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GESTÃO DA EDUCAÇÃO PÚBLICA COM USO DE TECNOLOGIA DIGITAL CARACTERÍSTICAS E TENDÊNCIAS RESUMO EXECUTIVO Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura Representação no Brasil

EXECUTIVO EDUCAÇÃO PÚBLICA COM USO DE TECNOLOGIA … · Publicado em 2018 pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura, 7, place de Fontenoy,

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GESTÃO DA EDUCAÇÃO PÚBLICA COM USO DE TECNOLOGIA DIGITAL CARACTERÍSTICAS E TENDÊNCIAS

RESUMOEXECUTIVO

Organizaçãodas Nações Unidas

para a Educação,a Ciência e a Cultura

Representaçãono Brasil

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Publicado em 2018 pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura, 7, place de Fontenoy, 75352 Paris 07 SP, França, e pela Representação da UNESCO no Brasil em cooperação com o Ministério da Educação.

© UNESCO 2018BR/2018/PI/H/2

Esta publicação está disponível em acesso livre ao abrigo da licença Atribuição-Partilha  3.0 IGO (CC-BY-SA 3.0 IGO) (http://creativecommons. org/licenses/by-sa/3.0/igo/). Ao utilizar o conteúdo da presente publicação, os usuários aceitam os termos de uso do Repositório UNESCO de acesso livre (http://unesco.org/open-access/terms-use-ccbysa-en).

As indicações de nomes e a apresentação do material ao longo deste livro não implicam a manifestação de qualquer opinião por parte da UNESCO a respeito da condição jurídica de qualquer país, território, cidade, região ou de suas autoridades, tampouco da delimitação de suas fronteiras ou limites. 

As ideias e opiniões expressas nesta publicação são as dos autores e não refletem obrigatoriamente as da UNESCO nem comprometem a Organização.  

Coordenação técnica da Representação da UNESCO no Brasil: Marlova Jovchelovitch Noleto, Diretora e RepresentanteMaria Rebeca Otero Gomes, Coordenadora do Setor de EducaçãoAdauto Candido Soares, Coordenador do Setor de Comunicação e Informação

Texto: Leila Rentroia Iannone e Adauto Candido SoaresRevisão técnica: Setor de Educação e Setor de Comunicação e Informação da Representação da UNESCO no BrasilRevisão gramatical, editorial e projeto gráfico: Unidade de Comunicação, Informação Pública e Publicações da Representação da UNESCO no Brasil

Foto de capa: CC BY-NC 2.0/ Flickr/City of Seattle Community Tech

Esclarecimento: a UNESCO mantém, no cerne de suas prioridades, a promoção da igualdade de gênero, em todas as suas atividades e ações. Devido à especificidade da língua portuguesa, adotam-se, nesta publicação, os termos no gênero masculino, para facilitar a leitura, considerando as inúmeras menções ao longo do texto. Assim, embora alguns termos sejam escritos no masculino, eles referem-se igualmente ao gênero feminino.

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Sumário

Introdução 4

1. Cultura digital na escola e da escola 5

2. Gestão e governança 6

3. Contribuições da pesquisa 7

4. Metodologia 7

5. Sínteses da análise dos sites 8

6. Síntese dos resultados da pesquisa nos sites 9

6.1. Região Sul 96.2. Região Sudeste 96.3. Região Centro-Oeste 96.4. Região Nordeste 106.5. Região Norte 106.6. Preenchimento por categoria 11

7. Síntese da pesquisa de campo 12

7.1. Revelações dos questionários 12

8. Cartografia do uso das tecnologias na gestão dos sistemas educacionais:saliências e relevâncias 15

8.1. Lugar e uso das tecnologias no discurso dos sujeitos de pesquisa 158.2. Lugar e uso das tecnologias a partir dos sites analisados 158.3. Novos estudos a partir desta investigação 16

Referências bibliográficas 17

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A pesquisa “Gestão da educação pública com uso de tecnologia digital: características e tendências”, sob demanda da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), por meio da área de Estudos e Pesquisas Educacionais, com início em 24 de julho de 2017 e término em 14 de março de 2018, teve como foco o uso de recursos digitais na gestão acadêmica e administrativa das redes educacionais e públicas.

A pesquisa foi desenvolvida a partir da investigação de duas vertentes principais: presença da tecnologia, possibilidade de acesso e uso de ferramentas de informação e comunicação para a gestão; e visão de gestores dos órgãos centrais das Secretarias Estaduais de Educação e de especialistas sobre a constituição de serviços facilitadores para a gestão das redes públicas. Essas vertentes se inter-relacionaram no andamento do trabalho, para o qual foram utilizadas tanto a análise documental como a pesquisa empírica. A análise de dados realizada foi a quali-quantitativa, com o uso de diversos instrumentos e técnicas, inclusive do método de categorização e análise multidimensional inspirado no programa QualiQuantiSoft, desenvolvido com base na teoria do discurso do sujeito coletivo (DSC), de Fernando Lefrève e Ana Maria C. Lefrèvre1, que consiste em destacar expressões-chave, ou seja, trechos selecionados, tanto nas entrevistas quanto nos questionários, que melhor descrevem o seu conteúdo ou a sua essência.

Tomou-se como cenário da pesquisa o conjunto de transformações tecnológicas ocorridas a partir da segunda metade do século XX, que provocaram impactos sociais significativos e se caracterizaram como uma verdadeira revolução na maneira de se pensar, agir, conviver, trabalhar, pesquisar e estudar.

Esses impactos, alimentados continuamente por novos e sucessivos avanços, interpelam a escola em duas dimensões distintas de trabalho, a do ensino e a da gestão escolar. Nas relações entre essas dimensões é possível verificar o estabelecimento de demandas e soluções recíprocas, no que diz respeito à comunicação de informações, ao fornecimento e ao uso de ferramentas tecnológicas como recursos para as operações cotidianas, e para ações de planejamento, prospecção e avaliação, tanto no âmbito macro quanto nas redes, chegando ao âmbito micro da sala de aula. Portanto, esses impactos incidem sobre a lógica da gestão, o que demanda o trabalho de indivíduos aptos a usufruir da tecnologia, para interagir e produzir nesse contexto.

1 LEFÈVRE, F.; LEFÈVRE, A. M. C. O discurso do sujeito coletivo: um novo enfoque em pesquisa qualitativa. Caxias do Sul: Educs, 2003.

A utilização de novas metodologias de trabalho e de gestão nos sistemas educacionais e nas unidades de ensino, apoiadas em ferramentas tecnológicas, pode possibilitar aos diferentes profissionais a aplicação dessas inovações em uma gestão autônoma do próprio trabalho e do próprio conhecimento, a partir de novas habilidades e competências.

Trata-se, portanto, de organizar processos individuais e co-letivos de trabalho, por meio da interação em ambientes colaborativos que propiciem o uso de diferentes instrumentos para pesquisar, processar, produzir e socializar novos conheci-mentos, bem como distribuir as informações necessárias com agilidade e precisão, tanto para a organização da gestão do sistema, como para a prestação de contas ao público externo.

Significa examinar experiências e processos que possam ser incorporados pelos gestores educacionais e, por decorrência, em um segundo momento, pelos docentes e pelos estudantes, de modo que todos tenham acesso à informação, continuem aprendendo ao longo da vida, apliquem os dados coletados na solução de problemas cotidianos e sejam beneficiados pela renovação dos saberes.

Dessa forma, torna-se inócua ou improdutiva a introdução de recursos digitais na educação para a aprendizagem e a gestão, se os educadores e os gestores não desenvolverem anteriormente competências de uso do ferramental dispo-nível, para a apropriação de informações e o gerencia-mento do próprio trabalho.

Gestão da Educação Pública com Uso de Tecnologia Digital: Características e Tendências4

Introdução

Foto: CC BY-NC 2.0/ Flickr/ Women ICT Agreach

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1. Cultura digital na escola e da escola

Gestão da Educação Pública com Uso de Tecnologia Digital: Características e Tendências 5

Novos modelos cognitivos interferem na construção e na representação do pensamento, intensificados pela comunicação multidirecional, pela navegação na internet, pelo uso de conteúdo multimídia por meio de lousas digitais ou dispositivos similares, pelo acesso às tecnologias móveis e por processos interativos que rompem com o formalismo das aulas confinadas aos laboratórios de informática. De que modo as escolas e os docentes se preparam para enfrentar os desafios decorrentes do evidente interesse dos estudantes pelo uso das tecnologias? Como eles estão se instrumentalizando para mediar esse novo processo de aquisição do conhecimento?

A partir de estudos sobre o uso de tecnologias na educação de vários países, pesquisadores holandeses desenvolveram a teoria four balance2, que demonstra que o impacto positivo das tecnologias na educação depende de uma implementação equilibrada em quatro dimensões: visão, competência, conteúdos e recursos digitais e infraestrutura. Quando há um desequilíbrio entre elas, corre-se o risco de comprometer os resultados das ações de tecnologia educacional e de se realizar investimentos com poucos

2 KENNISNET. Four in Balance Monitor 2007: ICT in Education in the Netherlands. Disponível em: <http://downloads.kennisnet.nl/onderzoek/fourinbalancemonitor2007.pdf>. Acesso em: dez. 2007.

resultados. Dessa forma, para garantir que os resultados das políticas públicas sejam efetivos e eficazes, é fundamental realizar o diagnóstico das necessidades e que os dados obtidos possam instrumentalizar a oferta de tecnologias para o planejamento, o ensino e a gestão educacional nas redes públicas de ensino, como um dos passos iniciais para o desenvolvimento de uma cultura digital na escola.

Apesar de a imersão na cultura digital ser observada nos diferentes segmentos da sociedade e de como as dinâmicas sociais foram transformadas pelo uso das tecnologias, o segmento escolar ainda não se equipara aos demais.

Por outro lado, a intensa frequência nas mídias sociais, bem como a disseminação das tecnologias móveis sem fio (TMSF, como tablets, laptops, smartphones etc.) associadas a conexões móveis, vem provocando transformações sociais importantes, e delas participam tanto educadores quanto estudantes, o que enseja o desenvolvimento de novas relações e atribui sentidos novos a fatos, acontecimentos e à informação (ALMEIDA; VALENTE, 2011).

Foto: CC BY-NC 2.0/ Flickr/Exchanges Photos

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2. Gestão e governança

A problemática do uso das tecnologias de informação e comunicação (TIC) nos serviços públicos oferecidos à população na área da educação pode ser vista de vários ângulos. Entre eles, destacamos as abordagens selecionadas para a consecução da pesquisa em tela:

a) tecnologias utilizadas pelas Secretarias de Educação para a gestão acadêmica e administrativa das respectivas re-des de ensino e, por decorrência, das unidades escolares;

b) tecnologias educacionais que apoiam o processo de ensino e aprendizagem, utilizadas pelos docentes/pedagogos e pelos estudantes das redes de ensino;

c) tecnologias que fornecem suporte ao ensino a distância de docentes e estudantes;

d) tecnologias que permitem o intercâmbio de informação dos docentes e gestores das redes e das próprias redes entre si.

No caso desta pesquisa, o foco reside na gestão acadêmica e administrativa, ou seja, espera-se que, a partir dos dados obtidos, os órgãos públicos responsáveis pelos sistemas educacionais possam identificar, selecionar e distribuir recursos tecnológicos que facilitem a apropriação precisa, atualizada, simultânea e veloz de informação técnico- -administrativa. Além disso, tem-se como objetivo aperfeiçoar a gestão dos diversos níveis do sistema, a prestação de contas ao público externo, bem como o desenvolvimento do trabalho colaborativo e cotidiano dos servidores da educação, de forma a conceber e implantar políticas efetivas e de qualidade.

De modo geral, as tecnologias que apoiam a gestão acadê-mica são aquelas soluções tecnológicas que permitem reali-zar matrículas, cadastrar e movimentar estudantes, docentes e funcionários, formar turmas, controlar o diário de classe dos docentes, realizar o lançamento de frequências e notas, emitir documentos dos estudantes, consultar relatórios gerenciais e permitir aos pais a consulta online dos boletins de seus filhos. Por outro lado, as tecnologias que possibili-tam a gestão administrativa são aquelas que facilitam todo o processo de merenda e transporte escolar, recursos huma-nos, bibliotecas escolares, gestão de processos administrati-vos e controle de patrimônio da rede.

A pesquisa aqui descrita concentrou-se no mapeamento dos recursos digitais disponíveis nas diferentes redes públicas das unidades federativas, e em como ocorre o uso das TIC na gestão administrativa da educação; ou seja, são tecnologias em uso que:

a) apoiam a gestão administrativa das Secretarias Estaduais de Educação como um todo;

b) fornecem suporte à gestão acadêmica e à logística das escolas das redes estaduais;

c) permitem o registro de percursos e a obtenção de dados confiáveis para a produção de indicadores, com vista ao diagnóstico de fragilidades e avanços, e que sejam úteis para a análise, o planejamento e a execução das políticas em andamento e de outras políticas em prospecção; e

d) permitem a disseminação de informação segura, precisa e ágil para todos os segmentos do sistema.

Gestão da Educação Pública com Uso de Tecnologia Digital: Características e Tendências6

Foto: © UNESCO/Mila Petrillo

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Gestão da Educação Pública com Uso de Tecnologia Digital: Características e Tendências

Esta pesquisa visa a oferecer um panorama dos principais desafios das Secretarias quanto à adoção de soluções tecnológicas para a gestão, identificando modelo(s) de boas práticas no uso das TIC, que contribuem para a modernização, a eficiência e a eficácia da gestão das Secretarias Estaduais de Educação em suas respectivas redes.

Atualmente, para a consecução dessas metas, são necessárias novas competências para um “novo” profissional, capaz de agir com autonomia no uso das ferramentas digitais. Em síntese, existem diversos descritores que inúmeros autores apresentam como modelos de competências para os atores educacionais, incluindo os gestores. Tais descritores estão

agrupados segundo o que esses profissionais são capazes de realizar em termos de avaliação, análise e seleção de ferramentas para a execução de tarefas e a resolução de problemas na escola e para a escola, além de refletir criticamente sobre os resultados.

As competências dos gestores e dos demais atores educacionais, portanto, não se resumem ao domínio de conhecimentos, mas exigem atitudes e posturas para a mobilização desses conhecimentos no exercício de seu ofício. Isso requer novas políticas de formação a serem gestadas nos órgãos centrais da administração pública.

3. Contribuições da pesquisa

4. Metodologia

7

O estudo proposto abrangeu distintas realidades sociocultu-rais e associou a pesquisa teórica e documental à realidade concreta, na perspectiva de gestores e técnicos das Secre-tarias de Estado da Educação, na visão de especialistas em tecnologia da informação (TI), conhecedores dos processos de aquisição e uso de tecnologias digitais para as redes pú-blicas de ensino.

A demanda encaminhou o processo para a construção de um desenho diagnóstico, com a utilização de uma metodologia quali-quantitativa, a qual foi adaptada, visando a realizar uma rápida coleta de dados entre os sujeitos atuantes nas áreas de gestão e serviços, além de prever um modelo de apresentação de resultados que facilitasse a apropriação da devolutiva por parte dos sujeitos interessados:

A pesquisa da educação e na educação refere-se a fenômenos humanos localizados numa dimensão de permanente abertura a novas formas de construção, nas quais estão presentes aspectos diversos entrelaçados por fatos e valores, numa dinâmica em que se mesclam elementos consolidados e outros em transformação, que não prescindem, porém, da quantidade. Ressalte-se que nesse movimento, ainda, há a interação de sujeitos voltados para um trabalho coletivo, socialmente organizado e que é objeto da pesquisa (IANNONE; ALMEIDA; VALENTE, 2016, p. 68).

A opção metodológica levou em consideração variáveis internas e externas, bem como as condições presentes na gestão das redes educacionais públicas.

Os procedimentos adotados na pesquisa foram os seguintes:

a) Análise documental (análise de sites, levantamento da legislação e atualização bibliográfica).

b) Entrevistas semiestruturadas com gestores da área pública, profissionais de TI das Secretarias e especialistas em TI prestadores de serviços.

c) Levantamento de dados de repositórios com registros públicos, como fontes secundárias.

d) Triangulação de dados com pesquisas disponíveis sobre as condições e os serviços em tecnologias digitais oferecidos às Secretarias de Educação.

Foram estabelecidos três grupos básicos de elementos para a definição e o foco da investigação:

a) Delimitação do estudo às redes educacionais públicas estaduais do Brasil.

b) Análise dos sites das Secretarias Estaduais de Educação como procedimento.

c) Análise do ponto de vista de gestores públicos, de técnicos e de especialistas em TI para a construção de um panorama do uso das tecnologias na gestão dos sistemas estaduais de educação.

O pré-teste dos instrumentos foi realizado na Secretaria de Estado de Educação de São Paulo, pois esta reuniu as condições mais favoráveis para o procedimento e para os recursos disponíveis.

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Gestão da Educação Pública com Uso de Tecnologia Digital: Características e Tendências8

A análise dos sites foi uma das ações escolhidas para o procedimento de análise documental, considerando-se a importância do recurso presente em todas as Secretarias, por concentrar, disponibilizar e distribuir informações.

Foram criadas rubricas com 34 critérios de análise, organizados em sete grandes categorias. Cada uma dessas categorias encerra um aspecto para a análise dos sistemas, serviços e gestão da TI. Os critérios, por sua vez, são indicadores de que o serviço ou o controle mais específico está sendo atendido, e em que grau isso ocorre. Naturalmente, esses critérios e essas categorias não esgotam todas as possibilidades de análise dos sistemas de TI, mas compõem um painel razoavelmente abrangente e esclarecedor da qualidade dos serviços.

As categorias selecionadas para o roteiro de análise dos sites, com o objetivo de indicar uma visão geral da gestão das redes de ensino, foram as seguintes:

a) gestão acadêmica;

b) gestão administrativa;

c) segurança e atualidade da informação;

d) política de compras;

e) gestão e desenvolvimento de pessoas;

f ) governança e transparência; e

g) usabilidade.

Considerando que os usuários, gestores dos sistemas de ensino público, utilizam o site como uma das ferramentas para a ges-tão, e que as informações devem ser precisas e estar acessíveis para usuários internos e externos aos sistemas – em obediência à Lei de Acesso à Informação (LAI, a Lei nº 12.527/2011) –, enten-deu-se que a análise dos sites deveria incidir também sobre os aspectos intervenientes no acesso e nas condições estruturais adequadas ao bom uso pelos interessados.

O estudo dos sites oferece um conjunto de informações úteis para as políticas públicas no que diz respeito à gestão dos sistemas educacionais, pois identifica carências, propostas exitosas e particularidades que contribuem para a modernização dos sistemas, além de diferenciais que

apontam para sua eficiência, eficácia e efetividade. Esse estudo se revelou mais eficiente para a coleta de dados do que os demais procedimentos (entrevistas, análise de documentos institucionais e bibliografia). Inicialmente projetado como procedimento complementar, não havia a perspectiva de que ele se tornaria a maior fonte de dados do objeto do estudo. Entretanto, a análise dos sites revelou o cotidiano das ações das Secretarias e suas implicações na gestão e na governança. Verificou-se que os sites concretizam o discurso político e conceitual das Secretarias de Educação em relação àquilo que, de fato, está em execução.

5. Sínteses da análise dos sites

Foto: © UNESCO/Mila Petrillo

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Gestão da Educação Pública com Uso de Tecnologia Digital: Características e Tendências 9

6. Síntese dos resultados da pesquisa nos sites

6.1. Região SulPela análise dos sites da Região Sul, pode-se concluir que os pais são favorecidos com a instalação da secretaria digital, que facilita os processos de matrícula. Por consequência, a gestão desse processo nas unidades das respectivas redes deve estar simplificada, não apenas pela automação (tempo dispendido, socialização da informação precisa e imediata, entre outros benefícios), como também pela facilitação dos complexos procedimentos de enturmação, transferências, cessão e abertura de vagas.

Quadro-síntese dos diferenciais dos sites da Região Sul

Região Sul Diferenciais apresentados

Paraná Rede Escola

Rio Grande do Sul Diário Escolar Digital

Santa Catarina Matrícula online

6.2. Região SudesteA análise dos sites da Região Sudeste e de seus diferenciais mostra a diversidade de situações em que se encontram obstáculos importantes a serem superados, para a melhor utilização dos recursos digitais para comunicação, informação e/ou gestão.

Quadro-síntese dos diferenciais dos sites da Região Sudeste

Região Sudeste Diferenciais apresentados

Espírito Santo Portal da Transparência – dados da vida funcional de professores e servidores

Minas Gerais Diário Escolar Digital

Rio de Janeiro Conexão Educação

São Paulo Secretaria Escolar Digital

6.3. Região Centro-OesteA Região Centro-Oeste, enfocando o conjunto das regiões, chama atenção por seus diferenciais, como, por exemplo, o uso de metodologia assistiva pela Secretaria de Goiás, uma das duas únicas Secretarias de Educação com esse tipo de oferta.

Quadro-síntese dos diferenciais dos sites da Região Centro-Oeste

Região Centro-Oeste Diferenciais apresentados

Distrito Federal Planejamento estratégico relatório de gestão

Goiás Recurso de tecnologia assistiva (áudio e Libras)

Mato Grosso Atribuição de aulas online

Mato Grosso do Sul Pré-matrícula online

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Gestão da Educação Pública com Uso de Tecnologia Digital: Características e Tendências10

6.4. Região NordesteOs diferenciais dos sites da Região Nordeste se sobressaem nos quesitos prestação de contas à população e transparência, como no caso do Maranhão, com o link Ouvidoria; os links FAC e SAC, no Piauí; e o Mapa Estratégia de 2018, em Pernambuco. Merece destaque ainda o Sistema Integrado de Informações do Ceará, que revela a preocupação não somente com a integração das informações para os usuários, mas também com a possiblidade do uso de dados integrados para a gestão e a governança.

Quadro-síntese dos diferenciais dos sites da Região Nordeste

Região Nordeste Diferenciais apresentados

Alagoas Sistema Escola Web

Bahia Site de matrícula bem completo

Ceará Sistemas integrados do estado do Ceará e Portal do Aluno

Maranhão Ouvidoria

Paraíba Sistema Saber

Pernambuco Mapa de Estratégia 2018

Piauí FAQ e SAC

Rio Grande do Norte

Apresentação do site e a disposição das informações de uma forma clara e objetiva

Sergipe Sistema SIGA

Destaque-se, ainda, no caso da gestão do conhecimento, os sistemas e serviços dirigidos ao desenvolvimento pedagógico, como o Portal do Aluno, no Ceará; o Sistema Saber, na Paraíba; a Escola Web, em Alagoas; e o Sistema SIGA, em Sergipe. Embora sejam voltados para a área pedagógica, esses sistemas e serviços revelam que está em execução um processo de gestão, nesse caso, a gestão do conhecimento.

6.5. Região NorteEntre os diferenciais registrados, é preciso destacar o uso de tecnologia assistiva no site do Amazonas. Essa ferramenta atende à exigência de prover transparência a todos os cidadãos, independentemente de sua condição de acesso. Esse atributo é potencializado quando se observa o oferecimento de um aplicativo para matrícula, ou seja, os pais com algum tipo de dificuldade não ficam impedidos de acessar a matrícula do(a) filho(a).

Quadro-síntese dos diferenciais dos sites da Região Norte

Região Norte Diferenciais apresentados

Acre Centro de Estudo de Línguas (CEL)

Amapá Escola Digital

Amazonas Recurso de tecnologia assistiva, aplicativo para matrícula

Pará Sistema Paraense de Avaliação Educacional (SisPAE)

Rondônia Sistema Diário Eletrônico

Roraima Portal do Servidor

Tocantins Sistemas: Administração de Estoque de Patrimônio, Descentralização de Recursos Financeiros, Administração Financeira, Alimentação Escolar e Progressão Funcional

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Gestão da Educação Pública com Uso de Tecnologia Digital: Características e Tendências 11

6.6. Preenchimento por categoriaA tabela “Quantidade e média dos componentes localizados por região e estado”, a seguir, foi produzida a partir da soma da incidência dos 34 componentes pesquisados no site de cada estado; posteriormente, verificou-se o percentual a partir dessas quantidades. Com isso, o total de componentes localizados em cada um dos estados e selecionados por região permite comparar estados e regiões.

Quantidade e média dos componentes localizados por região e estado

Regiões EstadosTotal de componentes localizados por estado

Média de componentes localizados por estado

Média de componentes localizados por região

Sul

PR 28 82%

67%RS 16 47%

SC 24 71%

Sudeste

ES 27 79%

65%MG 22 65%

RJ 14 41%

SP 26 76%

Centro-Oeste e DF

DF 15 44%

36%GO 16 47%

MT 8 24%

MS 19 29%

Norte

AC 8 24%

43%

AP 7 21%

AM 17 50%

PA 27 79%

RO 6 18%

RR 8 24%

TO 30 88%

Nordeste

AL 9 26%

34%

BA 19 56%

CE 8 24%

MA 18 53%

PB 11 32%

PE 10 29%

PI 20 59%

RN 6 18%

SE 10 29%

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Gestão da Educação Pública com Uso de Tecnologia Digital: Características e Tendências12

Os gestores entrevistados estavam ligados à formulação de políticas públicas nos seus respectivos estados e eram responsáveis pela gestão macro dos sistemas de informação, comunicação e gestão acadêmico-administrativa (nas Regiões Sul, Sudeste, Centro-Oeste, Norte e Nordeste), à época da pesquisa.

Foram realizadas seis entrevistas, sendo cinco presenciais e uma a distância, para obter informações sobre:

a) políticas públicas de acesso e uso das tecnologias;

b) avanços e dificuldades no percurso da execução; e

c) prospecção de investimentos.

A categorização dos discursos forneceu subsídios para a análise interpretativa, o que ensejou a elaboração de uma síntese, da qual se destacam alguns pontos:

• As Secretarias pesquisadas já têm experiência no uso de sistemas digitais para a gestão e a administração. A adoção de tais sistemas passa por soluções autônomas, produzidas por equipes próprias ou mistas (parcerias com empresas), mas resguardando a propriedade das fontes e do capital tecnológico para o governo.

• As diferenças sociodemográficas, aliadas à questão dos recursos, produzem necessidades muito específicas, que nem sempre são tratadas com a devida providência ou de forma adequada.

• A descontinuidade das políticas, suscetíveis às mudanças de governo e à rotatividade das respectivas equipes técnicas, é um fator interveniente negativo.

• Os entrevistados reconhecem a importância do papel dos sites, como veículos de informação e comunicação.

Os principais desafios apontados pelos gestores foram estes:

• Falta de infraestrutura, ou infraestrutura deficitária, de acesso, equipamentos, e logística de manutenção e suporte.

• Falta de formação dos agentes educacionais para o uso das TIC.

• Curadoria ineficiente dos recursos digitais para a apren-dizagem.

• Falta ou inadequação das ferramentas de gestão.

• Falta de políticas integradas e de longa duração.

Os cinco entrevistados afirmaram haver um interesse crescente na adoção das tecnologias para uso na gestão, bem como enumeraram as demandas mais frequentes:

• Agilidade na comunicação, na interação e na colaboração entre os diferentes segmentos e territórios da rede pública de ensino.

• Modelagem de conteúdos e programas de formação com a mediação de TIC.

• Desenvolvimento ou utilização de ferramentas já existentes para apoiar os processos de gestão e monitoramento de programas.

• Colaboração no desenvolvimento de ferramentas que ofereçam dados e informações relevantes para a gestão do trabalho escolar.

• Avaliação das condições de infraestrutura das escolas para o uso de TIC.

• Geração de boletins online e controle de frequência.

7.1. Revelações dos questionáriosOs questionários foram direcionados aos técnicos cujas funções são, prioritariamente, a criação, a manutenção, a atualização ou a adaptação dos sistemas computacionais de gestão nas Secretarias de Educação em seus estados (nas Regiões Sul, Sudeste, Centro-Oeste, Norte e Nordeste).

Foram preenchidos cinco questionários: dois por gestores e três por técnicos dos seguintes estados: Bahia, Goiás, Pará, Rio Grande do Sul e São Paulo.

Os sujeitos afirmaram que são vários os recursos digitais utilizados pelas Secretarias como ferramentas de gestão, sendo que alguns deles são desenvolvidos internamente. Os sistemas citados pelos entrevistados foram estes: Sistema de Gestão Escolar (SGE); Seconline (sistema de RH da educação que armazena o histórico funcional dos servidores); Transparência (destinado ao controle social das escolas da rede estadual e à prestação de contas dos recursos e gastos efetuados pelos gestores); Sistema Integrado de Informações Gerenciais (SIIG, voltado para o protocolo e controle dos

7. Síntese da pesquisa de campo

Foto: © UNESCO/Mila Petrillo

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Gestão da Educação Pública com Uso de Tecnologia Digital: Características e Tendências 13

7. Síntese da pesquisa de campo

processos dos servidores); Power BI3, ferramenta de business intelligence (BI) da Microsoft; Informatização da Secretaria da Educação (ISE, desenvolvido e mantido pela empresa pública de TI do Rio Grande do Sul, a Companhia de Processamento de Dados do RS – Procergs), além dos sistemas criados e mantidos pela MSTech e o sistema de transporte escolar.

Os sistemas podem ser desenvolvidos pelas próprias Secretarias, em departamentos como a coordenadoria de recursos tecnológicos e da informação, ou por órgãos estaduais, como as companhias de processamento de dados. Segundo os dados dos questionários, as políticas de TI – e, consequentemente, seus sistemas – estão em transição em todas as Secretarias.

Constatou-se que, no que diz respeito à capacitação dos gestores, as Secretarias Estaduais oferecem capacitação para o uso de sistemas e ferramentas digitais por meio de: tutorias de utilização; guias de dúvidas (FAQ); vídeos de tutoria; videoconferências; manuais; procedimentos; vídeo-aulas; tutoriais; cursos a distância; e suporte via sistema e por meio da abertura de chamados (SLA4).

Entre as variáveis sistêmicas externas que influenciam a produção, a gestão e a distribuição da informação para os sistemas educacionais, destacam-se o Censo Escolar e o programa Bolsa Família, que contribuem para a elaboração e a definição de políticas públicas educacionais, assim como

3 O Power BI é um conjunto de ferramentas de análise de negócios para examinar dados e compartilhar ideias. Os painéis do Power BI fornecem uma visão de 360 graus para os usuários corporativos, com suas métricas mais importantes em apenas um lugar, atualizadas em tempo real e disponíveis em todos os seus dispositivos. Com apenas um clique, os usuários podem explorar os dados em seu painel, com o uso de ferramentas intuitivas que facilitam encontrar as respostas. Disponível em: <https://powerbi.microsoft.com/pt-br/what-is-power-bi/>. Acesso em: 5 jun. 2018.

4 SLA é a sigla de service level agreement, que significa “acordo de nível de serviço” (ANS), na tradução para o português. O SLA consiste em um contrato entre duas partes: a entidade que pretende fornecer o serviço e o cliente que deseja se beneficiar deste. Nesses SLA ou ANS estão especificados, detalhadamente, todos os aspectos do tipo de serviço que será prestado, assim como os prazos contratuais, a qualidade do serviço e o preço a ser pago pelo trabalho. Pode-se dizer que o SLA se aplica a todos os setores do mercado que lidam com prestação de serviços; no entanto, convencionou-se relacionar esse contrato com empresas que trabalham na área de TI. Disponível em: <https://www.significados.com.br/sla/>. Acesso em: 5 jun. 2018.

para a aplicação de recursos e investimentos na área. Há também as informações coletadas em âmbito nacional que influenciam aqui, ou seja: as variáveis legais e diretrizes do Ministério da Educação (MEC); as normativas estaduais e orientações do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP); as informações do Conselho Nacional de Secretários de Educação (Consed); as políticas de inovação tecnológica; as investigações nacionais do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB) e da Avaliação Nacional da Alfabetização (ANA); e, no caso do Pará, o Sistema Paraense de Avaliação Educacional (SisPAE).

Constatou-se que, conforme a realidade de cada estado, existem relatórios extraídos diretamente dos sistemas e que são gerados rotineiramente.

Alguns apresentam uma base de dados para geração, como é o caso dos referentes aos repasses de verbas; há também dados oficiais que são “congelados” em determinadas datas, como os de estudantes que solicitaram matrículas, de estudantes efetivados e os enviados ao Censo Escolar, entre outros.

Para alguns assuntos, os sistemas necessitam de atualizações constantes, como o controle de estoques da alimentação escolar, que é realizado pelas equipes da escola, e outros, cuja atualização apresenta um horizonte de tempo maior. Como exemplo, temos a prestação de contas das escolas, a renovação de convênios das Associações de Pais e Mestres (APMs) e o Censo Escolar, realizados anualmente.

De modo geral, em todas as Secretarias, os dados são inseridos pelos gestores das unidades escolares, pelos que atuam nos setores administrativos da Secretaria e pelos gestores da unidade central. A atualização é realizada em âmbito local (equipes escolares, incluindo docentes), diretorias de ensino e órgão central, dependendo da informação.

A adoção de ferramentas digitais beneficiou o controle de gestão das Secretarias. Trouxe maior controle e mais eficiência aos processos internos, pois o sistema informatizado permite a organização e a memória dos dados, além de velocidade, precisão e descentralização, em benefício das gestões regional e local.

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Gestão da Educação Pública com Uso de Tecnologia Digital: Características e Tendências14

Os sistemas de informação disponibilizam relatórios geren-ciais e estratégicos. No caso da plataforma de BI, a gestão pode obter indicadores e gráficos estratégicos para a toma-da de decisões em tempo real.

Identificou-se que a política de comunicação das Secretarias se estrutura por meio de departamentos de comunicação setorial (assessoria de comunicação), que são responsáveis pela organização, pela estruturação e pela implementação dessa política, incluindo seu site e suas redes sociais. As informações são destinadas aos pais, aos estudantes, aos servidores e à comunidade em geral, por meio do setor de TI, que auxilia na disponibilização de ferramentas e na manutenção do site.

A gestão e a manutenção dos sistemas de informação podem ocorrer internamente ou ser terceirizadas, com diferentes modelos para esses procedimentos. Nas Secretarias em que os sistemas são desenvolvidos e mantidos dentro de sua própria estrutura, foram apontados direcionamentos diferentes, uma vez que eles se vinculam a departamentos distintos. No caso de serviços terceirizados para o desenvolvimento dos sistemas, constata-se a gestão total por parte das Secretarias, sendo elas próprias responsáveis pelo controle de ajustes e correções.

Os benefícios do uso das tecnologias apontados pelos respondentes foram agrupados da seguinte forma:

• integração de processos;

• automação na geração de relatórios com diversas informações gerenciais;

• descentralização de processos e ações;

• redução do trabalho operacional das equipes e das unidades escolares, por meio da integração de informações de diferentes sistemas;

• possibilidade da definição de metas estratégicas e ava-liações periódicas a serem realizadas pela administração,

de modo a elevar o grau de responsabilidade e facilitar a cobrança das atividades nas unidades administrativas e escolares;

• uso de ferramentas de apoio e uso intensivo e inteligente de dados e informações, para melhorar a tomada de decisões;

• possibilidade de controle constante sobre a real necessi-dade da rede quanto à lotação dos docentes e à gestão das turmas;

• celeridade nos processos de matrícula de estudantes e alocação de docentes para estarem online e disponíveis a qualquer hora;

• controle efetivo de dados e informações escolares;

• integração, consolidação, qualidade e rápida atualização dos dados a serem levantados pelo sistema;

• rastreabilidade dos dados dos estudantes;

• transparência nos processos de trabalho e no uso dos recursos;

• aproximação das definições estratégicas às ações pedagógicas, ao aprendizado e ao desenvolvimento dos estudantes.

No entanto, a implantação dessas tecnologias apresentou dificuldades em relação à infraestrutura e à falta de conectividade das escolas, entre outras variáveis. Esses desafios estão situados e são descritos no Relatório Final.

O grande salto se encontra naquelas Secretarias de Educação que buscam utilizar a TI para avaliar recursos, bem como para desenvolver sistemas de planejamento e controle. Todavia, tal transição não ocorre de uma só vez, pois ela é fruto de uma reestruturação na qual é preciso compartilhar dados e criar novos sistemas de planejamento e controle, orientados para gerar novos dados.

7. Síntese da pesquisa de campo

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Gestão da Educação Pública com Uso de Tecnologia Digital: Características e Tendências 15

No esforço de realizar uma síntese coesa, integrada e que proporcionasse um alto nível de inteligibilidade para este Resumo, optou-se pela reorganização das categorias previamente analisadas e ordenadas, durante a pesquisa, em novas supracategorias, de modo a agregar reflexões, inferências e constatações sobre o uso das tecnologias digitais na gestão dos sistemas educacionais e sobre suas implicações nos processos de governança.

8.1. Lugar e uso das tecnologias no discurso dos sujeitos de pesquisaConsiderando todas as críticas de que o sistema educacional público brasileiro é alvo, assim como o que se verifica no imaginário das pessoas, contrariamente ao discurso do senso comum, verificou-se que todas as Secretarias Estaduais de Educação dispõem de algum tipo de sistema digital destinado à gestão. Todos os sujeitos de pesquisa também indicaram, a exemplo de outros países, a tendência de ampliar e aperfeiçoar o uso das tecnologias para garantir a eficiência e a eficácia da gestão pública. Eles externaram suas preocupações quanto à precariedade de seu uso, pela falta de infraestrutura, pela falta de políticas assertivas, pela falta de foco nas contratações de serviços técnicos terceirizados ou, ainda, pela descontinuidade de programas e processos, objetos fragilizados das mudanças políticas.

Cumpre assinalar que, de forma sutil, mas reiterada, os especialistas apontaram, como um fator interveniente negativo na expansão e no desenvolvimento do uso das tecnologias na gestão, a falta de conhecimento técnico por parte de alguns gestores públicos, muitas vezes escolhidos por critérios políticos, sem levar em consideração critérios técnicos. Essa condição influencia as políticas adotadas, as contratações de serviços e a prospecção de investimentos, os quais nem sempre atingem os objetivos desejados, o que tem como consequência certa desarmonia de processos e falta de efetividade no uso dos recursos.

8.2. Lugar e uso das tecnologias a partir dos sites analisadosTodas as Secretarias têm um site em funcionamento, mas as diferenças entre eles são evidentes, tanto no tipo de estrutura, quanto no design e nas condições de navegação. No entanto, apesar dessas diferenças, todos revelaram as ações concretas das Secretarias.

Nessa perspectiva, existe um viés de análise sobre a questão da governança. Tome-se como exemplo a baixa presença de recursos para a manifestação dos usuários em pesquisas de opinião e de ouvidoria, condição básica para que sejam localizadas suas demandas e necessidades, em uma ação diagnóstica prévia para a prospecção e o planejamento de programas e projetos a serem inscritos em políticas futuras. Em outros termos, a governança, como tarefa do gestor público, requer referenciais obtidos nas lacunas do atendimento aos cidadãos. Sem a oitiva sistemática e específica dos diversos setores sociais, como é possível conceber e empreender políticas eficazes, assim como

8. Cartografia do uso das tecnologias na gestão dos sistemas

educacionais: saliências e relevâncias

Foto: © UNESCO/Mila Petrillo

http://www.se.df.gov.br/

http://www.educacao.sp.gov.br

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Gestão da Educação Pública com Uso de Tecnologia Digital: Características e Tendências16

8. Cartografia do uso das tecnologias na gestão dos sistemas educacionais: saliências e relevâncias

inscrevê-las em uma escala de prioridades? Por esse prisma, entende-se por que os entrevistados citaram, ao lado do despreparo de alguns gestores, a atração por “políticas de vitrine” ou “da moda”, desvinculadas dos anseios da população atendida pelo sistema educacional e de suas imperiosas realidades cotidianas.

Ainda no tema da governança, ampliando o olhar investigativo, buscou-se os documentos primordiais de governança do sistema educacional, que são o Plano Nacional de Educação (PNE) e os respectivos Planos Estaduais da Educação (PEEs). Constatou-se a ausência de menção e de publicação dessas normativas no menu dos sites ou, havendo citações a esses instrumentos legais e sua respectiva localização, basicamente, eles estavam fora do acesso imediato dos usuários.

Ferramentas de governança, esses documentos, como peças normativas, deveriam estar acessíveis, segundo a LAI e, mais ainda, deveriam ser evidenciados, como compromissos para a educação pública dos estados.

Na mesma perspectiva, o fato de apenas dois estados adotarem efetivamente a metodologia assistiva (Goiás e Amazonas) demonstra que há uma lacuna no cumprimento da LAI, pois nem todos os usuários conseguem ter acesso às informações, uma vez que os protocolos de inclusão dos “diferentes” não estão cumprindo sua extensão e sua especificidade.

8.3. Novos estudos a partir desta investigaçãoAinda há muito o que se pesquisar para a construção de um mapa do uso das tecnologias nos sistemas educacionais. Para isso, sugere-se o seguinte:

a) A retomada das entrevistas, para se conhecer a realidade das Secretarias cujos gestores não foram ouvidos nesta pesquisa.

b) O estabelecimento de uma parceria com o Consed para garantir senhas de acesso às áreas restritas dos sites (aquelas que não invadam as informações privadas de servidores e estudantes), para se conhecer a quantidade e a qualidade das informações efetivamente publicadas, bem como a relação delas com os processos de gestão.

c) O desenvolvimento de um estudo comparativo mais aprofundado sobre os diferenciais dos sites, para a obtenção de dados precisos que possibilitem a construção de um mapa das lacunas para o aperfeiçoamento do uso das tecnologias.

d) A identificação e a promoção do descritivo de experiências exitosas em gestão, para a disseminação entre os estados.

Por fim, é oportuno assinalar que, apesar de os recursos destinados a esta pesquisa terem sido bastante restritivos, e o fato de que as contingências que impactaram sua execução, de algum modo, impediram a ampliação da coleta e das análises, os objetivos propostos para a pesquisa foram alcançados.

Foto: © UNESCO/Mila Petrillo

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Gestão da Educação Pública com Uso de Tecnologia Digital: Características e Tendências 17

ALMEIDA, M. E. B.; VALENTE, J. A. Tecnologias e currículo: trajetórias convergentes ou divergentes? São Paulo: Paulus, 2011.

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Referências bibliográficas

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GESTÃO DA EDUCAÇÃO PÚBLICA COM USO DE TECNOLOGIA DIGITAL CARACTERÍSTICAS E TENDÊNCIAS

Organizaçãodas Nações Unidas

para a Educação,a Ciência e a Cultura

Representaçãono Brasil