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EXCELENTÍSSIMA SENHORA DESEMBARGADORA PRESIDENTE DO EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO CEARÁ. Processo de Origem: 0854254-54.2014.8.06.0001 PEDIDO DE SUSPENSÃO DE LIMINAR O TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DO CEARÁ, órgão de previsão constitucional (art. 71, Constituição Estadual de 1989 e arts. 70 e 75 da Constituição Federal de 1988), inscrito no CNPJ sob o nº 09.499.757/0001-46, sediado à Rua Sena Madureira, 1047, Centro, Fortaleza/CE, CEP 60.055-080, presentificado pelo seu PRESIDENTE, CONSELHEIRO EDILBERTO CARLOS PONTES LIMA, brasileiro, casado, residente e domiciliado à Rua Tibúrcio Cavalcante, nº 440, apto. 700, Meirelles, Fortaleza/CE, RG nº 109479886, inscrito no CPF sob nº 370735083-53, aqui assistido pela Procuradoria Jurídica do Tribunal de Contas (art. 74, parágrafo único, CE/1989), vem, respeitosamente perante Vossa Excelência, propor o presente PEDIDO DE SUSPENSÃO DE LIMINAR consubstanciado nos termos das razões anexas, contra a r. decisão proferida pelo douto juízo da 5ª VARA DA FAZENDA PÚBLICA DA COMARCA DE FORTALEZA – ESTADO DO CEARÁ, nos autos do PROCESSO Nº 0854254-54.2014.8.06.0001, requerendo desde já o seu recebimento e processamento, em razão dos fatos e fundamentos a seguir: Para conferir o original, acesse o site http://esaj.tjce.jus.br/esaj, informe o processo 0624018-38.2016.8.06.0000 e código 70BA69. Este documento foi protocolado em 08/06/2016 às 13:30, é cópia do original assinado digitalmente por Tribunal de Justica do Estado do Ceara e GERALDO PINHEIRO SILVA NETO. fls. 1

EXCELENTÍSSIMA SENHORA DESEMBARGADORA …cias/2016/Julho/pet... · Da ação ordinária ingressada na 5ª Vara da Fazenda Pública ... A petição inicial da seccional ... 1 Quando

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EXCELENTÍSSIMA SENHORA

DESEMBARGADORA PRESIDENTE DO EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO

ESTADO DO CEARÁ.

Processo de Origem: 0854254-54.2014.8.06.0001

PEDIDO DE SUSPENSÃO DE LIMINAR

O TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DO CEARÁ, órgão de previsão

constitucional (art. 71, Constituição Estadual de 1989 e arts. 70 e 75 da Constituição Federal

de 1988), inscrito no CNPJ sob o nº 09.499.757/0001-46, sediado à Rua Sena Madureira,

1047, Centro, Fortaleza/CE, CEP 60.055-080, presentificado pelo seu PRESIDENTE,

CONSELHEIRO EDILBERTO CARLOS PONTES LIMA, brasileiro, casado, residente e

domiciliado à Rua Tibúrcio Cavalcante, nº 440, apto. 700, Meirelles, Fortaleza/CE, RG nº

109479886, inscrito no CPF sob nº 370735083-53, aqui assistido pela Procuradoria Jurídica

do Tribunal de Contas (art. 74, parágrafo único, CE/1989), vem, respeitosamente perante

Vossa Excelência, propor o presente PEDIDO DE SUSPENSÃO DE LIMINAR

consubstanciado nos termos das razões anexas, contra a r. decisão proferida pelo douto juízo

da 5ª VARA DA FAZENDA PÚBLICA DA COMARCA DE FORTALEZA – ESTADO

DO CEARÁ, nos autos do PROCESSO Nº 0854254-54.2014.8.06.0001, requerendo desde

já o seu recebimento e processamento, em razão dos fatos e fundamentos a seguir:

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I – BREVE SÍNTESE DOS FATOS

A respeitável Ordem dos Advogados do Brasil – Secção Ceará propôs,

perante o juízo da 5ª Vara da Fazenda Pública de Fortaleza – Estado do Ceará, Ação

Desconstitutiva de Ato Administrativo, com Pedido de Tutela Antecipada, em que a visa

obter provimento jurisdicional no sentido de suspender e anular ato realizado pelo Tribunal

de Contas do Estado do Ceará.

Ao fazê-lo, atuou como “legitimada extraordinária” em favor das Senhoras

Advogadas NORMA LÚCIA DA SILVA SANTOS, CAMILA MOTA LEITE, RACHEL

MAIA RÔLA TIMBÓ SILVEIRA e JARLENE FERNANDES COSTA GARÓFALO –

doravante INTERESSADAS – sob a alegação de que os arts. 15 a 17 do Regulamento Geral

da OAB assim autorizaria a Ordem.

I.1. Fatos ocorridos no Tribunal de Contas do Estado

O “ato administrativo” (sic) que se visa desconstituir é um

JULGAMENTO de lavra do Plenário do Tribunal de Contas do Estado do Ceará que, com

base na competência constitucional de julgar contas de todo aquele que causar dano ao

erário (art. 71, inc. II, CF/88), converteu Processo de Inspeção em Processo de Tomada de

Contas Especial (Processo 00854/2012-9).

Bem explicado, os Tribunais de Contas possuem vários procedimentos

destinados a verificar a adequação da ação administrativa à legalidade, à legitimidade e à

economicidade da despesa pública; e que se enquadram no gênero Processos de

Fiscalização. Entre os quais é perfilhado o Processo de Inspeção, aqui em causa.

Ocorre que, verificada a existência de dano ao erário, o Tribunal de Contas

não pode, de pronto, imputar débito em Processo de Fiscalização, uma vez que essa medida

somente pode ser levada a efeito em Processos de Contas. Daí a Lei Orgânica do Tribunal

de Contas do Estado do Ceará (LOTCE, Lei 12.509/95) prever a conversão do feito em

Tomada de Contas Especial, senão vejamos:

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“Art. 51 – Ao exercer a fiscalização, se configurada ocorrência de desfalque,

desvio de bens ou outra irregularidade de que resulte dano ao Erário, o

Tribunal ordenará, desde logo, a conversão do processo em tomada de contas

especial, salvo a hipótese prevista no Art. 99 desta Lei.”

No caso em tela, o setor de instrução do Tribunal de Contas deflagrou

Processo de Inspeção destinado a fiscalizar os Convênios 002/CIDADES/2009 e

003/CIDADES/2009, travados entre a Prefeitura de Ipu/CE e a Secretaria das Cidades, cujo

objeto previa a construção de 2.108 Kits Sanitários para população de baixa renda,

perfazendo uma materialidade de R$ 3.162.000,00 (valores da época). Como produto final,

a 11ª Inspetoria de Controle Externo confeccionou o Relatório de Inspeção 005/2012, que,

vislumbrando dano ao erário, preconizou pela conversão do Processo 00854/2012-9 em

Tomada de Contas Especial.

O encaminhamento foi encampado pelo Ministério Público junto ao

Tribunal de Contas, que assim opinou.

Quando da Sessão Ordinária de 19 de junho de 2012, o Plenário deliberou,

por unanimidade, no sentido da conversão da Inspeção em Tomada de Contas Especial

(Resolução nº 1311/2012). Na oportunidade, as INTERESSADAS foram arroladas na

condição de responsáveis solidárias do dano. Por isso, foram citadas para, no prazo de 30

dias, adotassem uma das duas condutas: pagar o débito ou apresentar razões de

justificativa.

Nos termos do direito positivo aplicável à espécie, tal decisão constitui uma

decisão meramente preliminar , que nada diz acerca do mérito das contas :

Art. 10 - A decisão em processo de tomada ou prestação de contas pode serpreliminar, definitiva ou terminativa.

§ 1º - Preliminar é a decisão pela qual o Tribunal, antes de pronun-ciar-se sobre o mérito das contas, resolve sobrestar o julgamento; ordenara citação ou audiência dos responsáveis; determinar diligências necessári-as ao saneamento do processo, ou impor multa por motivo de impropriedadeou qualquer outra falta de natureza formal ou, ainda, pela prática de ato degestão ilegal, ilegítimo ou antieconômico que não seja de natureza grave eque não represente grande prejuízo ao Erário;

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Mesmo diante da ausência de lesividade ao patrimônio jurídico das

Interessadas, uma vez que o julgamento em tela apenas deu início a um Processo de Contas,

no qual a garantia ao devido processo legal e ao direito do contraditório é muito mais

robusta, a OAB achou por bem ingressar com ação ordinária na primeira instância para

questionar um ato do Tribunal.

I.2. Da ação ordinária ingressada na 5ª Vara da Fazenda Pública da Comarca de

Fortaleza/CE

a) Petição Inicial da OAB/CE. A petição inicial da seccional cearense da

OAB, no que toca ao fato constitutivo de seu direito, aduz que as INTERESSADAS não

cometeram quaisquer atos e/ou irregularidades, assim como não deram causa a qualquer

prejuízo à Administração Pública no exercício da função de assessoras jurídicas. A

peticionante concede que os processos nos quais figuram os nomes das causídicas são

vários, no entanto toma a liberdade de tratar como Paradigma o Processo 00854/2012-9.

Nessa senda, afirma que, em geral, as INTERESSADAS apenas emitiram pareceres

favoráveis às prorrogações de convênios (sob a forma jurídica de aditivo), não sendo essa

conduta capaz de configurar a aplicação de multa realizada pela Administração Pública.

Ademais, alegou a autora que o entendimento do TCE está eivado de vícios

graves, como o ferimento aos princípios do devido processo legal, do contraditório e da

ampla defesa.

A partir deste fato, a autora requereu, em desfavor do Estado do Ceará, que

ocupa o polo passivo processual, as seguintes medidas:

1) A concessão de antecipação de tutela, para que ocorresse a

imediata suspensão da tramitação de todos os processos de

controle externo no qual figurassem os nomes das referidas

advogadas, bem como de qualquer outro advogado : quer os

causídicos tenham sido incluídos na qualidade de responsáveis

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solidários, quer tenha ocorrido mera aplicação de multa pela

inexecução de Convênios firmados entre a Secretaria das CIDADES e

Municípios e/ou Associações.

2) Julgamento procedente do pedido, para determinar a

desconstituição de todos atos administrativos que imputem às

advogadas, assim como de qualquer outro advogado, qualquer

responsabilidade solidária e/ou pagamento de multas em decorrência

da emissão de pareceres jurídicos.

b) Contestação do Estado do Ceará. Citado para responder, o Estado do

Ceará, representado em juízo pela Procuradoria-Geral do Estado, apresentou peça

contestatória aduzindo sobre a impossibilidade de revisão do mérito da decisão do Tribunal

de Contas pelo Poder Judiciário. Defendeu ainda que ao Poder Judiciário cabe tão somente

examinar os aspectos de legalidade do ato administrativo, ou melhor, se foram obedecidas

as formalidades impostas pela legislação bem como os princípios constitucionais,

propugnando, por fim, pela improcedência total da demanda.

c) Decisão interlocutória que antecipou a tutela. Para o douto juízo da 5ª

Vara da Fazenda Pública, o cerne da questão reside em saber se as advogadas devem ou não

serem responsabilizadas, solidariamente, junto aos gestores da Secretaria das Cidades, onde

exerceram cargo comissionado de "Assessor Jurídico", pelas ocorrências apuradas na

inspeção realizada na execução dos Convênios firmados entre a Secretaria das Cidades e

Municípios e/ou Associações, cujo objeto é a construção de Kits sanitários.

Fixando o ponto controvertido da demanda nesses termos, a MM. julgadora

adotou, em síntese, o seguinte fundamento, litteris:

Ante todo o arrazoado, presentes os requisitos do Art.273 do Código de

Processo Civil, DEFIRO pedido de antecipação dos efeitos da tutela

jurisdicional, para determinar a suspensão da tramitação de todos os

processos em que as advogadas Jarlene Fernandes Costa Garofalo,

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Norma Lúcia da Silva Timbó, Camila Mota Leite e Rachel Maia Rôla

Timbó Silveira, tenham sido incluídas como responsáveis solidárias e/ou

lhes tenham sido aplicada multa pela inexecução de Convênios firmados

entre a Secretaria das Cidades e Municípios e/ou Associações, até

ulterior deliberação deste Juízo.

Fixo multa diária de R$ 5.000,00 (cinco mil reais), para o caso de

descumprimento da presente ordem.

Intime-se o Promovido para imediato cumprimento desta decisão, bem

como para responder a presente ação no prazo estabelecido em lei.

Exp. Nec.

Fortaleza/CE, 08 de agosto de 2014.

Nismar Belarmino Pereira

Juíza de Direito

(grifou-se)

Intimado, o Estado do Ceará, da decisão, a Procuradoria-Geral do Estado

decidiu opor Embargos de Declaração (em 29 de agosto de 2014), recurso que, como se

sabe, não possui efeito suspensivo quando interposto em face de decisão interlocutória1.

Calha informar que até a data da assinatura desta peça, os aclaratórios

pendiam de apreciação pelo douto juízo monocrático.

Levado a efeito o comando judicial, os processos em que figuram como

parte as mencionadas advogadas foram suspensos por decisão do Exmo. Conselheiro

Valdomiro Távora (doc. 01), Presidente à época dos fatos; decisão que foi reiterada pelo

atual Presidente do Tribunal (doc. 02), que subscreve este incidente processual. E não é

outro o fato que motiva e revela o interesse do Tribunal de Contas de defender as

prerrogativas do órgão, como se observará nas razões, a seguir.1 Quando da vigência do Código de Processo Civil de 1973, prevalecia o entendimento que em casos como oque temos em questão embargos de declaração não ensejam efeito suspensivo pelo só fato de sua oposição.Doutrina e jurisprudência afirmavam, majoritariamente, que os embargos de declaração somente teriamefeito suspensivo se o recurso típico para a decisão atacada também o tenha por determinação legal (opelegis). Por isso usualmente asseverava-se que se a decisão for definitiva de mérito, os embargossuspenderiam sua eficácia porque a apelação – que seria o recurso típico para casos que tais – teria, também,efeito suspensivo ope legis. Alternativamente, o Agravo de Instrumento, cabível que era no caso, não possuíaefeito suspensivo ope legis, mas tão somente ope judicis. Consectariamente, embargos de declaração opostosa decisão interlocutória como a que temos em liça não goza de efeito suspensivo.

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II – CABIMENTO

Como se sabe, instituto da Suspensão de Liminar caracteriza-se como um

meio de suspender decisão judicial, nas ações movidas contra o Poder Público ou seus

agentes, no caso de manifesto interesse público ou de flagrante ilegitimidade, para evitar

grave lesão à ordem, à saúde, à segurança e à economia públicas.

O instituto em questão fora criado pela Lei 191/1036 e conheceu ampliação

de seu objeto por força do art. 4º da Lei 4.348/1964. Era destinado exclusivamente, assim,

para o Mandado de Segurança – cuja nova Lei regente, a 12.016/2009, continua a prever.

Com o advento da Lei 8.437/1992, sobreveio alargamento do espectro de

espécies processuais às quais pode a suspensão ser aplicada; tal norma veio a lume para

enfrentar problema então novo, mas que até os dias de hoje persiste: em fraude ao sistema

constitucional de competências, é comum observar atores processuais intentando ações

ordinárias, com pedidos de provimentos liminares satisfativos, para assim fugir ao foro por

prerrogativa de função ao qual faz jus órgãos e autoridades públicas2. Daí o art. 4º da Lei

8.437/92 possibilitou a suspensão da execução de liminar – para além do mandado de

segurança – em ações ordinárias movidas em face do Poder Público:

“Art. 4° Compete ao presidente do tribunal, ao qual couber o conhecimento

do respectivo recurso, suspender, em despacho fundamentado, a execução

da liminar nas ações movidas contra o Poder Público ou seus agentes, a

requerimento do Ministério Público ou da pessoa jurídica de direito público

interessada, em caso de manifesto interesse público ou de flagrante

ilegitimidade, e para evitar grave lesão à ordem, à saúde, à segurança e à

economia públicas.

2 Jorge Flaquer Scartezzini. Suspensão de Segurança – De acordo com a nova Lei do Mandado deSegurança (Lei 12.016/2009). São Paulo: Revista dos Tribunais, 2010, p. 21

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§ 1° Aplica-se o disposto neste artigo à sentença proferida em processo de

ação cautelar inominada, no processo de ação popular e na ação civil

pública, enquanto não transitada em julgado.”

No caso em análise, o que é adversado é uma tutela antecipada, e não uma

liminar. Ocorre que, para fins de racionalização do sistema judiciário nacional, a Lei

9.494/1997 aplica-se à tutela antecipada o quanto disposto na Lei 8.437/1992, senão

vejamos:

“Art. 1º Aplica-se à tutela antecipada prevista nos arts. 273 e 461 do

Código de Processo Civil o disposto nos arts. 5º e seu parágrafo único e 7º

da Lei nº 4.348, de 26 de junho de 1964, no art. 1º e seu § 4º da Lei nº

5.021, de 9 de junho de 1966, e nos arts. 1º, 3º e 4º da Lei nº 8.437, de 30

de junho de 1992.

Sendo fora de questão que o fato de o provimento aqui atacado ser uma

tutela antecipada não é óbice para a incidência do regime jurídico de contracautela3, temos

pela possibilidade jurídica da pretensão aqui encampada.

II.1. Competência

Consoante se observa do art. 4º, da Lei 8.437/1992, a competência para o

deferimento da suspensão é do Presidente do Tribunal ao qual caberia eventual recurso.

No caso em liça, a decisão é de lavra da 5ª Vara da Fazenda Pública da

Comarca de Fortaleza/CE, sendo certo que os recursos surgidos transcurso de tal ação – seja

uma apelação, seja um agravo – só poderiam ser processados e julgados pelo Colendo

Tribunal de Justiça do Estado do Ceará.

Nesse sentido o douto Marcelo Abelha Rodrigues:

3 Leonardo José Carneiro da Cunha. A Fazenda Pública em Juízo. 12. ed. São Paulo: Dialética, 2014, p.634.

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“Consoante regra prevista no art. 4º, caput, da Lei 8.437/1992, tem-se que a

competência será do Presidente do Tribunal ao qual couber o conhecimento

do respectivo recurso que poderia ser interposto para desafiar a decisão cuja

eficácia pretende ser suspensa. Nesse passo, se se tratar de liminar ou

sentença proferida por juiz de primeiro grau, certamente que a competência

será do Presidente do Tribunal de Justiça ou Tribunal Regional Federal”4

Assim, competente a Presidência do Colendo Tribunal de Justiça para

conhecer e deferir a suspensão de liminar.

I.2 – Legitimidade ativa ad causam e ad processum do Tribunal de Contas do Estado do

Ceará

O Tribunal de Contas do Estado do Ceará possui legitimidade ativa para

figurar no polo ativo do presente incidente processual.

Muito embora a Corte de Contas cearense não seja pessoa jurídica de direito

público interno, é pacífico na doutrina e jurisprudência pátrias que órgãos de extração

constitucional possuem capacidade judiciária para defender em juízo suas prerrogativas

institucionais constitucionalmente deferidas.

Com efeito, desde a publicação do estudo “Personalidade Judiciária das

Câmaras Municipais”, do Eminente Ministro do Supremo Tribunal Federal Victor Nunes

Leal, que a doutrina pátria passou a aceitar sem maiores sobressaltos que a personalidade

jurídica não se confunde com a personalidade judiciária, isto é, a capacidade de figurar

no processo. Se é assim para a massa falida e para a herança indivisa, tanto assim o é para o

caso de órgãos despersonalizados como as Câmaras de Vereadores, o Ministério Público, os

Tribunais5.

4 Marcelo Abelha Rodrigues. Suspensão de Segurança – sustação da eficácia de decisão judicialproferida contra o Poder Público. 3ª ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2010, p. 131.

5 Victor Nunes Leal. “Personalidade Judiciária das Câmaras Municipais”. In: Revista de DireitoAdministrativo. Vol. 15. Rio de Janeiro: Fundação Getúlio Vargas, janeiro-março de 1949, pp. 46-65.

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Não poderia ser de outra forma. O pedido de suspensão muitas vezes

consubstancia tutelas que transcendem à pessoa jurídica interessada. A saúde, a segurança, a

economia pública – todos esses interesses tutelados pelo mecanismo processual em análise –

não podem coincidir com a esfera jurídica de ente estatal algum6. Por isso, e com Victor

Nunes Leal, premente conceder que o que importa não é que o requerente tenha ou não

personalidade jurídica, mas sim se ele tem ou não direitos em jogo7.

E na expressão “direitos”, calham os direitos subjetivos públicos, segundo o

magistério do Supremo Tribunal Federal. Em julgado destinado a ocupar página de destaque

na história, o Excelso Pretório conheceu e proveu Recurso Extraordinário interposto pelo

Presidente do Tribunal de Contas do Estado do Ceará em face de decisão que denegara

Mandado de Segurança impetrado em face de ato do Governador do Estado e da Assembleia

que atentava contra as prerrogativas do TCE/CE. Após brilhante defesa do Tribunal

conduzida pelos preclaros Doutores Valmir Pontes e Josaphat Marinho, o decisum foi

vazado na seguinte ementa:

MANDADO DE SEGURANÇA IMPETRADO PELA PRESIDÊNCIA DO

TRIBUNAL DE CONTAS CONTRA ATOS DO GOVERNADOR E DA

ASSEMBLEIA LEGISLATIVA, DITOS OFENSIVOS DA

COMPETÊNCIA DAQUELE TRIBUNAL. LEGITIMIDADE ATIVA.

ÓRGÃO PÚBLICO DESPERSONALIZADO E PARTE FORMAL.

DEFESA DO EXERCÍCIO DA FUNÇÃO

CONSTITUCIONALMENTE DEFERIDA AO TRIBUNAL DE

CONTAS. PODER JURÍDICO, ABRANGIDO NO CONCEITO DE

DIREITO PÚBLICO SUBJETIVO . MANDADO DE SEGURANÇA

CABÍVEL. RECURSO EXTRAORDINÁRIO CONHECIDO E PROVIDO

6 CUNHA, Leonardo José Carneiro da Cunha. A Fazenda Pública em Juízo. 12. ed. São Paulo: Dialética,2014, p. 643.

7 Victor Nunes Leal. “Personalidade Judiciária das Câmaras Municipais”. In: Revista de DireitoAdministrativo, p. 56.

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(RE 74.836/CE, Relator p/ Acórdão: Min. RODRIGUES ALCKMIN,

Plenário, Julgamento: 07/06/1973)

E assim continua a decidir o E. Supremo Tribunal Federal, cuja

jurisprudência abriga inúmeras Suspensões de Segurança (e de Tutela Antecipada, de

Acórdão, de Liminar etc.) requeridas por Tribunais de Contas8. No que disso não se afasta o

Colendo Superior Tribunal de Justiça9.

No caso dos autos, o Tribunal de Contas do Estado do Ceará propõe o

presente pedido de suspensão de liminar justamente na defesa de suas prerrogativas, que,

como se verá a seguir, foram e permanecem sendo lesadas por decisão judicial em sede de

Ação Ordinária. O que torna patente a legitimidade ativa da Corte de Contas.

III - DO MÉRITO: A LESÃO À ORDEM PÚBLICA

III.1. Violação à reserva constitucional de julgamento de contas.

É por demais sabido que embora seja vedada, nesta sede, análise acerca do

mérito da demanda, “faz-se necessário um juízo de delibação mínimo acerca da matéria

veiculada na lide principal, a fim de se estabelecer a natureza constitucional da questão”

8 Nesse sentido: SS 1197/PE, Rel. Min. Celso de Mello, julgado em 15/09/1997 (Requerente: Tribunal deContas do Estado de Pernambuco): “O Tribunal de Contas do Estado de Pernambuco, alegando aocorrência de grave lesão à ordem pública, requer, com fundamento no art. 4º da Lei nº 4.348/64, asuspensão de eficácia da medida liminar, que, concedida pelo E. Tribunal de Justiça daquela unidade daFederação, em mandado de segurança impetrado, originariamente, pelo Governador do Estado, sustou 'oandamento do Processo nº 9702111-8 (Contas do Governo do Estado de Pernambuco - Exercício de1996)…' (fls. 20), até final julgamento do writ mandamental (...)”.

9 PROCESSUAL CIVIL. AÇÃO ORDINÁRIA. TRIBUNAL DE CONTAS. ILEGITIMIDADE. 1. OsTribunais de Contas são partes ilegítimas para figurarem no pólo passivo de ação ordinária visandodesconstituir ato de sua competência. 2. Não deve ser confundida a capacidade judiciáriaexcepcional, que lhe é concedida para estar em juízo na defesa de suas prerrogativas, bem como defigurar como autoridade coatora em mandado de segurança, com a legitimação ad causamnecessária para a formação da relação jurídica formal. (REsp 504.920/SE, Rel. Ministro JOSÉDELGADO, PRIMEIRA TURMA, julgado em 04.09.2003, DJ 13.10.2003, p. 257)

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(STF, SS 5098/SP, Rel. Min. Presidente, Ricardo Lewandowski, DJ de 29/02/2016)10.

A Constituição Federal de 1988 posicionou os Tribunais de Contas como

órgãos centrais ao exercício do controle da Administração Pública – com autonomia

institucional em relação aos demais poderes, fruto do direto fundamento de validade

constitucional que milita em seu favor11.

Com efeito, os arts. 70 e 71 da Constituição de 1988, preconizam que

compete ao Congresso Nacional, com o auxílio do Tribunal de Contas da União, realizar

controle externo da administração direta e indireta, exercendo fiscalização contábil,

financeira, orçamentária, patrimonial e operacional, quanto à legalidade, legitimidade,

economicidade, aplicação de subvenções e renúncia de receitas.

Tal conjugação de esforços deve ser bem compreendida. Conquanto ao

Poder Legislativo seja reservada a titularidade do Controle Externo da função

administrativa dos demais poderes, ao Tribunal de Contas destina-se o exercício dessa

atividade. Ora realizada de modo conjuntivo com o Poder Legislativo, ora de modo isolado

– por competência constitucional própria –, os incisos arrolados no art. 71 da Constituição

Federal permitem ver com precisão o que vem a ser a ação de auxiliar o Poder Legislativo

no exercício do Controle Externo12: por meio de um corpo técnico altamente especializado e

dirigido por um corpo de agentes públicos aos quais são devotadas as garantias inerentes à

magistratura, um Tribunal de Contas é órgão coautor do Controle Externo (porquanto

auxilia o Poder Legislativo em igual dignidade constitucional para com ele) e não

coadjuvante (uma vez que não se porta como auxiliar).

Uma de suas mais importantes funções é precisamente aquela que fora

obstada pela tutela antecipada concedida pelo ínclito juízo da 5ª Vara da Fazenda

Pública, qual seja a função de “ julgar as contas dos administradores e demais

10 No mesmo sentido: STF, SS 1015/SP, Rel. Min. Carlos Velloso, DJ de 03/06/1996; SS 846/DF, Rel. Min.Sepúlveda Pertence, DJ de 29/05/1996.

11 MILESKI, Hélio Saul. “Tribunal de Contas: evolução, natureza, funções e perspectivas futuras”. In:FREITAS, Ney José de (org.). Tribunais de Contas – Aspectos Polêmicos. Estudos em Homenagemao Conselheiro João Féder. Belo Horizonte: Fórum, 2009, pp. 101-102.

12 BRITTO, Carlos Ayres. “O Regime Constitucional dos Tribunais de Contas”. In: O Novo Tribunal deContas: Órgão Protetor dos Direitos Fundamentais. 3ª ed. Belo Horizonte: Fórum, 2005, pp. 62-68.

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responsáveis por dinheiros, bens e valores públicos da administração direta e indireta,

incluídas as fundações e sociedades instituídas e mantidas pelo Poder Público federal, e as

contas daqueles que derem causa a perda, extravio ou outra irregularidade de que

resulte prejuízo ao erário público” (art. 71, inc. II, CF/88).

De início, enseja estranhamento uma das causas de pedir da ação em tela: o

de que a inclusão das pareceristas na condição de responsáveis solidárias deu-se com

violação ao devido processo legal.

De se perceber: o Processo 00854/2012-9 apenas fora convertido, por força

da Resolução 1311/2012, de Inspeção para Tomada de Contas Especial. Após essa

conversão, instaura-se um processo de contas que envolve cognição horizontal ampla13, pela

qual examina-se de que modo certo agente público se portou em relação à coisa pública; e

não só sob o mero aspecto formal e contábil, porquanto relevantes outros aspectos de

controle: a legalidade, a legitimidade e a economicidade do gasto (art. 70, CF/88). Processo

de contas que requer a observância do princípio da ampla defesa e contraditório. Implica na

produção de certificados pelo setor de instrução do Tribunal. Prevê a oferta de Parecer de

lavra de Procuradores que exercem as funções do Ministério Público junto ao Tribunal de

Contas. É sujeita à deliberação colegiada, após voto de um Relator. Formaliza-se por um

acórdão, devidamente publicado, que por seu turno sujeita-se a recurso de reconsideração,

dotado de efeito suspensivo14.

O “ato abusivo” atacado pela autora é uma mera decisão preliminar – para

os fins do art. 10 da LOTCE – que determinou a citação das INTERESSADAS para

apresentar razões de justificativa ou pagar o débito, faculdade processual alternativa, e

não conjuntiva. A Tomada de Contas Especial tão somente iniciou-se. Se o direito das

causídicas era tão bom o quanto é afirmado na exordial, resulta estranho que se corra ao

13 Na precisa definição de Kazuo Watanabe, cognição é “ato de inteligência, consistente em considerar,analisar e valorar as alegações e as provas produzidas pelas partes, vale dizer, as questões de fato e as dedireito que são deduzidas no processo e cujo resultado é o alicerce, o fundamento do judicium do julgamentodo objeto litigioso do processo” (Da cognição no processo civil. São Paulo: Revista dos Tribunais, 1987, p.41.)

14 O paralelo dos processos de contas com a função judicial – que ocorre fácil – leva a doutrina a nominarde “função judicante” esta de julgar contas. Nesse sentido: DAL POZZO, Gabriela Tomaselli BresserPereira. As funções do Tribunal de Contas e o Estado de Direito. Belo Horizonte: Fórum, 2010, p. 97.

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Poder Judiciário para fazer valer a tese de que pareceristas jurídicos são invioláveis por suas

manifestações se tal o poderia ser aventado em várias oportunidades processuais no âmbito

do Tribunal.

Exatamente em razão disso, descabe – por enquanto – a discussão no

sentido de saber se o parecer ofertado pelas Interessadas é vinculante ou opinativo, a

propósito do precedente firmado no MS 24.631/DF, Rel. Min. Joaquim Barbosa, julgado

pelo Plenário do STF em 09/08/2007.

Na verdade, o precedente do Excelso Pretório aplicável ao caso é outro,

o MS 24.584/DF, de Relatoria do Min. Marco Aurélio Mello que, na mesma Sessão

Plenária de 09/08/2007, assim decidiu:

ADVOGADO PÚBLICO - RESPONSABILIDADE - ARTIGO 38

DA LEI Nº 8.666/93 - TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO -

ESCLARECIMENTOS. Prevendo o artigo 38 da Lei nº 8.666/93 que

a manifestação da assessoria jurídica quanto a editais de licitação,

contratos, acordos, convênios e ajustes não se limita a simples opinião,

alcançando a aprovação, ou não, descabe a recusa à convocação do

Tribunal de Contas da União para serem prestados

esclarecimentos.

Por isso, revela-se absolutamente atentatório à reserva constitucional de

julgar contas, conferida a este Tribunal de Contas, que uma ordem judicial monocrática

precária provoque o sobrestamento de todos os processos que mencionam as

INTERESSADAS, pelo só fato de terem sido citadas para prestar esclarecimentos.

E nem poderia ser diferente. É consolidada a tese de que é vedada ao

Poder Judiciário a sindicância acerca do mérito das contas ou mesmo a adoção de

medidas que bloqueiem o exercício desse poder-dever. Entendimento que é o do Supremo

Tribunal Federal há décadas:

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“3. Tribunal de Contas. Julgamento das contas de responsáveis pelos

haveres públicos. Competência exclusiva, salvo nulidade por irregularidade

formal grave (MS 6.960, 1959) ou manifesta ilegalidade (MS 7.280, 1960)”.

(Supremo Tribunal Federal, RE 55.821/PR, Rel. Min. Victor Nunes Leal,

Primeira Turma, j. 18/09/1967)

“Da interpretação do dispositivo constitucional, em consonância com o

disposto no artigo 70 e seguintes da Constituição, infere-se que as contas

municipais são apresentadas ao Tribunal de Contas dos Municípios do

Estado do Ceará, para que sejam apreciadas. Após esse procedimento,

encaminha-se o processo ao Poder Legislativo respectivo, para que

efetivamente julgue as contas municipais. Somente após esta segunda etapa

é que se perfaz a decisão de julgamento de contas. Essa é a determinação

constitucional. Portanto, impedir o andamento constitucionalmente

definido de um processo de julgamento de contas significa impedir a

própria discussão da regularidade das contas pela Câmara Municipal, o

que implica grave lesão à ordem administrativa, por frustrar a eficácia

da atuação dos Tribunais de Contas e a eficácia da atuação

fiscalizadora do Poder Legislativo.”

(Supremo Tribunal Federal, STA 297/CE, Rel. Min. Gilmar Mendes, DJ de

03/04/2009)

E conforta-nos verificar que a sábia jurisprudência do Colendo

Tribunal de Justiça do Estado do Ceará também milita inteiramente a favor da tese

aqui propugnada.

Com efeito, em julgado de Relatoria da Exma. Sra. Desembargadora

MARIA IRACEMA DO VALE HOLANDA, então integrante da 4ª Câmara Cível,

rechaçou-se, peremptoriamente, a interferência do Poder Judiciário no mérito das decisões

dos Tribunais de Contas dos Municípios (razões jurídicas que obviamente bem servem ao

contexto aqui apresentado). Vejamos:

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EMENTA: AGRAVO DE INSTRUMENTO. DIREITO

ADMINISTRATIVO. DECISÃO DO TRIBUNAL DE CONTAS QUE

DESAPROVOU PRESTAÇÃO DE CONTAS DE AGENTE POLÍTICO.

INEXISTÊNCIA DE IRREGULARIDADE NO PROCESSO DE TOMADA

DE CONTAS DA CORTE DE FISCALIZAÇÃO ORÇAMENTÁRIA.

1 - No caso, agravo de instrumento em que a ex-agente pública municipal se

insurgiu contra julgamento do TCM, que desaprovara sua prestação de

contas.

2 - A Constituição Federal, em seu art. 31 e parágrafos, dispõe sobre o

necessário controle externo, a ser exercido pelas Cortes de Contas

(TCM). Portanto, não é ilegal, nem inconstitucional, o processo de

tomada de contas realizado por tal órgão de fiscalização orçamentária.

No mesmo sentido, e de forma complementar, o art. 71, II e VIII da

Carta Magna.

3 - Em precedente símile, ensina o STJ que "compete ao Tribunal de Contas

o processo e o julgamento da ação de prestação de contas contra ex-prefeito,

não cabendo ao Poder Judiciário tal mister, ex vi do artigo 71 c/c o artigo 75,

ambos da CF/88.” (STJ – REsp 200347/RO, Ministro FRANCISCO

FALCÃO, DJ 23.06.2003, p. 243).

4 - Precedente do STJ e do TJCE. Agravo conhecido e provido.

(TJ/CE, Agravo de Instrumento n.º 2008.0028.5492-5/0, Relatora Des.

Maria Iracema do Vale Holanda, julgamento em 28/05/2009)

Sobreleva transcrever, do mesmo julgado, a feliz colocação da eminente

julgadora:

“a atribuição de fiscalização técnica do orçamento público, aliás,

constitucionalmente outorgada, é de alçada exclusiva do TCM, que tem em

sua composição membros especialistas, aptos à análise das contas públicas.

De tal sorte, sob pena de violação ao Princípio da Separação dos

Poderes (art. 2º, CF/88), incabível ao Judiciário substituir o ato

administrativo proferido por este órgão estadual, por carecer de

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competência para tanto. Do contrário, inútil seria o julgamento do

Tribunal de Contas, o qual se tornaria mero formalismo, visto que

eventuais prejudicados por suas decisões sempre recorreriam ao

Judiciário, no intento de um novo pronunciamento sobre a questão,

incorrendo em indevido bis in idem”.

Disse ainda mais Sua Excelência, a Desembargadora Maria Iracema do Vale

Holanda:

“No caso dos autos, constata-se que o TCM agiu de acordo com a sua

competência constitucionalmente firmada. Os tribunais de contas, como cediço,

possuem como atribuição principal o controle externo, fático e jurídico, sobre a

execução financeiro-orçamentária dos demais poderes estatais. No desempenho de

seu mister, sua atuação é meramente administrativa, não podendo o Judiciário,

via de regra, invadir a esfera de discricionariedade de suas decisões, mas

podendo sindicar suas deliberações sob o aspecto formal”.

Por tudo isso, entendemos que a r. decisão judicial antecipatória de tutela,

ao desconsiderar o art. 71, inc. II, CF/88, trouxe outros sérios gravames ao Tribunal, como

veremos a seguir.

III.2. Lesão à ordem administrativa.

Do quanto exposto, já se verifica que, em termos qualitativos, a r. decisão

aqui questionada enseja lesão à ordem pública, pela violação às competências

constitucionais do Tribunal de Contas do Estado do Ceará. Insta salientar que, quando

observada em seu aspecto quantitativo, ou seja, no que pertine à amplitude assumida pela r.

decisão aqui atacada, a lesão à ordem pública resta ainda mais configurada.

A Ordem dos Advogados, ao argumento de proteger as prerrogativas das

INTERESSADAS, fez pedido amplíssimo, no sentido de impedir que o Tribunal de Contas

inclua como responsável solidário, ou que impute multa, a qualquer advogado “em

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decorrência da emissão de pareceres jurídicos, reconhecendo a inexistência de

responsabilidade solidária e a impossibilidade de aplicação de multa a todos os advogadas

(sic) pela emissão de Pareceres Jurídicos, salvo no caso de comprovado erro, dolo ou má-fé”

(f. 29 do processo principal).

O preocupante é que o pedido foi acatado. Apesar de a Exordial utilizar

como paradigma apenas o Processo 00854/2012-9, o fato é que o comando decisório da

antecipação de tutela é assaz claro ao no sentido de “determinar a suspensão da

tramitação de todos os processos em que as advogadas Jarlene Fernandes Costa Garofalo,

Norma Lúcia da Silva Timbó, Camila Mota Leite e Rachel Maia Rôla Timbó Silveira,

tenham sido incluídas como responsáveis solidárias e/ou lhes tenham sido aplicada

multa pela inexecução de Convênios firmados entre a Secretaria das Cidades e Municípios

e/ou Associações, até ulterior deliberação deste Juízo.”

As consequências da amplitude decisória da tutela antecipada se deixa

evidenciar com tintas fortes quando verificamos que as quatro INTERESSADAS figuram

EM 24 PROCESSOS DO TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DO CEARÁ. Dessa

forma, encontram-se trancados, com instrução paralisada, os seguintes cadernos

processuais:

00854/2012-9 (Norma L. da Silva Santos, Jarlene F. Costa Garófalo, Camila Mota Leite, Rachel Maia Rôla Timbó Silveira)

00961/2013-6 (Rachel Maia Rôla Timbó Silveira)01092/2012-1 (Camila Mota Leite)01267/2012-0 (Rachel Maia Rôla Timbó Silveira)01862/2012-2 (Camila Mota Leite)01888/2012-9 (Norma Lúcia da Silva Santos, Camila Mota Leite)03086/2012-5 (Norma Lúcia da Silva Santos, Camila Mota Leite)04238/2011-0 (Camila Mota Leite)05524/2011-6 (Rachel Maia Rôla Timbó Silveira)05527/2011-1 (Camila Mota Leite)05529/2011-5 (Camila Mota Leite)05539/2011-8 (Camila Mota Leite)05544/2011-1 (Camila Mota Leite)05940/2012-5 (Camila Mota Leite)06435/2011-1 (Camila Mota Leite)06907/2012-1 (Norma Lúcia da Silva Santos, Jarlene Fernandes Costa Garófalo)06945/2011-2 (Rachel Maia Rôla Timbó Silveira)06946/2011-4 (Rachel Maia Rôla Timbó Silveira)

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07199/2012-5 (Norma Lúcia da Silva Santos)07498/2012-4 (Norma Lúcia da Silva Santos)07794/2012-8 (Camila Mota Leite)09272/2011-3 (Camila Mota Leite)09347/2011-8 (Norma Lúcia da Silva Santos)09373/2012-5 (Norma Lúcia da Silva Santos, Camila Mota Leite)

Ora, exposta tal lista, fácil perceber que a decisão, além de frustrar regular

andamento dos processos de julgamento de contas, previsto constitucionalmente, está

comprometendo a atividade institucional do Tribunal de Contas do Estado do Ceará de

conhecer, processar e julgar as contas públicas, o que inegavelmente constitui uma grave

lesão à ordem pública e, por conseguinte, à ordem administrativa. Afinal, inserido no

conceito de ordem pública está o de ordem administrativa em geral, assim entendida como o

devido exercício das funções administrativas pelas autoridades constituídas, bem como a

normal execução dos serviços públicos. Ordem pública que se encontra lesionada por

decisão judicial. E, como nos recorda a abalizada doutrina de Elton Venturi: “decisões

judiciais que interfiram restringindo ou inviabilizando a atividade fiscalizatória do Poder

Público (diga-se, o próprio poder de polícia administrativo) podem gerar, em tese, grave

lesão à ordem e à segurança pública”15.

Nos cânones aqui demarcados pronunciou-se o Colendo Tribunal de Justiça

do Estado do Ceará, por decisão de seu então Presidente, o Eminente Desembargador JOSÉ

ARÍSIO LOPES DA COSTA, que nos autos do Pedido de Suspensão de Liminar nº

0078057-73.2012.8.06.0000, assim pontificou:

“Assim, a decisão que ora se busca suspender está frustrando o regular andamento

do processo de julgamento de contas municipais previsto constitucionalmente, e

impossibilitando a concretização de seus efeitos, uma vez que o julgamento já foi

realizado. Ora, a apuração da legalidade do processo administrativo de julgamento

das contas é tarefa da via recursal. O pedido de suspensão é medida excepcional,

não se confundindo com recurso. Assim, o juízo que aqui se faz é político. Desta

feita, acertada ou não, a decisão vergastada ofende a ordem pública pois

15 Elton Venturini. Suspensão de Liminares e Sentenças Contrárias ao Poder Público. São Paulo:Revista dos Tribunais, 2010, p. 150.

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impede a concretização dos efeitos do julgamento das contas de governo pela

Câmara Municipal cuja função julgadora fora atribuída pela Constituição

Federal”.

Dessarte, a jurisprudência dos Tribunais Superiores e do Colendo Tribunal

de Justiça do Estado do Ceará, inclusive em sede de Suspensão de Liminar, torna premente

a conclusão de que o significativo impacto causado pela paralisação dos 24 PROCESSOS

de Controle Externo nos quais as INTERESSADAS figuram no polo passivo configura,

para todos os fins, uma lesão à ordem pública.

O que fica ainda mais corroborado quando se percebe que a tutela

antecipada deferida causa sérios impactos financeiros.

III.3. Lesão à ordem econômica.

Processos de Tomada de Contas Especial não são instaurados sem que haja

uma fixação preliminar da expressão monetária de um dano ao erário. Dessarte, analisando

os processos cujo trâmite queda obstado, verificamos que a dantesca quantia de R$

8.382.787,82 está sem poder ser recomposta ao erário do Estado do Ceará em

decorrência da r. decisão aqui adversada.

Senão vejamos na tabela abaixo:

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É assim, inquestionável a lesão à ordem econômica, pressuposto da

concessão da Suspensão aqui requerida.

III.4. Lesão à ordem jurídica

Por último, mas não por menos, o presente incidente processual deve ser

deferido também em razão de a r. decisão adversada incorrer em clara usurpação à

competência privativa do Colendo Tribunal de Justiça do Estado.

O art. 108, inc. VII, alínea “b” da Constituição do Estado do Ceará assim

dispõe:

“Art. 108. Compete ao Tribunal de Justiça:

(...)

VII – processar e julgar, originariamente:

b) os mandados de segurança e os habeas data contra atos do Governador

do Estado, da Mesa e Presidência da Assembleia Legislativa, do próprio

Tribunal ou de algum de seus órgãos, dos Secretários de Estado, do

Tribunal de Contas do Estado ou de algum de seus órgãos, do Tribunal

de Contas dos Municípios ou de algum de seus órgãos, do Procurador-Geral

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de Justiça, no exercício de suas atribuições administrativas, ou na qualidade

de presidente dos órgãos colegiados do Ministério Público, do Procurador-

Geral do Estado, do Chefe da Casa Militar, do Chefe do Gabinete do

Governador, do Controlador e do Ouvidor Geral do Estado, do Defensor

Público-Geral do Estado, do Comandante Geral da Polícia Militar e do

Comandante Geral do Corpo de Bombeiros Militar;”

O expediente é de comum – e preocupante – ocorrência no Poder Judiciário nacional.

Para fugir à competência por prerrogativa de função, reservada para ações como Mandado

de Segurança, Mandado de Injunção entre outras, os litigantes ingressam com ação ordinária

no primeiro grau de jurisdição com pedido de provimento cautelar satisfativo.

Prevenindo-se contra isso, o ordenamento jurídico fez bem em proibir tais medidas:

“Art. 1° Não será cabível medida liminar contra atos do Poder Público, no

procedimento cautelar ou em quaisquer outras ações de natureza cautelar ou

preventiva, toda vez que providência semelhante não puder ser concedida

em ações de mandado de segurança, em virtude de vedação legal.

§ 1° Não será cabível, no juízo de primeiro grau, medida cautelar

inominada ou a sua liminar, quando impugnado ato de autoridade

sujeita, na via de mandado de segurança, à competência originária de

tribunal.”

Proibição que fora ampliada para fins de limitar a concessão de tutela

antecipada nos mesmos casos, consoante já mencionado (art. 1º, Lei 9.494/1997).

Nesse sentido, é comum ao Colendo Tribunal Regional Federal da 1ª Região

enfrentar casos de juízes federais de primeira instância que usurpam competência do

Excelso Supremo Tribunal Federal para julgar mandados de segurança em face de ato do

Tribunal de Contas da União. Sua jurisprudência é uníssona no sentido de cassar tais

decisões:

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PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO. AGRAVO REGIMENTAL

EM AGRAVO DE INSTRUMENTO. ATO DO TRIBUNAL DE CONTAS

DA UNIÃO. SUSPENSÃO. JUIZ DE 1ª INSTÂNCIA.

IMPOSSIBILIDADE. LEI N. 8437/92. COMPETÊNCIA ORIGINÁRIA

DIVERSA. DECISÃO MANTIDA.

1. "Não será cabível, no juízo de primeiro grau, medida cautelar inominada

ou sua liminar, quando impugnado ato de autoridade sujeita, na via do

mandado de segurança, à competência originária do tribunal." (Art. 1º, §1º

da Lei 8.437/92). Precedentes: CC 14.710/MA (95.0039570-3), Rel. Min.

Vicente Leal, DJ de 19/05/97, p. 20.551. AC 2003.33.00.026280-2/BA. Rel.

Des. Federal Luciano Tolentino Amaral. DJ de 09.09.2008, p. 210; AG

2005.01.00.069057-8/DF. Rel. Des. Federal Antônio Sávio de Oliveira

Chaves. Juiz Federal Miguel Ângelo de Alvarenga Lopes (convocado). DJ

de 14.01.2008 p. 933.

2. In casu, a decisão impugnada decorre de ato emanado pelo Tribunal

de Contas da União. Aplica-se assim, à espécie o disposto no art. 1º da

Lei 9.494/97, de 10.09.1997, que estende à antecipação da tutela a

vedação prevista no art. 1º da Lei 8.437/92, que proíbe a concessão de

medida cautelar inominada ou sua liminar, quando impugnado ato de

autoridade, sujeito, na via do mandado de segurança, à competência

originária diversa.

3. Agravo regimental improvido.

(TRF 1ª Região, AGRAVO REGIMENTAL EM AGRAVO DE

INSTRUMENTO 0002648-36.2010.4.01.0000/MT, 1ª Turma, Rel. Desª.

Fed. Ângela Catão, julgamento em 19/04/2012.

Assim, por meio de provimento precário totalmente satisfativo, a ação em

tela claramente desconsidera a competência originária do Tribunal de Justiça para processar

e julgar Mandado de Segurança em face de ato do Tribunal de Contas do Estado do Ceará.

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Também por essa via, portanto, vislumbra-se a lesão à ordem pública.

IV - DOS PRESSUPOSTOS DA CONCESSÃO

O contexto enfrentado pelo Tribunal de Contas do Estado do Ceará é

merecedor de deferimento, para que, de imediato, a decisão que suspendeu processos da

Corte de Contas seja imediatamente cessada e restabelecida a competência do Tribunal para,

no exercício do controle externo da Administração, poder julgar as contas dos

administradores e demais responsáveis por dinheiro, bens e valores públicos, nos termos dos

arts. 70 e art. 71 da Constituição Federal de 1988, art. 76 da Constituição do Estado do

Ceará.

Restam, pois, evidentes o fumus boni juris e o periculum in mora no que

tange ao direito do peticionante de ver reestabelecida a função institucional do

Tribunal de Contas, nos processos, por ora, suspensos.

O fumus boni iuris é provado nas exaustivas razões de direito que atestam

ser defeso ao Poder Judiciário interferir nas decisões de mérito do TCE, ainda mais quando

observados os princípios constitucionais da ampla defesa e contraditório; sem falar nas

lesões à ordem administrativa, econômica e jurídico-constitucional acima descritas.

O periculum in mora se revela na medida em que o Tribunal de Contas do

Estado foi abruptamente impedido de exercer sua competência institucional. O que gera

risco imenso de que a delapidação ao patrimônio público realizada não possa mais ser

recomposta, uma vez que, em casos que tais, o dinheiro desviado passa a ser de difícil

rastreio.

IV – DO PEDIDO

Isto posto, presentes os requisitos, requer-se a Vossa Excelência:

1. A suspensão da liminar concedida pelo respeitável juízo da 5ª Vara da

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Fazenda Pública de Fortaleza/CE, em virtude da demonstrada plausibilidade

das razões invocadas e urgência na concessão da medida, já que os efeitos

nefastos decorrentes da mantença da decisão impugnada se agravam com o

decurso do tempo;

2. A declaração de que os efeitos da suspensão deferida perduram até o

trânsito em julgado da ação;

3. A suspensão e consequente revogação da multa diária cominada para o

descumprimento da medida liminar concedida.

Nestes Termos,

Espera Deferimento.

Fortaleza/CE, 08 de junho de 2016.

Conselheiro Edilberto Carlos Pontes Lima

PRESIDENTE

Tribunal de Contas do Estado do Ceará

Assistido por:

Paulo Sávio N. Peixoto Maia

Procurador-Geral

Procuradoria Jurídica do TCE/CE

OAB 21.781/DF

Geraldo Pinheiro Silva Neto

Consultor Jurídico

Procuradoria Jurídica do TCE/CE

OAB 20.427/CE

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