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ESTADO DO MARANHÃO MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL 2ª PROMOTORIA DE JUSTIÇA ESPECIALIZADA NA DEFESA DOS DIREITOS DO CONSUMIDOR SECRETARIA DE ESTADO DOS DIREITOS HUMANOS, ASSISTÊNCIA SOCIAL E CIDADANIA GERÊNCIA DE PROTEÇÃO E DEFESA DO CONSUMIDOR EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA _____ VARA CÍVEL DA COMARCA DE SÃO LUÍS – MA GERÊNCIA DE PROTEÇÃO E DEFESA DO CONSUMIDOR DO MARANHÃO – PROCON/MA, órgão público estadual, vinculado à Secretaria de Direitos Humanos, Assistência Social e Cidadania, com sede à Rua do Egito, n.º 207, Centro, São Luís, Maranhão, por intermédio de seu representante legal, KLEBER JOSÉ TRINTA MOREIRA E LOPES, brasileiro, solteiro, inscrito no CPF nº 949.411.223-72, portador da cédula de identidade nº 788993976 SSP/MA, nomeado conforme publicação no Diário Oficial do Estado do Poder Executivo do Estado do Maranhão, Ano CVI, nº 046, datado de 06 de março de 2012, pág. 02, conforme cópia, em anexo; e o MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO MARANHÃO, por sua Representante Legal, Promotora de Justiça, titular da 2ª PROMOTORIA ESPECIALIZADA NA DEFESA DO CONSUMIDOR DA CAPITAL, com endereço na Avenida Daniel de La Touche, nº 2.800, Sala 77, Retorno da Cohama, nesta Capital, no uso de suas atribuições constitucionais, vem perante Vossa Excelência, com arrimo nos artigos 127 e 129, inciso III da Constituição Federal, artigos 1º, inciso II, 2º, 3º, 5º, inciso I e art.12, caput da Lei nº 7.347/85, artigos 81 parágrafo único, inciso III, 82, incisos I e III, 83, caput, 84, parágrafos 3º e 4º e 90, 1

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2ª PROMOTORIA DE JUSTIÇA ESPECIALIZADA NA DEFESA DOS DIREITOS DO CONSUMIDORSECRETARIA DE ESTADO DOS DIREITOS HUMANOS, ASSISTÊNCIA SOCIAL E CIDADANIA

GERÊNCIA DE PROTEÇÃO E DEFESA DO CONSUMIDOR

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA_____ VARA CÍVEL DA COMARCA DE SÃO LUÍS – MA

GERÊNCIA DE PROTEÇÃO E DEFESA DOCONSUMIDOR DO MARANHÃO – PROCON/MA, órgãopúblico estadual, vinculado à Secretaria de Direitos Humanos,Assistência Social e Cidadania, com sede à Rua do Egito, n.º207, Centro, São Luís, Maranhão, por intermédio de seurepresentante legal, KLEBER JOSÉ TRINTA MOREIRA ELOPES, brasileiro, solteiro, inscrito no CPF nº 949.411.223-72,portador da cédula de identidade nº 788993976 SSP/MA,nomeado conforme publicação no Diário Oficial do Estado doPoder Executivo do Estado do Maranhão, Ano CVI, nº 046,datado de 06 de março de 2012, pág. 02, conforme cópia, emanexo; e o MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DOMARANHÃO, por sua Representante Legal, Promotora deJustiça, titular da 2ª PROMOTORIA ESPECIALIZADA NADEFESA DO CONSUMIDOR DA CAPITAL, com endereço naAvenida Daniel de La Touche, nº 2.800, Sala 77, Retorno daCohama, nesta Capital, no uso de suas atribuiçõesconstitucionais, vem perante Vossa Excelência, com arrimo nosartigos 127 e 129, inciso III da Constituição Federal, artigos1º, inciso II, 2º, 3º, 5º, inciso I e art.12, caput da Lei nº7.347/85, artigos 81 parágrafo único, inciso III, 82,incisos I e III, 83, caput, 84, parágrafos 3º e 4º e 90,

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GERÊNCIA DE PROTEÇÃO E DEFESA DO CONSUMIDOR

caput, da Lei nº 8.078/90, e demais dispositivos legais deque tratam a matéria, propor a presente:

AÇÃO CIVIL PÚBLICACOM PEDIDO DE TUTELA ANTECIPADA

Em face das seguintes Instituições de Ensino:COLÉGIO ADVENTISTA DE SÃO LUÍS, estabelecido e sediadoà Avenida Daniel de La Touche, n.º 51, Maranhão Novo, SãoLuís/MA; COLÉGIO BATISTA, estabelecido e sediado à AvenidaSão Marçal, n.º 214-B, João Paulo, São Luís/MA; COLÉGIOAPLICAÇÃO, estabelecido e sediado Rua do Passeio, n.º 651,São Luís/MA; COLÉGIO APROVAÇÃO, estabelecido e sediadoRua Grande, n.º 1018, Centro, São Luís/MA; COLÉGIO O BOMPASTOR, estabelecido e sediado à Rua 06, Qd. 25, n.º 46,COHATRAC II, São Luís/MA; COLÉGIO DOM BOSCO LTDA.,estabelecido e sediado à Avenida Colares Moreira, n.º 443,Renascença II, São Luís/MA; Colégio Educator Ltda.,estabelecido e sediado à Avenida João Pessoa, n.º 437, Anil, SãoLuís/MA; COLÉGIO HENRIQUE DE LA ROQUE, estabelecido esediado à Rua do Passeio, n.º 490, Centro, São Luís/MA;COLÉGIO LITERATO LTDA., estabelecido e sediado à AvenidaMario Andreazza, n.º 10, Olho D’água, São Luís/MA; COLÉGIOPOSITIVO MARANHENSE LTDA., estabelecido e sediado àAvenida Guaxenduba, n.º 843, Centro, São Luís/MA; COLÉGIOSOLUÇÃO MARANHENSE LTDA., estabelecido e sediado àAvenida Contorno Leste, Qd. 22, n.º 02, COHATRAC IV, SãoLuís/MA; CENTRO DE ENSINO MONTESSORIANO REINOINFANTIL, estabelecido e sediado à Rua dos Sapotis II, n.º 01,Quadra 113, Renascença II, São Luís/MA; CENTRO DE ENSINOGEOALPHA, estabelecido e sediado à Avenida Daniel de LaTouche, n.º 06, Cohama, São Luís/MA; CENTRO DE ENSINO

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UPAON AÇU, estabelecido e sediado à Alameda D, n.º 05,Loteamento Quitandinha, Cohafuma, São Luís/MA; CENTROEDUCACIONAL COLMÉIA, estabelecido e sediado à Rua doAririzal, n.º 250, Turu, São Luís/MA; SISTEMA EDUCACIONALMASTER, estabelecido e sediado à Rua João Pessoa, n.º 391,Filipinho, São Luís/MA; COLÉGIO SANTA TERESA, estabelecidoe sediado à Rua do Egito, n.º 71, Centro, São Luís/MA;COLÉGIO SÃO MARCOS, estabelecido e sediado à Avenida dosHolandeses, s/n, Calhau, São Luís/MA; CENTRO DEEDUCAÇÃO INTERNACIONAL COC, estabelecido e sediado àAvenida dos Holandeses, Qd. 31, n.º 10, Calhau, São Luís/MA;ESCOLA CRESCIMENTO, estabelecido e sediado à Rua Mitra,n.º 21, Renascença II, São Luís/MA; MAPLE BEAR – ESCOLACANADENSE BILINGUE, estabelecido e sediado à Avenida doVale, Quadra 31, Lote 23, São Luís/MA, pelos motivos fáticos ejurídicos a seguir expostos.

I. Da Competência da Justiça Estadual

Cumpre inicialmente destacar a competência daJustiça Estadual para processar e julgar as causas referentesrelativas às mensalidades escolares, cobradas por instituiçõesparticulares de ensino.

De forma simples e objetiva, o Superior Tribunal deJustiça já decidiu e sumulou o entendimento de que “compete àJustiça Estadual processar e julgar causa relativa à mensalidadeescolar, cobrada por estabelecimento particular de ensino”,conforme diz o enunciado da Súmula n.º 34.

II. Da Legitimidade Ativa do PROCON/MA

Antes de adentrar ao mérito, é preciso que fique

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demonstrada de forma clara e precisa a legitimidade destaGerência de Proteção e Defesa do Consumidor na tutela dosdireitos difusos e coletivos dos consumidores.

O PROCON/MA é órgão público estadual, vinculado àSecretaria de Direitos Humanos, Assistência Social e Cidadania,com a função específica de promover a Política Nacional dasRelações de Consumo, em âmbito Estadual, bem como protegere defender os direitos dos consumidores, de forma coletiva oudifusa.

É nesse sentido que o Código de Defesa doConsumidor, em seu art. 81 cumulado com o art. 82 delimitamquem sãos os legitimados para a defesa do consumidor emjuízo, nos termos seguintes:

Art. 81. A defesa dos interesses e direitos dosconsumidores e das vítimas poderá ser exercidaem juízo individualmente, ou a título coletivo.Parágrafo único. A defesa coletiva será exercidaquando se tratar de:I - interesses ou direitos difusos, assimentendidos, para efeitos deste código, ostransindividuais, de natureza indivisível, de quesejam titulares pessoas indeterminadas e ligadaspor circunstâncias de fato;II - interesses ou direitos coletivos, assimentendidos, para efeitos deste código, ostransindividuais, de natureza indivisível de queseja titular grupo, categoria ou classe de pessoasligadas entre si ou com a parte contrária por umarelação jurídica base;III - interesses ou direitos individuaishomogêneos, assim entendidos os decorrentes deorigem comum.Art. 82. Para os fins do art. 81, parágrafo único,são legitimados concorrentemente:

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I - o Ministério Público,II - a União, os Estados, os Municípios e o DistritoFederal;III - as entidades e órgãos da AdministraçãoPública, direta ou indireta, ainda que sempersonalidade jurídica, especificamentedestinados à defesa dos interesses e direitosprotegidos por este código;IV - as associações legalmente constituídas hápelo menos um ano e que incluam entre seus finsinstitucionais a defesa dos interesses e direitosprotegidos por este código, dispensada aautorização assemblear.

Outrossim, o art. 83 dessa mesma Lei reafirma oexposto possibilitando o ajuizamento, por parte dos legitimadosconcorrentes, de quaisquer ações necessárias e capazes depropiciar a adequada e efetiva tutela dos direitos dosconsumidores.

Subsumindo os fatos à norma, resta clara alegitimidade do PROCON na defesa dos consumidores.

No caso em questão, não resta dúvida que se trata derelação eminentemente consumerista qualificada por todas assuas características primordiais, tais como: hipossuficiência deuma das partes; destinatário final de prestação de serviços;prestador de serviços; etc. Em suma, verifica-se que, de umlado, estão as Instituições de Ensino, prestadoras de serviços,com grande poderio econômico e detentoras do manejo darelação; e, de outro lado, o consumidor, desfavorecido tantoeconômica como tecnicamente, precisando de tutela paraefetivas os seus direitos.

Apenas para que não fique qualquer tipo de dúvida arespeito da legitimidade, o próprio e. Superior Tribunal de

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Justiça – STJ, já tem entendimento pacífico a respeito datemática, representando aqui nos termos do Agravo Regimentono Recurso Especial n.º 512382/DF, relatado pelo Min. AntônioCarlos Ferreira, publicado no DJe em 28 de agosto deste ano, asaber:

PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO REGIMENTALNO RECURSO ESPECIAL. REAJUSTE DEMENSALIDADES DE PLANO DE SAÚDE. AÇÃOCIVIL PÚBLICA. LEGITIMIDADE DO DISTRITOFEDERAL. DIREITO INDIVIDUALHOMOGÊNEO. AGRAVO NÃO PROVIDO. 1. Adefesa da coletividade pelo Procon encontraprevisão no art. 82, II, do Código Consumerista,razão pela qual é descabida a alegação deilegitimidade. 2. Em se tratando de direitoindividual homogêneo, cabível a propositura deação civil pública contra o reajuste demensalidades de plano de saúde. Precedentes. 3.Agravo regimental a que se nega provimento1.

Nesse mesmo sentido:

EMBARGOS INFRINGENTES - AUMENTO DEMENSALIDADE ESCOLAR - INTERESSECOLETIVO DO CONSUMIDOR - ART. 129, IIIDA CONSTITUIÇÃO FEDERAL E ART. 81, II DOCDC - AÇÃO CIVIL PÚBLICA INTENTADA PELOMINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL -LEGITIMIDADE AD CAUSAM. Os interesses oudireitos dos consumidores estão acobertados pelaConstituição Federal que determina ser uma dasfunções do Ministério Público "promover oinquérito civil e ação civil pública, para proteção dopatrimônio público e social, do meio ambiente e deoutros interesses difusos e coletivos." (art. 129, IIIda CF, parte final). A Lei 8.078 de 11.9.90 ampliou

1 AgRg no REsp n.º 512382/DF. Rel. Min. Antônio Carlos Ferreira. 4ª T. j. 14.8.2012. DJe 28.8.2012.

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a área de defesa coletiva, reconhecendo alegitimidade do Ministério Público para o seuajuizamento. (art. 81, inciso II, CDC). A ação civilpública que busca repelir o aumento abusivode mensalidade escolar é de naturezaindivisível a tutelar interesses ou direitoscoletivos. A decisão prolatada nos respectivosautos fará coisa julgada ultra partes. Protegede modo uniforme o interesse ou direitoindivisível de todos os alunos, inclusive, deoutras escolas (art. 103 do CDC).2

Assim sendo, não resta dúvida a respeito dalegitimidade do PROCON/MA para a defesa dos direitos difusos,coletivos ou individuais homogêneos dos consumidores emquestão.

III. Da Legitimidade Ativa do MINISTÉRIO PÚBLICO

O Ministério Público, a partir da ConstituiçãoFederal de 1988, teve suas atribuições profundamenteampliadas. Nessa seara, destaca-se a legitimidade do Parquetpara a defesa dos interesses difusos e coletivos.

O Código de Defesa do Consumidor, preconiza, emseu art. 4º que, a Política Nacional das Relações de Consumotem por objetivo o atendimento das necessidades dosconsumidores, o respeito à sua dignidade, saúde e segurança,a proteção de seus interesses econômicos, a melhoria dasua qualidade de vida, bem como a transparência e

2 Embargos Infringentes na Apelação Cível n. 136.210-1/01 da Comarca de BELO HORIZONTE, sendo Embargante (s):

MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE MINAS GERAIS, através da COORDENADORIA DAS PROMOTORIAS DEPROTEÇÃO e Embargado (a) (os) (as): CENTRO EDUCACIONAL MINEIRO, ACORDA a Quarta Câmara Civil do Tribunal deAlçada do Estado de Minas Gerais, ACOLHER OS EMBARGOS. Presidiu o julgamento o Juiz PAULO CÉZAR DIAS (Relator) edele participaram os Juízes ALVIMAR DE ÁVILA (Revisor), MARIA ELZA (1º Vogal), SALDANHA DA FONSECA (2º Vogal), eSILAS VIEIRA (3º Vogal). Belo Horizonte, 5 de dezembro de 2001.

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harmonia das relações de consumo atendendo o princípio,dentre outros, da vulnerabilidade do consumidor no mercado deconsumo, razão pela qual, prevê o artigo 5º do mesmo diplomaque para a execução da Política Nacional das Relações deConsumo, contará o Poder Público com a instituição dePromotorias de Justiça de Defesa do Consumidor, no âmbito doMinistério Público.

A Constituição Federal define, como funçãoinstitucional do Ministério Público, em seu art. 127, a defesada ordem jurídica, do regime democrático e dos interessessociais e individuais indisponíveis, cuja função, dentre outrasditadas pelo art. 129, consiste na promoção de ação civilpública para a proteção de interesses difusos e coletivos,seguindo assim, o estatuído na Lei nº 7.347/85, que legitima oParquet para a propositura da ação civil pública, objetivando aprevenção, reparação de danos causados ao consumidor emdecorrência de violação de seus direitos.

A legislação consumerista pátria, normatizando osdispositivos constitucionais mencionados, mais especificamenteno parágrafo único, inciso III do art. 81 e art. 82 determinaque, a defesa coletiva será exercida, quando se tratar deinteresses ou direitos individuais homogêneos, assim entendidosos decorrentes de origem comum, estando para tanto,legitimado o Ministério Público.

Cumpre registrar que o CDC não foi o primeirodiploma legal a cuidar da tutela coletiva. A ação popular temexistência desde 1965, além da ação civil pública prevista pelaLei nº 7.347/85, que regulamentou as ações judiciais coletivasvisando a proteção dos danos causados ao consumidor, meioambiente, patrimônio público, ordem urbanística e etc.

Os direitos individuais homogêneos são definidoscomo aqueles que podem ser exercitados individualmente, mas

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a lei abre a possibilidade da sua defesa coletiva quandodecorrentes de origem comum.

Como se observa, o traço marcante dos direitosindividuais homogêneos é a divisibilidade do direito, titularizadopor pessoas diversas, mas por questões de economiaprocessual, em decorrência de serem pleiteados em face domesmo réu, o sistema jurídico legitima alguns substitutosprocessuais para defender esses direitos em juízo. Trata-se,pois, de uma grande inovação no sistema jurídico brasileiro, demodo a racionalizar e desafogar o Judiciário evitando-semilhares de ações idênticas.

Cumpre destacar que já foi vencido este tema noSupremo Tribunal Federal que editou súmula a respeito.

Súmula 643 – O Ministério Público temlegitimidade para promover ação civil pública cujofundamento seja a ilegalidade de reajuste demensalidades escolares.

Desta forma, é incontestável a legitimidade de agir doMinistério Público para defesa dos interesses individuaishomogêneos, caracterizando-se como um instrumento deracionalização do processo em homenagem ao princípio daeconomia processual.

IV. Dos Fatos

As Requeridas são todas instituições de ensino da redeprivada, prestadoras de serviços na área de educação na cidadede São Luís, tendo como finalidade última a formação básica decrianças e adolescentes.

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Ocorre que, chegado o fim do ano letivo inicia-se operíodo de rematrícula dos alunos de todas estas instituições deensino, assim como o período de publicação dos editais para amatrícula e o ingresso de novos alunos, que devem seguir ostermos da Lei 9.870, de 23 de novembro de 1999, que dispõesobre o valor total das anuidades escolares e dá outrasprovidências.

Considerando a chegada desse período, a Gerência deProteção e Defesa do Consumidor – PROCON/MA, através de seurepresentante legal, deu início a uma Investigação Preliminar,cópia, em anexo, instaurada através da Portaria nº 39/2012,com o intuito de apurar a regularidade dos procedimentos dematrícula e rematrícula realizados pelas Instituições de Ensino,tendo em vista a existência de reclamações neste Órgão deProteção e Defesa do Consumidor, bem como denúncias emmídia e outros meios de comunicação de supostas práticasabusivas adotadas pelas escolas.

No decurso desta investigação preliminar constatou-seque as escolas Requeridas estariam violando normas básicas doCódigo de Defesa do Consumidor, assim como normas básicasconstantes da Lei 9.870/99, no que tange especificamente aosseguintes pontos:

Reajuste da anualidade/semestralidade queestaria sendo feito fora dos padrões legais, ou seja, semapresentar a planilha de custos adicionais, prevista no art. 1º,§3º da Lei 9.870/99. Além disso, o valor do reajuste praticadoestaria muito acima do valor previsto para a inflação em 2013,que atualmente encontra-se em 5,60%, o que, caso estivessedentro do limite da inflação, possibilitaria o reajuste sem aapresentação de planilha de custos.

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Imposição obrigatória de taxa de materialescolar por parte das escolas. Não estaria sendo fornecida alista de materiais relativa a esta taxa, possibilitando que osconsumidores adquirissem os materiais escolares emestabelecimento comercial fora da escola, e, sem especificaçãode marca.

Repasse da responsabilidade com insumos daescola para os consumidores, notadamente, materiais de usocoletivo como resmas de papel, pastas para organização detrabalhos, envelopes, inclusive, com despesas como fotocópias(mencionadas por algumas escolas de “xerox”), entre outros.

E, por fim, cobrança de adiantamento dematrícula de forma irregular. É possível que seja cobrado oadiantamento de matrícula, desde que esta faça parte das dozemensalidades previstas para o ano letivo a se iniciar, ou seja,desde que a referida matrícula integre a anualidade.

Contudo, apuradas as irregularidades na mencionadaInvestigação Preliminar, o PROCON-MA, seguindo sua linha demediação e solução de conflitos de forma extrajudicial, tentouresolver o problema não judicializando a causa, contudorestaram infrutíferas todas as tentativas, já que as Promovidasnão se dispuseram a manter um nível de razoabilidade no seureajuste, apresentando as planilhas e documentos legaisobrigatórios que justificassem o aumento da mensalidade.

Nesse passo, não restou outra alternativa senão abusca de uma tutela judicial difusa para sanar as práticasabusivas perpetradas pelas Instituições de Ensino Particularpromovidas.

V. Do Direito

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V.I Do Reajuste das Mensalidades Escolares

Conforme já mencionado, as Promovidas deram inícioaos procedimentos de matrícula e rematrícula referentes ao anoletivo de 2013, publicando o edital competente no prazo de 45dias antes do términos do ano letivo corrente (2012).

Ocorre que, após análise na investigação preliminarverificou-se que as escolas estão praticando reajustes quevariam de 7% a 100%, sem que seja apresentado qualquer tipode planilha de custos que justifique tamanho reaperto, o que évedado pela lei que regulamenta o valor das anuidadesescolares. Diz o art. 1º da Lei 9.870/99:

Art. 1o O valor das anuidades ou dassemestralidades escolares do ensino pré-escolar,fundamental, médio e superior, será contratado,nos termos desta Lei, no ato da matrícula ou dasua renovação, entre o estabelecimento de ensinoe o aluno, o pai do aluno ou o responsável.§ 1o O valor anual ou semestral referidono caput deste artigo deverá ter como base aúltima parcela da anuidade ou dasemestralidade legalmente fixada no anoanterior, multiplicada pelo número deparcelas do período letivo.§ 2o (VETADO)§ 3o Poderá ser acrescido ao valor total anualde que trata o § 1o montante proporcional àvariação de custos a título de pessoal e decusteio, comprovado mediante apresentaçãode planilha de custo, mesmo quando estavariação resulte da introdução deaprimoramentos no processo didático-pedagógico.

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§ 4o A planilha de que trata o § 3o será editadaem ato do Poder Executivo.§ 5o O valor total, anual ou semestral, apurado naforma dos parágrafos precedentes terá vigênciapor um ano e será dividido em doze ou seisparcelas mensais iguais, facultada a apresentaçãode planos de pagamento alternativos, desde quenão excedam ao valor total anual ou semestralapurado na forma dos parágrafos anteriores. § 6o Será nula, não produzindo qualquer efeito,cláusula contratual de revisão ou reajustamento dovalor das parcelas da anuidade ou semestralidadeescolar em prazo inferior a um ano a contar dadata de sua fixação, salvo quando expressamenteprevista em lei.

Analisando o caso das escolas promovidas, e queapresentaram as informações na Investigação Preliminar abertapela Portaria nº 39/2012, em anexo, em específico, temos osseguintes dados:

CEM REINO INFANTILSéries Anuidade

de 2013Reajuste –2012 (%)

Reajuste –2011 (%)

Reajuste –2010 (%)

EI R$10.200,00

14% 27% 44%

EF I R$11.760,00

15% 39% 58%

EM 1º e 2ºAno

R$12.600,00

7% 22% 38%

EM 3º Ano R$15.600,00

10% 25% 41%

*EI = educação infantil. EF I = educação infantil. EM = ensino médio.

COLÉGIO ADVENTISTA SÃO LUÍSSéries Anuidade Reajuste – Reajuste – Reajuste –

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GERÊNCIA DE PROTEÇÃO E DEFESA DO CONSUMIDOR

de 2013 2012 (%) 2011 (%) 2010 (%)EI R$ 5.400,12 9,00% 25,00% 39,00%

EF I R$ 6.211,44 9,00% 22,00% 29,00%

EF II R$ 6.671,76 7,00% 18,00% 26,00%

EM 1º e 2ºAno

R$ 7.316,28 7,00% 17,00% 22,00%

EM 3º Ano R$ 8.031,36 5,00% 16,00% 23,00%

*EI = educação infantil. EF I = educação infantil. EM = ensino médio.*Planilhas, em anexo

MASTER SISTEMA EDUCACIONALSéries Anuidade

de 2013Reajuste –2012 (%)

Reajuste –2011 (%)

Reajuste –2010 (%)

EI R$ 7.057,44 101% 121% 143%

EF I R$ 7.057,44 42% 56% 71%

EF II R$ 7.057,44 34% 47% 32%

EM R$ 7.057,44 10% 20% 33%

*EI = educação infantil. EF I = educação infantil. EM = ensino médio.*Planilhas, em anexo

COLÉGIO SOLUÇÃO MARANHENSEN.º

Séries Mensalidade 2013

Anuidade de2013

Reajuste –2012(%)

Reajuste –2011(%)

Reajuste – 2010(%)

1PE I

R$ 343,33 R$4.116,00

34% 48% 57%

2PE II

R$ 345,97 R$4.151,64

35% 49% 58%

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2EF Me.

R$ 338,87 R$4.066,44

37% 51% 61%

3EF Ma.

R$ 395,45 R$4.745,40

34% 47% 57%

4 EM 1º -2º

R$ 476,46 R$5.717,52

30% 48% 52%

5EM 3º

R$ 587,11 R$7.045,32

26% 39% 48%

*PE = pré-escolar. EF Me. = educação fundamental menor. EF Ma. =educação fundamental maior. EM = ensino médio.

COLÉGIO LITERATO (MATUTINO)

Série

Mensalidade2013 -Matutino

Anuidade

2013 -Matutino

Reajuste emComparação a2012 (%)

Maternal 1 R$ 584,00 R$ 7.008,00 25,00%

Maternal 2 R$ 511,00 R$ 6.132,00 14,00%

Infantil 1 e 2 R$ 503,00 R$ 6.036,00 12,00%

1º ANO E.F. R$ 546,00 R$ 6.552,00 12,00%

2º AO 4º ANOE.F.

R$ 546,00 R$ 6.552,00 12,00%

5º AO 6º ANOE.F.

R$ 568,00 R$ 6.816,00 12,00%

7º AO 9º ANOE.F.

R$ 568,00 R$ 6.816,00 12,00%

1ª E 2ª SÉRIEE.M.

R$ 695,00 R$ 8.340,00 14,00%

*EF = ensino fundamental; EM = ensino médio

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COLÉGIO LITERATO (VESPERTINO)

Série

Mensalidade2013 -Vespertino

Anuidade2013 -Matutino

Reajuste emComparação a2012 (%)

Maternal 1 R$ 584,00 R$ 7.008,00 34,00%

Maternal 2 R$ 485,00 R$ 5.820,00 16,00%

Infantil 1 E 2 R$ 478,00 R$ 5.736,00 7,00%

1º ANO E.F. R$ 519,00 R$ 6.228,00 17,00%

2º AO 4º ANOE.F.

R$ 519,00 R$ 6.228,00 17,00%

5º AO 6º ANOE.F.

R$ 540,00 R$ 6.480,00 17,00%

7º AO 9º ANOE.F.

R$ 540,00 R$ 6.480,00 17,00%

1ª E 2ª SÉRIEE.M.

R$ 695,00 R$ 8.340,00 14,00%

3ª SÉRIE E.M(A)

R$ 856,00 R$ 10.272,00 17,00%

3ª SÉRIE E.M(B)

R$ 856,00 R$ 10.272,00 17,00%

*EF = ensino fundamental; EM = ensino médio

Verifica-se que os reajustes praticados são absurdos edesmedidos, ainda mais quando se trata de um reajuste não–justificado. Os cálculos devem ser obtidos a partir deprocedimento contábil simples, que atenda aos seguintesrequisitos legais:

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a. Multiplicar o valor da última mensalidadecobrada no ano anterior pelo número de parcelasdo mesmo ano; b. A instituição pode acrescentar ao resultadoobtido nessa operação os valores correspondentesa gastos previstos para aprimorar o seu projetodidático-pedagógico ou para cobrir custos comreformas e aumentos salariais previstos em lei,desde que comprovado em planilha de custos; c. Por fim, basta dividir o valor total por 12 para sechegar ao valor da parcela mensal a ser paga.

É importante que se diga que os autores nãopretendem tabelar os preços praticados pelas escolasparticulares, até porque adota-se um sistema de livreestipulação de preços, não havendo percentual máximo oumínimo de acréscimo. Contudo, toma-se a liberdade pararedefinir esse sistema e renomeá-lo de livre estipulação depreços “controlada”, uma vez que compete aos órgãos deproteção e defesa do consumidor fiscalizar a prática dessesreajustes de modo a evitar que o consumidor se torneprejudicado diante da abusividade do que foi adotado.

Ademais, cumpre esclarecer, também, que uma vezque o reajuste esteja devidamente justificado através deplanilhas de custos que demonstrem uma variação/acréscimo decustos a título de pessoal e de custeio, leia-se, investimentosescolares, não há o que se discutir, estando a escola dentro doseu direito de reformular os seus parâmetros financeiros eadequá-los à realidade do investimento que foi feito.

No caso em questão, repita-se, nenhuma daspromovidas apresentou planilha justificando o reajuste que foirealizado, fazendo com que estes se tornem indevidos econstituam prática abusiva aos direitos do consumidor.

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Para que fique mais clara a abusividade, segundo aDiretoria de Pesquisas, a Coordenação de Índices e Preços, e oSistema Nacional de Índices de Preços ao Consumo do IBGE, oIPCA – Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo, que é oíndice oficial da inflação no Brasil pelo IBGE, está acumulado,até novembro de 2012, em 5,53%, e deverá ser o reajusteobtido pela população em sua remuneração.

Nesse sentido, não se pode admitir que a educaçãoprivada promova um reajuste superior ao que a inflação, semque o justifique, demonstrando as causas do aumento. Sabe-seque a prestação de serviços educacionais também busca aobtenção do lucro e que, por isso, insere-se no âmbito deregulamentação da ordem econômico-financeira, nos termos doart. 170 da Constituição Federal, fundamentando-se pela livreiniciativa, contudo, ao mesmo tempo, deve buscar “existênciadigna de todos conforme os ditames da justiça social”,obedecendo ao pressupostos da defesa do consumidor e naredução das desigualdades sociais, consubstanciados nessemesmo artigo.

A consecução de todo o exposto passa, também, pelanecessidade de garantir o cumprimento da legislaçãoconsumerista e das normas que regem as relações de consumi,inserindo-se, portanto, no quadro da Política Nacional dasRelações de Consumo, como é o caso da Lei 9.870/99. Inclusivea própria Lei 8.170/91, já revogada, mas que serve deorientação principiológica e jurídica, dizia em seu artigo 3º,considerando que “nos casos dos contratos de prestação deserviços educacionais, aplica-se o código de defesa doconsumidor”. Deste modo, não há como admitir o reajuste não-justificado, salvo se colocado nos limites da inflação/IPCA, o

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que, ainda assim, obter-se-ia uma norma através de umainterpretação extensiva e teleológica.

A jurisprudência do STJ é tranquila e pacífica emafirmar que o reajuste deve se dar nos moldes aqui expostos, ouseja, a partir da apresentação de planilha de custos quecomprove os gastos com pessoal e com custeio. Vejamos:

RECURSO ESPECIAL. MENSALIDADES ESCOLARES.LEI N.° 9.870/99. FORMA DE CÁLCULO.DISTINÇÃO ENTRE VALOR COBRADO DECALOUROS E VETERANOS DE UM MESMO CURSO.IMPOSSIBILIDADE. MEDIDA PROVISÓRIA N.º2.173-24 (MP N.º 1.930/99). POSSIBILIDADE.REQUISITO. PLANILHA DE CUSTOS NOS TERMOSDO DECRETO N.º 3.274/99. - Conforme oparágrafo 1.°, do art. 1.°, da Lei n.° 9.870/99 (Leidas mensalidades escolares), o valor damensalidade para viger a partir do início dedeterminado ano ou semestre escolar deve ter porbase a última mensalidade cobrada no ano ousemestre escolar imediatamente anterior. - Porforça da Medida Provisória n.º 2.173-24,23.8.2001 (Medida Provisória n.º 1.930,29.11.1999) era possível que o valor damensalidade para viger a partir do início dedeterminado ano ou semestre escolar tivesse porbase a última mensalidade cobrada no ano ousemestre escolar imediatamente anterior,acrescida do valor proporcional da variação decustos a título de pessoal e de custeio, desde queo estabelecimento de ensino comprovasse talvariação mediante apresentação de planilha decusto, nos moldes do Decreto n.º 3.274,6.12.1999. - De acordo com o art. 1.°, da Lei n.°9.870/99, não é possível a distinção entre o valordas mensalidades cobradas entre alunos domesmo curso, mas em períodos distintos, isto é,

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não é possível a cobrança de mensalidades emvalores diferentes para calouros e veteranos deum mesmo curso. Recurso especial conhecido eprovido

Recurso especial. Mensalidades escolares. Lei n°9.870/99. Forma de cálculo. Distinção entre valorcobrado de calouros e veteranos de um mesmocurso. Impossibilidade. Medida Provisória nº2.173- 24 (MP nº 1.930/99). Possibilidade.Requisito. Planilha de custos nos termos doDecreto nº 3.274/99. Conforme o parágrafo 1°, doart. 1°, da Lei n° 9.870/99 (Lei das mensalidadesescolares), o valor da mensalidade para viger apartir do início de determinado ano ou semestreescolar deve ter por base a última mensalidadecobrada no ano ou semestre escolarimediatamente anterior.3

Por oportuno, transcreva-se parte do voto do Exmo.Desembargador Alvimar de Ávila do Tribunal de Justiça de MinasGerais, julgando ação com a mesma matéria:

“Depreende-se dos autos, que os alunos do cursode educação física, matriculados junto à instituiçãode ensino ré, tiveram suas mensalidadesmajoradas no início do ano de 2005, sendo que ovalor vigente no ano de 2004 era de R$341,08(trezentos e quarenta e um reais e oito centavos)que passou, no início do ano letivo de 2005, para ovalor de R$ 399,00 (trezentos e noventa e novereais), representando um aumento no percentualde 16,98%. A sentença primeira não merece retoques porquede acordo com os documentos juntados aos autos,o aumento da mensalidade escolar se deu de

3 Superior Tribunal de Justiça Recurso Especial n. 674.571 - SC Órgão julgador: 3a. Turma Fonte: DJ, 12.02.2007 Relator: Min.

Nancy Andrighi Recorrente: Ademar de Oliveira e outros Recorrido: Fundação Educacional Unificada do Oeste de SantaCatarina - UNOESC

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forma abusiva, haja vista que atingiu umpercentual de 16%, sem que a ré comprovasse oaumento de custos que justificassem o reajustenesse patamar. Com efeito, a legislação não proíbe que aInstituição de Ensino reajuste o preço damensalidade, todavia, quando o aumento éjustificado pelo aumento de custos, devehaver comprovação nesse sentido, quepoderia ser feita com a apresentação deplanilha de custos, como exige a lei, o quenão foi feito. Apesar da apelante ter anexado aos autos odocumento de f.84, o mesmo não demonstra arazão do aumento no percentual que fora aplicado,e também não está de acordo com a planilha decustos exigida pelo Decreto 3.274/99, queregulamenta a Lei 9.870/99. Desse modo, havendo um aumento nopercentual de 16,98%, bem superior aosíndices de inflação do período e sem qualquercomprovação de que foi devido ao aumentodos custos dos serviços prestados, tem-secaracterizada a ilegalidade e abusividade doreajuste. Nesse passo, tem-se que cabia à apelante, trazeraos autos prova documental no sentido de que osaumentos foram realizados para manutenção daestrutura de custos e como forma de preservar suacapacidade de autofinanciamento, como alegadona contestação. Assim, inconcebível um reajuste dessaproporção sem qualquer demonstração deaumento nos gastos, sendo razoável aaplicação do INPC (6,13%), como pleiteadopelo Ministério Público.”4 (grifos nossos)

4 Apelação Cível n.º 1.0460.06.017233-3/001. Comarca de Ouro Fino. Relator Desembargador Alvimar de Ávila.

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Analisadas a Lei 9.870/99, a doutrina exposta e ajurisprudência pacificada no Poder Judiciário brasileiro verifica-se a clara ilegalidade praticada pelas Promovidas que, além denão apresentarem uma planilha de custos comprovando asrazões do aumento, ainda praticam reajustes bem acima dainflação oficial, em percentuais superiores a 15%.

Não se pode deixar o reajuste de anualidadesescolares a cabo do bom, ou melhor, do mau senso, das escolaspromovidas, que já demonstraram que não só não sepreocupam com o consumidor, como pretendemdeliberadamente prejudicá-lo praticando valores inviáveis einfundados.

A liberdade de iniciativa e de concorrência não podejustificar a violação de direitos dos consumidores, é preciso quehaja um equilíbrio na efetivação destes dois princípios,especialmente baseado naquilo que Robert Alexy define comoregra da proporcionalidade, aplicável, não só no contexto daconsecução do Estado de Direito, mas também na efetivação dedireitos fundamentais e, por conseguinte, de direitos dosconsumidores e da justiça social.

No que tange às demais escolas que nãoapresentaram valores no transcurso da Investigação Preliminar,requer-se que apresentem agora, em juízo, uma vez que,segundo a Lei 9.870/99, já aqui citada, é obrigação a existênciae apresentação de tais planilhas.

V.II Da Devolução dos Valores Pagos Indevidamente

V.II.a. Relativos a matrícula/rematrícula

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Uma vez que o período de matrícula e rematrícula jáencontra-se aberto, e considerando que uma parcelaconsiderável da população já efetivou a matrícula/rematrícula deseus filhos, é imperioso que se discuta a devolução dos valoresefetivamente pagos pelos pais de alunos das escolas quecobraram os valores de anualidades de forma contrária ao que aLei determina.

Entretanto, é preciso que fique claro que este trata-sede direito individual homogêneo, mas que pode ser pleiteadopelo PROCON/MA e pelo Ministério Público, e ainda, cumuladocom pedido referente a direito coletivo dos consumidores.

A doutrina de Hugo Nigro Mazzilli diz que

“nessas ações, não raro se discutem interesses demais de uma espécie. Assim, à guisa de exemplo,numa única ação civil pública ou coletiva, épossível combater os aumentos ilegais demensalidade escolar já aplicados aos alunosatuais, buscar a repetição do indébito e, ainda,pedir a proibição de aumentos futuros; nesse casoestaremos discutindo, a um só tempo: a)interesses coletivos em sentido estrito (ailegalidade em si do aumento, que é compartilhadade forma indivisível por todo o grupo lesado); b)interesses individuais homogêneos (a repetição doindébito, proveito divisível entre os integrantes dogrupo lesado); c) interesses difusos (a proibiçãode imposição de aumentos para os futuros alunos,que são um grupo indeterminável)”.5

O sodalício Superior Tribunal de Justiça possui,inclusive, entendimento neste sentido, o que possibilita adiscussão da questão em ora versa, admitindo a cumulação de

5 MAZZILLI, Hugro N., A DEFESA DOS INTERESSES DIFUSOS EM JUÍZO. p. 56.

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pedidos de tutela de interesses difusos, coletivos e individuaishomogêneos em uma mesma ação, ao admitir a cumulação de:

“a) a nulidade de cláusula contratual de adesãoque impunha juros mensais abusivos emdetrimento de mutuários; b) a indenização emfavor dos consumidores que já firmaram oscontratos em que constava tal cláusula; c) aobrigação da empresa ré de não mais inseri-la noscontratos futuros”.6

Nesse passo, não resta dúvida a respeito dapossibilidade de cumulação de tais pedidos, restando apenasdemonstrar, de forma clara, os prejuízos causados asconsumidores que já fizeram a matrícula.

Sobre esse tópico é importante que se rememore que,em se tratando de direito do consumidor, a Lei 8.078/90 prevêem seu art. 6º, VIII a “facilitação da defesa de seus direitos,inclusive com a inversão do ônus da prova” a favor doconsumidor, ou seja, em se tratando de medida que venha afavorecer a garantia de direitos dos consumidores, e, sendoverossímil a alegação, possibilita-se a inversão do ônus da provaem prol destes.

No presente caso, não só é verossímil a alegaçãocomo constitui a própria fumaça do bom direito, e, ainda quenão se esteja discutindo a tutela antecipada, rememore-se que omérito, quando decidido, certamente constituirá coisa julgada e,portanto, imutável e garantidora dos direitos dos consumidores.

Assim sendo, é preciso que a decisão se fundamentenos maiores parâmetros de veracidade possível. Para tanto, épreciso que se inverta o ônus da prova a fim de que as escolas6 Resp 141.491-SC, Corte Especial STJ, 17.11.99, rel. Min. Waldemar Sveiter.

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apresentem planilha com todas as matrículas que já foramefetivadas, de modo a, ao fim da ação, uma vez transitada emjulgado, realize-se a devolução dos valores devidos aosconsumidores.

Assim, sendo é preciso que sejam devolvidos osvalores pagos de forma indevida pelos consumidores. Casoentenda-se que o reajuste deve se dar na inflação apurada pelosórgãos oficiais, que se devolva o valor da diferença do reajustepraticado e o valor do reajuste com a inflação; caso entenda-seque o valor deve manter-se no valor trabalhado na últimamensalidade de 2012, que se devolva o valor da diferença entreo reajuste praticado e o valor da última mensalidade de 2012.

V.II.b. Relativos a lista de material escolar

As listas apresentadas (em anexo) demonstram quehá irregularidades em sua elaboração, haja vista que as mesmaspossuem itens de insumo, próprios da atividade escolar, eassim, de responsabilidade do fornecedor de serviçoseducacionais sendo cobrados dos consumidores(pais/responsáveis dos alunos).

Considerando que muitos consumidores já entregaramo material e/ou valores cobrados, indevidamente, àsPromovidas, estes devem ser integralmente devolvidos aosconsumidores, de acordo com a legislação em vigor.

VI. Da Tutela Antecipada

Por fim, vem-se requerer, em vista do caráteremergencial da situação, tutela de urgência para suspender osefeitos do reajuste abusivo, ou, ao menos, manter o reajuste

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nos limites definidos pelo Poder Público da inflação prevista para2013.

Porém, tratando-se de antecipação dos efeitos datutela final, sabe-se que depende da prova inequívoca que sirvade convencimento da verossimilhança da alegação e,cumulativamente a este, mas alternativamente entre si, ofundado receio de dano irreparável ou de difícil reparação ou acaracterização de abuso de direito de defesa ou manifestopropósito protelatório do réu.

Consta dos autos as planilhas com os valorestrabalhados por parte das Promovidas no que tange ao reajustepretendido, fundamentado nos editais publicados para matrículae rematrícula dos alunos internos e dos externos. Conforme jádemonstrado, os reajustes praticados são reais, não se tratandode mero devaneio deste órgão de proteção ao consumidor.

As Promovidas estão trabalhando com reajustes quevariam entre 7% até 100%, como no caso do Colégio Master. Enão é só, os reajustes previstos, como já repetidamente sedisse, devem estar comprovados e as escolas não lograramêxito em comprovar a necessidade e fundamento dos reajustes,deixando clara a violação dos direitos e tornando ainda maisinequívoca a alegação que ora se faz.

Portanto, salvo entendimento contrário do MMMagistrado, as provas colacionadas à inicial são suficientes pararealização de um juízo sumário de cognição superficial,suficiente para deferimento de uma medida liminar, uma vezque são provas inequívocas dos vícios apresentados,transmitindo a verossimilhança da alegação autoral.

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Inclusive, isso deixa clara a configuração o fumusbonis iuris, requisito essencial, também, para o deferimento. Háuma incompatibilidade entre o que a Lei garante ao consumidor,nos termos do já citado art. 1º da Lei 9.870/99, e aquilo queestá sendo praticado pelas Escolas Particulares de São Luís.

De outro lado, em se tratando do perigo de danoirreparável ou de difícil reparação ao interesse coletivo, e opróprio periculum in mora, uma vez que resta evidente que atentativa de impor o reajuste por parte das escolas, fica claroque a prática de tais medidas consubstancia atos de má-fé e,deixam cristalino o perigo que sofre a coletividade ao sesubmeter a medidas espúrias como este reajuste.

Considerando que estramos tratando de educação, e,destaque-se, educação básica, é eminente o perigo de milharesde crianças e adolescentes ficarem sem escola e sem aadequada e correta formação acadêmica por se demonstrar, aomenos à maior parcela dos consumidores maranhenses,inexequível a efetivação da matrícula/rematrícula dos seusfilhos.

Ademais, uma vez que se trata de processo judicialque demanda uma dilação probatória extensa e demorada, masnecessária ao melhor deslinde da causa, a demora na prestaçãoda tutela jurisdicional, e, por consequência, da diminuição dosvalores impostos pelas escolas a título deanualidade/semestralidade, atacará aqueles que, inicialmente,demonstraram ter alguma condição de trabalhar com os valoresimpostos.

Esclareça-se, ainda, que a medida é perfeitamentereversível diante de nova determinação judicial, já que se buscatão somente a redução dos valores da anualidade escolar e,

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eventual insucesso da ação possibilitará a diluição da diferençanão paga no restante das mensalidades existentes ou a própriacobrança judicial pelas promovidas dos valores a mais nãopagos pelos consumidores.

Noutra banda, o não deferimento da medida,conforme já exposto, provocará a irreversibilidade do dano aoconsumidor, uma vez que, inevitavelmente, promoverá arescisão do vínculo obrigacional existente e, o pior, o atraso demilhares de crianças e adolescentes na sua educação básica.

Isto posto, nos termos do art. 273 do CPC, requer-seo deferimento da medida de urgência para:

a) determinar que as promovidas mantenham o valor daanualidade/semestralidade para o ano-letivo de 2013, nosmesmos valores trabalhados em dezembro de 2012 ou querealize o reajuste das anualidades (semestralidades oumensalidades), mas no limite previsto para a inflação/IPCA,estipulado, segundo o IBGE, em 5,60%;

b) na hipótese de já realizada a matrícula, que os valores dasanualidades/semestralidades para o ano-letivo de 2013mantenham-se nos mesmos valores trabalhados de 2012 ouque realize o reajuste das anualidades (semestralidades oumensalidades) no limite previsto para a inflação/IPCA,estipulado, segundo o IBGE, em 5,60%;

c) sejam suspensas as listas de material escolar emdesconformidade com as regras de direito consumerista, quecontenham itens de responsabilidade das escolas implícitas àatividade que escolheram exercer (educação);

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d) publique novo edital de matrícula e rematrícula nos valoresdeterminados por Vossa Excelência, seja ele reajustado pelainflação ou mantido nos termos de dezembro de 2012.

E ainda, é importante que essa tutela pretendida sejadeferida sem a oitiva das partes promovidas, tendo em vista aquantidade de requeridas na ação o que tornaria ineficaz aconcessão da medida posteriormente à manifestação destas,uma vez que todo o período de matrícula e rematrícula já estaráultrapassado.

VI. Dos Pedidos

Diante de todo o exposto nesta exordial, requer a aVossa Excelência:

1. Que realize o reajuste das mensalidades noslimites da inflação/IPCA previstas para 2013,em 5,60%; na hipótese de na hipótese de járealizada a matrícula, que os valores dasanualidades/semestralidades para o ano-letivode 2013 mantenham-se nos mesmos valorestrabalhados de 2012 ou que realize o reajustedas anualidades (semestralidades oumensalidades) no limite previsto para ainflação/IPCA, estipulado, segundo o IBGE, em5,60%; e publique editais de matrícula erematrícula conforme os novos valores;

2. QUE determine a citação das Promovidas paraque se manifestem apresentando contestação,sob pena de incidir em revelia e confissão, nostermos da lei;

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3. QUE seja determinado às escolas que não semanifestaram durante a InvestigaçãoPreliminar do PROCON/MA, que apresentem asplanilhas de custos de 2010, 2011, 2012 e2013, bem como os valores da mensalidades elistas de materiais para que possa avaliar alegalidade do reajuste praticado;

4. QUE, ao final, após todos os procedimentoslegais, seja julgada inteiramente procedente apretensão dos autores;

5. QUE seja determinada a devolução, em dobro,dos valores pagos indevidamente pelosconsumidores que já haviam efetivado amatrícula dos seus filhos.

6. Que sejam devolvidos os materiais e/ouvalores já entregues pelos consumidores demaneira indevida, considerando que erammateriais de insumo e de responsabilidade deaquisição e manutenção por parte dasPromovidas;

7. Inversão do ônus da prova em favor dosconsumidores, ora representados, naqualidade de substituto processual, por esteÓrgão Ministerial, conforme determina oinciso VIII do artigo 6º do Código deDefesa do Consumidor;

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Protestar, por derradeiro, por todos os meios deprovas admitidos em direito, em especial dos documentosacostados à presente exordial.

Dá-se à causa o valor de R$ 1.000,00 (hum mil reais)para meros efeitos fiscais.

Termos em que,Aguarda Deferimento.

São Luís, 30 de janeiro de 2013.

LÍTIA TERESA COSTA CAVALCANTIPromotora de Justiça

Gerência de Proteção e Defesa do ConsumidorKleber José Trinta Moreira e Lopes

Gerente do PROCON

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