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WWW.ALFACONCURSOSPUBLICOS.COM.BR Página | 1 EXERCÍCIOS DE PORTUGUÊS EXERCÍCIOS DE PORTUGUÊS 1 - Mais de 60 milhões de brasileiros usam a internet, à qual dedicam em média 44 horas mensais. Dentre as novas formulações para o segmento destacado, a única que deve ser rejeitada, por não estar em concordância com o padrão culto escrito, é: a) com a qual se vêem envolvidos. b) da qual não se desconectam. c) que os absorve. d) cuja frequência é. e) a que se aplicam. 2 - Desastres naturais não provocam apenas mortes e prejuízos. Deixam a sociedade mais suscetível a discursos apocalípticos. Depois da virada (e do bug) do milênio, o fantasma da vez são as supostas profecias maias de que o mundo vai acabar em 2012. Para quem acredita nelas, as catástrofes deste semestre seriam apenas o começo do fim. Pouco importa que, segundo cientistas, a Terra registre 50 mil tremores todos os anos e esse número não esteja aumentando. Para o físico e astrônomo da Universidade Estadual Paulista (Unesp) Othon Winter, paradoxalmente a sociedade da informação reage aos desastres naturais de forma muito semelhante à dos povos da antiguidade. "Os fenômenos eram mais locais. Uma cheia do rio Nilo poderia ser indício de que os deuses estavam zangados com os homens. Na antiguidade, o acesso ao conhecimento era mínimo e as pessoas com um pouco mais de informação conduziam outras. O medo decorria da falta de informação. Hoje, todo mundo tem informação demais e, por isso, teme", acredita. A psicóloga Eda Tassara, do Laboratório de Psicologia Ambiental da Universidade de São Paulo (USP), acha que o excesso de informação também contribui para a disseminação do pânico. "Não sei se há uma intensificação das chamadas catástrofes, mas sei que o acesso à informação sobre elas se intensificou muito." Para ela, fenômenos como a erupção do vulcão islandês passaram a ser vistos como catástrofes por conta do atual estágio de organização da sociedade. "A dimensão da erupção foi amplificada pelos seus danos econômicos. Sob esse ponto de vista, pode ser considerada uma catástrofe, mas, na verdade, é um acidente de dimensões locais." Eventos como a passagem de cometas e a virada de milênios sempre provocaram tensão. Os temores de catástrofes cósmicas têm origem na crença de que eventos terrenos e celestes estariam fisicamente conectados. Em seu livro, o astrônomo lembra que a aparição de um cometa em 1664 foi interpretada como responsável pela peste bubônica que dizimou 20% da população europeia. Para Eda, até mesmo questões relevantes da atualidade, como a do aquecimento global, são contaminadas por um discurso apocalíptico que lembra o dos profetas religiosos. Ele traz consigo a culpa e a noção de castigo. Você tem culpa das mazelas do planeta porque come carne ou anda de avião. É como comer a maçã e ser expulso do Paraíso. (Karina Ninni. O Estado de S. Paulo, Especial, H5, 30 de abril de 2010, com adaptações) A concordância verbal e nominal está inteiramente correta na frase: a) O impacto econômico causado pela ocorrência de fenômenos naturais estão atingindo os mais variados setores de produção em todo o mundo. b) Quando se tratavam de questões relativas aos conhecimentos espirituais, era os profetas religiosos que traduziam os sinais contidos nos astros.

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EXERCÍCIOS

DE

PORTUGUÊS

1 - Mais de 60 milhões de brasileiros usam a

internet, à qual dedicam em média 44 horas

mensais. Dentre as novas formulações para o

segmento destacado, a única que deve ser

rejeitada, por não estar em concordância com o

padrão culto escrito, é:

a) com a qual se vêem envolvidos.

b) da qual não se desconectam.

c) que os absorve.

d) cuja frequência é.

e) a que se aplicam.

2 - Desastres naturais não provocam apenas

mortes e prejuízos. Deixam a sociedade mais

suscetível a discursos apocalípticos. Depois da

virada (e do bug) do milênio, o fantasma da vez

são as supostas profecias maias de que o mundo

vai acabar em 2012. Para quem acredita nelas,

as catástrofes deste semestre seriam apenas o

começo do fim. Pouco importa que, segundo

cientistas, a Terra registre 50 mil tremores todos

os anos e esse número não esteja aumentando.

Para o físico e astrônomo da Universidade

Estadual Paulista (Unesp) Othon Winter,

paradoxalmente a sociedade da informação reage

aos desastres naturais de forma muito

semelhante à dos povos da antiguidade. "Os

fenômenos eram mais locais. Uma cheia do rio

Nilo poderia ser indício de que os deuses

estavam zangados com os homens. Na

antiguidade, o acesso ao conhecimento era

mínimo e as pessoas com um pouco mais de

informação conduziam outras. O medo decorria

da falta de informação. Hoje, todo mundo tem

informação demais e, por isso, teme", acredita. A

psicóloga Eda Tassara, do Laboratório de

Psicologia Ambiental da Universidade de São

Paulo (USP), acha que o excesso de informação

também contribui para a disseminação do pânico.

"Não sei se há uma intensificação das chamadas

catástrofes, mas sei que o acesso à informação

sobre elas se intensificou muito." Para ela,

fenômenos como a erupção do vulcão islandês

passaram a ser vistos como catástrofes por conta

do atual estágio de organização da sociedade. "A

dimensão da erupção foi amplificada pelos seus

danos econômicos. Sob esse ponto de vista,

pode ser considerada uma catástrofe, mas, na

verdade, é um acidente de dimensões locais."

Eventos como a passagem de cometas e a virada

de milênios sempre provocaram tensão. Os

temores de catástrofes cósmicas têm origem na

crença de que eventos terrenos e celestes

estariam fisicamente conectados. Em seu livro, o

astrônomo lembra que a aparição de um cometa

em 1664 foi interpretada como responsável pela

peste bubônica que dizimou 20% da população

europeia. Para Eda, até mesmo questões

relevantes da atualidade, como a do aquecimento

global, são contaminadas por um discurso

apocalíptico que lembra o dos profetas religiosos.

Ele traz consigo a culpa e a noção de castigo.

Você tem culpa das mazelas do planeta porque

come carne ou anda de avião. É como comer a

maçã e ser expulso do Paraíso.

(Karina Ninni. O Estado de S. Paulo, Especial,

H5, 30 de abril de 2010, com adaptações)

A concordância verbal e nominal está

inteiramente correta na frase:

a) O impacto econômico causado pela ocorrência

de fenômenos naturais estão atingindo os mais

variados setores de produção em todo o mundo.

b) Quando se tratavam de questões relativas aos

conhecimentos espirituais, era os profetas

religiosos que traduziam os sinais contidos nos

astros.

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c) A ocorrência de eventos naturais, nem sempre

explicável para os povos primitivos, deram origem

às mais diversas teorias sobre o fim do mundo.

d) Quando se discutem questões em que se

misturam profecias e evidências científicas fica

difícil o pensar com racionalidade.

e) Fenômenos naturais, muitas vezes de

proporções locais, como a erupção de um vulcão,

é visto como catástrofes que afetam toda a vida

no planeta.

3 - Considerando as estruturas do texto, assinale

a opção correta no que diz respeito à

concordância.

a) A alteração de "sejam garantidas" (l.25) para

seja garantido não interfere na correção

gramatical do período.

b) As formas verbais "garantem" (l.31) e

"obrigam" (l.32) concordam com "eleições

periódicas" (l.31).

c) A inserção da forma verbal manterem no lugar

de "manter", em "manter um olho na opinião do

povo" (l.33), acarretaria prejuízo sintático ao texto.

d) A oração existia alguns fatores inviabilizadores

parafraseia de modo gramaticalmente correto o

trecho "alguns fatores se apresentaram como

inviabilizadores" (l.7-8).

e) Ainda que o vocábulo "necessidade" (l.15)

estivesse flexionado no plural, a forma verbal

"identificou" (l.14) deveria permanecer no

singular.

4 - O triunfo humano sobre as forças da natureza

é, desta vez, um triste sintoma da saúde do

planeta. Dois cargueiros alemães estão prestes a

se tornarem os primeiros a navegar por inteiro a

Passagem Nordeste, como é conhecido o trajeto

via Ártico entre os oceanos Atlântico e Pacífico.

Essa rota marítima mais curta entre a Europa e a

Ásia sempre foi um risco no mapa impossível de

ser navegado. Durante o verão, quando a

camada de gelo da calota polar se retrai, somente

comboios liderados por navios quebra-gelo

trafegam pela imensa costa russa - e apenas em

trechos curtos. Essa situação já tem data

marcada para acabar. Salvo algum contratempo

imprevisível, os dois navios, que já ultrapassaram

os trechos mais difíceis, devem completar a

viagem até o fim do mês. E aqui está a má

notícia: a proeza dos cargueiros alemães só foi

possível devido ao encolhimento progressivo da

calota polar do Ártico, provocada pelo

aquecimento global. Em 2007 e 2008, a superfície

congelada se reduziu ao menor tamanho já

registrado. A camada de gelo também está mais

fina: sua espessura encolhe, em média, 17

centímetros por ano.

Toda a fauna adaptada ao clima único da região

está ameaçada. As focas criam seus filhotes

durante as primeiras semanas em placas de gelo

flutuantes, para que acumulem gordura suficiente

antes de se aventurar pela água gelada do mar.

O degelo precoce dos glaciares pode resultar na

separação prematura desses filhotes, diminuindo

suas chances de sobrevivência. Estudos preveem

que, devido à diminuição de seu território de

caça, a população de ursos polares estará

reduzida a um terço da atual até 2050. Morsas,

renas e baleias típicas da região também sofrem

com os efeitos da mudança climática. Mas o

impacto do derretimento dos polos não se limitará

a esses rincões mais frios. As calotas polares

ajudam a manter o clima global ameno e

alimentam as correntes marítimas, que

redistribuem o calor pelo planeta. O paradoxo do

aquecimento é que, à medida que o gelo derrete,

o Oceano Ártico se abre à navegação e viabiliza a

exploração de riquezas até então intocadas.

Estima-se que a região concentre 13% das

reservas de petróleo e 30% de todo o gás natural

do planeta. Cinco países que fazem fronteira com

o Círculo Polar Ártico (Estados Unidos, Canadá,

Rússia, Noruega e Dinamarca) disputam o

controle desses recursos. (Thomaz Favaro. Veja,

23 de setembro de 2009, pp. 106-108, com

adaptações)O triunfo humano sobre as forças da

natureza é, desta vez, um triste sintoma da saúde

do planeta. Dois cargueiros alemães estão

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prestes a se tornarem os primeiros a navegar por

inteiro a Passagem Nordeste, como é conhecido

o trajeto via Ártico entre os oceanos Atlântico e

Pacífico. Essa rota marítima mais curta entre a

Europa e a Ásia sempre foi um risco no mapa

impossível de ser navegado. Durante o verão,

quando a camada de gelo da calota polar se

retrai, somente comboios liderados por navios

quebra-gelo trafegam pela imensa costa russa - e

apenas em trechos curtos. Essa situação já tem

data marcada para acabar. Salvo algum

contratempo imprevisível, os dois navios, que já

ultrapassaram os trechos mais difíceis, devem

completar a viagem até o fim do mês. E aqui está

a má notícia: a proeza dos cargueiros alemães só

foi possível devido ao encolhimento progressivo

da calota polar do Ártico, provocada pelo

aquecimento global. Em 2007 e 2008, a superfície

congelada se reduziu ao menor tamanho já

registrado. A camada de gelo também está mais

fina: sua espessura encolhe, em média, 17

centímetros por ano. Toda a fauna adaptada ao

clima único da região está ameaçada. As focas

criam seus filhotes durante as primeiras semanas

em placas de gelo flutuantes, para que acumulem

gordura suficiente antes de se aventurar pela

água gelada do mar. O degelo precoce dos

glaciares pode resultar na separação prematura

desses filhotes, diminuindo suas chances de

sobrevivência. Estudos preveem que, devido à

diminuição de seu território de caça, a população

de ursos polares estará reduzida a um terço da

atual até 2050. Morsas, renas e baleias típicas da

região também sofrem com os efeitos da

mudança climática. Mas o impacto do

derretimento dos polos não se limitará a esses

rincões mais frios. As calotas polares ajudam a

manter o clima global ameno e alimentam as

correntes marítimas, que redistribuem o calor pelo

planeta. O paradoxo do aquecimento é que, à

medida que o gelo derrete, o Oceano Ártico se

abre à navegação e viabiliza a exploração de

riquezas até então intocadas. Estima-se que a

região concentre 13% das reservas de petróleo e

30% de todo o gás natural do planeta. Cinco

países que fazem fronteira com o Círculo Polar

Ártico (Estados Unidos, Canadá, Rússia, Noruega

e Dinamarca) disputam o controle desses

recursos.

(Thomaz Favaro. Veja, 23 de setembro de 2009,

pp. 106-108, com adaptações)

A concordância verbal e nominal está

inteiramente correta na frase:

a) A descoberta de rotas navegáveis no polo

ártico foi feito por dois navios alemães, quando

venceram os trechos mais difíceis.

b) A viagem, apesar dos perigos trazidos pelas

placas de gelo flutuantes, devem se completar até

o fim do mês.

c) As placas de gelo flutuantes, que se vê em

toda a região ártica, serve de berçário para os

filhotes de focas.

d) A passagem que resultou do derretimento do

gelo na região do polo ártico desperta os

interesses comerciais de países próximos.

e) O controle desses recursos estão sendo

disputados por países que se dispõe a investir na

região do polo ártico.

05 - No exercício de funções governamentais de

responsabilidade, um tipo de conhecimento

indispensável é aquele que se caracteriza pela

aptidão para entender o conjunto das coisas.

Esse tipo de conhecimento, associado à

compreensão da relação entre meios disponíveis

e fins desejáveis, é o que confere ao governante

perícia estratégica para perceber o que está

aberto às possibilidades futuras. Tal

conhecimento tem a feição de uma "visão global".

É uma espécie de "quadro mental", fruto da

experiência, da sensibilidade e do domínio de

assuntos, que permite a um governante, sem

perder o sentido de direção, ir contextualizando a

informação fragmentada que provém do mundo

complexo e interdependente em que vivemos.

Entender o conjunto das coisas que estão

ocorrendo no mundo, com destaque para a crise

econômico-financeira, que a partir dos EUA se

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espraiou globalmente, é uma dificuldade

compartilhada em todos os lugares por

governantes e governados.

Qual é o significado e o alcance dessa crise, que

aprofunda tensões difusas em todos os países,

inclusive no Brasil? Os economistas fazem uma

distinção entre risco e incerteza. O risco comporta

cálculo, enseja alguma previsibilidade e abre

horizontes para cenários de possibilidades que o

imprevisto pode trazer. Os vários tipos de seguro,

desde a sua origem, como o seguro marítimo, os

hedges, são uma expressão de um cálculo

probabilístico que permite a gestão de riscos. A

incerteza, ao contrário, não comporta cálculo e

por isso tende a propiciar o imobilismo, do qual

são exemplos os bancos que não emprestam, os

investimentos empresariais que se suspendem e

o consumo dos particulares que se contém.

O risco é uma característica da sociedade

moderna e o capitalismo nela identifica um

caminho de inovação e progresso. Nesta nossa

era de globalização, Anthony Giddens chama a

atenção para o novo risco do risco. Este provém

de um maior desconhecimento do nível de risco,

manufaturado pela ação humana. Disso são

exemplos o risco ecológico, o nuclear e o da

direção do conhecimento científico-tecnológico

que, com suas constantes inovações, transpõe

continuamente barreiras antes tidas como

naturais. A crise financeira, como crise de

confiança, é uma expressão do risco

manufaturado pelo sistema financeiro global que,

por conta de suas falhas de avaliação, gestão

temerária, carência de supervisão e de normas,

se transformou num não debelado curto-circuito

de incerteza.

A crise é global e os seus efeitos estão se

internalizando na vida dos países, em maior ou

menor grau, à luz de suas especificidades.

(Trecho do artigo de Celso Lafer. O Estado de S.

Paulo, A2, 15 de fevereiro de 2009, com

adaptações)

A concordância verbal e nominal está

inteiramente correta na frase:

a) Medidas sem precedentes em vários países,

voltadas para conter o pânico no mercado

financeiro internacional, ainda não conseguiu

conter o impacto da crise.

b) A gestão dos riscos e das incertezas, que são

responsabilidade de governantes, trouxeram-lhe

novos desafios: encontrar meios e modos de

superar a crise.

c) A falta de transparência dos produtos

financeiros e do funcionamento do mercado

econômico globais deram origem à atual crise

que se expandiu no mundo todo.

d) Não se poderia manter intocável as ações e a

ampla circulação de instrumentos financeiros,

sem os necessários mecanismos de supervisão e

de controle.

e) Os desequilíbrios do sistema financeiro global

redundaram em inúmeros prejuízos à medida que

despencou o valor das ações e se retraíram as

ofertas de crédito.

06 - Consenso entre a maioria dos ambientalistas:

durante a década de 1990 quase 8% das

florestas tropicais em todo o mundo foram

desmatadas. Isso significa que, entre 1990 e

2000, destruíram-se anualmente 5 milhões de

hectares - ou 30 campos de futebol a cada

minuto. Considerado uma das principais causas

do aquecimento global, o desmatamento tornou-

se o vilão-chefe da questão. Essa tese, em parte,

está sendo contestada pelo biólogo americano

Joseph Wright. É claro que ele não defende o

desmatamento nem nega a sua influência no

aquecimento do planeta. Mas, segundo ele, as

florestas secundárias que vão nascendo em

terras agrícolas devastadas podem substituir com

a mesma eficácia a mata original.

A polêmica está armada, no momento em que a

ONU se prepara para lançar o mapa mundial das

florestas de segunda geração. O biólogo explica

que o abandono de áreas provoca naturalmente o

nascimento de nova geração de vegetação, que

pode ajudar a combater as mudanças climáticas e

abrigar espécies em extinção. A queda na

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produção de alimentos (causada pelo declínio no

crescimento populacional do planeta) fará com

que sejam esquecidas cada vez mais terras,

futuros palcos de matas que virão tão ricas em

biodiversidade quanto suas antecessoras. Diz ele

ainda que, para que a produtividade se repita,

basta deixar o terreno intocável por um período

médio de 30 anos.

Para ilustrar sua teoria, Wright analisou uma

floresta tropical do Panamá - antiga terra usada

para o cultivo de manga e banana e que é hoje

uma região repleta de árvores, macacos, lagartos

e insetos. "Os biólogos estavam agindo como se

apenas a floresta original tivesse valor de

conservação, o que está errado." A teoria é

controversa. Não há dúvida de que as matas

secundárias absorvem da atmosfera e

contribuem para frear o aquecimento global. Mas

e a biodiversidade? "Uma floresta secundária

nunca substituirá uma primária", diz Thais

Kasecher, analista de biodiversidade da ONG

Conservação Internacional. "Um pasto

abandonado não vai passar pelos mesmos

processos naturais por que uma floresta passou

até chegar ao seu clímax. E sua biodiversidade

nem se compara à de uma vegetação que passou

milhares de anos evoluindo. Acima das

divergências, o que está em jogo é a

sobrevivência do planeta. O bom senso manda

que cuidemos com racionalidade de nossas

florestas.

(Tatiana de Mello, Istoé, 11 de fevereiro de 2009,

p. 78, com adaptações)

... que cuidemos com racionalidade de nossas

florestas. (final do texto) O verbo que exige o

mesmo tipo de complemento que o grifado acima

está na frase:

a) ... e abrigar espécies em extinção.

b) ... até chegar ao seu clímax.

c) ... o desmatamento tornou-se o vilão-chefe da

questão.

d) ... nem nega a sua influência no aquecimento

do planeta.

e) ... podem substituir com a mesma eficácia a

mata original.

07 - Com as alterações feitas nos segmentos

grifados, a concordância permanece correta em:

a) com que sejam esquecidas cada vez mais

terras // seja esquecido.

b) Acima das divergências, o que está em jogo //

as que estão.

c) quase 8% das florestas tropicais em todo o

mundo foram desmatadas // desmatados.

d) destruíram-se anualmente 5 milhões de

hectares // destruiu-se.

e) Essa tese, em parte, está sendo contestada //

contestado.

08 - Essa tese, em parte, está sendo contestada

pelo biólogo americano Joseph Wright. (1º

parágrafo)

A frase em que o verbo admite a mesma

transposição grifada acima é:

a) Pesquisadores se debruçam sobre várias

hipóteses de preservação de condições ideais do

meio ambiente.

b) Especialistas apostam nos resultados de seus

estudos, como solução para o aquecimento do

planeta.

c) A garantia da biodiversidade das florestas

tropicais procede de um constante processo

natural de evolução.

d) Com o desmatamento de florestas, cresceu a

preocupação de especialistas com o aumento do

aquecimento global.

e) O biólogo americano Joseph Wright analisou o

desenvolvimento de uma floresta tropical do

Panamá.

09 -

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Mantém-se a correção do texto, tornando-o mais

adequado à formalidade do assunto, com a

substituição de

a) "criticar" (L.1) por criticarmos.

b) "forem" (L.3) por foram.

c) "haverá" (L.3) por haveremos.

d) "saltar" (L.6) por suprimir.

e) "gostaríamos" (L.8) por apreciam.

10 -

Assinale a opção em que a forma verbal está

empregada em função de dêixis, por referir-se ao

sujeito autor do texto.

a) "tem de ser" (L.2)

b) "tornar-se" (L.3)

c) "vincula" (L.7)

d) "Gostaria" (L.10)

e) "recebe" (L.13)

GABARITOS:

01 - D 02 - D 03 - B 04 - D 05 - E

06 - B 07 - C 08 - E 09 - D 10 - D

1 - Pelo mundo afora, os jornais sentem a

agulhada de uma conjunção de fatores

especialmente desfavoráveis: a recessão

mundial, que reduz os gastos com publicidade, e

o avanço da internet, que suga anúncios,

sobretudo os pequenos e rentáveis classificados,

e também serve como fonte - em geral gratuita -

de informações. Na Inglaterra, para sobreviver, os

jornais querem leis menos severas para fusão e

aquisição de empresas.

Na França, o governo duplicou a verba de

publicidade e dá isenção tributária a

investimentos dos jornais na internet. Mas em

nenhum outro lugar a tormenta é tão assustadora

quanto nos Estados Unidos. A recessão atropelou

os dois maiores anunciantes - o mercado

imobiliário e a indústria automobilística - e a

evolução da tecnologia, com seu impacto sísmico

na disseminação da informação, se dá numa

velocidade alucinante no país. O binômio

recessão-internet está produzindo uma

devastação. Vários jornais, mesmo bastante

antigos e tradicionais, fecharam suas portas.

O fechamento de um jornal é o fim de um negócio

como outro qualquer. Mas, quando o jornal é o

símbolo e um dos últimos redutos do jornalismo,

como é o caso do New York Times, morrem mais

coisas com ele. Morrem uma cultura e uma visão

generosa do mundo. Morre um estilo de vida

romântico, aventureiro, despojado e corajoso que,

como em nenhum outro ramo de negócios, une

funcionários, consumidores e acionistas em um

objetivo comum e maior do que interesses

particulares de cada um deles.

Desde que os romanos passaram a pregar em

locais públicos sua Acta Diurna, o manuscrito em

que informavam sobre disputas de gladiadores,

nascimentos ou execuções, os jornais

começaram a entrar na veia das sociedades

civilizadas. Mas, para chegar ao auge, a

humanidade precisou fazer uma descoberta até

hoje insubstituível (o papel), duas invenções

geniais (a escrita e a impressão) e uma vasta

mudança social (a alfabetização). Por isso, um

jornal, ainda que seja um negócio, não é como

vender colírio ou fabricar escadas rolantes.

(André Petry. Revista Veja, 29 de abril de 2009,

pp. 90-93, com adaptações)

Na França, o governo duplicou a verba de

publicidade ... (1º parágrafo) O verbo que exige o

mesmo tipo de complemento que está grifado

acima se encontra em:

a) ... e também serve como fonte - em geral

gratuita - de informações.

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b) Mas em nenhum outro lugar a tormenta é tão

assustadora quanto nos Estados Unidos.

c) Vários jornais, mesmo bastante antigos e

tradicionais, fecharam suas portas.

d) ... quando o jornal é o símbolo e um dos

últimos redutos do jornalismo ...

e) Mas, para chegar ao auge ...

02 - Representatividade ética

Costuma-se repetir à exaustão, e com as

consequências características do abuso de frases

feitas e lugares-comuns, que as esferas do poder

público são o reflexo direto das melhores

qualidades e dos piores defeitos do povo do país.

Na esteira dessa convicção geral, afirma-se que

as casas legislativas brasileiras espelham

fielmente os temperamentos e os interesses dos

eleitores brasileiros. É o caso de se perguntar:

mesmo que seja assim, deve ser assim? Pois

uma vez aceita essa correspondência mecânica,

ela acaba se tornando um oportuno álibi para

quem deseja inocentar de plano a classe política,

atribuindo seus deslizes a vocações

disseminadas pela nação inteira... Perguntariam

os cínicos se não seria o caso, então, de não

mais delegar o poder apenas a uns poucos, mas

buscar repartilo entre todos, numa grande e

festiva anarquia, eliminando-se os intermediários.

O velho e divertido Barão de Itararé já

reivindicava, com a acidez típica de seu humor:

"Restaure-se a moralidade, ou então nos

locupletemos todos!".

As casas legislativas, cujos membros são todos

eleitos pelo voto direto, não podem ser vistas

como uma síntese cristalizada da índole de toda

uma sociedade, incluindo-se aí as perversões, os

interesses escusos, as distorções de valor. A

chancela da representatividade, que legitima os

legisladores, não os autoriza em hipótese alguma

a duplicar os vícios sociais; de fato, tal

representação deve ser considerada, entre outras

coisas, como um compromisso firmado para a

eliminação dessas mazelas. O poder conferido

aos legisladores deriva, obviamente, das

postulações positivas e construtivas de uma

determinada ordem social, que se pretende cada

vez mais justa e equilibrada.

Combater a circulação dessas frases feitas e

lugares comuns que pretendem abonar situações

injuriosas é uma forma de combater a estagnação

crítica ? essa oportunista aliada dos que

maliciosamente se agarram ao fatalismo das

"fraquezas humanas" para tentar justificar os

desvios de conduta do homem público. Entre as

tarefas do legislador, está a de fazer acreditar que

nenhuma sociedade está condenada a ser uma

comprovação de teses derrotistas.

(Demétrio Saraiva, inédito)

As casas legislativas, cujos membros são todos

eleitos pelo voto direto, não podem ser vistas

como uma síntese cristalizada da índole de toda

uma sociedade (...).

Considerando-se aspectos de construção da

frase acima, é correto afirmar que

a) o segmento cujos membros são todos eleitos

pode ser adequadamente substituído por em

cujas os membros são todos eleitos.

b) a eliminação das duas vírgulas em nada

alteraria o sentido veiculado pela frase.

c) a transposição para a voz ativa do segmento

não podem ser vistas resultará na forma não se

veem.

d) o segmento como uma síntese pode ser

adequadamente substituído por tal uma síntese.

e) o segmento de toda uma sociedade está

empregado no sentido de qualquer sociedade.

03 - Quem caminha pelos mais de 70 quilômetros

de praia da Ilha Comprida, no litoral sul de São

Paulo, pode perceber uma paisagem peculiar. Em

meio às dunas da restinga, onde deveria existir

apenas vegetação rasteira, grandes pinheiros

brotam por toda parte. A sombra das árvores é

um bem-vindo refresco para os moradores da

região, mas a verdade ecológica é que elas não

deveriam estar ali - assim como os pombos não

deveriam estar nas praças das cidades, nem as

tilápias nas águas dos rios, nem o mosquito da

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dengue picando pessoas dentro de casa ou as

moscas varejeiras rondando raspas de frutas nas

feiras.

São todas espécies exóticas invasoras,

originárias de outros países e de outros

ambientes, mas que chegaram ao Brasil e aqui

encontraram espaço para proliferar. Algumas são

exóticas também no sentido de "diferentes" ou

"esquisitas", mas muitas já se tornaram tão

comuns que parecem fazer parte da paisagem

nacional tanto quanto um pau-brasil ou um

tucano. Outros exemplos, apontados pelo

Programa Global de Espécies Invasoras e por

cientistas brasileiros, incluem o pinus, o

dendezeiro, as acácias, a mamona, a abelha-

africana, o pardal, o barbeiro, a carpa, o búfalo, o

javali e várias espécies de gramíneas usadas em

pastos, além de bactérias e vírus responsáveis

por doenças importantes como leptospirose e

cólera.

Nenhuma delas é nativa do Brasil. Dependendo

das circunstâncias, podem ser meras "imigrantes"

inofensivas ou invasoras altamente nocivas.

Dentro do sistema produtivo, por exemplo, o

búfalo e o pinus são apenas espécies exóticas.

Quando escapam para a natureza, entretanto,

muitas vezes tornam-se organismos nocivos aos

ecossistemas "naturais". Espécies invasoras não

têm predadores naturais e se multiplicam

rapidamente. São fortes, tipicamente agressivas e

controlam o ambiente que ocupam, roubando

espaço das espécies silvestres e competindo com

elas por alimento - ou se alimentando delas

diretamente.

Por sua capacidade de sobrepujar espécies

nativas, as espécies invasoras são consideradas

a segunda maior ameaça à biodiversidade no

mundo - atrás apenas da destruição dos hábitats.

Ao assumirem o papel de pragas e vetores de

doenças, elas também causam impactos

significativos na agricultura e na saúde humana.

(Adaptado de Herton Escobar. O Estado de S.

Paulo, Vida&, 23 de julho de 2006, A25)

... elas também causam impactos significativos na

agricultura e na saúde humana. (final do texto)

O verbo que exige o mesmo tipo de complemento

que o do grifado acima está na frase:

a) ... grandes pinheiros brotam por toda parte.

b) ... mas que chegaram ao Brasil ...

c) ... e aqui encontraram espaço ...

d) ... o búfalo e o pinus são apenas espécies

exóticas.

e) ... e competindo com elas por alimento.

04 - Nem só de problemas vive o campo. O

agronegócio brasileiro desenvolveu um grau de

diversificação que possibilita a coexistência de

boas e más notícias. Enquanto estrelas de

primeira grandeza como a soja vergam sob uma

conjuntura desfavorável, produtos como o café e

o açúcar atravessam um bom momento. No caso

da cana-de-açúcar, a fase é gloriosa. A

diminuição de barreiras ao açúcar na Europa e as

cotações generosas empolgam os usineiros - e,

apesar disso, eles se dão ao luxo de aumentar a

produção de álcool em detrimento do açúcar.

A razão é a alta do petróleo, que torna o álcool

um combustível atraente. No Brasil, mais da

metade dos automóveis novos vendidos é

bicombustível. No exterior, a demanda é forte,

mas não ainda plenamente atendida. Para fazer

frente à procura, a produção de cana é crescente

e há meia centena de novas usinas projetadas ou

em construção. Planeja-se praticamente dobrar a

produção de álcool até 2009.

(Exame, 23 de novembro de 2005, p. 42)

... e as cotações generosas empolgam os

usineiros ... (1º parágrafo)

O verbo que exige o mesmo tipo de complemento

que o do grifado acima está na frase:

a) Nem só de problemas vive o campo.

b) Enquanto estrelas de primeira grandeza como

a soja vergam sob uma conjuntura desfavorável

...

c) A razão é a alta do petróleo ...

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d) ... e há meia centena de novas usinas

projetadas ...

e) ... que torna o álcool um combustível atraente.

05 - "Guerra!", escreveu Thomas Mann em

novembro de 1914. "Sentimo-nos purificados,

libertos, sentimos uma enorme esperança."

Muitos artistas exultaram com o início da Grande

Guerra; era como se suas mais extravagantes

fantasias de violência e destruição houvessem se

tornado realidade.

Schoenberg foi acometido por aquilo que mais

tarde chamou de "psicose de guerra", e traçou

comparações entre os ataques do exército

alemão à França e suas próprias investidas

contra os valores da burguesia decadente. Em

carta a Alma Mahler, datada de agosto de 1914,

demonstrou um entusiasmo extremado pela

causa alemã, atacando de um só golpe a música

de Bizet, Stravinski e Ravel. "É hora de acertar as

contas!", disparou Schoenberg. "Reduziremos,

agora, esses defensores do kitsch à escravidão e

lhes ensinaremos a venerar o espírito germânico

e a adorar o Deus alemão." Durante parte da

guerra, manteve um diário meteorológico,

acreditando que determinadas formações de

nuvens pressagiavam a vitória ou a derrota

alemã. Berg também sucumbiu à histeria, pelo

menos no início. Ao terminar a marcha das Três

Peças, escreveu ao professor dizendo ser "muito

vergonhoso acompanhar esses importantes

eventos como mero espectador". O massacre de

Dinant, o incêndio de Louvain e outras

atrocidades de agosto e setembro de 1914 não

foram apenas acidentes de guerra. Tais ações se

enquadravam no programa do estado-maior

alemão, visando à destruição "total dos recursos

materiais e intelectuais do inimigo". A noção de

guerra total exibia um desagradável grau de

semelhança com a mentalidade apocalíptica da

arte austrogermânica recente. Nem todos foram

vítimas da "psicose de guerra". Richard Strauss,

por exemplo, se recusou a assinar um manifesto

no qual 93 intelectuais alemães negavam

qualquer ato ilícito do exército em Louvain. Em

público, declarava que, como artista, não queria

se envolver em confusões políticas, mas em

particular sua posição parecia claramente isenta

de patriotismo. "É revoltante", escreveu alguns

meses depois a Hofmannsthal, "ler nos jornais

sobre a regeneração da arte alemã [...] sobre

como a juventude da Alemanha emergirá limpa e

purificada dessa guerra 'gloriosa', quando, na

verdade, devemos agradecer se pudermos ver

esses infelizes livres de piolhos e percevejos,

curados de suas infecções e, uma vez mais,

afastados do hábito do assassinato!" A

declaração parece uma resposta à apologia da

violência de Mann. Da próxima vez que a

Alemanha entrasse em guerra, os dois trocariam

de lugar; Strauss seria a figura de proa, Mann, o

dissidente.

(Alex Ross. O resto é ruído. Trad. de Claudio

Carina e Ivan Weisz Kuck. São Paulo: Cia. das

Letras, 2009, p. 81-2)

A noção de guerra total exibia um desagradável

grau de semelhança... (4º parágrafo)

A frase cujo verbo exige o mesmo tipo de

complemento que o grifado acima é:

a) Tais ações se enquadravam no programa do

estadomaior alemão...

b) ... intelectuais alemães negavam qualquer ato

ilícito do exército em Louvain.

c) Muitos artistas exultaram com o início da

Grande Guerra...

d) ... a juventude da Alemanha emergirá limpa e

purificada dessa guerra 'gloriosa'...

e) ... mas em particular sua posição parecia

claramente isenta de patriotismo.

06 - A multiplicação de desastres naturais

vitimando populações inteiras é inquietante:

tsunamis, terremotos, secas e inundações

devastadoras, destruição da camada de ozônio,

degelo das calotas polares, aumento dos

oceanos, aquecimento do planeta,

envenenamento de mananciais, desmatamentos,

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ocupação irresponsável do solo,

impermeabilização abusiva nas grandes cidades.

Alguns desses fenômenos não estão diretamente

vinculados à conduta humana. Outros, porém,

são uma conseqüência direta de nossas maneiras

de sentir, pensar e agir. É aqui que avulta o

exemplo de Hans Jonas. Em 1979 ele publicou O

Princípio Responsabilidade. A obra mostra que

as éticas tradicionais - antropocêntricas e

baseadas numa concepção instrumental da

tecnologia – não estavam à altura das

consequências danosas do progresso tecnológico

sobre as condições de vida humana na Terra e o

futuro das novas gerações. Jonas propõe uma

ética para a civilização tecnológica, capaz de

reconhecer para a natureza um direito próprio. O

filósofo detectou a propensão de nossa civilização

para degenerar de maneira desmesurada, em

virtude das forças econômicas e de outra índole

que aceleram o curso do desenvolvimento

tecnológico, subtraindo o processo de nosso

controle. Tudo se passa como se a aquisição de

novas competências tecnológicas gerasse uma

compulsão a seu aproveitamento industrial, de

modo que a sobrevivência de nossas sociedades

depende da atualização do potencial tecnológico,

sendo as tecnociências suas principais forças

produtivas. Funcionando de modo autônomo,

essa dinâmica tende a se reproduzir

coercitivamente e a se impor como único meio de

resolução dos problemas sociais surgidos na

esteira do desenvolvimento. O paradoxo consiste

em que o progresso converte o sonho de

felicidade em pesadelo apocalíptico - profecia

macabra que tem hoje a figura da catástrofe

ecológica. [...] Jonas percebeu o simples: para

que um "basta" derradeiro não seja imposto pela

catástrofe, é preciso uma nova conscientização,

que não advém do saber oficial nem da conduta

privada, mas de um novo sentimento coletivo de

responsabilidade e temor. Tornar-se inventivo no

medo, não só reagir com a esperteza de "poupar

a galinha dos ovos de ouro", mas ensaiar novos

estilos de vida, comprometidos com o futuro das

próximas gerações.

(Adaptado de Oswaldo Giacoia Junior. O Estado

de S. Paulo, A2 Espaço Aberto, 3 de abril de

2010)

Em 1979 ele publicou O Princípio

Responsabilidade. (início do 3º parágrafo)

A frase cujo verbo exige o mesmo tipo de

complemento que o grifado acima é:

a) ... a sobrevivência de nossas sociedades

depende da atualização do potencial tecnológico

...

b) ... que não advém do saber oficial nem da

conduta privada ...

c) ... que as éticas tradicionais [...] não estavam à

altura das consequências danosas do progresso

tecnológico ...

d) ... para degenerar de maneira desmesurada ...

e) ... que aceleram o curso do desenvolvimento

tecnológico ...

07 - Num encontro pela liberdade de opinião

Vimos aqui hoje para defender a liberdade de

opinião assegurada pela Constituição dos

Estados Unidos e também em defesa da

liberdade de ensino. Por isso mesmo, queremos

chamar a atenção dos trabalhadores intelectuais

para o grande perigo que ameaça essa liberdade.

Como é possível uma coisa dessas? Por que o

perigo é mais ameaçador que em anos

passados? A centralização da produção acarretou

uma concentração do capital produtivo nas mãos

de um número relativamente pequeno de

cidadãos do país. Esse pequeno grupo exerce um

domínio esmagador sobre as instituições

dedicadas à educação de nossa juventude, bem

como sobre os grandes jornais dos Estados

Unidos. Ao mesmo tempo, goza de enorme

influência sobre o governo. Por si só, isso já é

suficiente para constituir uma séria ameaça à

liberdade intelectual da nação. Mas ainda há o

fato de que esse processo de concentração

econômica deu origem a um problema

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anteriormente desconhecido - o desemprego de

parte dos que estão aptos a trabalhar. O governo

federal está empenhado em resolver esse

problema, mediante o controle sistemático dos

processos econômicos - isto é, por uma limitação

da chamada livre interação das forças

econômicas fundamentais da oferta e da procura.

Mas as circunstâncias são mais fortes que o

homem. A minoria econômica dominante, até hoje

autônoma e desobrigada de prestar contas a

quem quer que seja, colocou-se em oposição a

essa limitação de sua liberdade de agir, exigida

para o bem de todo o povo. Para se defender,

essa minoria está recorrendo a todos os métodos

legais conhecidos a seu dispor. Não deve nos

surpreender, pois, que ela esteja usando sua

influência preponderante nas escolas e na

imprensa para impedir que a juventude seja

esclarecida sobre esse problema, tão vital para o

desenvolvimento da vida neste país. Não preciso

insistir no argumento de que a liberdade de

ensino e de opinião, nos livros ou na imprensa, é

a base do desenvolvimento estável e natural de

qualquer povo. Possamos todos nós, portanto,

somar as nossas forças. Vamos manternos

intelectualmente em guarda, para que um dia não

se diga da elite intelectual deste país:

timidamente e sem nenhuma resistência, eles

abriram mão da herança que lhes fora transmitida

por seus antepassados - uma herança de que

não foram merecedores.

(Albert Einstein, Escritos da maturidade.

Conferência pronunciada em 1936)

Está correto o emprego de ambas as expressões

sublinhadas na frase:

a) As pessoas com quem devemos prestar contas

são aquelas cujos direitos os setores dominantes

não costumam dar atenção.

b) Nem sempre conseguem os homens sobrepor-

se diante de suas circunstâncias ou redimir-se

perante seus fracassos.

c) Os direitos em cuja defesa devemos nos

empenhar são os mesmos pelos quais os

acumuladores de capital demonstram desprezo.

d) O alerta de Einstein de que nos mantenhamos

em guarda é, de fato, um imperativo moral do

qual não podemos deixar de atender.

e) Os métodos legais de cujos se valem os

detentores do poder econômico reforçam a má

distribuição de renda em que os trabalhadores

são vítimas.

08 - Texto I

O jivaro

Um sr. Matter, que fez uma viagem de exploração

à América do Sul, conta a um jornal sua conversa

com um índio jivaro, desses que sabem reduzir a

cabeça de um morto até ela ficar bem pequenina.

Queria assistir a uma dessas operações, e o índio

lhe disse que exatamente ele tinha contas a

acertar comum inimigo. O Sr. Matter: ? Não, não!

Um homem, não. Faça isso com a cabeça de um

macaco.

o índio: Por que um macaco? Ele não me fez

nenhum mal!

(Rubem Braga, Recado de primavera)

Texto II

Anedota búlgara

Era uma vez um czar naturalista que caçava

homens. Quando lhe disseram que também se

caçam borboletas [e andorinhas ficou muito

espantado e achou uma barbaridade.

(Carlos Drummond de Andrade, Alguma poesia)

Quando lhe disseram que também se caçam

borboletas e andorinhas... (Texto II)

A frase do Texto I cujo verbo, também grifado,

apresenta regência idêntica à do grifado na frase

acima é:

a) Ele não me fez nenhum mal!

b) ... que fez uma viagem de exploração à

América do Sul...

c) ... que sabem reduzir a cabeça de um morto...

d) Queria assistir a uma dessas operações...

e) ... que ele tinha contas a acertar...

09 - Orgulho ferido

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Um editorial da respeitada revista britânica The

Lancer sobre o futuro de Cuba acendeu uma

polêmica com pesquisadores latino-americanos.

O texto da revista sugeriu que o país pode

mergulhar num caos após a morte do ditador

Fidel Castro, que sofre de câncer, tal como

ocorreu nos países do Leste Europeu após a

queda de seus regimes comunistas. E conclamou

os Estados Unidos a preparar ajuda humanitária

para os cubanos. De quebra, a publicação insinua

que há dúvidas sobre a capacidade do sistema de

saúde cubano fazer frente a esse quadro.

"O editorial é um desrespeito à soberania de

Cuba", diz Maurício Torres Tovar, coordenador-

geral da Alames (Associação Latino-Americana

de Medicina Social). "A atenção do Estado

cubano para com a saúde de sua população é um

exemplo para todos. Cuba tem uma notável

vocação solidária, ajudando, com remédios e

serviços de profissionais, diversos países

atingidos por catástrofes", afirmou. Sergio

Pastrana, da Academia de Ciências de Cuba,

também protestou: "Temos condição de decidir se

precisamos de ajuda e direito de escolher a quem

pedi-la."

(Revista Pesquisa Fapesp. Outubro 2006, n.

128)

Estão corretos o emprego e a flexão dos verbos

na frase:

a) A polêmica que o editorial tinha aceso entre os

latino-americanos também acerrou os ânimos de

intelectuais progressistas europeus.

b) Atitudes colonialistas costumam insulflar

ressentimentos entre os povos que buscam

imergir de suas fundas penúrias.

c) A revista The Lancer descriminou os cubanos,

tratando- os como bem lhe aprouveu.

d) Se os cubanos interviessem em outros países

do modo como já intervieram as grandes

potências, seriam duramente rechaçados.

e) Que ninguém se surprenda se os cubanos

recomporem seu estilo de vida, após uma

eventual ruptura política.

10 - Apesar da queda relativa, a Região Sudeste

ainda responde por mais da metade do PIB

nacional. O Estado de São Paulo apresentou a

maior queda relativa nos últimos anos, mas

responde por cerca de um terço da riqueza

produzida no País. Historicamente baseado na

agricultura e na indústria, o Sudeste está

rapidamente descortinando sua vocação para os

serviços. O chamado setor terciário - que engloba

o comércio, a área financeira e todos os tipos de

serviços - já é majoritário nos quatro Estados da

Região. Segundo o professor de economia da

Universidade de São Paulo, Carlos Azzoni, a

região está se sofisticando e se especializando na

prestação de serviços. O Sudeste está se

transformando numa referência na América Latina

nas áreas de saúde, educação, tecnologia e

informática. O setor financeiro mais sofisticado

deve permanecer concentrado na região por

longos anos. Para o mercado de trabalho, a

mudança da vocação regional significa a perda de

vagas fixas e a abertura de muitas oportunidades

de trabalho menos rígidas. A agricultura deverá

manter sua força na Região, mas precisa investir

em culturas extensivas para garantir a

competitividade. A tendência será concentrar a

produção em culturas com maior produtividade

que se encaixam nesse perfil, como a cana-de-

açúcar, a laranja e as flores.

Embora as facilidades logísticas desobriguem as

empresas de produzir junto ao mercado, a força

de consumo do Sudeste ainda cria muitas

oportunidades. Alguns centros no interior de São

Paulo e Minas Gerais têm força equivalente à de

capitais de Estados menores. Essas cidades

médias possuem, além do mercado, mão-de-obra

qualificada e custos reduzidos em relação aos

grandes centros. Por isso, a interiorização do

desenvolvimento é uma tendência irreversível,

segundo os especialistas. Outra aposta

recorrente está na área de logística e distribuição,

da qual as empresas dependem cada vez mais,

por ser um setor que se desenvolve

necessariamente junto aos grandes mercados.

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(Adaptado de Karla Terra, Novo mapa do Brasil,

O Estado de S. Paulo, H2, 11 de dezembro de

2005)

... da qual as empresas dependem cada vez mais

... (final do texto)

O verbo que exige o mesmo tipo de complemento

que o do grifado acima está na frase:

a) ... a Região Sudeste ainda responde por mais

da metade do PIB nacional.

b) ... já é majoritário nos quatro Estados da

Região.

c) ... a mudança da vocação regional significa a

perda de vagas fixas ...

d) ... a força de consumo do Sudeste ainda cria

muitas oportunidades.

e) ... a interiorização do desenvolvimento é uma

tendência irreversível ...

GABARITOS:

01 - C 02 - D 03 - C 04 - D 05 - B

06 - E 07 - C 08 - A 09 - D 10 - A

1 - A palavra em destaque está adequadamente

empregada na seguinte frase:

a) Esse é o produto anticético mais poderoso já

utilizado no hospital.

b) Temendo que sua fala fosse caçada, evitou

agressões.

c) Esse estrato social é o mais afetado quando há

chuvas torrenciais.

d) A correta emersão dos pães no caldo é que vai

garantir o sucesso da receita.

e) O ilícito tráfego de influências que praticava o

levou ao banco dos réus.

02 - Sobre a crença e a ciência

A pergunta que mais me fazem quando dou

palestras é se acredito em Deus. Quando

respondo que não acredito, vejo um ar de

confusão, às vezes até de medo no rosto das

pessoas. "Mas como é que o senhor consegue

dormir à noite?" Não há nada de estranho em

perguntar a um cientista sobre suas crenças.

Mesmo o grande Newton via um papel essencial

para Deus na natureza: Ele interferia para manter

o cosmo em xeque, de modo que os planetas não

desenvolvessem instabilidades e acabassem

todos amontoados no centro, junto ao Sol. Porém,

logo ficou claro que a natureza podia cuidar de si

mesma. O Deus que interferia no mundo

transformou- se no Deus criador: após criar o

mundo, deixou-o à mercê de suas leis. Mas,

nesse caso, o que seria de Deus? Se essa

tendência continuasse, a ciência tornaria Deus

desnecessário? Foi dessa tensão que surgiu a

crença de que a agenda da ciência é roubar Deus

das pessoas. Eu conheço muitos cientistas

religiosos que não vêem qualquer conflito entre a

sua ciência e a sua crença. Para eles, quanto

mais entendem o Universo, mais admiram a obra

do seu Deus. (São vários) Mesmo que essa não

seja a minha posição, respeito os que creem. A

ciência se propõe simplesmente a interpretar a

natureza, expandindo nosso conhecimento do

mundo natural. Sua missão é aliviar o sofrimento

humano, aumentando o conforto das pessoas,

desenvolvendo técnicas de produção avançadas,

ajudando no combate de doenças. O problema se

torna sério quando a religião se propõe a explicar

fenômenos naturais: dizer que o mundo tem

menos de 7.000 anos ou que somos

descendentes diretos de Adão e Eva é

equivalente a viver no século 16 ou antes disso. A

insistência em negar os avanços e as

descobertas da ciência é, francamente,

inaceitável.

Podemos dizer que há dois tipos de pessoa: os

naturalistas e os sobrenaturalistas: estes veem

forças ocultas por trás dos afazeres dos homens,

escravizados por crenças inexplicáveis, e aqueles

aceitam que nunca teremos todas as respostas.

Mas, em vez de temer o desconhecido, os

naturalistas abraçam essa ignorância como um

desafio, e não uma prisão. É por isso que eu

durmo bem à noite.

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(Adaptado de Marcelo Gleiser, cientista e

professor de física teórica. Folha de S. Paulo,

28/03/2010)

O Deus que interferia no mundo transformou-se

no Deus criador: após criar o mundo, deixou-o à

mercê de suas leis.

A frase acima permanecerá correta e manterá o

sentido caso se substituam os elementos

sublinhados, respectivamente, por:

a) imiscuía ao - tornou-o à deriva em

b) intercalava ao - pô-lo ao acaso de

c) intervinha no - abandonou-o às

d) entronizava no - confiou-o às

e) imputava ao - manteve-o entregue às

03 - Representatividade ética

Costuma-se repetir à exaustão, e com as

consequências características do abuso de frases

feitas e lugares-comuns, que as esferas do poder

público são o reflexo direto das melhores

qualidades e dos piores defeitos do povo do país.

Na esteira dessa convicção geral, afirma-se que

as casas legislativas brasileiras espelham

fielmente os temperamentos e os interesses dos

eleitores brasileiros. É o caso de se perguntar:

mesmo que seja assim, deve ser assim? Pois

uma vez aceita essa correspondência mecânica,

ela acaba se tornando um oportuno álibi para

quem deseja inocentar de plano a classe política,

atribuindo seus deslizes a vocações

disseminadas pela nação inteira... Perguntariam

os cínicos se não seria o caso, então, de não

mais delegar o poder apenas a uns poucos, mas

buscar repartilo entre todos, numa grande e

festiva anarquia, eliminando-se os intermediários.

O velho e divertido Barão de Itararé já

reivindicava, com a acidez típica de seu humor:

"Restaure-se a moralidade, ou então nos

locupletemos todos!".

As casas legislativas, cujos membros são todos

eleitos pelo voto direto, não podem ser vistas

como uma síntese cristalizada da índole de toda

uma sociedade, incluindo-se aí as perversões, os

interesses escusos, as distorções de valor. A

chancela da representatividade, que legitima os

legisladores, não os autoriza em hipótese alguma

a duplicar os vícios sociais; de fato, tal

representação deve ser considerada, entre outras

coisas, como um compromisso firmado para a

eliminação dessas mazelas. O poder conferido

aos legisladores deriva, obviamente, das

postulações positivas e construtivas de uma

determinada ordem social, que se pretende cada

vez mais justa e equilibrada.

Combater a circulação dessas frases feitas e

lugares comuns que pretendem abonar situações

injuriosas é uma forma de combater a estagnação

crítica ? essa oportunista aliada dos que

maliciosamente se agarram ao fatalismo das

"fraquezas humanas" para tentar justificar os

desvios de conduta do homem público. Entre as

tarefas do legislador, está a de fazer acreditar que

nenhuma sociedade está condenada a ser uma

comprovação de teses derrotistas.

(Demétrio Saraiva, inédito)

Considerando-se o contexto, traduz-se

adequadamente o sentido de um segmento em:

a) são o reflexo direto (1º parágrafo) = constituem

a condicionante básica.

b) Na esteira dessa convicção (1º parágrafo) =

em que pese a tal certeza.

c) síntese cristalizada (2ºparágrafo) = tópico

transparente.

d) postulações positivas (2º parágrafo) =

demandas afirmativas.

e) abonar situações injuriosas (3º parágrafo) =

retificar ações caluniosas.

04 - "Guerra!", escreveu Thomas Mann em

novembro de 1914. "Sentimo-nos purificados,

libertos, sentimos uma enorme esperança."

Muitos artistas exultaram com o início da Grande

Guerra; era como se suas mais extravagantes

fantasias de violência e destruição houvessem se

tornado realidade. Schoenberg foi acometido por

aquilo que mais tarde chamou de "psicose de

guerra", e traçou comparações entre os ataques

do exército alemão à França e suas próprias

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investidas contra os valores da burguesia

decadente. Em carta a Alma Mahler, datada de

agosto de 1914, demonstrou um entusiasmo

extremado pela causa alemã, atacando de um só

golpe a música de Bizet, Stravinski e Ravel. "É

hora de acertar as contas!", disparou Schoenberg.

"Reduziremos, agora, esses defensores do kitsch

à escravidão e lhes ensinaremos a venerar o

espírito germânico e a adorar o Deus alemão."

Durante parte da guerra, manteve um diário

meteorológico, acreditando que determinadas

formações de nuvens pressagiavam a vitória ou a

derrota alemã. Berg também sucumbiu à histeria,

pelo menos no início. Ao terminar a marcha das

Três Peças, escreveu ao professor dizendo ser

"muito vergonhoso acompanhar esses

importantes eventos como mero espectador". O

massacre de Dinant, o incêndio de Louvain e

outras atrocidades de agosto e setembro de 1914

não foram apenas acidentes de guerra. Tais

ações se enquadravam no programa do estado-

maior alemão, visando à destruição "total dos

recursos materiais e intelectuais do inimigo". A

noção de guerra total exibia um desagradável

grau de semelhança com a mentalidade

apocalíptica da arte austrogermânica recente.

Nem todos foram vítimas da "psicose de guerra".

Richard Strauss, por exemplo, se recusou a

assinar um manifesto no qual 93 intelectuais

alemães negavam qualquer ato ilícito do exército

em Louvain. Em público, declarava que, como

artista, não queria se envolver em confusões

políticas, mas em particular sua posição parecia

claramente isenta de patriotismo. "É revoltante",

escreveu alguns meses depois a Hofmannsthal,

"ler nos jornais sobre a regeneração da arte

alemã [...] sobre como a juventude da Alemanha

emergirá limpa e purificada dessa guerra

'gloriosa', quando, na verdade, devemos

agradecer se pudermos ver esses infelizes livres

de piolhos e percevejos, curados de suas

infecções e, uma vez mais, afastados do hábito

do assassinato!" A declaração parece uma

resposta à apologia da violência de Mann. Da

próxima vez que a Alemanha entrasse em guerra,

os dois trocariam de lugar; Strauss seria a figura

de proa, Mann, o dissidente.

(Alex Ross. O resto é ruído. Trad. de Claudio

Carina e Ivan Weisz Kuck. São Paulo: Cia. das

Letras, 2009, p. 81-2)

O segmento cujo sentido está corretamente

expresso em outras palavras é:

a) extravagantes fantasias = perfectíveis

quimeras.

b) diário meteorológico = jornal de variedades.

c) mentalidade apocalíptica = pensamento

inconcebível.

d) isenta de patriotismo = permeada pelo

nacionalismo.

e) apologia da violência = enaltecimento da

brutalidade.

05 - "Tratamos de Obama a Osama nos hospitais

e postos de saúde da organização não

governamental Emergency. Não sou terrorista." O

desabafo acaba de ser pronunciado por um

médico especializado em cirurgias traumáticas

emergenciais. Gino Stada trabalha nos cenários

de guerra e de insurgências em nome da

Emergency, que fundou com a esposa, Teresa

Sarti, em 1994. Nas zonas de conflito, Stada e

sua organização declaram-se neutros. A

preocupação centra-se nas vítimas das violências

bélicas. Em outras palavras, a Emergency, com

um corpo composto de mais de mil profissionais,

faz, sem indagar sobre ideologias e

partidarismos, cirurgias de urgência e reabilita

lesionados com próteses e terapias. Humanista

de 61 anos nascido em Milão, Stada instalou e

administra postos de saúde e hospitais no

Afeganistão, Serra Leoa, Camboja, Sri Lanka,

República Centro-Africana e Iraque. No mês de

abril, uma "arapuca", a caracterizar terrorismo de

Estado, foi montada a fim de desmoralizar o

médico, que estava em Veneza. A meta era

provocar um escândalo internacional, de modo a

levar o governo afegão a cassar as licenças para

funcionamento da Emergency. Com efeito,

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agentes do serviço de inteligência do Afeganistão

prepararam uma falsa situação de flagrante e

prenderam nove funcionários da Emergency.

Dentre eles, o cirurgião Marco Garatti e os

paramédicos Matteo Pagani e Matteo Dell'Aira. O

flagrante preparado consistiu numa blitz em sala

da administração do hospital de Lashkar Gah. Os

007 de Karzai fingiram-se surpresos com o

encontro de duas pistolas, nove granadas e dois

cinturões costurados com explosivos. Durante

oito dias, os funcionários da Emergency ficaram

incomunicáveis. Enquanto isso, Karzai falava que

os serviços de inteligência tinham abortado um

plano dos terroristas talebans para matar o

governador da província de Helmand. Nesse

plano figuravam como suspeitos o cirurgião

Marco Garatti e os demais presos. Após as

prisões, o coronel Tood Vician, porta-voz da Otan,

informou que soldados da força internacional não

tinham participado das prisões. Não sabia o

coronel Vician que, imediatamente, Stada,

ladeado de jornalistas, acionou o celular do

cirurgião Marco Garatti. A ligação completou- se

com um soldado britânico a responder que não

podia informar nada sem autorização dos seus

superiores hierárquicos. Numa segunda

chamada, limitou-se a dizer que todos os nove

presos estavam bem. Sequestrados em 10 de

abril, os integrantes da Emergency foram

colocados em liberdade às 18 horas do domingo,

dia 18, depois de forte mobilização de

organizações humanitárias internacionais e do

Estado italiano. Para Karzai, ficou provada a

inocência deles. O móvel dessa urdidura remonta

a março de 2007, quando da libertação do

correspondente de guerra do jornal italiano La

Repubblica, Daniele Mastrogiacomo, seqüestrado

pelos talebans. Stada aceitou procurar os

talebans com a condição de o governo afegão e

as forças de ocupação se afastarem das

tratativas. Teve sucesso pela sua força moral e

isso ainda não foi digerido por Karzai, pela Otan,

pela CIA ou pelos 007 da rainha da Inglaterra.

(Adaptado de Wálter Maierovitch. "Um humanista

e o terror de Estado", CartaCapital, 30/04/2010.

http://www.cartacapital.com.br/app/coluna.jsp?a=

2&a2=5&i=6585)

A palavra "arapuca", utilizada pelo autor no

segundo parágrafo, tem seu sentido retomado por

meio da seguinte expressão, também presente no

texto:

a) escândalo internacional.

b) falsa situação de flagrante.

c) forças de ocupação.

d) serviço de inteligência.

e) plano dos terroristas talebans.

06 - Uma nação se forja graças à sua memória.

Ninguém melhor do que os franceses para cultuar

a sua História, bem apresentada na Biblioteca

François Mitterrand, em Paris, com a exposição

sobre os heróis, denominada De Aquiles a

Zidane. Curioso o título da mostra, a indicar o

surgimento de um novo modelo de herói. Na

exposição se percorre uma longa trajetória, que

vai dos heróis gregos, como Aquiles, um bravo,

corajoso, impiedoso combatente, que preferiu a

vida breve gloriosa a uma vida longa obscurecida,

até as figuras de gibi e televisão, como Superman

e Homem-Aranha, para finalizar com uma

celebridade do contagiante futebol. Dos pés de

Aquiles, seu único ponto fraco, aos pés de

Zidane, seu ponto forte.

Sendo o herói de hoje efêmero, que tem seu

rápido momento de glória registrado pela mídia

para ser logo esquecido, teve-se de recorrer, para

marcar o herói dos tempos atuais, às figuras

imaginárias do Superman, do Homem-Aranha,

consagradas nas revistas e nas telas de cinema

ou televisão.

Como diz Michela Marzano sobre a morte

espetáculo, "as fronteiras entre a ficção e

realidade são cada vez mais vagas". Os heróis de

hoje não são de carne e osso, são super-heróis

indestrutíveis de um espetáculo de divertimento,

mas que podem confundir-se com o real, como

fez o garoto de Santa Catarina que, vestido de

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Homem-Aranha, penetrou nas chamas e retirou a

menininha do berço incendiado.

Mas a mostra rememora os heróis franceses a

serem cultuados e seguidos. Os heróis são

símbolos nacionais ou religiosos cujos prodígios

se caracterizam pela bravura, pela temeridade,

pela renúncia, pelo idealismo. Põem acima do

próprio instinto de conservação a busca do bem

coletivo. O herói ressalta-se por sua vontade de

vencer, pela força do caráter, pela grandeza de

alma, pela elevada virtude, que o faz enfrentar

sobranceiramente a morte. [...]

Lembrei o exemplo de mártires que, sem

desprezo pela morte, a enfrentaram com

estoicismo, alimentados por suas crenças em luta

corajosa para a eliminação da injustiça e a

transformação da sociedade em benefício de

todos. Não foram estes homens combatentes de

grandes feitos militares, portadores de

estratagemas ou forças invencíveis. Foram

pessoas comuns, que tiveram destino diverso das

demais por aceitarem enfrentar os perigos em

nome de uma causa, com a virtude da renúncia

aos próprios interesses. São heróis, não super-

heróis ou celebridades, como os "heróis" de hoje.

Nós, brasileiros, também temos exemplos de

heróis de carne e osso, em nossa História, que

morreram na luta por suas crenças. Lembro três:

Zumbi, Frei Caneca e Marçal de Souza Tupã-Y.

Malgrado existam estes exemplos, dentre outros,

assusta a resposta colhida em pesquisa feita, por

internet, entre 60 mil brasileiros, a quem se

indagou qual a figura mais importante de nossa

História. A resposta majoritária foi, num leque de

opções, o próprio povo brasileiro. Tal indica que

deixamos de ter modelos, valores a serem

perseguidos. Perdeu-se a memória.

(Adaptado de Miguel Reale Júnior. O Estado de

S. Paulo, A2, 1 de dezembro de 2007)

São heróis, não super-heróis ou celebridades,

como os "heróis" de hoje. (final do 4º parágrafo)

As aspas em "heróis" assinalam

a) intenção de realçar o sentido da palavra, por

sua repetição na frase.

b) emprego desnecessário da palavra, por ter

sido utilizada anteriormente.

c) palavra empregada como gíria, com sentido fiel

ao contexto das histórias de ficção.

d) explicação necessária do sentido específico da

palavra, como esclarecimento no contexto.

e) sentido particular, diferente daquele com que a

palavra foi empregada anteriormente na frase.

07 - Num encontro pela liberdade de opinião

Vimos aqui hoje para defender a liberdade de

opinião assegurada pela Constituição dos

Estados Unidos e também em defesa da

liberdade de ensino. Por isso mesmo, queremos

chamar a atenção dos trabalhadores intelectuais

para o grande perigo que ameaça essa liberdade.

Como é possível uma coisa dessas? Por que o

perigo é mais ameaçador que em anos

passados? A centralização da produção acarretou

uma concentração do capital produtivo nas mãos

de um número relativamente pequeno de

cidadãos do país. Esse pequeno grupo exerce um

domínio esmagador sobre as instituições

dedicadas à educação de nossa juventude, bem

como sobre os grandes jornais dos Estados

Unidos. Ao mesmo tempo, goza de enorme

influência sobre o governo. Por si só, isso já é

suficiente para constituir uma séria ameaça à

liberdade intelectual da nação. Mas ainda há o

fato de que esse processo de concentração

econômica deu origem a um problema

anteriormente desconhecido - o desemprego de

parte dos que estão aptos a trabalhar. O governo

federal está empenhado em resolver esse

problema, mediante o controle sistemático dos

processos econômicos - isto é, por uma limitação

da chamada livre interação das forças

econômicas fundamentais da oferta e da procura.

Mas as circunstâncias são mais fortes que o

homem. A minoria econômica dominante, até hoje

autônoma e desobrigada de prestar contas a

quem quer que seja, colocou-se em oposição a

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essa limitação de sua liberdade de agir, exigida

para o bem de todo o povo. Para se defender,

essa minoria está recorrendo a todos os métodos

legais conhecidos a seu dispor. Não deve nos

surpreender, pois, que ela esteja usando sua

influência preponderante nas escolas e na

imprensa para impedir que a juventude seja

esclarecida sobre esse problema, tão vital para o

desenvolvimento da vida neste país. Não preciso

insistir no argumento de que a liberdade de

ensino e de opinião, nos livros ou na imprensa, é

a base do desenvolvimento estável e natural de

qualquer povo. Possamos todos nós, portanto,

somar as nossas forças. Vamos manternos

intelectualmente em guarda, para que um dia não

se diga da elite intelectual deste país:

timidamente e sem nenhuma resistência, eles

abriram mão da herança que lhes fora transmitida

por seus antepassados - uma herança de que

não foram merecedores.

(Albert Einstein, Escritos da maturidade.

Conferência pronunciada em 1936)

A centralização da produção acarretou uma

concentração do capital produtivo nas mãos de

um número relativamente pequeno de cidadãos

do país.

As expressões sublinhadas podem ser

substituídas, respectivamente, sem prejuízo para

a correção e o sentido da frase acima, por:

a) estribou-se numa - comparavelmente

b) incluiu-se em uma - um tanto quanto

c) implicou-se numa - mais ou menos

d) deveu-se a uma - moderadamente

e) originou uma - em certa medida

08 - Orgulho ferido

Um editorial da respeitada revista britânica The

Lancer sobre o futuro de Cuba acendeu uma

polêmica com pesquisadores latino-americanos.

O texto da revista sugeriu que o país pode

mergulhar num caos após a morte do ditador

Fidel Castro, que sofre de câncer, tal como

ocorreu nos países do Leste Europeu após a

queda de seus regimes comunistas. E conclamou

os Estados Unidos a preparar ajuda humanitária

para os cubanos. De quebra, a publicação insinua

que há dúvidas sobre a capacidade do sistema de

saúde cubano fazer frente a esse quadro.

"O editorial é um desrespeito à soberania de

Cuba", diz Maurício Torres Tovar, coordenador-

geral da Alames (Associação Latino-Americana

de Medicina Social). "A atenção do Estado

cubano para com a saúde de sua população é um

exemplo para todos. Cuba tem uma notável

vocação solidária, ajudando, com remédios e

serviços de profissionais, diversos países

atingidos por catástrofes", afirmou. Sergio

Pastrana, da Academia de Ciências de Cuba,

também protestou: "Temos condição de decidir se

precisamos de ajuda e direito de escolher a quem

pedi-la."

(Revista Pesquisa Fapesp. Outubro 2006, n.

128)

Quatro ações são atribuídas, no primeiro

parágrafo do texto, ao editorial da revista britânica

The Lancer: acender, sugerir, conclamar e

insinuar. Considerandose o contexto, não

haveria prejuízo para o sentido se tivessem sido

empregados, respectivamente,

a) ensejar ? aventar ? convocar ? sugerir

b) instigar ? propor ? reiterar ? infiltrar

c) dirimir ? conceder ? atribuir ? insuflar

d) solapar ? retificar ? conceder ? induzir

e) conduzir ? insinuar ? proclamar ? confessar

09 - Na primeira metade do século XIX, as

ferrovias surgiam como o meio quase mágico que

permitiria transpor enormes distâncias com

rapidez e grande capacidade de carga,

atravessando qualquer tipo de terreno. No Brasil,

onde a era ferroviária se iniciou em 1854,

algumas vozes apontaram o descompasso que

tenderia a se verificar entre as modestas

dimensões da economia nacional e os grandes

investimentos requeridos para as construções

ferroviárias. Mas pontos de vista como esse

foram vencidos pela fascinação exercida pelo

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trem de ferro e pela fé em seu poder de

transformar a realidade.

De um ponto de vista econômico, não seria

propriamente incorreto dizer que a experiência

ferroviária no Brasil não passou de um relativo

fracasso - que se traduziria, hoje, no predomínio

das rodovias, ao contrário do ocorrido em outros

países de grandes dimensões. De acordo com

supostas explicações, o triunfo das rodovias no

Brasil teria sido obtido graças a um complô que

envolveria governos e grandes empresas

petrolíferas e automobilísticas. Mas a verdade é

que, além de outras deficiências estruturais, o

setor ferroviário nacional nunca chegou a formar

uma autêntica rede cobrindo todo o território.

Como a economia dependia da agroexportação, o

problema consistia simplesmente em ligar as

regiões produtoras aos portos marítimos. A partir

dos anos 30, quando se colocou o desafio da

efetiva integração econômica do país como parte

do processo de expansão do mercado interno, os

transportes rodoviários mais ágeis, necessitando

de uma infra-estrutura muito menor que a das

vias férreas - demonstraram uma flexibilidade que

o trem não tinha como acompanhar. Isso não

significa que as ferrovias não tenham

desempenhado um importante papel econômico

no país. Elas foram fundamentais no período

dominado pela agroexportação e continuaram a

ser importantes também no contexto da

industrialização acelerada. Mas as estradas de

ferro não podem ser analisadas apenas mediante

critérios estritamente econômicos. No Brasil, as

ferrovias criaram novas cidades, como Porto

Velho, e revitalizaram antigas. Representaram

uma experiência indelével, freqüentemente

dramática, para os trabalhadores mobilizados nas

construções. Objeto de fascínio, elas impuseram

um novo ritmo de vida, marcado pelos horários

dos trens, e reorganizaram espaços urbanos, nos

quais as estações se destacavam como

"catedrais" da ciência e da técnica.

(Adaptado de Paulo Roberto Cimó Queiroz, Folha

[Sinapse], p. 20-22, 22 de fevereiro de 2005)

Como a economia dependia da agroexportação, o

problema consistia simplesmente em ligar as

regiões produtoras aos portos marítimos. (final do

2º parágrafo)

As duas afirmativas do período acima transcrito

denotam relação de

a) conclusão e ressalva.

b) condição e finalidade.

c) causa e conseqüência.

d) finalidade e conclusão.

e) conseqüência e condição.

10 -

Traduz-se corretamente, em outras palavras, o

sentido original de:

a) na corrente cultural do nosso tempo = numa

época plena de informações.

b) no enfrentamento das mais diversas situações

= com problemas de difícil solução.

c) evidência mais estridente dessa febre =

reconhecimento do sucesso de tais obras.

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d) essa enxurrada de regras compiladas em livros

= inúmeras publicações que dependem de

aceitação pública.

e) um vácuo de paradigmas = uma ausência de

modelos de comportamento.

GABARITOS:

01 - C 02 - C 03 - D 04 - E 05 - B

06 - E 07 - E 08 - A 09 - C 10 – E

01 - Quem caminha pelos mais de 70 quilômetros

de praia da Ilha Comprida, no litoral sul de São

Paulo, pode perceber uma paisagem peculiar. Em

meio às dunas da restinga, onde deveria existir

apenas vegetação rasteira, grandes pinheiros

brotam por toda parte. A sombra das árvores é

um bem-vindo refresco para os moradores da

região, mas a verdade ecológica é que elas não

deveriam estar ali - assim como os pombos não

deveriam estar nas praças das cidades, nem as

tilápias nas águas dos rios, nem o mosquito da

dengue picando pessoas dentro de casa ou as

moscas varejeiras rondando raspas de frutas nas

feiras. São todas espécies exóticas invasoras,

originárias de outros países e de outros

ambientes, mas que chegaram ao Brasil e aqui

encontraram espaço para proliferar. Algumas são

exóticas também no sentido de "diferentes" ou

"esquisitas", mas muitas já se tornaram tão

comuns que parecem fazer parte da paisagem

nacional tanto quanto um pau-brasil ou um

tucano. Outros exemplos, apontados pelo

Programa Global de Espécies Invasoras e por

cientistas brasileiros, incluem o pinus, o

dendezeiro, as acácias, a mamona, a abelha-

africana, o pardal, o barbeiro, a carpa, o búfalo, o

javali e várias espécies de gramíneas usadas em

pastos, além de bactérias e vírus responsáveis

por doenças importantes como leptospirose e

cólera. Nenhuma delas é nativa do Brasil.

Dependendo das circunstâncias, podem ser

meras "imigrantes" inofensivas ou invasoras

altamente nocivas. Dentro do sistema produtivo,

por exemplo, o búfalo e o pinus são apenas

espécies exóticas. Quando escapam para a

natureza, entretanto, muitas vezes tornam-se

organismos nocivos aos ecossistemas "naturais".

Espécies invasoras não têm predadores naturais

e se multiplicam rapidamente. São fortes,

tipicamente agressivas e controlam o ambiente

que ocupam, roubando espaço das espécies

silvestres e competindo com elas por alimento -

ou se alimentando delas diretamente. Por sua

capacidade de sobrepujar espécies nativas, as

espécies invasoras são consideradas a segunda

maior ameaça à biodiversidade no mundo - atrás

apenas da destruição dos hábitats. Ao assumirem

o papel de pragas e vetores de doenças, elas

também causam impactos significativos na

agricultura e na saúde humana.

(Adaptado de Herton Escobar. O Estado de S.

Paulo, Vida&,23 de julho de 2006, A25)

... elas também causam impactos significativos na

agricultura e na saúde humana. (final do texto)

O verbo que exige o mesmo tipo de complemento

que o do grifado acima está na frase:

a) ... grandes pinheiros brotam por toda parte.

b) ... mas que chegaram ao Brasil ...

c) ... e aqui encontraram espaço ...

d) ... o búfalo e o pinus são apenas espécies

exóticas.

e) ... e competindo com elas por alimento.

02 - ... Virgília cingiu-me com seus magníficos

braços, murmurando:

- Amo-te, é a vontade do céu.

E esta palavra não vinha à toa; Virgília era um

pouco religiosa. Não ouvia missa aos domingos, é

verdade, e creio até que só ia às igrejas em dia

de festa, e quando havia lugar vago em alguma

tribuna. Mas rezava todas as noites, com fervor,

ou, pelo menos, com sono.

(Machado de Assis. Memórias póstumas de Brás

Cubas. Obra completa. Org. A. Coutinho. Volume

I. Rio de Janeiro: Aguilar, 1959, p. 474)

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O e inicial em E esta palavra não vinha à toa tem

a função de

a) ligar à fala de Virgília a oração que inicia.

b) subordinar todo o parágrafo que o segue ao

texto que o antecede.

c) coordenar esta palavra não vinha à toa a amo-

te.

d) avolumar o período, sem que assuma função

em sua organização sintática.

e) introduzir uma noção de oposição entre o

parágrafo seguinte e o antecedente.

03 - São elementos interferentes na estrutura das

orações em que, respectivamente, se inserem,

sem que nela exerçam função sintática,

propriamente,

a) um pouco - até.

b) com fervor - com sono.

c) é verdade - pelo menos.

d) até - só.

e) à toa - com sono.

04 - ... e creio até que só ia às igrejas em dia de

festa, e quando havia lugar vago em alguma

tribuna.

O e sublinhado no segmento acima

a) marca uma oposição entre dias de festa e lugar

vago em alguma tribuna.

b) tem a função de acentuar a oposição entre

igrejas e festa.

c) é preposição que marca direção.

d) é advérbio, com o sentido de mesmo, ainda,

inclusive.

e) coordena dois termos de idêntica função

sintática na oração, ainda que sob estruturas

diferentes.

05 - ... e creio até que só ia às igrejas em dia de

festa, e quando havia lugar vago em alguma

tribuna.

Até, tendo em vista seu emprego nesse

segmento, classifica-se como

a) preposição acidental.

b) conjunção subordinativa temporal.

c) palavra denotativa de inclusão.

d) advérbio de tempo.

e) palavra denotativa de realce.

06 - I. Perdeu-se a fórmula da receita do sucesso.

II. Não se repetiu o sucesso.

III. É verdade.

As orações acima estão corretamente

organizadas em um só período, composto por

subordinação, em

a) A fórmula da receita do sucesso perdeu-se e

ele não se repetiu, onde isso é verdade.

b) É verdade que não se repetiu o sucesso cuja a

fórmula da receita se perdeu.

c) O sucesso, perdeu-se a fórmula, e é verdade

que ele não se repetiu.

d) É verdade que não se repetiu o sucesso, de

cuja receita se perdeu a fórmula.

e) A receita, a fórmula do sucesso se perdeu e, é

verdade, não se repetiu.

07 - Nos anos 90, o Brasil estabilizou sua

economia e deslanchou um importante processo

de reformas estruturais, com o forte impulso dado

à privatização e à reorientação da política social.

Tais mudanças, não é preciso repetir, deram-se

como resposta ao precedente modelo de

crescimento via substituição de importações, por

um lado, e à aceleração da globalização, por

outro. Esse conjunto de transformações alterou

profundamente as percepções e estratégias

"normais" de ascensão social, cujo horizonte

deixa de ser apenas individual para tornar-se

coletivo. De fato, milhões de brasileiros passam a

experimentar a mobilidade social em um contexto

de mudança no plano das identidades coletivas;

de mudanças que dizem respeito não apenas a

taxas ou a padrões individuais de mobilidade,

mas ao próprio sistema de estratificação social. A

classe C deixa de ser "baixa" e começa a ser

"média", disputando espaço com os estratos

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situados imediatamente acima dela - ou seja, as

classes médias tradicionais.

Na análise da ascensão da classe C, a questão

central é a da sustentabilidade. Se a nova classe

média resulta, em grande parte, do encurtamento

de distâncias sociais em função da difusão do

consumo, como irão seus integrantes gerar a

renda necessária para sustentar os novos

padrões? Serão sustentáveis ? ou antes, sob que

condições serão sustentáveis – os índices de

expansão do que se tem denominado a "nova

classe média"? Dada a extrema desigualdade no

perfil brasileiro de distribuição de renda, os bons

e os maus caminhos bifurcam-se logo adiante.

Por um lado, por si só a megamobilidade social a

que fizemos referência implica redução das

desigualdades de renda. Por outro, o risco de

fracasso é alto, o que significa estagnação e, no

limite, dependendo de circunstâncias

macroeconômicas, até regressão na tendência de

melhora na distribuição de renda. Deixando de

lado a dinâmica macroeconômica, concentramos

nossa atenção em fatores ligados à motivação e à

autocapacitação (denominados fatores

weberianos) na formação de novos valores

sociopolíticos. De fato, o crescimento econômico

dos últimos anos traduziu-se em forte expansão

da demanda por bens e serviços. Mas as

oscilações da renda familiar geradas por

empregos pouco estáveis ou atividades por conta

própria sinalizam dificuldades para as faixas de

renda mais baixa manterem o perfil de consumo

ambicionado. Endividando-se além do que lhes

permitem os recursos de que dispõem, as

famílias situadas nesse patamar defrontam-se

com um risco de inadimplência que passa ao

largo das famílias da classe média estabelecida.

(Amaury de Souza e Bolívar Lamounier. O

Estado de S. Paulo, Aliás, J5, 7 de fevereiro de

2010, com adaptações)

Considerando-se o 3º parágrafo do texto, está

INCORRETO o que se afirma em:

a) A noção transmitida pelo segmento grifado em

Dada a extrema desigualdade no perfil brasileiro

de distribuição de renda permanecerá a mesma

se ele for substituído por Devido à extrema

desigualdade.

b) As expressões os bons e os maus caminhos

referem- se, respectivamente, à redução das

diferenças sociais e aos riscos de que tais

avanços se tornem insustentáveis.

c) Substituindo-se o segmento grifado em por si

só a megamolibidade social (...) implica redução

por os resultados da megamobilidade social, as

palavras só e implica deverão ir para o plural, em

respeito às normas de concordância.

d) Os substantivos estagnação e regressão,

mesmo distantes por conta da articulação de

frases no período, constituem o complemento

exigido pelo verbo significa.

e) O segmento grifado na expressão na tendência

de melhora na distribuição de renda é exemplo de

complemento verbal, no caso, completando o

sentido do verbo dependendo.

08 - O Brasil abriga 13% das espécies da fauna e

da flora existentes em todo o mundo - e a maior

parte delas está na Amazônia. A floresta de 4,2

milhões de quilômetros quadrados é habitada por

centenas de milhares de plantas, animais, fungos,

bactérias. Um refúgio de suas matas ou um braço

de seus rios pode conter mais espécies do que

continentes inteiros. As estimativas dos cientistas

são de que só 10% das espécies existentes na

Amazônia brasileira sejam conhecidas. Talvez

menos. Ainda, assim, na escala amazônica, 10%

já englobam números espantosos. Só de anfíbios

são 250 espécies catalogadas, ante as 81 da

Europa. Os mamíferos são 311, com mais de 20

espécies de macacos e 122 de morcegos. As

abelhas são 3 mil; borboletas e lagartas, 1.800.

Em uma única árvore da Amazônia já foram

encontradas 95 espécies de formigas - 10 a

menos do que em toda a Alemanha.

Mas há uma imensidão ainda a ser desbravada. E

não é preciso ir longe para encontrar novas

espécies: mesmo no rio Amazonas, o mais

explorado da região, as descobertas são

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rotineiras - em 2005, foi identificado um exemplar

de piraíba, que pode chegar a mais de dois

metros. Levantamentos recentes feitos com redes

de arrasto revelaram um universo de peixes

elétricos e outros animais exóticos, que vivem nas

áreas mais profundas do rio, em escuridão total.

A maior parte da Amazônia ainda é território

inexplorado pela ciência. Estima-se que até 70%

das coletas feitas sobre a biodiversidade estão

restritas ao entorno de Manaus e Belém - onde

estão o Instituto Nacional de Pesquisas da

Amazônia (Inpa), o Museu Goeldi e as principais

universidades. Diante do tamanho e da

heterogeneidade da região, é o mesmo que

observá-la por um buraco de fechadura. Faltam

respostas para perguntas básicas: quantas

espécies existem na região? Como elas estão

distribuídas? Qual o papel de cada uma na

natureza? Ninguém sabe dizer ao certo. A maior

biodiversidade do planeta é também a mais

desconhecida.

(Adaptado de Herton Escobar. Amazônia. O

Estado de S. Paulo, nov/dez 2007, p.30/31)

O Brasil abriga 13% das espécies da fauna e da

flora existentes em todo o mundo... (início do

texto)

O verbo que exige o mesmo tipo de complemento

que o do grifado acima está na frase:

a) ... e a maior parte delas está na Amazônia.

b) ... 10% já englobam números espantosos.

c) As abelhas são 3 mil ...

d) ... que vivem nas áreas mais profundas do rio

...

e) ... quantas espécies existem na região?

09 -

... é que elas não têm cheiro, nem temperaturas,

nem ruídos, nem mosquitos... (início do texto)

O verbo que exige o mesmo tipo de complemento

que o do grifado acima está na frase:

a) Nada, enfim, do que acontece nas

desconfortáveis paisagens reais.

b) Agradeci-lhe, horrorizado.

c) Porque a poesia não é apenas a verdade...

d) Jamais acreditei em observação direta...

e) Não se pode conhecer nada num minuto...

10 - Orgulho ferido

Um editorial da respeitada revista britânica The

Lancer sobre o futuro de Cuba acendeu uma

polêmica com pesquisadores latino-americanos.

O texto da revista sugeriu que o país pode

mergulhar num caos após a morte do ditador

Fidel Castro, que sofre de câncer, tal como

ocorreu nos países do Leste Europeu após a

queda de seus regimes comunistas. E conclamou

os Estados Unidos a preparar ajuda humanitária

para os cubanos. De quebra, a publicação insinua

que há dúvidas sobre a capacidade do sistema de

saúde cubano fazer frente a esse quadro.

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"O editorial é um desrespeito à soberania de

Cuba", diz Maurício Torres Tovar, coordenador-

geral da Alames (Associação Latino-Americana

de Medicina Social). "A atenção do Estado

cubano para com a saúde de sua população é um

exemplo para todos. Cuba tem uma notável

vocação solidária, ajudando, com remédios e

serviços de profissionais, diversos países

atingidos por catástrofes", afirmou. Sergio

Pastrana, da Academia de Ciências de Cuba,

também protestou: "Temos condição de decidir se

precisamos de ajuda e direito de escolher a quem

pedi-la." (Revista Pesquisa Fapesp. Outubro

2006, n. 128)

Está clara e correta a redação da seguinte frase:

a) Ficou tão evidente no texto o quanto Cuba é

solidária que tem para isso uma notável vocação.

b) Onde a vocação de Cuba é realmente notável

está no fator de sua incontestável solidariedade.

c) Amplamente vocacionada para tanto, Cuba

também já demonstrou, ainda assim, o quanto é

solidária.

d) Cuba já demonstrou, sobejamente, o quanto é

vocacionada para o exercício da solidariedade.

e) Nunca faltou à solidariedade de Cuba a

vocação para se mostrar respectivamente notável

nisso.

GABARITOS:

01 - C 02 - A 03 - C 04 - E 05 - C

06 - D 07 - E 08 - B 09 - E 10 - D

01 - A frase que respeita totalmente o padrão

culto escrito é:

a) Exmo. Sr. Senador, acabo de receber o projeto

que Vossa Excelência me encaminhou e pretendo

lhe enviar o parecer solicitado no prazo de, no

máximo, um mês.

b) Acredito que Vossa Senhoria, Exmo. Sr.

Secretário, não deve se preocupar com questões

que não demandem diretamente vossa decisão.

c) Tal foram as exigências deles, que Maria, ela

própria, desistiu da compra, não sem antes avisar

que, qualquer que fossem as alegações, nada a

impediria de lhes denunciar.

d) Cada um de todos aqueles grupos que se

cuidem, pois as armadilhas que impuseram um

ao outro acredito que pode ter consequências.

e) Ao se dirigir àquele Senhor, passou-lhe os

documentos que necessitava para ir adiante ao

processo já iniciado.

02 - A frase que respeita totalmente o padrão

culto escrito é:

a) Exmo. Sr. Senador, acabo de receber o projeto

que Vossa Excelência me encaminhou e pretendo

lhe enviar o parecer solicitado no prazo de, no

máximo, um mês.

b) Acredito que Vossa Senhoria, Exmo. Sr.

Secretário, não deve se preocupar com questões

que não de mandem diretamente vossa decisão.

c) Tal foram as exigências deles, que Maria, ela

própria, desistiu da compra, não sem antes avisar

que, qualquer que fossem as alegações, nada a

im pediria de lhes denunciar.

d) Cada um de todos aqueles grupos que se

cuidem, pois as armadilhas que impuseram um

ao outro acredito que pode ter consequências.

e) Ao se dirigir àquele Senhor, passou-lhe os

documentos que necessitava para ir adiante ao

processo já iniciado.

03 - A frase que respeita totalmente o padrão

culto escrito é:

a) De dissensões entre mentes lúcidas e

independentes não se deve temer, porquanto o

debate, ao suscitar reflexão, traz luz a questões

controversas.

b) Consta naquele livro já bastante saudado pela

crítica os nomes de vários integrantes de

movimentos de resistência ao regime ditatorial.

c) O eminente orador enrubeceu quando arguido

sobre sua anuência ao polêmico pacto, mas quiz

se mostrar seguro de si e respondeu-lhe de

imediato.

d) Esse exercício indicado pelos assessores do

preparador físico é eficaz para intumescer alguns

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músculos, mas se mostra de efeito irrisório se

mau realizado.

e) Havia excesso de material a ser expedido, por

isso as folhas mandadas à última hora, apesar do

empenho, não coube no malote.

04 - A respeito dos padrões de redação de um

ofício, é INCORRETO afirmar que:

a) Deverá constar, resumidamente, o teor do

assunto do documento.

b) O texto deve ser redigido em linguagem clara e

direta, respeitando-se a formalidade que deve

haver nos expedientes oficiais.

c) O fecho deverá caracterizar-se pela polidez,

como por exemplo: Agradeço a V. Sa. a atenção

dispensada.

d) Deve conter o número do expediente, seguido

da sigla do órgão que o expede.

e) Deve conter, no início, com alinhamento à

direita, o local de onde é expedido e a data em

que foi assinado.

05 -

O fecho acima deve ser aposto ao seguinte

documento oficial:

a) ofício.

b) requerimento.

c) relatório.

d) memorando.

e) aviso.

06 -

É preciso corrigir, por falha estrutural, a redação

da frase:

a) Montaigne não vê senão excesso na reação

supostamente virtuosa da mãe de Pausânias, ou

na do ditador Postúmio.

b) A alegoria do arqueiro demonstra, de modo

prático e objetivo, que a virtude não deve ser

buscada nos extremos.

c) Nenhuma das virtudes está imune aos defeitos

que representam os excessos com que podem

ser exercidas.

d) Os excessos da prática de uma virtude podem

constituir o mesmo defeito do qual, por princípio,

se desejaria combater.

e) O autor considerou uma sutileza filosófica o

que expressa o texto citado, no qual também

acusa um jogo de palavras.

07 - Considere as afirmativas seguintes sobre

redação de documentos.

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I. Correspondência oficial utilizada por

autoridades, para tratar de assuntos de serviço ou

de interesse da Administração.

II. Com estrutura específica, esse documento

deve, de início, ser numerado em ordem

sequencial, com sigla do órgão expedidor e data.

III. Na exposição do assunto, os parágrafos

devem ser numerados, com exceção do primeiro

e do fecho.

IV. Encerra o assunto a fórmula Atenciosamente

ou Respeitosamente, seguida da assinatura e do

cargo do emitente.

Trata-se de

a) parecer.

b) portaria.

c) ofício.

d) requerimento.

e) ata.

08 - Considere as afirmativas seguintes sobre

redação de documentos.

I. Correspondência oficial utilizada por

autoridades, para tratar de assuntos de serviço ou

de interesse da Administração.

II. Com estrutura específica, esse documento

deve, de início, ser numerado em ordem

sequencial, com sigla do órgão expedidor e data.

III. Na exposição do assunto, os parágrafos

devem ser numerados, com exceção do primeiro

e do fecho.

IV. Encerra o assunto a fórmula Atenciosamente

ou Respeitosamente, seguida da assinatura e do

cargo do emitente.

Trata-se de

a) requerimento.

b) ata.

c) parecer.

d) portaria.

e) ofício.

09 - Considere as afirmativas seguintes:

I. O padrão culto da linguagem é estabelecido por

seu uso específico nos atos e comunicações

oficiais, com preferência por determinadas

expressões e formas sintáticas, tendo em vista

tratar-se de uma variante da linguagem técnica.

II. Um dos princípios da redação oficial é a

impessoalidade na comunicação de determinado

assunto, considerando-se que ela é feita em

nome do serviço público para um destinatário

entendido como público, portanto, também

impessoal.

III. A necessidade de se empregar o padrão culto

da língua na redação oficial decorre tanto do

caráter público dos atos emitidos quanto de sua

qualidade, que é informar os cidadãos com

clareza e objetividade.

É correto o que se afirma em:

a) apenas I.

b) apenas I e II.

c) apenas I e III.

d) apenas II e III.

e) I, II e III.

10 - O choque dos alimentos está produzindo

enormes estragos globais: semeia inflação,

desarranja o abastecimento, precipita

protecionismos e fermenta crises políticas. Para

observadores atentos, é uma forte ameaça à

democracia, especialmente nos países pobres.

Efeito colateral do mesmo choque é o desmonte

do conceito de segurança alimentar, pelo menos

como enunciado hoje.

As políticas de segurança alimentar surgiram na

Europa logo após a Primeira Guerra e se

intensificaram após a Segunda. A enorme

escassez desse período levou os governos a

garantir a produção interna dos alimentos

indispensáveis ao sustento da população, não

importando a que custo. Foi essa a base do

protecionismo agrícola dos países ricos, que

provocou grandes distorções. Impossibilitou, por

exemplo, que muitos países da África e da

América Latina desenvolvessem sua agricultura

por incapacidade de competir com o produto

subsidiado dos países centrais.

O conceito de segurança alimentar não ficou

apenas na busca da garantia do abastecimento

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interno. Foi também associado a políticas

demográficas e ambientais. Assim, governos

europeus adotaram medidas protecionistas para

impedir o esvaziamento populacional do interior

do país. Depois, razões de preservação ambiental

foram usadas para bloquear o desenvolvimento

de pesquisas e culturas transgênicas.

O professor Fernando Homem de Melo,

especialista em Economia Agrícola da

Universidade de São Paulo, lembra que as

aplicações desse princípio foram tão exacerbadas

que até o nome mudou. Hoje, em vez de

segurança alimentar, fala-se em

Multifuncionalidade Agrícola, e as exigências se

multiplicaram. A agricultura tem agora de garantir

a preservação da paisagem, do turismo agrícola,

da cultura rural dos antepassados e por aí vai.

O problema é que acabou a fartura, os estoques

estão cada vez mais baixos também nos países

ricos e agora se vê que a globalização dos

mercados impõe um jogo novo e desconhecido. O

aumento do consumo asiático produziu escassez

e disparada dos preços e não há o que detenha a

inflação dos alimentos.

(Celso Ming. O Estado de S. Paulo, B2 Economia,

11 de maio de 2008, com adaptações)

Atenção: Considere os padrões de Redação

Oficial para responder a esta questão.

Se o articulista do jornal desejar obter novas

informações do Professor especialista em

Economia Agrícola, poderá dirigir-se a ele por

meio de

a) carta circular, para conhecimento de todos os

envolvidos na obtenção e divulgação dos dados

necessários.

b) requerimento, com todos os dados do emissor,

além do fecho de cortesia: Respeitosamente.

c) ofício, com endereçamento ao especialista e

com o assunto a ser tratado, cujo fecho conterá a

fórmula: Atenciosamente.

d) relatório, em que seja especificado o período a

ser observado e os efeitos produzidos pela

situação em análise.

e) ata, em que constem claramente os objetivos

do solicitante e o uso a ser feito dos dados

obtidos.

GABARITOS:

01 - A 02 - A 03 - A 04 - C 05 - B

06 - D 07 - C 08 - E 09 - D 10 - C

01 - Desastres naturais não provocam apenas

mortes e prejuízos. Deixam a sociedade mais

suscetível a discursos apocalípticos. Depois da

virada (e do bug) do milênio, o fantasma da vez

são as supostas profecias maias de que o mundo

vai acabar em 2012. Para quem acredita nelas,

as catástrofes deste semestre seriam apenas o

começo do fim. Pouco importa que, segundo

cientistas, a Terra registre 50 mil tremores todos

os anos e esse número não esteja aumentando.

Para o físico e astrônomo da Universidade

Estadual Paulista (Unesp) Othon Winter,

paradoxalmente a sociedade da informação reage

aos desastres naturais de forma muito

semelhante à dos povos da antiguidade. "Os

fenômenos eram mais locais. Uma cheia do rio

Nilo poderia ser indício de que os deuses

estavam zangados com os homens. Na

antiguidade, o acesso ao conhecimento era

mínimo e as pessoas com um pouco mais de

informação conduziam outras. O medo decorria

da falta de informação. Hoje, todo mundo tem

informação demais e, por isso, teme", acredita. A

psicóloga Eda Tassara, do Laboratório de

Psicologia Ambiental da Universidade de São

Paulo (USP), acha que o excesso de informação

também contribui para a disseminação do pânico.

"Não sei se há uma intensificação das chamadas

catástrofes, mas sei que o acesso à informação

sobre elas se intensificou muito." Para ela,

fenômenos como a erupção do vulcão islandês

passaram a ser vistos como catástrofes por conta

do atual estágio de organização da sociedade. "A

dimensão da erupção foi amplificada pelos seus

danos econômicos. Sob esse ponto de vista,

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pode ser considerada uma catástrofe, mas, na

verdade, é um acidente de dimensões locais."

Eventos como a passagem de cometas e a virada

de milênios sempre provocaram tensão. Os

temores de catástrofes cósmicas têm origem na

crença de que eventos terrenos e celestes

estariam fisicamente conectados. Em seu livro, o

astrônomo lembra que a aparição de um cometa

em 1664 foi interpretada como responsável pela

peste bubônica que dizimou 20% da população

europeia. Para Eda, até mesmo questões

relevantes da atualidade, como a do aquecimento

global, são contaminadas por um discurso

apocalíptico que lembra o dos profetas religiosos.

Ele traz consigo a culpa e a noção de castigo.

Você tem culpa das mazelas do planeta porque

come carne ou anda de avião. É como comer a

maçã e ser expulso do Paraíso.

(Karina Ninni. O Estado de S. Paulo, Especial,

H5, 30 de abrilde 2010, com adaptações)

A erupção de um vulcão provocou perdas ......

economia europeia bem superiores ...... trazidas

pelos atentados terroristas de 2001, fato que

obrigou a ONU ...... criar um plano internacional

de redução dos riscos de acidentes.

As lacunas da frase acima estarão corretamente

preenchidas, respectivamente, por:

a) a - aquelas - a

b) a - àquelas - à

c) à - aquelas - a

d) à - aquelas - à

e) à - àquelas - a

02 - Consenso entre a maioria dos ambientalistas:

durante a década de 1990 quase 8% das

florestas tropicais em todo o mundo foram

desmatadas. Isso significa que, entre 1990 e

2000, destruíram-se anualmente 5 milhões de

hectares - ou 30 campos de futebol a cada

minuto. Considerado uma das principais causas

do aquecimento global, o desmatamento tornou-

se o vilão-chefe da questão. Essa tese, em parte,

está sendo contestada pelo biólogo americano

Joseph Wright. É claro que ele não defende o

desmatamento nem nega a sua influência no

aquecimento do planeta. Mas, segundo ele, as

florestas secundárias que vão nascendo em

terras agrícolas devastadas podem substituir com

a mesma eficácia a mata original.

A polêmica está armada, no momento em que a

ONU se prepara para lançar o mapa mundial das

florestas de segunda geração. O biólogo explica

que o abandono de áreas provoca naturalmente o

nascimento de nova geração de vegetação, que

pode ajudar a combater as mudanças climáticas e

abrigar espécies em extinção. A queda na

produção de alimentos (causada pelo declínio no

crescimento populacional do planeta) fará com

que sejam esquecidas cada vez mais terras,

futuros palcos de matas que virão tão ricas em

biodiversidade quanto suas antecessoras. Diz ele

ainda que, para que a produtividade se repita,

basta deixar o terreno intocável por um período

médio de 30 anos.

Para ilustrar sua teoria, Wright analisou uma

floresta tropical do Panamá - antiga terra usada

para o cultivo de manga e banana e que é hoje

uma região repleta de árvores, macacos, lagartos

e insetos. "Os biólogos estavam agindo como se

apenas a floresta original tivesse valor de

conservação, o que está errado." A teoria é

controversa. Não há dúvida de que as matas

secundárias absorvem da atmosfera e

contribuem para frear o aquecimento global. Mas

e a biodiversidade? "Uma floresta secundária

nunca substituirá uma primária", diz Thais

Kasecher, analista de biodiversidade da ONG

Conservação Internacional. "Um pasto

abandonado não vai passar pelos mesmos

processos naturais por que uma floresta passou

até chegar ao seu clímax. E sua biodiversidade

nem se compara à de uma vegetação que passou

milhares de anos evoluindo. Acima das

divergências, o que está em jogo é a

sobrevivência do planeta. O bom senso manda

que cuidemos com racionalidade de nossas

florestas.

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(Tatiana de Mello, Istoé, 11 de fevereiro de 2009,

p. 78, com adaptações)

Uma floresta secundária apresenta, segundo

estudo recente, biodiversidade semelhante ......

da floresta original, embora haja especialistas que

contestam o fato de que as matas de segunda

geração evoluam de modo ...... garantir as

condições ideais de sobrevivência ...... cada uma

das espécies.

As lacunas da frase acima estarão corretamente

preenchidas, respectivamente, por

a) a - à - à

b) à - a - à

c) à - a - a

d) a - à - a

e) à - à - a

03 - "Nenhum homem é uma ilha", escreveu o

inglês John Donne em 1624, frase que

atravessaria os séculos como um dos lugares-

comuns mais citados de todos os tempos. Todo

lugar- comum, porém, tem um alicerce na

realidade ou nos sentimentos humanos - e esse

não é exceção. Durante toda a história da

espécie, a biologia e a cultura conspiraram juntas

para que a vida humana adquirisse exatamente

esse contorno, o de um continente, um relevo que

se espraia, abraça e se interliga. A vida moderna,

porém, alterou-o de maneira drástica. Em certos

aspectos partiu o continente humano em um

arquipélago tão fragmentado que uma pessoa

pode se sentir totalmente separada das demais.

Vencer tal distância e se reunir aos outros,

entretanto, é um dos nossos instintos básicos. E é

a ele que atende um setor do mercado editorial

que cresce a passos largos: o da autoajuda e, em

particular, de uma autoajuda que se pode

descrever como espiritual. Não porque tenha

necessariamente tonalidades religiosas (embora

elas, às vezes, sejam nítidas), mas porque se

dirige àquelas questões de alma que sempre

atormentam os homens. Como a perda de uma

pessoa querida, a rejeição ou o abandono, a

dificuldade de conviver com os próprios defeitos e

os alheios, o medo da velhice e da morte,

conflitos com os pais e os filhos, a frustração com

as aspirações que não se realizaram, a

perplexidade diante do fim e a dúvida sobre o

propósito da existência. Questões que, como

séculos de filosofia já explicitaram, nem sempre

têm solução clara - mas que são suportáveis

quando se tem com quem dividir seu peso, e

esmagadoras quando se está só. As mudanças

que conduziram a isso não são poucas nem sutis:

na sua segunda metade, em particular, o século

XX foi pródigo em abalos de natureza social que

reconfiguraram o modo como vivemos. O campo,

com suas relações próximas, foi trocado em

massa pelas cidades, onde vigora o anonimato.

As mulheres saíram de casa para o trabalho, e a

instituição da "comadre" virtualmente

desapareceu. Desmanchou-se também a ligação

quase compulsória que se tinha com a religião, as

famílias encolheram drasticamente não só em

número de filhos mas também em sua extensão.

A vida profissional se tornou terrivelmente

competitiva, o que acrescenta ansiedade e reduz

as chances de fazer amizades verdadeiras no

local de trabalho. Também o celular e o

computador fazem sua parte, aumentando o

número de contatos de que se desfruta, mas

reduzindo sua profundidade e qualidade. Perdeu-

se aquela vasta rede de segurança que, é certo,

originava fofoca e intromissão, mas também

implicava conselhos e experiência, valores

sólidos e afeição desprendida, que não aumenta

nem diminui em função do sucesso ou da beleza.

Essa é a lacuna da vida moderna que a autoajuda

vem se propondo a preencher: esse sentido de

desconexão que faz com que em certas ocasiões

cada um se sinta como uma ilha desgarrada do

continente e sem meios de se reunir novamente a

ele.

(Isabela Boscov e Silvia Rogar. Veja, 2 de

dezembro de 2009, pp. 141-143, com

adaptações)

Orientação espiritual ...... todas as pessoas é um

dos propósitos ...... que escritores e pensadores

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vêm se dedicando, porque a perplexidade e a

dúvida são inevitáveis ...... condição humana.

As lacunas da frase acima estarão corretamente

preenchidas, respectivamente, por:

a)

b)

c)

d)

e)

04 - "Tratamos de Obama a Osama nos hospitais

e postos de saúde da organização não

governamental Emergency. Não sou terrorista." O

desabafo acaba de ser pronunciado por um

médico especializado em cirurgias traumáticas

emergenciais. Gino Stada trabalha nos cenários

de guerra e de insurgências em nome da

Emergency, que fundou com a esposa, Teresa

Sarti, em 1994. Nas zonas de conflito, Stada e

sua organização declaram-se neutros. A

preocupação centra-se nas vítimas das violências

bélicas. Em outras palavras, a Emergency, com

um corpo composto de mais de mil profissionais,

faz, sem indagar sobre ideologias e

partidarismos, cirurgias de urgência e reabilita

lesionados com próteses e terapias. Humanista

de 61 anos nascido em Milão, Stada instalou e

administra postos de saúde e hospitais no

Afeganistão, Serra Leoa, Camboja, Sri Lanka,

República Centro-Africana e Iraque. No mês de

abril, uma "arapuca", a caracterizar terrorismo de

Estado, foi montada a fim de desmoralizar o

médico, que estava em Veneza. A meta era

provocar um escândalo internacional, de modo a

levar o governo afegão a cassar as licenças para

funcionamento da Emergency. Com efeito,

agentes do serviço de inteligência do Afeganistão

prepararam uma falsa situação de flagrante e

prenderam nove funcionários da Emergency.

Dentre eles, o cirurgião Marco Garatti e os

paramédicos Matteo Pagani e Matteo Dell'Aira. O

flagrante preparado consistiu numa blitz em sala

da administração do hospital de Lashkar Gah. Os

007 de Karzai fingiram-se surpresos com o

encontro de duas pistolas, nove granadas e dois

cinturões costurados com explosivos. Durante

oito dias, os funcionários da Emergency ficaram

incomunicáveis. Enquanto isso, Karzai falava que

os serviços de inteligência tinham abortado um

plano dos terroristas talebans para matar o

governador da província de Helmand. Nesse

plano figuravam como suspeitos o cirurgião

Marco Garatti e os demais presos. Após as

prisões, o coronel Tood Vician, porta-voz da Otan,

informou que soldados da força internacional não

tinham participado das prisões. Não sabia o

coronel Vician que, imediatamente, Stada,

ladeado de jornalistas, acionou o celular do

cirurgião Marco Garatti. A ligação completou- se

com um soldado britânico a responder que não

podia informar nada sem autorização dos seus

superiores hierárquicos. Numa segunda

chamada, limitou-se a dizer que todos os nove

presos estavam bem. Sequestrados em 10 de

abril, os integrantes da Emergency foram

colocados em liberdade às 18 horas do domingo,

dia 18, depois de forte mobilização de

organizações humanitárias internacionais e do

Estado italiano. Para Karzai, ficou provada a

inocência deles. O móvel dessa urdidura remonta

a março de 2007, quando da libertação do

correspondente de guerra do jornal italiano La

Repubblica, Daniele Mastrogiacomo, seqüestrado

pelos talebans. Stada aceitou procurar os

talebans com a condição de o governo afegão e

as forças de ocupação se afastarem das

tratativas. Teve sucesso pela sua força moral e

isso ainda não foi digerido por Karzai, pela Otan,

pela CIA ou pelos 007 da rainha da Inglaterra.

(Adaptado de Wálter Maierovitch. "Um humanista

e o terror de Estado", CartaCapital, 30/04/2010.

http://www.cartacapital.com.br/app/coluna.jsp?a=

2&a2=5&i=6585)

Se há uma diferença entre o terrorismo de Estado

e outros tipos de terrorismo, é que estes atuam

...... margem da lei, e desse modo ...... suas

vítimas é dado recorrer ao Estado em busca de

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proteção ou reparação; contra ...... elas quase

nada podem fazer.

Preenchem corretamente as lacunas da frase

acima, na ordem dada:

a) à - à - àquele

b) à - a - aquele

c) a - a - aquele

d) à - a - àquele

e) a - à - àquele

05 -

Observa-se que há um grande número de

pessoas ...... procura de uma vaga no mercado

de trabalho, mas diversos fatores ...... levam ......

desistir dessa busca.

As lacunas da frase apresentada estão

corretamente preenchidas, respectivamente, por

a) à - às - à.

b) à - as - à.

c) à - as - a.

d) a - às - a.

e) a - as - à.

06 - Na pré-história, quando os homens eram

apenas coletores e caçadores, não havia grande

necessidade de regras, senão aquelas básicas,

ditadas pela frágil condição humana diante das

forças descomunais da natureza. A escassez de

espaço e de comida no período subseqüente, que

se encerrou há 11.000 anos, o da Idade do Gelo,

desencadearia a criação de regras que

acompanham a humanidade desde então.

Nossos antepassados tiveram a necessidade

premente de estabelecer normas mais complexas

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de convivência. Foi nesse período que o Homo

sapiens desenvolveu os conceitos de família, de

religião e de convivência social. Esses homens

legaram evidências arqueológicas de uma

revolução criativa que inclui desde os

espetaculares desenhos nas cavernas até os

rituais de sepultamento dos mortos. "Naquele

período era preciso definir quem pertencia à

família ou não, e com quem se deveriam

compartilhar os alimentos. Portanto, era

necessário criar regras específicas", diz a

arqueóloga Olga Soffer, da Universidade de

Illinois. O antropólogo americano Ian Tattersall

afirma ainda que as primeiras regras sobre

propriedade foram criadas nessa fase. Enquanto

o território pertencia ao grupo, algumas

categorias de objetos passaram a ser individuais.

Boa parte das regras de convivência tem como

base esse conjunto de normas ancestrais: não

mate, não roube, respeite pai e mãe, proteja-se

do desconhecido, tema o invisível ... As religiões,

em seu aspecto comunitário, nada mais são do

que criadoras e garantidoras do cumprimento de

regras, sob pena de punição divina.

(Adaptado de Okky de Souza e Vanessa Vieira.

Veja, 9 de janeiro de 2008, p. 55/56)

O respeito ...... uma série de regras foi

fundamental ...... organização dos grupos sociais,

permitindo, dessa forma, ...... evolução da

humanidade.

As lacunas da frase acima estarão corretamente

preenchidas, respectivamente, por:

a) à - à - a

b) a - à - à

c) à - a - a

d) a - a - à

e) a - à - a

07 - Exclusão social

A humanidade tem dominado a natureza a fim de

tornar a vida cada vez mais longa e mais cômoda.

Essas vantagens se expandiram para um número

crescente de seres humanos. Graças à

combinação dessas duas tendências, os homens

imaginaram que seria possível construir uma

utopia em que todos teriam acesso a tudo: todos,

pelas mudanças sociais; a tudo, por causa dos

avanços técnicos. No século XX, numa

demonstração de arrogância, muitos chegaram a

marcar o ano 2000 como a data da inauguração

dessa utopia.

Neste início de século, vemos que a técnica

superou as expectativas. Os seres humanos

dispõem de uma variedade de bens e serviços

inimagináveis até há bem pouco tempo, que

aumentaram substancialmente a esperança de

vida, ampliaram o tempo livre a ser usufruído e

ainda oferecem a possibilidade de realizar sonhos

de consumo. Mas a história social não cumpriu a

parte que lhe cabia no acordo, e uma parcela

considerável da humanidade ficou excluída dos

benefícios. Ainda mais grave: o avanço técnico

correu a uma velocidade tão grande que passou a

aumentar a desigualdade e a ameaçar a

estabilidade ecológica do planeta. A exclusão

deixou de ser vista como uma etapa a ser

superada: é um estado ao qual bilhões de seres

humanos - os excluídos da modernidade – estão

condenados.

Na modernidade técnica, o processo social, tanto

entre os capitalistas mais liberais quanto entre os

socialistas mais ortodoxos, é analisado do ponto

de vista econômico, ignorandose ou relegando-se

a um segundo plano os aspectos sociais e os

éticos. Já no século XIX, na luta pela abolição da

escravidão, Joaquim Nabuco procurava encarar o

processo social sob três óticas: a moral, a social e

a econômica. Mais de um século passado, é

urgente retomar essa visão triangular, se se

deseja superar a barbárie da exclusão.

(Cristovam Buarque. Admirável mundo atual. S.

Paulo: Geração Editorial, 2001, pp. 188 e 328)

Há falta ou ocorrência indevida do sinal de

crase no período:

a) Não se estenderam os benefícios da tecnologia

àqueles que sempre viveram à margem do

progresso.

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b) Ao pensamento do autor opõem-se àqueles

que preferem a exclusividade à universalização

dos benefícios trazidos pela tecnologia.

c) É sobretudo à luz da ética e da política que se

revela claramente a exclusão que tem sido

imposta à grande maioria da população do

planeta.

d) Não se devem levar àqueles que estão

excluídos informações falsas, como a de que os

avanços tecnológicos servem a todas as pessoas.

e) Quando se atribui a não importa quem seja

algum direito exclusivo, a essa exclusividade

corresponderão muitas exclusões.

08 - Janelas de ontem e de hoje

Os velhinhos de ontem costumavam, sobretudo

nos fins de tarde, abrir as janelas das casas e

ficar ali, às vezes com os cotovelos apoiados em

almofadas, esperando que algo acontecesse: a

aproximação de um conhecido, uma correria de

crianças, um cumprimento, uma conversa, o pôr

do sol, a aparição da lua. Eles se espantariam

com as crianças e os jovens de hoje, fechados

nos quartos, que ligam o computador, abrem as

janelas da Internet e navegam por horas por um

mundo deimagens, palavras e formas quase

infinitas.

O homem continua sendo um bicho muito curioso.

O mundo segue intrigando-o. O que ninguém

sabe é se o mundo está cada vez maior ou

menor. O que eu imagino é que, de suas janelas,

os velhinhos viam muito pouca coisa, mas

pensavam muito sobre cada uma delas. Tinham

tempo para recolher as informações mínimas da

vida e matutar sobre elas. Já quem fica nas

janelas da Internet vê coisas demais, e passa de

uma para outra quase sem se inteirar plenamente

do que está vendo. Mudou o tempo interior do

homem, mudou seu jeito de olhar. Mudaram as

janelas para o mundo - e nós seguimos olhando,

olhando, olhando sem parar, sempre com aquela

sensação de que somos parte desse espetáculo

que não podemos parar de olhar, seja o cachorro

de verdade que se coça na esquina da padaria,

seja o passeio virtual por Marte, na tela colorida.

(Cristiano Calógeras)

Quanto à necessidade do uso do sinal de crase, a

frase inteiramente correta é:

a) Não se sabe à partir de quando as janelas

perderam a sua condição de posto de observação

do mundo.

b) Já não interessa à muita gente ficar olhando a

vida a partir da janela de uma casa.

c) Os velhinhos ficavam assistindo à tudo das

janelas, para onde levavam as almofadas.

d) Das janelas assistia-se à vontade à

movimentação das pessoas na rua.

e) Antigamente, à despeito de não haver muito o

que fazer, as pessoas pareciam mais dispostas à

observar os detalhes do mundo.

09 -

Quanto à observância do sinal de crase, a frase

inteiramente correta é:

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a) Triste de quem só se reconhece à partir da

imagem que os outros ficam à construir.

b) Não nos desanime à espera que uma auto-

análise requer para que cheguemos à uma

imagem verdadeira de nós mesmos.

c) Nossa imagem artificial fica à distância de nós

mesmos, embora achemos que ela corresponda

as nossas verdades mais profundas.

d) Entre a imagem superficial e a imagem

profunda de nós mesmos, costuma-se atribuir

mais valor àquela do que a esta.

e) Assim como um bom médico assiste à paciente

debilitada, assim também deveríamos nos

preocupar em reanimar à verdade do nosso ser.

10 - A arte brasileira da conversa não é de fácil

aprendizado. Como toda arte, exige antes de

mais nada uma verdadeira vocação. E essa

vocação se aprimora ao longo do caminho que

vai da inocência à experiência. Como em toda

arte. [...] Falo precisamente no bate-papo, erigido

numa das mais requintadas instituições nacionais.

Mas por que arte brasileira? Os outros povos

acaso não batem papo? [...] Este não deve ter

finalidade alguma, senão a de matar o tempo da

melhor maneira possível. É coisa de latino em

geral e de brasileiro em particular: fazer da

conversa não um meio, mas um fim em si

mesmo. Se não me engano, essa é a distância

que separa a ciência da arte.

No papo bem batido, a discussão não passa de

uma motivação, sem intuito de convencer

ninguém, nem de provar que se tem razão. Os

que nela se envolvem devem estar sempre

prontos a reconhecer, no íntimo, que poderiam

muito bem passar a defender o ponto de vista

oposto, desde que os que o defendem fizessem o

mesmo. Os temas devem ser de uma

apaixonante gratuidade, a ponto de permitir que,

no desenrolar da conversa, de súbito ninguém

mais saiba o que se está discutindo. [...]

Além disso a discussão, ainda que gratuita, pode

exaurir o papo diante de uma impossível opção,

como a de saber qual é o melhor, Tolstoi ou

Dostoievski, Corcel ou Opala, Caetano ou Chico.

A menos que ocorra ao discutidor o recurso

daquele outro, hábil em conduzir o papo, que teve

de se calar quando, no melhor de sua

argumentação sobre energia atômica, soube que

estava discutindo com um professor de física

nuclear:

Você é presidencialista ou

parlamentarista? – perguntou então.

Presidencialista.

Pois eu sou parlamentarista.

E recomeçaram a discutir.

Mais ardente praticante do que estes, só

mesmo o que um dia se intrometeu na nossa

roda, interrompendo animadíssima conversa:

Posso dar minha opinião? Todos se

calaram para ouvi-lo. E ele, muito sério:

Qual é o assunto?

(Fernando Sabino. Deixa o Alfredo falar!

Record: Rio de Janeiro, 1976, p. 28-31)

Todos conhecem pessoas dispostas ...... um bom

batepapo, ...... mesa de um bar, tratando de

temas que vão da previsão do tempo ...... sérias

discussões filosóficas.

As lacunas da frase acima estão corretamente

preenchidas, respectivamente, por

a) a - à - à

b) à - à - a

c) a - à - a

d) a - a - à

e) à - a - a

GABARITOS:

01 - E 02 - C 03 - C 04 - B 05 - C

06 - E 07 - B 08 - D 09 - D 10 - C