o mesmo foi o primeiro pesquisador que
descreveu de forma minuciosa a teacutecnica de coleta utilizando a coloraccedilatildeo atraveacutes do
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meacutetodo de Giemsa Entretanto ainda de acordo com os autores foi George
Nicholas Papanicolaou um grego nascido em 1883 em Kymi na ilha grega de
Euboea que se aprofundou nos estudos acerca da citologia ginecoloacutegica o qual em
1913 se fixou nos Eua como pesquisador do laboratoacuterio do Hospital de Nova Iorque
Segundo os autores Neste sentido os autores afirmam que
Papanicolaou quando estudava as alteraccedilotildees hormonais das ceacutelulas nas diferentes fases do ciclo menstrual observou que tambeacutem era possiacutevel o diagnoacutestico das ceacutelulas tumorais do colo uterino Em 1941 publicou no American Journal of Obstetrics and Gynecology em co-autoria com Traut um trabalho com o tiacutetulo de O valor diagnoacutestico dos esfregaccedilos vaginais no carcinoma do uacutetero Nessa publicaccedilatildeo mostra a possibilidade de fazer diagnoacutestico de carcinoma do colo uterino atraveacutes de ceacutelulas atiacutepicas presentes nos esfregaccedilos bem como enfatiza a necessidade de aplicar esse meacutetodo simples e de baixo custo a um grande nuacutemero de mulheres O meacutetodo de coloraccedilatildeo dos esfregaccedilos citoloacutegicos que leva o nome de ldquoColoraccedilatildeo de Papanicolaourdquo eacute ainda hoje largamente utilizado (MONTEMOR et al 2008 p 46)
Os autores relatam ainda que em meados de 1940 o J Ernest Ayre um
meacutedico canadense utilizou uma espaacutetula a qual leva o seu nome para obter
raspados do colo uterino possibilitando dessa forma uma maneira praacutetica e
eficiente de coleta de material para a realizaccedilatildeo de exames em grande escala
(MONTEMOR et al 2008) De acordo com Tavares et al (2007) o exame
citopatoloacutegico foi sugerido como uma ferramenta para a detecccedilatildeo precoce do cacircncer
do colo do uacutetero em 1941
Conforme Hackenhaar Ceacutesar e Domingues (2006) a prevenccedilatildeo considerada
como secundaacuteria do cacircncer do colo uterino tem se centralizado no rastreamento de
mulheres sexualmente ativas atraveacutes do exame citopatoloacutegico do colo uterino O
qual foi adotado para rastreamento na deacutecada de 50 em vaacuterios paiacuteses uma vez que
identifica lesotildees preacute-cancerosas que se tratadas minimizam a incidecircncia de
carcinoma invasor e com isso a mortalidade pelo cacircncer de colo uterino Segundo
os autores
Em 1998 o Ministeacuterio da Sauacutede do Brasil estabeleceu que o exame para a detecccedilatildeo precoce do cacircncer do colo uterino deveria ser realizado por mulheres com idade entre 25 e 60 anos ou antes desta faixa etaacuteria caso jaacute tivessem mantido relaccedilotildees sexuais Para estas mulheres a periodicidade deveria ser de trecircs em trecircs anos se os dois primeiros exames realizados a cada ano fossem normais Em 2002 ocorreu a fase de intensificaccedilatildeo da campanha que tinha por objetivo realizar exames nas mulheres de 35 a 49 anos que nunca haviam realizado este tipo de exame ou que o houvessem
25
realizado haacute mais de trecircs anos (HACKENHAAR CEacuteSAR e DOMINGUES 2006 p 1)
44 Conceitos e caracteriacutesticas do exame de prevenccedilatildeo do cacircncer
Conforme Montemor et al (2008) o exame citopatoloacutegico tambeacutem conhecido
como exame Papanicolaou ou ainda exame preventivo do cacircncer do colo do uacutetero
tem como objetivo a anaacutelise das ceacutelulas obtidas por raspagem do colo uterino
(ectoceacutervice e canal endocervical) com as quais eacute realizado esfregaccedilo sobre uma
lacircmina de vidro De acordo com os autores as caracteriacutesticas morfoloacutegicas das
ceacutelulas satildeo observadas ao microscoacutepio e quando alteradas ou seja quando estatildeo
diferentes daquelas consideradas normais sugerem tratar-se de processo preacute-
neoplaacutesico ou neoplaacutesico Os autores afirmam ainda que atualmente o exame
citopatoloacutegico eacute o meacutetodo de rastreamento para cacircncer do colo uterino mais utilizado
em todo o mundo
De acordo com Tavares (2007) o exame citopatoloacutegico eacute considerado um
meacutetodo eficiente pois tem a habilidade de identificar lesotildees precursoras do cacircncer
do colo do uacutetero que naquele momento satildeo trataacuteveis podendo resultar em
significante decreacutescimo da mortalidade por esse tipo de cacircncer
45 O cacircncer do colo do uacutetero
Segundo Zeferino (2008) o cacircncer do colo uterino tem sido um desafio para a
sauacutede puacuteblica na reduccedilatildeo de morte de mulheres por causa desse mal uma vez que
se trata de uma doenccedila que pode ser evitada por meio do diagnoacutestico e do
tratamento de suas lesotildees precursoras Neste sentido Narchi Janicas e Fernandes
(2007) concordam com Zeferino (2008) quando afirmam que o cacircncer chamado por
eles de cacircncer ceacutervico-uterino vem sendo alvo de atenccedilatildeo por parte da comunidade
cientiacutefica devido ocupar lugar de destaque no que diz respeito agraves elevadas taxas de
morbidade e mortalidade entre a populaccedilatildeo feminina principalmente em paiacuteses em
desenvolvimento uma vez que trata-se de um tipo de cacircncer que estaacute relacionado
ao perfil epidemioloacutegico das mulheres cuja frequecircncia dos fatores de risco e do grau
de implementaccedilatildeo de accedilotildees de curto e longo prazos em todos os niacuteveis de atenccedilatildeo
26
De acordo com Hackenhaar Ceacutesar e Domingues (2006 p1) ldquoo cacircncer do
colo uterino eacute um problema de sauacutede puacuteblica mundialrdquo Segundo os autores
Em 2000 havia uma estimativa de 468000 casos com 233000 mortes por este tipo de cacircncer em todo o mundo Destas mortes 80 ocorreriam nos paiacuteses em desenvolvimento No Brasil o cacircncer de colo uterino representa a segunda maior causa de morte por cacircncer entre as mulheres (HACKENHAAR CEacuteSAR e DOMINGUES 2006 p 1)
Por meio do controle perioacutedico utilizando-se o exame citoloacutegico eacute possiacutevel
reduzir sua incidecircncia pois dados da Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede (OMS)
afirmam que a cada ano surgem cerca de 500 mil novos casos de cacircncer do colo
uterino por ano no mundo todo sendo que mais de 400 mil ocorrem em paiacuteses em
desenvolvimento (ZEFERINO 2008) Este dado eacute confirmado por Ceacutesar et al
(2003) quando os autores afirmam que cerca de 80 dos casos de cacircncer de colo
uterino ocorrem nos paiacuteses pobres
Domingos et al (2007 p 1) explicam que ldquoo cacircncer de colo de uacutetero eacute uma
doenccedila de evoluccedilatildeo lenta levando em meacutedia 14 anos para sua evoluccedilatildeo total
Inicia-se com alteraccedilotildees miacutenimas nas ceacutelulas denominadas displasia e se natildeo
forem tratadas estas alteraccedilotildees evoluemrdquo De acordo com os autores
Com o desenvolvimento da doenccedila em meacutedia trecircs anos apoacutes a constataccedilatildeo das primeiras alteraccedilotildees celulares surge um tumor localizado chamado carcinoma in situ Este cacircncer desenvolve-se por mais seis anos invadindo a mucosa do uacutetero quando recebe o nome de carcinoma invasor Apoacutes 14 anos das primeiras alteraccedilotildees celulares o cacircncer atinge a forma mais grave com o aparecimento de metaacutestase espalhando-se assim por outras regiotildees do corpo (DOMINGOS et al 2007 p 1)
Conforme Rodrigues Neto Figueiredo e Siqueira (2008 p 1) o cacircncer tem
sido responsaacutevel por seis milhotildees de mortes por ano correspondendo a 12 das
mortes mundiais ldquoEstima-se a ocorrecircncia de mais de dez milhotildees de novos casos
de cacircncer por ano sendo que para o ano de 2020 espera-se que haja mais de 15
milhotildees de casos novosrdquo Para os autores
O cacircncer do colo do uacutetero (CCU) ocupa o 2ordm lugar na incidecircncia mundial de neoplasias estando atraacutes apenas do cacircncer de mama Por ano no mundo ocorrem cerca de 235 mil mortes devido ao CCU sendo 218 mil em paiacuteses considerados pobres ou emergentes(4) onde ocorre quase 60 dos casos novos de cacircncer ocupando um lugar de destaque nas taxas de morbimortalidade entre a populaccedilatildeo feminina Ressalta-se que na Ameacuterica Latina se encontram as mais altas taxas de incidecircncia desta doenccedila
27
representando uma das causas de oacutebito mais frequumlente entre as mulheres [] Natildeo considerando os carcinomas de pele natildeo melanoma o CCU eacute o mais incidente na Regiatildeo Norte (22100000) Jaacute nas regiotildees Sul (24100000) Centro-Oeste (19100000) e Nordeste (18100000) ocupa a segunda posiccedilatildeo e no Sudeste (18100000) a quarta posiccedilatildeo estando assim associado a regiotildees brasileiras de baixo niacutevel socioeconocircmico (RODRIGUES NETO FIGUEIREDO e SIQUEIRA 2008 p 1)
Dentre os fatores causadores e facilitadores desse tipo de cacircncer Ceacutesar et al
(2003) citam fatores reprodutivos maternos tais como iniacutecio precoce de atividade
sexual e comportamento sexual masculino baixo niacutevel socioeconocircmico muacuteltiplos
parceiros sexuais higiene sexual precaacuteria ocorrecircncia de abortos (particularmente os
induzidos) alcoolismo e tabagismo e uso de anticoncepcional oral Domingos et al
(2007 p 1) afirmam que ldquoo cacircncer do colo do uacutetero eacute um dos maiores problemas da
sauacutede da mulher em todo o mundo Estima-se que a cada ano ocorram no mundo
493000 novos casos da doenccedila e 274000 mortesrdquo
ldquoSegundo dados do Ministeacuterio da Sauacutede (MS) no ano de 2002 4091
mulheres morreram no Brasil vitimadas por este tipo de cacircncer Destas 297
ocorreram no Estado do Paranaacute na faixa etaacuteria de 30 a 49 anosrdquo (DOMINGOS et al
2007 p 1)
Zeferino (2008) relata que no Brasil o cacircncer do colo uterino eacute o terceiro mais
frequumlente o qual eacute superado apenas pelos cacircnceres de pele e de mama Trata-se
da quarta causa de oacutebito entre as mulheres superado apenas pelos cacircnceres de
mama do pulmatildeo e do coacutelon-reto No ano de 2003 foram registradas 4110 mortes
com cacircncer de colo uterino correspondendo a 7 do total dos oacutebitos devido a
cacircncer em mulheres De acordo com o autor
Cerca de 90 dos cacircnceres de colo uterino originaram-se de ceacutelulas escamosas sendo chamados de carcinomas escamosos ou carcinomas epidermoacuteides e outros 10 originaram-se de ceacutelulas glandulares sendo entatildeo chamados de adenocarcinomas Raramente podem aparecer os dois tipos de ceacutelulas e satildeo chamados carcinomas adenoescamosos Todavia tem sido observado que a proporccedilatildeo de adenocarcinoma do colo uterino tem aumentado nas uacuteltimas deacutecadas particularmente em mulheres jovens (BULK et al 2005 apud ZEFERINO 2008 p 68)
Segundo dados do INCA (2002 apud Ceacutesar et al 2003 p 1366) ldquono Brasil
o cacircncer de colo uterino eacute o segundo entre os tumores ginecoloacutegicos malignos e o
terceiro mais comum na populaccedilatildeo feminina Representa 10 de todos os cacircnceres
malignos em mulheresrdquo
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De acordo com Albuquerque et al (2009) ldquoa infecccedilatildeo preacutevia pelo papiloma
viacuterus humano (HPV) tem sido apontada como o principal fator de risco para o cacircncer
de colo de uacuteterordquo Fatores como iniacutecio precoce da atividade sexual multiplicidade de
parceiros sexuais uso de contraceptivos orais tabagismo situaccedilatildeo conjugal e baixa
condiccedilatildeo soacutecio-econocircmica tecircm sido apontados como fatores de risco importantes
para o desenvolvimento dessa neoplasia
Narchi Janicas e Fernandes (2007) relatam que o cacircncer ceacutervico-uterino tem
sua origem a partir de uma lesatildeo intra-epitelial progressiva a qual pode evoluir para
um cacircncer invasivo dentro de um prazo em torno de 10 a 20 anos caso natildeo seja
oferecido tratamento
Conforme as autoras durante o periacuteodo de evoluccedilatildeo da doenccedila ela passa por
fases preacute-cliacutenicas detectaacuteveis e curaacuteveis lhe conferindo elevado potencial de
prevenccedilatildeo e cura Corresponde a cerca de 15 de todos os cacircnceres femininos
sendo o segundo tipo mais comum entre as mulheres Ainda na visatildeo das autoras a
mortalidade pelo cacircncer ceacutervico-uterino pode ser evitada devido agrave lenta evoluccedilatildeo da
doenccedila e devido aos recursos tecnoloacutegicos o diagnoacutestico e o tratamento oportunos
das lesotildees precursoras as quais satildeo curaacuteveis em ateacute 100 dos casos Entretanto
conforme as autoras mesmo o Brasil ter sido um dos primeiros paiacuteses a realizar os
exames de colpocitologia e colposcopia esse tipo de cacircncer ainda continua sendo
um seacuterio problema de sauacutede puacuteblica por manter uma das mais elevadas taxas de
oacutebito como pode ser verificado a seguir
No Brasil as accedilotildees de controle do cacircncer ginecoloacutegico iniciaram-se de forma programaacutetica em 1983 eacutepoca de implantaccedilatildeo do Programa de Assistecircncia Integral agrave Sauacutede da Mulher (PAISM) que representou uma ampliaccedilatildeo do foco de assistecircncia agrave mulher para aleacutem do ciclo graviacutedico-puerperal No entanto apesar das recomendaccedilotildees de implantaccedilatildeo ou ampliaccedilatildeo das atividades de diagnoacutestico do cacircncer ceacutervico-uterino e de educativas com vistas agrave prevenccedilatildeo da doenccedila por mais de uma deacutecada as accedilotildees de combate a essa doenccedila foram desenvolvidas no paiacutes de forma desarticulada por iniciativa de apenas alguns Estados e municiacutepios (NARCHI JANICAS e FERNANDES 2007 p 128)
Os autores pesquisados nesta revisatildeo narrativa serviram de subsiacutedios para a
elaboraccedilatildeo do plano de accedilatildeo apresentado no proacuteximo capiacutetulo cujo objetivo eacute
aumentar a cobertura do exame de prevenccedilatildeo do cacircncer do colo do uacutetero no Centro
de Sauacutede Felicidade II
29
5 PLANO DE ACcedilAtildeO PARA A AMPLIACcedilAtildeO DA COBERTURA DO EXAME COLPOCITOLOacuteGICO NO CENTRO DE SAUacuteDE FELICIDADE II
De acordo com a atividade realizada no Moacutedulo da Sauacutede da Mulher foram
constatados alguns problemas em relaccedilatildeo agrave cobertura do exame colpocitoloacutegico no
Centro de Sauacutede Felicidade II o qual apresentou em 2009 baixa cobertura A partir
daiacute foram detectados outros fatores que contribuem para o baixo iacutendice de
cobertura aqueacutem do que eacute preconizado pela Secretaacuteria Municipal de Sauacutede Neste
sentido o plano de accedilatildeo descrito no Quadro 1 vem propor estrateacutegias visando
ampliar da cobertura do exame colpocitoloacutegico e minimizar os problemas levantados
Acredita-se que por meio da implantaccedilatildeo do plano de accedilatildeo sugerido o
Centro de Sauacutede Felicidade II teraacute maior e melhor desempenho de sua equipe
alcanccedilando com isso o aprimoramento no atendimento da populaccedilatildeo alvo da
instituiccedilatildeo
30
QUADRO1 - PLANO DE ACcedilAtildeO PARA AUMENTAR A COBERTURA DO EXAME DE PREVEN9AO DO COLO DO UTERO PARA A EQUIPE DE SAUDE DO CENTRO DE SAUDE FELICIDADE II
PROBLEMA ATIVIDADES ACcedilOtildeES META RESPONSAVEL PERIODO
As ACS sentem inseguros para orientar agraves mulheres em relaccedilatildeo aos cuidados para realizar o exame preventivo por falta de conhecimento
Educaccedilatildeo em Sauacutede
Capacitaccedilatildeo da equipe sobre a importacircncia do exame colpocitoloacutegico
Nivelar o conhecimento dos membros da equipe
Municiacutepio Gerecircncia Regional de Sauacutede
Outubro2011
Enfermeiro natildeo se sente capacitado para a realizaccedilatildeo do exame de Papanicolaou
Capacitaccedilatildeo Teacutecnica do enfermeiro para a realizaccedilatildeo do exame de Papanicolaou
Solicitar agrave Ginecologista enfermeira treinamentocapacitaccedilatildeo do enfermeiro
Instrumentalizar o enfermeiro para a realizaccedilatildeo coleta de material
Enfermeira de outra Unidade Baacutesica de Sauacutede Meacutedico Ginecologista
Outubro2011
Baixo iacutendice de cobertura do exame citoloacutegico
Elaboraccedilatildeo de um instrumento para coleta de dados para identificar as mulheres de 25 a 59 anos na aacuterea de abrangecircncia do centro de sauacutede e tambeacutem para levantar quais os fatores que impeditivos para a realizaccedilatildeo do exame Incluir as mulheres identificadas no arquivo rotativo
Visita domiciliar
Visitar todas as mulheres dentro da aacuterea de abrangecircncia da UBS
ACS Novembro2011 Dezembro2011
Baixo iacutendice de cobertura do exame citoloacutegico
Agendamento da consulta de enfermagem consulta meacutedica para atender as prioridades levantadas no diagnoacutestico da atividade anterior para realizaccedilatildeo do exame Priorizar mulheres que nunca fizeram o exame ou que fizeram a mais de trecircs anos
Visita domiciliar Consulta de Enfermagem e consulta meacutedica
Orientar as mulheres sobre o exame preventivo Realizar o exame
ACS Meacutedico e enfermeira
Janeiro2012
31
O agendamento das consultas e marcado para datas muito distantes o que geralmente faz com que a mulher esqueccedila
Comunicaccedilatildeo da data do exame com antecedecircncia
Elaborar uma forma de entrar em contato com a paciente cinco dias antes da consulta agendada
Diminuir o iacutendice de ausecircncia agraves consultas
ACS Novembro2011
Desconhecimento das mulheres sobre o exame preventivo e os cuidados preparativos para o exame
Orientaccedilatildeo das mulheres sobre o exame e os cuidados preparativos para o exame
Criar um informativo contendo as orientaccedilotildees sobre o exame e os cuidados para serem entregue as usuaacuterias no momento da visita do ACS para informaacute-las da data e horaacuterio da consulta
Orientar todas usuaacuterias
Enfermeiro ACS
Janeiro2011
Entrega de resultados dos preventivos sem alteraccediloespelos ACSrsquos
Entrega do resultado do exame
Agendar um dia na semana para a entrega dos resultados dos exames Todos os exames deveratildeo ser vistos pelo enfermeiro Aqueles que apresentarem alguma alteraccedilatildeo a paciente deve ser encaminhada ao meacutedico Teacutecnico de Enfermagem Enfermeiro
Orientar as usuaacuterias
Os exames com resultados normais seratildeo entregues pelo teacutecnico de enfermagem Aqueles que apresentarem alguma alteraccedilatildeo seratildeo entregues pelo enfermeiro que deveraacute fazer os devidos encaminhamentos quando necessaacuterios
Dezembro2011
Entrega dos resultados de exames com alteraccedilotildees apoacutes consultas de retorno agendadas para usuaacuterias
Orientaccedilatildeo encaminhamento e acompanhamento da usuaacuteria
Visita domicilar Consulta de enfermagemconsulta meacutedica
Avaliar o estado de sauacutede da mulher Acompanhamento e orientaccedilotildees
Meacutedico e enfermeira Janeiro2012
Monitoramento e acompanhamento
- Agendamentos anuais - Elaboraccedilatildeo um arquivo rotativo - Estabelecimento de Indicadores de acompanhamento e
- Controlar a marcaccedilatildeo de consulta no intervalo de trecircs anos se apoacutes dois anos consecutivos de coleta os resultados forem negativos para
Monitorar o exame preventivo Acompanhar o estado de sauacutede das mulheres pela
Enfermeira e Teacutecnico de enfermagem
Novembro2011
32
avaliaccedilatildeo das accedilotildees votadas agrave sauacutede da mulher pela equipe de sauacutede
displasia ou neoplasia - Fazer a busca das usuaacuterias faltosas aos exames e consultas
equipe
Falta de interesse e conscientizaccedilatildeo em relaccedilatildeo agrave importacircncia do exame preventivo
Atendimento de Grupos Retomar o grupo de mulheres onde seratildeo abordados temas relativos agrave sauacutede da mulher Realizar orientaccedilotildees por meio de palestras nos grupos operativos
Conscientizar as mulheres sobre a importacircncia da realizaccedilatildeo do exame
Equipe de Sauacutede Fevereiro2012
Consulta eacute marcada com um meacutedico do sexo masculino
Agendamento com o enfermeiro quando possiacutevel
Reforccedilar com a paciente que durante a consulta estaraacute presente uma Auxiliar de Enfermagem
Diminuir a evasatildeo do exame prevenccedilatildeo Diminuir a resistecircncia ao atendimento masculino
Disponibilizar uma auxiliar ou teacutecnica de enfemagem para acompanhar o meacutedico durante o exame
Dezembro2011
Falta disponibilidade de horaacuterios mais flexiacuteveis pois haacute concentraccedilatildeo de horaacuterio pela manhatilde
Adequaccedilatildeo da Agenda Alteraccedilotildees na agenda com horaacuterios para adequar agraves necessidades dos usuaacuterios
Marcar os exames preventivos para o horaacuterio da tarde
Enfermeira e meacutedico Janeiro2012
33
6 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
A poliacutetica da sauacutede tem como principal objetivo promover mudanccedilas no intuito
de melhorar o niacutevel da sauacutede da populaccedilatildeo Diante dos resultados apurados nesse
estudo percebe-se a necessidade das intervenccedilotildees a serem efetuadas no Centro de
Sauacutede Felicidade II visando melhorar o iacutendice de cobertura dos exames
preventivos
Assim a realidade percebida no Centro de Sauacutede Felicidade II eacute que o
desempenho da equipe exerce grande impacto no desenvolvimento das accedilotildees
alcanccedilando dessa forma o objetivo de contribuir com o aprimoramento e a
consolidaccedilatildeo da assistecircncia agrave sauacutede da populaccedilatildeo
Como problemas levantados em relaccedilatildeo a baixa cobertura da prevenccedilatildeo do
cacircncer do colo do uacutetero identificamos as seguintes o ACS sentir inseguro para
orientar agraves mulheres em relaccedilatildeo aos cuidados para realizar o exame preventivo a
falta de capacitaccedilatildeo teacutecnica para o enfermeiro realizar o exame de Papanicolaou
consultas agendadas para datas muito distantes fazendo com que a mulher se
esqueccedila do diadesconhecimento das mulheres sobre o exame preventivo e os
cuidados preparativos para o mesmo falta de interesse e conscientizaccedilatildeo em
relaccedilatildeo agrave importacircncia do exame preventivo por parte das usuaacuteriaspudor da mulher
diante do profissional de sexo masculino e falta de disponibilidade de horaacuterios mais
flexiacuteveis com concentraccedilatildeo das consultas no horaacuterio da manhatilde
A partir dos problemas levantados foram propostas as atividades accedilotildees
metas e os responsaacuteveis pelas atividades no sentido de ampliar a cobertura das
mulheres por meio da participaccedilatildeo de toda a equipe de sauacutede Desse modo foi
muito importante tambeacutem a elaboraccedilatildeo das estrateacutegias para que o nuacutemero de
usuaacuterias seja aumentado Neste sentido destaca-se o papel do enfermeiro como
parte integrante da equipe de sauacutede e que desempenha um importante papel na
promoccedilatildeo da prevenccedilatildeo educaccedilatildeo e melhorias constantes nos serviccedilos oferecidos
agrave populaccedilatildeo
Nesta direccedilatildeo o Centro de Sauacutede Felicidade II deve se preocupar com a
capacitaccedilatildeo de seus funcionaacuterios com a organizaccedilatildeo do processo de trabalho das
equipes bem com um investimento maior nas accedilotildees de promoccedilatildeo e prevenccedilatildeo da
saude conforme abordado neste estudo
34
Desse modo cabe a todos os profissionais atuar mais na prevenccedilatildeo
promoccedilatildeo e recuperaccedilatildeo por meio de praacuteticas educativas promovendo campanhas
palestras sobre a sauacutede da mulher fornecendo orientaccedilotildees durante as consultas
para que se possa reverter o quadro de baixo iacutendice de cobertura no exame
preventivo de cacircncer do colo do uacutetero alcance assim a cobertura preconizada pela
Secretaacuteria de Sauacutede o que vai refletir na melhoria da assistecircncia a sauacutede agrave mulher
35
REFEREcircNCIAS ALBUQUERQUE KM et al Cobertura do Teste de Papanicolau e Fatores associados agrave Natildeo-Realizaccedilatildeo um olhar sobre o Programa de Prevenccedilatildeo do Cacircncer do Colo do Uacutetero em Pernambuco Brasil Caderno de Sauacutede Puacuteblica v 25 supl 2 Rio de Janeiro 2009 Disponiacutevel em lthttpwwwscielosporgscielophpscript=sci_arttextamppid=S0102-311X2009001400012gt Acesso em 6 nov 2010 BELO HORIZONTE Secretaria Municipal de Sauacutede Prevenccedilatildeo e Controle do Cacircncer do Colo de Uacutetero Belo Horizonte 2008 BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede O Programa Sauacutede da Famiacutelia e a Atenccedilatildeo Baacutesica no Brasil Brasiacutelia 2002 Disponiacutevel em lthttpwwwccssaudegovbrsaudebatea portamostravirtualpublicacoespsf_atencaobasicapdfgt Acesso em 01 abr 2010 CEacuteSAR JA et al Fatores Associados agrave natildeo Realizaccedilatildeo de Exame Citopatoloacutegico de Colo Uterino no Extremo Sul do Brasil Caderno de Sauacutede Puacuteblica Rio de Janeiro v19n5 p1365-1372 setout 2003 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrpdf0Dcspv19n517808pdfgt Acesso em 16 jul 2010 CORREcircA DA D VILLELA WV O Controle do Cacircncer do Colo do Uacutetero desafios para implementaccedilatildeo de accedilotildees programaacuteticas no Amazonas Brasil Rev bras sauacutede matern infantil v8 n4p491-497 outdez 2008 DIAS-DA-COSTA J S et al Cobertura do Exame Citopatoloacutegico na Cidade de Pelotas Rio Grande do Sul Brasil Caderno de Sauacutede Puacuteblica Rio de Janeiro v19 n1 p191-197 janfev 2003 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrpdfcspv19n114919pdfgt Acesso em 16 jul 2010 DOMINGOS ACP et al Cacircncer do Colo do Uacutetero comportamento preventivo de auto-cuidado agrave sauacutede Revista Ciecircncia Cuidado e Sauacutede 6 (Suplem 2) p 397-403 2007 Disponiacutevel em lthttpperiodicosuembrojsindexphpCiencCuidSaudearticleviewFile53373385gt Acesso em 5 nov 2010 HACKENHAAR AAC JURACI A DOMINGUES MR Exame Citopatoloacutegico de Colo Uterino em Mulheres com Idade entre 20 e 59 anos em Pelotas RS prevalecircncia foco e fatores associados agrave sua natildeo realizaccedilatildeo Revista Brasileira de EpidemiologiaSatildeo Paulo v9n1 Mar 2006 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S1415-790X2006000100013gt Acesso em 16 jul 2010 MONTEMOR EBL et al Controle do Cacircncer de Colo de Uacutetero o exame citopatoloacutegico In LOPES MHBde M (org) Enfermagem na Sauacutede da Mulher Goiacircnia AB 2006 p 45-65 NAKAGAWA JTT SCHIRMER J BARBIERI M Viacuterua HPV e Cacircncer de Colo de Uacutetero Revista Brasileira de Enfermagem v 63 n 2 Brasiacutelia marabri 2010
36
Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S0034-71672010000200021gt Acesso em 6 nov 2010 NARCHI NZ JANICAS Rde CS V FERNANDES RAacuteQ Prevenccedilatildeo e Controle do Cacircncer Ceacutervico-Uterino In FERNANDES RAacuteQ NARCHI NZ Enfermagem e Sauacutede da Mulher Barueri SP Manole 2007 p 127-149 NUacuteCLEO DE EDUCACcedilAtildeO EM SAUacuteDE COLETIVA ndash NESCON Faculdade de Medicina ndash UFMG Belo Horizonte Disponiacutevel em lthttpwwwnesconmedicinaufmgbrgt Acesso em 12 dez 2009 PINTO CAG COELHO IB BH Vida pensando a implantaccedilatildeo da Estrateacutegia de Sauacutede da Famiacutelia na cidade de Belo Horizonte passados 10 anos lthttpxayimgcomkqgroups15983109953140003nameImplantacao+do+BH+VIDA+-+Carlos+Gama+e+Ivan+Coelho5B15Dpdf gt Acesso em 01 mar 2011 RODRIGUES NETO JF FIGUEIREDO MFS SIQUEIRA LG Exame Citopatoloacutegico do Colo do Uacutetero fatores associados a natildeo realizaccedilatildeo em ESF Revista Eletrocircnica de Enfermagem 10 (3) 610-21 2008 Disponiacutevel em lthttpwwwfenufgbrrevistav10n3pdfv10n3a07pdfgt Acesso em 17 jul 2010 TAVARES SB do N et al Controle da Qualidade em Citopatologia Cervical revisatildeo de literatura Revista Brasileira de Cancerologia 53(3) 355-364 2007 Disponiacutevel em lthttpwwwincagovbrrbcn_53v03pdfrevisao6pdfgt Acesso em 17 jul 2010 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA Regulamento de Orientaccedilatildeo Do Trabalho De Conclusatildeo De Curso Do Curso De Licenciatura Em Letras ndashPORTUGUEcircS-ESPANHOL Disponiacutevel em lt httpwwwuepgbruepg_departamentosdeletpdfREG20PORT20ESPANHOLpdf gt Acesso em 23 set 2011 ZEFERINO L Prevenccedilatildeo e Controle do Cacircncer Ceacutervico-Uterino In LOPES MHB de M (org) Enfermagem na Sauacutede da Mulher Goiacircnia AB p 67-80 2006
22
desse teste ainda natildeo alcanccedilou niacuteveis suficientes e coerentes com as necessidades
da populaccedilatildeo feminina sob maior risco de contrair a doenccedila
Narchi Janicas e Fernandes (2007) relatam que no Brasil as accedilotildees de
intervenccedilatildeo e controle do cacircncer ceacutervico-uterino tecircm sido norteadas pela distribuiccedilatildeo
das lesotildees cervicais segundo as faixas etaacuterias de mulheres mais acometidas pela
doenccedila e pela periodicidade dos exames citopatoloacutegicos seguindo a loacutegica
epidemioloacutegica do risco e da relaccedilatildeo custobenefiacutecio que norteiam as intervenccedilotildees
em sauacutede publica Poreacutem por vaacuterios anos essa cobertura esteve descontextualiza
da no paiacutes de forma a disponibilizar a citopatologia apenas durante o preacute-natal natildeo
atingindo a populaccedilatildeo de mulheres da faixa etaacuteria de maior risco subutilizando os
equipamentos de sauacutede e tornando o programa ineficiente Conforme as autoras
vaacuterios estudos que investigaram os motivos que dificultam a captaccedilatildeo das mulheres
para a prevenccedilatildeo do cacircncer ginecoloacutegico ressaltam a amplitude do problema que
perpassa por diversas esferas assumindo aspecto multidimensional
Narchi Janicas e Fernandes (2007) ressaltam ainda que o modelo
contextual proposto por Pinho amp Franccedila-Junior analisa o acesso e a utilizaccedilatildeo dos
serviccedilos preventivos em trecircs planos individual organizacionalprogramaacutetico e social
dispostos em uma estrutura dinacircmica e relacional Esse modelo propotildee que a
realizaccedilatildeo da colpocitologia seja produto da interaccedilatildeo desses trecircs planos dos quais
emergem os elementos necessaacuterios para definir uma situaccedilatildeo de vulnerabilidade
individual programaacuteticaorganizacional e social do cacircncer ceacutervico-uterino Para as
autoras o plano individual representado por caracteriacutesticas relacionadas agrave
realizaccedilatildeo do exame definiraacute a vulnerabilidade individual da mulher a doenccedila A
vulnerabilidade eacute representada por um conjunto de fatores cognitivos relacionados a
real falta de conhecimento sobre a doenccedila e o exame o que contribui para a
reduccedilatildeo de praacuteticas sexuais seguras e de prevenccedilatildeo secundaacuteria Tal vulnerabilidade
individual pode ser criada e percebida pelas mulheres ou a elas imposta no
momento em que se enfatiza o risco da natildeo-realizaccedilatildeo da colpocitologia em vez da
ecircnfase ao benefiacutecio da accedilatildeo gerando ou reforccedilando sentimento de medo em
relaccedilatildeo ao cacircncer que pode provocar tanto um efeito propulsor que induz a mulher
para a realizaccedilatildeo do exame quanto um efeito mais restritivo ao exame pelo medo
de sentir dor ou de receber um resultado positivo concluem as autoras
23
No plano organizacional ou programaacutetico inserem-se as caracteriacutesticas
relacionadas agrave disponibilidade de serviccedilos de sauacutede em relaccedilatildeo agrave demanda e a sua
acessibilidade geograacutefica a organizaccedilatildeo e as necessidades da populaccedilatildeo usuaacuteria e
ao planejamento das accedilotildees efetivas na prevenccedilatildeo e na promoccedilatildeo a sauacutede sob a
forma de programas organizados de rastreamento do cacircncer cervical que primem
pelo respeito agrave autonomia individual e pela abordagem integral mulher (NARCHI
JANICAS e FERNANDES 2007)
Ainda segundo os autores um dos fatores que contribuem para a baixa
adesatildeo das mulheres ao programa eacute a falta de humanizaccedilatildeo na assistecircncia pois a
violecircncia institucional sofrida pelas mulheres durante a consulta ginecoloacutegica pode
ser traduzida pela humilhaccedilatildeo por constrangimento e pela forma fria e
despersonalizada com que satildeo atendidas sem serem esclarecidas quanto ao
resultado do exame ou por realizarem tratamentos por vaacuterios anos sem sequer
terem noccedilatildeo dos seus objetivos Isso submete a mulher a uma assistecircncia
medicalizada e indigna na qual se perde a oportunidade de investir em prevenccedilatildeo
primaacuteria (NARCHI JANICAS E FERNANDES 2007)
De acordo com Dias-da-Costa et al (2003) quando se fala acerca da sauacutede
puacuteblica eacute sabido que a efetividade do programa de controle do cacircncer de colo do
uacutetero depende da cobertura populacional alcanccedilada Poreacutem no Brasil a avaliaccedilatildeo
da efetividade de programas de prevenccedilatildeo e accedilotildees de sauacutede puacuteblica ainda eacute
considerada incipiente
43 Contexto histoacuterico da citologia oncoacutetica
Montemor et al (2008 p 45) relatam que na eacutepoca em que a citologia
ginecoloacutegica estava em desenvolvimento agrave ideacuteia preponderante entre os
ginecologistas era que sendo o colo uterino facilmente acessiacutevel agrave bioacutepsia dava-se
preferecircncia ao estudo histoloacutegico pois a citologia ainda carecia de credibilidade
diagnoacutestica
Os autores afirmam que foi Aureli Babes um patologista romeno em 1928
que sugeriu que fosse feita a coleta direta de material do colo uterino para o
diagnoacutestico do cacircncer sendo que o mesmo foi o primeiro pesquisador que
descreveu de forma minuciosa a teacutecnica de coleta utilizando a coloraccedilatildeo atraveacutes do
24
meacutetodo de Giemsa Entretanto ainda de acordo com os autores foi George
Nicholas Papanicolaou um grego nascido em 1883 em Kymi na ilha grega de
Euboea que se aprofundou nos estudos acerca da citologia ginecoloacutegica o qual em
1913 se fixou nos Eua como pesquisador do laboratoacuterio do Hospital de Nova Iorque
Segundo os autores Neste sentido os autores afirmam que
Papanicolaou quando estudava as alteraccedilotildees hormonais das ceacutelulas nas diferentes fases do ciclo menstrual observou que tambeacutem era possiacutevel o diagnoacutestico das ceacutelulas tumorais do colo uterino Em 1941 publicou no American Journal of Obstetrics and Gynecology em co-autoria com Traut um trabalho com o tiacutetulo de O valor diagnoacutestico dos esfregaccedilos vaginais no carcinoma do uacutetero Nessa publicaccedilatildeo mostra a possibilidade de fazer diagnoacutestico de carcinoma do colo uterino atraveacutes de ceacutelulas atiacutepicas presentes nos esfregaccedilos bem como enfatiza a necessidade de aplicar esse meacutetodo simples e de baixo custo a um grande nuacutemero de mulheres O meacutetodo de coloraccedilatildeo dos esfregaccedilos citoloacutegicos que leva o nome de ldquoColoraccedilatildeo de Papanicolaourdquo eacute ainda hoje largamente utilizado (MONTEMOR et al 2008 p 46)
Os autores relatam ainda que em meados de 1940 o J Ernest Ayre um
meacutedico canadense utilizou uma espaacutetula a qual leva o seu nome para obter
raspados do colo uterino possibilitando dessa forma uma maneira praacutetica e
eficiente de coleta de material para a realizaccedilatildeo de exames em grande escala
(MONTEMOR et al 2008) De acordo com Tavares et al (2007) o exame
citopatoloacutegico foi sugerido como uma ferramenta para a detecccedilatildeo precoce do cacircncer
do colo do uacutetero em 1941
Conforme Hackenhaar Ceacutesar e Domingues (2006) a prevenccedilatildeo considerada
como secundaacuteria do cacircncer do colo uterino tem se centralizado no rastreamento de
mulheres sexualmente ativas atraveacutes do exame citopatoloacutegico do colo uterino O
qual foi adotado para rastreamento na deacutecada de 50 em vaacuterios paiacuteses uma vez que
identifica lesotildees preacute-cancerosas que se tratadas minimizam a incidecircncia de
carcinoma invasor e com isso a mortalidade pelo cacircncer de colo uterino Segundo
os autores
Em 1998 o Ministeacuterio da Sauacutede do Brasil estabeleceu que o exame para a detecccedilatildeo precoce do cacircncer do colo uterino deveria ser realizado por mulheres com idade entre 25 e 60 anos ou antes desta faixa etaacuteria caso jaacute tivessem mantido relaccedilotildees sexuais Para estas mulheres a periodicidade deveria ser de trecircs em trecircs anos se os dois primeiros exames realizados a cada ano fossem normais Em 2002 ocorreu a fase de intensificaccedilatildeo da campanha que tinha por objetivo realizar exames nas mulheres de 35 a 49 anos que nunca haviam realizado este tipo de exame ou que o houvessem
25
realizado haacute mais de trecircs anos (HACKENHAAR CEacuteSAR e DOMINGUES 2006 p 1)
44 Conceitos e caracteriacutesticas do exame de prevenccedilatildeo do cacircncer
Conforme Montemor et al (2008) o exame citopatoloacutegico tambeacutem conhecido
como exame Papanicolaou ou ainda exame preventivo do cacircncer do colo do uacutetero
tem como objetivo a anaacutelise das ceacutelulas obtidas por raspagem do colo uterino
(ectoceacutervice e canal endocervical) com as quais eacute realizado esfregaccedilo sobre uma
lacircmina de vidro De acordo com os autores as caracteriacutesticas morfoloacutegicas das
ceacutelulas satildeo observadas ao microscoacutepio e quando alteradas ou seja quando estatildeo
diferentes daquelas consideradas normais sugerem tratar-se de processo preacute-
neoplaacutesico ou neoplaacutesico Os autores afirmam ainda que atualmente o exame
citopatoloacutegico eacute o meacutetodo de rastreamento para cacircncer do colo uterino mais utilizado
em todo o mundo
De acordo com Tavares (2007) o exame citopatoloacutegico eacute considerado um
meacutetodo eficiente pois tem a habilidade de identificar lesotildees precursoras do cacircncer
do colo do uacutetero que naquele momento satildeo trataacuteveis podendo resultar em
significante decreacutescimo da mortalidade por esse tipo de cacircncer
45 O cacircncer do colo do uacutetero
Segundo Zeferino (2008) o cacircncer do colo uterino tem sido um desafio para a
sauacutede puacuteblica na reduccedilatildeo de morte de mulheres por causa desse mal uma vez que
se trata de uma doenccedila que pode ser evitada por meio do diagnoacutestico e do
tratamento de suas lesotildees precursoras Neste sentido Narchi Janicas e Fernandes
(2007) concordam com Zeferino (2008) quando afirmam que o cacircncer chamado por
eles de cacircncer ceacutervico-uterino vem sendo alvo de atenccedilatildeo por parte da comunidade
cientiacutefica devido ocupar lugar de destaque no que diz respeito agraves elevadas taxas de
morbidade e mortalidade entre a populaccedilatildeo feminina principalmente em paiacuteses em
desenvolvimento uma vez que trata-se de um tipo de cacircncer que estaacute relacionado
ao perfil epidemioloacutegico das mulheres cuja frequecircncia dos fatores de risco e do grau
de implementaccedilatildeo de accedilotildees de curto e longo prazos em todos os niacuteveis de atenccedilatildeo
26
De acordo com Hackenhaar Ceacutesar e Domingues (2006 p1) ldquoo cacircncer do
colo uterino eacute um problema de sauacutede puacuteblica mundialrdquo Segundo os autores
Em 2000 havia uma estimativa de 468000 casos com 233000 mortes por este tipo de cacircncer em todo o mundo Destas mortes 80 ocorreriam nos paiacuteses em desenvolvimento No Brasil o cacircncer de colo uterino representa a segunda maior causa de morte por cacircncer entre as mulheres (HACKENHAAR CEacuteSAR e DOMINGUES 2006 p 1)
Por meio do controle perioacutedico utilizando-se o exame citoloacutegico eacute possiacutevel
reduzir sua incidecircncia pois dados da Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede (OMS)
afirmam que a cada ano surgem cerca de 500 mil novos casos de cacircncer do colo
uterino por ano no mundo todo sendo que mais de 400 mil ocorrem em paiacuteses em
desenvolvimento (ZEFERINO 2008) Este dado eacute confirmado por Ceacutesar et al
(2003) quando os autores afirmam que cerca de 80 dos casos de cacircncer de colo
uterino ocorrem nos paiacuteses pobres
Domingos et al (2007 p 1) explicam que ldquoo cacircncer de colo de uacutetero eacute uma
doenccedila de evoluccedilatildeo lenta levando em meacutedia 14 anos para sua evoluccedilatildeo total
Inicia-se com alteraccedilotildees miacutenimas nas ceacutelulas denominadas displasia e se natildeo
forem tratadas estas alteraccedilotildees evoluemrdquo De acordo com os autores
Com o desenvolvimento da doenccedila em meacutedia trecircs anos apoacutes a constataccedilatildeo das primeiras alteraccedilotildees celulares surge um tumor localizado chamado carcinoma in situ Este cacircncer desenvolve-se por mais seis anos invadindo a mucosa do uacutetero quando recebe o nome de carcinoma invasor Apoacutes 14 anos das primeiras alteraccedilotildees celulares o cacircncer atinge a forma mais grave com o aparecimento de metaacutestase espalhando-se assim por outras regiotildees do corpo (DOMINGOS et al 2007 p 1)
Conforme Rodrigues Neto Figueiredo e Siqueira (2008 p 1) o cacircncer tem
sido responsaacutevel por seis milhotildees de mortes por ano correspondendo a 12 das
mortes mundiais ldquoEstima-se a ocorrecircncia de mais de dez milhotildees de novos casos
de cacircncer por ano sendo que para o ano de 2020 espera-se que haja mais de 15
milhotildees de casos novosrdquo Para os autores
O cacircncer do colo do uacutetero (CCU) ocupa o 2ordm lugar na incidecircncia mundial de neoplasias estando atraacutes apenas do cacircncer de mama Por ano no mundo ocorrem cerca de 235 mil mortes devido ao CCU sendo 218 mil em paiacuteses considerados pobres ou emergentes(4) onde ocorre quase 60 dos casos novos de cacircncer ocupando um lugar de destaque nas taxas de morbimortalidade entre a populaccedilatildeo feminina Ressalta-se que na Ameacuterica Latina se encontram as mais altas taxas de incidecircncia desta doenccedila
27
representando uma das causas de oacutebito mais frequumlente entre as mulheres [] Natildeo considerando os carcinomas de pele natildeo melanoma o CCU eacute o mais incidente na Regiatildeo Norte (22100000) Jaacute nas regiotildees Sul (24100000) Centro-Oeste (19100000) e Nordeste (18100000) ocupa a segunda posiccedilatildeo e no Sudeste (18100000) a quarta posiccedilatildeo estando assim associado a regiotildees brasileiras de baixo niacutevel socioeconocircmico (RODRIGUES NETO FIGUEIREDO e SIQUEIRA 2008 p 1)
Dentre os fatores causadores e facilitadores desse tipo de cacircncer Ceacutesar et al
(2003) citam fatores reprodutivos maternos tais como iniacutecio precoce de atividade
sexual e comportamento sexual masculino baixo niacutevel socioeconocircmico muacuteltiplos
parceiros sexuais higiene sexual precaacuteria ocorrecircncia de abortos (particularmente os
induzidos) alcoolismo e tabagismo e uso de anticoncepcional oral Domingos et al
(2007 p 1) afirmam que ldquoo cacircncer do colo do uacutetero eacute um dos maiores problemas da
sauacutede da mulher em todo o mundo Estima-se que a cada ano ocorram no mundo
493000 novos casos da doenccedila e 274000 mortesrdquo
ldquoSegundo dados do Ministeacuterio da Sauacutede (MS) no ano de 2002 4091
mulheres morreram no Brasil vitimadas por este tipo de cacircncer Destas 297
ocorreram no Estado do Paranaacute na faixa etaacuteria de 30 a 49 anosrdquo (DOMINGOS et al
2007 p 1)
Zeferino (2008) relata que no Brasil o cacircncer do colo uterino eacute o terceiro mais
frequumlente o qual eacute superado apenas pelos cacircnceres de pele e de mama Trata-se
da quarta causa de oacutebito entre as mulheres superado apenas pelos cacircnceres de
mama do pulmatildeo e do coacutelon-reto No ano de 2003 foram registradas 4110 mortes
com cacircncer de colo uterino correspondendo a 7 do total dos oacutebitos devido a
cacircncer em mulheres De acordo com o autor
Cerca de 90 dos cacircnceres de colo uterino originaram-se de ceacutelulas escamosas sendo chamados de carcinomas escamosos ou carcinomas epidermoacuteides e outros 10 originaram-se de ceacutelulas glandulares sendo entatildeo chamados de adenocarcinomas Raramente podem aparecer os dois tipos de ceacutelulas e satildeo chamados carcinomas adenoescamosos Todavia tem sido observado que a proporccedilatildeo de adenocarcinoma do colo uterino tem aumentado nas uacuteltimas deacutecadas particularmente em mulheres jovens (BULK et al 2005 apud ZEFERINO 2008 p 68)
Segundo dados do INCA (2002 apud Ceacutesar et al 2003 p 1366) ldquono Brasil
o cacircncer de colo uterino eacute o segundo entre os tumores ginecoloacutegicos malignos e o
terceiro mais comum na populaccedilatildeo feminina Representa 10 de todos os cacircnceres
malignos em mulheresrdquo
28
De acordo com Albuquerque et al (2009) ldquoa infecccedilatildeo preacutevia pelo papiloma
viacuterus humano (HPV) tem sido apontada como o principal fator de risco para o cacircncer
de colo de uacuteterordquo Fatores como iniacutecio precoce da atividade sexual multiplicidade de
parceiros sexuais uso de contraceptivos orais tabagismo situaccedilatildeo conjugal e baixa
condiccedilatildeo soacutecio-econocircmica tecircm sido apontados como fatores de risco importantes
para o desenvolvimento dessa neoplasia
Narchi Janicas e Fernandes (2007) relatam que o cacircncer ceacutervico-uterino tem
sua origem a partir de uma lesatildeo intra-epitelial progressiva a qual pode evoluir para
um cacircncer invasivo dentro de um prazo em torno de 10 a 20 anos caso natildeo seja
oferecido tratamento
Conforme as autoras durante o periacuteodo de evoluccedilatildeo da doenccedila ela passa por
fases preacute-cliacutenicas detectaacuteveis e curaacuteveis lhe conferindo elevado potencial de
prevenccedilatildeo e cura Corresponde a cerca de 15 de todos os cacircnceres femininos
sendo o segundo tipo mais comum entre as mulheres Ainda na visatildeo das autoras a
mortalidade pelo cacircncer ceacutervico-uterino pode ser evitada devido agrave lenta evoluccedilatildeo da
doenccedila e devido aos recursos tecnoloacutegicos o diagnoacutestico e o tratamento oportunos
das lesotildees precursoras as quais satildeo curaacuteveis em ateacute 100 dos casos Entretanto
conforme as autoras mesmo o Brasil ter sido um dos primeiros paiacuteses a realizar os
exames de colpocitologia e colposcopia esse tipo de cacircncer ainda continua sendo
um seacuterio problema de sauacutede puacuteblica por manter uma das mais elevadas taxas de
oacutebito como pode ser verificado a seguir
No Brasil as accedilotildees de controle do cacircncer ginecoloacutegico iniciaram-se de forma programaacutetica em 1983 eacutepoca de implantaccedilatildeo do Programa de Assistecircncia Integral agrave Sauacutede da Mulher (PAISM) que representou uma ampliaccedilatildeo do foco de assistecircncia agrave mulher para aleacutem do ciclo graviacutedico-puerperal No entanto apesar das recomendaccedilotildees de implantaccedilatildeo ou ampliaccedilatildeo das atividades de diagnoacutestico do cacircncer ceacutervico-uterino e de educativas com vistas agrave prevenccedilatildeo da doenccedila por mais de uma deacutecada as accedilotildees de combate a essa doenccedila foram desenvolvidas no paiacutes de forma desarticulada por iniciativa de apenas alguns Estados e municiacutepios (NARCHI JANICAS e FERNANDES 2007 p 128)
Os autores pesquisados nesta revisatildeo narrativa serviram de subsiacutedios para a
elaboraccedilatildeo do plano de accedilatildeo apresentado no proacuteximo capiacutetulo cujo objetivo eacute
aumentar a cobertura do exame de prevenccedilatildeo do cacircncer do colo do uacutetero no Centro
de Sauacutede Felicidade II
29
5 PLANO DE ACcedilAtildeO PARA A AMPLIACcedilAtildeO DA COBERTURA DO EXAME COLPOCITOLOacuteGICO NO CENTRO DE SAUacuteDE FELICIDADE II
De acordo com a atividade realizada no Moacutedulo da Sauacutede da Mulher foram
constatados alguns problemas em relaccedilatildeo agrave cobertura do exame colpocitoloacutegico no
Centro de Sauacutede Felicidade II o qual apresentou em 2009 baixa cobertura A partir
daiacute foram detectados outros fatores que contribuem para o baixo iacutendice de
cobertura aqueacutem do que eacute preconizado pela Secretaacuteria Municipal de Sauacutede Neste
sentido o plano de accedilatildeo descrito no Quadro 1 vem propor estrateacutegias visando
ampliar da cobertura do exame colpocitoloacutegico e minimizar os problemas levantados
Acredita-se que por meio da implantaccedilatildeo do plano de accedilatildeo sugerido o
Centro de Sauacutede Felicidade II teraacute maior e melhor desempenho de sua equipe
alcanccedilando com isso o aprimoramento no atendimento da populaccedilatildeo alvo da
instituiccedilatildeo
30
QUADRO1 - PLANO DE ACcedilAtildeO PARA AUMENTAR A COBERTURA DO EXAME DE PREVEN9AO DO COLO DO UTERO PARA A EQUIPE DE SAUDE DO CENTRO DE SAUDE FELICIDADE II
PROBLEMA ATIVIDADES ACcedilOtildeES META RESPONSAVEL PERIODO
As ACS sentem inseguros para orientar agraves mulheres em relaccedilatildeo aos cuidados para realizar o exame preventivo por falta de conhecimento
Educaccedilatildeo em Sauacutede
Capacitaccedilatildeo da equipe sobre a importacircncia do exame colpocitoloacutegico
Nivelar o conhecimento dos membros da equipe
Municiacutepio Gerecircncia Regional de Sauacutede
Outubro2011
Enfermeiro natildeo se sente capacitado para a realizaccedilatildeo do exame de Papanicolaou
Capacitaccedilatildeo Teacutecnica do enfermeiro para a realizaccedilatildeo do exame de Papanicolaou
Solicitar agrave Ginecologista enfermeira treinamentocapacitaccedilatildeo do enfermeiro
Instrumentalizar o enfermeiro para a realizaccedilatildeo coleta de material
Enfermeira de outra Unidade Baacutesica de Sauacutede Meacutedico Ginecologista
Outubro2011
Baixo iacutendice de cobertura do exame citoloacutegico
Elaboraccedilatildeo de um instrumento para coleta de dados para identificar as mulheres de 25 a 59 anos na aacuterea de abrangecircncia do centro de sauacutede e tambeacutem para levantar quais os fatores que impeditivos para a realizaccedilatildeo do exame Incluir as mulheres identificadas no arquivo rotativo
Visita domiciliar
Visitar todas as mulheres dentro da aacuterea de abrangecircncia da UBS
ACS Novembro2011 Dezembro2011
Baixo iacutendice de cobertura do exame citoloacutegico
Agendamento da consulta de enfermagem consulta meacutedica para atender as prioridades levantadas no diagnoacutestico da atividade anterior para realizaccedilatildeo do exame Priorizar mulheres que nunca fizeram o exame ou que fizeram a mais de trecircs anos
Visita domiciliar Consulta de Enfermagem e consulta meacutedica
Orientar as mulheres sobre o exame preventivo Realizar o exame
ACS Meacutedico e enfermeira
Janeiro2012
31
O agendamento das consultas e marcado para datas muito distantes o que geralmente faz com que a mulher esqueccedila
Comunicaccedilatildeo da data do exame com antecedecircncia
Elaborar uma forma de entrar em contato com a paciente cinco dias antes da consulta agendada
Diminuir o iacutendice de ausecircncia agraves consultas
ACS Novembro2011
Desconhecimento das mulheres sobre o exame preventivo e os cuidados preparativos para o exame
Orientaccedilatildeo das mulheres sobre o exame e os cuidados preparativos para o exame
Criar um informativo contendo as orientaccedilotildees sobre o exame e os cuidados para serem entregue as usuaacuterias no momento da visita do ACS para informaacute-las da data e horaacuterio da consulta
Orientar todas usuaacuterias
Enfermeiro ACS
Janeiro2011
Entrega de resultados dos preventivos sem alteraccediloespelos ACSrsquos
Entrega do resultado do exame
Agendar um dia na semana para a entrega dos resultados dos exames Todos os exames deveratildeo ser vistos pelo enfermeiro Aqueles que apresentarem alguma alteraccedilatildeo a paciente deve ser encaminhada ao meacutedico Teacutecnico de Enfermagem Enfermeiro
Orientar as usuaacuterias
Os exames com resultados normais seratildeo entregues pelo teacutecnico de enfermagem Aqueles que apresentarem alguma alteraccedilatildeo seratildeo entregues pelo enfermeiro que deveraacute fazer os devidos encaminhamentos quando necessaacuterios
Dezembro2011
Entrega dos resultados de exames com alteraccedilotildees apoacutes consultas de retorno agendadas para usuaacuterias
Orientaccedilatildeo encaminhamento e acompanhamento da usuaacuteria
Visita domicilar Consulta de enfermagemconsulta meacutedica
Avaliar o estado de sauacutede da mulher Acompanhamento e orientaccedilotildees
Meacutedico e enfermeira Janeiro2012
Monitoramento e acompanhamento
- Agendamentos anuais - Elaboraccedilatildeo um arquivo rotativo - Estabelecimento de Indicadores de acompanhamento e
- Controlar a marcaccedilatildeo de consulta no intervalo de trecircs anos se apoacutes dois anos consecutivos de coleta os resultados forem negativos para
Monitorar o exame preventivo Acompanhar o estado de sauacutede das mulheres pela
Enfermeira e Teacutecnico de enfermagem
Novembro2011
32
avaliaccedilatildeo das accedilotildees votadas agrave sauacutede da mulher pela equipe de sauacutede
displasia ou neoplasia - Fazer a busca das usuaacuterias faltosas aos exames e consultas
equipe
Falta de interesse e conscientizaccedilatildeo em relaccedilatildeo agrave importacircncia do exame preventivo
Atendimento de Grupos Retomar o grupo de mulheres onde seratildeo abordados temas relativos agrave sauacutede da mulher Realizar orientaccedilotildees por meio de palestras nos grupos operativos
Conscientizar as mulheres sobre a importacircncia da realizaccedilatildeo do exame
Equipe de Sauacutede Fevereiro2012
Consulta eacute marcada com um meacutedico do sexo masculino
Agendamento com o enfermeiro quando possiacutevel
Reforccedilar com a paciente que durante a consulta estaraacute presente uma Auxiliar de Enfermagem
Diminuir a evasatildeo do exame prevenccedilatildeo Diminuir a resistecircncia ao atendimento masculino
Disponibilizar uma auxiliar ou teacutecnica de enfemagem para acompanhar o meacutedico durante o exame
Dezembro2011
Falta disponibilidade de horaacuterios mais flexiacuteveis pois haacute concentraccedilatildeo de horaacuterio pela manhatilde
Adequaccedilatildeo da Agenda Alteraccedilotildees na agenda com horaacuterios para adequar agraves necessidades dos usuaacuterios
Marcar os exames preventivos para o horaacuterio da tarde
Enfermeira e meacutedico Janeiro2012
33
6 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
A poliacutetica da sauacutede tem como principal objetivo promover mudanccedilas no intuito
de melhorar o niacutevel da sauacutede da populaccedilatildeo Diante dos resultados apurados nesse
estudo percebe-se a necessidade das intervenccedilotildees a serem efetuadas no Centro de
Sauacutede Felicidade II visando melhorar o iacutendice de cobertura dos exames
preventivos
Assim a realidade percebida no Centro de Sauacutede Felicidade II eacute que o
desempenho da equipe exerce grande impacto no desenvolvimento das accedilotildees
alcanccedilando dessa forma o objetivo de contribuir com o aprimoramento e a
consolidaccedilatildeo da assistecircncia agrave sauacutede da populaccedilatildeo
Como problemas levantados em relaccedilatildeo a baixa cobertura da prevenccedilatildeo do
cacircncer do colo do uacutetero identificamos as seguintes o ACS sentir inseguro para
orientar agraves mulheres em relaccedilatildeo aos cuidados para realizar o exame preventivo a
falta de capacitaccedilatildeo teacutecnica para o enfermeiro realizar o exame de Papanicolaou
consultas agendadas para datas muito distantes fazendo com que a mulher se
esqueccedila do diadesconhecimento das mulheres sobre o exame preventivo e os
cuidados preparativos para o mesmo falta de interesse e conscientizaccedilatildeo em
relaccedilatildeo agrave importacircncia do exame preventivo por parte das usuaacuteriaspudor da mulher
diante do profissional de sexo masculino e falta de disponibilidade de horaacuterios mais
flexiacuteveis com concentraccedilatildeo das consultas no horaacuterio da manhatilde
A partir dos problemas levantados foram propostas as atividades accedilotildees
metas e os responsaacuteveis pelas atividades no sentido de ampliar a cobertura das
mulheres por meio da participaccedilatildeo de toda a equipe de sauacutede Desse modo foi
muito importante tambeacutem a elaboraccedilatildeo das estrateacutegias para que o nuacutemero de
usuaacuterias seja aumentado Neste sentido destaca-se o papel do enfermeiro como
parte integrante da equipe de sauacutede e que desempenha um importante papel na
promoccedilatildeo da prevenccedilatildeo educaccedilatildeo e melhorias constantes nos serviccedilos oferecidos
agrave populaccedilatildeo
Nesta direccedilatildeo o Centro de Sauacutede Felicidade II deve se preocupar com a
capacitaccedilatildeo de seus funcionaacuterios com a organizaccedilatildeo do processo de trabalho das
equipes bem com um investimento maior nas accedilotildees de promoccedilatildeo e prevenccedilatildeo da
saude conforme abordado neste estudo
34
Desse modo cabe a todos os profissionais atuar mais na prevenccedilatildeo
promoccedilatildeo e recuperaccedilatildeo por meio de praacuteticas educativas promovendo campanhas
palestras sobre a sauacutede da mulher fornecendo orientaccedilotildees durante as consultas
para que se possa reverter o quadro de baixo iacutendice de cobertura no exame
preventivo de cacircncer do colo do uacutetero alcance assim a cobertura preconizada pela
Secretaacuteria de Sauacutede o que vai refletir na melhoria da assistecircncia a sauacutede agrave mulher
35
REFEREcircNCIAS ALBUQUERQUE KM et al Cobertura do Teste de Papanicolau e Fatores associados agrave Natildeo-Realizaccedilatildeo um olhar sobre o Programa de Prevenccedilatildeo do Cacircncer do Colo do Uacutetero em Pernambuco Brasil Caderno de Sauacutede Puacuteblica v 25 supl 2 Rio de Janeiro 2009 Disponiacutevel em lthttpwwwscielosporgscielophpscript=sci_arttextamppid=S0102-311X2009001400012gt Acesso em 6 nov 2010 BELO HORIZONTE Secretaria Municipal de Sauacutede Prevenccedilatildeo e Controle do Cacircncer do Colo de Uacutetero Belo Horizonte 2008 BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede O Programa Sauacutede da Famiacutelia e a Atenccedilatildeo Baacutesica no Brasil Brasiacutelia 2002 Disponiacutevel em lthttpwwwccssaudegovbrsaudebatea portamostravirtualpublicacoespsf_atencaobasicapdfgt Acesso em 01 abr 2010 CEacuteSAR JA et al Fatores Associados agrave natildeo Realizaccedilatildeo de Exame Citopatoloacutegico de Colo Uterino no Extremo Sul do Brasil Caderno de Sauacutede Puacuteblica Rio de Janeiro v19n5 p1365-1372 setout 2003 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrpdf0Dcspv19n517808pdfgt Acesso em 16 jul 2010 CORREcircA DA D VILLELA WV O Controle do Cacircncer do Colo do Uacutetero desafios para implementaccedilatildeo de accedilotildees programaacuteticas no Amazonas Brasil Rev bras sauacutede matern infantil v8 n4p491-497 outdez 2008 DIAS-DA-COSTA J S et al Cobertura do Exame Citopatoloacutegico na Cidade de Pelotas Rio Grande do Sul Brasil Caderno de Sauacutede Puacuteblica Rio de Janeiro v19 n1 p191-197 janfev 2003 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrpdfcspv19n114919pdfgt Acesso em 16 jul 2010 DOMINGOS ACP et al Cacircncer do Colo do Uacutetero comportamento preventivo de auto-cuidado agrave sauacutede Revista Ciecircncia Cuidado e Sauacutede 6 (Suplem 2) p 397-403 2007 Disponiacutevel em lthttpperiodicosuembrojsindexphpCiencCuidSaudearticleviewFile53373385gt Acesso em 5 nov 2010 HACKENHAAR AAC JURACI A DOMINGUES MR Exame Citopatoloacutegico de Colo Uterino em Mulheres com Idade entre 20 e 59 anos em Pelotas RS prevalecircncia foco e fatores associados agrave sua natildeo realizaccedilatildeo Revista Brasileira de EpidemiologiaSatildeo Paulo v9n1 Mar 2006 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S1415-790X2006000100013gt Acesso em 16 jul 2010 MONTEMOR EBL et al Controle do Cacircncer de Colo de Uacutetero o exame citopatoloacutegico In LOPES MHBde M (org) Enfermagem na Sauacutede da Mulher Goiacircnia AB 2006 p 45-65 NAKAGAWA JTT SCHIRMER J BARBIERI M Viacuterua HPV e Cacircncer de Colo de Uacutetero Revista Brasileira de Enfermagem v 63 n 2 Brasiacutelia marabri 2010
36
Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S0034-71672010000200021gt Acesso em 6 nov 2010 NARCHI NZ JANICAS Rde CS V FERNANDES RAacuteQ Prevenccedilatildeo e Controle do Cacircncer Ceacutervico-Uterino In FERNANDES RAacuteQ NARCHI NZ Enfermagem e Sauacutede da Mulher Barueri SP Manole 2007 p 127-149 NUacuteCLEO DE EDUCACcedilAtildeO EM SAUacuteDE COLETIVA ndash NESCON Faculdade de Medicina ndash UFMG Belo Horizonte Disponiacutevel em lthttpwwwnesconmedicinaufmgbrgt Acesso em 12 dez 2009 PINTO CAG COELHO IB BH Vida pensando a implantaccedilatildeo da Estrateacutegia de Sauacutede da Famiacutelia na cidade de Belo Horizonte passados 10 anos lthttpxayimgcomkqgroups15983109953140003nameImplantacao+do+BH+VIDA+-+Carlos+Gama+e+Ivan+Coelho5B15Dpdf gt Acesso em 01 mar 2011 RODRIGUES NETO JF FIGUEIREDO MFS SIQUEIRA LG Exame Citopatoloacutegico do Colo do Uacutetero fatores associados a natildeo realizaccedilatildeo em ESF Revista Eletrocircnica de Enfermagem 10 (3) 610-21 2008 Disponiacutevel em lthttpwwwfenufgbrrevistav10n3pdfv10n3a07pdfgt Acesso em 17 jul 2010 TAVARES SB do N et al Controle da Qualidade em Citopatologia Cervical revisatildeo de literatura Revista Brasileira de Cancerologia 53(3) 355-364 2007 Disponiacutevel em lthttpwwwincagovbrrbcn_53v03pdfrevisao6pdfgt Acesso em 17 jul 2010 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA Regulamento de Orientaccedilatildeo Do Trabalho De Conclusatildeo De Curso Do Curso De Licenciatura Em Letras ndashPORTUGUEcircS-ESPANHOL Disponiacutevel em lt httpwwwuepgbruepg_departamentosdeletpdfREG20PORT20ESPANHOLpdf gt Acesso em 23 set 2011 ZEFERINO L Prevenccedilatildeo e Controle do Cacircncer Ceacutervico-Uterino In LOPES MHB de M (org) Enfermagem na Sauacutede da Mulher Goiacircnia AB p 67-80 2006
23
No plano organizacional ou programaacutetico inserem-se as caracteriacutesticas
relacionadas agrave disponibilidade de serviccedilos de sauacutede em relaccedilatildeo agrave demanda e a sua
acessibilidade geograacutefica a organizaccedilatildeo e as necessidades da populaccedilatildeo usuaacuteria e
ao planejamento das accedilotildees efetivas na prevenccedilatildeo e na promoccedilatildeo a sauacutede sob a
forma de programas organizados de rastreamento do cacircncer cervical que primem
pelo respeito agrave autonomia individual e pela abordagem integral mulher (NARCHI
JANICAS e FERNANDES 2007)
Ainda segundo os autores um dos fatores que contribuem para a baixa
adesatildeo das mulheres ao programa eacute a falta de humanizaccedilatildeo na assistecircncia pois a
violecircncia institucional sofrida pelas mulheres durante a consulta ginecoloacutegica pode
ser traduzida pela humilhaccedilatildeo por constrangimento e pela forma fria e
despersonalizada com que satildeo atendidas sem serem esclarecidas quanto ao
resultado do exame ou por realizarem tratamentos por vaacuterios anos sem sequer
terem noccedilatildeo dos seus objetivos Isso submete a mulher a uma assistecircncia
medicalizada e indigna na qual se perde a oportunidade de investir em prevenccedilatildeo
primaacuteria (NARCHI JANICAS E FERNANDES 2007)
De acordo com Dias-da-Costa et al (2003) quando se fala acerca da sauacutede
puacuteblica eacute sabido que a efetividade do programa de controle do cacircncer de colo do
uacutetero depende da cobertura populacional alcanccedilada Poreacutem no Brasil a avaliaccedilatildeo
da efetividade de programas de prevenccedilatildeo e accedilotildees de sauacutede puacuteblica ainda eacute
considerada incipiente
43 Contexto histoacuterico da citologia oncoacutetica
Montemor et al (2008 p 45) relatam que na eacutepoca em que a citologia
ginecoloacutegica estava em desenvolvimento agrave ideacuteia preponderante entre os
ginecologistas era que sendo o colo uterino facilmente acessiacutevel agrave bioacutepsia dava-se
preferecircncia ao estudo histoloacutegico pois a citologia ainda carecia de credibilidade
diagnoacutestica
Os autores afirmam que foi Aureli Babes um patologista romeno em 1928
que sugeriu que fosse feita a coleta direta de material do colo uterino para o
diagnoacutestico do cacircncer sendo que o mesmo foi o primeiro pesquisador que
descreveu de forma minuciosa a teacutecnica de coleta utilizando a coloraccedilatildeo atraveacutes do
24
meacutetodo de Giemsa Entretanto ainda de acordo com os autores foi George
Nicholas Papanicolaou um grego nascido em 1883 em Kymi na ilha grega de
Euboea que se aprofundou nos estudos acerca da citologia ginecoloacutegica o qual em
1913 se fixou nos Eua como pesquisador do laboratoacuterio do Hospital de Nova Iorque
Segundo os autores Neste sentido os autores afirmam que
Papanicolaou quando estudava as alteraccedilotildees hormonais das ceacutelulas nas diferentes fases do ciclo menstrual observou que tambeacutem era possiacutevel o diagnoacutestico das ceacutelulas tumorais do colo uterino Em 1941 publicou no American Journal of Obstetrics and Gynecology em co-autoria com Traut um trabalho com o tiacutetulo de O valor diagnoacutestico dos esfregaccedilos vaginais no carcinoma do uacutetero Nessa publicaccedilatildeo mostra a possibilidade de fazer diagnoacutestico de carcinoma do colo uterino atraveacutes de ceacutelulas atiacutepicas presentes nos esfregaccedilos bem como enfatiza a necessidade de aplicar esse meacutetodo simples e de baixo custo a um grande nuacutemero de mulheres O meacutetodo de coloraccedilatildeo dos esfregaccedilos citoloacutegicos que leva o nome de ldquoColoraccedilatildeo de Papanicolaourdquo eacute ainda hoje largamente utilizado (MONTEMOR et al 2008 p 46)
Os autores relatam ainda que em meados de 1940 o J Ernest Ayre um
meacutedico canadense utilizou uma espaacutetula a qual leva o seu nome para obter
raspados do colo uterino possibilitando dessa forma uma maneira praacutetica e
eficiente de coleta de material para a realizaccedilatildeo de exames em grande escala
(MONTEMOR et al 2008) De acordo com Tavares et al (2007) o exame
citopatoloacutegico foi sugerido como uma ferramenta para a detecccedilatildeo precoce do cacircncer
do colo do uacutetero em 1941
Conforme Hackenhaar Ceacutesar e Domingues (2006) a prevenccedilatildeo considerada
como secundaacuteria do cacircncer do colo uterino tem se centralizado no rastreamento de
mulheres sexualmente ativas atraveacutes do exame citopatoloacutegico do colo uterino O
qual foi adotado para rastreamento na deacutecada de 50 em vaacuterios paiacuteses uma vez que
identifica lesotildees preacute-cancerosas que se tratadas minimizam a incidecircncia de
carcinoma invasor e com isso a mortalidade pelo cacircncer de colo uterino Segundo
os autores
Em 1998 o Ministeacuterio da Sauacutede do Brasil estabeleceu que o exame para a detecccedilatildeo precoce do cacircncer do colo uterino deveria ser realizado por mulheres com idade entre 25 e 60 anos ou antes desta faixa etaacuteria caso jaacute tivessem mantido relaccedilotildees sexuais Para estas mulheres a periodicidade deveria ser de trecircs em trecircs anos se os dois primeiros exames realizados a cada ano fossem normais Em 2002 ocorreu a fase de intensificaccedilatildeo da campanha que tinha por objetivo realizar exames nas mulheres de 35 a 49 anos que nunca haviam realizado este tipo de exame ou que o houvessem
25
realizado haacute mais de trecircs anos (HACKENHAAR CEacuteSAR e DOMINGUES 2006 p 1)
44 Conceitos e caracteriacutesticas do exame de prevenccedilatildeo do cacircncer
Conforme Montemor et al (2008) o exame citopatoloacutegico tambeacutem conhecido
como exame Papanicolaou ou ainda exame preventivo do cacircncer do colo do uacutetero
tem como objetivo a anaacutelise das ceacutelulas obtidas por raspagem do colo uterino
(ectoceacutervice e canal endocervical) com as quais eacute realizado esfregaccedilo sobre uma
lacircmina de vidro De acordo com os autores as caracteriacutesticas morfoloacutegicas das
ceacutelulas satildeo observadas ao microscoacutepio e quando alteradas ou seja quando estatildeo
diferentes daquelas consideradas normais sugerem tratar-se de processo preacute-
neoplaacutesico ou neoplaacutesico Os autores afirmam ainda que atualmente o exame
citopatoloacutegico eacute o meacutetodo de rastreamento para cacircncer do colo uterino mais utilizado
em todo o mundo
De acordo com Tavares (2007) o exame citopatoloacutegico eacute considerado um
meacutetodo eficiente pois tem a habilidade de identificar lesotildees precursoras do cacircncer
do colo do uacutetero que naquele momento satildeo trataacuteveis podendo resultar em
significante decreacutescimo da mortalidade por esse tipo de cacircncer
45 O cacircncer do colo do uacutetero
Segundo Zeferino (2008) o cacircncer do colo uterino tem sido um desafio para a
sauacutede puacuteblica na reduccedilatildeo de morte de mulheres por causa desse mal uma vez que
se trata de uma doenccedila que pode ser evitada por meio do diagnoacutestico e do
tratamento de suas lesotildees precursoras Neste sentido Narchi Janicas e Fernandes
(2007) concordam com Zeferino (2008) quando afirmam que o cacircncer chamado por
eles de cacircncer ceacutervico-uterino vem sendo alvo de atenccedilatildeo por parte da comunidade
cientiacutefica devido ocupar lugar de destaque no que diz respeito agraves elevadas taxas de
morbidade e mortalidade entre a populaccedilatildeo feminina principalmente em paiacuteses em
desenvolvimento uma vez que trata-se de um tipo de cacircncer que estaacute relacionado
ao perfil epidemioloacutegico das mulheres cuja frequecircncia dos fatores de risco e do grau
de implementaccedilatildeo de accedilotildees de curto e longo prazos em todos os niacuteveis de atenccedilatildeo
26
De acordo com Hackenhaar Ceacutesar e Domingues (2006 p1) ldquoo cacircncer do
colo uterino eacute um problema de sauacutede puacuteblica mundialrdquo Segundo os autores
Em 2000 havia uma estimativa de 468000 casos com 233000 mortes por este tipo de cacircncer em todo o mundo Destas mortes 80 ocorreriam nos paiacuteses em desenvolvimento No Brasil o cacircncer de colo uterino representa a segunda maior causa de morte por cacircncer entre as mulheres (HACKENHAAR CEacuteSAR e DOMINGUES 2006 p 1)
Por meio do controle perioacutedico utilizando-se o exame citoloacutegico eacute possiacutevel
reduzir sua incidecircncia pois dados da Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede (OMS)
afirmam que a cada ano surgem cerca de 500 mil novos casos de cacircncer do colo
uterino por ano no mundo todo sendo que mais de 400 mil ocorrem em paiacuteses em
desenvolvimento (ZEFERINO 2008) Este dado eacute confirmado por Ceacutesar et al
(2003) quando os autores afirmam que cerca de 80 dos casos de cacircncer de colo
uterino ocorrem nos paiacuteses pobres
Domingos et al (2007 p 1) explicam que ldquoo cacircncer de colo de uacutetero eacute uma
doenccedila de evoluccedilatildeo lenta levando em meacutedia 14 anos para sua evoluccedilatildeo total
Inicia-se com alteraccedilotildees miacutenimas nas ceacutelulas denominadas displasia e se natildeo
forem tratadas estas alteraccedilotildees evoluemrdquo De acordo com os autores
Com o desenvolvimento da doenccedila em meacutedia trecircs anos apoacutes a constataccedilatildeo das primeiras alteraccedilotildees celulares surge um tumor localizado chamado carcinoma in situ Este cacircncer desenvolve-se por mais seis anos invadindo a mucosa do uacutetero quando recebe o nome de carcinoma invasor Apoacutes 14 anos das primeiras alteraccedilotildees celulares o cacircncer atinge a forma mais grave com o aparecimento de metaacutestase espalhando-se assim por outras regiotildees do corpo (DOMINGOS et al 2007 p 1)
Conforme Rodrigues Neto Figueiredo e Siqueira (2008 p 1) o cacircncer tem
sido responsaacutevel por seis milhotildees de mortes por ano correspondendo a 12 das
mortes mundiais ldquoEstima-se a ocorrecircncia de mais de dez milhotildees de novos casos
de cacircncer por ano sendo que para o ano de 2020 espera-se que haja mais de 15
milhotildees de casos novosrdquo Para os autores
O cacircncer do colo do uacutetero (CCU) ocupa o 2ordm lugar na incidecircncia mundial de neoplasias estando atraacutes apenas do cacircncer de mama Por ano no mundo ocorrem cerca de 235 mil mortes devido ao CCU sendo 218 mil em paiacuteses considerados pobres ou emergentes(4) onde ocorre quase 60 dos casos novos de cacircncer ocupando um lugar de destaque nas taxas de morbimortalidade entre a populaccedilatildeo feminina Ressalta-se que na Ameacuterica Latina se encontram as mais altas taxas de incidecircncia desta doenccedila
27
representando uma das causas de oacutebito mais frequumlente entre as mulheres [] Natildeo considerando os carcinomas de pele natildeo melanoma o CCU eacute o mais incidente na Regiatildeo Norte (22100000) Jaacute nas regiotildees Sul (24100000) Centro-Oeste (19100000) e Nordeste (18100000) ocupa a segunda posiccedilatildeo e no Sudeste (18100000) a quarta posiccedilatildeo estando assim associado a regiotildees brasileiras de baixo niacutevel socioeconocircmico (RODRIGUES NETO FIGUEIREDO e SIQUEIRA 2008 p 1)
Dentre os fatores causadores e facilitadores desse tipo de cacircncer Ceacutesar et al
(2003) citam fatores reprodutivos maternos tais como iniacutecio precoce de atividade
sexual e comportamento sexual masculino baixo niacutevel socioeconocircmico muacuteltiplos
parceiros sexuais higiene sexual precaacuteria ocorrecircncia de abortos (particularmente os
induzidos) alcoolismo e tabagismo e uso de anticoncepcional oral Domingos et al
(2007 p 1) afirmam que ldquoo cacircncer do colo do uacutetero eacute um dos maiores problemas da
sauacutede da mulher em todo o mundo Estima-se que a cada ano ocorram no mundo
493000 novos casos da doenccedila e 274000 mortesrdquo
ldquoSegundo dados do Ministeacuterio da Sauacutede (MS) no ano de 2002 4091
mulheres morreram no Brasil vitimadas por este tipo de cacircncer Destas 297
ocorreram no Estado do Paranaacute na faixa etaacuteria de 30 a 49 anosrdquo (DOMINGOS et al
2007 p 1)
Zeferino (2008) relata que no Brasil o cacircncer do colo uterino eacute o terceiro mais
frequumlente o qual eacute superado apenas pelos cacircnceres de pele e de mama Trata-se
da quarta causa de oacutebito entre as mulheres superado apenas pelos cacircnceres de
mama do pulmatildeo e do coacutelon-reto No ano de 2003 foram registradas 4110 mortes
com cacircncer de colo uterino correspondendo a 7 do total dos oacutebitos devido a
cacircncer em mulheres De acordo com o autor
Cerca de 90 dos cacircnceres de colo uterino originaram-se de ceacutelulas escamosas sendo chamados de carcinomas escamosos ou carcinomas epidermoacuteides e outros 10 originaram-se de ceacutelulas glandulares sendo entatildeo chamados de adenocarcinomas Raramente podem aparecer os dois tipos de ceacutelulas e satildeo chamados carcinomas adenoescamosos Todavia tem sido observado que a proporccedilatildeo de adenocarcinoma do colo uterino tem aumentado nas uacuteltimas deacutecadas particularmente em mulheres jovens (BULK et al 2005 apud ZEFERINO 2008 p 68)
Segundo dados do INCA (2002 apud Ceacutesar et al 2003 p 1366) ldquono Brasil
o cacircncer de colo uterino eacute o segundo entre os tumores ginecoloacutegicos malignos e o
terceiro mais comum na populaccedilatildeo feminina Representa 10 de todos os cacircnceres
malignos em mulheresrdquo
28
De acordo com Albuquerque et al (2009) ldquoa infecccedilatildeo preacutevia pelo papiloma
viacuterus humano (HPV) tem sido apontada como o principal fator de risco para o cacircncer
de colo de uacuteterordquo Fatores como iniacutecio precoce da atividade sexual multiplicidade de
parceiros sexuais uso de contraceptivos orais tabagismo situaccedilatildeo conjugal e baixa
condiccedilatildeo soacutecio-econocircmica tecircm sido apontados como fatores de risco importantes
para o desenvolvimento dessa neoplasia
Narchi Janicas e Fernandes (2007) relatam que o cacircncer ceacutervico-uterino tem
sua origem a partir de uma lesatildeo intra-epitelial progressiva a qual pode evoluir para
um cacircncer invasivo dentro de um prazo em torno de 10 a 20 anos caso natildeo seja
oferecido tratamento
Conforme as autoras durante o periacuteodo de evoluccedilatildeo da doenccedila ela passa por
fases preacute-cliacutenicas detectaacuteveis e curaacuteveis lhe conferindo elevado potencial de
prevenccedilatildeo e cura Corresponde a cerca de 15 de todos os cacircnceres femininos
sendo o segundo tipo mais comum entre as mulheres Ainda na visatildeo das autoras a
mortalidade pelo cacircncer ceacutervico-uterino pode ser evitada devido agrave lenta evoluccedilatildeo da
doenccedila e devido aos recursos tecnoloacutegicos o diagnoacutestico e o tratamento oportunos
das lesotildees precursoras as quais satildeo curaacuteveis em ateacute 100 dos casos Entretanto
conforme as autoras mesmo o Brasil ter sido um dos primeiros paiacuteses a realizar os
exames de colpocitologia e colposcopia esse tipo de cacircncer ainda continua sendo
um seacuterio problema de sauacutede puacuteblica por manter uma das mais elevadas taxas de
oacutebito como pode ser verificado a seguir
No Brasil as accedilotildees de controle do cacircncer ginecoloacutegico iniciaram-se de forma programaacutetica em 1983 eacutepoca de implantaccedilatildeo do Programa de Assistecircncia Integral agrave Sauacutede da Mulher (PAISM) que representou uma ampliaccedilatildeo do foco de assistecircncia agrave mulher para aleacutem do ciclo graviacutedico-puerperal No entanto apesar das recomendaccedilotildees de implantaccedilatildeo ou ampliaccedilatildeo das atividades de diagnoacutestico do cacircncer ceacutervico-uterino e de educativas com vistas agrave prevenccedilatildeo da doenccedila por mais de uma deacutecada as accedilotildees de combate a essa doenccedila foram desenvolvidas no paiacutes de forma desarticulada por iniciativa de apenas alguns Estados e municiacutepios (NARCHI JANICAS e FERNANDES 2007 p 128)
Os autores pesquisados nesta revisatildeo narrativa serviram de subsiacutedios para a
elaboraccedilatildeo do plano de accedilatildeo apresentado no proacuteximo capiacutetulo cujo objetivo eacute
aumentar a cobertura do exame de prevenccedilatildeo do cacircncer do colo do uacutetero no Centro
de Sauacutede Felicidade II
29
5 PLANO DE ACcedilAtildeO PARA A AMPLIACcedilAtildeO DA COBERTURA DO EXAME COLPOCITOLOacuteGICO NO CENTRO DE SAUacuteDE FELICIDADE II
De acordo com a atividade realizada no Moacutedulo da Sauacutede da Mulher foram
constatados alguns problemas em relaccedilatildeo agrave cobertura do exame colpocitoloacutegico no
Centro de Sauacutede Felicidade II o qual apresentou em 2009 baixa cobertura A partir
daiacute foram detectados outros fatores que contribuem para o baixo iacutendice de
cobertura aqueacutem do que eacute preconizado pela Secretaacuteria Municipal de Sauacutede Neste
sentido o plano de accedilatildeo descrito no Quadro 1 vem propor estrateacutegias visando
ampliar da cobertura do exame colpocitoloacutegico e minimizar os problemas levantados
Acredita-se que por meio da implantaccedilatildeo do plano de accedilatildeo sugerido o
Centro de Sauacutede Felicidade II teraacute maior e melhor desempenho de sua equipe
alcanccedilando com isso o aprimoramento no atendimento da populaccedilatildeo alvo da
instituiccedilatildeo
30
QUADRO1 - PLANO DE ACcedilAtildeO PARA AUMENTAR A COBERTURA DO EXAME DE PREVEN9AO DO COLO DO UTERO PARA A EQUIPE DE SAUDE DO CENTRO DE SAUDE FELICIDADE II
PROBLEMA ATIVIDADES ACcedilOtildeES META RESPONSAVEL PERIODO
As ACS sentem inseguros para orientar agraves mulheres em relaccedilatildeo aos cuidados para realizar o exame preventivo por falta de conhecimento
Educaccedilatildeo em Sauacutede
Capacitaccedilatildeo da equipe sobre a importacircncia do exame colpocitoloacutegico
Nivelar o conhecimento dos membros da equipe
Municiacutepio Gerecircncia Regional de Sauacutede
Outubro2011
Enfermeiro natildeo se sente capacitado para a realizaccedilatildeo do exame de Papanicolaou
Capacitaccedilatildeo Teacutecnica do enfermeiro para a realizaccedilatildeo do exame de Papanicolaou
Solicitar agrave Ginecologista enfermeira treinamentocapacitaccedilatildeo do enfermeiro
Instrumentalizar o enfermeiro para a realizaccedilatildeo coleta de material
Enfermeira de outra Unidade Baacutesica de Sauacutede Meacutedico Ginecologista
Outubro2011
Baixo iacutendice de cobertura do exame citoloacutegico
Elaboraccedilatildeo de um instrumento para coleta de dados para identificar as mulheres de 25 a 59 anos na aacuterea de abrangecircncia do centro de sauacutede e tambeacutem para levantar quais os fatores que impeditivos para a realizaccedilatildeo do exame Incluir as mulheres identificadas no arquivo rotativo
Visita domiciliar
Visitar todas as mulheres dentro da aacuterea de abrangecircncia da UBS
ACS Novembro2011 Dezembro2011
Baixo iacutendice de cobertura do exame citoloacutegico
Agendamento da consulta de enfermagem consulta meacutedica para atender as prioridades levantadas no diagnoacutestico da atividade anterior para realizaccedilatildeo do exame Priorizar mulheres que nunca fizeram o exame ou que fizeram a mais de trecircs anos
Visita domiciliar Consulta de Enfermagem e consulta meacutedica
Orientar as mulheres sobre o exame preventivo Realizar o exame
ACS Meacutedico e enfermeira
Janeiro2012
31
O agendamento das consultas e marcado para datas muito distantes o que geralmente faz com que a mulher esqueccedila
Comunicaccedilatildeo da data do exame com antecedecircncia
Elaborar uma forma de entrar em contato com a paciente cinco dias antes da consulta agendada
Diminuir o iacutendice de ausecircncia agraves consultas
ACS Novembro2011
Desconhecimento das mulheres sobre o exame preventivo e os cuidados preparativos para o exame
Orientaccedilatildeo das mulheres sobre o exame e os cuidados preparativos para o exame
Criar um informativo contendo as orientaccedilotildees sobre o exame e os cuidados para serem entregue as usuaacuterias no momento da visita do ACS para informaacute-las da data e horaacuterio da consulta
Orientar todas usuaacuterias
Enfermeiro ACS
Janeiro2011
Entrega de resultados dos preventivos sem alteraccediloespelos ACSrsquos
Entrega do resultado do exame
Agendar um dia na semana para a entrega dos resultados dos exames Todos os exames deveratildeo ser vistos pelo enfermeiro Aqueles que apresentarem alguma alteraccedilatildeo a paciente deve ser encaminhada ao meacutedico Teacutecnico de Enfermagem Enfermeiro
Orientar as usuaacuterias
Os exames com resultados normais seratildeo entregues pelo teacutecnico de enfermagem Aqueles que apresentarem alguma alteraccedilatildeo seratildeo entregues pelo enfermeiro que deveraacute fazer os devidos encaminhamentos quando necessaacuterios
Dezembro2011
Entrega dos resultados de exames com alteraccedilotildees apoacutes consultas de retorno agendadas para usuaacuterias
Orientaccedilatildeo encaminhamento e acompanhamento da usuaacuteria
Visita domicilar Consulta de enfermagemconsulta meacutedica
Avaliar o estado de sauacutede da mulher Acompanhamento e orientaccedilotildees
Meacutedico e enfermeira Janeiro2012
Monitoramento e acompanhamento
- Agendamentos anuais - Elaboraccedilatildeo um arquivo rotativo - Estabelecimento de Indicadores de acompanhamento e
- Controlar a marcaccedilatildeo de consulta no intervalo de trecircs anos se apoacutes dois anos consecutivos de coleta os resultados forem negativos para
Monitorar o exame preventivo Acompanhar o estado de sauacutede das mulheres pela
Enfermeira e Teacutecnico de enfermagem
Novembro2011
32
avaliaccedilatildeo das accedilotildees votadas agrave sauacutede da mulher pela equipe de sauacutede
displasia ou neoplasia - Fazer a busca das usuaacuterias faltosas aos exames e consultas
equipe
Falta de interesse e conscientizaccedilatildeo em relaccedilatildeo agrave importacircncia do exame preventivo
Atendimento de Grupos Retomar o grupo de mulheres onde seratildeo abordados temas relativos agrave sauacutede da mulher Realizar orientaccedilotildees por meio de palestras nos grupos operativos
Conscientizar as mulheres sobre a importacircncia da realizaccedilatildeo do exame
Equipe de Sauacutede Fevereiro2012
Consulta eacute marcada com um meacutedico do sexo masculino
Agendamento com o enfermeiro quando possiacutevel
Reforccedilar com a paciente que durante a consulta estaraacute presente uma Auxiliar de Enfermagem
Diminuir a evasatildeo do exame prevenccedilatildeo Diminuir a resistecircncia ao atendimento masculino
Disponibilizar uma auxiliar ou teacutecnica de enfemagem para acompanhar o meacutedico durante o exame
Dezembro2011
Falta disponibilidade de horaacuterios mais flexiacuteveis pois haacute concentraccedilatildeo de horaacuterio pela manhatilde
Adequaccedilatildeo da Agenda Alteraccedilotildees na agenda com horaacuterios para adequar agraves necessidades dos usuaacuterios
Marcar os exames preventivos para o horaacuterio da tarde
Enfermeira e meacutedico Janeiro2012
33
6 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
A poliacutetica da sauacutede tem como principal objetivo promover mudanccedilas no intuito
de melhorar o niacutevel da sauacutede da populaccedilatildeo Diante dos resultados apurados nesse
estudo percebe-se a necessidade das intervenccedilotildees a serem efetuadas no Centro de
Sauacutede Felicidade II visando melhorar o iacutendice de cobertura dos exames
preventivos
Assim a realidade percebida no Centro de Sauacutede Felicidade II eacute que o
desempenho da equipe exerce grande impacto no desenvolvimento das accedilotildees
alcanccedilando dessa forma o objetivo de contribuir com o aprimoramento e a
consolidaccedilatildeo da assistecircncia agrave sauacutede da populaccedilatildeo
Como problemas levantados em relaccedilatildeo a baixa cobertura da prevenccedilatildeo do
cacircncer do colo do uacutetero identificamos as seguintes o ACS sentir inseguro para
orientar agraves mulheres em relaccedilatildeo aos cuidados para realizar o exame preventivo a
falta de capacitaccedilatildeo teacutecnica para o enfermeiro realizar o exame de Papanicolaou
consultas agendadas para datas muito distantes fazendo com que a mulher se
esqueccedila do diadesconhecimento das mulheres sobre o exame preventivo e os
cuidados preparativos para o mesmo falta de interesse e conscientizaccedilatildeo em
relaccedilatildeo agrave importacircncia do exame preventivo por parte das usuaacuteriaspudor da mulher
diante do profissional de sexo masculino e falta de disponibilidade de horaacuterios mais
flexiacuteveis com concentraccedilatildeo das consultas no horaacuterio da manhatilde
A partir dos problemas levantados foram propostas as atividades accedilotildees
metas e os responsaacuteveis pelas atividades no sentido de ampliar a cobertura das
mulheres por meio da participaccedilatildeo de toda a equipe de sauacutede Desse modo foi
muito importante tambeacutem a elaboraccedilatildeo das estrateacutegias para que o nuacutemero de
usuaacuterias seja aumentado Neste sentido destaca-se o papel do enfermeiro como
parte integrante da equipe de sauacutede e que desempenha um importante papel na
promoccedilatildeo da prevenccedilatildeo educaccedilatildeo e melhorias constantes nos serviccedilos oferecidos
agrave populaccedilatildeo
Nesta direccedilatildeo o Centro de Sauacutede Felicidade II deve se preocupar com a
capacitaccedilatildeo de seus funcionaacuterios com a organizaccedilatildeo do processo de trabalho das
equipes bem com um investimento maior nas accedilotildees de promoccedilatildeo e prevenccedilatildeo da
saude conforme abordado neste estudo
34
Desse modo cabe a todos os profissionais atuar mais na prevenccedilatildeo
promoccedilatildeo e recuperaccedilatildeo por meio de praacuteticas educativas promovendo campanhas
palestras sobre a sauacutede da mulher fornecendo orientaccedilotildees durante as consultas
para que se possa reverter o quadro de baixo iacutendice de cobertura no exame
preventivo de cacircncer do colo do uacutetero alcance assim a cobertura preconizada pela
Secretaacuteria de Sauacutede o que vai refletir na melhoria da assistecircncia a sauacutede agrave mulher
35
REFEREcircNCIAS ALBUQUERQUE KM et al Cobertura do Teste de Papanicolau e Fatores associados agrave Natildeo-Realizaccedilatildeo um olhar sobre o Programa de Prevenccedilatildeo do Cacircncer do Colo do Uacutetero em Pernambuco Brasil Caderno de Sauacutede Puacuteblica v 25 supl 2 Rio de Janeiro 2009 Disponiacutevel em lthttpwwwscielosporgscielophpscript=sci_arttextamppid=S0102-311X2009001400012gt Acesso em 6 nov 2010 BELO HORIZONTE Secretaria Municipal de Sauacutede Prevenccedilatildeo e Controle do Cacircncer do Colo de Uacutetero Belo Horizonte 2008 BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede O Programa Sauacutede da Famiacutelia e a Atenccedilatildeo Baacutesica no Brasil Brasiacutelia 2002 Disponiacutevel em lthttpwwwccssaudegovbrsaudebatea portamostravirtualpublicacoespsf_atencaobasicapdfgt Acesso em 01 abr 2010 CEacuteSAR JA et al Fatores Associados agrave natildeo Realizaccedilatildeo de Exame Citopatoloacutegico de Colo Uterino no Extremo Sul do Brasil Caderno de Sauacutede Puacuteblica Rio de Janeiro v19n5 p1365-1372 setout 2003 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrpdf0Dcspv19n517808pdfgt Acesso em 16 jul 2010 CORREcircA DA D VILLELA WV O Controle do Cacircncer do Colo do Uacutetero desafios para implementaccedilatildeo de accedilotildees programaacuteticas no Amazonas Brasil Rev bras sauacutede matern infantil v8 n4p491-497 outdez 2008 DIAS-DA-COSTA J S et al Cobertura do Exame Citopatoloacutegico na Cidade de Pelotas Rio Grande do Sul Brasil Caderno de Sauacutede Puacuteblica Rio de Janeiro v19 n1 p191-197 janfev 2003 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrpdfcspv19n114919pdfgt Acesso em 16 jul 2010 DOMINGOS ACP et al Cacircncer do Colo do Uacutetero comportamento preventivo de auto-cuidado agrave sauacutede Revista Ciecircncia Cuidado e Sauacutede 6 (Suplem 2) p 397-403 2007 Disponiacutevel em lthttpperiodicosuembrojsindexphpCiencCuidSaudearticleviewFile53373385gt Acesso em 5 nov 2010 HACKENHAAR AAC JURACI A DOMINGUES MR Exame Citopatoloacutegico de Colo Uterino em Mulheres com Idade entre 20 e 59 anos em Pelotas RS prevalecircncia foco e fatores associados agrave sua natildeo realizaccedilatildeo Revista Brasileira de EpidemiologiaSatildeo Paulo v9n1 Mar 2006 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S1415-790X2006000100013gt Acesso em 16 jul 2010 MONTEMOR EBL et al Controle do Cacircncer de Colo de Uacutetero o exame citopatoloacutegico In LOPES MHBde M (org) Enfermagem na Sauacutede da Mulher Goiacircnia AB 2006 p 45-65 NAKAGAWA JTT SCHIRMER J BARBIERI M Viacuterua HPV e Cacircncer de Colo de Uacutetero Revista Brasileira de Enfermagem v 63 n 2 Brasiacutelia marabri 2010
36
Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S0034-71672010000200021gt Acesso em 6 nov 2010 NARCHI NZ JANICAS Rde CS V FERNANDES RAacuteQ Prevenccedilatildeo e Controle do Cacircncer Ceacutervico-Uterino In FERNANDES RAacuteQ NARCHI NZ Enfermagem e Sauacutede da Mulher Barueri SP Manole 2007 p 127-149 NUacuteCLEO DE EDUCACcedilAtildeO EM SAUacuteDE COLETIVA ndash NESCON Faculdade de Medicina ndash UFMG Belo Horizonte Disponiacutevel em lthttpwwwnesconmedicinaufmgbrgt Acesso em 12 dez 2009 PINTO CAG COELHO IB BH Vida pensando a implantaccedilatildeo da Estrateacutegia de Sauacutede da Famiacutelia na cidade de Belo Horizonte passados 10 anos lthttpxayimgcomkqgroups15983109953140003nameImplantacao+do+BH+VIDA+-+Carlos+Gama+e+Ivan+Coelho5B15Dpdf gt Acesso em 01 mar 2011 RODRIGUES NETO JF FIGUEIREDO MFS SIQUEIRA LG Exame Citopatoloacutegico do Colo do Uacutetero fatores associados a natildeo realizaccedilatildeo em ESF Revista Eletrocircnica de Enfermagem 10 (3) 610-21 2008 Disponiacutevel em lthttpwwwfenufgbrrevistav10n3pdfv10n3a07pdfgt Acesso em 17 jul 2010 TAVARES SB do N et al Controle da Qualidade em Citopatologia Cervical revisatildeo de literatura Revista Brasileira de Cancerologia 53(3) 355-364 2007 Disponiacutevel em lthttpwwwincagovbrrbcn_53v03pdfrevisao6pdfgt Acesso em 17 jul 2010 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA Regulamento de Orientaccedilatildeo Do Trabalho De Conclusatildeo De Curso Do Curso De Licenciatura Em Letras ndashPORTUGUEcircS-ESPANHOL Disponiacutevel em lt httpwwwuepgbruepg_departamentosdeletpdfREG20PORT20ESPANHOLpdf gt Acesso em 23 set 2011 ZEFERINO L Prevenccedilatildeo e Controle do Cacircncer Ceacutervico-Uterino In LOPES MHB de M (org) Enfermagem na Sauacutede da Mulher Goiacircnia AB p 67-80 2006
24
meacutetodo de Giemsa Entretanto ainda de acordo com os autores foi George
Nicholas Papanicolaou um grego nascido em 1883 em Kymi na ilha grega de
Euboea que se aprofundou nos estudos acerca da citologia ginecoloacutegica o qual em
1913 se fixou nos Eua como pesquisador do laboratoacuterio do Hospital de Nova Iorque
Segundo os autores Neste sentido os autores afirmam que
Papanicolaou quando estudava as alteraccedilotildees hormonais das ceacutelulas nas diferentes fases do ciclo menstrual observou que tambeacutem era possiacutevel o diagnoacutestico das ceacutelulas tumorais do colo uterino Em 1941 publicou no American Journal of Obstetrics and Gynecology em co-autoria com Traut um trabalho com o tiacutetulo de O valor diagnoacutestico dos esfregaccedilos vaginais no carcinoma do uacutetero Nessa publicaccedilatildeo mostra a possibilidade de fazer diagnoacutestico de carcinoma do colo uterino atraveacutes de ceacutelulas atiacutepicas presentes nos esfregaccedilos bem como enfatiza a necessidade de aplicar esse meacutetodo simples e de baixo custo a um grande nuacutemero de mulheres O meacutetodo de coloraccedilatildeo dos esfregaccedilos citoloacutegicos que leva o nome de ldquoColoraccedilatildeo de Papanicolaourdquo eacute ainda hoje largamente utilizado (MONTEMOR et al 2008 p 46)
Os autores relatam ainda que em meados de 1940 o J Ernest Ayre um
meacutedico canadense utilizou uma espaacutetula a qual leva o seu nome para obter
raspados do colo uterino possibilitando dessa forma uma maneira praacutetica e
eficiente de coleta de material para a realizaccedilatildeo de exames em grande escala
(MONTEMOR et al 2008) De acordo com Tavares et al (2007) o exame
citopatoloacutegico foi sugerido como uma ferramenta para a detecccedilatildeo precoce do cacircncer
do colo do uacutetero em 1941
Conforme Hackenhaar Ceacutesar e Domingues (2006) a prevenccedilatildeo considerada
como secundaacuteria do cacircncer do colo uterino tem se centralizado no rastreamento de
mulheres sexualmente ativas atraveacutes do exame citopatoloacutegico do colo uterino O
qual foi adotado para rastreamento na deacutecada de 50 em vaacuterios paiacuteses uma vez que
identifica lesotildees preacute-cancerosas que se tratadas minimizam a incidecircncia de
carcinoma invasor e com isso a mortalidade pelo cacircncer de colo uterino Segundo
os autores
Em 1998 o Ministeacuterio da Sauacutede do Brasil estabeleceu que o exame para a detecccedilatildeo precoce do cacircncer do colo uterino deveria ser realizado por mulheres com idade entre 25 e 60 anos ou antes desta faixa etaacuteria caso jaacute tivessem mantido relaccedilotildees sexuais Para estas mulheres a periodicidade deveria ser de trecircs em trecircs anos se os dois primeiros exames realizados a cada ano fossem normais Em 2002 ocorreu a fase de intensificaccedilatildeo da campanha que tinha por objetivo realizar exames nas mulheres de 35 a 49 anos que nunca haviam realizado este tipo de exame ou que o houvessem
25
realizado haacute mais de trecircs anos (HACKENHAAR CEacuteSAR e DOMINGUES 2006 p 1)
44 Conceitos e caracteriacutesticas do exame de prevenccedilatildeo do cacircncer
Conforme Montemor et al (2008) o exame citopatoloacutegico tambeacutem conhecido
como exame Papanicolaou ou ainda exame preventivo do cacircncer do colo do uacutetero
tem como objetivo a anaacutelise das ceacutelulas obtidas por raspagem do colo uterino
(ectoceacutervice e canal endocervical) com as quais eacute realizado esfregaccedilo sobre uma
lacircmina de vidro De acordo com os autores as caracteriacutesticas morfoloacutegicas das
ceacutelulas satildeo observadas ao microscoacutepio e quando alteradas ou seja quando estatildeo
diferentes daquelas consideradas normais sugerem tratar-se de processo preacute-
neoplaacutesico ou neoplaacutesico Os autores afirmam ainda que atualmente o exame
citopatoloacutegico eacute o meacutetodo de rastreamento para cacircncer do colo uterino mais utilizado
em todo o mundo
De acordo com Tavares (2007) o exame citopatoloacutegico eacute considerado um
meacutetodo eficiente pois tem a habilidade de identificar lesotildees precursoras do cacircncer
do colo do uacutetero que naquele momento satildeo trataacuteveis podendo resultar em
significante decreacutescimo da mortalidade por esse tipo de cacircncer
45 O cacircncer do colo do uacutetero
Segundo Zeferino (2008) o cacircncer do colo uterino tem sido um desafio para a
sauacutede puacuteblica na reduccedilatildeo de morte de mulheres por causa desse mal uma vez que
se trata de uma doenccedila que pode ser evitada por meio do diagnoacutestico e do
tratamento de suas lesotildees precursoras Neste sentido Narchi Janicas e Fernandes
(2007) concordam com Zeferino (2008) quando afirmam que o cacircncer chamado por
eles de cacircncer ceacutervico-uterino vem sendo alvo de atenccedilatildeo por parte da comunidade
cientiacutefica devido ocupar lugar de destaque no que diz respeito agraves elevadas taxas de
morbidade e mortalidade entre a populaccedilatildeo feminina principalmente em paiacuteses em
desenvolvimento uma vez que trata-se de um tipo de cacircncer que estaacute relacionado
ao perfil epidemioloacutegico das mulheres cuja frequecircncia dos fatores de risco e do grau
de implementaccedilatildeo de accedilotildees de curto e longo prazos em todos os niacuteveis de atenccedilatildeo
26
De acordo com Hackenhaar Ceacutesar e Domingues (2006 p1) ldquoo cacircncer do
colo uterino eacute um problema de sauacutede puacuteblica mundialrdquo Segundo os autores
Em 2000 havia uma estimativa de 468000 casos com 233000 mortes por este tipo de cacircncer em todo o mundo Destas mortes 80 ocorreriam nos paiacuteses em desenvolvimento No Brasil o cacircncer de colo uterino representa a segunda maior causa de morte por cacircncer entre as mulheres (HACKENHAAR CEacuteSAR e DOMINGUES 2006 p 1)
Por meio do controle perioacutedico utilizando-se o exame citoloacutegico eacute possiacutevel
reduzir sua incidecircncia pois dados da Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede (OMS)
afirmam que a cada ano surgem cerca de 500 mil novos casos de cacircncer do colo
uterino por ano no mundo todo sendo que mais de 400 mil ocorrem em paiacuteses em
desenvolvimento (ZEFERINO 2008) Este dado eacute confirmado por Ceacutesar et al
(2003) quando os autores afirmam que cerca de 80 dos casos de cacircncer de colo
uterino ocorrem nos paiacuteses pobres
Domingos et al (2007 p 1) explicam que ldquoo cacircncer de colo de uacutetero eacute uma
doenccedila de evoluccedilatildeo lenta levando em meacutedia 14 anos para sua evoluccedilatildeo total
Inicia-se com alteraccedilotildees miacutenimas nas ceacutelulas denominadas displasia e se natildeo
forem tratadas estas alteraccedilotildees evoluemrdquo De acordo com os autores
Com o desenvolvimento da doenccedila em meacutedia trecircs anos apoacutes a constataccedilatildeo das primeiras alteraccedilotildees celulares surge um tumor localizado chamado carcinoma in situ Este cacircncer desenvolve-se por mais seis anos invadindo a mucosa do uacutetero quando recebe o nome de carcinoma invasor Apoacutes 14 anos das primeiras alteraccedilotildees celulares o cacircncer atinge a forma mais grave com o aparecimento de metaacutestase espalhando-se assim por outras regiotildees do corpo (DOMINGOS et al 2007 p 1)
Conforme Rodrigues Neto Figueiredo e Siqueira (2008 p 1) o cacircncer tem
sido responsaacutevel por seis milhotildees de mortes por ano correspondendo a 12 das
mortes mundiais ldquoEstima-se a ocorrecircncia de mais de dez milhotildees de novos casos
de cacircncer por ano sendo que para o ano de 2020 espera-se que haja mais de 15
milhotildees de casos novosrdquo Para os autores
O cacircncer do colo do uacutetero (CCU) ocupa o 2ordm lugar na incidecircncia mundial de neoplasias estando atraacutes apenas do cacircncer de mama Por ano no mundo ocorrem cerca de 235 mil mortes devido ao CCU sendo 218 mil em paiacuteses considerados pobres ou emergentes(4) onde ocorre quase 60 dos casos novos de cacircncer ocupando um lugar de destaque nas taxas de morbimortalidade entre a populaccedilatildeo feminina Ressalta-se que na Ameacuterica Latina se encontram as mais altas taxas de incidecircncia desta doenccedila
27
representando uma das causas de oacutebito mais frequumlente entre as mulheres [] Natildeo considerando os carcinomas de pele natildeo melanoma o CCU eacute o mais incidente na Regiatildeo Norte (22100000) Jaacute nas regiotildees Sul (24100000) Centro-Oeste (19100000) e Nordeste (18100000) ocupa a segunda posiccedilatildeo e no Sudeste (18100000) a quarta posiccedilatildeo estando assim associado a regiotildees brasileiras de baixo niacutevel socioeconocircmico (RODRIGUES NETO FIGUEIREDO e SIQUEIRA 2008 p 1)
Dentre os fatores causadores e facilitadores desse tipo de cacircncer Ceacutesar et al
(2003) citam fatores reprodutivos maternos tais como iniacutecio precoce de atividade
sexual e comportamento sexual masculino baixo niacutevel socioeconocircmico muacuteltiplos
parceiros sexuais higiene sexual precaacuteria ocorrecircncia de abortos (particularmente os
induzidos) alcoolismo e tabagismo e uso de anticoncepcional oral Domingos et al
(2007 p 1) afirmam que ldquoo cacircncer do colo do uacutetero eacute um dos maiores problemas da
sauacutede da mulher em todo o mundo Estima-se que a cada ano ocorram no mundo
493000 novos casos da doenccedila e 274000 mortesrdquo
ldquoSegundo dados do Ministeacuterio da Sauacutede (MS) no ano de 2002 4091
mulheres morreram no Brasil vitimadas por este tipo de cacircncer Destas 297
ocorreram no Estado do Paranaacute na faixa etaacuteria de 30 a 49 anosrdquo (DOMINGOS et al
2007 p 1)
Zeferino (2008) relata que no Brasil o cacircncer do colo uterino eacute o terceiro mais
frequumlente o qual eacute superado apenas pelos cacircnceres de pele e de mama Trata-se
da quarta causa de oacutebito entre as mulheres superado apenas pelos cacircnceres de
mama do pulmatildeo e do coacutelon-reto No ano de 2003 foram registradas 4110 mortes
com cacircncer de colo uterino correspondendo a 7 do total dos oacutebitos devido a
cacircncer em mulheres De acordo com o autor
Cerca de 90 dos cacircnceres de colo uterino originaram-se de ceacutelulas escamosas sendo chamados de carcinomas escamosos ou carcinomas epidermoacuteides e outros 10 originaram-se de ceacutelulas glandulares sendo entatildeo chamados de adenocarcinomas Raramente podem aparecer os dois tipos de ceacutelulas e satildeo chamados carcinomas adenoescamosos Todavia tem sido observado que a proporccedilatildeo de adenocarcinoma do colo uterino tem aumentado nas uacuteltimas deacutecadas particularmente em mulheres jovens (BULK et al 2005 apud ZEFERINO 2008 p 68)
Segundo dados do INCA (2002 apud Ceacutesar et al 2003 p 1366) ldquono Brasil
o cacircncer de colo uterino eacute o segundo entre os tumores ginecoloacutegicos malignos e o
terceiro mais comum na populaccedilatildeo feminina Representa 10 de todos os cacircnceres
malignos em mulheresrdquo
28
De acordo com Albuquerque et al (2009) ldquoa infecccedilatildeo preacutevia pelo papiloma
viacuterus humano (HPV) tem sido apontada como o principal fator de risco para o cacircncer
de colo de uacuteterordquo Fatores como iniacutecio precoce da atividade sexual multiplicidade de
parceiros sexuais uso de contraceptivos orais tabagismo situaccedilatildeo conjugal e baixa
condiccedilatildeo soacutecio-econocircmica tecircm sido apontados como fatores de risco importantes
para o desenvolvimento dessa neoplasia
Narchi Janicas e Fernandes (2007) relatam que o cacircncer ceacutervico-uterino tem
sua origem a partir de uma lesatildeo intra-epitelial progressiva a qual pode evoluir para
um cacircncer invasivo dentro de um prazo em torno de 10 a 20 anos caso natildeo seja
oferecido tratamento
Conforme as autoras durante o periacuteodo de evoluccedilatildeo da doenccedila ela passa por
fases preacute-cliacutenicas detectaacuteveis e curaacuteveis lhe conferindo elevado potencial de
prevenccedilatildeo e cura Corresponde a cerca de 15 de todos os cacircnceres femininos
sendo o segundo tipo mais comum entre as mulheres Ainda na visatildeo das autoras a
mortalidade pelo cacircncer ceacutervico-uterino pode ser evitada devido agrave lenta evoluccedilatildeo da
doenccedila e devido aos recursos tecnoloacutegicos o diagnoacutestico e o tratamento oportunos
das lesotildees precursoras as quais satildeo curaacuteveis em ateacute 100 dos casos Entretanto
conforme as autoras mesmo o Brasil ter sido um dos primeiros paiacuteses a realizar os
exames de colpocitologia e colposcopia esse tipo de cacircncer ainda continua sendo
um seacuterio problema de sauacutede puacuteblica por manter uma das mais elevadas taxas de
oacutebito como pode ser verificado a seguir
No Brasil as accedilotildees de controle do cacircncer ginecoloacutegico iniciaram-se de forma programaacutetica em 1983 eacutepoca de implantaccedilatildeo do Programa de Assistecircncia Integral agrave Sauacutede da Mulher (PAISM) que representou uma ampliaccedilatildeo do foco de assistecircncia agrave mulher para aleacutem do ciclo graviacutedico-puerperal No entanto apesar das recomendaccedilotildees de implantaccedilatildeo ou ampliaccedilatildeo das atividades de diagnoacutestico do cacircncer ceacutervico-uterino e de educativas com vistas agrave prevenccedilatildeo da doenccedila por mais de uma deacutecada as accedilotildees de combate a essa doenccedila foram desenvolvidas no paiacutes de forma desarticulada por iniciativa de apenas alguns Estados e municiacutepios (NARCHI JANICAS e FERNANDES 2007 p 128)
Os autores pesquisados nesta revisatildeo narrativa serviram de subsiacutedios para a
elaboraccedilatildeo do plano de accedilatildeo apresentado no proacuteximo capiacutetulo cujo objetivo eacute
aumentar a cobertura do exame de prevenccedilatildeo do cacircncer do colo do uacutetero no Centro
de Sauacutede Felicidade II
29
5 PLANO DE ACcedilAtildeO PARA A AMPLIACcedilAtildeO DA COBERTURA DO EXAME COLPOCITOLOacuteGICO NO CENTRO DE SAUacuteDE FELICIDADE II
De acordo com a atividade realizada no Moacutedulo da Sauacutede da Mulher foram
constatados alguns problemas em relaccedilatildeo agrave cobertura do exame colpocitoloacutegico no
Centro de Sauacutede Felicidade II o qual apresentou em 2009 baixa cobertura A partir
daiacute foram detectados outros fatores que contribuem para o baixo iacutendice de
cobertura aqueacutem do que eacute preconizado pela Secretaacuteria Municipal de Sauacutede Neste
sentido o plano de accedilatildeo descrito no Quadro 1 vem propor estrateacutegias visando
ampliar da cobertura do exame colpocitoloacutegico e minimizar os problemas levantados
Acredita-se que por meio da implantaccedilatildeo do plano de accedilatildeo sugerido o
Centro de Sauacutede Felicidade II teraacute maior e melhor desempenho de sua equipe
alcanccedilando com isso o aprimoramento no atendimento da populaccedilatildeo alvo da
instituiccedilatildeo
30
QUADRO1 - PLANO DE ACcedilAtildeO PARA AUMENTAR A COBERTURA DO EXAME DE PREVEN9AO DO COLO DO UTERO PARA A EQUIPE DE SAUDE DO CENTRO DE SAUDE FELICIDADE II
PROBLEMA ATIVIDADES ACcedilOtildeES META RESPONSAVEL PERIODO
As ACS sentem inseguros para orientar agraves mulheres em relaccedilatildeo aos cuidados para realizar o exame preventivo por falta de conhecimento
Educaccedilatildeo em Sauacutede
Capacitaccedilatildeo da equipe sobre a importacircncia do exame colpocitoloacutegico
Nivelar o conhecimento dos membros da equipe
Municiacutepio Gerecircncia Regional de Sauacutede
Outubro2011
Enfermeiro natildeo se sente capacitado para a realizaccedilatildeo do exame de Papanicolaou
Capacitaccedilatildeo Teacutecnica do enfermeiro para a realizaccedilatildeo do exame de Papanicolaou
Solicitar agrave Ginecologista enfermeira treinamentocapacitaccedilatildeo do enfermeiro
Instrumentalizar o enfermeiro para a realizaccedilatildeo coleta de material
Enfermeira de outra Unidade Baacutesica de Sauacutede Meacutedico Ginecologista
Outubro2011
Baixo iacutendice de cobertura do exame citoloacutegico
Elaboraccedilatildeo de um instrumento para coleta de dados para identificar as mulheres de 25 a 59 anos na aacuterea de abrangecircncia do centro de sauacutede e tambeacutem para levantar quais os fatores que impeditivos para a realizaccedilatildeo do exame Incluir as mulheres identificadas no arquivo rotativo
Visita domiciliar
Visitar todas as mulheres dentro da aacuterea de abrangecircncia da UBS
ACS Novembro2011 Dezembro2011
Baixo iacutendice de cobertura do exame citoloacutegico
Agendamento da consulta de enfermagem consulta meacutedica para atender as prioridades levantadas no diagnoacutestico da atividade anterior para realizaccedilatildeo do exame Priorizar mulheres que nunca fizeram o exame ou que fizeram a mais de trecircs anos
Visita domiciliar Consulta de Enfermagem e consulta meacutedica
Orientar as mulheres sobre o exame preventivo Realizar o exame
ACS Meacutedico e enfermeira
Janeiro2012
31
O agendamento das consultas e marcado para datas muito distantes o que geralmente faz com que a mulher esqueccedila
Comunicaccedilatildeo da data do exame com antecedecircncia
Elaborar uma forma de entrar em contato com a paciente cinco dias antes da consulta agendada
Diminuir o iacutendice de ausecircncia agraves consultas
ACS Novembro2011
Desconhecimento das mulheres sobre o exame preventivo e os cuidados preparativos para o exame
Orientaccedilatildeo das mulheres sobre o exame e os cuidados preparativos para o exame
Criar um informativo contendo as orientaccedilotildees sobre o exame e os cuidados para serem entregue as usuaacuterias no momento da visita do ACS para informaacute-las da data e horaacuterio da consulta
Orientar todas usuaacuterias
Enfermeiro ACS
Janeiro2011
Entrega de resultados dos preventivos sem alteraccediloespelos ACSrsquos
Entrega do resultado do exame
Agendar um dia na semana para a entrega dos resultados dos exames Todos os exames deveratildeo ser vistos pelo enfermeiro Aqueles que apresentarem alguma alteraccedilatildeo a paciente deve ser encaminhada ao meacutedico Teacutecnico de Enfermagem Enfermeiro
Orientar as usuaacuterias
Os exames com resultados normais seratildeo entregues pelo teacutecnico de enfermagem Aqueles que apresentarem alguma alteraccedilatildeo seratildeo entregues pelo enfermeiro que deveraacute fazer os devidos encaminhamentos quando necessaacuterios
Dezembro2011
Entrega dos resultados de exames com alteraccedilotildees apoacutes consultas de retorno agendadas para usuaacuterias
Orientaccedilatildeo encaminhamento e acompanhamento da usuaacuteria
Visita domicilar Consulta de enfermagemconsulta meacutedica
Avaliar o estado de sauacutede da mulher Acompanhamento e orientaccedilotildees
Meacutedico e enfermeira Janeiro2012
Monitoramento e acompanhamento
- Agendamentos anuais - Elaboraccedilatildeo um arquivo rotativo - Estabelecimento de Indicadores de acompanhamento e
- Controlar a marcaccedilatildeo de consulta no intervalo de trecircs anos se apoacutes dois anos consecutivos de coleta os resultados forem negativos para
Monitorar o exame preventivo Acompanhar o estado de sauacutede das mulheres pela
Enfermeira e Teacutecnico de enfermagem
Novembro2011
32
avaliaccedilatildeo das accedilotildees votadas agrave sauacutede da mulher pela equipe de sauacutede
displasia ou neoplasia - Fazer a busca das usuaacuterias faltosas aos exames e consultas
equipe
Falta de interesse e conscientizaccedilatildeo em relaccedilatildeo agrave importacircncia do exame preventivo
Atendimento de Grupos Retomar o grupo de mulheres onde seratildeo abordados temas relativos agrave sauacutede da mulher Realizar orientaccedilotildees por meio de palestras nos grupos operativos
Conscientizar as mulheres sobre a importacircncia da realizaccedilatildeo do exame
Equipe de Sauacutede Fevereiro2012
Consulta eacute marcada com um meacutedico do sexo masculino
Agendamento com o enfermeiro quando possiacutevel
Reforccedilar com a paciente que durante a consulta estaraacute presente uma Auxiliar de Enfermagem
Diminuir a evasatildeo do exame prevenccedilatildeo Diminuir a resistecircncia ao atendimento masculino
Disponibilizar uma auxiliar ou teacutecnica de enfemagem para acompanhar o meacutedico durante o exame
Dezembro2011
Falta disponibilidade de horaacuterios mais flexiacuteveis pois haacute concentraccedilatildeo de horaacuterio pela manhatilde
Adequaccedilatildeo da Agenda Alteraccedilotildees na agenda com horaacuterios para adequar agraves necessidades dos usuaacuterios
Marcar os exames preventivos para o horaacuterio da tarde
Enfermeira e meacutedico Janeiro2012
33
6 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
A poliacutetica da sauacutede tem como principal objetivo promover mudanccedilas no intuito
de melhorar o niacutevel da sauacutede da populaccedilatildeo Diante dos resultados apurados nesse
estudo percebe-se a necessidade das intervenccedilotildees a serem efetuadas no Centro de
Sauacutede Felicidade II visando melhorar o iacutendice de cobertura dos exames
preventivos
Assim a realidade percebida no Centro de Sauacutede Felicidade II eacute que o
desempenho da equipe exerce grande impacto no desenvolvimento das accedilotildees
alcanccedilando dessa forma o objetivo de contribuir com o aprimoramento e a
consolidaccedilatildeo da assistecircncia agrave sauacutede da populaccedilatildeo
Como problemas levantados em relaccedilatildeo a baixa cobertura da prevenccedilatildeo do
cacircncer do colo do uacutetero identificamos as seguintes o ACS sentir inseguro para
orientar agraves mulheres em relaccedilatildeo aos cuidados para realizar o exame preventivo a
falta de capacitaccedilatildeo teacutecnica para o enfermeiro realizar o exame de Papanicolaou
consultas agendadas para datas muito distantes fazendo com que a mulher se
esqueccedila do diadesconhecimento das mulheres sobre o exame preventivo e os
cuidados preparativos para o mesmo falta de interesse e conscientizaccedilatildeo em
relaccedilatildeo agrave importacircncia do exame preventivo por parte das usuaacuteriaspudor da mulher
diante do profissional de sexo masculino e falta de disponibilidade de horaacuterios mais
flexiacuteveis com concentraccedilatildeo das consultas no horaacuterio da manhatilde
A partir dos problemas levantados foram propostas as atividades accedilotildees
metas e os responsaacuteveis pelas atividades no sentido de ampliar a cobertura das
mulheres por meio da participaccedilatildeo de toda a equipe de sauacutede Desse modo foi
muito importante tambeacutem a elaboraccedilatildeo das estrateacutegias para que o nuacutemero de
usuaacuterias seja aumentado Neste sentido destaca-se o papel do enfermeiro como
parte integrante da equipe de sauacutede e que desempenha um importante papel na
promoccedilatildeo da prevenccedilatildeo educaccedilatildeo e melhorias constantes nos serviccedilos oferecidos
agrave populaccedilatildeo
Nesta direccedilatildeo o Centro de Sauacutede Felicidade II deve se preocupar com a
capacitaccedilatildeo de seus funcionaacuterios com a organizaccedilatildeo do processo de trabalho das
equipes bem com um investimento maior nas accedilotildees de promoccedilatildeo e prevenccedilatildeo da
saude conforme abordado neste estudo
34
Desse modo cabe a todos os profissionais atuar mais na prevenccedilatildeo
promoccedilatildeo e recuperaccedilatildeo por meio de praacuteticas educativas promovendo campanhas
palestras sobre a sauacutede da mulher fornecendo orientaccedilotildees durante as consultas
para que se possa reverter o quadro de baixo iacutendice de cobertura no exame
preventivo de cacircncer do colo do uacutetero alcance assim a cobertura preconizada pela
Secretaacuteria de Sauacutede o que vai refletir na melhoria da assistecircncia a sauacutede agrave mulher
35
REFEREcircNCIAS ALBUQUERQUE KM et al Cobertura do Teste de Papanicolau e Fatores associados agrave Natildeo-Realizaccedilatildeo um olhar sobre o Programa de Prevenccedilatildeo do Cacircncer do Colo do Uacutetero em Pernambuco Brasil Caderno de Sauacutede Puacuteblica v 25 supl 2 Rio de Janeiro 2009 Disponiacutevel em lthttpwwwscielosporgscielophpscript=sci_arttextamppid=S0102-311X2009001400012gt Acesso em 6 nov 2010 BELO HORIZONTE Secretaria Municipal de Sauacutede Prevenccedilatildeo e Controle do Cacircncer do Colo de Uacutetero Belo Horizonte 2008 BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede O Programa Sauacutede da Famiacutelia e a Atenccedilatildeo Baacutesica no Brasil Brasiacutelia 2002 Disponiacutevel em lthttpwwwccssaudegovbrsaudebatea portamostravirtualpublicacoespsf_atencaobasicapdfgt Acesso em 01 abr 2010 CEacuteSAR JA et al Fatores Associados agrave natildeo Realizaccedilatildeo de Exame Citopatoloacutegico de Colo Uterino no Extremo Sul do Brasil Caderno de Sauacutede Puacuteblica Rio de Janeiro v19n5 p1365-1372 setout 2003 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrpdf0Dcspv19n517808pdfgt Acesso em 16 jul 2010 CORREcircA DA D VILLELA WV O Controle do Cacircncer do Colo do Uacutetero desafios para implementaccedilatildeo de accedilotildees programaacuteticas no Amazonas Brasil Rev bras sauacutede matern infantil v8 n4p491-497 outdez 2008 DIAS-DA-COSTA J S et al Cobertura do Exame Citopatoloacutegico na Cidade de Pelotas Rio Grande do Sul Brasil Caderno de Sauacutede Puacuteblica Rio de Janeiro v19 n1 p191-197 janfev 2003 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrpdfcspv19n114919pdfgt Acesso em 16 jul 2010 DOMINGOS ACP et al Cacircncer do Colo do Uacutetero comportamento preventivo de auto-cuidado agrave sauacutede Revista Ciecircncia Cuidado e Sauacutede 6 (Suplem 2) p 397-403 2007 Disponiacutevel em lthttpperiodicosuembrojsindexphpCiencCuidSaudearticleviewFile53373385gt Acesso em 5 nov 2010 HACKENHAAR AAC JURACI A DOMINGUES MR Exame Citopatoloacutegico de Colo Uterino em Mulheres com Idade entre 20 e 59 anos em Pelotas RS prevalecircncia foco e fatores associados agrave sua natildeo realizaccedilatildeo Revista Brasileira de EpidemiologiaSatildeo Paulo v9n1 Mar 2006 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S1415-790X2006000100013gt Acesso em 16 jul 2010 MONTEMOR EBL et al Controle do Cacircncer de Colo de Uacutetero o exame citopatoloacutegico In LOPES MHBde M (org) Enfermagem na Sauacutede da Mulher Goiacircnia AB 2006 p 45-65 NAKAGAWA JTT SCHIRMER J BARBIERI M Viacuterua HPV e Cacircncer de Colo de Uacutetero Revista Brasileira de Enfermagem v 63 n 2 Brasiacutelia marabri 2010
36
Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S0034-71672010000200021gt Acesso em 6 nov 2010 NARCHI NZ JANICAS Rde CS V FERNANDES RAacuteQ Prevenccedilatildeo e Controle do Cacircncer Ceacutervico-Uterino In FERNANDES RAacuteQ NARCHI NZ Enfermagem e Sauacutede da Mulher Barueri SP Manole 2007 p 127-149 NUacuteCLEO DE EDUCACcedilAtildeO EM SAUacuteDE COLETIVA ndash NESCON Faculdade de Medicina ndash UFMG Belo Horizonte Disponiacutevel em lthttpwwwnesconmedicinaufmgbrgt Acesso em 12 dez 2009 PINTO CAG COELHO IB BH Vida pensando a implantaccedilatildeo da Estrateacutegia de Sauacutede da Famiacutelia na cidade de Belo Horizonte passados 10 anos lthttpxayimgcomkqgroups15983109953140003nameImplantacao+do+BH+VIDA+-+Carlos+Gama+e+Ivan+Coelho5B15Dpdf gt Acesso em 01 mar 2011 RODRIGUES NETO JF FIGUEIREDO MFS SIQUEIRA LG Exame Citopatoloacutegico do Colo do Uacutetero fatores associados a natildeo realizaccedilatildeo em ESF Revista Eletrocircnica de Enfermagem 10 (3) 610-21 2008 Disponiacutevel em lthttpwwwfenufgbrrevistav10n3pdfv10n3a07pdfgt Acesso em 17 jul 2010 TAVARES SB do N et al Controle da Qualidade em Citopatologia Cervical revisatildeo de literatura Revista Brasileira de Cancerologia 53(3) 355-364 2007 Disponiacutevel em lthttpwwwincagovbrrbcn_53v03pdfrevisao6pdfgt Acesso em 17 jul 2010 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA Regulamento de Orientaccedilatildeo Do Trabalho De Conclusatildeo De Curso Do Curso De Licenciatura Em Letras ndashPORTUGUEcircS-ESPANHOL Disponiacutevel em lt httpwwwuepgbruepg_departamentosdeletpdfREG20PORT20ESPANHOLpdf gt Acesso em 23 set 2011 ZEFERINO L Prevenccedilatildeo e Controle do Cacircncer Ceacutervico-Uterino In LOPES MHB de M (org) Enfermagem na Sauacutede da Mulher Goiacircnia AB p 67-80 2006
25
realizado haacute mais de trecircs anos (HACKENHAAR CEacuteSAR e DOMINGUES 2006 p 1)
44 Conceitos e caracteriacutesticas do exame de prevenccedilatildeo do cacircncer
Conforme Montemor et al (2008) o exame citopatoloacutegico tambeacutem conhecido
como exame Papanicolaou ou ainda exame preventivo do cacircncer do colo do uacutetero
tem como objetivo a anaacutelise das ceacutelulas obtidas por raspagem do colo uterino
(ectoceacutervice e canal endocervical) com as quais eacute realizado esfregaccedilo sobre uma
lacircmina de vidro De acordo com os autores as caracteriacutesticas morfoloacutegicas das
ceacutelulas satildeo observadas ao microscoacutepio e quando alteradas ou seja quando estatildeo
diferentes daquelas consideradas normais sugerem tratar-se de processo preacute-
neoplaacutesico ou neoplaacutesico Os autores afirmam ainda que atualmente o exame
citopatoloacutegico eacute o meacutetodo de rastreamento para cacircncer do colo uterino mais utilizado
em todo o mundo
De acordo com Tavares (2007) o exame citopatoloacutegico eacute considerado um
meacutetodo eficiente pois tem a habilidade de identificar lesotildees precursoras do cacircncer
do colo do uacutetero que naquele momento satildeo trataacuteveis podendo resultar em
significante decreacutescimo da mortalidade por esse tipo de cacircncer
45 O cacircncer do colo do uacutetero
Segundo Zeferino (2008) o cacircncer do colo uterino tem sido um desafio para a
sauacutede puacuteblica na reduccedilatildeo de morte de mulheres por causa desse mal uma vez que
se trata de uma doenccedila que pode ser evitada por meio do diagnoacutestico e do
tratamento de suas lesotildees precursoras Neste sentido Narchi Janicas e Fernandes
(2007) concordam com Zeferino (2008) quando afirmam que o cacircncer chamado por
eles de cacircncer ceacutervico-uterino vem sendo alvo de atenccedilatildeo por parte da comunidade
cientiacutefica devido ocupar lugar de destaque no que diz respeito agraves elevadas taxas de
morbidade e mortalidade entre a populaccedilatildeo feminina principalmente em paiacuteses em
desenvolvimento uma vez que trata-se de um tipo de cacircncer que estaacute relacionado
ao perfil epidemioloacutegico das mulheres cuja frequecircncia dos fatores de risco e do grau
de implementaccedilatildeo de accedilotildees de curto e longo prazos em todos os niacuteveis de atenccedilatildeo
26
De acordo com Hackenhaar Ceacutesar e Domingues (2006 p1) ldquoo cacircncer do
colo uterino eacute um problema de sauacutede puacuteblica mundialrdquo Segundo os autores
Em 2000 havia uma estimativa de 468000 casos com 233000 mortes por este tipo de cacircncer em todo o mundo Destas mortes 80 ocorreriam nos paiacuteses em desenvolvimento No Brasil o cacircncer de colo uterino representa a segunda maior causa de morte por cacircncer entre as mulheres (HACKENHAAR CEacuteSAR e DOMINGUES 2006 p 1)
Por meio do controle perioacutedico utilizando-se o exame citoloacutegico eacute possiacutevel
reduzir sua incidecircncia pois dados da Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede (OMS)
afirmam que a cada ano surgem cerca de 500 mil novos casos de cacircncer do colo
uterino por ano no mundo todo sendo que mais de 400 mil ocorrem em paiacuteses em
desenvolvimento (ZEFERINO 2008) Este dado eacute confirmado por Ceacutesar et al
(2003) quando os autores afirmam que cerca de 80 dos casos de cacircncer de colo
uterino ocorrem nos paiacuteses pobres
Domingos et al (2007 p 1) explicam que ldquoo cacircncer de colo de uacutetero eacute uma
doenccedila de evoluccedilatildeo lenta levando em meacutedia 14 anos para sua evoluccedilatildeo total
Inicia-se com alteraccedilotildees miacutenimas nas ceacutelulas denominadas displasia e se natildeo
forem tratadas estas alteraccedilotildees evoluemrdquo De acordo com os autores
Com o desenvolvimento da doenccedila em meacutedia trecircs anos apoacutes a constataccedilatildeo das primeiras alteraccedilotildees celulares surge um tumor localizado chamado carcinoma in situ Este cacircncer desenvolve-se por mais seis anos invadindo a mucosa do uacutetero quando recebe o nome de carcinoma invasor Apoacutes 14 anos das primeiras alteraccedilotildees celulares o cacircncer atinge a forma mais grave com o aparecimento de metaacutestase espalhando-se assim por outras regiotildees do corpo (DOMINGOS et al 2007 p 1)
Conforme Rodrigues Neto Figueiredo e Siqueira (2008 p 1) o cacircncer tem
sido responsaacutevel por seis milhotildees de mortes por ano correspondendo a 12 das
mortes mundiais ldquoEstima-se a ocorrecircncia de mais de dez milhotildees de novos casos
de cacircncer por ano sendo que para o ano de 2020 espera-se que haja mais de 15
milhotildees de casos novosrdquo Para os autores
O cacircncer do colo do uacutetero (CCU) ocupa o 2ordm lugar na incidecircncia mundial de neoplasias estando atraacutes apenas do cacircncer de mama Por ano no mundo ocorrem cerca de 235 mil mortes devido ao CCU sendo 218 mil em paiacuteses considerados pobres ou emergentes(4) onde ocorre quase 60 dos casos novos de cacircncer ocupando um lugar de destaque nas taxas de morbimortalidade entre a populaccedilatildeo feminina Ressalta-se que na Ameacuterica Latina se encontram as mais altas taxas de incidecircncia desta doenccedila
27
representando uma das causas de oacutebito mais frequumlente entre as mulheres [] Natildeo considerando os carcinomas de pele natildeo melanoma o CCU eacute o mais incidente na Regiatildeo Norte (22100000) Jaacute nas regiotildees Sul (24100000) Centro-Oeste (19100000) e Nordeste (18100000) ocupa a segunda posiccedilatildeo e no Sudeste (18100000) a quarta posiccedilatildeo estando assim associado a regiotildees brasileiras de baixo niacutevel socioeconocircmico (RODRIGUES NETO FIGUEIREDO e SIQUEIRA 2008 p 1)
Dentre os fatores causadores e facilitadores desse tipo de cacircncer Ceacutesar et al
(2003) citam fatores reprodutivos maternos tais como iniacutecio precoce de atividade
sexual e comportamento sexual masculino baixo niacutevel socioeconocircmico muacuteltiplos
parceiros sexuais higiene sexual precaacuteria ocorrecircncia de abortos (particularmente os
induzidos) alcoolismo e tabagismo e uso de anticoncepcional oral Domingos et al
(2007 p 1) afirmam que ldquoo cacircncer do colo do uacutetero eacute um dos maiores problemas da
sauacutede da mulher em todo o mundo Estima-se que a cada ano ocorram no mundo
493000 novos casos da doenccedila e 274000 mortesrdquo
ldquoSegundo dados do Ministeacuterio da Sauacutede (MS) no ano de 2002 4091
mulheres morreram no Brasil vitimadas por este tipo de cacircncer Destas 297
ocorreram no Estado do Paranaacute na faixa etaacuteria de 30 a 49 anosrdquo (DOMINGOS et al
2007 p 1)
Zeferino (2008) relata que no Brasil o cacircncer do colo uterino eacute o terceiro mais
frequumlente o qual eacute superado apenas pelos cacircnceres de pele e de mama Trata-se
da quarta causa de oacutebito entre as mulheres superado apenas pelos cacircnceres de
mama do pulmatildeo e do coacutelon-reto No ano de 2003 foram registradas 4110 mortes
com cacircncer de colo uterino correspondendo a 7 do total dos oacutebitos devido a
cacircncer em mulheres De acordo com o autor
Cerca de 90 dos cacircnceres de colo uterino originaram-se de ceacutelulas escamosas sendo chamados de carcinomas escamosos ou carcinomas epidermoacuteides e outros 10 originaram-se de ceacutelulas glandulares sendo entatildeo chamados de adenocarcinomas Raramente podem aparecer os dois tipos de ceacutelulas e satildeo chamados carcinomas adenoescamosos Todavia tem sido observado que a proporccedilatildeo de adenocarcinoma do colo uterino tem aumentado nas uacuteltimas deacutecadas particularmente em mulheres jovens (BULK et al 2005 apud ZEFERINO 2008 p 68)
Segundo dados do INCA (2002 apud Ceacutesar et al 2003 p 1366) ldquono Brasil
o cacircncer de colo uterino eacute o segundo entre os tumores ginecoloacutegicos malignos e o
terceiro mais comum na populaccedilatildeo feminina Representa 10 de todos os cacircnceres
malignos em mulheresrdquo
28
De acordo com Albuquerque et al (2009) ldquoa infecccedilatildeo preacutevia pelo papiloma
viacuterus humano (HPV) tem sido apontada como o principal fator de risco para o cacircncer
de colo de uacuteterordquo Fatores como iniacutecio precoce da atividade sexual multiplicidade de
parceiros sexuais uso de contraceptivos orais tabagismo situaccedilatildeo conjugal e baixa
condiccedilatildeo soacutecio-econocircmica tecircm sido apontados como fatores de risco importantes
para o desenvolvimento dessa neoplasia
Narchi Janicas e Fernandes (2007) relatam que o cacircncer ceacutervico-uterino tem
sua origem a partir de uma lesatildeo intra-epitelial progressiva a qual pode evoluir para
um cacircncer invasivo dentro de um prazo em torno de 10 a 20 anos caso natildeo seja
oferecido tratamento
Conforme as autoras durante o periacuteodo de evoluccedilatildeo da doenccedila ela passa por
fases preacute-cliacutenicas detectaacuteveis e curaacuteveis lhe conferindo elevado potencial de
prevenccedilatildeo e cura Corresponde a cerca de 15 de todos os cacircnceres femininos
sendo o segundo tipo mais comum entre as mulheres Ainda na visatildeo das autoras a
mortalidade pelo cacircncer ceacutervico-uterino pode ser evitada devido agrave lenta evoluccedilatildeo da
doenccedila e devido aos recursos tecnoloacutegicos o diagnoacutestico e o tratamento oportunos
das lesotildees precursoras as quais satildeo curaacuteveis em ateacute 100 dos casos Entretanto
conforme as autoras mesmo o Brasil ter sido um dos primeiros paiacuteses a realizar os
exames de colpocitologia e colposcopia esse tipo de cacircncer ainda continua sendo
um seacuterio problema de sauacutede puacuteblica por manter uma das mais elevadas taxas de
oacutebito como pode ser verificado a seguir
No Brasil as accedilotildees de controle do cacircncer ginecoloacutegico iniciaram-se de forma programaacutetica em 1983 eacutepoca de implantaccedilatildeo do Programa de Assistecircncia Integral agrave Sauacutede da Mulher (PAISM) que representou uma ampliaccedilatildeo do foco de assistecircncia agrave mulher para aleacutem do ciclo graviacutedico-puerperal No entanto apesar das recomendaccedilotildees de implantaccedilatildeo ou ampliaccedilatildeo das atividades de diagnoacutestico do cacircncer ceacutervico-uterino e de educativas com vistas agrave prevenccedilatildeo da doenccedila por mais de uma deacutecada as accedilotildees de combate a essa doenccedila foram desenvolvidas no paiacutes de forma desarticulada por iniciativa de apenas alguns Estados e municiacutepios (NARCHI JANICAS e FERNANDES 2007 p 128)
Os autores pesquisados nesta revisatildeo narrativa serviram de subsiacutedios para a
elaboraccedilatildeo do plano de accedilatildeo apresentado no proacuteximo capiacutetulo cujo objetivo eacute
aumentar a cobertura do exame de prevenccedilatildeo do cacircncer do colo do uacutetero no Centro
de Sauacutede Felicidade II
29
5 PLANO DE ACcedilAtildeO PARA A AMPLIACcedilAtildeO DA COBERTURA DO EXAME COLPOCITOLOacuteGICO NO CENTRO DE SAUacuteDE FELICIDADE II
De acordo com a atividade realizada no Moacutedulo da Sauacutede da Mulher foram
constatados alguns problemas em relaccedilatildeo agrave cobertura do exame colpocitoloacutegico no
Centro de Sauacutede Felicidade II o qual apresentou em 2009 baixa cobertura A partir
daiacute foram detectados outros fatores que contribuem para o baixo iacutendice de
cobertura aqueacutem do que eacute preconizado pela Secretaacuteria Municipal de Sauacutede Neste
sentido o plano de accedilatildeo descrito no Quadro 1 vem propor estrateacutegias visando
ampliar da cobertura do exame colpocitoloacutegico e minimizar os problemas levantados
Acredita-se que por meio da implantaccedilatildeo do plano de accedilatildeo sugerido o
Centro de Sauacutede Felicidade II teraacute maior e melhor desempenho de sua equipe
alcanccedilando com isso o aprimoramento no atendimento da populaccedilatildeo alvo da
instituiccedilatildeo
30
QUADRO1 - PLANO DE ACcedilAtildeO PARA AUMENTAR A COBERTURA DO EXAME DE PREVEN9AO DO COLO DO UTERO PARA A EQUIPE DE SAUDE DO CENTRO DE SAUDE FELICIDADE II
PROBLEMA ATIVIDADES ACcedilOtildeES META RESPONSAVEL PERIODO
As ACS sentem inseguros para orientar agraves mulheres em relaccedilatildeo aos cuidados para realizar o exame preventivo por falta de conhecimento
Educaccedilatildeo em Sauacutede
Capacitaccedilatildeo da equipe sobre a importacircncia do exame colpocitoloacutegico
Nivelar o conhecimento dos membros da equipe
Municiacutepio Gerecircncia Regional de Sauacutede
Outubro2011
Enfermeiro natildeo se sente capacitado para a realizaccedilatildeo do exame de Papanicolaou
Capacitaccedilatildeo Teacutecnica do enfermeiro para a realizaccedilatildeo do exame de Papanicolaou
Solicitar agrave Ginecologista enfermeira treinamentocapacitaccedilatildeo do enfermeiro
Instrumentalizar o enfermeiro para a realizaccedilatildeo coleta de material
Enfermeira de outra Unidade Baacutesica de Sauacutede Meacutedico Ginecologista
Outubro2011
Baixo iacutendice de cobertura do exame citoloacutegico
Elaboraccedilatildeo de um instrumento para coleta de dados para identificar as mulheres de 25 a 59 anos na aacuterea de abrangecircncia do centro de sauacutede e tambeacutem para levantar quais os fatores que impeditivos para a realizaccedilatildeo do exame Incluir as mulheres identificadas no arquivo rotativo
Visita domiciliar
Visitar todas as mulheres dentro da aacuterea de abrangecircncia da UBS
ACS Novembro2011 Dezembro2011
Baixo iacutendice de cobertura do exame citoloacutegico
Agendamento da consulta de enfermagem consulta meacutedica para atender as prioridades levantadas no diagnoacutestico da atividade anterior para realizaccedilatildeo do exame Priorizar mulheres que nunca fizeram o exame ou que fizeram a mais de trecircs anos
Visita domiciliar Consulta de Enfermagem e consulta meacutedica
Orientar as mulheres sobre o exame preventivo Realizar o exame
ACS Meacutedico e enfermeira
Janeiro2012
31
O agendamento das consultas e marcado para datas muito distantes o que geralmente faz com que a mulher esqueccedila
Comunicaccedilatildeo da data do exame com antecedecircncia
Elaborar uma forma de entrar em contato com a paciente cinco dias antes da consulta agendada
Diminuir o iacutendice de ausecircncia agraves consultas
ACS Novembro2011
Desconhecimento das mulheres sobre o exame preventivo e os cuidados preparativos para o exame
Orientaccedilatildeo das mulheres sobre o exame e os cuidados preparativos para o exame
Criar um informativo contendo as orientaccedilotildees sobre o exame e os cuidados para serem entregue as usuaacuterias no momento da visita do ACS para informaacute-las da data e horaacuterio da consulta
Orientar todas usuaacuterias
Enfermeiro ACS
Janeiro2011
Entrega de resultados dos preventivos sem alteraccediloespelos ACSrsquos
Entrega do resultado do exame
Agendar um dia na semana para a entrega dos resultados dos exames Todos os exames deveratildeo ser vistos pelo enfermeiro Aqueles que apresentarem alguma alteraccedilatildeo a paciente deve ser encaminhada ao meacutedico Teacutecnico de Enfermagem Enfermeiro
Orientar as usuaacuterias
Os exames com resultados normais seratildeo entregues pelo teacutecnico de enfermagem Aqueles que apresentarem alguma alteraccedilatildeo seratildeo entregues pelo enfermeiro que deveraacute fazer os devidos encaminhamentos quando necessaacuterios
Dezembro2011
Entrega dos resultados de exames com alteraccedilotildees apoacutes consultas de retorno agendadas para usuaacuterias
Orientaccedilatildeo encaminhamento e acompanhamento da usuaacuteria
Visita domicilar Consulta de enfermagemconsulta meacutedica
Avaliar o estado de sauacutede da mulher Acompanhamento e orientaccedilotildees
Meacutedico e enfermeira Janeiro2012
Monitoramento e acompanhamento
- Agendamentos anuais - Elaboraccedilatildeo um arquivo rotativo - Estabelecimento de Indicadores de acompanhamento e
- Controlar a marcaccedilatildeo de consulta no intervalo de trecircs anos se apoacutes dois anos consecutivos de coleta os resultados forem negativos para
Monitorar o exame preventivo Acompanhar o estado de sauacutede das mulheres pela
Enfermeira e Teacutecnico de enfermagem
Novembro2011
32
avaliaccedilatildeo das accedilotildees votadas agrave sauacutede da mulher pela equipe de sauacutede
displasia ou neoplasia - Fazer a busca das usuaacuterias faltosas aos exames e consultas
equipe
Falta de interesse e conscientizaccedilatildeo em relaccedilatildeo agrave importacircncia do exame preventivo
Atendimento de Grupos Retomar o grupo de mulheres onde seratildeo abordados temas relativos agrave sauacutede da mulher Realizar orientaccedilotildees por meio de palestras nos grupos operativos
Conscientizar as mulheres sobre a importacircncia da realizaccedilatildeo do exame
Equipe de Sauacutede Fevereiro2012
Consulta eacute marcada com um meacutedico do sexo masculino
Agendamento com o enfermeiro quando possiacutevel
Reforccedilar com a paciente que durante a consulta estaraacute presente uma Auxiliar de Enfermagem
Diminuir a evasatildeo do exame prevenccedilatildeo Diminuir a resistecircncia ao atendimento masculino
Disponibilizar uma auxiliar ou teacutecnica de enfemagem para acompanhar o meacutedico durante o exame
Dezembro2011
Falta disponibilidade de horaacuterios mais flexiacuteveis pois haacute concentraccedilatildeo de horaacuterio pela manhatilde
Adequaccedilatildeo da Agenda Alteraccedilotildees na agenda com horaacuterios para adequar agraves necessidades dos usuaacuterios
Marcar os exames preventivos para o horaacuterio da tarde
Enfermeira e meacutedico Janeiro2012
33
6 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
A poliacutetica da sauacutede tem como principal objetivo promover mudanccedilas no intuito
de melhorar o niacutevel da sauacutede da populaccedilatildeo Diante dos resultados apurados nesse
estudo percebe-se a necessidade das intervenccedilotildees a serem efetuadas no Centro de
Sauacutede Felicidade II visando melhorar o iacutendice de cobertura dos exames
preventivos
Assim a realidade percebida no Centro de Sauacutede Felicidade II eacute que o
desempenho da equipe exerce grande impacto no desenvolvimento das accedilotildees
alcanccedilando dessa forma o objetivo de contribuir com o aprimoramento e a
consolidaccedilatildeo da assistecircncia agrave sauacutede da populaccedilatildeo
Como problemas levantados em relaccedilatildeo a baixa cobertura da prevenccedilatildeo do
cacircncer do colo do uacutetero identificamos as seguintes o ACS sentir inseguro para
orientar agraves mulheres em relaccedilatildeo aos cuidados para realizar o exame preventivo a
falta de capacitaccedilatildeo teacutecnica para o enfermeiro realizar o exame de Papanicolaou
consultas agendadas para datas muito distantes fazendo com que a mulher se
esqueccedila do diadesconhecimento das mulheres sobre o exame preventivo e os
cuidados preparativos para o mesmo falta de interesse e conscientizaccedilatildeo em
relaccedilatildeo agrave importacircncia do exame preventivo por parte das usuaacuteriaspudor da mulher
diante do profissional de sexo masculino e falta de disponibilidade de horaacuterios mais
flexiacuteveis com concentraccedilatildeo das consultas no horaacuterio da manhatilde
A partir dos problemas levantados foram propostas as atividades accedilotildees
metas e os responsaacuteveis pelas atividades no sentido de ampliar a cobertura das
mulheres por meio da participaccedilatildeo de toda a equipe de sauacutede Desse modo foi
muito importante tambeacutem a elaboraccedilatildeo das estrateacutegias para que o nuacutemero de
usuaacuterias seja aumentado Neste sentido destaca-se o papel do enfermeiro como
parte integrante da equipe de sauacutede e que desempenha um importante papel na
promoccedilatildeo da prevenccedilatildeo educaccedilatildeo e melhorias constantes nos serviccedilos oferecidos
agrave populaccedilatildeo
Nesta direccedilatildeo o Centro de Sauacutede Felicidade II deve se preocupar com a
capacitaccedilatildeo de seus funcionaacuterios com a organizaccedilatildeo do processo de trabalho das
equipes bem com um investimento maior nas accedilotildees de promoccedilatildeo e prevenccedilatildeo da
saude conforme abordado neste estudo
34
Desse modo cabe a todos os profissionais atuar mais na prevenccedilatildeo
promoccedilatildeo e recuperaccedilatildeo por meio de praacuteticas educativas promovendo campanhas
palestras sobre a sauacutede da mulher fornecendo orientaccedilotildees durante as consultas
para que se possa reverter o quadro de baixo iacutendice de cobertura no exame
preventivo de cacircncer do colo do uacutetero alcance assim a cobertura preconizada pela
Secretaacuteria de Sauacutede o que vai refletir na melhoria da assistecircncia a sauacutede agrave mulher
35
REFEREcircNCIAS ALBUQUERQUE KM et al Cobertura do Teste de Papanicolau e Fatores associados agrave Natildeo-Realizaccedilatildeo um olhar sobre o Programa de Prevenccedilatildeo do Cacircncer do Colo do Uacutetero em Pernambuco Brasil Caderno de Sauacutede Puacuteblica v 25 supl 2 Rio de Janeiro 2009 Disponiacutevel em lthttpwwwscielosporgscielophpscript=sci_arttextamppid=S0102-311X2009001400012gt Acesso em 6 nov 2010 BELO HORIZONTE Secretaria Municipal de Sauacutede Prevenccedilatildeo e Controle do Cacircncer do Colo de Uacutetero Belo Horizonte 2008 BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede O Programa Sauacutede da Famiacutelia e a Atenccedilatildeo Baacutesica no Brasil Brasiacutelia 2002 Disponiacutevel em lthttpwwwccssaudegovbrsaudebatea portamostravirtualpublicacoespsf_atencaobasicapdfgt Acesso em 01 abr 2010 CEacuteSAR JA et al Fatores Associados agrave natildeo Realizaccedilatildeo de Exame Citopatoloacutegico de Colo Uterino no Extremo Sul do Brasil Caderno de Sauacutede Puacuteblica Rio de Janeiro v19n5 p1365-1372 setout 2003 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrpdf0Dcspv19n517808pdfgt Acesso em 16 jul 2010 CORREcircA DA D VILLELA WV O Controle do Cacircncer do Colo do Uacutetero desafios para implementaccedilatildeo de accedilotildees programaacuteticas no Amazonas Brasil Rev bras sauacutede matern infantil v8 n4p491-497 outdez 2008 DIAS-DA-COSTA J S et al Cobertura do Exame Citopatoloacutegico na Cidade de Pelotas Rio Grande do Sul Brasil Caderno de Sauacutede Puacuteblica Rio de Janeiro v19 n1 p191-197 janfev 2003 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrpdfcspv19n114919pdfgt Acesso em 16 jul 2010 DOMINGOS ACP et al Cacircncer do Colo do Uacutetero comportamento preventivo de auto-cuidado agrave sauacutede Revista Ciecircncia Cuidado e Sauacutede 6 (Suplem 2) p 397-403 2007 Disponiacutevel em lthttpperiodicosuembrojsindexphpCiencCuidSaudearticleviewFile53373385gt Acesso em 5 nov 2010 HACKENHAAR AAC JURACI A DOMINGUES MR Exame Citopatoloacutegico de Colo Uterino em Mulheres com Idade entre 20 e 59 anos em Pelotas RS prevalecircncia foco e fatores associados agrave sua natildeo realizaccedilatildeo Revista Brasileira de EpidemiologiaSatildeo Paulo v9n1 Mar 2006 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S1415-790X2006000100013gt Acesso em 16 jul 2010 MONTEMOR EBL et al Controle do Cacircncer de Colo de Uacutetero o exame citopatoloacutegico In LOPES MHBde M (org) Enfermagem na Sauacutede da Mulher Goiacircnia AB 2006 p 45-65 NAKAGAWA JTT SCHIRMER J BARBIERI M Viacuterua HPV e Cacircncer de Colo de Uacutetero Revista Brasileira de Enfermagem v 63 n 2 Brasiacutelia marabri 2010
36
Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S0034-71672010000200021gt Acesso em 6 nov 2010 NARCHI NZ JANICAS Rde CS V FERNANDES RAacuteQ Prevenccedilatildeo e Controle do Cacircncer Ceacutervico-Uterino In FERNANDES RAacuteQ NARCHI NZ Enfermagem e Sauacutede da Mulher Barueri SP Manole 2007 p 127-149 NUacuteCLEO DE EDUCACcedilAtildeO EM SAUacuteDE COLETIVA ndash NESCON Faculdade de Medicina ndash UFMG Belo Horizonte Disponiacutevel em lthttpwwwnesconmedicinaufmgbrgt Acesso em 12 dez 2009 PINTO CAG COELHO IB BH Vida pensando a implantaccedilatildeo da Estrateacutegia de Sauacutede da Famiacutelia na cidade de Belo Horizonte passados 10 anos lthttpxayimgcomkqgroups15983109953140003nameImplantacao+do+BH+VIDA+-+Carlos+Gama+e+Ivan+Coelho5B15Dpdf gt Acesso em 01 mar 2011 RODRIGUES NETO JF FIGUEIREDO MFS SIQUEIRA LG Exame Citopatoloacutegico do Colo do Uacutetero fatores associados a natildeo realizaccedilatildeo em ESF Revista Eletrocircnica de Enfermagem 10 (3) 610-21 2008 Disponiacutevel em lthttpwwwfenufgbrrevistav10n3pdfv10n3a07pdfgt Acesso em 17 jul 2010 TAVARES SB do N et al Controle da Qualidade em Citopatologia Cervical revisatildeo de literatura Revista Brasileira de Cancerologia 53(3) 355-364 2007 Disponiacutevel em lthttpwwwincagovbrrbcn_53v03pdfrevisao6pdfgt Acesso em 17 jul 2010 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA Regulamento de Orientaccedilatildeo Do Trabalho De Conclusatildeo De Curso Do Curso De Licenciatura Em Letras ndashPORTUGUEcircS-ESPANHOL Disponiacutevel em lt httpwwwuepgbruepg_departamentosdeletpdfREG20PORT20ESPANHOLpdf gt Acesso em 23 set 2011 ZEFERINO L Prevenccedilatildeo e Controle do Cacircncer Ceacutervico-Uterino In LOPES MHB de M (org) Enfermagem na Sauacutede da Mulher Goiacircnia AB p 67-80 2006
26
De acordo com Hackenhaar Ceacutesar e Domingues (2006 p1) ldquoo cacircncer do
colo uterino eacute um problema de sauacutede puacuteblica mundialrdquo Segundo os autores
Em 2000 havia uma estimativa de 468000 casos com 233000 mortes por este tipo de cacircncer em todo o mundo Destas mortes 80 ocorreriam nos paiacuteses em desenvolvimento No Brasil o cacircncer de colo uterino representa a segunda maior causa de morte por cacircncer entre as mulheres (HACKENHAAR CEacuteSAR e DOMINGUES 2006 p 1)
Por meio do controle perioacutedico utilizando-se o exame citoloacutegico eacute possiacutevel
reduzir sua incidecircncia pois dados da Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede (OMS)
afirmam que a cada ano surgem cerca de 500 mil novos casos de cacircncer do colo
uterino por ano no mundo todo sendo que mais de 400 mil ocorrem em paiacuteses em
desenvolvimento (ZEFERINO 2008) Este dado eacute confirmado por Ceacutesar et al
(2003) quando os autores afirmam que cerca de 80 dos casos de cacircncer de colo
uterino ocorrem nos paiacuteses pobres
Domingos et al (2007 p 1) explicam que ldquoo cacircncer de colo de uacutetero eacute uma
doenccedila de evoluccedilatildeo lenta levando em meacutedia 14 anos para sua evoluccedilatildeo total
Inicia-se com alteraccedilotildees miacutenimas nas ceacutelulas denominadas displasia e se natildeo
forem tratadas estas alteraccedilotildees evoluemrdquo De acordo com os autores
Com o desenvolvimento da doenccedila em meacutedia trecircs anos apoacutes a constataccedilatildeo das primeiras alteraccedilotildees celulares surge um tumor localizado chamado carcinoma in situ Este cacircncer desenvolve-se por mais seis anos invadindo a mucosa do uacutetero quando recebe o nome de carcinoma invasor Apoacutes 14 anos das primeiras alteraccedilotildees celulares o cacircncer atinge a forma mais grave com o aparecimento de metaacutestase espalhando-se assim por outras regiotildees do corpo (DOMINGOS et al 2007 p 1)
Conforme Rodrigues Neto Figueiredo e Siqueira (2008 p 1) o cacircncer tem
sido responsaacutevel por seis milhotildees de mortes por ano correspondendo a 12 das
mortes mundiais ldquoEstima-se a ocorrecircncia de mais de dez milhotildees de novos casos
de cacircncer por ano sendo que para o ano de 2020 espera-se que haja mais de 15
milhotildees de casos novosrdquo Para os autores
O cacircncer do colo do uacutetero (CCU) ocupa o 2ordm lugar na incidecircncia mundial de neoplasias estando atraacutes apenas do cacircncer de mama Por ano no mundo ocorrem cerca de 235 mil mortes devido ao CCU sendo 218 mil em paiacuteses considerados pobres ou emergentes(4) onde ocorre quase 60 dos casos novos de cacircncer ocupando um lugar de destaque nas taxas de morbimortalidade entre a populaccedilatildeo feminina Ressalta-se que na Ameacuterica Latina se encontram as mais altas taxas de incidecircncia desta doenccedila
27
representando uma das causas de oacutebito mais frequumlente entre as mulheres [] Natildeo considerando os carcinomas de pele natildeo melanoma o CCU eacute o mais incidente na Regiatildeo Norte (22100000) Jaacute nas regiotildees Sul (24100000) Centro-Oeste (19100000) e Nordeste (18100000) ocupa a segunda posiccedilatildeo e no Sudeste (18100000) a quarta posiccedilatildeo estando assim associado a regiotildees brasileiras de baixo niacutevel socioeconocircmico (RODRIGUES NETO FIGUEIREDO e SIQUEIRA 2008 p 1)
Dentre os fatores causadores e facilitadores desse tipo de cacircncer Ceacutesar et al
(2003) citam fatores reprodutivos maternos tais como iniacutecio precoce de atividade
sexual e comportamento sexual masculino baixo niacutevel socioeconocircmico muacuteltiplos
parceiros sexuais higiene sexual precaacuteria ocorrecircncia de abortos (particularmente os
induzidos) alcoolismo e tabagismo e uso de anticoncepcional oral Domingos et al
(2007 p 1) afirmam que ldquoo cacircncer do colo do uacutetero eacute um dos maiores problemas da
sauacutede da mulher em todo o mundo Estima-se que a cada ano ocorram no mundo
493000 novos casos da doenccedila e 274000 mortesrdquo
ldquoSegundo dados do Ministeacuterio da Sauacutede (MS) no ano de 2002 4091
mulheres morreram no Brasil vitimadas por este tipo de cacircncer Destas 297
ocorreram no Estado do Paranaacute na faixa etaacuteria de 30 a 49 anosrdquo (DOMINGOS et al
2007 p 1)
Zeferino (2008) relata que no Brasil o cacircncer do colo uterino eacute o terceiro mais
frequumlente o qual eacute superado apenas pelos cacircnceres de pele e de mama Trata-se
da quarta causa de oacutebito entre as mulheres superado apenas pelos cacircnceres de
mama do pulmatildeo e do coacutelon-reto No ano de 2003 foram registradas 4110 mortes
com cacircncer de colo uterino correspondendo a 7 do total dos oacutebitos devido a
cacircncer em mulheres De acordo com o autor
Cerca de 90 dos cacircnceres de colo uterino originaram-se de ceacutelulas escamosas sendo chamados de carcinomas escamosos ou carcinomas epidermoacuteides e outros 10 originaram-se de ceacutelulas glandulares sendo entatildeo chamados de adenocarcinomas Raramente podem aparecer os dois tipos de ceacutelulas e satildeo chamados carcinomas adenoescamosos Todavia tem sido observado que a proporccedilatildeo de adenocarcinoma do colo uterino tem aumentado nas uacuteltimas deacutecadas particularmente em mulheres jovens (BULK et al 2005 apud ZEFERINO 2008 p 68)
Segundo dados do INCA (2002 apud Ceacutesar et al 2003 p 1366) ldquono Brasil
o cacircncer de colo uterino eacute o segundo entre os tumores ginecoloacutegicos malignos e o
terceiro mais comum na populaccedilatildeo feminina Representa 10 de todos os cacircnceres
malignos em mulheresrdquo
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De acordo com Albuquerque et al (2009) ldquoa infecccedilatildeo preacutevia pelo papiloma
viacuterus humano (HPV) tem sido apontada como o principal fator de risco para o cacircncer
de colo de uacuteterordquo Fatores como iniacutecio precoce da atividade sexual multiplicidade de
parceiros sexuais uso de contraceptivos orais tabagismo situaccedilatildeo conjugal e baixa
condiccedilatildeo soacutecio-econocircmica tecircm sido apontados como fatores de risco importantes
para o desenvolvimento dessa neoplasia
Narchi Janicas e Fernandes (2007) relatam que o cacircncer ceacutervico-uterino tem
sua origem a partir de uma lesatildeo intra-epitelial progressiva a qual pode evoluir para
um cacircncer invasivo dentro de um prazo em torno de 10 a 20 anos caso natildeo seja
oferecido tratamento
Conforme as autoras durante o periacuteodo de evoluccedilatildeo da doenccedila ela passa por
fases preacute-cliacutenicas detectaacuteveis e curaacuteveis lhe conferindo elevado potencial de
prevenccedilatildeo e cura Corresponde a cerca de 15 de todos os cacircnceres femininos
sendo o segundo tipo mais comum entre as mulheres Ainda na visatildeo das autoras a
mortalidade pelo cacircncer ceacutervico-uterino pode ser evitada devido agrave lenta evoluccedilatildeo da
doenccedila e devido aos recursos tecnoloacutegicos o diagnoacutestico e o tratamento oportunos
das lesotildees precursoras as quais satildeo curaacuteveis em ateacute 100 dos casos Entretanto
conforme as autoras mesmo o Brasil ter sido um dos primeiros paiacuteses a realizar os
exames de colpocitologia e colposcopia esse tipo de cacircncer ainda continua sendo
um seacuterio problema de sauacutede puacuteblica por manter uma das mais elevadas taxas de
oacutebito como pode ser verificado a seguir
No Brasil as accedilotildees de controle do cacircncer ginecoloacutegico iniciaram-se de forma programaacutetica em 1983 eacutepoca de implantaccedilatildeo do Programa de Assistecircncia Integral agrave Sauacutede da Mulher (PAISM) que representou uma ampliaccedilatildeo do foco de assistecircncia agrave mulher para aleacutem do ciclo graviacutedico-puerperal No entanto apesar das recomendaccedilotildees de implantaccedilatildeo ou ampliaccedilatildeo das atividades de diagnoacutestico do cacircncer ceacutervico-uterino e de educativas com vistas agrave prevenccedilatildeo da doenccedila por mais de uma deacutecada as accedilotildees de combate a essa doenccedila foram desenvolvidas no paiacutes de forma desarticulada por iniciativa de apenas alguns Estados e municiacutepios (NARCHI JANICAS e FERNANDES 2007 p 128)
Os autores pesquisados nesta revisatildeo narrativa serviram de subsiacutedios para a
elaboraccedilatildeo do plano de accedilatildeo apresentado no proacuteximo capiacutetulo cujo objetivo eacute
aumentar a cobertura do exame de prevenccedilatildeo do cacircncer do colo do uacutetero no Centro
de Sauacutede Felicidade II
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5 PLANO DE ACcedilAtildeO PARA A AMPLIACcedilAtildeO DA COBERTURA DO EXAME COLPOCITOLOacuteGICO NO CENTRO DE SAUacuteDE FELICIDADE II
De acordo com a atividade realizada no Moacutedulo da Sauacutede da Mulher foram
constatados alguns problemas em relaccedilatildeo agrave cobertura do exame colpocitoloacutegico no
Centro de Sauacutede Felicidade II o qual apresentou em 2009 baixa cobertura A partir
daiacute foram detectados outros fatores que contribuem para o baixo iacutendice de
cobertura aqueacutem do que eacute preconizado pela Secretaacuteria Municipal de Sauacutede Neste
sentido o plano de accedilatildeo descrito no Quadro 1 vem propor estrateacutegias visando
ampliar da cobertura do exame colpocitoloacutegico e minimizar os problemas levantados
Acredita-se que por meio da implantaccedilatildeo do plano de accedilatildeo sugerido o
Centro de Sauacutede Felicidade II teraacute maior e melhor desempenho de sua equipe
alcanccedilando com isso o aprimoramento no atendimento da populaccedilatildeo alvo da
instituiccedilatildeo
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QUADRO1 - PLANO DE ACcedilAtildeO PARA AUMENTAR A COBERTURA DO EXAME DE PREVEN9AO DO COLO DO UTERO PARA A EQUIPE DE SAUDE DO CENTRO DE SAUDE FELICIDADE II
PROBLEMA ATIVIDADES ACcedilOtildeES META RESPONSAVEL PERIODO
As ACS sentem inseguros para orientar agraves mulheres em relaccedilatildeo aos cuidados para realizar o exame preventivo por falta de conhecimento
Educaccedilatildeo em Sauacutede
Capacitaccedilatildeo da equipe sobre a importacircncia do exame colpocitoloacutegico
Nivelar o conhecimento dos membros da equipe
Municiacutepio Gerecircncia Regional de Sauacutede
Outubro2011
Enfermeiro natildeo se sente capacitado para a realizaccedilatildeo do exame de Papanicolaou
Capacitaccedilatildeo Teacutecnica do enfermeiro para a realizaccedilatildeo do exame de Papanicolaou
Solicitar agrave Ginecologista enfermeira treinamentocapacitaccedilatildeo do enfermeiro
Instrumentalizar o enfermeiro para a realizaccedilatildeo coleta de material
Enfermeira de outra Unidade Baacutesica de Sauacutede Meacutedico Ginecologista
Outubro2011
Baixo iacutendice de cobertura do exame citoloacutegico
Elaboraccedilatildeo de um instrumento para coleta de dados para identificar as mulheres de 25 a 59 anos na aacuterea de abrangecircncia do centro de sauacutede e tambeacutem para levantar quais os fatores que impeditivos para a realizaccedilatildeo do exame Incluir as mulheres identificadas no arquivo rotativo
Visita domiciliar
Visitar todas as mulheres dentro da aacuterea de abrangecircncia da UBS
ACS Novembro2011 Dezembro2011
Baixo iacutendice de cobertura do exame citoloacutegico
Agendamento da consulta de enfermagem consulta meacutedica para atender as prioridades levantadas no diagnoacutestico da atividade anterior para realizaccedilatildeo do exame Priorizar mulheres que nunca fizeram o exame ou que fizeram a mais de trecircs anos
Visita domiciliar Consulta de Enfermagem e consulta meacutedica
Orientar as mulheres sobre o exame preventivo Realizar o exame
ACS Meacutedico e enfermeira
Janeiro2012
31
O agendamento das consultas e marcado para datas muito distantes o que geralmente faz com que a mulher esqueccedila
Comunicaccedilatildeo da data do exame com antecedecircncia
Elaborar uma forma de entrar em contato com a paciente cinco dias antes da consulta agendada
Diminuir o iacutendice de ausecircncia agraves consultas
ACS Novembro2011
Desconhecimento das mulheres sobre o exame preventivo e os cuidados preparativos para o exame
Orientaccedilatildeo das mulheres sobre o exame e os cuidados preparativos para o exame
Criar um informativo contendo as orientaccedilotildees sobre o exame e os cuidados para serem entregue as usuaacuterias no momento da visita do ACS para informaacute-las da data e horaacuterio da consulta
Orientar todas usuaacuterias
Enfermeiro ACS
Janeiro2011
Entrega de resultados dos preventivos sem alteraccediloespelos ACSrsquos
Entrega do resultado do exame
Agendar um dia na semana para a entrega dos resultados dos exames Todos os exames deveratildeo ser vistos pelo enfermeiro Aqueles que apresentarem alguma alteraccedilatildeo a paciente deve ser encaminhada ao meacutedico Teacutecnico de Enfermagem Enfermeiro
Orientar as usuaacuterias
Os exames com resultados normais seratildeo entregues pelo teacutecnico de enfermagem Aqueles que apresentarem alguma alteraccedilatildeo seratildeo entregues pelo enfermeiro que deveraacute fazer os devidos encaminhamentos quando necessaacuterios
Dezembro2011
Entrega dos resultados de exames com alteraccedilotildees apoacutes consultas de retorno agendadas para usuaacuterias
Orientaccedilatildeo encaminhamento e acompanhamento da usuaacuteria
Visita domicilar Consulta de enfermagemconsulta meacutedica
Avaliar o estado de sauacutede da mulher Acompanhamento e orientaccedilotildees
Meacutedico e enfermeira Janeiro2012
Monitoramento e acompanhamento
- Agendamentos anuais - Elaboraccedilatildeo um arquivo rotativo - Estabelecimento de Indicadores de acompanhamento e
- Controlar a marcaccedilatildeo de consulta no intervalo de trecircs anos se apoacutes dois anos consecutivos de coleta os resultados forem negativos para
Monitorar o exame preventivo Acompanhar o estado de sauacutede das mulheres pela
Enfermeira e Teacutecnico de enfermagem
Novembro2011
32
avaliaccedilatildeo das accedilotildees votadas agrave sauacutede da mulher pela equipe de sauacutede
displasia ou neoplasia - Fazer a busca das usuaacuterias faltosas aos exames e consultas
equipe
Falta de interesse e conscientizaccedilatildeo em relaccedilatildeo agrave importacircncia do exame preventivo
Atendimento de Grupos Retomar o grupo de mulheres onde seratildeo abordados temas relativos agrave sauacutede da mulher Realizar orientaccedilotildees por meio de palestras nos grupos operativos
Conscientizar as mulheres sobre a importacircncia da realizaccedilatildeo do exame
Equipe de Sauacutede Fevereiro2012
Consulta eacute marcada com um meacutedico do sexo masculino
Agendamento com o enfermeiro quando possiacutevel
Reforccedilar com a paciente que durante a consulta estaraacute presente uma Auxiliar de Enfermagem
Diminuir a evasatildeo do exame prevenccedilatildeo Diminuir a resistecircncia ao atendimento masculino
Disponibilizar uma auxiliar ou teacutecnica de enfemagem para acompanhar o meacutedico durante o exame
Dezembro2011
Falta disponibilidade de horaacuterios mais flexiacuteveis pois haacute concentraccedilatildeo de horaacuterio pela manhatilde
Adequaccedilatildeo da Agenda Alteraccedilotildees na agenda com horaacuterios para adequar agraves necessidades dos usuaacuterios
Marcar os exames preventivos para o horaacuterio da tarde
Enfermeira e meacutedico Janeiro2012
33
6 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
A poliacutetica da sauacutede tem como principal objetivo promover mudanccedilas no intuito
de melhorar o niacutevel da sauacutede da populaccedilatildeo Diante dos resultados apurados nesse
estudo percebe-se a necessidade das intervenccedilotildees a serem efetuadas no Centro de
Sauacutede Felicidade II visando melhorar o iacutendice de cobertura dos exames
preventivos
Assim a realidade percebida no Centro de Sauacutede Felicidade II eacute que o
desempenho da equipe exerce grande impacto no desenvolvimento das accedilotildees
alcanccedilando dessa forma o objetivo de contribuir com o aprimoramento e a
consolidaccedilatildeo da assistecircncia agrave sauacutede da populaccedilatildeo
Como problemas levantados em relaccedilatildeo a baixa cobertura da prevenccedilatildeo do
cacircncer do colo do uacutetero identificamos as seguintes o ACS sentir inseguro para
orientar agraves mulheres em relaccedilatildeo aos cuidados para realizar o exame preventivo a
falta de capacitaccedilatildeo teacutecnica para o enfermeiro realizar o exame de Papanicolaou
consultas agendadas para datas muito distantes fazendo com que a mulher se
esqueccedila do diadesconhecimento das mulheres sobre o exame preventivo e os
cuidados preparativos para o mesmo falta de interesse e conscientizaccedilatildeo em
relaccedilatildeo agrave importacircncia do exame preventivo por parte das usuaacuteriaspudor da mulher
diante do profissional de sexo masculino e falta de disponibilidade de horaacuterios mais
flexiacuteveis com concentraccedilatildeo das consultas no horaacuterio da manhatilde
A partir dos problemas levantados foram propostas as atividades accedilotildees
metas e os responsaacuteveis pelas atividades no sentido de ampliar a cobertura das
mulheres por meio da participaccedilatildeo de toda a equipe de sauacutede Desse modo foi
muito importante tambeacutem a elaboraccedilatildeo das estrateacutegias para que o nuacutemero de
usuaacuterias seja aumentado Neste sentido destaca-se o papel do enfermeiro como
parte integrante da equipe de sauacutede e que desempenha um importante papel na
promoccedilatildeo da prevenccedilatildeo educaccedilatildeo e melhorias constantes nos serviccedilos oferecidos
agrave populaccedilatildeo
Nesta direccedilatildeo o Centro de Sauacutede Felicidade II deve se preocupar com a
capacitaccedilatildeo de seus funcionaacuterios com a organizaccedilatildeo do processo de trabalho das
equipes bem com um investimento maior nas accedilotildees de promoccedilatildeo e prevenccedilatildeo da
saude conforme abordado neste estudo
34
Desse modo cabe a todos os profissionais atuar mais na prevenccedilatildeo
promoccedilatildeo e recuperaccedilatildeo por meio de praacuteticas educativas promovendo campanhas
palestras sobre a sauacutede da mulher fornecendo orientaccedilotildees durante as consultas
para que se possa reverter o quadro de baixo iacutendice de cobertura no exame
preventivo de cacircncer do colo do uacutetero alcance assim a cobertura preconizada pela
Secretaacuteria de Sauacutede o que vai refletir na melhoria da assistecircncia a sauacutede agrave mulher
35
REFEREcircNCIAS ALBUQUERQUE KM et al Cobertura do Teste de Papanicolau e Fatores associados agrave Natildeo-Realizaccedilatildeo um olhar sobre o Programa de Prevenccedilatildeo do Cacircncer do Colo do Uacutetero em Pernambuco Brasil Caderno de Sauacutede Puacuteblica v 25 supl 2 Rio de Janeiro 2009 Disponiacutevel em lthttpwwwscielosporgscielophpscript=sci_arttextamppid=S0102-311X2009001400012gt Acesso em 6 nov 2010 BELO HORIZONTE Secretaria Municipal de Sauacutede Prevenccedilatildeo e Controle do Cacircncer do Colo de Uacutetero Belo Horizonte 2008 BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede O Programa Sauacutede da Famiacutelia e a Atenccedilatildeo Baacutesica no Brasil Brasiacutelia 2002 Disponiacutevel em lthttpwwwccssaudegovbrsaudebatea portamostravirtualpublicacoespsf_atencaobasicapdfgt Acesso em 01 abr 2010 CEacuteSAR JA et al Fatores Associados agrave natildeo Realizaccedilatildeo de Exame Citopatoloacutegico de Colo Uterino no Extremo Sul do Brasil Caderno de Sauacutede Puacuteblica Rio de Janeiro v19n5 p1365-1372 setout 2003 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrpdf0Dcspv19n517808pdfgt Acesso em 16 jul 2010 CORREcircA DA D VILLELA WV O Controle do Cacircncer do Colo do Uacutetero desafios para implementaccedilatildeo de accedilotildees programaacuteticas no Amazonas Brasil Rev bras sauacutede matern infantil v8 n4p491-497 outdez 2008 DIAS-DA-COSTA J S et al Cobertura do Exame Citopatoloacutegico na Cidade de Pelotas Rio Grande do Sul Brasil Caderno de Sauacutede Puacuteblica Rio de Janeiro v19 n1 p191-197 janfev 2003 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrpdfcspv19n114919pdfgt Acesso em 16 jul 2010 DOMINGOS ACP et al Cacircncer do Colo do Uacutetero comportamento preventivo de auto-cuidado agrave sauacutede Revista Ciecircncia Cuidado e Sauacutede 6 (Suplem 2) p 397-403 2007 Disponiacutevel em lthttpperiodicosuembrojsindexphpCiencCuidSaudearticleviewFile53373385gt Acesso em 5 nov 2010 HACKENHAAR AAC JURACI A DOMINGUES MR Exame Citopatoloacutegico de Colo Uterino em Mulheres com Idade entre 20 e 59 anos em Pelotas RS prevalecircncia foco e fatores associados agrave sua natildeo realizaccedilatildeo Revista Brasileira de EpidemiologiaSatildeo Paulo v9n1 Mar 2006 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S1415-790X2006000100013gt Acesso em 16 jul 2010 MONTEMOR EBL et al Controle do Cacircncer de Colo de Uacutetero o exame citopatoloacutegico In LOPES MHBde M (org) Enfermagem na Sauacutede da Mulher Goiacircnia AB 2006 p 45-65 NAKAGAWA JTT SCHIRMER J BARBIERI M Viacuterua HPV e Cacircncer de Colo de Uacutetero Revista Brasileira de Enfermagem v 63 n 2 Brasiacutelia marabri 2010
36
Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S0034-71672010000200021gt Acesso em 6 nov 2010 NARCHI NZ JANICAS Rde CS V FERNANDES RAacuteQ Prevenccedilatildeo e Controle do Cacircncer Ceacutervico-Uterino In FERNANDES RAacuteQ NARCHI NZ Enfermagem e Sauacutede da Mulher Barueri SP Manole 2007 p 127-149 NUacuteCLEO DE EDUCACcedilAtildeO EM SAUacuteDE COLETIVA ndash NESCON Faculdade de Medicina ndash UFMG Belo Horizonte Disponiacutevel em lthttpwwwnesconmedicinaufmgbrgt Acesso em 12 dez 2009 PINTO CAG COELHO IB BH Vida pensando a implantaccedilatildeo da Estrateacutegia de Sauacutede da Famiacutelia na cidade de Belo Horizonte passados 10 anos lthttpxayimgcomkqgroups15983109953140003nameImplantacao+do+BH+VIDA+-+Carlos+Gama+e+Ivan+Coelho5B15Dpdf gt Acesso em 01 mar 2011 RODRIGUES NETO JF FIGUEIREDO MFS SIQUEIRA LG Exame Citopatoloacutegico do Colo do Uacutetero fatores associados a natildeo realizaccedilatildeo em ESF Revista Eletrocircnica de Enfermagem 10 (3) 610-21 2008 Disponiacutevel em lthttpwwwfenufgbrrevistav10n3pdfv10n3a07pdfgt Acesso em 17 jul 2010 TAVARES SB do N et al Controle da Qualidade em Citopatologia Cervical revisatildeo de literatura Revista Brasileira de Cancerologia 53(3) 355-364 2007 Disponiacutevel em lthttpwwwincagovbrrbcn_53v03pdfrevisao6pdfgt Acesso em 17 jul 2010 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA Regulamento de Orientaccedilatildeo Do Trabalho De Conclusatildeo De Curso Do Curso De Licenciatura Em Letras ndashPORTUGUEcircS-ESPANHOL Disponiacutevel em lt httpwwwuepgbruepg_departamentosdeletpdfREG20PORT20ESPANHOLpdf gt Acesso em 23 set 2011 ZEFERINO L Prevenccedilatildeo e Controle do Cacircncer Ceacutervico-Uterino In LOPES MHB de M (org) Enfermagem na Sauacutede da Mulher Goiacircnia AB p 67-80 2006
27
representando uma das causas de oacutebito mais frequumlente entre as mulheres [] Natildeo considerando os carcinomas de pele natildeo melanoma o CCU eacute o mais incidente na Regiatildeo Norte (22100000) Jaacute nas regiotildees Sul (24100000) Centro-Oeste (19100000) e Nordeste (18100000) ocupa a segunda posiccedilatildeo e no Sudeste (18100000) a quarta posiccedilatildeo estando assim associado a regiotildees brasileiras de baixo niacutevel socioeconocircmico (RODRIGUES NETO FIGUEIREDO e SIQUEIRA 2008 p 1)
Dentre os fatores causadores e facilitadores desse tipo de cacircncer Ceacutesar et al
(2003) citam fatores reprodutivos maternos tais como iniacutecio precoce de atividade
sexual e comportamento sexual masculino baixo niacutevel socioeconocircmico muacuteltiplos
parceiros sexuais higiene sexual precaacuteria ocorrecircncia de abortos (particularmente os
induzidos) alcoolismo e tabagismo e uso de anticoncepcional oral Domingos et al
(2007 p 1) afirmam que ldquoo cacircncer do colo do uacutetero eacute um dos maiores problemas da
sauacutede da mulher em todo o mundo Estima-se que a cada ano ocorram no mundo
493000 novos casos da doenccedila e 274000 mortesrdquo
ldquoSegundo dados do Ministeacuterio da Sauacutede (MS) no ano de 2002 4091
mulheres morreram no Brasil vitimadas por este tipo de cacircncer Destas 297
ocorreram no Estado do Paranaacute na faixa etaacuteria de 30 a 49 anosrdquo (DOMINGOS et al
2007 p 1)
Zeferino (2008) relata que no Brasil o cacircncer do colo uterino eacute o terceiro mais
frequumlente o qual eacute superado apenas pelos cacircnceres de pele e de mama Trata-se
da quarta causa de oacutebito entre as mulheres superado apenas pelos cacircnceres de
mama do pulmatildeo e do coacutelon-reto No ano de 2003 foram registradas 4110 mortes
com cacircncer de colo uterino correspondendo a 7 do total dos oacutebitos devido a
cacircncer em mulheres De acordo com o autor
Cerca de 90 dos cacircnceres de colo uterino originaram-se de ceacutelulas escamosas sendo chamados de carcinomas escamosos ou carcinomas epidermoacuteides e outros 10 originaram-se de ceacutelulas glandulares sendo entatildeo chamados de adenocarcinomas Raramente podem aparecer os dois tipos de ceacutelulas e satildeo chamados carcinomas adenoescamosos Todavia tem sido observado que a proporccedilatildeo de adenocarcinoma do colo uterino tem aumentado nas uacuteltimas deacutecadas particularmente em mulheres jovens (BULK et al 2005 apud ZEFERINO 2008 p 68)
Segundo dados do INCA (2002 apud Ceacutesar et al 2003 p 1366) ldquono Brasil
o cacircncer de colo uterino eacute o segundo entre os tumores ginecoloacutegicos malignos e o
terceiro mais comum na populaccedilatildeo feminina Representa 10 de todos os cacircnceres
malignos em mulheresrdquo
28
De acordo com Albuquerque et al (2009) ldquoa infecccedilatildeo preacutevia pelo papiloma
viacuterus humano (HPV) tem sido apontada como o principal fator de risco para o cacircncer
de colo de uacuteterordquo Fatores como iniacutecio precoce da atividade sexual multiplicidade de
parceiros sexuais uso de contraceptivos orais tabagismo situaccedilatildeo conjugal e baixa
condiccedilatildeo soacutecio-econocircmica tecircm sido apontados como fatores de risco importantes
para o desenvolvimento dessa neoplasia
Narchi Janicas e Fernandes (2007) relatam que o cacircncer ceacutervico-uterino tem
sua origem a partir de uma lesatildeo intra-epitelial progressiva a qual pode evoluir para
um cacircncer invasivo dentro de um prazo em torno de 10 a 20 anos caso natildeo seja
oferecido tratamento
Conforme as autoras durante o periacuteodo de evoluccedilatildeo da doenccedila ela passa por
fases preacute-cliacutenicas detectaacuteveis e curaacuteveis lhe conferindo elevado potencial de
prevenccedilatildeo e cura Corresponde a cerca de 15 de todos os cacircnceres femininos
sendo o segundo tipo mais comum entre as mulheres Ainda na visatildeo das autoras a
mortalidade pelo cacircncer ceacutervico-uterino pode ser evitada devido agrave lenta evoluccedilatildeo da
doenccedila e devido aos recursos tecnoloacutegicos o diagnoacutestico e o tratamento oportunos
das lesotildees precursoras as quais satildeo curaacuteveis em ateacute 100 dos casos Entretanto
conforme as autoras mesmo o Brasil ter sido um dos primeiros paiacuteses a realizar os
exames de colpocitologia e colposcopia esse tipo de cacircncer ainda continua sendo
um seacuterio problema de sauacutede puacuteblica por manter uma das mais elevadas taxas de
oacutebito como pode ser verificado a seguir
No Brasil as accedilotildees de controle do cacircncer ginecoloacutegico iniciaram-se de forma programaacutetica em 1983 eacutepoca de implantaccedilatildeo do Programa de Assistecircncia Integral agrave Sauacutede da Mulher (PAISM) que representou uma ampliaccedilatildeo do foco de assistecircncia agrave mulher para aleacutem do ciclo graviacutedico-puerperal No entanto apesar das recomendaccedilotildees de implantaccedilatildeo ou ampliaccedilatildeo das atividades de diagnoacutestico do cacircncer ceacutervico-uterino e de educativas com vistas agrave prevenccedilatildeo da doenccedila por mais de uma deacutecada as accedilotildees de combate a essa doenccedila foram desenvolvidas no paiacutes de forma desarticulada por iniciativa de apenas alguns Estados e municiacutepios (NARCHI JANICAS e FERNANDES 2007 p 128)
Os autores pesquisados nesta revisatildeo narrativa serviram de subsiacutedios para a
elaboraccedilatildeo do plano de accedilatildeo apresentado no proacuteximo capiacutetulo cujo objetivo eacute
aumentar a cobertura do exame de prevenccedilatildeo do cacircncer do colo do uacutetero no Centro
de Sauacutede Felicidade II
29
5 PLANO DE ACcedilAtildeO PARA A AMPLIACcedilAtildeO DA COBERTURA DO EXAME COLPOCITOLOacuteGICO NO CENTRO DE SAUacuteDE FELICIDADE II
De acordo com a atividade realizada no Moacutedulo da Sauacutede da Mulher foram
constatados alguns problemas em relaccedilatildeo agrave cobertura do exame colpocitoloacutegico no
Centro de Sauacutede Felicidade II o qual apresentou em 2009 baixa cobertura A partir
daiacute foram detectados outros fatores que contribuem para o baixo iacutendice de
cobertura aqueacutem do que eacute preconizado pela Secretaacuteria Municipal de Sauacutede Neste
sentido o plano de accedilatildeo descrito no Quadro 1 vem propor estrateacutegias visando
ampliar da cobertura do exame colpocitoloacutegico e minimizar os problemas levantados
Acredita-se que por meio da implantaccedilatildeo do plano de accedilatildeo sugerido o
Centro de Sauacutede Felicidade II teraacute maior e melhor desempenho de sua equipe
alcanccedilando com isso o aprimoramento no atendimento da populaccedilatildeo alvo da
instituiccedilatildeo
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QUADRO1 - PLANO DE ACcedilAtildeO PARA AUMENTAR A COBERTURA DO EXAME DE PREVEN9AO DO COLO DO UTERO PARA A EQUIPE DE SAUDE DO CENTRO DE SAUDE FELICIDADE II
PROBLEMA ATIVIDADES ACcedilOtildeES META RESPONSAVEL PERIODO
As ACS sentem inseguros para orientar agraves mulheres em relaccedilatildeo aos cuidados para realizar o exame preventivo por falta de conhecimento
Educaccedilatildeo em Sauacutede
Capacitaccedilatildeo da equipe sobre a importacircncia do exame colpocitoloacutegico
Nivelar o conhecimento dos membros da equipe
Municiacutepio Gerecircncia Regional de Sauacutede
Outubro2011
Enfermeiro natildeo se sente capacitado para a realizaccedilatildeo do exame de Papanicolaou
Capacitaccedilatildeo Teacutecnica do enfermeiro para a realizaccedilatildeo do exame de Papanicolaou
Solicitar agrave Ginecologista enfermeira treinamentocapacitaccedilatildeo do enfermeiro
Instrumentalizar o enfermeiro para a realizaccedilatildeo coleta de material
Enfermeira de outra Unidade Baacutesica de Sauacutede Meacutedico Ginecologista
Outubro2011
Baixo iacutendice de cobertura do exame citoloacutegico
Elaboraccedilatildeo de um instrumento para coleta de dados para identificar as mulheres de 25 a 59 anos na aacuterea de abrangecircncia do centro de sauacutede e tambeacutem para levantar quais os fatores que impeditivos para a realizaccedilatildeo do exame Incluir as mulheres identificadas no arquivo rotativo
Visita domiciliar
Visitar todas as mulheres dentro da aacuterea de abrangecircncia da UBS
ACS Novembro2011 Dezembro2011
Baixo iacutendice de cobertura do exame citoloacutegico
Agendamento da consulta de enfermagem consulta meacutedica para atender as prioridades levantadas no diagnoacutestico da atividade anterior para realizaccedilatildeo do exame Priorizar mulheres que nunca fizeram o exame ou que fizeram a mais de trecircs anos
Visita domiciliar Consulta de Enfermagem e consulta meacutedica
Orientar as mulheres sobre o exame preventivo Realizar o exame
ACS Meacutedico e enfermeira
Janeiro2012
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O agendamento das consultas e marcado para datas muito distantes o que geralmente faz com que a mulher esqueccedila
Comunicaccedilatildeo da data do exame com antecedecircncia
Elaborar uma forma de entrar em contato com a paciente cinco dias antes da consulta agendada
Diminuir o iacutendice de ausecircncia agraves consultas
ACS Novembro2011
Desconhecimento das mulheres sobre o exame preventivo e os cuidados preparativos para o exame
Orientaccedilatildeo das mulheres sobre o exame e os cuidados preparativos para o exame
Criar um informativo contendo as orientaccedilotildees sobre o exame e os cuidados para serem entregue as usuaacuterias no momento da visita do ACS para informaacute-las da data e horaacuterio da consulta
Orientar todas usuaacuterias
Enfermeiro ACS
Janeiro2011
Entrega de resultados dos preventivos sem alteraccediloespelos ACSrsquos
Entrega do resultado do exame
Agendar um dia na semana para a entrega dos resultados dos exames Todos os exames deveratildeo ser vistos pelo enfermeiro Aqueles que apresentarem alguma alteraccedilatildeo a paciente deve ser encaminhada ao meacutedico Teacutecnico de Enfermagem Enfermeiro
Orientar as usuaacuterias
Os exames com resultados normais seratildeo entregues pelo teacutecnico de enfermagem Aqueles que apresentarem alguma alteraccedilatildeo seratildeo entregues pelo enfermeiro que deveraacute fazer os devidos encaminhamentos quando necessaacuterios
Dezembro2011
Entrega dos resultados de exames com alteraccedilotildees apoacutes consultas de retorno agendadas para usuaacuterias
Orientaccedilatildeo encaminhamento e acompanhamento da usuaacuteria
Visita domicilar Consulta de enfermagemconsulta meacutedica
Avaliar o estado de sauacutede da mulher Acompanhamento e orientaccedilotildees
Meacutedico e enfermeira Janeiro2012
Monitoramento e acompanhamento
- Agendamentos anuais - Elaboraccedilatildeo um arquivo rotativo - Estabelecimento de Indicadores de acompanhamento e
- Controlar a marcaccedilatildeo de consulta no intervalo de trecircs anos se apoacutes dois anos consecutivos de coleta os resultados forem negativos para
Monitorar o exame preventivo Acompanhar o estado de sauacutede das mulheres pela
Enfermeira e Teacutecnico de enfermagem
Novembro2011
32
avaliaccedilatildeo das accedilotildees votadas agrave sauacutede da mulher pela equipe de sauacutede
displasia ou neoplasia - Fazer a busca das usuaacuterias faltosas aos exames e consultas
equipe
Falta de interesse e conscientizaccedilatildeo em relaccedilatildeo agrave importacircncia do exame preventivo
Atendimento de Grupos Retomar o grupo de mulheres onde seratildeo abordados temas relativos agrave sauacutede da mulher Realizar orientaccedilotildees por meio de palestras nos grupos operativos
Conscientizar as mulheres sobre a importacircncia da realizaccedilatildeo do exame
Equipe de Sauacutede Fevereiro2012
Consulta eacute marcada com um meacutedico do sexo masculino
Agendamento com o enfermeiro quando possiacutevel
Reforccedilar com a paciente que durante a consulta estaraacute presente uma Auxiliar de Enfermagem
Diminuir a evasatildeo do exame prevenccedilatildeo Diminuir a resistecircncia ao atendimento masculino
Disponibilizar uma auxiliar ou teacutecnica de enfemagem para acompanhar o meacutedico durante o exame
Dezembro2011
Falta disponibilidade de horaacuterios mais flexiacuteveis pois haacute concentraccedilatildeo de horaacuterio pela manhatilde
Adequaccedilatildeo da Agenda Alteraccedilotildees na agenda com horaacuterios para adequar agraves necessidades dos usuaacuterios
Marcar os exames preventivos para o horaacuterio da tarde
Enfermeira e meacutedico Janeiro2012
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6 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
A poliacutetica da sauacutede tem como principal objetivo promover mudanccedilas no intuito
de melhorar o niacutevel da sauacutede da populaccedilatildeo Diante dos resultados apurados nesse
estudo percebe-se a necessidade das intervenccedilotildees a serem efetuadas no Centro de
Sauacutede Felicidade II visando melhorar o iacutendice de cobertura dos exames
preventivos
Assim a realidade percebida no Centro de Sauacutede Felicidade II eacute que o
desempenho da equipe exerce grande impacto no desenvolvimento das accedilotildees
alcanccedilando dessa forma o objetivo de contribuir com o aprimoramento e a
consolidaccedilatildeo da assistecircncia agrave sauacutede da populaccedilatildeo
Como problemas levantados em relaccedilatildeo a baixa cobertura da prevenccedilatildeo do
cacircncer do colo do uacutetero identificamos as seguintes o ACS sentir inseguro para
orientar agraves mulheres em relaccedilatildeo aos cuidados para realizar o exame preventivo a
falta de capacitaccedilatildeo teacutecnica para o enfermeiro realizar o exame de Papanicolaou
consultas agendadas para datas muito distantes fazendo com que a mulher se
esqueccedila do diadesconhecimento das mulheres sobre o exame preventivo e os
cuidados preparativos para o mesmo falta de interesse e conscientizaccedilatildeo em
relaccedilatildeo agrave importacircncia do exame preventivo por parte das usuaacuteriaspudor da mulher
diante do profissional de sexo masculino e falta de disponibilidade de horaacuterios mais
flexiacuteveis com concentraccedilatildeo das consultas no horaacuterio da manhatilde
A partir dos problemas levantados foram propostas as atividades accedilotildees
metas e os responsaacuteveis pelas atividades no sentido de ampliar a cobertura das
mulheres por meio da participaccedilatildeo de toda a equipe de sauacutede Desse modo foi
muito importante tambeacutem a elaboraccedilatildeo das estrateacutegias para que o nuacutemero de
usuaacuterias seja aumentado Neste sentido destaca-se o papel do enfermeiro como
parte integrante da equipe de sauacutede e que desempenha um importante papel na
promoccedilatildeo da prevenccedilatildeo educaccedilatildeo e melhorias constantes nos serviccedilos oferecidos
agrave populaccedilatildeo
Nesta direccedilatildeo o Centro de Sauacutede Felicidade II deve se preocupar com a
capacitaccedilatildeo de seus funcionaacuterios com a organizaccedilatildeo do processo de trabalho das
equipes bem com um investimento maior nas accedilotildees de promoccedilatildeo e prevenccedilatildeo da
saude conforme abordado neste estudo
34
Desse modo cabe a todos os profissionais atuar mais na prevenccedilatildeo
promoccedilatildeo e recuperaccedilatildeo por meio de praacuteticas educativas promovendo campanhas
palestras sobre a sauacutede da mulher fornecendo orientaccedilotildees durante as consultas
para que se possa reverter o quadro de baixo iacutendice de cobertura no exame
preventivo de cacircncer do colo do uacutetero alcance assim a cobertura preconizada pela
Secretaacuteria de Sauacutede o que vai refletir na melhoria da assistecircncia a sauacutede agrave mulher
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REFEREcircNCIAS ALBUQUERQUE KM et al Cobertura do Teste de Papanicolau e Fatores associados agrave Natildeo-Realizaccedilatildeo um olhar sobre o Programa de Prevenccedilatildeo do Cacircncer do Colo do Uacutetero em Pernambuco Brasil Caderno de Sauacutede Puacuteblica v 25 supl 2 Rio de Janeiro 2009 Disponiacutevel em lthttpwwwscielosporgscielophpscript=sci_arttextamppid=S0102-311X2009001400012gt Acesso em 6 nov 2010 BELO HORIZONTE Secretaria Municipal de Sauacutede Prevenccedilatildeo e Controle do Cacircncer do Colo de Uacutetero Belo Horizonte 2008 BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede O Programa Sauacutede da Famiacutelia e a Atenccedilatildeo Baacutesica no Brasil Brasiacutelia 2002 Disponiacutevel em lthttpwwwccssaudegovbrsaudebatea portamostravirtualpublicacoespsf_atencaobasicapdfgt Acesso em 01 abr 2010 CEacuteSAR JA et al Fatores Associados agrave natildeo Realizaccedilatildeo de Exame Citopatoloacutegico de Colo Uterino no Extremo Sul do Brasil Caderno de Sauacutede Puacuteblica Rio de Janeiro v19n5 p1365-1372 setout 2003 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrpdf0Dcspv19n517808pdfgt Acesso em 16 jul 2010 CORREcircA DA D VILLELA WV O Controle do Cacircncer do Colo do Uacutetero desafios para implementaccedilatildeo de accedilotildees programaacuteticas no Amazonas Brasil Rev bras sauacutede matern infantil v8 n4p491-497 outdez 2008 DIAS-DA-COSTA J S et al Cobertura do Exame Citopatoloacutegico na Cidade de Pelotas Rio Grande do Sul Brasil Caderno de Sauacutede Puacuteblica Rio de Janeiro v19 n1 p191-197 janfev 2003 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrpdfcspv19n114919pdfgt Acesso em 16 jul 2010 DOMINGOS ACP et al Cacircncer do Colo do Uacutetero comportamento preventivo de auto-cuidado agrave sauacutede Revista Ciecircncia Cuidado e Sauacutede 6 (Suplem 2) p 397-403 2007 Disponiacutevel em lthttpperiodicosuembrojsindexphpCiencCuidSaudearticleviewFile53373385gt Acesso em 5 nov 2010 HACKENHAAR AAC JURACI A DOMINGUES MR Exame Citopatoloacutegico de Colo Uterino em Mulheres com Idade entre 20 e 59 anos em Pelotas RS prevalecircncia foco e fatores associados agrave sua natildeo realizaccedilatildeo Revista Brasileira de EpidemiologiaSatildeo Paulo v9n1 Mar 2006 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S1415-790X2006000100013gt Acesso em 16 jul 2010 MONTEMOR EBL et al Controle do Cacircncer de Colo de Uacutetero o exame citopatoloacutegico In LOPES MHBde M (org) Enfermagem na Sauacutede da Mulher Goiacircnia AB 2006 p 45-65 NAKAGAWA JTT SCHIRMER J BARBIERI M Viacuterua HPV e Cacircncer de Colo de Uacutetero Revista Brasileira de Enfermagem v 63 n 2 Brasiacutelia marabri 2010
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Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S0034-71672010000200021gt Acesso em 6 nov 2010 NARCHI NZ JANICAS Rde CS V FERNANDES RAacuteQ Prevenccedilatildeo e Controle do Cacircncer Ceacutervico-Uterino In FERNANDES RAacuteQ NARCHI NZ Enfermagem e Sauacutede da Mulher Barueri SP Manole 2007 p 127-149 NUacuteCLEO DE EDUCACcedilAtildeO EM SAUacuteDE COLETIVA ndash NESCON Faculdade de Medicina ndash UFMG Belo Horizonte Disponiacutevel em lthttpwwwnesconmedicinaufmgbrgt Acesso em 12 dez 2009 PINTO CAG COELHO IB BH Vida pensando a implantaccedilatildeo da Estrateacutegia de Sauacutede da Famiacutelia na cidade de Belo Horizonte passados 10 anos lthttpxayimgcomkqgroups15983109953140003nameImplantacao+do+BH+VIDA+-+Carlos+Gama+e+Ivan+Coelho5B15Dpdf gt Acesso em 01 mar 2011 RODRIGUES NETO JF FIGUEIREDO MFS SIQUEIRA LG Exame Citopatoloacutegico do Colo do Uacutetero fatores associados a natildeo realizaccedilatildeo em ESF Revista Eletrocircnica de Enfermagem 10 (3) 610-21 2008 Disponiacutevel em lthttpwwwfenufgbrrevistav10n3pdfv10n3a07pdfgt Acesso em 17 jul 2010 TAVARES SB do N et al Controle da Qualidade em Citopatologia Cervical revisatildeo de literatura Revista Brasileira de Cancerologia 53(3) 355-364 2007 Disponiacutevel em lthttpwwwincagovbrrbcn_53v03pdfrevisao6pdfgt Acesso em 17 jul 2010 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA Regulamento de Orientaccedilatildeo Do Trabalho De Conclusatildeo De Curso Do Curso De Licenciatura Em Letras ndashPORTUGUEcircS-ESPANHOL Disponiacutevel em lt httpwwwuepgbruepg_departamentosdeletpdfREG20PORT20ESPANHOLpdf gt Acesso em 23 set 2011 ZEFERINO L Prevenccedilatildeo e Controle do Cacircncer Ceacutervico-Uterino In LOPES MHB de M (org) Enfermagem na Sauacutede da Mulher Goiacircnia AB p 67-80 2006
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De acordo com Albuquerque et al (2009) ldquoa infecccedilatildeo preacutevia pelo papiloma
viacuterus humano (HPV) tem sido apontada como o principal fator de risco para o cacircncer
de colo de uacuteterordquo Fatores como iniacutecio precoce da atividade sexual multiplicidade de
parceiros sexuais uso de contraceptivos orais tabagismo situaccedilatildeo conjugal e baixa
condiccedilatildeo soacutecio-econocircmica tecircm sido apontados como fatores de risco importantes
para o desenvolvimento dessa neoplasia
Narchi Janicas e Fernandes (2007) relatam que o cacircncer ceacutervico-uterino tem
sua origem a partir de uma lesatildeo intra-epitelial progressiva a qual pode evoluir para
um cacircncer invasivo dentro de um prazo em torno de 10 a 20 anos caso natildeo seja
oferecido tratamento
Conforme as autoras durante o periacuteodo de evoluccedilatildeo da doenccedila ela passa por
fases preacute-cliacutenicas detectaacuteveis e curaacuteveis lhe conferindo elevado potencial de
prevenccedilatildeo e cura Corresponde a cerca de 15 de todos os cacircnceres femininos
sendo o segundo tipo mais comum entre as mulheres Ainda na visatildeo das autoras a
mortalidade pelo cacircncer ceacutervico-uterino pode ser evitada devido agrave lenta evoluccedilatildeo da
doenccedila e devido aos recursos tecnoloacutegicos o diagnoacutestico e o tratamento oportunos
das lesotildees precursoras as quais satildeo curaacuteveis em ateacute 100 dos casos Entretanto
conforme as autoras mesmo o Brasil ter sido um dos primeiros paiacuteses a realizar os
exames de colpocitologia e colposcopia esse tipo de cacircncer ainda continua sendo
um seacuterio problema de sauacutede puacuteblica por manter uma das mais elevadas taxas de
oacutebito como pode ser verificado a seguir
No Brasil as accedilotildees de controle do cacircncer ginecoloacutegico iniciaram-se de forma programaacutetica em 1983 eacutepoca de implantaccedilatildeo do Programa de Assistecircncia Integral agrave Sauacutede da Mulher (PAISM) que representou uma ampliaccedilatildeo do foco de assistecircncia agrave mulher para aleacutem do ciclo graviacutedico-puerperal No entanto apesar das recomendaccedilotildees de implantaccedilatildeo ou ampliaccedilatildeo das atividades de diagnoacutestico do cacircncer ceacutervico-uterino e de educativas com vistas agrave prevenccedilatildeo da doenccedila por mais de uma deacutecada as accedilotildees de combate a essa doenccedila foram desenvolvidas no paiacutes de forma desarticulada por iniciativa de apenas alguns Estados e municiacutepios (NARCHI JANICAS e FERNANDES 2007 p 128)
Os autores pesquisados nesta revisatildeo narrativa serviram de subsiacutedios para a
elaboraccedilatildeo do plano de accedilatildeo apresentado no proacuteximo capiacutetulo cujo objetivo eacute
aumentar a cobertura do exame de prevenccedilatildeo do cacircncer do colo do uacutetero no Centro
de Sauacutede Felicidade II
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5 PLANO DE ACcedilAtildeO PARA A AMPLIACcedilAtildeO DA COBERTURA DO EXAME COLPOCITOLOacuteGICO NO CENTRO DE SAUacuteDE FELICIDADE II
De acordo com a atividade realizada no Moacutedulo da Sauacutede da Mulher foram
constatados alguns problemas em relaccedilatildeo agrave cobertura do exame colpocitoloacutegico no
Centro de Sauacutede Felicidade II o qual apresentou em 2009 baixa cobertura A partir
daiacute foram detectados outros fatores que contribuem para o baixo iacutendice de
cobertura aqueacutem do que eacute preconizado pela Secretaacuteria Municipal de Sauacutede Neste
sentido o plano de accedilatildeo descrito no Quadro 1 vem propor estrateacutegias visando
ampliar da cobertura do exame colpocitoloacutegico e minimizar os problemas levantados
Acredita-se que por meio da implantaccedilatildeo do plano de accedilatildeo sugerido o
Centro de Sauacutede Felicidade II teraacute maior e melhor desempenho de sua equipe
alcanccedilando com isso o aprimoramento no atendimento da populaccedilatildeo alvo da
instituiccedilatildeo
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QUADRO1 - PLANO DE ACcedilAtildeO PARA AUMENTAR A COBERTURA DO EXAME DE PREVEN9AO DO COLO DO UTERO PARA A EQUIPE DE SAUDE DO CENTRO DE SAUDE FELICIDADE II
PROBLEMA ATIVIDADES ACcedilOtildeES META RESPONSAVEL PERIODO
As ACS sentem inseguros para orientar agraves mulheres em relaccedilatildeo aos cuidados para realizar o exame preventivo por falta de conhecimento
Educaccedilatildeo em Sauacutede
Capacitaccedilatildeo da equipe sobre a importacircncia do exame colpocitoloacutegico
Nivelar o conhecimento dos membros da equipe
Municiacutepio Gerecircncia Regional de Sauacutede
Outubro2011
Enfermeiro natildeo se sente capacitado para a realizaccedilatildeo do exame de Papanicolaou
Capacitaccedilatildeo Teacutecnica do enfermeiro para a realizaccedilatildeo do exame de Papanicolaou
Solicitar agrave Ginecologista enfermeira treinamentocapacitaccedilatildeo do enfermeiro
Instrumentalizar o enfermeiro para a realizaccedilatildeo coleta de material
Enfermeira de outra Unidade Baacutesica de Sauacutede Meacutedico Ginecologista
Outubro2011
Baixo iacutendice de cobertura do exame citoloacutegico
Elaboraccedilatildeo de um instrumento para coleta de dados para identificar as mulheres de 25 a 59 anos na aacuterea de abrangecircncia do centro de sauacutede e tambeacutem para levantar quais os fatores que impeditivos para a realizaccedilatildeo do exame Incluir as mulheres identificadas no arquivo rotativo
Visita domiciliar
Visitar todas as mulheres dentro da aacuterea de abrangecircncia da UBS
ACS Novembro2011 Dezembro2011
Baixo iacutendice de cobertura do exame citoloacutegico
Agendamento da consulta de enfermagem consulta meacutedica para atender as prioridades levantadas no diagnoacutestico da atividade anterior para realizaccedilatildeo do exame Priorizar mulheres que nunca fizeram o exame ou que fizeram a mais de trecircs anos
Visita domiciliar Consulta de Enfermagem e consulta meacutedica
Orientar as mulheres sobre o exame preventivo Realizar o exame
ACS Meacutedico e enfermeira
Janeiro2012
31
O agendamento das consultas e marcado para datas muito distantes o que geralmente faz com que a mulher esqueccedila
Comunicaccedilatildeo da data do exame com antecedecircncia
Elaborar uma forma de entrar em contato com a paciente cinco dias antes da consulta agendada
Diminuir o iacutendice de ausecircncia agraves consultas
ACS Novembro2011
Desconhecimento das mulheres sobre o exame preventivo e os cuidados preparativos para o exame
Orientaccedilatildeo das mulheres sobre o exame e os cuidados preparativos para o exame
Criar um informativo contendo as orientaccedilotildees sobre o exame e os cuidados para serem entregue as usuaacuterias no momento da visita do ACS para informaacute-las da data e horaacuterio da consulta
Orientar todas usuaacuterias
Enfermeiro ACS
Janeiro2011
Entrega de resultados dos preventivos sem alteraccediloespelos ACSrsquos
Entrega do resultado do exame
Agendar um dia na semana para a entrega dos resultados dos exames Todos os exames deveratildeo ser vistos pelo enfermeiro Aqueles que apresentarem alguma alteraccedilatildeo a paciente deve ser encaminhada ao meacutedico Teacutecnico de Enfermagem Enfermeiro
Orientar as usuaacuterias
Os exames com resultados normais seratildeo entregues pelo teacutecnico de enfermagem Aqueles que apresentarem alguma alteraccedilatildeo seratildeo entregues pelo enfermeiro que deveraacute fazer os devidos encaminhamentos quando necessaacuterios
Dezembro2011
Entrega dos resultados de exames com alteraccedilotildees apoacutes consultas de retorno agendadas para usuaacuterias
Orientaccedilatildeo encaminhamento e acompanhamento da usuaacuteria
Visita domicilar Consulta de enfermagemconsulta meacutedica
Avaliar o estado de sauacutede da mulher Acompanhamento e orientaccedilotildees
Meacutedico e enfermeira Janeiro2012
Monitoramento e acompanhamento
- Agendamentos anuais - Elaboraccedilatildeo um arquivo rotativo - Estabelecimento de Indicadores de acompanhamento e
- Controlar a marcaccedilatildeo de consulta no intervalo de trecircs anos se apoacutes dois anos consecutivos de coleta os resultados forem negativos para
Monitorar o exame preventivo Acompanhar o estado de sauacutede das mulheres pela
Enfermeira e Teacutecnico de enfermagem
Novembro2011
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avaliaccedilatildeo das accedilotildees votadas agrave sauacutede da mulher pela equipe de sauacutede
displasia ou neoplasia - Fazer a busca das usuaacuterias faltosas aos exames e consultas
equipe
Falta de interesse e conscientizaccedilatildeo em relaccedilatildeo agrave importacircncia do exame preventivo
Atendimento de Grupos Retomar o grupo de mulheres onde seratildeo abordados temas relativos agrave sauacutede da mulher Realizar orientaccedilotildees por meio de palestras nos grupos operativos
Conscientizar as mulheres sobre a importacircncia da realizaccedilatildeo do exame
Equipe de Sauacutede Fevereiro2012
Consulta eacute marcada com um meacutedico do sexo masculino
Agendamento com o enfermeiro quando possiacutevel
Reforccedilar com a paciente que durante a consulta estaraacute presente uma Auxiliar de Enfermagem
Diminuir a evasatildeo do exame prevenccedilatildeo Diminuir a resistecircncia ao atendimento masculino
Disponibilizar uma auxiliar ou teacutecnica de enfemagem para acompanhar o meacutedico durante o exame
Dezembro2011
Falta disponibilidade de horaacuterios mais flexiacuteveis pois haacute concentraccedilatildeo de horaacuterio pela manhatilde
Adequaccedilatildeo da Agenda Alteraccedilotildees na agenda com horaacuterios para adequar agraves necessidades dos usuaacuterios
Marcar os exames preventivos para o horaacuterio da tarde
Enfermeira e meacutedico Janeiro2012
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6 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
A poliacutetica da sauacutede tem como principal objetivo promover mudanccedilas no intuito
de melhorar o niacutevel da sauacutede da populaccedilatildeo Diante dos resultados apurados nesse
estudo percebe-se a necessidade das intervenccedilotildees a serem efetuadas no Centro de
Sauacutede Felicidade II visando melhorar o iacutendice de cobertura dos exames
preventivos
Assim a realidade percebida no Centro de Sauacutede Felicidade II eacute que o
desempenho da equipe exerce grande impacto no desenvolvimento das accedilotildees
alcanccedilando dessa forma o objetivo de contribuir com o aprimoramento e a
consolidaccedilatildeo da assistecircncia agrave sauacutede da populaccedilatildeo
Como problemas levantados em relaccedilatildeo a baixa cobertura da prevenccedilatildeo do
cacircncer do colo do uacutetero identificamos as seguintes o ACS sentir inseguro para
orientar agraves mulheres em relaccedilatildeo aos cuidados para realizar o exame preventivo a
falta de capacitaccedilatildeo teacutecnica para o enfermeiro realizar o exame de Papanicolaou
consultas agendadas para datas muito distantes fazendo com que a mulher se
esqueccedila do diadesconhecimento das mulheres sobre o exame preventivo e os
cuidados preparativos para o mesmo falta de interesse e conscientizaccedilatildeo em
relaccedilatildeo agrave importacircncia do exame preventivo por parte das usuaacuteriaspudor da mulher
diante do profissional de sexo masculino e falta de disponibilidade de horaacuterios mais
flexiacuteveis com concentraccedilatildeo das consultas no horaacuterio da manhatilde
A partir dos problemas levantados foram propostas as atividades accedilotildees
metas e os responsaacuteveis pelas atividades no sentido de ampliar a cobertura das
mulheres por meio da participaccedilatildeo de toda a equipe de sauacutede Desse modo foi
muito importante tambeacutem a elaboraccedilatildeo das estrateacutegias para que o nuacutemero de
usuaacuterias seja aumentado Neste sentido destaca-se o papel do enfermeiro como
parte integrante da equipe de sauacutede e que desempenha um importante papel na
promoccedilatildeo da prevenccedilatildeo educaccedilatildeo e melhorias constantes nos serviccedilos oferecidos
agrave populaccedilatildeo
Nesta direccedilatildeo o Centro de Sauacutede Felicidade II deve se preocupar com a
capacitaccedilatildeo de seus funcionaacuterios com a organizaccedilatildeo do processo de trabalho das
equipes bem com um investimento maior nas accedilotildees de promoccedilatildeo e prevenccedilatildeo da
saude conforme abordado neste estudo
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Desse modo cabe a todos os profissionais atuar mais na prevenccedilatildeo
promoccedilatildeo e recuperaccedilatildeo por meio de praacuteticas educativas promovendo campanhas
palestras sobre a sauacutede da mulher fornecendo orientaccedilotildees durante as consultas
para que se possa reverter o quadro de baixo iacutendice de cobertura no exame
preventivo de cacircncer do colo do uacutetero alcance assim a cobertura preconizada pela
Secretaacuteria de Sauacutede o que vai refletir na melhoria da assistecircncia a sauacutede agrave mulher
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REFEREcircNCIAS ALBUQUERQUE KM et al Cobertura do Teste de Papanicolau e Fatores associados agrave Natildeo-Realizaccedilatildeo um olhar sobre o Programa de Prevenccedilatildeo do Cacircncer do Colo do Uacutetero em Pernambuco Brasil Caderno de Sauacutede Puacuteblica v 25 supl 2 Rio de Janeiro 2009 Disponiacutevel em lthttpwwwscielosporgscielophpscript=sci_arttextamppid=S0102-311X2009001400012gt Acesso em 6 nov 2010 BELO HORIZONTE Secretaria Municipal de Sauacutede Prevenccedilatildeo e Controle do Cacircncer do Colo de Uacutetero Belo Horizonte 2008 BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede O Programa Sauacutede da Famiacutelia e a Atenccedilatildeo Baacutesica no Brasil Brasiacutelia 2002 Disponiacutevel em lthttpwwwccssaudegovbrsaudebatea portamostravirtualpublicacoespsf_atencaobasicapdfgt Acesso em 01 abr 2010 CEacuteSAR JA et al Fatores Associados agrave natildeo Realizaccedilatildeo de Exame Citopatoloacutegico de Colo Uterino no Extremo Sul do Brasil Caderno de Sauacutede Puacuteblica Rio de Janeiro v19n5 p1365-1372 setout 2003 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrpdf0Dcspv19n517808pdfgt Acesso em 16 jul 2010 CORREcircA DA D VILLELA WV O Controle do Cacircncer do Colo do Uacutetero desafios para implementaccedilatildeo de accedilotildees programaacuteticas no Amazonas Brasil Rev bras sauacutede matern infantil v8 n4p491-497 outdez 2008 DIAS-DA-COSTA J S et al Cobertura do Exame Citopatoloacutegico na Cidade de Pelotas Rio Grande do Sul Brasil Caderno de Sauacutede Puacuteblica Rio de Janeiro v19 n1 p191-197 janfev 2003 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrpdfcspv19n114919pdfgt Acesso em 16 jul 2010 DOMINGOS ACP et al Cacircncer do Colo do Uacutetero comportamento preventivo de auto-cuidado agrave sauacutede Revista Ciecircncia Cuidado e Sauacutede 6 (Suplem 2) p 397-403 2007 Disponiacutevel em lthttpperiodicosuembrojsindexphpCiencCuidSaudearticleviewFile53373385gt Acesso em 5 nov 2010 HACKENHAAR AAC JURACI A DOMINGUES MR Exame Citopatoloacutegico de Colo Uterino em Mulheres com Idade entre 20 e 59 anos em Pelotas RS prevalecircncia foco e fatores associados agrave sua natildeo realizaccedilatildeo Revista Brasileira de EpidemiologiaSatildeo Paulo v9n1 Mar 2006 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S1415-790X2006000100013gt Acesso em 16 jul 2010 MONTEMOR EBL et al Controle do Cacircncer de Colo de Uacutetero o exame citopatoloacutegico In LOPES MHBde M (org) Enfermagem na Sauacutede da Mulher Goiacircnia AB 2006 p 45-65 NAKAGAWA JTT SCHIRMER J BARBIERI M Viacuterua HPV e Cacircncer de Colo de Uacutetero Revista Brasileira de Enfermagem v 63 n 2 Brasiacutelia marabri 2010
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Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S0034-71672010000200021gt Acesso em 6 nov 2010 NARCHI NZ JANICAS Rde CS V FERNANDES RAacuteQ Prevenccedilatildeo e Controle do Cacircncer Ceacutervico-Uterino In FERNANDES RAacuteQ NARCHI NZ Enfermagem e Sauacutede da Mulher Barueri SP Manole 2007 p 127-149 NUacuteCLEO DE EDUCACcedilAtildeO EM SAUacuteDE COLETIVA ndash NESCON Faculdade de Medicina ndash UFMG Belo Horizonte Disponiacutevel em lthttpwwwnesconmedicinaufmgbrgt Acesso em 12 dez 2009 PINTO CAG COELHO IB BH Vida pensando a implantaccedilatildeo da Estrateacutegia de Sauacutede da Famiacutelia na cidade de Belo Horizonte passados 10 anos lthttpxayimgcomkqgroups15983109953140003nameImplantacao+do+BH+VIDA+-+Carlos+Gama+e+Ivan+Coelho5B15Dpdf gt Acesso em 01 mar 2011 RODRIGUES NETO JF FIGUEIREDO MFS SIQUEIRA LG Exame Citopatoloacutegico do Colo do Uacutetero fatores associados a natildeo realizaccedilatildeo em ESF Revista Eletrocircnica de Enfermagem 10 (3) 610-21 2008 Disponiacutevel em lthttpwwwfenufgbrrevistav10n3pdfv10n3a07pdfgt Acesso em 17 jul 2010 TAVARES SB do N et al Controle da Qualidade em Citopatologia Cervical revisatildeo de literatura Revista Brasileira de Cancerologia 53(3) 355-364 2007 Disponiacutevel em lthttpwwwincagovbrrbcn_53v03pdfrevisao6pdfgt Acesso em 17 jul 2010 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA Regulamento de Orientaccedilatildeo Do Trabalho De Conclusatildeo De Curso Do Curso De Licenciatura Em Letras ndashPORTUGUEcircS-ESPANHOL Disponiacutevel em lt httpwwwuepgbruepg_departamentosdeletpdfREG20PORT20ESPANHOLpdf gt Acesso em 23 set 2011 ZEFERINO L Prevenccedilatildeo e Controle do Cacircncer Ceacutervico-Uterino In LOPES MHB de M (org) Enfermagem na Sauacutede da Mulher Goiacircnia AB p 67-80 2006
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5 PLANO DE ACcedilAtildeO PARA A AMPLIACcedilAtildeO DA COBERTURA DO EXAME COLPOCITOLOacuteGICO NO CENTRO DE SAUacuteDE FELICIDADE II
De acordo com a atividade realizada no Moacutedulo da Sauacutede da Mulher foram
constatados alguns problemas em relaccedilatildeo agrave cobertura do exame colpocitoloacutegico no
Centro de Sauacutede Felicidade II o qual apresentou em 2009 baixa cobertura A partir
daiacute foram detectados outros fatores que contribuem para o baixo iacutendice de
cobertura aqueacutem do que eacute preconizado pela Secretaacuteria Municipal de Sauacutede Neste
sentido o plano de accedilatildeo descrito no Quadro 1 vem propor estrateacutegias visando
ampliar da cobertura do exame colpocitoloacutegico e minimizar os problemas levantados
Acredita-se que por meio da implantaccedilatildeo do plano de accedilatildeo sugerido o
Centro de Sauacutede Felicidade II teraacute maior e melhor desempenho de sua equipe
alcanccedilando com isso o aprimoramento no atendimento da populaccedilatildeo alvo da
instituiccedilatildeo
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QUADRO1 - PLANO DE ACcedilAtildeO PARA AUMENTAR A COBERTURA DO EXAME DE PREVEN9AO DO COLO DO UTERO PARA A EQUIPE DE SAUDE DO CENTRO DE SAUDE FELICIDADE II
PROBLEMA ATIVIDADES ACcedilOtildeES META RESPONSAVEL PERIODO
As ACS sentem inseguros para orientar agraves mulheres em relaccedilatildeo aos cuidados para realizar o exame preventivo por falta de conhecimento
Educaccedilatildeo em Sauacutede
Capacitaccedilatildeo da equipe sobre a importacircncia do exame colpocitoloacutegico
Nivelar o conhecimento dos membros da equipe
Municiacutepio Gerecircncia Regional de Sauacutede
Outubro2011
Enfermeiro natildeo se sente capacitado para a realizaccedilatildeo do exame de Papanicolaou
Capacitaccedilatildeo Teacutecnica do enfermeiro para a realizaccedilatildeo do exame de Papanicolaou
Solicitar agrave Ginecologista enfermeira treinamentocapacitaccedilatildeo do enfermeiro
Instrumentalizar o enfermeiro para a realizaccedilatildeo coleta de material
Enfermeira de outra Unidade Baacutesica de Sauacutede Meacutedico Ginecologista
Outubro2011
Baixo iacutendice de cobertura do exame citoloacutegico
Elaboraccedilatildeo de um instrumento para coleta de dados para identificar as mulheres de 25 a 59 anos na aacuterea de abrangecircncia do centro de sauacutede e tambeacutem para levantar quais os fatores que impeditivos para a realizaccedilatildeo do exame Incluir as mulheres identificadas no arquivo rotativo
Visita domiciliar
Visitar todas as mulheres dentro da aacuterea de abrangecircncia da UBS
ACS Novembro2011 Dezembro2011
Baixo iacutendice de cobertura do exame citoloacutegico
Agendamento da consulta de enfermagem consulta meacutedica para atender as prioridades levantadas no diagnoacutestico da atividade anterior para realizaccedilatildeo do exame Priorizar mulheres que nunca fizeram o exame ou que fizeram a mais de trecircs anos
Visita domiciliar Consulta de Enfermagem e consulta meacutedica
Orientar as mulheres sobre o exame preventivo Realizar o exame
ACS Meacutedico e enfermeira
Janeiro2012
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O agendamento das consultas e marcado para datas muito distantes o que geralmente faz com que a mulher esqueccedila
Comunicaccedilatildeo da data do exame com antecedecircncia
Elaborar uma forma de entrar em contato com a paciente cinco dias antes da consulta agendada
Diminuir o iacutendice de ausecircncia agraves consultas
ACS Novembro2011
Desconhecimento das mulheres sobre o exame preventivo e os cuidados preparativos para o exame
Orientaccedilatildeo das mulheres sobre o exame e os cuidados preparativos para o exame
Criar um informativo contendo as orientaccedilotildees sobre o exame e os cuidados para serem entregue as usuaacuterias no momento da visita do ACS para informaacute-las da data e horaacuterio da consulta
Orientar todas usuaacuterias
Enfermeiro ACS
Janeiro2011
Entrega de resultados dos preventivos sem alteraccediloespelos ACSrsquos
Entrega do resultado do exame
Agendar um dia na semana para a entrega dos resultados dos exames Todos os exames deveratildeo ser vistos pelo enfermeiro Aqueles que apresentarem alguma alteraccedilatildeo a paciente deve ser encaminhada ao meacutedico Teacutecnico de Enfermagem Enfermeiro
Orientar as usuaacuterias
Os exames com resultados normais seratildeo entregues pelo teacutecnico de enfermagem Aqueles que apresentarem alguma alteraccedilatildeo seratildeo entregues pelo enfermeiro que deveraacute fazer os devidos encaminhamentos quando necessaacuterios
Dezembro2011
Entrega dos resultados de exames com alteraccedilotildees apoacutes consultas de retorno agendadas para usuaacuterias
Orientaccedilatildeo encaminhamento e acompanhamento da usuaacuteria
Visita domicilar Consulta de enfermagemconsulta meacutedica
Avaliar o estado de sauacutede da mulher Acompanhamento e orientaccedilotildees
Meacutedico e enfermeira Janeiro2012
Monitoramento e acompanhamento
- Agendamentos anuais - Elaboraccedilatildeo um arquivo rotativo - Estabelecimento de Indicadores de acompanhamento e
- Controlar a marcaccedilatildeo de consulta no intervalo de trecircs anos se apoacutes dois anos consecutivos de coleta os resultados forem negativos para
Monitorar o exame preventivo Acompanhar o estado de sauacutede das mulheres pela
Enfermeira e Teacutecnico de enfermagem
Novembro2011
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avaliaccedilatildeo das accedilotildees votadas agrave sauacutede da mulher pela equipe de sauacutede
displasia ou neoplasia - Fazer a busca das usuaacuterias faltosas aos exames e consultas
equipe
Falta de interesse e conscientizaccedilatildeo em relaccedilatildeo agrave importacircncia do exame preventivo
Atendimento de Grupos Retomar o grupo de mulheres onde seratildeo abordados temas relativos agrave sauacutede da mulher Realizar orientaccedilotildees por meio de palestras nos grupos operativos
Conscientizar as mulheres sobre a importacircncia da realizaccedilatildeo do exame
Equipe de Sauacutede Fevereiro2012
Consulta eacute marcada com um meacutedico do sexo masculino
Agendamento com o enfermeiro quando possiacutevel
Reforccedilar com a paciente que durante a consulta estaraacute presente uma Auxiliar de Enfermagem
Diminuir a evasatildeo do exame prevenccedilatildeo Diminuir a resistecircncia ao atendimento masculino
Disponibilizar uma auxiliar ou teacutecnica de enfemagem para acompanhar o meacutedico durante o exame
Dezembro2011
Falta disponibilidade de horaacuterios mais flexiacuteveis pois haacute concentraccedilatildeo de horaacuterio pela manhatilde
Adequaccedilatildeo da Agenda Alteraccedilotildees na agenda com horaacuterios para adequar agraves necessidades dos usuaacuterios
Marcar os exames preventivos para o horaacuterio da tarde
Enfermeira e meacutedico Janeiro2012
33
6 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
A poliacutetica da sauacutede tem como principal objetivo promover mudanccedilas no intuito
de melhorar o niacutevel da sauacutede da populaccedilatildeo Diante dos resultados apurados nesse
estudo percebe-se a necessidade das intervenccedilotildees a serem efetuadas no Centro de
Sauacutede Felicidade II visando melhorar o iacutendice de cobertura dos exames
preventivos
Assim a realidade percebida no Centro de Sauacutede Felicidade II eacute que o
desempenho da equipe exerce grande impacto no desenvolvimento das accedilotildees
alcanccedilando dessa forma o objetivo de contribuir com o aprimoramento e a
consolidaccedilatildeo da assistecircncia agrave sauacutede da populaccedilatildeo
Como problemas levantados em relaccedilatildeo a baixa cobertura da prevenccedilatildeo do
cacircncer do colo do uacutetero identificamos as seguintes o ACS sentir inseguro para
orientar agraves mulheres em relaccedilatildeo aos cuidados para realizar o exame preventivo a
falta de capacitaccedilatildeo teacutecnica para o enfermeiro realizar o exame de Papanicolaou
consultas agendadas para datas muito distantes fazendo com que a mulher se
esqueccedila do diadesconhecimento das mulheres sobre o exame preventivo e os
cuidados preparativos para o mesmo falta de interesse e conscientizaccedilatildeo em
relaccedilatildeo agrave importacircncia do exame preventivo por parte das usuaacuteriaspudor da mulher
diante do profissional de sexo masculino e falta de disponibilidade de horaacuterios mais
flexiacuteveis com concentraccedilatildeo das consultas no horaacuterio da manhatilde
A partir dos problemas levantados foram propostas as atividades accedilotildees
metas e os responsaacuteveis pelas atividades no sentido de ampliar a cobertura das
mulheres por meio da participaccedilatildeo de toda a equipe de sauacutede Desse modo foi
muito importante tambeacutem a elaboraccedilatildeo das estrateacutegias para que o nuacutemero de
usuaacuterias seja aumentado Neste sentido destaca-se o papel do enfermeiro como
parte integrante da equipe de sauacutede e que desempenha um importante papel na
promoccedilatildeo da prevenccedilatildeo educaccedilatildeo e melhorias constantes nos serviccedilos oferecidos
agrave populaccedilatildeo
Nesta direccedilatildeo o Centro de Sauacutede Felicidade II deve se preocupar com a
capacitaccedilatildeo de seus funcionaacuterios com a organizaccedilatildeo do processo de trabalho das
equipes bem com um investimento maior nas accedilotildees de promoccedilatildeo e prevenccedilatildeo da
saude conforme abordado neste estudo
34
Desse modo cabe a todos os profissionais atuar mais na prevenccedilatildeo
promoccedilatildeo e recuperaccedilatildeo por meio de praacuteticas educativas promovendo campanhas
palestras sobre a sauacutede da mulher fornecendo orientaccedilotildees durante as consultas
para que se possa reverter o quadro de baixo iacutendice de cobertura no exame
preventivo de cacircncer do colo do uacutetero alcance assim a cobertura preconizada pela
Secretaacuteria de Sauacutede o que vai refletir na melhoria da assistecircncia a sauacutede agrave mulher
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REFEREcircNCIAS ALBUQUERQUE KM et al Cobertura do Teste de Papanicolau e Fatores associados agrave Natildeo-Realizaccedilatildeo um olhar sobre o Programa de Prevenccedilatildeo do Cacircncer do Colo do Uacutetero em Pernambuco Brasil Caderno de Sauacutede Puacuteblica v 25 supl 2 Rio de Janeiro 2009 Disponiacutevel em lthttpwwwscielosporgscielophpscript=sci_arttextamppid=S0102-311X2009001400012gt Acesso em 6 nov 2010 BELO HORIZONTE Secretaria Municipal de Sauacutede Prevenccedilatildeo e Controle do Cacircncer do Colo de Uacutetero Belo Horizonte 2008 BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede O Programa Sauacutede da Famiacutelia e a Atenccedilatildeo Baacutesica no Brasil Brasiacutelia 2002 Disponiacutevel em lthttpwwwccssaudegovbrsaudebatea portamostravirtualpublicacoespsf_atencaobasicapdfgt Acesso em 01 abr 2010 CEacuteSAR JA et al Fatores Associados agrave natildeo Realizaccedilatildeo de Exame Citopatoloacutegico de Colo Uterino no Extremo Sul do Brasil Caderno de Sauacutede Puacuteblica Rio de Janeiro v19n5 p1365-1372 setout 2003 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrpdf0Dcspv19n517808pdfgt Acesso em 16 jul 2010 CORREcircA DA D VILLELA WV O Controle do Cacircncer do Colo do Uacutetero desafios para implementaccedilatildeo de accedilotildees programaacuteticas no Amazonas Brasil Rev bras sauacutede matern infantil v8 n4p491-497 outdez 2008 DIAS-DA-COSTA J S et al Cobertura do Exame Citopatoloacutegico na Cidade de Pelotas Rio Grande do Sul Brasil Caderno de Sauacutede Puacuteblica Rio de Janeiro v19 n1 p191-197 janfev 2003 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrpdfcspv19n114919pdfgt Acesso em 16 jul 2010 DOMINGOS ACP et al Cacircncer do Colo do Uacutetero comportamento preventivo de auto-cuidado agrave sauacutede Revista Ciecircncia Cuidado e Sauacutede 6 (Suplem 2) p 397-403 2007 Disponiacutevel em lthttpperiodicosuembrojsindexphpCiencCuidSaudearticleviewFile53373385gt Acesso em 5 nov 2010 HACKENHAAR AAC JURACI A DOMINGUES MR Exame Citopatoloacutegico de Colo Uterino em Mulheres com Idade entre 20 e 59 anos em Pelotas RS prevalecircncia foco e fatores associados agrave sua natildeo realizaccedilatildeo Revista Brasileira de EpidemiologiaSatildeo Paulo v9n1 Mar 2006 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S1415-790X2006000100013gt Acesso em 16 jul 2010 MONTEMOR EBL et al Controle do Cacircncer de Colo de Uacutetero o exame citopatoloacutegico In LOPES MHBde M (org) Enfermagem na Sauacutede da Mulher Goiacircnia AB 2006 p 45-65 NAKAGAWA JTT SCHIRMER J BARBIERI M Viacuterua HPV e Cacircncer de Colo de Uacutetero Revista Brasileira de Enfermagem v 63 n 2 Brasiacutelia marabri 2010
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Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S0034-71672010000200021gt Acesso em 6 nov 2010 NARCHI NZ JANICAS Rde CS V FERNANDES RAacuteQ Prevenccedilatildeo e Controle do Cacircncer Ceacutervico-Uterino In FERNANDES RAacuteQ NARCHI NZ Enfermagem e Sauacutede da Mulher Barueri SP Manole 2007 p 127-149 NUacuteCLEO DE EDUCACcedilAtildeO EM SAUacuteDE COLETIVA ndash NESCON Faculdade de Medicina ndash UFMG Belo Horizonte Disponiacutevel em lthttpwwwnesconmedicinaufmgbrgt Acesso em 12 dez 2009 PINTO CAG COELHO IB BH Vida pensando a implantaccedilatildeo da Estrateacutegia de Sauacutede da Famiacutelia na cidade de Belo Horizonte passados 10 anos lthttpxayimgcomkqgroups15983109953140003nameImplantacao+do+BH+VIDA+-+Carlos+Gama+e+Ivan+Coelho5B15Dpdf gt Acesso em 01 mar 2011 RODRIGUES NETO JF FIGUEIREDO MFS SIQUEIRA LG Exame Citopatoloacutegico do Colo do Uacutetero fatores associados a natildeo realizaccedilatildeo em ESF Revista Eletrocircnica de Enfermagem 10 (3) 610-21 2008 Disponiacutevel em lthttpwwwfenufgbrrevistav10n3pdfv10n3a07pdfgt Acesso em 17 jul 2010 TAVARES SB do N et al Controle da Qualidade em Citopatologia Cervical revisatildeo de literatura Revista Brasileira de Cancerologia 53(3) 355-364 2007 Disponiacutevel em lthttpwwwincagovbrrbcn_53v03pdfrevisao6pdfgt Acesso em 17 jul 2010 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA Regulamento de Orientaccedilatildeo Do Trabalho De Conclusatildeo De Curso Do Curso De Licenciatura Em Letras ndashPORTUGUEcircS-ESPANHOL Disponiacutevel em lt httpwwwuepgbruepg_departamentosdeletpdfREG20PORT20ESPANHOLpdf gt Acesso em 23 set 2011 ZEFERINO L Prevenccedilatildeo e Controle do Cacircncer Ceacutervico-Uterino In LOPES MHB de M (org) Enfermagem na Sauacutede da Mulher Goiacircnia AB p 67-80 2006
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QUADRO1 - PLANO DE ACcedilAtildeO PARA AUMENTAR A COBERTURA DO EXAME DE PREVEN9AO DO COLO DO UTERO PARA A EQUIPE DE SAUDE DO CENTRO DE SAUDE FELICIDADE II
PROBLEMA ATIVIDADES ACcedilOtildeES META RESPONSAVEL PERIODO
As ACS sentem inseguros para orientar agraves mulheres em relaccedilatildeo aos cuidados para realizar o exame preventivo por falta de conhecimento
Educaccedilatildeo em Sauacutede
Capacitaccedilatildeo da equipe sobre a importacircncia do exame colpocitoloacutegico
Nivelar o conhecimento dos membros da equipe
Municiacutepio Gerecircncia Regional de Sauacutede
Outubro2011
Enfermeiro natildeo se sente capacitado para a realizaccedilatildeo do exame de Papanicolaou
Capacitaccedilatildeo Teacutecnica do enfermeiro para a realizaccedilatildeo do exame de Papanicolaou
Solicitar agrave Ginecologista enfermeira treinamentocapacitaccedilatildeo do enfermeiro
Instrumentalizar o enfermeiro para a realizaccedilatildeo coleta de material
Enfermeira de outra Unidade Baacutesica de Sauacutede Meacutedico Ginecologista
Outubro2011
Baixo iacutendice de cobertura do exame citoloacutegico
Elaboraccedilatildeo de um instrumento para coleta de dados para identificar as mulheres de 25 a 59 anos na aacuterea de abrangecircncia do centro de sauacutede e tambeacutem para levantar quais os fatores que impeditivos para a realizaccedilatildeo do exame Incluir as mulheres identificadas no arquivo rotativo
Visita domiciliar
Visitar todas as mulheres dentro da aacuterea de abrangecircncia da UBS
ACS Novembro2011 Dezembro2011
Baixo iacutendice de cobertura do exame citoloacutegico
Agendamento da consulta de enfermagem consulta meacutedica para atender as prioridades levantadas no diagnoacutestico da atividade anterior para realizaccedilatildeo do exame Priorizar mulheres que nunca fizeram o exame ou que fizeram a mais de trecircs anos
Visita domiciliar Consulta de Enfermagem e consulta meacutedica
Orientar as mulheres sobre o exame preventivo Realizar o exame
ACS Meacutedico e enfermeira
Janeiro2012
31
O agendamento das consultas e marcado para datas muito distantes o que geralmente faz com que a mulher esqueccedila
Comunicaccedilatildeo da data do exame com antecedecircncia
Elaborar uma forma de entrar em contato com a paciente cinco dias antes da consulta agendada
Diminuir o iacutendice de ausecircncia agraves consultas
ACS Novembro2011
Desconhecimento das mulheres sobre o exame preventivo e os cuidados preparativos para o exame
Orientaccedilatildeo das mulheres sobre o exame e os cuidados preparativos para o exame
Criar um informativo contendo as orientaccedilotildees sobre o exame e os cuidados para serem entregue as usuaacuterias no momento da visita do ACS para informaacute-las da data e horaacuterio da consulta
Orientar todas usuaacuterias
Enfermeiro ACS
Janeiro2011
Entrega de resultados dos preventivos sem alteraccediloespelos ACSrsquos
Entrega do resultado do exame
Agendar um dia na semana para a entrega dos resultados dos exames Todos os exames deveratildeo ser vistos pelo enfermeiro Aqueles que apresentarem alguma alteraccedilatildeo a paciente deve ser encaminhada ao meacutedico Teacutecnico de Enfermagem Enfermeiro
Orientar as usuaacuterias
Os exames com resultados normais seratildeo entregues pelo teacutecnico de enfermagem Aqueles que apresentarem alguma alteraccedilatildeo seratildeo entregues pelo enfermeiro que deveraacute fazer os devidos encaminhamentos quando necessaacuterios
Dezembro2011
Entrega dos resultados de exames com alteraccedilotildees apoacutes consultas de retorno agendadas para usuaacuterias
Orientaccedilatildeo encaminhamento e acompanhamento da usuaacuteria
Visita domicilar Consulta de enfermagemconsulta meacutedica
Avaliar o estado de sauacutede da mulher Acompanhamento e orientaccedilotildees
Meacutedico e enfermeira Janeiro2012
Monitoramento e acompanhamento
- Agendamentos anuais - Elaboraccedilatildeo um arquivo rotativo - Estabelecimento de Indicadores de acompanhamento e
- Controlar a marcaccedilatildeo de consulta no intervalo de trecircs anos se apoacutes dois anos consecutivos de coleta os resultados forem negativos para
Monitorar o exame preventivo Acompanhar o estado de sauacutede das mulheres pela
Enfermeira e Teacutecnico de enfermagem
Novembro2011
32
avaliaccedilatildeo das accedilotildees votadas agrave sauacutede da mulher pela equipe de sauacutede
displasia ou neoplasia - Fazer a busca das usuaacuterias faltosas aos exames e consultas
equipe
Falta de interesse e conscientizaccedilatildeo em relaccedilatildeo agrave importacircncia do exame preventivo
Atendimento de Grupos Retomar o grupo de mulheres onde seratildeo abordados temas relativos agrave sauacutede da mulher Realizar orientaccedilotildees por meio de palestras nos grupos operativos
Conscientizar as mulheres sobre a importacircncia da realizaccedilatildeo do exame
Equipe de Sauacutede Fevereiro2012
Consulta eacute marcada com um meacutedico do sexo masculino
Agendamento com o enfermeiro quando possiacutevel
Reforccedilar com a paciente que durante a consulta estaraacute presente uma Auxiliar de Enfermagem
Diminuir a evasatildeo do exame prevenccedilatildeo Diminuir a resistecircncia ao atendimento masculino
Disponibilizar uma auxiliar ou teacutecnica de enfemagem para acompanhar o meacutedico durante o exame
Dezembro2011
Falta disponibilidade de horaacuterios mais flexiacuteveis pois haacute concentraccedilatildeo de horaacuterio pela manhatilde
Adequaccedilatildeo da Agenda Alteraccedilotildees na agenda com horaacuterios para adequar agraves necessidades dos usuaacuterios
Marcar os exames preventivos para o horaacuterio da tarde
Enfermeira e meacutedico Janeiro2012
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6 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
A poliacutetica da sauacutede tem como principal objetivo promover mudanccedilas no intuito
de melhorar o niacutevel da sauacutede da populaccedilatildeo Diante dos resultados apurados nesse
estudo percebe-se a necessidade das intervenccedilotildees a serem efetuadas no Centro de
Sauacutede Felicidade II visando melhorar o iacutendice de cobertura dos exames
preventivos
Assim a realidade percebida no Centro de Sauacutede Felicidade II eacute que o
desempenho da equipe exerce grande impacto no desenvolvimento das accedilotildees
alcanccedilando dessa forma o objetivo de contribuir com o aprimoramento e a
consolidaccedilatildeo da assistecircncia agrave sauacutede da populaccedilatildeo
Como problemas levantados em relaccedilatildeo a baixa cobertura da prevenccedilatildeo do
cacircncer do colo do uacutetero identificamos as seguintes o ACS sentir inseguro para
orientar agraves mulheres em relaccedilatildeo aos cuidados para realizar o exame preventivo a
falta de capacitaccedilatildeo teacutecnica para o enfermeiro realizar o exame de Papanicolaou
consultas agendadas para datas muito distantes fazendo com que a mulher se
esqueccedila do diadesconhecimento das mulheres sobre o exame preventivo e os
cuidados preparativos para o mesmo falta de interesse e conscientizaccedilatildeo em
relaccedilatildeo agrave importacircncia do exame preventivo por parte das usuaacuteriaspudor da mulher
diante do profissional de sexo masculino e falta de disponibilidade de horaacuterios mais
flexiacuteveis com concentraccedilatildeo das consultas no horaacuterio da manhatilde
A partir dos problemas levantados foram propostas as atividades accedilotildees
metas e os responsaacuteveis pelas atividades no sentido de ampliar a cobertura das
mulheres por meio da participaccedilatildeo de toda a equipe de sauacutede Desse modo foi
muito importante tambeacutem a elaboraccedilatildeo das estrateacutegias para que o nuacutemero de
usuaacuterias seja aumentado Neste sentido destaca-se o papel do enfermeiro como
parte integrante da equipe de sauacutede e que desempenha um importante papel na
promoccedilatildeo da prevenccedilatildeo educaccedilatildeo e melhorias constantes nos serviccedilos oferecidos
agrave populaccedilatildeo
Nesta direccedilatildeo o Centro de Sauacutede Felicidade II deve se preocupar com a
capacitaccedilatildeo de seus funcionaacuterios com a organizaccedilatildeo do processo de trabalho das
equipes bem com um investimento maior nas accedilotildees de promoccedilatildeo e prevenccedilatildeo da
saude conforme abordado neste estudo
34
Desse modo cabe a todos os profissionais atuar mais na prevenccedilatildeo
promoccedilatildeo e recuperaccedilatildeo por meio de praacuteticas educativas promovendo campanhas
palestras sobre a sauacutede da mulher fornecendo orientaccedilotildees durante as consultas
para que se possa reverter o quadro de baixo iacutendice de cobertura no exame
preventivo de cacircncer do colo do uacutetero alcance assim a cobertura preconizada pela
Secretaacuteria de Sauacutede o que vai refletir na melhoria da assistecircncia a sauacutede agrave mulher
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REFEREcircNCIAS ALBUQUERQUE KM et al Cobertura do Teste de Papanicolau e Fatores associados agrave Natildeo-Realizaccedilatildeo um olhar sobre o Programa de Prevenccedilatildeo do Cacircncer do Colo do Uacutetero em Pernambuco Brasil Caderno de Sauacutede Puacuteblica v 25 supl 2 Rio de Janeiro 2009 Disponiacutevel em lthttpwwwscielosporgscielophpscript=sci_arttextamppid=S0102-311X2009001400012gt Acesso em 6 nov 2010 BELO HORIZONTE Secretaria Municipal de Sauacutede Prevenccedilatildeo e Controle do Cacircncer do Colo de Uacutetero Belo Horizonte 2008 BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede O Programa Sauacutede da Famiacutelia e a Atenccedilatildeo Baacutesica no Brasil Brasiacutelia 2002 Disponiacutevel em lthttpwwwccssaudegovbrsaudebatea portamostravirtualpublicacoespsf_atencaobasicapdfgt Acesso em 01 abr 2010 CEacuteSAR JA et al Fatores Associados agrave natildeo Realizaccedilatildeo de Exame Citopatoloacutegico de Colo Uterino no Extremo Sul do Brasil Caderno de Sauacutede Puacuteblica Rio de Janeiro v19n5 p1365-1372 setout 2003 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrpdf0Dcspv19n517808pdfgt Acesso em 16 jul 2010 CORREcircA DA D VILLELA WV O Controle do Cacircncer do Colo do Uacutetero desafios para implementaccedilatildeo de accedilotildees programaacuteticas no Amazonas Brasil Rev bras sauacutede matern infantil v8 n4p491-497 outdez 2008 DIAS-DA-COSTA J S et al Cobertura do Exame Citopatoloacutegico na Cidade de Pelotas Rio Grande do Sul Brasil Caderno de Sauacutede Puacuteblica Rio de Janeiro v19 n1 p191-197 janfev 2003 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrpdfcspv19n114919pdfgt Acesso em 16 jul 2010 DOMINGOS ACP et al Cacircncer do Colo do Uacutetero comportamento preventivo de auto-cuidado agrave sauacutede Revista Ciecircncia Cuidado e Sauacutede 6 (Suplem 2) p 397-403 2007 Disponiacutevel em lthttpperiodicosuembrojsindexphpCiencCuidSaudearticleviewFile53373385gt Acesso em 5 nov 2010 HACKENHAAR AAC JURACI A DOMINGUES MR Exame Citopatoloacutegico de Colo Uterino em Mulheres com Idade entre 20 e 59 anos em Pelotas RS prevalecircncia foco e fatores associados agrave sua natildeo realizaccedilatildeo Revista Brasileira de EpidemiologiaSatildeo Paulo v9n1 Mar 2006 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S1415-790X2006000100013gt Acesso em 16 jul 2010 MONTEMOR EBL et al Controle do Cacircncer de Colo de Uacutetero o exame citopatoloacutegico In LOPES MHBde M (org) Enfermagem na Sauacutede da Mulher Goiacircnia AB 2006 p 45-65 NAKAGAWA JTT SCHIRMER J BARBIERI M Viacuterua HPV e Cacircncer de Colo de Uacutetero Revista Brasileira de Enfermagem v 63 n 2 Brasiacutelia marabri 2010
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Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S0034-71672010000200021gt Acesso em 6 nov 2010 NARCHI NZ JANICAS Rde CS V FERNANDES RAacuteQ Prevenccedilatildeo e Controle do Cacircncer Ceacutervico-Uterino In FERNANDES RAacuteQ NARCHI NZ Enfermagem e Sauacutede da Mulher Barueri SP Manole 2007 p 127-149 NUacuteCLEO DE EDUCACcedilAtildeO EM SAUacuteDE COLETIVA ndash NESCON Faculdade de Medicina ndash UFMG Belo Horizonte Disponiacutevel em lthttpwwwnesconmedicinaufmgbrgt Acesso em 12 dez 2009 PINTO CAG COELHO IB BH Vida pensando a implantaccedilatildeo da Estrateacutegia de Sauacutede da Famiacutelia na cidade de Belo Horizonte passados 10 anos lthttpxayimgcomkqgroups15983109953140003nameImplantacao+do+BH+VIDA+-+Carlos+Gama+e+Ivan+Coelho5B15Dpdf gt Acesso em 01 mar 2011 RODRIGUES NETO JF FIGUEIREDO MFS SIQUEIRA LG Exame Citopatoloacutegico do Colo do Uacutetero fatores associados a natildeo realizaccedilatildeo em ESF Revista Eletrocircnica de Enfermagem 10 (3) 610-21 2008 Disponiacutevel em lthttpwwwfenufgbrrevistav10n3pdfv10n3a07pdfgt Acesso em 17 jul 2010 TAVARES SB do N et al Controle da Qualidade em Citopatologia Cervical revisatildeo de literatura Revista Brasileira de Cancerologia 53(3) 355-364 2007 Disponiacutevel em lthttpwwwincagovbrrbcn_53v03pdfrevisao6pdfgt Acesso em 17 jul 2010 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA Regulamento de Orientaccedilatildeo Do Trabalho De Conclusatildeo De Curso Do Curso De Licenciatura Em Letras ndashPORTUGUEcircS-ESPANHOL Disponiacutevel em lt httpwwwuepgbruepg_departamentosdeletpdfREG20PORT20ESPANHOLpdf gt Acesso em 23 set 2011 ZEFERINO L Prevenccedilatildeo e Controle do Cacircncer Ceacutervico-Uterino In LOPES MHB de M (org) Enfermagem na Sauacutede da Mulher Goiacircnia AB p 67-80 2006
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O agendamento das consultas e marcado para datas muito distantes o que geralmente faz com que a mulher esqueccedila
Comunicaccedilatildeo da data do exame com antecedecircncia
Elaborar uma forma de entrar em contato com a paciente cinco dias antes da consulta agendada
Diminuir o iacutendice de ausecircncia agraves consultas
ACS Novembro2011
Desconhecimento das mulheres sobre o exame preventivo e os cuidados preparativos para o exame
Orientaccedilatildeo das mulheres sobre o exame e os cuidados preparativos para o exame
Criar um informativo contendo as orientaccedilotildees sobre o exame e os cuidados para serem entregue as usuaacuterias no momento da visita do ACS para informaacute-las da data e horaacuterio da consulta
Orientar todas usuaacuterias
Enfermeiro ACS
Janeiro2011
Entrega de resultados dos preventivos sem alteraccediloespelos ACSrsquos
Entrega do resultado do exame
Agendar um dia na semana para a entrega dos resultados dos exames Todos os exames deveratildeo ser vistos pelo enfermeiro Aqueles que apresentarem alguma alteraccedilatildeo a paciente deve ser encaminhada ao meacutedico Teacutecnico de Enfermagem Enfermeiro
Orientar as usuaacuterias
Os exames com resultados normais seratildeo entregues pelo teacutecnico de enfermagem Aqueles que apresentarem alguma alteraccedilatildeo seratildeo entregues pelo enfermeiro que deveraacute fazer os devidos encaminhamentos quando necessaacuterios
Dezembro2011
Entrega dos resultados de exames com alteraccedilotildees apoacutes consultas de retorno agendadas para usuaacuterias
Orientaccedilatildeo encaminhamento e acompanhamento da usuaacuteria
Visita domicilar Consulta de enfermagemconsulta meacutedica
Avaliar o estado de sauacutede da mulher Acompanhamento e orientaccedilotildees
Meacutedico e enfermeira Janeiro2012
Monitoramento e acompanhamento
- Agendamentos anuais - Elaboraccedilatildeo um arquivo rotativo - Estabelecimento de Indicadores de acompanhamento e
- Controlar a marcaccedilatildeo de consulta no intervalo de trecircs anos se apoacutes dois anos consecutivos de coleta os resultados forem negativos para
Monitorar o exame preventivo Acompanhar o estado de sauacutede das mulheres pela
Enfermeira e Teacutecnico de enfermagem
Novembro2011
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avaliaccedilatildeo das accedilotildees votadas agrave sauacutede da mulher pela equipe de sauacutede
displasia ou neoplasia - Fazer a busca das usuaacuterias faltosas aos exames e consultas
equipe
Falta de interesse e conscientizaccedilatildeo em relaccedilatildeo agrave importacircncia do exame preventivo
Atendimento de Grupos Retomar o grupo de mulheres onde seratildeo abordados temas relativos agrave sauacutede da mulher Realizar orientaccedilotildees por meio de palestras nos grupos operativos
Conscientizar as mulheres sobre a importacircncia da realizaccedilatildeo do exame
Equipe de Sauacutede Fevereiro2012
Consulta eacute marcada com um meacutedico do sexo masculino
Agendamento com o enfermeiro quando possiacutevel
Reforccedilar com a paciente que durante a consulta estaraacute presente uma Auxiliar de Enfermagem
Diminuir a evasatildeo do exame prevenccedilatildeo Diminuir a resistecircncia ao atendimento masculino
Disponibilizar uma auxiliar ou teacutecnica de enfemagem para acompanhar o meacutedico durante o exame
Dezembro2011
Falta disponibilidade de horaacuterios mais flexiacuteveis pois haacute concentraccedilatildeo de horaacuterio pela manhatilde
Adequaccedilatildeo da Agenda Alteraccedilotildees na agenda com horaacuterios para adequar agraves necessidades dos usuaacuterios
Marcar os exames preventivos para o horaacuterio da tarde
Enfermeira e meacutedico Janeiro2012
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6 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
A poliacutetica da sauacutede tem como principal objetivo promover mudanccedilas no intuito
de melhorar o niacutevel da sauacutede da populaccedilatildeo Diante dos resultados apurados nesse
estudo percebe-se a necessidade das intervenccedilotildees a serem efetuadas no Centro de
Sauacutede Felicidade II visando melhorar o iacutendice de cobertura dos exames
preventivos
Assim a realidade percebida no Centro de Sauacutede Felicidade II eacute que o
desempenho da equipe exerce grande impacto no desenvolvimento das accedilotildees
alcanccedilando dessa forma o objetivo de contribuir com o aprimoramento e a
consolidaccedilatildeo da assistecircncia agrave sauacutede da populaccedilatildeo
Como problemas levantados em relaccedilatildeo a baixa cobertura da prevenccedilatildeo do
cacircncer do colo do uacutetero identificamos as seguintes o ACS sentir inseguro para
orientar agraves mulheres em relaccedilatildeo aos cuidados para realizar o exame preventivo a
falta de capacitaccedilatildeo teacutecnica para o enfermeiro realizar o exame de Papanicolaou
consultas agendadas para datas muito distantes fazendo com que a mulher se
esqueccedila do diadesconhecimento das mulheres sobre o exame preventivo e os
cuidados preparativos para o mesmo falta de interesse e conscientizaccedilatildeo em
relaccedilatildeo agrave importacircncia do exame preventivo por parte das usuaacuteriaspudor da mulher
diante do profissional de sexo masculino e falta de disponibilidade de horaacuterios mais
flexiacuteveis com concentraccedilatildeo das consultas no horaacuterio da manhatilde
A partir dos problemas levantados foram propostas as atividades accedilotildees
metas e os responsaacuteveis pelas atividades no sentido de ampliar a cobertura das
mulheres por meio da participaccedilatildeo de toda a equipe de sauacutede Desse modo foi
muito importante tambeacutem a elaboraccedilatildeo das estrateacutegias para que o nuacutemero de
usuaacuterias seja aumentado Neste sentido destaca-se o papel do enfermeiro como
parte integrante da equipe de sauacutede e que desempenha um importante papel na
promoccedilatildeo da prevenccedilatildeo educaccedilatildeo e melhorias constantes nos serviccedilos oferecidos
agrave populaccedilatildeo
Nesta direccedilatildeo o Centro de Sauacutede Felicidade II deve se preocupar com a
capacitaccedilatildeo de seus funcionaacuterios com a organizaccedilatildeo do processo de trabalho das
equipes bem com um investimento maior nas accedilotildees de promoccedilatildeo e prevenccedilatildeo da
saude conforme abordado neste estudo
34
Desse modo cabe a todos os profissionais atuar mais na prevenccedilatildeo
promoccedilatildeo e recuperaccedilatildeo por meio de praacuteticas educativas promovendo campanhas
palestras sobre a sauacutede da mulher fornecendo orientaccedilotildees durante as consultas
para que se possa reverter o quadro de baixo iacutendice de cobertura no exame
preventivo de cacircncer do colo do uacutetero alcance assim a cobertura preconizada pela
Secretaacuteria de Sauacutede o que vai refletir na melhoria da assistecircncia a sauacutede agrave mulher
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REFEREcircNCIAS ALBUQUERQUE KM et al Cobertura do Teste de Papanicolau e Fatores associados agrave Natildeo-Realizaccedilatildeo um olhar sobre o Programa de Prevenccedilatildeo do Cacircncer do Colo do Uacutetero em Pernambuco Brasil Caderno de Sauacutede Puacuteblica v 25 supl 2 Rio de Janeiro 2009 Disponiacutevel em lthttpwwwscielosporgscielophpscript=sci_arttextamppid=S0102-311X2009001400012gt Acesso em 6 nov 2010 BELO HORIZONTE Secretaria Municipal de Sauacutede Prevenccedilatildeo e Controle do Cacircncer do Colo de Uacutetero Belo Horizonte 2008 BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede O Programa Sauacutede da Famiacutelia e a Atenccedilatildeo Baacutesica no Brasil Brasiacutelia 2002 Disponiacutevel em lthttpwwwccssaudegovbrsaudebatea portamostravirtualpublicacoespsf_atencaobasicapdfgt Acesso em 01 abr 2010 CEacuteSAR JA et al Fatores Associados agrave natildeo Realizaccedilatildeo de Exame Citopatoloacutegico de Colo Uterino no Extremo Sul do Brasil Caderno de Sauacutede Puacuteblica Rio de Janeiro v19n5 p1365-1372 setout 2003 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrpdf0Dcspv19n517808pdfgt Acesso em 16 jul 2010 CORREcircA DA D VILLELA WV O Controle do Cacircncer do Colo do Uacutetero desafios para implementaccedilatildeo de accedilotildees programaacuteticas no Amazonas Brasil Rev bras sauacutede matern infantil v8 n4p491-497 outdez 2008 DIAS-DA-COSTA J S et al Cobertura do Exame Citopatoloacutegico na Cidade de Pelotas Rio Grande do Sul Brasil Caderno de Sauacutede Puacuteblica Rio de Janeiro v19 n1 p191-197 janfev 2003 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrpdfcspv19n114919pdfgt Acesso em 16 jul 2010 DOMINGOS ACP et al Cacircncer do Colo do Uacutetero comportamento preventivo de auto-cuidado agrave sauacutede Revista Ciecircncia Cuidado e Sauacutede 6 (Suplem 2) p 397-403 2007 Disponiacutevel em lthttpperiodicosuembrojsindexphpCiencCuidSaudearticleviewFile53373385gt Acesso em 5 nov 2010 HACKENHAAR AAC JURACI A DOMINGUES MR Exame Citopatoloacutegico de Colo Uterino em Mulheres com Idade entre 20 e 59 anos em Pelotas RS prevalecircncia foco e fatores associados agrave sua natildeo realizaccedilatildeo Revista Brasileira de EpidemiologiaSatildeo Paulo v9n1 Mar 2006 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S1415-790X2006000100013gt Acesso em 16 jul 2010 MONTEMOR EBL et al Controle do Cacircncer de Colo de Uacutetero o exame citopatoloacutegico In LOPES MHBde M (org) Enfermagem na Sauacutede da Mulher Goiacircnia AB 2006 p 45-65 NAKAGAWA JTT SCHIRMER J BARBIERI M Viacuterua HPV e Cacircncer de Colo de Uacutetero Revista Brasileira de Enfermagem v 63 n 2 Brasiacutelia marabri 2010
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Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S0034-71672010000200021gt Acesso em 6 nov 2010 NARCHI NZ JANICAS Rde CS V FERNANDES RAacuteQ Prevenccedilatildeo e Controle do Cacircncer Ceacutervico-Uterino In FERNANDES RAacuteQ NARCHI NZ Enfermagem e Sauacutede da Mulher Barueri SP Manole 2007 p 127-149 NUacuteCLEO DE EDUCACcedilAtildeO EM SAUacuteDE COLETIVA ndash NESCON Faculdade de Medicina ndash UFMG Belo Horizonte Disponiacutevel em lthttpwwwnesconmedicinaufmgbrgt Acesso em 12 dez 2009 PINTO CAG COELHO IB BH Vida pensando a implantaccedilatildeo da Estrateacutegia de Sauacutede da Famiacutelia na cidade de Belo Horizonte passados 10 anos lthttpxayimgcomkqgroups15983109953140003nameImplantacao+do+BH+VIDA+-+Carlos+Gama+e+Ivan+Coelho5B15Dpdf gt Acesso em 01 mar 2011 RODRIGUES NETO JF FIGUEIREDO MFS SIQUEIRA LG Exame Citopatoloacutegico do Colo do Uacutetero fatores associados a natildeo realizaccedilatildeo em ESF Revista Eletrocircnica de Enfermagem 10 (3) 610-21 2008 Disponiacutevel em lthttpwwwfenufgbrrevistav10n3pdfv10n3a07pdfgt Acesso em 17 jul 2010 TAVARES SB do N et al Controle da Qualidade em Citopatologia Cervical revisatildeo de literatura Revista Brasileira de Cancerologia 53(3) 355-364 2007 Disponiacutevel em lthttpwwwincagovbrrbcn_53v03pdfrevisao6pdfgt Acesso em 17 jul 2010 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA Regulamento de Orientaccedilatildeo Do Trabalho De Conclusatildeo De Curso Do Curso De Licenciatura Em Letras ndashPORTUGUEcircS-ESPANHOL Disponiacutevel em lt httpwwwuepgbruepg_departamentosdeletpdfREG20PORT20ESPANHOLpdf gt Acesso em 23 set 2011 ZEFERINO L Prevenccedilatildeo e Controle do Cacircncer Ceacutervico-Uterino In LOPES MHB de M (org) Enfermagem na Sauacutede da Mulher Goiacircnia AB p 67-80 2006
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avaliaccedilatildeo das accedilotildees votadas agrave sauacutede da mulher pela equipe de sauacutede
displasia ou neoplasia - Fazer a busca das usuaacuterias faltosas aos exames e consultas
equipe
Falta de interesse e conscientizaccedilatildeo em relaccedilatildeo agrave importacircncia do exame preventivo
Atendimento de Grupos Retomar o grupo de mulheres onde seratildeo abordados temas relativos agrave sauacutede da mulher Realizar orientaccedilotildees por meio de palestras nos grupos operativos
Conscientizar as mulheres sobre a importacircncia da realizaccedilatildeo do exame
Equipe de Sauacutede Fevereiro2012
Consulta eacute marcada com um meacutedico do sexo masculino
Agendamento com o enfermeiro quando possiacutevel
Reforccedilar com a paciente que durante a consulta estaraacute presente uma Auxiliar de Enfermagem
Diminuir a evasatildeo do exame prevenccedilatildeo Diminuir a resistecircncia ao atendimento masculino
Disponibilizar uma auxiliar ou teacutecnica de enfemagem para acompanhar o meacutedico durante o exame
Dezembro2011
Falta disponibilidade de horaacuterios mais flexiacuteveis pois haacute concentraccedilatildeo de horaacuterio pela manhatilde
Adequaccedilatildeo da Agenda Alteraccedilotildees na agenda com horaacuterios para adequar agraves necessidades dos usuaacuterios
Marcar os exames preventivos para o horaacuterio da tarde
Enfermeira e meacutedico Janeiro2012
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6 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
A poliacutetica da sauacutede tem como principal objetivo promover mudanccedilas no intuito
de melhorar o niacutevel da sauacutede da populaccedilatildeo Diante dos resultados apurados nesse
estudo percebe-se a necessidade das intervenccedilotildees a serem efetuadas no Centro de
Sauacutede Felicidade II visando melhorar o iacutendice de cobertura dos exames
preventivos
Assim a realidade percebida no Centro de Sauacutede Felicidade II eacute que o
desempenho da equipe exerce grande impacto no desenvolvimento das accedilotildees
alcanccedilando dessa forma o objetivo de contribuir com o aprimoramento e a
consolidaccedilatildeo da assistecircncia agrave sauacutede da populaccedilatildeo
Como problemas levantados em relaccedilatildeo a baixa cobertura da prevenccedilatildeo do
cacircncer do colo do uacutetero identificamos as seguintes o ACS sentir inseguro para
orientar agraves mulheres em relaccedilatildeo aos cuidados para realizar o exame preventivo a
falta de capacitaccedilatildeo teacutecnica para o enfermeiro realizar o exame de Papanicolaou
consultas agendadas para datas muito distantes fazendo com que a mulher se
esqueccedila do diadesconhecimento das mulheres sobre o exame preventivo e os
cuidados preparativos para o mesmo falta de interesse e conscientizaccedilatildeo em
relaccedilatildeo agrave importacircncia do exame preventivo por parte das usuaacuteriaspudor da mulher
diante do profissional de sexo masculino e falta de disponibilidade de horaacuterios mais
flexiacuteveis com concentraccedilatildeo das consultas no horaacuterio da manhatilde
A partir dos problemas levantados foram propostas as atividades accedilotildees
metas e os responsaacuteveis pelas atividades no sentido de ampliar a cobertura das
mulheres por meio da participaccedilatildeo de toda a equipe de sauacutede Desse modo foi
muito importante tambeacutem a elaboraccedilatildeo das estrateacutegias para que o nuacutemero de
usuaacuterias seja aumentado Neste sentido destaca-se o papel do enfermeiro como
parte integrante da equipe de sauacutede e que desempenha um importante papel na
promoccedilatildeo da prevenccedilatildeo educaccedilatildeo e melhorias constantes nos serviccedilos oferecidos
agrave populaccedilatildeo
Nesta direccedilatildeo o Centro de Sauacutede Felicidade II deve se preocupar com a
capacitaccedilatildeo de seus funcionaacuterios com a organizaccedilatildeo do processo de trabalho das
equipes bem com um investimento maior nas accedilotildees de promoccedilatildeo e prevenccedilatildeo da
saude conforme abordado neste estudo
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Desse modo cabe a todos os profissionais atuar mais na prevenccedilatildeo
promoccedilatildeo e recuperaccedilatildeo por meio de praacuteticas educativas promovendo campanhas
palestras sobre a sauacutede da mulher fornecendo orientaccedilotildees durante as consultas
para que se possa reverter o quadro de baixo iacutendice de cobertura no exame
preventivo de cacircncer do colo do uacutetero alcance assim a cobertura preconizada pela
Secretaacuteria de Sauacutede o que vai refletir na melhoria da assistecircncia a sauacutede agrave mulher
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REFEREcircNCIAS ALBUQUERQUE KM et al Cobertura do Teste de Papanicolau e Fatores associados agrave Natildeo-Realizaccedilatildeo um olhar sobre o Programa de Prevenccedilatildeo do Cacircncer do Colo do Uacutetero em Pernambuco Brasil Caderno de Sauacutede Puacuteblica v 25 supl 2 Rio de Janeiro 2009 Disponiacutevel em lthttpwwwscielosporgscielophpscript=sci_arttextamppid=S0102-311X2009001400012gt Acesso em 6 nov 2010 BELO HORIZONTE Secretaria Municipal de Sauacutede Prevenccedilatildeo e Controle do Cacircncer do Colo de Uacutetero Belo Horizonte 2008 BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede O Programa Sauacutede da Famiacutelia e a Atenccedilatildeo Baacutesica no Brasil Brasiacutelia 2002 Disponiacutevel em lthttpwwwccssaudegovbrsaudebatea portamostravirtualpublicacoespsf_atencaobasicapdfgt Acesso em 01 abr 2010 CEacuteSAR JA et al Fatores Associados agrave natildeo Realizaccedilatildeo de Exame Citopatoloacutegico de Colo Uterino no Extremo Sul do Brasil Caderno de Sauacutede Puacuteblica Rio de Janeiro v19n5 p1365-1372 setout 2003 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrpdf0Dcspv19n517808pdfgt Acesso em 16 jul 2010 CORREcircA DA D VILLELA WV O Controle do Cacircncer do Colo do Uacutetero desafios para implementaccedilatildeo de accedilotildees programaacuteticas no Amazonas Brasil Rev bras sauacutede matern infantil v8 n4p491-497 outdez 2008 DIAS-DA-COSTA J S et al Cobertura do Exame Citopatoloacutegico na Cidade de Pelotas Rio Grande do Sul Brasil Caderno de Sauacutede Puacuteblica Rio de Janeiro v19 n1 p191-197 janfev 2003 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrpdfcspv19n114919pdfgt Acesso em 16 jul 2010 DOMINGOS ACP et al Cacircncer do Colo do Uacutetero comportamento preventivo de auto-cuidado agrave sauacutede Revista Ciecircncia Cuidado e Sauacutede 6 (Suplem 2) p 397-403 2007 Disponiacutevel em lthttpperiodicosuembrojsindexphpCiencCuidSaudearticleviewFile53373385gt Acesso em 5 nov 2010 HACKENHAAR AAC JURACI A DOMINGUES MR Exame Citopatoloacutegico de Colo Uterino em Mulheres com Idade entre 20 e 59 anos em Pelotas RS prevalecircncia foco e fatores associados agrave sua natildeo realizaccedilatildeo Revista Brasileira de EpidemiologiaSatildeo Paulo v9n1 Mar 2006 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S1415-790X2006000100013gt Acesso em 16 jul 2010 MONTEMOR EBL et al Controle do Cacircncer de Colo de Uacutetero o exame citopatoloacutegico In LOPES MHBde M (org) Enfermagem na Sauacutede da Mulher Goiacircnia AB 2006 p 45-65 NAKAGAWA JTT SCHIRMER J BARBIERI M Viacuterua HPV e Cacircncer de Colo de Uacutetero Revista Brasileira de Enfermagem v 63 n 2 Brasiacutelia marabri 2010
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Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S0034-71672010000200021gt Acesso em 6 nov 2010 NARCHI NZ JANICAS Rde CS V FERNANDES RAacuteQ Prevenccedilatildeo e Controle do Cacircncer Ceacutervico-Uterino In FERNANDES RAacuteQ NARCHI NZ Enfermagem e Sauacutede da Mulher Barueri SP Manole 2007 p 127-149 NUacuteCLEO DE EDUCACcedilAtildeO EM SAUacuteDE COLETIVA ndash NESCON Faculdade de Medicina ndash UFMG Belo Horizonte Disponiacutevel em lthttpwwwnesconmedicinaufmgbrgt Acesso em 12 dez 2009 PINTO CAG COELHO IB BH Vida pensando a implantaccedilatildeo da Estrateacutegia de Sauacutede da Famiacutelia na cidade de Belo Horizonte passados 10 anos lthttpxayimgcomkqgroups15983109953140003nameImplantacao+do+BH+VIDA+-+Carlos+Gama+e+Ivan+Coelho5B15Dpdf gt Acesso em 01 mar 2011 RODRIGUES NETO JF FIGUEIREDO MFS SIQUEIRA LG Exame Citopatoloacutegico do Colo do Uacutetero fatores associados a natildeo realizaccedilatildeo em ESF Revista Eletrocircnica de Enfermagem 10 (3) 610-21 2008 Disponiacutevel em lthttpwwwfenufgbrrevistav10n3pdfv10n3a07pdfgt Acesso em 17 jul 2010 TAVARES SB do N et al Controle da Qualidade em Citopatologia Cervical revisatildeo de literatura Revista Brasileira de Cancerologia 53(3) 355-364 2007 Disponiacutevel em lthttpwwwincagovbrrbcn_53v03pdfrevisao6pdfgt Acesso em 17 jul 2010 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA Regulamento de Orientaccedilatildeo Do Trabalho De Conclusatildeo De Curso Do Curso De Licenciatura Em Letras ndashPORTUGUEcircS-ESPANHOL Disponiacutevel em lt httpwwwuepgbruepg_departamentosdeletpdfREG20PORT20ESPANHOLpdf gt Acesso em 23 set 2011 ZEFERINO L Prevenccedilatildeo e Controle do Cacircncer Ceacutervico-Uterino In LOPES MHB de M (org) Enfermagem na Sauacutede da Mulher Goiacircnia AB p 67-80 2006
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6 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
A poliacutetica da sauacutede tem como principal objetivo promover mudanccedilas no intuito
de melhorar o niacutevel da sauacutede da populaccedilatildeo Diante dos resultados apurados nesse
estudo percebe-se a necessidade das intervenccedilotildees a serem efetuadas no Centro de
Sauacutede Felicidade II visando melhorar o iacutendice de cobertura dos exames
preventivos
Assim a realidade percebida no Centro de Sauacutede Felicidade II eacute que o
desempenho da equipe exerce grande impacto no desenvolvimento das accedilotildees
alcanccedilando dessa forma o objetivo de contribuir com o aprimoramento e a
consolidaccedilatildeo da assistecircncia agrave sauacutede da populaccedilatildeo
Como problemas levantados em relaccedilatildeo a baixa cobertura da prevenccedilatildeo do
cacircncer do colo do uacutetero identificamos as seguintes o ACS sentir inseguro para
orientar agraves mulheres em relaccedilatildeo aos cuidados para realizar o exame preventivo a
falta de capacitaccedilatildeo teacutecnica para o enfermeiro realizar o exame de Papanicolaou
consultas agendadas para datas muito distantes fazendo com que a mulher se
esqueccedila do diadesconhecimento das mulheres sobre o exame preventivo e os
cuidados preparativos para o mesmo falta de interesse e conscientizaccedilatildeo em
relaccedilatildeo agrave importacircncia do exame preventivo por parte das usuaacuteriaspudor da mulher
diante do profissional de sexo masculino e falta de disponibilidade de horaacuterios mais
flexiacuteveis com concentraccedilatildeo das consultas no horaacuterio da manhatilde
A partir dos problemas levantados foram propostas as atividades accedilotildees
metas e os responsaacuteveis pelas atividades no sentido de ampliar a cobertura das
mulheres por meio da participaccedilatildeo de toda a equipe de sauacutede Desse modo foi
muito importante tambeacutem a elaboraccedilatildeo das estrateacutegias para que o nuacutemero de
usuaacuterias seja aumentado Neste sentido destaca-se o papel do enfermeiro como
parte integrante da equipe de sauacutede e que desempenha um importante papel na
promoccedilatildeo da prevenccedilatildeo educaccedilatildeo e melhorias constantes nos serviccedilos oferecidos
agrave populaccedilatildeo
Nesta direccedilatildeo o Centro de Sauacutede Felicidade II deve se preocupar com a
capacitaccedilatildeo de seus funcionaacuterios com a organizaccedilatildeo do processo de trabalho das
equipes bem com um investimento maior nas accedilotildees de promoccedilatildeo e prevenccedilatildeo da
saude conforme abordado neste estudo
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Desse modo cabe a todos os profissionais atuar mais na prevenccedilatildeo
promoccedilatildeo e recuperaccedilatildeo por meio de praacuteticas educativas promovendo campanhas
palestras sobre a sauacutede da mulher fornecendo orientaccedilotildees durante as consultas
para que se possa reverter o quadro de baixo iacutendice de cobertura no exame
preventivo de cacircncer do colo do uacutetero alcance assim a cobertura preconizada pela
Secretaacuteria de Sauacutede o que vai refletir na melhoria da assistecircncia a sauacutede agrave mulher
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REFEREcircNCIAS ALBUQUERQUE KM et al Cobertura do Teste de Papanicolau e Fatores associados agrave Natildeo-Realizaccedilatildeo um olhar sobre o Programa de Prevenccedilatildeo do Cacircncer do Colo do Uacutetero em Pernambuco Brasil Caderno de Sauacutede Puacuteblica v 25 supl 2 Rio de Janeiro 2009 Disponiacutevel em lthttpwwwscielosporgscielophpscript=sci_arttextamppid=S0102-311X2009001400012gt Acesso em 6 nov 2010 BELO HORIZONTE Secretaria Municipal de Sauacutede Prevenccedilatildeo e Controle do Cacircncer do Colo de Uacutetero Belo Horizonte 2008 BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede O Programa Sauacutede da Famiacutelia e a Atenccedilatildeo Baacutesica no Brasil Brasiacutelia 2002 Disponiacutevel em lthttpwwwccssaudegovbrsaudebatea portamostravirtualpublicacoespsf_atencaobasicapdfgt Acesso em 01 abr 2010 CEacuteSAR JA et al Fatores Associados agrave natildeo Realizaccedilatildeo de Exame Citopatoloacutegico de Colo Uterino no Extremo Sul do Brasil Caderno de Sauacutede Puacuteblica Rio de Janeiro v19n5 p1365-1372 setout 2003 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrpdf0Dcspv19n517808pdfgt Acesso em 16 jul 2010 CORREcircA DA D VILLELA WV O Controle do Cacircncer do Colo do Uacutetero desafios para implementaccedilatildeo de accedilotildees programaacuteticas no Amazonas Brasil Rev bras sauacutede matern infantil v8 n4p491-497 outdez 2008 DIAS-DA-COSTA J S et al Cobertura do Exame Citopatoloacutegico na Cidade de Pelotas Rio Grande do Sul Brasil Caderno de Sauacutede Puacuteblica Rio de Janeiro v19 n1 p191-197 janfev 2003 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrpdfcspv19n114919pdfgt Acesso em 16 jul 2010 DOMINGOS ACP et al Cacircncer do Colo do Uacutetero comportamento preventivo de auto-cuidado agrave sauacutede Revista Ciecircncia Cuidado e Sauacutede 6 (Suplem 2) p 397-403 2007 Disponiacutevel em lthttpperiodicosuembrojsindexphpCiencCuidSaudearticleviewFile53373385gt Acesso em 5 nov 2010 HACKENHAAR AAC JURACI A DOMINGUES MR Exame Citopatoloacutegico de Colo Uterino em Mulheres com Idade entre 20 e 59 anos em Pelotas RS prevalecircncia foco e fatores associados agrave sua natildeo realizaccedilatildeo Revista Brasileira de EpidemiologiaSatildeo Paulo v9n1 Mar 2006 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S1415-790X2006000100013gt Acesso em 16 jul 2010 MONTEMOR EBL et al Controle do Cacircncer de Colo de Uacutetero o exame citopatoloacutegico In LOPES MHBde M (org) Enfermagem na Sauacutede da Mulher Goiacircnia AB 2006 p 45-65 NAKAGAWA JTT SCHIRMER J BARBIERI M Viacuterua HPV e Cacircncer de Colo de Uacutetero Revista Brasileira de Enfermagem v 63 n 2 Brasiacutelia marabri 2010
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Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S0034-71672010000200021gt Acesso em 6 nov 2010 NARCHI NZ JANICAS Rde CS V FERNANDES RAacuteQ Prevenccedilatildeo e Controle do Cacircncer Ceacutervico-Uterino In FERNANDES RAacuteQ NARCHI NZ Enfermagem e Sauacutede da Mulher Barueri SP Manole 2007 p 127-149 NUacuteCLEO DE EDUCACcedilAtildeO EM SAUacuteDE COLETIVA ndash NESCON Faculdade de Medicina ndash UFMG Belo Horizonte Disponiacutevel em lthttpwwwnesconmedicinaufmgbrgt Acesso em 12 dez 2009 PINTO CAG COELHO IB BH Vida pensando a implantaccedilatildeo da Estrateacutegia de Sauacutede da Famiacutelia na cidade de Belo Horizonte passados 10 anos lthttpxayimgcomkqgroups15983109953140003nameImplantacao+do+BH+VIDA+-+Carlos+Gama+e+Ivan+Coelho5B15Dpdf gt Acesso em 01 mar 2011 RODRIGUES NETO JF FIGUEIREDO MFS SIQUEIRA LG Exame Citopatoloacutegico do Colo do Uacutetero fatores associados a natildeo realizaccedilatildeo em ESF Revista Eletrocircnica de Enfermagem 10 (3) 610-21 2008 Disponiacutevel em lthttpwwwfenufgbrrevistav10n3pdfv10n3a07pdfgt Acesso em 17 jul 2010 TAVARES SB do N et al Controle da Qualidade em Citopatologia Cervical revisatildeo de literatura Revista Brasileira de Cancerologia 53(3) 355-364 2007 Disponiacutevel em lthttpwwwincagovbrrbcn_53v03pdfrevisao6pdfgt Acesso em 17 jul 2010 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA Regulamento de Orientaccedilatildeo Do Trabalho De Conclusatildeo De Curso Do Curso De Licenciatura Em Letras ndashPORTUGUEcircS-ESPANHOL Disponiacutevel em lt httpwwwuepgbruepg_departamentosdeletpdfREG20PORT20ESPANHOLpdf gt Acesso em 23 set 2011 ZEFERINO L Prevenccedilatildeo e Controle do Cacircncer Ceacutervico-Uterino In LOPES MHB de M (org) Enfermagem na Sauacutede da Mulher Goiacircnia AB p 67-80 2006
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Desse modo cabe a todos os profissionais atuar mais na prevenccedilatildeo
promoccedilatildeo e recuperaccedilatildeo por meio de praacuteticas educativas promovendo campanhas
palestras sobre a sauacutede da mulher fornecendo orientaccedilotildees durante as consultas
para que se possa reverter o quadro de baixo iacutendice de cobertura no exame
preventivo de cacircncer do colo do uacutetero alcance assim a cobertura preconizada pela
Secretaacuteria de Sauacutede o que vai refletir na melhoria da assistecircncia a sauacutede agrave mulher
35
REFEREcircNCIAS ALBUQUERQUE KM et al Cobertura do Teste de Papanicolau e Fatores associados agrave Natildeo-Realizaccedilatildeo um olhar sobre o Programa de Prevenccedilatildeo do Cacircncer do Colo do Uacutetero em Pernambuco Brasil Caderno de Sauacutede Puacuteblica v 25 supl 2 Rio de Janeiro 2009 Disponiacutevel em lthttpwwwscielosporgscielophpscript=sci_arttextamppid=S0102-311X2009001400012gt Acesso em 6 nov 2010 BELO HORIZONTE Secretaria Municipal de Sauacutede Prevenccedilatildeo e Controle do Cacircncer do Colo de Uacutetero Belo Horizonte 2008 BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede O Programa Sauacutede da Famiacutelia e a Atenccedilatildeo Baacutesica no Brasil Brasiacutelia 2002 Disponiacutevel em lthttpwwwccssaudegovbrsaudebatea portamostravirtualpublicacoespsf_atencaobasicapdfgt Acesso em 01 abr 2010 CEacuteSAR JA et al Fatores Associados agrave natildeo Realizaccedilatildeo de Exame Citopatoloacutegico de Colo Uterino no Extremo Sul do Brasil Caderno de Sauacutede Puacuteblica Rio de Janeiro v19n5 p1365-1372 setout 2003 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrpdf0Dcspv19n517808pdfgt Acesso em 16 jul 2010 CORREcircA DA D VILLELA WV O Controle do Cacircncer do Colo do Uacutetero desafios para implementaccedilatildeo de accedilotildees programaacuteticas no Amazonas Brasil Rev bras sauacutede matern infantil v8 n4p491-497 outdez 2008 DIAS-DA-COSTA J S et al Cobertura do Exame Citopatoloacutegico na Cidade de Pelotas Rio Grande do Sul Brasil Caderno de Sauacutede Puacuteblica Rio de Janeiro v19 n1 p191-197 janfev 2003 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrpdfcspv19n114919pdfgt Acesso em 16 jul 2010 DOMINGOS ACP et al Cacircncer do Colo do Uacutetero comportamento preventivo de auto-cuidado agrave sauacutede Revista Ciecircncia Cuidado e Sauacutede 6 (Suplem 2) p 397-403 2007 Disponiacutevel em lthttpperiodicosuembrojsindexphpCiencCuidSaudearticleviewFile53373385gt Acesso em 5 nov 2010 HACKENHAAR AAC JURACI A DOMINGUES MR Exame Citopatoloacutegico de Colo Uterino em Mulheres com Idade entre 20 e 59 anos em Pelotas RS prevalecircncia foco e fatores associados agrave sua natildeo realizaccedilatildeo Revista Brasileira de EpidemiologiaSatildeo Paulo v9n1 Mar 2006 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S1415-790X2006000100013gt Acesso em 16 jul 2010 MONTEMOR EBL et al Controle do Cacircncer de Colo de Uacutetero o exame citopatoloacutegico In LOPES MHBde M (org) Enfermagem na Sauacutede da Mulher Goiacircnia AB 2006 p 45-65 NAKAGAWA JTT SCHIRMER J BARBIERI M Viacuterua HPV e Cacircncer de Colo de Uacutetero Revista Brasileira de Enfermagem v 63 n 2 Brasiacutelia marabri 2010
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Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S0034-71672010000200021gt Acesso em 6 nov 2010 NARCHI NZ JANICAS Rde CS V FERNANDES RAacuteQ Prevenccedilatildeo e Controle do Cacircncer Ceacutervico-Uterino In FERNANDES RAacuteQ NARCHI NZ Enfermagem e Sauacutede da Mulher Barueri SP Manole 2007 p 127-149 NUacuteCLEO DE EDUCACcedilAtildeO EM SAUacuteDE COLETIVA ndash NESCON Faculdade de Medicina ndash UFMG Belo Horizonte Disponiacutevel em lthttpwwwnesconmedicinaufmgbrgt Acesso em 12 dez 2009 PINTO CAG COELHO IB BH Vida pensando a implantaccedilatildeo da Estrateacutegia de Sauacutede da Famiacutelia na cidade de Belo Horizonte passados 10 anos lthttpxayimgcomkqgroups15983109953140003nameImplantacao+do+BH+VIDA+-+Carlos+Gama+e+Ivan+Coelho5B15Dpdf gt Acesso em 01 mar 2011 RODRIGUES NETO JF FIGUEIREDO MFS SIQUEIRA LG Exame Citopatoloacutegico do Colo do Uacutetero fatores associados a natildeo realizaccedilatildeo em ESF Revista Eletrocircnica de Enfermagem 10 (3) 610-21 2008 Disponiacutevel em lthttpwwwfenufgbrrevistav10n3pdfv10n3a07pdfgt Acesso em 17 jul 2010 TAVARES SB do N et al Controle da Qualidade em Citopatologia Cervical revisatildeo de literatura Revista Brasileira de Cancerologia 53(3) 355-364 2007 Disponiacutevel em lthttpwwwincagovbrrbcn_53v03pdfrevisao6pdfgt Acesso em 17 jul 2010 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA Regulamento de Orientaccedilatildeo Do Trabalho De Conclusatildeo De Curso Do Curso De Licenciatura Em Letras ndashPORTUGUEcircS-ESPANHOL Disponiacutevel em lt httpwwwuepgbruepg_departamentosdeletpdfREG20PORT20ESPANHOLpdf gt Acesso em 23 set 2011 ZEFERINO L Prevenccedilatildeo e Controle do Cacircncer Ceacutervico-Uterino In LOPES MHB de M (org) Enfermagem na Sauacutede da Mulher Goiacircnia AB p 67-80 2006
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