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Por S. Leonardo de Porto-Maurício, da Ordem dos Frades Menores S.
Leonardo de Porto-Maurício É UMA VERDADE incontestável que todas as
religiões, que existiram desde o começo do Mundo, tiveram sempre
algum sacrifício como parte essencial do culto devido a DEUS. Mas
porque essas religiões eram vãs ou imperfeitas, seus sacrifícios,
também, eram vãos ou imperfeitos. Totalmente vãos eram os
sacrifícios do paganismo, e nem acode ao espírito falar sobre eles.
Quanto ao dos hebreus, eram imperfeitos. Se bem que professassem,
então, a religião verdadeira, seus sacrifícios eram podres e
defeituosos, infirma et egena elementa, como qualifica São Paulo.
Não podiam, assim, apagar os pecados nem conferir Graça. Só o
Sacrifício que temos em nossa santa religião, que é a Santa Missa,
é um sacrifício santo, perfeito, e, em todo sentido, completo: por
ele, cada fiel honra dignamente a DEUS, reconhecendo, ao mesmo
tempo, o próprio nada e o supremo domínio de DEUS. Davi o chama:
Sacrifício de Justiça, sacrificium justitiae; tanto porque contém o
Justo dos justos e o Santo dos santos, ou, melhor a própria Justiça
e Santidade, como porque santifica as almas pela infusão das graças
e abundância dos dons que lhes confere. Primeira Excelência – O
Sacrifício da Santa Missa é o mesmo que o Sacrifício da Cruz A
Santa Missa é um sacrifício tão santo, o mais augusto e excelente
de todos, e a fim de formardes uma ideia adequada de tão grande
tesouro, algumas de suas excelências divinas; pois dize-las todas
não é empreendimento a que baste a fraqueza da minha inteligência.
A principal excelência do santo Sacrifício da Missa consiste em que
se deve considerá-lo como essencialmente o mesmo oferecido no
Calvário sobre a Cruz, com esta única diferença: que o sacrifício
da Cruz foi sangrento e só se realizou uma vez e que nessa única
oblação JESUS CRISTO satisfez plenamente por todos os pecados do
Mundo; enquanto que o sacrifício do altar é um sacrifício
incruento, que se pode renovar uma infinidade de vezes, e que foi
instituído pra nos aplicar especialmente esta expiação universal
que JESUS por nós cumpriu no Calvário, Assim o Sacrifício Cruento
foi o Meio de nossa Redenção e o Sacrifício Incruento nos
proporciona as Graças da nossa Redenção. Um abre-nos os tesouros
dos méritos de CRISTO Nosso Senhor, o outro no-los dá para os
utilizarmos. Notai, portanto que na Missa não se faz apenas uma
representação, uma simples memória da Paixão e Morte do nosso
Salvador; mas num sentido realíssimo, o mesmo que se realizou
outrora no Calvário aqui se realiza novamente: tanto que se pode
dizer, a rigor, que em cada Santa Missa nosso Redentor morre por
nós misticamente, sem morrer na realidade, estando ao mesmo tempo
Vivo e como imolado: Vidi agunum stantem tanquan accisum (Ap 5,6).
No santo dia de Natal, a Igreja nos lembra o Nascimento do
Salvador, mas não é verdade que Ele nasça, ainda, nesse dia. Nos
dias da Ascensão e Pentecostes, comemoramos a Subida do Senhor
JESUS ao Céu e a vinda do ESPÍRITO SANTO, sem que, de modo algum
nesses dias o Senhor suba ainda ao Céu, ou o ESPÍRITO SANTO desça
visivelmente à Terra. A mesma coisa, porém, não se pode dizer do
Mistério da Santa Missa, pois aí não é uma simples representação
que se faz, mas, sim, o mesmo Sacrifício oferecido sobre a Cruz,
com efusão de Sangue, e que se renova de modo incruento: é o mesmo
Corpo, o mesmo Sangue, o mesmo JESUS, que se imola hoje na Santa
Missa. Opus trae Redemptionis exercetur, diz a Santa Igreja. A obra
de nossa Redenção aí se exerce: sim, exercetur, aí se exerce
atualmente. Este Santo Sacrifício realiza, opera o que foi feito
sobre a Cruz. Que obra sublime! Ora, dizei-me sinceramente se,
quando ides à Igreja para assistir a Santa Missa, pensásseis bem
que ides ao Calvário assistir à Morte do Redentor, que diria alguém
que vos visse ai chegar numa atitude tão pouco modesta? Se Maria
Madalena fosse ao Calvário e se prostrasse aos pés da Cruz vestida,
perfumada e ataviada como em seus tempos de desordem, quanto não
seria censurada! E que se dirá de vós que ides à Santa Missa como
se fôsseis a uma festa mundana? Que aconteceria, sobretudo se
profanásseis este Ato tão santo, com gestos, risadas, cochichos,
encontros sacrílegos? Digo que, em qualquer tempo e lugar, a
iniquidade não tem cabimento; mas os pecados que se cometem na hora
da Santa Missa e na proximidade do Altar, são pecados que atraem a
maldição, de DEUS: Maledictus qui facit opus Domini fraudulenter
(Jr 48,10). Meditai seriamente sobre esse assunto. Outras
maravilhas, porém, vou desvendar-vos de Tesouro tão
Precioso...
Alex
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Alex