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    ROMANTISMO NO BRASIL - POESIA

    01. (UFPA-2013) Gonalves Dias foi considerado um dos maiores expoentes da literatura romntica brasileira. Procurando seguir os preceitos do romantismo, intencionou produzir uma poesia capaz de exprimir a independncia literria do Brasil. Na condio de poeta, dedicou-se a vrios gneros literrios, entre eles poesia lrica e poesia indianista. Leia atentamente as estrofes 4, 5, 6 e 7 do canto IV do poema I Juca Pirama, de Gonalves Dias:

    Andei longes terras, Lidei cruas guerras, Vaguei pelas serras Dos vis Aimors; Vi lutas de bravos, Vi fortes escravos! De estranhos ignavos Calcados aos ps.

    E os campos talados, E os arcos quebrados, E os piagas coitados J sem maracs; E os meigos cantores, Servindo a senhores, Que vinham traidores, Com mostras de paz.

    Aos golpes do imigo Meu ltimo amigo, Sem lar, sem abrigo, Caiu junto a mi! Com plcido rosto, Sereno e composto, O acerbo desgosto Comigo sofri.

    Meu pai a meu lado J cego e quebrado, De penas ralado, Firmava-se em mi: Ns ambos, mesquinhos, Por nvios caminhos, Cobertos despinhos Chegamos aqui!

    Glossrio: Aimors: ndios botocudos que habitavam o estado da Bahia e do Esprito Santo; Timbiras: Tapuias que habitavam o interior do Maranho; Ignavos: fracos, covardes; Piaga: paj, chefe espiritual; Marac: chocalho indgena utilizado em festas religiosas e cerimnias guerreiras; Talados: devastados; Acerbo: terrvel, cruel; nvios: intransitveis.

    Tendo em vista as estrofes acima transcritas, correto afirmar que a) o ndio Tupi descreve as vitrias de sua tribo sobre o coloniza-

    dor europeu. b) o ritual antropofgico representado como uma manifestao

    da barbrie indgena. c) a submisso das naes indgenas pelo homem branco consi-

    derada um processo natural e desejvel para o progresso da nova nao independente.

    d) o ponto de vista a partir do qual se elabora o poema o do europeu portugus, que condena as prticas brbaras e violen-tas das naes indgenas brasileiras.

    e) as prticas colonizadoras portuguesas que levaram ao quase extermnio da nao Tupi so julgadas do ponto de vista do pr-prio ndio.

    TEXTO PARA A QUESTO 02: A questo a seguir toma por base a letra de uma guarnia dos com-positores sertanejos Goi (Gerson Coutinho da Silva, 1935-1981) e Belmonte (Pascoal Zanetti Todarelli, 1937-1972).

    Saudade de minha terra De que me adianta viver na cidade, Se a felicidade no me acompanhar? Adeus, paulistinha do meu corao, L pro meu serto eu quero voltar; Ver a madrugada, quando a passarada, Fazendo alvorada, comea a cantar. Com satisfao, arreio o burro, Cortando o estrado, saio a galopar; E vou escutando o gado berrando, Sabi cantando no jequitib. Por Nossa Senhora, meu serto querido, Vivo arrependido por ter te deixado. Nesta nova vida, aqui da cidade, De tanta saudade eu tenho chorado; Aqui tem algum, diz que me quer bem, Mas no me convm, eu tenho pensado, E fico com pena, mas esta morena No sabe o sistema em que fui criado. T aqui cantando, de longe escutando, Algum est chorando com o rdio ligado. Que saudade imensa, do campo e do mato, Do manso regato que corta as campinas. Ia aos domingos passear de canoa Na linda lagoa de guas cristalinas; Que doces lembranas daquelas festanas, Onde tinha danas e lindas meninas! Eu vivo hoje em dia, sem ter alegria, O mundo judia, mas tambm ensina. Estou contrariado, mas no derrotado, Eu sou bem guiado pelas mos divinas. Pra minha mezinha, j telegrafei, Que j me cansei de tanto sofrer. Nesta madrugada, estarei de partida Pra terra querida que me viu nascer; J ouo sonhando o galo cantando, O inhambu piando no escurecer, A lua prateada, clareando a estrada, A relva molhada desde o anoitecer. Eu preciso ir, pra ver tudo ali, Foi l que nasci, l quero morrer.

    (Goi em duas vozes o compositor interpreta suas msicas. Discos Choror. CD n 10548, s/d.)

    02. (UNESP-2013) Tendo em mente o fato de que usual a reto-mada de um mesmo tema por artistas de pocas diferentes, explique o que h de comum entre a letra de Saudade de minha terra e a Cano do Exlio, do poeta romntico Gonalves Dias, cujos primei-ros versos so: Minha terra tem palmeiras / onde canta o sabi. / As aves que aqui gorjeiam, no gorjeiam como l.

    03. (INSPER-2012) Vagabundo

    Eu durmo e vivo ao sol como um cigano, Fumando meu cigarro vaporoso; Nas noites de vero namoro estrelas; Sou pobre, sou mendigo e sou ditoso!

    Ando roto, sem bolsos nem dinheiro; Mas tenho na viola uma riqueza: Canto lua de noite serenatas, E quem vive de amor no tem pobrezas. (...)

    (lvares de Azevedo)

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    A viso de mundo expressa pelo eu lrico nos versos de lvares de Azevedo revela o(a) a) desequilbrio do poeta adolescente e indeciso, que no capaz

    de amar uma mulher nem a si prprio. b) valorizao da vida bomia que proporciona um outro tipo felici-

    dade, desvinculada de valores materiais. c) postura acrtica que o poeta tem diante da realidade, seja em

    relao ao amor, seja em relao vida social. d) lamento do poeta que leva a vida peregrina e pobre, sem bens

    materiais e nenhuma forma de felicidade. e) constatao de que a msica o nico expediente capaz de

    lev-lo obteno de recursos materiais.

    04. (UFG-2012) Leia o trecho a seguir. X

    Um velho Timbira, coberto de glria, Guardou a memria Do moo guerreiro, do velho Tupi! E noite, nas tabas, se algum duvidava Do que ele contava, Dizia prudente: Meninos, eu vi!

    Eu vi o brioso no largo terreiro Cantar prisioneiro Seu canto de morte, que nunca esqueci: Valente, como era, chorou sem ter pejo; Parece que o vejo, Que o tenho nest'hora diante de mi.

    Eu disse comigo: que infmia d'escravo! Pois no, era um bravo; Valente e brioso, como ele, no vi! E f que vos digo: parece-me encanto Que quem chorou tanto, Tivesse a coragem que tinha o Tupi!

    Assim o Timbira, coberto de glria, Guardava a memria Do moo guerreiro, do velho Tupi! E noite nas tabas, se algum duvidava Do que ele contava, Tornava prudente: Meninos, eu vi! DIAS, Gonalves. I - Juca Pirama seguido de Os Timbiras. Porto Alegre: LP&M

    Pocket, 2007. p. 28.

    A respeito do canto transcrito, correspondente parte final de I Juca Pirama, de Gonalves Dias, responda: a) Por que o guerreiro Tupi, prisioneiro dos Timbiras no passado,

    parece ainda mais heroico na fala do velho que narra a histria do que ao longo do poema?

    b) Que efeito produz a sentena Meninos, eu vi!, repetida duas vezes no poema?

    05. (UEPA-2012) Me Penitente

    Ouve-me, pois!... Eu fui uma perdida; Foi este o meu destino, a minha sorte... Por esse crime que hoje perco a vida, Mas dele em breve h de salvar-me a morte!

    E minh'alma, bem vs, que no se irrita, Antes bendiz estes mandes ferozes. Eu seria talvez por ti maldita, Filho! sem o batismo dos algozes!

    Porque eu pequei... e do pecado escuro Tu foste o fruto cndido, inocente, Borboleta, que sai do lodo impuro... Rosa, que sai de ptrida semente!

    Filho! Bem vs... fiz o maior dos crimes Criei um ente para a dor e a fome! Do teu bero escrevi nos brancos vimes O nome de bastardo impuro nome.

    Por isso agora tua me te implora E a teus ps de joelhos se debrua. Perdoa triste que de angstia chora, Perdoa mrtir que de dor solua! [...]

    (www.dominiopublico.gov.br. Acessado em 07/10/2011) A fala do sujeito potico exprime uma das formas da violncia simb-lica denunciada por Castro Alves. No poema, mais do que os maus tratos sofridos fisicamente, denunciada a consequncia: a) da humilhao imposta pelos algozes que torturam a mulher

    chicoteando-a. b) da subordinao da mulher negra que serve aos desejos sexu-

    ais do senhor de engenho. c) do erotismo livre que leva a mulher a realizar seus desejos sem

    pensar em consequncias. d) do excesso de religiosidade que leva a mulher negra a uma

    confisso de culpa. e) da tortura psicolgica que obriga a me a abandonar o filho.

    06. (UFG-2012) O poema I Juca Pirama, de Gonalves Dias, e o romance Memrias de um sargento de milcias, de Manuel Antnio de Almeida, recriam espaos e perodos da Geografia e da Histria brasileiras j distantes do contexto em que foram produzidos. Considerando esta afirmao, responda: a) Que espaos e perodos so recriados no poema de Gonalves

    Dias e no romance de Manuel Antnio de Almeida? b) Em relao ao modo como os autores reconstroem o passado

    que lhes serve de referncia, que caracterstica recorrente na esttica romntica est presente no poema I Juca Pirama e ausente no romance Memrias de um sargento de milcias?

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    GGGGABARITO DE ABARITO DE ABARITO DE ABARITO DE LLLLITERATURAITERATURAITERATURAITERATURA

    MMMMENAENAENAENA LLLLISTA ISTA ISTA ISTA 8888

    01. E

    02. A cano Saudade de minha terra estabelece intertextualidade com Cano do exlio, de Gonalves Dias, quando este estava longe do Brasil, cursando a Faculdade de Direito em Coimbra, em Julho de 1843. No seu poema, os advrbios c e l posicionam o eu lrico espacialmente e ajudam a interpretar a sensa-o de exlioe o saudosismo pela ptria distante. Em Saudade da minha terra, o eu lrico expressa as sau-dades do serto (Adeus, paulistinha do meu cora-o,/L pro meu serto eu quero voltar;/Ver a madru-gada, quando a passarada,/Fazendo alvorada, comea a cantar) e decide renunciar vida na cidade e aos afetos que criara durante esse perodo de tempo, mas que no o satisfaziam completamente: Nesta nova vida, aqui da cidade,/De tanta saudade eu tenho cho-rado;Aqui tem algum, diz que me quer bem,/Mas no me convm, eu tenho pensado.

    03. B

    04. a) Por se tratar de um vencedor que destaca a cora-

    gem do guerreiro Tupi, o narrador confere ainda mais valor s aes do guerreiro vencido.

    b) A repetio da frase Meninos, eu vi confere auto-ridade ao relato, uma vez que o narrador tinha si-do testemunha dos fatos narrados.

    05. B

    06. a) No poema de Gonalves Dias, so recriadas as

    selvas e as florestas brasileiras do perodo coloni-al e pr-colonial, sculos XVI e XVII; no romance de Manuel Antnio de Almeida, o Rio de Janeiro de Dom Joo VI, no sculo XIX.

    b) Trata-se da idealizao, ou seja, a descrio idea-lizada do tempo, espao e personagens.