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Exegese de 2 Tm 3; 13-17

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Sumario

Análise do contexto histórico geral.................................................................................. 4

Introdução indutiva........................................................................................................... 7

Análise literária ................................................................................................................ 8

Análise textual.................................................................................................................. 9

Análise gramatical e sua relação sintática......................................................................

Análise lexical................................................................................................................

Tradução do texto ..........................................................................................................

Análise teologia ............................................................................................................

Comparação da tradução do texto com outras traduções..............................................

Paráfrase.......................................................................................................................

Comentário homilético.................................................................................................

Tradução final...............................................................................................................

Conclusão.....................................................................................................................

Bibliografia .................................................................................................................

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1- Análise do contexto histórico geral

1.1- Autor, destinatário, propósito e data.

Não existe duvidas quanto à autoria da epistola. De acordo com a saudação, o apóstolo Paulo

foi o autor dessa carta. Na tradição da igreja primitiva há consenso. No entanto, Broadus

David Hale, destaca o fato de alguns eruditos rejeitarem essa carta como sendo de Paulo pela

existência de algumas peculiaridades internas.1 Segundo a Bíblia de estudos Genebra em sua

nota introdutória, os argumentos de tais estudiosos não são convincentes e não há razão

persuasiva para negar a autoria de Paulo desta carta. Segundo Broadus, presumir-se que essa

carta não foi escrita por Paulo, é afirmar que o testemunho da igreja está errado.2 William

Hendriksen levanta seis dessas peculiaridades internas que os críticos usam para afirmar a não

autoria paulina das cartas pastorais e traz em seguida argumentos em favor da autoria paulina,

são elas; 1- O vocabulário e a gramática. Esse argumento se mostra frágil, pois o vocabulário

que se usava durante a segunda metade do 1º século, em comparação com o da primeira

metade de 2º século d. C. é por demais escasso para servir como critério fidedigno. 2- O estilo

das pastorais. Esse argumento é refutado com muita facilidade na observação da utilização de

figuras de linguagem nessas cartas que também são utilizadas por Paulo nas demais atribuídas

a ele, como por exemplo, a afirmação por meio de negação do oposto, 2 Tm 2; 9 Rm 1; 16, 1

Ts 2; 1. 3- A teologia. Mesmo que não possa se observar uma exposição detalhada da

doutrina da salvação pela fé em Cristo sem as obras da lei, essa doutrina é expressa de forma

inequívoca em mais de uma passagem, e é totalmente admitida nas pastorais. 4 - As pastorais

atacam o gnosticismo do século 2º, especialmente Marcião. Por mais que a heresia condenada

pelas pastorais tinha traços em comum com o gnosticismo do segundo século, não se pode

afirmar que era o mesmo gnosticismo. 5- As pastorais revelam um marcante progresso na

organização eclesiástica, muito mais que no tempo de Paulo. Por certo a igreja já havia

tomado uma forma eclesiástica na época de Paulo, podemos ver em Atos 6; 1-6 a igreja

tomando uma forma eclesiástica antes mesmo de Paulo empreender qualquer viajem

missionária, podemos perceber que desde seus primórdios a igreja tinha anciãos At 14;23, por

exemplo. 6- Paulo não foi libertado de sua primeira e única prisão em Roma. Atos não cobre

1 HALE, Broadus David. Introdução ao estudo do Novo Testamento. Rio de Janeiro, Junta de Educação

Religiosa e Publicações, 1983. p. 235.

2 Ibidem, p. 238

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toda a vida ministerial de Paulo, o livro termina com o relato da prisão de Paulo em Roma.

Para Hendriksen a conclusão é inevitável, se Paulo escreveu as cartas pastorais, e em seu

entendimento sim, ele foi solto da prisão de Roma feito mais viagens, escrito 1 Tm e Tito, foi

preso outra vez, onde escreveu 2 Tm.3

Robert H. Gundry afirma que a autoria de Paulo tem apoio na tradição e na

preocupação da igreja antiga com relação aos possíveis pseudônimos, exemplo disso foi à

exclusão de um presbítero de seu oficio eclesiástico por haver escrito sob um pseudônimo. Ele

defende também a impossibilidade de um admirador de Paulo escrever sobre o falecido

apóstolo como “o principal dentre os pecadores” (1 Tm 1;15). Grandes evidencias são

consideradas por Gundry, como o fato das epistolas pastorais serem muito mais semelhantes,

em estilo e conteúdo, às demais epistolas de Paulo do que os livros não-canônicos. Além das

próprias afirmações encontradas nas epistolas pastorais de que foram escritas por Paulo e da

pressuposição da igreja primitiva com questões em torno da autoria, existe a forte antiga

tradição de que o próprio Paulo escreveu essas cartas. Somente Romanos e 1 Coríntios tem

confirmação mais decisiva. 4

A carta é destinada a Timóteo, pessoa que é citada em grande parte das epistolas

paulinas. Paulo nutria afeição por Timóteo, como fica evidente na 1ª carta a Timóteo verso 2

do 1º capitulo, o tratamento usado por parte do apostolo que escrevia ao seu “verdadeiro

filho” e em 2 Tm 1; 2 “meu amado filho”. Era alguém de confiança, como vemos em Fl 2;

19-24. Hendriksen descreve Timóteo como homem de confiança de Paulo, apesar de;

sua natureza reservada e tímida (1Co 16.10; 2Tm 1.7) e suas “freqüentes

enfermidades” (1Tm 5.23), estava disposto a deixar seu lar para acompanhar o

apóstolo em arriscadas viagens missionárias, ser enviado em comissões difíceis e

mesmo perigosas e de continuar sendo até o fim um servo digno de Jesus Cristo (Rm

16.21).5

Timóteo acompanhou Paulo em grande parte de suas segunda e terceira viagens

missionárias (At 17.14-15; 18.5; 19.22; 20.4). É provável que Timóteo estive em Éfeso,

pastoreando aquela igreja e Paulo envia-lhe instruções, de sua ultima prisão em Roma, de

como deveria preservar e propagar a verdade do Evangelho. Hendriksen pressupõe que, ao ser

3 HENDRIKSEN, William. Comentário do Novo Testamento – 1 e 2 Timóteo e Tito. São Paulo, Cultura Cristã, 2011. PP. 11-414 GUNDRY, Robert Horton. Panorama do Novo testamento – 3. Ed. atual e ampliada. – São Paulo: Vida Nova, 2008. PP. 533-534.5 HENDRIKSEN, William. op. cit, p. 48.

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solto da prisão de Roma o apóstolo se encontra com Timóteo em Éfeso e “ao partir, o

apóstolo solicita que Timóteo fique em seu lugar (1Tm 1;3)”.6 Enquanto Timóteo pastoreava

aquela igreja a primeira carta chega e não muito tempo depois a segunda carta chega as suas

mãos, agora Paulo escreve de Roma como prisioneiro, esperando a morte convoca seu amigo

para apressadamente e ter com ele (2Tm 4.9).

A carta tem como propósito incentivar e aconselhar Timóteo a permanecer firme

diante dos desafios que existiam e viriam a existir. As instruções dadas a Timóteo extraem

comparações com o trabalho árduo e a autodisciplina exigidos de saldados, atletas e

agricultores.7 É evidente que Paulo queria extrair o melhor do seu amado filho. O apóstolo

também tem saudades do seu amando filho na fé e deseja vê-lo ansiosamente (2Tm 1.4,5) e

informar acerca de sua real situação. Paulo se mostra preocupado com a sã doutrina e a

firmeza de Timóteo (1. 13-14). Diante dos ensinamentos heréticos, Paulo destaca que é na

Escritura Sagrada que ele encontra o seu manual ministerial de defesa (3;16). A ultima carta

de Paulo mostra o apóstolo em uma situação desoladora. Alguns dos seus amigos o haviam

deixado e outros até mesmo abandonado a fé (4.10,11), mas,

permanecia confiante. Não estava envergonhado de sofrer pelo Evangelho (1.12) e

estava disposto a suportar tudo por causa dos eleitos (2.10). Sabia que tinha sido fiel a

Cristo (1.12; 2.13). Paulo tinha confiança que Aquele que no passado o havia

resgatado da morte (3.11; 4.17) o resgataria através da morte para a vida eterna

(4.8,18).8

Paulo deixa a Timóteo o testemunho da sua vida e da promessa de Cristo para o

fortalecimento de sua fé. Não deveria haver por parte de Timóteo nenhum tipo de covardia ou

timidez por conseqüência do que acontecia com o apóstolo, ele não deveria se envergonhar do

testemunho de Cristo e do próprio Paulo (1.7,8).

A carta de, 2 Timóteo, foi a ultima escrita por Paulo, de sua ultima prisão em Roma.

Preparou-a depois da sua quarta viajem missionária, provavelmente entre 64-68 d.C.9. Não

se pode afirmar com certeza a data da escrita dessa segunda carta a Timóteo, o que fica

evidente é o fato que ele a escreveu depois de passar pela Espanha após ter sido libertado de

6 ibidem, p. 50 7 GUNDRY, Robert Horton. op. cit, p. 542.8 Introdução a segunda epistola de Paulo a Timóteo, Bíblia de estudo Genebra. 9 idem

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Roma e ao ser preso outra vez, escreve essa carta. É o que a tradição da igreja nos informa

através de alguns pais.

No ano de 93, Clemente de Roma escreve que Paulo de fato fora liberado e teria

viajado para o extremo Oeste, o que pela maioria é interpretado como sendo a

Espanha. E mais tarde Eusébio escreve: “É tradição que, depois de se ter justificado, o

apóstolo tornou a viajar a serviço da pregação, mas que, quando entrou na mencionada

cidade pela segunda vez, foi aperfeiçoado pelo martírio. Estando preso nessa ocasião,

escreveu a segunda carta a Timóteo.”10

Para Bürki a carta foi escrita em outono de 67,

A redação da segunda carta deveria ser datada para o outono de 67. A carta reproduz a

gravidade da mudança de situação. Nela pede insistentemente ao amado colaborador

que venha até ele, preso em Roma, ainda antes do inverno. Provavelmente Paulo foi

executado no final do ano de 67.11

1.2 - O contexto do texto.

Desde o inicio da carta o apóstolo vem chamando a atenção de Timóteo para o apego a

Sagrada Escritura, sua situação como encarcerado e como deve-se estar firme em Cristo

justamente para enfrentar situações que são citadas a partir de 2.14. No inicio do capitulo 3 o

apóstolo começa com a advertência que nos últimos dias viriam tempos difíceis, é importante

salientar que de acordo com o comentário da bíblia de Genebra e o entendimento amilenista12,

esses últimos dias já eram vividos por Timóteo que enfrentava a realidade de pessoas que

eram ímpios, inimigos do bem, eram falsos mestres (tendo forma de piedade, negando-lhe,

entretanto, o poder). Paulo da uma ordem ao seu discípulo “afaste-se destes”, o verbo no

imperativo demonstra isso, e é evidente de que essa ordem não é para que Timóteo tenha

cuidado com esses homens após a segunda vinda de Cristo. O apóstolo destaca no verso 10 do

capitulo 3 que Timóteo é o oposto desses tais, começando com a partícula adversativa “de.”,

mostra que realmente Timóteo era diferente, pois era seu seguidor, havia aprendido com o

próprio apóstolo. O contraste continua no verso 14, antes o que era uma constatação de quem

era Timóteo, agora vira uma exortação, um retorno as mesmas exortações iniciais, ou um

10 BÜRKI, Hans. Comentário esperança pdf. p. 17 11 idem 12 A posição que defende que o reino milenar de Cristo descrito em Apocalipse 20 é toda a era neotestamentaria que vai da primeira vinda de Cristo até a segunda.

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solidificação dos conselhos inicias. Que continua no capitulo 4, tendo como base a

instrumentalidade da Palavra e sua importância na vida ministerial.

2- Introdução indutiva.

I- Saudações e ações de graça (1.1-5)

II- Exortações à ousadia e à fidelidade (1.6- 2.13)

a. Não te envergonhes do aprisionamento de Paulo (1.6-14)

b. Exemplos de infidelidade e de fidelidade (1.15-18)

c. Sê forte e perseverante na graça (2.1-13)

III- O problema dos falsos mestres (2.14- 4.5)

a. Fidelidade em face dos falsos mestres (2.14-26)

b. O impacto dos falsos mestres (3.1-9)

c. Permanece naquilo que aprendeste (3.10-17)

d. Encargo final para o ministério (4.1-5)

IV- Relacionamento pessoal de Paulo com Timóteo (4.6-18)

a. A morte iminente de Paulo (4.6-8)

b. Instruções finais a Timóteo (4.9-18)

1. Pedido apara Timóteo vir a Roma (4.9-13)

2. Advertência contra Alexandre, o latoeiro (4.14-15)

3. A situação legal de Paulo e sua confiança (4.16-18)

V- Conclusão (4.19-22)

a. Saudações finais e informações (4.19-21)

b. Bênçãos (4.22) 13

3- Análise literária

3.1 – A perícope em análise é dependente da anterior, está ligada a estruturo de todo o

capitulo 3. No inicio do capitulo o apostolo chama a atenção de Timóteo para a dificuldade

dos últimos dias por causa da perversão dos homens em conseqüência do distanciamento de

Deus. Timóteo deveria se afastar de tais homens, porque desse meio surgem os falsos profetas

que se especializam na arte de cativar mulheres14, eles são contra a verdade, resistem a ela,

são reprovados quanto à fé. Esses homens são o contrario de Timóteo, é o que os versos 10-13

informam. Dentro dessa estrutura, a perícope em destaque aparece, anteriormente os inimigos

13 Esboço de 2Timóteo retirado da Bíblia de estudos Genebra. 14 HENDRIKSEN, William. op. cit, p. 351.

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da verdade, aqueles que são inimigos de Deus por desprezarem a Escritura, a Sua verdade,

devem estar distantes, justamente porque não compactuam as mesmas idéias de Timóteo.

Logo depois, no capitulo quatro, o apostolo continua a exortar seu amado discípulo a viver a

pratica do seu ministério firmado nas Escrituras.

3.2- A estrutura do texto e diagramação do conteúdo

A perícope está dividida em duas partes, a permanência de Timóteo no Evangelho e a Sua

utilidade.

14 Su. de. me,ne evn oi-j e;maqej kai. evpistw,qhj(

eivdw.j para. ti,noj e;maqej(

15 kai. o[ti avpo. bre,fouj ta. i`era. gra,mmata

oi=daj( ta. duna,mena, se sofi,sai eivj swthri,an dia. pi,stewj th/j evn

cristw/| VIhsou/Å

16 Pa/sa grafh. qeo,pneustoj kai. wvfe,limoj pro.j didaskali,an( pro.j

e;legcon( pro.j evpano,rqwsin( pro.j paidei,an th.n evn dikaiosu,nh|\ 17 i[na

a;rtioj h=| o` tou/ qeou/ a;nqrwpoj( pro.j pa/n e;rgon avgaqo.n

evxhrtisme,nojÅ

A (1ª) primeira parte está subdividida em três partes, como o gráfico acima indica. O verbo

me,ne no imperativo caracteriza a primeira subdivisão como uma ordem de Paulo para o seu

discípulo permanecer no seu aprendizado. O que nos informa que o aprendizado de Timóteo

era adequado e de confiança e que é demonstrado pelas outras duas subdivisões. Ele havia

(e;maqej) “aprendido” e (evpistw,qhj) “persuadido” pela sua mãe e avó (2 Tm 1.5) e

também, o próprio Paulo contribuiu para o desenvolvimento de sua fé (2 Tm 3.10), o caráter

fidedigno de quem havia instruído fica em evidencia no verso 14b e a excelência superior das

sagradas letras verso 15. Esse aprendizado era essencial para a sua (pi,stewj) fé em Cristo

Jesus que lhe garantia (swthri,an) salvação. A importância não está necessariamente nos

personagens que instruíram a Timóteo, mas na fidedignidade do conteúdo desse aprendizado.

É evidente que devemos dar a importância devida à fidelidade do ensinamento recebido por

esse jovem pastor, pois, foi ensinado nas Sagradas Letras que podem tornar sábio para

salvação.

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A (2ª) parte enaltece a utilidade da (grafh.) Escritura para o ensino que leva a salvação. Ela é

instrumento de Deus para tornar o (qeou/ a;nqrwpoj) homem de Deus (a;rtioj) perfeito e

(evxhrtisme,noj) “aprimorado” para a perfeita obra.

4- Análise textual (estabeleça o texto)

● Texto bizantino majoritário.

14 Su. de. me,ne evn oi-j e;maqej kai. evpistw,qhj( eivdw.j para. ti,noj

e;maqej( 15 kai. o[ti avpo. bre,fouj ta. i`era. gra,mmata oi=daj( ta.

duna,mena, se sofi,sai eivj swthri,an dia. pi,stewj th/j evn cristw/| VIhsou/Å 16 Pa/sa grafh. qeo,pneustoj kai. wvfe,limoj pro.j didaskali,an( pro.j

e;legcon( pro.j evpano,rqwsin( pro.j paidei,an th.n evn dikaiosu,nh|\ 17 i[na

a;rtioj h=| o` tou/ qeou/ a;nqrwpoj( pro.j pa/n e;rgon avgaqo.n

evxhrtisme,nojÅ

● Texto eclético.

14 su. de. me,ne evn oi-j e;maqej kai. evpistw,qhj eivdw.j para. ti,nwn

e;maqej 15 kai. o[ti avpo. bre,fouj [] i`era. gra,mmata oi=daj ta.

duna,mena, se sofi,sai eivj swthri,an dia. pi,stewj th/j evn Cristw/| VIhsou/ 16 pa/sa grafh. qeo,pneustoj kai. wvfe,limoj pro.j didaskali,an pro.j

evlegmo,n pro.j evpano,rqwsin pro.j paidei,an th.n evn dikaiosu,nh| 17 i[na

a;rtioj h=| o` tou/ qeou/ a;nqrwpoj pro.j pa/n e;rgon avgaqo.n

evxhrtisme,noj

Enquanto o texto bizantino traz o pronome interrogativo ti,noj no singular no eclético o

pronome está plural ti,nwn, por mais que uma grande quantidade de comentaristas defendam

o texto eclético, pois nesse caso seriam também professores de Timóteo sua mãe e sua avó.

Contudo existem aqueles que preferem o texto bizantino, pois dento do próprio contexto

imediato o apostolo Paulo afirma que Timóteo tem seguido de perto o seu ensino. Há

evidencias no contexto geral da carta que podem indicar para um singular;

O contexto maior, de toda a carta, indica isso também. Nos dois primeiros capítulos, o

apóstolo pede a Timóteo que conserve "o padrão das sãs palavras que de mim ouviste"

(1:13) e, depois, que transmita a outros "o que de minha parte ouviste" (2:2). Parece

provável, pois, que também a frase "sabendo de quem o aprendeste" (3:14) se refira ao

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ensino de Paulo a Timóteo. Além disso, o apóstolo está evidentemente dando duas

razões para a constante fidelidade de Timóteo; é provável, então, que estas sejam

razões distintas e não duas referências à sua educação nas escrituras desde criança.

Assim sendo, a segurança de Timóteo se firma na mesma razão pela qual deve

permanecer no que aprendera: é o fato de ter aprendido de Paulo.15

Quanto a ausência o artigo definido acusativo no texto eclético não traz nenhuma

alteração na tradução considerável. A mudança de e;legcon para evlegmo,n no eclético,

não foi encontrado nenhum tipo de consideração importante sobre essa mudança.

5- Análise gramatical e sua relação sintática

Su. de. me,ne evn oi-j e;maqej kai. evpistw,qhj( eivdw.j para. ti,noj e;maqej(

Su Pronome pessoal nominativo singular = tude. Conjunção (adversativa ou aditiva) = mas, além do mais, e, etc.me,ne Verbo imperativo presente ativo segunda pessoa singular de me,nw =

permanecer, ficar.evn Preposição = em, por, com etc.oi-j Pronome relativo dativo neutro plural = quem, que, o qual. e;maqej Verbo indicativo aoristo ativo 2 pessoa singular de manqa,nw =

aprender, ser avaliado. kai. Conjunção = e, também, até mesmo, realmente, mas.evpistw,qhj(

Verbo indicativo aoristo passivo 2 pessoa singular de pisto,w = tornar fiel, digno de confiança, ser firmemente persuadido de.

eivdw.j Verbo particípio perfeito ativo nominativo masculino singular de oi=da = ver, perceber com os olhos, perceber por algum dos sentidos, perceber, notar, discernir, descobrir.

para. Preposição = de, em, por, ao lado de, perto.ti,noj Pronome interrogativo genitivo masculino singular = quem, que, o que.e;maqej(

Verbo indicativo aoristo ativo 2 pessoa singular de manqa,nw = aprender, ser avaliado.

Tu, porém, permanece em que aprendeste e foste firmemente persuadido, observe de quem aprendeste,

15 kai. o[ti avpo. bre,fouj ta. i`era. gra,mmata oi=daj( ta. duna,mena, se sofi,sai eivj swthri,an dia. pi,stewj th/j evn cristw/| VIhsou/Å

kai. Conjunção = e, também, até mesmo, realmente, mas.o[ti Conjunção conclusiva = que, porque, desde que.avpo. Preposição genitiva = de origem, do lugar de onde algo está, vem, acontece,

15 STOTT, John R. W. Tu, porém - A mensagem de 2 Timóteo. J. A. MOTYER J. R. W. STOTTEditores da série. E-book. p. 44.

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é tomado, de origem de uma causa.bre,fouj

Substantivo genitivo neutro singular comum= criança recém-nascida, infante, bebê.

ta. Artigo definido acusativo neutro plural = os i`era. Adjetivo acusativo neutro plural = sagrado, consagrado \a divindade, que

pertence a Deus.gra,mmata

Substantivo acusativo neutro plural = carta, qualquer escrito; documento ou registro.

oi=daj( Verbo indicativo perfeito ativo 2 pessoa singular de oi=da = ver, perceber com os olhos, perceber por algum dos sentidos, perceber, notar, discernir, descobrir.

ta. Artigo definido acusativo neutro plural = os duna,mena,

Verbo particípio presente médio acusativo neutro plural de du,namai = ser capaz, ter poder quer pela virtude da habilidade e recursos próprios de alguém, ou de um estado de mente, ou através de circunstâncias favoráveis, ou pela permissão de lei ou costume.

se Pronome pessoal acusativo singular = tusofi,sai Verbo infinitivo aoristo ativo de sofi,zw = tornar sábio, ensinar, tornar-se

sábio, ter entendimento.eivj Preposição acusativa = em, até, para, dentro, em direção a, entre.swthri,an

Substantivo acusativo feminino singular = livramento, preservação, segurança, salvação.

dia. Preposição = através de, de lugar, com, em, parapi,stewj

Substantivo genitivo feminino singular = fé.

th/j Artigo definido feminino singular = a evn Preposição = em, por, com etc.cristw/| Substantivo dativo masculino singular = Cristo VIhsou/Å

Nome = Jesus

E que desde de criança aprendeste as sagradas Escrituras, que podem te tornar sábio para salvação através da fé em Cristo Jesus.

16 Pa/sa grafh. qeo,pneustoj kai. wvfe,limoj pro.j didaskali,an( pro.j e;legcon( pro.j evpano,rqwsin( pro.j paidei,an th.n evn dikaiosu,nh|\

Pa/sa Adjetivo indefinido nominativo feminino singular = cada, todo, algum, tudo, o todo, qualquer um, todas as coisas, qualquer coisa.

grafh. Substantivo nominativo feminino singular = escritura. qeo,pneustoj

Adjetivo nominativo feminino singular = inspirado por Deus.

kai. Conjunção = e, também, até mesmo, realmente, mas.wvfe,limoj Adjetivo nominativo masculino singular = lucrativo, útil, benéfico,

vantajoso.pro.j Preposição acusativa = em benefício de, em, perto, por, para, em

direção a, com, com respeito adidaskali,an Substantivo acusativo feminino singular = ensino, instrução.pro.j Preposição acusativa = em benefício de, em, perto, por, para, em

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direção a, com, com respeito ae;legcon Substantivo acusativo masculino singular = verificação, pela qual

algo é provado ou testado, convicção.pro.j Preposição acusativa = em benefício de, em, perto, por, para, em

direção a, com, com respeito aevpano,rqwsin

Substantivo acusativo feminino singular = restauração a um estado correto, correção, aperfeiçoamento de vida ou caráter

pro.j Preposição acusativa = em benefício de, em, perto, por, para, em direção a, com, com respeito a

paidei,na Substantivo acusativo feminino singular = todo o treino e educação infantil (que diz respeito ao cultivo de mente e moralidade, e emprega para este propósito ora ordens e admoestações, ora repreensão e punição). Também inclue o treino e cuidado do corpo.

th.n Artigo definido acusativo feminino singular = a evn Preposição = em, por, com etc.dikaiosu,nh|\

Substantivo dativo feminino singular = num sentido amplo: estado daquele que é como deve ser, justiça, condição aceitável para Deus

Toda Escritura [é] inspirada por Deus e útil para a instrução, para provar, para correção, para educação na justiça.

17 i[na a;rtioj h=| o` tou/ qeou/ a;nqrwpoj( pro.j pa/n e;rgon avgaqo.n evxhrtisme,nojÅ

i[na Conjunção = que, a fim de que, para que.a;rtioj Adjetivo nominativo masculino singular = provido, suprido,

completo, perfeito.h=| Verbo subjuntivo presente ativo 3 pessoa singular de eivmi, = ser,

exitir, acontecer, estar presente.o` Artigo definido nominativo masculino singular = o tou/ Artigo definido genitivo masculino singular = o qeou/ Substantivo genitivo masculino singular = Deus a;nqrwpoj Substantivo nominativo masculino singular= homem pro.j Preposição acusativa = em benefício de, em, perto, por, para, em

direção a, com, com respeito apa/n Adjetivo acusativo neutro singular = cada, todo, algum, tudo, o todo,

qualquer um, todas as coisas, qualquer coisa.e;rgon Substantivo acusativo neutro singular = negócio, serviço, aquilo com

o que alguém está ocupado.avgaqo.n Adjetivo acusativo neutro singular = de boa constituição ou natureza,

útil, saudável, bom, agradável, amável, alegre, feliz, excelente, distinto, honesto, honrado.

evxhrtisme,nojÅ

Verbo particípio perfeito passivo nominativo masculino singular de evxarti,zw = completar, terminar, suprir com perfeição, terminar, chegar ao final, (cumprirem-se os dias).

A fim de que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente hábil em todo(a) serviço excelente (boa obra).

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6- Análise léxica

e;maqej raiz = manqa,nw → a palavra, equivalente, é empregada no AT usualmente

sem ênfase teológica especial. O uso teológico especial é claro em Deuteronômio, onde o

povo de Deus é reunido com o intuito de ser instruído para que eles temam a Deus e

obedeçam a Sua lei (Dt 4. 10; 14.23; 17.19; 31.12,13), em cada uma dessas passagens o

objetivo é aprender acerca de Deus com o fim de “temer ao Senhor teu Deus”. No Salmo 119.

71, 73 o salmista ora para (aprender), pedindo uma atitude correta para com a Torá. No NT o

verbo ocorre 25 vezes, manqa,nw significa aprender seguindo o grego secular em (At

23.27 e Ap 14.3), em outros casos debate-se se a palavra é empregada num sentido vetero-

testamentário ou grego secular (Gl 3.2; Ef 4.20. Cl 1.7). Em muitas passagens é empregado o

sentido vetero-testamentário (dml) especifico de aprender a vontade de Deus, ou aprender

a dirigir a totalidade da existência da sua existência humana em direção à vontade de Deus

(At 1). Na carta a Timóteo traz o significado de conservar o ensino e ser fiel a fé que nela está

descrito. O aprendizado não é mero conhecimento intelectual mediante o qual se adquire o

ensino a respeito de Cristo, mas a aceitação do próprio Cristo, o esquecimento da velha vida e

um discipulado Nele.16 Portanto, o sentido da palavra em Timóteo remete ao entendimento do

AT no aprendizado e sua compreensão acerca de Cristo como o cumprimento do AT.

gra,mmata → o plural de gra,mma, que significa o produto da ação, especialmente

onde se ressalta o contraste com a palavra falada; ocasionalmente. A própria ação; mas

também, além disto. A capacidade de escrever.17 i`era. gra,mmata é a palavra de Deus

escrita, as sagradas Escrituras. O escrito mais importante na bíblia é o decálogo, foi escrito

pelo próprio Deus a primeira vez, e após Moises destruir os primeiros Escritos no momento

em que jogou as tábuas, quando o povo adorava o bezerro de ouro, despedaçando-a como o

relato bíblico nos informa em Ex 32.19, outras tábuas foram lavradas por Moisés que

escreveu nelas as palavras ditadas pelo Senhor (Ex 34).

A palavra escrita servia como lembrança e como testemunha (Dt 6.8-9; Pv 3.3). Escrever a lei

de Deus era tão importante que Israel a transmitia de forma verbal, individual e literalmente

as escrevia nos umbrais das portas e em pedaços de pergaminhos que se atavam as frontes e

nos seus braços.18 Não podemos afirmar que em todas as vezes que a palavra gramma

16 Dicionário Internacional de teologia do Novo Testamento (DIT) / Colin Brown, Lothar Coenen (orgs); [tradução Gordon Chown].—2. Ed.—São Paulo : Vida Nova, 2000. p. 584.17 ibdem, p. 686.18 ibidem, p. 687.

Page 15: Exegese de 2 Tm 3; 13-17

15

aparece na bíblia indica escritos sagrados, mas, é indiscutível o fato da passagem se referir ao

cânon do Antigo Testamento como a instrução que Timóteo recebeu de sua mãe e sua avó.

Paulo insta com Timóteo, o convertido do judaísmo, a continuar no estudo das Escrituras

sagradas judaicas como base da vida e obra cristã.19 Como também, por exemplo, em Jo

5.47, quando Jesus essa mesma palavra para se referir aos escritos de Moisés, fica evidente

que se refere aos escritos canônicos do AT. Em outros 6 exemplos o apostolo Paulo faz uso

dessa palavra “gra,mma” para estabelecer um paralelo entre “pneu/ma” Espírito e

“no,moj” Lei (Rm 2.27, 29; 7.6; 2Co 3. 3, 6 e 17).20 Nestas passagens podemos observar a

superioridade do NT em relação ao AT, no sentido de ser a consumação do mesmo. Portanto

fica claro que a palavra empregada para que Timóteo se utilizasse dos Escritos sagrados era

numa perspectiva cristológica de entendimento do AT agora que era convertido ao

cristianismo.

qeo,pneustoj → Significa literalmente “respirado por Deus”. 21 O que não significa que

o homem foi anulado ou uma forma de ditado foi estabelecida para a formação da Escritura,

mas que Deus direcionou o homem a redigir de forma que inerrante toda a Escritura sagrada,

Deus soprou sobre os escritores, sendo assim, o autor final das Escrituras.

A bíblia foi soprada pelo Espírito Santo ((2 Pe 1.21). Deus é a fonte e o autor final da

Escritura. embora escrita por autores humanos, a Escritura, porém, mantém o pleno peso da

autoridade divina.22

a;rtioj → a;rtioj e seus derivados tem sua origem na raiz ar- que indica; apropriado,

completo, capaz, sadio, conveniente, utilidade, aptidão.23 Esse adjetivo ocorre somente esta

vez em todo o NT juntamente com o particípio perfeito na voz passiva;

Nas Escrituras do AT, a igreja tem orientação para a vida, indispensável e dada por

Deus, através da o homem de Deus pode galgar um estado apropriado, viz. ser

preparado para toda obra de amor... a;rtioj aqui não subentende a perfeição,

conforme originalmente se pensava.24

ta. duna,mena, se sofi,sai eivj swthri,an → que podem te conceder a sabedoria/ a

compreensão que leva a salvação.25

19 ibidem, p. 694.20 ibidem, p. 696.21 ibidem, p. 694.22 Nota de rodapé da Bíblia de Genebra, comentário do verso 16 do capitulo 3 de Timóteo.23 DTI. op. cit, p. 2107.24 ibidem, p. 2108.

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16

7- Tradução do texto

14 - Tu, porém, permanece em que aprendeste e foste firmemente persuadido, observe de

quem aprendeste,

15 - E que desde de criança aprendeste as sagradas Escrituras, que podem te tornar sábio para salvação através da fé em Cristo Jesus.

16 - Toda Escritura [é]26 inspirada por Deus e útil para a instrução, para provar, para correção,

para educação na justiça.

17 - A fim de que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente hábil em todo(a) serviço

excelente (boa obra).

8 - Análise teológica

No texto está explicita a teologia da inspiração das Escrituras. A palavra

qeo,pneustoj traz o sentido de que o Senhor respirou, soprou sua palavra sobre os autores

bíblicos. O AT era considerado pelo próprio Timóteo como autoridade de Deus para sua vida

como o próprio contexto imediato afirma, mas aqui também está implícita a realidade da

inspiração divina sobre os escritos que estavam sendo redigidos naquele exato momento, a

autoridade apostólica de Paulo, em primeiro lugar, estava sendo reivindicada na carta escrita a

Timóteo por que.

Paulo não somente o conduziu (Timóteo) a Cristo (1: 2) e lhe impôs as mãos em sua

ordenação (1: 6), mas é também "apóstolo de Cristo Jesus, pela vontade de Deus" (1:

1); a quem Cristo confiou o depósito do evangelho (1: 11-12); e que se comparou com

Moisés no ensino da verdade (3: 8); e cuja doutrina e exemplo Timóteo vinha

seguindo até então; e confirmava o seu ensino com a sua vida coerente, e com a sua

coragem na perseguição. Timóteo tinha confiança em Paulo e em sua autoridade para

ensinar, e nós podemos compartilhar de sua confiança. O evangelho de Paulo é ainda

autenticado a nós por sua autoridade apostólica.27

25 Wilfrid HAUBECK, Heinrich von SIEBENTHAL. Nova Chave Linguistica do Novo Testamento Grego. São Paulo – SP, Editora Hagnos, 2009. p. 1182. 26 Mesmo que não apareça o verbo é e alguns tradutores defenderem uma tradução (toda Escritura inspirada por Deus e útil é) sugerindo que nem toda Escritura é inspirada, a tradução mais aceitável é (toda Escritura é inspirado por Deus e útil), pelo fato de que a conjunção “kai” fazer uma distinção entre inspirada e útil, portanto, a Escritura é inspirada e útil. 27 STOTT. op. cit, p. 44.

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17

Ao falar que toda Escritura inspirada por Deus, o apostolo está incluindo os próprios escritos

apostólicos. “Não me parece de todo impossível que com esta expressão ele esteja incluindo

as duas fontes do conhecimento de Timóteo há pouco mencionadas, quais sejam, "aquilo que

aprendeste" (de mim) e "as sagradas letras".”28

Em segundo lugar, por estarem em consonância e em harmonia com o AT, tanto os

escritos de Paulo, como todo o NT que temos em mãos hoje, tinham a evidencia de serem

canônicos, Paulo afirma diante de Agripa que a realidade do seu evangelho era a realização da

promessa do AT "senão o que os profetas e Moisés disseram haver de acontecer, isto é, que o

Cristo devia padecer, e, sendo o primeiro da ressurreição dos mortos, anunciaria a luz ao

povo e aos gentios" (At 26: 22-23). Portanto, a inspiração não se restringia apenas ao Antigo

Testamento, mas a toda a Escritura, até mesmo a que estava sendo redigida e não havia

encerrado no fechamento do cânon.

Ao se afirmar a inspiração divina das Escrituras, é inevitável enxergar a autoridade e a

inerrância Dela. Por ser o sopro de Deus, a voz do Espírito, Ela é perfeita e sem erro. Por ser a

Palavra de Deus, Ela é a regra de fé e pratica de todo aquele que deseja agradar ao Senhor,

não existe possibilidade de se agradar e viver para Deus sem a Escritura Sagrada é atreves

Dela que o homem é santificado, como o próprio Jesus afirma na oração sacerdotal em Jo

17.17. Sem a Escritura não existe cristianismo, Dela depende todo o conceito sobre Deus e a

verdadeira religião. Essa doutrina é de indispensável importância para o cristianismo, cmo a

firma o Rev. Ronald Hanko no artigo A inspiração da Escritura:

De certa forma a doutrina da inspiração divina da Escritura é a mais importante de

todas as doutrinas. Toda outra doutrina e toda instrução na santidade e piedade vem da

Escritura. Sem a Escritura não podemos conhecer a Deus e a Jesus Cristo, a quem ele

enviou, e a quem conhecer é ter a vida eterna. Tudo que Deus revelou de si mesmo em

Cristo está ali. Sem a Escritura não podemos saber como agradar a Deus. A Escritura é

o nosso único guia para a santidade. Se a Escritura não é a Palavra de Deus inspirada,

perdemos tudo.29

Não se pode deixar de ressaltar a doutrina da salvação. É pela Escritura que o homem

se torna sábio para a salvação, não é pelo estudo das “sagradas letras” do Antigo Testamento

que se chega ao conhecimento para salvação, mas pelo fato de se enxergar Cristo no AT.

28 ibidem, p. 45. 29 Artigo traduzido Felipe Sabino de Araújo Neto no site; http://www.cprf.co.uk/languages/portuguese_inspirationofscripture.htm

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18

Pois, se afirmarmos que é pelo estudo e pela meditação estaríamos assumindo uma

contradição com (At 4.12) "E em nenhum outro há salvação, porque também debaixo do céu

nenhum outro nome há, dado entre os homens, pelo qual devamos ser salvos" e tantos outros

versículos da Escritura sagrada. Partindo do pressuposto que a Escritura deve ser interpretada

por ela mesma,

essa maravilhosa obra de Deus, pela qual os pecadores são emancipados do maior dos

male e entram na posse do maior dos bens,não é produzida de uma forma mecânica

por simplesmente ouvir, ler ou estudas “os escritos sagrados”. É necessário aprender a

visualizar Cristo Jesus no Antigo Testamento. É necessário que a pessoa renda sua

vida (note:”pela fé”) ao Salvador Ungido, sem o qual “os escritos sagrados” não têm

sentido.30

Essa escritura inspirada por Deus, autoritativa, inerrante, que é instrumento de Deus

para salvação do homem, dever ser usada para; instrução, para provar (trazer convicção,

corrigir), para correção, para educação na justiça. Com o propósito de habilitar o crente para

toda boa obra. Outra vez o apostolo põe a salvação em voga, agora em termos específicos a

realidade da salvação é constatada;

Paulo (e o Espírito Santo falando por intermédio dele) não se satisfaz enquanto a

Palavra de Deus não cumprir plenamente sua missão e o crente não tiver alcançado “a

medida da estatura da plenitude de Cristo” (Ef 4.12, 13). O ideal a ser alcançado é

deveras glorioso! O poder para alcançá-lo vem de Deus. Daí, que Timóteo permaneça

firme.31

A instrumentalidade das Escrituras no aperfeiçoamento ou santificação também ficam

em evidencia nesse texto. Essa perícope tem como fundamento a doutrina que depende todo o

cristianismo, e mostra de forma clara a dependência que a igreja tem das Escrituras. O papel

indispensável das Escrituras na vida de todo crente (o homem de Deus) 32 é claramente

entendido e destacado no texto em questão.

9 - Comparação da tradução do texto com outras traduções já realizadas do mesmo

texto.

30 HENDRIKSEN, William. op. cit, p. 370.31 ibidem, p. 374. 32 Homem de Deus no texto em estudo traz o sentido de todo o crente, pois o artigo defino “tou”/ e o substantivo “qeou/” no genitivo trazem a idéia de posse (o homem que pertence a Deus), portanto todo crente.

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19

Não existem diferenças consideráveis na tradução dessa perícope, com a exceção da

NTLH que não faz distinção entre (Sagradas Letras) e (Escritura inspirada) traduzindo as duas

com a mesma palavra. Mas, contudo não traz nenhum tido de problema sério.

Tradução - Tu, porém, permanece em que aprendeste e foste firmemente persuadido, observe

de quem aprendeste,

15 - E que desde criança aprendeste as sagradas Escrituras, que podem te tornar sábio para

salvação através da fé em Cristo Jesus.

16 - Toda Escritura é inspirada por Deus e útil para a instrução, para provar, para correção,

para educação na justiça.

17 - A fim de que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente hábil em todo(a) serviço

excelente (boa obra).

Almeida 21- tu, porém, permanece naquilo que aprendeste e de que foste inteirado, sabendo

de quem o tens aprendido;

15 pois desde a infância sabes as Sagradas Letras, que podem fazer-te sábio para a

salvação, pela fé que há em Cristo Jesus.

16 Toda a Escritura é divinamente inspirada e proveitosa para ensinar, para repreender,

para corrigir, para instruir em justiça;

17 a fim de que o homem de Deus tenha capacidade e pleno preparo para realizar toda

boa obra.

Atualizada – Tu, porém, permanece naquilo que aprendeste e de que foste inteirado, sabendo

de quem o aprendeste

15 e que, desde a infância, sabes as sagradas letras, que podem tornar-te sábio para a

salvação pela fé em Cristo Jesus.

16 Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a

correção, para a educação na justiça, 17 a fim de que o homem de Deus seja perfeito e

perfeitamente habilitado para toda boa obra.

Corrigida fiel - Tu, porém, permanece naquilo que aprendeste, e de que foste inteirado,

sabendo de quem o tens aprendido,

15 E que desde a tua meninice sabes as sagradas Escrituras, que podem fazer-te sábio

para a salvação, pela fé que há em Cristo Jesus.

16 Toda a Escritura é divinamente inspirada, e proveitosa para ensinar, para redargüir,

para corrigir, para instruir em justiça; 17 Para que o homem de Deus seja perfeito, e

perfeitamente instruído para toda a boa obra.

Page 20: Exegese de 2 Tm 3; 13-17

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NVI - Quanto a você, porém, permaneça nas coisas que aprendeu e das quais tem convicção,

pois você sabe de quem o aprendeu.

15 Porque desde criança você conhece as Sagradas Letras, que são capazes de torná-lo

sábio para a salvação mediante a fé em Cristo Jesus.

16 Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a

correção e para a instrução na justiça,

17 para que o homem de Deus seja apto e plenamente preparado para toda boa obra.

NTLH - Quanto a você, continue firme nas verdades que aprendeu e em que creu de todo o

coração. Você sabe quem foram os seus mestres na fé cristã.

15 E, desde menino, você conhece as Escrituras Sagradas, as quais lhe podem dar a

sabedoria que leva à salvação, por meio da fé em Cristo Jesus.

16 Pois toda a Escritura Sagrada é inspirada por Deus e é útil para ensinar a verdade,

condenar o erro, corrigir as faltas e ensinar a maneira certa de viver.

17 E isso para que o servo de Deus esteja completamente preparado e pronto para fazer

todo tipo de boas ações.

Bíblia de Jerusalém - Tu, porém, permanece firme naquilo que aprendeste e aceitaste como

certo; tu sabes de quem o aprendeste.

15 Desde a tua infância conheces as sagradas Letras; elas têm o poder de comunicar-te a

sabedoria que conduz à salvação pela fé em Cristo Jesus.

16 Toda Escritura é inspirada por Deus e útil para instruir, para refutar, para corrigir, para

educar na justiça,

17 a fim de que o homem de Deus seja perfeito, qualificado para toda boa obra.

10 - Paráfrase

Eu te ordeno Timóteo, que se firme no que você aprendeu desde menino de sua avó e de sua

mãe, pois, elas te ensinaram as Escrituras do Antigo Testamento que te são fundamentais na

compreensão de Cristo e produzem salvação pela fé Nele.

Tanto o Antigo como esse Novo Testamento “mistério” que é anunciado agora são inspirados

por Deus e uteis para o aperfeiçoamento do crente pela instrução, repreensão, correção e

educação na justiça, com o fim de torná-lo perfeito e perfeitamente conformado a imagem de

Cristo.

11 - Comentário Homilética.

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21

A atitude do crente com relação à Escritura

1- A ordem de se permanecer Nela.

• Paulo ordena Timóteo à permanência naquilo que aprendeu no Antigo Testamento.

Timóteo teve a instrução de sua mãe e sua avó judias que lhe instruíram nas (sagradas

Letras. Esse entendimento do AT era de muita importância para a vida ministerial do

jovem pastor, pois, os tempos difíceis chegaram e os homens resistiam a verdade.

• Pois o entendimento de Cristo a partir do Antigo Testamento salva.

Não era uma leitura e um aprendizado do Antigo Testamento que iria trazer salvação a

vida do homem, mas a sua ligação com Cristo, enxergar o cumprimento das promessas

do AT em Cristo.

• E a ação do Espírito é na Palavra (foste persuadido, inteirado).

A ação do Espírito é na Palavra e através da Palavra. O conhecimento do AT e foi

indispensável à conversão de Timóteo, mas sem a “persuasão” do Espírito não haveria

cristianismo.

2- Entende-La como autoritativa Palavra de Deus.

• Tanto o AT como o NT tem a autoridade sobre o crente. (toda Escritura é inspirada)

Por ser Palavra de Deus, “soprado por Deus”, Ela é inerrante, eficaz. Portanto é

autoridade na vido do cristão. Ela é sua regra de fé e pratica. Toda Ela, o NT e o AT

são a Palavra autoritativa de Deus para a vido do crente.

• Ela deve dirigir todo crente (homem que pertence a Deus)

A autoritativa Palavra de Deus é suficiente para dirigir o crente por onde ele andar, Ela

deve determinar a conduta do crente.

• Pois o propósito da Palavra é salvar, santificando o homem e o habilitando a viver de

conformidade ao que Deus quer.

É Nela que o crente é santificado e salvo.

3- Conclusão

A salvação do homem depende da Escritura, da ação do Espírito na Escritura. A doutrina da

Escritura sagrada é o fundamento do cristianismo, sem o “livro” não existe cristianismo. A

igreja de Cristo precisa entender a Escritura como autoridade de Deus sobre sua vida e se

submeter a essa autoridade, permanecendo Nela.

13- Tradução final

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22

14- Tu, porém, permanece no que aprendeste e foste firmemente persuadido, observe de quem

aprendeste,

15 - E que desde criança aprendeste as sagradas Letras, que podem te tornar sábio para

salvação através da fé em Cristo Jesus.

16 - Toda Escritura é inspirada por Deus e útil para a instrução, para repreensão, para

correção, para educação na justiça.

17 - A fim de que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente hábil em todo(a) serviço

excelente (boa obra).

Conclusão

A perícope trabalhada é de extrema importância nos dias atuais para uma melhor

compreensão da igreja com relação à autoridade das Escrituras e sua relevância no que diz

respeito a todas as áreas da vida do crente. Nos dias onde a igreja tem sido atacada

diretamente por conceitos mundanos de crescimento, expansão e atratividade da igreja. Onde

os homens, como nos dias de Timóteo resistem à verdade em detrimento de seus gostos e que

lhes traz “prazer” e a Escritura Sagrada tem sido submetida ao crivo do que o homem entende

e acha que é certo. O texto em questão é mais do que necessário para uma melhor

compreensão para a realidade da vida cristã.

Page 23: Exegese de 2 Tm 3; 13-17

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Bibliografia

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John R. W. Stott. Tu, porém - A mensagem de 2 Timóteo. J. A. MOTYER J. R. W. STOTTEditores da série. E-book. Artigo traduzido Felipe Sabino de Araújo Neto no site; http://www.cprf.co.uk/languages/portuguese_inspirationofscripture.htm

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