Exame Clinico e Radiografia de Torax

Embed Size (px)

Citation preview

  • 5/9/2018 Exame Clinico e Radiografia de Torax

    1/7

    :i a da fil-g i C C l S doIsimLlla-I cnan;;a!!ltas deIll) e des ro re mc om f il -~odeOmmA IM1 0,2muladort ros emG ( A E C ) .s m e di-IIetrnO-trad a e

    R E L A C A O E N T R E A O U A L I D A D E D O E X A M E C L iN I C OE 0 A C E R T O N A R E O U I S I C A O D A R A D I O G R A F I A D E T O R A X *Fabrizio Ney-Oliveira', Annibal Muniz Silvany Neto2, Marcelo Benicia dos Santos",Jose Tavares-Neto4

    Resumo OBJETIVO: A radiografia do torax continua sendo urn dos metodos diagnosticos mals solicitados, mas muitosexames seriam evitados se determinados criterlos fossem priorizados no momento da requisiciio. Este tra-balho propos-se a estudar se a qualidade do exame clinico. representado pela realizaciio do exame fisico.esta associada a presence de anormalidades com significado cUnico na radiografia toracica. MATERIAlS EM~TODOS: Neste estudo transversal foram estudados 142 pacientes atendidos em ambulatorlos de hospi-tal unlversitarlo ISalvador. BAI e com pedido de radiografia do torax. RESULTADOS: Menos da metade (46.5%1das radiografias apresentou altera~i5es clinicamente significantes, Pacientes com 50 ou mais anos de idadeapresentaram prevalencia {PI 2,8 vezes maior de mostrar anormalidades nas radiografias toraclcas. seme-Ihante (P = 2,71 aqueles provenientes de ambuletenos das clinieas eardio-pneumol6giea e medica ou queestavam com algum tipo de tratamento referente a sua doenc;:a atual {P = 2.01. Entretanto. a variavel queclassificou a qualidade do atendimento medico nilo se rnostrou associada ii anormalidade na radiografiatoraclca. assim como a finalidade da sollcltacao e tipo de queixa referido pelo paclente, CONCLUsAo: Osresultados observados indicam a necessidade de estudos. com outras abordagens metodol6gicas. para melhoresclarecer 0 lrnpacto na solicitag:io da radiografia do torax, da hist6ria clinica e exame fisico acurados.Unitermos: Radiografia do torax: Exame clinico; Acuracia: Eficiencia.

    Abstract Relationship between quetitv of the clinical examination and information on chest x-ray request forms.OBJECTIVE: Radiography of the chest remains one of the most commonly performed examinations. althoughmany of these procedures could be avoided if specific criteria were considered at the time of request. Theaim of this study was to check if the quality of the clinical examination (physical examination I was associ-ated with clinically significant abnormal findings in chest x-ray films. MATERIALS AND METHODS: In thistransversal cohort study, 142 outpatients from an university hospital (Salvador. BA, Brazill. for whom a chestx-ray was requested. were included. RESULTS: Clinically significant abnormalities were seen in less thanhalf (46,5%) of the patients submitted to chest x-rays. Patients aged 50 years or above showed a preva-lence {PI 2.8 fold higher of presenting abnormalities on chest x-ray examinations. This figure was similar (P= 2.71 in patients coming from the outpatients of a cardiothoracic or medical clinic or in patients who wereon therapy for their condition IP = 2.0). However. the variable utilized for assessment of the quality ofmedical care showed no association with the presence of chest x-ray abnormalities or with the purpose ofthe request and the type of complaint reported by the patient. CONCLUSION: The results indicate the needto conduct additional studies using a different methodological approach in order to determine the impact ofclinical history and physical examination accuracy on request forms of chest x-ray examinations.Key words: Chest radiography; Clinical examination; Accuracy; Efficiency.

    indica-n al n a omosdeedugaom p a r a -adlcio-!Iltoua!quali-o p rm -10pelo

    31:186

    T raba lho d es en vo lvid o n o S erviG o d e R ad io lo gJa o o Hospl-t al U n iv ers ita rio P ro fe ss or E dg ar d S an to s (H UP ES I d a U niv ers l'dade Fede r a l da B ah ia IU FB Al . S alv ad o r, SA. F ina nc lamen to :F u nd a yi lo d e A m p ar o a P es quis a d o E stao o d a Bah,a (rapest:PETMed idna.1. Es tudan te da F aculd ad e d e M ed ic in a d a UF BA . mtegrants

    do P ro gra ma E sp ec ia l d e T re in am e nt o (pEr), PE TM ed ic in a -S E S L J/MEC- U FBA .2. P ro fe ss or Ad jun to d o De par tam en to d e M ed ic in a P re ve n-

    l I' Ia d a F ac ul da de d e M e dl cin a da UFBA .3. P ro fe ss or T Itu la r d e R ad io lo gJ a d o D ep art am e nt o d o A pa ia

    D ia gr r6 st,c o e T era pe ut ic o d a F ac uld ad e d e M e dic in a d a U FB A,CI1efe dO service d e R ad ,o la gJ a d o H UPES .4. P ro fe s s or A d ju n to Doutor e uvre-oocc-ne em pcencas

    I n fe c cl o sa s e parasitartas da Faculdade de M ed ic in . da UFBA ,P ro f es s o r- Tu to r d o P E T -M e d ic in a .E n d e r, ,? , p a ra correspondancie: Fa b n ll o N e y Q l lv e l fa . Asso-

    c ia -; ao d o C ur se d e P6s-gradua~ao em M ed ic in a e Seude , PET-M e dlc ln ., A mb ula t6 rio M ag alh ae s N et o. R ua P ad re F e',j6 , 240,3'andar, caneia, S alv ad or, B A, 40110170. E ma l l : tabnzlo-ney@pop . com .b rR ec eb id a p ar a p ub lic aG ao e m 8/1212003. A ce it o, s pe s r ev i-sao, em 9/1212004.

    Radiol Bras 2005;38(3):187-193

    INTRODU~AOA radiografia do torax, por ser urn exa-

    me util, poueo invasivo e de baixo custo,continua sendo urn dos mais solicitados(30% a 50% das radiografias)'!', mesmoapos 0 grande avanco tecnologico que severifieou na area de diagn6stieo por ima-gem. Tambern por sua versatilidade, a ra-diografia de t6rax tende a ser requisitadaem exeesso e, muitas vezes, as solicitacoessaoprovenientes de atendimentos medicosde qualidade insatisfatoria, nos quais osmedicos nao valorizam a relacao medico-paciente e/ou a historia c1fnicaadequada'v.

    Em estudo realizado num hospital uni-versitario'", foi eneontrada frequencia re-lativamente baixa (30,2%) de radiografiasde t6rax com anonnalidades clinicamentesignificantes. aehado este que, comparadocom a qualidade da historia clfnica colhi-da pelo requisitante e a boa conducao c1f-niea, estava associado aDaumento da fre-quencia de radiografias com aehados anor-mais. Tambern em estudo realizado na In-glaterra'" evidenciou-se apenas 23% dasradiografias toracicas com achados anor-mais. Em Dutro estudo'P', os resultadosenfatizaram a importancia da obtencao dahist6ria elfnica e exame ffsico antes da

    187

    mailto:[email protected]:[email protected]
  • 5/9/2018 Exame Clinico e Radiografia de Torax

    2/7

    Rala910 antra a qualldada do exama clfnico a 0 acarfo na raquisi910 da radiografia da t6rax

    execucao do procedimento radiologico: damesma forma 0 conhecimento da historiaclinica melhora a acuracia do diagnosticoradiologico quando realizado por radiolo-gistas de diversos nfveis de conhecimentoe experienciav".Em outros trabalhos tem-se avaliado 0uso rotineiro da radiografia de torax como

    exame na avaliac;aopre-operatoria(7.8), pos-operat6rio de cirurgia cardfaca(9), diagn6s-tico de tuberculose(lO-ll) e deteccao pre-coce de cancer de pulmao(13,14),mas mui-tos destes tern mostrado 0 usa sem crite-rios e/ou excessivo da radiografia toraci-ca(3,4,7,8,lO,U,15),articularmente em pacien-tes jovens e aparentemente sadios, nosquais a radiografia pre-operatoria foi tidacomo desnecessaria'P'.Diante do exposto, e necessario rever

    alguns criterios que 0medico ou estudan-te de medicina considera no momento desolicitar a radiografia de t6rax. 0 objetivodeste estudo foi avaliar se a qualidade doexame clinico esta associada a correta in-dicacao da radiografia do torax, conside-rando-se 0exame ffsico como urn dos ins-trumentos diagn6sticos mais importantes adisposicao do medico como criterio paradefinir a necessidade da solicitacao da ra-diografia do t6rax.

    MATERIAlS E METODOS

    Este estudo de corte transversal foi rea-lizado no Service de Radiologia do Hos-pital Universitario Professor Edgard San-tos (HUPES) da Universidade Federal daBahia (UFBA), no perfodo de marco a ju-nho de 2002. Foram incluidos neste estu-do somente pacientes que iriarn realizarradiografia toracica, requisitada ap6s aten-dimento medico nos ambulatories doHUPES, sendo exclufdos aq ueles proce-dentes de outras unidades de saride ou deunidades de internacao do HUPES. Ospacientes inclufdos foram entrevistados,antes ou logo ap6s 0 procedimento radio-logico, com a aplica~ao de questionariodirigido (e assinatura do termo de consen-timento livre e esclarecido pelo pacienteou responsavel legal, aprovado pelo Comi-t~ de Etica em Pesquisa do HUPES). Osresultados dos laudos radiol6gicos (inci-dencia postero-anterior, com ou sem inci-dencias laterais), fomecidos por medicos

    188

    radiologistas do Service de Radiologia doHUPES, foram posteriormente registradosna ficha de coleta. Esses radiologistas des-conheciam os dados registrados na fichaclfnico-epidemiologica, e os laudos radio-Iogicos so foram conhecidos e registradosna ficha de pesquisa em agosto de 2002, ouseja, apos efetuada a coleta da arnostra,para evitar-se que 0 conhecimento previodos laudos radiologicos pudesse influen-ciar 0 estudo.Urn escore clfnico foi construfdo com

    base em dados de exame ffsico, por ocasiaodo atendimento medico, e conforme infor-macees do paeiente. Para construcao doescore clfnico, foram perguntados ao pa-ciente os procedimentos do medico, sobre:1) a afericao da tensao arterial; 2) auscul-ta cardfaca; 3) ausculta pulmonar; 4) pal-pacao do abdome; 5) ap6s mostrar 0 este-tosc6pio e 0 tensiometro, se tais aparelhosforam usados durante 0exarne ffsico, Des-se modo, 0escore clfnico poderia variar deo a 5 pontos, sendo 0escore zero atribuidoa consulta medica sem aparente investiga-~iio clinica e 0 5 aquela na qual 0 exameffsico foi supostarnente mais adequado.Os resultados da radiografia de torax

    foram classificadas em: a) normal; b) anor-mal por alteracoes residuais (presenca dealteracoes sem grande significado clinieo,nao relaeionadas ao quadro clinico apre-sentado pelo paciente ou que nao of ere-ciam risco imediato para este; por exemplo:nodulos calcificados, lesoes residuais, es-pondilartrose dorsal, etc.); c) anorrnal (pre-senca de alteracao clinicamente significan-te, relacionada com 0 quadro clfnico dopaciente ou em atividade e trazendo riscoimediato para este; por exemplo: infeccaorespiratoria baixa, cardiomegalia, etc.).

    Alern dessas variaveis foram coletadasinformacoes sobre 0 ambulat6rio de ori-gem; se 0paeiente sabia 0nome do medi-co (ou do estudantc de medicina); se 0paciente apresentava algum tipo de quei-xa ou sintoma; finalidade da consulta am-bulatoria1; e se estava sendo submetido aalgum tipo de tratarnento.

    Os resultados foram analisados por tes-tes parametricos e nao-parametricos, se-gundo indicacao e/ou tipo de variavel. Noprirneiro momento da analise estatfstica,foram realizadas analises univariadas, nasquais as variaveis contfnuas foram deseri-

    tas pela media ( desvio-padrao) e compa-radas pelo teste de Mann-Whitney ou peloteste t. As variaveis categoricas, expressascomo proporcao, foram avaliadas pelo tes-te do qui-quadrado (corn ou sern correcaode Yates) ou teste exato de Fisher. Na ana-lise de regressao logistica multipla, reali-zada no segundo momento, seguiram-se osproeedimentos recomendados por Rosmere Lemeshow'P'. Os dados foram analisadosusando 0 programa estatfstico SPSS (ver-sao 9.0 "for Windows") e os resultadosconsiderados significantes tinham probabi-Iidade (p) do eITO0: (I) menor que ou iguala 5% (p ; 0 : : ; 0,05).

    Para transformar as razoes de chances("odds ratio") em razoes de prevalencias(RP) com seus respectivos intervalos deconfianca, utilizou-se 0 rnetodo delta(l7)(programa utilizando-se 0modulo matri-cial "Interactive Matrix Language - IML"do SAS(l8.

    RESULTADOS

    Foram estudados 153 pacientes, mascom a perda de 7,2% (n = 11) da amostradevido a dados incompletos (n = 2) ouextravio (n=9) das pelfculas radiograficaspelos pacientes, 0 que impossibilitou aexpedicao dos laudos. Na amostra estuda-da (n = 142), a proporcao foi de 42,3% (n= 60) do sexo masculine e 57,7% (n = 82)do sexo feminino, sendo as medias de ida-de, respectivamente, de 49,2 ( 18,8) e49,7 ( 15,2) anos.o escore clfnico registrou media de 3,1( 2,1) e sua distribuicao consta na Tabe-la I, sendo 23,9% (341l42) corn 0 escorezero. Dos 142 pacientes incluidos neste es-tudo, 50 (35,2%) referiram que a tensaoarterial nao foi aferida, tambem 50 (35,2%)nao tiveram 0 t6rax auscultado e de quasea metade (47,2%; n = 67) 0 abdome naofoi examinado. As pessoas inclufdas no es-tudo nao identificaram 45,8% (n = 65) osmedicos ou estudantes de medic ina res-ponsaveis por sua consulta.

    Tambem na Tabela 1, os eseores clfni-cos foram distribuidos conforme 0 grupode origem do arnbulatorio, a finalidade dasolicitacao do exame radiol6gico, a quei-xa apresentada pelo paciente no momen-to da eonsulta e 0 resultado do laudo ra-diologico, Os ambulat6rios das c1fnicas

    Radiol Bras 2005;38(3):187-193

  • 5/9/2018 Exame Clinico e Radiografia de Torax

    3/7

    mpa-Iel oessasotes-~aoi n a -reali-- se o s!SIDers a d o s(ver -t a dosI b a b i -igual

    Ney-Oliveira F et al.

    Tabela 1 Distnbui~ao dos escores elinieos associada a variavel-resposta (laudo do exame radlol6gica), faixa etana e outras caracterist ieas do atendimento medico.Escore clinica

    la2 3a4 5 TotalVariaveis N (%) N (%) N (%) N (%) N (%) EstatisticaAmbulat6rio Climca ca rd ro -pneumoog l ca 1 (1,9) 3 (5,8) 14 (26,9) 34 (65.4) 52 (36,6)Clinica medica 5 (11,9) 6 (14,3) 8 (19,0) 23 (54,8) 42 (29,6) p < 0,0001*

    Cliniea cinirgica 28 (58,3) 9 (18,8) 6 (12,5) 5 (10,4) 48 (33,8)Motivo do exame Avalial

  • 5/9/2018 Exame Clinico e Radiografia de Torax

    4/7

    Relao;:: f!oentre a qualidade do exame cl inico e 0 acerto na requisio;: :i lo da radiografia de t6rax

    Tabela 3 Laudo radiologicoassociadoao escorecllnico, a idade do paciente, ao genero, aogrupo de ambulatorio e a finalidade da sollcitacao.Laudo radlologico

    NormaVresidual Alteracao em atividade TotalVariaveis (N = 76) (N = 66) (N = 142) EstatisticaEscoreclinico Media ( desvio-padrao) 2,76 ( 2,21) 3,45 ( 1,98) U = 2007,5p < 0,04Idade do paciente Media ( desvio-padrao) 43,7 ( 15,5) 56,3 (t 15,7) t = 4,82p < 0,0001

    N (%) N (%) N (%)Faixaetaria (anos) 16a 25 11 (73,3) 4 (26,7) 15 (10,6)

    26a40 23 (76,7) 7 (23,3) 30 (21,1) x' = 19,0341a60 29 (54,7) 24 (45,3) 53 (37,3) p < 0,0001~61 13 (29,5) 31 (70,5) 44 (31,0)

    Se w Fer rn runo 45 (54,9) 37 (45,1) 82 (57,7) X' =0,14Masculmo 31 (51,7) 29 (48,3) 60 (42,3) p> 0,70

    Amouiatorio Climeacartnopneurnoiogica 20 (38,5) 32 (61,5) 52 (36,6)Cllnica medica 20 (47,6) 22 (52,4) 42 (29,6) X 2 = 14,23Clinica cirurgica 36 (75,0) 12 (25,0) 48 (33,8) P< 0,0001

    Motivo AvaIia80 clinica 39 (47,0) 44 (53,0) 83 (58,5)Acompanhamento 3 (25,0) 9 (75,0) 12 (8,5) X' = 12,04Pre-operatorio 34 (72,3) 13 (27,7) 47 (33,1) P < 0,003

    Tratamentoclinico Sim 27 (38,0) 44 (62,0) 71 (50,0) X' = 13,70Nao 49 (69,0) 22 (31,0) 71 (50,0) p < 0,0001

    Ainda na Tabela 3, nao houve diferen-Ita significativa ao analisar a associacao deanormalidades radiograficas com 0sexo dopaciente (X 2 = 0,14; p > 0,70). Na mesmaTabela 3, os pacientes, eonforme 0 grupode ambulatorio, diferiram (X l = 14,23;P < 0,000 1 ) em r el ac ao 1 1p re s en ca de acha-dos anormais nos laudos radiograficos: ospacientes dos ambulat6rios da clinica me-dica ou da clinica cardio-pneumol6gica ti -veram rnaiores frequencies de achadosanormais que os da clinica cinirgica, de52,4% (22/42), 61,5% (32/52) e 25,0%(12/48), respectivamente. Diferiram, tam-bern, em relacao ao motivo da solicitacaoda radiografia de torax (Tabela 4); os me-dicos dos ambulat6rios da clfnica cardio-pneumol6giea e da clfnica medica solici-taram rnais < X 2 = 92,4; p < 0,0001) radio-grafias com 0objetivo de "avaliacao clfni-ca" (83,0%) do que os dos ambulat6rios daclfnica cinirgica (10,4%), entre os quais assolicitacoes foram mais concentradas na fi-nalidade "pre-operatoria" (89,6%). Na Ta-bela 5 e mostrada a associacao entre essesgrupos de ambulatories e a idadc dos pa-cientes em relacao it presenca de anorma-

    190

    L

    Dlldeto,e((1elil6ell

    Tabela 4 Distribui

  • 5/9/2018 Exame Clinico e Radiografia de Torax

    5/7

    Ney-Oliveira F E ft al.

    Tabe la 5 Freqi ienc ia de alteracoes nas radiografias de t6rax em rela

  • 5/9/2018 Exame Clinico e Radiografia de Torax

    6/7

    Rela9Ao entrS 8 qU8lid8de do exams clfnico e 0 acsrto n8 requisi9Ao da radiogr8fi8 de t6rax

    e a sernelhanca de outros estudos(J,4), amedia das idades foi significantementemaior no grupo de pacientes com altera-'tOes radiograf icas em atividade, como tam-bern a freqtiencia de anormalidades au-mentaram proporcionalmente a idade dopaciente. Em urn dos estuoos'" a presencade sintomas cardiorrespirat6rios e a idadeacima de 40 anos foram consideradas in-dicadores para 0pedido da radiografia to-racica. 0nosso estudo eneontrou resulta-dos semelhantes; pacientes com 50 ou maisanos de idade apresentaram maior preva-lencia de anormaJidades nas suas radiogra-fias de t6rax, sugerindo que a idade podeser considerada como urn dos criterios re-levantes no momento da requisicao da ra-diografia toracica,Em relacao ao grupo de ambulat6rios

    de origem dos pa~ientes, aqueles prove-nientes dos ambulat6rios das clinicas ear-dio-pneumologica e medica tiveram maiorprevalencia em apresentar anormaJidadesnas radiografias de t6rax quando eompa-rados ao grupo das clfnicas cinirgicas. Estefato pode ser explicado como decorrenciada qualidade insatisfatoria dos atendimen-tos medicos no grupo de ambulatories dasclfnicas cinirgicas. uma vez que nestes fo-ram veri fieados os piores escores clfnicos.Outra explicacao poderia ser a maior faltade experiencia dos requisitantes daquelegrupo de ambulatories. repercutindo sobreos criterios do pedido do exame radioki-gico. Outra hipotese seria a elevada fre-qtiencia de solicitacoes de exames pre-ope-ratorios pelas clfnicas cinirgicas e, conse-quentemente, aumento do mirnero de exa-mes normais ou desnecessarios, Ainda umaoutra possibilidade para justificar a razaodaqueles achados seria a melhor formacaobasica em clfnica medica dos requisitantesdos grupos de ambulatories das clfnicascardio-pneumol6gica e medica ou 0supos-to maior conhecimento em afeccoes intra-toracicas, Uma quinta hipotese poderia sera melhor quaJidade do atendimento medi-co, refletido em melhores escores clinicosdos grupos das clfnicas cardio-pneurnolo-gica e medica, possibilitando 0 usa maiscriterioso da radiografia de torax,Nao obstante, esses dados tambern re-

    velam a necessidade de mais estudos paraavaliar quais os motivos ou as principaiscausas das solicitacoes desnecessarias de

    192

    exames radiologicos, mesmo apos diversostrabalhos(7-~,15) desencorajarem a utiliza-~ao de radiografia como exarne pre-opera-torio ou como exame de rotina. Apesar davalidade dessas recomendacoes, as pes-soas com idade iguaJ ou superior a 40(4) ou50 anos, como 0 limite no presente traba-lho, devem ser examinadas com maior cui-dado e, se houver indicacao baseada emcriterios ciinicos e/ou epidemiologicos,cabe ao medico requisitar a radiografia detorax (uma vez que nessas faixas etarias saomais frequentes as doencas cardfacas, res-pirat6rias e neoplasicas),

    Pacientes que estavam no curso de al-gum tipo de tratamento tambem tiverammaior prevalencia de anormalidades clini-camente signifieantes nos laudos radiolo-gicos, sugerindo que 0medico (principal-mente de ambulat6rios das clfnicas cardio-pneumologicas), ao instituir 0 tratamentotinha maior conviccao sobre a solicitacaoda radiografia toracica e, ao mesmo tem-po, suspeitou tratar-se de afeccao intrato-racica. Essa especulacao ISlimitada porqueos pacientes sao provenientes de ambula-torios especiaJizados de unidade de saiideterciaria, e muitos, provavelmente, reque-rendo algum tratamento que justificava asolicitacao de radiografia de torax para 0acompanhamento clinico.Talvez tambem por essas caracteristicas

    dos pacientes inc1ufdos no estudo, a varia-vel que avaliou a realizacao do exame ff-sieo (escore clinico), como esperado, naopredisse as alteracoes nas radiografias detorax. Ainda que possiveis falhas metodo-logicas possam explicar a exclusao do es-core clfnico do modelo construido na re-gressao logistic a, outras explicacoes tam-hem podem ser plausiveis. A primeira de-las seria a falta de associacao entre a reali-za9ao do exame (0 que foi pesquisado) e aquaJidade (nao investigada) do exame,Benacerraf et al. (5) demonstraram a impor-tancia da realizacao do exame fisieo e doconhecimento da hist6ria clfnica antes desolicitar a radiografia de torax, ou mostra-ram que pacientes com achados anonnaisno exame ffsico, juntamente em sua hist6-ria clfnica, apresentaram maiores frequen-cias de alteracoes nas radiografias. Comoja referido, no presente estudo nao foi ava-liado se 0 exame fisico fora normal ouanormal ou de qualidade satisfatoria, mas

    se realizado ou nao, ainda assim baseadona informacao do paciente. Neste contex-to, uma questao e relevante para explicaraquele resultado: quaJ seria a frequencia deanonnalidades detectadas na radiografia det6rax, no grupo de pacientes adequada ecomprovadamente examinados caso fossesolicitada a radiografia toracica?Obviamente, 0 exame ffsico e urn forteinstrumento que, juntamente com a hist6-ria clfnica, auxilia 0medico na formulacaodas hip6teses diagnosticas, e quando e bernfeito, a solicitacao de radiografia toracicapode nao ser prioridade ou ser dispensa-vel naquele momento, mesmo porque in-formacoes de imagens anteriores podemdispensar nova requisi . .ao do exame. Des-sa forma, estudos futuros precisam melhoravaliar quais os criterios usados no mo-mento de se solicitar uma radiografia de t6-rax, mas tendo como grupo de comparacaoos pacientes igualmente avaliados e semnecessidade de pedido do mesmo exame,

    AMm disso, exames radiol6gicos nor-mais podem ser relevantes na avaliacaociinica, sejam de pacientes procedentes deambulat6rios clinicos ou cirurgicos, e,portanto, nao necessariamente significan-do exames desnecessarios. Todavia, e ateprovavel que muitas solicitacoes de radio-grafia de torax tenham sido meramentealeat6rias ou sem criterios objetivos, e istoe de aJgum modo reforcado pelos resulta-dos obscrvados porque tambern nao hou-ve associacao entre a finalidade da solici-tali=8.0e a presenca de alteracoes nos lau-dos radiologicos (ainda que a finalidadede acompanhamento de alguma doencadeva pressupor 0 conhecimento do diag-nostico do paciente, assim como do qua-dro clfnico e da sua evolucao), Contudo,nao so houve concordancia com a litera-tura(J,15), como pareceu coerente (talvezpor existir criterio mais objetivo ou espe-cffico), entre a finalidade pre-operatoria ea baixa frequencia de casos com anorma-lidades nas radiografias.A suposta aleatoriedade nos pedidos

    das radiografias de torax, na amostra estu-dada, e tarnbem reforcada pelo nao acha-do de associacao entre 0 tipo de queixa dopaciente e 0 resultado do exame radiol6-gico, 0que contraria Benacerraf et al.(5),pois esses autores mostraram que algunssintomas (hemoptise, tosse, dispneia e dor

    Radiol Bras 2005;38(31:187-193

    tor~1mruItraSOtartraCOc i a Ideab88l

    su ifoIpt1s o :eri

  • 5/9/2018 Exame Clinico e Radiografia de Torax

    7/7

    ido toracica) estao muito associados a presen-c a de anonnalidades nas radiografias de t o -rax, enquanto outras queixas (escarro pu-rulento, palpitacoes ou hist6ria recente detrauma toracico) nao tinham a mesma as-sociaeao. No estudo de Ramos e t a l.( 3),tambern realizado no HUPES, foi encon-trada sornente associacao de radiografiascom achados anonnais e os sintomas asso-ciados ao sistema cardiovascular, sendo osdemais sintomas (respiratorios, sistemicos,abdorninais e/ou infecciosos) se m a mes r naassoc iacao,Em conclusao, mesmo com alguns re-

    sultados concordantes com a literatura, hafortes evidencias que na amostra estudada,proveniente de hospital universitario, assolicitacoes de radiografia toracica nao terncriterios definidos au sao influenciadas porparametres aleatorios, Neste contexto,alem dos p re ju fz os e co n om i c os e c ol et iv o s,podern vir a ser demonstrados conflitosdeontol6gicos e bioeticos, os quais seraomuito maiores se nao houver medidas de

    x -ardedeesert et6 -ao

    er nicaS a -in-emes-h o ro -t6-1ioeme.or -1iodean -at e

    ldio-ente: istoulta-bou-ilici-lau-dadeencal iag-qua-udo,te ra-~vez:!Ipe-riaerma -l i dosestu-leba-ta doi o l 6 -11.(5),g u n se dor

    ~193 Radial Bras 2005;38(3):187-193

    Ney-Oliveira F et et.

    intervencao nas praticas de ensino-apren-dizado e do modelo de ensino medico pra-ticado.REFERENCIAS

    I. Juhl JH , Crummy AB. In terpretacao radiol6gica. 5'ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1992.2. Porto CC. Anamnese , In: Porto CC. Semiologiamedica. 4' ed , Rio de Janei ro : Guanabara Koogan,2001 ;4:49-61.

    3 . Ramos JH, Santos MB, Tavares-NetoJ. E st ud o d o scriter ios clinicos para requis icao de radiografia detorax em urn hospital universitario (Salvador.Bahia) . Radiol Bras 1999;32: 243--{) .

    4. Keogan MT, Padhani AR, Flower CDR. Chest ra-diography for general practitioners: scope forchange? Clin Radiol 1992:46:51-4.

    5. BenacerrafBR, McLoud TC, Rhea JT , Tritschler V.Libby P . An assessment of the contr ibution ofches tradiography in outpa tients with acute chest com-plain t." a prospect i ve study, Radiology 198 I;138:293-9.

    6 . Song KS, Song HH, Park SH, e t a t. Impact of elini-cal history on film interpretation. Yonse i Med J1992;33: 168-72,

    7. ArcherC, Levy AR, McGregor M. Value of routinepreoperative chest x-r ays: a me ta -analysis. Can JAnaesth 1993 ;40: 1022-7.

    8 , Wiencek RG, Weaver OW, Bouwman OL, Sachs RJ,Usefulness of selective preope rative chest x-ray

    films. A prospect ive study. Am Surg 1987:53:396-8.

    9. Rao PS. Abid Q, Khan KJ, etal. Evaluation o f rou-tine postoperative chest Xvrays in the managementof the ca rdiac surgical patient. Eur J CardiothoracSurg 1997: 12:724-9.

    10. Ho'IT, Wong KH, Lee SS. Low yield of chest radi-ography in screening for active pulmonary tubercu-losis in Hl'V-infected pa tients in Hong Kong. Int JSTD AIDS 1999:10:409-12.

    II. Sarru E, Makarem M. Jurjus A. The value of chestX ray in asymptomatic young adult s with posi tivePPD tes t. J Med Liban 1995:43:183-5.

    12. Feingold AO. Routine chest roentgenograms onhospital admiss ion do not discover tuberculos is.South Med I 1977;70:579-80.

    13. Sutedja G. New techniques for ear ly detection oflung cancer. Eur Respir J Suppl 2003:39:57S-66S.

    14. Petty TL. The early diagnosis of lung Cance r. DisMon 2001:47:204-64.

    15. Wood RA, Hoeke lman RA. Value of the chest X-ray as a screening test for elective surgery in chil-dren. Pediatrics 1981:67:447-52.

    16. Hosmer OW Jr. Lerneshow S. Applied logistic r e-gress ion . New York: John Wiley & Sons, 1989.

    17. Oliveira NF, Santana VS. Lopes AA. Razoes deproporcoes e uso do rnetodo delta para intervalosde confianca em regressao logfstica. Rev SaiidePublica 1997;31:90-9.

    18. SAS. SAS/lML Software. Version 8. Cary: SASInsti tute Inc., 1999-2000.

    193