8
Exemplar n° 75 Maio 2014 Primeira publicação: 29 de Maio de 1995 Não jogue este impresso em vias públicas Página 6 Laços. É disso que o homem vive, pois desde os tempos ancestrais vivemos em grupos para sobreviver. Reflita sobre a importância da amizade e das relações sociais na vida humana em "Laços positivos". Soltando o Verbo Página 8 O Rio de Janeiro é uma das cidades mais procuradas por aqueles que querem aproveitar ao máximo a mais quente das estações, o verão. Porém a temporada 2014 foi marcada pelos preços abusivos praticados por comerciantes e prestadores de serviço. Leia em Soltando o Verbo. Escola de Educação Comunitária Av. Engenheiro Richard, 116 Grajaú - Rio de Janeiro, RJ (21) 2577-4546 DISTRIBUIÇÃO GRATUITA Fala Garota Página 4 Assim como qualquer outro tipo de instituição pública do país, o sistema prisional brasileiro passa por profunda crise: precariedade, superlotação e violência. Veja porque os presídios são celas temporárias que prendem e aprimoram para o crime na coluna Fala Garota. Sistema Carcerário no Brasil no Brasil Fala Garota Página 4 Assim como qualquer outro tipo de instituição pública do país, o sistema prisional brasileiro passa por profunda crise: precariedade, superlotação e violência. Veja porque os presídios são celas temporárias que prendem e aprimoram para o crime na coluna Fala Garota. Falando Sério Página 7 Rolezinhos: Uma reunião marcada pelas redes sociais por jovens, toma dimensões incontroláveis, envolvendo milhares de pessoas, arruaças, furtos, ações judiciais, este é o “Rolezinho”. Saiba mais na coluna Falando Sério. Confiram os textos dos três autores do XXIX Concurso de Literatura Maria Helena Xavier Fernandes, que se encontram em partes desta edição da Papeleta. Novidades virão, aguardem!

Exemplar n° 75 Maio 2014 Sistema Carcerário no Brasil file“Rolezinho”. Saiba mais na coluna ... (Redação), entre todas as escolas do Rio de Janeiro. Analise as escolas que

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: Exemplar n° 75 Maio 2014 Sistema Carcerário no Brasil file“Rolezinho”. Saiba mais na coluna ... (Redação), entre todas as escolas do Rio de Janeiro. Analise as escolas que

Exemplar n° 75 Maio 2014Primeira publicação: 29 de Maio de 1995

o j

og

ue

est

e i

mp

ress

o e

m v

ias

bli

cas

Página 6

Laços. É disso que o homem vive, pois desde os tempos ancestrais vivemos em grupos para sobreviver. Reflita sobre a importância da amizade e das relações sociais na vida humana em "Laços positivos".

Soltando o Verbo Página 8

O Rio de Janeiro é uma das cidades mais procuradas por aqueles que querem aproveitar ao máximo a mais quente das estações, o verão. Porém a temporada 2014 foi marcada pelos preços abusivos praticados por comerciantes e prestadores de serviço. Leia em Soltando o Verbo.

Escola de Educação ComunitáriaAv. Engenheiro Richard, 116

Grajaú - Rio de Janeiro, RJ(21) 2577-4546

DISTRIBUIÇÃO GRATUITA

Fala Garota Página 4Assim como qualquer outro tipo de instituição pública do país, o sistema prisional brasileiro passa por profunda crise: precariedade, superlotação e violência. Veja porque os presídios são celas temporárias que prendem e aprimoram para o crime na coluna Fala Garota.

Sistema Carceráriono Brasilno Brasil

Fala Garota Página 4Assim como qualquer outro tipo de instituição pública do país, o sistema prisional brasileiro passa por profunda crise: precariedade, superlotação e violência. Veja porque os presídios são celas temporárias que prendem e aprimoram para o crime na coluna Fala Garota.

Falando Sério Página 7

Rolezinhos: Uma reunião marcada pelas redes sociais por jovens, toma dimensões incontroláveis, envolvendo milhares de pessoas, arruaças, furtos, ações judiciais, este é o “Rolezinho”. Saiba mais na coluna Falando Sério.

Confiram os textos dos três autores do XXIX Concurso de Literatura Maria Helena Xavier Fernandes, que se encontram em partes desta edição da Papeleta. Novidades virão, aguardem!

Page 2: Exemplar n° 75 Maio 2014 Sistema Carcerário no Brasil file“Rolezinho”. Saiba mais na coluna ... (Redação), entre todas as escolas do Rio de Janeiro. Analise as escolas que

2

www.eco.g12.br

O Aluno é o Protagonista

Escola que se preza poderia ser diferente? Portanto, não conquistei o leitor com esta chamada. Mas tenho boas notícias para compartilhar com o nosso aluno, o protagonista, e sua família.

Foi um sucesso o nosso principal evento de 2013: XXVIII Concurso Maria Helena Xavier Fernandes. Quem o assistiu, aplaudiu os alunos e os professores, um time norteado por práticas relevantes para o aprimoramento: conhecimento, experiência, gestão, criação, tecnologia.

Há um mundo de inovações à nossa disposição, já que a aprendizagem ultrapassa os limites físicos da escola. É importante pesquisar, ter coragem, não se acomodar com o mais ou menos e ousar com o novo.

Já no ENEM, fomos classificados em 20º lugar (Média Geral) e em 12º lugar (Redação), entre todas as escolas do Rio de Janeiro.

Analise as escolas que obtêm as melhores colocações no ENEM. Elas não possuem apenas bons professores e bom material didático. Elas possuem bons alunos. Só bons alunos, porque eles foram se-le-ci-o-na-dos. Muitas vezes, essa seleção foi feita lá no ingresso para o primeiro ou sexto ano do fundamental. Há as escolas-curso que se aproximam da análise acima. A diferença está nos alunos, já que há os bons, os

medianos e os com dificuldade. Mas pouco importa para o negócio. Há sempre duas ou três turmas com os melhores alunos que constroem o percentual de aprovação e os primeiros lugares que garantirão a matrícula para o próximo ano.

Agora, observemos as escolas com bom ensino e turmas heterogêneas. A heterogeneidade apresenta bons alunos e os com pequena ou muita dificuldade. Juntos, em suas turmas.

O trabalho não é mais difícil. É socializador. Os rótulos se apagam. Os exemplos diversificados espraiam-se em cada classe. Eles independem da capacidade cognitiva e colorem o cenário com a sua compreensão, sua habilidade, sua competência. Cada aluno é do seu jeito. A sala de aula é democrata.

Sobram as escolas fracas, com alunos e professores fracos, são os reveses da educação. Deixemo-las de lado. Mas não nos isentemos da responsabilidade de selecionar bem os legisladores.

Entre as três primeiras opções, escolha aquela em que seu filho poderá vivê-la com felicidade e crescer na hora dele.

É bom não se esquecer de que a escola formativa deverá, nos campos do conhecimento e dos valores reais, ser a sua prioridade.

Você e seu filho não querem ficar no banco de trás, sem paixão, sem vontade de deixar sua marca neste mundo, sem ter uma vida diferente. Vocês se conhecem; por conseguinte, a escolha tem os olhos no hoje.

Professor Abelardo Soares

Evitemos o lugar comum. Nada de “novos impulsos para o ano novo” ou “vamos fazer diferente”, entre outros. Somos os mesmos. Mesma essência, mesmos hábitos e vícios. Não queiramos construir novas identidades para velhos arcabouços. Acreditemos que não somos estruturas condenadas, devendo ser derruídas.

Construir sobre o que já existe é impossível. Restaurar o que precisa de reparos, viável. Tomemos, pois, o transitável como ponto de partida.

“Chegou 2014, estejam a postos para mais um ano de palavras, sentimentos, impressões… realidade.” Assim me despedi de vocês, meus caros, em nossa última edição. E parece que antes de editar quaisquer linhas deste número, já antevia o que seria traçado neste espaço: palavras, sentimentos, impressões e realidade.

As palavras aqui sempre se fazem presentes. Palavras que abrem espaço em nossa mente para o novo, para projetar o futuro ou reviver o passado. O frescor trazido por mais um início de ano nos permite refletir e repensar ideias, conceitos e atitudes.

Os sentimentos passeiam por uma via de mão dupla: sentimento daquele que escreve, que se deixa transpassar pela emoção e num gesto simples chega ao outro; sentimento do que lê, que sem tempo, vontade ou intenção, se vê, de repente envolvido, absorto.

Muito se diz sobre a juventude atual, mas suas verdadeiras impressões do mundo são, quase sempre, deixadas de lado, como se aguardando a hora certa e devida de brotarem. Aqui elas florescem sempre. Sem pedir licença, o jovem da ECO tem hora e lugar para soltar a voz, seja qual for sua opinião.

Não deixei a realidade por último por acaso. Ela tem sido responsável pelos gozos da vida e pelas apreensões mais duras. Por isso, essa edição não podia tratar apenas de temas atemporais. A palavra não deve ser resumida a sua função estética ou cognitiva. Sentimos, todos, a necessidade de sermos ouvidos.Por isso, não conseguimos começar 2014 sem pensar nos “Rolezinhos” que surpreenderam ao fim do ano passado; impossível lembrar-se do verão recém terminado e não perceber que ficamos “mais pobres”. Sim, pois nossos bolsos gritaram com os preços surreais praticadas por parte do comércio; impraticável pensar sobre o comportamento de nossa sociedade, entretanto omitir a crise da situação carcerária no país. Esses são apenas pequenos goles dentre todos os outros que lhe apetecerão durante a leitura.

Sem mais delongas: vamos à leitura! Boa leitura!Até a próxima!

Professora Ana Carolina

“…Sempre pensei que a literatura deveria nutrir os leitores e protegê-los das desilusões da vida.”

Moacyr Scliar

Maio 2014

Page 3: Exemplar n° 75 Maio 2014 Sistema Carcerário no Brasil file“Rolezinho”. Saiba mais na coluna ... (Redação), entre todas as escolas do Rio de Janeiro. Analise as escolas que

3

www.eco.g12.br

O Brasil encontra-se numa situação contraditória. Apesar de o país ser o dono da 6ª economia mundial, apresenta-se com baixíssimos níveis educacionais, segundo pesquisas. Portanto, vivemos em um país no qual o que gera a produtividade e a competitividade é o poderio econômico.

Vivemos em uma sociedade em que priorizamos o status econômico e ignoramos a educação. Tomemos como exemplo a pesquisa feita pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) sobre o Programa Internacional de Avaliação dos Estudos (PISA). A prova aplicada pela OCDE mostrou que os alunos brasileiros estão entre os dez últimos em uma lista composta por sessenta e cinco países – o Brasil encontra-se na 58ª posição, estando à frente apenas do Peru, Indonésia, Colômbia, Catar, Jordânia, Tunísia e Argentina. Alertas são feitos para as dificuldades que nossos jovens terão para absorver tecnologias quando ingressarem no mercado de trabalho.

Porém, já no ponto de vista da economia internacional, o Brasil compete com China e Coréia, que figuram no topo da lista com médias em matemática, por exemplo, superiores as do Brasil. Ou seja, a educação perde sua função, se caráter de mola propulsora da produtividade e da competitividade do país e quem assume seu papel é o poderio econômico.

Em suma, o país move-se no sentido contrário à evolução da sociedade brasileira, de maneira geral. O Estado Nacional prefere incentivar a economia que caminha como um processo de resultados imediatos, porém duvidoso, a incentivar a educação que caminha como um processo lento, gradual, demorado, entretanto certo, definitivo e duradouro.

Nathália Ramos – Pré III

Todos Trabalhando em Prol da Educação

O ser humano está a todo tempo buscando soltar as amarras que o prendem aos dogmas sociais. Neste conflito, vários feitos já foram alcançados, com grande destaque para a conquista da liberdade de expressão, na qual os meios de comunicação ganham destaque e passam a agir sem repressão. Em tese, esses veículos que cada vez mais se modernizaram, deveriam fornecer informações e debates para fortalecer a democracia. Porém, no Brasil, as mídias não fazem esse papel corretamente e é necessário analisar os fatores que levam a esse quadro.

No país, a televisão é um veículo midiático poderoso, principalmente o canal aberto. E, por estar na mão dos detentores de poder, estes manipulam e monopolizam a informação que chega ao público. Assim, controlam o sistema de acordo com seus interesses, fazendo-o ficar com menos igualdade de direitos. A Rede Globo com seus múltiplos tentáculos, como revistas, rádios e jornais, é uma clara alienadora. Com um imenso poder persuasivo, planta ideias na mentalidade dos indivíduos, muitas vezes colocando-os para pensarem exatamente de seu modo.

Uma saída para esse absurdo controle da máquina televisiva foi o advento da internet. O problema é que, devido aos elevados níveis de desigualdade, este meio consegue atingir uma parcela muito menor de espectadores, e a informação mais transparente, sem os filtros da máquina, chega em mínima escala. As manifestações que ocorreram em junho passado, por exemplo, foram noticiadas pela Mídia Alternativa Ninja, que apresentava 'os fatos reais' que aconteciam. No entanto, quem não tinha acesso a elas, ficava com a visão parcial e muitas vezes equivocada passada pelo monstro da telecomunicação, que disseminou o repúdio às pessoas que manifestavam seus direitos populares presentes no cotidiano de uma maioria.

Com isso, para que os meios de comunicação no Brasil possam passar de maneira verdadeira a informação, é necessário mudar o atual sistema com que ela chega à casa dos indivíduos. O Governo deve fornecer maior acesso à internet e impedir que as redes televisivas sejam tão parciais e façam as pessoas se tornarem robôs com opiniões premeditadas. Dessa maneira, a democracia brasileira será melhor consolidada.

Luiz Henrique – Pré III

A Informaçãoque forma RobôsA Informaçãoque forma Robôs

Maio 2014

Page 4: Exemplar n° 75 Maio 2014 Sistema Carcerário no Brasil file“Rolezinho”. Saiba mais na coluna ... (Redação), entre todas as escolas do Rio de Janeiro. Analise as escolas que

4

www.eco.g12.br

Há muito tempo, a mulher deixou de se dedicar exclusivamente aos afazeres domésticos para disputar com o homem um lugar na vida pública. Essa mudança do papel feminino, inegavelmente, teve repercussão no papel masculino. Não pretendemos aqui promover uma reflexão sobre “o papel da mulher na sociedade atual”, mas sim propor uma discussão sob uma perspectiva mais intrigante e inovadora.

Questionamos, pois, quais são os padrões de comportamento masculino hoje em dia? Afinal, o que é ser homem no século XXI?

É visível que uma grande mudança social vem ocorrendo nas últimas décadas: o crescimento do poder feminino. Esse fenômeno que abrangeu grande parte do cenário mundial influenciou, principalmente, a posição da figura masculina frente à sociedade atual.

O sexo masculino abandona aos poucos o seu passado “turrão” e adquire um papel inovador na vida pública. Esse papel inclui mais tempo para o ambiente familiar, menos responsabilidade nas finanças e redução do poder nas decisões políticas e sociais.

Apesar da sociedade ainda ser predominantemente machista, a classe feminina continua progredindo em direção ao sucesso e ao poder. Uma das mulheres que exemplificam tal fato, dentre muitas outras, é Dilma Rousseff, presidenta da nação brasileira.

As liberdades sexual, de expressão e trabalhista e direito ao voto foram as conquistas femininas que mais influenciaram a situação masculina atual. Hoje os padrões sociais se modificaram e a organização familiar também. Em uma família, a mulher exerce uma profissão, possui carga horária igual ou superior a de seu companheiro financiando grande parte dos gastos familiares.

na Guerra dos SexosBandeira Branca

O homem, portanto, perde seu legado soberano e passa a dividi-lo com a mulher. São inegáveis as mudanças nos papéis masculino e feminino. Por isso, deve-se repensar os conceitos machistas e visar a uma sociedade igualitária e menos preconceituosa.

Giovanna Pissiali – Pré III

A desestruturação do sistema prisional nos faz refletir sobre o descrédito da prevenção e da reabilitação do condenado.

Como vêm se constituindo as cadeias públicas brasileiras? As unidades prisionais que surgiram como instrumento de correção social, passaram a ser o cárcere da alma e hoje são vistas como um caminho que jamais levará à ressocialização de qualquer ser humano.

O sistema carcerário no Brasil, assim como qualquer outro tipo de instituição pública do país hoje passa por problemas, como sua precariedade e superlotação. Por isso, não são nada mais que celas temporárias, que prendem, mas não educam.

O descaso do poder público com o sistema penitenciário e carcerário no país gera tensão não só dentro, mas fora das celas. Os presos, mesmo encarcerados, conseguem celulares e, assim continuam comandando crimes de dentro das prisões. O que parece absurdo acontece com frequência, na medida em que não há um forte controle dos objetos que chegam às mãos dos presos.

Os condenados, que deveriam passar por uma política de reintegração à sociedade a partir do trabalho e da educação, se veem, muitas vezes, em condições desumanas. Não se trata de oferecer tratamento “cinco estrelas”, ou repleto de privilégios, mas de organização, higiene e segurança, quesitos básicos para melhor convivência entre quaisquer pessoas. Entretanto a situação real gera conflitos e motins dentro de presídios, sendo mais difícil controlá-los.

Esse sistema, portanto, é ineficiente, não impedindo crimes cometidos por bandidos do próprio presídio e burlando direitos humanos. O governo deve, assim, investir nas cadeias, não só em sua reestruturação, mas nos próprios presos, que devem sofrer intervenção para que tenham de volta a cidadania, a partir da educação e do trabalho. Assim, quando libertos, será reduzido o risco de que eles voltem para a vida criminosa.

Gabriela Morgado – Pré III

DireitosDesumanos

Maio 2014

Page 5: Exemplar n° 75 Maio 2014 Sistema Carcerário no Brasil file“Rolezinho”. Saiba mais na coluna ... (Redação), entre todas as escolas do Rio de Janeiro. Analise as escolas que

5

www.eco.g12.br

O rei morreu, e o governo decretou: no dia seguinte ao do enterro, às dez horas da manhã, toda a população deveria guardar um minuto de silêncio. Assim foi feito, e à hora aprazada um pesado silêncio caiu sobre todo o país.

As pessoas que estavam na rua viam outras pessoas, absolutamente imóveis, em silêncio. Supostamente deveriam estar pensando no monarca falecido, e, de fato, muitos pensavam nele; na verdade quase todos, a exceção sendo representada por um professor de matemática que tão logo ficou em silêncio, pôs-se a fazer cálculos e descobriu que a soma dos minutos de silêncio de vinte e seis milhões e oitocentos mil cidadãos equivalia a cinquenta anos, exatamente a idade que tinha o rei ao falecer. Uma vida se perdeu, pensou o professor, outra vida se está perdendo agora, no silêncio. E logo depois: não está se perdendo, não inteiramente, pois algo descobri – o que será?

Nesse momento, na maternidade, sua mulher dava a luz a uma criança que, portadora de múltiplas lesões congênitas, não resistiu: viveu apenas um minuto. O tempo suficiente para que a mãe a batizasse com o nome do saudoso rei.

Moacir Scliar

de SilêncioMinuto

Era uma interrogação em aproximadamente 1,65 de altura. Não que fosse uma dessas mulheres cheias de dúvidas para escolher com que roupa iria a um simples compromisso, mas sim porque homem algum foi capaz de descobrir o que se passava pela sua cabeça ou decifrar qualquer sentimento que a leve expressão facial tentava denunciar à medida que brincava com um copo de suco e olhava debochadamente nos olhos dos presentes.

Era decidida, ao menos. Com um vestido preto e simples – o que talvez denotasse pouca paciência para a escolha da roupa –, chamou a atenção de qualquer um que não estivesse bêbado quando entrou na escondida confeitaria do bairro e sentou-se no terceiro banco à esquerda da máquina registradora.

- Um suco de morango, por favor.Imaginei que fosse cliente antiga, já que não perguntou ao

balconista quais as opções do estabelecimento. Enquanto esperava, roia cuidadosamente o canto da unha para não borrar o batom num tom de rosa bem leve que combinava com a sombra dos olhos. Não se importava com nada. Pouco dava atenção aos olhares ou cochichos dos outros ao seu redor. Parecia não haver ninguém ali. Era a garota e o seu suco de morango.

Abriu a bolsa, pegou o celular, conferiu uma mensagem e logo em seguida começou a falar com alguém do outro lado da

linha. Quem seria? A cada sorriso rouco provocado pela conversa, puxava o canudo já manchado pelo rosa do batom para

beber mais um gole do suco ou se punha a enrolar a ponta dos ondulados cabelos castanhos claros que caíam nos ombros marcados pelas sardas que a alça fina do vestido tentava esconder.

Eu a observava fixamente. Cada movimento, cada sílaba pronunciada, cada balançar de cabelo. Pagou a conta e saiu. Deu um pequeno trote segurando o vestido que até o vento tentava levantar e sumiu do meu campo de visão enquanto atravessava a via.

Discretamente levantei e fui até a calçada ver que direção tomara. Tudo em vão. Àquela altura e num piscar de olhos, se confundiu com a

beleza das ruas de Ipanema.

Professor André Cruz

uma Mulher Bonita

Folhetim

A Crônica de

Diferente… XXIX Concurso de LiteraturaMaria Helena Xavier Fernandes vem aí…

Maio 2014

Page 6: Exemplar n° 75 Maio 2014 Sistema Carcerário no Brasil file“Rolezinho”. Saiba mais na coluna ... (Redação), entre todas as escolas do Rio de Janeiro. Analise as escolas que

6

www.eco.g12.br

O aumento da violência tem relação direta com o aumento do desemprego e da pobreza, pois muitas pessoas caminham com suas vidas para o tráfico ou outras práticas criminosas como forma de sobrevivência; cometem assaltos ou furtos por terem encontrado uma maneira mais fácil e rápida de ganhar dinheiro. Entretanto, essas não são justificativas para a entrada no mundo do crime, porém, infelizmente, explicam o alto índice de sujeitos envolvidos com a vida marginal. “Fruto” do trabalho ilegal, o dinheiro “fácil” chega às mãos de muitos, acompanhado de sérias consequências.

É importante também refletirmos que não somente os desfavorecidos cometem crimes. Pessoas que exercem uma profissão ou que têm condição financeira razoável também cometem fraudes e delitos. Por isso, afirmar que somente pessoas carentes se envolvem em crimes é uma afirmativa falsa. A sonegação de impostos, por exemplo, é comumente praticada pelos mais beneficiados financeiramente.

Muitos afirmam, erradamente, que os programas ou noticiários de TV provocam ou induzem a violência. Porém eles apenas relatam fatos do dia a dia. Não podemos apontar um meio de comunicação como causa para a propagação da violência.

É impossível apontarmos uma causa para o aumento da violência nas cidades, mas a ausência do poder público, de medidas sociais que busquem a elevação do padrão de vida e investimentos em setores como educação e segurança, certamente, influenciam a complexa situação na qual estão as grandes cidades.

Mariana Corato – T: 91

O Crime Mora Ao LadoO Crime Mora Ao Lado

Quais tipos de laços somos capazes de criar nos dias atuais? Com o surgimento de diferentes formas de comunicação, parece que o que estava longe ficou perto, e o que estava perto se tornou distante.

Laços. É disso que o homem vive, pois desde os tempos ancestrais vivemos em grupos para sobreviver. Desde os primórdios até os dias atuais o coletivo prevalece sobre o individual e por isso formaram-se e existem as sociedades. Mas o que acontece quando se cria afeto para com o próximo, quando o que importa é elo da amizade?

As pessoas são incapazes de sobreviver sozinhas, criando uma necessidade de apoio que muitas vezes é sanada por outra pessoa ou animal de estimação. Fortalecer e manter a relação muitas vezes significa uma evolução da estabilidade psicológica.

A saúde também é influenciada pela amizade. Ter muitos (ou bons) amigos é comprovadamente benéfico para o bem estar, pois libera substâncias em nosso organismo como a ocitocina, responsável por, dentre dezenas de funções, oferecer sensação agradável e até mesmo colaborar em processos de recuperação de doentes. Sabemos também que a falta de amigos aumenta as chances de problemas cardíacos e relacionados à depressão.

Companheiros geralmente desenvolvem o conceito de confiança e união dentro de si e isso melhora a integração e funcionamento de diversos aspectos, tornando melhor a convivência e diminuindo o culto a sentimentos negativos e destrutivos.

A amizade é assim um dos maiores instrumentos para a manutenção do bem estar. Devemos todos estar sempre aptos a instituir novas relações, pois inúmeros são os benefícios para cada indivíduo e para a sociedade de maneira geral.

Lucas Ribeiro – Pré III

Laços Positivos

Maio 2014

Page 7: Exemplar n° 75 Maio 2014 Sistema Carcerário no Brasil file“Rolezinho”. Saiba mais na coluna ... (Redação), entre todas as escolas do Rio de Janeiro. Analise as escolas que

7

www.eco.g12.br

Juventudesem Barreiras

Luana e Daniel, ídolos dos adolescentes que se divertem nos rolezinhos.

Pois ainda que pareça incrível, quando o homem chegou às portas do céu, São Pedro disse:

— Não pode entrar!— Como não posso entrar? Tenho folha corrida de bons

antecedentes e tenho bons antecedentes mesmo.— Sei — respondeu São Pedro — mas no céu ninguém

entra sem cavalo.E o homem, não podendo argumentar com São Pedro,

voltou. No caminho encontrou um velho amigo e perguntou a ele aonde ia. Disse o amigo que ao céu. Ele lhe explicou então que, sem cavalo, neca. O amigo então sugeriu:

— Olha, aqui, São Pedro já está velho. Eu fico de quatro, você monta em mim. Ele não percebe nada porque já está velho e míope e nós entramos no céu.

E assim fizeram. Na porta, o Santo olhou nosso herói:— Opa, você de novo? Ah, conseguiu cavalo, hem? Muito

bem, amarre o cavalo aí fora e pode entrar.

Moral da história: No céu não entram sujeitos com ideias.

Millôr Fernandes

Em 2014, o XXIX Concurso de Literatura Maria Helena Xavier Fernandes lhe trará algumas novidades…

O Cavalo e o Cavaleiro

Organizar encontros e saídas com os amigos é uma atitude comum na vida de um típico adolescente. Apesar disso, desde o fim de 2013 tais atividades passaram a render polêmicas entre a população a partir do momento em que fugiram do considerado “tradicional”. Uma reunião marcada pelas redes sociais por jovens, toma dimensões incontroláveis, envolvendo milhares de pessoas, arruaças, furtos, ações judiciais, este é o “rolezinho”.

Um dos principais motivos que levaram os rolezinhos a assumirem tal caráter polêmico, se deve a sua desorganização e inconsequência. Centenas ou milhares de adolescentes reunidos em um espaço fechado, sem qualquer imposição de limites, se configura como uma tragédia anunciada. Arrastões e pânico são fatores que se inseriram no contexto desses eventos, nos quais nem mesmo a segurança contratada pelos shoppings (alvo preferido das reuniões) foi suficiente para acalmar os ânimos dos adolescentes.

Há de se pensar também na figura familiar. Muitos responsáveis possuem apenas o fim de semana para aproveitar um momento de lazer com seus filhos como, por exemplo, um simples e prazeroso passeio pelo shopping. A correria e o transtorno proporcionado por esses encontros tendem a estragar e prejudicar o divertimento da família. O rolezinho também gera prejuízos aos lojistas que investem em seus estabelecimentos e acabam sofrendo com o vandalismo, arrastões e furtos, segundo relatos de quem presenciou esses eventos.

As ações judiciais que proíbem os rolezinhos são plenamente justificáveis, visto que o shopping é um espaço privado, gerido por empresas. Partindo do princípio que esse tipo de evento gera perdas aos investidores, independente da classe social dos participantes, eles têm o direito de coibir essas atividades. Como alternativa para que esse tipo de encontro não deixe de existir, seus organizadores poderiam reunir essa multidão de jovens em espaços públicos, priorizando a organização em conformidade com a lei, sem qualquer tipo de malefício aos participantes ou às pessoas ao redor.

João Eduardo Machado – Pré III

Maio 2014

Page 8: Exemplar n° 75 Maio 2014 Sistema Carcerário no Brasil file“Rolezinho”. Saiba mais na coluna ... (Redação), entre todas as escolas do Rio de Janeiro. Analise as escolas que

Maio 2014

8

Luiz Henrique – Pré IIINathália Ramos – Pré IIIThais Marie – T.: 91Thomaz de Carvalho – Pré III

Editor Responsável: Prof.ª Ana Carolina

Coordenação: Prof.ª Ana Carolina

www.eco.g12.br

Prof. AbelardoProf.ª Ana CarolinaProf. André Cruz

Diagramação: Fabio de Carvalho

Colaboradores:Gabriela Morgado – Pré IIIGiovanna Pissiali – Pré IIIMariana Corato – T.: 91João Eduardo – Pré IIILucas Ribeiro – Pré IIILuísa Meziat – T.: 91

O Rio de Janeiro é uma das cidades mais procuradas por aqueles que querem aproveitar ao máximo a mais quente das estações, o verão. A Cidade Maravilhosa oferece praias e paisagens exuberantes, mas uma realidade causou insatisfação tanto à população quanto aos turistas que visitaram nossa cidade. Preços abusivos eram cobrados pelos comerciantes e prestadores de serviços.

Durante o verão, com a proximidade de festas e eventos, como o Réveillon e Carnaval, comerciantes aproveitaram principalmente da quantidade de turistas que a cidade recebe todos os anos, para praticarem preços astronômicos. Entretanto, de acordo com economistas, a principal causa desses preços são os consumidores, que se fazem condescendente e que mesmo percebendo esse absurdo e sentindo na pele e no bolso os efeitos de tais cobranças, aceitam os produtos e serviços, pagando valores abusivos.

Como consequência desse aumento de preços, foi possível notar uma mudança de comportamento daqueles que não quiseram se submeter a preços, como vinte reais por um misto quente ou noventa e nove reais por uma omelete em Copacabana. Alguns cariocas, que antes frequentavam bares com os amigos, optaram por um estilo “alternativo”. Deixaram de consumir produtos superfaturados, recorreram aos supermercados, compraram os alimentos e bebidas desejados para levarem em seus “isoporzinhos” para seus destinos.

Portanto é necessário que se invista mais em políticas públicas, como a iniciativa “Consumidor, essa praia é sua!”, realizada pelo Procon. A operação tentou frear a subida de preços, obrigando os comerciantes a explicarem o motivo de preços tão “salgados”. É de suma importância ainda que os consumidores não aceitem consumir e pagar preços injustos, caso contrário estarão incentivando a subida de preços que esquentou ainda mais as temperaturas do último verão.

Thomaz de Carvalho – Pré III

O verão de 2014 passou deixando um sabor especial entre os cariocas: o amargo de preços surreais. Não houve quem não

pensasse nos abusos praticados por alguns estabelecimentos comerciais. Com uma “notinha” de R$ 50,00 não era possível

sequer começar o fim de semana.

O Verãoque valeu Ouro!

Era uma vez uma menina. Não era uma menina deste tamanhinho. Mas também não era uma menina deste tamanhão. Era uma menina assim mais ou menos do seu tamanho. E muitas vezes ela tinha vontade de saber que tamanho era esse […].

E era sempre assim. Na hora de ir ajudar no trabalho da roça, ela era bem grande. Na hora de ir tomar banho no rio e nadar no lugar mais fundo, ela ainda era muito pequena. Na hora que os grandes ficavam de noite conversando no terreiro até tarde, ela era pequena e tinha que ir dormir. Na hora em que espetava o pé com um espinho e queria ficar chorando no colo de alguém, só com dengo e carinho, sempre diziam que já estava muito grande para ficar fazendo manha. Se ela tivesse um espelho mágico, que nem rainha madrasta da Branca de Neve, bem que podia perguntar:

- Espelho meu, espelho meu, que tamanho tenho eu?

Ana Maria Machado

Vem aí… XXIX Concurso de Literatura Maria Helena Xavier Fernandes

do SeuBem

Tamanho