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MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE GOIÁS
PROMOTORIA DE JUSTIÇA DE ITAJÁ
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE
DIREITO DA VARA ÚNICA DA COMARCA DE ITAJÁ, DO ESTADO
DE GOIÁS
O MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE GOIÁS, por
intermédio de suas Promotoras de Justiça, que ao final subscrevem,
no uso de suas atribuições legais, consubstanciadas no preceito legal
contido no art. 127, art. 129, III, art. 196 e art. 205, todos da
Constituição Federal, no art. 25, IV, alínea “a”, da Lei nº 8.625/93,
no art. 6º, da Lei nº 7.853/89, no art. 46, VI, alínea “a”, da Lei
Complementar do Estado de Goiás n° 25/98, na Lei nº 7.347/85,
vem, com o devido acatamento, promover AÇÃO CIVIL PÚBLICA
CUMULADA COM PEDIDO DE ANTECIPAÇÃO DA TUTELA, PARA
ANULAR O ATO QUE CONCEDEU LICENÇA AMBIENTAL DE
OPERAÇÃO PARA A SOCIEDADE EMPRESÁRIA ESPORA
ENERGÉTICA S.A., em desfavor da AGMA – AGÊNCIA GOIANA
DO MEIO AMBIENTE, pessoa jurídica de direito público interno, sob
a modalidade de autarquia estadual, com endereço na 11ª avenida,
Rua Sebastião Borges de Freitas, nº 227 – Centro – Fone: 64 -36481493 – CEP: 75815-000
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PROMOTORIA DE JUSTIÇA DE ITAJÁ
1.272, Setor Leste Universitário, na cidade e comarca de Goiânia, e
da ESPORA ENERGÉTICA S/A, pessoa jurídica de direito privado,
concessionária da UHE Espora, com endereço na rua 104, nº 454,
sala 03, mezanino, Setor Sul, na cidade e comarca de Goiânia,
consoante razões de fato e de direito que passa a expender.
1 - ARCABOUÇO FÁTICO
Anote-se, preambularmente, que, conforme noticiado em
rede jornalística de âmbito nacional, no dia 30 de janeiro de 2008,
durante a madrugada, a barragem, localizada no rio Corrente, nos
municípios de Aporé-GO e Serranópolis-GO, rompeu-se, ocasionando
o transbordamento das águas por ela represadas.
Impõe sublinhar que o infausto sinistro mencionado, em
razão de sua pujança, infligiu ao meio ambiente danos inestimáveis,
comprometendo a fauna, flora, solo, relevo e clima da região situada
nos arrabaldes dos municípios de Aporé-GO e Itarumã-GO.
Ressalte-se que, após a ocorrência do evento sobredito,
constatou-se, conforme laudo técnico preliminar emitido pelo Centro
de Apoio Operacional do Meio Ambiente, vinculado ao Ministério
Público, que a sociedade empresária “Espora Energética S/A” a
despeito de ter emitido relatórios em contrário, não cumpriu alguns
programas ambientais obrigatórios, quais sejam:
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“a-) não foi feita a supressão da vegetação da área que foi
inundada para formação do reservatório;
b-) não foi feita a recomposição da vegetação da Área de
Preservação Permanente do reservatório (faixa de 100 m),
tampouco providenciou-se seu isolamento;
c-) não foi executado o programa de recuperação das erosões
no entorno do reservatório”.
Ademais, a sociedade empresária Espora Energética S/A
alterou, ao que parece, injustificadamente, o projeto primevo de
engenharia da obra, adotando as seguintes mudanças:
a-) redução de três vertedouros (constantes no EIA) para
apenas dois;
b-) redução da cota da crista da barragem de 587,00m (EIA)
para 586,0m.
Por derradeiro, sobreveio o resultado da perícia efetivada
na barragem, da qual se infere que houve irregularidades no projeto
de engenharia ou mesmo na concretização da construção da
estrutura física.
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Registre-se que tal comportamento incauto, demonstrado
pela sociedade empresária, conspurca, incontestavelmente, a
suprema indenidade do meio ambiente envolvido no
empreendimento, fulgurando cogente a anulação do ato que outorgou
a licença ambiental originária.
2 - SUSTENTAÇÃO JURÍDICA
2.1 – LEGITIMIDADE DO MINISTÉRIO PÚBLICO
Consigne-se, inicialmente, que a Constituição Federal, em
seu art. 127, atribuiu ao Ministério Público o dever de defender os
direitos sociais e individuais indisponíveis, além de chancelar, em
seus arts. 225, que:
“Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente
equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia
qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o
dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras
gerações”.
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Com o intuito de robustecer os preceitos constitucionais,
sobreveio a Lei Complementar Estadual de Goiás nº 25/98,
preconizando, em seu art. 58, XV, que:
“Art. 58 - Além das atribuições previstas na Constituição
Federal, na Constituição Estadual, na Lei Orgânica Nacional do
Ministério Público e em outras leis, compete aos Promotores de
Justiça:
(...)XV – atuar como substituto processual, na defesa dos
interesses individuais e sociais indisponíveis, bem como aos
hipossuficientes, nos casos previstos em lei; (...)”
Avulta conveniente, outrossim, trasladar o teor do art. 91,
XVI, do mesmo estatuto legal, qual seja:
“Art. 91 - São deveres do membro do Ministério Público, além
de outros previstos em lei:
(...)XVI - atuar como substituto processual, na defesa dos
interesses individuais e sociais indisponíveis, bem como aos
hipossuficientes, nos casos previstos em lei e atender aos
interessados, a qualquer momento, nos casos urgentes, prestando-
lhes orientação jurídica; (...) “
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Revela-se irrefragável, nos dias hodiernos, o
reconhecimento do mister constitucional irrogado ao Ministério
Público, no intuito de assegurar o respeito aos direitos indisponíveis,
notadamente, daqueles concernentes ao meio ambiente sadio.
Gize-se, por oportuno, que ao Ministério Público incumbe,
uma vez vilipendiado o direito suso mencionado, interpor a
famigerada ação civil pública, cuja atuação não se funda em critérios
de conveniência e oportunidade, ao revés, ela ancora-se no dever de
agir diante de flagrante ilegalidade.
Pontifica-se que o Ministério Público detém legitimidade
para intentar ação civil pública para promover a defesa dos interesses
difusos e coletivos, de cujos direitos são titulares pessoas
indeterminadas.
Avaliza, a conclusão sobredita, a inolvidável ponderação
assentada pelo célebre estudioso Hugro Nilo Mazzilli, ao expor que:
“Em suma, vencidas essas polêmicas que brotaram quando da
sanção da LACP, o legislador ordinário e depois até mesmo o
constituinte consagraram a legitimação ativa do Ministério Público
para a defesa de interesses transindividuais, a qual é concorrente e
disjuntiva em relação aos demais legitimados.
Ao referir-se à legitimação ativa do Ministério Público, o art. 5º
da LACP e o art. 82 do CDC querem abranger não só o Ministério
Público da União como o de cada um dos Estados, conforme a
respectiva área de atuação funcional.
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Quando a lei confere legitimidade ao Ministério Público,
presume-lhe o interesse de agir, pois que a instituição está
identificada por princípio como defensora dos interesses
indisponíveis da sociedade como um todo. Assim, não há o juiz de
negar o interesse de agir do Ministério Público, cuja existência já foi
reconhecida pelo legislador, quando lhe cometeu a atribuição.
Entretanto, o interesse processual, em concreto, pode estar
ausente, quando, por exemplo, numa ação civil pública ambiental o
Ministério Público esteja pretendendo que se coloque o filtro na
chaminé de uma fábrica que já tenha encerrados suas atividades.
Nestes anos de vigência da LACP, muito dinâmica tem sido a
atuação do Ministério Público brasileiro em defesa de interesses
difusos e coletivos, pois, como já dissemos, das milhares de ações
já movidas desde que a Lei n. 7.347/85 entrou em vigor, a grande
maioria o foi por sua iniciativa. Em levantamento realizado pela
Corregedoria-Geral do Ministério Público de São Paulo sobre as
atividades dos membros da instituição junto à primeira instância,
ficou evidenciado o crescimento intenso do acesso coletivo à
jurisdição, especialmente pela iniciativa ministerial”. (MAZZILLI,
Hugo Nigro. A Defesa dos Interesses Difusos em Juízo. 20ª edição.
Editora Saraiva. São Paulo: 2007; p. 312/313)
Comunga da postura, acima propalada, o intrépido
posicionamento arquitetado pelos Egrégios Tribunais pátrios, a dizer:
“PROCESSO CIVIL. LEGITIMIDADE ATIVA DO MINISTÉRIO
PÚBLICO. SEGURO OBRIGATÓRIO DE DANOS PESSOAIS - DPVAT.
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DIREITO INDIVIDUAL HOMOGÊNEO. LEGITIMIDADE E INTERESSE
PROCESSUAIS CONFIGURADOS. - A LEI 7.347/85 SE APLICA A
QUAISQUER INTERESSES DIFUSOS E COLETIVOS, TAL COMO
DEFINIDOS NOS ARTS. 81 E 82, CDC, MESMO QUE TAIS
INTERESSES NÃO DIGAM RESPEITO A RELAÇÕES DE CONSUMO. -
O MINISTÉRIO PÚBLICO TEM LEGITIMIDADE PROCESSUAL
EXTRAORDINÁRIA PARA, EM SUBSTITUIÇÃO ÀS VÍTIMAS DE
ACIDENTES, PLEITEAR O RESSARCIMENTO DE INDENIZAÇÕES
DEVIDAS PELO SISTEMA DO SEGURO OBRIGATÓRIO DE DANOS
PESSOAIS – DPVAT, MAS PAGAS A MENOR. - A ALEGADA ORIGEM
COMUM A VIOLAR DIREITOS PERTENCENTES A UM NÚMERO
DETERMINADO DE PESSOAS, LIGADAS POR ESTA CIRCUNSTÂNCIA
DE FATO, REVELA O CARÁTER HOMOGÊNEO DOS INTERESSES
INDIVIDUAIS EM JOGO. INTELIGÊNCIA DO ART. 81, CDC. - OS
INTERESSES INDIVIDUAIS HOMOGÊNEOS SÃO CONSIDERADOS
RELEVANTES POR SI MESMOS, SENDO DESNECESSÁRIA A
COMPROVAÇÃO DESTA RELEVÂNCIA. PRECEDENTES. - PEDIDO,
ADEMAIS, CUMULADO COM O DE RESSARCIMENTO DE DANOS
MORAIS COLETIVOS, FIGURA QUE, EM COGNIÇÃO SUMÁRIA NÃO
EXAURIENTE, REVELA A PRETENSÃO A TUTELA DE DIREITO DIFUSO
EM RELAÇÃO À QUAL O MINISTÉRIO PÚBLICO TEM NOTÓRIO
INTERESSE E LEGITIMIDADE PROCESSUAL. - NÃO SENDO O
SEGURO OBRIGATÓRIO DE DANOS PESSOAIS – DPVAT
ASSEMELHADO AO FGTS, SUA TUTELA, POR MEIO DE AÇÃO CIVIL
PÚBLICA, NÃO ESTÁ VEDADA POR FORÇA DO PARÁGRAFO ÚNICO
DO ART. 1O DA LEI 7.347/85. RECURSO ESPECIAL NÃO
CONHECIDO”. (STJ – 3ª TURMA; FONTE: DJ 13.03.2008 P. 1;
PROCESSO: 2006/0119617-4; RELATOR: MINISTRA NANCY
ANDRIGHI; RESP 855165 / GO)
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“PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL. ADMINISTRATIVO.
CONSTITUCIONAL. AÇÃO CAUTELAR INOMINADA. LEGITIMATIO AD
CAUSAM DO PARQUET. ART. 127 DA CF/88. DIREITO À SAÚDE. 1. O
MINISTÉRIO PÚBLICO ESTÁ LEGITIMADO A DEFENDER OS
INTERESSES TRANSINDIVIDUAIS, QUAIS SEJAM OS DIFUSOS, OS
COLETIVOS E OS INDIVIDUAIS HOMOGÊNEOS. 2. É QUE A CARTA DE
1988, AO EVIDENCIAR A IMPORTÂNCIA DA CIDADANIA NO
CONTROLE DOS ATOS DA ADMINISTRAÇÃO, COM A ELEIÇÃO DOS
VALORES IMATERIAIS DO ART. 37, DA CF/1988 COMO TUTELÁVEIS
JUDICIALMENTE, COADJUVADOS POR UMA SÉRIE DE
INSTRUMENTOS PROCESSUAIS DE DEFESA DOS INTERESSES
TRANSINDIVIDUAIS, CRIOU UM MICROSSISTEMA DE TUTELA DE
INTERESSES DIFUSOS REFERENTES À PROBIDADE DA
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA, NELE ENCARTANDO-SE A AÇÃO
CAUTELAR INOMINADA, AÇÃO POPULAR, A AÇÃO CIVIL PÚBLICA E O
MANDADO DE SEGURANÇA COLETIVO, COMO INSTRUMENTOS
CONCORRENTES NA DEFESA DESSES DIREITOS ECLIPSADOS POR
CLÁUSULAS PÉTREAS. 3. DEVERAS, É MISTER CONCLUIR QUE A
NOVA ORDEM CONSTITUCIONAL ERIGIU UM AUTÊNTICO 'CONCURSO
DE AÇÕES' ENTRE OS INSTRUMENTOS DE TUTELA DOS INTERESSES
TRANSINDIVIDUAIS E, A FORTIORI, LEGITIMOU O MINISTÉRIO
PÚBLICO PARA O MANEJO DOS MESMOS. 4. LEGITIMATIO AD
CAUSAM DO MINISTÉRIO PÚBLICO À LUZ DA DICÇÃO FINAL DO
DISPOSTO NO ART. 127 DA CF/1988, QUE O HABILITA A DEMANDAR
EM PROL DE INTERESSES INDISPONÍVEIS. 5. SOB ESSE ENFOQUE A
CARTA FEDERAL OUTORGOU AO MINISTÉRIO PÚBLICO A
INCUMBÊNCIA DE PROMOVER A DEFESA DOS INTERESSES
INDIVIDUAIS INDISPONÍVEIS, PODENDO, PARA TANTO, EXERCER
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OUTRAS ATRIBUIÇÕES PREVISTAS EM LEI, DESDE QUE COMPATÍVEL
COM SUA FINALIDADE INSTITUCIONAL (CF/1988, ARTS. 127 E 129).
6. IN CASU, TRATA-SE DE AÇÃO CAUTELAR INOMINADA AJUIZADA
PELO MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL,
OBJETIVANDO QUE O MUNICÍPIO CUSTEIE AVALIAÇÃO DE
TRATAMENTO MÉDICO ESPECIALIZADO A PESSOA PORTADORA DE
VARIZES NOS MEMBROS INFERIORES COM INSUFICIÊNCIA VENOSA
BILATERAL, E RECURSO ESPECIAL INTERPOSTO CONTRA ACÓRDÃO
QUE DECIDIU PELA ILEGITIMIDADE ATIVA DO MINISTÉRIO PÚBLICO
PARA PLEITEAR DIREITO DE OUTREM QUE NÃO IDOSO, CRIANÇA OU
ADOLESCENTE. 7. O DIREITO À SAÚDE, INSCULPIDO NA
CONSTITUIÇÃO FEDERAL É DIREITO INDISPONÍVEL, EM FUNÇÃO DO
BEM COMUM, MAIOR A PROTEGER, DERIVADO DA PRÓPRIA FORÇA
IMPOSITIVA DOS PRECEITOS DE ORDEM PÚBLICA QUE REGULAM A
MATÉRIA. 8. OUTROSSIM, O ART. 6.º DO CPC CONFIGURA A
LEGALIDADE DA LEGITIMAÇÃO EXTRAORDINÁRIA COGNOMINADA
POR CHIOVENDA COMO "SUBSTITUIÇÃO PROCESSUAL". 9. IMPÕE-
SE, RESSALTAR QUE A JURISPRUDÊNCIA HODIERNA DO E. STJ
ADMITE AÇÃO INDIVIDUAL ACERCA DE DIREITO INDISPONÍVEL
CAPITANEADA PELO MP (PRECEDENTES: RESP 688052 / RS, DJ
17.08.2006; RESP 822712 / RS, DJ 17.04.2006; RESP 819010 / SP,
DJ 02.05.2006). 10. RECURSO ESPECIAL PROVIDO PARA
RECONHECER A LEGITIMIDADE ATIVA DO MINISTÉRIO PÚBLICO
ESTADUAL." (STJ – 1ª TURMA; FONTE: DJ 31.05.2007 P. 364;
PROCESSO: 2006/0027536-2; RELATOR: MINISTRO LUIZ
FUX; RESP 817710 / RS)
Desse modo, patenteia-se ululante a legitimidade do
Ministério Público para figurar no pólo ativo da presente demanda.
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2.1 – FUNDAMENTOS JURÍDICOS
2.1.1 – Direito fundamental ao meio ambiente
Introduz-se a coetânea abordagem asseverando que o
meio ambiente hospeda natureza de direito fundamental da
coletividade, dado o seu caráter difuso, configurando, sobretudo, o
baluarte do princípio da dignidade humana.
Extrai-se, do art. 225, da Constituição Federal, que o
meio ambiente pertence, iniludivelmente, à categoria dos direitos
fundamentais de terceira geração, os quais advêm do favônio
soprado pelo custo-benefício difundido pelo desenvolvimento
econômico “insustentável”.
Verifica-se, portanto, que a efetividade dos aludidos
direitos exora, irrefutavelmente, a cooperação do estado e da
coletividade anônima, os quais devem zelar pela proteção integral do
ambiente sadio e equilibrado.
Abona os preceitos, acima patenteados, o denso estudo
concretizado pelo impávido jurista Dirley da Cunha Júnior, cuja
transcrição literal franqueia que:
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“Os direitos fundamentais de terceira dimensão são recentes e
ainda se encontram em fase embrionária. Como resultado de novas
reivindicações do gênero humano, sobretudo ante o impacto
tecnológico e o estado contínuo de beligerância, esses direitos
caracterizam-se por destinarem-se à proteção, não do homem em
sua individualidade, mas do homem em coletividade social, sendo,
portanto de titularidade coletiva ou difusa. Compreendem o direito ao
meio ambiente ecologicamente equilibrado, o direito à segurança, o
direito à paz, o direito à solidariedade universal, ao reconhecimento
mútuo de direitos entre vários países, à comunicação, à
autodeterminação dos povos e ao desenvolvimento. São
denominados usualmente de direitos da solidariedade ou
fraternidade, em razão do interesse comum que liga e une as
pessoas e, de modo especial, em face de sua implicação universal, e
por exigirem esforços e responsabilidades em escala, até mesmo
mundial, para sua efetivação. Não têm por fim a liberdade ou a
igualdade, e sim preservar a própria existência do grupo.” (CUNHA
JR., Dirley. Curso de Direito Constitucional. Editora Juspodivm.
Salvador: 2008; p. 571).
Destarte, deduz-se que a norma constitucional,
concernente ao direito ao meio ambiente saudável, exala eficácia
plena, cuja aplicação efetiva-se de forma instantânea e
incondicionada, já que dotada de pujança normativa para engendrar
efeitos concretos independentemente de regramento posterior.
Advirta-se que não se pode abstrair eficácia plena à
referida norma constitucional, sob pena de arrostar o coevo estágio
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doutrinário e jurisprudencial acerca da efetividade dos direitos
fundamentais, notadamente, em função da disposição alojada no § 1º
do art. 5º, da Constituição Federal.
Trilha a aludida senda garantista, o escólio professado
pelo célebre jurista Ingo Wolfgang Sarlet, qual seja:
“Se, portanto, todas as normas constitucionais sempre são
dotadas de um mínimo de eficácia, no caso dos direitos
fundamentais, à luz do significado outorgado ao art. 5º, § 1º, de
nossa Lei Fundamental, pode afirmar-se que aos poderes públicos
incumbem a tarefa e o dever de extrair das normas que os
consagram (os direitos fundamentais) a maior eficácia possível,
outorgando-lhes, neste sentido, efeitos reforçados relativamente às
demais normas constitucionais, já que não há como desconsiderar a
circunstância de que a presunção da aplicabilidade imediata e plena
eficácia que milita em favor dos direitos fundamentais constitui, em
verdade, um dos esteios de sua fundamentalidade formal no âmbito
da Constituição. Assim, para além da aplicabilidade e eficácia
imediata de toda a Constituição, na condição de ordem jurídico-
normativa, percebe-se – na esteira de García de Enterría – que o art.
5º, § 1º, de nossa Lei Fundamental constitui, na verdade, um plus
agregado às normas definidoras de direitos fundamentais, que tem
por finalidade justamente a de ressaltar sua aplicabilidade imediata
independentemente de qualquer medida concretizadora. Poderá
afirmar-se, portanto, que – no âmbito de uma força jurídica reforçada
ao nível da Constituição – os direitos fundamentais possuem,
relativamente às demais normas constitucionais, maior aplicabilidade
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e eficácia, o que, por outro lado (consoante já assinalado), não
significa que mesmo dentre os direitos fundamentais não possam
existir distinções no que concerne à graduação desta aplicabilidade e
eficácia, dependendo da forma de positivação, do objeto e da função
que cada preceito desempenha. Negar-se aos direitos fundamentais
esta condição privilegiada significaria, em última análise, negar-lhes
a própria fundamentalidade. Não por outro motivo – isto é, pela sua
especial relevância na Constituição – já se afirmou que, em certo
sentido, os direitos fundamentais (e a estes poderíamos acrescentar
os princípios fundamentais) governam a ordem constitucional”.
(SARLET, Ingo Wolfgang. A Eficácia dos Direitos Fundamentais. 5ª
edição. Editora Livraria do Advogado; Porto Alegre: 2005; p.
271/272)
Pontifica-se, a propósito, que o Supremo Tribunal Federal
alinhou-se ao entendimento de que a interpretação da norma contida
no art. 225, da CF não pode relegá-la a plano secundário, ou seja,
em meros devaneios constitucionais, sob pena de se frustrar os
lídimos direitos fundamentais de terceira geração.
Ilustra-se o paradigma mencionado com a resoluta
jurisprudência, emanada do Egrégio Supremo Tribunal Federal, seja
ela:
“MEIO AMBIENTE - DIREITO À PRESERVAÇÃO DE SUA
INTEGRIDADE (CF, ART. 225) - PRERROGATIVA QUALIFICADA POR
SEU CARÁTER DE METAINDIVIDUALIDADE - DIREITO DE TERCEIRA
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GERAÇÃO (OU DE NOVÍSSIMA DIMENSÃO) QUE CONSAGRA O
POSTULADO DA SOLIDARIEDADE - NECESSIDADE DE IMPEDIR QUE
A TRANSGRESSÃO A ESSE DIREITO FAÇA IRROMPER, NO SEIO DA
COLETIVIDADE, CONFLITOS INTERGENERACIONAIS - ESPAÇOS
TERRITORIAIS ESPECIALMENTE PROTEGIDOS (CF, ART. 225, § 1º,
III) - ALTERAÇÃO E SUPRESSÃO DO REGIME JURÍDICO A ELES
PERTINENTE - MEDIDAS SUJEITAS AO PRINCÍPIO CONSTITUCIONAL
DA RESERVA DE LEI - SUPRESSÃO DE VEGETAÇÃO EM ÁREA DE
PRESERVAÇÃO PERMANENTE - POSSIBILIDADE DE A
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA, CUMPRIDAS AS EXIGÊNCIAS LEGAIS,
AUTORIZAR, LICENCIAR OU PERMITIR OBRAS E/OU ATIVIDADES
NOS ESPAÇOS TERRITORIAIS PROTEGIDOS, DESDE QUE
RESPEITADA, QUANTO A ESTES, A INTEGRIDADE DOS ATRIBUTOS
JUSTIFICADORES DO REGIME DE PROTEÇÃO ESPECIAL - RELAÇÕES
ENTRE ECONOMIA (CF, ART. 3º, II, C/C O ART. 170, VI) E ECOLOGIA
(CF, ART. 225) - COLISÃO DE DIREITOS FUNDAMENTAIS -
CRITÉRIOS DE SUPERAÇÃO DESSE ESTADO DE TENSÃO ENTRE
VALORES CONSTITUCIONAIS RELEVANTES - OS DIREITOS BÁSICOS
DA PESSOA HUMANA E AS SUCESSIVAS GERAÇÕES (FASES OU
DIMENSÕES) DE DIREITOS (RTJ 164/158, 160-161) - A QUESTÃO DA
PRECEDÊNCIA DO DIREITO À PRESERVAÇÃO DO MEIO AMBIENTE:
UMA LIMITAÇÃO CONSTITUCIONAL EXPLÍCITA À ATIVIDADE
ECONÔMICA (CF, ART. 170, VI) - DECISÃO NÃO REFERENDADA -
CONSEQÜENTE INDEFERIMENTO DO PEDIDO DE MEDIDA CAUTELAR.
A PRESERVAÇÃO DA INTEGRIDADE DO MEIO AMBIENTE: EXPRESSÃO
CONSTITUCIONAL DE UM DIREITO FUNDAMENTAL QUE ASSISTE À
GENERALIDADE DAS PESSOAS. - TODOS TÊM DIREITO AO MEIO
AMBIENTE ECOLOGICAMENTE EQUILIBRADO. TRATA-SE DE UM
TÍPICO DIREITO DE TERCEIRA GERAÇÃO (OU DE NOVÍSSIMA
DIMENSÃO), QUE ASSISTE A TODO O GÊNERO HUMANO (RTJ
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158/205-206). INCUMBE, AO ESTADO E À PRÓPRIA COLETIVIDADE,
A ESPECIAL OBRIGAÇÃO DE DEFENDER E PRESERVAR, EM
BENEFÍCIO DAS PRESENTES E FUTURAS GERAÇÕES, ESSE DIREITO
DE TITULARIDADE COLETIVA E DE CARÁTER TRANSINDIVIDUAL (RTJ
164/158-161). O ADIMPLEMENTO DESSE ENCARGO, QUE É
IRRENUNCIÁVEL, REPRESENTA A GARANTIA DE QUE NÃO SE
INSTAURARÃO, NO SEIO DA COLETIVIDADE, OS GRAVES CONFLITOS
INTERGENERACIONAIS MARCADOS PELO DESRESPEITO AO DEVER
DE SOLIDARIEDADE, QUE A TODOS SE IMPÕE, NA PROTEÇÃO DESSE
BEM ESSENCIAL DE USO COMUM DAS PESSOAS EM GERAL.
DOUTRINA. A ATIVIDADE ECONÔMICA NÃO PODE SER EXERCIDA EM
DESARMONIA COM OS PRINCÍPIOS DESTINADOS A TORNAR EFETIVA
A PROTEÇÃO AO MEIO AMBIENTE. - A INCOLUMIDADE DO MEIO
AMBIENTE NÃO PODE SER COMPROMETIDA POR INTERESSES
EMPRESARIAIS NEM FICAR DEPENDENTE DE MOTIVAÇÕES DE
ÍNDOLE MERAMENTE ECONÔMICA, AINDA MAIS SE SE TIVER
PRESENTE QUE A ATIVIDADE ECONÔMICA, CONSIDERADA A
DISCIPLINA CONSTITUCIONAL QUE A REGE, ESTÁ SUBORDINADA,
DENTRE OUTROS PRINCÍPIOS GERAIS, ÀQUELE QUE PRIVILEGIA A
"DEFESA DO MEIO AMBIENTE" (CF, ART. 170, VI), QUE TRADUZ
CONCEITO AMPLO E ABRANGENTE DAS NOÇÕES DE MEIO AMBIENTE
NATURAL, DE MEIO AMBIENTE CULTURAL, DE MEIO AMBIENTE
ARTIFICIAL (ESPAÇO URBANO) E DE MEIO AMBIENTE LABORAL.
DOUTRINA. OS INSTRUMENTOS JURÍDICOS DE CARÁTER LEGAL E DE
NATUREZA CONSTITUCIONAL OBJETIVAM VIABILIZAR A TUTELA
EFETIVA DO MEIO AMBIENTE, PARA QUE NÃO SE ALTEREM AS
PROPRIEDADES E OS ATRIBUTOS QUE LHE SÃO INERENTES, O QUE
PROVOCARIA INACEITÁVEL COMPROMETIMENTO DA SAÚDE,
SEGURANÇA, CULTURA, TRABALHO E BEM-ESTAR DA POPULAÇÃO,
ALÉM DE CAUSAR GRAVES DANOS ECOLÓGICOS AO PATRIMÔNIO
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AMBIENTAL, CONSIDERADO ESTE EM SEU ASPECTO FÍSICO OU
NATURAL. A QUESTÃO DO DESENVOLVIMENTO NACIONAL (CF, ART.
3º, II) E A NECESSIDADE DE PRESERVAÇÃO DA INTEGRIDADE DO
MEIO AMBIENTE (CF, ART. 225): O PRINCÍPIO DO
DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL COMO FATOR DE OBTENÇÃO DO
JUSTO EQUILÍBRIO ENTRE AS EXIGÊNCIAS DA ECONOMIA E AS DA
ECOLOGIA. - O PRINCÍPIO DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL,
ALÉM DE IMPREGNADO DE CARÁTER EMINENTEMENTE
CONSTITUCIONAL, ENCONTRA SUPORTE LEGITIMADOR EM
COMPROMISSOS INTERNACIONAIS ASSUMIDOS PELO ESTADO
BRASILEIRO E REPRESENTA FATOR DE OBTENÇÃO DO JUSTO
EQUILÍBRIO ENTRE AS EXIGÊNCIAS DA ECONOMIA E AS DA
ECOLOGIA, SUBORDINADA, NO ENTANTO, A INVOCAÇÃO DESSE
POSTULADO, QUANDO OCORRENTE SITUAÇÃO DE CONFLITO ENTRE
VALORES CONSTITUCIONAIS RELEVANTES, A UMA CONDIÇÃO
INAFASTÁVEL, CUJA OBSERVÂNCIA NÃO COMPROMETA NEM
ESVAZIE O CONTEÚDO ESSENCIAL DE UM DOS MAIS
SIGNIFICATIVOS DIREITOS FUNDAMENTAIS: O DIREITO À
PRESERVAÇÃO DO MEIO AMBIENTE, QUE TRADUZ BEM DE USO
COMUM DA GENERALIDADE DAS PESSOAS, A SER RESGUARDADO
EM FAVOR DAS PRESENTES E FUTURAS GERAÇÕES. O ART. 4º DO
CÓDIGO FLORESTAL E A MEDIDA PROVISÓRIA Nº 2.166-67/2001:
UM AVANÇO EXPRESSIVO NA TUTELA DAS ÁREAS DE PRESERVAÇÃO
PERMANENTE. - A MEDIDA PROVISÓRIA Nº 2.166-67, DE
24/08/2001, NA PARTE EM QUE INTRODUZIU SIGNIFICATIVAS
ALTERAÇÕES NO ART. 4O DO CÓDIGO FLORESTAL, LONGE DE
COMPROMETER OS VALORES CONSTITUCIONAIS CONSAGRADOS NO
ART. 225 DA LEI FUNDAMENTAL, ESTABELECEU, AO CONTRÁRIO,
MECANISMOS QUE PERMITEM UM REAL CONTROLE, PELO ESTADO,
DAS ATIVIDADES DESENVOLVIDAS NO ÂMBITO DAS ÁREAS DE
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PRESERVAÇÃO PERMANENTE, EM ORDEM A IMPEDIR AÇÕES
PREDATÓRIAS E LESIVAS AO PATRIMÔNIO AMBIENTAL, CUJA
SITUAÇÃO DE MAIOR VULNERABILIDADE RECLAMA PROTEÇÃO MAIS
INTENSA, AGORA PROPICIADA, DE MODO ADEQUADO E COMPATÍVEL
COM O TEXTO CONSTITUCIONAL, PELO DIPLOMA NORMATIVO EM
QUESTÃO. - SOMENTE A ALTERAÇÃO E A SUPRESSÃO DO REGIME
JURÍDICO PERTINENTE AOS ESPAÇOS TERRITORIAIS
ESPECIALMENTE PROTEGIDOS QUALIFICAM-SE, POR EFEITO DA
CLÁUSULA INSCRITA NO ART. 225, § 1º, III, DA CONSTITUIÇÃO,
COMO MATÉRIAS SUJEITAS AO PRINCÍPIO DA RESERVA LEGAL. - É
LÍCITO AO PODER PÚBLICO - QUALQUER QUE SEJA A DIMENSÃO
INSTITUCIONAL EM QUE SE POSICIONE NA ESTRUTURA FEDERATIVA
(UNIÃO, ESTADOS-MEMBROS, DISTRITO FEDERAL E MUNICÍPIOS) -
AUTORIZAR, LICENCIAR OU PERMITIR A EXECUÇÃO DE OBRAS E/OU
A REALIZAÇÃO DE SERVIÇOS NO ÂMBITO DOS ESPAÇOS
TERRITORIAIS ESPECIALMENTE PROTEGIDOS, DESDE QUE, ALÉM DE
OBSERVADAS AS RESTRIÇÕES, LIMITAÇÕES E EXIGÊNCIAS
ABSTRATAMENTE ESTABELECIDAS EM LEI, NÃO RESULTE
COMPROMETIDA A INTEGRIDADE DOS ATRIBUTOS QUE
JUSTIFICARAM, QUANTO A TAIS TERRITÓRIOS, A INSTITUIÇÃO DE
REGIME JURÍDICO DE PROTEÇÃO ESPECIAL (CF, ART. 225, § 1º,
III)”. (STF – TRIBUNAL PLENO; FONTE: DJ 03-02-2006
PP-00014 EMENT VOL-02219-03 PP-00528; RELATOR:
MINISTRO CELSO DE MELLO; ADI-MC 3540 / DF - DISTRITO
FEDERAL)
Assim, o direito ao meio ambiente, em função de seu
caráter fundamental, não pode ser sonegado à coletividade,
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conquanto ele hasteia a flâmula da essencialidade, do qual propaga
eficácia plena.
2.2.2 – Anulação do ato que concedeu a Licença
Ambiental
Quadra advertir, primordialmente, que o ato que
concedeu a licença ambiental de operação à Espora Energética S.A.,
alardeia caráter administrativo, posto que emanado da Agência
Goiana do Meio Ambiente, autarquia estadual, sob o regime de direito
público.
Desse modo, o ato supra acenado deve constituir-se dos
elementos necessários à sua existência, bem como suster-se nos
requisitos de validade, a fim de que irradie plena eficácia no mundo
jurídico.
Aquilata-se, num primeiro momento, os elementos
atinentes ao ato administrativo em epígrafe, quais sejam: o sujeito
reside na Agência Goiana do Meio Ambiente; a forma adotada é
escrita; o motivo incide na satisfação dos pressupostos para
exploração da atividade econômica; o objeto corresponde à
concessão da licença; a finalidade reporta-se à preservação dos
interesses públicos.
Por outra parte, impõe explorar eventual observância dos
requisitos de validade, sejam eles: sujeito competente recai no
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presidente da Agência Goiana do Meio Ambiente (art. 25, inciso IX,
do Decreto Estadual nº 5.226/2000); a forma manejada não arrostou
qualquer norma legal, exibindo caráter escrito; o objeto apresentou-
se lícito e possível, já que descrito no próprio Decreto acima
mencionado; a finalidade tutelou os interesses públicos ao permitir a
geração de energia elétrica; em contrapeso, ensancha analisar,
separadamente, o motivo do ato.
Certifique-se que o motivo constitui pressuposto de fato e
de direito do ato administrativo. Em outras palavras, o motivo
precede a prática do ato, tornando-se um norte para a administração
pública.
Impele anunciar que o ato administrativo que hospede
motivo em desacordo com a realidade, padece da pecha insanável da
nulidade, consoante alvitra a Teoria dos Motivos Determinantes.
Propugna, tal teoria, que uma vez declarado o motivo
deflagrador do ato administrativo, vincula-se a Administração Pública
à veracidade da declaração exteriorizada, sob pena de nulidade.
Averba-se, propositadamente, o insuperável arroubo
cognitivo bosquejado pelo nobre administrativista Celso Antônio
Bandeira de Mello, seja ele:
“A propósito dos motivos e da motivação, é conveniente,
ainda, lembrar a “teoria dos motivos determinantes”.
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De acordo com esta teoria, os motivos que determinaram a
vontade do agente, isto é, os fatos que serviram de suporte à sua
decisão, integram a validade do ato. Sendo assim, a invocação de
“motivos de fato” falsos, inexistentes ou incorretamente qualificados
vicia o ato mesmo quando, conforme já se disse, a lei não haja
estabelecido, antecipadamente, os motivos que ensejariam a prática
do ato. Uma vez enunciados pelo agente os motivos em que se
calçou, ainda quando a lei não haja expressamente imposto a
obrigação de enunciá-los, o ato só será válido se estes realmente
ocorreram e o justificavam”. (MELLO, Celso Antônio Bandeira de.
Curso de Direito Administrativo. 23ª edição. Editora Malheiros. São
Paulo: 2007; p. 388)
Ovaciona-se a versão acima descortinada com a
destemida interpretação jurisprudencial, ei-la:
RECURSO ESPECIAL. ADMINISTRATIVO. MILITAR
TEMPORÁRIO. LICENCIAMENTO. ATO DISCRICIONÁRIO. RAZÕES.
TEORIA DOS MOTIVOS DETERMINANTES. VINCULAÇÃO. VÍCIO.
ANULAÇÃO. MOLÉSTIA. INCAPACIDADE DEFINITIVA. REFORMA EX
OFFICIO. I - APESAR DE O ATO DE LICENCIAMENTO DE MILITAR
TEMPORÁRIO SE SUJEITAR À DISCRICIONARIEDADE DA
ADMINISTRAÇÃO, É POSSÍVEL A SUA ANULAÇÃO QUANDO O
MOTIVO QUE O CONSUBSTANCIA ESTÁ EIVADO DE VÍCIO. A
VINCULAÇÃO DO ATO DISCRICIONÁRIO ÀS SUAS RAZÕES BASEIA-
SE NA TEORIA DOS MOTIVOS DETERMINANTES. II - É INCAPAZ
DEFINITIVAMENTE PARA O SERVIÇO ATIVO DAS FORÇAS
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ARMADAS, PARA EFEITOS DE REFORMA EX OFFICIO (ART. 106, II,
DA LEI Nº 6.880/80), O MILITAR QUE É PORTADOR DE SÍNDROME
DEFINIDA NO ART. 1º, INCISO I, ALÍNEA "C", DA LEI Nº 7.670/88.
RECURSO CONHECIDO E DESPROVIDO. (STJ; 5ª TURMA; FONTE:
DJ 01.07.2005 P. 621; PROCESSO: 2005/0024122-6;
RELATOR: MINISTRO FELIX FISCHER; RESP 725537 / RS
RECURSO EM MANDADO DE SEGURANÇA. ADMINISTRATIVO.
SERVIÇO DE DESPACHANTE. PENALIDADE. CASSAÇÃO DE SEU
CREDENCIAMENTO JUNTO AO DETRAN. TEORIA DOS MOTIVOS
DETERMINANTES. INOBSERVÂNCIA AOS PRINCÍPIOS DA
PROPORCIONALIDADE E DA INDIVIDUALIZAÇÃO DA PENA.
AUSÊNCIA DE MOTIVAÇÃO E DE FUNDAMENTAÇÃO. DECISÃO NULA
DE PLENO DIREITO. I - OS MOTIVOS QUE DETERMINARAM A
VONTADE DO AGENTE PÚBLICO, CONSUBSTANCIADOS NOS FATOS
QUE SERVIRAM DE SUPORTE À SUA DECISÃO, INTEGRAM A
VALIDADE DO ATO, EIS QUE A ELE SE VINCULAM VISCERALMENTE.
É O QUE REZA A PRESTIGIADA TEORIA DOS MOTIVOS
DETERMINANTES. II - A SANÇÃO, AINDA QUE ADMINISTRATIVA,
NÃO PODE, EM HIPÓTESE ALGUMA, ULTRAPASSAR EM ESPÉCIE OU
QUANTIDADE O LIMITE DA CULPABILIDADE DO AUTOR DO FATO. A
AFRONTA OU A NÃO-OBSERVÂNCIA DO PRINCÍPIO DA
PROPORCIONALIDADE DA PENA NO PROCEDIMENTO
ADMINISTRATIVO IMPLICA EM DESVIO DE FINALIDADE DO AGENTE
PÚBLICO, TORNANDO A SANÇÃO APLICADA ILEGAL E SUJEITA A
REVISÃO DO PODER JUDICIÁRIO. III - DECISÃO DA AUTORIDADE
COATORA QUE, PELA AUSÊNCIA DE FUNDAMENTAÇÃO, AFRONTA O
DISPOSTO NO ART. 38, § 1.º, DA LEI N.º 9.784/99, IMBUINDO-A,
PORTANTO, DE VICISSITUDES QUE A INVALIDAM. IV - RECURSO
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CONHECIDO E PROVIDO. (STJ – 2ª TURMA; FONTE: DJ
22.04.2002 P. 183; PROCESSO: 2001/0101563-0; RELATOR:
MINISTRA LAURITA VAZ; RMS 13617 / MG)
Confere-se, por oportuno, que o motivo alegado pela ré
Espora Energética S.A., para a consecução da licença, consistiu na
demonstração fática dos requisitos para autorização do
empreendimento, apresentando, para tanto, projeto construtivo ou
levantamento topográfico da barragem com A.R.T com Carimbo do
CREA-GO.
No entanto, observou-se, após o rompimento parcial da
barragem, conforme delata o laudo pericial, acostado na exordial, que
houve falha no projeto ou na própria execução da obra, denotando,
por conseguinte, franca dissonância com o motivo aventado para a
obtenção da licença ambiental.
Em suma, apura-se que ocorreu vício no motivo
apresentado pela ré Espora Energética S.A., acoimando o ato
administrativo no seu nascedouro, cuja mácula enseja sua anulação.
Pode-se asseverar, veementemente, que incumbe à
Administração Pública, no exercício do poder de autotutela, anular os
atos administrativos ilegais e revogar aqueles que, apesar de válidos,
tornem-se inconvenientes ao interesse público.
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Divisa-se, nessa hipótese, o mister fiscalizatório, que
recai sobre a Administração Pública, cujo ofício reside na constante
busca pelo bem-estar coletivo.
Suscita-se, por imprescindível, o teor do verbete
concernente à Súmula nº 473, emanada do Supremo Tribunal
Federal, seja ele:
SÚMULA Nº 473: “A ADMINISTRAÇÃO PODE ANULAR SEUS
PRÓPRIOS ATOS, QUANDO EIVADOS DE VÍCIOS QUE OS TORNAM
ILEGAIS, PORQUE DELES NÃO SE ORIGINAM DIREITOS; OU
REVOGÁ-LOS, POR MOTIVO DE CONVENIÊNCIA OU
OPORTUNIDADE, RESPEITADOS OS DIREITOS ADQUIRIDOS, E
RESSALVADA, EM TODOS OS CASOS, A APRECIAÇÃO
JUDICIAL”. (grifo nosso)
Assoalha, de forma percuciente, a proposição adrede
mencionada, a tórrida lição professada pelos ilustres juristas Marcelo
Alexandrino e Vicente Paulo, cuja transcrição revela:
“O princípio da autotutela instrumentaliza a Administração
para a revisão de seus próprios atos, assegurando um meio
adicional de controle da atuação da Administração e reduzindo o
congestionamento do Poder Judiciário. É um princípio implícito, que
decorre da natureza da atividade administrativa e de princípios
expressos que a informam, especialmente o princípio da legalidade.
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A Administração Pública, no desempenho de suas múltiplas
atividades, está sujeita a erros; nessas hipóteses, ela mesma pode
(e deve) tomar a iniciativa de repará-los, a fim de restaurar a
situação de regularidade e zelar pelo interesse público.
Não precisa, portanto, a Administração ser provocada para o
fim de rever seus atos ilegais. Pode fazê-lo de ofício. Nesse aspecto,
difere do controle judicial o controle administrativo decorrente da
autotutela, uma vez que para a realização daquele o Poder
Judiciário necessita sempre ser provocado.
Como já mencionamos, não é somente em relação a atos
ilegais que a Administração exerce o poder-dever de autotutela,
anulando-os. Os atos válidos, sem qualquer vício, que, no entender
da Administração, se tornarem inconvenientes ao interesse público
também podem ser retirados do mundo jurídico em decorrência da
autotutela. Nessa hipótese, de revogação de um ato válido que se
tornou inconveniente, somente a própria Administração que editou
o ato tem a possibilidade de controle”. (ALEXANDRINO, Marcelo.
PAULO, Vicente. Direito Administrativo. 6ª edição. Editora Impetus.
Niterói-RJ: 2005; p. 119)
Entrementes, o ordenamento jurídico pátrio adotou o
sistema de jurisdição única, brandido pelo direito inglês, cuja
premissa cardeal reside na possibilidade de o Judiciário anular os atos
administrativos, acoimados pela mácula da ilegalidade.
Entremostra-se patente a presença de duas situações
aptas a abalizar a anulação do ato que concedeu a Licença Ambiental
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de Operação, quais sejam: a inobservância do cumprimento dos
programas ambientais obrigatórios, bem assim a criação de fatores
hábeis a desencadear o comprometimento da higidez ambiental.
Ora, os fatos sobreditos amoldam-se ao art. 19, I e III,
da Resolução nº 237/97, editada pelo CONAMA, cuja redação literal
aponta:
“Art. 19 - O órgão ambiental competente, mediante decisão
motivada, poderá modificar os condicionantes e as medidas de
controle e adequação, suspender ou cancelar uma licença expedida,
quando ocorrer:
I - Violação ou inadequação de quaisquer condicionantes ou
normas legais.
II - Omissão ou falsa descrição de informações relevantes que
subsidiaram a expedição da licença.
III - superveniência de graves riscos ambientais e de saúde”.
Borbotou, inelutavelmente, a ilegalidade contaminando o
ato administrativo em questão, conquanto a sociedade empresária
Espora Energética S.A. infringiu condicionantes estipuladas para a
concessão da licença ambiental e, além disso, edificou a barragem da
usina em desacordo com as normas técnicas, o que ocasionou o seu
rompimento e, em conseqüência, os notórios danos aos meio
ambiente.
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Compete, portanto, ao Poder Judiciário, anular o aludido
ato, com fulcro na ilegalidade, haja vista que a ré Espora Energética
S.A. não se desincumbiu da efetivação dos programas ambientais
obrigatórios e, além disso, deparou-se com falsidade no motivo, que
abalizava a concessão da licença.
Endossa a ilação, acima exposta, o aguerrido escólio
propalado pelo erudito estudioso Paulo Affonso Leme Machado, cuja
reprodução sinaliza:
“A resolução 237/97 – CONAMA arrolou os fundamentos da
suspensão ou do cancelamento da licença expedida: violação ou
inadequação de quaisquer condicionantes ou normas legais;
omissão ou falsa descrição de informações relevantes e
superveniência de graves riscos para a saúde e para o meio
ambiente (art. 19)”. (MACHADO, Paulo Affonso Leme. Direito
Ambiental Brasileiro. 15ª edição. Editora Malheiros. São Paulo:
2007; p. 282)
Assinale-se que a tutela do meio ambiente depende,
sobremodo, na hipótese em apreço, da anulação do ato
administrativo, que concedeu a Licença Ambiental de Operação para
a UHE Espora, em razão do vício de motivo, descrito em linhas
recuadas.
Urge, por oportuno, sacramentar, cabalmente, a idéia
descortinada, bradando pela anulação do ato administrativo, em
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comento, certificando que a concessão de nova licença pressupõe o
cumprimento integral das obrigações descumpridas.
2.2.3 – Antecipação dos efeitos da tutela
Permite-se assegurar, pacificamente, que, no atual
estágio de evolução do Processo Civil, torna-se possível, em qualquer
ação, pleitear e obter a antecipação dos efeitos da tutela principal,
desde que preenchidos os requisitos exorados no art. 273, do Código
de Processo Civil.
Submeter-se-á o caso em epígrafe à demonstração dos
requisitos inventariados no art. 273, do Código de Processo Civil,
visto que se aplicam, subsidiariamente, os mandamentos contidos
naquele compêndio normativo, nas hipóteses não contempladas pela
Lei nº 7.347/85, senão vejamos.
Comprova-se a verossimilhança da alegação através das
cópias do inquérito civil, que acompanham a inicial, as quais
franqueiam que houve negligência da sociedade empresária Espora
Energética, ao edificar a barragem olvidando das normas técnicas de
engenharia, bem assim, no instante em que se furtou no
cumprimento de programas ambientais obrigatórios.
Lado outro, divulga-se o fundado receio de dano
irreparável ou de difícil reparação na possibilidade de a sociedade
empresária sobredita reconstruir a barragem, com base na licença
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ambiental de operação vigente, cuja validade foi sepultada pelo
comportamento claudicante na edificação primeva.
Quadra, a propósito, brandir o laudável tirocínio provindo
dos preclaros juristas Marinoni e Arenhart, cujo traslado textual
informa:
“A verossimilhança a ser exigida pelo juiz, contudo, deve
considerar: (i) o valor do bem jurídico ameaçado, (ii) a dificuldade de
o autor provar sua alegação, (iii) a credibilidade da alegação, de
acordo com as regras de experiência, e (iv) a própria urgência
descrita. Quando se fala em antecipação da tutela, pensa-se em uma
tutela que deve ser prestada em tempo inferior àquele que será
necessário para o término do procedimento. Como a principal
responsável pelo gasto de tempo no processo é a produção de prova,
admite-se que a tutela seja concedida antes que as provas
requeridas pelas partes tenham sido produzidas (tutela antecipada).
Nesse sentido, afirma-se que a tutela é concedida com a
postecipação da produção da prova, ou com a postecipação do
contraditório. Em casos como estes, “prova inequívoca” somente
pode significar a prova formalmente perfeita, cujo tempo para
produção não é incompatível com a imediatidade em que a tutela
deve ser concedida”. (MARINONI, Luiz Guilherme. ARENHART, Sérgio
Cruz. Manual do Processo do Conhecimento. 5ª edição. Editora
Revista dos Tribunais. São Paulo: 2006; p. 216)
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Admoeste-se, por derradeiro, que não se pode aguardar a
oitiva das partes adversas, para a outorga antecipação da tutela,
porquanto a vagarosidade no procedimento arrostará a eficácia da
providência pleiteada.
Urge, por oportuno, sacramentar, cabalmente, a idéia
descortinada, através da aguerrida cognição jurisprudencial, a saber:
“AGRAVO DE INSTRUMENTO. ASSINATURA BASICA MENSAL
DE TELEFONIA FIXA. AUSENCIA DE CONEXAO. COMPETENCIA DA
JUSTICA ESTADUAL. POSSIBILIDADE JURIDICA DO PEDIDO.
ANTECIPACAO DA TUTELA. INVERSAO DO ONUS DA PROVA.
PRESENCA DOS REQUISITOS LEGAIS. I - CONFORME PRECEDENTE
DO COLENDO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTICA E DESTA CORTE DE
JUSTICA E DE SER REJEITADA A ALEGACAO DE CONEXAO DA ACAO
DE CONSUMIDORES QUESTIONANDO A VALIDADE DA CHAMADA
'ASSINATURA BASICA MENSAL' DE TELEFONIA FIXA COM ACAO
CIVIL PUBLICA PROPOSTA PELO MINISTERIO PUBLICO JUNTO A
JUSTICA FEDERAL, EIS QUE A COMPETENCIA ABSOLUTA NAO PODE
SER MODIFICADA POR CONEXAO, CONSIDERANDO AINDA QUE, NOS
TERMOS DO ARTIGO 104 DO CODIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR,
A ACAO INDIVIDUAL PODE TER CURSO INDEPENDENTE DA ACAO
COLETIVA SO SE SUSPENDENDO POR INICIATIVA DO SEU AUTOR E,
NAO HAVENDO PEDIDO DE SUSPENSAO, A ACAO INDIVIDUAL NAO
LOGRE EFEITOS ALGUM DO RESULTADO DA ACAO COLETIVA, AINDA
QUE JULGADA PROCEDENTE; II - TRATANDO-SE DE RELACAO
JURIDICA INSTAURADA EM ACAO ENTRE A EMPRESA
CONCESSIONARIA DE SERVICO PUBLICO FEDERAL E USUARIOS, EM
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QUE NAO HA INTERESSE DA ANATEL, DA UNIAO OU QUALQUER
ENTE PUBLICO FEDERAL E DE SER MANTIDA A COMPETENCIA DA
JUSTICA ESTADUAL PARA PROCESSAR E JULGAR O FEITO; III - SE A
PRETENSAO EXTERNADA EXISTE NA ORDEM JURIDICA COMO
ADMISSIVEL OU PELO MENOS NAO SEJA EXPRESSAMENTE
PROIBIDA, NAO HA QUE SE FALAR EM IMPOSSIBILIDADE JURIDICA
DO PEDIDO; IV - NAO SE MOSTRANDO ILEGAL OU TERATOLOGICA A
DECISAO MONOCRATICA E PRESENTES OS PRESSUPOSTOS DO
ARTIGO 273, IMPOE-SE A MANUTENCAO DA ANTECIPACAO DA
TUTELA CONCEDIDA PELO JUIZO A QUO; V - DETERMINADA DE
OFICIO, NOS TERMOS DO ARTIGO 798 DO CPC, O DEPOSITO
JUDICIAL DO VALOR REFERENTE A ASSINATURA BASICA, ATE O
JULGAMENTO FINAL DA ACAO. VI - HAVENDO HIPOSSUFICIENCIA
DO CONSUMIDOR CARACTERIZADA PELO DESEQUILIBRIO
CONTRATUAL E DIFICULDADE TECNICA PARA PRODUZIR PROVAS,
DEVE SER CONCEDIDA PELO JUIZ A INVERSAO DO ONUS DA PROVA.
RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO." (TJGO – 4ª CÂMARA
CÍVEL; FONTE: DJ 52 de 18/03/2008; PROCESSO:
200702180399; COMARCA: APARECIDA DE GOIANIA;
RELATOR: DES. ALMEIDA BRANCO; AGRAVO DE
INSTRUMENTO 56322-9/180)
"AGRAVO DE INSTRUMENTO. ACAO CIVIL PUBLICA.
ANTECIPACAO DE TUTELA. PRESSUPOSTOS CONFIGURADOS.
NEPOTISMO. PRINCIPIOS CONSTITUCIONAIS DA ADMINISTRACAO
PUBLICA. RESOLUCAO DO CONSELHO NACIONAL DE JUSTICA.
PARAMETRO. INOBSTANTE A INEXISTENCIA DE PROIBICAO LEGAL
ESTRITA QUE IMPECA OS PODERES EXECUTIVO E LEGISLATIVO DE
CONTRATAR PARENTES PARA CARGOS DE CONFIANCA,
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PREPONDERAM OS PRINCIPIOS CONSTITUCIONAIS DA
MORALIDADE, IMPESSOALIDADE, EFICIENCIA E ISONOMIA, A
NORTEAREM AS CONTRATACOES DE SERVIDORES PELA
ADMINISTRACAO PUBLICA, EM QUAISQUER DAS ESFERAS DO
PODER PUBLICO. APESAR DE REITERADAMENTE CITADA, A
RESOLUCAO N. 07/05, DO CONSELHO NACIONAL DE JUSTICA,
CONSTITUI APENAS PARAMETRO NO COMBATE A PRATICA DO
NEPOTISMO, JA QUE O SEU PRINCIPAL PILAR ASSENTA-SE,
ESSENCIALMENTE, NA LEX MATER. OS CRITERIOS DE AFERICAO
PARA A ANTECIPACAO DA TUTELA ESTAO NA FACULDADE DO
JULGADOR QUE, EXERCITANDO O SEU LIVRE ARBITRIO, DECIDE
SOBRE A CONVENIENCIA OU NAO DA CONCESSAO, RESULTANDO
QUE TAIS PROVIMENTOS SOMENTE PODEM SER REVOGADOS CASO
FIQUE DEMONSTRADO A SUA ILEGALIDADE OU EVIDENCIADO O
ABUSO DE PODER POR PARTE DO MAGISTRADO, POR FALTA DE
SINTONIA COM AS PROVAS CARREADAS PARA OS AUTOS." (TJGO
– 3ª CAMARA CIVEL; FONTE: DJ 15139 de 06/12/2007;
PROCESSO: 200702400747; COMARCA: CAIAPONIA;
RELATOR: DES. FELIPE BATISTA CORDEIRO; AGRAVO DE
INSTRUMENTO: 56601-1/180)
3 – PEDIDOS
Ante o exposto, requer o Ministério Público:
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a-) a antecipação dos efeitos da tutela, sem ouvir a parte
contrária, para:
a.1-) anular o ato que concedeu a licença de operação à
sociedade empresária Espora Energética S.A;
a.2-) condicionar eventual concessão nova licença de
operação à renovação de Estudo de Impacto Ambiental com o
respectivo Relatório;
b-) a citação da ré para responder o presente, no prazo
de 15 (quinze) dias, caso lhe aprouver, advertindo-a das
conseqüências de eventual revelia (art. 297, art. 318 e art. 328,
todos do CPC).
c-) a procedência do pedido, com a confirmação de
eventual deferimento da antecipação dos efeitos da tutela, para
anular o ato que concedeu a licença de operação à sociedade
empresária Espora Energética S.A, em razão de vício de motivo,
determinando-se à ré AGMA, que a concessão de outra licença deve
condicionar-se à realização de novo Estudo de Impacto Ambiental,
com o respectivo Relatório de Impacto Ambiental.
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MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE GOIÁS
PROMOTORIA DE JUSTIÇA DE ITAJÁ
3 – PROVAS
Pretende provar o alegado por todas as provas permitidas
em direito, inclusive com os documentos que acompanham a
exordial.
4 – VALOR DA CAUSA
Atribui-se à causa o valor de R$ 415,00 (quatrocentos e
quinze reais), por estimativa.
Nestes termos
Pede deferimento.
Itajá, 16 de abril de 2008.
Daniela Lemos Salge Promotora de Justiça
Silvia Maria A. A. Reis Promotora de Justiça
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