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Seminário Nossa Senhora da Assunção Disciplina: Teologia fundamental Curso: Teologia Exercício de Teologia Fundamental 1ª) O que é revelação? A palavra revelação vem do latim revelare que significa “retirar o véu que encobre algo”. a teologia define a revelação como a auto comunicação de Deus. Isto porque a revelação não é primeiramente um corpo de Doutrina ensinada aos homem, é antes Deus que dar-se conhecer a si mesmo. Deus é o autor da revelação e, em certo sentido, também objeto e o homem é o destinatário. O concílio Vaticano II, assim define o ‘objeto’ da revelação: “Quis Deus, com sua bondade e sabedoria, revelar-se a si mesmo e manifestar o mistério de Sua vontade”. A revelação é histórica. Ela aconteceu na história. Foi a partir da experiência de um povo, e depois plenamente na pessoa de Jesus, que Deus se revela. 2ª) O Homem é capaz de Deus, como compreender a exigência da revelação a partir da história religiosa humana e de suas estruturas psicológicas? Desde os albores da humanidade, o ser humano interroga-se sobre a sua existência. Ele se depara com o mistério, tentando desvendá-lo e encontrar uma resposta satisfatória que lhe possa explicar. Mas a criatividade do homem não é capaz de

Exercicio de Teologia Fundamental

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Page 1: Exercicio de Teologia Fundamental

Seminário Nossa Senhora da Assunção

Disciplina: Teologia fundamental Curso: Teologia

Exercício de Teologia Fundamental

1ª) O que é revelação?

A palavra revelação vem do latim revelare que significa “retirar o véu que encobre

algo”. a teologia define a revelação como a auto comunicação de Deus. Isto porque a

revelação não é primeiramente um corpo de Doutrina ensinada aos homem, é antes Deus que

dar-se conhecer a si mesmo. Deus é o autor da revelação e, em certo sentido, também objeto e

o homem é o destinatário. O concílio Vaticano II, assim define o ‘objeto’ da revelação: “Quis

Deus, com sua bondade e sabedoria, revelar-se a si mesmo e manifestar o mistério de Sua

vontade”.

A revelação é histórica. Ela aconteceu na história. Foi a partir da experiência de um

povo, e depois plenamente na pessoa de Jesus, que Deus se revela.

2ª) O Homem é capaz de Deus, como compreender a exigência da revelação a

partir da história religiosa humana e de suas estruturas psicológicas?

Desde os albores da humanidade, o ser humano interroga-se sobre a sua existência. Ele

se depara com o mistério, tentando desvendá-lo e encontrar uma resposta satisfatória que lhe

possa explicar. Mas a criatividade do homem não é capaz de apaziguar seus anseios. Ele se vê

impotente para solucionar o enigma angustiante da existência.

A estrutura racional do homem não descarta a possibilidade de uma resposta do

próprio mistério, ou seja, a razão, se não consegue abarcar uma explicação satisfatória, nem

por isso vê como absurda a possibilidade da própria divindade dirigir-lhe uma resposta, que

por si só o homem jamais obteria. Nesse sentido pode-se falar de uma exigência da revelação

por parte do ser homem que necessita de uma explicação de fora, do outro.

A história das religiões atesta que o homem tem uma estrutura psicológica capaz de

acolher a revelação. É um ser em aberto, por assim dizer. Elencaremos a seguir alguns

elementos que corrobora com esta tese:

- o homem sempre elaborou mitos e símbolos;

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- em sua prática religiosa, surge a figura do médium, uma espécie de intermediário

entre ele e a divindade;

- Os gregos criam na chamada “experiência dionisíaca”, uma espécie de êxtase

proporcionado pelo deus Dionísio há alguns indivíduos, no qual ele poderia obter

conhecimentos até então secretos;

- é um fenômeno também observado a pretensão dos fundadores das religiões

possuírem uma revelação;

- outro fenômeno se dá no seio do povo de Israel; eles creem ser os portadores de uma

mensagem divina.

3ª) Apresente as etapas da revelação no A.T

A revelação tem um caráter progressivo; Ela vai desenvolvendo-se paulatinamente na

história do povo de Deus até chegar ao ponto cume no evento Cristo. Basicamente, a

revelação em Israel se deu em quatro etapas. A primeira se deu com Abraão e os Patriarcas.

A experiência de Abraão com Deus não se deu ao modo de iluminação, mas como uma série

de acontecimentos e decisões provocadas por Deus, que o pertuba, o chama, o impele sempre

adiante, a um futuro desconhecido.

A Segunda etapa realizou-se com Moíses, com um evento de Salvação que libertou

Israel do Egito e constituiu como povo. Através de Moíses, Deus revelou seu nome e o

sentido do evento, empenhando Israel num diálogo. Israel deveria responder na sua História.

Terceira etapa foi a experiência profética. Nessa etapa, a palavra era dirigida a

alguém, que servia como mediador entre Deus e o Povo. O tempo profético inicia com

Samuel; os profetas eram como que a consciência religiosa do povo; sua pregação era um

chamado à justiça e fidelidade para com o Deus Santo.

A quarta e última etapa, da revelação no A.T , foi o estágio denominado sapiencial. O

mesmo Deus que inspirou os profetas serviu-se da experiência humana para revelar o homem

a si mesmo. À Revelação sapiencial estava ligado o tema da revelação cósmica.

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4ª) Como Podemos compreender Israel como mutação em relação ao conceito de

Deus?

Israel mesmo sendo um povo antigo, não faz da sua divindade uma ideia como até

então era corriqueira entre seus vizinhos. A visão que Israel tem de Deus é sublime, está

qualitativamente superior as representações grosseiras da divindade que encontramos nos

povos antigos.

Alguns povos antigos concebiam a divindade de modo panteístico. Tudo era deus;

cultuavam-se os astros. O panteísmo, sob a forma mais geral, isto é, a divinização do mundo

natural e do universo, parece ter sido recorrente nas religiões antigas. Israel não compartilhou

desta crença. Para, Deus é único e transcende o mundo físico. É o chamado monoteísmo.

Grosso modo, para Israel, tudo quanto é mundano é desmitizado, desacralizado,

desdivinizado. Logo, tudo o que é natural deixa de ser objeto de culto.

O absoluto é algo diferente do mundo e do que este contém. É alguém ao qual se deve

ir, e que se dirigi ao homem. O Deus de Israel é pessoal, mas não é antropomorfo.

5ª) Qual o corte epistemológico que Israel apresenta na sua visão de mundo?

Israel ultrapassa a compreensão mítica, fundamentando-se numa visão mais racional.

Ele desinfeta o mundo de quaisquer coloridos animistas e fetichistas. A cosmovisão de Israel

é semelhante, em certo aspecto, à dos racionalistas modernos. Muito embora, Israel não

dispunha das ciências experimentais. Neste particular, Israel atinge, para falar a linguagem de

Augusto Comte, um estádio ou idade “positiva”.

6ª) Qual a visão de homem separa Israel dos povos da antiguidade?

A antropologia Hebraica é original, diferindo de tantas outras antropologias da antiguidade.

Para Israel, o homem é um ser criado por Deus, ele não é um pedaço da divindade, gerada por uma

emanação. O homem por ser criado é mortal. Ele possui duas dimensões: a corporal e espiritual; note-

se que são dimensões diferentes, não partes. Ele é uno, todavia com duas dimensões.

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Já para algumas correntes da antiguidade, e até mesmo Rene Descartes defendeu, o homem

possui duas partes. É um ser dividido. É uma alma em um corpo. Mais ou menos como a relação

cavalo-cavaleiro. Israel afirma, pelo contrário, a unidade do ser humano. Para ele a existência material

não é má, como afirma as religiões de corte dualistas.

7ª) “A história de Israel é plasmada por um pensamento” discorra sobre essa afirmação.

Israel sempre possuiu a consciência de ser um povo escolhido. Ele se destaca dentre os demais

povos como sendo o portador de uma revelação divina. “Israel no seu todo pensa conter e trazer uma

palavra repetida, retomada, desenvolvida, que segundo os profetas, vem de Deus mesmo, do Deus

criador do céu e da terra”.

Olhando para Israel, vemos uma realidade experimental que podemos situa-la no tempo e

espaço; todavia, há também um elemento sobrenatural; Israel é informada por um pensamento, uma

presença, por uma ação e por um pensamento sobrenatural. O autor chama Israel de “um povo-

sacramento”.

Ele é um povo germinal, pois nele se encontra embrionariamente aquilo que a humanidade

inteira deverá ser. No transcurso da história, o povo de Israel padeceu diversas vezes, mas mesmo

sendo um povo minúsculo ele persiste em existir. O autor observa que; “Israel, povo portador da

palavra, sobrevive devido a essa palavra que traz em si. Não houvesse a palavra de Deus, Israel

desagregar-se-ia tal um corpo sem alma, sem principio de informação”. Essa informação é o que lhe

garante o ser e a unidade.